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Capítulo 4 – Teoria da Firma ou da Empresa

A teoria da firma ou da empresa investiga as variáveis determinantes da oferta,


principalmente aqueles relacionados a produção, aos custos e a concorrência nos
mercado. Nesse sentido, continuamos considerando a hipótese básica que norteia
todo o estudo da microeconomia: a de que as empresas buscam maximizar seus
lucros. Essa hipótese maximizadora implica considerar que a empresa procura
elevar receitas e reduzir custos nas suas operações. A busca da maximização do
lucro orienta sua disposição em ofertar produtos, que será afetada pelas variações
nos preços de mercado.

Neste capítulo iremos estudar a Empresa, que é a unidade básica de produção em


um sistema econômico. A empresa contrata recursos produtivos, transforma-os
em bens e serviços que depois serão vendidos no mercado. Esses bens e
serviços poderão ser colocados ou a disposição dos consumidores, no caso de
bens finais ou a disposição de outras empresas, no caso de bens intermediários.
Primeiramente, definiremos a produção e discutiremos quais os possíveis
objetivos da firma. Posteriormente, efetuaremos uma análise da produção, que
incluirá muitos dos aspectos da relação entre insumos e produtos. Finalmente
examinaremos a teoria de custo, dado que essa teoria serve de base para o
entendimento de como se processa a oferta de bens e serviços, em cada mercado
específico.

Iremos apresentar alguns conceitos básicos que são imprescindíveis ao bom


entendimentos da teoria de Produção e de Custo.

CONCEITO DE EMPRESA

É unidade econômica de produção, encarregada de combinar os fatores de


produção (recursos naturais, recursos humanos e capital,), para produzir bens e
serviços que, posteriormente serão vendidos no mercado.

O EMPRESÁRIO

É aquele que organiza e administra a produção, é o responsável pela tomada de


decisão na empresa, é quem inova e corre o risco.

FATORES DE PRODUÇÃO

São os recursos econômicos utilizados na produção de um bem ou serviço. Como


por exemplo, podemos citar alguns fatores produtivos usados na produção
avícola, como ração, água, energia, medicamentos,etc..

PRODUÇÃO

É a transformação dos fatores de produção em bens e serviços que serão


disponibilizados no mercado. O conceito de produção não se restringe apenas a
transformação física ou química de fatores produtivos em bens materiais, engloba
também a oferta de serviços, tais como serviços bancários, transportes e
comércios.
PRODUTO

É qualquer bem ou serviço resultante de um processo de produção.

TECNOLOGIA

É o conjunto de processos de produção conhecidos. Ela específica todas as


possibilidades técnicas pelos quais os fatores de produção podem ser
transformados em bens e serviços. Dentre as diferentes possibilidades técnicas
disponíveis a uma empresa, o empresário irá escolher aquela que ele julgar ser
mais eficiente economicamente. Ou seja, aquela que propiciar o mesmo nível de
produto que as técnicas alternativas, ao menor custo possível.

Teoria da Produção
Restrição Tecnológica

Como vimos, a oferta de mercado depende do nível de preço do produto.


Entretanto, a curva de oferta de cada empresa depende significativamente de
seus custos de produção, que por sua vez, são limitados pelas tecnologias
disponíveis. Evidentemente, a escolha da tecnologia depende dos preços dos
insumos. Por exemplo, nos países em que há abundância de trabalho barato, as
tecnologias usadas tendem a ser mais intensivas em mão-de-obra. De fato,
quando uma empresa decide sobre a quantidade que deveria produzir e o preço
que deveria fixar para maximizar seu lucro, ela sofre restrições de toda ordem,
impostas pelos vendedores dos insumos necessários para a produção, pelos
compradores de seu produto (curva de demanda), pelos concorrentes no mercado
e pela tecnologia disponível.

Esta última restrição pode ser resolvida dentro da empresa, que decide sobre sua
oferta considerando o fato de que existem algumas formas viáveis de se produzir a
partir dos insumos disponíveis, ou seja, só existem algumas escolhas possíveis. A
função de produção da empresa é uma representação matemática de como os
insumos são combinados e transformados em produtos a serem ofertados no
mercado.

Os insumos podem ser divididos em grandes categorias, como trabalho, capital,


terra e matéria-prima, cada uma delas passível de sofrer subdivisões mais
detalhadas. A empresa, então, vai decidir como produzir determinada quantidade
de bens e quanto utilizar cada insumo, tendo em vista a tecnologia disponível, de
forma a ter o menor custo possível para um dado nível de produção.

Função de Produção

Existem milhares de função de produção diferentes em economia. Há pelo menos


uma para cada empresa e produto. Apresentaremos a função de produção para
um fator variável ou uma relação fator produto.
A função de produção ou função de resposta é uma relação física entre as
quantidades utilizadas de certo conjunto de insumos e as quantidades físicas
máximas que se pode obter de produto (ou de produção), para uma dada
tecnologia conhecida. Por relações físicas entendem-se todas as transformações
que se passam durante o processo de produção. É óbvio que, na produção
agropecuária, estas transformações físicas são essencialmente processos
biológicos.

A produção efetuada por uma empresa é uma função dos recursos que ela
mobiliza. O volume de produção será maior ou menor, e esse nível de produção
depende basicamente da combinação dos seguintes fatores: a) da qualidade e da
quantidade dos recursos (fatores de produção) utilizados pela firma (propriedade
rural); b) das técnicas de produção ou tecnologia (know-how); e c) dos meios
físicos para transformar os recursos utilizados.

A função de produção pode ser expressa por:

Y = f (X1/X2,...Xn),

Em que Y é o produto (produção ou output), X1 é o insumo (fator ou input)


variável, Xn são os insumos fixos e f representa a relação funcional entre insumos
e produtos.

A figura X ilustra a função de produção, que, entretanto, pode ser mostrada de


outras maneiras, como, por exemplo, uma tabela que relacione quantidades de
insumos com quantidades de produto final., como podemos ver na tabela X

Y = Produto
L = Trabalho

Figura X = A função de Produção com um único fator variável.

A tabela X mostra que, enquanto o fator de produção trabalho aumenta de 3 para


5 Kg, fazendo o produto também aumentar, os demais fatores permanecem fixos.
A presença de um fator de produção fixo impõe um limite ao crescimento da
produção. Quando isto ocorre, estamos diante de uma situação de curto prazo.

Terra Capital Trabalho Produto


10 15 3 50
10 15 4 80
10 15 5 105

Tabela x – A relação entre quantidade de insumos e produto final

Curto prazo é o período em que pelo menos um fator de produção é fixo.


