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A ORIGEM DOS LAGOS PANTANOSOS SITUADOS A JUSANTE DA CACHOEIRA DE SANTO ANTÔNIO NO RIO MADEIRA,

RONDÔNIA

O maior destes, situa-se na margem esquerda do rio Madeira e apresenta forma de meia elipse, com eixo
maior na direção NE-SW, medindo em torno 1.450 m de comprimento por 750 m de largura, o qual se
encontra isolado do rio Madeira através de uma faixa de acumulação de sedimentos aluviais siltico-arenosos
(dique marginal) com 1.500 m de comprimento por 100 m de largura (figs.

O segundo lago é menor e ocorre na margem direita do rio Madeira, apresentando-se de forma alongada na
direção NE-SW, medindo aproximadamente 700 m de comprimento por 340 m de largura, também separado do
rio Madeira por um dique marginal que mede em torno de 650 m de comprimento por 100 m de largura, ao longo
do qual foram acumulados sedimentos siltico-arenosos.

Estes dois lagos pantanosos apresentam como característica comum, o desenvolvimento de uma vegetação
nativa que cobriu praticamente toda a sua extensão, tornando-os semelhantes a pântanos e aos lagos
distróficos, que são caracterizados por lagos de águas pardas, húmicos e pantanosos, só que nestes casos com
vegetação.

XI Simpósio de Geologia da Amazônia, 2 a 5 de agosto de 2009, Manaus - AM ASPECTOS GEOLÓGICOS


Na região da Cachoeira de Santo Antônio ocorrem rochas graníticas pertencentes à Suíte Intrusiva Santo
Antônio (1.35 Ga), representadas principalmente por biotita monzogranito de coloração cinza claro e biotita
sienogranito de coloração rósea, com tipos litológicos variando de equigranulares a porfiríticos, apresentando
apenas deformação rúptil (falhas e fraturas).

Já nas regiões próximas as margens do rio Madeira ocorrem diversos depósitos aluviais (subatuais e atuais),
originados a partir de sucessivas migrações laterais do rio Madeira, sendo estes constituídos de sedimentos
finos, predominantemente de areia fina/silte até argila, os quais apresentam coloração cinza, creme-
amarelada e amarelo-avermelhada, estratificados e por vezes ferruginizados (fig.

EVOLUÇÃO DOS LAGOS PANTANOSOS Os estudos consistiram nas análises de imagens de satélite, radar,
fotografias aéreas, bases cartográficas, dados de campo e dos 15 furos de sondagens (13 à percussão e 2 mistos)
realizadas por FURNAS Centrais Elétricas S/A no lago da margem esquerda.

Os dados de sondagem revelaram que a lâmina d ́água do lago contém restos vegetais e lama, apresentando
profundidades que variam entre 1,5 e 16 m e que os sedimentos do fundo do lago alcançam espessuras
superiores a 35 m, sendo constituídos por intercalações de areia fina, silte e argila, contendo matéria
orgânica.

tratamento das informações disponíveis permitiu um melhor entendimento da morfologia do terreno no


trecho da Cachoeira de Santo Antônio, a qual foi gerada pela dinâmica fluvial do rio Madeira, associada às
movimentações tectônicas, a natureza do substrato e as mudanças paleoclimáticas.

Estas relações convergem no sentido de associar, imediatamente, uma ação contínua dos processos erosivo-
deposicionais, oriundos da dinâmica fluvial, as feições morfológicas geradas logo após as cachoeiras e associá-las
com a altura da queda d ́água nas cachoeiras.

Na Cachoeira do Teotônio, onde existe um desnível mais acentuado da queda d ́água, observa-se logo a
jusante desta cachoeira a presença de duas grandes ilhas no meio do canal do rio Madeira e a geração de
formas erosivas semelhantes a “embaiamentos”, posicionados ao longo das margens esquerda e direita do
rio, as quais aumentam de tamanho em função da ação continuada de processos erosivos.

No caso de Santo Antônio, destaca-se a existência, a posição geográfica e a forma dos lagos pantanosos
situados logo à jusante da cachoeira, Figura 2 - Vista geral do lago da margem esquerda do rio Madeira.

