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COMO ESTUDAR PARA PROVAS,

CONCURSOS E VESTIBULARES
Aprenda a Estudar de Forma Eficiente Utilizando um
Método de Estudo Autodirigido com Estratégias
Simples e Eficazes

© ISMAR SOUZA
Todos os Direitos Reservados
São Paulo - Brasil - 2019

AVISO LEGAL
Como Estudar para Provas,
Concursos e Vestibulares
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INTRODUÇÃO
“A alegria que se tem em pensar e aprender faz-nos
pensar e aprender ainda mais.”
Aristóteles
Seja muito bem-vindo!
Eu sou Ismar Souza. Sou Coach de Aprendizagem e especialista em
e-learning, com mais de 10 cursos publicados e mais de 10 mil alunos. E
junto com meu amigo e parceiro de negócios, Vitor Corecha, vamos te
apresentar uma série de dicas e estratégias para você planejar todo o seu
projeto de estudos e se preparar para qualquer prova, concurso ou
vestibular.
Bom, e para começar, eu quero que você responda a uma pergunta:
Qual foi o seu interesse ao adquirir esse curso?
Pode ser que daqui há pouco tempo você vá enfrentar uma série de
provas e testes para os quais você precisa se preparar bem?
Ou então, você tem pensado em prestar Concurso Público e agora
surgiu a oportunidade de realizar esse desejo?
Ou ainda, você está próximo de prestar o Vestibular e gostaria de
aprender melhor as matérias, otimizar os estudos e fazer render os seus
esforços?
Bem, geralmente quem começa a se preparar para provas, sejam elas
de Concurso Público, Vestibulares ou testes profissionais, enfrenta um ou
mais desses problemas:
Pouco tempo para estudar - Você trabalha ou tem tarefas que
comprometem sua disponibilidade e o seu tempo é muito pequeno para se
dedicar aos estudos como deveria?
- Tudo bem, você vai descobrir como aproveitar melhor seu tempo
de estudo.
Desorientação - Você não sabe por onde começar ou sequer sabe o
que é importante estudar? Não sabe como organizar seu projeto de estudo?
Aliás, você nem fazia ideia de que para ter sucesso na sua preparação era
necessário ter e seguir um planejamento?
- Não se preocupe, nós vamos te ajudar a criar um plano claro e
objetivo de estudos.
Desmotivação - Você se assustou com a quantidade de conteúdos
que precisa estudar para a prova? Acha que não vai dar conta? Pensou em
desistir, antes mesmo de começar?
- Nós sabemos como é se sentir assim, por isso preparamos alguns
capítulos para te ajudar com a questão da motivação para enfrentar um
projeto de estudo.
Falta de concentração - Você se distrai facilmente durante os
estudos? Qualquer coisa tira a sua atenção e foco? Você até começa bem no
estudo, mas em poucos minutos já nem sabe mais o que estava estudando
ou lendo?
- Esse é um dos problemas mais comuns, e por isso preparamos
dezenas de dicas que você pode aplicar rapidamente para aumentar sua
atenção e concentração nos estudos.
Baixo rendimento - Você já começou a estudar, mas tem a sensação
de que aprende pouco? Tem a impressão de que todas as outras pessoas
aprendem mais e mais rápido do que você?
- Pode ficar tranquilo, pois você vai descobrir algumas das
melhores técnicas de estudo desenvolvidas e aprimoradas por psicólogos e
cientistas da educação.
Bem, o nosso objetivo é mostrar a você que é possível estudar para
Concursos Públicos, Vestibulares ou outras provas,
com qualquer quantidade de tempo disponível;
usando as suas capacidades mentais ao máximo;
fazendo as escolhas certas de conteúdo;
com foco e atenção;
usando as técnicas certas de estudo e de memorização;
e aprendendo mais rápido e preparando-se de forma competitiva.
Mas aqui vai um aviso: Não espere ver truques mágicos e
mirabolantes por aqui. Isso não existe. O objetivo desse curso é ajudar você
a mudar sua forma de pensar sobre os estudos para preparar sua mente da
maneira certa.
Acredite, preparar sua mente para estudar é de longe muito mais
importante do que aprender um monte de técnicas engraçadinhas para
decorar fórmulas e regras. É claro que as técnicas têm o seu valor, mas se
você não estiver preparado para tirar o maior proveito delas, vai acabar
perdendo muito em seus resultados.
Nós vamos mostrar a você como usar a sua inteligência do jeito
certo. O seu cérebro, assim como o seu corpo, tem configurações e
funcionamento próprios. É importante que você conheça e desenvolva a sua
inteligência da forma correta, para só a partir daí, conseguir extrair o
máximo proveito dela.
Outro ponto importante que vamos abordar aqui é sobre como se
tornar autodidata. Então, você vai aprender a se preparar e a estudar de
verdade, de forma produtiva, com o apoio de várias técnicas e estratégias
desenvolvidas e propostas pelos maiores especialistas na área de preparação
para provas, concursos e vestibulares. Você vai aprender a criar
AUTONOMIA para se preparar e chegar onde planejou.
Bom, estamos ansiosos para começar. Se você estiver pronto, nos
vemos no próximo capítulo!
SUMÁRIO
Como estudar para provas e concursos
Mudanças necessárias e o gosto pela leitura
Escolhendo o local e organizando os materiais
Rede de Apoio de amigos e familiares
Organizando e administrando seu tempo
Planejando os Estudos
Como aumentar seu tempo de estudo
Definindo o seu objetivo e aumentando a motivação
Alimentação e bebidas estimulantes
Cuidados com o sono
Exercícios físicos e cuidados com o corpo
O cérebro e os sistemas de aprendizagem
Atenção e concentração
Memória e memorização
Técnicas de memorização
Estratégias para iniciar os estudos
Técnicas de estudo
A Prática espaçada
Leitura eficiente
Algumas orientações importantes
Redação para provas e concursos
A semana e os dias de prova
Qual vai ser o tema da redação?
Após os resultados
Conclusão
Sobre o Autor
Outros livros do autor
COMO ESTUDAR PARA PROVAS E
CONCURSOS
Neste livro você vai conhecer algumas teorias e vai colocar em
prática uma série de técnicas para criar hábitos de estudo e uma rotina que
vai levar você aos resultados que determinou para o seu futuro.
Este livro é o resultado de uma minuciosa pesquisa, onde
analisamos o que os melhores e mais reconhecidos autores já apresentaram
e estão apresentando atualmente sobre preparação para concursos e
vestibulares.
Neste capítulo, vou apresentar a você o Professor Pierluigi Piazzi,
que escreveu o clássico Inteligência em Concursos: Manual de
instruções do cérebro para concurseiros e vestibulandos ������
.
Nesse livro, o Professor Pier apresenta um conceito da Neurociência
que muda tudo o que sabíamos a respeito da inteligência humana. Segundo
ele “A INTELIGÊNCIA É UMA QUALIDADE APRENDIDA”.
Como assim?
Sempre acreditamos que a inteligência se tratava de um fator
genético, como a cor da pele ou dos olhos. Porém, inúmeros testes têm sido
feitos e provaram que a inteligência pode ser desenvolvida mediante
exercícios para o cérebro. Então grave isso, pois esse vai ser o nosso ponto
de partida neste curso: a inteligência é uma qualidade aprendida .
Isso significa que você pode se tornar mais inteligente usando as
técnicas certas para estudar, aprender e se preparar. A sua tarefa, ao longo
deste curso, será aprender a se tornar cada vez mais inteligente. Essa é única
maneira de garantir o seu sucesso.
Um segundo ponto fundamental apresentado pelo Professor Pier é
ainda mais polêmico: “ quem tem mais chance de se sair bem em um
concurso nem sempre é o candidato que sabe mais, mas aquele que
conseguiu se tornar mais inteligente ”.
Bem, para desenvolver a sua inteligência e aplicá-la aos seus
estudos, talvez precise jogar fora alguns conceitos que você já conheça e os
aceite como verdadeiros. Por exemplo, de acordo com o Professor Pier,
você deve deixar de ser aluno para se tornar um estudante .
Mas o que isso significa, afinal de contas?
De acordo com o professor Pier, aluno é sempre alguém dependente.
O aluno precisa que alguém lhe explique os conteúdos, diga o que estudar e
como estudar. Como pensar a respeito dos problemas e como responder às
questões.
Já o estudante é autônomo. Ele sabe qual é a melhor forma de
estudar cada área e como pode aprender mais conteúdo em menos tempo.
Portanto, se você se acostumou a estudar apenas lendo os livros ou
anotando o que os professores ensinam nas aulas e relendo os apontamentos
do seu caderno, vai precisar dar uma guinada na sua vida.
Mas não se assuste! Você vai receber todas as orientações
necessárias e vai descobrir os passos certos para se tornar um estudante
autônomo e inteligente !
Você vai descobrir que estudar é muito mais que apenas ler ou
rabiscar algumas anotações, e que aprender pode ser muito prazeroso.
Espero que tenhamos conseguido aguçar a sua curiosidade e
despertado a sua vontade de se preparar para as suas provas com
inteligência e de forma autônoma, criando seus próprios processos de
estudo. Afinal, a curiosidade e a determinação de responder suas próprias
questões são os pontos fundamentais para ter sucesso no seu projeto de
estudos.
MUDANÇAS NECESSÁRIAS E O GOSTO PELA
LEITURA
Vamos iniciar nosso curso falando sobre dois tipos de mudança que
são necessários na vida de quem se dispõe a enfrentar um Concurso
Público, um Vestibular ou uma série de provas. A primeira mudança é
externa e é fácil providenciar. É preciso apenas:
criar um espaço e um horário de estudos que sejam adequados,
ter uma agenda e um plano de estudos,
e adotar as melhores estratégias de estudo.
Nós vamos tratar desses pontos externos em vários momentos do
curso, e também veremos várias dicas para conseguir organizar isso. Porém,
a principal mudança, aquela que você realmente precisa realizar é pessoal e
interna.
Para isso você vai aprender como funciona a sua inteligência e como
é possível treiná-la e aumentá-la para chegar ao sucesso na sua empreitada.
Para isso, nós vamos discutir sobre:
como adquirir gosto e prazer pela leitura e pelos estudos,
quais os cuidados que você precisa ter com você mesmo, mental e
fisicamente,
como usar a estratégia certa para estudar, em cada fase,
como ter segurança de estar fazendo a coisa certa.

COMO GOSTAR DE LER


Pode ser que você tenha aprendido a gostar de ler, desde a sua
infância. Isso acontece com quem teve bons professores ou foi influenciado
pela família no caminho da boa leitura. Há crianças e adolescentes que,
desde cedo, adoram ir à biblioteca, escolhem seus livros, devoram histórias
escritas e se divertem. Porém, uma grande parcela das pessoas
simplesmente declara não gostar de ler e têm grande dificuldade para
estudar. Para elas, o simples fato de ter que ler alguma coisa já é um
sacrifício.
Então, vamos ao fato número 1: Só consegue fazer seu nível de
inteligência aumentar quem for um leitor
E ser leitor não é apenas ser alfabetizado ou ir à escola. A maioria
dos bons leitores são aqueles que gostam de ler livros que não são indicados
pela escola. Ser leitor é diferente de simplesmente ser bom aluno. A
diferença entre ler porque a escola exige e ler porque gosta está no prazer e
na diversão. Pessoas que leem porque gostam, se divertem da forma mais
útil e prazerosa. Aprendendo.
Isso nos leva ao fato número 2: Na realidade, ninguém odeia ler
O que acontece na verdade, é que as pessoas odeiam a obrigação
de ler , ainda mais de ler livros chatos indicados pelo sistema escolar. É
muito comum que crianças gostem de ler alguns dos livros indicados por
professores que conseguem aliar a leitura de bons autores infanto-juvenis
com a diversão da leitura.
Porém, quando se toma a lista de livros para o vestibular, o que se
vê é uma sequência dificílima e cansativa para quem não adquiriu o hábito
da leitura. O problema é que essas pessoas não foram apresentadas aos
livros divertidos que as preparariam para ler esses clássicos mais
complexos.
Ler é como ouvir música. Dificilmente, alguém começa a gostar de
música ouvindo música dodecafônica de Schoenberg. Esse é um tipo de
audição para ouvidos treinados e estudiosos da música. Da mesma forma, é
difícil começar a gostar de ler a partir de um livro de José de Alencar ou de
Camões, embora eles sejam autores geniais.
Normalmente, esse gosto é adquirido através da leitura de algo
envolvente, como uma história, que pode ser uma ficção, uma biografia ou
um relato histórico. Existem centenas, senão milhares, de livros que são tão
fascinantes, a ponto de prender o leitor por horas ou dias.
Muitos desses livros tornaram-se filmes e é comum as pessoas
dizerem: “vi o filme, mas o livro é muito melhor!”. Essa é a frase típica de
bons leitores. Eu tive a sorte de iniciar meu caminho como leitor lendo por
prazer, e não por obrigação. Lembro até hoje o primeiro livro que li
inteirinho por pura e sincera vontade: A História sem Fim, de Michael
Ende.
Um livro que conta a História de Bastian, um menino solitário que
começa a ler um livro e é enviado para o reino da fantasia. Esse livro mexeu
com a minha imaginação e me fez querer encontrar outras histórias
fantásticas. E as histórias fantásticas me fizeram perceber que através dos
livros eu poderia conhecer muito do mundo mesmo sem sair da minha
cadeira.
As pessoas que conheceram a experiência de encontrar o fascínio de
um livro precisam continuar a fazê-la, encadeando uma leitura na outra e
criando a rotina da leitura. Com o tempo, ler torna-se um prazer irresistível.
Repito: ler é a melhor maneira de desenvolver e aumentar a inteligência. E
nós vamos entender as causas fisiológicas disso mais adiante.
Pode ser que você tenha perdido o hábito de ler jornais, revistas e
livros impressos. Eu sei, esse é um fenômeno da atualidade. As pessoas,
quando leem, estão usando, cada vez mais, seus celulares, notebooks,
tablets e computadores. Eu inclusive leio boa parte dos meus livros em
formato digital. Porém, preciso informar você sobre uma coisa importante.
Estudos têm mostrado que ler em uma tela que emite luz reduz em 30%
a compreensão do conteúdo .
A Neurociência mostra que os mecanismos neurais usados na leitura
e uma tela luminosa são diferentes dos mecanismos neurais utilizados na
leitura em papel. O Que causo um nível menor de engajamento na leitura
em dispositivos eletrônicos.
Por isso, as grandes distribuidoras estão colocando no mercado
dispositivos de leitura com displays display de electronic paper (“papel
eletrônico”), que simula uma folha de papel e exige claridade no ambiente
para ser lido, como se fosse um livro impresso. E é justamente em
dispositivos com telas de papel eletrônico, como o Kindle, que faço minhas
leituras de ebooks.
Portanto, sempre que possível, dê preferência por ter o livro ou o
texto impresso para estudar. Isso não significa que você não pode nunca
utilizar a tela. Essa recomendação é para os textos mais longos e
complexos, especialmente as leis e teorias, nos quais é possível e até
mesmo aconselhável, que você possa fazer marcações e anotações.
ESCOLHENDO O LOCAL E ORGANIZANDO OS
MATERIAIS
Vamos falar agora sobre um aspecto fundamental da sua preparação
para um Concurso Público, para o Vestibular ou qualquer tipo de provas às
quais você pretende se submeter no futuro: o seu local de estudo.
Escolher um lugar de estudo adequado é um dos passos mais
importantes da sua preparação.
Primeiramente, é essencial encontrar um lugar tranquilo e bem
iluminado, no qual você não se distraia e possa estar totalmente focado nos
estudos. Portanto, esse local deve ser o mais silencioso e sem interferências
externas possível.
A distração pode fazer você perder muito tempo. Vários estudos têm
mostrado que, quando alguém se distrai de uma atividade, pode demorar até
20 minutos para voltar a se concentrar no que estava fazendo antes. Porém,
leva apenas 11 minutos para se distrair após o começo de uma tarefa. E uma
das principais causas da distração costuma ser justamente o ambiente em
que a pessoa está. Por isso, escolher o ambiente para as horas de estudo é
tão importante quanto o conteúdo que você vai estudar.
Esse é um ponto fundamental, mas que geralmente não recebe a
devida atenção. Não seja uma dessas pessoas que cometem erros básicos
por desconsiderar detalhes importantes.
Pode ser que você pretenda estudar em sua própria casa. Essa é a
escolha da maioria das pessoas. Para quem estuda em casa, existem
algumas sugestões que podem ser bastante úteis:
Mantenha a TV desligada ou fique bem longe dela.
Não estude deitado na cama ou no sofá, pois a tendência a ter sono é
muito grande.
Deixe o celular no modo silencioso, bem distante de você ou se
possível em outro cômodo.
Evite sentar-se voltado para uma porta ou janela, a melhor opção seria
sentar-se virado para uma parede e longe da entrada.
Uma biblioteca também pode ser um excelente local de estudo. Seja
ela pública, do colégio, da faculdade ou em um centro cultural. As
bibliotecas costumam ter uma energia que atrai ao estudo. Afinal, são locais
construídos para isso. Você pode se motivar ao ver outras pessoas também
se dedicando aos estudos. Nesses espaços sempre existem mesas mais
reservadas que são ótimas para quem precisa se concentrar.
Até mesmo uma cafeteria pode ser o seu local de estudo, se não for
um ambiente muito movimentado e barulhento. Evite sentar-se próximo das
portas de entrada ou saída, e se possível avise para os atendentes que você
vai passar um tempinho ali e que gostaria de não ser incomodado.
Há pessoas que preferem ambientes mais abertos para estudar, como
uma praça, um parque, ou até mesmo a praia, embora esses lugares possam
favorecer a distração. Esses locais podem ser interessantes, especialmente
para fazer revisões, ler resumos ou algo mais leve. Há várias pessoas, por
exemplo, que estudam também conteúdos mais exigentes e se sentem até
mais inspiradas. O importante é você avaliar a sua capacidade de
concentração nesses espaços.
Aliás, todas as dicas que você vai ver aqui devem sempre ser
encaradas como sugestões que precisam ser testadas. Nenhuma dica ou
estratégia é 100% garantida. Faça testes e adaptações até conseguir os
resultados que você deseja.
Algumas pessoas perguntam: é possível estudar estando no ônibus
ou metrô?
Bom, se você gasta algumas horas do seu dia se locomovendo no
transporte público, poderia aproveitar também esses momentos para
estudar. Por exemplo, se você passa duas horas por dia se locomovendo e
não aproveita esse tempo, somando todo esse período, no final de um ano
você terá 700 horas a menos de estudo.
Porém, esse não deve ser o seu principal horário de estudo, pois é
muito difícil escrever ou anotar alguma coisa, estando em movimento. Você
pode, por exemplo, ouvir a gravação de aulas, memorizar algumas coisas,
repassar textos e exercícios já estudados e ler alguns textos mais simples.
Enfim, o tempo que você passa em transportes públicos é perfeito para fazer
revisões.
Com relação à iluminação, sempre que possível, dê preferência à luz
natural.
No entanto, é importante que essa luz não incida diretamente sobre
o texto. A luz indireta ou difusa é sempre melhor, pois o papel branco
reflete muita luz e seus olhos se cansam mais rapidamente.
Caso você sinta seus olhos ardendo ou cansados, não os esfregue
diretamente. Experimente esfregar as mãos até aquecê-las bem e coloque-as
sobre os olhos por uns 30 segundos. Isso vai ajudar a relaxá-los.
Além do seu local de estudo, é importante escolher os melhores
horários para estudar. Se for possível escolher os seus momentos de estudo,
preste atenção aos horários em que você é mais produtivo. Há pessoas que
tem muito gás para estudar pela manhã, outras preferem no fim da tarde, à
noite ou até mesmo de madrugada. Mais adiante vamos falar sobre o ciclo
circadiano e então você vai entender a importância de descobrir o seu
horário de maior rendimento.
Seja qual for o local escolhido, não se esqueça de que os seus
materiais devem estar organizados. Perde-se muito tempo colocando em
ordem os materiais antes de começar a estudar. Então:
Organize seu material por disciplina. Além dos livros, os materiais
impressos devem ser separados em diferentes pastas. Se possível, use
pastas de diferentes cores para distinguir uma disciplina da outra.
Organize tudo em subpastas. Além das pastas de cada disciplina, você
pode separar as apostilas, editais, leis, exercícios, resumos, provas etc.
