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CURANDO AS

ENFERMIDADES
DA IGREJA
Copyright © Lécio Domas
Direitos desta edição (1999)
cedidos à Editora Eclesia

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Domas, Lécio
Curando as enfermidades da igreja / Lécio Domas. -
São Paulo: Eclesia, 1998.

1. Igreja - Ensino bíblico L Título.

98-5705 CDD-262.001

Índices para catálogo sistemático:

1. Enfermidades da Igreja: Cura: Ensino


bíblico: Cristianismo 262.001
2. Igreja: Enfermidades: Cura: Ensino
bíblico: Cristianismo 262.001

Consultaria Editorial
Israel Belo de Azevedo

Secretaria Editorial
Raquel S.F. da Silva

Revisão
Utahy Caetano dos Santos Filho

EDITORA ECLESIA
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LÉCIO DORNAS

CURANDO AS
ENFERMIDADES
DA IGREJA

ECLESIA
Para Sarah e Hannah,

Bênçãos de hoje... igreja de amanhã.


PREFÁCIO
"Como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se en-
tregou por ela': (Efésios 5.25)

Toda pessoa lavada e purificada pelo sangue do


Cordeiro de Deus precisa estar de acordo com esse tex-
to. Se Jesus amou a igreja, eu também devo amá-la.
Numa época de contestação às instituições sociais,
políticas, culturais e religiosas, nenhuma instituição tem
sido tão questionada, quanto à sua razão de ser, como a
Igreja.
Ela é vista ora como um clube religioso, ora como
um grupo de ação política, ora como um grupo de faná-
ticos tentando impor normas já há muito ultrapassadas
a um mundo de avançada tecnologia, ora como um lu-
gar para pessoas ignorantes, desesperadas e fracas.
Se olharmos ao nosso redor, encontraremos igre-
jas e igrejas. Muitas das organizações religiosas com o
nome de igreja não podem exigir nossa dedicação e
obediência, pois obedecê-las seria desobedecer o Evan-
gelho. Elas simplesmente não são expressões adequa-
das da graça e do poder de Deus.
Sejamos bem honestos em admitir que a igreja tem
sido todas estas coisas e, em muitos lugares e ocasiões,
tem justificado amplamente todas as amargas acusa-
ções contra ela levantadas.
No entanto, apesar de suas numerosas fraquezas e de
seus trágicos pecados, a igreja tem sido, através dos sécu-
los, desde o seu início, a mais poderosa força sobre a face
da terra; tem sido luz no meio de uma escuridão tão densa
CURANDO AS ENFERMIDADES DA IGREJA

que pode ser sentida. Ela tem sido sal dentro da socieda-
de, retardando o alastramento da corrupção moral.
Como é que a mesma instituição pode ser, a uma
só vez, fonte de mágoas, desilusão e desespero para
muitos, e fonte de alegria, vida e conforto sem fim para
tantos outros? A resposta que a Bíblia nos dá é que
aquilo que chamamos de igreja, na realidade, são duas
igrejas. Ambas falam de Deus, são religiosas, mas uma
é egoísta, ávida de poder, cruel e diabólica.. A outra_ç
forte e divina, ama e perdoa. Uma fomentou o ódio e
levou a sociedade a conflitos sangrentos contínuos em
nome de Deus e da religião e a outra tem curado males
humanos, quebrado barreiras raciais e de classes e li-
vrado homens e mulheres em todos os lugares do medo,
da culpa, da vergonha e da ignorância.
A última é a igrejaverdadeira, iniciada por Jesus Cris-
to. .É ela que manifesta o cristianismo autêntico. A outra é
uma igreja falsa, uma organização satânica, um simulacro
de cristianismo. Jesus predisse esse estado de coisas em
Mateus 13, quando falou sobre o joio e o trigo.
Na pequena ilha de Faros, no Egito, Ptolomeu
Philadelfo mandou construir uma importante e majes-
tosa torre de alvíssimo mármore, com 35 metros de al-
tura. No cimo do monumento foram instalados poten-
tes faróis a projetar luz abundante a grande distância, a
fim de orientar os navegantes que por ali passassem.
Esse monumento, por sua grandeza e riqueza, pas-
sou a ser conhecido como Farol de Alexandria. De fato,
para o tempo em que foi construído, era uma obra que
só o arrojo humano poderia conceber e executar, e por
isso mesmo foi considerada como uma das sete mara-

8
I, I 11,1 1111,1 III, I iii II i
I I' I I I ,I " I I II 'I 'III
CURANDO AS ENFERMIDADES DA IGREJA

vilhas dOflundo de então. Qualquer pessoa que vives-


se naquela época, ao contemplar a solidez da constru-
ção do notável monumento, concluiria estar diante
duma obra de eterna duração. Entretanto, um terre-
moto, no ano de 1302, destruiu a maravilha que pare-
cia desafiar a ação dos séculos. A catástrofe teve como
resultado a extinção do farol mais famoso da terra. Hoje
ninguém mais o menciona e apenas uns poucos co-
nhecem sua história.
O fato aludido serve para demonstrar quão frágeis
são as obras do homem. Mesmo as consideradas
indestrutíveis e maravilhosas não suportam um movi-
mento maior da natureza. Assim como aconteceu com
o Farol de Alexandria, acontecerá com quantas obras o
homem construir ou onde intervier indevidamente.
A igreja apostólica no primeiro século de nossa
era foi um monumento de luz e grandeza entre as na-
ções. Aqueles que assistiram à organização e
florescimento da igreja dos primeiros dias certamente
julgaram definitivamente vitorioso o movimento que
se erguia e se agigantava.
Em verdade, a igreja de Cristo é um organismo
que jamais será vencido. Entretanto, tem sido prejudi-
cada e impedida de brilhar e desenvolver seu verdadei-
ro papel por causa da intervenção humana, que lhe
modifica a estrutura e o funcionamento, substituindo
as peças mestras que Deus mesmo colocou, por outras
que os homens imaginaram.
Este livro é um alerta para a geração eleita, o povo
adquirido, a igreja do Senhor Jesus. O autor aborda, com
grande propriedade e iluminado pelo Espírito Santo, as

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CURANDO AS ENFERMIDADES DA IGREJA

enfermidades da igreja contemporânea. Lécio é pastor,


escreve como pastor de uma igreja local e, portanto, está
envolvido e comprometido com a tarefa de pastorear o
rebanho de Deus. Como observador estudioso das Escri-
turas faz um diagnóstico da igreja hoje e detecta vários
males que estão minando o seu poder e a sua autoridade.
Como resultado, o que se observa nos dias pre-
sentes é a falta de vida, ausência de brilho, escassez de
visão, secularização, acomodação à superficialidade,
fragilidade doutrinária, a inexistência de uma
missiologia no programa da igreja, debilidade teológi-
ca e tantas outras enfermidades.
Todos são unânimes em reconhecer que a igreja
atual não é o grande e poderoso organismo que proje-
tou seu fulgor até os confins da terra. Todos os que
possuem alguma parcela de responsabilidade na obra
de Deus estão convictos de que a igreja de nossos dias
não é o luzeiro dos dias apostólicos e que algo está fal-
tando para o seu perfeito funcionamento. A igreja pos-
sui o mesmo nome de cristã, mas não tem a mesma
vida, a mesma vitalidade.
O que você encontrará nas páginas deste livro é
exatamente esta preocupação em detectar as razões e
causas das enfermidades que têm dizimado a saúde e
força da igreja do Senhor Jesus o autor aponta o cami-
nho para sua cura a partir de uma interpretação pro-
funda e contextualizada das Escrituras.

JORGE DE OLIVEIRA BEZERRA


Pastor da Primeira Igreja Batista
Brasileira da Grande Boston (EUA)

10

I Ii I i }. II' II I,~ ii I i I I I, II II' I I II 'I


PEN5EBEM...

'.Ii chave para a igreja do século 21 será a sua saúde espi-


ritual não o seu crescimento". (Rick Warren)

A igreja de Jesus Cristo vive um momento dificíli-


mo em sua história. Por um lado, há um crescimento
numérico sem precedentes, por outro, uma luta renhi-
da na busca da santidade num mundo amordaçado pelo
pecado.
Observa-se que muitas igrejas estão lutando con-
tra enfermidades que, ao longo dos tempos, vêm sendo
cultivadas em vez de tratadas e curadas. Tais enfermi-
dades tornam a igreja vulnerável diante das pressões do
tempo presente.
Acreditamos que durante um tempo enorme a igre-
ja preferiu o caminho diplomático da convivência com
aquilo que agride o puro Evangelho. Tal postura atraiu
para o seu contexto ainda mais moléstias. Enferma,
portanto debilitada, a igreja não consegue reunir for-
ças para, a um só tempo, resistir ao inimigo e transfor-
mar o mundo. É a fraqueza interna da igreja se consti-
tuindo na força maior do adversário.
Diante deste quadro, não resta outra alternativa
para a igreja, se não o enfrentamento de suas enfermi-
dades com vistas à sua cura total, na busca de saúde
integral.
Esta busca precisa começar, e este é o propósito
inicial deste texto, pela identificação das patologias da
igreja contemporânea. Neste afã se fazem necessárias
CURANDO AS ENFERMIDADES DA IGREJA

consciência crítica e piedade para que, além de enxer-


gar as moléstias que fazem a igreja sofrer, possamos tam-
bém estudá-las e aprender como vencê-las.
~- Para a cura de suas enfermidades, a igreja precisa-
rá lançar mão do instrumental da Palavra de Deus. Com
a Bíblia, a igreja conseguirá ver-se livre daquilo que a
incomoda. No entanto, este instrumental escriturístico
não pode ser usado de forma superficial ou artificial,
precisa ser vivo, profundo e hermeneuticamente corre-
to. Para tanto, a igreja de hoje precisa de coragem
hermenêutica, pois ao valer-se dos princípios eternos
da Palavra de Deus, deverá ter ousadia para fazer valer
uma interpretação sadia e isenta dos corantes teológi-
cos contemporâneos. Se o ideal que se busca é uma
igreja com saúde, a interpretação bíblica precisa pau-
tar-se em princípios sadios e imunes a infecções que
pairam nos âmbitos da exegese e da hermenêutica dos
nossos dias.
O texto que segue surgiu a partir do desafiante
convite que recebi, em 1997, para apresentar preleções
no Congresso de Despertamento Espiritual (Condesp),
promovido anualmente pela Segunda Igreja Batista de
Campos (RJ). A ênfase do conclave foi a saúde integral
da igreja. Apresentei as preleções que, depois de adap-
tadas, aparecem nas páginas seguintes. Sou grato a Deus
pela Segunda Igreja Batista de Campos e pelo seu líder,
pastor Éber Silva, pois este livro nasceu, na verdade, a
partir da visão que tiveram das necessidades atuais da
igreja de Jesus.
Se ao ler as reflexões que seguem o leitor sentir-se
movido a uma vida cristã de melhor qualidade, bem

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I I I I 'III I, ; I II " I , 'I I ~ i 11'1


I II ,'I I, I I" 'I "I i
CURANDO AS ENFERMIDADES DA IGREJA

como a engajar-se de maneira tal que sua igreja espelhe


saúde integral ao manifestar a multiforme graça de Deus
na sociedade, como autor, sentir-rne-ei extremamente
recompensado.
Minha esperança é que a igreja evangélica no Bra-
sil seja ~obremodo corajosa e autêntica! ao ponto de
enxergar as próprias patologias e mobilizar-se para su-
pri-las de cura integral. Em assim fazendo, poderá co-
locar-se na posição de genuína agência de transforma-
ção e de restauração de uma sociedade cujos gemidos
já se fazem ouvir na morada do Altíssimo.

LÉCIO DORNAS

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SUMÁRIO

QUANDO O MUNDO INVADE A IGREJA 17


Curando a secularização pela Palavra de Deus

A IGREJA DA SUPERFíCIE 3I
Curando a superficialidade espiritual pela Palavra

A IGREJA NA RETRANCA 47
Curando a acomodação pela Palavra

UMA IGREJA TOTALMENTE CEGA 65


Curando a falta de fé pela Palavra

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 83
QUANDO O MUNDO
INVADE A IGREJA
Curando a secularização pela Palavra de Deus
(Colossenses 3.1-17)

A igreja que deseja influenciar a história no século


21 é uma igreja enferma. Esta afirmação, conquanto
não seja inédita, deve merecer a reflexão de todos os
cristãos ao redor do mundo.
A igreja de Jesus precisa urgentemente
conscientizar-se das enfermidades que a acometem neste
tempo que se chama hoje. Quando uso o termo igreja,
porém, não estou me referindo à instituição igreja,
tampouco à estrutura arquitetônica do templo que abri-
ga a igreja para o culto ou ao santuário.J\.ell~()':::Q1_~_à
vida de cada uJ:TlA~nós, de ca~:kp~ssoa quesedizÍava-
da pelo sangue do Cordeiro. Sempre que a palavra igrejâ\
for mencionada, coloque o seu nome no lugar dela,
pois estarei me referindo à sua vida, à minha vida como
pregador. Estou escrevendo à pessoa e não à massa; ao
indivíduo e não às aglomerações; aos seres vivos, hu-
manos, e não às instituições.
Embora padecendo enfermidades, a igreja de Je-
sus subsiste gloriosa, vitoriosa. No entanto, se não abrir
os olhos para o perigo das enfermidades que a acome-
tem, correrá o risco de freqüentar a história, em vez de
cumprir a sua missão de transformar a natureza da his-
tória, o caráter da história, o valor da história, com o
testemunho da Palavra de Deus.
CURANDO AS ENFERMIDADES DA IGREJA

o texto de Colossenses fala sobre uma destas en-


fermidades: a secularização ou o mundanismo.
Assistimos nestes dias uma igreja invadida pelo
mundo. Uma igreja que tem sido influenciada pelo
mundo. Uma igreja que tem adotado para si os valores
(ou os desvalores?) do presente século.
Uma igreja tremendamente contaminada com os
vírus diversos que o mundo tem jogado, em ataque,
contra ela.
Crentes mundanos, carnais, têm se constituído
membros de nossas igrs;j.as. Pessoas religiosas, sim, pes-
soas com hábitos religiosos, também, e até mesmo pes-
soas sinceras estão se esforçando para viverem como
Cristo mandou, mas que demonstram atitudes própri-
as e comportamento característico de pessoas comple-
tamente secularizadas.
A igreja não expulsa o mundo de seu coração; o
mundo é quem absorve, conquista, toma conta e apri-
siona a igreja. Como na parábola contada por Jesus,
onde os espinhais a sufocaram e inviabilizaram sua na-
tureza, neutralizando e impedindo a ação
transformadora da igreja de Jesus Cristo.
Possivelmente, o inimigo de nossas almas não tem
lançado mão de outra arma tão poderosa para o enfra-
quecimento da igreja quanto encher a igreja de crentes
secularizados, que amam mais o mundo do que a Cris-
to. São capazes de fazer tudo pelo mundo, de se sacrifi-
carem pelo mundo, de fazerem concessões com relação
aos seus vínculos pessoais com o mundo, mas incapa-
zes de darem seu sangue por causa da cruz de Cristo,
de viverem por causa da cruz de Cristo.

