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A Forca Normativa Da Constituicao Konrad Hesse
A Forca Normativa Da Constituicao Konrad Hesse
B) Práxis: Aqui se faz presente o conceito que permeia toda a obra do autor a Vontade
Constitucional o qual assevera sacrificável respeito pela preservação dos princípios
constitucionais que garantem a essência do Estado. Assegurando a estabilidade e a confiança
da população na ordem construída e impedindo revisões da Carta frente à necessidades
políticas e transitórias . A estabilidade constitui a condição fundamental da eficácia da
constituição. Outro ponto que segundo Hesse fundamental a força normativa da Constituição,
é a interpretação a qual deve valorizar o Texto Constitucional, objetivando concretizar da
melhor forma possível o sentido da proposição normativa frente a realidade da situação.
Mudanças na realidade jurídicas demandam mudanças na interpretação constitucional,
respeitando-se, entretanto os limites de interpretação posto pela proposição jurídica. A
interpretação construtiva que fornece condições essenciais para força normativa da
constituição e sua estabilidade.
Konrad Hesse desenvolveu como podemos perceber importantes considerações
acerca da força normativa da constituição e os limites da mutação constitucional, asseverando
o caráter normativo e rígido da constituição jurídica, mas de espírito flexível para ajustasse
dentro de certos termos, as mudanças históricas de cada contexto político-social. Ao contra
argumentar Ferdinand Lassale, Hesse não nega a influência da realidade social sobre o
ordenamento jurídico, porém, afirma o autor, este não deixa de ser um condicionante dessa
mesma realidade, ordenando-a e conformando-a, e esta força normativa cresce na medida em
que se conscientiza o seu papel no meio social.
Ao relacionamos as contribuições de Konrad Hesse com a nosso ordenamento
jurídico podemos perceber o quanto este espírito normativo constitucional tem contribuído
para o paulatino modelamento da realidade político-social brasileira, ao mesmo tempo em que
é modelada por esta. Ao longo destes vinte seis anos de Carta Constitucional Cidadã,
percebemos nela, como aponta Hesse, o seu caráter estruturante dialético percebido em dois
distintos momentos. Mostrando-se rígida e impondo a sua “Vontade de Constituição” quando
o Supremo Tribunal Federal (STF) declarou que Lei Complementar (LC) 135/2010, a
chamada Lei da Ficha Limpa, não deveria ser aplicada às eleições realizadas no ano 2010, por
desrespeito ao artigo 16 da Constituição Federal, dispositivo que trata da anterioridade da lei
eleitoral: “por melhor que seja o direito, ele não pode se sobrepor à Constituição” afirmou o
Ministro do STF, Luiz Fux ao proferir seu voto contrário à aplicação da Lei. Os interesses
devem ser sacrificados em prol da preservação da Constituição, isso fortalece-a e garante um
bem indispensável a vida do Estado afirma o autor.
Por outro lado ainda fundamentada na dialética a Constituição Brasileira mostra
flexível ao permitir emendamentos ou através da hermenêutica constitucional principio
definido por Hesse de a otimização da concretização da norma, possibilitando uma nova
interpretação da proposição normativa dentro das condições reais dominantes numa
determinada situação. Quando o mesmo STF reconheceu por unanimidade o casamente entre
pessoas do mesmo sexo: “O que se está aqui a analisar e discutir é porque há que se adotar a
melhor interpretação da norma do art. 1723 do Código Civil em consonância com os
princípios constitucionais (...)” afirmou a ministra Carmen Lúcia ao proferir seu voto
favorável a reconhecimento pelo Estado da união matrimonial homoafetiva.
Para nós estudantes de Direito, os conceitos trazidos por Konrad Hesse fornecem
importantes balizadores para o desenvolvimento não só para o exercício jurídico mais também
para o exercício da cidadania diante dos conflitos e tensões sociais geradas pelas crescentes e
rápidas alterações no contexto político, econômico e cultural. Neste sentido como afirma o
autor se o futuro do Estado é uma questão de poder ou um problema jurídico isto dependerá
primordialmente da preservação e do fortalecimento da força normativa da Constituição, bem
como de seu pressuposto fundamental, a vontade de Constituição. E esta tarefa com bem o
autor salienta foi confiada a nós.