XI Simpósio de Geologia da Amazônia, 2 a 5 de agosto de 2009, Manaus - AM sugerindo que estes foram,
inicialmente, formados durante um período em que a queda d ́água na cachoeira de Santo Antônio era
bastante acentuada, com um desnível maior do que a queda d ́água de Teotônio, e com capacidade de
proporcionar a ação de processos erosivos nas margens do rio Madeira, gerando formas de “embaiamentos”.

Posteriormente, mudanças na dinâmica fluvial do rio Madeira, associada à fenômenos ainda desconhecidos
(paleoclimáticos, tectônicos e litológicos), levaram ao rebaixamento da queda d ́água na cachoeira de Santo
Antônio e, consequentemente, modificações no fluxo da corrente do rio, levando ao isolamento dos
“embaiamentos” por diques marginais, dando assim a origem aos lagos.

Estágios Iniciais: A Cachoeira de Santo Antônio apresentava um gradiente de queda d ́água bastante
acentuado e suficiente para proporcionar um fluxo de energia maior à jusante da cachoeira, favorecendo a
atuação de processos erosivos, intensos e progressivos, nas margens esquerda e direita do rio, imediatamente
após a queda de água da cachoeira.

Estágios Intermediários: Diminuição do gradiente de queda d ́água na Cachoeira de Santo Antônio


possivelmente relacionado às mudanças paleoclimáticas (glaciação, variação do nível do mar, etc.), a tectônica
(falhas e fraturas) e a litologia do substrato rochoso da cachoeira (desgaste das rochas que sustentam a cachoeira),
que influenciaram na modificação da dinâmica dos processos fluviais.

Este rebaixamento levou ao condicionamento de uma nova dinâmica fluvial que proporcionou a formação
de diques marginais nas margens do rio e ao completo isolamento das áreas de “embaiamentos”, tendo como
conseqüência a formação dos lagos que foram preenchidos gradativamente por sedimentos finos e depois
cobertos, totalmente, por uma vegetação nativa.

Setas em vermelho indicam as áreas com predomínio de erosão, as setas em branco as áreas com predomínio
de deposição e as linhas tracejadas em amarelo indicam os limites aproximados das principais áreas de erosão e
de deposição nas imediações das cachoeiras.

As macrófitas podem ser encontradas nos mais diversos ambientes aquáticos, empregando diferentes mecanismos
de adaptação para sobrevivência e desenvolvimento, e ocorrendo comumente em áreas marginais dos lagos
(BENTO et al., 2007).
Em rios e riachos, esses organismos influenciam na sedimentação e retenção de nutrientes, nas características
físicas e químicas da água, assim como, em alguns casos, afetam significativamente a velocidade de fluxo da água
(SCHULZ et al., 2003);

contribuem no aumento na heterogeneidade estrutural dos habitats, na diversidade biológica, nas relações
interespecíficas e na produtividade do sistema pela dinâmica de nutrientes.

levantamento florístico de macrófitas aquáticas está centralizado nas regiões Centro-Oeste, Sul e especialmente
na região Sudeste, enquanto que nas regiões Nordeste e Norte ainda são restritos.

(1997) com o levantamento da flora fanerogâmica das savanas em campos úmidos e lagos das planícies de
Boa Vista e Milliken & Ratter (1998) na Estação Ecológica de Maracá e apresentaram algumas espécies das
áreas alagáveis do Uraricoera.

Também merecem destaque Neves (2007) com a composição, riqueza e variação espaço temporal de
macrófitas aquáticas no lago do Trevo no município de Boa Vista;

físico-química das águas, a mineralogia e química dos sedimentos e as associações com as macrófitas aquáticas
dos lagos do lavrado de Boa Vista;

As informações ecológicas entre as macrófitas e os processos decorrentes da zonação nos lagos, das suas
formas biológicas e a da densidade relativa são necessárias para compreender o comportamente das
populações no ambiente como p.ex.