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I !, I ,I I I\ II I-I I. ~ II I i i i' j, II II I I I, I I II Iii III i
CURANDO AS ENFERMIDADES DA IGREJA

Na consulta sobre evangelismo que aconteceu há


alguns anos em Amsterdã, um homem apresentou um
estudo preciosíssimo sobre o crescimento da igreja e
fez uma afirmação que arregalou os olhos de todos os
conferencistas: "Neste tempo, Cristo Jesus não precisa
de crentes que queiram morrer por Ele. Neste tempo,
Jesus não está procurando mártires, pessoas dispostas a
entregarem a vida por Ele. Cristo está procurando pes-
soas que queiram viver por Ele, para Ele e com Ele.
Cristo está procurando pessoas que estejam dispostas a
transformar em vida a expressão de Paulo em Roma-
nos 11.36: 'Porque Dele, por Ele e para Ele são todas
as coisas; glória pois a Ele eternamente, amém"'.
Mas recitar é fácil, declamar é fácil. O desafio está
na vida, na prática. Uma igreja enferma, secularizada,
jamais transformará em prática este texto de Romanos
11.36.
O texto de Colossenses 3 nos oferece alguns sub-
sídios para analisarmos os efeitos desta secularização
na vida da igreja. Escrevendo aoseR~.ios..._Q~'J 5.15-27),
Paulo faz uma referência tremendamente valiosa sobre
a igreja, embora estivesse falando sobre família. Diz ele
que Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por
ela, para a santificar, purificando-a com a lavagem da
água, pela palavra, para apresentar a si mesmo, igreja
gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem qualquer coisa
semelhante, mas santa e irrepreensível.
Ao falar dos desígnios de Deus para a igreja, Paulo
está colocando o alvo da igreja, a meta da igreja, a noi-
va caminhando na direção do noivo a fim de encon-
trar-se sem mácula, nem ruga nem qualquer coisa se-

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CURANDO AS ENFERMIDADES DA IGREJA

melhante. Mas o mundanismo, a secularização, nada


mais é do que a tentativa de Satanás de inviabilizar este
encontro maravilhoso da igreja gloriosa, santa, com o
noivo: o próprio Jesus Cristo.

QUEM FAZ A CABEÇA DA IGREJA?


Quando o mundo invade a igreja, ocorre uma inver-
são na estrutura depensamento da igreja (v. 1,2)

Quando o mundo entra na igreja, a primeira coisa


que ocorre é uma inversão na estrutura do pensamento
dos crentes. Paulo escreveu aos colossenses: "Pensai nas
coisas que são de cima, buscai as coisas que são de cima,
onde Cristo está assentado à destra de Deus". Em Ro-
manos 12.2, Paulo diz: "Não vos conformeis com este
mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa
mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradá-
vel, e perfeita vontade de Deus".
Is -Quando o mundo está na igreja, os crentes pas-
sam a pensar de acordo com os incrédulos. Os crentes
adotam as filosofias do mundo, aceitam as ideologias
secularizadas e secularizantes do mundo. Os crentes
passam a emitir opiniões mundanas, a fazer declara-
ções secularizadas e a santidade se esvai pelos poros da
igreja, o corpo vivo de Cristo, tudo porque o mundo a
invadiu.
Ainda não entendemos o modo de pensar de mui-
tas pessoas, embora estejam elas dentro da igreja. Cris-
to está fora, a Palavra de Deus está fora do seu pensa-
mento, das suas conjecturas, dos seus planos e até mes-
mo dos seus sonhos, porque o mundo invadiu e to-

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" I ,11'1 Illi I iIII I i i ql " ' I II I " I II I I II III ,


CURANDO AS ENFERMIDADES DA IGREJA

mou conta do coração da igreja. É por isso que no tra-


balho, na universidade, para o vizinho, muitas vezes o
crente não tem o que dizer, o que ministrar, o que com-
partilhar; porque o que está dentro dele, na sua mente,
nada mais é do que aquilo que está na mente, no cora-
ção de qualquer pessoa incrédula, afundada na lama
do pecado. Porque o mundo invadiu a igreja.
Algumas expressões têm sido cunhadas no seio da
igreja para justificar pensamentos e comportamentos
equivocados: "Isso não tem nada a ver"; "Não tem nada
a ver, eu posso fazer isso, aquilo, ter essa opinião, aque-
le pensamento". Quem assim procede esquece que o
ideal de Deus para a igreja é que ela tenha um só modo
de pensar, como ensina a Palavra de Deus: o pensa-
mento que emana da ação do Espírito Santo de Deus
na vida da igrej a.
Quando o mundo invade a igreja, ocorre uma alte-
raçã~ dãninha, satânica, que~sestrutura o pensament~
da igreja, e então o marido trata a mulher como se fosse
~ma empregada, a esposa não respeita nem dignifica o
seu lar, os filhos não obedecem os pais, porque o pensa-
mento, a mente, a cabeça dessas pessoas estão sendo fei-
tas pelo mundo, pela mídia e não pela Palavra de Deus.
a que tem feito a sua cabeça? a que tem funda-
mentado e se constituído na base do fundamento teó-
rico do seu comportamento? De que você lança mão
dia-a-dia para resolver os seus problemas? E na hora de
tomar uma decisão, de que você, igreja de Deus, noiva
de Cristo, lança mão? Em quantas portas você bate antes
de abrir a Palavra de Deus? A quantas pessoas você ré="
corre antes de.consultar as Escritur~~?---~--~-

21
CURANDO AS ENFERMIDADES DA IGREJA

,o crente começa a fazer concessões e a abrir mão


\----_~_----

de valores, princípios, doutrinas e troca coisas, que ant~s


~!am tremendamente importantes, fundamentais para
a construção de sua identidade cristã, por qualquer
promessa de melhoria çircunstancial na sua vid;,t.
Crentes freqüentando tendas de espíritas; crentes
indo atrás de curandeiros; crentes buscando os gurus;
crentes telefonando para aconselhamentos místicos ou
esotéricos; crentes usando a Internet para consultar o
misticismo; crentes valendo-se de recursos podres pos-
tos à disposição de uma sociedade completamente atin-
gida pela podridão espiritual e moral. E a Palavra de
Deus fechada na estante da casa do crente.
Um manancial nas Escrituras, a riqueza da Pala-
vra do Senhor, marginalizada, deixada de lado! É o
mundo entrando na igreja e alterando o modo de o
crente encarar a vida. Um homem crente não é mais
diferente de um incrédulo. Uma mulher crente não
difere mais de uma incrédula. O jovem crente é tal qual
o jovem descompromissado com Cristo e sem ter sido
lavado pelo sangue do Cordeiro.
Onde está a diferença? Onde está a distinção? O
que diferencia um homem crente de um incrédulo? A
mulher incrédula de uma crente? Um jovem santo de
um jovem secularizado, compromissado com o pecado?
A diferença é a pessoa de Jesus. Cri~Jº, é a-l2I_~sença
.do Espírito Santo. É a busca na qual esse homem ou
essa mulher ou esse jovem se envereda para atingir o
ideal da santidade na vida cristã.
Será que o mundo tem entrado em seu lar? Será
que o mundo já tem mudado a sua maneira de pensar?

22
I; I ;I I I! ~ I" I~ ii I i i j ii I I' I
I I' I ,I I I ~ I ii I i' i I~ i
CURANDO AS ENFERMIDADES DA IGREJA

Ainda justificamos: "Eu não orei hoje, mas amanhã eu


vou orar"; "Já faz algum tempo que eu não reúno a
minha família para estudar a Palavra de Deus, para fa-
}er o cul to 40rp~~~ic2, I1l3~ S:()ITl es.~~çQ!I~:.çQJ:reda vida,
._agel1te.lll:lfl_ca teJ:l1te_~po para nada".
E as argumentações e justificativas vão enchendo
a nossa cabeça e começam a comandar a estrutura do
nosso pensamento e do nosso raciocínio.
Poveíte é um verbo (povéo) grego que significa pla-
nejar, pensar, sonhar, afeiçoar-se. "Pensai nas coisas que
são de cima, e não nas que são da terra". Paulo não está
propondo uma espécie de marginalização da igreja, nem
propondo que a igreja saia do contexto social no qual
está inserida; Paulo está propondo uma mudança no
foco de atenção da igreja, na prioridade da igreja: "a
prioridade na vida do crente é Jesus Cristo, seu reino,
sua igreja e a sua obra. E o crente vive por causa disso;
tudo o que ele faz, faz por causa de Jesus: 'Porque Dele,
por Ele e para Ele são todas as coisas" (Rm 11.36 ).
O crente estuda na universidade, desempenha pro-
fissionalmente bem o seu trabalho, é um marido exem-
plar, um bom amigo, é um cidadão notável, tudo pen-
sando em Jesus. "Tudo quanto fizerdes por palavras,
ou por obras, fazei em nome do Senhor Jesus Cristo,
dando por Ele graças a Deus Pai".
A minha preocupação não estará mais na terra,
nas coisas deste mundo. A minha preocupação, o meu
pensamento, os meus sonhos, os meus planejamentos
focarão a pessoa de Jesus, o reino de Deus.
Observe como a ênfase paulina está em perfeita
harmonia com os ensinamentos de Jesus: "Mas buscai

23
CURANDO AS ENFERMIDADES DA IGREJA

em primeiro lugar o reino de Deus (...) e todas as de-


mais coisas vos serão acrescentadas" (Mt 6.33). O crente
busca o reino e as coisas lhes são acrescentadas, en-
quanto o incrédulo busca e se esvai na busca das coisas.
Crentes buscando, se desgastando, sofrendo por
causa de coisas é o retrato de uma pessoa secularizada
cuja estrutura de pensamento sofreu a contaminação
da secularização. Os reflexos disso podem ser vistos na
sua vida, em sua família, em seu procedimento e até no
seu comportamento.

o QUE PRECISA DEIXAR DE EXISTIR NA IGREJA?


Quando o mundo invade a igreja, ocorreuma inver-
são na estrutura do comportamento da igreja (v. 4-11)

Esse texto também nos autoriza a dizer que quan-


do o mundo invade a igreja, além de ocorrer uma in-
versão na estrutura do pensamento dos crentes, acon-
tece também uma inversão na estrutura do comporta-
mento dos crentes. Agora, o crente não está apenas pen-
sando como incrédúG", mas se comportando co~
Jiéduf~: Estise~-do incrédulo no seu comportamento.
Ele começa agora a experimentar a "esquizofrenia"
espiritual. É crente mas se comporta como incrédulo.
Está vinculado à igreja, mas as suas atitudes não são a
de alguém comprometido com Cristo.
Eu gosto do efeito que a leitura da Palavra de Deus
provoca na nossa alma. Vejam o tipo de coisa que Pau-
lo detecta no seio da igreja: "Exterminai, pois, as vossas .
inclinações carnais: a prostituição, a impureza, a pai-
xão, a vil concupiscência, e a avareza, que é idolatria;

24
I 1,1,1 i' I ii I I II 1,1 I III i
CURANDO AS ENFERMIDADES DA IGREJA

pelas quais coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da


desobediência; nas quais também em outro tempo
andastes, quando vivíeis nelas; mas agora despojai-vos
também de tudo isto: da ira, da cólera, da malícia, da
maledicência, das palavras torpes da vossa boca; não
mintais uns aos outros, pois que já vos despistes do
homem velho com os seus feitos, e vos vestistes do novo,
que se renova para o pleno conhecimento, segundo a
imagem daquele que o criou; onde não há grego nem
judeu, circuncisão nem incircuncisão, bárbaro, cita,
escravo ou livre, mas Cristo é tudo em todos".
Paulo não está escrevendo para os gentios, mas sim
para a igreja, e diz: "exterminai a prostituição". Prosti-
tuição dentro da igreja, adultério, fornicação, pecados
morais? Porque quando o mundo inverte a estrutura
do pensamento da igreja, então o passo seguinte é os
crentes começarem a se comportar como incrédulos.
Crentes com duas ou três famílias. Crentes men-
tindo e roubando. Crentes envolvidos em esquemas de
corrupção. Crentes abrindo mão de princípios e dou-
trinas. Crentes tendo comportamento que se harmo-
niza muito mais com o inferno do que com a igreja.
Sabem por quê@rque o mundo i~ilJ <J igreja!
O vocabulário do crente é o vocabulário do incré-
dulo. O vestuário do crente é o vestuário do incrédulo.
O modo de agir do crente é o mesmo do incrédulo.
Porque a sua cabeça foi feita pelo mundo e o seu com-
portamento agora é mundano.
Paulo diz: "impureza, paixão, concupiscência, ava-
reza que é idolatria". Estas coisas estão dentro da igreja,
e Paulo usa um verbo fortíssimo no grego: "exterminai".

