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GEOMORFOLOGIA

O relevo da superfície terrestre apresenta elevações e depressões de diversas


formas e altitudes. É constituído por rochas e solos de diferentes origens, e inúmeros
processos o modificam ao longo do tempo. A disciplina que estuda a dinâmica das
formas do relevo terrestre é a geomorfologia. O relevo resulta da atuação de agentes
internos e externos na crosta terrestre.

Agentes internos, também chamados endógenos, são aqueles impulsionados pela


energia contida no interior do planeta. esses fenômenos deram origem às grandes
formações geológicas existentes na superfície terrestre e continuam a atuar em sua
transformação.

Agentes externos, também chamados exógenos, atuam na modelagem da crosta


terrestre, transformando as rochas, erodindo os solos e dando ao relevo o aspecto que
apresenta atualmente. Os principais agentes externos são naturais – a temperatura, o
vento, as chuvas, os rios e oceanos, as geleiras, os microrganismos, a cobertura vegeta,
além dos seres humanos.
As forças externas naturais são, portanto, modeladoras e atuam de forma
contínua ao longo do tempo geológico. Ao agirem na superfície da crosta, provocam a
erosão e alteram o relevo por meio de suas três fases: intemperismo, transporte e
sedimentação.

• Intemperismo: é o processo de desagregação (intemperismo físico) e decomposição


(intemperismo químico) sofrido pelas rochas. O principal fator de intemperismo físico
é a variação de temperatura (dia e noite; verão e inverno), que provoca dilatação e
contração das rochas, fragmentando-as em formas e tamanhos variados. Já o
intemperismo químico resulta, sobretudo, da ação da água sobre as rochas,
provocando, com o passar do tempo, uma lenta modificação na composição química
dos minerais. O intemperismo físico e o intemperismo químico atuam ao mesmo
tempo, mas dependendo das características climáticas um pode atuar de maneira mais
intensa que o outro.
• Transporte e sedimentação: o material intemperizado – os fragmentos de rocha
decomposta e o solo que dela se origina (– está sujeito à erosão. Nesse processo, as
águas e o vento desgastam a camada superficial de solos e rochas, removendo
substâncias que são transportadas para outro local, onde se depositam ou se
sedimentam. O material removido provoca alterações nas formas do relevo. O material
que se deposita também modifica o relevo, formando ambientes de sedimentação:
fluvial (rios), glaciário (gelo e neve), eólico (vento), marinho (mares e oceanos) e
lacustre (lagos), entre outros.

A atuação do intemperismo é acentuada ou atenuada conforme características do


clima, da topografia, da biosfera, do tipo de material que compõe as rochas – os
minerais – e do tempo de exposição delas às intempéries. Os diferentes minerais
apresentam maior ou menor resistência à ação do intemperismo e da erosão. Em
ambientes mais quentes e úmidos, o intemperismo químico é mais intenso, enquanto
em ambientes mais secos predomina o intemperismo físico.
As rochas que compõem os escudos cristalinos, por serem de idades geológicas
remotas, sofreram por mais tempo a ação do intemperismo e da erosão, o que se
reflete em suas formas. As altitudes modestas e as formas arredondadas, como nos
montes Apalaches (Estados Unidos), nos alpes Escandinavos (Suécia e Noruega), na
serra do Espinhaço (Brasil) e nos montes Urais (Rússia), mostram a ação desses
processos modeladores nas formas do relevo.

AS ESTRUTURAS E AS FORMAS DO RELEVO BRASILEIRO


O território brasileiro é formado por estruturas geológicas antigas. Com
exceção das bacias de sedimentação recente, como a do Pantanal Mato-Grossense,
parte ocidental da bacia Amazônica e trechos do litoral nordeste e sul, que são do
Terciário e do Quaternário (Cenozoico), o restante das áreas tem idades geológicas
que vão do Paleozoico ao Mesozoico, para as grandes bacias sedimentares, e ao Pré-
Cambriano (Arqueozoico-Proterozoico), para os terrenos cristalinos.
No território brasileiro, as estruturas e as formações litológicas são antigas,
mas as formas do relevo são recentes. Estas foram produzidas pelos desgastes erosivos
que sempre ocorreram e continuam ocorrendo e, com isso, estão permanentemente
sendo reafeiçoadas [mudando de forma]. Desse modo, as formas grandes e pequenas
do relevo brasileiro têm como mecanismo genético, de um lado, as formações
litológicas e os arranjos estruturais antigos, de outro, os processos mais recentes
associados à movimentação das placas tectônicas e ao desgaste erosivo de climas
anteriores e atuais. Grande parte das rochas e estruturas que sustentam as formas do
relevo brasileiro é anterior à atual configuração do continente sul-americano, que
passou a ter o seu formato depois da orogênese andina e da abertura do oceano
Atlântico, a partir do Mesozoico.
ROSS, Jurandyr L. S. Os fundamentos da geografia da natureza. In: ______(Org.). Geografia do Brasil. 6. ed. São Paulo: Edusp, 2011. p. 45. (Didática 3).

Questões
As áreas do planalto do cerrado – como a chapada dos Guimarães, a serra de
Tapirapuã e a serra dos Parecis, no Mato Grosso, com altitudes que variam de 400 m a
800 m – são importantes para a planície pantaneira mato-grossense (com altitude
média inferior a 200 m), no que se refere à manutenção do nível de água, sobretudo
durante a estiagem. Nas cheias, a inundação ocorre em função da alta pluviosidade
nas cabeceiras dos rios, do afloramento de lençóis freáticos e da baixa
declividade do relevo, entre outros fatores. Durante a estiagem, a grande
biodiversidade é assegurada pelas águas da calha dos principais rios, cujo volume tem
diminuído, principalmente nas cabeceiras.
CABECEIRAS ameaçadas. Ciência Hoje. Rio de Janeiro: SBPC. v. 42, jun. 2008
(adaptado).
A medida mais eficaz a ser tomada, visando à conservação da planície pantaneira e à
preservação de sua grande biodiversidade, é a conscientização da sociedade e a
organização de movimentos sociais que exijam:
a) a criação de parques ecológicos na área do pantanal mato-grossense.
b) a proibição da pesca e da caça, que tanto ameaçam a biodiversidade.
c) o aumento das pastagens na área da planície, para que a cobertura vegetal,
composta de gramíneas, evite a erosão do solo.
d) o controle do desmatamento e da erosão, principalmente nas nascentes dos rios
responsáveis pelo nível das águas durante o período de cheias.
e) a construção de barragens, para que o nível das águas dos rios seja mantido,
sobretudo na estiagem, sem prejudicar os ecossistemas.

Muitos processos erosivos se concentram nas encostas, principalmente aqueles


motivados pela água e pelo vento. No entanto, os reflexos também são sentidos nas
áreas de baixada, onde geralmente há ocupação urbana. Um exemplo desses reflexos
na vida cotidiana de muitas cidades brasileiras é:
a) a maior ocorrência de enchentes, já que os rios assoreados comportam menos água
em seus leitos.
b) a contaminação da população pelos sedimentos trazidos pelo rio e carregados de
matéria orgânica.
c) o desgaste do solo nas áreas urbanas, causado pela redução do escoamento
superficial pluvial na encosta.
d) a maior facilidade de captação de água potável para o abastecimento público, já que
é maior o efeito do escoamento sobre a infiltração.
e) o aumento da incidência de doenças como a amebíase na população urbana, em
decorrência do escoamento de água poluída do topo das encostas.

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