Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1
insalubres, assim como de grandes esforços físicos, Pode-se definir um processo discreto como sendo
alocando essas responsabilidades para máquinas. aquele cuja operação é realizada em etapas [2]. Ou seja,
primeiramente ocorre a alimentação do processo com a
matéria prima, seguindo-se da reação e, finalmente,
III. Princípios Básicos de Automação resultando-se na retirada do produto final. Desta
Industrial maneira, tem-se que as indústrias manufatureiras de
fabricação por lote, tais como as indústrias
automobilísticas, caracterizam-se pelo uso de controle
Basicamente, tem-se que um sistema automático é de processo do tipo discreto.
aquele em que a operação manual executada pelo ser O controle de processo do tipo discreto, por sua vez,
humano foi substituída por uma máquina que executa teve origem com a utilização de dispositivos
quase todas as operações em um determinado eletromecânicos do tipo a relés. Sendo assim, tinha-se
procedimento produtivo. Vale ressaltar, entretanto, a que contactores, temporizadores e dispositivos de
diferença entre mecanização e automação industrial. Na proteção iriam constituir a base de projetos de
mecanização, temos que as máquinas são colocadas para intertravamentos elaborados em diagrama a relés
ajudar o homem, porém dependem de sua ação de capazes de efetuar o controle discreto. Para a simulação
controle para serem operadas. A “inteligência” do dos níveis lógicos, utilizou-se chaves e contatos. Desta
sistema está, portanto, centrada no homem. Na forma, ao serem acionados eletricamente através de suas
automação industrial, por sua vez, as máquinas, além de bobinas, seus contatos principais e auxiliares abrem e
livrarem o homem de esforços físicos, possuem também fecham mecanicamente, tornando-os lentos e
a capacidade do controle de suas operações. Sendo susceptíveis aos desgastes. Quando utilizados em
assim, temos que a “inteligência” está centrada na grande número para efetuar intertravamentos e
própria máquina, tendo o homem o papel de temporizações, são agrupados em quadros metálicos
supervisionar a ação dos sistemas automatizados. Desta onde cuidados com temperatura, umidade e poeira
maneira, uma máquina automática irá representar um devem ser tomados. Portanto, além de esses dispositivos
sistema no qual um processo programado é executado, serem bastante robustos, ocupando, assim, muito
quase que de forma autônoma, após sua inicialização, espaço, devem ser instalados em locais apropriados
onde não haja gases inflamáveis, uma vez que eles
sendo desnecessária constantes intervenções humanas.
Portanto, tem-se que a automação industrial poderia geram faíscas em seus acionamentos.
ser definida como um conjunto de técnicas cujo objetivo Entretanto, na década de 60, com o advento dos
dispositivos microprocessados, surgiram os
seria tornar automáticos vários processos industriais
através da substituição da mão de obra humana por controladores lógicos programáveis (CLPs), onde a
equipamentos diversos. Entre as técnicas para forma básica de programação origina-se da lógica de
programação dos diagramas elétricos a relés. Os CLPs
automação industrial existentes, podem ser destacas o
comando numérico, os controladores lógicos irão, assim, realizar uma rotina cíclica de operação, o
programáveis, o controle de processos, os sistemas que caracteriza seu princípio de funcionamento, e irão
operar apenas variáveis digitais, realizando, desta
CAD/CAM, entre outras.
Sendo assim, conforme já podemos notar, a maneira, controle discreto. Quando variáveis analógicas
aplicação da automação industrial proporciona inúmeras são manipuladas, chamamos esses dispositivos de
controladores programáveis. Na seção VII, os CLPs
vantagens, tais como a manutenção de um padrão de
qualidade uniforme e permanente da produção, além de serão abordados com mais detalhes.
possibilitar um grande aumento na quantidade de itens a O controle de processo do tipo contínuo, no entanto,
desenvolveu-se, inicialmente, com o surgimento dos
serem produzidos resultando, assim, na oferta de preços
mais atrativos, e, principalmente, livra r a mão de obra amplificadores operacionais. Na medida em que a
humana da realização de trabalhos mais pesados e até microeletrônica evoluía, os controladores de processo
contínuo também tornaram-se mais sofisticados,
perigosos.
passando, assim, a utilizarem circuitos mais complexos,
microprocessados, proporcionando, desta maneira, a
utilização de poderosos recursos, assim como efetuando
IV. Segmentos da Automação Industrial técnicas de ação de controle dos mais diversos tipos, tais
como controle PID, PID adaptativo, lógica fuzzy, entre
outras.