Só tenha diante de si o que vai usar no seu estudo. Não junte vários
livros nem fique com várias pastas abertas. É importante segmentar
seus períodos de estudo para matérias específicas.
Não deixe seu ambiente de estudos desorganizado para o dia seguinte.
A desordem pode fazer você perder tempo para se concentrar e
recomeçar.
Termine o que começou ou marque onde deve recomeçar. Caso você
esteja no meio de mais de um tópico, de diferentes disciplinas, deixe-
as encadeadas para o dia seguinte.
REDE DE APOIO DE AMIGOS E FAMILIARES
Há pessoas que recebem muita ajuda da família e incentivo dos
amigos, quando decidem enfrentar o desafio de um Concurso ou um
Vestibular. E isso é ótimo!
Infelizmente, em alguns casos, pode ser difícil manter uma boa
relação com algumas pessoas próximas. Ocorrem muitas cobranças e
algumas pessoas podem torcer contra e até tentar atrapalhar o processo. Eu
sei que isso pode ser um pouco difícil de aceitar, mas nesses casos, não há
muito o que fazer: se você não puder conquistar essas pessoas para o seu
lado, é melhor afastar-se o quanto possível.
Você está entrando em um período que pode durar meses ou alguns
anos. Tudo por um objetivo que vai melhorar não só a sua vida, mas
também a de seus familiares. Pensando nisso, é importante estabelecer um
clima de paz e de colaboração, criando o que eu chamo de REDE DE
APOIO.
Algumas atitudes serão necessárias para que você se cerque de uma
Rede de Apoio.
1. Comece conversando com cuidado com os seus familiares e
amigos
Explique a eles que você vai enfrentar uma missão difícil, e que vai
precisar de todo o apoio que eles puderem dar. Há pessoas, dentro de nossa
própria casa, que são negativistas e tentam nos “jogar pra baixo”. São os
destruidores de sonhos alheios. Eles desdenham da sua capacidade de
vencer, afirmam que você vai jogar dinheiro fora e que, para os que
prestarão concurso público, que nessa área “é tudo marmelada”.
Não perca o seu tempo discutindo com essas pessoas! Não gaste a
sua energia! A melhor forma de confrontá-las é se empenhar no processo de
estudos, dar todos os passos necessários e ir em direção ao sucesso. Utilize
a crítica como desafio e combustível!
2. Prepare a família para os seus altos e baixos
Em todo processo que exige esforço por muito tempo há momentos
em que a pessoa fica mal-humorada, chata, triste, frustrada ou desanimada.
Esperamos que não, mas existe uma grande probabilidade de você ter
momentos assim e pensar em desistir. Converse com as pessoas próximas e
que gostam de você para que elas sejam suas aliadas e compreendam esses
momentos. Elas podem ser uma grande fonte de incentivos.
Quando se sentir assim, lembre-se de não descarregar tudo em cima
da família. Fique sozinho um pouco para pensar melhor, saia para dar um
passeio, vá a um parque, cinema ou praia, pratique um esporte e recupere a
energia para recomeçar.
3. Converse com quem já passou pelo mesmo processo
Uma boa ajuda para os seus estudos pode ser conversar com quem
já passou por isso. É sempre bom procurar a ajuda de alguém que já
aprendeu. Uma pessoa que passou pelo mesmo processo anteriormente é
quase sempre um bom modelo. Você não precisa fazer as mesmas coisas,
mas pode se aproveitar de algumas informações que demoraria mais tempo
para descobrir sozinho.
Se você puder encontrar alguém que já foi aprovado no concurso ou
prova pela qual você vai passar, melhor ainda! Você poderá ter muitas
dicas. Mas, atenção! Aproveite as dicas, não as anotações de estudo de
outra pessoa. Anotações são pessoais. Pegue as dicas de estudo, mas não se
baseie totalmente nas anotações, a não ser para comparar com as suas.
4. Se possível, tenha com quem estudar
Algumas pessoas se dão muito bem trabalhando em equipes. Grupos
de Estudo podem ser um complemento válido para os seus estudos. A sua
aprendizagem é solitária. O aprendizado é seu. Porém, se você puder ter
feedbacks de outras pessoas, isso pode ajudar imensamente nos seus
estudos.
Caso você esteja fazendo algum curso preparatório, aproveite muito
dos professores, a fim de esclarecer as suas dúvidas. Se estiver fazendo um
curso online, use sempre as áreas de perguntas e respostas, fóruns e chats. É
muito importante não deixar as dúvidas se acumularem.
Se puder, tenha um parceiro de estudos, que esteja no mesmo barco
ou um amigo que se disponha a ajudar, repetindo questões, corrigindo suas
falas, tomando as lições. Tenha amigos ou familiares para quem contar
sobre o seu progresso. Uma boa torcida sincera também incentiva.
Você também pode procurar por grupos de desafio e apoio na
internet. Uma ótima sugestão é o site mude.vc ������ , onde
pessoas participam de desafios, compartilham suas experiências e ajudam
outras pessoas a conseguirem atingir um objetivo específico, como ser
aprovado em um concurso, passar no vestibular, ler mais, perder peso ou se
tornar mais produtivo.
Além disso no mude.vc, você vai encontrar uma grande quantidade
de artigos e materiais de apoio cuidadosamente escritos que podem ajudar e
dar várias dicas importantes para você atingir seus objetivos. Vale a pena
dar uma olhada.
ORGANIZANDO E ADMINISTRANDO SEU
TEMPO
A administração do tempo abrange todas e cada uma das atividades
do dia-a-dia. Você sabe o quanto o seu tempo é limitado. Portanto, você
precisa aprender a dividi-lo harmoniosamente entre todas as suas
atividades.
Uma vez que você decidiu que o estudo é uma prioridade para os
próximos meses ou anos, é importante harmonizar os estudos com as
outras atividades que você desenvolve .
Não há uma receita de horário, pois a sua vida não é a mesma de
outras pessoas. Existem muitas coisas que influenciam na escolha dos seus
horários. Você sabe que os horários de uma pessoa que trabalha são
diferentes de uma que tem mais tempo livre para estudar.
O fato de você ser casado ou solteiro determina parte do uso do seu
tempo. Quem tem filhos sabe que precisa dedicar parte do seu tempo a eles.
Será necessário conciliar os estudos com essa responsabilidade. Quem
costuma praticar esportes ou fazer exercício físico não precisa (e nem deve)
abrir mão dessa prática.
Pode ser que você esteja acostumado a ir à igreja ou a fazer compras
semanais, ou ainda precisa visitar com regularidade um parente. Todas essas
atividades regulares devem ser levadas em consideração na organização do
seu horário de estudo.
Considerando tudo isso, é importante saber que o número ideal de
horas para estudar é o maior número de horas que você puder, desde que
você harmonize os seus horários, mantenha a sua qualidade de vida e faça
render o estudo.
Isso é importante para que você não vá estudar com a angústia de
estar deixando de fazer algo importante. Nós vamos ver no decorrer do
curso que o mais importante não é o tempo que você dedica ao estudo, mas
sim a qualidade do seu estudo, o quanto você consegue aproveitar do tempo
que passa estudando.
Saber estudar é muito mais do que definir horas de estudo. Estudar
é definir a qualidade do estudo e o equilíbrio adequado entre as
atividades de estudo, lazer, descanso, trabalho...
Obviamente, não é possível ter sucesso dedicando apenas poucas
horas aleatórias ao seu estudo. Porém, a quantidade de horas de estudo é
menos importante que a qualidade desse estudo como acabamos de ver.
Quanto menos qualidade houver nas suas horas de estudo, maior será o
retrabalho, isto é, as horas que você precisará repetir o estudo mal feito.
É melhor estudar duas horas com qualidade do que quatro horas
com distrações e preocupações. Melhor ainda é estudar quatro horas com
qualidade.
Existe uma fórmula, criada pelo Professor William Douglas, que é
muito interessante e que é utilizada para entender como podemos obter
melhores resultados com o tempo de estudo. A fórmula é a seguinte:
TRE = HE x NC x QE
TRE é o Tempo Real de Estudo.
HE é o Horário de Estudo (Ou seja, o número de horas que você
dedica aos estudos).
NC é o Nível de Concentração.
QE é a Qualidade do Estudo.
Em resumo, o seu Tempo Real de Estudo é resultante da quantidade
de tempo que você vai se dedicar, vezes o nível de concentração que você
tiver e da qualidade do seu estudo. Esses são os três elementos que formam
a base de todas as recomendações do nosso curso.
Posto isto, vamos conversar com mais detalhes sobre o Horário de
Estudo!
É muito comum ouvirmos as pessoas reclamarem de falta de tempo
para se dedicar aos estudos. Com exceção dos casos em que a pessoa tem
tarefas imensas a realizar com trabalho exaustivo, filhos, pessoas doentes na
família... a falta de tempo da grande maioria das pessoas costuma decorrer
de dois fatores:
FALTA DE PRIORIDADE
Ou seja, o estudo ainda não é a prioridade dessa pessoa. Ela ainda
não se comprometeu de verdade a criar e pôr em prática seu projeto de
estudo e preparação.
FALTA DE ORGANIZAÇÃO
A pessoa quer estudar, mas não se organiza corretamente: não tem
um horário ou não o cumpre, não buscou um local adequado ou nem tem os
materiais necessários. Talvez ela até tenha um plano de estudos estruturado,
mas ainda não aplicou a disciplina necessária para realizar seu projeto de
estudo.
Se você decidiu apostar a sua vida numa jornada séria de
preparação, é preciso ter claro qual é o seu objetivo, para que os seus
estudos sejam um instrumento para chegar ao sucesso. Vamos falar mais
sobre isso num próximo capítulo.
Para organizar a questão do horário de estudo, vamos ver duas
afirmações que podem parecer contraditórias a princípio, mas não são. Na
verdade, elas são complementares.
1. O seu horário de estudo deve ser sagrado
Você deve ter um compromisso consigo mesmo. Ao estabelecer os
seus horários de estudo, você fará um grande investimento no seu futuro.
Por isso, não crie um horário que será impossível de cumprir. Tome
uma decisão que vá fortalecer e não frustrar você.
Porém, uma vez estabelecido, cumpra-o! Essa é a Regra Número 1.
2. O seu horário deve ser flexível
Parece contraditório, mas a Regra Número 2 significa usar de bom
senso. A disciplina é fundamental, mas o resultado é mais importante. Por
isso, se acontecer de, no horário de estudar, você estiver com muito sono, o
melhor a fazer é tirar alguns minutos para dormir, e voltar a estudar depois
mais descansado e concentrado.
É melhor fazer render duas horas de estudo do que estudar
cansado e desconcentrado por três horas . Lembre-se de que um dos
fatores da equação que vimos há pouco era justamente a Qualidade do
Estudo. Da mesma forma, pode haver um dia em que é importante deixar de
estudar para participar de alguma ocasião especial. Não há nada de mal em
fazer isso.
Eu já vi muitas pessoas abandonarem sua vida social durante o
período de estudo. Essa pode até ser uma opção, mas não é a melhor. A
pessoa que age assim não se dá conta que estar bem emocionalmente, se
sentir confiante e relaxado é fundamental para o bom rendimento do estudo.
Então, de acordo com a Regra Número 1, é preciso respeitar os seus
horários. Eles só devem ser alterados em poucas ocasiões, e é nessa hora
que devemos usar a Regra Número 2 e flexibilizar nosso horário. Esse
processo de organização do horário de estudo é baseado em um princípio
básico: Equilíbrio.
Seu objetivo deve ser equilibrar o seu esforço em busca do
aprendizado com as suas outras atividades importantes da sua vida
pessoal .
Enquanto estou falando, você deve ter pensado nos horários que vai
usar para estudar e que se encaixem com a sua rotina atual. Então, no
próximo capítulo veremos detalhadamente como organizar e aproveitar
melhor seu tempo de estudo.
PLANEJANDO OS ESTUDOS
Falamos anteriormente sobre o Horário de Estudo, onde vimos que o
seu estudo deve ter prioridade neste período de preparação. Então, chegou a
hora de fazer um PLANEJAMENTO dos estudos.
E por que fazer um planejamento?
Simplesmente porque o planejamento faz parte do sucesso, em
qualquer atividade. Para você utilizar bem o seu tempo, você precisa fazer
um planejamento dos passos e etapas da sua preparação. Isso é o que
chamamos de Método.
Eu sugiro a você que crie um quadro e relacione todas as
disciplinas e os conteúdos que você precisa estudar . Além disso, dê uma
olhada na quantidade de páginas de cada tópico para ter uma ideia de
quanto tempo de leitura você precisará dedicar a cada tópico e tente dividir
as suas horas de forma equilibrada.
Temos a tendência a ampliar o tempo das atividades mais fáceis e
deixar as difíceis para depois ou dedicar a elas menos tempo, justamente
por serem mais difíceis ou menos agradáveis. Isso é um tiro no pé. A
divisão equilibrada do seu tempo de estudo é um dos pontos essenciais
do seu sucesso .
Você vai ver que esse planejamento e organização vão diminuir a
tensão, o stress e aumentará imensamente a sua concentração. Você
finalmente vai sentir o prazer de estar fazendo a coisa certa. É óbvio que o
seu planejamento pode sofrer alterações. Pode ser que você descubra que
um determinado tópico vai exigir mais tempo de estudos do que você havia
planejado, ou que um determinado exercício precisa ser complementado
para fixar melhor.
Todas essas variações são normais e esperadas. O importante é que
você adeque o seu horário às suas necessidades e mantenha o seu plano. E a
melhor maneira de se conseguir isso é criando um Cronograma de Estudo.
Para criar seu cronograma desenhe uma tabela com 6 dias da
semana, e divida cada dia em três períodos, manhã, tarde e noite. Determine
também os horários de início e fim de cada período do seu dia.
Por exemplo, você pode determinar que seu período da manhã de
segunda, quarta e sexta iniciam às 10:00 e terminam às 12:00, já que nesses
dias você vai para a academia. Já o período da manhã dos outros dias do seu
cronograma, iniciam às 8:00 e finalizam as 12:00, normalmente.
Feito isso, relacione todos os temas que você precisa estudar e os
distribua entre os períodos que você acabou de criar. E para que o seu
cronograma funcione corretamente, existem alguns pontos que você deve
levar em consideração:
Neste cronograma você deve utilizar apenas os períodos em que não
tiver nenhuma tarefa agendada. Se desejar, marque também as
atividades pessoais que você tiver, assim, você terá todas suas
atividades, tanto pessoais quanto de estudo, relacionadas em um único
lugar. Isso vai facilitar a visualização do seu tempo útil disponível
para o estudo.
O tempo de estudo dentro desses períodos pode variar entre 2 e 4
horas, dependendo da sua disponibilidade e disposição. É claro que
você não precisa (e nem deve) estudar por longos períodos de uma
vez só. E sempre que estiver estudando, reserve intervalos de, pelo
menos, 15 minutos para descanso a cada hora de estudo.
Você pode separar um tempo maior para matérias mais complexas, se
for necessário.
Não estude toda a matéria de uma vez, separe o estudo em partes e os
distribua entre outros dias. Isso vai te dar um tempo para fixar melhor
o que estudou. Vamos ver mais detalhes sobre isso no capítulo sobre
memorização.
Deixe seu cronograma em um local visível, e que você possa
consultar rapidamente. Pode ser na porta da geladeira o do seu
guarda-roupa, ou ao lado do seu computador.
Sempre que for estudar, organize seu espaço antes, e deixe todos os
materiais que vai usar ao alcance das mãos.
Se for possível, prefira estudar sozinho, isso ajuda a evitar distrações
e conversas paralelas que tiram o foco do seu estudo.
Mantenha seu cronograma atualizado, sempre que concluir um
período de estudo, anote isso no cronograma. Da mesma forma, se
não for possível estudar o que estava programado, ou no dia
programado, atualize para um novo dia e horário.
Planejando com antecedência, você terá mais liberdade e segurança
para fazer as alterações necessárias.
COMO AUMENTAR SEU TEMPO DE ESTUDO
Você pode estar pensando “Como posso aumentar o tempo, se o dia
tem apenas 24 horas para todos?”
Bom, em primeiro lugar é óbvio que o objetivo não é aumentar o
tempo existente no seu dia. Isso não é possível. O que queremos fazer é
ajudar você a aumentar seu tempo útil disponível para o estudo. Veja, nos
dias de hoje, com todas as tarefas e atividades que temos, ninguém parece
ter tempo. Por isso, você precisa adaptar o seu tempo!
Cada pessoa gasta o seu tempo com as coisas nas quais tem
interesse e compromisso. Parece incrível, mas boa parte do seu dia é gasta
com atividades menos importantes ou até mesmo inúteis . É só refletir
um pouco e você vai perceber que desperdiça boa parte do seu tempo com
atividades que poderiam ser totalmente eliminadas da sua rotina sem causar
nenhum prejuízo.
Se você sinceramente optou por dedicar o tempo necessário a se
preparar para uma nova fase de sua vida, vou dar a você uma série de dicas
eficientes para aumentar seu tempo útil para o estudo.
Aproveite seu tempo no trânsito.
Você tem ideia de quanto tempo você gasta dirigindo o seu carro ou
dentro de um ônibus ou metrô, todos os dias?
O que você faz nesses momentos? A maioria das pessoas, se estiver
sozinha, costuma ouvir música, ver as redes sociais, ler alguma coisa
aleatória ou simplesmente ficar distraídas em seus próprios pensamentos.
Se estiverem acompanhadas, quase sempre vão conversar sobre os assuntos
e as fofocas do dia. Mas como você já deve ter se dado conta nesse
momento, esses minutos ou horas podem ser aproveitadas para o seu
estudo.
Obviamente, esse não é o ambiente mais propício para realizar
atividades que exigem uma maior concentração, nem adequado para fazer
anotações e exercícios escritos. Porém, existem várias atividades que você
pode realizar e ajudarão muito na compreensão dos conteúdos a serem
estudados ou que já foram estudados.
Nós já falamos sobre isso quando conversamos sobre os ambientes
de leitura, mas não custa nada reforçar.
Se você anda de ônibus ou metrô e consegue ler em movimento sem
ficar enjoado ou com dor de cabeça, você pode rever os conteúdos,
especialmente os mais difíceis, retomar os resumos feitos no dia anterior ou
fixar na memória (decorar) alguns números, nomes, leis e sequências de
textos.
Se não consegue ler em movimento, a melhor opção é ouvir
conteúdo. Existem pessoas que aproveitam esse momento para ouvir
podcasts com aulas ou gravações de si mesmo lendo algumas leis ou textos
difíceis. Você pode começar a gravar notas de áudio no seu celular sobre os
temas que estudar. Essa é uma excelente maneira de revisar suas notas e
observações.
Se você viaja sempre com outras pessoas que são suas amigas e se
disponham a ajudar você, pode envolvê-las no seu estudo, pedindo que
façam as perguntas de um questionário, por exemplo, repetindo e pedindo
para que confiram os conteúdos ou até mesmo “dando aulas” a elas.
Explicar aos outros é a melhor maneira de fixar o conhecimento sobre um
assunto que estiver estudando.
Aproveite o tempo das atividades diárias
As atividades diárias também podem ser usadas para o seu estudo.
Se você costuma correr, fazer caminhadas ou frequenta a academia, essas
também podem ser excelentes oportunidades de ouvir conteúdos gravados.
Pense nas coisas que você repete diariamente: arrumar a cama, lavar
a louça, colocar as roupas na máquina, molhar as plantas, levar o lixo para
fora, colocar combustível no carro etc. Todos esses momentos nos quais seu
cérebro está funcionando quase que no modo automático, podem ser
aproveitados para memorizar e relembrar conteúdos. O mesmo vale para
filas de banco, salas de espera de dentistas e médicos, intervalos entre
reuniões etc.
É interessante notar que você poderá associar alguns conteúdos que
você memorizar com a atividade que você estiver realizando, no momento.
Por exemplo:
- Ah, essa é a fórmula que eu decorei quando estava colocando
comida para o cachorro!
- Essa é a lei que eu decorei na fila do banco.
Mais adiante, vamos falar sobre técnicas de memorização e você vai
ver que uma delas é justamente a de associação com lugares e situações.
Outra maneira de aumentar o seu tempo é acabar com o desperdício
de tempo. Você pode ganhar preciosos minutos e até mesmo algumas horas
diárias de estudo se seguir algumas dessas dicas.
