CONCURSOS E VESTIBULARES
Aprenda a Estudar de Forma Eficiente Utilizando um
Método de Estudo Autodirigido com Estratégias
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São Paulo - Brasil - 2019
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ACRÓSTICOS
O acróstico é uma frase formada pelas primeiras letras ou sílabas
das palavras a serem memorizadas. São muito utilizadas por professores de
cursinho pré-vestibular, por exemplo.
Essa técnica funciona com base na facilidade que o cérebro tem de
fazer associações com informações familiares. Ou seja, é mais fácil o
cérebro se lembrar de algo novo, se usarmos ganchos que já conhecemos.
Além disso, ao utilizar frases que tenham um sentido mais concreto, o
cérebro consegue processar as informações mais claramente do que se
apenas listarmos termos abstratos.
Em Biologia, por exemplo, há um acróstico clássico, usado para
memorizar as fases da Mitose, que é o processo de divisão celular. São 4
fases: Prófase, Metáfase, Anáfase e Telófase. Para memorizar esses nomes
complicados, usamos a frase ProMeto Ana Telefonar.
Em Geografia e Astronomia, podemos usar um acróstico meio
obsceno, mas bem engraçado para memorizar a sequência dos oito planetas
do sistema solar em relação à sua proximidade do Sol.
Minha Vó Tem Muitas Joias e Só Usa Nua.
Com essa frase gravamos a sequência dos planetas: Mercúrio,
Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno.
Para não confundir Mercúrio e Marte, que começam com a mesma
letra, você pode pensar que Marte é o planeta mais próximo da Terra, ou
então que há um marciano no quarto da sua avó (quarto planeta).
Você pode criar acrósticos para memorizar listas de nomes mais
complexos e até sequências de leis e documentos. Um detalhe importante
para que essa técnica funcione corretamente, é que a frase criada seja
relevante e faça sentido para você. Melhor ainda se você puder criar uma
cena engraçada ou interessante com a frase.
O PALÁCIO DA MEMÓRIA
Também conhecida como método de loci (do latim, lugar), essa é
uma das técnicas mais antigas de memorização de que se tem notícia. Essa
técnica consiste em criar um palácio imaginário e visualizar o seu interior,
associando nomes a cada um dos cômodos do palácio ou dos elementos
presentes em cada cômodo.
Vamos supor que você precise decorar uma lista qualquer com 10
itens. Então vamos relacionar 10 itens aleatórios totalmente fora de
contexto para usar no nosso exemplo:
1. Agulha
2. Teclado
3. Maçã
4. Telhado
5. Microfone
6. Aranha
7. Buraco
8. Régua
9. Sorvete
10. Alemão
O primeiro passo para criar seu palácio da memória é escolher um
local que você conheça bem, e então estabelecer um número de pontos igual
à quantidade de itens que você precisa gravar. Vamos usar a imagem de
uma sala como exemplo.
Você deve utilizar o cômodo que for mais familiar para você. Pode
ser a sala, o quarto ou a cozinha da sua casa ou apartamento. Você também
pode usar sua oficina, escritório, ou qualquer outro ambiente. O importante
é que seja um local com o qual você esteja acostumado e que conheça bem.
O próximo passo é percorrer o local e estabelecer os pontos do seu
palácio. Um ponto pode ser um pequeno espaço dentro do seu ambiente
como uma porta, janela, escada ou um objeto.
Ao utilizar objetos é importante que eles sejam permanentes nesse
ambiente. Não use por exemplo as flores que foram colocadas em um vazo
recentemente. No entanto, se essas flores são frequentemente trocadas, elas
podem ser utilizadas como pontos do seu palácio. Na nossa sala de exemplo
os pontos são:
1. A porta de entrada
2. Os quadros da parede
3. O sofá
4. A mesinha de apoio
5. As poltronas
6. A mesa de centro
7. O carpete
8. Os vasos
9. A TV
10. O armário
Agora você precisa percorrer algumas vezes o caminho do seu
palácio sempre seguindo a mesma ordem até memorizar a posição e a
sequência dos pontos. Por esse motivo que a sugestão é de usar um local
que seja familiar, pois assim essa etapa de memorização dos pontos se torna
muito mais fácil, uma vez que você já está acostumado com o seu ambiente.
Agora vem a parte divertida, que é fazer a associação dos itens que
você precisa lembrar com os pontos do seu palácio. É importante que o seu
palácio tenha uma quantidade de pontos igual ou maior a de itens que você
precisa memorizar. Isso porque o indicado é que você associe apenas um
item por ponto.