Longo prazo é o período no qual todos os fatores de produção podem variar.

O conceito de curto e longo prazo, do ponto de vista microeconômico, depende do


tipo de negócio. Por exemplo, o longo prazo para uma lanchonete pode ser de
poucas semanas, período suficiente para iniciar ou expandir a operação (todos os
fatores de produção estão variando). Já para a indústria naval, o longo prazo pode
ser de alguns anos, diante da necessidade de tempo para criar ou aumentar a
capacidade de produção.

Produto Físico Total e Produtividade dos Fatores

Do produto físico total (PFT), que vem a ser produção (Y), nós podemos derivar
duas importantes relações, o produto físico médio (PFMe) e o Produto físico
marginal (PFMa).

Como dito anteriormente, uma função de produção pode também ser descrita em
termos de uma função matemática. A equação (1) expressa, matematicamente a
função de produção apresentada na tabela X:

Y = 30 X2 – X3

Em que Y é a produção e X1 é a quantidade de empregados usados (mão-de-


obra/trabalho).

A função de produção exibindo os retornos crescentes, constantes e decrescente


é ilustrada na tabela X. Essa tabela apresenta a resposta na produção em função
da utilização do trabalho.
Função de Produção
Equação = 30 X2 - X3
Fator Variável Produção Variação na Produtividade Produtividade
Mão-de-Obra Produção Média Marginal
1 29 0 29 0
2 112 83 56 108
3 243 131 81 153
4 416 173 104 192
5 625 209 125 225
6 864 239 144 252
7 1127 263 161 273
8 1408 281 176 288
9 1701 293 189 297
10 2000 299 200 300
11 2299 299 209 297
12 2592 293 216 288
13 2873 281 221 273
14 3136 263 224 252
15 3375 239 225 225
16 3584 209 224 192
17 3757 173 221 153
18 3888 131 216 108
19 3971 83 209 57
20 4000 29 200 0
21 3969 -31 189 -63
22 3872 -97 176 -132
23 3703 -169 161 -207
24 3456 -247 144 -288
25 3125 -331 125 -375
26 2704 -421 104 -468
27 2187 -517 81 -567
28 1568 -619 56 -672
29 841 -727 29 -783
30 0 -841 0 -900
Tabela x - Função de produção para um fator variável.

A relação entre a quantidade de insumo variável e a quantidade de produto


produzida pode assumir três formas gerais: retornos constante, retorno
decrescente e retorno crescente do fator variável.

a) Retornos constante ou produtividade constante

Há produtividade constante quando todas as Kg do fator variável que forem


aplicadas ao fator fixo resultarem em aumentos iguais no total da produção obtida.
Pode-se representar graficamente esta função de produção.

b) Retornos Crescentes ou produtividade crescente

Há retornos crescentes em relação a um único fator, quando cada investimento


sucessivo do investimento variável aumenta mais a produção total do que a
unidade anterior.

c) Retornos decrescentes ou produtividade decrescente

Há produtividade decrescente do fator variável quando cada nova unidade de


investimento, aumentar menos a produção total que a unidade anterior.
Cada unidade de fertilizante aumenta uma quantidade menor na produção. Diz-se
que a produção total está aumentando em uma taxa decrescente. Estas são as
possibilidades que ocorrem. Geralmente não se encontra uma função de produção
que se ajuste somente a um destes tipos. De modo geral existe uma combinação
dos três casos. (Gráfico x)

Y 5000
Retornos Crescentes Retornos Decrescentes Retornos Negativos

4000
Ex > 1 Ex = 1 0 <Ex < 1 Ex =0 Ex < 1

3000

2000

1º Estágio 2º Estágio 3º Estágio

1000

0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30

-1000

-2000

X1
Produto Físico Total Produto Físico Médio Produto Físico Marginal

Gráfico X – Comportamento do Produto Físico Total, Produto Físico Médio e


Produto Físico Marginal, definindo os estágios de produção.

Produtividade dos fatores

O produto físico médio é o produto físico total dividido pela quantidade empregada
do insumo variável.

PFT Y
PFMe = ------------- = ---------
X1 X1

O conceito de produto médio é uma importante medida de produtividade na


empresa e na economia. Em geral, afirmar que a produtividade do trabalho
aumentou significa que o produto médio aumentou.

O produto físico marginal é a variação no produto físico total, decorrente da


variação de uma unidade na quantidade empregada do insumo variável.

Δ PFT ΔY dY
PFMa = ------------- = --------- ou --------------
Δ X1 Δ X1 dX1

A importância do conceito de produto marginal associa-se ao gasto da empresa


com o insumo variável. Por exemplo, se o valor do produto marginal gerado por
um trabalhador a ser contratado for inferior ao salário que lhe será pago, a
empresa não fará a contratação desse trabalhador.
Discutimos a relação entre o investimento de um único fator variável e a produção
de um único produto. Tal relação pode seguir uma das três formas gerais:

Utilizando-se as regras de diferenciação, o produto físico marginal correspondente


a equação (1) é:

dY
PFMa = -------- = 60 X - 3 X2 (2)
DX1

A função do produto físico médio (Y/X1) é:

Y
PFMex1 = -------- = 30 X – X2 (3)
X

O produto físico médio (PFMe) apresentado na tabela X foi estimado a partir de


dados discretos , X1 e Y, que se encontram nas colunas 4 e 5 desta tabela. A
produtividade média pode ser obtida para cada nível de mão-de-obra empregada.
No caso específico de uma quantidade produzida de 2.000 Kg, a produtividade
média calculada pelo quociente entre esta quantidade e a mão-de-obra
empregada que foi de 10 trabalhadores é de 200 Kg/trabalhador. Este resultado
mostra a quantidade obtida resultante de cada trabalhador empregado. Neste
exemplo o produto físico médio inicialmente cresce, atinge um máximo e, decresce
posteriormente.

O produto físico marginal que se encontra na quinta coluna da tabela foi obtido a
partir da equação 2. Para a quantidade de 2.000 Kg produzida a produtividade
marginal é assim obtida: 60 (10) – 3 (10)2 = 300. O produto físico marginal, neste
exemplo, inicialmente cresce, atinge um máximo, decresce e, por último torna-se
negativo.

A produtividade média e a marginal do fator variável X1, também são mostradas na


tabela X.

