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2 Suas Notas
5 Aqui na Weril
6 Por Estas Bandas
8 Fique de Olho
9 Workshop: O Legato no Trombone
12 Entrevista: Maestro Barry Ford
Sons
Latinos
Conexão Cuba-Brasil volta a
fazer sucesso e atrair os
músicos de sopro para novos
projetos
Pág. 10 e 11
4o Prêmio Weril:
Professor do
Confira o Sax Primeiro Colocado
Alto na Dica do Ganha Viagem para
Mestre
Pág. 4
o Exterior
Pág. 8
Gerson Galante: A Flauta Mágica de Altamiro Carrilho
testando o sax Weril Pág. 3
SUAS NOTAS
“Sou o professor brasileiro que fez o contato com o “Parabéns pela Dica Técnica sobre respiração circular
saxofonista Dale Underwood, entrevistado da edição (edição 127), que explicou com clareza o assunto”
126. Como ele mesmo conta no texto, foi através de Roberto Luiz Colaço, Florianópolis (SC)
uma troca de e-mails que este grande músico veio ao
Brasil. O fato demonstra o poder da internet para a troca R: Roberto, confira neste número o complemento da
de informações em nosso meio. O que seria apenas um Dica Técnica, assinada por nosso colaborador Angelino
contato com um ídolo se transformou numa grande Bozzini.
amizade. Hoje, Dale Underwood e eu nos falamos
sempre, sobre dicas de aulas, agenda de concertos e “Sinto dificuldades no aprendizado do alegro no
outros assuntos” trombone de vara. Vocês poderiam me passar alguma
Erik Heimann, Jundiaí (SP) informação a respeito?”
Clênio Camargo Souza, São Paulo (SP)
R: A dica do professor Erik vale para todos. A internet
já se tornou um importante aliado para a atualização R: Clênio, leia o workshop desta edição, à página 9,
do músico, seja através da pesquisa ou da troca de para saber mais sobre o assunto.
informações.
expediente
REVISTA WERIL é uma publicação bimestral da Weril Instrumentos Musicais Ltda.
Conselho Editorial: Angelino Bozzini, Demétrio Lima, Eduardo Estela, Gilberto Gagliardi, Ivan Meyer, Jessé
Martinez, Magno D’Alcântara, Marcelo de J. Silva, Milton Lelis.
Editora: Aurea Andrade Figueira (MTb 12.333) - Redator: Nelson Lourenço - Fotos da capa: Beatriz Weingrill
- Redação e correspondência: Em Foco Assessoria de Comunicação - Rua Dr. Renato Paes de Barros, 926, São
Paulo/SP 04530-001 e-mail: revista@weril.com.br
Projeto gráfico, diagramação e editoração eletrônica: Matiz Design - Tiragem: 19 mil exemplares
As matérias desta edição podem ser utilizadas em outras mídias ou veículos, desde que citada a fonte.
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O Dom do Improviso
Aos 75 anos, Altamiro Carrilho dedica-se ao choro e impressiona a todos com seu
talento natural
Um pequeno acidente caseiro – cortar o dedo mínimo uma de brinquedo, depois passou para outra de bambu
ao abrir uma lata de conserva – não é o suficiente para e só foi conseguir um instrumento “decente” quando
estragar o humor de Altamiro Carrilho. Ele já tem a venceu o concurso do programa “Calouros em Desfile”,
receita para evitar que o dedo se infeccione: mergulha- comandado ao vivo por Ari Barroso nos auditórios da
o em uma pequena vasilha com álcool. “O mínimo é rádio Tupi, no Rio de Janeiro. A peça que tocou na
fundamental na execução da flauta, por isso todo o ocasião foi a difícil “Harmonia Selvagem”, de Dante
cuidado é pouco”, justifica ele, enquanto se prepara para Santoro. “Com o prêmio, não só pude comprar uma
a entrevista. flauta nova, como também conheci Ari Barroso, que
Esse é apenas um dos macetes que Altamiro aprendeu depois se tornaria meu amigo”, lembra ele.
