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TRECHO DO LIVRO X DE A REPÚBLICA DE PLATÃO

– O Certo, lhe falei, é que também sob muitos aspectos a cidade por nós fundada é a melhor
possível, o que afirmo com vistas, principalmente, ao que dissemos a respeito da poesia.
– O que foi? perguntou.
– Não aceitar, de maneira alguma, quanto nela for imitação, o que se nos tornou mais do que
manifesto, quero crer, depois que distinguimos as diferentes faculdades da alma.
– Como assim?
– Para falar-vos à puridade, pois decerto não ireis denunciar-me aos poetas trágicos e aos demais
cultivadores da poesia imitativa, o que me parece é que todas essas composições corrompem o claro
entendimento dos ouvintes, a menos que estes disponham do antídoto adequado: o conhecimento de
sua verdadeira natureza.
– Vou explicar-vos, lhes falei, apesar de opor-se a esse propósito velha afeição a Homero e a
reverência que lhe dedico desde criança. O que parece é que foi ele o primeiro mestre e o guia de
todos esses belos poetas trágicos. Porém não devemos pôr o homem acima da verdade; por isso, vou
dizer-vos o que penso.
– Muito bem, arrematou.
– Então, ouve, ou melhor, responde.
– Podes perguntar;
– Imitação, de modo geral, poderás dizer-me o que seja? Eu próprio não faço ideia muito clara do
fim a que ela tende.
– E eu é que terei de saber isso?
– Não seria nada de mais, lhe falei; por vezes, pessoas de vista fraca percebem as coisas mais
depressa do que as de vista penetrante.
– É certo, respondeu; mas na tua frente não me atreveria a dizer nada, ainda que algo me ocorresse.
Vê tu mesmo.
– Não queres que principiemos a investigação seguindo o nosso método? Costumávamos admitir
uma ideia única que abrange as diferentes pluralidades a que damos o mesmo nome, Será que me
compreendes?
– Compreendo.
– Então, tomemos essas pluralidades a que quiseres; a seguinte, por exemplo, se estiveres de
acordo: leitos há muito, e também mesas.
– Como não?
– Porém para todos esses móveis só há duas coisas: a ideia do leito e a ideia da mesa.
– Certo.
– Costumávamos, também, dizer que os obreiros desses móveis têm em mira a ideia segunda a qual
um deles apronta leitos e outros as mesas de que nos servimos, e assim para tudo o mais, Porém a
ideia em si mesma, o obreiro não fabrica. Como o poderia?
– Não há jeito.
– E agora: dás também o nome de mestre ao seguinte artesão?
– Qual?
– O que pode fazer tudo quanto faz particularmente cada obreiro.
– Falas de um homem extraordinário e miraculoso!
– Ainda é cedo; daqui a pouco dirás que ele é muito maior. Pois esse mesmo obreiro não é apenas
capaz de aprontar todos os móveis, como faz tudo o que nasce da terra, dá forma a todos os seres
vivos, a ele próprio e ao que mais houver, além de ser o autor da terra, do céu e dos deuses, e de
quanto existe no céu e embaixo da terra, no Hades.
– Referes-te a um sofista admirável, me falou.
– Não acreditas? Perguntei; então, me dize: achas mesmo que não pode haver um artista nessas
condições? E em que circunstância tudo isso poderia ser fabricado, e em quais não poderia? Não
percebes que tu próprio, de certo modo, serias capaz de criar tudo isso?
– De que jeito? perguntou.
– Não é difícil, lhe falei: a prova pode ser feita a qualquer hora e em pouco tempo, porém muito
mais depressa se te resolveres a tomar de um espelho e o levares contigo por toda parte: num abrir e
fechar de olhos farás o sol e tudo o que há no céu; num segundo, a terra; rapidamente farás a ti
mesmo e os outros animais, os móveis, as plantas e tudo o mais que enumeramos há pouco.
– Não há dúvida, me disse; porém tudo isso não passa de aparência; carece de existência real.
– Ótimo! lhe falei; bastante no que eu queria; mas entre esses obreiros, quero crer, há de estar
também incluído o pintor.
– Como não?
– Porém decerto dirás, segundo creio, que ele não faz de verdade tudo o que faz. Mas de certo modo
o pintor também faz alguma espécie de leito. Ou não fará?
– Sim, falou; um leito aparente, ele também.
TRECHO DO TEXTO MEDITAÇÕES METAFÍSICAS DE RENÉ DESCARTES