25
CURANDO AS ENFERMIDADES DA IGREJA

É a idéia de extirpar o pecado de tal maneira que não


fique qualquer seqüela. É a idéia de que o homem, a
mulher, o jovem que se descobre enfermo, que encara
a sua doença, que assume' o seu estado de enfermidade,
abra o seu coração para Deus e diga: "Senhor, extirpa
de mim o pecado que dilacera a minha alma e que pro-
voca mazelas em meu coração. Extirpa de dentro de
mim aquilo que não o agrada, Senhor". O adúltero se
transforma em um homem fiel; a adúltera, em uma
mulher fiel; o mentiroso ou mentirosa, num ser que
prima pela verdade e honestidade, pela transparência.
O namoro do jovem cristão não é mais um namoro
mundano, carnal, onde tudo aquilo que Deus produ-
ziu no seu coração como bênção se transforma em cha-
cota inspirada por Satanás.
,Diz a Palavra do Senhor que um dia o diabo lan-
iOU um desafio sobre a vida de um homem chamado

Já. E à medid~ que o diabo ia argumentando, Deus ia'-


~~;fi~o em Já. "Ele tem a família,- toque na famíli~-­
~k-t~~~itos bens, togue nos bens; ele tem saúci~,
c
toque na sauide"
e . <,

A imagem que vem ao meu coração, à minha men-


te, quando leio o livro de Já, é que o diabo se aproxi-
mou de Deus com uma gargalhada preparada. Ele es-
tava na expectativa de que aquele homem, considerado
por Deus como sendo um servo bom e fiel, caísse, blas-
femasse, e então ele daria uma gargalhada diante de
Deus. Mas sabe o que aconteceu? A Bíblia diz que Já
perdeu tudo e todos; a Bíblia diz que Já padeceu enfer-
midades; mas também a Bíblia diz que o diabo não
deu nenhuma gargalhada diante de Deus.

26
I II III,
I I' I I II ,I 'I ,I I ,,'
CURANDO AS ENFERMIDADES DA IGREJA

Sabe qual a imagem que vem à minha mente quan-


do olho para José no palácio de Potifar, diante daquela
mulher, como protótipo do mundanismo, que tentava
José para que dormisse com ela? A imagem que vem à
minha mente é a do diabo armando uma gargalhada
para soltar diante de Deus. E aquela mulher se aproxi-
mou de José e disse: "Deita-te comigo". José falou:
"Como eu vou fazer isso, e pecar contra o meu Deus?".
José foi para a masmorra, padeceu, mas o diabo não
deu nenhuma gargalhada diante de Deus por causa de
José.
E a pergunta que se impõe neste momento é: A
sua vida tem sido motivo de gargalhadas de Satanás
diante de Deus? Na sua família, no seu trabalho, no
seu dia-a-dia, como tem sido o seu procedimento? Você
tem procedido como um crente lavado pelo sangue do
Cordeiro ou como um homem mundano, comprome-
tido com o pecado?
Quando o mundo invade a igreja, ocorre uma in-
versão na estrutura do pensamento da igreja, impõe-
se, então, o que está em Romanos 12: a renovação da
mente pela ação do Espírito.
Quando o mundo invade a igreja, acontece uma
inversão na estrutura do comportamento da igreja; aí é
necessário o resgate da vestimenta do novo homem que
foi colocado em você. Sabe o que isso significa? Que
no dia em que você aceitou a Jesus, foi vestido, diz o
texto, pela vestimenta do novo homem. Você foi des-
pido do velho homem. E essa nova vestimenta tem que
ser resgatada pelo poder de Deus.

27
CURANDO AS ENFERMIDADES DA IGREJA

o QUE O MUNDO ROUBA DA IGREJA? .


Quando o mundo invade a igreja, torna-se impres-!
cindível sua reação, na buscapela santidade (v.12-17) ,.~J \ ~.

o apóstolo Paulo usou o verbo revestir: "Revesti-


vos pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de
coração compassivo, de benignidade, humildade, man-
sidão, longanimidade, suportando-vos e perdoando-vos
uns aos outros. Se alguém tiver queixa contra outro,
assim como o Senhor vos perdoou, assim fazei vós tam-
bém. E, sobre tudo isto, revesti-vos do amor, que é o
vínculo da perfeição. E a paz de Cristo, para a qual
também fostes chamados em um corpo, domine em
vossos corações; e sede agradecidos. A palavra de Cris-
to habite em vós ricamente, em toda a sabedoria;
ensinai-vos e admoestai-vos uns aos outros, com sal-
mos, hinos e cânticos espirituais, louvando a Deus com
gratidão em vossos corações. E tudo quanto fizerdes
por palavras ou por obras, fazei-o em nome do Senhor
Jesus, dando por ele graças a Deus Pai".
E agora, o apóstolo Paulo ensina para os
colossenses, e para nós, o que deve estar no coração
daquele que louva a Deus: gratidão pelo resgate; grati-
dão pela transformação.
Eu vou louvar a Deus não sob a atitude de hipo-
crisia religiosa, absurda, intolerável, intragável. Eu vou
louvar a Deus porque Ele me perdoou, me restaurou,
porque a Palavra de Deus me ensinou e advertiu, e pela
habitação dessa palavra em minha vida.

--=--:-
Quando a Palavra de Deus habita no crente, o
~---r-T"""" __ --r-_n_r---t_1~
~undo não entra na vida dele. Quando a Palavra habl-

28
II 11'1 III, II III, I I di II ' I I' I I II I ,I II I I II " III I
CURANDO AS ENFERMIDADES DA IGREJA

ta ricamente, não superficialmente, o mundo passa por


ele mas não entra, porque não há espaço para o mundo
num coração cheio da Palavra de Deus!
Neste tempo, a igreja de Jesus precisa ser curada
do mundanismo, da secularização, lembrando que
quando uso a palavra igreja, estou falando da minha e
da sua vida.
É tempo de você analisar você mesmo. É tempo
de você imitar Davi em sua oração: "Sonda-me, ó Deus!
E conhece o meu coração. Vê se há em mim algum
caminho mal e guia-me pelo caminho eterno". É tem-
po de você fazer uma análise pessoal e perguntar a si
mesmo: "Será que o diabo tem dado gargalhadas dian-
te de Deus por minha causa?"

29
A IGREJA DA SUPERFÍCIE

Curando a superficialidade espiritualpela Palavra


(Aros 2.42-47)

Estamos declarando, neste livro, que a igreja da


atualidade está enferma, atingida por um vírus,
infectada, contaminada, portanto, debilitada, inapta,
do ponto de vista amplo e pleno desta palavra, para
enfrentar este tempo difícil que está a desafiá-la como
corpo vivo de Jesus Cristo.
Se a igreja não for curada dessas enfermidades, não
suportará o "tranco" daqui para frente. O inimigo está
com todas as suas armas direcionadas contra o povo de
Deus. E aqueles que forem pegos sem terem curado suas
chagas, suas mazelas e resolvido suas questões íntimas di-
ante do Senhor serão surpreendidos com a ação do inimi-
go, e muitos soçobrarão. Porém, quando declaramos en-
ferma a igreja de Deus, não estamos nos distanciando de
uma realidade bíblica e teológica muito maior do que esta
realidade histórica da enfermidade da igreja, ou seja, a re-
alidade do poder do Senhor Jesus Cristo, o cabeça da igre-
ja, o Jesus que está assentado sobre o trono. O Senhor
Jesus Cristo que tem o cetro em suas mãos e a coroa da
majestade e da autoridade em sua cabeça. Jesus é o dono
de todo poder, de toda honra e de toda glória.
A igreja está enferma, mas nós estamos mergulha-
dos na Palavra do médico dos médicos, aquele que abre
e ninguém fecha, que fecha e ninguém abre, aquele que
é o alfa e o ômega, o princípio e o fim, o Rei dos reis e
o Senhor dos senhores.
CURANDO AS ENFERMIDADES DA IGREJA

Não importa a profundidade do abismo em que


você caiu, ou a intensidade das trevas que cercam o seu
coração. Não importa o nível, o grau de tristeza, de
amargura, ou de solidão que assola o seu coração. Jesus
Cristo pode e vai curar a sua vida, desde que você abra
uma linha de acesso ao Espírito Santo de Deus.
Igreja enferma, padecendo num mundanismo ou
na secularização. Enferma, afirmamos ainda, carente,
padecendo, sofrendo por causa de uma doença que nós
chamamos de superficialidade espiritual.
Estamos vivendo o tempo da igreja na superfí-
cie. Quero defender a tese da possibilidade santa de a
igreja sair da superfície e mergulhar nas profundezas
do Espírito.
"E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na
comunhão, no partir do pão e nas orações, e em cada
alma havia temor e muitos prodígios e sinais eram fei-
tos pelos apóstolos. Todos os que criam estavam uni-
dos e tinham tudo em comum. E vendiam suas proprie-
dades e bens e os repartiam por todos, segundo a ne-
cessidade de cada um. E, perseverando unânimes to-
dos os dias no templo, e partindo o pão em casa, comiam
com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus, e
caindo na graça de todo o povo. E cada dia acrescentava-
lhes o Senhor os que iam sendo salvos" (At 2.42-47).
Uma das armas mais terríveis que o inimigo tem
usado para enfraquecer ou pelo menos diminuir o im-
pacto da ação da igreja na sociedade é exatamente o pro-
cesso de secularização da igreja. É empreitada que tem
como propósito mundanizar a igreja, trazer o mundo
para dentro da igreja e levar uma igreja mundanizada e

32

" !, iI ~ I, " " I" I " I II ' I I' I I " I I. I ,I I I II III ,


CURANDO AS ENFERMIDADES DA IGREJA

contaminada, secularizada, para as ruas das cidades. Sem


autoridade, pobre; uma igreja cabisbaixa, sem poder, que
não influencia em nada. Uma igreja que não faz diferen-
ça, que não muda a ordem natural das coisas, uma vez
que está comprometida e vinculada, e, além disso, está
comportando-se dentro daquilo que preceitua a socie-
dade do mundo contemporâneo.
Outra arma que o inimigo tem usado é este movi-
mento de superficialidade de vida cristã. Observe uma
pessoa nadando. Ela se diverte, dá braçadas, se cansa,
vai e volta e ainda tem as ondas. Ela quer testar sua
resistência, sua capacidade de nadar, mas está na super-
fície. Se você observar o mergulhador, a coisa muda.
Ele vai fundo e encontra coisas que da superfície não se
poderia imaginar que existissem.
Há uma tendência a um relacionamento superficial
com Deus em todas as dimensões a serem imaginadas.
Crentes da superfície, que se contentam com um
relacionamento lúdico com Deus em todas as dimen-
sões da vida cristã. Crentes que têm sido religiosos
mas não estão sendo cristãos, na essência do signifi-
cado da palavra "cristão". Crentes que estão adotan-
do um estereótipo religioso, uma roupa de religioso,
algumas condutas religiosas, algumas rotinas de vida
que fazem com que sejam confundidos com cristãos
devotos. É só casca de uma fachada inócua, inoperante,
absolutamente inútil e descartável. Uma espécie de fé
comprada em supermercado. Poder adquirido em
consórcio: você paga as prestações e pensa que algum
dia vai ser contemplado pelo poder de Deus. E a ten-
dência de você estar investindo a longo prazo para

33
CURANDO AS ENFERMIDADES DA IGREJA

um dia, quem sabe, sentir uma brisa entrando pela


janela, ver alguma coisa mística acontecendo. Você se
vê levitando. É a imagem que você faz de que um dia
isso acontecerá em sua vida. A Palavra de Deus nos
ensina algo bem diferente acerca do propósito ou do
sonho de Jesus para a sua igreja.
Há quem esteja fazendo muito a título de estar
trabalhando para Deus. Estão fazendo, operando, rea-
lizando. Estão fazendo alguma coisa para Deus sem ter
um compromisso pessoal com o Senhor. E uma das
realidades bíblicas é a verdade que nos ensina que só
posso fazer para Deus se primeiro Deus fizer em mim.
Só posso trabalhar para Deus com profundidade, se
Deus trabalhar em mim com profundidade. Tanto mais
eu trabalharei para o Senhor, quanto mais eu permitir
que Ele trabalhe em mim. Tanto mais farei, produzirei
e realizarei para Deus, quanto mais Ele produzir e rea-
lizar em mim. Eu posso fazer desde que Deus faça em
minha vida, no meu coração. Não posso apenas repro-
duzir gestos, imitar comportamentos ou posturas; não
posso fingir ou representar o que vivo no dia-a-dia.
Tenho que permitir que o resultado prático da minha
ação no dia-a-dia seja produto da ação de Deus na mi-
nha vida e no meu coração. Ele age em nós e o seu
Espírito em nós opera.

DIMENSÕES DA SUPERFICIALIDADE (v. 42)

As enfermidades da superficialidade na vida cristã


e no compromisso com Deus têm algumas dimensões
e este texto nos ensina sobre elas.

34

I 'I I I, ! ,Ii I; ~ ii I i , II I I' I I I I I ,I 'i I I" ,I ,IIi,


CURANDO AS ENFERMIDADES DA IGREJA

o texto diz (v. 42) que aqueles crentes, no primeiro


momento de peregrinação histórica na igreja, nutriam
a capacidade de perseverar na doutrina dos apóstolos,
na comunhão, no partir do pão e nas orações.

A dimensão da Palavra

A primeira dimensão em que o crente deve viver é


a dimensão da Palavra, da doutrina, do ensinamento.
Neste' sentido, a superficialidade é catastrófica, dani-
nha. A pior coisa é o crente que tem o conhecimento
apenas superficial da Palavra de Deus. Conhece alguns
textos, vive com aquelas caixinhas de promessas, como
se as mesmas resumissem toda a Escritura. Anda para
baixo e para cima com adesivo nos carros, como se os
adesivos fossem uma síntese da Palavra de Deus. Os
quadros estão pregados na parede. Nada há de errado
com essas coisas, conquanto que nós não limitemos a
elas todo o nosso relacionamento com a Palavra de
Deus. É bom que tenhamos adesivos, quadros, mas
nada disso substitui o estudo pessoal da Palavra de Deus.
O sermão que você ouve domingo na igreja, o estudo
da escola dominical, nada disso substitui o estudo pes-
soal da Palavra do Senhor. É muito fácil nos emocio-
narmos com a Bíblia, quando participamos de um con-
gresso:
- Olha, pastor, eu nunca tinha percebido esta li-
ção neste texto!
- É claro, você nunca abriu neste texto, nunca o
leu, jamais estudou com profundidade. Como as lições
do texto aflorarão diante dos seus olhos e do seu cora-

35
CURANDO AS ENFERMIDADES DA IGREJA

ção, se você se limita a um relacionamento superficial


com a Palavra?
Quantas pessoas não abrem a Bíblia, não a estu-
dam, não investem tempo nela, não se preocupam com
ela.
A Bíblia diz que os apóstolos de Jesus Cristo che-
garam em um momento, num instante da história da
igreja em que pararam e disseram: "Olha, temos que
tomar uma atitude! Precisamos, como apóstolos de
Jesus Cristo, de tempo para a Palavra e para a ora-
ção!" (E hoje, fazemos tantas coisas que não estamos
tendo tempo para a Palavra e para a oração.) Eles es-
colheram pessoas que pudessem ajudá-los em várias
outras tarefas a fim de eles se reservarem para estudar
a Palavra e orar.
Como tem sido o seu relacionamento com a Pala-
vra de Deus?
Sabe o que acontece com o crente que depende do
outro para crescer na Palavra? Depende do sermão do
pastor, da aula dos professores da EBD, do livro que
está lendo, depende sempre do outro. O que acontece
com esse crente é que no dia em que o outro falha, no
dia em que o outro cai, em que o outro ensina uma
heresia e distorce a Palavra, ele embarca nestas águas e
nelas vai flutuando. Águas, que, na verdade, o fazem
submergir no pecado da heresia.
Mas quando o crente abre a Palavra e diz: "Se-
nhor, me fale através da sua Palavra! Quero estudar,
não quero apenas entender intelectualmente, mas sen-
tir e perceber o seu recado, a sua mensagem nas Escri-
turas".

