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TRADIÇÕES NAVAIS CURSO ASCENSÃO

TRADIÇÕES NAVAIS - USOS COSTUMES E LIGUAGEM


CAPÍTULO 1 - TRADIÇÕES NAVAIS compõem a Etiqueta Naval, a qual é vivenciada pelas
atitudes de respeito entre pessoas e de
1.1 - GENERALIDADES - Ao conjunto de práticas, comprometimento com a Instituição.
normas de cortesia, saudações, valores éticos e morais, As tradições navais devem ser cultivadas por todos,
honras e sinais de respeito, em uso nas marinhas de pois representam importante patrimônio a ser
guerra, que remontam aos primórdios da navegação à preservado. Nesse sentido, os estabelecimentos de
vela, denominamos tradições navais. Desde aqueles formação de oficiais e de praças devem atribuir especial
tempos, os pavilhões nacionais, içados no pau da relevância ao ensino e à aplicação das normas
bandeira ou, quando em viagem, no mastro de combate, constantes dos regulamentos e das publicações
têm sido cultuados com reverência. O apito do específicas da vida militar-naval, cabendo destacar,
contramestre, o uniforme do marinheiro, as batidas do dentre eles, a Ordenança Geral para o Serviço da
sino assinalando o passar das horas, as honras de portaló Armada e o Cerimonial da Marinha, eminentes
e a terminologia marinheira atravessaram os séculos e sustentáculos das tradições navais.
continuam a fazer parte da rotina de bordo. Outros
eventos tradicionais como salvas de canhão, postos de 1.2 - USOS, COSTUMES E LINGUAGENS DO MAR
continência e cerimônias de passagem pela linha do - Os homens do mar, há muitos séculos, vêm criando
Equador têm características tipicamente marinheiras e nomes para identificar as diversas partes dos navios e
são plenos de significado para os homens do mar. designar a praxe de suas ações as quais, pela repetição,
Algumas tradições e costumes em uso nas marinhas, tornaram-se costumes.
comuns também aos exércitos e às forças aéreas, Naturalmente, muitas particularidades e expressões
derivam dos fundamentos militares da “hierarquia e da tradição naval lembram, às vezes, aspectos da vida
disciplina”, binômio considerado a base institucional de doméstica ou de atividades em terra.
todas as Forças Armadas e originário dos primeiros É óbvio que os navios, mesmo sendo pequenas
conflitos armados. Entende-se por hierarquia a cidades espalhadas por uma enorme área, fazem contato
ordenação da autoridade em níveis diferentes, por entre si, nos portos ou na imensidão oceânica. Vivendo
postos ou graduações e, dentro de um mesmo nível, pela experiências semelhantes, os marinheiros sempre se
antiguidade relativa de cada militar. Disciplina é a ajudam uns aos outros e trocam conhecimento. Por eles
rigorosa observância e o acatamento integral das leis, foram criados, e continuam a sê-lo, costumes, usos e
regulamentos, normas e disposições que fundamentam o linguagem comuns: “tradição do mar”. É fácil entender
organismo militar e coordenam seu funcionamento o poder de aglutinação das tradições marítimas,
regular e harmônico, traduzindo-se pelo perfeito visualizando-se a vastidão da área oceânica onde elas se
cumprimento do dever por parte de todos os seus manifestam. Os homens do mar, por arrostarem sempre
componentes. a mesma vida e mutuamente se ajudarem, constituem,
A disciplina não se cria de um dia para o outro. Ela é tradicionalmente, uma classe de espírito muito forte. E,
inculcada nos homens em épocas de paz, até se tornar como somente em períodos historicamente curtos se
um hábito, para que sejam colhidos seus benefícios em vêem em disputa pelo domínio, geográfico e
tempos de conflito. cronologicamente limitado, do mar, onde partilham
Manifesta-se por um estado de espírito a se alegrias e perigos, a fraternidade é a mais digna
impregnar, pouco a pouco, nas atividades do dia a dia e característica com que pautam o seu comportamento
é feita essencialmente por meio de hábitos adquiridos. rotineiro.
Visa a obter concentração de energias e coesão de Nota-se, no homem do mar, um respeito comum à
esforços. De uma forma mais precisa, conceitua-se tradição, a qual dá grandeza e que o vincula a um
disciplina como o treino ou a educação do militar nas extraordinário ânimo patriótico e a uma grande
funções e cargos desempenhados, em um ambiente de veneração dos valores espirituais que o ligam à
respeito e acatamento das determinações de seus comunidade nacional onde teve seu berço. Vive,
superiores, em todas as circunstâncias, até mesmo internacionalmente, a percepção que tem da Pátria,
naquelas que exijam o sacrifício da própria vida. perto ou distante. É, como dizia Joaquim Nabuco, “um
Dentro do escopo da hierarquia e disciplina, sentimento unitário, nacional, impessoal”. A lembrança
ressaltam-se as demonstrações de respeito e cortesia de ou a imagem que dela tem o marinheiro não é maculada
todo militar para os superiores, como tributo à pelos regionalismos. Sua Pátria é um todo de tradições,
autoridade de que se acham investidos. que venera com a mesma força que aprendeu a honrar
A espontaneidade e a correção de tais gestos e as que são comuns aos homens do mar. O respeito à
atitudes são indicadores não só do grau de disciplina, tradição é uma característica que gera patriotismo sadio,
mas também da educação moral e militar dos fundamentado na valorização dos aspectos comuns ao
componentes de uma organização. Em uma visão mais seu grupo nacional em que a tradição se constitui em
abrangente, os usos, costumes e tradições navais elemento comunitário, num poderoso aglutinador.
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A linguagem própria é um poderoso instrumento de navio fundeia com o ferro!). Recolher o peso ou a
aglutinação. Quando se serve a bordo, em navio de amarra do fundo é “suspender”; desencostar do cais
guerra ou mercante, deve-se procurar segui-la. Com onde esteve atracado é “desatracar”; e largar a bóia
respeito à tradição, aliados a coragem e ao orgulho do onde esteve é “desamarrar ou largar”.
que fazem, os homens do mar provocam a integração da “Arribar” é entrar em um porto que não seja de
comunidade naval e marítima, favorecendo a conquista escala, ou voltar ao ponto de partida; é, também, desviar
de eficiência máxima, tão necessária a seus propósitos e o rumo na direção para onde sopra o vento. A palavra
aspirações. vem do latim “ad” (para) e “ripa” (margem, costa).
Assim, as tradições, as cerimônias e os usos 1.3.2 - O Navio - O navio tem sua vida marcada por
marinheiros, juntamente com os costumes, têm fases. O primeiro evento dessa vida é o “batimento da
extraordinário poder de amalgamar e incentivar os que quilha”, uma cerimônia no estaleiro, na qual a primeira
vivem do mar. Tendem, entretanto, a se tornar atos peça estrutural que integrará o navio é posicionada no
despidos de significado, quando sua explicação é local da construção. “Estaleiro” é o estabelecimento
perdida no tempo. industrial onde são construídos os navios. Como os
A lembrança constante das razões dos atos e a sua navios antigos eram feitos de madeira, o local de
explicação ou, quando for o caso, das versões de sua construção ficava cheio de estilhas, lascas de madeira,
origem, promovem a compreensão, o incentivo e a estilhaços ou, em castelhano, astillas.
incorporação da prática marinheira. Os espanhóis, então, denominaram os
estabelecimentos de astileros, que, em português
1.3 - CONHECENDO O NAVIO derivou para estaleiros.
1.3.1 - Navios e Barcos - Um navio é uma nave. Quando o navio está com o casco pronto, na carreira
Conduzir uma nave é navegar, ou seja, a palavra vem do do estaleiro, ele é “lançado ao mar” em cerimônia
latim navigare, navis (nave) + agere (dirigir ou chamada lançamento. Nesta ocasião é batizado por sua
conduzir). “madrinha” e recebe o nome oficial. O lançamento
antigamente era feito de proa; mas os portugueses
“Estar a bordo” é estar por dentro da borda de um
introduziram o hábito de lançá-lo de popa, existindo
navio. “Abordar” é chegar à borda para entrar. O termo
também carreiras onde o lançamento é feito de lado, de
é mais usado no sentido de entrar a bordo pela força:
través; e hoje, devido ao gigantismo dos navios, muitos
abordagem. Mas, em realidade, é o ato de chegar a
deles são construídos dentro de diques, que se abrem no
bordo de um navio, para nele entrar.
momento de fazê-los flutuar.
“Pela borda” tem significado oposto. Jogar, lançar Os navios de guerra, geralmente, são construídos em
pela borda. Arsenais. “Arsenal” é uma palavra de origem árabe.
Significado natural de barco é o de um navio Vem da expressão ars sina e significa o local onde são
pequeno (ou um navio é um barco grande...). guardados petrechos de guerra ou onde os navios
Mas a expressão poética de um barco tem maior atracam para recebê-los. A expressão ars sina deu
grandeza: “o Comandante e seu velho barco” ou “nosso origem ao termo arsenal, em português, e ao termo
barco, nossa alma”. Barco vem do latim “barca”. Quem darsena que, em espanhol, quer dizer doca. Construído
está a bordo, está dentro de um barco ou navio. Está e pronto, o navio é, então, incorporado a uma esquadra,
embarcado. Entrar a bordo de um barco, é “embarcar”. força naval, companhia de navegação ou a quem vá ser
E dele sair é “desembarcar”. Uma construção que responsável pelo seu funcionamento. A cerimônia
permita o embarque de pessoas ou cargas para correspondente é a “incorporação”, da qual faz parte a
transporte por mar, é uma embarcação. “mostra de armamento”. Armamento nada tem a ver
Um navio de guerra é uma belonave. A palavra vem com armas e sim com armação. Essa mostra, feita pelos
do latim navis (nave, navio) e bellum (guerra). construtores e recebedores, consiste em uma inspeção
do navio para ver se está tudo em ordem, de acordo com
Um navio de comércio é um navio mercante. A
a encomenda. Na ocasião, é lavrado um termo, onde se
palavra é derivada do latim mercans (comerciante), do
faz constar a entrega, a incorporação e tudo o que há a
verbo mercari (comerciar).
bordo. A vida do navio passa, então, a ser registrada em
“Aportar” é chegar a um porto. “Aterrar” é um livro: o “Livro do Navio”, que somente será fechado
aproximar-se de terra. “Amarar” é afastar-se de terra quando ele for desincorporado.
para o mar. “Fazer-se ao mar” é seguir para o mar, em A armação (ou armamento) corresponde à expressão
viagem. “Importar” é fazer entrar pelo porto; “exportar” armar um navio, provê-lo do necessário à sua utilização;
é fazer sair pelo porto. O conceito aplica-se geralmente e quem o faz é o armador. Em tempos idos, armar tinha
à mercadoria. a ver com a armação dos mastros e vergas, com suas
Encostar um navio a um cais é “atracar”; tê-lo seguro vestiduras, ou seja, os cabos fixos de sustentação e os
a uma bóia é “amarrar, tomar a bóia”; prender o navio cabos de laborar dos mastros, das vergas e do velame
ao fundo é “fundear”; e fazê-lo com uma âncora é (velas). Podia-se armar um navio em galera, em barca,
“ancorar” (embora este não seja um termo de uso em brigue... A inspeção era rigorosa, garantindo, assim,
comum na Marinha do Brasil, em razão de, o uso, com segurança, da mastreação.
tradicionalmente, se chamar a âncora de “ferro” - o
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Um dos mais conhecidos armadores do mundo foi o derramada durante o combate, confundida, assim, com
provedor de navios, proprietário e mesmo navegador as anteparas.
Américo Vespucci. Tão importante é a armação de Normalmente, as cores da chaminé, nos navios
navios e o comércio marítimo das nações, que a mercantes, possuem a caracterização da companhia de
influência de Américo Vespucci foi maior que a do navegação a que pertencem.
próprio descobridor do novo continente e que passou a
ser conhecido como América, em vez de Colúmbia, Nas embarcações salva-vidas e nas bóias salva-vidas,
como seria de maior justiça ao navegador Cristovão predomina a preocupação com a visibilidade. Essas
Colombo. Assim, Américo, como armador, teve maior embarcações são pintadas, normalmente, de laranja ou
influência para denominar o continente, com o qual se amarelo, de modo a serem facilmente vistas. Por esse
estabelecera o novo comércio marítimo, do que mesmo motivo, bem como por convenção internacional,
Colombo. para caracterizar a utilização pacífica e não de guerra
dos navios (cor cinza), na Antártica é utilizado o
Terminada a vida de um navio, ele é desincorporado vermelho, inclusive nos costados dos navios por seu
por “baixa”, da esquadra, da força naval, da companhia contraste com o branco do gelo.
de navegação a que pertencia, ou do serviço que
prestava. Há, então, uma cerimônia de A bandeira, na popa, identifica a nacionalidade do
“desincorporação”, com “mostra de desarmamento”. navio, país que sobre ele tem soberania. Entretanto, há
Diz-se que o navio foi “desarmado”. As companhias de uma bandeira, na proa, chamada “jeque” (do inglês
navegação conservam os livros, registros históricos de jack) que identifica, dentro de cada nação soberana,
seus navios. Na Marinha do Brasil (MB), os livros são quem tem a responsabilidade sobre o navio. Na nossa
arquivados na Diretoria de Patrimônio Histórico e Marinha, o jeque é uma bandeira com vinte e uma
Documentação da Marinha (DPHDM) e servem de estrelas - “a bandeira do cruzeiro”. Os navios mercantes
fonte de informações a historiadores e outros fins. usam no jeque a bandeira da companhia a que
pertencem; porém, alguns usam a bandeira
1.3.3 - Características do Navio - Quem entrar a bordo identificadora de sua companhia na mastreação.
verá que o navio, além do nome, tem uma série de
documentos e dimensões que o caracterizam. O nome é Maiores detalhes sobre as características dos navios
gravado usualmente na proa, em ambos os bordos, local podem ser obtidos no livro “Arte Naval”, de
MAURÍLIO M. DA FONSECA.
chamado de “bochecha”, e na popa. Nos navios de
guerra, usualmente, é gravado só na popa. Os navios 1.3.4 - A Flâmula de Comando - No topo do mastro
mercantes levam, também, na popa, sob o nome, a dos navios da Marinha do Brasil existe uma flâmula
denominação do porto de registro. com 21 estrelas.
Os documentos característicos do navio mercante Ela indica que o navio é comandado por um Oficial
são, entre outros, seu registro (Provisão do Registro de Marinha. Se alguma autoridade a quem o
fornecida pelo Tribunal Marítimo); apólice de seguro Comandante esteja subordinado, organicamente (dentro
obrigatório; diário de navegação; certificado de de sua cadeia de comando) estiver a bordo, a flâmula é
arqueação; cartão de tripulação de segurança; termos de arriada e substituída pelo pavilhão-símbolo daquela
vistoria (anual e de renovação ou certificado de autoridade.
segurança da navegação); certificado de segurança de Também são previstas as seguintes situações para o
equipamento; certificado de borda livre; certificado de arriamento da flâmula de comando: quando substituída
compensação de agulhas e curva de desvio; certificado pela Flâmula de Fim de Comissão, ao término de
de calibração de radiogoniômetro com tabela de comissão igual ou superior a seis meses, desde a
correção; certificado de segurança rádio; e certificado aterragem do navio ao porto final, até o pôr do sol que
de segurança de construção. se seguir; e por ocasião da Mostra de Desarmamento do
A cor é muito importante. Antigamente, os navios Navio.
eram pintados na cor preta. O costume vinha dos Finalmente, por ocasião da cerimônia de transmissão
fenícios, que tinham facilidade em conseguir betume, e de cargo, ocorrerá troca do pavilhão da autoridade
com ele pintavam os costados de seus navios. A pintura exonerada pelo da autoridade que assume, com a salva
era usada, às vezes, com faixas brancas, nas linhas de correspondente, no caso de Almirante Comandante de
bordada dos canhões. Somente no fim do século XIX, Força, iniciada após o término do hasteamento da
os navios de guerra abandonaram o preto pelo cinza ou bandeira-insígnia.
azul acinzentado, cores que procuravam confundir-se Após a leitura da Ordem de Serviço da autoridade
com o horizonte ou com o mar das zonas em que que assume, proceder-se-á a entrega da bandeira-
navegavam. Entretanto, muitos navios mercantes insígnia utilizada pela autoridade exonerada.
continuam até os dias de hoje a usar, no costado, a cor
preta, principalmente por questão de economia. Era
comum, também, navios de guerra pintados por dentro,
junto à borda, com a cor vermelha, a fim de que não
causasse muita impressão a quantidade de sangue