Lei dos Rendimentos decrescentes

A forma ou a curvatura da curva do produto físico total (Y) indica o que acontece
quando se mudam as proporções do insumo variável (X1) relativamente aos
recursos fixos, (x2,X3,...,Xn) deixando claro, quase sempre as evidências da
chamada lei dos rendimentos decrescentes. Esta célebre lei estabelece que, se a
quantidade de apenas um recurso for aumentada, enquanto a de outros recursos
permanecerem constante, a quantidade total de produção aumentará; mas além
de certo ponto, o acréscimo resultante do produto tornar-se-á cada vez menor,
podendo o produto alcançar um máximo e eventualmente diminuir. Por exemplo,
analisando-se a resposta da produção de milho para diferentes níveis de
nitrogênio, deve-se esperar que, a medida que aumenta a quantidade de
nitrogênio (insumo), a produção do cereal por hectare aumenta em princípio a uma
taxa elevada, passando em seguida a aumentos proporcionalmente menores,
chega a um máximo e pode até decrescer. A quantidade excessiva de nitrogênio
pode resultar num perfilhamento exagerado, dificultando a insolação e
favorecendo o acamamento, com conseqüências adversas à produção.

Estágios de Produção

Os três estágios de produção podem ser definidos das relações: produto físico
total, produto físico médio e produto físico marginal.

O 1º estágio de produção corresponde aquele em que o PFMe é sempre


crescente. Neste estágio, o PFma é sempre maior que o produto físico médio e
ambos são positivos. O PFT também se apresenta crescente. Esse estágio é
denominado estágio irracional da produção, porque os insumos são alocados
ineficientemente. Um produtor racional jamais operaria nesse estágio de produção,
porque ele estaria limitando o uso do insumo variável, dado que maior
produtividade média poderia ser obtida pelo maior uso desse insumo.

O limite entre o 1º e o 2º estágio ocorre no ponto onde o produto físico médio


atinge o máximo. Nesse ponto, o produto físico médio máximo é igual ao produto
físico marginal.

O 3º estágio é caracterizado por apresentar um produto físico total decrescente,


produto físico marginal negativo e o produto físico médio também decrescente.
Esse estágio é denominado irracional da produção, visto que o emprego de Kg
adicionais do insumo variável resultaria na redução do produto físico total. Tais
acréscimos contribuem para o crescimento do custo e redução de receita.

No 2º estágio de produção, o produto físico médio é decrescente, assim como o


produto físico marginal, mas o produto marginal ainda é positivo. O produto físico
médio apresenta-se sempre maior que o produto físico marginal. O 2º estágio é o
racional de produção.

O limite entre o 2º e o 3º estágio ocorre no ponto onde o produto total é máximo e,


conseqüentemente, a produtividade marginal é igual a zero.

Na tabela X, o limite entre o 1º e o 2º estágio de produção encontra-se em 3.375


Kg produzidas. Já o limite entre o 2º e o 3º estágio está em 4.000 Kg produzidas
sendo a produtividade marginal igual a zero.

Nível Ótimo de Uso do Insumo

A pressuposição básica é que o objetivo econômico da fira é a maximização do


lucro (π) ou da receita líquida.

Na determinação do nível de insumo variável que maximiza lucro, o uso da análise


marginal é o mais apropriado. Essa análise é utilizada para comparar o custo do
insumo variável com a receita do produto.
Um insumo variável deve ser adicionado ao processo produtivo até o ponto onde a
mudança na renda, devido ao uso da última unidade do insumo, for maior ou igual
a mudança no custo resultante da última unidade empregada desse insumo. Se a
última unidade do insumo empregado aumentar mais a receita do que o custo,
mais insumo deve ser utilizado. Entretanto, se a última unidade de insumo usado
aumentar mais o custo do que a receita, menor quantidade desse insumo deve ser
utilizada. Resumindo, um insumo variável deve ser empregado até o ponto onde o
valor adicional do produto físico marginal (PFMa) do insumo vezes o preço do
produto (Py) for maior ou igual ao preço do insumo, PFMa x1 x Py > PX1. De outra
forma, desde que o valor do produto marginal - VPMa x1 (Py x PFMa x1) do insumo
variável for maior ou igual ao preço do insumo, VPMa x1 > PX1.

A derivação matemática dessa regra de decisão é apresentada a seguir:

Max π = RT – CT (4)

Lucro é dado pela diferença entre a receita total (RT) e o custo total (CT). Na
determinação do lucro é necessário, portanto, conhecer a receita e o custo. Os
preços dos insumos de produção e a tecnologia constituem-se os determinantes
básicos do custo. Uma vez estabelecida a tecnologia o total de cada insumo
necessário para produzir qualquer nível de produto pode ser determinado.

O custo total é dado pela soma do custo variável e fixo.

CT = X1 . PX1 + K, (5)

Em que X1 é a quantidade do insumo variável usado na produção: Px1, o preço


do insumo; e K, o custo dos insumos fixos.

A receita total é obtida pelo produto da quantidade total vendida e o preço de


venda.

RT = Y * Py (6)

Em que Y é a quantidade vendida do produto; e Py é o preço de venda.

Para maximizar lucro tem-se que diferenciar a função com relação ao insumo
variável X1. Assumindo que os preços do produto (Py) e insumo (Px1) sejam
constantes

Lucro π = Y * Py – X1 * Px1 – K

XXXXXXXXXXXXXXXXXX

Assumindo PX1, Py e K constantes, tem-se:

XXXXXXXXXXXXXXXXXX

Em que VPMx1 é o valor do produto marginal de X1.


Dos dados contidos na tabela X é possível determinar a quantidade ótima para se
produzir. Para tanto, é necessário introduzir o preço do produto e o preço do
insumo. Com o trabalhador mensal custando R$ 350,00 e o produto custando R$
2,00/Kg, a quantidade do produto produzida será de 3.584 Kg e a quantidade
ótima de trabalhadores estaria próxima a 16.

A quantidade ótima econômica de ração a ser consumida é determinada pela


expressão VPMx1 = PX1 ou Py * PFMAx1 = PX1. Na tabela X, o VPMa
correspondente ao uso de trabalhadores, 384 é o que mais se aproxima do preço
do fator, R$ 350,00. Por conseguinte, pode-se definir que a quantidade ótima para
se produzir está próxima a 3.584 Kg.