Carregue sempre com você algum material de estudo, aproveitando
todas as brechas para estudar. Não se preocupe se você tiver que
repetir uma ou mais vezes a mesma página de estudos por não
conseguir se concentrar nesses poucos minutos. Lembre-se de que
você está aproveitando minutos que não utilizava antes, então você
vai estar no lucro de uma forma ou de outra.
Controle o tempo que você fica no celular ou em redes sociais,
estabelecendo um horário fixo curto para fazer isso.
Aproveite o horário do banho, da escolha das roupas ou da lavagem
do carro para memorizar alguns conteúdos.
Diminua o tempo de TV, escolha de antemão os programas que você
quer assistir, ao invés de sentar-se diante da TV e deixar o tempo
correr.
Se você tiver reuniões de estudo com colegas, aproveite cada minuto
de dessa reunião, deixando as conversas e fofocas para outro horário.
Se for necessário você precisa chamar a atenção do pessoal para focar
no estudo. Não se deixe levar pala empolgação do grupo, e nem se
preocupe em ser o “chato” do grupo, afinal estamos falando do seu
projeto de estudo que vai interferir diretamente nos seus resultados e
no seu futuro. Pense sobre isso.
Aproveite todo tempo ocioso do trabalho para fazer pequenos estudos
(fazer um exercício ou memorizar um parágrafo de uma lei, por
exemplo).
Não leve os problemas de trabalho para casa e muito menos para os
horários de estudo.
Essas são apenas algumas dicas que individualmente podem não
parecer tão significativas ou importantes. Mas o que você precisa entender é
que nenhuma dica ou estratégia que você vai ver aqui ou em qualquer outro
lugar vai conseguir sozinha garantir o seu sucesso.
É tudo uma questão de aproveitar cada minuto, ter claro em mente
que cada detalhe é importante e que é no final de todos os passos que você
chega ao seu objetivo.
DEFININDO O SEU OBJETIVO E
AUMENTANDO A MOTIVAÇÃO
Eu disse a você anteriormente que, nesse seu processo de
preparação, que existem mudanças tanto internas quanto externas que são
necessárias. Vimos, inclusive, alguns exemplos de mudanças externas, que
podem ajudar nos seus estudos.
Gostaria de fazer você refletir um pouco sobre a sua opção por fazer
um concurso público, vestibular ou essas provas a que você vai se submeter.
Então responda a si mesmo:
Qual é o seu objetivo?
Aonde você quer chegar com isso?
Como os resultados dessas provas ou concursos vão impactar sua
vida?
Quanto a isto, é importante ter clareza, pois ela dará a você maior
motivação e autodisciplina.
Faça o seguinte exercício mental: imagine-se no futuro, com o
objetivo alcançado, no dia da sua aprovação ou até mesmo exercendo o
cargo ou fazendo a faculdade para a qual você está concorrendo.
Vamos lá! Dê uma pausa na leitura e faça esse exercício de
imaginação. Tente ver o seu futuro com o máximo de imagens.
Pronto! Essa imagem que você projetou será um poderoso estímulo
para você manter-se focado em seu objetivo.
Essa imagem que você imaginou de si mesmo faz parte de um
exercício de PNL chamado de visualização. Para o nosso cérebro não existe
diferença entre uma imagem criada, ou uma imagem de lembrança. Para
ele, ambas as imagens são reais.
Dessa maneira, ao se concentrar em uma imagem que você projetou
de si mesmo alcançando o objetivo que você determinou, o seu cérebro é
capaz de gerar uma sensação de satisfação idêntica à sensação gerada pela
lembrança de uma vivência positiva e marcante.
Então, toda vez que você se sentir desmotivado, cansado ou meio
deprimido, lembre-se do PORQUÊ você está se esforçando tanto. Traga à
sua mente essa imagem de si mesmo atingindo seus objetivos, sendo
aprovado no concurso ou no vestibular.
Além da visualização, você pode usar de várias outras estratégias.
Se você estuda em casa, pode colocar um tampo de vidro sobre a mesa de
estudos e, embaixo dele, algumas frases que lembrem o seu objetivo.
Você pode colocar postites coloridos com frases de apoio do tipo
“Eu sei aonde quero chegar!”, “Minha motivação para estudar hoje é ...”
Há pessoas que colocam um papel em lugar visível com o salário
que pretendem alcançar. Também é válido colocar à vista fotos de lugares
que você quer conhecer e viagens que você pretende realizar no futuro,
depois de aprovado.
Você pode deixar visível uma foto de situação que lembre o que
você quer para o seu futuro: uma casa, uma faculdade, um carro, os seus
filhos felizes, um profissional bem-sucedido etc.
Essas pequenas estratégias darão um gás a mais nos momentos de
desânimo que podem (e irão) ocorrer, durante os estudos. Outra coisa
importante: nunca considere os estudos como um grande obstáculo ou, pior
ainda, como um inimigo a ser vencido. Estudar será o maior investimento
em você mesmo e seu maior aliado para que você realize seus objetivos de
vida.
Às vezes, quando bate o desânimo, nos sentimos como se
estivéssemos em uma corrida de obstáculos para a qual não temos preparo
suficiente. Nessas horas, a tentação de desistir é grande. Por isso, é
interessante sempre pensar na reta de chegada da corrida. É lá que está o
cargo que você pretende, a faculdade, a profissão, o salário e a felicidade
que são os seus objetivos de vida.
Quando você sabe qual é o seu destino, você consegue reunir forças
e prosseguir. Todas essas estratégias são pequenos motivos para você agir e
seguir em frente. É o que chamamos de MOTIVAÇÃO!
Você sabe que uma pessoa motivada desempenha melhor suas
funções e rende mais. A motivação é uma disposição para agir, um motivo
para a ação.
Mas a questão fundamental é: É possível aumentar a motivação?
Eu posso responder: “Sim, é possível trabalhar-se interiormente para
gerar maior motivação”.
A motivação é pessoal, vem de dentro de você. Por mais que uma
ordem militar ou de um personal trainer possa ser incentivadora, a
motivação é algo muito mais forte e que deve partir de cada um de nós.
Outras pessoas podem ajudar na motivação, mas a motivação
depende de decisões pessoais. Se você não tem o cérebro comprometido por
alguma doença mental, física ou emocional, é possível, sim, gerar
motivação a partir de atitudes simples, como algumas dessas que acabamos
de ver.
E aqui voltamos novamente a um ponto que já discutimos antes, o
sucesso é alcançado apenas depois de executarmos pequenas ações, de
cuidarmos de pequenos detalhes .
E é aí que mora o maior desafio para a maioria das pessoas. No
geral elas esperam descobrir um grande segredo que vai transformá-las em
super-humanos do dia para noite, e começarem a atingir todos os seus
objetivos. Mas não é assim que funciona.
Todo sucesso é resultado de muito tempo de trabalho. Depois de ler
e estudar a biografia de vários empresários e personalidades de sucesso,
você acaba se dando conta que não existe milagre. Todas as pessoas que
admiramos por terem sucesso, conseguiram isso depois de trabalharem
muito, se esforçarem, darem atenção e cuidarem de detalhes que a maioria
das pessoas não leva a sério.
Mas adiante nós vamos conversar um pouco sobre o autocuidado.
Você vai ver que os cuidados com o físico, o sono, a alimentação e as
relações com outras pessoas são fundamentais para gerar mais disposição,
motivação para a vida e para os estudos.
Agora que você entendeu que a motivação também é parte essencial
do seu sucesso como estudante, quero que você se pergunte: O que me
motiva a ter esse objetivo? Ou seja, por que quero conseguir isso?
Parece fácil, mas responder essas perguntas exige pensar sobre si
mesmo. Exige analisar seus pensamentos e motivos mais básicos.
Então, de onde vem sua motivação?
do desejo de dar à sua família melhores condições de vida?
do amor e interesse que você tem por uma determinada profissão?
do exemplo de alguma pessoa que você conheceu e que admira
muito?
da percepção de que é capaz de subir alguns degraus na carreira?
do desejo de ganhar mais dinheiro, pura e simplesmente?
do desejo de sair de casa dos seus pais ou da sua cidade?
do seu desejo de fugir de uma situação opressora e de dependência de
seus pais ou outra pessoa?
pelo desafio de se mostrar capaz para alguém que não acredita em
você?
pelo desejo de enfrentar uma situação de pobreza que você já viveu e
não quer mais vivenciar?
Não importam quais sejam os seus motivos. Qualquer um deles é
válido, se impulsionar você a conquistar o seu objetivo. Como disse Zig
Ziglar: “As pessoas costumam dizer que a motivação não dura muito
tempo. Bem, o efeito do banho também não, por isso recomenda-se que
ambos sejam diários”.
A motivação deve ser trabalhada diariamente. Todos os dias você
pode e deve se lembrar dos motivos que fazem você estudar e persistir.
Você pode até mesmo ter de parar ou alterar o seu ritmo. Se isso acontecer,
retorne, o mais rápido possível, ao seu objetivo e estabeleça novamente as
suas metas imediatas, exigindo de você o que você pode dar e conquistar.
Assim, você vai recuperar a motivação e com certeza vai se sentir mais
disposto a superar os obstáculos.
Antes de terminar esse capítulo, quero sugerir a você um exercício.
1º Pegue uma folha de papel e escreva quais são os seus objetivos de
curto, médio e longo prazos. Identifique a sua motivação: por que esses
objetivos são importantes para você?
2º De zero a dez, que nota você dá, no dia de hoje ao seu
compromisso, à sua autodisciplina, à sua organização para atingir esses
objetivos?
3º O que você precisa e pode mudar ou melhorar?
É isso aí. Espero que essas perguntas ajudem você a ter uma visão
mais clara dos verdadeiros motivos que o faz seguir em frente.
ALIMENTAÇÃO E BEBIDAS ESTIMULANTES
Você já deve ter ouvido falar de histórias de pessoas que, para se
prepararem para um concurso ou vestibular, passaram a estudar de forma
obsessiva.
Às vezes, vemos casos de pessoas que abriram mão de toda a sua
vida social: não iam mais a festas, não saiam com amigos, comiam fora de
hora e deixaram de praticar esportes, além de estudarem muitas horas por
dia e tomarem muito energético, café e Coca-Cola numa tentativa de se
manterem mais “ligados”.
Bem, o que eu posso dizer a você é que a maioria dessas pessoas
não teve sucesso. Não há nada pior do que o desequilíbrio, mesmo que seja
em favor dos estudos.
Se você escolheu priorizar os seus estudos porque pretende enfrentar
um grande desafio, a melhor forma de fazer isso é cuidando bem de si
mesmo, dando atenção ao seu corpo e seu cérebro. O bom funcionamento
do nosso cérebro é o segredo do sucesso em qualquer projeto de estudos
.
O cérebro humano pesa entre um quilo e cinquenta (1,050 kg) e um
quilo e duzentos gramas (1,2 kg). Isso corresponde a menos de 2% da nossa
massa corporal. Porém, esse pequeno órgão consome de 20 a 25% das
calorias diárias que ingerimos; 1/3 do oxigênio que respiramos; 120g de
glicose diária e cerca de 750 ml de sangue circulando por ele, por minuto.
Em outros vídeos, vou mostrar a você exercícios e técnicas que
desenvolvem o seu cérebro e sua inteligência. Mas o que eu quero agora é
salientar a necessidade do AUTOCUIDADO. Podemos dizer que
Autocuidado é uma espécie de “carinho consigo mesmo”. Você se cuida
porque se gosta e para que o seu corpo e a sua mente correspondam aos
seus objetivos de vida.
Vou lhe passar uma pequena lista de cuidados que aparentemente
são óbvios, mas que, muitas vezes, deixamos de lado. São eles:
Beber bastante água,
Fazer exercícios físicos,
Dormir bem,
Alimentar-se corretamente,
Manter-se limpo e arrumado,
Manter o seu ambiente organizado,
Planejar o dia,
Meditar, orar, descansar a mente ou ouvir música, durante alguns
minutos diários.
Esses são hábitos que nos fazem bem e ajudam muito a manter o
corpo e o cérebro saudáveis.
Neste capítulo vamos falar de maneira especial sobre a alimentação.
Sempre é bom lembrar que é importante tomar um bom café da manhã e
fazer refeições leves, ao longo do dia, evitando permanecer longos períodos
sem se alimentar ou comer demais e ficar com sono.
Ingerindo os alimentos corretos, você vai aumentar a sua capacidade
de raciocínio, aprendizado e memória. O seu organismo (e o seu cérebro em
especial) precisam de nutrientes em quantidade e qualidade adequadas.
Então, que alimentos são os mais indicados para melhorar a disposição
mental?
Bem, existe uma infinidade deles, e cada alimento possui uma
função diferente para o bom funcionamento do seu cérebro. Essas são
algumas sugestões campeãs:
cereais integrais,
legumes e verduras, em geral,
ovo,
frango,
banana, maçã e frutas vermelhas,
castanha-do-pará, nozes e amêndoas,
azeite de oliva,
cacau,
alimentos que possuem Ômega Três (salmão, atum, sardinha e óleo de
linhaça),
Outros alimentos podem ser ingeridos, mas existem aqueles que
você deve evitar:
Açúcar em excesso (doces, refrigerantes e sucos de caixinha),
Sal em excesso (especialmente salgadinhos),
Álcool,
Frituras,
Carnes vermelhas gordas.
Algumas pessoas pensam, erradamente, que o açúcar ajuda nos
estudos e na hora das provas. É verdade que a ingestão de açúcar faz subir
rapidamente o nível de glicose no sangue. Porém, o seu efeito é de curta
duração e, em curto espaço de tempo (cerca de 20 minutos), piora o estado
mental da pessoa. O açúcar dá um pico de glicose, mas em contrapartida
também dá um pico de queda quando é processado pelo organismo.
É mais interessante ter ao lado alimentos ricos em amido e fibras
(como pães e biscoitos integrais), castanhas, nozes, frutas ressecadas e até
mesmo pequenas porções de legumes. Esses alimentos promovem o
aumento moderado, e com maior duração de glicose.
Agora quero falar com você sobre o consumo das bebidas mais
comum entre os candidatos a concursos e provas. Trata-se do café, do chá
preto e dos energéticos.
Essas bebidas são muito usadas por serem estimulantes, graças à
presença de cafeína na sua composição.
O café é uma das bebidas mais consumida do mundo. Para se ter
uma ideia, o efeito de uma pequena xícara de café é sentido por volta de 15
minutos após seu consumo. Seu efeito dura aproximadamente 45 minutos.
A ingestão de uma quantidade maior de café pode estender o efeito da
cafeína por até algumas horas.
No chá preto, o efeito da cafeína no cérebro é mais lento, porém,
mais duradouro.
O uso moderado de café e de chá preto pode ajudar na concentração
e na vitalidade cerebral. Sim, isso é verdade. Porém, em grandes
quantidades, pode produzir irritação, ansiedade e desconcentração, além de
irritação do estômago. Como já vimos antes, na alimentação também, tudo
é uma questão de equilíbrio.
Para os que não gostam de café ou de chá, as chamadas bebidas
energéticas podem ser uma opção. Deve-se, no entanto, tomar cuidado com
a quantidade, pois a concentração de cafeína nesses produtos é muito maior.
Refrigerantes do tipo Coca-Cola devem ser evitados, pois possuem
grande quantidade de açúcar e sódio, além de serem gaseificados, o que
prejudica a digestão e a própria concentração.
Uma ótima opção é o guaraná em pó, que contém cerca de cinco
vezes mais cafeína que o café. Ele pode ser encontrado in natura e
misturado a outras bebidas ou consumido em cápsulas. Porém, o seu uso
prolongado pode trazer efeitos colaterais, como dor de cabeça, insônia,
taquicardia e ânsia de vômito.
Como bem disse Paracelso, médico e físico que viveu no século
XVI “a diferença entre o remédio e o veneno está na quantidade ingerida”.
Portanto, procure ingerir doses saudáveis de qualquer alimento ou bebida.
Não é o que você come, mas o quanto você come que é o verdadeiro
problema.
Ah, e não esqueça que nenhuma dessas bebidas estimulantes deve
ser ingerida à noite, pois com certeza vão atrapalhar o seu sono, que é tão
importante quanto sua alimentação. E é justamente sobre a importância do
sono que vamos conversar no próximo capítulo.
CUIDADOS COM O SONO
No capítulo anterior, começamos a discutir sobre a importância do
Autocuidado e especialmente da sua alimentação, nesse período em que
você se prepara para enfrentar testes que podem definir seu futuro. Agora
vamos falar de um aspecto que muitos candidatos e concurseiros às vezes
esquecem: DORMIR BEM.
Todos sabemos que uma noite mal dormida não favorece a
concentração e o desempenho no dia seguinte. Quando dormimos menos do
que o necessário ou temos uma noite agitada, ficamos mais propensos a
erros, com menor capacidade de concentração, mais frágeis
emocionalmente e até mesmo mais vulneráveis a acidentes, doenças e
infecções.
Dormir um sono de qualidade e com um mínimo de horas é
fundamental para que você tenha condições de atuar no seu dia a dia. Isso
vale para os seus estudos, o seu trabalho ou qualquer outra atividade que
você deva desempenhar.
Algumas pessoas já experimentaram passar a noite em claro, à base
de café e estimulantes, ou dormir muito pouco, a fim de estudar para
realizar uma prova pela manhã. Isso pode até funcionar em alguns casos
que exijam memória de curto prazo, conteúdos que são fixados e serão
descartados depois. Porém isso não é aconselhável, muito menos é
saudável, para se preparar para um ciclo mais longo de estudos.
Pesquisas mostram que o sono é responsável por alguns aspectos da
consolidação dos conteúdos na nossa memória. Por isso, todo nosso esforço
de estudar ao longo do dia deve ser coroado com uma boa dose de sono. Se
você estudar muitas horas, mas não dormir adequadamente, grande parte do
conteúdo estudado será descartada pelo seu cérebro.
Os neurocientistas costumam dizer que temos cinco ciclos de sono
ao longo de uma noite. Cada um desses ciclos dura cerca de 90 minutos.
Daí o tempo recomendado de sono ser de 7 a 8 horas diárias, pois esse
período compreende 5 ciclos de 90 minutos. O percentual de memorização
de quem dorme cerca de quatro horas é de 25% a 30%, enquanto sobe para
60% a 65% para quem dorme de sete a oito horas.
Por isso, posso dizer com tranquilidade: É preferível estudar oito
horas e dormir outras oito do que estudar doze horas e dormir só quatro
horas à base de estimulantes.
O sono tem uma dupla função:
Dar suporte para que o cérebro possa armazenar as informações
estudadas, na memória de longo prazo.
Preparar o cérebro para receber novas informações no dia seguinte.
Penso sobre o sono como se fosse a hora da faxina no cérebro.
Quando tudo é organizado, limpo e colocado no seu devido lugar. Além do
sono regular, outra maneira interessante de aumentar a retenção dos estudos
e melhorar sua disposição física e mental são os cochilos.
Alguns estudos demonstraram que, para boa parte das pessoas, pode
ser estimulante para a memória tirar um cochilo de menos de uma hora,
após o almoço. Pode também acontecer de, mesmo tendo dormido o tempo
adequado, bater um sono no meio dos estudos. Nesse caso, não tenha medo
de dar um pequeno cochilo de quinze minutos!
Essas pequenas paradas ajudam a diminuir o cansaço e melhoram o
desempenho cognitivo. Você deve experimentar como funciona em você,
pois há pessoas que, ao pararem para um cochilo, se sentem mais cansadas
e demoram mais tempo para engrenar nos estudos.
Faça o teste por uma semana e avalie os resultados. Caso precise
alterar um pouco a sua rotina, veja a que melhor gera rendimento. Apenas
não deixe de dormir de sete a horas diárias!
Pode ser também que você tenha algum distúrbio do sono. Nesse
caso, seria interessante procurar ajuda especializada.
O Instituto do Sono da Unifesp fez uma pesquisa que demonstrou
que mais de 70% dos moradores da cidade de São Paulo possuem algum
problema relacionado ao sono, sendo que 15% sofrem de insônia crônica e
tomam remédio para dormir. É um problema cada vez mais comum,
especialmente nas grandes cidades.
Enfim, para conseguir desfrutar de uma noite de sono que seja
realmente revigorante, considere aplicar os 10 Mandamentos do Bom Sono.
1. Criar uma rotina diária de sono e um ambiente adequado.
2. Não ir dormir com fome.
3. Fazer refeições leves à noite, evitando alimentos pesados e
gordurosos muito próximos da hora de dormir.
4. Desligar a TV, o som, o computador e o celular uma hora antes de
dormir.