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1.3.5 - Posições relativas a bordo - A popa é uma parte 1.3.8 - Praças e cobertas - Uns tantos compartimentos
do navio mais respeitada que as demais. Nos navios de são chamados de praças: praça de máquinas, praça
guerra, todos que entram a bordo pela primeira vez no d’Armas, praça de vaporizadores, etc. Os alojamentos
dia, ou que se retiram de bordo, cumprimentam a da guarnição e seus locais de refeição são chamados de
Bandeira Nacional na popa, com o navio no porto. Ela “cobertas”: coberta de rancho, coberta de praças, etc.
está lá por ser a popa o lugar de honra do navio, onde, já 1.3.9 - Praça d’Armas - O compartimento de estar dos
nos tempos dos gregos e romanos, era colocado o Oficiais a bordo, onde também são servidas suas
santuário do navio, com uma imagem ou Puppis, de refeições, é denominado “Praça d’Armas”.
uma divindade. O termo popa é derivado de PUPPIS.
Essa denominação prende-se ao fato de que, nos
Os lados do navio são os “bordos” e o de boreste é navios antigos, as armas portáteis eram guardadas nesse
mais importante que o de bombordo. Nele, desde local, privativo dos Oficiais.
tempos imemoriais, era feito o governo do navio por
uma estaca de madeira em forma de remo, chamada 1.3.10 - A tolda à ré - Existem conveses com nomes
pelos navegantes gregos de Staurus. Os antigos especiais. Um convés parcial, acima do convés principal
navegantes noruegueses chamavam a peça de staurr que na proa é o “convés do castelo”. A denominação é
os ingleses herdaram como steor, denominação dada ao reminiscência do antigo castelo que os navios medievais
remo que servia de leme, e STEORBORD ao bordo onde levavam na proa onde os guerreiros combatiam.
era montado, hoje starboard. Ao português, chegou Em certos navios existem mais dois conveses com
como estibordo. Os brasileiros inverteram a palavra nomes especiais: “o convés do tombadilho”, que é o
para boreste (Aviso do Almirante ALEXANDRINO, convés da parte alta da popa, e o “convés da tolda”.
Ministro da Marinha), a fim de evitar confusões com o Nos navios grandes o local onde permanece o Oficial
bordo oposto: bombordo. de Serviço, no porto, é chamado “convés da tolda à ré”.
A palavra bombordo tem vínculo com o termo da Nele não é permitido a ninguém ficar, exceto o Oficial
língua espanhola babor que, por sua vez, parece ter de Serviço e seus auxiliares.
origem ou estar relacionada à palavra francesa bâbord. 1.3.11 - Agulha e bússola - O navio tem agulha, não
Na Marinha francesa os marinheiros que tinham bússola. A origem é antiga. As primitivas peças
alojamento a bombordo, eram chamados de babordais e imantadas, para governo do navio, eram, na realidade,
tinham os seus números internos de bordo pares. Ainda agulhas de ferro, que flutuavam em azeite,
hoje, na numeração de compartimentos, quando o acondicionadas em tubos, com uma secção de bambu.
último algarismo é par, refere-se a um espaço a Chamavam-se “calamitas”. Como eram basicamente
bombordo, quando é impar, refere-se a boreste. agulhas, os navegantes espanhóis consideravam
As marinhas de língua inglesa, ou a elas linguagem marinheira, a denominação de “agulhas”,
relacionadas, não utilizam expressões próximas de diferentemente de bússolas, palavra de origem italiana
bâbord. Balizam o bordo oposto ao do governo de port, que se referia à caixa - bosso - que continha as peças
ou seja, o bordo onde não estava o leme e que, por esta orientadas.
razão, ficava atracado ao cais, ao porto; daí a expressão 1.3.12 - Corda e cabo - Diz-se que na Marinha não há
port, bordo do porto. corda. Tudo é cabo. Cabos grossos e cabos finos, cabos
1.3.6 - Câmara - Os compartimentos do navio são fixos e cabos de laborar..., mas tudo é cabo. Existem
tradicionalmente denominados a partir do principal: a porém, duas exceções:
“câmara”. Este é o local que aloja o Comandante do a) a corda do sino; e
navio ou Oficial mais antigo presente a bordo, com
b) a dos relógios.
autoridade sobre o navio, ou ainda, um visitante ilustre,
quando tal honra lhe for concedida. Se embarcar num
navio o Comandante da Força Naval, esta autoridade 1.4 - A GENTE DE BORDO - O “Comandante” é a
maior terá o direito à câmara. autoridade suprema de bordo. O “Imediato” é o “Oficial
executivo do navio”, segundo do Comandante; é o
O navio onde embarca o Comandante da Força Naval substituto eventual do Comandante: seu substituto
é chamado “capitânia”. Seu Comandante passa a Imediato.
denominar-se “Capitão de Bandeira”.
A “gente de bordo” se compõe de “Comandante e
1.3.7 - Camarotes e afins - Os demais compartimentos Tripulação (Oficiais e Guarnição)”. O Imediato e
de bordo, conforme sua utilização, ganham Oficiais constituem a “oficialidade”. Os demais
denominações com diminutivos de câmara: tripulantes constituem a Guarnição. As ordens para o
“camarotes”, para alojar Oficiais, e “camarins”, para navio emanam do Comandante e são feitas executar
uso operacional ou administrativo; como, por exemplo, pelo Imediato, que é o coordenador de todos os
o camarim de navegação, ou o da máquina. trabalhos de bordo, exercendo a gerência das atividades
administrativas.