Fator Variável Produção Produtividade Preço de Y Valor do Produto Preço de X


Mão-de-Obra (X)Y Marginal Py Marginal PyxPFMa R$/Mês
1 29 0 2 0 350
2 112 108 2 216 350
3 243 153 2 306 350
4 416 192 2 384 350
5 625 225 2 450 350
6 864 252 2 504 350
7 1127 273 2 546 350
8 1408 288 2 576 350
9 1701 297 2 594 350
10 2000 300 2 600 350
11 2299 297 2 594 350
12 2592 288 2 576 350
13 2873 273 2 546 350
14 3136 252 2 504 350
15 3375 225 2 450 350
16 3584 192 2 384 350
17 3757 153 2 306 350
18 3888 108 2 216 350
19 3971 57 2 114 350
20 4000 0 2 0 350
21 3969 -63 2 -126 350
22 3872 -132 2 -264 350
23 3703 -207 2 -414 350
24 3456 -288 2 -576 350
25 3125 -375 2 -750 350
26 2704 -468 2 -936 350
27 2187 -567 2 -1134 350
28 1568 -672 2 -1344 350
29 841 -783 2 -1566 350
30 0 -900 2 -1800 350

Tabela X – Quantidade produzida, Número de trabalhadores, produto físico


marginal, valor do produto marginal e preço do fator e de determinado produto.

Utilizando a função de produção (1), que representa a resposta da quantidade da


quantidade produzida do produto a diferentes quantidades de trabalhadores
utilizados, com base no preço do Kg do produto (R$ 2,00/Kg) e do trabalhador
(R$350,00/mês), pode-se calcular o nível exato de trabalhadores que maximiza o
lucro.

Y = 30 X2 – X3
dY
PY ------- = PX1
dX1

dY
PY ------- = 60 X – 3 X2
dX1

Py * PFMaX1 = Px1

2 (60 X – 3 X2) = 350

3X2 – 60 X + 175 = 0

X = 16 => nº de trabalhadores que maximiza o lucro.

A quantidade do produto que maximiza a produção física é dada pela expressão:

dY
PFMaX1 = ------- = 0
dX

No exemplo dado, tem-se:

dY
------- = 60 X – 3 X2 = 0 => X1 = 20 é nº de trabalhadores que maximiza a
dX1 produção física.

Substituindo na equação do produto = Y = 30X2 – X3

Temos Y = 30 * (20)2 – (20)3 => Y = 30 * 400 – 8.000 => Y = 12.000 – 8.000

Y = 4.000 o produto físico total máximo ou a máxima quantidade produzida.

Quando se utilizam insumos não livres, isto é, que possuem preços, o nível de
insumo que maximiza o lucro é sempre menor que o nível de insumos que
maximiza a produção física.
Teoria dos Custos

Restrição Tecnológica

A visão contábil de custos difere da visão econômica em dois aspectos principais.


Em primeiro lugar, a contabilidade divide os custos totais em custos diretos e
indiretos. Já a análise econômica divide os custos totais em fixos e variáveis. Há
vários e diferentes tipos de custos e vários significados são atribuídos a expressão
custo de produção. Portanto, simplesmente o termo custo tem pouco significado
para os nossos propósitos.

O termo custo significa, para fins de análise econômica, a compensação que os


donos dos fatores de produção, utilizados por uma empresa para produzir
determinado bem, devem receber para que eles continuem fornecendo esses
fatores a empresa. (Hoffmann, R et alli, 1987). Os autores chamam a atenção para
o termo compensação utilizado e não pagamento, porque, em certos casos, não
ocorrem pagamento formal ou desembolso a eles. Enfatizam, ainda, a
possibilidade de alguns donos dos fatores de produção fornecerem as unidades
de fatores, mesmo que pouco ou nada ganhe por eles. “Os proprietários de um
negócio que não esteja dando o rendimento continuarão, muitas vezes, a operá-lo
por vários anos, porque eles não podem, rapidamente, retirar o seu capital
investido em bens de produção especializados, com duração de vários anos.
Contudo, uma vez desgastados os bens de capital, o capital-dinheiro não será
reinvestido nesse negócio”.

Curto Prazo e Longo Prazo

Curto e Longo Prazos são conceitos de tempo, mas eles não são definidos como
períodos fixos de calendário, mas o tempo necessário para que os indivíduos se
adaptem a novas condições. O curto prazo é aquele período de tempo durante o
qual um ou mais insumos produtivos são fixos na quantidade e não podem variar.
Por exemplo, no início da estação de plantio, pode ser tarde para aumentar ou
diminuir a quantidade de terra própria ou alugada. O ciclo de produção agrícola
corrente poderia ser um período de curto prazo, já que a terra está fixa em
quantidade.

No longo prazo período de tempo, terra pode ser comprada ou alugada ou o


contrato de arrendamento pode-se esgotar e a quantidade de terra disponível
pode variar. O longo prazo é definido como o período de tempo no qual a
quantidade de todos os insumos produtivos pode variar. A duração do curto e
longo prazo pode variar, consideravelmente, dependendo da situação e da
circunstância. Dependendo de quais insumos são fixos, o curto prazo pode ser de
vários dias ou anos, no entanto, um ano ou um ciclo produtivo são, normalmente,
considerados na agricultura.

Tipos de Custos

Custos Explícitos ou Contábeis ou Diretos


Para um economista o conceito relevante de custo pode ser captado pelas
alternativas de mercado. Muitos insumos são comprados no mercado e usados
imediatamente na produção da empresa. Uma vez que esses insumos são
oferecidos para venda em um mercado aberto, o custo alternativo (custo de
oportunidade), para qualquer uso específico, é igual ao seu preço de mercado. Por
exemplo, suponha que uma empresa rural compre milho, soja, vitaminas, minerais,
outros insumos para alimentação de seu rebanho. Esses insumos comprados em
um mercado aberto, têm preços específicos. Esses preços, multiplicados pela
quantidade, podem então ser utilizados no cômputo do custo de produção daquela
atividade específica. Estes custos dos insumos que são diretamente determinados
pelo produto final são determinados custos explícitos.

Em outras palavras, os custos explícitos são aqueles que englobam os gastos


monetários, o que equivale a dizer que constam de todos os pagamentos
efetuados pelo uso dos recursos comprados ou alugados.

Custos Implícitos ou Indiretos ou Econômicos

Os custos implícitos constam dos custos dos fatores que a empresa já possui,
quase sempre não registrados pela contabilidade, por não constituírem despesas
pagas, em dinheiro, durante o processo produtivo (por exemplo, aluguel não
recebido sobre uma propriedade possuída e utilizado pela firma). Nesta
abordagem dos custos, os fatores pertencentes a empresa e utilizados no
processo produtivo tem custo associado , medido pelo seu preço em uso
alternativo, ou seja, preço relativo ao que o empresário está deixando de receber
ao alocar os recursos produtivos em sua empresa.

Vale salientar a necessidade de se verificar a existência de oportunidade


relacionada aos recursos, pois, sem sempre os recursos próprios devem ter custos
implícitos.

