Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Faculdades Integradas Simonsen: Rogério Pereira Dos Santos
Faculdades Integradas Simonsen: Rogério Pereira Dos Santos
Rio de Janeiro
2019
ROGÉRIO PEREIRA DOS SANTOS
Rio de Janeiro
2019
Esta pesquisa é dedicada aos meus entes queridos: Meu irmão José Rinaldo
Pereira dos Santos e meu pai Edésio Pereira dos Santos (ambos já falecidos!);
Aos meus irmãos Rildo e Roberto Pereira dos Santos; À minha mãe Francisca
Maria de Aquino Santos e a minha filha Ellen Ferreira Pereira dos Santos!
AGRADECIMENTOS
Ao maior de todos os fenômenos religiosos deste universo, Deus, por ter aberto as portas do
meio científico, a este pesquisador, através dos trabalhos que venho desenvolvendo, pois sem
essas oportunidades eu não poderia ter tornado o sonho de prosseguir meus estudos, uma
realidade.
Aos alunos da Turma de 2017 do Curso de Especialização em História do Rio de Janeiro das
Faculdades Integradas Simonsen: Abraão, Allan, Carlos, Seu Jesus, Kelly, Marcos
“Romarinho”, Marcus “Chatuba”, Mariana, Seu Rigo, Simone e Taisa.
Aos funcionários das Faculdades Integradas Simonsen, pela grande contribuição antes e
durante as aulas, valeu galera!
Ao professor Rafael Soares Gonçalves por aceitar fazer parte da banca examinadora desta
pesquisa! Assim como o professor Mauro Sergio Vieira e a Coordenadora Geral da FIS, Joyce
Serpa Medeiros
LISTA DE MAPAS
Tipo Título Página
Mapa 01 Divisão territorial das dezessete favelas do atual Bairro Maré e Limites 27
Administrativos e Limites de Comunidades
Mapa 02 Área de Implementação do PROJETO RIO 33
LISTA DE QUADROS
Tipo Título Página
ANEXOS
Tipo Título Página
BANCA EXAMINADORA
____________________________________
( Orientador – FIS/RJ )
____________________________________
____________________________________
____________________________________
1 Introdução 11
5 Conclusão 58
6 Referências 61
7 Anexos 72
11
1 – INTRODUÇÃO
instituições carioca com esse propósito, a Pastoral de Favelas, da mesma forma cabe realçar
as ações, de mesmo cunho político, da FAFEG (Federação das Associações de Favelas do
Estado da Guanabara), mais tarde, FAFERJ (Federação das Associações de Favelas do Estado
do Rio de Janeiro). Como afirma o professor Mário Brum (2011):
A maneira de lutar para trazer melhorias para as favelas teve uma maior relevância
dado a maior mobilização dos moradores e, dessa forma, essa atitude era vista não apenas
como um instrumento para obtenção de melhorias para a própria favela, mas como um bom
alicerce político para os envolvidos na diretoria da CODEFAM. Sobre a atuação da
CODEFAM vide trabalho anterior (SANTOS, 2016).
Após a criação dessa entidade na Maré, houve a necessidade, já em 1982, da criação
de uma nova organização que ficasse responsável pela organização e escolha dos futuros
condôminos dos conjuntos habitacionais que seriam construídos na área da Maré por aqueles
moradores da antiga área palafitada na Maré. Essa entidade recebeu o nome de Comissão de
Desenvolvimento Social da Área da MARÉ, a qual iremos discutir nessa pesquisa.
Destarte, essa monografia visa debater a especificidade de atuação do associativismo
comunitário como forma de desenvolvimento e planejamento local, por parte da Comissão de
Desenvolvimento Social da Área da MARÉ no bojo do processo de implementação do
PROJETO RIO nas Favelas da Maré. Será discutido de que forma se deu a atuação dessa
organização comunitária na luta travada entre essa entidade e os órgãos municipais, estaduais
e federal, à época do PROMORAR, na formulação, discussão e distribuição dos apartamentos
nos conjuntos habitacionais criados em 1982 na Maré aos moradores da área das palafitas.
Além de uma discussão quantitativa com as fontes, me proponho realizar uma
discussão qualitativa, utilizando, para isso, o arcabouço teórico de ‘Espaço’, ‘Território’ e
‘Associativismo Comunitário’, empregados nessa pesquisa, que visa obter uma melhor
compreensão desses termos para um fácil entendimento da atuação dessa associação de
moradores local. A pesquisa qualitativa tem como objetivo tentar compreender os fenômenos
através da coleta de dados narrativos, estudando as particularidades e experiências
13
Para conseguirmos êxito na proposta dessa pesquisa, se faz necessária esmiuçar dois
conceitos chaves da Geografia como forma de contribuição às discussões que serão travadas
mais adiante nesta pesquisa: o Espaço e o Território. Para isso, utilizaremos alguns autores,
tanto da Geografia, quanto das Ciências Sociais, que irão corroborar para um melhor
entendimento acerca do objetivo geral dessa pesquisa.
De acordo com o geógrafo francês Claude Raffestin (1993) “o espaço é anterior ao
território”, e com essa afirmação iniciaremos o debate sobre a conceituação de ‘Espaço’ para
depois discutirmos o ‘Território’. Esse mesmo autor continua sua explanação:
Espaço e território não são termos equivalentes. Por tê-los usado sem
critério, os geógrafos criaram grandes confusões em suas análises, ao mesmo
tempo que, justamente por isso, se privavam de distinções úteis e
necessárias. Não discutiremos aqui se são noções ou conceitos, embora
nesses últimos vinte anos tenham sido feitos esforços no sentido de conceder
um estatuto de noção ao espaço e um estatuto de conceito ao território. O
estatuto de conceito permite uma formalização e/ou uma quantificação mais
precisa do que o estatuto de noção. É essencial compreender bem que o
espaço é anterior ao território. O território se forma a partir do espaço, é o
resultado de uma ação conduzida por um ator sintagmático (ator que realiza
um programa) em qualquer nível. Ao apropriar de um espaço concreta ou
abstratamente (por exemplo, pela representação), o ator "territorializa" o
espaço (p. 178).
Deste modo, acredito ter esclarecido a minha visão sobre espaço, a qual utilizarei,
como base conceitual, dessa pesquisa. Neste instante, iniciarei a discussão do conceito de
‘Território’, para melhor entendimento da nossa problemática inicial.
Álvaro Heidrich, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS),
entende que esse espaço (2017) é visto como:
O espaço social, então, se constitui por um jogo de relações dependente das
posses materiais e simbólicas. O corpo (o indivíduo biológico) e suas
posses estabeleceriam no espaço as distinções, o valor diferencial entre suas
regiões (p. 32).
Marcelo Lopes de Souza, geógrafo da UFRJ (2011), define o território como sendo,
fundamentalmente, “um espaço definido e delimitado por e a partir de relações de poder, do
quarteirão aterrorizado por uma gangue de jovens até o bloco constituído pelos países
membros da OTAN” (p. 11).
Na visão de Marco Aurélio Saquet (2011), professor da Universidade Estadual do
Oeste do Paraná (UNIOESTE), o território:
Concluindo essa parte conceitual sobre o território, irei focar adiante, a evolução da
conceituação de território, nos estudos do geógrafo Rogério Haesbaert, professor de Geografia
da Universidade Federal Fluminense (UFF) e que há mais de uma década vem analisando esse
conceito geográfico.