Então vamos lá: Imagine que você está chegando na sua casa e você
abre a porta da entrada com uma AGULHA, e assim que você entra em
casa, percebe que alguém trocou os quadros da parede e pendurou um
TECLADO no lugar. No sofá você percebe que tem uma MAÇÃ enorme e
bem vermelha, nesse momento você ouve um estrondo e percebe que parte
do TELHADO cai em cima da mesinha de apoio que fica do lado do sofá.
Com o impacto você acaba caindo para trás e se senta em um
MICROFONE que estava escondido em uma das poltronas. Você olha para
a mesinha de centro e ela começa a se mexer, então sai uma ARANHA
enorme debaixo dela. Você não pensa duas vezes e chuta a aranha, que
acaba caindo em um BURACO no carpete. Você se levanta, e ao olhar para
os vasos da sala percebe que as flores se transformaram em RÉGUAS
enormes que quase tocam o teto. Você olha para a TV e vê que está
escorrendo SORVETE pela tela, nesse momento sai um cara enorme do
armário gritando alguma coisa em ALEMÃO que você não consegue
entender.
Para essa técnica funcionar bem, é preciso que você tenha uma
imagem muito clara do ambiente que você escolheu para usar como seu
palácio. Além disso, quanto mais engraçadas, exageradas ou absurdas
forem as associações que você fizer entre os itens e os pontos, mais fácil
será memorizar tudo.
CARTÕES DE PERGUNTAS
A técnica consiste em escrever num cartão colorido uma pergunta e,
no outro lado do cartão, a sua resposta. Os cartões são colocados em duas
caixas diferentes. Na primeira, ficarão os cartões cujas respostas você já
memorizou e na outra ficarão os cartões cujas respostas você ainda não tem
segurança para responder.
Além de uma técnica de memorização é também uma ajuda na
Revisão dos conteúdos, pois utiliza a repetição de forma sistematizada,
consolidando os conhecimentos em seu cérebro. Você pode aproveitar os
momentos ociosos para revisar os cartões.
Essas são algumas técnicas de apoio. E por mais que pareçam
simples, saiba que elas podem ser extremamente poderosas se forem
corretamente aplicadas e treinadas.
Só para você ter uma ideia, o bicampeão mundial de memorização,
Boris Nikolai Konrad, detém dois títulos mundiais do Livro Guinness dos
Recordes. Ele memorizou 201 nomes e rostos em apenas 15 minutos, e 21
nomes e datas de nascimento em dois minutos. E acredite se quiser, uma das
principais técnicas que Konrad utiliza é a do Palácio da memória.
Exatamente uma das técnicas que acabamos de aprender. Fonte .
Em uma investigação liderada pelo Professor Doutor Martin Dresler,
do Centro Médico da Universidade de Radboud, na Holanda, foram
escaneados os cérebros de 23 vencedores do Campeonato Mundial de
Memória, realizado anualmente desde 1991. Fonte.
Eles descobriram que fisicamente os cérebros das pessoas que
ganharam os prêmios de memorização não apresentavam diferenças
relevantes quando comparados com os cérebros de pessoas que alegaram
não ter uma boa memória, ou seja, pessoas comuns como você e eu.
Então os cientistas convidaram alguns desses campeões de memória
para treinar parte dos participantes da pesquisa. E qual não foi a surpresa
quando, com 30 minutos de treinamento diário e seis semanas depois, as
pessoas com baixo nível de memorização apresentaram um aumento médio
de 30% no nível de desempenho nos testes de memória!
A conclusão a qual os cientistas chegaram foi que ter uma boa
memória é algo que se pode aprender e para o qual se pode treinar. É
perfeitamente possível que uma pessoa aumente sua memória desde que
treine seu cérebro para isso. E é exatamente isso que estamos propondo a
você com essas técnicas. Depende apenas da usa disposição em treinar e
aplicar o que aprendeu para treinar sua memória e começar a obter bons
resultados.
ESTRATÉGIAS PARA INICIAR OS ESTUDOS
Muitas pessoas que vão passar pelo processo de preparação para
concursos e para vestibulares consideram as Técnicas de Estudo como o
aspecto mais importante. Porém, antes de mostrar a você algumas técnicas
consagradas de estudo, quero lhe dizer três coisas importantes e que você
precisa guardar consigo:
1. Conhecimento não é a mera aquisição e acúmulo de informações.
2. Conhecer pode ser extremamente prazeroso. É uma forma
divertida usar a sua memória, raciocínio e criatividade.