5. Não assistir a filmes de ação ou violentos à noite.
6. Não ingerir café, chocolate, refrigerantes ou energéticos à noite.
7. Ouvir apenas música leve.
8. Não fazer exercícios físicos intensos antes de dormir.
9. Não comer e/ou trabalhar na cama.
10. Fazer um pequeno relaxamento, oração ou meditação antes de
dormir.
Quero fazer apenas uma última observação sobre o horário de
dormir. Existem no mercado alguns cursos que prometem aprendizado
durante esse horário. Bastaria, segundo eles, escutar alguns podcasts e aulas
gravadas para que o conteúdo seja memorizado, durante o sono.
Não acredite nisso!
Já existem estudos suficientes para garantir que, além de não fazer
nenhum efeito, essa prática pode perturbar e embaralhar as etapas do sono,
prejudicando o aprendizado do que você estudou ao longo do dia.
Então o melhor a se fazer é se preparar para dormir desacelerando
suas atividades e sua mente. O período de sono deve ser um momento de
relaxamento para sua mente e seu corpo.
Aproveite o seu período de sono para realmente relaxar e permitir
que seu cérebro coloque todas as informações em ordem.
EXERCÍCIOS FÍSICOS E CUIDADOS COM O
CORPO
Vimos anteriormente sobre os cuidados que você deve ter com a
alimentação e com o sono. Com esse capítulo sobre exercícios físicos,
completamos a sequência sobre o Autocuidado em Preparação para Provas
e Concursos.
Pode ser que você tenha o hábito de fazer exercícios, praticar
esportes, frequentar a academia ou o clube. Se já estiver habituado, não
precisa fazer grandes alterações, a não ser que essa atividade ocupe mais de
uma hora diária.
Nessa época em que você entra em um longo período de preparação
para provas, essa área da sua vida não deve ser subestimada. Se você não
tem nenhum hábito de prática física, talvez seja interessante pensar no que
conversar aqui.
Várias pesquisas acadêmicas já demonstraram que a prática de
exercícios físicos ao menos três vezes por semana, durante 30 minutos a
uma hora, aumenta a capacidade de concentração e de aprendizado,
melhora a memória e ativa o hipocampo cerebral, sobre o qual eu vou falar
num próximo capítulo.
A atividade aeróbica (especialmente as caminhadas, corridas,
pedaladas e natação) é importante para a oxigenação do cérebro. Como eu
já disse antes, o nosso cérebro consome um terço do oxigênio do corpo. Daí
a importância da oxigenação cerebral.
Porém, se você não curte fazer exercícios aeróbicos desse tipo, há
outras maneiras de fazer isso. Por exemplo, você pode dançar, pular corda
(minha opção favorita), praticar Artes Marciais, yoga etc.
Praticar exercícios ajuda não só na oxigenação, mas também na
melhora da química dos neurônios. Os exercícios aumentam a produção de
uma proteína chamada BDNF (Fator Neurotrófico Derivado do Cérebro).
Essa proteína é responsável por manter os neurônios saudáveis, ajudando no
processo de transmissão e estimulando o nascimento de novas células
cerebrais (chamado de neurogênese).
A prática de exercícios também fortalece os músculos das costas. E
isto é especialmente importante nessa época em que você passará muito
tempo sentado.
Uma pessoa que pratica exercícios físicos regularmente tem mais
disposição porque tem maior aptidão cardiorrespiratória e muscular.
Consequentemente, é alguém que prepara melhor o corpo para qualquer
outra atividade. Além disso, a pessoa ainda correrá menor risco de doenças
que possam atrapalhar o processo de estudo e aprendizagem.
Não esqueça de que também é importante alongar-se de tempos em
tempos, enquanto estiver estudando. Isso ajuda não só a evitar dores, mas
também na circulação do sangue e no combate ao stress.
Você pode por exemplo rotacionar o pescoço e a cabeça, encolhendo
e soltando os ombros para distensionar, fazendo caretas, abaixando até tocar
o chão com os dedos da mão etc. Bastam alguns poucos minutos de
alongamento e ele pode ser feito várias vezes ao dia.
Se você quiser implementar uma prática mais completa de
alongamento em sua rotina, eu sugiro que você dê uma olhada no site
liangongbrasil.com.br .
O Lian Gong (pronuncia-se Lian Kum) é uma prática corporal de
exercícios preventivos e curativos, que foi criada na década de 70 pelo Dr.
Zhuang Yuan Ming, médico ortopedista da Medicina Tradicional Chinesa.
O objetivo principal do Lian Gong é a de tratar e prevenir dores no
corpo, inúmeros problemas osteomusculares e nas articulações. Também
ajuda na circulação do sangue, dissolve aderências e inflamações dos
tendões, e restaura a movimentação natural, melhorando a resistência e a
vitalidade do organismo.
Eu pratico o Lian Gong diariamente há cerca de dois anos, e posso
garantir que é uma atividade simples, mas altamente benéfica. E o mais
interessante é que com apenas 15 minutos diários você pode conseguir
ótimos resultados e se sentir muito mais disposto durante o dia.
Além do ganho em disposição, existe outro ganho importante da
prática de exercícios físicos. Há inúmeras pesquisas que mostram a relação
deles com a melhora na AUTOESTIMA.
A autoestima se refere à percepção e juízo que você tem de si
mesmo. Fazer exercícios pode, então, despertar um olhar mais positivo para
o seu próprio ser. Um corpo saudável contribui fortemente para a crença nas
próprias capacidades de superação e de autocontrole.
Já se sabe que a atividade física, além de melhorar a condição física
geral, também melhora o humor, a imagem e a aceitação corporal, o senso
de autonomia e controle pessoal sobre o corpo, sua aparência e a vida em
geral.
Já são clássicos os estudos que demonstram o aumento dos níveis de
serotonina no organismo, graças à prática de exercícios físicos. A
serotonina é o neurotransmissor responsável pela sensação de bem-estar e
prazer. Seu aumento favorece a vontade de enfrentar desafios.
Por isso, as atividades físicas são um recurso importante para
manter o equilíbrio emocional,
aliviar o stress,
diminuir a insegurança e a ansiedade,
aumentar a sensação de bem-estar,
aumentar a capacidade de lidar com a insônia.
Como em tudo o mais, também nessa área é importante o equilíbrio.
Os exercícios físicos não são a sua prioridade nesse momento da sua
vida. Eles são poderosos aliados para que você atinja o seu objetivo, mas
não são o seu objetivo em si.
Por isso, não se culpe se tiver dificuldade em praticá-los com
regularidade. Você não deve se tornar escravo e dependente da sua prática
física. Ela deve ser um elemento de estímulo aos seus estudos e à sua
preparação para as provas que virão.
Se a sua rotina e inclinação pessoal não permitirem a inclusão de
exercícios regulares, tente praticá-los esporadicamente. Apenas não deixe
que a falta de tônus muscular, o cansaço físico e a falta de energia
atrapalhem o seu sucesso.
O CÉREBRO E OS SISTEMAS DE
APRENDIZAGEM
Você já deve ter ouvido algum exemplo no qual é feita uma
comparação entre o cérebro humano e um computador. Essa é uma boa
metáfora, pois o seu cérebro funciona mediante programação e
reprogramação, assim como um computador.
Aliás, existe um ramo da ciência chamado Neurocomputação, que
tenta simular equipamentos de modo semelhante ao funcionamento do
nosso cérebro. É a partir dessas pesquisas que tem avançado os estudos
sobre Inteligência Artificial, por exemplo.
Todas essas pesquisas visam conseguir que os computadores
cheguem a realizar operações que só o cérebro humano é capaz de fazer.
Entre essas operações estão aprender, fazer comparações, transformar os
arquivos armazenados em novos conhecimentos, relacionar, criar e testar
novas alternativas, adaptar e não apenas armazenar e reproduzir.
Não dá para simplesmente compararmos o cérebro com o
computador, pois a “arquitetura” do nosso órgão é muito mais complexa do
que a de uma CPU. Para ter uma ideia, basta dizer que para alcançar a
capacidade de processamento do cérebro, precisaríamos de ao menos 1000
computadores de última geração. Além disso, a lógica do cérebro não é
hermética como a lógica matemática ou mecânica.
A nossa capacidade cerebral não é infinita, porém, apesar de o nosso
cérebro possuir, provavelmente, um limite de armazenamento, ele é grande
o suficiente para não termos que nos preocupar com isso. O nosso cérebro
armazena não apenas arquivos conscientes. Não aprendemos apenas o que
queremos aprender. Ele tem a capacidade de captar uma quantidade
assombrosa de sensações e informações que serão depositadas no nosso
inconsciente.
Nossos sentidos recebem milhares de informações ao mesmo tempo.
Algumas informações são armazenadas, mesmo que não tenhamos interesse
nelas. Enquanto você olha, ouve ou sente alguma coisa, milhares de outras
coisas são vistas, ouvidas e sentidas, sem que você perceba.
Para o nosso tema, que é a preparação para estudar melhor, é preciso
estabelecer a relação entre o funcionamento do cérebro é a nossa
concentração. Por isso, as técnicas de estudo e desenvolvimento da
capacidade de concentração se relacionam com o funcionamento cerebral.
Sabemos que, se realizamos uma quantidade muito grande de
atividades, nos concentramos um pouco em cada uma delas. Nosso cérebro
possui a capacidade de multiprocessamento, isto é, de se fixar em mais de
uma coisa ao mesmo tempo. Porém, essas informações podem competir
entre si pela concentração, e quanto maior o número de processos em
andamento em nosso cérebro, menor é a capacidade de se concentrar e obter
bons resultados em cada um deles.
Por exemplo, é difícil concentrar-se no estudo se estivermos com
dor nas costas. Por isso é que falei anteriormente da importância da
atividade física. Ela fortalece direta e indiretamente a atividade cerebral.
Você também já deve ter ouvido ou estudado que o nosso cérebro é formado
por dois hemisférios: direito e esquerdo.
Segundo os neurocientistas, o lado esquerdo do cérebro estaria
ligado à fala, à lógica, às análises sequenciais, às operações matemáticas e
ao cálculo. O lado direito seria o responsável pelas atividades ligadas à
imaginação, à poesia, à música e à harmonia. Cada um desses hemisférios
foi mais ou menos estimulado em você, desde a infância.
Costuma-se dizer que o lado esquerdo é mais “racional” e o lado
direito mais “artístico”. Na verdade, há momentos em que um dos lados é
mais exigido do que o outro. Porém, ambos são importantes. Por isso, é
importante aprender a desenvolver cada um deles.
Nem sempre percebemos a atividade cerebral com clareza, pois ela
funciona no “piloto automático”. Porém, a partir do momento em que você
decidiu estabelecer novos objetivos para a sua vida, ser produtivo nos
estudos passou a ser uma necessidade. É importante saber que a forma de
aprender varia de pessoa para pessoa. Isso acontece porque, segundo a
Neuropedagogia, existem quatro formas diferentes de captar as
informações:
Visual
Auditiva
Sinestésica
Digital
Essas formas de aprendizagem são também chamadas de Sistemas
Representacionais. A pessoa predominantemente visual precisa ver para
compreender. Essa pessoa costuma, por exemplo, mentalizar a lousa escrita,
a página do livro, as cores que usa para destacar um enunciado. Os mapas
mentais são muito interessantes para quem é predominantemente visual.
Falaremos deles mais à frente.
A pessoa auditiva responde melhor aos estímulos sonoros. Para
aprender melhor pode, por exemplo, repetir a matéria em voz alta, ouvir
podcasts, gravar trechos do livro ou das aulas.
Para os estudantes predominantemente sinestésicos não basta apenas
ler ou ouvir explicações. Os sinestésicos geralmente conseguem apreender
os conteúdos na prática, através de alguma ação que envolva todos os
sentidos. Aprendem mais através de experimentos do que de leituras.
Precisa de exemplos práticos para entender conteúdos teóricos.
O termo digital se refere às pessoas mais analíticas, que
naturalmente buscam a lógica interna e o sentido de cada assunto estudado.
Essa pessoa realiza um diálogo interno, organizando mentalmente as
informações. Costuma ser um bom teórico.
É importante que você conheça qual é a forma predominante no seu
aprendizado. Isso ajudará a escolher a sua melhor técnica de estudo. Mas
aqui cabe uma observação muito importante. Apesar de cada pessoa possuir
uma preferência pessoal por um canal específico de aprendizagem, isso não
significa que essa pessoa só consiga aprender por esse canal.
Aliás, é extremamente recomendado que, independentemente do
canal preferencial, que cada pessoa trabalhe sua aprendizagem de forma
mista. Ou seja, utilizando todos os sistemas representacionais. Como
veremos mais adiante, quanto mais sentidos são envolvidos na aquisição de
uma informação, maior é a probabilidade dessa informação ser gravada na
memória permanente e dela ser facilmente recuperada posteriormente.
Isso significa que, se ao estudar um determinado assunto, você
praticar a leitura, testes, ouvir gravações, realizar atividades relacionadas e
trabalhar ativamente com esse tema, sua compreensão será muito maior do
que apenas lendo sobre o assunto, mesmo que você tenha uma preferência
pessoal pelo canal visual.
Então, mesmo que você perceba a predominância ou preferência de
uma forma de aprendizagem, é interessante também desenvolver as outras,
pois há conteúdos mais ligados a cada uma delas. É diferente estudar
Matemática e estudar fatos históricos ou leis, por exemplo. Cada assunto
pode ser mais ligado a um sistema representacional do que outro.
Seja qual for o seu sistema representacional, uma estratégia que
funciona para a maioria das pessoas é dar aula sobre o conteúdo estudado.
Essa técnica usa praticamente todas as formas de aprendizagem, pois você
utiliza não só o próprio sistema, mas também se esforça para ensinar outra
pessoa e acaba percebendo a forma do outro aprender.
Essa é sem sombra de dúvida uma das mais práticas e eficientes
formas de reforçar sua aprendizagem e aumentar sua retenção de qualquer
assunto. Mas fique tranquilo, veremos com detalhes essa e outras técnicas
de aprendizagem mais adiante.
ATENÇÃO E CONCENTRAÇÃO
No capítulo anterior, vimos sobre a capacidade espantosa que o
nosso cérebro tem para armazenar e programar as informações que
recebemos durante toda a nossa vida. Mostrei como o nosso cérebro registra
milhões de informações, além daquelas que temos consciência de estar
recebendo.
Bem, se o nosso cérebro registra tudo o que estudamos, vemos,
ouvimos e sentimos, por que é que nem sempre conseguimos recuperar as
informações importantes, nos momentos em que mais precisamos, como
uma prova, por exemplo?
Para poder entender isso e, principalmente, para que você possa
desenvolver melhor a sua capacidade de reter os conteúdos importantes,
precisamos entender um pouco mais sobre como nosso cérebro funciona. O
cérebro humano é constituído por várias partes e cada uma tem uma função
específica. Não vou falar sobre cada uma delas. Porém, algumas
informações são importantes para podermos seguir em frente.
Primeiramente, vou falar brevemente sobre o córtex cerebral, que é
a região externa do nosso cérebro.
Ao contrário do que a maioria das pessoas pensam, o cérebro não é
constituído por aquela massa cinzenta que parecem gomos e que vemos em
fotos e ilustrações. Na verdade, essa camada externa do cérebro é apenas
uma casca. A propósito, a palavra córtex vem do latim e significa “casca”.
Ele é justamente como uma casca cinzenta em várias camadas, que recobre
todo cérebro.
O córtex cerebral abriga cerca de 20 bilhões de neurônios e é o
responsável por toda a nossa vida racional. Sem ele, não haveria
conhecimento, percepção das coisas, linguagem, emoção ou memória.
Outra parte importante do cérebro é o hipocampo que é uma
estrutura cerebral de apenas 4cm que tem a forma curva que lembra um
cavalo marinho Aliás, essa sua forma é que deu origem ao seu nome: “ hipo
” em grego é cavalo e “ kampos ” é mar.
Bem, o hipocampo é o principal local de armazenamento temporário
da memória, é ele que armazena as lembranças de curto prazo e, durante o
sono, transmite as informações a serem gravadas na memória de longo
prazo no córtex cerebral. Agora tudo o que falamos anteriormente sobre
relaxamento e dormir o suficiente começa a se encaixar e fazer sentido, não
é mesmo?
Bem, conforme nós “enchemos” o hipocampo de informações, a
nossa mente e o nosso corpo vão se sentindo cansados. Por isso, sentimos
sono depois de um dia cheio de trabalho ou de estudo. O sono é o
responsável por “esvaziar” o cérebro das memórias de curto prazo
desnecessárias.
Saber sobre essas partes do cérebro nos ajuda a entender dois pilares
da aprendizagem: a atenção e a concentração.
Primeiramente, vamos diferenciar esses dois termos.
Concentração é a capacidade de manter o foco naquilo que você está
fazendo, sem se deixar distrair por estímulos externos.
Atenção é perceber os detalhes e nuances que acontecem enquanto
você está concentrado em algo.
Vou te dar um exemplo: você pode estar estudando um item de uma
disciplina e totalmente concentrado nesse conteúdo. Pode ser que uma
palavra esteja escrita de forma errada no texto que você está lendo.
Provavelmente, você nem vai reparar, pois esse não é o foco da sua atenção,
nesse caso sua atenção está em entender a ideia geral que o texto está
apresentando.
Algumas pessoas estão desabituadas de estudar. Há muitos anos, não
se sentam e se concentram em conteúdos escolares ou nunca tiveram esse
hábito, mesmo quando estava numa escola ou faculdade. Quando se veem
diante do desafio de terem que estudar para um concurso ou um vestibular
podem ficar preocupadas ou até mesmo desmotivadas.
Outras dizem serem muito distraídas. Qualquer coisa lhes tira a
atenção do que consideram importante: um som, um cheiro, a sensação de
fome, sede, frio, calor, vontade de ir ao banheiro etc.
A primeira boa notícia é que o seu cérebro pode ser treinado para
aumentar a concentração e a sua capacidade de aprender.
A segunda boa notícia é que ninguém é totalmente desatento, salvo
nos casos diagnosticados de Transtorno de Déficit de Atenção (TDA). O
que acontece é que a atenção pode se voltar para outro objeto. Por exemplo,
se você está estudando e acontece um acidente perto de você, é natural que
você desvie o seu foco. Da mesma forma, é normal perder a atenção de uma
matéria que você está lendo quando soa o aviso de uma nova mensagem no
celular, por exemplo.
Ninguém nasce com maior ou menor capacidade de concentração.
Por vezes, o temperamento e a estrutura social e familiar da pessoa podem
colaborar para adquirir hábitos que facilitam a concentração. Algumas
atitudes podem ajudar na sua concentração e atenção. Algumas das
orientações que vamos ver agora eu até já falei para você, mas sempre é
bom lembrar e reforçar, pois elas realmente podem fazer uma grande
diferença nos resultados.
Respeite o seu planejamento de horários e a sua rotina de estudo
diária.
Não interrompa uma tarefa apenas porque está se distraindo muito.
Estabeleça um limite de tempo e afirme a si mesmo que poderá dar
atenção ao assunto que tira a sua atenção depois de terminar o estudo.
Alimente-se bem e tenha uma garrafinha de água ao seu lado para que
nem fome nem sede distraiam você.
O mesmo vale para o calor ou frio. Agasalhe-se bem no frio ou
escolha um local arejado e fresco para estudar, no verão.
Ir ao banheiro antes de começar a estudar pode ser uma simples e
eficaz forma de não ter de parar os estudos.
Caso você tenha assuntos a serem resolvidos, faça uma lista e agende
os horários em que irá resolvê-los. Assim, a preocupação com eles
não vai tomar conta da sua mente.
Deixe o celular longe de você e, se estiver no computador, feche as
abas de redes sociais e de e-mails.
A cada 1 hora e meia de estudos, relaxe o seu cérebro, fazendo
pequenos intervalos de 10 a 15 minutos. Tome água, coma uma fruta,
ande um pouco, olhe uma revista, contemple uma paisagem...
Divida o assunto a ser estudado em tópicos e estude um tópico de
cada vez, como um pequeno objetivo a ser alcançado.
Sublinhe as partes mais importantes.
Vá fazendo anotações a partir do que você sublinhou, para fazer
revisões. Essas anotações se transformarão nas suas fichas de estudo.
Se possível, faça exercícios sobre o assunto que acabou de estudar.
