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TEORIA DA FIRMA - MAXIMIZAÇÃO DO LUCRO NA PRODUÇÃO – CÁLCULO MARGINALISTA

A maximização do lucro interessa trabalhadores autônomos, investidores, empresários,


comérciantes, indústriais e muitas organizações que produzem bens e serviços.

No setor produtivo, a receita depende da produção e o custo é função do preço dos insumos.

A relação insumo – produto forma a função de produção.

Exemplo:
Insumo Produto

0 0
1 50
2 90
3 120
4 140
5 150

A curva declina e fica mais achatada à medida que aumenta o volume de insumo utilizado. Isso
porque o produto marginal é decrescente, como ocorre com a utilidade marginal do consumo.

De fato, na teoria marginalista a produção aumenta sempre que se emprega mais uma
unidade de insumo. Porém, os aumentos são cada vez menores, o que implica num
produto marginal decrescente.
O produtor pode combinar vários insumos para gerar produção (y).

y = AF(L,K,H,N)
L: trabalho (operários, empresários, quadros, técnicos, autônomos, engenheiros,
prestadores de serviço e outros empregados em geral);
K: capital fixo (infraestrutura, máquinas, equipamentos, fábricas, instalações, etc.);
H: capital humano (formação, qualificação, motivação, empreendedorismo, know-how
em geral);
N: recursos naturais (território, água, energia, minério, clima);
A: tecnologia (padrão tecnológico: manufatureiro, fabril, mecânico, eletrônico).

A relação insumo/produto, x, é conhecida como Economia de Escala ou Retornos de


Escala. Ela é constante quando é igual a um, de modo que uma duplicação de insumo, por
exemplo, corresponderia a uma duplicação de produto. Há economias de escala quando a
relação é inferior a 1 e deseconomias de escala quando, obviamente, a relação é superior
a um.

xy = AF(xL, xK, xH, xN)


Se x=1/L, então:

y/L = AF(1, K/L, H/L, N/L)

A relação y/L representa a produção por trabalhador, o que mede a produtividade.

Então, a equação mostra que a produtividade depende do volume do capital físico por
trabalhador, do capital humano por trabalhador, dos recursos naturais por trabalhador e
da tecnologia.
A firma precisa saber qual combinação desses fatores lhe traz maiores lucros.
Nisso, o “empresário racional”, a exemplo do “consumidor racional”, pensa na margem,
isto é, observa a variação da quantidade produzida decorrente do emprego de uma unidade
a mais de insumo. Então ele se interessa pelo Produto Marginal.
Também a exemplo da utilidade marginal, o produto marginal é decrescente. Vejamos
um exemplo em que o insumo é o trabalho, L.
Empregados Unidades produzidas Produto marginal do trabalho
L Q PMgL = ∆Q / ∆L
0 0 0
1 100 100
2 180 80
3 240 60
4 280 40
5 300 20

Com o preço, P, do produto = 10, calculamos o valor do produto marginal:

Empregados Unidades Produto marginal do Valor do PMgL


produzidas trabalho
L Q PMgL = ∆Q / ∆L VPMgL= PxPMgL

0 0 0 0
1 100 100 1000
2 180 80 800
3 240 60 600
4 280 40 400
5 300 20 200

Com um salário, w, de 500, calculamos o lucro marginal:

Empregados Unidades Produto marginal do Valor do PMgL Lucro marginal


produzidas trabalho
L Q PMgL = ∆Q / ∆L VPMgL= PxPMgL ∆π = VPMgL-W

0 0 0 0 0
1 100 100 1000 500
2 180 80 800 300
3 240 60 600 100
4 280 40 400 -100
5 300 20 200 -300

O produto marginal decresce à medida que aumenta o emprego do insumo, configurando uma
curva negativamente inclinada. Essa curva do produto marginal é a mesma curva da demanda
pelo insumo, pois relaciona o insumo com o seu preço.

A maximização do lucro ocorre quando o valor do produto marginal iguala o preço do insumo.
No nosso exemplo,

VPMgL = W
Da perspectiva contábil, o lucro, Π, é a diferença entre receita e custo.

Π = Receita Total - Custo Total


Porém, na economia a noção de custo é mais abrangente, pois o custo de algo na economia é
tudo aquilo de que se abre mão para obtê-lo. É tudo que se deixa ganhar ao se envolver em
determinado empreendimento econômico. Qualquer iniciativa implica na perda da
possibilidade de explorar outra oportunidade. Trata-se, justamente, de um custo de
oportunidade.