Primeira Meditação
Há já algum tempo dei-me conta de que, desde meus primeiros anos, recebera muitas falsas
opiniões por verdadeiras e de que aquilo que depois eu fundei sobre princípios tão mal assegurados
devia ser apenas muito duvidoso e incerto; de modo que era preciso tentar seriamente, uma vez em
minha vida, desfazer-me de todas as opiniões que recebera até então em minha crença e começar
tudo novamente desde os fundamentos, se eu quisesse estabelecer alguma coisa firme e de constante
nas ciências. Parecendo-me, porém, ser esse empreendimento muito grande, aguardei que atingisse
uma idade que fosse tão madura que não pudesse esperar outra depois dela, a qual me fosse mais
própria executá-lo, isso me fez adiá0lo por tanto tempo que, de agora em diante, acreditaria cometer
um erro, se empregasse ainda em deliberar o tempo que ,e resta para agir.
Agora, pois, que meu espírito está livre de todas as preocupações e que obtive um repouso
seguro numa solidão tranquila, aplicar-me-ei seriamente e com liberdade a destruir em geral todas
as minhas antigas opiniões. Ora, não será necessário, para atingir esse propósito, provar que elas
todas são falsas, o que talvez jamais realizasse até o fim; mas, visto que a razão já me persuade de
que não devo menos cuidadosamente impedir-me de acreditar nas coisas que não são inteiramente
certas e indubitáveis do que nas que nos parecem ser manifestamente falsas, a menos razão de
duvidar que eu nelas encontrar será suficiente para me fazer rejeitá-las todas. E, para isso, não é
necessário que eu examine cada uma em particular, o que seria um trabalho infinito; mas, como a
ruína dos fundamentos traz necessariamente consigo todo o resto do edifício, atacarei inicialmente
os princípios sobre os quais todas as minhas antigas opiniões estavam apoiadas.
Tudo o que recebi até o presente como o mais verdadeiro e seguro, eu o aprendi dos sentidos
ou pelos sentidos; ora, algumas vezes experimentei que esses sentidos eram enganosos, e é de
prudência jamais confiar inteiramente em quem nos enganou uma vez.
Ocorre, contudo, que, embora os sentidos nos enganem às vezes acerca das coisas pouco
sensíveis e muito distantes, encontram-se talvez muitas outras das quais não se possa razoavelmente
duvidar, ainda que as conhecêssemos por meio deles: por exemplo, que eu esteja aqui, sentado perto
do fogo, vestido com um roupão, tendo esse papel entre as mãos e outras coisas dessa natureza. E
como eu poderia negar que estas mãos e este corpo sejam meus? A menos, talvez, que eu seja como
esses insensatos, cujo cérebro está de tal modo perturbado que pensam serem reis, quando na
verdade não o são (...).
Devo, contudo, aqui considerar que sou homem e que, por isso, tenho o costume de dormir e
de representar em meus sonhos as mesmas coisas, ou outras por vezes menos verossímeis, que esses
loucos quando acordados. Quantas vezes ocorreu-me sonhar, à noite, que estava neste lugar, que
esta a vestido, que estava perto do fogo, embora estivesse inteiramente nu, dormindo em minha
cama? Parece-me que, nesse momento, não é com olhos adormecidos que observo este papel; que
esta cabeça que mexo não está dormente; que é com intenção e propósito consciente que estendo
esta mão e que a sinto: o que acontece no sonho não parece ser tão claro e tão distinto quanto tudo
isso. Pensando nisso cuidadosamente, lembro-me, porém, de ter sido frequentemente enganado,
quando dormia, por semelhantes ilusões. E, detendo-me neste pensamento, vejo tão manifestamente
que não há indício concluente algum nem marcas suficientemente certas por cujo meio se possa
distinguir nitidamente a vigília do sono que me sinto inteiramente espantado; e meu espanto é tal
que ele é quase capaz de me persuadir de que estou dormindo.