Rogério Haesbaert é um dos maiores autores da geografia que tem se dedicado a
discutir o conceito de território, alimentando com suas formulações o conhecimento das
relações sociais inerentes ao processo da produção do espaço. Compreende o autor (2001, p.
1770) que as concepções de território podem ser agrupadas em três pontos – tendo como
influências as leituras de Augé (1992), Deleuze, Guattari (1997), Storper (1994), Raffestin
(1993) e Sack (1986):
* Jurídico-político = “... é a mais difundida, onde o território é visto como um espaço
delimitado e controlado, através do qual se exerce um determinado poder, na maioria das
vezes visto como o poder político do Estado”.
* Cultural (ista) = “... prioriza a dimensão simbólico-cultural, mais subjetiva, em que o
território é visto sobretudo como o produto da apropriação/valorização simbólica de um grupo
sobre seu espaço”.
* Econômico = “... bem menos difundida, enfatiza a dimensão espacial das relações
econômicas, no embate entre classes sociais e na relação capital-trabalho”.
2
De acordo com vasta literatura a respeito, não há um consenso sobre a primeira favela existente na Cidade do
Rio de Janeiro. Muitos autores afirmam ser o antigo ‘Morro da Favela’, atual ‘Morro da Providência, no centro
do Rio de Janeiro, a primeira a existir em solo carioca, em 1897. Mas, quatro anos antes, no Morro de Santo
Antônio, no Largo da Carioca, onde atualmente há somente o Convento e a Igreja de Santo Antônio, já havia
moradias por soldados provenientes da Guerra do Paraguai e também da Guerra de Canudos. Ver (ABREU e
VAZ, 1991; COSTA, 1992; ABREU, 1993; ABREU, 1994; VALLADARES, 2000; ABREU, 2004; VAZ, 2003;
VAZ e JAQUES, 2003; CAMPOS, 2010; KEHL, 2010).
18
O primeiro documento oficial que menciona o termo ‘favela’ foi o Decreto 6.000, de
01.07.1937, divulgado pelo Código de Obras do então Distrito Federal (1937), em seu artigo
349, define a favela como sendo:
Capítulo XV, Título único “Extinção das Habitações Anti-Higiênicas”,
Seção II – Favelas. Art. 349.º – A formação de favelas, isto é, de
conglomerados de dois ou mais casebres regularmente dispostos ou em
desordem, construídos com materiais improvisados e em desacordo com as
disposições desse Decreto, não será absolutamente permitida
(PREFEITURA DO DISTRITO FEDERAL, p. 47).
Desta forma, seguirei nessa pesquisa adotando esses parâmetros apresentados como
definidor do termo ‘favela’ pois entendemos que a mesma “é o principal tipo de assentamento
precário urbano brasileiro” como citado por Queiroz Filho (2015, p. 345).
Após discorrermos sobre o nosso entendimento da definição de ‘favela’, iremos
adiante tratar do espaço-favela nas Favelas da Maré. Neste instante será usada, como fonte
bibliográfica, “A História da Maré” na página da internet da ONG – Organização Não
Governamental – Museu da Maré (http://www.museudamare.org.br/) e “História da Maré”
narrada por outra ONG da Maré, o Redes de Desenvolvimento da Maré
(http://redesdamare.org.br/blog/uncategorized/a-historia-da-mare) e por fim, a ‘História da
Maré em Capítulos’, do CEASM – Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré
(www.ceasm.org.br), site atualmente indisponível, usado em trabalho anterior (SANTOS,
2005).
A formação da Maré é um longo processo de alterações urbanas significantes que
assolou a Cidade do Rio de Janeiro durante o século XX, em particular, após a sua segunda
metade (SILVA, 2010).
Múltiplas transformações ocorreram ao longo da história na própria cidade, sendo
talvez o mais interessante para essa pesquisa, o acréscimo evolutivo da atividade industrial,
pois atraiu o interesse de boa parcela da população nordestina que deixaram sua terra natal –
principalmente do polígono das secas – em busca de trabalho e de uma nova condição de vida.
A essa altura, a região da Zona da Leopoldina3 já havia se transformado em núcleo
industrial. E, como as ‘terras boas’ do subúrbio tinham se tornado objeto da especulação
imobiliária, sobrou para a camada mais pobre da população a ocupação das áreas alagadiças
no entorno da Baía da Guanabara.
Ao fim da década de 40, já havia palafitas – barracos de madeira sobre a lama e a
água – na região. Surgem focos de povoação onde hoje se localizam as comunidades da
3
Zona da Leopoldina ou Região da Leopoldina é formada por dezessete bairros: Bonsucesso, Brás de Pina,
Cordovil, Del Castilho, Engenho da Rainha, Higienópolis, Inhaúma, Jardim América, Manguinhos, Maria da
Graça, Olaria, Parada de Lucas, Ramos, Tomás Coelho e Vigário Geral, Complexo do Alemão e Maré
(GUIMARÃES e GOUVEIA, 2010, p. 4).
21
4
Conforme Costa (2006, p. 289).
5
De acordo com o IBGE, “Bairros são subdivisões intraurbanas, de uso popular e relacionadas à história local.
Nem todos os Municípios possuem bairros, e existem casos em que o Município adota a estrutura legal de
Bairro, mas possui, além dos Bairros legalmente definidos, outros com denominação popular (não oficial) que
não são cadastrados pelo IBGE” (IBGE, 2019, p. 35).
22
→ Morro do Timbáu: Ocupação inicial na década de 1940 (figura 01), ‘período de mais
forte proliferação de favelas no Rio de Janeiro’ (VARELLA, BERTAZZO e JACQUES,
2002, p. 20), pouco antes da construção e abertura da Avenida Brasil, de 1946, que simboliza
a época de expansão da industrialização da cidade, onde a burguesia industrial se firma e
consolida seu poder. Essa região foi conquistada desde o período colonial, por se localizar,
ali, o antigo Porto de Inhaúma. A seguir, a área foi ocupada por portugueses e italianos que ali
estabeleceram suas chácaras e por pescadores que estabelecem uma colônia de pesca.
A ocupação se dá a partir da chegada da primeira moradora da comunidade, Dona
Orosina, que num passeio de final de semana se apaixona pelo lugar, e recolhendo a madeira
que a maré trazia, demarca uma área e constrói o primeiro barraco, com a ajuda de seu marido
(CEASM, 2005).
O Morro do Timbáu foi a primeira favela da Maré a ter sistema de rede de água, rede
de luz, rede de esgoto, pavimentação de ruas e equipamentos urbanos. Essas conquistas se
deram, principalmente, durante a administração de Joaquim Agamenon Santos, a frente da
Associação de Moradores do Morro do Timbáu, entre 1968 a 1983 (SANTOS, 1983, p. 25).
6
A origem do nome "Baixa do Sapateiro" é controversa e apresenta várias versões. Alguns moradores afirmam
que tal nome teve origem no fato de que a área hoje ocupada, teria sido de propriedade de um morador do centro
de Bonsucesso, que mantinha como zelador um português que também exercia o ofício de sapateiro. Outros
dizem que tal nome surgiu do jargão policial da época, que se referia aos nordestinos em geral como "baianos".