O custo total na concepção dos economistas é o custo monetário explícito, aquele que exige
desembolsos monetários, acrescido do custo de oportunidade. É comum conceber o custo de
oportunidade como o juro que o produtor de bens e serviços deixaria de ganhar se investisse
seu capital numa aplicação financeira.

Além do custo total, os economistas se interessam por outros tipos de custo, cujo conhecimento
importa para tomar decisões acerca do volume de produção, da determinação dos preços, etc.

• Custo fixo: aquele com o qual a empresa arca sempre, independentemente do nível de
produção.
• Custo variável: o gasto que acompanha a produção e que varia, portanto, com a variação
da quantidade produzida;
• Custo fixo médio: o custo fixo dividido pela quantidade produzida. É uma despesa que
cai à medida que aumenta a quantidade produzida, determinando Economias de Escala.
• Custo variável médio: o custo variável dividido pela quantidade produzida. É um
dispêndio que aumenta com a elevação da quantidade produzida, em razão do
fenômeno dos Rendimentos Decrescentes;
• Custo total médio: é, por definição, o custo total dividido pela quantidade produzida.
Tende a decrescer com a ampliação da produção até um certo nível a partir do qual
começa a crescer;
• Custo marginal: representa o aumento do custo total decorrente da produção de uma
unidade adicional.

Imaginemos uma empresa em que o custo variável, cv, é o salário por empregador, w = 10, e o
custo fixo, CF = 30. Calculemos os produtos e os custos.

Empregadores Produto (Q) Produto marginal Custo variável Custo total


0 0 0 0 30
1 50 50 10 40
2 90 40 20 50
3 120 30 30 60
4 140 20 40 70
5 150 10 50 80
Curva do Custo Total: reflete a relação custo-quantidade produzida. Ela se torna mais íngreme
à medida que aumenta a produção, devido ao produto marginal decrescente.
Exemplo: Custo fixo 200; Variável 100; P = 5,20

Insumo Produção Custo Total CT Custo Custo Variável Custo Marginal Receita
médio Variável Total Médio
(I) (Q) (CT= C. fixo + (CMg = Total
C. Var) (CT/Q) CVT = CV x I CVM = CVT/Q ∆CT/∆Q)
(P.Q)

0 0 200 200 0 000

1 20 300 15 100 5 100/20= 5 104

2 50 400 8 200 4 100/30= 3,3 260

3 90 500 5,5 300 3,3 100/40 = 2,5 468

4 120 600 5 400 3,3 100/30= 3,3 624

5 140 700 5 500 3,6 100/20= 5 728

6 150 800 5,33 600 100/10= 10 780

7 155 900 5,8 100/5= 20

8 152 1000 6,57 100/-3

Maximização do lucro (CMg = CTM) no nível de produção Q = 140.

Assim que a empresa começa a produzir mais do que isso, o custo total médio sobe, porque o
custo variável médio neste ponto aumenta expressivamente.

Podemos observar que o custo total médio permanece em queda enquanto se situa abaixo do
custo marginal. Quando o custo marginal o supera, ele começa a crescer. O ponto de eficiência,
isto é, da maximização do lucro, está precisamente onde os dois custos se igualam.

Em níveis baixos de produção, o custo total medio (CTM) é superior ao custo marginal (CMg) e
vice versa.

No ponto em que se encontram as curvas dos dois custos, a empresa estará minimizando seu
custo total.
CUSTOS DE LONGO E DE CURTO PRAZO

Os custos podem depender do horizonte do tempo considerado. No decorrer do tempo,


modifica-se a divisão do custo total em custo fixo e custo variável. Em geral, uma empresa não
pode atender o incremento de uma demanda através da ampliação imediata da suas
instalações. Por isso ela irá recorrer ao emprego da mão de obra e, consequentemente, elevar
o custo variável. No longo prazo, ela terá mais condições de investir e gerar um aumento no
custo fixo. Muitos custos que são fixos no presente se tornam variáveis no longo prazo.

As curvas de custo de longo prazo são diferentes daquelas de curto prazo. A curva total média
de longo prazo é bem mais achatada na sua forma de U.