Custos Fixos

Os custos fixos são aqueles que permanecem inalteráveis durante um período de


tempo (curto prazo) e independentes do nível de produção. Estes custos ocorrem,
mesmo que o recurso não seja utilizado. No longo prazo, quando a quantidade
dos recursos utilizados pode variar, os custos fixos inexistem.

Outra característica dos custos fixos é que eles não estão sob o controle do
administrador no curto prazo. Eles existem e no mesmo nível, independente de
quanto do recurso é usado.

Outra maneira de conceituar os custos fixos e que facilita o seu entendimento é


apresentado por Reis e Guimarães, 1986, que os consideram como sendo
aqueles correspondentes aos recursos que:

a) tem duração superior ao curto prazo, portanto, sua recomendação (ou


renovação) só se verifica no longo prazo;
b) não se incorporam totalmente no produto no curto prazo fazendo-o em
tantos ciclos quanto permitir sua vida útil;;
c) não são (facilmente) alteráveis no curto prazo, e o seu conjunto determina
a capacidade de produção da atividade, ou seja, sua escala de produção.
O custo fixo total (CFT) é simplesmente a soma dos vários tipos de custos fixos e
inclui, usualmente, os componentes: depreciação, seguro, impostos e juros.

O custo fixo médio (CFMe), que expressa o custo fixo por unidade de produto (Y),
determinado pela equação.

CFT
CFMe = ------------------
Produto (Y)

Em que o produto é medido em unidades físicas. Uma vez que, por definição, o
custo fixo total é um valor fixo ou constante, independentemente do nível de
produção, o CFMe irá decrescer, continuamente, com o aumento de produção.

Custos Variáveis

Os custos variáveis são aqueles que o administrador controla no curto prazo. Eles
podem ser aumentados ou diminuídos pela ação do administrador e irão aumentar
com o aumento da produção. Itens como semente, ração, fertilizante, produtos
químicos, gastos com a sanidade do rebanho, com serviços de máquinas e com
mão-de-obra, em geral, são exemplos de custos variáveis. Se nenhum nível de
produto for produzido, o custo variável pode ser evitado.

De acordo com Reis e Guimarães, 1986, os custos variáveis são os custos com os
recursos que:

a) tem duração inferior ou igual, no curto prazo, sendo, portanto sua recomposição
feita a cada ciclo do processo produtivo;

b) incorporam-se totalmente ao produto no curto prazo, não sendo aproveitados


(ou claramente aproveitados) para outro ciclo;

c) são alteráveis no curto prazo e estas provocam variações na quantidade e na


qualidade do produto dentro do ciclo. Essa variações se verificam em certos níveis
permitidos pelo conjunto de recursos fixos e pela técnica de produção.

O custo variável total (CVT) pode ser encontrado pela soma de cada custo variável
individual, que é igual a quantidade do recurso comprada multiplicada pelo preço.

O custo variável médio (CVMe) é o custo variável total dividido pelo produto, e é
calculado pela equação:

CVT
CVMe = ---------------
Produto (Y)

O custo variável existe tanto no curto quanto no longo prazo. Todos os custos são
considerados variáveis no longo prazo, uma vez que não existem recursos fixos. A
distinção entre custos fixos e variáveis também depende do exato ponto no tempo,
no qual a próxima decisão será tomada. Gasto com fertilizante é, geralmente, um
custo variável. No entanto, uma vez que ele tenha sido comprado e aplicado, o
administrador não tem mais controle sobre esse gasto. Esse custo deve ser,
então, considerado como fixo para o restante do ciclo da produção desse produto
e futuras decisões devem considerar esse fato. O custo do trabalho e o gasto com
arrendamento de terra são exemplos similares. Após a contratação da mão-de-
obra e o contrato de arrendamento ter sido assinado, o administrador não pode
alterar o valor e seus custos devem ser considerados como fixos.

Custo Total

O custo total é a soma do custo fixo total e do custo variável (CT = CFT + CVT).
No curto prazo, ele irá aumentar somente com o aumento do CVT, uma vez que o
CFT é um valor constante.

O custo total médio (CTMe), para dado nível de produto, é igual ao CFMe + CVMe
e também pode ser calculado pela equação:

CT
CTMe = ---------------
Produto (Y)

O custo total médio será tipicamente decrescente, em baixos níveis de produção,


uma vez que CFMe decresce rapidamente e o CVMe também pode ser
decrescente. A elevados níveis de produção, o CFMe irá decrescer menos
rapidamente e o CVMe irá aumentar e será maior mais rapidamente do que a taxa
de decréscimo do CFMe. Essa combinação faz com que o CTMe aumente.

Custo Marginal

O custo marginal (Cma) é definido como a variação no custo total dividido pela
variação no produto. (tabela x)

Δ CT Δ CVT
Cma = -------------- ou Cma = --------------
Δ Produto Δ Produto
PFMe X Y CF CV CT CFMe CVMe CTMe CMa
0 1 29 100 0 100
56 2 112 100 80 180 0,89 0,71 1,61 0,96
81 3 243 100 155 255 0,41 0,64 1,05 0,57
104 4 416 100 225 325 0,24 0,54 0,78 0,40
125 5 625 100 290 390 0,16 0,46 0,62 0,31
144 6 864 100 350 450 0,12 0,41 0,52 0,25
161 7 1127 100 405 505 0,09 0,36 0,45 0,21
176 8 1408 100 455 555 0,07 0,32 0,39 0,18
189 9 1701 100 500 600 0,06 0,29 0,35 0,15
200 10 2000 100 540 640 0,05 0,27 0,32 0,13
209 11 2299 100 575 675 0,04 0,25 0,29 0,12
216 12 2592 100 605 705 0,04 0,23 0,27 0,10
221 13 2873 100 645 745 0,03 0,22 0,26 0,14
224 14 3136 100 695 795 0,03 0,22 0,25 0,19
225 15 3375 100 755 855 0,03 0,22 0,25 0,25
224 16 3584 100 825 925 0,03 0,23 0,26 0,33
221 17 3757 100 905 1005 0,03 0,24 0,27 0,46
216 18 3888 100 995 1095 0,03 0,26 0,28 0,69
209 19 3971 100 1095 1195 0,03 0,28 0,30 1,20
200 20 4000 100 1205 1305 0,03 0,30 0,33 3,79
189 21 3969 100 1325 1425 0,03 0,33 0,36 (3,87)
176 22 3872 100 1455 1555 0,03 0,38 0,40 (1,34)
161 23 3703 100 1595 1695 0,03 0,43 0,46 (0,83)
144 24 3456 100 1745 1845 0,03 0,50 0,53 (0,61)
125 25 3125 100 1905 2005 0,03 0,61 0,64 (0,48)
104 26 2704 100 2075 2175 0,04 0,77 0,80 (0,40)
81 27 2187 100 2255 2355 0,05 1,03 1,08 (0,35)
56 28 1568 100 2445 2545 0,06 1,56 1,62 (0,31)
29 29 841 100 2645 2745 0,12 3,15 3,26 (0,28)
0 30 0 100 2855 2955

Tabela X, Produto Físico Médio, Produto, Custo Variável, Custo Fixo, Custo Fixo
Médio, Custo Variável Médio, Custo Total Médio e Custo Marginal.