em sua carreira de mais de 50 anos como músico Os programas de auditório na década de 40 eram
profissional. No entanto, apesar de toda a experiência e muito populares, e a repercussão da vitória de Altamiro
foi instantânea. Logo seria
convidado para tocar em
“Para conseguir uma embocadura grupos famosos a época, até
ter a oportunidade de montar
perfeita, é preciso estudar muito” seu próprio conjunto na Rádio
Guanabara. Sempre fiel ao
técnica, a obra deste flautista consagrado no Brasil e chorinho, de lá para cá realizou mais de 100 discos,
Exterior é profundamente marcada pelo veloz improviso, alguns gravados em países como Estados Unidos,
um dom que nasceu com ele e foi desenvolvido ao longo México e Rússia. Em todos as nações que visitou, fez
de décadas de estudo. Altamiro é capaz de fazer questão de divulgar a riqueza
variações sobre um tema por tempo indeterminado, o da música popular brasileira,
que o diferencia de outro grande nome mundial, o que defende até hoje. “Nossa
Divulgação
francês Jean Pierre Rampal, reconhecido internacio- música é muito rica e impor-
nalmente por suas gravações de música erudita, mas tante, mas nem sempre recebe
nem sempre à-vontade quando executa ritmos populares. o reconhecimento necessário
O segredo desse virtuosismo? Bem, como era de se dentro de nosso próprio país.
esperar, talento apenas não é o bastante. “Para conseguir No momento, o chorinho está
uma embocadura perfeita, é preciso estudar muito, sendo valorizado pelos pau-
treinar os maxilares durante anos para fortalecer a listas, o que é um bom sinal”,
musculatura”, explica Altamiro, que gosta de citar o afirma Altamiro.
nome de seus alunos que seguiram carreira. “Tem gente E da mesma forma carinho-
que estudou comigo e está hoje na Filarmônica de sa com a qual se refere ao cho-
Berlim”, completa, orgulhoso. rinho, seu gênero preferido,
Altamiro começou a tocar cedo entre os grandes ele encerra a entrevista, para
mestres da flauta e de outros instrumentos. Seu padrinho voltar ao “tratamento” do dedo
artístico foi o cantor Moreira da Silva, o Kid Moran- machucado. Os fãs de sua mú-
gueira. Ele foi o primeiro a acreditar que Altamiro, ainda sica agradecem.
menino, seria capaz de acompanhar os grandes nomes
da era do rádio. Nas apresentações teatrais de Moreira,
a flauta de Altamiro era o contraponto perfeito para suas
histórias.
Altamiro
Como qualquer prodígio, ele já demonstrava talento Carrilho:
antes mesmo de conhecer os fundamentos teóricos. defensor do
Trabalhava em uma farmácia e memorizava as canções chorinho e da
que ouvia, para tirá-las depois na flauta. Começou com MPB
R X AIO
D ICA DO MESTRE
Evoluindo
O professor e saxofonista Gerson Galante, da big
Regulagem Fina do Apoio do Polegar da Articulações das
band Sound Scape, testou o sax alto Weril Spectra
Dó Sustenido Mão Esquerda Chaves
durante quase uma hora. “Já havia acompanhado a
mudança realizada pela Weril na linha Master e
estava ansioso para conhecer o Spectra”, revelou ele,
antes do teste. O instrumento o impressionou logo
de cara pela beleza e, principalmente, por ser leve.
“É confortável de se tocar, e esta primeira impressão
é muito importante”, disse ele.
Aos poucos, novas descobertas surgiram. “O
instrumento responde bem, inclusive nos harmônicos
e superagudos”, detectou Gerson. “O som é proje-
tado, tem o timbre característico, aquele som bri-
lhante do sax alto. Não é difícil tirar os subtons e
sons mais macios”, completou.
No final, a avaliação foi positiva: “Ele está
competitivo e pode ser adotado por profissionais. É
importante a Weril ter essa qualidade e avançar
sempre para competir no mercado”, recomendou o
saxofonista. E, por fim, deu a sua Dica do Mestre:
“Após adquirir um instrumento novo, use e abuse de
Ângulo do Todel Chaves do Fá Campana
notas longas, intervalos e oitavas nos primeiros
Sustenido e Fá
meses, para se habituar ao sax e `amaciá-lo´, fazendo-
Sustenido Agudo
o vibrar. Treine bastante para depois não se apresentar
com aquele som apertado, espremido...”
