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A firma: produção,

custo e lucro
Mauro Sayar Ferreira
Produção
Para a produção de bens e serviços ocorrer é necessária a
utilização de insumos (ou fatores de produção).

Exemplo 1. Pão precisa de farinha de trigo, água, sal,


acúcar, fermeto, um espaço físico (terra), energia para
aquecimento, mão de obra…

Exemplo 2. Soja necessita de terra, fertilizantes, semente,


mão de obra, maquinário,…

Exemplo 3: Para entregar pizza domicílio é necessário


moto, mão de obra, combustível, ...
Função de produção
Função de produção é uma fórmula (“receita”) que
mostra como os insumos devem ser combinados
para se produzir uma determinada quantidade de
um bem ou serviço.

Exemplo: Quant.soja = F(horas trabalhadas, quant.


terra utilizada, quant. fertilizantes, quant.adubo,
horas de maquinário,…)

Para fins analíticos, iremos simplificar e condensar os


insumos em grupos.

Exemplo: Y = F(trabalho,capital) = F(L,K)


Y = 10L + 2KY
Y = K1/3L2/3
Função de produção
• Curto Prazo X Longo Prazo
– Longo prazo: todos os inusmo podem variar, ou seja, é possível
alterar completamente a planta de produção e todos os insumos

– Curto prazo: pelo menos um dos insumos permanece fixo, não


podendo ser alterado.

Exemplo
Entregador de pizza pode aumentar serviço no curto prazo ampliando
horas trabalhadas e combustível, mas a moto é um bem de capital
que permanece fixo.

No longo prazo, o mesmo entregador pode ajustar produção alterando


horas trabalhadas, combustível e uma motocicleta diferente.

– A noção de curto e longo prazo varia de produto para produto.


Função de produção
Produto médio do trabalho = Y/L

Produto marginal = variação na quantidade produzida em


função do aumento na produção de um insumo,
mantendo os demais fixos.

Y
Prod. Marg. Trabalho = PMgL = ΔY/ ΔL, ou PMgL 
L

Y
Prod. Marg. Capital = PMgK = ΔY/ ΔK, ou PMgK 
K
Função de produção

310 45
Produçao (unidades) Produto médio e marginal
290 40 do trabalho
270
35
250

produto médio e marginal


Prod.Marginal
30
produção (unidades)

230 Trabalho

210 25

190 20 Produto médio


170 por trabalhador
15
150
10
130

110 5

90 0
9 11 13 15 17 19 21 23 10 12 14 16 18 20 22
número de trabalhadores
número de trabalhadores
Função de produção
Justificativa para o formato da função de produção:

Fase inicial crescente: há aprendizado sobre o processo produtivo


2
que permite ganhos marginais maiores. PMgL  Y  0 e PMgL   Y2  0
L L L

Fase de crescimento menor: a adição de um trabalhador extra


passa a não gerar o mesmo impacto, pois há fatores de
produçãoque estão fixos. Y PMgL  2Y
PMgL  0 e  0
L L L2

Esse crescimento menor (a taxas decrescentes) da produção é


conhecido como Lei dos Rendimentos Marginais
Decrescentes.

Exemplo: não adianta colocar mais padeiros se não aumentar


a quantidade de fornos, farinha, fermento, …
CUSTO
Custo Econômico X Custo Contábil

Maria paga salário aos trabalhadores da sua fábrica de


biscoitos
• O salário é um “custo de oportunidade” e também “custo
contábil” que será considerado no balanço da empresa.

Maria é também excelente programadora e abdicou de


salário mensal de $10.000 para dedicar-se à fábrica.
• Esses $10.000 não entram na contabilidade da empresa, mas é
um custo de oportunidade implícito considerado pelos agentes
econômicos em suas decisões. Trata-se assim de “custo
econômico”.
CUSTO
Exemplo. Maria comprou fábrica de biscoitos por
$300.000. Usou $100.000 de sua poupança (que
remunerava a 10% annual) e $200.000 de empréstimo
bancário com taxa de juros de 10% anual.

Custo contábil: 10% de $200.000 = $20.000.