36
CURANDO AS ENFERMIDADES DA IGREJA

Em Mateus 13, Jesus fala a respeito dos semeado-


res que saíram a semear. E disse Jesus que parte da se-
mente caiu à beira do caminho e depois, no final do
capítulo, explicando o significado da parábola, afirmou
que aquela semente que caiu à beira do caminho repre-
senta aquelas pessoas que aceitam a Palavra superficial-
mente. Não têm raiz. Quando vem a perseguição, as
aflições por causa da Palavra, logo se ofendem. A raiz
não está fincada no coração, está na superficialidade.
Vem o diabo e arrebata o que foi semeado na beira do
caminho.
Lembra daquele dia em que você chorou, se emo-
cionou, e duas semanas depois se esqueceu de tudo o
que ouviu? Lembra quando você foi à frente atenden-
do o apelo de um pregador e derramou a sua alma? A
Palavra de Deus foi como um torpedo, como um mís-
sil atómico que atingiu seu coração, arrastou você até o
altar e você foi chorando e soluçando porque Deus lhe
falou ao coração. Mas você saiu dali, e no dia seguinte
contou aos seus amigos. Um, dois dias depois você fa-
lava menos sobre o ocorrido. Uma semana depois nin-
guém o ouvia falar nisso. Você foi se esquecendo e em
pouco tempo está perguntando a um de seus amigos:
"Quando será o próximo congresso, para que eu possa
ter uma nova experiência com a Palavra de Deus?"
Há os que têm experiência com a Palavra de Deus
de congresso em congresso. Têm experiência com a
Palavra de Deus de tempos em tempos, de domingo a
domingo. Entre um domingo e outro há uma semana
de batalha espiritual que não se vence sem a Espada do
Espírito, que é a Palavra de Deus. Onde está ela? No

37
CURANDO AS ENFERMIDADES DA IGREJA

porta-luvas do automóvel? Na estante da sala? No cria-


do-mudo do quarto? Aberta no Salmo 91, com essas
páginas amareladas, na mesinha de centro da sala?Onde
está o seu amor para com esse Deus que você emudece
diariamente por não abrir as Escrituras ?
Vejo nos tempos atuais a igreja colocando uma
mordaça na boca de Deus. Todas as vezes que a Palavra
não é aberta, não é lida, não é estudada está dizendo:
"Cale a boca, Senhor!". É duro ler isso, mas esta é a
mais pura verdade. E do outro lado da história temos
um Deus tremendamente angustiado por não falar,
querendo declarar os seus desígnios, querendo alertar,
avisar, mas está amordaçado porque você não permite
que Ele fale, por estar longe da sua Palavra. E Deus vê
você caminhando a passos largos para se frustrar num
relacionamento, para "quebrar a cara' num investimen-
to, prestes a naufragar num lamaçal de pecados e não
pode ajudá-lo, alertá-lo. Ele está amordaçado porque
você não lhe dá uma chance para falar ao seu coração.
A Palavra existe, é bonita, ela tem uma bela capa boni-
ta, mas ela tem zíper e está fechada. Ela não está aberta
porque você não a lê nem a estuda.
O pior quadro desta igreja contaminada pela su-
perficialidade espiritual é que, às vezes, ela assiste uma
partida de futebol, um capítulo de novela, um seriado
na TV; um filme com um artista famoso, perde tempo
na fila do teatro, mas não fica diante da Palavra de Deus
10, 20 minutos por dia!
O que entristece os que ministram na proclama-
ção da Palavra é que quanto mais mergulham na Pala-
vra mais descobrem tesouros que jamais serão desco-

38
CURANDO AS ENFERMIDADES DA IGREJA

berros por aqueles que nunca mergulham (ficam na su-


perfície, se divertindo com a Palavra). Os que mergu-
lham encontram as riquezas da Palavra e a estes incomo-
da olhar para uma igreja que não sabe sequer narrar as
mais simples histórias bíblicas e delas extrair seus signifi-
cados. É triste ver um irmão de 10,20,30 anos de igreja
que precisa telefonar para o pastor para que o pastor fale
de Jesus para um amigo dele. Já ouvi algumas vezes:
- Pastor, posso levar um amigo até a sua casa para
o senhor pregar o Evangelho para ele?
Todo esse tempo na igreja e não tem condições de
declarar a razão da esperança que há em seu coração.
Que lástima!
Uma igreja longe da Palavra, amordaçando Deus,
é uma igreja na superfície, se divertindo com o Reino
de Deus.
Você sabe o que é massa, ajuntamento? Há muita
gente no meio da massa, no ajuntamento. Está no cul-
to, na igreja, como se estivesse num clube ou num ou-
tro ajuntamento qualquer que lhe dê algum tipo de
satisfação emocional.
Um dia, uma mulher me assustou. Quando ter-
minou o culto na igreja ela me disse:
- Pastor, eu venho aqui porque esse culto é
terapêutico para mim. Estou cheia de problemas. Aqui
fico aliviada, pelo menos dá para passar a semana.
Quanta gente substituindo os tratamentos de pro-
blemas graves em suas vidas por um relacionamento
apenas lúdico com a igreja. Quantos já se acostuma-
ram com isso! Mas quando há perseverança na doutri-
na, na Palavra de Deus, as coisas são bem diferentes.

39
CURANDO AS ENFERMIDADES DA IGREJA

Não faz muito tempo um jovem universitário me


abordou, cheio de si, como que detendo o maior dos
conhecimentos:
- Pastor, preciso falar com o senhor. Tenho algo
tremendo para compartilhar.
Pedi que ele marcasse uma hora com a secretária.
Ele me disse que o que tinha a dizer era urgente. De-
pois do culto, ele me falou:
- Pastor, o senhor já ouviu falar da bênção de To-
ronto?
Então, eu disse a ele:
- Você já ouviu falar da bênção do Calvário? Eu
quero falar primeiro, meu jovem, sobre a bênção do
Calvário e depois, se você achar que precisa, pode me
falar da bênção de Toronto.
Abri a Palavra de Deus para ele, como se ele fosse
um incrédulo. Li todos aqueles versículos que narram
Jesus sendo humilhado e padecendo por ele, subindo
ao Calvário com a cruz, morrendo por ele. Eu disse:
- Meu filho, esta bênção me basta. Esta bênção
que a Palavra de Deus me ensina me basta. Ela é com-
pleta, plena. Se você a tem, não precisa de nada mais,
absolutamente nada.

A dimensão da comunhão

!'-
Palavra do Senhor diz que os apóstolos perseve-
.
raram na comunhão, no envolvimento com os irmãos.
Se é meu irmão em Cristo, aqui está a minha igreja, o
povo de Deus, a minha família. Eu preciso me relacio-
nar, criando vínculos profundos com esta igreja, com o

40

I I 11,1 I'" 'iI' II I j, I I I


CURANDO AS ENFERMIDADES DA IGREJA

povo de Deus. Devo criar intimidade com esta igreja.


Não posso me limitar a um relacionamento superficial
com o povo de Deus..:_º-..!"<:!~<:ionamento tem de ser
cultivado dia a dia. Os meus ~eih-;-r~~s-;migo-sestão
. cl~I1t~~~a igreja, eu pre~~~~~;;Tá~-;~bén;: Ã~-pessoas
nas quais eU.~()I1.B.9_~~~ã_?J~ dentro; eu preciso estar lá
também. Eu tenho de pedir ao Espírito de Deus que
me capacite a criar vínculos com o povo de Deus. Esta
é a essência do termo koinonia, do Novo Testamento:
comunhão, vínculo. Quando eu abraço, aperto a mão
de um irmão em Cristo, algo diferente acontece.
Uma das imagens que mais me têm tocado em
minha vida cristã é a de dois jovens na capa de uma
revista, um com a mão no ombro do outro, orando.
Por que não posso me encontrar com um irmão em
Cristo, em praça pública, que diga para mim:
- Lécio, ore por mim, estou com problemas.
E por que não colocar a mão no ombro dele e dizer:
- Senhor, abençoe o meu irmão em Cristo, por-
que ele é meu irmão e eu o amo. E porque o amo,
quero que o Senhor o abençoe e dê a ele o suprimento
de suas necessidades. Por que tenho de procurar um
cantinho escuro? Por que não posso olhar nos olhos do
meu irmão e amá-lo, perdoá-lo, compreendê-lo,
entendê-lo e ajudá-lo? Por que não posso, com estas
atitudes, contribuir para o seu crescimento espiritual?
Isso é comunhão.
Uma reunião esporádica, um encontro domini-
cal, saber que ele está sentado do outro lado do tem-
plo, isso não é comunhão. Comunhão é saber quem e
como ele é, do que precisa, quais são suas dores.

41
CURANDO AS ENFERMIDADES DA IGREJA

o homem do nosso tempo tem medo de se relacio-


nar. Tem medo do outro.
As pessoas estão se coisificando, fugindo umas das
outras. Isso pode acontecer no mundo, na igreja, não.
Na igreja somos o povo de Deus, irmãos em Cristo,
lavados pelo sangue do Cordeiro. O nome dele e o meu
estão na mesma "lista de chamada". Quando se fizer
chamada, lá estaremos.
Lembro-me da palavra de Jesus segundo a qual os
fariseus e publicanos subiram ao templo para orar. Ve-
jam que interessante: eles sobem juntos para o mesmo
lugar, têm a mesma proposta, fazem a mesma coisa,
descem juntos, mas não se comunicam. Algo como:
- Meu irmão, qual a sua dificuldade? Está aconte-
cendo algum problema? Quer que eu o ajude em oração?
Quantas vezes você se senta no domingo, na igre-
ja, em um mesmo banco com um irmão de quem nem
o nome sabe?
Vocês ouvem o mesmo sermão. Ao seu lado pode
estar alguém torturado na alma, dilacerado com pro-
blemas emocionais, precisando de alguém que, pelo
menos, encoste a mão em seu ombro e diga:
- Encoste aqui e chore. Quero orar por você.
Mas você está preocupado em cantar, em exercer a
sua religiosidade pessoal, e fica cego.
Diz a Palavra do Senhor que os crentes cultiva-
vam esse envolvimento com os irmãos, mais do que
isso, a referência do partir o pão é um memorial do
Senhor. Naquele momento, quando Jesus esteve com
seus discípulos, ministrou a Palavra também para a so-
lidariedade cristã.

42

I. I ·11'1 III di, II I II I ! I I, I I I" ! I


CURANDO AS ENFERMIDADES DA IGREJA

~ Palavra diz que eles perseveravam em oração.


Aqui está o problema quando não cumprimos nossa
palavra com Deus. Deus nos ouve dizendo: "Senhor,
visite o santuário nesta noite, poisqueremos ouvir a
." -
sua voz". E de segunda a sábado,' Deus nos diz:l"Meu
povo, eu quero ouvir a voz de vocês". Onde está a voz
de vocês? Tenho saudades dos clamores sinceros, que
emanam do coração a respeito do poder de Deus. A
resposta de Deus às nossas orações está pronta. Deus
escuta as nossas orações.
Lembrando de alguns episódios da Bíblia, como,
por exemplo, o de Daniel e o rei Dario. O rei Dario
disse:
- Daniel, me meti em uma situação difícil. Sabe
quem vai pagar opato? Você. Você vai ter que ir para a
.cova dos 1~"º-eJl. Mas quem sabe se o Deus a quem você
serve não tenha misericórdia e o livre .
. E a Bíblia diz, em Daniel 6, que aquele rei decretou
que todos os súditos cressem no Deus de Daniel. .Aquele
rei aprendeu que quando Daniel orava, tinha ~lguém
ouvindo ECdü-aiiAprendeu por que Daniel se curvava
diante da janela que dava para Jerusalém. E quando
Daniel buscava ao Senhor, Deus ouvia do lado de lá.
Ao orarem, pensem que Deus está ouvindo e vai
agir com poder e glória.
O apóstolo Paulo diz que Deus está pronto para
fazer por nós muito mais abundantemente além de tudo
o que pedimos.
Nosso Deus vai além ...
Quem já orou e experimentou isso entende a Pa-
lavra de Deus e sabe que ele vai além.

43
CURANDO AS ENFERMIDADES DA IGREJA

Tenho enfrentado situações difíceis em minha vida.


Em uma delas sofri cinco anos de padecimento, cinco
anos de solidão, cinco anos de busca e luta espiritual, re-
colhendo recomendações e conselhos de toda parte. No
final disso, a graça de Deus veio sobre mim muito mais
além do que eu esperavae imaginava. E foi um banho de
graça, de amor e de misericórdia de Deus. E quando eu
olho para a minha esposa, minha filha, minha família,
minha casa, eu me ajoelho diante de Deus e digo: "Se-
nhor, esta família, minha esposa e minha criança, isso é
muito mais além de tudo o que eu pedi, um dià'.
Diz a Palavra de Deus que eles perseveraram em
oração; eles oravam sem cessar. E Deus ouvia.