Pratique alguns exercícios de concentração durante o dia, como por
exemplo: contar os seus passos para chegar a um determinado lugar,
pegar um relógio (não digital) e acompanhe o ponteiro de segundos
por pelo menos um minuto, montar quebra-cabeças, fazer palavras
cruzadas, Sudoku ou caça-palavras.
Essas atividades, quando realizadas periodicamente, podem ajudar
no desenvolvimento, tanto da sua concentração, quando da sua atenção.
Mais uma vez, não é o que você faz apenas uma ou outra vez que vai
transformar a sua capacidade intelectual, mas sim, o que você faz
periodicamente com e para a sua mente. Pense nisso.
MEMÓRIA E MEMORIZAÇÃO
Nesse capítulo você vai descobrir que a memória não é tão simples
como costumamos ver por aí. A realidade é que existem vários tipos de
memória. A que você usa para se lembrar de datas, nomes e lugares é
diferente, por exemplo, daquela que exige comparações e análises, que é
ainda diferente daquela que se usa para andar de bicicleta ou dirigir um
automóvel.
A Neurociência classifica os tipos de memória a partir da duração da
informação em nosso cérebro.
Memória operacional ou Memória Ultrarrápida
Neste caso, a retenção dura apenas alguns segundos ou minutos. Por
exemplo, para guardar um número de telefone, a fim de discar
imediatamente, ou lembrar qual é a porta do banheiro que outra pessoa te
indicou. É um tipo de informação que será rapidamente esquecido porque
não será mais utilizada.
Memória de curta duração
É o tipo de memória que utilizamos para resolver problemas
imediatos, sejam eles operacionais ou comportamentais. É a memória que
usamos para lembrar onde estacionamos o carro, por exemplo, ou para
estudar para uma prova que será feita logo na sequência. Esses dados serão
geralmente esquecidos em algumas horas após o seu uso.
Memória de longa duração
Essa é a memória responsável por armazenar todo o nosso
conhecimento. Os dados dessa memória podem ser lembrados por dias,
semanas ou até mesmo muitos anos, dependendo do grau de consolidação
das informações na memória.
É esse terceiro tipo de memória que nos interessa quando estamos
estudando para um concurso ou um vestibular. Aliás, é esse tipo de
memorização que buscamos quando desenvolvemos qualquer projeto de
estudo.
Não sei se você já ouviu esse termo, mas o processo de
aprendizagem é CIRCADIANO. Circadiano é aquilo que é relativo à
duração de um dia ou cerca de 24 horas. Em outras palavras, todo o
processo de memorização ocorre em um arco temporal de 24 horas. O ciclo
de aprendizagem vai de sono a sono.
Isso significa que você estuda durante o dia e, durante o sono, as
redes neurais realizam as reconfigurações neurais que resultam na fixação
de conteúdos na memória, enviando ou não as informações para a memória
de longa duração.
O que você pode estar se perguntando agora é:
Essa fixação é permanente?
Será que vou fixar aquilo que eu estudei até a época das provas?
Vou conseguir acessar essas informações na hora certa?
Bem, preciso explicar uma coisa. Quando você estuda algo pra valer
você prepara novos caminhos neurais que, durante o sono, criam novas
redes neurais no seu cérebro. Essas novas redes formam os seus novos
conhecimentos. Então entenda bem isso: Quando você estuda, você apenas
rascunha as ligações no seu cérebro, e apenas depois de dormir essas
ligações realmente são criadas.
Acontece que, se esses conhecimentos não forem mais acessados
por muito tempo, novas informações substituirão as anteriores. A
Neurociência explica esse fenômeno da seguinte forma: se uma rede neural
nova tenta se formar durante o sono e percebe na vizinhança outra rede
inativa, ela tende a tomar o seu lugar. Então a nova rede “toma” o lugar da
rede inativa.
Esse comportamento está de acordo com a programação do cérebro
de não desperdiçar energia. Se uma rede neural que está se formando
percebe que existe uma possibilidade dela se desenvolver usando menos
energia, é justamente isso que ela faz.
Por isso é fundamental consolidar o conhecimento adquirido,
fazendo revisões, repetindo partes do estudo já feito ou complementando o
estudo com novas informações a fim de reforçar a aprendizagem e garantir
que a rede neural relativa a esse conhecimento se torne mais forte e
resistente.
No século XIX, um psicólogo alemão chamado Hermann
Ebbinghaus -que viveu entre 1850 e 1909, fez estudos sobre o
esquecimento. Suas pesquisas mostraram que existe uma tendência natural
do cérebro de diminuir a retenção das informações com o passar do tempo.
Ele descobriu que 12 horas após o estudo, se não tivermos mais
nenhum contato com o material estudado, o cérebro só consegue lembrar de
50% do que estudamos.
Um dia depois, esse número cai ainda mais, e somos capazes de
lembrar apenas 30% do conteúdo que estudamos. Preste atenção nesse
ponto, isso significa que na média, uma pessoa normal só lembra de cerca
de 1/3 do conteúdo apenas 24 horas depois de tê-lo estudado.
Dois dias depois, esse número cai para 20%, e três dias após o
estudo, conseguimos nos lembrar, na média, de apenas 15%. Depois do 4º
dia esse valor acaba se mantendo por volta de 10%. Ou seja, uma vez que
estudamos um assunto, nosso percentual de retenção final de um assunto é
de apenas 10%.
Ebbinghaus criou um gráfico com os resultados da pesquisa e
batizou esse gráfico de Curva do Esquecimento, demonstrando como o
cérebro esquece rapidamente das informações.
Há variações entre as pessoas. Por isso, esse percentual de
diminuição pode ser diferente para cada cérebro. A curva do esquecimento
pode ser mais ou menos acentuada de pessoa para pessoa. O que é certo é
que há uma perda natural na retenção de conteúdos que acontece em todos
os cérebros. É totalmente natural esquecermos das coisas. Nosso cérebro é
programado para apagar informações com o intuito de economizar energia e
de abrir espaço para memórias importantes.
Bem, a questão que nos interessa nesse ponto é: Como manter os
percentuais altos de retenção na memória?
A estratégia é não deixar que as redes neurais sejam simplesmente
substituídas por novos assuntos estudados ou informações adquiridas
posteriormente.
Isso é possível, fazendo REVISÕES.
Voltando a Ebbinghaus, ao continuar com seus estudos ele descobriu
algo muito interessante, quando era feita uma revisão do material estudado
no dia seguinte, o percentual de retenção subia novamente, e a pessoa
conseguia lembrar de praticamente tudo o que havia estudado. E um dia
após essa revisão, o cérebro ainda conseguia reter cerca de 55% do
conteúdo (ou seja, no terceiro dia sem a revisão o percentual de retenção era
de apenas 20%, e com a revisão subia para 55%).
Mas se nesse mesmo dia, fosse feita outra revisão, novamente o
valor subia, voltando para 100%, e assim, o cérebro levava cada vez mais
tempo para esquecer do conteúdo.
Isso acontece porque, ao fazer uma revisão, a mensagem que
enviamos ao cérebro é que a informação que estamos revisando é
importante e precisa ser armazenada por um período maior. E a cada vez
que revisamos um mesmo conteúdo reforçamos essa mensagem, ao ponto
de o cérebro guardá-la permanentemente.
Mais adiante, no capítulo sobre a técnica da Prática espaçada, vamos
entender como essa característica de esquecimento do cérebro pode ser
utilizada ao nosso favor.
As frequentes revisões das matérias estudadas vão transformar os
conteúdos em redes neurais permanentes ou de longa duração. Você deve
estudar para aprender para sempre. Para isso, revise cada vez mais rápida e
menos frequentemente os conteúdos, para não ter de estudar novamente.
No próximo capítulo, vamos ver algumas técnicas de memorização.
Mas antes, quero fazer algumas considerações.
Por mais que eu lhe ensine novas técnicas, os melhores exercícios
continuam sendo sempre a LEITURA e a REDAÇÃO. Quanto mais lemos
e escrevemos, mais aumentamos a nossa capacidade de memorizar e acessar
as informações.
Por isso, determine como sua principal estratégia de estudo: ler
sempre mais e escrever o máximo possível. Entretanto, algumas outras
atividades também podem ajudar na capacidade de memorização, como por
exemplo assistir filmes que exijam o uso da inteligência, jogar xadrez, jogar
jogos clássicos de mesa (dama, Banco Imobiliário, War etc.).
Jogar videogame ou RPG pode ajudar na atenção e concentração,
porém geralmente exigem pouco da memória, salvo quando usam dados
históricos, geográficos ou exigem algum cálculo ou uma grande quantidade
de regras e detalhes. Existem pessoas com excelente memória para alguns
assuntos e práticas. Outras se consideram péssimas para memorizar
justamente o que julgam mais precisar.
A boa notícia é que, assim como a concentração e a atenção, a
memória pode ser treinada para tratar de qualquer assunto. Você vai
perceber, com a prática, quais são as melhores condições para a sua
memorização. A melhor hora, o que escrever ou desenhar, a forma de
resumir e esquematizar, o momento de fazer os exercícios etc.
Por mais que todos nós compartilhemos de uma mesma estrutura
cerebral, o funcionamento de cada cérebro pode ser completamente
diferente um do outro. Por esse motivo, o mais importante quando falamos
sobre memória e memorização, é testar diferentes técnicas, com diferentes
variantes e analisar quais métodos oferecem os melhores resultados para o
que necessitamos.
TÉCNICAS DE MEMORIZAÇÃO
Algumas pessoas se assustam com a quantidade de conceitos, dados
e datas que precisa estudar para um concurso ou vestibular. Então, vamos
descobrir como é possível treinar a sua memória!
Primeiramente, saiba que não existe pessoa com memória ruim. Isso
é um mito gerado a partir das lamúrias de pessoas descontentes com a sua
capacidade de recuperar informações de forma clara. O que existe na
realidade são pessoas com memórias destreinadas, que não entendem como
sua memória funciona, portanto, não conseguem extrair o melhor que suas
mentes podem oferecer.
Mas vamos lá. Para começar precisamos entender que memorizar é
diferente de decorar. Quando você decora algo, você repete sem entender,
como fazem algumas aves, por exemplo. A memorização passa pelo
entendimento. Por isso, antes de memorizar algo, você deve procurar
entender o conteúdo estudado. Esse é um ponto fundamental. Sem
entendimento e compreensão não existe boa memorização.
Porém, há dados e informações que por conta da sua natureza
abstrata, precisam ser simplesmente decorados. São datas, nomes, números,
locais etc.
Então, vamos ver 3 técnicas de memorização simples, mas muito
práticas e uteis que podem nos ajudar. Lembrando que toda e qualquer
técnica na verdade é apenas um artifício para gravar uma informação de
forma mais rápida. E como já conversamos, nem sempre essa é a melhor
opção. O objetivo de estudar deve sempre ser aprender para sempre.
O melhor mesmo é sempre trabalhar a informação com a maior
quantidade de detalhes e incluindo todos os sistemas representacionais.

ACRÓSTICOS
O acróstico é uma frase formada pelas primeiras letras ou sílabas
das palavras a serem memorizadas. São muito utilizadas por professores de
cursinho pré-vestibular, por exemplo.
Essa técnica funciona com base na facilidade que o cérebro tem de
fazer associações com informações familiares. Ou seja, é mais fácil o
cérebro se lembrar de algo novo, se usarmos ganchos que já conhecemos.
Além disso, ao utilizar frases que tenham um sentido mais concreto, o
cérebro consegue processar as informações mais claramente do que se
apenas listarmos termos abstratos.
Em Biologia, por exemplo, há um acróstico clássico, usado para
memorizar as fases da Mitose, que é o processo de divisão celular. São 4
fases: Prófase, Metáfase, Anáfase e Telófase. Para memorizar esses nomes
complicados, usamos a frase ProMeto Ana Telefonar.
Em Geografia e Astronomia, podemos usar um acróstico meio
obsceno, mas bem engraçado para memorizar a sequência dos oito planetas
do sistema solar em relação à sua proximidade do Sol.
Minha Vó Tem Muitas Joias e Só Usa Nua.
Com essa frase gravamos a sequência dos planetas: Mercúrio,
Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno.
Para não confundir Mercúrio e Marte, que começam com a mesma
letra, você pode pensar que Marte é o planeta mais próximo da Terra, ou
então que há um marciano no quarto da sua avó (quarto planeta).
Você pode criar acrósticos para memorizar listas de nomes mais
complexos e até sequências de leis e documentos. Um detalhe importante
para que essa técnica funcione corretamente, é que a frase criada seja
relevante e faça sentido para você. Melhor ainda se você puder criar uma
cena engraçada ou interessante com a frase.

O PALÁCIO DA MEMÓRIA
Também conhecida como método de loci (do latim, lugar), essa é
uma das técnicas mais antigas de memorização de que se tem notícia. Essa
técnica consiste em criar um palácio imaginário e visualizar o seu interior,
associando nomes a cada um dos cômodos do palácio ou dos elementos
presentes em cada cômodo.
Vamos supor que você precise decorar uma lista qualquer com 10
itens. Então vamos relacionar 10 itens aleatórios totalmente fora de
contexto para usar no nosso exemplo:
1. Agulha
2. Teclado
3. Maçã
4. Telhado
5. Microfone
6. Aranha
7. Buraco
8. Régua
9. Sorvete
10. Alemão
O primeiro passo para criar seu palácio da memória é escolher um
local que você conheça bem, e então estabelecer um número de pontos igual
à quantidade de itens que você precisa gravar. Vamos usar a imagem de
uma sala como exemplo.

Você deve utilizar o cômodo que for mais familiar para você. Pode
ser a sala, o quarto ou a cozinha da sua casa ou apartamento. Você também
pode usar sua oficina, escritório, ou qualquer outro ambiente. O importante
é que seja um local com o qual você esteja acostumado e que conheça bem.
O próximo passo é percorrer o local e estabelecer os pontos do seu
palácio. Um ponto pode ser um pequeno espaço dentro do seu ambiente
como uma porta, janela, escada ou um objeto.
Ao utilizar objetos é importante que eles sejam permanentes nesse
ambiente. Não use por exemplo as flores que foram colocadas em um vazo
recentemente. No entanto, se essas flores são frequentemente trocadas, elas
podem ser utilizadas como pontos do seu palácio. Na nossa sala de exemplo
os pontos são:
1. A porta de entrada
2. Os quadros da parede
3. O sofá
4. A mesinha de apoio
5. As poltronas
6. A mesa de centro
7. O carpete
8. Os vasos
9. A TV
10. O armário
Agora você precisa percorrer algumas vezes o caminho do seu
palácio sempre seguindo a mesma ordem até memorizar a posição e a
sequência dos pontos. Por esse motivo que a sugestão é de usar um local
que seja familiar, pois assim essa etapa de memorização dos pontos se torna
muito mais fácil, uma vez que você já está acostumado com o seu ambiente.
Agora vem a parte divertida, que é fazer a associação dos itens que
você precisa lembrar com os pontos do seu palácio. É importante que o seu
palácio tenha uma quantidade de pontos igual ou maior a de itens que você
precisa memorizar. Isso porque o indicado é que você associe apenas um
item por ponto.
Então vamos lá: Imagine que você está chegando na sua casa e você
abre a porta da entrada com uma AGULHA, e assim que você entra em
casa, percebe que alguém trocou os quadros da parede e pendurou um
TECLADO no lugar. No sofá você percebe que tem uma MAÇÃ enorme e
bem vermelha, nesse momento você ouve um estrondo e percebe que parte
do TELHADO cai em cima da mesinha de apoio que fica do lado do sofá.
Com o impacto você acaba caindo para trás e se senta em um
MICROFONE que estava escondido em uma das poltronas. Você olha para
a mesinha de centro e ela começa a se mexer, então sai uma ARANHA
enorme debaixo dela. Você não pensa duas vezes e chuta a aranha, que
acaba caindo em um BURACO no carpete. Você se levanta, e ao olhar para
os vasos da sala percebe que as flores se transformaram em RÉGUAS
enormes que quase tocam o teto. Você olha para a TV e vê que está
escorrendo SORVETE pela tela, nesse momento sai um cara enorme do
armário gritando alguma coisa em ALEMÃO que você não consegue
entender.
Para essa técnica funcionar bem, é preciso que você tenha uma
imagem muito clara do ambiente que você escolheu para usar como seu
palácio. Além disso, quanto mais engraçadas, exageradas ou absurdas
forem as associações que você fizer entre os itens e os pontos, mais fácil
será memorizar tudo.

CARTÕES DE PERGUNTAS
A técnica consiste em escrever num cartão colorido uma pergunta e,
no outro lado do cartão, a sua resposta. Os cartões são colocados em duas
caixas diferentes. Na primeira, ficarão os cartões cujas respostas você já
memorizou e na outra ficarão os cartões cujas respostas você ainda não tem
segurança para responder.
Além de uma técnica de memorização é também uma ajuda na
Revisão dos conteúdos, pois utiliza a repetição de forma sistematizada,
consolidando os conhecimentos em seu cérebro. Você pode aproveitar os
momentos ociosos para revisar os cartões.
Essas são algumas técnicas de apoio. E por mais que pareçam
simples, saiba que elas podem ser extremamente poderosas se forem
corretamente aplicadas e treinadas.
Só para você ter uma ideia, o bicampeão mundial de memorização,
Boris Nikolai Konrad, detém dois títulos mundiais do Livro Guinness dos
Recordes. Ele memorizou 201 nomes e rostos em apenas 15 minutos, e 21
nomes e datas de nascimento em dois minutos. E acredite se quiser, uma das
principais técnicas que Konrad utiliza é a do Palácio da memória.
Exatamente uma das técnicas que acabamos de aprender. Fonte .
Em uma investigação liderada pelo Professor Doutor Martin Dresler,
do Centro Médico da Universidade de Radboud, na Holanda, foram
escaneados os cérebros de 23 vencedores do Campeonato Mundial de
Memória, realizado anualmente desde 1991. Fonte.
Eles descobriram que fisicamente os cérebros das pessoas que
ganharam os prêmios de memorização não apresentavam diferenças
relevantes quando comparados com os cérebros de pessoas que alegaram
não ter uma boa memória, ou seja, pessoas comuns como você e eu.
Então os cientistas convidaram alguns desses campeões de memória
para treinar parte dos participantes da pesquisa. E qual não foi a surpresa
quando, com 30 minutos de treinamento diário e seis semanas depois, as
pessoas com baixo nível de memorização apresentaram um aumento médio
de 30% no nível de desempenho nos testes de memória!
A conclusão a qual os cientistas chegaram foi que ter uma boa
memória é algo que se pode aprender e para o qual se pode treinar. É
perfeitamente possível que uma pessoa aumente sua memória desde que
treine seu cérebro para isso. E é exatamente isso que estamos propondo a
você com essas técnicas. Depende apenas da usa disposição em treinar e
aplicar o que aprendeu para treinar sua memória e começar a obter bons
resultados.
ESTRATÉGIAS PARA INICIAR OS ESTUDOS
Muitas pessoas que vão passar pelo processo de preparação para
concursos e para vestibulares consideram as Técnicas de Estudo como o
aspecto mais importante. Porém, antes de mostrar a você algumas técnicas
consagradas de estudo, quero lhe dizer três coisas importantes e que você
precisa guardar consigo:
1. Conhecimento não é a mera aquisição e acúmulo de informações.
2. Conhecer pode ser extremamente prazeroso. É uma forma
divertida usar a sua memória, raciocínio e criatividade.
3. Ter prazer ao estudar e adquirir conhecimento muitas vezes
depende de saber usar a estratégia, o método e a técnica certa para estudar.
Estratégia é o conjunto de ações que você adota para atingir o seu
objetivo. É importante ter um plano estratégico de estudos, a fim de
otimizar o seu tempo e organizar a sua preparação.
A sua estratégia deve ser personalizada. Você vai descobrir a melhor
forma de estudar para você. Determinadas técnicas, métodos e horários são
recomendados para a maioria das pessoas, mas cada uma aplica essas
recomendações à sua maneira. O mais importante é o seu modo de aprender
e o seu resultado. Por isso, aconselho você a monitorar seu processo de
aprendizagem. Preste atenção no que funciona para você e vá se
aperfeiçoando com a prática.
As técnicas são procedimentos já experimentados para realizar
algumas ações. Ao conhecer e experimentar essas técnicas, você perceberá
quais são as que melhor se ajustam ao seu jeito de aprender. Com isso, você
criará o seu método, isto é, o seu caminho para chegar onde quer.