3. Ter prazer ao estudar e adquirir conhecimento muitas vezes
depende de saber usar a estratégia, o método e a técnica certa para estudar.
Estratégia é o conjunto de ações que você adota para atingir o seu
objetivo. É importante ter um plano estratégico de estudos, a fim de
otimizar o seu tempo e organizar a sua preparação.
A sua estratégia deve ser personalizada. Você vai descobrir a melhor
forma de estudar para você. Determinadas técnicas, métodos e horários são
recomendados para a maioria das pessoas, mas cada uma aplica essas
recomendações à sua maneira. O mais importante é o seu modo de aprender
e o seu resultado. Por isso, aconselho você a monitorar seu processo de
aprendizagem. Preste atenção no que funciona para você e vá se
aperfeiçoando com a prática.
As técnicas são procedimentos já experimentados para realizar
algumas ações. Ao conhecer e experimentar essas técnicas, você perceberá
quais são as que melhor se ajustam ao seu jeito de aprender. Com isso, você
criará o seu método, isto é, o seu caminho para chegar onde quer.
Vou lhe passar três estratégias que devem vir antes de qualquer
projeto de estudo.
A primeira estratégia: PERGUNTAR.
A curiosidade é a mãe de todo aprendizado. Fazer perguntas e
procurar respostas é o que distingue o estudante do aluno passivo. O hábito
de perguntar cria o espírito de pesquisador e o prazer de aprender. Por isso,
pergunte! Pergunte aos livros, pergunte aos colegas, pergunte aos
professores.
Os cursos que talvez você esteja fazendo foram criados para que
você aprenda. A dúvida e o erro fazem parte desse processo. Eu sei que, em
alguns ambientes, pode existir uma pressão para não fazer “perguntas
bobas”, mas elas são importantes se você estiver com dúvidas. É seu direito
perguntar. Saiba que a melhor forma de aprender é mantendo uma atitude
de curiosidade perante as coisas.
A segunda estratégia: Encarar o conteúdo como um Quebra-
Cabeça
É muito difícil estudar alguns conteúdos que parecem não ter
ligação com nada do que estamos estudando. Dá a impressão de que os
conhecimentos estão em caixinhas diferentes umas das outras e sem relação
entre si.
Uma forma que facilita o estudo é encará-lo como um quebra-
cabeça, onde cada nova peça juntada acelera o resultado pretendido. Se
você não sabe qual é a figura que deve montar, é muito mais difícil juntar as
peças. Por isso, olhamos a figura já montada, antes de identificar cada parte.
Em outras palavras, sempre que você for estudar alguma coisa, analise
primeiro o todo para só então ir para as partes!
E como isso é possível?
Os sumários ou índices dos livros e apostilas, os títulos e subtítulos,
os desenhos e fotos que acompanham os capítulos, permitem que nos
situemos e vejamos por alto o assunto de que trata o material. Ao começar a
estudá-lo você vai saber ao menos qual é o seu tema principal e se tem
relação com outras matérias que você já estudou.
Agindo dessa maneira, você sempre vai enxergar o todo e depois
estudar as partes. Ao estudar a parte, da melhor maneira possível, você vai
entender como aquele pedaço vai otimizar o aprendizado do resto da
matéria. Pode acontecer de você sentir uma espécie de confusão ao iniciar
os seus estudos, uma sensação de que não sabe nada ou de que é impossível
encarar a quantidade de coisas ou matéria que tem pela frente. Isso é
natural. Não se preocupe.
O mais importante a saber é que essa fase passa. Confusão, dúvidas,
alguma ansiedade diante do desconhecido, tudo isso faz parte do estudo. O
segredo para lidar com isso está em “encaixar” os conhecimentos uns nos
outros. Você vai perceber que os primeiros encaixes são mais difíceis.
Porém, quando eles começam, passam a desenvolver-se em progressão
geométrica. Encaixar uma informação na outra e montar um panorama geral
do tema que estiver estudando vai ficando cada vez mais fácil.
Quanto mais se aprende, mais fácil fica aprender novas coisas. Se
você prossegue nos estudos, consolidará seus conhecimentos e chegará a
um grau de excelência onde fará as coisas com muito mais tranquilidade.