Composição Florística e Formas Biológicas de macrófitas aquáticas em lagos da Amazônia Ocidental 24Biota
Amazônia Nos lagos do estado de Roraima os estudos florísticos e ecológicos são fundamentais para o melhor
entendimento das comunidades de macrófitas do ponto de vista biológico e para a conservação dos
ambientes aquáticos.

objetivo desta pesquisa foi conhecer a composição florística e o comportamento ecológico das comunidades de
macrófitas aquáticas em lagos do Estado de Roraima.

foi composta pelos lagos A1, A2 e A3 localizada no município de Boa Vista sob as coordenadas geográficas 3° 22'
W e 60°40' S com acesso pela BR-174, no sentido Boa Vista-Venezuela no interflúvio entre os rios Cauamé e
Uraricoera.

Tem na sua porção noroeste como substrato geológico a unidade litológica denominada Grupo Cauarane
composta por xistos, anfibolitos, metacherts, rochas calciosilicáticas, paragnaisses, entre outras litologias.

Os solos dominantes são argissolos e latossolos, mas também ocorrem plintossolos, planossolos, gleissolos e
neossolosquartzarênicos (MELO et al., 2005).

área B situa-se na bacia do Rio Mucajaí, que corta o Pediplano Rio Branco-Rio Negro atingindo o embasamento,
encaixando-se nas direções preferenciais comportando meandros (FRANCO et al., 1975).

Foi composta pelos lagos B1, B2 e B3 localiza-se no município de Alto Alegre, nas coordenadas geográficas 2°45'
W e 60° 55' S com acesso pela rodovia RR-205 até o quilômetro 40, onde se segue a oeste pela rodovia RR-
452, que dá acesso à Vila São Silvestre no interflúvio rio Cauamé e rio Mucajaí.

de 1.100 mm/ano e a máxima entre maio e julho ultrapassa os 50% da precipitação ocorrida em todo o ano
(LOPES, 2002).

Para a análise da composição florística foram realizadas coletas de macrófitas foram realizadas nos meses de
julho de 2012 e julho de 2013 (período chuvoso) e março e dezembro de 2013 (período seco) seguindo as
orientações de Scremin-Dias (1999).

Um exemplar de cada espécie foi encaminhado à Coordenação de Botânica do Museu Paraense Emilio
Goeldi, para identificação por meio de comparação com material herborizado e com auxílio de literatura
especializada.

(2008) onde foi atribuído o registro de presença para cada espécie como: Abundante ≥ 75% (espécie cujas
populações são numerosas chegando a formar manchas ou agregados mono específicos), Comum ≥ 50% <
75% (espécie também numerosa, porém não formando agregados), Ocasional ≥ 25%< 50%(espécie cujo
padrão de ocorrência não se diferenciaria de um produzido pelo acaso) e Rara ≥ 5% < 25(espécie que ocorre em
baixa densidade, 1 por ponto de coleta).

Os lagos foram zoneados horizontalmente e a formatação calculada com base em Sperling (1999) adotando
as formas circular, subcircular e subretangular (Pinheiro, 2007) e a localização caracterizada como Área Periférica
(região que margeia o lago, como uma franja de fora para dentro, tendo como ponto de partida a margem), Área
Intermediária (região que se estende da área periférica até a área central do lago) e Área Central (região que
se estende da área intermediária até

Resultados e Discussão Foram registradas 24 espécies distribuídas em 17 famílias e 19 gêneros com Cyperaceae
(5) e Onagraceae (4) mais representativas em gênero e espécies (Fig.1).

Para as formas biológicas foram registradas 11 espécies emergentes (45,8%), 6 espécies anfíbias (25%),

3 espécies (12,5%) na zona intermediária e 3 espécies (12,5%) na zona central.

Cerca de 7 espécies ocorreram em pelo menos duas zonas (Montrichardia linifera, Cyperus gardneri, Eleocharis
elegans, Nymphoides indica, Ludwigia helminthorrhiza, Ludwigia sedoides e Xyris communis) (Tabela 1).

Discussão Esses resultados demonstraram uma riqueza de macrófitas semelhante aos estudos de Neves (2007)
no lago Trevo na porção sudoeste de Boa Vista (RR) quando registrou 17 famílias, 24 gêneros e 31 espécies e de
Absy et al.

Cyperaceae (cinco espécies) seguida de Onagraceae (quatro espécies) foram aquelas com a maior
representatividade em espécies, tanto no período chuvoso, quanto no período seco.