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1.5 - A HIERARQUIA NAVAL - No Brasil, o 1.6 - A ORGANIZAÇÃO DE BORDO
estabelecimento de formação de Oficiais do Corpo da 1.6.1 - Organização por quartos e divisões de serviço -
Armada, de Intendentes e de Fuzileiros Navais é a Em um navio de guerra, para a sua condução, segurança e
Escola Naval. Seus alunos são “Aspirantes” e dela andamento dos serviços administrativos, existe sempre
saem, ao concluírem o curso, como “Guardas-Marinha”. uma parcela da tripulação que fica de serviço, quando em
A formação de Praças é realizada pelas Escolas de viagem ou no porto.
Aprendizes-Marinheiros. Os alunos dessas Escolas, Todo o pessoal é dividido em grupos chamados
após o término do curso, são nomeados “Marinheiros”. “quartos de serviço”, que recebem os nomes de 1º quarto,
A unidade de combate naval é o navio. Os 2º quarto e 3º quarto. Existe sempre um quarto,
Grupamentos de navios constituem as Forças Navais e efetivamente, de serviço; um estará de folga; e outro será o
as Esquadras. Os Almirantes, precipuamente, retém, que fornecerá pessoal para cobrir faltas eventuais.
comandam Forças Navais, grupamentos de navios. Sua O zelo pelo navio é feito dividindo-se as 24 horas do
hierarquia deve definir a importância funcional do dia, em seis períodos de quatro horas - também chamados
grupamento. Os Postos de Almirantes, em sequência de “quartos” - cada um sob a responsabilidade de um
ascendente são: “Contra-Almirante, Vice-Almirante e quarto de Cabos e Marinheiros, de uma divisão de
Almirante de Esquadra”. Suboficiais e Sargentos e de uma divisão de Oficiais.
O Comando dos navios cabe aos Comandantes. A No porto, haverá sempre, em condições normais, pelo
importância funcional do navio deve definir a hierarquia menos, um quarto de serviço. Mais gente ficará a bordo,
de seus Comandantes. É mantida tradicionalmente a quando necessário, podendo permanecer todo o pessoal
antiga importância dos navios para combate, em prontidão, se assim for determinado.
classificados de acordo com o número de conveses e Dessa forma, o dia de trabalho do Marinheiro, do
canhões de que dispunham: as corvetas, com um convés homem do mar, é contado diferente do dia do homem de
de canhões; as fragatas, com dois conveses de canhões; terra. Se fosse possível ao navio navegar somente de oito
e as naus com três conveses de canhões, havendo horas da manhã até as cinco da tarde - havendo parado
também, a denominação de navios de linha ou navios de uma hora para almoço - e parar e fundear ao final do dia,
batalha, por serem os que constituíam as linhas de para então recomeçar tudo no dia seguinte, às oito horas, a
batalha. Daí a hierarquia ascendente dos comandantes, jornada seria como a de terra. Mas há séculos, os
como “Capitães de Corveta, Capitães de Fragata e marinheiros se ajustaram às necessidades do mar,
Capitães de Mar e Guerra”. cumprindo uma jornada de trabalho dividida em seis
As funções internas nos navios cabem aos tenentes quartos de serviço, cabendo a parcelas diferentes da
(em hierarquia ascendente: “2º Tenente, 1º Tenente e tripulação a vigilância, em cada quarto. No porto, os
Capitão-Tenente”) e Praças (em hierarquia ascendente: quartos são de 00h às 04h, de 04h às 08h, de 08h às 12h,
“Marinheiro, Cabo, 3º Sargento, 2º Sargento, 1º de 12h às 16h, de 16h às 20h e de 20h às 24h. Em viagem,
Sargento e Suboficial”). Nos navios de maior no período compreendido entre 00h às 12h, os quartos tem
importância há, ainda, Oficiais Superiores que exercem o mesmo horário que do porto, porém depois das doze
funções internas, geralmente na Chefia de horas, os quartos são de três horas: de 12h às 15h; de 15h
às 18h; de 18h às 21h e de 21h às 24h.
Departamentos.
Navios menores que as corvetas, em geral, são O quarto de 04h as 08h é balizado de “quarto d'alva” (a
comandados por Capitães-Tenentes. hora d'alva, do amanhecer).
É interessante notar, entretanto, uma característica 1.6.2 - O pessoal de serviço - Certos postos, ocupados
ímpar da Marinha: na linguagem verbal, o tratamento pelo pessoal de serviço, são indicados por uniforme.
normalmente dados aos Oficiais da Armada resumem Assim, o “Oficial de Quarto” usa um apito, com um
esses nove postos a três: Almirante, Comandante e cadarço preto. No porto, o “Oficial de Serviço”, além do
Tenente. apito, usa um cinturão com coldre e pistola. Para auxiliar o
Divisões de Navios por Classe na MB. Oficial de Serviço, existem: o “Contramestre de Serviço”,
ajudante do Oficial para manobra e aspectos de ordem
CLASSE COMANDO TIPOS DE NAVIOS marinheira do navio, que tem a graduação de Suboficial ou
Capitão-de-Mar-e- Navio-Aeródromo Sargento e usa um apito com cadarço preto, um cinturão
1a Classe
Guerra Navio de Desembarque
com coldre e pistola; o “Polícia”, que é um Sargento ou
Fragatas
Submarinos um Cabo, encarregado de auxiliar o Oficial de Serviço na
2a Classe Capitão-de-Fragata Corvetas fiscalização da disciplina e da rotina, usa um cinto especial
Contratorpedeiros e um cassetete; o “Cabo Auxiliar”, que usa um apito com
Navios-Transporte cadarço preto e um cinto especial na cintura, com sabre, é
Corvetas o encarregado de dar os toques (silvos de apito que
Rebocadores de Alto transmitem informações e ordens), efetuar as batidas do
3a Classe Capitão-de-Corveta Mar
Navios-Patrulha
sino, marcando os quartos, e fazer cumprir a rotina de
Fluviais bordo; e o “Ronda”, que é um mensageiro às ordens do
Navios-Varredores Oficial de Serviço e usa um cinto especial.
4a Classe Capitão-Tenente
Navios-Patrulha