Se, por exemplo, uma montadora de automóveis que não possui capacidade ociosa precisar
aumentar a sua produção no curto prazo, ela terá que recorrer primeiro à mão de obra. O
aumento da produção, em razão do custo marginal crescente (ou do produto marginal
decrescente), irá elevar o custo total médio.

No longo prazo, todavia, a montadora em questão pode expandir tanto o número de


funcionários quanto o tamanho da fábrica e, assim, manter o custo médio total no seu nível
inicial ou até baixá-lo.

Quando o custo total médio de longo prazo declina enquanto a produção aumenta, estaríamos
numa situação em que existe economia de escala. Se nas mesmas condições de expansão da
produção o custo total médio aumenta, a empresa estaria operando com deseconomias de
escala.
Maximização pela análise do produto

Exercício
Quantidade de Produção Produção Média PMg
insumos
(x) (x/a) ∆x/∆a
(a)

0 0 0 0

1 8 8 8

2 24 12 16

3 34 11,3 10

4 40 10 6

5 44 8,8 4

6 46 7,6 2

7 47 6,7 1

8 47 5,8

Maximização ocorre quando o produto marginal iguala o preço: PMg = P

Com preço de 2,00 no exemplo, a produção deve ser 44 para que haja maximização do lucro.

No final, o lucro é otimizado quando PMg = P = CMg


Cálculo do lucro máximo pelas derivadas
Imaginamos uma função de produção X = f(a,b)

X é a produção, a e b são fatores de produção (insumos)

O lucro é a receita menos o custo: π = R - C

R = Px . X
C = Pa.a + Pb.b + k
K é o custo em capital (custo fixo).

Π = Px . X - Pa.a - Pb.b - k
Π = Px . f(a,b) - Pa.a - Pb.b - k
A condição de primeira ordem para a maximização do lucro é que as derivadas parciais
da função do lucro em relação aos fatores a e b se anulam, logo:
d’Π / da = Px . fa’(a,b) – Pa = 0
d’Π / db = Px . fb’(a,b) – Pb = 0
fa’(a,b) e fb’(a,b) são derivadas parciais de X (produção)
em relação aos fatores de produção a e b
Px . fa’(a,b) : é a produtividade marginal do fator a
Px . fb’(a,b) : é a produtividade marginal do fator b

Px . fa’(a,b) = Pa
Px . fb’(a,b) = Pb
O que significa que, numa primeira condição, o lucro máximo é atingido
quando cada fator de produção seja empregado até que sua
produtividade marginal se iguale ao seu preço.

A segunda condição de maximização exige que as derivadas segundas


sejam negativas

d’’Π / da = Px . fa’(a,b) – Pa < 0

d’’Π / db = Px . fb’(a,b) – Pb < 0

Aplicação
Imaginemos uma função de produção de uma firma:

x= - a2 – 2b2 +12a + 11b + 1

suponhamos:
Px = 12
Pa = 7
Pb = 5
Custo fixo, k = 8
Aplicando,

R = Px . X = 12X
C = Pa.a + Pb.b + k = 7a + 5b + 8
Π = Px . X - Pa.a - Pb.b – k = 12X - 7a - 5b - 8
Substituindo X por seu valor indicado na função de produção,

Π = 12 (- a2 – 2b2 +12a + 11b + 1) - 7a - 5b - 8


Π = - 12 a2 – 24b2 + 144a + 132b + 12 - 7a - 5b - 8
Π = - 12 a2 – 24b2 + 137a + 127b + 4

Primeira condição de maximização:

d’Π / da = Px . fa’(a,b) – Pa = 0 → -24a + 137 = 0

d’Π / db = Px . fb’(a,b) – Pb = 0 → -48b + 127 = 0


a = 137/24 = 5,7
b = 127/48 = 2,6

A segunda condição:

d’’Π / da = Px . fa’(a,b) – Pa < 0 → -24

d’’Π / db = Px . fb’(a,b) – Pb < 0 → - 2,6

Substituindo a e b por seu valor na função de produção:

x= - a2 – 2b2 +12a + 11b + 1

x= - 32,5 – 2(6,76) +12(5,7) + 11(2,6) + 1

x= 52
para maximizar seu lucro, a empresa deve produzir 52 unidades de x

ai, R = 12X = 624


C = 7a + 5b + 8 = 68

π = R – C = 624 – 61 = 563
MONOPÓLIO
No mercado monopolista, o preço é fixado pelo vendedor/produtor. Há dois tipos de
monopólio: monopólio de mercado e monopólio natural.
O monopólio de mercado é aquele em que a empresa possui condições de ter
exclusividade de oferta de um determinado produto, graças a algum segredo industrial,
uma patente ou acesso particular a algum recurso. Há situação de monopólio quando o
bem ou serviço ofertado seja bastante diferenciado, de modo a não ter similares no
mercado.
Em situação de monopólio, o vendedor pode cobrar um preço alto mesmo que o seu
custo marginal esteja baixo, ainda mais quando o bem ofertado é essencial, como água,
luz, medicamento, etc.
A natureza monopolista de mercado se verifica também em pequenos lugares, como
aldeias e vilarejos, onde não há clientela suficiente para mais de um vendedor. O
primeiro a chegar pode se estabelecer como único na praça.
O monopólio natural, por sua vez, é observado em determinados negócios em que uma
única firma pode oferecer o bem ou serviço a um custo menor do que o fariam duas ou
mais empresas. Isso porque nesses negócios o custo fixo é alto, principalmente quando
há necessidade de construir redes de distribuição e ganhar escala. De fato, o custo fixo
elevado exige um número grande de consumidores/usuários para ser rateado e diluído.
Logo, com uma só empresa ofertante o custo médio será menor. Como o custo marginal
(o custo de atender um usuário a mais) é desprezível, o custo médio cai à medida que
aumenta o número de clientes.
Os potenciais concorrentes (outsiders) não poderão alcançar os mesmos custos baixos
obtidos pela empresa monopolista (insider), porque se um novo ator entrar no mercado,
só terá uma parcela da clientela, o que seria insuficiente para cobrir o custo fixo. Nesse
sentido, o tamanho do mercado é importante para determinar situações de monopólio
natural. Em mercados pequenos, de pequena população, fica mais difícil a um
concorrente potencial entrar num negócio monopolizado, porque teria que dividir o
número de consumidores e atuar numa escala pequena que inviabiliza o seu
investimento.
Maximização do lucro no monopólio
Vimos que no mercado concorrencial, para uma empresa, o preço é dado, fixo. A curva
de demanda é horizontal.

Gráfico - curva de demanda na concorrência


P

No monopólio, a firma influencia o nível de preço pela quantidade ofertada. A variação


da quantidade gera variação de preço.

Gráfico - curva de demanda no monopólio


P

O monopolista, contrariamente à lei econômica de oferta e demanda, quando estiver


vendendo pouco, aumenta o preço e vice versa.
Vejamos um exemplo:

Q P RECEITA (RT) RECEITA MARGINAL


Q.P ∆RT/∆Q

0 11 0 0
1 10 10 10
2 09 18 8
3 08 24 6
4 07 28 4
5 06 30 2
6 05 30 0
7 04 28 -2
8 03 24 -4

Contrariamente ao mercado concorrencial em que a receita marginal é sempre igual ao


preço, no monopólio, ela é inferior ao preço. No exemplo acima, quando a quantidade
produzida passa de 1 para 2, o preço passa de 10 para 9 e a receita marginal passa de 8
para 6. RMg < P
Isso porque, para vender mais, o monopolista reduz o preço e, consequentemente,
contrai a receita adicional que resulta da venda de uma unidade a mais, isto é, a receita
marginal será menor.
No exemplo, para vender 4 e não 3, o preço cai de 8 para 7. Com essa queda, o
monopólio irá embolsar um valor menor não somente pela última unidade vendida (a
quarta unidade, no caso), mas para todas, incluindo as três primeiras.
Quando o monopólio vende mais, a sua receita aumenta, tendo um efeito-quantidade
positivo. Contudo, para vender mais, ele recebe um preço menor para todas as unidades
vendidas, tendo um efeito-preço negativo.
A curva de demanda é decrescente: ∆Q →∆P
A curva da receita marginal é, também, decrescente e fica abaixo da curva de demanda,
porque o que se recebe a mais ao vender uma unidade adicional é menor do que o
preço, visto que a queda do preço atinge a todas as unidades vendidas.
Graficamente:

São duas curvas que começam no mesmo ponto, pois aí se trata da primeira unidade
vendida, onde o preço iguala necessariamente a receita marginal.
Mas a partir daí o preço supera a receita marginal: P>RMg
→ A curva da RMg fica abaixo da curva da demanda.
RMg pode se tornar negativa quando o efeito-preço (negativo) supera o efeito-
quantidade (positivo). Isso começa a ocorrer quando a queda de preço não é
compensada pelo aumento nas vendas. Aí, a receita total cai mesmo que a empresa
esteja vendendo mais.
Nessa perspectiva, a maximização do lucro passa pela definição da quantidade ótima de
produção, Q.