A terceira estratégia: Ver as provas com os olhos do examinador.
A maioria dos candidatos está acostumada a pensar numa prova
apenas como alunos. É preciso aprender a ver a prova não apenas como
quem quer acertar (nesse caso, o aluno), mas como quem quer ver se está
certo (ou seja, o examinador).
Uma técnica que pode ajudar é fazer as correções de provas e
exercícios em duplas ou grupos. Cada um deve corrigir como se fosse o
próprio examinador, com bastante atenção e sendo o mais exigente possível.
Fazendo isso você vai praticar uma ótima técnica de reforço, além de
perceber detalhes que muitas vezes passam desapercebidos quando estamos
na pressão de entregar uma prova.
TÉCNICAS DE ESTUDO
Como vimos anteriormente, técnica é o procedimento usado para
realizar uma determinada tarefa. Se você tem que estudar textos, por
exemplo, pode fazer isso de várias maneiras. Pode apenas ler o texto uma
vez, pode sublinhar enquanto lê, fazer resumo após a leitura, criar
esquemas, mapas mentais... E cada um desses procedimentos pode ser
considerada como técnicas diferentes de estudar um texto.
As técnicas básicas de estudo têm relação com a programação do
seu cérebro e com os recursos mentais que você tem disponíveis.
Justamente por esse motivo é que você precisa ter claro em mente que não
existe uma técnica única que vá funcionar 100% para todas as pessoas.
O ponto principal quando falamos de técnicas de estudo e
aprendizagem, é que você precisa testar e descobrir qual a melhor técnica
para você. Dessa maneira, a melhor técnica vai ser aquela com a qual você
consiga atingir seu objetivo. Portanto, não seja tão simplório ao ponto de
criticar as técnicas que vai ver aqui ou de acreditar que elas são definitivas e
vão funcionar perfeitamente em todos os casos, sem antes as testar, avaliar
os resultados e determinar quais dessas técnicas, conjunto de técnicas ou
variação delas atende melhor suas necessidades e expectativas.
Isso é fundamental: Teste as técnicas, avalie os resultados, adapte o
que for necessário para que você consiga obter o melhor resultado possível.
Não existe um padrão único nem uma técnica melhor que as outras. A
melhor maneira de estudar é aquela em que você APRENDE .
Tendo isso claro na sua mente, podemos continuar.
Bom, você já deve ter percebido que alguns estudantes conseguem
aprender muito mais rápido do que outros. Algumas pessoas parecem ter
uma habilidade secreta para estudar que as permite entender tudo com
muita facilidade. Enquanto isso outras pessoas lutam para conseguir
concluir a leitura de um livro retendo uma porcentagem miserável do que
leu.
Apesar de sabermos que existe sim uma predisposição genética para
a facilidade de aprendizagem, essa vantagem genética não é definitiva.
Alguns estudos apontam que a herança genética é responsável em média
por cerca de 20 a 40% da capacidade intelectual de uma pessoa, seja de
forma positiva ou não.
No entanto, se existe um consenso entre os cientistas e
pesquisadores é que **a inteligência é fortemente influenciada pelo
ambiente**. Fatores como a criação, a nutrição, a educação e a
disponibilidade de recursos de aprendizado e as técnicas utilizadas formam
e constroem nosso potencial intelectual. E essa é uma ótima notícia, pois
significa que apesar da herança genética, podemos moldar nossas
habilidades intelectuais através da prática e do esforço.
Se você cresceu sendo estimulado a pesquisar, teve sua curiosidade
incentivada e contou com apoio para desenvolver suas habilidades de
reflexão e estudos, com certeza possui uma facilidade em estudar e
aprender. Isso porque os círculos sociais e a maneira como nos
acostumamos a estudar, nos modelam e dão as condições para que
possamos alcançar ou não todo o nosso potencial cognitivo.
Dessa forma, apesar das condições pouco favoráveis que algumas
pessoas podem ter vivido, é totalmente possível desenvolver a capacidade
de estudar e aprender utilizando as técnicas certas.
A partir do próximo capítulo vamos ver algumas técnicas que foram
apontadas como as mais eficazes de acordo com a avaliação de cientistas
psicológicos de universidades como a Universidade Estadual de Kent, a
Universidade Duke, Universidade de Wisconsin-Madison e Universidade da
Virgínia nos Estados Unidos.
