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Introdução
A ilha do Cardoso, litoral sul de São Paulo, tem um ampla trajetória registrada de oscilações de linha de
costa, e de modificações na distribuição temporal de suas unidades de relevo. No segmento sul de suas
planícies diversificadas (Esporão do Ararapira), tais conjuntos de modificações levaram a ruptura da
continuidade da própria ilha, fragmentando-a em dois segmentos emersos distintos. Descrições e
análises dos antecedentes, do próprio processo de ruptura e das transformações geomórficas
posteriores são apresentadas, por meio de combinação de revisão bibliográfica (Ângulo, Souza e Muller,
2007; Muller, 2010; Souza, 2011; Souza e Nunes, 2015, Cheliz, 2015; e Souza,2018), análise de imagens
aéreas e medições de campo, bem como problematiza-se riscos e impactos ambientais decorrentes da
nova conformação geomórfica local.
O ponto crítico da ruptura do cordão arenoso de segmento limitado do Esporão – inicialmente restrito a poucos
metros – se deu conjugado a passagem de frente fria, ventos fortes de SW para NE, oscilações intensas das
marés e formação de grandes ondas (entre dois e três metros de altura) no segundo semestre de 2018.
Concomitantes a mudanças geomorfológicas aceleradas, que em poucas horas promoveram modificações nos
quadros de relevo locais de maiores magnitudes que as alterações somadas dos conjuntos de décadas
anteriores. A quebra da continuidade do esporão e da própria Ilha do Cardoso levou a formação de uma nova
barra do Canal do Ararapira, cuja largura em planta se ampliou acirradamente (mais de uma centena de metros)
nas primeiras horas e dias após a ruptura. Tendo sua expansão continuado nos meses seguintes (chegando a
atingir mais de 1000 metros) – mas em intensidade e magnitudes de crescimento decrescentes entre Agosto
(quando se deu a ruptura) e Novembro de 2018. Sem garantia, no entanto, que se ruma a uma estabilização da
situação. Sobretudo, por diminuição do crescimento da nova abertura se dar simultaneamente a decréscimo da
incidência de frentes frias, ligadas a mudanças das estações do ano.
Os referidos conjuntos de profundas modificações dos quadros geomorfológicos locais, levam a consequências e
impactos de vetores e magnitudes diferenciados para múltiplos agentes. Da redução das terras emersas perdidas
para a acelerada erosão, levando de inquietações para a permanência de vilas de pescadores próximos, à
problemáticas diversas de gestão costeira da unidade de conservação do parque, à modificação na distribuição
dos pescados e dos padrões de circulação hidrológicos locais. A continuidade das transformações decorrentes da
conformação geomorfológica local, e dos impactos associados a essas modificações, permanecem com cenários
futuros incertos. Salientando necessidade de continuidade dos monitoramentos e estudos em curso em relação
aos quadros físico-naturais locais.
Referências Bibliográficas
ANGULO, R.J.; SOUZA, M.C. & MULLER, M.E. Evolução do esporão e consequências da abertura de uma nova
desembocadura do Mar do Ararapira (Paraná, Brasil). In: Anais do XI Congresso da Associação Brasileira de
Estudos do Quaternário –ABEQUA, Belém, PA. CD- ROM. 2007
CHELIZ, P.M. Ilha do Cardoso – Contribuições para Compartimentação do Relevo. Dissertação de Mestrado.
Universidade Estadual de Campinas. Campinas, 2015.
MULLHER, M. ESTABILIDADE MORFO-SEDIMENTAR DO MAR DO ARARAPIRA E
CONSEQÜÊNCIAS DA ABERTURA DE UMA NOVA BARRA. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal do
Paraná. Curitiba, 2010.................................................................................................................................................
SOUZA, C; NUNES, M. Monitoramento de Processos Sedimentares na Enseada da Baleia (Ilha do Cardoso,
Cananéia/SP) entre 2007-2015. Anais do XV Congresso da Associação Brasileira de Estudos do Quaternário. São
Paulo, 2015