Custo econômico: 10% de $200.000 + 10% que poderiam ter


ganhos sobre a poupança de $100.000 = $30.000
ESTRUTURA DO CUSTO

CURTO PRAZO x LONGO PRAZO

CUSTO DE CURTO PRAZO: Como há insumos fixos no curto


prazo, também há custos que são fixos, que independem da
quantidade produzida.

CUSTO TOTAL = CUSTO FIXO + CUSTO VARIÁVEL

CUSTO DE LONGO PRAZO: Como no longo prazo a firma


pode ajustar toda a estrutura produtiva e a planta de produção,
todos os custos podem variar no longo prazo, havendo assim
apenas custos variáveis.
ESTRUTURA DO CUSTO

CUSTO TOTAL = CUSTO FIXO + CUSTO VARIÁVEL

CUSTO FIXO - Invariante com a produção.


Exemplo: Contrato de aluguel de uma loja por 3 anos a $1.000
mensal. O aluguel deverá ser pago independente da atividade da
loja.

CUSTO VARIÁVEL – Varia com a quantidade produzida.

Exemplo 1. Motoboy que entrega pizza gasta mais com


combustível quão mais ele trabalha.

Exemplo 2. Pizzaria gasta mais com farinha, fermento, queijo,


molho de tomate, energia, …, quão mais pizza é produzida.
ESTRUTURA DO CUSTO
custo (y)=100.000 + 0.5y3 - 120y2 + 10.000y
ESTRUTURA DO CUSTO
Relação entre função de produção e função custo

310

290
Produçao (unidades)
270

250
produção (unidades)

230

210

190

170

150

130

110

90
9 11 13 15 17 19 21 23
número de trabalhadores
ESTRUTURA DO CUSTO
Relação entre função de produção e função custo

FASE 1.
Se a função de produção possui intervalo em que a produção
aumenta mais que proporcionalmente ao aumento na utilização
do insumo (provavelmente em função de aprendizado), o custo
aumentará em proporção inferior à quantidade produzida.

FASE 2.
A partir do momento em que prevalecer rendimento marginal
decrescente (elevação na utilização do insumo variável implicar
em crescimento menos que proporcional na produção), o custo
aumentará em ritmo mais elevado do que o aumento na produção
(parte exponencial da curva de custo).
ESTRUTURA DO CUSTO
Vamos estudar o comportamento das seguintes variáveis:

• Custo Total Médio (ou simplesmente Custo Médio): CMe = CT/y

• Custo Fixo Médio: CFMe = CF/y

• Custo Variável Médio: CVMe = CV/y

• Custo Marginal: CMg = ΔCT / Δy = ΔCV / Δy ou CMg  CT  CV


Y Y
ESTRUTURA DO CUSTO
y CF CFMe = CF/y
O custo fixo médio: CFMe
1 100 100,0
custo (y) = 100 + 10 y
2 100 50,0

3 100 33,3
100
custo fixo médio (CFMe):
4 100 25,0
custo fixo / quantidade
80
5 100 20,0
Custo Fixo Médio

60
6 100 16,7
40
7 100 14,3
20
8 100 12,5
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
9 100 11,1
quantidade produzida
10 100 10,0
ESTRUTURA DO CUSTO

Explicando o Gráfico
120

• Custo total médio cai intensamente custo total médio, custo fico médio e
para as primeiras quantidades
100 custo variável médio
produzidas, influenciado pelo rápido
declínio do custo fixo médio.

C u s to s m éd io s ($ )
80

• O menor declíneo do CFMe, à medida 60


em que mais quantidades são
produzidas, influencia de forma similar o
40
custo total médio.
custo fixo
médio
Custo Total Médio
• À medida que o CFMe fica menor (tende 20

a zero), o CTMe fica mais próximo do custo variável


CVMe. 0
médio

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

quantidade produzida
• O custo total médio é sempre maior
que o CVMe e CFMe, pois é o somatório
de ambos.
ESTRUTURA DO CUSTO
Código em R para gerar o gráfico de custo médio e cmg