Vou lhe passar três estratégias que devem vir antes de qualquer
projeto de estudo.
A primeira estratégia: PERGUNTAR.
A curiosidade é a mãe de todo aprendizado. Fazer perguntas e
procurar respostas é o que distingue o estudante do aluno passivo. O hábito
de perguntar cria o espírito de pesquisador e o prazer de aprender. Por isso,
pergunte! Pergunte aos livros, pergunte aos colegas, pergunte aos
professores.
Os cursos que talvez você esteja fazendo foram criados para que
você aprenda. A dúvida e o erro fazem parte desse processo. Eu sei que, em
alguns ambientes, pode existir uma pressão para não fazer “perguntas
bobas”, mas elas são importantes se você estiver com dúvidas. É seu direito
perguntar. Saiba que a melhor forma de aprender é mantendo uma atitude
de curiosidade perante as coisas.
A segunda estratégia: Encarar o conteúdo como um Quebra-
Cabeça
É muito difícil estudar alguns conteúdos que parecem não ter
ligação com nada do que estamos estudando. Dá a impressão de que os
conhecimentos estão em caixinhas diferentes umas das outras e sem relação
entre si.
Uma forma que facilita o estudo é encará-lo como um quebra-
cabeça, onde cada nova peça juntada acelera o resultado pretendido. Se
você não sabe qual é a figura que deve montar, é muito mais difícil juntar as
peças. Por isso, olhamos a figura já montada, antes de identificar cada parte.
Em outras palavras, sempre que você for estudar alguma coisa, analise
primeiro o todo para só então ir para as partes!
E como isso é possível?
Os sumários ou índices dos livros e apostilas, os títulos e subtítulos,
os desenhos e fotos que acompanham os capítulos, permitem que nos
situemos e vejamos por alto o assunto de que trata o material. Ao começar a
estudá-lo você vai saber ao menos qual é o seu tema principal e se tem
relação com outras matérias que você já estudou.
Agindo dessa maneira, você sempre vai enxergar o todo e depois
estudar as partes. Ao estudar a parte, da melhor maneira possível, você vai
entender como aquele pedaço vai otimizar o aprendizado do resto da
matéria. Pode acontecer de você sentir uma espécie de confusão ao iniciar
os seus estudos, uma sensação de que não sabe nada ou de que é impossível
encarar a quantidade de coisas ou matéria que tem pela frente. Isso é
natural. Não se preocupe.
O mais importante a saber é que essa fase passa. Confusão, dúvidas,
alguma ansiedade diante do desconhecido, tudo isso faz parte do estudo. O
segredo para lidar com isso está em “encaixar” os conhecimentos uns nos
outros. Você vai perceber que os primeiros encaixes são mais difíceis.
Porém, quando eles começam, passam a desenvolver-se em progressão
geométrica. Encaixar uma informação na outra e montar um panorama geral
do tema que estiver estudando vai ficando cada vez mais fácil.
Quanto mais se aprende, mais fácil fica aprender novas coisas. Se
você prossegue nos estudos, consolidará seus conhecimentos e chegará a
um grau de excelência onde fará as coisas com muito mais tranquilidade.
A terceira estratégia: Ver as provas com os olhos do examinador.
A maioria dos candidatos está acostumada a pensar numa prova
apenas como alunos. É preciso aprender a ver a prova não apenas como
quem quer acertar (nesse caso, o aluno), mas como quem quer ver se está
certo (ou seja, o examinador).
Uma técnica que pode ajudar é fazer as correções de provas e
exercícios em duplas ou grupos. Cada um deve corrigir como se fosse o
próprio examinador, com bastante atenção e sendo o mais exigente possível.
Fazendo isso você vai praticar uma ótima técnica de reforço, além de
perceber detalhes que muitas vezes passam desapercebidos quando estamos
na pressão de entregar uma prova.
TÉCNICAS DE ESTUDO
Como vimos anteriormente, técnica é o procedimento usado para
realizar uma determinada tarefa. Se você tem que estudar textos, por
exemplo, pode fazer isso de várias maneiras. Pode apenas ler o texto uma
vez, pode sublinhar enquanto lê, fazer resumo após a leitura, criar
esquemas, mapas mentais... E cada um desses procedimentos pode ser
considerada como técnicas diferentes de estudar um texto.
As técnicas básicas de estudo têm relação com a programação do
seu cérebro e com os recursos mentais que você tem disponíveis.
Justamente por esse motivo é que você precisa ter claro em mente que não
existe uma técnica única que vá funcionar 100% para todas as pessoas.
O ponto principal quando falamos de técnicas de estudo e
aprendizagem, é que você precisa testar e descobrir qual a melhor técnica
para você. Dessa maneira, a melhor técnica vai ser aquela com a qual você
consiga atingir seu objetivo. Portanto, não seja tão simplório ao ponto de
criticar as técnicas que vai ver aqui ou de acreditar que elas são definitivas e
vão funcionar perfeitamente em todos os casos, sem antes as testar, avaliar
os resultados e determinar quais dessas técnicas, conjunto de técnicas ou
variação delas atende melhor suas necessidades e expectativas.
Isso é fundamental: Teste as técnicas, avalie os resultados, adapte o
que for necessário para que você consiga obter o melhor resultado possível.
Não existe um padrão único nem uma técnica melhor que as outras. A
melhor maneira de estudar é aquela em que você APRENDE .
Tendo isso claro na sua mente, podemos continuar.
Bom, você já deve ter percebido que alguns estudantes conseguem
aprender muito mais rápido do que outros. Algumas pessoas parecem ter
uma habilidade secreta para estudar que as permite entender tudo com
muita facilidade. Enquanto isso outras pessoas lutam para conseguir
concluir a leitura de um livro retendo uma porcentagem miserável do que
leu.
Apesar de sabermos que existe sim uma predisposição genética para
a facilidade de aprendizagem, essa vantagem genética não é definitiva.
Alguns estudos apontam que a herança genética é responsável em média
por cerca de 20 a 40% da capacidade intelectual de uma pessoa, seja de
forma positiva ou não.
No entanto, se existe um consenso entre os cientistas e
pesquisadores é que **a inteligência é fortemente influenciada pelo
ambiente**. Fatores como a criação, a nutrição, a educação e a
disponibilidade de recursos de aprendizado e as técnicas utilizadas formam
e constroem nosso potencial intelectual. E essa é uma ótima notícia, pois
significa que apesar da herança genética, podemos moldar nossas
habilidades intelectuais através da prática e do esforço.
Se você cresceu sendo estimulado a pesquisar, teve sua curiosidade
incentivada e contou com apoio para desenvolver suas habilidades de
reflexão e estudos, com certeza possui uma facilidade em estudar e
aprender. Isso porque os círculos sociais e a maneira como nos
acostumamos a estudar, nos modelam e dão as condições para que
possamos alcançar ou não todo o nosso potencial cognitivo.
Dessa forma, apesar das condições pouco favoráveis que algumas
pessoas podem ter vivido, é totalmente possível desenvolver a capacidade
de estudar e aprender utilizando as técnicas certas.
A partir do próximo capítulo vamos ver algumas técnicas que foram
apontadas como as mais eficazes de acordo com a avaliação de cientistas
psicológicos de universidades como a Universidade Estadual de Kent, a
Universidade Duke, Universidade de Wisconsin-Madison e Universidade da
Virgínia nos Estados Unidos.
Na pesquisa publicada na revista “Psychological Science in the
Public Interest” ( fonte ), foram avaliadas 10 técnicas de estudo, no entanto
vamos nos ater apenas àquelas que apresentaram os melhores resultados e
foram apontadas como as mais eficazes.
Como já foi dito antes, é muito importante adotar uma postura
receptiva e receber todas as informações de mente aberta. Portanto, mesmo
que você já conheça ou tenha praticado algumas dessas técnicas antes, ouça
com atenção o que temos a dizer sobre elas.
A PRÁTICA ESPAÇADA
No papel de alunos, já ouvimos várias vezes que deveríamos estudar
para um teste ou uma prova. Ouvimos isso no ensino fundamental, no
ensino médio, no ensino superior, em casa, na faculdade e no cursinho. Mas
algo que raramente ouvimos é como devemos de fato estudar. A impressão
que dá é que todos querem e precisam estudar, mas poucos sabem de
verdade como fazer isso.
Talvez isso aconteça porque as pessoas, de um modo geral, pensem
que estudar é uma atividade simples, onde apenas ficamos quietos num
canto lendo e fazendo anotações, e que todas as pessoas devem saber como
fazer isso.
A verdade é que o estudo realmente eficaz não é passivo. Ou seja,
não é apenas ler, ou ouvir alguém falar sobre um assunto. O verdadeiro
estudo, aquele que transforma nossas ligações cerebrais e que nos
desenvolve como pessoas e profissionais melhores, precisa ser ativo. Por
estudo ativo devemos entender a atividade de reflexão, análise, comparação
e criação. Esse conjunto de ações é que gera o conhecimento de verdade.
Como vimos antes, existem algumas condições que podem interferir
positiva ou negativamente na capacidade de aprendizagem de uma pessoa.
No entanto, vimos também que qualquer pessoa pode aumentar sua
capacidade de estudo se utilizar as técnicas corretas, e manter uma postura
de estudo crítica e ativa.
Estudar de forma eficaz é algo que pode ser aprendido. E é aí que
entram as técnicas de estudo.
A Prática espaçada
A prática espaçada funciona de acordo com os princípios que já
vimos quando falamos da curva de esquecimento de Ebbinghaus, no
capítulo sobre memória e memorização.
Depois de alguns anos de estudo, Ebbinghaus conseguiu reconhecer
os padrões, e estabeleceu algumas regras para se conseguir tirar o máximo
proveito das revisões. Esses padrões descobertos por Ebbinghaus deram a
base para a técnica da Prática espaçada.
A Prática espaçada é uma técnica de estudo em que os períodos de
estudo são distribuídos durante um longo período. Isso dá tempo às suas
mentes para formar conexões entre as ideias e conceitos para que o
conhecimento possa ser construído e facilmente lembrado mais tarde
Toda vez que você deixa um pouco de espaço entre um período e
outro de estudo, você esquece um pouco da informação. Até aí OK, já
vimos isso quando estudamos sobre a curva do esquecimento de
Ebbinghaus.
O interessante é que para o cérebro, reaprender ou relembrar algo, é
muito mais trabalhoso do que aprender. E isso é muito bom. O
esquecimento nos ajuda a fortalecer a memória. Pode parecer contra
intuitivo, mas é perfeitamente natural esquecer um pouco para depois
aprender e lembrar de novo. Esse processo reforça as ligações cerebrais,
tornando o conhecimento mais firme no cérebro.
A Prática espaçada é exatamente o oposto do abarrotamento, que é a
prática de estudar intensamente para absorver grandes volumes de
informações em curtos períodos, geralmente com a intenção de realizar uma
prova em curto prazo.
O grande problema da técnica do abarrotamento, é que toda a
informação entulhada no cérebro vai ser guardada na memória de curto
prazo. E já vimos anteriormente como esse tipo de memória funciona.
No entanto, quando você divide o seu aprendizado utilizando a
prática espaçada, você utiliza a mesma quantidade de tempo de estudo e o
espalha por um período muito mais longo de tempo. E dessa forma, parte do
que você aprende é esquecido, como já sabemos, mas outra parte é
armazenada na memória de longa duração, o permanente.
Assim, a mesma quantidade de tempo de estudo vai produzir um
aprendizado mais duradouro. Por exemplo, cinco horas distribuídas em duas
semanas é muito mais eficaz do ponto de vista da aprendizagem, do que
estudar como louco durante cinco horas, um dia antes da prova.

COMO USAR A TÉCNICA DA PRÁTICA


ESPAÇADA
Para que a técnica da prática espaçada funcione bem, é necessário
que você crie um cronograma de revisão. Nós já vimos como criar um
cronograma de estudo. Você pode criar um cronograma adicional para fazer
suas revisões. Além disso, é importante que você programe suas sessões de
estudo para que sejam curtas e frequentes. Isso dá ao seu cérebro uma
chance de lembrar o que ele aprendeu e fazer novas conexões, em vez de
tentar estudar tudo de uma vez.
Divida o material em tópicos e em períodos como vimos no
cronograma de estudo, então estude cada um dos tópicos ao longo de
algumas semanas. Após o primeiro período de estudo de um novo tema,
você deve iniciar o cronograma de repetição espaçado. Funciona assim:
No 1º dia você estuda o material e cria seus resumos, anotações,
gravações, mapas mentais, fichas de estudo etc.;
No 2º dia você vai fazer a primeira revisão. Mas atenção, essa
revisão deve ser feita com base no seu próprio resumo, ou seja, apenas
usando o material que você criou sobre o assunto. Faça essa primeira
revisão em 20 minutos;
No 4º dia é feita a segunda revisão. Nessa revisão o tempo de 10
minutos é suficiente;
No 6º dia você faz a terceira revisão. A partir dessa terceira revisão,
o tempo utilizado pode variar entre 3 a 5 minutos, e o intervalo entre as
revisões pode ser de 15 ou 20 dias. De acordo com a curva do
esquecimento, depois da terceira revisão, o cérebro demora cada vez mais
para esquecer das coisas.
Para não se tornar mais uma vítima da curva do esquecimento, faça
a primeira e a segunda revisão em um espaço de tempo mais curto e daí
passe a aumentar o intervalo progressivamente. Dessa forma você vai
conseguir reter uma maior quantidade de informações gastando menos
tempo.
Adicionalmente, para aumentar a eficácia da prática espaçada você
deve se ater a alguns pontos:
Primeiro, é importante que você sempre revise o material antigo
antes de estudar novos assuntos. À medida que você for seguindo seu
cronograma de estudo principal, intercale com as revisões. Para tornar esse
método realmente efetivo, o seu cérebro precisa quase esquecer o que
aprender, para aí ser desafiado a lembrar das informações. Mas para isso, é
necessário sempre rever o que já foi estudado.
Lembre-se, reaprender ou relembrar algo, é muito mais trabalhoso
para o cérebro do que aprender. E isso é muito bom. É justamente isso que
torna a prática espaçada eficaz.
Segundo, sempre que fizer as revisões procure relacionar as
informações antigas com as novas. Isso vai te permitir perceber a ligação
das coisas, como tudo está interligado, e isso vai reforçar ainda mais seu
aprendizado, pois possibilita ao cérebro criar ainda mais ligações. As
ligações do cérebro é o segredo de toda a inteligência.
Terceiro, procure fazer novos resumos ou anotações durante as
revisões. Cada vez que você estudar um assunto pela primeira vez você já
sabe que precisa criar seus resumos e anotações, certo?
Mas esses resumos e anotações também devem ser feitos durante as
revisões quando você estiver usando as revisões antigas. Isso é necessário
porque, ao estudar novos assuntos e relacioná-los com os antigos, você vai
perceber coisas que não havia percebido antes. E para armazenar essas
novas ideias de forma eficaz, todas as notas devem entrar no processo de
revisão.
Talvez você ainda tenha alguma dúvida sobre essa técnica. Isso é
normal. Aprender alguma coisa é sempre mais complicado do que lembrar,
não é mesmo?
Portanto, leia esse capítulo novamente, faça suas anotações, agende
uma revisão e então faça novas anotações das ideias que surgirem. Você vai
perceber como tudo vai parecer mais simples de entender e muito mais
difícil de esquecer.
LEITURA EFICIENTE
Continuando o tema das técnicas de estudo, vamos falar agora sobre
a LEITURA EFICIENTE.
Mas atenção. Não confunda leitura eficiente com técnicas de Leitura
Dinâmica ou leitura acelerada. Estas geralmente são técnicas de leitura
rápida, que aumentam a velocidade, mas não necessariamente desenvolvem
a compreensão do conteúdo lido. O objetivo aqui não é aumentar só a sua
velocidade de leitura, mas principalmente a sua captação e fixação das
informações.
Existem diferentes tipos de leitura, conforme os nossos interesses.
Eu falo detalhadamente sobre os tipos de leitura no meu curso “Estratégias
de leitura: Como Ler e Compreender Melhor”, você pode dar uma olhada
no meu perfil de instrutor se quiser saber mais sobre o curso.
Além dos tipos, existem também três ritmos de leitura: o ritmo de
uma leitura informativa, o de leitura de lazer e o ritmo de leitura de estudo.
Esta última exige maior nível de compreensão.
Eliminando-se vícios e adotando-se alguns cuidados, a qualidade
da sua leitura irá aumentar . E como consequência natural, quanto mais
você ler e treinar, maior será a sua captação, fixação e velocidade de estudo.
Esse é um processo natural de desenvolvimento.
Muitas pessoas dizem não gostar de ler, mas por trás dessa falta de
gosto pela leitura, muitas vezes existe uma verdade que é um pouco
inconveniente: o fato é que a maioria das pessoas NÃO SABEM LER da
maneira correta, ou sentem grande dificuldade em compreender de fato o
que estão lendo. Aí se torna muito mais fácil simplesmente dizer que não
gostam de ler.
A falta de leitura é a maior responsável pela falta de conteúdo
consistente e criativo e pela pobreza de vocabulário das pessoas. Para se ter
uma ideia, a nota de corte das redações dos Vestibulares tem abaixado, nos
últimos anos, porque os candidatos estão escrevendo cada vez pior. Trata-se
de um círculo vicioso. Se as pessoas não têm o hábito de ler, obviamente
terão uma leitura mais lenta, desconcentrada e com baixo rendimento. E
terão cada vez menos prazer e desejo de ler.
Certo, então vamos ver alguns fatores vão te ajudar a fazer uma
leitura eficiente e adquirir maior interesse e prazer no ato de ler.
O vocabulário
O primeiro grande obstáculo a uma leitura eficiente é a pobreza de
vocabulário, em geral. Quando se é pobre de vocabulário, ocorre
frequentemente um “travamento” na leitura, quando a pessoa lê uma
palavra diferente ou de significado ainda desconhecido. Essa trava é
natural, pois a sua mente estranha o novo conceito.
A regra é simples! Quanto maior o seu vocabulário, menor será o
número de vezes em que você vai ter essas paradas . Como
consequência, você lerá mais rápido e melhor. Parece simples, não é?
É simples mesmo. Mas simples não é o mesmo que fácil. Você ainda
precisa ler, e se esforçar. A boa notícia é que você pode começar a fazer isso
agora mesmo.
É importante ter um dicionário sempre acessível. Porém, não é
necessário recorrer a ele sempre que encontrar um termo desconhecido.
Faça o seguinte:
Na primeira leitura, não se preocupe com as palavras desconhecidas.
Tente entender o contexto da leitura. Só recorra ao dicionário se o texto
ficar ininteligível. Ou seja, só pare a leitura para recorrer ao dicionário se a
frase não fizer sentido nenhum para você por depender diretamente da
palavra que você ainda não conhece. Caso contrário, prossiga com a leitura.
Também não é preciso voltar ao início de cada frase ou parágrafo que você
não entendeu totalmente.
Na leitura seguinte, aí sim, mesmo que tenha entendido o sentido e o
contexto, destaque de alguma forma essas palavras (usando marca texto ou
uma observação lateral) e use o dicionário para acrescentar as novas
palavras ao seu vocabulário. É interessante perceber que uma mesma
palavra pode ter vários sentidos dependendo do contexto. Então se atente a
isso e faça uma nota sobre o significado específico daquela palavra no texto
que estiver lendo.
Depois parta para sua técnica de estudo preferida: resumo, esquema,
mapa mental, gráfico, quadro sinótico etc.
A pressa
Ler com pressa é um excelente caminho para não gostar de ler. Na
verdade, ler com pressa é, quase sempre, o mesmo que não ler. Se você tem
pouco tempo para leitura bem-feita, é melhor fazer uma leitura boa, dentro
do possível, de um texto menor, do que uma má leitura de um grande texto.
Lembre-se sempre, quando falamos de estudo, qualidade é sempre
melhor do que quantidade.
Quando você está com pressa, ela passa a ser a principal ocupação
do seu cérebro, causando ansiedade e deixando menor espaço para o
processamento mental das informações que você precisa receber. Por isso, é
preciso organizar o seu horário para ler sem ansiedade. Se um texto precisa
ser lido, então vale a pena ser BEM lido .
Você pode até fazer uma pré-leitura rápida, o que chamamos de
leitura inspecional. Onde você vai ler os destaques do texto como
introduções, títulos e subtítulos, trechos em negrito ou itálico, quadros,
tabelas, imagens e legendas.