A quantidade ótima de produção, Q.

No mercado competitivo, a maximização do lucro ocorre no nível de produção que


iguala o preço ao custo marginal e à receita marginal: P = RMg = CMg
No monopólio, visto que o P > RMg, a maximização ocorre quando RMg = CMg, no ponto
em que se cruzam as duas curvas correspondentes.

No gráfico abaixo, o monopolista oferece a quantidade Qm que corresponde a esse


ponto.
Uma vez que decide a quantidade, ele fixa o preço no ponto B.

Antes do ponto Qm, o custo marginal é superior à receita marginal: CMg < RMg. Aqui a
empresa pode ganhar na quantidade mesmo que reduza P.

Depois do ponto Qm, CMg > RMg. Aqui o efeito negativo da queda de P é superior ao
efeito positivo do aumento de Q. Assim, a empresa deve reduzir a quantidade vendida,
elevando P.

Preços e quantidades produzidas impactam, necessariamente, o lucro π.

π = RT – CT = (RT/Q – CT/Q).Q

RT/Q = receita média = P


CT/Q = custo total médio, CTM

Π = (P – CTM).Q
Há um lucro extraordinário, que é o lucro monopolista, superior ao lucro do mercado
competitivo.
Por fim, vale observar que mesmo sendo monopólio há sempre possibilidade de novos
entrantes potenciais, configurando uma situação de concorrência monopolista. Para
evitar a entrada de concorrentes em seu negócio, o monopolista busca produzir abaixo
da escala de eficiência, mantendo capacidade ociosa.

Exercício 1
Uma editora de livros possui a seguinte planilha de preço – quantidade:

P Q (mil)
24 10
22 20
20 30
18 40
16 50
14 60
12 68

Suponhamos que não há custo fixo e o custo variável é de 7.


Calcular a quantidade de livros que permite maximizar o lucro.
P Q (mil) RT RMg = ∆RT/∆Q

24 10 240 -
22 20 440 20
20 30 600 16
18 40 720 12
16 50 800 8
14 60 840 4
12 68 816

50 mil é a quantidade de livros que maximiza o lucro.


Maximização do lucro no oligopólio
É um outro tipo de mercado, caracterizado por poucos vendedores/produtores de bens
ou serviços similares e não diferenciados. Vale frisar que não há forma segura de
determinar quando o produto é diferenciado ou similar. Existem graus de diferenciação
e de similitude.
Os grandes exemplos de mercado oligopolista no mundo são as agências de notícia, a
indústria da informática, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo, a indústria
farmacêutica. Em muitos países, setores econômicos, como as finanças, o transporte
aéreo, as telecomunicações, são dominados por oligopólios.
Os oligopólios podem cooperar entre si para regular a produção, fixar preços e
beneficiar-se assim de lucros monopolistas. Quanto menor for o número de empresas
num mercado oligopolista (duopólio, triopólio), mais fácil será o entendimento para
formar carteis, que são considerados ilícitos e são proibidos por leis antitruste. Nota: lei
Sherman 1891
Porém, em geral os oligopólios buscam seus interesses particulares, gerando conflitos
que abalam os entendimentos e acirram a concorrência em torno de fatias de mercado
(market share).
Vejamos num exemplo como se traduz a concorrência oligopolista:
Imaginemos um duopólio (A e B) num mercado cuja procura é de 60 unidades de um
determinado bem.
Se as duas empresas entram em acordo para dividir o mercado e usufruir um lucro
monopolista, o preço do bem será, digamos, 6. Assim, cada uma irá vender 30 e faturar
180, somando um faturamento total de 360.
Com acordo (cartel) – preço = 6

