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APOSTILA DE MICROECONOMIA
2. ESTRUTURA DE MERCADO
Produção
“Processo pelo qual um firma transforma os fatores de produção adquiridos em produtos ou serviços para a
venda no mercado”.1
Método (ou processo) de Produção: Caracteriza-se como diferentes combinações dos fatores de produção
a um dado nível de tecnologia;
Eficiência: um método é tecnicamente eficiente (eficiência técnica ou tecnológica) quando, comparando
com outros métodos, utiliza menor quantidade de insumos para produzir uma quantidade equivalente do
produto. A eficiência econômica está associada ao método de produção mais barato (isto é, os custos de
produção são menores) relativamente a outros métodos.
Função Produção
“É a relação que mostra a quantidade física obtida do produto a partir da quantidade física utilizada dos
fatores de produção(insumos) num determinado período de tempo.” Para efeitos didáticos, costuma-se
considerá-la como uma função de apenas duas variáveis:
onde:
q = quantidade;
q = f (N,K)
N = quantidade utilizada de mão-de-obra;
K = quantidade utilizada de capital.
1
VASCONCELLOS, M. Fundamentos de economia. São Paulo: Saraiva, 2000.
q (quantidade do produto)
a) Produto médio da mão-de-obra: PmeN
N (numero de trabalhadores)
q (quantidade do produto)
b) Produto médio do capital: PmeK
K (numero de maquinas)
Produto Marginal: é o volume de produção adicional ocasionado pelo acréscimo de uma unidade de
insumo mão-de-obra. Da mesma forma que o produto médio, o produto marginal aumenta inicialmente e
posteriormente apresenta queda.
Produto Marginal q (variação do produto)
PmgN
da mão-de-obra: N (acréscimo de 1 unidade de mão-de-obra)
Volume de
Produção c/ um fator de produção variável
Produção
A figura mostra que o volume de p/ Mês
120 D
produção aumenta até atingir um valor
máximo igual a 112 (D); após este ponto 100
apresenta diminuição. Esta parte do C Produto Total
produto total encontra-se tracejada, 80
2
Ibidem.
de produção só podem ser operadas a partir de um nível mínimo de produção (as chamadas indivisibilidades
na produção);
Ex.: aumentando-se a utilização dos fatores em 10%, o produto cresce 20% - eqüivale a dizer que a
produtividade dos fatores aumentou;
Obs.: indivisibilidade: numa siderúrgica, não existe “meio forno”; quando se adquire mais um forno,
deve ocorrer um grande aumento na produção.
Rendimentos decrescentes de escala (ou deseconomias de escala): Se todos os fatores de produção
crescem numa mesma proporção, a produção cresce numa proporção menor. A expansão da empresa pode
provocar descentralização e acarretar problemas de comunicação entre direção e as linhas de produção.
Produção com dois insumos variáveis
Isoquanta
É uma curva que representa todas as possíveis combinações de insumos que resultam no mesmo volume de
produção.
5 E
As isoquantas de produção mostram
Capital
as várias combinações de insumos por Ano
necessárias para que a empresa 4
K
Equação: TMST
N
Elasticidade do Produto (q)
Mede a sensibilidade do produto à alterações na quantidade usada do fator de produção
q N q N q K q K
a) GN = . ou . b) GK = . ou .
q N N q q K K q
Custo Médio
É o custo por unidade do produto. Existem três tipos de custo médio:
CF r. K
Custo fixo médio: CFMe
q q
CV w. N
Custo variável médio: CVMe
q q
CT
Custo total médio: CTMe
q
Exemplo 1:
Custos ($) de uma empresa no curto prazo
Custo Custo Custo
Nível Custo Custo Custo Custo
Fixo Variável Total
de Fixo Variável Total Marginal
Médio Médio Médio
Produção (CF) (CV) (CT) (CMg)
(CFMe) (CVMe) (CTMe)
0 50 0 50 - - - -
1 50 50 100 50 50,0 50,0 100,0
2 50 78 128 28 25,0 39,0 64,0
3 50 98 148 20 16,7 32,7 49,3
4 50 112 162 14 12,5 28,0 40,5
5 50 130 180 18 10,0 26,0 36,0
6 50 150 200 20 8,3 25,0 33,3
7 50 175 225 25 7,1 25,0 32,1
8 50 204 254 29 6,3 25,5 31,8
9 50 242 292 38 5,6 26,9 32,4
10 50 300 350 58 5,0 30,0 35,0
11 50 385 435 85 4,5 35,0 39,5
Exemplo 2:
Calcular o Custo Marginal (CMg) de 2 unidades sabendo que:
Custo Total (CT) é 4Q2 + 5q + 20
dCT
Para calcular no ponto específico “2”, usamos a derivada CMg 8q 5 16 5 21
dq
Curvas de custo da empresa
(a)
CT
400 Custo
CV
($ por ano)
300
200
100
CF
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Produção (unidades por ano)
Custo (b)
($ por ano)
100
CMg
75
50
CTMe
CVMe
25
CFMe
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Produção (unidades por ano)
No diagrama (a) o custo total (CT) corresponde à soma vertical do custo fixo (CF) e dos custos variáveis (CV).
No diagrama (b) o custo total médio (CTMe) corresponde à soma do custo variável médio (CVMe) mais o
custo fixo médio (CFMe). A curva de custo marginal (CMg) intercepta as curvas de custo variável e custo total
médio em seus respectivos pontos mínimos.