A automação industrial é dividida, basicamente, em A partir de então, surgiram os controladores de
dois segmentos, levando em consideração a processo contínuo de uma única malha de controle em
manipulação das variáveis a serem controladas [1]. loop (single loop) que, por sua vez, são muito utilizados
Quando a natureza dessas variáveis é, em sua maioria, para controlar temperatura de ambientes, de processos,
do tipo analógico, tem-se um controle de processo do pressão em líquidos, vazão em tubulação de gases, entre
tipo contínuo. Por outro lado, quando a natureza das outros. Entretanto, os controladores de processo
variáveis é, em grande parte, do tipo digital, tem-se um contínuo single loop passaram por uma evolução,
controle de processo do tipo discreto. controlando, agora, diversas malhas do processo, o que
2
resultou na origem de sis temas multi loops. Os sistemas deficiências dos processos e pelo uso de processos de
multi loops são, assim, bastante importantes uma vez fabricação sofisticados.
que são capazes de implementar e executar todos os Tem-se, também, que através da implantação de
tipos de ações de controle possíveis existentes automação nos processos industriais, os mesmos se
tecnologicamente. Além disso, são capazes de controlar, tornam mais flexíveis, ou seja, a capacidade de admitir
simultaneamente, inúmeros pontos do processo por com facilidade e rapidez alterações nos parâmetros do
meio de grandes concentradores de dados (mainframes). processo de fabricação aumenta consideravelmente,
Com a introdução da instrumentação eletrônica nas possibilitando, desta forma, inovações freqüentes no
indústrias químicas e de processo, tornou-se possível a produto, atendimento a especifidades de clientes e
instalação de salas de controle e monitoramento situadas produção de pequenos lotes.
a grandes distâncias do núcleo operacional. Sendo A automatização dos processos industriais faz,
assim, todo controle efetuado ao longo do parque fabril também, com que a produtividade aumente. Desta
seria, agora, centralizado em um único ponto. forma, tem-se que recursos como matéria prima,
Entretanto, com o avanço de novas técnicas de energia, equipamentos e instalações serão utilizados de
transmissão de dados, ao invés de se implantar apenas forma mais eficiente uma vez que fica possibilitada a
uma única sala de controle central, diversas outras salas produção de refugo zero, como conseqüência de uma
de controle distribuídas geograficamente foram supervisão de qualidade, além de redução dos estoques.
interligadas entre si e conectadas a uma sala central de Por fim, tem-se que a automatização das industrias
supervisão. Desta maneira, surgem as idéias básicas do proporciona uma maior viabilidade técnica, permitindo
controle hierárquico, evoluindo para o que chamamos a execução de operações impossíves de serem realizadas
de controle distribuído. com a utilização de métodos convencionais suprindo,
A técnica de controle distribuída, juntamente com o assim, necessidades de processamento imediato de
aparecimento das técnicas digitais irão, então, propiciar grande volume de informações e/ou complexidade,
o aparecimento de uma nova filosofia de controle, o limitações humanas para execução de determinadas
sistema digital de controle distribuído. Esse novo operações e, também, livrando a mão de obra humana
sistema será caracterizado pelos diferentes níveis de ambientes com condições de trabalho adversas.
hierárquicos estabelecidos pela comunicabilidade entre
uma máquina de estado e outras. Tais processos, com
suas unidades de controle, irão constituir nós que, além VI. Redes de Comunicação Industriais
de integrar todo o sistema de supervisão com interfaces
homem-máquina, abre, também, caminho para a
intercomunicabilidade, assim como para uma futura Devido ao aumento da complexidade dos processos
padronização de todos os equipamentos de industriais, assim como pela distribuição geográfica que
sensoriamento, controle e atuadores nos mais diferentes
se tem acentuado nas novas instalações industriais , os
níveis. Desta maneira, um sistema digital de controle sistemas de automação e controle vêm se apoiando cada
distribuído pode ser representado por uma sala central, vez mais em redes de comunicação industriais . Portanto,
gerenciadora de controle e supervisão global,
é bastante rara a implementação de sistemas que não
microprocessada em rede com vários outros incluam alguma forma de comunicação de dados, seja
controladores de responsabilidade local. Portanto, pode- local, através de redes industriais, seja remota,
se observar uma transformação de processos
implementadas em sistemas SCADA, que são sistemas
automatizados em verdadeiros sistemas de automação para aquisição, supervisão e controle de processos.