PREJUÍZOS DA SUPERFICIALIDADE (vv. 43-47)

o que acontece quando não há profundidade na


Palavra, No envolvimento, na comunhão, no relacio-
namento? O que acontece quando não há solidarieda-
de, nem vida de oração?
"Não há temor na igreja; não há operação do po-
der de Deus na igreja; não há união na igreja; não há
solidariedade cristã na igreja; não há um testemunho
frutífero na igrejà' (v. 46-47).
Segundo o texto, porque a igreja perseverava na
comunhão, no partir do pão e nas orações, por causa
disso havia em cada um o temor, e muitos prodígios e
sinais eram feitos por eles, e todos estavam unidos e
tinham tudo em comum.
O texto diz que eles perseveravam a cada dia, unâ-
nimes, no templo, partindo o pão, em casa, orando

44

I II ",, 'II , II I I "I I I,'


A IGREJA NA RETRANCA
Curando a acomodação pela Palavra
(Romanos 8.18-30)

Eu tive uma experiência com Deus há alguns


anos, participando de uma Assembléia da Convenção
Batista Carioca. Um pouco antes de o orador oficial
assumir o púlpito para pregar a Palavra de Deus, cer-
ca de 1.000 pessoas, que se reuniam no santuário e
adoravam o Senhor, demonstravam grande alegria em
louvar a Deus. Num determinado momento, o presi-
dente da Convenção pediu ao povo que ficasse em pé
e disse:
- Vamos cantar o nosso hino oficial.
O povo começou a cantar uma música que eu
nunca tinha ouvido em toda a minha vida. Aquela
música começou encher o meu coração. Seu título:
"Tudo no altar". Em um determinado momento da
letra os irmãos cantavam assim: "Quando tudo pe-
rante o Senhor estiver e todo o teu ser Ele controlar,
só então hás de ver que o Senhor tem poder, quando
tudo deixares no altar". O povo cantando esta música
e Deus ministrando em meu coração, o Espírito San-
to falando à minha vida sobre a necessidade de abso-
lutamente tudo estar no altar do Senhor. Imediata-
mente me lembrei das palavras de Paulo: "Porque Dele,
por Ele e para Ele são todas as coisas, glória pois a Ele
eternamente". Porque de Jesus, por Jesus e para Jesus
são todas as coisas.
Os perfis do crente e da igreja que estão no coração e
nos propósitos de Deus são estes. Este é o perfil que está
CURANDO AS ENFERMIDADES DA IGREJA

nos sonhos de Deus para a sua igreja. Crentes que estarão


habilitados para atravessar os tempos da história procla-
mando o Evangelho de Jesus. Será que podemos levantar
nossos braços, olhar para cima como que contemplando
a face de Deus, como se pudéssemos olhar nos olhos de
Deus e com toda a sinceridade da alma dizer:
- Senhor, por que tudo é para o Senhor, tudo o
que eu penso, tudo o que tenho, tudo é por causa do
Senhor? Por que Dele e para Ele são todas as coisas.
Poderíamos fazer isso? Olhando dentro de nossa vida
teríamos como dizer: "Senhor é tudo por ti, para ti".
Gostaria de abordar agora mais uma das enfermi-
dades, que em minha visão tem assolado a igreja de
Jesus. Já discorremos sobre o mundanismo e a seculari-
zação. Refletimos também sobre a superficialidade: a
tendência a um relacionamento superficial com Cris-
to, com a Palavra, com a oração, com o envolvimento
na obra de Jesus.

A ACOMODAÇÃO DA IGREJA

Vejo a igreja contemporânea como uma igreja na


retranca. Sabe o que é isso? Você já assistiu a uma par-
tida de futebol em que os times se defendem com oito,
dez jogadores? O time se fecha com propósito único de
oferecer resistência, de oferecer dificuldade, de bloque-
ar o ataque do adversário? Quando o time faz isso, ele
perde a noção do ataque, da ofensiva. Ele se escraviza
na condição ou no condicionamento de defesa. O time
apenas espera o adversário atacar. As únicas recomen-
dações do técnico são para o cuidado com a defesa:

48
I I
CURANDO AS ENFERMIDADES DA IGREJA

- Bloqueie o meio. Marque em cima. Feche o


flanco, tem uma avenida na direita. Fique atrás, não
avance.
Parece-me que a igreja do Senhor Jesus, neste tem-
po difícil em que vivemos, tem sido uma igreja na
retranca e, portanto, acomodada a uma situação de
defesa da fé. Nós lemos que quando a igreja assume
essa posição de retranca, ela foge dos ideais dos sonhos
do Senhor Jesus para ela. Quando uma igreja começa a
apenas reagir aos ataques e às ofensivas do inimigo, está
fugindo do objetivo para o qual foi constituída, quan-
do Jesus Cristo disse: "Eu lhe darei a chave do Reino
dos Céus, e o que ligares na terra será ligado nos céus".
Parece-me que estamos vivendo num tempo em
que a igreja está perdendo a visão da ofensiva, do ata-
que, de partir "para cima" do inimigo e de conquistar a
terra; de colocar a planta do pé onde Deus apontou ser
a terra da promessa. Isso nos transporta a um tempo na
história, quando, uma vez tendo atravessado o Rio
Jordão a pés enxutos, o povo de Deus estava diante da
Terra da Promessa, da Terra Prometida. Algo que há
muitos anos chegava ao coração do povo por promessa
de Deus: "Eu vos farei adentrar numa terra que mana
leite e mel".
Agora a terra estava diante dos olhos do povo, e o
povo disse: "Senhor, qual é o limite, qual é a extensão,
até onde vai a terra da promessa?" Deus responde:
"Onde você pisar a planta do seu pé é a terra da pro-
messa" .
Algo interessante ocorria naquela época. Onde o
povo pisava havia outro povo ali. O povo de Deus tinha

49
CURANDO AS ENFERMIDADES DA IGREJA

de batalhar, guerrear e conquistar a terra da promessa.


Era do povo, mas o povo tinha de guerrear para con-
quistar. Esse espírito de conquista, bem representado
pelas palavras de Deus proferidas por seu servo: "Dize
ao povo de Israel que marche". Deus manda ir adiante.
Esse espírito de avançar, de conquistar a terra,
parece não estar mais presente no coração do povo de
Deus de hoje, que é a igreja. A ideologia reinante,
atualmente, é a de não dar espaço. Não podemos per-
mitir que o inimigo conquiste nosso espaço. Temos
de colocar uma cerca, um muro para proteger nosso
espaço. A Palavra do Senhor, no entanto, manda que
o povo conquiste mais espaço. É tempo de estender
as tendas, de alongar as cortinas. É tempo de aumen-
tar a visão e conquistar a terra que Deus nos tem en-
tregue em nome de Jesus.
Esta doença chamada acomodação, que faz a igre-
ja ficar na retranca, inverteu a estratégia que deve im-
pulsionar a igreja - não conquistar, mas tomar conta
do nosso espaço, não permitir que o inimigo venha
ganhar espaço no nosso campo. A orientação da Pala-
vra é conquistar, marchar, avançar, colocar a planta do
pé, declarar nossa a herdade e conquistá-la pelo poder
do Espírito Santo de Deus.
a sentimento que havia no jovem Davi está au-
sente da igreja contemporânea. Imbuído de toda espe-
rança e expectativa na intervenção de Deus na história,
ele parte para o confronto com Golias, dizendo: "Tu
vens a mim com espada, escudo e lança, mas eu venho
a ti em nome do Senhor dos Exércitos". Eu venho a ti
para conqUlstar, para vencer, para guerrear.

50
i I I I I,
CURANDO AS ENFERMIDADES DA IGREJA

Ao estudar a Palavra do Senhor, percebemos o que


mobiliza o coração de Davi naquela hora. Davi estava
consciente de suas limitações, plenamente cônscio da-
quilo que limitava a sua ação. Estava pronto para ser
ceifado, se Deus assim o permitisse, se assim quisesse.
Mas havia alguma coisa que estava incomodando Davi.
Davi dizia assim: "Eu não posso tolerar as agressões, os
insultos que este incircunciso filisteu está lançando so-
bre o povo de Deus". E com esta revolta na alma, ele
vai ao encontro daquele gigante, em nome do Senhor
dos Exércitos, o EI Shaddai, o Deus Todo-Poderoso,
para conquistar.
Já o texto de Romanos 8.18-30 nos apresenta a cri-
ação, a igreja e o Espírito gemendo. Este texto nos apre-
senta a criação gemendo, na esperança de que os filhos
de Deus sejam despertados e se constituam em canal de
graça, de bênção e de misericórdia. A criação, diz o após-
tolo, está esperando com ardente, com intensa expecta-
tiva a manifestação, o acordar dos filhos de Deus.
A igreja geme também neste texto, mas é um ge-
mido de amor pelos perdidos, um gemido de angústia
por uma geração corrupta, perversa, dominada pelo
mal. É também um gemido de esperança, de expectati-
va, de sonhos da glória de Deus, na manifestação do
seu poder em se instrumentalizar na igreja para a re-
denção do mundo. E o Espírito também geme aqui
neste texto, e é um gemido de angústia, de dor, por
querer ver esta igreja que ora e clama vitoriosa. Esse
Espírito, que nos ajuda na fraqueza e que intercede por
nós diante de Deus com gemidos inexprimíveis; esse
Espírito que, angustiantemente sente dor nas suas en-

51
CURANDO AS ENFERMIDADES DA IGREJA

tranhas, intercede pornós naesperança denos ver igreja


vitoriosa, operosa, anunciando a Palavra do Senhor, para
transformar o mundo. Não uma igreja na retranca, na
defensiva, mas sim uma igreja no campo de ataque, do
meio de campo para frente. Uma igreja que invade a
terra, que conquista, que luta, que batalha, que sai da
retranca.
O destino da igreja, traçado pelo Senhor Jesus, está
em Mateus 16.18 e 19: "Pois também eu te digo que tu
és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e
as portas do inferno não prevalecerão contra ela". A
imagem deste texto é que as portas do inferno se rom-
perão. O inferno está na defesa e a igreja no ataque, e o
ataque da igreja, segundo o sonho de Cristo, será tão
contundente, tão decisivo, tão definido, tão direto, tão
forte, tão poderoso, que as portas do inferno não o su-
portarão. Mas muitas vezes a igreja está acuada no can-
to da sala da sociedade. Ajoelhada, com medo, diante
de muros, de paredes, de cães de guarda, para protegê-
la do inferno. O desejo de Jesus Cristo é que a igreja
avance e ataque até que o inferno desista, até que as
portas do inferno se rompam graças à vida, ao poder,
ao testemunho, à pregação e à influência da igreja na
sociedade.
Vejamos, pois, como se apresenta esta igreja na
retranca.

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I I ' I I I,
CURANDO AS ENFERMIDADES DA IGREJA

A IGREJA NA RETRANCA VIVE SE


DEFENDENDO DO MUNDO
(Romanos 12.1,2)

Quero convidá-lo a uma reflexão bíblica,


neotestamentária, sobre o que acontece ou qual é a
natureza desta igreja na retranca.
É uma igreja que vive apologeticamente, se defen-
dendo dia e noite. Igreja que acorda de manhã e per-
gunta: "De quem me defenderei hoje? Qual será o ini-
migo que vai me atacar hoje?" Você vê um irmão cabis-
baixo, bate no ombro dele e diz:
- Irmão, fique tranqüilo, é assim mesmo, estamos
aqui para sofrer o ataque de todos os lados. Mas fique
firme, resista!
É uma espécie de filosofia de filme de super-heróis.
Você sabe qual é a filosofia desses filmes? É a se-
guinte: o homem bom, a pessoa justa, vai sofrer, se
angustiar. No último momento, o herói, de repente,
vai chegar e salvar a pessoa quando ela estiver quase
morta. Na última hora, quando as luzes estiverem se
apagando, quando o trem estiver chegando para passar
por cima da vítima, naquele último minuto, chega o
super-herói, pára o trem e salva a vítima.
Deus não é super-herói. E a igreja da qual a Bíblia
nos dá relato, incomoda o mundo, faz diferença, im-
portuna a sociedade, muda as estruturas sociais pelo
seu testemunho. O Deus verdadeiro está agindo
diuturnamente na sua vida, no seu coração.
Diz a Palavra do Senhor: "Eis que não dormirá,
não cochilará, não tosquenejará aquele que guarda Is-

53
CURANDO AS ENFERMIDADES DA IGREJA

rael. O Senhor é quem te guarda. Ele é a tua sombra, a


tua mão direita", Ele vai à sua frente. Ele é o seu gene-
ral quando partir para a conquista da graça, da bênção
e da vitória.
A igreja na retranca vive se defendendo do mun-
do. Ela está preocupada com a influência e o compor-
tamento do mundo. Preocupa-se em se defender. A
Palavra de Deus manda que a igreja assuma uma pos-
tura de inconformismo em relação ao mundo. "Rogo-
vos pois irmãos, pela compaixão de Deus, que
apresenteis os vossos corpos, como sacrifício vivo, san-
to e agradável a Deus, que é o vosso culto racional, e
não vos conformeis com este mundo, mas transformai-
vos pela renovação da vossa mente, para que saibais
qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus"
(Rm 12.2). Você sabe o que é isso? É transformação no
seu lar, na sala de aula, com seus vizinhos, e em, seu
local de trabalho. Você precisa ser sal da terra e luz do
mundo e as coisas não podem ficar na mesma, se você
está lá como servo de Deus, como filho do Rei.
Ao chegar em seu trabalho diga: "Senhor, estou
aqui como seu filho, filho do Rei, e as coisas não po-
dem continuar as mesmas. Estou aqui em seu nome.
Senhor, usa-me para o louvor da sua glória, para honra
e glória do seu nome. Use o meu testemunho, Senhor,
entre os meus colegas da Universidade. Faça que a mi-
nha luz brilhe tão forte, que chame a atenção dessa
gente para o Evangelho de Cristo Jesus. Faça, Pai Ama-
do, que eu consiga ser amigo dessa gente, ser amado
por eles, conquistar a simpatia deles, ao ponto de ter
vias de acesso desimpedidas para lhes anunciar o

54
CURANDO AS ENFERMIDADES DA IGREJA

Evangelho de Cristo. E eu quero que o Senhor me in-


comode, Pai Amado, dia após dia para que eu dê um
testemunho que evidencie a obra que Cristo faz em
. ".
rrum
Mas o que realmente faz a igreja ficar na retranca?
É o péssimo testemunho de crentes em Cristo Jesus.
São falcatruas e negociatas envolvendo crentes. Quan-
do o crente negocia valores, abre mão de princípios da
sua fé. O crente ao fazer de conta que não o é em seu
ambiente de trabalho ou de escola faz estrago. Esse tes-
temunho negativo, esse depoimento de vida triste, po-
dre, acaba se constituindo num obstáculo para o alar-
gamento do Reino de Deus. O que acontece é que a
igreja vai se confinando numa tentativa de se retrancar
contra o avanço do mundo.
Se o mundanismo é uma enfermidade, a acomo-
dação a essa enfermidade que leva a igreja para a retranca
é outra doença que ameaça a igreja, apresentando-se
como moléstia devastadora.
Quanta gente que não abre a boca, não pode falar
de Jesus por causa de sua vida torta e comprometida
com o pecado. Assim mesmo canta no coral, dirige uma
classe da escola dominical. E como é uma atividade
hipócrita, é de entendimento dificílimo para aqueles
que levam a sério o Reino de Deus. Convive nesta vida
esquizofrênica uma hipocrisia pessoal que um dia vai
lhe rasgar o coração e pode romper com as artérias da
sua alma e do seu espírito.
O projeto de Deus não é uma igreja com medo do
mundo. O projeto de Deus é o mundo se sentindo atraí-
do, influenciado e conquistado pela sua igreja.