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1.6.3 - O sino de bordo - No período compreendido Além das fainas, existem ocasiões em que toda a
entre os toques de alvorada e de silêncio, os intervalos tripulação do navio deve atender a formaturas gerais,
dos quartos são marcados por batidas do sino de bordo, para certas formalidades a bordo ou para cerimonial,
feitas ao fim de cada meia hora. conhecidas como formaturas gerais.
1ª meia-hora do quarto - Uma batida singela São formaturas gerais:
a) Parada;
2ª meia-hora do quarto - Uma batida dupla
b) Mostra;
3ª meia-hora do quarto - Uma batida dupla e uma singela c) Distribuição de faxina;
4ª meia-hora do quarto - Duas batidas duplas d) Postos de continência;
5ª meia-hora do quarto - Duas batidas duplas e uma singela
e) Cerimonial à Bandeira; e
f) Concentração da tripulação.
6ª meia-hora do quarto - Três batidas duplas As situações previstas para fainas ou formaturas
7ª meia-hora do quarto - Três batidas duplas e uma singela constam de uma tabela a bordo, chamada “Tabela
8ª meia-hora do quarto - Quatro batidas duplas Mestra”, que designa cada homem da tripulação para
As batidas do sino são uma tradição naval a ser um determinado posto ou função, específica em cada
preservada pelos responsáveis pela rotina de bordo. faina ou formatura, além de designar qual é seu bote
Deve haver o cuidado, por parte do sinaleiro, de bater salva-vidas e seu respectivo quarto.
acompanhando o Capitânia, de modo a não haver o O cumprimento da rotina de bordo, bem como das
indesejável assincronismo. fainas, como já mencionado, são ordenados pelo toque
de apito. Alguns avisos e ordens em linguagem clara,
1.6.4 - As fainas - Organizado em Divisões pelo fonoclama, podem ser dados, também, em certas
Administrativas ou em Quartos e Divisões de Serviço, o circunstâncias especiais, mas repetir, em linguagem
navio está pronto para fazer frente aos trabalhos que clara, o significado de um toque de apito é considerada
envolvem toda a gente de bordo ao mesmo tempo, ou atitude pouco marinheira, não sendo, normalmente,
parte dela, para um fim específico. Esses trabalhos são permitido a bordo.
chamados de “fainas”. As fainas são gerais, comuns, As fainas de emergência são ordenadas pelos
especiais ou de emergência. respectivos sinais de alarme, fonoclama, sino ou mesmo
Em um navio de guerra, a principal faina geral é a de viva voz.
Postos de Combate. 1.6.5 - A presidência das refeições a bordo - As
São fainas gerais e fainas comuns, entre outras: refeições de Oficiais são presididas pelo Imediato ou, na
a) Preparar para suspender; sua ausência, pelo Oficial mais antigo presente, o qual
convida os demais a sentarem-se à mesa. Após iniciada
b) Suspender (ou desamarrar ou desatracar);
uma refeição, qualquer pessoa que deseje sentar-se à
c) Preparar para fundear; mesa, ou dela retirar-se, deve pedir permissão a quem a
d) Fundear (ou amarrar, ou atracar); estiver presidindo. A cortesia naval dita que ninguém
e) Navegação em águas restritas (Detalhe Especial para deve retirar-se da mesa antes do Imediato ou do Oficial
o Mar); mais antigo presente.
f) Recebimento de munição; As refeições dos Suboficiais e Sargentos são
presididas pelo Mestre do Navio. Compete ao Mestre
g) Recebimento de material comum ou sobressalentes;
d’Armas presidir as refeições dos Cabos e Marinheiros.
h) Recebimento de mantimentos;
i) Montagem ou desmontagem de toldos; 1.7 - CERIMONIAL DE BORDO
1.7.1 - Saudar o pavilhão - Como já foi explicado, faz
j) Içar e arriar embarcações;
parte do cerimonial saudar com a continência o
k) Operações aéreas, decolagem e pouso de aeronaves; Pavilhão Nacional, que é arvorado na popa, das oito
l) Inspeção de material; horas até o pôr do sol. Isto se faz ao entrar a bordo pela
m) Docagem e raspagem do casco; e primeira vez e ao sair pela última vez, no dia.
n) Pintura geral. 1.7.2 - Saudar o Comandante - É costume os Oficiais
saudarem o Comandante na câmara, pela manhã,
São fainas de emergência: quando em viagem. À noite, a saudação é feita após o
a) Incêndio; Cerimonial do Arriar a Bandeira. Quando no porto, os
b) Colisão; Oficiais formam para receber o Comandante,
c) Socorro externo; cumprindo o Cerimonial de Recepção e, da mesma
maneira, formam quando ele se retira de bordo, no
d) Homem ao mar;
Cerimonial de Despedida. Se algum Oficial chegar após
e) Reboque; o Comandante, deve saudá-lo na câmara, bem como ao
f) Abandono; Imediato. Se vai retirar-se de bordo antes do
g) Avaria no sistema de governo; Comandante, deve despedir-se dele na câmara, obtendo
h) Acidente com aeronave (crash); e licença para retirar-se, não sem antes ter sido liberado
pelo Imediato.
i) Recolhimento de náufragos.
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1.7.3 - Saudar o Imediato - Ao entrar e ao retirar-se de apreço a um indivíduo em particular; trata-se também
bordo os Oficiais saúdam o Imediato. É costume, em de um ato público que expressa a cortesia entre os
viagem, os Oficiais cumprimentarem o Imediato pela membros de uma corporação.
manhã e, também, após o Cerimonial à Bandeira. A continência individual é prestada pelo militar
1.7.4 - Saudar o Oficial de Serviço - Todos que vêm a fardado e não deverá ser executada quando este estiver
bordo, obrigatoriamente, saúdam e pedem licença para em trajes civis. Neste caso, a saudação é realizada com
entrar ao Oficial de Serviço. Da mesma forma, para um cumprimento verbal, de acordo com as convenções
retirar-se, qualquer pessoa deve obter permissão do sociais.
Oficial de Serviço e dele despedir-se. 1.7.6 - Saudação com espada - O antigo procedimento
Qualquer visitante ao chegar a bordo é conduzido ao de saudar com espada e o gesto de abatê-la, não é uma
Imediato. tradição naval, mas militar. O pessoal da Marinha,
1.7.5 - Saudação entre militares - Nas Forças contudo, faz uso da espada em algumas cerimônias a
Armadas, consequentemente na MB, as diversas formas bordo e, em formaturas, em terra. O gesto de levar a
de saudação militar, sinais de respeito e correção de ponta da espada até o chão é uma antiga demonstração
atitudes caracterizam o espírito de disciplina e apreço de submissão a uma autoridade superior, reconhecendo
existentes no âmbito militar. sua superioridade hierárquica. A ponta da espada no
chão, ao fim da saudação, não permite ao Oficial usá-la,
A continência, saudação militar universal, é uma naquele momento.
reminiscência do antigo costume, que tinham os
combatentes medievais, quando vestidos com suas 1.7.7 - O Cerimonial à Bandeira - Os navios da
armaduras, ao serem inspecionados por um superior, de Marinha do Brasil, quando em contato com terra
levar a mão à têmpora direita, para suspender a viseira, (atracados, fundeados ou amarrados), arvoram a
permitindo sua identificação. Bandeira Nacional no “pau da bandeira”, na popa. Ao
suspenderem, no instante em que é desencapelada a
Cabe ressaltar que, a continência é a saudação última espia ou o ferro arranca ou é largado o arganéu
prestada pelo militar ou pela tropa, sendo impessoal e da bóia, a Bandeira Nacional é arriada na popa e içada,
visando sempre a Autoridade e não a pessoa, sendo em movimentos contíguos, no mastro de combate, mas
assim, parte sempre do militar de menor precedência ou de forma que nunca deixe de estar içado o Pavilhão
em igualdade de Posto ou Graduação. Havendo dúvida Nacional. Não há cerimonial, nessas ocasiões.
em relação à antiguidade, deverá ser executada
simultaneamente. A Bandeira do Cruzeiro, que é arvorada no pau do
jeque, acompanha os movimentos da Bandeira Nacional
A continência é uma atitude militar de grande na popa. Ou seja, é içada e arriada junto com esta.
relevância e um ícone da tradição e costumes navais,
constitui prova de respeito e cortesia que o militar é O Pavilhão é içado às oito horas da manhã e arriado
obrigado a prestar ao superior hierárquico, não podendo exatamente na hora do Pôr do Sol. O Cerimonial consta
ser por este dispensada, salvo nas ocasiões previstas no de sete vivas com o apito do marinheiro e das
Cerimonial da Marinha, tais como: “faina ou serviço continências de todo o pessoal. Quem estiver cobertas
que não possa ser interrompida, postos de combate, abaixo, permanece descoberto e em silêncio, atento. O
praticando esportes, sentado à mesa de rancho, cerimonial do arriar é maior e consta de formatura geral
remando, dirigindo viaturas, militar de sentinela, da tripulação. Após o arriar, é costume o cumprimento
armado de fuzil ou outra arma que impossibilite o geral de “boa noite” entre todos os presentes, sendo
movimento da mão direita, fazendo parte de tropa primeiramente dirigido ao Comandante.
armada, em postos de continência ou Parada”. A Bandeira Nacional deve ser içada ou arriada em
Conforme visto anteriormente, a continência é uma movimento uniforme, que deve ser estimado para que
saudação entre militares. Ao cumprimentar um civil, o ocorra durante o tempo em que é executado o hino ou
militar quando fardado, poderá fazer-lhe uma toque.
continência, como cortesia, além de dar-lhe o usual Da mesma forma, o içar e arriar de galhardetes e
aperto de mão. Bandeiras-Insígnias deve ser feito celeremente.
A continência individual deve ser exigida e sua Durante o Cerimonial à Bandeira é vedada a entrada
retribuição pelo mais antigo é obrigatória. ou saída de pessoas e veículos na OM que o realiza,
Não faz parte dos costumes navais desfazer a salvo se localizada próxima à via pública, quando a
continência com batida da mão à coxa, provocando interrupção do trânsito deve ocorrer, com o mínimo de
ruído. A continência deve ser feita com correção, prejuízo possível ao tráfego de pessoas e veículos, entre
vivacidade, elegância, energia e franqueza. Da mesma o “Segundo Sinal” e o término do Cerimonial.
forma, cabe ao superior responder o cumprimento de Para as OM de terra são observados os mesmos
maneira semelhante. A continência mal executada é procedimentos.
sinônimo de displicência, o que não condiz com os
valores militares. A continência individual não
representa apenas uma manifestação de respeito ou de