Beatriz Weingrill
VI Encontro Nacional e II Encontro Latino-Americano
de Trombonistas, realizado no Conservatório Dramático
e Musical Dr. Carlos de Campos, em Tatuí (SP). Larrosa,
que também é artista Weril, participou da programação
como professor de um workshop para 70 alunos, e ainda
se apresentou ao público em show gratuito, ao lado do
brasileiro Gilberto Gagliardi, Renato Farias e outros
músicos. O evento foi patrocinado pela Weril, Secretaria
de Cultura do Estado de São Paulo e Ordem dos Músicos
(SP, RJ, PR, BA e MG), com apoio do Conservatório
de Tatuí.
Larossa ficou admirado com o nível de nossos
trombonistas. “Não imaginava que havia tantos aqui com
essa qualidade. Em três ou quatro anos, o Brasil estará
exportando talentos para o Exterior”, acredita ele.
Segundo Larrosa, o músico brasileiro tem uma técnica
virtuosística, mas com personalidade. “Falta apenas
agregar um pouco mais de conhecimento sobre obras
sinfônicas e óperas, para que eles possam disputar um Larrosa
lugar nas melhores orquestras do mundo”, avalia o acredita
argentino, que foi mestre de quase todos os trombonistas que o Brasil
em atividade de seu país. logo estará
exportando
Sinceridade trombonistas
Como professor, Larossa defende algo muito comum
entre os músicos da Argentina, que é o “ataque” às
dificuldades de cada aluno, em separado, antes de
partirem para os ensaios em grupo. Outra recomendação Quarteto de Trombones da Paraíba
é a sinceridade, mesmo entre amigos, sobre o potencial
de cada músico. “Não adianta darmos tapinha nas costas O grupo fundado em 1990 por
dos outros quando notamos que ele não possui os professores universitários e músicos de
requisitos necessários para prosseguir a carreira, ou banda visitou a Weril em fevereiro, ao
mesmo quando ele não está se dedicando. Se você não lado de outros músicos, incluindo o
tem facilidade para o trombone, isso não significa que trombonista paraibano Radegundis
não poderá se tornar um excelente saxofonista. Devemos Feitosa Nunes. Famoso por shows em
ser sinceros em nossos comentários, para não atrapalhar festivais no Brasil e Exterior, o Quar-
o futuro das pessoas”, aconselha. teto de Trombones da Paraíba é for-
Larrossa explica ainda porque escolheu a marca Weril mado por Sandoval Moreno de Oli-
em suas apresentações: “Quando fui conferir o lança- veira (professor da UFPB), Gilvando
mento da linha G. Gagliardi em Buenos Aires, impres- Pereira da Silva (professor da UFRN),
sionei-me não apenas com os trombones, mas também Roberto Ângelo Sabino (trombonista da Orquestra
com as tubas e bombardinos. É importante termos uma Sinfônica da Paraíba) e Stanley Bernardo da Silva. Todos
marca forte de instrumentos musicais produzidos na os músicos utilizam trombones G. Gagliardi em suas
América Latina”, conclui ele. apresentações.
Desde 1831, quando foi executado pela primeira vez, execução é obrigatória. É o caso da continência à
o Hino Nacional Brasileiro tornou-se peça obrigatória bandeira nacional ou ao presidente da República, ou
na carreira de um regente ou músico de banda. Cedo ou ainda ao Congresso Nacional e ao Supremo Tribunal
tarde, a oportunidade para tocá-lo surgirá, e é necessário Federal quando incorporados.
estar preparado para essa ocasião. Pode ser uma festa Com música de Francisco Manuel da Silva, o Hino
pública em que se deseja demonstrar respeito e Nacional recebeu a letra que conhecemos hoje somente
admiração pelo país, ou uma solenidade na qual sua neste século. De acordo com o decreto assinado pelo
presidente Epitácio Pessoa, em 1922, os versos do poeta
Joaquim Osório Duque Estrada foram oficialmente
instituídos como letra do Hino Nacional, após
Osuel populariza música orquestrada adaptações feitas pelo maestro Alberto Nepomuceno.