Oferta Faturamento
Empresa A 30 180
Empresa B 30 180
Total 60 360

Se não houver acordo, a empresa A tenta levar uma fatia maior de mercado e decide
aumentar sua oferta para 40.
Então a oferta total passa de 60 para 70 e com isso o preço cai, digamos para 5.
Assim, a empresa A irá faturar 40 x 5 = 200, com ganho de 20 em relação à situação do
acordo.
A empresa B irá faturar 30 x 5 = 150, com perda de 30 em relação à situação do acordo.
Faturamento total será 350, com perda de 10 em relação à situação do acordo.
Sem acordo em tempo 1. P = 5

Oferta Faturamento Variação


Empresa A 40 200 + 20
Empresa B 30 150 -30
Total 70 350 -10

Imaginemos que, num segundo momento, a empresa B também resolve aumentar sua
oferta em 10.
Assim, a oferta total sobe para 80, reduzindo o preço para 4.
Então teremos um faturamento de 160 em cada empresa, totalizando 320. Aí temos
uma nova perda de 30.
Sem acordo em tempo 2. P = 4

Oferta Faturamento Variação


Empresa A 40 160 - 40
Empresa B 40 160 + 10
Total 80 320 - 30

E se essa mesma empresa B persistir em buscar ganhar mais espaço no mercado e


vender mais, ofertando 50?
Então a oferta total chegaria a 90 e o preço cairia para 3. Teríamos um faturamento de
150 da empresa B e 120 da empresa A, perfazendo um total de 270.
Sem acordo em tempo 3. P = 3

Oferta Faturamento Variação


Empresa A 40 120 - 40
Empresa B 50 150 - 10
Total 90 270 - 50

Aqui, a empresa B, com 50 unidades vendidas fatura 150, valor inferior ao que fatura
com 40 unidades (160).
Isso ocorre porque o efeito negativo da queda de preço sobre a receita ficou maior do
que o efeito positivo do aumento da quantidade.
Nesse nível de oferta, a empresa B entenderá que é melhor manter a produção em 40
unidades.
Esse é o ponto estratégico em que a empresa escolhe a quantidade ofertada (Q), dada
a estratégia (Q) dos concorrentes. O ponto é conhecido como EQUILÍBRIO DE NASH.
A quantidade ótima de produção no oligopólio
Quando o preço é superior ao custo marginal, aumentar a quantidade produzida e
vendida eleva o lucro da empresa.
Todavia, o aumento da quantidade reduz o preço e contrai o lucro.
Há, portanto, dois efeitos marginais concomitantes: efeito-preço (A) e efeito quantidade
(B).
Quando A > B, o oligopólio precisa aumentar a produção para maximizar o lucro.
Quando A < B, o oligopólio deve reduzir a produção para minimizar perdas.
A sua produção no ponto máximo de lucro se observa quando os efeitos marginais de
quantidade e de preço se anulam, considerando a quantidade ofertada pelos
concorrentes.
De fato, ao decidir que ações empreender, o oligopólio leva em conta como os
concorrentes reagem no mercado. O seu lucro não depende somente do seu empenho,
mas depende também de decisões alheias. Assim, as decisões das empresas embarcam
num jogo de estratégias e são analisadas dentro da Teoria dos Jogos, um ramo
expressivo na Teoria Econômica.
Um dos conceitos da Teoria dos Jogos, o chamado Dilema do Prisioneiro, é bastante
utilizado para ilustrar as estratégias de concorrência oligopolista.

Dilema do Prisioneiro
Parte-se do exemplo de dois comparsas capturados pela polícia. Eles portavam armas
ilegalmente e eram suspeitos de assalto a banco.
A punição pelo porte ilegal de arma é de 1 ano de prisão.
A punição pelo assalto a banco é de 20 anos de cadeia.
O delegado da polícia oferece a seguinte proposta aos suspeitos em separado:
Se um confessar e o outro não, quem confessa ficaria livre e quem não confessa pegaria
20 anos de prisão. Se ambos confessarem, pegariam 8 anos cada.
Há, portanto, duas opções: confessar ou não confessar.
A sentença para cada um depende da estratégia escolhida por ele e, também, daquela
escolhida pelo outro, como ocorre entre as empresas no mercado oligopolista.
Cada um raciocina da seguinte forma:

• Se o outro ficar em silêncio, é melhor eu confessar e ficar livre;


• Se o outro confessar, melhor eu também confessar.
Em todos os casos, é melhor confessar. Confessar é a Estratégia Dominante.
Isso ilustra como é difícil manter entendimento para fixar preços elevados no oligopólio.

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