Curvas de Custo

As curvas de custo total convencionais de uma firma no curto prazo, são


mostrados no Gráfico X.

A curva de custo fixo total é paralela ao eixo das quantidades, uma vez que
independe do nível de produção. Situa-se acima do eixo das quantidades por sua
distância equivalente aos custos fixos. Por sua vez, o custo variável total, que
depende do nível de produção, cresce à medida que maior quantidade de produto
é produzida, isto é, maior quantidade de insumo variável está sendo utilizada.
Inicialmente, a curva de custo variável total cresce a uma taxa decrescente e
depois a uma taxa crescente.

A curva de custo total é paralela a curva de custo variável total e são separadas
por uma distância equivalente ao custo fixo total.
R$ 1400

1200

1000

800

600

400

200

0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19
Quantidade Produzida
CF CV CT

Gráfico X – Custo Fixo e Curvas de Custo Variável e Custo Total

As curvas de custo fixo médio, custo variável médio, custo total médio e custo
marginal são apresentadas no gráfico X.

A curva de custo fixo médio inclina-se para baixo e para a direita em toda a sua
extensão, não interceptando o eixo horizontal ou vertical. É uma hipérbole
retangular.

A curva de custo variável médio, geralmente tem a forma de “U”. Inicialmente,


apresenta uma inclinação decrescente e depois passa a ter uma inclinação
ascendente. Do mesmo modo, a curva de custo total médio apresenta a forma
de “U”. Tal forma depende da eficiência com que ambos os recursos, fixos e
variáveis, são utilizados.
1,80
R$

1,60

1,40

1,20

1,00

0,80

0,60

0,40

0,20

-
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19
Quantidade Produzida
Custo Fixo Médio Custo Variável Médio Custo Total Médio Custo Marginal

Gráfico X – Curvas de Custo Fixo Médio, Custo Variável Médio, Custo Total
Médio e Custo Marginal.

As formas das curvas de custo marginal e custo variável médio estão


estritamente relacionadas com a função de produção. A inter-relação das
curvas de custo marginal, custo variável médio e produto físico médio é
mostrada matemática e graficamente, a seguir:
PFMe PFMa

350

300

250

200
PFMe PFMa

150

100

50

0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19
X1

1,80

1,60

1,40

1,20

1,00
R$

0,80

0,60

0,40

0,20

-
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19
Quantidade Produzida

CFMe CVMe CTMe CMa


Gráfico X – Relação entre o PFMe e CVMe e PFMa e Cma.

Δ CVT PX1 Δ X1 PX1


CMA = -------------- = ---------------- = -------------- (porque ΔX1/ Δq = 1/1PFMa)
Δq Δq PFMa

CVT PX1 X1 PX1


CVMex1 = ----------------- = ------------- = --------------- (porque X1/q = 1/PFMe)
Y Y PFMe

É fácil perceber que, quando o PFMa está aumentando, O CMA está caindo;
quando o PFMg atinge o máximo, o CMA está no seu ponto mínimo. Da
mesma, o CVMe atinge um mínimo quando o PFMe alcança o seu máximo, e
passa a crescer quando o PFMe diminui. Assim, o CMa eo CVMe estão
intimamente ligados à lei dos rendiments decrescentes e, portanto, após certo
nível de produção eles passa a crescer. Em outras palavras, as curvas de CMa
e de CVMe são os recíprocos das curvas de PFMa e PFMe.

Ressalte-se que o custo total(CT) é a soma do custo fixo total (CFT) e do custo
variável médio (CVMe) e portanto o custo total médio (CTMe) é a soma do
custo fixo médio (CFMe) e do custo variável médio (CVMe).

Nível Ótimo de Produção

Como já foi demonstrado anteriormente de acordo com os princípios da teoria


da produção pode intuitivamente identificar e estabelecer o nível ótimo de uso
eficiente de um recurso ou o nível ótimo de produção. A rigor, não é preciso ser
economista para se saber que à medida que o valor da produção adicional for
maior do que o preço pago ou o custo para obtê-la, vale pena não só produzir
como também aumentar a produção. Por outro lado, não vale a pena produzir
(ou deve-se reduzir a produção) caso o valor do produto marginal (adicional ou
extra) for menor do que o custo (preço) para produzi-lo. Daí conclui-se que o
ponto ideal (ponto que maximiza o lucro) é aquele em que o valor do produto
extra (isto é, adicional) é exatamente igual ao custo (preço) do recurso utilizado
na sua produção.

O problema, portanto, é determinar o nível de produto em que os incrementos


nos custos e na receita são iguais. Para tanto, necessita-se do conceito de
receita marginal (RMa), a qual é definida como o valor adicionado a receita
total (RT = Pq . q) quando uma unidade adicional de produto é produzida e
vendida.

Para simplificar o raciocínio sobre a “otimização” do produto, adota-se


pressupor que as decisões do produtor individual não afetam o preço do
produto. Dessa forma, na visão do produtor, o preço real do produto (sem
considerar a inflação) pode ser admitido como constante e, portanto, se o
agricultor decide não produzir ou expande a produção ao máximo, o preço de
mercado pode ser plotado como uma linha horizontal (Figura x).

Matematicamente tem-se:

Δ RT Pq . Δ q
Rma = ----------- = ---------------- = Pq
Δq Δq

Há duas maneiras (ou regras) pelas quais o produtor pode decidir o nível ótimo
de produção. A primeira regra, (pelo lado do custo do fator utilizado) enuncia
que o nível ótimo de uso de um fator variável pode ser determinado pela
igualdade entre o produto físico marginal desse fator (PFMa) e a relação entre
o preço do fator (Px) e o preço do produto (Pq).