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1.7.8 - Bandeira a meio-pau - Nos navios da Marinha cada tiro de bordo. Assim, a máxima salva de bordo,
não se usa as denominações de “mastros” de bandeira, sete tiros, era respondida pela maior salva de terra, vinte
nem do jeque: a nomenclatura correta é nomeá-los o e um tiros. Com o progresso da indústria de armas e,
“pau da bandeira” e o “pau do jeque”, mesmo que sejam principalmente, da produção da pólvora, a maior salva
metálicos. O distinto, na Marinha, segundo a tradição, é de bordo passou a ser também de vinte e um tiros.
que sejam de madeira e envernizados. O número de tiros, depois que a salva se transformou
Desta forma, o termo bandeira a meio-pau é a num costume, chegou aos nossos dias consagrado no
expressão que corresponde à Bandeira Nacional içada a Cerimonial Naval. 21 salvas é o máximo que se usa.
meio-mastro. O jeque acompanha a Bandeira Nacional, Mas por que 21? É porque, além do costume acima,
a meio-pau. É o sinal de luto. esse número é múltiplo de três. A explicação é que os
O costume teve origem na antiga marinha a vela. Era números três, cinco e sete sempre tiveram significado
usual que os navios, como mostra de pesar pela morte místico, muito antes, mesmo, de existirem marinhas
de uma personalidade, desamantilhassem as vergas, de organizadas como as dos últimos três séculos.
modo a deixá-las desalinhadas e pendentes, em O intervalo das salvas festivas é de cinco segundos,
diferentes ângulos, e com todos os cabos de laborar, de entre um tiro e outro. Havia um velho costume, na
mastros e vergas folgados e pendentes. A mostra de Marinha antiga, que ainda hoje os Oficiais, “safos”,
pesar consistia neste aspecto de desleixo, por tristeza. O usam para contagem dos cinco segundos
Pavilhão também era arriado a meio-pau. regularmentares, que é o de dizer a expressão: “teco,
1.7.9 - Saudar um navio de guerra ao largo - Quando teleco, teco, pepinos, não são bonecos, - fogo um!”;
um navio de guerra passa a menos de duzentas jardas de repetindo-se após cada tiro o mesmo conjunto de
outro, saúda-o ou é por ele saudado, dependendo da palavras só alternando o número da ordem de fogo.
antiguidade dos Comandantes (ou da maior autoridade a Quem cronometrar o tempo que normalmente se leva
bordo). O apito e, em alguns navios de maior porte com para dizer as palavras mencionadas, verá que ele é de
fuzileiros navais embarcados, a corneta dão os sinais cinco segundos.
para as continências individuais de todos os que se 1.7.12 - Os postos de continência - Mas, somente
achem no convés. disparar os canhões não era mostra de ficar sem aptidão
1.7.10 - Saudação de navios mercantes e resposta - O para combater. O navio, além disso, deveria ferrar o
navio mercante que passa ao largo de um navio de pano (colher as velas), perdendo velocidade e ficando
guerra cumprimenta-o, arriando sua Bandeira Nacional, momentaneamente impossibilitado de manobrar e
fazendo o de guerra o mesmo, como resposta. O combater, com todos os cabos de laborar pelo convés e
mercante içará novamente sua Bandeira, depois que o a guarnição ocupada nas fainas. Assim, essa mostra de
de guerra o fizer. respeito mantinha o navio privado de combater. Foi
1.7.11 - A salva: saudação com canhões - O sinal de desse antigo costume, que vieram até nossos dias certas
amizade era antigamente entendido e mormente formas de cumprimento em embarcações como “remos
caracterizado pelo fato de apresentar-se uma pessoa, ao alto, folgar as escotas ou parar a máquina”.
com a espada abatida, ou um navio ou uma embarcação, Nos grandes navios, no entanto, podia ser
momentaneamente impossibilitado de manobrar ou demonstrada, ao navio avistado, a intenção pacífica,
combater. Nos tempos em que não havia meios seguros fazendo subir toda a guarnição aos mastros e vergas.
de comunicação e quando no mar não era possível aos Assim, estava o navio impossibilitado de utilizar seus
navios saberem notícias de terra, a menos que homens para o combate, transitoriamente. Desta forma,
encontrassem outros que as transmitissem, era dispor a guarnição pelas vergas dos navios-escola a
importantíssimo para cada um deles saber quais as vela, veio até nossos dias, com a denominação de
intenções uns dos outros, quando se encontravam. “postos de continência”.
Imagina-se que um navio, no mar há algum tempo, Em todos os navios da Marinha, os postos de
poderia não saber se sua nação estava ou não em guerra continência são atendidos com toda a guarnição
com outra, inclusive com aquela cuja bandeira um navio distribuída pela borda do navio, no bordo por onde vai
avistado ostentava. Era, portanto, importante passar a autoridade a saudar, numa demonstração de
demonstrar atitude amistosa, tornando difícil a manobra respeito.
ou o combate. 1.7.13 - Vivas - Ainda permanece em nossa Marinha o
Nos tempos de Henrique VIII, para um canhão hábito dos “vivas”. É uma repetição da antiga forma de
repetir um tiro levava uma hora. Assim, um navio continência e saudação à autoridade que passar perto do
estava com os canhões sempre carregados para navio, sempre que o fato for antecipado e devidamente
combate. Mas, se ele os disparava, ficava anunciado. A guarnição, quando em postos de
impossibilitado momentaneamente de combater. A continência, a um sinal, leva o boné ao peito do lado
maior parte das fragatas e navios menores era armada esquerdo com a mão direita e, ao sinal de salvas do
com uma bateria de sete canhões em cada borda. A apito (sete vezes), estende a mão com o boné para o
princípio, uma salva de sete tiros era a salva nacional alto, à direita, e dá os vivas correspondentes.
britânica. As baterias de terra, no entanto, deveriam
responder às salvas do navio, na razão de três tiros para
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1.7.14 - Vivas do apito - Permanece, no Cerimonial à distribuídos no número completo previsto no
Bandeira, o costume dos sete vivas, pelo apito do Cerimonial da Marinha, em caráter simbólico.
marinheiro. Durante o içar ou arriar da Bandeira, o A chegada de autoridade a bordo de OM da MB
Mestre ou Contramestre, dependendo da ocasião, faz deverá ser anunciada no sistema de fonoclama, quando
soar sete vezes o apito, correspondendo aos sete vivas, couber, o cargo da autoridade visitante seguido da
que é a maior saudação por apito. expressão “para bordo”.
O número de sete, como explicado, ainda é a Não deverá ser anunciado pronome de tratamento ou
lembrança dos antigos sete tiros das fragatas e navios nome da autoridade visitante.
menores, que constituíam a maior salva. Embora os Por ocasião do cerimonial, a ordem ao Mestre ou
tiros de salva tenham passado para 21, os vivas de apito Contramestre de Serviço não deve conter palavras
permaneceram em sete, como a honra máxima. desnecessárias, já que se trata de uma instrução para
1.7.15 - Cerimonial de recepção e despedida - Os quem vai abrir toque. Assim, essa ordem deve ser
Oficiais, ao entrarem e saírem de bordo, fazem jus a um pertinente ao toque característico a que tem direito a
cerimonial correspondente à sua patente, constando de autoridade. A menção ao cargo desempenhado somente
toques de apito característicos e da continência de quem deve ser feita a quem competir vocativo específico
o recebe ou despede e dos presentes. Além disso, (Comandante da Marinha, Chefe do Estado-Maior da
Marinheiros em formatura, em número correspondente Armada, Comandante de Operações Navais,
a cada cerimonial, chamados “boys”, ladearão o Oficial Comandante-Geral do Corpo de Fuzileiros Navais e
saudado, na escada de portaló e no convés. Comandante em Chefe da Esquadra). Nesse caso, não se
deve mencionar o Posto, a menos se, eventualmente e
Esses cerimoniais são tradições herdadas dos dias da
no caso de ComemCh, o cargo estiver sendo exercido
marinha a vela.
por Almirante de Esquadra. O artigo 5-1-7 do
Costumava-se, nas reuniões de Comandantes de Cerimonial da Marinha reflete com clareza este ponto.
navios de uma Força Naval em um determinado navio - Os toques de apito devem ser dados apenas pelo
quando o mar não estava muito bom - içar o visitante Mestre ou Contramestre de Serviço.
por uma guindola, espécie de pequena tábua suspensa
Ao final das Honras de Recepção ou Despedida,
pelas extremidades. A manobra era comandada pelo
quando por toque de corneta, cabe o “ponto”, como
Mestre, ao som do apito e, para realizá-la, vários
sinal de desfazer a continência e a guarda de portaló
Marinheiros iam para o local de embarque. Hoje é uma
executar o comando de “ombro armas”. Nos casos em
cortesia naval acorrer com marinheiros ao portaló (local
que houver Guarda de Honra, esta executará o referido
de embarque ou saída de bordo) e saudar com toque de
comando quando determinado pelo seu Comandante.
apito, a autoridade que chegar ou sair.
Os Marinheiros que acorriam para as manobras de 1.8 - UNIFORMES E SEUS ACESSÓRIOS
embarque do Comandante a bordo eram chamados, na 1.8.1 - Os uniformes - Os Oficiais, Suboficiais e
Real Marinha britânica, de boys. Esse costume passou Sargentos usam uniformes do mesmo feitio para o
desde o Império, à nossa Marinha. Hoje, há um toque de serviço ou para os trabalhos a bordo. São do tipo paletó,
apito que, em realidade, significa “boys aos cabos”. ou dólmã, e calça, ou somente camisa e calça. Na
Tratava-se, até há pouco tempo, quando se vinha ou cabeça usa-se boné, e não “quepe”. Os Oficiais e
saía de bordo por lancha, de chamar os Marinheiros Suboficiais, para distinção, usam galões nas platinas
para que descessem ao patim inferior da escada de colocadas nos ombros dos uniformes brancos, galões
portaló e aí estendessem cabos (preparados com pinhas nos punhos do uniforme azul e distintivos na gola do
nas duas extremidades, uma para o boy e outra para a uniforme cinza de manga curta (bege para os fuzileiros
autoridade), para que lhe servissem de apoio quando navais). Os Sargentos, Cabos e Marinheiros cursados
embarcavam ou desembarcavam. usam sempre, para distinção de graduação, divisas nos
Ao patim inferior da escada de portaló descem dois braços. Os Marinheiros-Recrutas, Aprendizes e
boys e mais dois quando há espaço. Grumetes não usam divisas.
Os demais formam no convés. Quando estiver com As platinas são presas sobre os ombros dos
prancha passada para terra, somente dois devem ficar uniformes como acessório, sendo reminiscências de
em terra; os demais formam no convés. “Formar mais antigas tiras de couro usados nos uniformes para fixar
de dois boys em terra é, como se diz na gíria marinheira, os talabardes (boldriés). São de origem francesa.
uma varada” (de “vara”, termo espanhol que quer dizer Os galões dos Oficiais são listras douradas. No
encalhe). Tudo isso deve-se ao fato de que o emprego Corpo da Armada, a mais alta no punho é terminada por
dos boys é uma tradição na manobra de embarque e uma volta. Conta a tradição que é uma reminiscência da
desembarque de Oficiais, em navios no mar. volta que o Almirante NELSON, Oficial inglês, levava
em um pequeno cabo amarrado à manga de seu dólmã
Quando o Comandante é recebido no seu próprio para sustentá-la em um botão, quando, após perder o
navio, é o Mestre quem executa os apitos do cerimonial. braço, subiu ao convés pela primeira vez. As marinhas
Quando o cerimonial é executado em terra, como nos que tiveram origem e contatos com a Marinha britânica
estabelecimentos ou cerimônias públicas, os boys são conservam o símbolo.