Pelo fato de na época haver um alto índice de criminalidade na comunidade, que por sua vez era formada
predominantemente por nordestinos, "baianos", teria a comunidade, por analogia, sido designada nas páginas
policiais como "Baixa do Sapateiro", numa alusão clara à região do mesmo nome localizada na cidade de
Salvador. Outra versão é a de que a área, por se localizar na parte baixa da Ponta do Tibau, que era dominada
pelo morro, e por apresentar vasta vegetação de mangues, principalmente de uma espécie conhecida como
"sapateiro", seria pelos antigos moradores chamada "Baixa dos Sapateiros", e que mais tarde, "Baixa do
Sapateiro". Disponível em: http://www.museudamare.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=127&Itemid=150
Acesso em 22.04.2019.
23
permanecendo na década de 40 com poucos habitantes surgia, ao final deste período (1947), a
primeira grande concentração humana que foi a Baixa do Sapateiro (ver figura 02) que na
época, teve sua formação a partir de um pequeno grupo de barracos construídos sobre
palafitas. Não há consenso sobre a origem do nome (SANTOS, 2005, p. 34).
A ocupação por moradias, de forma incipiente, ocorreu a partir dos limites do
“loteamento de Bonsucesso”, onde ainda se podem notar muitas moradias do início do século
XX. Nesse momento encontramos informações dos primeiros barracos nos jornais da época:
→ Parque Maré: Em 1950, surgem as primeiras moradias (vide figura 03) como um
prolongamento da ocupação ocorrida na Baixa do Sapateiro, vista anteriormente, e essa área
tornou-se bastante atrativa às populações que chegavam com o fluxo migratório,
fundamentalmente da Região Nordeste. A área que ia sendo ocupada pelos moradores do
Parque da Maré (1953 já estabilizado) era dominada pela lama, por vegetação de mangue e
pelo movimento das águas, tendo a partir da década de 60, ocorrido uma grande expansão da
ocupação em direção à Baía da Guanabara, sendo o Parque Maré, nesta época,
predominantemente tomado pelas palafitas.
Figura 03 – Parque Maré na década de 1950
→ Parque Major Rubens Vaz: A história do Parque Rubens Vaz inicia-se no ano de 1951,
quando nascem no local os primeiros barracos. O território, nesta época, era conhecido como
areal, devido à grande quantidade de areia distribuída no local, pela conjuntura da drenagem e
canalização do Canal da Portuária. Quando um indivíduo chegava à área para fixar residência,
já era comunicada de que não poderia construir à margem da Avenida Brasil, devido ao fato
de que seria futuramente alargada, como de fato ocorreu. Deste modo, ninguém construiu sua
habitação a menos de 40 metros da Avenida Brasil.
Em 1965, durante o Governo Carlos Lacerda, a população da área sente necessidade
de encontrar um nome oficial para o lugar. Escolhem o nome Rubens Vaz em homenagem ao
major assassinado em atentado na Rua Toneleros7, em Copacabana. A Associação de
moradores é, deste modo, registrada com o nome de Associação de Moradores do Parque
Major Rubens.
7
Rubens Florentino Vaz nasceu no Rio de Janeiro no dia 17 de março de 1922, filho de Joaquim Florentino Vaz
Júnior e de Zilda de Oliveira Vaz. Trabalhou na segurança do deputado e jornalista Carlos Lacerda quando na
madrugada de 05.08.1954, ao retornar de uma palestra na Tijuca, foi morto na entrada do prédio na Rua
Tonelero, 180, em Copacabana.
25
8
O advogado foi um dos principais envolvidos na criação da União dos Trabalhadores Favelados (UTF), um
dos primeiros órgãos a ter como objetivo organizar a ação conjunta de associações de moradores de favelas,
além de projetos que visassem à construção de uma via de acesso ao “direito à cidade” para os moradores desses
espaços. Atuou na Favela do Borel, na Tijuca, e na Favela Parque União, na Maré (GONÇALVES e
AMOROSO, 2015, p. 707).
9
A mudança na concepção das moradias nas favelas cariocas se deu, principalmente, no primeiro mandato do
Governo Leonel Brizola (março/1983 a março/1987) que permitiu que os moradores pudessem erguer suas
habitações, antes de madeira e zinco, por alvenaria. Como afirma Silva: “As favelas então passam por um
período de mudança, deixando evidenciado o poder de compra do pobre, visto que rapidamente as favelas foram
tomadas por casas de alvenaria” (SILVA, 2010, p. 79).
26
XIII10, que foi incorporada à Secretaria de Serviço Social da Prefeitura da Cidade do Rio de
Janeiro, nesse período estudado. Para uma melhor análise dessa situação é preciso voltar ao
passado e conhecer melhor o ‘Programa de Erradicação de Favelas’, que deu origem aos
CHPs – como a Nova Holanda.
10
A Fundação Leão XIII foi criada na Cidade do Rio de Janeiro, no dia 22 de Janeiro de 1947, através do
Decreto nº 22.498. Sua história e, principalmente, sua atuação sistemática no cenário sócio-político-espacial
carioca diferenciaram-na, talvez, de todas as outras instituições de assistência social brasileira do século XX por
ter sido a principal instituição assistencial no tocante às intervenções para a melhoria nas favelas. Suas ações
assistenciais, no período de 1947 até 1962, foram marcadas pela atuação concomitante em 33 favelas na cidade
do Rio de Janeiro. Mesmo essas ações variando em níveis de intervenção, garantiram algumas necessidades
sociais jamais proporcionadas anteriormente pelo Estado nesses espaços, como as questões de educação,
alimentação, saúde, lazer, apoio jurídico e urbanidades (ROBAINA, 2013, p. 177)
27
11
O Censo Maré, a fim de melhor descrição da heterogeneidade local, considerou a comunidade de Mandacaru,
localizada no território de Marcílio Dias, como uma comunidade específica, devido às suas condições peculiares.
12
O “Censo Maré 2000” foi um empreendimento com iniciativa do CEASM, com financiamento do BNDES e
com vínculos a um conjunto de iniciativas de Políticas Sociais da Prefeitura do Rio de Janeiro e que ficou
conhecido como “Projeto Multissetorial da Maré”.
13
Nesta pesquisa, optamos por trabalhar com dados do CENSO 2000 pois, o CENSO 2010, alterou a categoria
‘favela’ por ‘aglomerados subnormais’ e, desta forma, a metodologia usada pelo IBGE, a partir desse censo de
2010, modificou, totalmente, os parâmetros de definição de favelas e assemelhados.
28
(Rua Guilherme Frota), Joana Nascimento, Paraibuna, Conjunto Bento Ribeiro Dantas,
Conjunto Esperança, Conjunto Nova Maré, Conjunto Pinheiros, Conjunto Salsa e Merengue,
Conjunto Vila do João e Conjunto Vila Pinheiros.
Após a descrição e formação das seis comunidades que constituíam as ‘Favelas da
Maré’ à época de implementação do PROMORAR, partirei agora, para o esclarecimento do
que foi o Programa de Erradicação das Palafitas na Maré, que ficou mais conhecido na Cidade
do Rio de Janeiro, como ‘PROJETO RIO’.
Irei perceber que o espaço geográfico e territorial da Maré se reconfigura,
amplamente, devido à implementação desse programa governamental que, a partir de 1979 até
meados de 1985, realiza um rearranjo do espaço da Maré14, como explicitado a seguir.
14
De acordo com o Projeto de Lei nº 584/2010 de 24.03.2010, de autoria do Vereador Paulo Messina, em 08.05,
comemora-se o aniversário do Bairro Maré.
