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quinta-feira, novembro 16, 2017

Eu, Robô | Leia o livro, não assista ao filme!


O filme "Eu, Robô" não tem nada a ver com o livro, e isso é até normal, mas ele vai de encontro ao
que o autor pretendia ao escrever seus contos de robô, e isso é imperdoável.

Quem viu o filme "Eu, Robô" com o Will Smith pode ter uma ideia muito errada sobre o livro de
mesmo nome. A produção cinematográfica foi inspirada na obra de Isaac Asimov (nem a pau!), é o
que diz na sinopse. Enquanto lia o livro algumas pessoas me falaram do filme, que era bom,
perguntavam se eu já tinha assistido. Não tinha.

Por uma feliz coincidência, não tive vontade de assistir "Eu, Robô" antes. E se tivesse assistido,
teria deixado de ler o livro com toda certeza. O filme conta a história de um policial que tem "ranço"
com os robôs. O planeta está tomado por robôs humanoides que auxiliam os humanos. Lá pelas
tantas um grandão da CIA US Robotics é morto, no que parece um suicídio, e esse policial pira. E
ele tem razão, as máquinas estão elaborando um plano maligno para uma revolução e pretendem
dominar a Terra. Afe!

O que permite aos robôs serem super inteligentes é a tecnologia da US Robotics. Empresa
responsável pelo desenvolvimento dos cérebros positrônicos. E o que permite a ótima convivência
com os humanos são as três leis da robótica, as quais impedem os robôs de (1) ferir um humano,
(2) não agir quando um humano estiver em perigo e (3) não se autodestruir. Exatamente nessa
ordem.

Pois bem, no parágrafo anterior listei o que tem de similar com os contos escritos por Asimov
reunidos no livro "Eu, Robô". No mais, esqueça!

Nos contos do livro, os robôs foram proibidos na Terra. Eles auxiliam os humanos em outros
planetas, fazendo trabalhos que seriam difíceis ou impossíveis para nós. Na Terra têm apenas
máquinas equipadas com a tecnologia, a fim de calcular e gerenciar a economia, a produção etc. 

As estórias têm um peso psicológico, a Dra, Susan Calvin começa a contar essas histórias em uma
entrevista com um repórter. Ela conta situações limites em que os humanos responsáveis pelos
testes dos robôs tentam identificar uma aparente falha. O desenrolar do problema até identificar a
causa, normalmente cai em uma das três leis da robótica. 
Além de hilário e irônico, ver como as coisas se resolvem, temos a oportunidade de refletir sobre
como é, ou seria, a convivência entre humanos e robôs. É muito legal a forma como Asimov nos
faz amar essas criaturas, e desacreditar no ser humano. Porque, no fim, são sempre os humanos
projetando as suas frustrações, preconceitos e egoísmo nos robôs, que são seres puros.

A Dra. Calvin é a poderosa da empresa, ela é psicóloga roboticista e


entende como ninguém o modo como os robôs pensam. Quando não
sabe, ela consegue descobrir. Ou seja, ela tem uma baita importância
na US Robotics, enquanto no filme ela (que é novinha demais) só
ajuda o Will Smith (o tal policial paranoico). E isso é bem ridículo.

Um dos contos do livro aparece no filme como uma cena grotesca em


que um robô se mistura a tantos outros para se esconder do policial.
No conto, esse robô recebe uma ordem de "sumir" e é obrigado a isso
devido às leis que precisa seguir (está programado para isso). A
maneira habilidosa com que ele se esconde e persuade os demais a
escondê-lo é genial.

Uma das estórias que mais gostei foi "Razão", em que um robô
apresenta crenças religiosas. Ou o "Mentiroso!" um robô que lia
pensamentos. A resolução desse especificamente é absurda de boa.

Em todos os contos a sagacidade do cérebro positrônico é mostrada com tanta genialidade, que
não tem como não acreditar que aqueles personagens existem. Eu ficava pensando naquelas
situações. Que tipo de "seres" seriam eles? Que direitos teriam? Robô teria alma? Seria muito legal
se tivéssemos robôs andando por aí e pensando, tomando decisões.

Leia mais sobre a Saga dos Robôs e um pouco da visão de um fã sobre a sua obra no Eu, Asimov

Sobre Isaac Asimov 


O autor Isaac Asimov começou a pensar em histórias de robôs em 1939, quando os robôs eram
retratados como uma criação perigosa. Inevitavelmente eles sempre se voltavam contra a
humanidade e a catástrofe era inevitável. O autor, que era apaixonado por ficção científica e nerd
total, não queria acreditar que conhecimento se tornasse em algo perigoso, por isso discordava
das histórias de robôs acabando em desastre.

Asimov queria retratar robôs de um modo diferente, e inspirado num conto chamado "Eu, Robô"
começou a escrever as suas histórias. Elas eram publicadas em revistas conforme ele conseguia
espaço. Até que em um determinado momento veio o convite para reuni-las num livro que recebeu
o nome do conto que o inspirou. Foi ideia do editor e não dele. 