Algebricamente , tem-se:

PFma = Px/Py)

Se o preço real do produto (Pq) aumenta, a razão preço do fator/preço do


produto diminui. Isto implica um maior uso do fator, a fim de alcançar o ótimo
do mesmo, pressupondo-se constante Px. Enquanto o PFMa do fator for
positivo, a produção aumentará com o maior emprego do fator, dada as
condições normais de clima e sem a presença de pragas e doenças. Como foi
demonstrado anteriormente uma curva de oferta pode ser derivada através de
alterações nos preços do produto, computando-se o uso ótimo dos fatores e,
então, substituindo esses insumos na função de produção (oferta). O uso ótimo
de um fator não mudará, se os preços de ambos (do fator e do produto)
aumentarem ou diminuírem pelo mesmo percentual. Se o preço do produto
(cacau, por exemplo) aumentar em 10 por cento, a razão de preço
fator/produto não se altera, e, consequentemente, a solução para o uso ótimo
do fator não muda.

A segunda maneira para se decidir o nível ótimo de produção se dá pelo lado


do produto e é a seguinte: os lucros são maximizados no nível de produção em
que a receita marginal (RMa) se iguala ao custo marginal (Cma).
Algebricamente:

RMa = Cma ou

Pq = Cma (porque Rma = Pq

Assim, esta regra de otimização (Rma = CMa) força os ajustamentos na


produção por causa das desigualdades em custos e retornos, na margem Se a
Rma, para qualquer nível de produção, excede o Cma (ou seja: RMa > Cma),
esta desigualdade simplesmente diz ao produtor que um lucro adicional (uma
vez que o lucro é a diferença entre a receita e custos) pode ser obtido, se ele
aumentar sua produção. Por outro lado, se o Cma excede a RMa, o produtor
deve reduzir a produção, pois a este nível, a contribuição monetária de uma
unidade adicional de produto (ou seja, o preço de mercado desse produto) é
menor do que o seu custo.

Portanto, tem-se:

Rma > CMa: o produtor aumentará seu lucro, se produzir mais.

RMa < Cma: o produtor deve reduzir a sua produção.

RMa = Cma: é o nível de produção de maximiza o lucro.

Como já foi dito, o lucro total é o máximo quando a diferença entre a receita
total (RT) e o custo total (CT) for o maior possível.

Se o preço de mercado do bem X for R$ 2,00, no caso de uma determinada


empresa, a receita total para as determinadas produções serão aquelas
obtidas na tabela X, abaixo. A inclinação da reta, dada por ΔRT/ΔQ, é
constante e igual a 2, pois cada unidade a mais vendida rende R$ 2,00 para a
empresa.

Observa-se que de acordo com os dados da receita total e custo total da


empresa, o lucro é máximo quando obtemos R$ 6.747,00 e quando são
produzida 3.971 unidades. Até a produção de 29 unidades a empresa
apresenta um prejuízo de R$ 42,00, pois o custo total é maior do que a receita
total. Daí em diante a empresa começa a produzir lucros. E alcança um lucro
máximo com R$ 6.747,00 nas 3.971 unidades produzidas.

Se considerarmos a maximização do lucro pela ótica da recita marginal


verificamos que chegamos à mesma conclusão. A receita marginal (RMa) é o
acréscimo na receita total decorrente da venda de uma unidade adicional do
bem X. Num mercado em concorrência perfeita, a receita marginal é igual ao
preço do bem X (P= R$ 2,00), pois sendo este fixo, cada unidade vendida a
mais proporciona ao produtor um acréscimo de receita exatamente igual ao
preço.
A empresa tornará máximo seu lucro quando o acréscimo de receita total
originado pela produção de uma unidade adicional do bem X for exatamente
igual ao acréscimo no custo total decorrente dessa produção.

Por exemplo na 2.592 unidades produzidas do bem X provoca uma receita


marginal de R$ 2,00 e contra um custo marginal de R$ 0,10. A decisão de
produzi-la tem como conseqüência um lucro marginal (acréscimo ao lucro total)
de R$ 1,90. Com efeito, o lucro total de produzir 2.592 unidades é de R4
4.479,00. Como RMa > CMa a empresa ainda não atingiu o lucro total máximo.
(Gráfico)

Por outro lado, a produção de 4.000 unidades do bem X reduz o lucro total da
empresa em R$ 1,79, já que seu custo marginal de R$ 3,79 é maior que a
receita marginal de R$ 2,00. Este fato sugere que a empresa deva reduzir a
produção se quiser maximizar lucro. Portanto, a empresa terá seu lucro
máximo se produzir 3.971 unidades do bem X.

Preço de Produção Receita Receita Custo Lucro Custo Lucro


Mercado Y P*Q Marginal Marginal RMa - CMa Total Rec - Custo
2 29 58 100 -42
2 112 224 2 0,96 1,04 180 44
2 243 486 2 0,57 1,43 255 231
2 416 832 2 0,40 1,60 325 507
2 625 1250 2 0,31 1,69 390 860
2 864 1728 2 0,25 1,75 450 1.278
2 1127 2254 2 0,21 1,79 505 1.749
2 1408 2816 2 0,18 1,82 555 2.261
2 1701 3402 2 0,15 1,85 600 2.802
2 2000 4000 2 0,13 1,87 640 3.360
2 2299 4598 2 0,12 1,88 675 3.923
2 2592 5184 2 0,10 1,90 705 4.479
2 2873 5746 2 0,14 1,86 745 5.001
2 3136 6272 2 0,19 1,81 795 5.477
2 3375 6750 2 0,25 1,75 855 5.895
2 3584 7168 2 0,33 1,67 925 6.243
2 3757 7514 2 0,46 1,54 1.005 6.509
2 3888 7776 2 0,69 1,31 1.095 6.681
2 3971 7942 2 1,20 0,80 1.195 6.747
2 4000 8000 2 3,79 (1,79) 1.305 6.695
2 3969 7938 2 (3,87) 5,87 1.425 6.513
2 3872 7744 2 (1,34) 3,34 1.555 6.189
2 3703 7406 2 (0,83) 2,83 1.695 5.711
2 3456 6912 2 (0,61) 2,61 1.845 5.067
2 3125 6250 2 (0,48) 2,48 2.005 4.245
2 2704 5408 2 (0,40) 2,40 2.175 3.233
2 2187 4374 2 (0,35) 2,35 2.355 2.019
2 1568 3136 2 (0,31) 2,31 2.545 591
2 841 1682 2 (0,28) 2,28 2.745 -1.063
2 0 0 2 - 2.955 -2.955

Tabela X – Preço, Produção, Receita Total, Receita Marginal, Custo Marginal,


Custo Total e Lucro
4

3,5

2,5
RMa CMa

1,5

0,5

0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
Q

Receita Marginal Custo Marginal

Gráfico X – Comportamento da Receita Marginal e do Custo


Marginal.