O hino pode ser executado em duas tonalidades com
finalidades diferentes: Si bemol maior e Fá maior. A
Divulgação
Sensibilidade na educação
Desde 1998, quando decidiu fundar uma banda idade dos alunos, queremos preservá-los e assumirmos
marcial para atender aos pedidos de alunos e familiares, mais compromissos lentamente, sem muito desgaste”,
o Colégio Integração vem colhendo excelentes finaliza Vilma.
resultados, não apenas na área da música, mas também
em outras disciplinas. “Não queríamos apenas ter uma
banda, mas sim criar uma ferramenta de formação
musical, para desenvolver a sensibilidade e despertar
um novo interesse do estudante pelo mundo”, lembra
Vilma Sacchetti Raymundo, mantenedora do colégio,
que está sediado em São Vicente (SP).
A música faz parte da grade de disciplinas do
Integração para crianças da primeira à quarta série.
Como avaliação, são preparadas anualmente pelo menos
duas apresentações para os pais. A partir da quinta série,
os alunos do ensino fundamental podem ingressar na
banda. “A idéia é envolvermos no futuro o pessoal do
segundo grau, formando assim mais uma banda,
juvenil”, acrescenta Vilma.
Entre os instrumentos de sopro, são dois flugelhorns,
dez trompetes, quatro melofones, quatro trombones e
quatro bombardinos. A banda tem recebido vários
convites para apresentações na região de São Vicente, Alunos da banda: música desperta a
mas nem sempre é possível aceitá-los. “Devido à pouca imaginação
Contato
Banda Revelação – tel. (12) 232-2149
Colégio Integração – tel. (13) 468-0123
Orquestra Sinfônica da Universidade Estadual de Londrina – tel. (43) 322-5224,
Divisão de Música
O Legato no
Trombone de Vara
Antonio Seixas Oliveira (Bocão)*
Beatriz Weingrill
Música para bailar
Depois de
conquistar o
mundo, os
ritmos cubanos
chegam ao
Brasil, no
cinema e nas
casas de
espetáculos
Apresentação da Os ritmos latinos, particularmente os originários de invariavelmente rende-se ao ritmo caliente do mambo,
banda Havana Brasil Cuba, são hoje um dos mais importantes segmentos da da salsa, da rumba e do chá-chá-chá. A música cubana é
em São Paulo: ritmo indústria mundial da música. A brasileira Kyra muito dançante e conta sempre com um naipe de sopros,
dançante Carbonell, manager da banda Afro Cuban All Stars, vive seja como solo ou acompanhamento.
em Barcelona e confirma: na Europa, Estados Unidos e
Japão, a procura pela som latino tornou-se uma febre. E Brasil
o fenômeno poderá se repetir também no Brasil, um
país cujas raízes sonoras têm muitos pontos em comum Um dos grupos que está experimentando esta
com o valorizado repertório cubano, mas que nem sonoridade é o Havana Brasil, de São Paulo, que possui
sempre explorou essa identidade musical. naipe de sopros com quatro músicos: Matias Capovilla
Estréia em abril nas principais capitais brasileiras o (trombone), Cláudio Faria (trompete), Chico Guedes
documentário “Buena Vista Social Club”. O filme é uma (sax tenor) e Sérgio Lyra (sax alto, substituído
boa oportunidade para conhecer o trabalho da velha eventualmente por Goio Lima). “Resolvemos formar a
guarda cubana, um grupo de compositores autênticos, banda e desfrutar de ritmos que cultuamos. Depois,
que inspira uma nova geração de músicos na ilha, vamos investir em novas composições”, explica Matias.
composta por grupos como o Afro Cuban All Stars e o “Todos os integrantes da banda já foram a Cuba e
Habana Ensemble, ambos com passagem recente pelo também visitaram uma colônia cubana em São Paulo.