30
Negrão de Lima (66-67/68- 66-67 (s/r) 68-71 (33) 66-67 (s/r) 68-71 (12.782) 6.685/63.910
71)
15
De acordo com Brum: “Na década de 1960, a política de segregação espacial no Rio de Janeiro tomou
proporções inéditas, removendo os favelados das áreas centrais da cidade, particularmente na valorizada Zona
Sul, com a transferência destes para terrenos vazios na periferia. No contexto ditatorial do período, a política
sistemática de erradicação das favelas trouxe uma mudança drástica na relação entre Estado e favelas, quando a
remoção, ameaça sempre presente na vida das favelas, pôde ser executada com força total, garantida por uma
repressão nunca vista antes. Os favelados tiveram drasticamente reduzidas suas margens de manobra para se
contraporem aos interesses envolvidos na erradicação das favelas. Na virada da década de 1970 para 1980, a
Redemocratização afastou o fantasma da remoção, sendo algo muito esporádico no cenário da cidade. Fantasma
discreto, mas não eliminado” (BRUM, 2013, p. 180).
32
Desse período (década de 1960) até o início dos anos 80, a “cidade de casas de
palafitas” tornou-se marca da miséria nacional. Foi então que o governo federal arquitetou a
sua primeira grande intervenção na área: o PROJETO RIO, que previa o aterro das regiões
alagadas e a transferência dos moradores das casas de palafitas para construções pré-
fabricadas. Estes ‘novos territórios’ dariam origem às comunidades da Vila do João, Vila do
Pinheiro, Conjunto Pinheiro e Conjunto Esperança (CHAGAS e ABREU, 2007, p. 137).
Em 25/06/1979 surge o PROMORAR, resposta do governo a problemática
habitacional, através da Exposição de Motivos Ministerial nº 6616, por intermédio do então
Ministro do Interior do Governo do Presidente João Baptista Figueiredo, Mário Andreazza
(SANTOS, 2009, p. 24). O documento oficial rezava que:
(Em conjunto com os Ministérios da Marinha e da Fazenda e Secretaria de
Planejamento da PR). Programa de recuperação de áreas alagadas, através de
aterro hidráulico, com o aproveitamento de bancos de areia próximos,
objetivando solucionar a questão da submoradia nas zonas faveladas de
diversas capitais do País, com prioridade para a área da Favela da Maré, nos
Municípios do Rio de Janeiro e Duque de Caxias. "Aprovo. Em 25.6.79."
(BRASIL, 1979).
Por conseguinte, nas palavras de Victor Valla (1986, p. 141), “o programa visava
solucionar o problema das habitações subumanas, as favelas e as palafitas (ver figura 06),
urbanizando-as, quando possível, e erradicando-as, quando eram vistas como caso perdido17”,
na fala do Ministro ao discursar sobre o projeto.
16
Essa Exposição de Motivos Interministerial foi apresentada, em 25.06.1979, ao Presidente João Baptista
Figueiredo, e dizia entre outros pontos que “A remoção de agrupamentos para pontos afastados dos locais de
origem, por exemplo, nem sempre se mostra recomendável, porquanto pode significar não só a ruptura de
vínculos mantidos com a comunidade, mas, também, transtornos relativos a estilo de vida, situação de emprego,
condições de trabalho da família a nível complementação de salário, para se consumar mo desconforto do
aumento das distâncias e na ampliação dos encargos domésticos”.
17
Como rezava o Art. 66 da Constituição do Estado da Guanabara, de 27/03/1961.
33
O ‘Projeto Rio’ previa uma assistência desde a Ponta do Caju, até os rios Sarapuí e
Meriti, em Duque de Caxias, num trecho de 27 quilômetros (ver mapa 02), e apresentava
como objetivos centrais a criação de espaços para abrigar populações de baixa renda e criação
de condições para ambientação ecológica e paisagística do trecho mais poluído da Baía de
Guanabara. A execução do projeto coube ao Banco Nacional de Habitação (BNH), como
órgão financiador, e ao Departamento Nacional de Obras e Saneamento, incumbido de fazer
os aterros e macrodrenagem à FUNDREM, órgão estadual, coube o encargo das pesquisas de
levantamento cadastral (SANTOS, 2009, p. 60).
18
“Erradicação de favelas começa pelo Rio de Janeiro e Caxias” (Jornal do Brasil de 29/06/1979, p. 24).
“Andreazza anuncia plano contra favelas” (O Estado de São Paulo de 29/06/1979, p. 16).
35
Esta mesma autora afirma ainda que esse levantamento foi desenvolvido em nove
meses – entre junho de 1980 a março de 1981 –, a um custo estimado de US$ 131.000,
segundo câmbio de 1980, envolvendo, sob a coordenação da FUNDREM, a Fundação Leão
36
Em relação às obras no que se refere aos aterros hidráulicos nas Favelas da Maré,
houve conflito entre os agentes envolvidos no projeto e os ambientalistas. De acordo com Del
Rio (1990):
Ao mesmo tempo decidiu-se, ao contrário da opinião de inúmeros
ambientalistas, promover o aterro hidráulico de uma enorme área já bastante
comprometida com os processos de assoreamento, cujas causas principais
evidentes eram a ação do homem e a poluição da baía. A área total de
intervenção do ‘Projeto Maré’ incluía cerca de 130 hectares de aterro, uma
escala que, evidentemente, representou imensos custos ao BNH, que não
poderia repassá-los aos mutuários pois isto significaria uma prestação muito
acima de sua capacidade de pagamento. Apesar de não ser nosso objetivo
desenvolver esta questão, é necessário apontar que estes fatores, ao moldar a
ação do BNH no caso Maré, representaram fardo significativo na falência
institucional do sistema e,principalmente, que esta experiência serviu para
demonstrar o despreparo do órgão para atuação em primeira linha e como
agente promotor (p. 124).
A realização de uma nova orientação na política urbana brasileira adquiriu, nos anos
de 1980 e 1981, grande relevância, principalmente na denominada política de urbanização de
favelas, que inclui a regularização da posse precária dos moradores que ocupam e constroem
38
Há alguns meses, o Governo vem falando que vai implantar nas favelas da
Maré um tal Projeto-Rio; fala de várias mudanças mas não menciona a
ameaça de remoção que paira sobre os 250 mil moradores da favela, contra o
qual a FAFERJ se utilizará de todos os instrumentos para impedir,
dependendo apenas da união dos moradores em torno da defesa de seus
Interesses. Pelo que foi dito até agora, esse projeto vai modificar tudo na
Avenida Brasil. Fala-se em acabar com as palafitas, urbanizar algumas partes
da favela e construir numa área próxima um conjunto onde ficará parte dos
moradores e, no que parece, a coisa será maior, abrangendo desde o Caju até
Caxias, como a construção de uma avenida paralela a Avenida Brasil,
sobrando espaço para uma zona industrial, áreas de lazer, transporte fácil,
emprego perto. Enfim, o paraíso estaria a nosso alcance. Mas como pobre
quando vê muita esmola desconfia..., é melhor botar as barbas de molho.
Assim como não falam da ameaça as 250 mil pessoas, não mencionam que o
meio ambiente da Baía de Guanabara será atingido, causando distúrbios
marítimos gravíssimos e nem que a Universidade Federal do Rio de Janeiro,
situada no Fundão, também será atingida, Com tudo isso, o Governo não se
dispõe, até hoje, a divulgar seu plano de trabalho. Com tanta gente e tantos
interesses sendo afetados, como explicar o silêncio das autoridades, ainda
mais que as obras já se iniciaram? O quê há por trás do Projeto-Rio? Os
moradores da Maré vão botar as barbas de molho mas não vão ficar de braços
cruzados. O importante é continuar brigando, para que o projeto seja
divulgado e os moradores – e demais interessados possam fazer as sugestões
que acharem necessárias. Devemos Impedir a remoção de qualquer forma.