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Os Cabos e Marinheiros usam uniformes, brancos ou usasse um apito preferia jogá-lo ao mar a deixá-lo cair
azuis, de gola, e na cabeça, bonés sem pala. Os de em mãos inimigas.
trabalho são de cor mescla, com chapéus redondos O apito, hoje, continua preso ao pescoço por um
típicos, de cor branca, chamados caxangá. cadarço de tecido e tem utilização para os toques de
O uniforme típico de Marinheiro é universal. Suas rotina e comando de manobras.
características são, principalmente, o lenço preto ao As fainas de bordo, ainda hoje, em especial as
pescoço e a gola azul com três listras. manobras que exigem coordenação e ordens contínuas
O lenço teve sua origem na artilharia dos tempos de um Mestre ou Contramestre, são conduzidas somente
antigos da marinha a vela. Os marujos usavam um lenço com toques de apito. Conduzir a faina aos gritos denota
na testa durante os combates, amarrado atrás da cabeça. pouca qualidade marinheira do dirigente e de sua
Esse procedimento evitava que o suor, misturado à equipe.
graxa e mesmo à pólvora das peças de tiro, lhes caísse O Oficial de Serviço utiliza um apito, que não é o
nos olhos. Ao findar o combate, os marinheiros tradicional, com o intuito de cumprimentar ou responder
regulares giravam o lenço e o amarravam ao pescoço, a cumprimentos dos cerimoniais (honras de passagem)
com o nó para frente. Hoje, simbolicamente, o lenço é de navios ou lanchas com autoridades que passam ao
colocado em torno do pescoço. Sua cor preta, largo. Entretanto, o cadarço que o prende ao pescoço
diferentemente do que muitos dizem, não é originada mantém-se como parte do símbolo tradicional.
em sinal de luto pela morte de NELSON, pois era usado
1.8.4 - Alamares - Nos tempos de cavalaria andante, na
pelos Marinheiros, com essa cor, bem antes disso,
Idade Média, os ajudantes lavavam os cavalos e
embora, naquele evento, tenham retirado o lenço
auxiliavam os cavaleiros, com armaduras, a montar, tal
característico do pescoço e o colocado no braço.
era o peso desses apetrechos. Depois que os cavaleiros
A gola do Marinheiro é bastante antiga. Era usada montavam, os ajudantes se afastavam das montarias e
para proteger a roupa das substâncias gordurosas com dos chefes, ficando porém nas mãos com o cabo (corda)
que os marujos untavam o “rabicho” de suas cabeleiras. no braço, na altura do ombro. Ainda hoje, os ajudantes
O uso do rabicho desapareceu, mas, a gola permaneceu, de ordens usam, com garbo, essa peça, primitivamente
como parte característica do uniforme. A cor azul é humilde, presa ao ombro no uniforme. Mas, o conjunto
adotada por quase todas as marinhas do mundo. completo é constituído desse pequeno cabo (cordel),
A existência de três listas da gola é uma junto com os alamares, que são a reminiscência da
reminiscência do costume antigo de se indicar, por meio antiga corrente, que as autoridades navais usavam para
de fitas presas ao pelerine (capa utilizada sobre os pendurar os apitos, um símbolo de autoridade já
ombros), o tempo de serviço do embarcado. comentado. Assim, o conjunto formado pelos alamares
1.8.2 - O gorro de fita - Os fuzileiros navais também (autoridade) e seu cabo (ajudante) - este utilizado
trazem em seus uniformes simbolismo e tradição. O solteiro nos uniformes internos - significam “ajudante
gorro de fita, de origem escocesa, é uma das tradições de uma autoridade”. Os Oficiais Chefes de Estado-
incorporadas que permanecem e ganham legitimidade. Maior e Oficiais do Gabinete de uma autoridade naval
Foi ideia, em 1890, de um comandante do Batalhão também usam esse símbolo, por serem seus ajudantes
Naval, de ascendência britânica. O gorro foi bem aceito mais diretos. O conjunto é usado do lado esquerdo,
e, hoje, caracteriza de forma ímpar o uniforme dos porém os Oficiais do Gabinete Militar da Presidência da
Marinheiros de terra, soldados do mar, que são os República usam os alamares do lado direito.
fuzileiros navais. 1.8.5 - Condecorações e medalhas - As condecorações
1.8.3 - O apito do Marinheiro - Os principais eventos e medalhas são usadas no lado esquerdo do peito. O
da rotina de bordo são ordenados por toques de apito, costume, que não é apenas naval, vem do tempo das
utilizando-se, para isso, de um apito especial: o “apito cruzadas, quando os cavaleiros traziam a insígnia de sua
do Marinheiro”. O apito serve, também, para chamadas Ordem (as Ordens da Cavalaria) perto do coração. Era,
de quem exerce funções específicas ou para alguns também, porque o escudo ficava no braço esquerdo
eventos que envolvam pequena parte da tripulação. Ele protegendo não somente o coração, mas a insígnia de
tem sido, ao longo dos tempos, uma das peças mais honra.
características do equipamento de uso pessoal da gente
de bordo. Os gregos e os romanos já o usavam para 1.9 - ALGUMAS EXPRESSÕES CORRIQUEIRAS
fazer a marcação do ritmo dos movimentos de remo nas 1.9.1 - Safo - “Safo” é talvez a palavra mais usual na
galés. Marinha. Serve para tudo que está correndo bem ou
Com o passar dos anos, o apito se tornou uma para tudo que faz as coisas correrem bem: “Oficial safo,
espécie de distintivo de autoridade e mesmo de honra. Marinheiro safo. A faina está safa. A entrada é safa,
Na Inglaterra, o Lord High Admiral usava um apito de pode demandar: não há bancos”.
ouro ao pescoço, preso por uma corrente; um apito de 1.9.2 - Onça - “Onça” é também uma expressão de
prata era usado pelos Oficiais em Comando, como grande uso. Significa dificuldade: “onça de dinheiro,
“Apito de Comando”. Eram levados tais símbolos em onça de sobressalentes”. “Estar na onça” é estar em
tanta consideração que, em combate, um Oficial que apuros. “A onça está solta”, quer dizer que tudo vai mal.