A Curva de Oferta da Firma no Curto Prazo


Ao preço Pq, o nível ótimo de produção é a quantidade q*, que maximiza o
lucro, dado pela área retangular Pqabc. Ao produzir a quantidade q*, o produtor
recebe o preço unitário de venda (Pq), mas o custo unitário é dado pelo
segmento ‘Ao”, em reais. A diferença entre a receita unitária (Pq) e o custo
unitário é o lucro por unidade produzida (Pq – segmento “Oa”), que,
multiplicado pela quantidade q*, resulta no lucro total [(Pq – segmento Oa) q*].
(Gráfico x).

A curva de oferta de uma firma individual deriva-se das funções de custos, ou


mais precisamente, é a própria curva de custo marginal ma porção acima do
ponto de mínimo da curva de custo variável médio (CVMe) para o curto prazo;
ou acima da curva de custo total médio (CTMe), no longo prazo. Como foi
visto, ao preço Pq, o produtor maximiza o lucro produzindo a quantidade q*. O
que deveria fazer o agricultor, se o preço de mercado aumentasse para P1?
Aplicando a regra, ou seja, produzir onde o CMa = RMa ou Cma = Pq, ele
encontraria o novo nível ótimo de produção em q1. Para tanto, ele empregaria
uma maior quantidade do fator variável para produzir mais q, (aonde Cma = P),
porque esta quantidade (q1) seria mais lucrativa (o lucro unitário, dado plo
segmento “de” é maior do que o do segmento “bc”) do que apenas manter o
nível anterior de produção. Assim, um aumento de preço do produto resultaria
numa maior produção.

O que aconteceria se o preço caísse para P2? Neste caso, o agricultor deveria
diminuir a sua produção para q2, onde o Cma = P. O lucro econômico para
produzir q2 seria zero, uma vez que o preço recebido P2 apenas cobriria o
custo médio de produção. Ressalte-se que, nesta situação, mesmo no médio
prazo, o agricultor continuaria produzindo, pois os custos de oportunidade
sobre os recursos fixos também estaria cobertos (é bom lembrar que a curva
CTMe inclui tanto os custos variáveis médios como os custos fixos médios).

CMa

P1 e
c
11
P
Lucro Econômico CTme
g
a
d
P2 b
P3
CVme
h
P4
P5 i f
Cfme

q5 q4 q3 q2 q q1

Gráfico X – Custos, Receitas e Lucro de uma Firma (ou propriedade rural) no curto
prazo.

Ponto de Nivelamento ou Break Even Point

Uma questão sempre presente na administração de uma empresa diz respeito à


identificação das quantidades mínimas de produção e vendas que permitam
continuar seus negócios de maneira lucrativa. A análise de ponto de equilíbrio
(break even point) lança luz sobre essa questão.

Qualquer operação abaixo da quantidade mínima de equilíbrio seria inviável.


Observa-se o ponto de equilíbrio aplicando-se seguinte equação:

CF
Q = -------------
Pv – CVMe

Onde Q é a quantidade mínima produzida a partir da qual o ponto de


equilíbrio é obtido, CF são os custos fixos totais, P é o preço do bem e
CVme é o custo variável médio.
Suponhamos uma empresa que vá atuar num mercado competitivo, de
tal forma que ele terá de aceitar o preço deste mercado como um
dado. Seu objetivo imediato será o de produzir e vender uma
quantidade que, no mínimo, garanta que sua receita total seja igual ao
custo total (em que, portanto não aufira lucro, mas que também não
incorra em prejuízo) denominada de break-even point (ponto em que
as receitas e custos se igualam).

Por exemplo, o preço de mercado do produto fabricado pela empresa


é R$ 20,00. Multiplicado pela quantidade produzida:

RT = 20 Q

Os custos fixos totais da empresa equivalem a R$ 120,00. Logo

CF= 120

O custo variável médio da empresa é de R$ 16,00. Logo, o custo


variável total será multiplicado pela quantidade produzida.

CVT = 16 Q

A quantidade de equilíbrio (Q) pode ser determinada graficamente


como sendo a quantidade correspondente a intersecção das retas da
Receita Total (RT) e o custo total (CT).

Algebricamente, Q corresponde à quantidade que iguala RT e CT:

RT = CT

20 Q = 120 + 16 Q
20 Q – 16 Q = 120
4 Q = 120
Q = 30 unidades

De fato, se Q = 30

RT = 20 x 30 = 600
CFT = = 120
CVT = 16 x 30 = 480
LT (lucro) = RT – CT
= 600 – 600 = 0
A empresa, produzindo e vendendo 30 unidades, não tem lucro nem
prejuízo. Se produzir e vender uma quantidade maior que 30, auferirá
lucros e se menor que 30, prejuízos:

RT = 20 Q
RT,
CT
CT= 120 + 16 Q

Lucro
CVT= 16 Q

Prejuízo

Observe que, para que haja break even point, é necessário que a reta da receita
total seja mais inclinada em relação à origem dos eixos que a reta do custo total.
Isto implica que o preço de mercado (P) seja maior que o custo variável médio
(CVMe), ou seja, que a margem de contribuição unitária (MCu) seja positiva:

MCu = Preço de mercado (P) – Custo Variável Médio

Se nós colocarmos esse modelo teórico para calcularmos o Ponto de Nivelamento


com dados do nosso exemplo, podemos verificar que o Custo Fixo foi de R$
100,00 e que o preço de venda foi de R$ 2,00. O Custo variável médio no ponto
do nível ótimo foi R$ 0,28. Portanto, aplicando a fórmula temos:

CF 100 100
Q = ----------------- = ------------------------------ = ---------------- = 58
Pv – Cvme 2 – 0,28 1,72

Podemos verificar que apesar da empresa para obter a máxima eficiência


econômica produz 3.971 unidades, entretanto, basta produzir 58 unidades para
pagar seus custos totais.

Demonstrando de outra maneira, Q correspondente a quantidade que iguala RT e


CT:

RT = CT
2 Q = 100 + 0,28 Q
2Q – 0,28 Q = 100
1,72 Q = 100
Q = 58

De fato, se que = 58

RT = 2 x 58 = 116
CFT = = 100
CVT = 0,28 * 58 = 16
CT = = 116

A empresa, produzindo e vendendo 58 unidades, não temo lucro nem prejuízo. Se


produzir e vender uma quantidade maior que 58, auferirá lucros e se menor que
58, prejuízo.

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