55
CURANDO AS ENFERMIDADES DA IGREJA

Sabe como eu leio o livro de Atas? Os apóstolos


estavam chegando na cidade... "Estes que têm trans-
tornado o mundo chegaram também entre nós". Essa
gente que tem incomodado o mundo inteiro, esse pes-
soal que tem alvoroçado o mundo, está chegando aqui
na cidade. Mas hoje em dia nós vemos a igreja com
medo, se defendendo do mundo, uma igreja na retranca.

A IGREJA NA RETRANCA VIVE SE DEFENDENDO


DAS HERESIAS
(Gálatas 1.6-9)

Outra coisa que precisa ser considerada é que a


igreja na retranca também vive se defendendo das he-
resias que surgem. Idéias novas, falsas doutrinas e equí-
vocos teológicos que começam a se aproximar da igreja
e a deixam logo na defensiva: "Como vamos nos de-
fender desta heresia?" A Palavra de Deus nos ensina
que a igreja precisa pregar a verdade, viver a verdade e
lutar pela verdade. Quando a igreja faz isso, a heresia
não prospera em seu seio.
Pense nas heresias do tempo presente. Estou iden-
tificando um momento meio circense na história da
igreja no Brasil. Igrejas que estão se comportando como
se precisassem oferecer um grande espetáculo para a
platéia. É gente que cai aqui, que começa a rir ali, que
sai voando no meio da congregação. E fica aquela ex-
pectativa de qual vai ser o shoto? É a mesma expectativa
de quem entra num circo: "Qual vai ser a atração mai-
or? O malabarista? O palhaço? O trapezista? Quem vai
arrancar mais aplausos da platéia?" A Palavra de Deus

56
CURANDO AS ENFERMIDADES DA IGREJA

ensina que não se deve ir à igreja em busca de show, de


novidade. Você deve ir à casa de Deus em busca do
Espírito Santo, com a intenção de ouvir a voz do Espí-
rito Santo falando ao seu coração.
Estamos enfrentando, neste momento, aqui no
Brasil, uma infinidade de heresias. Poderíamos gastar
várias páginas só refutando biblicamente cada uma
dessas heresias. Estão em nosso meio em muitos luga-
res do Brasil, os aficcionados pelo chamado "Evange-
lho da Prosperidade". Dizem seus defensores:
- Olha, é um passe de mágica! Você vai à igreja,
levanta sua mão, é batizado e a partir desse momento
vai ficando cada vez mais rico, mais rico e mais rico.
Você prospera e não fica mais doente. Tudo o que fizer
dará certo. Seus negócios irão de vento em popa e você
só experimentará a glória desse mundo.
Um estudo sério da Palavra de Deus nos autoriza
a afirmar, diante do Espírito Santo, que isso é um equí-
voco teológico. Nada mais longe dos ensinos do Evan-
gelho de Cristo: "Buscai as coisas que são de cima.
Pensai nas coisas que são de cima, onde Cristo está as-
sentado à direita do Pai".
A prosperidade prometida na Palavra de Deus, no
Salmo 1, é a prosperidade espiritual de vida abundante
em Cristo Jesus. É a prosperidade que nasce dentro de
nós. É a alegria que ninguém tira, a paz que ninguém
rouba. "Pois será como a árvore plantada junto às cor-
rentes das águas, a qual dá o seu fruto na estação própria
e cujas folhas não caem, e tudo quanto fizer prosperará".
Há uma outra heresia que se apresenta como que-
bra de maldições:

57
CURANDO AS ENFERMIDADES DA IGREJA

- Olha, você precisa passar por um cerimonial de


quebra de maldições. Há coisas que aconteceram no
seu passado, com os seus antepassados. Você agora tem
de se submeter a uma experiência, um cerimonial para
quebrar essas maldições.
Diz a Palavra do Senhor que Cristo padeceu na
cruz, no madeiro. Você sabe para quê? Para acabar
com tudo isso. A obra de Cristo não foi incompleta.
Na cruz do Calvário quebraram-se todas as maldições.
Na cruz do Calvário não restou uma maldição sequer
para ser quebrada. Se eu creio em Cristo, nova criatu-
ra sou. As coisas velhas já passaram e eis que tudo se
fez novo. Dizem as Escrituras que uma vez alcançado
por Cristo Jesus, você passa a viver em novidade de
vida.
Estamos aí, às voltas com esta doutrina que tam-
bém se intitula "maldição hereditária":
- Você está sofrendo coisas que pessoas antes de
você fizeram. O seu filho e o seu neto vão sofrer em
função do seu pecado.
Diz a Palavra do Senhor, com uma clareza cristali-
na, que cada um de nós dará conta de si mesmo diante
de Deus. E se eu creio numa heresia dessas, preciso
rasgar a minha Bíblia. A Bíblia afirma que Cristo veio
buscar e salvar o que se havia perdido.
Se você abre o seu coração para Jesus, diante de
Deus, está absolvido; ainda que uma legião de adúlte-
ros pecadores, constitua a sua genealogia.
Estamos às voltas com uma heresia que se apre-
senta com a seguinte chamada de marketing: "O cren-
te não peca. O crente que é crente está acima do peca-

58
CURANDO AS ENFERMIDADES DA IGREJA

do. O pecado não atinge o crente. O crente está fora


do alcance dos malefícios do pecado".
Quando abrimos a Palavra de Deus, lemos: "Se
dissermos que não temos pecado nenhum, enganamo-
nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós. Se
confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para
nos perdoar os pecados e nos purificar de toda a injus-
tiça. Se dissermos que não temos pecado, o fazemos
mentiroso e a sua palavra não está em nós" (L]o 1.8-
10). A Bíblia ensina que todos somos pecadores, antes
de Cristo nos salvar e depois que Ele nos salva continu-
amos pecadores, porém, o pecado na vida do crente é
um acidente de percurso. O crente em Jesus não se ale-
gra, não se regozija com o pecado, mas se entristece,
confessa e cresce diante de Deus com a experiência de
confissão de seus pecados.
Muitas são as heresias deste tempo presente. Va-
mos ficar com estas. Quando olhamos para a Palavra
de Deus como fonte de ensinamento, como balizadora
da nossa conduta, da nossa teologia, da nossa doutri-
na, nenhuma dessas heresias, por maiores multidões
que tenha atraído para si, se sustenta diante da inter-
pretação correta da Palavra de Deus, de uma leitura
correta das Escrituras, de um mergulho profundo no
espírito na Palavra do Senhor.
Como vencer as heresias?
Primeira coisa: pelo conhecimento da Palavra de
Deus, que é a verdade. "E conhecereis a verdade e a
verdade vos libertará". O único caminho para os des-
cuidados que se enveredam atrás das heresias é serem
libertos pela verdade que é a Palavra de Deus (]o 8.32).

59
CURANDO AS ENFERMIDADES DA IGREJA

Segunda coisa: a pregação da Palavra. "Diante de


Deus e de Cristo Jesus, que há de julgar os vivos e os
mortos, na sua vinda e no seu reino, que pregues a pa-
lavra, insta a tempo e fora de tempo, redarguas, repre-
endas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina".
E ainda: "Porque virá tempo em que não sofrerão a sã
doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amonto-
arão para si doutores conforme as suas próprias concu-
piscências; e desviarão os ouvidos da verdade voltando
às fábulas; mas tu sê sóbrio em tudo, sofre as aflições,
faze a obra dum evangelista, cumpre o teu ministério".
É a Palavra de Deus para a igreja neste tempo tão
desafiador e difícil: "Cumpre o teu ministério, faze a
obra de um evangelista, sê sóbrio em tudo e sofre as
aflições", devemos olhar para esses desvios como cum-
primento da Palavra de Deus, neste tempo que se cha-
ma hoje.
Quando a igreja prega a palavra, ela desarticula as
artimanhas de Satanás em formular e disseminar here-
sias. Só vou citar dois exemplos: Paulo chega na Grécia,
em Atenas, uma cul tura naufragada na idolatria, ab-
sorvida por uma religiosidade de fachada, banhada em
filosofias pagãs. Paulo pega a palavra e prega o Evange-
lho do Senhor e, quando a pregação chega ali, as pesso-
as são importunadas e muitas aceitam a Palavra do Se-
nhor.
Filipe chega na cidade. A Bíblia diz que havia um
homem chamado Simão, que fazia obras mágicas e as
multidões iam atrás desse homem. Filipe chega à cida-
de pregando a Palavra de Deus com ousadia e intrepi-
dez. Pouco tempo depois, ninguém mais quer saber de

60

I I I I
CURANDO AS ENFERMIDADES DA IGREJA

Simão, ninguém mais quer ver as suas mágicas, e até o


próprio Simão se lança aos pés de Jesus.
Quando a Palavra de Deus é pregada com ousa-
dia, contundência, autoridade e segundo a interpreta-
ção correta das Escrituras, as heresias saem pela porta
do fundo. Povo de Deus deste tempo, prega a Palavra,
anuncia o Evangelho com autoridade no Senhor, no
poder do Espírito Santo. A Palavra de Deus afugenta a
desgraça das heresias. Em vez disso, às vezes, a igreja
fica na retranca, apenas procurando meios de se defen-
der.

A IGREJA NA RETRANCA VIVE SE DEFENDENDO


DO DIABO
(lPedro 5.8,9)

Uma igreja na retranca vive se defendendo do


diabo. Uma atitude defensiva contra o Príncipe das
Trevas, quando, claramente, diz a Palavra de Deus:
"Sede sóbrios; vigiai; porque o diabo, vosso adversá-
rio, anda em derredor, bramando como leão, bus-
cando a quem possa tragar. Ao qual resisti-lhe fir-
mes na fé, sabendo que as mesmas aflições se cum-
prem entre os vossos irmãos no mundo" (lPe 5.8,9).
"Sujeitai-vos pois a Deus, resisti ao diabo, e ele fugi-
rá de vós" (Tg 4.7).
A igreja não pode ficar na retranca, apenas rece-
bendo os dardos do inimigo. Ela precisa conquistar a
terra, invadir o terreno, conquistar a terra prometida e
ganhar a cidade para Jesus, afugentando o inimigo, cujo
calcanhar será visto pelo povo de Deus.

61
CURANDO AS ENFERMIDADES DA IGREJA

Dizem as Escrituras: "Resisti, porque é necessá-


rio". Escreveu Paulo em 1Coríntios 15:53,57: "Porque
convém que isto que é corruptível se revista da
incorruptibilidade, e que isto que é mortal se revista da
imortalidade. E quando isto que é corruptível se reves-
tir da incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir
da imortalidade, então cumprir-se-a a palavra que está
escrita: Tragada foi a morte na vitória. Onde está, ó

morte, o teu aguilhão? Onde está, ó inferno, a tua vitó-


ria? Ora, o aguilhão da morte é o pecado, e a força do
pecado é a lei. Mas graças a Deus que nos dá a vitória
por nosso Senhor Jesus Cristo".
Paulo afirma: "Mas graças a Deus que nos dá a
vitória por Cristo Jesus, nosso Senhor". Povo de Deus,
tome posse da vitória!'! É tempo de a igreja não se aco-
vardar, não se intimidar e, sobretudo, não se retrancar,
mas partir para a ofensiva.
A igreja precisa sair da retranca. E para isso ela
deve fazer três coisas:
1. Assumir um relacionamento com a sociedade
na esperança da sua transformação.
Você sabe o que diz a Bíblia? José fez que juras-
sem, que quando o povo de Deus saísse do Egito, os
seus ossos sairiam junto. No final do livro de Gênesis
está dito que eles saíram levando os ossos de José. Aquilo
me intrigou o coração, até que a Palavra me esclareceu:
José estava no Egito, era grande no Egito, era respeita-
do no Egito, mas o Egito não entrou no coração de
José. José não era do Egito. Nós estamos neste mundo
como médicos, professores, engenheiros, advogados,
pedreiros, operários. Estamos aqui, trabalhamos aqui,

62
I I , I I
CURANDO AS ENFERMIDADES DA IGREJA

estudamos aqui, construímos famílias aqui, compra-


mos casas aqui, crescemos economicamente aqui, mas
esse mundo não pode entrar no nosso coração. E a nossa
missão aqui é mais importante do que a nossa prospe-
ridade pessoal. Estamos aqui para transformar este
mundo: "Vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a
nação santa, o povo adquirido para que anuncieis as
virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua
maravilhosa luz" (IPe 2.9). Esta é a razão de estarmos
aqui: a transformação do mundo.
Você não está aqui para ser um bom médico. Você
não está aqui neste mundo apenas para ser um bom
empresário, ou um bom professor ou um bom operá-
rio. Você está aqui para iluminar, para salvar e para trans-
formar o mundo. Transforme a sua profissão num veí-
culo para a pregação do evangelho!
Diz a Palavrado Senhor que nós devemos afugentar,
expulsar o inimigo, e para isso nós temos que assumir um
relacionamento com a sociedade para a transformação.
2. Assumir uma atitude de resistência com o dia-
bo, o príncipe deste século.
A vitória é nossa. Nós somos, em Cristo, mais que
vencedores. Somos o povo a quem Deus libertou, ver-
dadeiramente somos livres! Somos possuidores da pro-
messa, da herança.
Levante a cabeça, confesse a Deus os seus peca-
dos, humilhe-se no altar do Senhor e levante-se para
ser vitorioso no trabalho, na família, no dia-a-dia. "Povo
de Deus! Cumpri o vosso encargo". "O estandarte des-
ta igreja, levantemos com vigor e sem temor".
3. Assumir uma postura de intrepez no testemu-
nho e na pregação da Palavra.