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Essa expressão vem de uma velha história de uma 4.3 - VOZES DE COMANDO E PADRONIZAÇÃO
onça de circo, que era transportada a bordo de um navio DE MOVIMENTOS - Quando um superior
mercante e se soltou da jaula, durante um temporal. hierárquico adentrar uma sala de aula ou auditório, a
1.9.3 - Safa onça - “Safa onça” é a combinação das ordem a ser dada é “levantai-vos”. Igual procedimento é
duas expressões anteriores. Significa salvação. Safa adotado à saída.
onça é tudo que soluciona uma emergência. “Safei a Para militares desarmados, não são admissíveis as
onça, agarrando-me a uma tábua que flutuava... O meu vozes de “apresentar armas” e “ombro armas” para se
safa onça foi um pedaço de queijo, que ainda restava no fazer e se desfazer continência. O correto é: “em
barco; do contrário, morreria de fome”. continência: um” e “dois”.
1.9.4 - Pegar - “Pegar” é o contrário de estar safo. A evolução da posição “descansar” para a posição
“Estar pegando” significa que não está dando certo: “sentido” deve ser com a batida, apenas do pé esquerdo;
“Tenente, o rancho está pegando! Não chegou a carne! nessa ocasião, os braços se unem ao corpo sem ruído.
Este Marinheiro ainda está muito inexperiente: com ele
tudo pega... Comandante, não pude chegar a tempo, a 4.4 - UNIFORMES - Os uniformes da MB são muitos
lancha pegou bem no meio da baía!” semelhantes aos das Marinhas estrangeiras o que, dentre
outras coisas, concorre para demonstrar a
Parece que a expressão vem de “pegar tempo”, ou
universalidade das tradições marinheiras.
seja, pegar mau tempo. Fulano está pegando tempo para
resolver a primeira questão de sua prova... Aquele Os uniformes têm por finalidade principal
marujo não conseguiu safar-se para a parada: pegou caracterizar os militares, permitindo, à primeira vista,
tempo para arranjar um boné novo”. distinguir não só os seus Postos ou Graduações, como
também os Corpos e Quadros a que pertencem.
1.9.5 - Rosca fina e voga larga - Na gíria maruja,
muitas expressões externam o universal bom humor ou Todo militar deve considerar o uso do uniforme
espirituosidade que caracterizam os homens do mar. As motivo de orgulho pessoal. É obrigatório o apuro nos
expressões “rosca fina”, “voga picada” e “voga larga” uniformes, porquanto o militar fardado, além das
são alguns exemplos: “Rosca fina” (ou ainda “voga exigências da própria apresentação, tem a
picada”) denomina o superior, Oficial ou Praça, que é responsabilidade de representar a corporação a que
exigente na observância das normas e regulamentos, pertence.
bem como na execução das fainas e tarefas, por si e É dever de todo militar zelar por seus uniformes e
pelos subordinados. O antônimo é o “voga larga”. pela correta apresentação em público de seus
A origem do primeiro está no “aperto”, na “pressão” subordinados.
impressa pelo chefe, comparada pelo marinheiro a do 4.5 - TRAJE CIVIL - Quando à paisana, o militar
parafuso com rosca fina - que “aperta mais”. A segunda deverá se vestir com discrição, usando o traje adequado
vem de “voga”, que é a velocidade da remada ditada para a ocasião ou recomendado para o evento social.
pelo patrão aos remadores em uma embarcação a remos.
As normas quanto ao vestuário civil exigidas por
Pode ser uma “voga picada” (regime de velocidade
clubes, instituições, casas de espetáculos, restaurantes, e
maior, portanto mais exaustivo para os remadores) ou
outros, do País ou do exterior, para seus frequentadores,
“voga larga” (velocidade amena, mais calma, mais
não devem ser contrariadas pelos militares.
tranquila).

CAPÍTULO 4 - COMPORTAMENTO PESSOAL 5 - ASPECTO MARINHEIRO DOS NAVIOS E


EMBARCAÇÕES
4.1 - EM SOCIEDADE - Em sociedade, uniformizado 5.1 - GENERALIDADES - Conforme visto nos
ou à paisana, em serviço oficial ou em caráter privado, capítulos anteriores, os homens do mar, há muitos
um Marinheiro é um representante da Marinha do Brasil séculos, vêm criando nomes para identificar as diversas
(MB). Portanto, é dever de todos manterem-se à altura partes dos navios e suas ações, que pela repetição,
das elevadas tradições de nossa Marinha. tornaram-se costumes. Naturalmente, muitas
particularidades e expressões da tradição naval
4.2 - COMPORTAMENTO INDIVIDUAL - Estando
lembram, às vezes, aspectos da vida doméstica ou de
presente a uma cerimônia interna ou externa onde se
atividades em terra firme.
encontrem superiores hierárquicos, o militar deve se
apresentar ao mais antigo e só se retirar após este deixar Pertencemos, todos nós que abraçamos a carreira do
o recinto ou quando autorizado. mar, a uma fraterna classe de costumes e tradições
comuns. Ao marinheiro, não passará despercebido que a
O militar deve tirar o boné sempre que saudar uma
vida nas Marinhas do mundo inteiro é parecida.
senhora, inclusive no interior de um elevador.
Encontramos semelhanças no uniforme, nos costumes,
Não é admissível o uso do boné na cabeça durante nas palavras, nos gestos e no modo de agir. É que os
reuniões sociais. homens do mar, por enfrentarem o mesmo tipo de vida
e por se ajudarem mutuamente, passaram a constituir
uma classe de espírito muito forte.
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As exigências quanto à apresentação marinheira dos etc. Mesmo se em um ou outro caso identificarmos
navios, e também de seus homens, não estão ligadas apenas razões estéticas ou tradicionais, lembremos que
apenas a razões estéticas, mas, principalmente, a razões o navio é um lugar em que passamos uma boa parte de
de ordem prática. O bom aspecto interno e externo de nossas vidas, que merece ser esteticamente agradável e
nossos navios constitui uma das mais nobres das que o apego às tradições constitui um fator agregador.
tradições navais, que sempre distinguiu a Marinha do
Brasil em relação às demais instituições nacionais e às 5.2 - FALHAS MAIS COMUNS QUANTO À
Marinhas estrangeiras. APRESENTAÇÃO MARINHEIRA
5.2.1 - Serviço de pintura descuidado, deixando as
Tal tradição extrapola ao próprio navio, pois, como
marcações, vidros, partes envernizadas, borrachas de
diziam ilustres Chefes Navais do passado, as portas, vigias e cabos elétricos borrados pela tinta das
embarcações miúdas são o espelho da unidade a que anteparas.
pertencem, servindo como cartão de visita aos que as
5.2.2 - Amarelos limpos, porém com a pintura adjacente
vêem navegando ou atracadas.
borrada, devido ao extravasamento do preparado de
Como exemplo desta preocupação, relata-se que nos limpeza.
idos de 1966, o então Vice-Almirante ERNESTO DE 5.2.3 - Graxa em excesso nas graxeiras e outros locais,
MELLO BAPTISTA, àquela época Diretor-Geral de sujando a pintura.
Hidrografia e Navegação, expediu uma circular sobre o
5.2.4 - Parafusos, porcas, grampos, orelhas de portas,
aspecto marinheiro dos navios e embarcações. Notava
válvulas e vigias de combate emperrados pela tinta
ele a ocorrência de pequenos senões a revelar abandono
indevidamente aplicada.
do carinhoso cuidado com que outrora eram tratados os
meios navais. Relatava ser a pintura de tal modo 5.2.5 - Cabos jogados em desalinho pelo navio ou pelas
cuidada que, certa vez, o Almirante TAMANDARÉ - bordas, fiéis de toldos dependurados, chicotes de cabos
desfalcaçados ou esfiapados. Boças e cabos desacochados,
nosso glorioso Patrono, estando em porto estrangeiro,
desengaiados ou desforrados. Capas e sanefas sujas ou
no qual se achavam divisões navais de diversas nações,
maltratadas.
mereceu desses Comandantes o cumprimento de lhe
dizer que poderiam enviar seus Marinheiros em um 5.2.6 - Talhas, aparelhos de laborar e acessórios
escaler para se barbearem em frente à reluzente semelhantes dependurados em vez de estarem colhidos ou
guardados nos lugares apropriados.
brancura do costado dos navios brasileiros.
5.2.7 - Defensas esquecidas dependuradas no costado.
Hoje, tal tradição também deve ser estendida às
viaturas, que também levam longe a imagem da OM a 5.2.8 - Tampas de tomadas (quando estas não estão em
que pertencem. uso) fora do lugar ou dependuradas; fiéis de tomadas,
contrapinos e outros acessórios inexistentes.
De maneira geral, despende-se muito tempo a bordo
5.2.9 - Cosedura do toldo aos vergueiros da borda. Os
corrigindo falhas relacionadas com a apresentação do
amarrilhos de toldo devem ser passados pelo redondo do
navio, as quais se manifestam de maneira repetitiva.
vergueiro e dar meias-voltas de fiel junto aos ilhoses de
É comum que ocorram as “viradas” às vésperas de pano, ficando a cosedura pelo redondo. A cosedura
eventos importantes, sacrificando-se, desnecessária- parecendo espinha de peixe é imprópria e de mau aspecto
mente, a tripulação. marinheiro.
Além disso, observa-se que, muitas vezes, exige-se 5.2.10 - Amarração dobrada deficientemente, de modo que
do subordinado coisa que ele não sabe ser sua obrigação a tração não se distribui igualmente pelas pernadas.
realizar, ou que não tem conhecimento suficiente para Amarração folgada (nos casos extremos, até mesmo
fazê-la corretamente, assim como há padrões diferentes tocando na água). Deve-se recorrer a amarração e colher o
de aceitabilidade quanto ao nível de limpeza e brando nas variações de maré significativas, de modo a
apresentação. Principalmente nos navios com comissões evitar o mau aspecto.
frequentes, a degradação da apresentação mostra-se 5.2.11 - Folga nos trincafios das espias e rateiras abertas
quase como inevitável. Assim, há necessidade de por causa das variações de marés.
educar-se a tripulação para que as metas almejadas, 5.2.12 - Lágrimas de ferrugem escorrendo pelos escovéns,
quanto à boa apresentação marinheira, sejam alcançadas anteparas e costado. Lavar o cinzento logo que os ferros
com eficiência, por meio de um engajamento de todos a estiverem em cima e aboçados; um simples chumaço na
bordo. Recomenda-se, portanto, que o programa de borda interna dos escovéns impedirá que as águas do
adestramento interno inclua o assunto “apresentação convés causem tão mau aspecto.
marinheira”. 5.2.13 - Pintura do costado manchada pela água de
O artigo a seguir exprime o resultado de observações baldeação ou da chuva (em alguns navios, uma causa
sobre falhas frequentes no aspecto marinheiro, as quais frequente deste mau aspecto é esquecer os bicos de pato
depõem desfavoravelmente quanto à apresentação de rebatidos), ou por detritos líquidos e sólidos lançados pela
qualquer unidade naval. Tais observações, longe de borda. A água das poças, ao secar, também pode manchar
representarem apenas o respeito às tradições, estão a pintura do convés. Por este motivo, as poças devem ser
associadas à segurança, à manutenção de um grau de eliminadas imediatamente após as baldeações ou chuva.
prontidão elevado, à preservação da saúde da tripulação,