Uma única família removida constitui o primeiro passo para a remoção de
uma após outra. Eles devem estar premeditando uma remoção sutil, sem
escândalos e dificultando a reação dos moradores. Foi assim em Brás de Pina.
A única forma de combater esse novo golpe é estarmos unidos e organizados
nas Associações de Moradores, exigindo um plano de urbanização que não
prejudique os moradores. E, neste sentido, a FAFERJ continua disposta a
cerrar fileiras (p. 03).
Por conseguinte, podemos afirmar que, as favelas podem ser identificadas como
territórios segregados dentro do espaço urbano e esta segregação é potencializada pelo
constante reconhecimento destas áreas como lócus de concentração, seja através do tráfico de
drogas, da marginalidade ou, principalmente, da ausência do estado nesses locais (SANTOS,
2009, p. 26).
Em relatório intitulado “Favelas” de 1958 do SERFHA – Serviço Especial de
Recuperação de Favelas e Habitações Anti-Higiênicas –, mostrado por Reynaldo de Mattos
39
Reis ao então prefeito do Distrito Federal José J. de Sá Freire Alvim, é oferecido algumas
preposições à respeito dessas habitações populares: um estudo de momento, bem como, o
plano estrutural para solucionar a problemática das favelas.
Em suas palavras, Reynaldo Reis (1958) culpa o poder público municipal pela
situação e a existência das favelas cariocas:
Embora a existência de “favelas” não seja peculiar ao Rio de Janeiro, a
verdade é que a formação desses aglomerados se deve, em parte, à abstenção
das autoridades municipais, no que se refere ao planejamento e à ordenação
urbana, bem como a ausência de uma política habitacional que deveria
constituir sempre matéria básica de urbanismo (p. 05).
19
De acordo com Steinert este foi o setor que teve o melhor tratamento pela Consultora, a Engevix, pois foi
prevista a implementação de 4.300 lotes, sendo 1.300 no trecho prioritário sobre o solo existente e 3.000 sobre o
aterro hidráulico (1983 p. 171).
20
De acordo com Oliveira, “no que refere à distribuição de títulos de propriedade, calcula-se em torno de 10 mil
o número de habitações que terão sua situação regularizada, nas seis favelas que compõem o subconjunto de
Ramos, área definida como prioritária pelo Projeto” (OLIVEIRA et alii, 1983 p. 245).
40
Licia do Prado Valladares (1977, p. 1393) afirma que a origem das associações que
aparecem na favela tem sua importância e seus significados. A autora distingue dois tipos de
organizações nas favelas: uma de origem local e outra de origem externa (a estas vêm juntar-
se aquelas que foram fundadas por dissidência ou fusão das existentes).
As associações de moradores conseguem se organizarem de forma mais sistemática
e, desta forma, em maio de 1960 criam o Congresso Permanente das Associações de Amigos
de Bairros do Rio de Janeiro, que inicia com vinte entidades e, mais tarde, esse número chega
a quarenta e quatro filiadas (FILHO, 1990, p. 47).
A funcionalidade de uma associação de moradores depende de alguns pontos:
1º) Seus membros têm que conhecerem bem o território em que estão envolvidos e quais
necessidades se apresentam e quais potencialidades devem ser aproveitadas dando uma boa
imagem àquelas pessoas que são de fora desse território, pois assim, podem propor uma
melhora na qualidade de vida dos moradores locais;
2º) Essa entidade deve ter um conjunto de princípios e objetivos e responsabilidade por parte
de seu presidente e sua diretoria. Só assim haverá uma melhor comunicação entre essa
associação e seus credenciados. Isso agrega os associados no sentido de maior participação no
processo democrático, na solidariedade e na liberdade, para que aja uma participação
dinâmica entre os comuns (VILAÇA, 1991).
Diante de tantas dúvidas e incertezas quanto ao PROJETO RIO e suas implicações
quanto à eficácia de suas realizações prometidas e, muitas delas, não cumpridas, eis que surge
nas Favelas da Maré, a Comissão de Defesa das Favelas da Maré – a CODEFAM21.
Na tentativa de se criar uma voz de defesa em relação aos moradores da Maré é
criada a Comissão de Defesa das Favelas da Maré (CODEFAM) em 10/06/1979, composta de
cinco diretores, dois assessores e um presidente, todos ligados a entidades representativas das
seis favelas da Maré (SILVA, 1984). Essa associação teve o mérito de ser o canal de
comunicação entre os moradores e as entidades envolvidas do programa, principalmente o
DNOS, e sua atuação foi assim definida por Santos (2005):
Por várias vezes surgiam desconfianças por parte dos moradores devido aos
atrasos nas obras e ao não cumprimento dos cronogramas e, neste sentido, as
associações de moradores tiveram um papel de suma importância ao criarem
a CODEFAM – Comissão de Defesas das Favelas da Maré – onde exerceram
forte pressão para que as promessas de campanha fossem cumpridas (p. 45).
21
Lembrando que nesse momento (1979), nas seis comunidades da Maré, já haviam sido criadas as associações
de moradores. A CODEFAM surgiu com o intuito de agregar idéias e ideais que eram concomitantes às
reivindicações dos moradores de cada comunidade.
44
22
Nesta pesquisa iremos abordar, de forma sucinta, a CODEFAM, pois essa instituição foi esmiuçada em
trabalho anterior (SANTOS, 2016). Daremos uma ênfase maior a Comissão de Desenvolvimento Social da Área
da Maré por se tratar do objeto de pesquisa desse trabalho.
23
Como mostrado no Projeto de Loteamento (PAL) nº 38.994 e Projeto de Alinhamento (PAA) nº 10.310, que
inclui a Baixa do Sapateiro e o Morro do Timbáu, encontrado no site da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro.
Disponível em: http://www2.rio.rj.gov.br/smu/acervoimagens/imagenspaa/4/0/52.JPG
45
24
Jornal O Globo, 16/07/1979, p. 09 e 17/07/1979, p. 13.
47
Magalhães afirma ainda que uma suposta “unidade nem sempre era possível, pois
cada representante pensava de uma forma e, por isso, entre uma reunião e outra, tal aliança
não se estabelecia por interesses políticos diferentes” (Ibidem).
Destacaremos, agora, em relação a CODEFAM, o lado ‘negativo’ da atuação de seus
representantes. Em trabalho realizado em agosto/1980-1983, Pinheiro e Maia relatam que a
CODEFAM:
25
Essas atitudes nefastas da CODEFAM, em nada tem haver com o parágrafo segundo do Art. 2º de seu estatuto
que rezava que essa instituição deveria: “Defender, intransigentemente, os direitos dos moradores da área da
Maré, lutando para que sejam atendidas as necessidades das comunidades dela participantes no que tange à
implementação do Projeto Rio ou outro que trate da urbanização da área”, extraído do Estatuto da Comissão de
Defesa das Favelas da Maré (1979, p. 02).
26
No Art. 1º, o Decreto apontava que: “Fica criada, no âmbito da Secretaria de Planejamento e Coordenação
Geral da Governadoria do Estado, a Comissão de Desenvolvimento Social da Área da Maré”.