(1997) verificaram nos lagos São Joaquim e Redondo da região do município de Normandia (RR) com
destaque para o gênero Cladium e Neves (2007) que além de Cyperaceae registrou Eriocaulaceae na
segunda posição em número de espécies.

Esta família apresentou o maior número de espécies devido à presença de um sistema subterrâneo que pode ser
formado por rizomas ou tubérculos.
Algumas espécies dispõem ainda de estolões, permitindo maior eficiência na propagação vegetativa e ocupação
dos ambientes no período de redução de água (MATIAS et al., 2003).

Anderson x x x x Anfíbia Ocasional P Amaranthaceae Blutaparon portulacoides (A.St.-Hill) Mears x


Emergente Comum P Araceae Montrichardia linifera (Arruda) Schott x x x x Emergente Abundante C, I
Cabombaceae Cabomba furcata Schult.

À medida que há maior aporte de agua, regiões do centro dos mananciais tornam-se mais profundas, havendo
a substituição por formas biológicas como flutuantes fixas e submersas livres e fixas (ARAÚJO et al., 2012).

Composição Florística e Formas Biológicas de macrófitas aquáticas em lagos da Amazônia Ocidental 26Biota
Amazônia Além disso, em épocas de chuva o volume de água aumenta e as plantas da margem são
incorporadas temporariamente à área alagada.

Por outro lado, essas plantas estão associadas a ambientes sujeitos a pulsos de inundação sazonal e baixa
profundidade (COSTA-NETO et al., 2007;

A predominância de macrófitas aquáticas emergentes é conseqüência das condições de abundância de água e


nutrientes, da intensidade da radiação solar e da temperatura e portanto, podem ser os principais fatores
reguladores do crescimento das populações (BENTO et al., 2007).

Apesar da distribuição das macrófitas nas margens de lagos constituir um exemplo clássico de zonação, não existe
certeza de quais fatores são determinantes desse fenômeno.

Vários autores destacam a importância da agitação da água e do fundo e da ação das ondas sobre as margens na
formação de agrupamentos das plantas aquáticas (KEDDY, 1984).

Nessas regiões, o gradiente e a variação do nível de água criam uma diversidade de habitats o que reflete na alta
riqueza de espécies (FORTNEY et al., 2004).

A variação no nível de água constitui um fator que afeta simultaneamente todos os bancos de macrófitas,
servindo para explicar as alterações da vegetação que ocorrem em um mesmo ambiente (THOMAZ et al., 2005)
As interações específicas como competição, herbivoria, parasitismo, entre outros, podem explicar a distribuição
das macrófitas aquáticas.

A presença de espécies emergentes e anfíbias ocasionais demonstra a forte adaptação de algumas espécies à
baixa lamina d'agua.

A ocupação geográfica predominante na área periférica é causada pela ocupação preferencial das
emergentes e anfíbias.

Os lagos são fruto de uma depressão produzida na superfície da terra, de forma natural ou ar- tificial, os quais
se encontram preenchidos por água confinada.

u A recarga de um lago provém das chuvas, de nas- centes, do derretimento de geleiras e das drena- gens
superficiais, podendo também ser realizada por todos estes fatores simultaneamente.

u A quantidade de água de um lago depende do clima regional e normalmente é doce, mas existem alguns
lagos salgados importantes no mundo, como o Grande Lago Salgado do estado de Utah, EUA.
u As formas, as profundidades e as extensões dos lagos são muito variáveis e representam feições de
duração relativamente efêmera quando com- parada à escala de tempo geológico de dezenas

Dos diversos tópicos apresenta- dos, devem ser destacados os referentes à água subterrânea (Capítulo 15) e os
sistemas fluviais (águas superficiais) (Capítulo 16).

Tal impor- tância está ligada à crescente dependência do ser humano para com a utilização de água doce,
essencial não só ao consumo humano, mas também ao desenvolvimento de ativida- des industriais e
agrícolas, além de ser impor- tante aos ecossistemas e às atividades de lazer.

Esses reservatórios por diversos motivos, que vão desde a industrialização até o uso e ocu- pação
desordenada do solo, encontram-se al- terados química e biologicamente e, portanto,

origem dos lagosNa natureza existem diversos tipos de lagos, classificados segundo diferentes critérios, tais
como: gênese, qualidade da água, regimes hidroló- gicos e regimes climáticos (Suguio, 2003).