Segunda Meditação
Suponho, então, que todas as coisas que vejo são falsas (...). O que, portanto, poderá ser
considerado verdadeiro? Talvez nenhuma outra coisa, a não ser que não há nada de certo no mundo.
Diante disso, como é que sei se não há alguma coisa diferente das que acabo de julgar
incertas, da qual não se possa ter a menor dúvida? Não há algum Deus, ou alguma outra potência,
que me ponha no espírito esses pensamentos? Isso não é necessário; pois talvez eu seja capa de
produzi-los por mim mesmo. Eu, então, pelo menos, não sou algo? Ocorre que já neguei que eu
tivesse algum sentido ou algum corpo. Hesito, no entanto, pois o que se segue disso? Sou de tal
modo dependente do corpo e dos sentidos que não possa existir sem eles? Eu já me persuadira,
contudo, de que não havia nada no mundo, de que não havia céu algum, terra alguma, espíritos
alguns, nem corpos alguns; não me persuadi, então, de que eu tampouco existia? Com certeza, não;
eu existia sem dúvida, se me persuadi de algo ou se apenas pensei algo. (...) Desse modo, após ter
pensado bem nisso e ter examinado cuidadosamente todas as coisas, é preciso, enfim, concluir e ter
por constante que esta proposição, Eu sou, eu existo (penso, logo existo), é necessariamente
verdadeira todas as vezes que a pronuncio ou que a concebo em meu espírito.
TRECHO DO TEXTO DISCURSO SOBRE A ORIGEM E OS FUNDAMENTOS DA
DESIGUALDADE ENTRE OS HOMENS DE JEAN-JACQUES ROUSSEAU

Primeira Parte
(...) Vejo em todo animal apenas uma máquina engenhosa, a quem a natureza deu sentidos
para se recompor por si mesma, e para se garanti, até certo ponto, de tudo que tende a lhe destruir
ou a lhe desregular. Percebo precisamente as mesmas coisas na máquina humana, com a diferença
de que a natureza sozinha faz tudo nas operações das bestas, ao passo que os homens cocorrem para
com as suas como agentes livres. Um escolhe ou rejeita por instinto, e o outro por um ato de
liberdade; o que faz com que a besta não possa escapar da regra que lhe é prescrita, mesmo quando
lhe seria vantajoso o fazer, e o homem escapa frequentemente em seu prejuízo. É assim que um
pombo morreria de fome perante uma bacia das melhores carnes, e um gato perante uma de frutas
ou grãos (...).

Segunda Parte
O primeiro que, tendo cercado um terreno, disse: Isto é meu, e encontrou pessoas bastantes
simples para acreditá-lo, foi o verdadeiro fundador da sociedade civil. Quantos crimes, quantas
guerras, assassinatos, misérias e horrores não teria poupado ao gênero humano aquele que,
arrancando as estacas ou tapando o fosso, tivesse gritado aos seus semelhantes: “Não escutais esse
impostor; estareis perdidos se esquecerdes que os frutos são de todos, e a terra de ninguém!”.
Parece, porém, que as coisas já tinham chegado ao ponto de não poder mais ficar como estavam
(...).
TRECHO DO TEXTO RESPOSTA À PERGUNTA: O QUE É O ESCLARECIMENTO?
DO FILÓSOFO IMMANUEL KANT