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5.2.14 - Costado com a linha d’água marcada por uma O convés deve ser protegido por tábuas ou folhas de
camada de limo é coisa que na Marinha, só nos últimos compensado quando por ele for transitar material pesado.
tempos, se vem observando. Limpar diariamente o Não se deve admitir a realização de tais fainas sem a
costado é o suficiente para desaparecer essa prova de precaução de se defender o convés.
pouco cuidado. 5.2.24 - Do mesmo modo, o costado deve ser protegido
quando da atracação de batelão, chatas e outras
5.2.15 - Costado com pintura avariada, revelando o
embarcações que utilizam pneus como defensas e que,
lançamento de restos de comida pela borda;
consequentemente, sujarão a pintura. É oportuno lembrar
5.2.16 - Partes altas do navio desarrumadas; bem como que as defensas de bordo deverão ser ajustadas à altura da
roupas, trapos e outros objetos estendidos nas bordas e embarcação que irá atracar, bem como poderá haver
lugares semelhantes. necessidade de ajustá-las ao longo da faina de carga ou
5.2.17 - Bandeira Nacional, do Cruzeiro, Pavilhões e descarga, em função de variação do calado da embarcação
Flâmula de Comando não atopetados ou enroscados nos atracada.
respectivos mastros e adriças. O rondar do vento ou o 5.2.25 - Trapos utilizados como tapetes improvisados
rabeio do navio não isentam o Oficial de Serviço, o causam má impressão. Se determinado local precisa
Contramestre e o Sinaleiro, da responsabilidade pelo frequentemente ser protegido para evitar que as pessoas
mau aspecto. sujem o piso, devido aos conveses externos estarem
molhados pelo orvalho ou pela chuva, ou por ser trajeto
5.2.18 - As Bandeiras e Galhardetes são colocados nas entre o banheiro e a coberta, deve ser providenciada uma
adriças para serem içados e retirados tão logo arriados. andaina de passadeiras ou tapetes apropriados.
Não se admite: a colocação da Bandeira Nacional e a do 5.2.26 - Etiquetas ou marcações de equipamentos, material
Cruzeiro amarfanhadas na base de seus mastros, das incumbências e placas de advertência (ligado,
aguardando o içamento; a manutenção do galhardete desligado, perigo, área isolada para limpeza, etc.)
“Prep” e das “substitutas” panejando presos às adriças, confeccionadas com desleixo. Os recursos disponíveis
após cessado o motivo de sua utilização; e por ocasião atualmente permitem que mesmo os avisos improvisados
do Cerimonial, a Bandeira Nacional tocar o convés, ou sejam confeccionados com capricho.
ser portada amarfanhada ou nos ombros do militar 5.2.27 - Embarcações miúdas:
responsável por seu içamento. Recomenda-se indicar a) As falhas mais frequentes são capas sujas e mal
um militar para participar do Cerimonial de 08:00h1, arrumadas; paineiros sujos e maltratados; remos, croques e
içando o Pavilhão Nacional, que será portado pelo demais acessórios de palamenta não baldeados e não
Ronda. esfregados; suportes para a palamenta faltando ou com a
5.2.19 - Galhardetes e Bandeiras-Insígnias enrascadas fixação folgada, guarnição displicente ou mal apresentada;
b) Toldos de escaler depois de regular tempo de uso
em adriças, quando içadas, comprometem o aspecto
aumentam suas dimensões primitivas; devem, por isso, ser
marinheiro da Organização Militar. Quando se trata do
reajustados a fim de que, postos no lugar, fiquem bem
Pavilhão Nacional, isto passa a ser inaceitável. armados e em posição horizontal;
5.2.20 - As bandeiras, se atopetadas, devem ser c) Os toldos devem ser, primeiramente, tesados para
hasteadas, rigorosamente, até “beijar”. Durante seu depois então serem arriados. Entretanto, ordinariamente,
hastear, é necessário a devida atenção à direção do vê-se tal operação executada de maneira inversa;
vento, para que não fiquem enroscadas. d) Embarcações não devem ser mantidas atracadas ao
5.2.21 - Torneiras e chuveiros pingando e mangueiras e portaló dos navios ou às escadas do cais; devem ficar ao
tomadas de recebimento de água vazando demonstram largo ou amarradas ao surriola, atracando somente quando
desleixo e desperdício dos recursos da Marinha. A preciso e pelo tempo necessário;
bordo, além disso, os vazamentos podem causar e) Embarcações em serviço, afastadas do navio, junto ao
limitações operativas ao navio em viagem. cais ou a outro navio, deverão ter a guarnição completa a
bordo. O patrão, em hipótese alguma, pode ausentar-se da
5.2.22 - Cabos elétricos e afins passados sem cuidado, embarcação;
não respeitando as rotas. A passagem de cabos, por f) O auxílio da lancha ao navio na faina de amarrar à bóia,
ocasião do acréscimo de novos equipamentos e de via de regra, é realizado de modo em que está ausente o
adaptações, deve observar o mesmo padrão de espírito marinheiro. É conveniente que se embarque o
construção do navio, seguindo as rotas adequadas. Não Contramestre na lancha, que o Contramestre e o patrão
se deve admitir cabos coloridos ou passados fora do saibam claramente o que vão fazer, incluindo como
alinhamento das rotas. As instalações provisórias, como abordar o navio, como receber a espia ou retinida, como
iluminação de festa, cabo telefônico de conexão à colher o seio da espia na lancha e como abordar a boia; e
tomada em terra, cabo de energia de terra etc., também g) Os escaleres, terminado o serviço diário, como
merecem cuidado quanto ao aspecto marinheiro. compras, exercício, conduções, etc., devem ser logo
5.2.23 - Serviços que sujam ou machucam o convés, içados, baldeados e convenientemente limpos. A chalana
como faina de óleo, recebimento de gêneros, preparo de não é embarcação que possa passar a noite arriada; deve
tinta e outros, devem ser feitos em cima de plásticos, ser içada todas as tardes.
lonas, papel, ou outra proteção.
1
- Sugere-se designar o Cabo-Auxiliar do quarto de 00-04 para este fim.

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5.2.28 - Pessoal: 5.3.2 - Em viagem, o Mestre, o Contramestre de Quarto
a) Continência aos navios ou às embarcações que e o Sargento-Polícia exercerão, no que couber essas
passam deve ser feita com correção, ao apito respectivo; atribuições, empregando o Grupo de Limpeza e Fainas
b) A continência é feita por todos que estejam cobertas Marinheiras, a manutenção da limpeza e aspecto
acima, corretamente, e por tempos. No caso da marinheiro do navio.
guarnição estar em formatura, só o mais antigo faz a 5.3.3 - Os sinais de rotina, como os de rancho, de
continência individual; os demais ficam em “sentido”. uniforme etc., entre a alvorada e o silêncio deverão ser
Quando está sendo efetuado o cumprimento pelo outro executados por apito, com correção e os quartos
navio, apenas o militar mais antigo presente responde à marcados pelo sino de bordo.
continência; 5.3.4 - Não se admite que um tripulante suje o navio ou
c) O Oficial de Serviço, Contramestre, Sinaleiro ou não colabore com a manutenção de sua limpeza. Não é
Vigia do mar devem estar atentos à aproximação de demérito para nenhum militar de bordo, qualquer que
embarcações miúdas com autoridades embarcadas, para seja a sua antiguidade, abaixar-se para recolher um
as quais as honras de passagem são devidas; trapo, um resto de cigarro ou outro detrito que algum
d) A apresentação da guarnição da lancha deve ser descuidado deixou cair no piso e levá-lo à lixeira.
impecável, qualquer que seja o uniforme. Atenção para 5.3.5 - Nem mesmo o fato de o navio encontrar-se em
limpeza dos coletes salva-vidas, dos tênis brancos e Período de Manutenção Geral (PMG) justifica a
caxangás; degradação na sua apresentação a um nível indesejável.
e) Nas mudanças de posição no cais, pessoal
guarnecendo Detalhe Especial para o Mar (DEM) na
proa/popa com uniformes diferentes (macacões, ou de Revisada em dezembro de 2018.
ginástica ou com o uniforme do dia); e
f) Militares debruçados nas balaustradas e / ou sentados
nos acessórios do convés.
5.2.29 - O não cumprimento, por ocasião do quarto
d’alva / pôr do sol do regime de luzes.
5.2.30 - Vergueiros da balaustradas solecados.
5.2.31 - Pontos e lágrimas de ferrugem nas
proximidades dos amarelos devido a utilização de
palhas de aço (bombril) na aplicação de líquidos para
polimento de metais, principalmente nos “olhos de boi”
das portas estanques. A palha de aço decompõe-se em
partes imperceptíveis a olho nu, que se oxidam com a
ação do tempo.
5.2.32 - Toldos sujos, mal envergados, com excesso de
água, denotam desleixo por parte do pessoal, além de
perderem resistência, podem furar e adquirir
elasticidade excessiva.
5.2.33 - O portaló é o “cartão de visita” do navio, e
como tal, tem que estar rigorosamente limpo e
arrumado, sem concentração de pessoal não afeto ao
serviço nas proximidades da prancha/escada de portaló,
e guarnecido por militares de serviço impecavelmente
uniformizados.

5.3 - ORIENTAÇÕES BÁSICAS


5.3.1 - No porto, nos dias de Rotina Normal, no período
compreendido entre o regresso e o licenciamento geral,
os Encarregados de Divisão, o Mestre e o Sargento-
Polícia inspecionarão frequentemente o navio,
verificando a limpeza, arrumação dos compartimentos e
o aspecto marinheiro. Após o licenciamento geral e nos
dias de Rotina de Domingo, o Oficial de Serviço e o
Sargento-Polícia inspecionarão o navio, empregando o
quarto de serviço para mantê-lo limpo e com boa
apresentação marinheira.

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