Há ainda lagos importantes existentes abaixo de camadas de gelo que cobrem áreas continentais, seja no
continente Antártico (lago Vostok) seja em outras áreas continentais.

Essas alterações resultam principalmente da utilização e gestão impróprias dos recursos hídricos como, por
exemplo, pelo lançamento indiscriminado de lixos domésticos e indus- triais, bem como esgotos sem
tratamentos, além do uso de fertilizantes e agrotóxicos que, como destino final, chegam aos sistemas aquáticos.

Dessa forma, este capítulo tem por finalida- de introduzir, como formação e informação na análise de um meio
físico, os diversos processos existentes na dinâmica e gênese de sistemas la- custres, além de exibir as principais
modifica- ções que podem surgir nesse meio.

grupo de lagos de origem vulcânica ocupa crateras ou caldeiras (ver Capítulo 8) de corpos vulcânicos
extintos, sendo pouco numerosos e re- lativamente pequenos quando comparados com os de origem glacial e
tectônica.

Além dos tipos acima mencionados, uma parte importante de lagos é originada pelo re- presamento de
grandes volumes de água pro- duzidos pela ação do homem com diferentes propósitos, tal como irrigação,
produção de energia elétrica, abastecimento doméstico e uso agrícola ou industrial.

No Brasil, a existência de lagos naturais re- centes é bastante restrita (existem lagos antigos, com mais de
30 milhões de anos, exibindo gran- des proporções como antigo lago existente no Vale do Paraíba –
Formação Taubaté), tal as- pecto relaciona-se à inexistência de fenômenos LAGOS323 P2
OS4471_I18_CT_UNID3_CAP19_P2 Janete Bete P2 OS4471_I18_CT_UNID3_CAP19_P2 Janete Bete geotectônicos e
climáticos capazes de propiciar

Esses lagos foram originados em sua grande totalidade por meandros abandonados situados nas planí- cies de
inundação dos rios Amazonas (em alguns de seus tributários, como o Tapajós e Negro), Paraná, Paraguai e
inúmeros outros.
Os maiores exemplos de lagos naturais no Brasil encontram- -se na região do Pantanal e nas áreas de planície de
inundação existentes na Amazônia.

Outra par- cela, menos expressiva que as anteriores são rela- tivas aos lagos existentes nas porções litorâneas
(Lagoa dos Patos no Rio Grande do Sul, Região dos Lagos no Rio de Janeiro, lagos interdunas no nordeste
brasileiro e na região dos Lençóis Maranhenses).

Principais tipos de lagosLagos tectônicosEsses lagos são formados a partir de movi- mentos tectônicos atuantes
no interior da crosta terrestre, capazes de causar descontinuidades verticais, representadas por falhas e fraturas
(ver Capítulo 11).

Tais descontinuidades ori- ginam porções de relevo mais elevadas de um lado e mais rebaixadas de outro,
resultando na aparição de um ou mais lagos, a partir do preenchimento por água da porção que sofreu
rebaixamento (Figura 19.1).

Conforme demonstram alguns pesquisado- res especialistas no estudo de lagos, os lagos tectônicos foram
gerados principalmente a cerca de 12 milhões de anos, sendo considerados os mais antigos do globo.

Eles estão localizados nas chamadas fossas tectônicas (graben, em ale- mão ou rift valley, do inglês) Os exemplos
mais representativos são: mar Cáspio, Tahoe, Rift Africano, Tanganyika, Victória (Figura 19.2), Baikal (Figura
19.3) etc.

Apresenta 636 km de comprimento e 80 km de largura, e em alguns pontos desse lago a profundidade ultrapassa
os 1.600 m e exibe uma superfície de 31.500 km².

I18_4471_F005_FIGURA3– EM APROVAÇÃO Créditos Lago Baikal LAGOS325 P2 OS4471_I18_CT_UNID3_CAP19_P2


Janete Bete P2 OS4471_I18_CT_UNID3_CAP19_P2 Janete Bete Lagos de origem vulcânicaA maioria dos lagos
vulcânicos é formada principalmente a partir do cone de dejeção do vulcão (Capítu- lo 8), originando,
dessa forma, três tipos distintos de lagos: 1) lagos de caldeira, 2) lagos de cratera e 3) la- gos do tipo
Maar.