Esclarecimento é a saída do homem de sua menoridade, da qual ele próprio é culpado. A


menoridade é a incapacidade de fazer uso de seu entendimento sem a direção de outro indivíduo. O
homem é o próprio culpado dessa menoridade se a causa dela não se encontra na falta de
entendimento, mas na falta de decisão e coragem de servir-se de si mesmo sem a direção de outrem.
Sapere aude! (Ouse saber!). Tem coragem de fazer uso de teu próprio entendimento, tal é o lema do
esclarecimento.
A preguiça e a covardia são as causas pelas quais uma tão grande parte dos homens, depois
que a natureza de há muito os libertou de uma direção estranha, continuem, no entanto de bom
grado menores durante toda a vida. São também as causas que explicam por que é tão fácil que os
outros se constituam em tutores deles. É tão cômodo ser menor. Se tenho um livro que faz as vezes
de meu entendimento, um diretor espiritual que por mim tem consciência, um médico que por mim
decide a respeito de minha dieta, etc., então não preciso esforçar-me eu mesmo. Não tenho
necessidade de pensar, quando posso simplesmente pagar; outros se encarregarão em meu lugar dos
negócios desagradáveis. A imensa maioria da humanidade (inclusive todo o belo sexo) considera a
passagem à maioridade difícil e, além do mais, perigosa, porque aqueles tutores de bom grado
tomaram a seu cargo a supervisão dela. Depois de terem primeiramente embrutecido seu gado
doméstico e preservado cuidadosamente estas tranquilas criaturas a fim de não ousarem dar um
passo fora do carrinho para aprender a andar, no qual as encerraram, mostram-lhes, em seguida, o
perigo que as ameaça se tentarem andar sozinhas. Ora, este perigo na verdade não é tão grande, pois
aprenderiam muito bem a andar finalmente, depois de algumas quedas. Basta um exemplo deste
tipo para tornar tímido o indivíduo e atemorizá-lo em geral para não fazer outras tentativas no
futuro.
É difícil, portanto, para um homem em particular desvencilhar-se da menoridade que para
ele se tornou quase uma natureza. Chegou mesmo a criar amor a ela, sendo por ora realmente
incapaz de utilizar seu próprio entendimento, porque nunca o deixaram fazer a tentativa de assim
proceder. Preceitos e fórmulas, estes instrumentos mecânicos do uso racional, ou, antes, do abuso
de seus dons naturais, são os grilhões de uma perpétua menoridade. Quem deles se livrasse só seria
capaz de dar um salto inseguro mesmo sobre o mais estreito fosso, porque não está habituado a este
movimento livre. Por isso são muito poucos aqueles que conseguiram, pela transformação do
próprio espírito, emergir da menoridade e empreender então uma marcha segura.
Que, porém, um público se esclareça a si mesmo é perfeitamente possível; mais que isso, se
lhe for dada a liberdade, é quase inevitável. Pois, encontrar-se-ão sempre alguns indivíduos capazes
de pensamento próprio, até entre os tutores estabelecidos da grande massa, que, depois de terem
sacudido de si mesmos o jugo da menoridade, espalharão em redor de si o espírito de uma avaliação
racional do próprio valor e da vocação de cada homem em pensar por si mesmo. O interessante
nesse caso é que o público, que anteriormente foi conduzido por eles a este jugo, obriga-os daí em
diante a permanecer sob ele, quando é levado a se rebelar por alguns de seus tutores que, eles
mesmos, são incapazes de qualquer esclarecimento. Vê-se assim como é prejudicial plantar
preconceitos, porque terminam por se vingar daqueles que foram seus autores ou predecessores
destes. Por isso, um público só muito lentamente pode chegar ao esclarecimento. Uma revolução
poderá talvez realizar a queda do despotismo pessoal ou da opressão ávida de lucros ou de
domínios, porém nunca produzirá a verdadeira reforma do modo de pensar. Apenas novos
preconceitos, assim como os velhos, servirão como cintas para conduzir a grande massa destituída
de pensamento.
Para este esclarecimento, porém, nada mais se exige senão LIBERDADE. E a mais
inofensiva entre tudo aquilo que se possa chamar liberdade, a saber: a de fazer um uso público de
sua razão em todas as questões. Ouço, agora, porém, exclamar de todos os lados: não raciocineis! O
oficial diz: não raciocineis, mas exercitai-vos! O financista exclama: não raciocineis, mas pagai! O
sacerdote proclama: não raciocineis, mas crede! (Um único senhor no mundo diz: raciocinai, tanto
quanto quiserdes, e sobre o que quiserdes, mas obedecei!). Eis aqui por toda a parte a limitação da
liberdade. Que limitação, porém, impede o esclarecimento? Qual não o impede, e até mesmo
favorece? Respondo: o uso público de sua razão deve ser sempre livre e só ele pode realizar o
esclarecimento entre os homens.
TRECHO DO TEXTO O EXISTENCIALISMO É UM HUMANISMO DE SARTRE