Em seguida, vem a leitura com maior profundidade, o que
chamamos de Leitura Analítica, onde você deve analisar o que o autor
disse, quais foram seus principais argumentos e o que você pôde extrair da
leitura.
Com o tempo e o hábito, você vai fazer leituras eficientes mais
rápidas, pois aumentará o seu nível de concentração e apreensão dos
conteúdos, desde a primeira leitura.
Nós já conversamos sobre alguns cuidados que você deve nessa
etapa dos estudos, mas nunca é demais reforçar esses pontos. Então vamos
relembrar e acrescentar alguns outros pontos importantes para a leitura.
Escolha o ambiente de estudos: ele deve ser silencioso, iluminado e
agradável.
Cuide de sua saúde através de uma alimentação correta.
Faça exercícios físicos e alongue-se durante os períodos de estudo.
Prepare o seu estado mental para estudar. Procure respirar e relaxar
antes de começar. Tente eliminar toda pressa e ansiedade, além de
afastar da mente todos os assuntos que podem te distrair.
Após a primeira leitura, destaque as ideias principais do texto.
Use canetas coloridas e marcadores para sublinhar e identificar as
palavras e frases que você precisará estudar melhor. A simples
atividade de escolher o que marcar exige uma elaboração mental
importante para o seu estudo. Mas lembre-se: não saia destacando
tudo o que você ler. Quando destacamos tudo, no final, não
destacamos nada. Antes de fazer um destaque ou anotação se
pergunte: qual a importância desse trecho ou anotação para o meu
objetivo de estudo?
Crie símbolos e desenhos para alguns assuntos e procedimentos.
Anote sempre, seja na lateral do texto ou no seu rascunho.
Organize os seus resumos, esquemas ou mapas mentais em fichas ou
cadernos de estudo. É importante facilitar o retorno a esses materiais
sempre que for preciso, sem perder muito tempo procurando. A
revisão é parte fundamental da aprendizagem.
Faça perguntas ao texto. Sempre que surgirem dúvidas decorrentes da
leitura, anote-as e tente buscar as respostas com professores, com a
leitura mais aprofundada do próprio texto ou em outra pesquisa. Isso é
de fato estudar e pesquisar.
Depois de um estudo bem feito, sempre é bom voltar ao texto original
(e não só aos resumos e esquemas) para verificar se de fato você
conseguiu captar todas as principais ideias do autor do texto.
ALGUMAS ORIENTAÇÕES IMPORTANTES
Nesse capítulo vamos ver algumas orientações importantes para o
seu processo de preparação. Mesmo que você á tenha iniciado os seus
estudos, ainda pode alterar o seu procedimento.
Por onde começar?
Se você vai participar de um Concurso Público, obviamente deve
começar o seu estudo pelo Edital do Concurso. Parece óbvio, mas muitos
fracassam porque cometem o erro primário de deixar de estudar o Edital do
concurso. É através do Edital que você começa a entender a cabeça dos
integrantes da banca examinadora do concurso, tendo uma base do que eles
querem de você.
Se você for prestar Vestibular, conheça as matérias, os pesos de cada
uma para a área que você escolheu e o seu conteúdo programático.
Dedique mais tempo ao que você considera difícil
Você consegue identificar logo de início as matérias que você menos
domina. Assuntos que você considera mais difíceis requerem um tempo
maior e mais foco. Nunca deixe as matérias que você considera mais
difíceis para estudar só nas vésperas das provas!
Vá alternando os conteúdos
Num mesmo dia, estude sempre uma ou duas matérias mais
exigentes, juntamente com outra mais fácil para você.
Tire as matérias de ordem. Você não precisa estudar as matérias na
sequência em que aparecem nos livros, videoaulas e apostilas.
Alternando assim os conteúdos, você perceberá quais são as
habilidades exigidas para estudar cada um deles. Você verá que para alguns
temas, você precisará de maior tempo do que para outros.
Obedeça ao seu roteiro de estudos
Faça uma lista detalhada dos conteúdos a serem estudados, a fim de
poder dividir o seu tempo de estudo. Faça uma agenda de cada conteúdo
para não constatar depois que não calculou um tempo suficiente para ele.
O tempo de cada conteúdo depende do tipo de matéria. Há
disciplinas que exigem maior concentração nos conceitos teóricos. Eles são
importantes para interpretar corretamente e resolver as questões. Outras são
mais práticas e exigem treinamento através de exercícios.
Tente cumprir o tempo diário que você reservou a cada tema ou
matéria.
Estabeleça um tempo de 45 a 60 minutos. Conforme avança o seu
treinamento, pode ampliar até 1h30 min. Depois disso, faça uma pausa,
levante-se, se espreguice, faça um pequeno alongamento, ande, tome água e
retome, com outro conteúdo... e assim por diante.
No fim do dia, confira se sua meta foi atingida. Isso lhe dará mais
motivação e permitirá ir corrigindo a forma de estudar, se for o caso.
Você até mesmo poderá alterar o seu roteiro, com o tempo. Porém,
antes disso, experimente cumpri-lo. Não desista facilmente do seu
propósito. Lembre-se de que isso é um treinamento em direção aos seus
maiores objetivos.
Faça exercícios e repetições
É preciso investir parte do seu tempo com exercícios e repetições.
Aproveite bem as questões já preparadas em apostilas e livros. Fazer
exercícios de fixação e resolver questões é um excelente treinamento.
A repetição de conteúdos e de exercícios, pode parecer chata, mas
aqui está um dos motivos de alguns falharem em sua preparação. A
repetição é fundamental para fixar o seu aprendizado. São justamente essas
repetições que darão maior agilidade e rapidez ao seu estudo.
Estude aos poucos
Não adianta começar querendo apreender uma grande quantidade de
conteúdo. Comece devagar, procurando aprender uma pequena parte e vá
ampliando esse aprendizado, de forma segura.
Aos poucos, você perceberá que tem fôlego para ir aumentando a
quantidade e a dificuldade das questões, a cada sessão de estudos. Da
mesma forma, o tempo para realizar as baterias de questões será cada vez
mais curto.
Resolva provas anteriores
Essa é uma estratégia que você não deve negligenciar. E de fato é
uma das formas mais certeiras de estudar. Resolver as provas dos últimos
anos do mesmo tipo de Concurso ou Vestibular é uma forma eficaz de
estudar e de colocar em prática o conteúdo que você está estudando, além
de aferir o seu estágio de desenvolvimento, corrigir as falhas e buscar cobrir
as lacunas do estudo.
Isso servirá também para que você conheça o estilo de prova a que
você vai se submeter e haverá menor risco de ser surpreendido.
Realize Simulados
Se você estiver matriculado em algum curso preparatório, passará
por alguns exames simulados. Caso você estude por conta própria, você
pode também programar-se e simular as provas, durante o seu próprio
período de estudos. Como fazer isso?
Escolha uma prova anterior do concurso, que você ainda não tenha
resolvido.
Prepare-se do mesmo jeito que faria, se fosse o dia da prova: vá ao
banheiro antes de começar, respire, tranquilize-se, coma alimentos
leves no dia, reserve os seus materiais.
Estabeleça um horário e comece sem atraso.
Marque um tempo semelhante ao da prova e se imponha condições
como as que você terá naquele dia: o mesmo número de horas,
sentado no mesmo local, garrafa de água ao seu lado, barra de cereais
ou castanhas, canetas de reserva etc.
Essa simulação ajudará a monitorar o seu rendimento, o seu tempo e
a sua autodisciplina. Faça isso algumas vezes antes do concurso.
REDAÇÃO PARA PROVAS E CONCURSOS
Nós vimos que atualmente os candidatos estão escrevendo num
nível cada vez mais baixo. Entre professores e preparadores para provas e
concursos essa é uma reclamação constante.
Todos os concursos exigem, em maior ou menor nível, a capacidade
de redação dos concursados. Por isso, se você se preparar em para a Prova
de Redação, esse poderá ser o seu diferencial. Quem já escreve ou fala
razoavelmente sai na frente em sua preparação. Porém, como eu disse desde
o início deste curso, tudo é uma questão de dedicação e aprendizagem.
Nosso objetivo aqui é mencionar alguns cuidados para que você
treine e melhore a sua capacidade de criar e estruturar os seus próprios
textos.
Para algumas pessoas, escrever é um ato muito difícil. O que ocorre
é que, como as pessoas falam muito, adquiriram a capacidade de se
comunicar, mesmo com vocabulário pobre, com erros crassos e ausência
quase total das regras de linguagem mais culta. Por isso, sentem dificuldade
de escrever, pois as regras de comunicação de quem fala e ouve são
diferentes da escrita e leitura.
Escrever é um trabalho que exige treino e tem que ser feito todos os
dias. Para escrever bem são necessários três procedimentos:
1. Ler muito e sempre.
2. Divertir-se lendo: ter vontade de voltar a um livro como se tem de
ver o próximo episódio de uma série ou novela.
3. Treinar a própria redação todos os dias: escrever sempre, seja
cartas, poesias, contos, comentários etc.
Só se aprende a escrever escrevendo!
Escrever é transportar as ideias de seu intelecto para o papel. Para
quem não tem esse hábito ou usa isso apenas através das redes sociais, o
início pode ser mais difícil, como qualquer aprendizado. Porém, com
dedicação, treino e tempo, isso se aperfeiçoará e se transformará em uma
das maiores aquisições da sua vida.
Vejamos alguns cuidados que precedem a redação. Alguns parecerão
óbvios, porém já vi reprovações acontecerem por puro descuido.
Letra legível
Como eu já disse antes, por mais que você esteja acostumado(a) a
escrever apenas no computador ou celular, é importante treinar escrevendo
à mão, em papel. Lembre-se de que se o examinador não conseguir
entender a sua letra, não terá como corrigir a sua resposta ou avaliar a sua
redação.
Caligrafia não é uma bobagem. Uma letra muito feia e ininteligível
é, no mínimo, falta de consideração. O examinador não é obrigado a
“decifrar” a sua letra. Mesmo com boa vontade, ele pode simplesmente não
entender o que você quis dizer. Por isso, caso sua letra seja “um horror!”,
pense em ter um caderno de caligrafia para treinar ou até mesmo escreva
seus textos em letra maiúscula (caixa alta).
Correção do português
Usar a língua corretamente é indispensável. Acostume-se a corrigir
seus erros. Não aceite a afirmação de que “o importante é que o outro
entenda”. Isso vale (mas nem sempre) na comunicação verbal do dia a dia,
mas não numa prova.
Se você tiver dúvida sobre como se escreve uma palavra, use um
sinônimo ou modifique a construção da frase. Lembre-se de que o erro se
destaca, mesmo numa construção bonita e elegante de frase.
A ortografia, embora não seja o elemento mais importante da sua
redação, valorizará e dará um diferencial ao seu texto.
Preocupe-se com o uso da pontuação. Não há nada pior do que falta
ou excesso de pontuações que modificam irreversivelmente o sentido do
texto. Uma pergunta sem sinal de interrogação torna-se uma afirmação.
Uma vírgula mal colocada (ou a falta dela) pode mudar completamente o
sentido de uma ideia. O mesmo ocorre com a acentuação. O que será
considerado é o que você escreveu de fato e não o que você quis escrever.
Escrita limpa e organizada
Ao escrever rascunhos, você pode usar rabiscos, riscar palavras,
borrar e sujar o texto à vontade. Afinal, esse é um material seu e que será
aperfeiçoado.
Porém, na realização de uma prova, não se pode fazer rabiscos,
garranchos, borrões, sujeira, rasgos, nem alterar a ordem das respostas ao
seu bel prazer. Lembre-se de que a cara da prova é a sua cara!
Por isso, treine fazer provas para acostumar-se a não fazer muitas
alterações. Muitas vezes, as provas ficam cheias de correções porque o
candidato mudou de ideia e quis alterar o seu texto. Pensando nessa
situação, habitue-se a escrever rascunhos a lápis, revisando-os e corrigindo-
os antes de passar para a redação definitiva.
Algumas escolas e professores orientam seus alunos a fazerem suas
provas a lápis e só depois sobrescreverem à tinta. É uma forma de fazer
rascunho na própria prova. Não aconselho isso na Prova de redação, pois a
borracha deixará a escrita bem feia. Se há tempo disponível, use o bom e
velho rascunho à parte, antes de reproduzi-lo na prova.
Escrever com fundamentação
É muito comum encontrar, especialmente nas redes sociais,
argumentos “rasos”, isto é SEM FUNDAMENTAÇÃO. Principalmente
quando se trata de questões polêmicas, as pessoas reproduzem afirmações
de outras, sem aprofundar a sua origem e a sua adequação ao seu
argumento.
Uma boa redação, especialmente se for dissertativa, é antes de tudo
uma boa argumentação com fundamentação. Por isso, é importante, antes
de defender uma ideia (tese), apresentar uma lista de motivos, razões,
vantagens e desvantagens de uma posição.
Sem fazer isso, a sua redação pode ser apenas uma sucessão de
preconceitos e lugares comuns (clichês), mesmo que você use frases de
efeito para tentar convencer os interlocutores. Numa conversa, isso pode
passar despercebido, mas não para um avaliador.
Narração, Descrição ou Dissertação
Essas são as três formas mais solicitadas em concursos e provas.
A Narração consiste em contar uma história. Trata-se de uma
sequência de ações que se desenrolam na linha do tempo, umas após outras,
através de alguns personagens reais ou fictícios. O narrador costuma ser
outra pessoa, mas pode também ser um dos personagens da trama.
A Descrição é um retrato de uma realidade. Pode ser um ambiente,
uma pessoa ou um objeto. Não há necessariamente uma sequência de ações
no tempo, mas um presente permanente. É como “a foto de um instante”.
Já a Dissertação é basicamente a defesa de uma ideia. O redator,
neste caso, deve argumentar, apresentando os fundamentos que o levaram à
sua tese.
Há bons livros que ensinam Redação. Porém, seguindo esses
cuidados e orientações, você com certeza vai conseguir se preparar bem
para os seus exames.
A SEMANA E OS DIAS DE PROVA
Imagine que estão se aproximando os dias da semana que
antecedem as provas do seu Concurso ou Vestibular. Se você fez o que
deveria fazer durante todo o período anterior, você está mais do que
preparado. Porém, é normal certa ansiedade nessa época.
A uma semana das provas, todo o conteúdo já foi lido, estudado e
revisado algumas vezes. Não é mais hora de estudar matérias novas.
O que resta a fazer?
Faça as últimas revisões de forma tranquila. Pode até mesmo
diminuir o seu horário e ritmo de estudo e se permitir descansar mais.
Aconselho você a revisar principalmente aquelas unidades que exigiram
maior trabalho de memorização. Principalmente para quem presta Concurso
Público, a “letra fria da Lei” é muito cobrada.
Resolva novamente algumas daquelas questões mais difíceis ou que
lhe deram mais trabalho, nas vezes anteriores, apenas para reforçar e
demonstrar a si mesmo que você está preparado.
Mas, acima de tudo, descanse e durma bem. Nem pense em varar a
noite assistindo TV ou jogando videogames.
Como em todo o processo, alimente-se bem, não ingerindo
alimentos estranhos que podem causar surpresas desagradáveis. Se for fazer
os seus exames em uma cidade ou estado diferente, deixe para experimentar
a comida típica do lugar depois da prova.
Não é ainda momento de ir às baladas e festas. Um cineminha,
namoro, caminhada, passeio ou uma visita a uma exposição podem ajudar.
Nada de praticar esportes ou fazer exercícios pesados, que possam levar a
uma contusão ou dor posterior.
Você também deverá estar descansado emocionalmente. Por isso,
não há nada pior, na semana de provas, do que entrar em discussão com as
pessoas, “discutir a relação” de namoro ou brigar no trânsito. Tente
permanecer tranquilo.
Por segurança, faça o checklist do que você precisa levar nos dias de
prova. Veja o Edital ou a orientação da faculdade e apronte tudo com
antecedência. Em linhas gerais, você não deverá esquecer:
Documento de inscrição,
Documento pessoal com foto,
Duas (nunca uma só) canetas azuis ou pretas, do tipo BIC
(transparentes),
Três lápis e apontador ou uma lapiseira e vários grafites,
Borracha,
Caneta marca-texto (se você tiver o hábito de usar),
Garrafa de água,
Barras de cereal, castanhas, balas,
Remédio para dor de cabeça ou nas costas, diarreia e alergia,
Lenços de papel,
Absorventes, pente ou escova, se for o caso,
Prendedor de cabelo, para quem tem cabelo comprido,
Relógio (Informe-se: celulares não são permitidos e, em alguns casos,
nem o relógio.)
Nos dias de prova, é importante se alimentar bem, mas de forma leve.
Em hipótese alguma, fique em jejum!
Cuidado com a autossabogatem
Há alguns cuidados óbvios que, em momentos de tensão,
insegurança ou medo, passam despercebidos e reforçam ainda mais as
sensações negativas.
Por isso, há casos de pessoas que, na véspera da primeira prova,
simplesmente não ligaram o alarme do despertador, esqueceram as canetas
ou comeram uma feijoada com pimenta. Da mesma forma, há quem, no dia
da prova, saiu de casa faltando uma hora, mesmo sabendo que demoraria,
no mínimo, 1h30min para chegar ao local da prova e de que haveria muito
trânsito no local, ou então se dirigiu a um local errado e não conseguiu
realizar a prova.
Essas pessoas estavam desinformadas? Provavelmente não. Elas
foram vítimas de autossabogatem.
Não vou apresentar as causas e fatores que geram esse fenômeno.
Há muita literatura a esse respeito. O que eu quero é lhe dar algumas dicas
práticas para não ser pego por esse monstro.
Na véspera de uma prova, programe o alarme do seu celular
verificando se está com alto e bom som.
Se possível, programe dois celulares, principalmente se tiver mais
alguém em casa que está tão envolvido quanto você.
Deixe o celular longe da cama para evitar voltar a dormir.
Se estiver em um hotel, use o serviço do atendente ou da companhia
telefônica, mas também programe o seu celular.
Confira o seu checklist na véspera.
No dia da prova, saia com tempo de sobra. (Não se esqueça de saber
muito bem como chegar ao local.)
Informe-se sobre o dia da prova, pois poderá haver eventos (corridas,
festas, etc.) que dificultem o trânsito e atrasem você.
Ir de transporte público, taxi ou carona é mais interessante do que ir
com o próprio carro. O estacionamento em locais de prova nem
sempre são fáceis.
Conheça com antecedência o local e a sala do exame. Se possível, vá
até lá, antes do dia da prova.
Se as provas forem realizadas em outra cidade ou estado, veja a
possibilidade de chegar com um ou dois dias de antecedência. Mesmo
se for numa cidade próxima, será melhor dormir na cidade, evitando
ter que acordar muito cedo para viajar.
Evite conversar com outros candidatos que falam demais. Fique
tranquilo, no seu espaço, concentrado e relembre o seu objetivo.
Se não houver lugar marcado na sala da prova, escolha um lugar onde
não bata o sol diretamente e longe de movimentos, ar condicionado,
ruídos e passagem de pessoas.
Um detalhe importante: se você for canhoto(a), entre logo na sala e
procure uma cadeira adequada, porque são poucas.
Nos dias de prova, use roupas confortáveis. Pode ser uma roupa bem
leve e fresca, caso esteja calor, ou um bom agasalho, caso esteja frio.
Não vista roupas e calçados apertados.
Use roupas neutras. Nada de camisa de time, religião, partido político,
cursinho, piadas bobas ou indecentes.
“Alimente” o seu cérebro antes e durante a prova: coma uma barra de
cereais ou castanhas e tome goles de água.
Vá ao banheiro antes da prova começar.
Se houver mais de uma prova no mesmo dia, em horários diferentes,
não estude nos intervalos. Use esse tempo para descansar e relaxar.
Se for almoçar no local, prefira levar um lanche reforçado de casa.
Leia com atenção as instruções da prova que geralmente estão na
capa. Não comece a prova sem lê-las.
Se você atentar para esses cuidados, estará menos propenso a se
autossabotar ou a não aproveitar bem todo o processo de preparação que
você fez.
COMO RESPONDER QUESTÕES DE MÚLTIPLA
ESCOLHA
Ao fazer testes de múltipla escolha, você deve ter em mente o básico
da realização de testes: leia as instruções primeiro e com cuidado, leia
cuidadosamente cada pergunta e tenha uma abordagem sistemática de todo
o exame. Existem também algumas estratégias muito específicas para
abordar questões de múltipla escolha.