49
→ Formular e propor a adoção de critérios a serem aplicados pela CEHAB, na seleção dos
futuros moradores das unidades construídas pela CEHAB, na área do Projeto Rio, incluindo o
Conjunto Habitacional do Canal do Cunha; e
→ Realizar o levantamento e atualização de dados e indicadores para trabalho social na área
em questão.
Os representantes dessa comissão estavam assim representados no terceiro artigo:
Arquidiocese de São Sebastião do Rio de janeiro (Pastoral das Favelas), Comissão de Defesa
das Favelas da Maré (CODEFAM), Banco Nacional da Habitação (BNH), Companhia
Estadual de Habitação do Rio de janeiro (CEHAB), Fundação Leão XIII, Secretaria
Municipal de Desenvolvimento Social (SMDS) e a Fundação para o Desenvolvimento da
Região Metropolitana (FUNDREM). O presidente desta comissão será escolhido pelos
membros na seção de inauguração dessa entidade, como consta do Decreto.
Em documentos cedidos pela socióloga Licia do Prado Valladares, em referência à
Comissão de Desenvolvimento Social da Área da Maré, foi possível encontrar e analisar atas
de vinte e duas ‘Reuniões Ordinárias’ dessa comissão, ocorridas entre abril a outubro de 1982.
Nessas atas foi possível verificar que, de forma resumida, a importância da criação dessa
entidade naquele momento de turbulência política na Maré (Ver anexos).
Neste momento, iremos realizar uma breve discussão sobre os pontos principais que
constam dessas vinte e duas reuniões realizadas pela Comissão de Desenvolvimento Social da
Área da Maré:
→ Na primeira reunião, realizada em 13.04.1982, fica evidenciada a principal função da
Comissão: o “Estabelecimento de critérios de ocupação de cada conjunto habitacional;
→ Realizada em 19.04.1982, a segunda reunião apresenta, como ponto principal que, “a
Comissão reitera pedido junto ao BNH por um representante nas reuniões”. O BNH ignora a
participação nas reuniões;
→ Na terceira reunião da Comissão, em 23.04.1982, uma das principais medidas tomadas foi
a “Solicitação ao TRE para instalação de um posto para confecção de Título de Eleitor”;
→ No quarto encontro da Comissão, em 30.04.1982, o ponto relevante foi a “Destinação de
recursos da Fundrem para construção de uma passarela na Av. Brasil”, principal via de acesso
dos moradores da Maré naquele instante;
→ Em 07.05.1982, na quinta reunião, a relevância foi a “Solicitação à Xª Região
Administrativa de uma agência de empregos na Maré”, aproveitando os aparelhos municipais
e estaduais que seriam implementados na área da Maré, naquele momento;
50
Fundrem”. Outro passo importante para a consolidação das favelas da Maré no que tange à
urbanização da área;
→ A décima quinta reunião ordinária da Comissão realiza-se em 29.07.1982 e tem como foco
principal, pela terceira vez, a solicitação dos “Presidentes de Associações de Moradores da
Maré, sobre a participação do BNH, nas reuniões dessa Comissão, através de um memorial”.
→ No décimo sexto encontro, em 11.08.1982, a Comissão debate a “Posição dos trabalhos de
inscrição para o Conjunto do Canal do Cunha através da Cehab”;
→ A décima sétima reunião ocorre em 17.08.1982, onde é analisado a “Instalação provisória
da Polícia Militar próximo ao escritório de obras da Cehab”. A presença de um destacamento
policial na área da Maré naquele momento, se torna imprescindível;
→ Em 24.08.1982 acontece a décima oitava reunião onde é apresentado aos presentes que “A
Codefam acusa o BNH de contratar pessoas da área da Maré para fazer um trabalho paralelo
junto às comunidades”. Essa medida torna os trabalhos dos órgãos envolvidos no Projeto Rio
inviável, pois ‘essas pessoas da área da Maré’ eram, em boa parte, associados ao tráfico local.
→ No encontro do dia 01.09.1982, na décima nona reunião da Comissão, coloca-se em
questão que “A Comissão toma ciência que foi entregue 1.546 casas no Conjunto Setor
Pinheiros em 26.08.1982 e também a ocupação dos apartamentos do Canal do Cunha, por
parte do BNH, sem o conhecimento de ‘todos’ dessa Comissão”;
→ A vigésima reunião ordinária da Comissão, realizada em 15.09.1982, tem como ponto
principal de debate o ponto em que “A Cehab reclama que ‘não foi convidada’ para a
inauguração das casas da recém criada Vila do João”. Mais uma vez evidencia-se a falta de
comprometimento por parte do BNH em se manter próximo dos órgãos associados no Projeto
Rio e a população local;
→ No vigésimo primeiro encontro, em 22.09.1982, a discussão concentra-se no
“Representante da Fundação Leão XIII que reclama que ‘Elementos da Chamada Equipe de
Apoio27’, contratada pelo BNH, estaria coibindo a atuação de representantes do Estado e do
Município no processo cotidiano dos órgãos envolvidos no Projeto Rio, como apresentado na
décima oitava reunião;
→ E para finalizar, no vigésimo segundo encontro dessa Comissão, em 06.10.1982, há o
“Pedido do Corpo de Bombeiros para a cessão da área de 1.112,28 m2 para a instalação de um
27
Em matéria do Jornal A Luta Democrática dizia que “O gerente da carteira Promorar do BNH, Edgar Gurgel
do Amaral, negou que o banco tivesse contratado marginais para orientar a transferência das famílias. Disse que
sua remoção foi feita com apoio da Comunidade, onde há muitos marginais, “com os quais mantemos um ótimo
relacionamento, e a sua ajuda foi espontânea” (FAVELADOS..., 1983).
52
destacamento na Vila do João”. Assim como o destacamento policial, era fundamental, que o
Corpo de Bombeiros tivesse um destacamento na área da Maré naquele momento.
A seguir irei apresentar algumas matérias jornalísticas sobre os pontos que
consideramos ‘negativos’ na atuação da Comissão de Desenvolvimento Social da Área da
Maré, principalmente, no que se refere à entrega dos apartamentos do Conjunto Esperança.
Em 19.10.1982, o Jornal do Brasil, noticiava a invasão no Conjunto Esperança:
Armas sacadas não chegaram a disparar, mas houve muito tumulto, com
empurrões e correria, quando centenas de favelados da área da Maré,
arrombaram, invadiram e ocuparam, ontem à tarde, os apartamentos do
conjunto Esperança, da Cehab. Móveis, colchões e pessoas entraram pelos
portões abertos a pontapés ou pelas janelas quebradas, marcando o direito de
quem chegasse primeiro. Ao todo, 320 apartamentos, foram invadidos, numa
ação decidida durante o final de semana em reuniões de pessoas inscritas na
Cehab e que temiam ficar sem seus apartamentos, inaugurados mês passado
mas ainda não distribuídos. O órgão estadual informou, à noite, estar
buscando uma solução pacífica para o impasse (FAVELADOS..., 1982).