As três leis da robótica foi a grande criação dele para que a máquina não se voltasse contra a
humanidade. E a porcaria do filme usa justamente isso como pretexto. Seria como se os robôs
fossem humanos, pensassem como tais. O que não é "verdadeiro", sequer possível, nos contos de
Asimov. Os robôs chegam a ser ingênuos, são puros, como diz a Dra. Calvin em alguns
momentos. 

Os robôs de Asimov não chegariam naquela selvageria retratada no filme. São muito melhores do
que isso, mais espertos. E têm um jeito mais eficiente e criativo para lidar com os riscos que os
homens oferecem a eles mesmos. 

Então, se você aguentou a leitura até aqui deve ter compreendido, porque detestei o filme não
recomendo. E quanto ao livro: Leiam! É mais do que ficção científica e história de robôs. Tem
provocações muito interessantes.

Neste link tem Todos os livros de Isaac Asimov disponíveis na Amazon.

A Saga dos Robôs de Isaac Asimov - [Leia as resenhas


desses livros aqui]
Ao longo da sua carreira como escritor de ficção científica, Isaac Asimov escreveu muitas histórias
de robôs. Entre outros livros de contos, ele escreveu uma série composta por "As Cavernas de
Aço", "O Sol Desvelado", "Robôs da Alvorada" e "Robôs e o Império".

Depois de alguns anos, o autor revisitou toda a sua obra e fez um trabalho incrível para colocar
todas suas histórias, incluindo as do Império Galático (famoso pela Trilogia da Fundação), no
mesmo universo.

Assim, "Eu, Robô" se tornou parte de um universo muito maior e impressionante. No Brasil temos
publicados quase todos esses livros. Alguns só encontramos em sebos, mas muitos deles foram
republicados pela Editora Aleph. Você pode conferir todos os livros aqui.

=P

Daniela Mattos
às
22:56

13 comentários:

Ione Iaguczeski 17/11/17 09:40


Eu não conhecia o filme e nem o livro, mas depois daqui eu vou ir ler o livro, assim quando for ver o
filme posso tirar conclusões tão iguais as suas. Mas confesso que esse teme não é o meu favorito
haha. Amei a resenha.
Responder
Graciane 17/11/17 13:27
Já assisti o filme e adorei, o livro nunca li, mas geralmente são bem mais completos que os filmes
né!
Responder

Jaque Reis 17/11/17 14:10


Menina eu adorava o filme, nunca imaginei que o livro era totalmente diferente! E por tudo que você
citou, realmente o filme não tem nada a ver com o filme. Assim que eu puder, vou tentar ler o livro e
ver se eu gosto.
Bjs
Responder

Unknown 17/11/17 14:35


Very interesting blog, I like it. Great post.

Follow for follow? :)

http://www.alexandarstanisavljevic.com/
Responder

Marcinha Nunes 17/11/17 19:15


Sou fã do trabalho do Will Smith porém não sou fã dos filmes dele desse gênero ficção
científica...resenha cheia de spoilers mas você deu sua opinião verdadeira e é isso que importa na
resenha...Adorei!!!
Responder

*Mulher Virtuosa By Vany* 18/11/17 15:36


Eu já vi o filme, não sabia que tinha livro!
Responder

Unknown 19/11/17 01:04


Bom... Eu não li o livro e nem assisti ao filme é geralmente gosto de ler antes de ir ao cinema...
depois da sua explicação confesso que fiquei curiosa pra ver o filme tendo, com certeza, lido o livro
antes... só pra ver essas discrepâncias da "inspiração/ adaptação"

Bjusssss
Responder

Unknown 19/11/17 11:33


Não fazia ideia de que esse filme vinha de um livro. Nunca vi o filme, justamente por que quem já viu
não gostou. Então, se eu encontrasse esse livro, certamente não leria. Mas achei bem interessante e
história do livro, o que só prova mais uma vez que o filme nunca é igual ao livro.

Responder

babyonlinedress 20/11/17 06:42


ballkleider lang
Responder

Anônimo 20/11/17 14:05


Eu nem sabia que tinha o livro. Pelo que falou é mesmo diferente do filme. É uma pena porque gosto
quando o filme consegue captar nem que seja uma parte da essência do livro. Vou ver se encontro
para ler.
Responder

Unknown 20/11/17 15:48


Já assisti o filme e confesso que não gostei muito, nem sabia que existia o livro também, deu
vontade de ler!

Beijos
Responder

Subsolo da mente 20/11/17 16:35


Confesso que não conhecia o livro nem o filme. Vou procurar saber mais deles.

As vezes nos decepcionamos com adaptações mesmo,por esse motivo sempre tento ler primeiro.


Haha

Beijos
Responder

Ivana Mihalić 25/11/17 18:50


Nice blog :)

I follow you.

Wishing you a wonderful weekend, dear!

Kisses from Croatia :)

What's up, Ivy?

♥ ♥ ♥ ♥♡♥♡♥♡♥♡❤❤
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♡ ♡ ♡ ♡
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Daniela Mattos
Formada em Relações Públicas, apaixonada por literatura clássica e ficção científica, criou o
blog Sabe o que é? para compartilhar suas leituras e incentivar a formação de novos leitores.
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