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Energias que movem o mundo

Formação continuada de professores


Ciências - 9° Ano do Ensino Fundamental

Afinal o que é o pré-sal?


A produção, o armazenamento e a distribuição da energia colocam em articulação diferentes
interesses políticos, econômicos e sociais, todos eles implicados em discussões acerca de fontes de
energia a serem exploradas e adotadas em nosso país.

Você já deve ter ouvido falar bastante na mídia sobre a descoberta do pré-sal e a busca por
novas fontes de energia como solução para a sonhada ‘autonomia energética’. Esses discursos figuram
como perspectivas que viabilizariam a independência energética em relação aos países que possuem
as maiores reservas petrolíferas, como Rússia, Arábia Saudita, Estados Unidos, Irã, China, Canadá, Mé-
xico e Emirados Árabes.

Contudo, algumas outras questões acabam sendo negligenciadas e/ou pouco enfatizadas,
principalmente quando se trata do domínio e do avanço tecnológicos para a extração de petróleo no
Brasil. Os impactos ambientais, por exemplo, são pouco trabalhados nos meios de comunicação de
massa, tanto no que tange à extração do petróleo quanto ao limite dessas ‘reservas’ não renováveis.

Além disso, os aspectos econômicos, sociais e políticos que norteiam as tomadas de decisão
são tratados muitas vezes de modo superficial, sem complexificar o jogo de interesses que estão sen-
do negociados.

Vamos, então, estender essas discussões, começando pelo processo de formação dessa “pre-
ciosidade” geológica.

Como surge o pré-sal?

A camada de pré-sal se formou há milhões de anos. Não se sabe ao certo o motivo pelo qual
foi formada essa imensa reserva de petróleo na região denominada pré-sal, mas uma das teorias é de
que tenha surgido devido à separação dos continentes da América do Sul e África, há aproximada-
mente 120 milhões de anos.

O pré-sal refere-se a um conjunto de reservatórios mais antigos que a camada de sal. A camada
pré-sal tem extensão de 800 km por 200 km de largura no litoral brasileiro, localizada em grandes pro-

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fundidades do Oceano Atlântico, bem abaixo de uma extensa camada de sal, de cerca de pelo menos
7 km (7.000 m) de profundidade. Veja a Figura 1 para ter uma ideia da camada do pré-sal.

Figura 1: Ilustração da camada do pré-sal em comparação com as camadas superiores


Fonte: http://www.petrobras.com.br/pt/nossas-atividades/areas-de-atuacao/exploracao-e-producao-de-petroleo-e-gas/pre-
-sal/

A área que tem recebido destaque é o trecho que se estende do norte da Bacia de Campos ao
Sul da Bacia de Santos, desde o Alto Vitória até o Alto de Florianópolis, respectivamente.

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Figura 2: Mapa da área de ocorrência de petróleo na camada pré-sal do Brasil
Fonte: http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/volumes-excedentes-do-pre-sal-10-a-15-bilhoes-de-barris.htm

O Brasil pode se tornar o 5° país mais rico do mundo graças a essa extração no pré-sal, mas há
controvérsias quanto a essa riqueza, como questões relacionadas ao ritmo de extração de petróleo e
ao destino dela. Por exemplo: imaginemos que o Brasil extraia todo o petróleo muito rápido; ele pode
se esgotar em apenas uma geração.

Somada a essa questão, se o país se tornar um grande exportador de petróleo bruto, isso pode
sobrevalorizar o câmbio, dificultando as exportações e facilitando as importações. O resultado é o
enfraquecimento de outros setores produtivos, como a indústria e a agricultura, além de todas as
questões ambientais, colocadas nos textos-base 4, para a exploração de recursos não renováveis.

O petróleo é nosso ou o petróleo tem que ser nosso?

O Brasil já vivenciou, no período de Getúlio Vargas, uma fase que se tornou famosa pelo lema
entoado pelo governo: “O petróleo é nosso!". Envolveu uma campanha em prol do petróleo brasileiro,
patrocinada pelo Centro de Estudos e Defesa do Petróleo e promovida por nacionalistas, que culmi-

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nou na criação da Petrobras. Nessa ocasião, houve a descoberta de reservas de petróleo na Bahia, o
que entusiasmou muitos dos partidários do governo Vargas.

Atualmente, após a descoberta do pré-sal, alguns movimentos sociais, sindicatos, políticos de


vários partidos, grupos de esquerda, associações civis, grupos de intelectuais e acadêmicos passaram
a defender uma revisão da atual Lei do Petróleo, em busca de novo marco regulatório para a explora-
ção de petróleo e gás natural no Brasil.

Os lemas "O pré-sal tem que ser nosso" e "O petróleo tem que ser nosso" tornaram-se a princi-
pal bandeira desse movimento que aproxima diferentes grupos com ideologias e afinidades políticas
muitas vezes divergentes em outras temáticas.

Para entender melhor o posicionamento de alguns segmentos da sociedade, sugeri-


mos o documentário O petróleo tem que ser nosso – última fronteira. Trata-se de um filme
produzido pelo Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ) e pela Associação
de Engenheiros da Petrobras (AEPET), dirigido por Peter Cordenonsi. Para ver o filme, acesse:

https://www.youtube.com/watch?v=dWzIRUZ-ymg

O filme promove debates em torno da seguinte questão: diante das gigantescas reser-
vas do pré-sal, que caminho o Brasil vai tomar?

A resposta é dada por políticos, intelectuais, sindicalistas, estudantes, representantes da


Igreja, artistas e militares; são 34 depoimentos de diferentes matizes, que abordam o tema nas
perspectivas histórica, geopolítica, ambiental, econômica e social. Além disso, são consultados
atores, bispos e movimentos sociais, como o MST, entre outros.

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Roteiro de Ação 6
Debatendo o pré-sal como tema controverso

O roteiro de ação sugerido para dar continuidade ao que trazemos neste texto diz respeito aos
diferentes posicionamentos que se articulam em relação ao pré-sal.

Que tal se posicionar também? Busque argumentos e defenda sua ideia!

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