Mais adiante, nesta mesma matéria, o jornal afirmava que, em relação à invasão:
O Jornal Folha de São Paulo, edição de 20.10.1982, exibiu uma pequena matéria
sobre as denúncias de corrupção e favorecimento na entrega de apartamentos no Conjunto
Habitacional Esperança:
A datilógrafa da Telerj, Ligia Machado Pereira, afirmou ontem que “tive
que dar meu telefone, no valor de Cr$ 250 mil”, ao presidente da
Associação de Moradores do Parque União, Custódio Balardino, para poder
tomar posse do apartamento que comprou da CEHAB, no conjunto
residencial Esperança, invadido há dois dias por cerca de 600 pessoas, no
Rio de Janeiro. Ela foi a única que se identificou ao fazer denúncias sobre
corrupção e favorecimento na entrega dos 1.400 apartamentos do conjunto,
que foi construído pelo governo do Estado para atender aos favelados da
Maré, dentro do Projeto Rio. Outras pessoas, sem dar o nome, acusaram os
dirigentes das sete associações de moradores da Maré de cobrar entre Cr$
200 mil e Cr$ 600 mil para a entrega das chaves aos proprietários dos
apartamentos (CORRUPÇÂO..., 1982).
53
Um dos mais tensos era o motorista Sebastião Alexandre da Silva. Ele queria
conversar com alguém da Cehab para saber se receberia de volta os Cr$ 100
mil pagos a Manolo para ganhar um dos apartamentos. O motorista contou
que dera a Manolo, que além de presidente da Associação do Parque da
Maré, é presidente da Comissão de Defesa da Área da Maré (Codefam), o
dinheiro em troca da seguinte declaração, em papel timbrado da primeira
entidade: “Da Codefam para a Comissão de Desenvolvimento Social da Área
da Maré. Declaração. Declaro para os devidos fins e direitos que o Sr.
Sebastião Alexandre da Silva reside na Rua Santo Antônio nº 13, no Parque
Maré, pagando aluguel em substituição ao Sr. Manoel Antônio da Silva,
sendo a residência de propriedade do próprio, cadastrado sob o nº 303013-A.
O mesmo é verdade. Assino e dou fé. Assinado Manoelino Silva”
(INVASORES..., 1982).
A edição de 06.11.1984 do Jornal Última Hora, intitulada “Maré troca líderes para
cobrar promessas”, afirmava a real situação política envolvendo os presidentes das
associações de moradores locais:
28
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2291.htm Acesso em 10.12.2015.
29
Falecido em novembro de 2018.
56
5 – CONCLUSÃO
30
Os autores trabalham com a hipótese de localidade ao invés de comunidade devido às confusões existentes
com relação a este último, usado para designar as etnografias de lugares específicos. Para eles a ‘Comunidade’
“é tomada como uma unidade socioestrutural de algum tipo. Em geral, ela tem sido considerada como uma
forma de microcosmo de uma espécie de macrocosmo chamado sociedade total, ou algo equivalente” (LEEDS &
LEEDS, 2015. P. 67). Já localidade, esses autores definem como sendo uma “organização social que pode ser
vista como um sistema altamente flexível de adaptação humana. Sua extrema flexibilidade e fluidez, sua
complexidade não mapeada e não especificada permitem-lhe uma ampla gama de respostas para uma variedade
quase infinita de acontecimentos, contextos e exigências” (Ibidem, p. 73).
59
6 – REFERÊNCIAS
ABREU, Maurício de Almeida e VAZ, Lilian Fessler. Sobre as Origens da Favela. In: Anais
do IV Encontro Nacional da ANPUR. Salvador. 1991. Disponível online em:
http://unuhospedagem.com.br/revista/rbeur/index.php/anais/article/view/1897/1860 Acesso
em 17.11.2015.
ABREU, Maurício de Almeida. A Favela Está Fazendo 100 Anos: Sobre os Caminhos
Tortuosos da Construção da Cidade. In; v Encontro Nacional da ANPUR. 24 a 27/08/1993.
Belo Horizonte. Volume 1. UFMG/CEDEPLAR. 1995.
______. A Favela Está Fazendo 100 Anos: Sobre os Caminhos Tortuosos da Construção da
Cidade. In: III Simpósio Nacional de Geografia Urbana. 13 a 17/09/1993. AGB. UFRJ. IBGE.
CNPQ. Rio de Janeiro. 1993
______. Reconstruindo uma história esquecida: Origem e Expansão Inicial das Favelas do
Rio de Janeiro. Espaço & Debates. Volume 37. São Paulo. 1994.
BIRMAN, Patricia. Favela é comunidade? In: SILVA, Luiz Antonio Machado da (Org).
Vida sob Cerco: Violência e Rotina nas Favelas do Rio de janeiro. Editora Nova Fronteira.
Rio de Janeiro. 2008.
BRUM, Mário Sergio. Da Luta Pelo Solo Urbano à Negociação Pela Urbanização:
Associativismo em Favelas Cariocas na Redemocratização. Revista Perseu – História,
Memória e Política. Fundação Perseu Abramo. Número 6. Ano 5. Volume 1. São Paulo. 2011.
CARLOS, Ana Fani Alessandri. A Condição Espacial. Editora Contexto. São Paulo. 2011.
_______. Metageografia: Ato de Conhecer a Partir da Geografia. In: CARLOS, Ana Fani
Alessandri (Org.). Crise Urbana. Editora Contexto. São Paulo. 2015.
CODEFAM aplaude ação do Estado. Jornal O Globo. Rio de Janeiro, 26 de maio de 1982. p.
11. Rio. Disponível em: http://acervo.oglobo.globo.com/consulta-ao-
acervo/?navegacaoPorData=197019790616 Acesso em 09.12.2015.
CORRÊA, Roberto Lobato. O Espaço Urbano. Editora Ática. Rio de Janeiro. 1989.
COSTA, Marcus de Lontra. Favela: A terceira cidade no Brasil. Revista Módulo. Revista de
Arquitetura, Arte e Cultura. Entrevista com Oscar Niemeyer. Nº 57. Editora Avenir. Rio de
Janeiro. Fev/1980.
DINIZ, Eli. Favela: Associativismo e Participação Social. In: BOSCHI, Renato Raul (Org).
Movimentos Coletivos Urbanos no Brasil. Editora Zahar. Rio de Janeiro. 1982.
FIGUEIREDO VISITA O PROJETO RIO. Revista Manchete. Edição 1524. Rio de Janeiro.
1981.
FREIRE, Leticia de Luna. Favela, bairro ou comunidade? Quando uma política urbana
torna-se uma política de significados. Dilemas: Revista de Estudos de Conflitos e Controle
Social. Volume 01. Número 02. Rio de Janeiro. 2008. Disponível em:
lemetro.ifcs.ufrj.br/favela_bairro_ou_comunidades.pdf Acesso em 23.04.2019.
64
GONÇALVES, Rafael Soares. A Construção Jurídica das Favelas do Rio de Janeiro: Das
Origens ao Código de Obras de 1937. Revista Os Urbanistas. Revista de Antropologia
Urbana. Ano 4. Volume 4. Número 5. Fevereiro de 2007. São Paulo. Revista online.
Disponível em: http://www.osurbanitas.org/osurbanitas5/rafaelsgoncalves.html Acesso em
17.04.2019.
HARVEY, David. O Espaço Como Palavra Chave. Tradução livre: Letícia Gianella.
Revista GEOgraphia. V. 14. Nº 28. Editora UFF. Niterói. 2012.
KEHL, Luis. Breve História das Favelas. Coleção Saber de Tudo. Editora Claridade. São
Paulo. 2010.
MARÉ TROCA LÍDERES PARA COBRAR PROMESSAS. Jornal Última Hora. Rio de
Janeiro, 06 de novembro de 1984. Rio. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/docreader.aspx?bib=386030&pasta=ano%20198&pesq=Mar
%C3%A9 Acesso em 09.12.2015.