Os lagos de cratera (Figura 19.5) são originados no interior de cones de vulcões extintos apresentando
pequena extensão, grande profun- didade e, em geral, formas circula- res.

Os lagos do tipo Maar (Figu- ra 19.6) são gerados a partir de explosões gasosas subterrâneas, seguidas de
afundamento da região atingida sem a existência de der- rames de lavas.

A desgaseificação dos materiais vulcânicos subjacentes faz com que as águas do lago sejam extremamente
ricas em dióxido e mo- nóxido de carbono, o qual, quando liberado su- bitamente para a atmosfera, pode
causar asfixia dos habitantes das áreas vizinhas.

Lago Nyos (Figura 19.6) CAPÍTULO 19326 P2 OS4471_I18_CT_UNID3_CAP19_P2 Janete Bete Lagos glaciaisComo
mencionado anteriormente, os lagos glaciais são os mais numerosos e sua origem, em grande parte, está
vinculada à última glaciação pleistocênica, há aproximadamente 10.500 anos.

De acordo com Esteves (1988), os tipos de la- gos glaciais mais frequentes são: 1) lago em circo, 2) lagos em
vales barrados por morenas, 3) lagos de fiordes e 4) lagos em terrenos de sedimentação glacial.

Os lagos em vales barrados por morenas (Figu- ra 19.7) são formados a partir da obstrução dos vales pelas
morenas (sedimentos transportados por gelei- ras, normalmente blocos de diversos materiais rocho- sos [ver
Capítulo 17]), ocasionando o aprisionamento da água resultante do derretimento das geleiras.

Recebendo o nome genérico de “lagos de cal- deirão”, estes podem ter diferentes origens: de- pressões
existentes em locais de antigas geleiras continentais preenchidas com água e/ou blocos de gelo
desprendidos de geleiras e, posteriormen- te, transportados de maneira a servirem de ponto de apoio para o
acúmulo de sedimentos que, em alguns casos, acabam aterrando o mesmo.

Tal deposição provoca uma elevação do nível do leito desse rio, causando eventualmente represamento nas
con- fluências de seus afluentes, que assim represados acabam se transformando em lagos.

Tais condições topográficas aca- bam por imprimir características peculiares a esses lagos, cuja variação de seu
nível d’água encontra- -se ditada pela maior ou menor precipitação das chuvas locais.

Sigolo CAPÍTULO 19328 P2 OS4471_I18_CT_UNID3_CAP19_P2 Janete Bete Os lagos de ferradura ou de meandros


(Figura 19.10) são formados por rios localizados em regiões de planícies e que já atingiram o ponto limite
abaixo do qual a erosão das águas corren- tes não é mais efetiva.

Os lagos assim formados recebem o nome de lago de ferradura ou de meandro, e os exemplos mais mar- cantes
desse tipo de lago são encontrados princi- palmente na região Norte do Brasil, em boa parte do Pantanal e no
Vale do Paraíba – SP.

Os ventos alísios, NE, típi- cos do Nordeste e outras regiões brasileiras, pro- movem o deslocamento das areias que
formam as dunas, as quais, ao se acomodarem em um novo local, podem represar pequenos córregos, trans-
formando-os em lagos (Figura 19.12).

Werner Zotz/Embratur I18_4471_F012_FIGURA12 – EM APROVAÇÃO LAGOS329 P2


OS4471_I18_CT_UNID3_CAP19_P2 Janete Bete P2 OS4471_I18_CT_UNID3_CAP19_P2 Janete Bete Lagos
deltaicosEsse lago é formado ao longo da margem ou no interior dos deltas como, por exemplo, pela cons-
trução de barras arenosas através de embaiamentos ou pelo aprisionamento (barragem) de parte do mar
pelas sedimentações deltaica (Suguio, 2003).

Os lagos reliquia- res são encontrados nas planícies costeiras das desembocaduras dos rios Doce (ES) e
Paraíba do Sul (RJ), representados respectivamente pelas la- goas Bonita e Feia.