1. Leia atentamente o enunciado
Por mais que essa possa ser uma dica óbvia, ela é extremamente
importante. É relativamente comum que o candidato comece a ler a
pergunta e antes de terminar a leitura já parta para as alternativas, por
acreditar que sabe a resposta. O problema disso é que muitas vezes o
candidato pode ser vítima de uma questão que na verdade é uma pegadinha.
Além disso, muitas respostas podem apresentar alternativas muito
parecidas ou ambíguas. Portanto, mesmo que esteja certo da resposta, leia a
questão na íntegra e leia todas as alternativas.
2. Se atente aos qualificadores
Qualificadores são palavras que alteram uma declaração. Palavras
como sempre, mais, igual, bom e ruim. Em um teste de múltipla escolha, os
qualificadores podem alterar uma alternativa de resposta aparentemente
correta em incorreta, e vice-versa.
Por exemplo, as duas opções a seguir são praticamente idênticas:
a. Geralmente chove em São Paulo.
b. Chove sempre em São Paulo.
A primeira alternativa é verdadeira, enquanto a palavra 'sempre' na
segunda afirmação a torna incorreta (já que não é verdade que em São
Paulo chova sempre). Mantenha um controle cuidadoso dos qualificadores
circulando os que você encontrar dentro das alternativas de respostas.
As famílias de qualificadores mais comuns são:
Todos, mais, alguns, nenhum
Sempre, geralmente, às vezes, nunca
Igual, semelhante, diferente, aproximado (aproximadamente)
Mais, menos, muito, pouco
Bom, mau
É, não é
Dica: Quando encontrar um qualificador na opção de resposta,
substitua-o por cada um dos outros da mesma família. Então identifique
qual dos qualificadores se encaixa melhor na alternativa. Se o melhor
qualificador for aquele que já está na opção de resposta, provavelmente a
opção será correta, se o melhor qualificador for outro da família, a opção de
resposta provavelmente será incorreta.
3. Observe os negativos
Negativos podem ser palavras como não, nenhum e nunca, ou
podem ser palavras iniciadas por prefixos como i-, como em 'ilógico', des-,
como em desinteressado, im- como em impaciente. Observe os negativos
porque eles podem inverter o significado de uma sentença. Por exemplo,
nessa opção de resposta, o prefixo in- (de indistinguível) faz com que a
declaração se torne incorreta:
Por ser um líquido à temperatura ambiente, o mercúrio é
indistinguível de outros metais.
Cada negativo inverte o significado de uma sentença. Com dois
negativos, o significado da pergunta deve ser o mesmo de antes. Por
exemplo, a primeira instrução abaixo não tem negativos. É obviamente
verdade. A segunda declaração tem dois negativos - 'ilógico' e 'não'. Como
cada negativo inverte o significado da sentença, também é correta, mas é
mais difícil identificá-la como verdadeira.
É lógico supor que a fama de Thomas Edison se deveu às suas
muitas invenções práticas. É ilógico supor que a fama de Thomas Edison
não se deveu às suas muitas invenções práticas.
Os prefixos negativos mais comuns são: in-, im-, i-, des-, dis-, á-,
an-.
Dica: Quando você encontrar negativos em uma pergunta, circule-
os. Tente identificar o significado da pergunta ou declaração sem o
negativo. Isso ajudará você a determinar se a opção de resposta é verdadeira
ou falsa.
4. Responda as "coisas certas" primeiro,
"passe 3 vezes" depois
Primeiro faça o teste e responda todas as perguntas cujas respostas
você saiba. Para as questões que parecem mais difíceis, marque os
qualificadores e negativos e elimine o máximo de opções possíveis. Isso vai
te ajudar a aumentar as chances de acerto.
Na segunda passagem, use um tempo extra para identificar as
“melhores” alternativas de resposta dentre as que sobraram, buscando
eliminar alternativas até restarem duas.
Na terceira passagem, dê um palpite (chute) sobre aqueles que ainda
são ilusórios, porque qualquer resposta é melhor do que nenhuma resposta.
5. Não deixe questões sem resposta
Depois de responder todas as questões que já tem certeza da
resposta, e de ter eliminado as questões que acredita serem incorretas você
não consegue descobrir a alternativa certa?
Bom, não se desespere, basta apelar para as probabilidades. Mas
calma, você não precisa fazer nenhum cálculo matemático complexo.
Geralmente as questões de múltipla escolha possuem 4 ou 5
alternativas. Isso significa que mesmo que não saiba a resposta, se apenas
chutar você tem 20 ou 25% de chances de escolher a resposta correta.
Pode parecer estranho, que depois de todo o trabalho de preparação
você encontre essa dica sugerindo que você responda às questões apenas no
chute. Mas veja lá, essa é a última opção. Afinal de contas, se você
conseguir eliminar as alternativas a apenas duas, sua chance de acerto é de
50%.
E não precisamos fingir nem tentar enganar ninguém aqui OK?
Todos sabemos que o chute faz parte de uma prova, e isso não é o fim do
mundo. Aliás, em algumas provas são descontadas da nota final as
perguntas sem resposta. Então isso significa que você tem mais a perder não
respondendo uma pergunta que não sabe, do que escolhendo uma
alternativa aleatoriamente se não souber a resposta correta.
Mas como já dissemos, o chute deve ser sua última opção. E apenas
chute depois de eliminar o máximo de alternativas possível.
***
Essas são algumas sugestões que podem ser uteis a você no
momento da prova. Não esqueça de revisar suas repostas no final. E além
disso, muita atenção ao preencher o gabarito. Não há nada pior do que
responder a pergunta corretamente, mas cometer um erro ao preencher o
gabarito e acabar errando a resposta.
Suas maiores chances de sucesso e aprovação dependem de você
manter a calma e atenção em cada detalhe. Faça valer a pena todo o seu
esforço e preparação.
Adaptado de The Learning Strategies Center - Multiple Choice Tests
- Cornell University
QUAL VAI SER O TEMA DA REDAÇÃO?
Por mais que tentemos, não é possível saber com certeza qual será o
tema proposto da redação de concursos ou vestibulares.
A única certeza é que os principais concursos e vestibulares do país
buscam sempre basear suas redações em acontecimentos da atualidade. Por
esse motivo, é muito importante que você esteja atento aos principais
acontecimentos do país e do mundo.
Atualmente, os temas mais comuns estão ligados às descobertas
científicas, acontecimentos políticos, econômicos e sociais. Essas são
algumas ideias genéricas sobre temas que têm grandes chances de
aparecerem na redação:
Endemias e epidemias no Brasil e no mundo;
Eleições e compra de votos;
Meio ambiente e preservação ambiental;
Congestionamento nas grandes metrópoles;
Igualdade de gêneros;
Economia internacional;
Avanços científicos;
Conceito de família no século XXI;
Direitos LGBTQ+;
A fome e o desperdício de alimentos;
Guerras e atentados terroristas motivados por religião;
Limites do humor;
Preconceito e racismo;
Feminismo e direitos da mulher;
Ideologias Conservadoras/Progressistas
Só por curiosidade, aqui estão todos os temas de redação do Enem
desde sua criação em 1998:
1998 - O tema de estreia foi Viver e Aprender.
1999 - Cidadania e participação social.
2000 - Direitos da criança e do adolescente: como enfrentar esse
desafio nacional.
2001 - Desenvolvimento e preservação ambiental: como conciliar
interesses em conflito?
2002 - O direito de votar: como fazer dessa conquista um meio para
promover as transformações sociais que o Brasil necessita?
2003 - A violência na sociedade brasileira: como mudar as regras
desse jogo?
2004 - Como garantir a liberdade de informação e evitar abusos nos
meios de comunicação.
2005 - O trabalho infantil na realidade brasileira.
2006 - O poder de transformação da leitura.
2007 - O desafio de se conviver com a diferença.
2008 - Como preservar a floresta Amazônica.
2009 - O indivíduo frente à ética nacional. Devido ao vazamento da
prova, em 2009, houve dois temas de redação: o da prova cancelada e o da
prova refeita. A proposta de redação da prova cancelada foi a “Valorização
do idoso”.
2010 - O trabalho na construção da dignidade humana. Os
problemas em 2010 foram erros na impressão. Os candidatos que se
sentiram lesados refizeram a prova, que teve a proposta de redação “Ajuda
humanitária”.
2011 - Viver em rede no século XXI: os limites entre o público e o
privado.
2012 - O movimento imigratório para o Brasil no século XXI.
2013 - Efeitos da implantação da Lei Seca no Brasil.
2014 - Publicidade infantil em questão no Brasil.
2015 - A persistência da violência contra a mulher no Brasil.
2016 - Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil.
Na segunda aplicação da prova, "Caminhos para combater o racismo
no Brasil".
2017 - Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil.
Para a segunda aplicação, "Consequências da busca por padrões de
beleza idealizados".
2018 - Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de
dados na internet.
2019 - Qual a sua sugestão de tema para a redação do Enem desse
ano?
***
No entanto, o que realmente importa não é adivinhar o tema da
redação, mas sim, estar preparado para desenvolver sobre qualquer que seja
o assunto proposto.
Como vimos anteriormente, ler é extremamente importante, não
apenas para escrever melhor, mas também, para se manter informado e
atualizado. Leia blogs e sites de notícias, acompanhe perfis de jornais
nacionais e internacionais.
Tudo isso é necessário pois, atualmente os principais testes e provas
são interdisciplinares, ou seja, integram vários temas e conteúdos
diferentes, e o mesmo acontece com as propostas de redações ;)
APÓS OS RESULTADOS
Estamos chegando na reta final do nosso curso. Espero que você
tenha gostado e aproveitado o que conversamos até aqui.
Nesse capítulo não vamos mais falar sobre a preparação, vamos
falar dos seus resultados. Depois de um período tão exaustivo de preparação
e de fazer as provas do seu Concurso ou do seu Vestibular, você merece
comemorar.
Se você seguir o passo a passo que sugerimos aqui, com certeza vai
sair das provas com o sentimento de que tudo valeu a pena. Quando, então,
sair o seu nome no Diário Oficial ou na lista dos aprovados da
Universidade, você vai ter motivos de sobra para se orgulhar e comemorar.
É o momento de ligar para os amigos e parentes que lhe deram apoio e
comemorar o objetivo cumprido.
Para os que desdenharam ou torceram contra, bem..., não faça nada!
Agora, é ficar atento(a) às orientações para providenciar os
documentos para a posse ou para a matrícula. Para alguns cargos do
Concurso Público, existem diversas exigências de certidões negativas a
serem providenciadas. Faça isso o quanto antes.
Mas... E se eu não passar?
Caso você não seja aprovado, seja bem-vindo de volta à etapa de
planejamento!
Se você não passar na prova ou não for aprovado, você
simplesmente vai estar ao lado de grandes gênios, professores, cientistas,
promotores, juízes, médicos, engenheiros, inventores que também
experimentaram a derrota em suas trajetórias.
São inúmeros os casos de aprovados que foram reprovados antes e,
na época, acharam que era o fim do mundo, mas que depois foram
aprovados em outros concursos e agradeceram por não terem passado
naquele primeiro teste. Há também os que conseguiram a aprovação depois
de várias tentativas.
Não passar em um concurso não é o fim do mundo!
Eu sei que não adianta dizer isso para quem acabou de ser
reprovado. Porém, é bom que você saiba que uma reprovação pode ser uma
excelente **oportunidade** de aprender com os erros e não uma desculpa
para vitimismo. Há muitos que reclamam da prova, da banca, da faculdade,
do colégio, do cursinho, da mãe, do pai, do namorado, do tempo... do
mundo.
Isso passa!
É comum, nesses momentos, algumas pessoas pensarem em desistir.
Mas também há inúmeros casos de pessoas que decidem persistir para
chegar onde querem, mesmo após uma derrota. E espero que você seja uma
dessas pessoas.
É hora de analisar as falhas da sua preparação. Se você seguiu todas
as orientações de estudo, pode ser que o problema tenha sido na escolha dos
livros, ou do curso que você fez, na quantidade insuficiente de exercícios,
provas ou revisões etc. Não adianta sair apontando o dedo por aí culpando
tudo e todos. Olhe para si mesmo e reflita sobre o que VOCÊ poderia
ter feito de diferente .
Se você optar por persistir nas suas metas, não adiantará fazer
exatamente tudo do jeito que fez antes. Desenvolva uma autocrítica
construtiva, verificando quais aspectos você deve aprofundar no seu
conhecimento e na sua capacidade de realizar melhor o seu processo de
preparação.
É hora de retomar as dicas que vimos sobre como estabelecer os
seus objetivos. Você vai ter a vantagem de já ter descoberto alguns de seus
potenciais e identificado algumas técnicas que vão te ajudar.
Vitória e derrota precisam ser devidamente avaliadas. Elas não são o
fim; elas são meios para atingir objetivos maiores. Se você deu o melhor
de si, de alguma forma você venceu, independentemente do resultado .
Bem, todos nós sabemos que é possível tirar coisas boas de uma
derrota. Pode não ser fácil – e eu não estou dizendo que seja. Porém, é a
forma mais inteligente e eficiente de autossuperação.
Então chegamos à pergunta chave: Como podemos aprender com
os erros?
Se você percorrer uma livraria ou simplesmente olhar as redes
sociais das pessoas, terá a impressão de que somos todos felizes, somos
vitoriosos porque temos muitas receitas de sucesso e estamos no topo da
nossa existência. Nas nossas fotos, estamos sempre sorrindo, cercado de
pessoas interessantes e felizes, comendo bem e frequentando os lugares
mais agradáveis do mundo, nas livrarias vários dos livros à venda
apresentam as fórmulas e os segredos para conseguir tudo o que quiser.
Há uma cultura do sucesso entre nós que sobrevaloriza as imagens
de quem tem dinheiro, fama e poder, e desvaloriza as derrotas e o esforço.
A impressão que dá é que ser feliz é ser parecido com quem ostenta riqueza
e superficialidade. Da mesma forma que tomamos consciência de que há
uma minoria que ostenta, tudo é apresentado, em livros, vídeos e programas
de tv, como sendo fácil e as sellfies parecem confirmar que estamos nos
divertindo muito com tudo isso.
É preciso que você saiba de uma coisa: a derrota não é um mal em
si . Sem os erros não haveria progresso, as derrotas ensinam e geram
paciência para persistir até superar os resultados anteriores.
É preciso não se fixar na derrota. Lembre-se de que, muitas vezes,
uma vitória completa apaga todas as derrotas anteriores. É importante
retomar o fôlego do início e recalcular os próprios passos. A sua aprovação
vai estar cada vez mais próxima, se você estiver dando os passos certos.
Para encerrarmos, gostaria de deixar com você, a caráter de
reflexão, uma frase do Professor Willliam Douglas, um dos maiores
especialista em preparação para provas e concursos do Brasil. Ele diz o
seguinte:
“Faça o seu melhor, persista até vencer e não se iluda com a
vitória ou a derrota, tratando-as como um capricho do destino ao qual
você pode superar. O aprendizado e o esforço pessoal é que são as
verdadeiras conquistas.”
***
Espero que você tenha aproveitado esse curso. Se você não se
importar, gostaria de pedir que escreva para nós contando a sua experiência
com o processo de preparação.
Gostaria também de saber se tem alguma sugestão que possa ajudar
a melhorar a qualidade do nosso conteúdo. Estamos sempre dispostos a
ouvir críticas bem fundamentadas e sugestões positivas.
Um forte abraço. Nos vemos no próximo eBook!
CONCLUSÃO
E então, chegamos ao final.
Foi muito bacana esse tempo que passamos juntos, espero que você
também tenha curtido. Mas principalmente, espero que o conteúdo tenha
sido útil a você, e que a partir de agora você consiga aproveitar melhor suas
leituras.
Gostaria de agradecer por ter me acompanhado até aqui. Desejo que
você obtenha ótimos resultados aplicando as estratégias e dicas que
compartilhei com você neste livro.
Se você gostou do conteúdo, se ficou com alguma dúvida, ou se tem
alguma sugestão a fazer, não esqueça de que você pode enviar sua
mensagem diretamente para mim pelo email ebooks@academiaideia.com .
A propósito, gostaria de deixar registrado que, por mais que este
livro tenha passado por revisão, ele não está livre de erros. Portanto, caso
encontre algum erro (seja de gramática, ortografia ou erros de digitação)
por favor me avise. Você pode usar os recursos do seu aplicativo ou Leitor
Kindle para indicar os erros ou entrar em contato através do meu email.
Ah, mais uma coisa. Gostaria de pedir que assim que terminar a
leitura deste ebook, que você deixe sua avaliação no site da Amazon. Sua
opinião é extremamente importante para mim.
É através dos seus comentários que eu posso saber se estou no
caminho certo, se o conteúdo que desenvolvi está sendo útil de verdade, e
se algo precisa ser melhorado.
Avalie este eBook!
SOBRE O AUTOR
Olá, aqui é o Ismar!
Sou apaixonado por desenvolvimento pessoal e grande entusiasta do
ensino e aprendizado online. Um “aprendedor” que adora compartilhar o
que aprende.
Durante muito tempo me vi sem um propósito definido. Na verdade,
era bastante frustrante não saber o que fazer da vida.
Foi então que comecei a buscar nos livros algo que não sabia
exatamente o que era, mas acreditava que saberia quando encontrasse. E
tenho lido muito desde então. É fantástico o conhecimento que você pode
encontrar entre as páginas dos livros.
O interessante é que não encontrei o que estava procurando, e ainda
tenho esse sentimento de que falta alguma coisa. Mas quer saber de uma
coisa? Esse é o melhor sentimento que eu poderia ter. Afinal, é esse
sentimento que me mantém de pé, buscando e crescendo. Eu acabei
encarando isso como um fator motivador, ao invés de me deixar paralisar
por ele.
Todas as pessoas que se destacam em alguma área de suas vidas
sabem de coisas que não aprendemos da forma convencional. O
conhecimento prático, como gosto de chamar, é um tipo de conhecimento
que nos leva além da mediocridade.
E é justamente esse tipo de conhecimento que estou disposto a
compartilhar com pessoas como você, que desejam descobrir e desenvolver
suas habilidades, tornando-se pessoas e profissionais melhores.
Minha filosofia de vida está baseada no conceito de Atalhos de
Conhecimento. Os atalhos estão por todos os lados em nossas vidas. O que
acontece é que simplesmente não os enxergamos assim na maioria das
vezes.
Quer exemplos? Quando você compra um livro para aprender
biologia, física, matemática, desenvolvimento pessoal, produtividade ou
técnicas de apresentação, quando você pesquisa dicas sobre algum assunto
na internet, ou quando você se matricula em um curso online, o que você
está fazendo é simplesmente tomando atalhos de conhecimento.
Com esses atalhos você adquire o conhecimento acumulado por
todas as pessoas que vieram antes de você e de mim, e que já descobriram,
experimentaram, cometeram erros e obtiveram acertos. Então, para pular
toda essa enorme etapa de aprendizado, tomamos atalhos de conhecimento.
Livros, cursos, vídeos da internet, conselhos de um mentor, sessões
de coaching, workshops, palestras... tudo isso são atalhos de conhecimento.
A ideia é simples: Eu procuro oferecer aos outros o conhecimento
que gostaria de ter adquirido antes, seja através de eBooks como este ou
cursos online como os que você pode encontrar no meu Perfil de Instrutor .
Um abraço,
Ismar Souza.
OUTROS LIVROS DO AUTOR

Você é perfeitamente capaz de se tornar mais produtivo, desde que


se comprometa a aplicar o que aprender. As dicas que você vai ver no
eBook “Como se Tornar Mais Produtivo” estão totalmente FOCADAS EM
AUMENTAR E MELHORAR seus níveis de planejamento, foco e ação.
“Estratégias de Leitura para Ler e Compreender Melhor” foi
inspirado na obra "Como Ler Livros" de Mortimer Adler, e a
minha intenção é apresentar os conceitos básicos do livro fonte de uma
forma adaptada, utilizando uma linguagem acessível e bem objetiva.
O eBook “Redação Prática para ENEM, Concursos e Vestibulares” é
uma excelente oportunidade para você aprender definitivamente a escrever
uma redação bem estruturada, utilizar linguagem adequada, expor suas
ideias e apresentar argumentos de forma lógica e coerente.
“Leitura Eficiente- Como Ler Mais E Melhor” foi escrito com a
intenção de mostrar os pontos fundamentais para uma leitura eficiente, sem
apelar para técnicas mágicas ou métodos extravagantes.

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