Linha de Isocusto
É a linha que inclui todas as possíveis combinações de mão-de-obra e capital que possam ser adquiridas por
um determinado custo total. Ela é definida a partir da curva de custo total CT r . K w. N ; rescrevendo a
equação de isocusto na forma de uma equação para linha reta, teremos:
CT w
CT . N
r r
w
Sendo assim, a linha de isocusto tem uma inclinação (declividade) igual a:
r
as combinações de insumos de
produção que custam as mesma K2
Caminho de Expansão
Capital
por Ano
Caminho
de Expansão
Apresenta as combinações entre mão-de-
obra e capital pelas quais a empresa poderá
C optar para minimizar seus custos em cada
B um dos níveis de produção a longo prazo,
A quando todos os insumos da produção
podem ser variados – é a combinação de
todos os pontos de equilíbrio do produtor.
Mão-de-Obra
por Ano
Curvas de Custos a Longo Prazo
Custos a longo prazo
com rendimentos Custo
($ p/ unidade
crescentes e de produto)
decrescentes de
escala: A curva de
custo médio a longo
prazo CMeLP
CMgCP3 CMeCP3
corresponde ao A CMeCP1
envolvente das curvas $10 CMeCP2
de custo médio a curto
CMgCP1
prazo (CmeCP1,
CmeCP2 e CmeLP3). CMgCP2
CMeLP
Havendo rendimentos B
crescentes e $8
decrescentes de
escala, os pontos CMgLP
Concorrência Perfeita
Hipóteses:
1. Grande número de firmas (mercado atomizado);
2. Sem poder de fixação de preço pela firma;
3. Produto homogêneo;
4. Sem barreiras à entrada de novas firmas;
5. Mercado transparente (informação perfeita);
6. Racionalidade da firma: maximização de lucros a custos mínimos.
7 7
6 6
5 5
4 d 4
3 3
2 2 D
1 1
0 0
0 100 200 300 0 100 200 Produção 300
Produção
(a) (b)
RT p. q
Receita Média: RMe P
q q
Exercício:
Seja uma firma em concorrência perfeita que possui a seguinte função de Custo Total:
CT = 3Q2 + 2Q + 1. Seja o Preço médio = $20,00. Calcular:
a) Qual a quantidade produzida?;
b) Qual o lucro total?
Resp.: a) q = 3; b) LT = 26
Monopólio
Hipóteses
Uma única firma;
Não há produtos substitutos próximos;
A demanda do mercado é igual a demanda da firma monopolista – a firma fixa o preço de acordo com a
quantidade que deseja produzir;
Há barreiras à entrada de novas firmas:
Matérias-primas;
Patente;
Estatal;
Escala – monopólio puro ou natural
Maximização do Lucro: RMg = CMg
Quantidade
Curva de Oferta
(b)
Preço
Ponto
Mínimo
CFMe
Q1 Q2 Quantidade
Lucro perdido
Lucro perdido em em decorrência da
decorrência da quantidade produzida
quantidade produzida ser excessiva (Q2), e
ser muito baixa (Q1), e vendida a preço
vendida a preço demasiadamente
demasiadamente baixo (P2)
elevado (P1)
Principais Características das Estruturas Básicas de Mercado
Concorrência Concorrência
Característica Monopólio Oligopólio
Perfeita Monopolista
1. Quanto ao
Só há uma
número de Muito grande. Pequeno. Grande.
empresa
empresas
Pode ser
Diferenciado
Homogêneo. Não Não há homogêneo
2. Quanto ao embora tenha
há quaisquer substitutos (alumínio) ou
produto substitutos
diferenças próximos. diferenciado
próximos.
(automóveis).
As empresas têm
grande poder
para manter Embora
preços dificultado pela
relativamente interdependência Pouca margem
3. Quanto ao
Não há elevados, enter as de manobra,
controle das
possibilidades de sobretudo empresas, estas devido à
empresas
manobras pelas quando não há tendem a formar existência de
sobre os
empresas. intervenções cartéis substitutos
preços
restritivas do controlando próximos.
governo (leis preços e quotas
antitrustes). de produção.
LucroMax
CMg=RMg
A empresa É intensa,
geralmente exercendo-se
É intensa,
recorre a através de
4. Quanto à sobretudo
Não é possível campanhas diferenças físicas,
concorrência quando há
nem seria eficaz. institucionais, embalagens e
extrapreço diferenciação do
para prestação de
produto.
salvaguardar sua serviços
imagem. complementares.
5. Quanto às
Barreiras ao Barreiras ao
condições de
Não há barreiras acesso de novas acesso de novas Não há barreiras.
ingresso na
empresas. empresas.
indústria.
Cartel
No oligopólio, tanto as quantidades ofertadas quanto os preços são fixados entre as empresas por meio de
conluios ou cartéis. O cartel é uma organização (formal ou informal) de produtores dentro de um setor que
determina a política de preços para todas as empresas que a ele pertencem.
O setor produtivo brasileiro é altamente oligopolizado, sendo possível encontrar inúmeros exemplos:
montadoras de veículos, setor de cosméticos, indústria de papel, indústria de bebidas, indústria química,
indústria farmacêutica, etc.
Principais barreiras à entrada de uma empresa no mercado
Monopólio puro ou natural: ocorre quando o mercado, por suas próprias características, exige a instalação
de grandes plantas industriais, que operam normalmente com economias de escala e custos unitários baixos,
possibilitando à empresa cobrar preços baixos por seu produto, o que acaba praticamente inviabilizando a
entrada de novos concorrentes.
Elevado volume de capital: A empresa monopolista necessita de um elevado volume e capital e uma alta
capacitação tecnológica;
Patentes: Enquanto a patente não cai em domínio público, a empresa é a única que detém a tecnologia
apropriada para produzir aquele determinado bem;
Controle de matérias-primas básicas: por exemplo, o controle das minas de bauxita pelas empresas
produtoras de alumínio.
REFERÊNCIAS
VASCONCELLOS, M. (2000). Fundamentos de economia. São Paulo: Saraiva.