Na pesquisa publicada na revista “Psychological Science in the
Public Interest” ( fonte ), foram avaliadas 10 técnicas de estudo, no entanto
vamos nos ater apenas àquelas que apresentaram os melhores resultados e
foram apontadas como as mais eficazes.
Como já foi dito antes, é muito importante adotar uma postura
receptiva e receber todas as informações de mente aberta. Portanto, mesmo
que você já conheça ou tenha praticado algumas dessas técnicas antes, ouça
com atenção o que temos a dizer sobre elas.
A PRÁTICA ESPAÇADA
No papel de alunos, já ouvimos várias vezes que deveríamos estudar
para um teste ou uma prova. Ouvimos isso no ensino fundamental, no
ensino médio, no ensino superior, em casa, na faculdade e no cursinho. Mas
algo que raramente ouvimos é como devemos de fato estudar. A impressão
que dá é que todos querem e precisam estudar, mas poucos sabem de
verdade como fazer isso.
Talvez isso aconteça porque as pessoas, de um modo geral, pensem
que estudar é uma atividade simples, onde apenas ficamos quietos num
canto lendo e fazendo anotações, e que todas as pessoas devem saber como
fazer isso.
A verdade é que o estudo realmente eficaz não é passivo. Ou seja,
não é apenas ler, ou ouvir alguém falar sobre um assunto. O verdadeiro
estudo, aquele que transforma nossas ligações cerebrais e que nos
desenvolve como pessoas e profissionais melhores, precisa ser ativo. Por
estudo ativo devemos entender a atividade de reflexão, análise, comparação
e criação. Esse conjunto de ações é que gera o conhecimento de verdade.
Como vimos antes, existem algumas condições que podem interferir
positiva ou negativamente na capacidade de aprendizagem de uma pessoa.
No entanto, vimos também que qualquer pessoa pode aumentar sua
capacidade de estudo se utilizar as técnicas corretas, e manter uma postura
de estudo crítica e ativa.
Estudar de forma eficaz é algo que pode ser aprendido. E é aí que
entram as técnicas de estudo.
A Prática espaçada
A prática espaçada funciona de acordo com os princípios que já
vimos quando falamos da curva de esquecimento de Ebbinghaus, no
capítulo sobre memória e memorização.
Depois de alguns anos de estudo, Ebbinghaus conseguiu reconhecer
os padrões, e estabeleceu algumas regras para se conseguir tirar o máximo
proveito das revisões. Esses padrões descobertos por Ebbinghaus deram a
base para a técnica da Prática espaçada.
A Prática espaçada é uma técnica de estudo em que os períodos de
estudo são distribuídos durante um longo período. Isso dá tempo às suas
mentes para formar conexões entre as ideias e conceitos para que o
conhecimento possa ser construído e facilmente lembrado mais tarde
Toda vez que você deixa um pouco de espaço entre um período e
outro de estudo, você esquece um pouco da informação. Até aí OK, já
vimos isso quando estudamos sobre a curva do esquecimento de
Ebbinghaus.
O interessante é que para o cérebro, reaprender ou relembrar algo, é
muito mais trabalhoso do que aprender. E isso é muito bom. O
esquecimento nos ajuda a fortalecer a memória. Pode parecer contra
intuitivo, mas é perfeitamente natural esquecer um pouco para depois
aprender e lembrar de novo. Esse processo reforça as ligações cerebrais,
tornando o conhecimento mais firme no cérebro.
A Prática espaçada é exatamente o oposto do abarrotamento, que é a
prática de estudar intensamente para absorver grandes volumes de
informações em curtos períodos, geralmente com a intenção de realizar uma
prova em curto prazo.
O grande problema da técnica do abarrotamento, é que toda a
informação entulhada no cérebro vai ser guardada na memória de curto
prazo. E já vimos anteriormente como esse tipo de memória funciona.
No entanto, quando você divide o seu aprendizado utilizando a
prática espaçada, você utiliza a mesma quantidade de tempo de estudo e o
espalha por um período muito mais longo de tempo. E dessa forma, parte do
que você aprende é esquecido, como já sabemos, mas outra parte é
armazenada na memória de longa duração, o permanente.
Assim, a mesma quantidade de tempo de estudo vai produzir um
aprendizado mais duradouro. Por exemplo, cinco horas distribuídas em duas
semanas é muito mais eficaz do ponto de vista da aprendizagem, do que
estudar como louco durante cinco horas, um dia antes da prova.