y=1:200 #produção
custo.fixo=200000
custo=0.5*y^3-120*y^2+20000*y+custo.fixo #custo total
custo.var=custo-custo.fixo
c.medio=custo/y
cv.medio=custo.var/y
cf.medio=custo.fixo/y
c.marg=3*0.5*y^2-2*120*y+20000
cme=c.medio[8:200]
cvme=cv.medio[8:200]
cfme=cf.medio[8:200]
cmg= c.marg[8:200]
yy=y[8:200]
nomex=c('produção')
nomey=c('custos médios')
plot(cme,type='l',ylim=c(min(cme,cvme,cfme,cmg),max(cme) ),xlab=nomex,ylab=nomey)
lines(cvme,col=2,lty=2)
lines(cfme,col=4)
lines(cmg,col=1,lty=2)
nome=c('custo médio', 'custom variável médio', 'custo fixo médio', 'custo marginal')
legend(100,35000, legend=nome,col=c(1,2,4,1),lty=c(1,2,1,2),cex=.9,bty="n")
ESTRUTURA DO CUSTO
Relação entre função de produção,
custos médios e custo marginal

Fase 1 – Tudo cai

1. O custo variável médio cai inicialmente já que a


ampliação na produção é maior que a ampliação do
custo (Δy > Δcusto, ou seja, CMg = Δcusto/Δy cai),
pois necessita-se de menos trabalhadores por unidade
produzida (fase do aprendizado: Δy > Δtrabalhadores)

2. Custo total médio cai intensamente para as primeiras


quantidades produzidas, influenciado pelo rápido
declínio do custo fixo médio e pela redução no CVMe.
ESTRUTURA DO CUSTO
Relação entre função de produção, custos médios e
custo marginal
Fase 2 – CVMe aumenta e CMe reduz
3. Eventualmente, o CVMe passa a subir quando, pois (Δy < Δcusto, ou
seja, CMg = Δcusto/Δy cresce). Ainda assim, o custo total médio
continuará a declinar influenciado pela queda do custo fixo médio.

4. Quando reduções no CFMe passa a não ser tão significativas, prevalece


a influência do CVMe, fazendo com o custo total médio passe a ser
crescente.

Importante: o mínimo do CMe é à direita do mínimo do CVMe, pois o CFMe


declinante continua a influenciar o CMe mesmo após ser atingido o
CVMe mínimo

Formato em U: essa dinâmica resulta em formato em U da curva de custo


total médio
ESTRUTURA DO CUSTO
Relação entre função de produção, custos
médios e custo marginal
O custo marginal é menor que o CVMe e o CMe quando
estes estiverem caindo:
• Para a média de uma sequência numérica cair, deve-se incluir
(na margem) valores inferiores à média. Esse valores são os
valores “marginais”.

O custo marginal é maior que o CVMe e o CMe quando


estes estiverem crescendo:
• Para a média de uma sequência numérica crescer, deve-se
incluir (na margem) valores maiores à média.

 CMg = CVMe no ponto de mínimo do CVMe e


 CMg = CMe no ponto de mínimo do CMe
Custos Médios e Marginal

Custos

CMg

CTM

CVM

0 Quantidade
LUCRO
LUCRO = RECEITA TOTAL – CUSTO TOTAL
lucro contábil = receita total – custo contábil (explícito)
lucro econômico = receita total – custo contábil – custo implícito

Exemplo 1.
inv1: Uma determinada aplicação financeira sem risco rende 5%

inv2: Os demais investimentos sem risco rendem 10%.

Se aplicar $1.000 em inv1, ganha-se $50,00: sem dúvida, trata-se


de lucro contábil,

… mas ainda assim houve prejuízo econômico de 5%, ou $50,


pois o segundo investimento resultaria em $100,00.
LUCRO
Exemplo 2. O escritório de João é num imóvel da família. No final
do mês, o contador apura lucro de $5.000 das atividades
exercidas por João, sendo que João não paga aluguel pela
utilização do imóvel.

A família de João poderia alugar o imóvel por $6.000.

 A atividade exercida por João está gerando prejuízo


econômico e lucro contábil.

 Se considerarmos o custo de oportunidade, haveria


prejuízo econômico de $1.000
lucro contábil – custo oportunidade =
= $5.000 - $6.000 = - $1.000

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