Brasil. Nas suas apresentações, o público local Essa convivência trouxe-nos maturidade e conheci-
Beatriz Weingrill
músico brasileiro está recebendo hoje são na verdade sucesso, com suas canções que falavam de
misturas e pasteurizações, como é o caso do pop de Ricky amor (originado da habanera cubana, o bolero
Martin e Lou Bega. No filme, porém, está a música que evoluiu no Brasil para o samba canção).
encontramos nas ruas de Cuba. São octagenários que Depois, nos anos 50, foi a vez de o mambo
estão mostrando sua arte, vendendo discos e propagando tomar conta dos bailes, a ponto de gerar
o som cubano para o mundo”, compara Guga, que protestos de gente como Vinícius de Morais.
explora os ritmos latinos com sua banda, apresentando- A presença da música cubana entre nós
se semanalmente em São Paulo, no Bar Avenida. sofreria um abalo com o isolamento provocado
Em seus estudos para futuros projetos, Guga, ex- pela revolução liderada por Fidel Castro, no
Heartbreakers, traçou um histórico da relação entre o início dos anos 60. “Houve um distanciamento
som cubano, o Brasil e os Estados Unidos. “Nós temos em todos os sentidos, inclusive no cenário
um forte elemento comum, que são as matrizes negras, musical”, lembra Matias Capovilla, da Havana
presentes na origem dos mais importantes fenômenos Brasil. Apenas na segunda metade dos anos 70
musicais deste século: o jazz, o funk, o blues, o samba e é que houve uma reaproximação, incentivada
a música cubana. No caso de Cuba, essa ascendência por intelectuais e protagonizada por artistas
vem das etnias bantu e iorubá. Motivos religiosos como Milton Nascimento e Chico Buarque.
Alfred Thomson, do
marcam profundamente a música africana e, graças a Enquanto isso, nos Estados Unidos, imigrantes cubanos
Habana Ensemble:
essa influência de origem, fica difícil separar a música e radicados em Nova York inventavam a salsa, dando o
músico cubano já
a alegria que ela proporciona”, explica ele. pontapé para a nova onda de música cubana, que continua
trabalhou com Bocato
O interesse pelos ritmos da ilha começa nos anos 30, forte até hoje.
mento. É um desafio ser um dos interlocutores desse americanos valorizam sua cultura e se entregam
ritmo sem deixar de lado nossa própria música”, apaixonadamente à sua música.
acrescenta.
Assim como o pessoal do Havana Brasil, há muitos Estrangeiros
apaixonados pela música latina espalhados entre
instrumentistas e o público de música. Existe uma Recentemente, estiveram no Brasil duas bandas
identificação entre as duas culturas, explicada pelas representativas do atual momento da música cubana:
raízes em comum – particularmente as de influências Afro Cuban All Stars e o Habana Ensemble. Nesta, de
negra e religiosa. Isso faz com que o brasileiro assimile um total de 11 músicos, quatro pertencem ao naipe de
com facilidade os ritmos cubanos e vice-versa. sopros, incluindo o diretor musical e saxofonista Alfred
Mas, mesmo com essa afinidade, a música latina Thomson (ex-integrante do tradicional grupo Irakerê),
sempre viveu altos e baixos no Brasil (leia box no alto que já gravou com o trombonista Bocato e veio pela
desta página). Segundo Matias, falta-nos uma colônia terceira vez ao Brasil. Ele acha que o Brasil sempre
hispânica expressiva, como acontece nos Estados ofereceu excelente recepção à música cubana. “As
Unidos. “A salsa surgiu em Nova York através dos pessoas dançam muito durante os shows”, comenta ele.
latinos locais. Muitos nem falam inglês. As comunidades Além do trabalho de artistas consagrados (principal-
cubana, mexicana ou porto-riquenha produzem sua pró- mente daqueles que gravam para trilhas de novelas
pria música nos Estados Unidos”, conta o trombonista. brasileiras, que fazem sucesso na TV cubana), Thomson
Em compensação, a simpatia dos brasileiros pelo gostou do forró, que não conhecia. “Bossa nova é uma
ritmo cubano é muito espontânea. E muitos de nossos de nossas influências. Tchorinho também é muy bueno”,
músicos admiram a forma como nossos irmãos latino- completa.
Elza Lima
RW: E as aulas de regência, quando começaram?
BF: Sempre gostei de saber como a música funciona. No
segundo grau, um dos professores me ensinava como ler a
partitura e, às vezes, na sua ausência, deixava que eu regesse
a banda. Não era fácil, porque sou tímido por natureza, mas
essa experiência foi suficiente para que me apaixonasse pela
regência.