Consideremos um objeto fabricado, como, por exemplo, um livro ou um corta-papel. Esse


objeto foi fabricado por um artesão, que se inspirou em um conceito; ele se referiu ao conceito de
corta-papel, e igualmente a uma técnica prévia de produção, que faz parte do conceito, e que é no
fundo uma receita. Assim, o corta-papel é ao mesmo tempo um objeto que se produz de uma certa
maneira e que, de outro lado, tem uma utilidade definida, e não se pode supor um homem que
produzisse um corta-papel sem saber para que tal objeto serviria. Diremos, portanto, que, no caso
do corta-papel, a essência – isto é, o conjunto das receitas e das qualidades que permitem produzi-lo
e defini-lo – precede a existência. Assim, a presença diante de mim de tal corta-papel ou de tal livro
é determinada. Temos aqui uma visão técnica do mundo, na qual se pode dizer que a produção
precede a existência.
Ao concebermos um Deus criador, esse Deus é identificado, na maioria das vezes, a um
artesão superior; e qualquer que seja a doutrina que consideremos, quer se trate de uma doutrina
como a de Descartes, quer se trate de uma doutrina como a de Leibniz, nós admitimos sempre que a
vontade segue mais ou menos o entendimento ou, pelo menos, o acompanha, e que Deus, quando
cria, sabe precisamente o que cria. Assim, o conceito de homem, no espírito de Deus, é assimilável
ao conceito de corta-papel, no espírito do artesão; e Deus produz o homem segundo técnicas e uma
concepção, exatamente como o artesão fabrica um corta-papel segundo uma definição técnica.
Assim, o homem individual realiza um certo conceito que está no entendimento divino. No século
XVIII, o ateísmo dos filósofos suprime a noção de Deus; no entanto, não suprime a ideia de que a
essência precede a existência. (...) O homem possui uma natureza humana; essa natureza humana,
que é o conceito humano, é encontrada em todos os homens, o que significa dizer que cada homem
é um exemplo particular de um conceito universal, o homem. Em Kant, resulta dessa universalidade
que o homem das florestas, o homem da natureza, tal como os burgueses, estão limitados à mesma
definição e possuem as mesmas qualidades de base. Assim, mesmo aí, a essência do homem
precede essa existência histórica que reencontramos na natureza.
O existencialismo ateu que eu represento é mais coerente. Ele declara que, se Deus não
existe, há pelo menos um ser em quem a existência precede a essência, um ser que existe antes de
poder ser definido por algum conceito, e que este ser é o homem, ou, como diz Heidegger, a
realidade humana. Que significa dizer que a existência precede a essência? Significa que o homem
primeiro existe, se encontre, surge no mundo, e que se define depois. O homem, tal como o
existencialista o concebe, se não é definível, é porque de início ele não é nada. Ele só será em
seguida, e será como se tiver feito. Assim, não há natureza humana, pois não há Deus para concebê-
la. O homem é não apenas tal como ele se concebe, mas como ele se quer, e como ele se concebe
depois da existência, como ele se quer depois desse impulso para a existência, o homem nada mais
é do que aquilo que ele faz de si mesmo.

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