NÓS E O PROJETO RIO. Jornal União da Maré. Ano 02. nº 06. Fevereiro/1981. Rio de
Janeiro. 1981.
NUNES, Maria Julieta. Sobre Favelas e Condomínios. Centro e Periferia. In: LUCARELLI,
F; DUARTE, C.F.; SCIARETTA, M. (Org.). Favelas & Cidade. Giannini Editore. Volume1.
Napoli. Itália. 2008.
OLIVEIRA, Jane Souto de (et al.). Favelas do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro:
DEISO/SUEGE/DT/IBGE, 1983. Versão preliminar.
PEDROSO, Maria José. O Pró-morar. Revista Módulo. Edição 71. p. 18. Rio de Janeiro.
1982.
PINHEIRO, Augusto Ivan de Freitas e MAIA, Maria Ubiracira. Rio de Janeiro, 4 Favelas.
Bouwcentrum International Education. Rotterdam. 1980/1983.
POLÍCIA AINDA NÃO ENCONTROU LÍDER DA MARÉ. Jornal do Brasil. Edição 198.
23.10.1982. p. 14. Rio de Janeiro. 1982.
67
PROJETO RIO: Uma ameaça para 250 mil favelados. Jornal da FAFERJ. Órgão oficial da
Federação das Associações de Favelas do Estado do Rio de Janeiro. Ano I. nº 01. Abril de
1980. Rio de Janeiro. 1980.
RAFFESTIN, Claude. Por Uma Geografia do Poder. Editora Ática. São Paulo. 1993.
REIS, Reynaldo de Mattos. Favelas: Relatório Reynaldo Reis. Rio de Janeiro. 1958.
Reitor da UFRJ: grupo de trabalho tem toda a liberdade. Jornal O Globo. Rio de Janeiro, 22
de junho de 1979. p. 9. Rio. Disponível em: http://acervo.oglobo.globo.com/consulta-ao-
acervo/?navegacaoPorData=197019790616 Acesso em 09.12.2015.
SANTOS, Carlos Nelson Ferreira dos. História do Morro do Timbáu. UFF. Rio de Janeiro.
1983
SANTOS, Milton. Espaço e Método. Editora Nobel. 1995. São Paulo. 2ª Edição. 1997.
SANTOS, Caroline Rocha dos. Estado e favela: um estudo de caso sobre a ampliação de
direitos a partir das lutas populares. Anais do V Congresso da ABraSD. GP 05 – Direitos e
Movimentos Sociais. Pesquisa em ação: Ética e Práxis em Sociologia do Direito. 19 a 21 de
novembro de 2014. Vitória/ES. 2014.
SILVA, Sandra Monarcha Souza e. Espaço e Favela: O Projeto Rio e a Favela da Maré.
Dissertação de Mestrado. IPPUR/UFRJ. Rio de Janeiro. 1984.
SOUZA, Marcelo José Lopes de. O território: sobre espaço e poder. Autonomia e
desenvolvimento. In CASTRO, I. E. de; GOMES, P. C. da C.; CORRÊA, R. L. (Orgs.).
Geografia: conceitos e temas. Editora Bertrand Brasil. Rio de Janeiro. 2001.
SOUZA E SILVA, Jailson de e BARBOSA, Jorge Luiz. Favela: Alegria e Dor na Cidade.
Editora Senac. Rio de Janeiro. 2005.
SOUZA E SILVA, Jailson de et al. O Que é Favela, Afinal? Observatório de Favelas. Rio de
Janeiro. 2009. Disponível online em: http://observatoriodefavelas.org.br/wp-
content/uploads/2013/09/o-que-%C3%A9-favela-afinal.pdf Acesso em 17.04.2019.
STEINERT, Cristina Maria Sobral. Projeto Rio: uma estratégia para um projeto urbano
integrado. Dissertação de Mestrado. IPPUR/UFRJ. Rio de Janeiro. 1983.
UFRJ aceita sugestões para seu estudo sobre o Projeto Rio. Jornal do Brasil. Rio de Janeiro,
22 de junho de 1979. p. 15. Caderno Rio. Disponível em:
http://news.google.com/newspapers?nid=0qX8s2k1IRwC&dat=19790622&printsec=frontpage&hl=pt-BR
Acesso em 25.05.2013.
VALLA, Victor Vicente (Org). Educação e Favela: Políticas para as favelas do Rio de
Janeiro 1940/1985. Editora Vozes e Abrasco. Petrópolis. 1996.
VALLADARES, Licia do Prado. Uma Favela por Dentro. Revista Mundo Nuevo. Revista
de America Latina. Instituto Latinoamericano de Relaciones Internacionales (ILARI). Nº 29.
Argentina. 1968.
VAZ, Lilian Fessler e JACQUES, Paola Berenstein. Pequeña Historia de Las Favelas de
Rio de Janeiro. Ciudad Y Territorio: Estudios Territoriales. Ministerio de Fomento. Madrid.
XXXV. 2003.
A N E X O S
72
Anexo 01 – Atas das Reuniões Ordinárias da Comissão de Desenvolvimento Social da Área da Maré
Reunião Data Local Representantes Principais pontos
A Comissão reitera
Cehab, Pastoral de Favelas, pedido junto ao BNH
CEHAB/RJ Codefam, Fundação Leão por um representante
(Mercado São XIII, S. M. D. S., Fundrem, nas reuniões; Reclamação
2ª 19.04.1982 Sebastião/Penha) Associação de Moradores do da Codefam com o BNH
Parque Major Rubens Vaz sobre a entrega de títulos
definitivos aos
proprietários da Maré, não
somente do Timbáu, que
já ocorreu.
Reivindicação da Pastoral
de Favelas de um
integrante do “Jornal
União da Maré” nas
Cehab, Pastoral de Favelas, reuniões dessa Comissão
Codefam, Fundação Leão (Sendo negada);
XIII, S.M.D.S., Fundrem, Representante do
12ª 07.07.1982 E.M. BAHIA Associação de Moradores do Timbáu questiona que
Rubens Vaz, Roquete Pinto, sua localidade está sendo
Parque União, Baixa do titulada e a Prefeitura
Sapateiro e Timbáu não elaborou um ato
contendo as normas de
construções e as
Posturas municipais
para estabelecer a
“Convenção de
Condomínio”.
Cehab, Codefam, Fundação
Leão XIII, S.M.D.S., Proposta da S.M.P. da
Fundrem, Associação de criação de um grupo de
CENTRO Moradores do Rubens Vaz, trabalho com
13ª 14.07.1982 ADMINISTRATIVO Parque União, Baixa do participação de
DA CEHAB/RJ Sapateiro, Timbáu, Parque entidades a nível
Maré, Nova Holanda, estadual/municipal p/
Roquete Pinto e Sto. Amaro, acelerar os trabalhos dos
Subsecretaria de “Projetos de
Planejamento de Obras e Alinhamentos na Área
Serviços Públicos, Faferj, da Maré.
Xª R.A.
Cehab, Codefam, Fundação
Leão XIII, S.M.D.S., Elaboração do
Fundrem, Associação de “Código de
Moradores do Rubens Vaz, Urbanização/Edificação
14ª 21.07.1982 CEHAB/Escritório Parque União, Baixa do para as área faveladas
de Fiscalização na Sapateiro, Parque Maré, no Projeto Rio”, através
Maré Nova Holanda, Roquete da Fundrem.
Pinto e Sto. Amaro, Xª R.A.
e Faferj