63
CURANDO AS ENFERMIDADES DA IGREJA

A Bíblia é a nossa única regra de fé e prática. É a


nossa bússola e, como diz John Sttot, "é a verdade o
critério da experiência e não a experiência o critério da
a
verdade". A verdade é a Palavra de Deus oão 17: 17).
Para sair da retranca a igreja de Jesus precisa assumir a
Palavra como norteadora da sua vida, vivê-la de fato e
anunciá-la com ousadia. É o anúncio da verdade que
desbaratará as heresias do nosso tempo.

É tempo de a igreja se desvencilhar do comodis-


mo, da acomodação.
Você é um crente acomodado? Um espectador das
manifestações de Deus? Um crente que não trabalha,
que não coopera, que não contribui, que não dá. teste-
munho? Um crente que não faz diferença na igreja?
Um crente que não ora, que não se envolve, que não
participa da luta e da batalha? Você está acomodado?
- Pastor, eu não sinto mais vontade de ir à EBD,
não tenho mais vontade de ir ao culto, não tenho mais
tanto interesse em ler a Bíblia.
Você está se acomodando num processo lento de
esfriamento espiritual. A Palavra de Deus diz que as
enfermidades precisam e podem ser curadas com o
poder de Jesus. Você pode saltar, viver, despertar para
fazer diferença. Diga: "Senhor, eu quero, em nome de
Jesus, cada dia da minha vida fazer diferença na obra
do teu Reino. Eu quero que cada dia no exercício da
minha profissão, na minha convivência com os meus
amigos universitários, no meu relacionamento com o
meu vizinho, no trabalho, seja onde for, quero, em cada
dia da minha vida, fazer diferença na obra do seu Rei-
no. Só terá valido a pena, se for para a honra e para a
glória do nome de Jesus Cristo".

64
UMA IGREJA TOTALMENTE CEGA
Curando afalta defé pela Palavra
(Marcos 10.46-52)

Pela história têm passado muitas pessoas impor-


tantes: cientistas, filósofos, pensadores, poetas, desco-
bridores. Homens que têm marcado a história com suas
vidas, seus feitos, seus descobrimentos, suas invenções,
suas idéias. Mas nenhum desses homens que marcou a
História, nenhum desses homens, cujos inventos, idéi-
as e posicionamentos marcou, de certa maneira, a hu-
manidade, absolutamente nenhum deles, pôde um dia
abrir os braços e dizer: "Vinde a mim, todos vós que
estais cansados e sobrecarregados e eu vos aliviarei.
Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, que
sou manso e humilde de coração; e achareis descanso
para as suas almas" (Mt 11.28,29).
Servimos a um Deus que não nos encaminha a
ninguém. Um Rei que resolve nossos problemas, cura
nossas enfermidades, abençoa nossa vida e conserta o
nosso caráter. Deus sempre intervém em nosso benefí-
cio. Jesus diz: "Vinde a mim que eu vos aliviarei". "Eu
vou cuidar de você".
Temos afirmado que a igreja de hoje tem sido uma
igreja enferma, carente, portanto, da cura e do alívio
que Jesus pode dar.
Temos refletido sobre a enfermidade do
mundanismo, da secularização e também sobre a su-
perficialidade da vida cristã. Destacamos a necessidade
de mergulharmos fundo, porque lá no fundo está o
tesouro que vai enriquecer a nossa vida. Analisamos a
CURANDD AS ENFERMIDADES DA IGREJA

terrível enfermidade da acomodação, que faz a igreja


ficar na retranca. O destino da igreja, sua razão de ser,
é estar na ofensiva, no ataque.
Possivelmente, a enfermidade da qual trataremos
agora seja a pior entre as diversas que já analisamos
neste trabalho. Uma enfermidade que precisa ser cura-
da urgentemente. Este é o momento em que Deus pre-
cisa curar a sua igreja. A igreja está cega, como o cego
Bartimeu (Me 10.46-52).
Uma igreja totalmente cega, precisando ser cura-
da da sua cegueira pela Palavra de Deus. A cegueira
consegue, a um só tempo, limitar ações, esconder ima-
gens e sonhos preciosos, impedir o movimento e fazer
naufragar ideais e planejamentos.
Não sei se você já foi a um cemitério, se já percor-
reu suas ruelas. A maioria de nós já acompanhou um
cortejo fúnebre até o cemitério. Ali, os que acompa-
nham o cortejo estão entristecidos por saberem que
naquele local há corpos de pessoas que partiram.
Um cemitério, pasme, é um dos locais mais ricos
da terra. É isso mesmo Ali, no cemitério, há projetos,
sonhos, ideais que não se transformaram em realidade,
mas foram enterrados com as pessoas que os trouxe-
ram à luz.
No cemitério há igrejas que nunca foram organiza-
das, hospitais que nunca foram edificados, asilos, orfa-
natos que nunca foram construídos, porque as pessoas
que geraram em sua alma o sonho de um dia edificá-los
foram enterradas com estes projetas e com esses ideais.
O temor, no que diz respeito à igreja de Jesus nes-
te tempo, é que ela passe como que sendo enterrada

66
I I
CURANDO AS ENFERMIDADES DA IGREJA

sem realizar os sonhos que abriga no coração. Missio-


nários, pastores, líderes, homens e mulheres de Deus
deixam a história, levando consigo projetas que não
vieram a ser concretizados.
Quando a cegueira atinge uma igreja, um crente,
aí está a enfermidade que vai fazer com que para o
túmulo siga, não apenas aquele crente, mas seus so-
nhos, seus ideais, seus planos.
A cegueira é uma enfermidade tremendamente
cruel, vil, que empurra nossos sonhos e ideais mais
nobres para debaixo da terra com os nossos corpos.
Examinando o Evangelho de Jesus, vemos o nosso
Mestre chamando os seus discípulos para olhar. Jesus
convida, em determinados momentos, os seus discípu-
los a olhar alguma coisa, dirigir os seus olhares para
alguma coisa que Ele tinha para mostrar. O nosso pro-
jeto, neste capítulo, é trazer à tona os clamores de Cris-
to, para que a igreja olhe, veja e enxergue algumas coi-
sas que precisa enxergar. De enxergar estas coisas de-
pende a vitória, a concretização de ideais, a realização
de sonhos para a igreja de Jesus.

A IGREJA PRECISA ENXERGAR OS SEUS


PRÓPRIOS PECADOS
(Lucas 6.41,42)

"Por que vês o argueiro no olho do teu irmão, e


não reparas na trave que está no teu próprio olho? Ou
como podes dizer a teu irmão: Irmão, deixa-me tirar o
argueiro que está no teu olho, não vendo tu mesmo a
trave que está no teu? Hipócrita! Tira primeiro a trave

67
CURANDO AS ENFERMIDADES DA IGREJA

do teu olho; e então verás bem para tirar o argueiro


que está no olho de teu irmão".
A igreja precisa enxergar os seus pecados e as suas
mazelas. A Bíblia está dizendo: "Por que não reparas a
trave que está no teu próprio olho?" Por que você não
está conseguindo enxergar os seus próprios pecados?
Crente em Jesus, igreja de Jesus, por que você está
tão preocupado em apontar os erros, os equívocos, os
desvios de outros irmãos, de outras igrejas? Você mes-
mo está cheio de chagas, de enfermidades, está repleto
de úlceras que precisam ser curadas, mas que não serão
curadas enquanto você não as enxergar.
Encontramos neste texto o Senhor Jesus Cristo
clamando para que olhemos para dentro de nós mes-
mos como igreja. Clamando a homens e mulheres, a
jovens e adolescentes, que não esperem que ninguém
lhes venha chamar a atenção ou lhes chamar a juízo,
mas que olhem, para dentro de seus corações, de suas
vidas e enxerguem suas mazelas e suas atitudes pecami-
nosas.
O pastor Rubens Lopes dizia nos seus sermões:
"Çonvi"-~fOBl.Q.-I~.~ç!lC!-o é como-acariciaLuII1:1 casca-
vel'~._Manter vínculo com o pecado, acostumar-se com
ele, éc;<.?!!!.<Lc.ultivar relações amistosas-~·íllí:if!l:~~50Il1_
uI!1aS9_~~a venenosa. Quando você menos espera, ela
dá o bote, morde e mata.
E~·~~·i~~6-r~que na minha adolescência fui a
um congresso e um certo homem estava pregando. Eu
não estava acostumado a ouvir mensagens longas. Lem-
bro-me que durante o sermão daquele homem, saí e
entrei no santuário várias vezes. Eu não estava agüen-

68
CURANDO AS ENFERMIDADES DA IGREJA

A IGREJA PRECISA ENXERGAR A REALIDADE


DAS PERSEGUIÇÕES
(Marcos 13.9-13)

"Mas olhai por vós mesmos; pois por minha cau-


sa vos hão de entregar aos sinédrios e às sinagogas, e
sereis açoitados; também sereis levados perante gover-
nadores e reis, para lhes servir de testemunho. Mas
importa que primeiro o evangelho seja pregado entre
todas as nações. Quando, pois, vos conduzirem para
vos entregar, não vos preocupeis com o que haveis de
dizer; mas, o que vos for dado naquela hora, isso falai;
por que não sois vós que falais, mas sim o Espírito San-
to. Um irmão entregará à morte a seu irmão, e um pai
a seu filho; e filhos se levantarão contra os pais e os
matarão. E sereis odiados de todos por causa do meu
nome; mas aquele que perseverar até o fim, esse será
salvo".
A igreja precisa enxergar a realidade das persegui-
ções por causa do Evangelho de Jesus. Paulo, escreven-
do a Timóteo, disse: "Pois todo aquele que deseja viver
piamente em Cristo Jesus, padecerá perseguições".
Jesus, encerrando as bem-aventuranças, disse:
"Exultai e alegrai-vos porque é grande o vosso galardão
nos céus, pois assim perseguiram os profetas que fo-
ram antes de vós". E perseguiram mesmo, de verdade.
De fato, os profetas foram por demais perseguidos, por
causa da Palavra de Deus; injuriados, negligenciados,
humilhados, aprisionados, envergonhados publicamen-
te. O profeta padeceu por causa de Cristo. Saulo (Atas
9) respirava ameaça de morte contra os cristãos. Teve

71
CURANDO AS ENFERMIDADES DA IGREJA

uma experiência tremenda com Jesus, no caminho de


Damasco. Diz a Palavra do Senhor, que Deus chamou
o seu servo Ananias e disse: ''Ananias, vá lá na cidade,
na rua direita, pois tem um jovem lá chamado Saulo;
ele está orando". E Ananias disse: "Senhor, Saulo não é
esse que persegue os cristãos? Não é esse, Senhor, que
anda por aí encontrando crentes e levando presos a Je-
rusalém?" E Deus disse: ''Ananias, vá! Porque ele é para
mim um vaso escolhido". E então disse Deus, ainda, a
Ananias algo que Saulo não ouviu, mas que depois ex-
perimentou na própria carne. Deus disse: "Eu lhe mos-
trarei o quanto lhe convém padecer pelo meu nome".
A igreja precisa entender que ser cristão implica
perseguição. Ser cristão significa padecimento. Ser cris-
tão significa o enfrentamento de situações adversas: ações,
injúrias, calúnias, mentiras, prisões, açoites e persegui-
ções. Não encontramos respaldo na Palavra de Deus para
o cristianismo cor-de-rosa. Não encontramos respaldo
no Novo Testamento para o cristianismo de bem com a
vida, para o cristianismo diplomático. Não encontra-
mos respaldo na Bíblia para essa heresia que povoa o
nosso tempo dizendo que tudo vai ficar muito bem com
você; você não vai sofrer enfermidades, todas serão cura-
das; você não vai ter problemas, todos serão soluciona-
dos; você vai ficar rico, cada vez mais rico.
O Evangelho de Jesus significa perseguição e tri-
bulação. É assim que aprendemos na Palavra de Deus.
Fui tremendamente impactado por Warren
Wiersbe com o livro que citei anteriormente, quando
ele diz: "Cristo não morreu na cruz para fazer você fe-
liz; Ele morreu na cruz para fazer você santo". E a dife-

72
CURANDO AS ENFERMIDADES DA IGREJA

rença é abismal, porque muitas vezes, à busca de uma


felicidade mundana e secularizada, você abandona o
processo de santificação.
Enxergando isso, você consegue enxergar as per-
seguições inerentes à vida de um cristão autêntico.

A IGREJA PRECISA ENXERGAR A BÊNÇÃO


DA PROVISÃO DE DEUS
(Mateus 6.26)

"Olhai para as aves do céu, que não semeiam, nem


ceifam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial
as alimenta. Não valeis vós muito mais do que elas?"
A igreja precisa enxergar a bênção da provisão de
Deus. Jeová Giré (o Senhor proverá). Deus proverá os
recursos; Deus proverá todas as coisas necessárias para
o avanço do seu Reino. Tão-somente "sê fiel e Deus há
de prover tudo para a sua vida, para o seu coração".
Eu me converti numa época em que o Brasil evan-
gélico inteiro cantava uma canção que dizia assim: "É
meu, somente meu todo o trabalho; e o teu trabalho é
descansar em mim". Deus há de prover, Deus há de
levantar os recursos, Deus há de fundamentar o sus-
tento da obra. O que Deus quer é que abramos os nos-
sos olhos e enxerguemos que não há nada que fuja à
sua capacidade de prover para nós.
Jovem, Deus pode prover para você paciência, es-
perança, perseverança e fé no Senhor.
Homens e mulheres, maridos e esposas, Deus pode
prover amor, carinho, afeto, compreensão, harmonia no
lar, desde que você deixe que Ele providencie tudo isso.