supervisionados, capazes de rastrear todas as etapas do Embora a disseminação de aplicação de
processo produtivo, assim como propiciar flexibilização
comunicação seja recente em ambientes industriais,
e aumento da capacidade de integração de seus tem-se que diferentes esquemas de comunicação de
componentes. Sendo assim, obtém-se um aumento do dados que buscam estruturas para garantir a segurança
processo e do nível de automação de forma natural e
na transmissão dos dados, assim como a velocidade de
contínua. comunicação vêm sendo desenvolvidos há bastante
tempo. Um modelo bastante abrangente para os vários
requisitos de comunicação no ambiente industrial é o de
V. Objetivos da Automação Industrial três níveis diferentes de requisito [3]. São eles, o nível
de informação, o nível de automação e controle e o
nível de dispositivos de campo.
A automatização de um processo industrial, ou de O nível de informação caracteriza-se por grandes
apenas uma operação do mesmo, pode ser justificada volumes de troca de dados com constantes de tempo da
economicamente por inúmeros fatores com base em
ordem de grandeza de segundos. O nível de automação
diferentes critérios. e controle, por sua vez, caracteriza-se por volumes
No que diz respeito a manutenção de um padrão de moderados de dados com constantes de tempo da ordem
qualidade, tem-se que a automação industrial irá
de grandeza de centenas de milisegundos. Além disso, é
proporcionar um controle de qualidade bastante orientado para integração entre unidades inteligentes, de
eficiente através de compensações automáticas de natureza diversa. Apresenta aplicações de característica
3
contínua, de baixa velocidade e alta segurança, assim simultaneamente. Sendo assim, o número de mensagens
como mensagens complexas, com razoável nível de a serem emitidas reduz bastante, assim como o
informações de diferentes propósitos. Por fim, o nível comprimento das mesmas, já que não será mais
de dispositivos de campo caracteriza -se por volumes necessário incluir ambos endereços de remetente e
menores de dados com constantes de tempo da ordem destinatário em cada uma delas, sendo necessário,
de grandeza de dezenas de milisegundos (tempos de apenas, identificar a informação a ser transmitida.
resposta muito curtos). É orientada a sensores e Portanto, a implantação do modelo produtor/consumidor
atuadores, tipicamente de natureza discreta. As ações, na implementação da camada de enlace, resulta em
por sua vez, são executadas no nível dos dispositivos, redes industriais mais eficientes no que diz respeito a
sem necessidade de interação com níveis superiores. maximização de troca de dados, além de proporcionar
Tem-se, em geral, que uma implementação de um aumento de suas flexibilidades. As redes industriais
diferentes redes para atender cada característica Foundation Fieldbus, WorldFIP, ControlNet e
específica de cada um dos níveis faz-se necessária, uma DeviceNet fazem uso deste modelo
vez que dificilmente uma única rede de comunicação produtor/consumidor.
local poderá atender todos os três níveis . De uma forma
geral, usualmente coloca-se como primeira questão, VII. Controladores Lógico Programáveis
quando se está analisando o desempenho de uma rede, a
taxa de transmissão de bits da mesma. Em seguida,
considera-se o protocolo utilizado e, por fim, o O CLP consiste em um aparelho digital com
mecanismo de troca de dados. Entretanto, o impacto memória programável onde são armazenadas instruções
sobre o desempenho de uma rede nesse aspecto é que implementam as mais diversas funções, que, por sua
exatamente oposto a essa consideração: o efeito maior vez, são utilizadas no controle de vários tipos de
sobre o desempenho é dado pelo modelo, seguido pelo máquinas e processos, através de módulos de entrada e
protocolo e finalmente pela taxa de transmissão. Sendo saída (digital e analógica). Sendo assim, trata-se de um
assim, pode-se concluir que não adianta estabelecer uma sistema modular composto basicamente de fonte de
alta taxa de transmissão e comunicar a altas velocidades alimentação, CPU, memória, módulos de entrada e
se os dados em questão estão mal dispostos ou saída, linguagens de programação, dispositivos de
redundantes.