73
CURANDO AS ENFERMIDADES DA IGREJA

o seu dinheiro não pode comprar nada disso. Você


entra num supermercado, enche o carrinho de merca-
dorias, mas você não compra paz, harmonia, compre-
ensão, diálogo, carinho, afeto, amor. Isso é obra da pro-
visão de Deus. "É meu, somente meu todo o trabalho,
e o teu trabalho é descansar em mim".
Segure na mão de sua esposa, ajoelhe-se no altar
do Senhor, curve-se diante do Deus vivo e clame ao
Senhor. Ele vai prover todas as coisas para a sua família
e para o seu lar.
Diz a Palavra do Senhor que Jesus está orientan-
do: "Olhe as aves do céu". Jesus termina indagando:
"Não valeis vós muito mais que elas?".
Por que andar entristecido, cabisbaixo? Por que
andar derrotado pelas ruas? Como se Deus o tivesse
abandonado, como se Deus não existisse em sua vida.
Por que desistir de esperar em Deus? O salmista disse:
"Esperei com paciência pelo Senhor e Ele se inclinou
para mim e ouviu o meu clamor". Ele atendeu, Ele es-
cutou. Diz a Palavra do Senhor, no livro de Êxodo, que
o gemido do povo de Israel, escravizado na Terra do
Egito, subiu até Deus e o Senhor ouviu os gemidos e
reconheceu o seu povo e se envolveu na história do seu
povo e com braço forte Deus o libertou.
O que você precisa na sua vida? Leia, decore, me-
morize o Salmo 37.4,5: "Deleita-te no Senhor e Ele
concederá o que deseja o seu coração. Entrega o teu
caminho ao Senhor, confia nele e Ele tudo fará".
Deus quer que você enxergue que não são as suas
mãos que garantem o pão de cada dia em sua casa. Deus
quer que você enxergue que não é você que mantém o

74

I I i
CURANDO AS ENFERMIDADES DA IGREJA

seu cônjuge fiel a você. Deus quer que você enxergue


que não é você que resolve os problemas. Deus quer
que você enxergue que é Ele quem supre, e que quando
Ele supre nunca há carência de novo. ''Aquele que be-
ber da água que eu lhe der nunca mais terá sede".
Sabe o que acontece quando você mesmo vai bus-
car água no poço? Todos os dias você tem sede e tem de
buscar mais água. Mas quando você deixa Deus prover
a solução é definitiva. Não há mais sede.

A IGREJA PRECISA ENXERGAR A URGÊNCIA


DA OBRA MISSIONÁRIA
(João 4.35)

"Não dizeis vós: Ainda há quatro meses até que


venha a ceifa?Ora, eu vos digo; levantai os vossos olhos,
e vede os campos, que já estão brancos para a ceifa".
Deus quer que a igreja enxergue a urgência da obra
missionária, da obra evangelizadora. É tempo de olhar-
mos os campos que já estão brancos para a ceifa.
Você sabe qual o momento que o crente começa a
evangelizar os seus amigos, parentes e vizinhos? É o
minuto seguinte ao do seu encontro com Jesus. Ali nasce
um evangelista, um missionário. Ou é assim, ou a Pa-
lavra de Deus não diz a verdade. Porque a Bíblia ensina
que quando uma pessoa era liberta, quando alcançava
a graça de Jesus, ela saía compartilhando o seu teste-
munho e falando em Jesus, ensinando e pregando a
Palavra de Deus.
Quem Ele era eu não sei, mas uma coisa sei, eu era
cego, agora estou enxergando.

75
CURANDO AS ENFERMIDADES DA IGREJA

Não sei onde Ele nasceu, não sei nada sobre a vida
dele, mas de uma coisa sei, eu era cego, não enxergava
nada, agora enxergo tudo. É o meu testemunho para
A
voce.
Os campos estão brancos. Não podemos deixar
para amanhã. Recentemente, um diácono de nossa igre-
ja, que também faz parte do ministério dos Gideões
Internacionais, compartilhou comigo que pregou o
Evangelho para um homem e entregou-lhe o Novo
Testamento. O tal homem morreu um ou dois dias
depois. Fiquei pensando sobre como é importante ter-
mos a visão das oportunidades que Deus nos oferece.
Mas você sabe o que o diabo tenta incutir em nos-
sas mentes? "Não misture negócios com religião; negó-
cio é negócio, igreja é à parte". A Bíblia diz que em
primeiro lugar está o Reino de Deus. Deus precisa ter
o controle dos seus negócios, da sua casa e das suas
conversas também. É tempo da igreja se curar dessa
cegueira que a faz confinar o evangelismo ao púlpito
da igreja, no domingo à noite.
Faz-me lembrar um quadro famoso da época da
Reforma que mostrava uma grande catedral e um gran-
de púlpito com a Bíblia acorrentada. A mensagem do
quadro era: "Se alguém quiser ouvir a Palavra, que en-
tre na Catedral, por que ela só está lá". Muitas vezes, é
esta a postura hoje. Se um amigo seu quiser ouvir a
Palavra de Deus tem de procurar no templo, porque
você não lê a Palavra de Deus para ele. Paulo diz: "Pre-
ga a tempo e fora de tempo, com a boca e com a vida".
Abra os olhos, que os campos estão brancos para a
ceifa.

76
CURANDO AS ENFERMIDADES DA IGREJA

A IGREJA PRECISA ENXERGAR A VITÓRIA


DO CRISTO RESSURRETO
(Lucas 25.39-43)

"Olhai as minhas mãos e os meus pés, que sou eu


mesmo; apalpai-me e vede; porque um espírito não tem
carne nem ossos, como percebeis que eu tenho. E, di-
zendo isso, mostrou-lhes as mãos e os pés. Não acredi-
tando eles ainda por causa da alegria, e estando admi-
rados, perguntou-lhes Jesus: Tendes aqui alguma coisa
que comer? Então lhe deram um pedaço de peixe assa-
do, o qual ele tomou e comeu diante deles".
A igreja precisa enxergar o Cristo que venceu a
morte, que não está confinado na cruz e nem em túmulo
algum.
Cristo está vivo, igreja!
A igreja cega não enxerga Cristo vivo. Vive como
se ele estivesse morto. A pergunta pertinente é esta: Se
soubesse que Cristo está vivo, se enxergasse que Cristo
está presente, algum homem cometeria adultério? Um
casal de namorados cometeria fornicação, se soubesse,
se enxergasse, que Cristo está vivo?
Uma igreja se acomodaria, se retrancaria, caso en-
xergasse que Cristo está vivo? Volto ao texto de
Colossenses 3: "Buscai as coisas que são de cima onde
Cristo está assentado à direita de Deus". Ele está vivo.
E por estar vivo, vitorioso, você pode ser vitorioso tam-
bém. Sabe por que vivemos em uma época de escânda-
los, de frustrações com crentes? Porque pregar Cristo é
mais fácil do que enxergá-lo vitorioso e ressurreto. Fa-
lar de Cristo é mais fácil do que contemplá-lo vivo e

77
CURANDO AS ENFERMIDADES DA IGREJA

vitorioso. Quando uma família enxerga o Cristo vito-


rioso, ressurreto, naquele lar há vitória em nome de
Jesus.
Se Cristo venceu, nós também venceremos.
Cristo está dizendo para você: Vede, apalpai, eu
estou aqui, encoste sua mão em mim, estou aqui na
sua casa. Por que esse desespero e esse corre-corre? Por
que bater em tantas portas? Eu estou aqui; apalpai-me
e vede que sou eu mesmo" .
Igreja do Senhor Jesus, apalpai e vede! Permiti que
Jesus cure a cegueira! Assim você poderá contemplá-lo
vitorioso.
A pergunta agora é muito simples: "Como vencer
a cegueira?"

COMO VENCER A CEGUEIRA

Aí Jesus chega perto do cego Bartimeu. Como ven-


cer a cegueira?
Primeiramente, é preciso estar onde Jesus está. É
r--- ~

preciso vir ao encontro de Jesus, entender que Ele bas-


ta. Jesus está aqui para abençoar, para salvar, para res-
taurar o ser.
Diz a Palavra de Deus que Bartimeu estava lá na
beira do caminho e quando ele viu que Jesus estava
passando, clamou: "Jesus, Filho de Davi, tem compai-
xão de mim!"
A segunda cois~laI!lar e crer. É orar, é buscar a
Deus, é clamar em nome de Jesus. Ele cura a cegueira.
Diz a Palavra do Senhor que aquele cego vence as resis-
tências (um homem que não ficava quieto no seu can-

78
I I i I I
CURANDO AS ENFERMIDADES DA IGREJA

to, diziam as pessoas). O texto diz que ele clamava ain-


da mais. Quanto maior a resistência, mais ele clamava.
Ele estava convicto de duas coisas: ele era cego mesmo
e Jesus tinha poder para curã-lo, "...
- - A igreja precisa clamar em nome de Jesus. Nossas
orações podem mais do que as nossas palavras. A ora-
çâ.ü-ae um Justo pode muito em sua atuação. Elias era
um homem sujeito as mesmas paixões nossas, mas orou
e Deus fez um milagre. Ana entrou no templo e derra-
mou seu coração e pediu a Deus um filho, e Deus res-
taurou seu semblante e deu a ela um filho que veio a
ser uma bênção na história do povo de Deus.
Tudo pelª-SHaçã.o, pelo clamor. Onde está a igreja
que dama? O mundo já conhece a igreja que reclama,
mas ele não conhece a igreja que clama, que ora, que se
curva diante do Senhor.
A terceira coisa é largar tudo. Talvez todo o
patÚmônio daquele cego~ resumiss;naquela sua ca!2ª-.
Diz o texto que ele larga a capa. Quando se tem Jesus
em frente, em mira, diante dos olhos, nada pode segu-
rar você, nada!
Diz a Bíblia que um jovem se aproximou de Jesus
e o texto é claro ao afirmar que ele se afastou porque
tinha muitos bens.
Bartimeu l~u aquela ~a e foi ao encontro de
Cristo, foi buscar a cura para a sua ~ O que
você precisa largar tã'trãve que está no seu olho, é o
recado que segur~, que freia você e diz: "Não vai.
Você não merece. Não vai. Você não pode. Quem é
você? Não seja hipócrita! Isso não é para você. Esta
mensagem, você não a merece. Esse amor, você não o

79
CURANDO AS ENFERMIDADES DA IGREJA

merece. Você é pecador, tem feito muitas coisas erra-


das. Saia daí, vá embora antes do final, antes do apelo,
vai logo, sai correndo, você não merece isso".
Eu era pastor em uma igreja no Estado do Rio de
Janeiro e fui visitar um homem num hospital, e aquela
visita mexeu com a minha vida. Aquele homem estava
à morte, aos 62 anos de idade, e eu comecei a pregar a
Palavra de Cristo. Ele me disse:
- Pastor, pára porque eu não mereço nada disso!
- Como assim? Eu também não mereço - disse a
ele - mas é pela graça de Deus e pelo amor de Jesus e
pela misericórdia do Espírito Santo que falo.
E ele disse:
- Eu não mereço graça, eu não mereço amor, eu
não mereço misericórdia. Eu mereço ser queimado nas
chamas do inferno. Ore por minha família e deixe-me
ir para o inferno.
Eu voltei no dia seguinte e aquele homem disse:
- Pastor, se o senhor veio aqui para falar do céu,
vá embora, eu só mereço o inferno.
Sentei ao lado dele, e ele me contou sua história.
- Pastor, eu tinha 14 anos quando bati a primeira
carteira. Peguei um ônibus na Baixada Fluminense, fui
para o centro da cidade e bati a carteira. Na semana
seguinte, eu bati duas carteiras, na outra semana eu
bati duas e depois três, e desde os 14 anos de idade eu
venho batendo carteiras. Batendo carteira eu comprei
meu carro; batendo carteira eu construí minha casa,
batendo carteira eu eduquei meus filhos. Minha mu-
lher não sabe. Eu saio todo dia para trabalhar com a
minha maleta na mão. Pastor, entro no ônibus e saio

80
1'1 , II I 1 ,
CURANDO AS ENFERMIDADES DA IGREJA

batendo carteira até que consigo o suficiente e volto


para casa. O senhor acha, pastor, que um homem que
passa a vida inteira batendo carteira merece o céu?
Eu disse:
- Não. Mas você sabe que o amor de Cristo, reve-
lado por você na cruz do Calvário, é tão grande que
Jesus está disposto a jogar todos os seus pecados no
fundo do oceano. O amor de Jesus é forte o suficiente
para transformar a sua vida e fazer você entrar no seu
Reino de Glória.
Aquele homem começou a chorar. Sabe por quê?
Porque o compromisso com o pecado, o vínculo com
o pecado cauteriza o coração, e a pessoa começa a acre-
ditar que realmente o bom para ela, o que ela merece, o
seu destino certo é a desgraça, é o inferno, é o fogo de
Satanás.
O diabo oferece o fogo; Jesus oferece a paz e a
salvação!
Diz a Palavra do Senhor que aquele cego largou
tudo, e a Bíblia diz que Jesus perguntou: "O que você
quer?" E ele disse: "Eu quero ver, enxergar". Eu vejo
nesta palavra de Bartimeu para Jesus o conteúdo da
oração da igreja, do clamor da igreja: "Senhor, eu que-
ro enxergar, eu quero enxergar a trave no meu olho, eu
quero enxergar as perseguições, eu quero enxergar a
provisão do Senhor, eu quero enxergar a urgência da
evangelização, eu quero enxergar o Cristo ressurreto,
vitorioso! Abra os meus olhos, Senhor, em nome de
Jesus. Eu quero enxergar a cura da minha cegueirà'.
Talvez você esteja pensando agora: "Eu não sou
cego, Bartimeu sim, eu não".

81
CURANDO AS ENFERMIDADES DA IGREJA

Voê pode ser tão cego ou mais do que Bartimeu,


se não enxerga o Cristo em sua vida, a trave no seu
olho, o Deus provedor (jeovã Giré), o anjo do Senhor
guardando-o nas perseguições. Se nada disso você en-
xerga, é cego."
O que você tem a fazer agora é reconhecer sua
cegueira e suplicar de Deus a cura profunda e verdadei-
ra que só ele pode operar.

82
I iI ~
I I
CURANDO AS ENFERMIDADES DA IGREJA

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