programação, módulos de comunicação e módulos
A camada de enlace, responsável pelo mecanismo de especiais.
entrega de pacotes, tem sido implementada A Figura 1 ilustra a arquitetura básica de um CLP.
tradicionalmente em redes industrias com a estrutura
origem/destino. Essa implementação irá, então, agregar
a cada mensagem enviada o endereço da estação de
destino. Entretanto, tem-se que, em determinadas E
circunstâncias, essa implementação pode ser ineficiente, N S
uma vez que, supondo um mesmo dado deve ser T Processa Memória A
R dor I
transmitido a vários nós de uma mesma rede, o A D
dispositivo que está transmitindo este dado deverá D A
emitir uma mensagem com ambos endereços A Barramento S
origem/destino para cada nó que deva receber tal S
CPU
mensagem. Desta maneira, tem-se que o tráfego da rede
aumenta intensamente, além de constituir u ma operação Figura 1: Arquitetura básica de um CLP
repetitiva contendo sempre o endereço do dispositivo a
ser enviado tal mensagem. Além disso, um outro Algumas características mais relevantes dos CLPs
problema surgiria caso houvesse necessidade de são:
sincronizar vários dispositivos pertencentes a uma
mesma rede. Neste caso, a operação de sincronismo fica
• O seu caráter modular, que permite adequar o
bastante dificultada, uma vez que ao ser necessário
controlador para qualquer aplicação;
mandar mensagens consecutivas a todos os dispositivos
• A sua flexibilidade, uma vez que o CLP pode
a serem sincronizados, ocorre um deslocamento desse
ser facilmente aplicado a qualquer tipo de
instante de sincronismo.
processo através de modificações do programa,
Sendo assim, em redes industriais mais recentes , um
sem ser necessário mexer na instalação;
outro modelo para implementar a camada de enlace é
utilizado. Este novo modelo, chamado de • A possibilidade de comunicação com outros
produtor/consumidor, baseia-se no simples conceito de CLPs ou componentes, o que possibilita a
distribuição de tarefas de controle e a
que alguns dispositivos são produtores de informações e
outros, por sua vez, são consumidores. Desta maneira, centralização das informações através de
na medida que um produtor disponibiliza sua computadores onde rodam aplicativos de
supervisão;
informação, a mesma é colocada na rede disponível para
todos os dispositivos que sejam seus consumidores • Redundância, ou seja, fornecimento de
módulos e CPU's redundantes (com mais de
4
uma CPU) que garantem uma altíssima grandezas físicas e pela elevação do nível de potência
confiabilidade de operação até nos processos necessários para excitar diretamente a planta.
mais exigentes.
Referências
IX. Sistemas de Controle
[1] André L. Maitelli, "Controladores Lógicos
Programáveis", ftp://ftp.engcomp.ufrn.br/maitelli/clp.
Um sistema de controle consiste em uma
interconexão de componentes formando uma [2] Tutorial – Fundamentos de Automação Industrial,
configuração tal que gere a reposta desejada para o http://www.senaiformadores.com.br/Cursos/01/.
sistema. A saída do sistema normalmente é a variável
[3] Apostila sobre Automação Industrial,
controlada, enquanto que a entrada normalmente é a
http://www.terravista.pt/Fernoronha/2604/download.htm
variável manipulada, variando de modo a afetar o valor
da variável controlada de maneira desejada [4] . [4] Adelardo A. D. de Medeiros, “Modelagem e Análise de
Um sistema de controle em malha aberta geralmente Sistemas Dinâmicos”, www.dca.ufrn.br/~adelardo.
utiliza apenas um atuador para obter a resposta
desejada, como ilustra a Figura 2. O atuador é
responsável pela conversão e compatibilização de