Lagos pluviaisOs lagos pluviais estão inseridos na bacia inte- rior de regiões secas e foram originados durante os
períodos glaciais, quando a pluviosidade era mui- to maior que a atual, para uma mesma região.

Lagos cársticos ou de afundamentoRelevo cárstico ou sistema cárstico é um tipo de relevo caracterizado pela
dissolução química das rochas cuja composição é predominantemente de minerais carbonatados (de fácil
dissolução) (ver Ca- pítulo 15), levando ao aparecimento de uma série de feições, tais como cavernas, dolinas,
dentre outras.

I18_4471_F013_FIGURA13 – EM APROVAÇÃO Mason Berry/Fundação Wikimedia CAPÍTULO 19330 P2


OS4471_I18_CT_UNID3_CAP19_P2 Janete Bete Lagos antropogênicos: represas, reservatórios e açudesOs lagos
artificiais brasileiros (Figura 19.14), formados pelo represamento de rios, recebem di- ferentes
denominações, tais como represas, reser- vatórios e açudes, representando nesse caso nada mais que
sinônimos, uma vez que esses ambientes têm a mesma origem e finalidade.

Através de sua construção (na maioria das vezes são formados por barragens construídas basicamente
pelo acú- mulo e compactação de solo e rochas alteradas) é possível o armazenamento de água para forneci-
mento à população humana e para diversos tipos de atividades agropastoris na zona rural.

construção de barragens, com consequente formação de grandes lagos artificiais produz dife- rentes alterações
não apenas no ambiente aquáti- co, mas também no ambiente terrestre circunscrito ao lago formado.

A concentra- ção de cada um desses elementos varia de um lago para outro, em função da composição das rochas
existentes na bacia de drenagem (contexto litoló- gico) que alimenta e estabelece a recarga da bacia de
acumulação, além do regime de chuvas no local de existência do lago.

das chuvas, a composição das águas também é um reflexo da atividade humana realizada tanto no
interior como no entorno do ambiente aquá- tico.

LAGOS331 P2 OS4471_I18_CT_UNID3_CAP19_P2 Janete Bete P2 OS4471_I18_CT_UNID3_CAP19_P2 Janete Bete


SedimentoOs sedimentos, embora encontrem ampla defi- nição e descrição (Capítulo 10), podem ser
resumi- damente definidos como sendo material sólido de origem orgânica e/ou inorgânica suspenso
(sedimen- tos em suspensão) ou depositado (sedimentos de fun- do).

De forma geral, o sedimento é considerado como uma mistura complexa de fases sólidas que incluem: argila, sílica,
matéria orgânica, óxidos metálicos, car- bonatos, sulfetos, minerais e uma ampla população de organismos
vivos, principalmente algas e bactérias.

As partículas que compõem os sedimentos detríticos são comumente grãos de quartzo, feldspato, argilas do
tipo illita, montmorilonita, caolinita e minerais pe- sados ou resistentes à degradação tais como turmali- na,
zircônio, rutilo e ilmenita.

compartimento biogênico pode conter ma- terial oriundo dos esqueletos calcários de diversos organismos ou
silicosos, matéria orgânica fina- mente dispersa e populações de micro-organismos.

eutrofização pode ser definida como o aumen- to da quantidade de nutrientes e/ou matéria orgâni- ca no
ambiente aquático, resultando numa maior produtividade primária.

Por outro lado, quando a eutrofização é resultado do lançamento de diver- sos resíduos produzidos pelas
atividades humanas, tais como despejo dire- to de esgoto e fluidos de orgem industrial, os ciclos biológicos
e químicos são interrompidos e, muitas vezes, o sistema progride para um estado em que as condições
naturais do ambiente lacustre são de- terioradas.

libertação de grandes quantidades de nutrien- tes que ficam disponíveis para o crescimento de fitoplânctons
(conjunto de algas microscópicas com pouco ou nenhum poder de locomoção, deslocando-se segundo o
movimento da água, que inclui as algas verdes e as cianobactérias) no interior dos sistemas aquáticos.

medida que a produtividade do fitoplâncton aumenta, a transparência da água decai, o que pro- voca uma
diminuição na penetração da luz, afetando

Jeff Schmaltz, MODIS Rapid Response Team, NASA/GSFC I18_4471_F015_FIGURA15 – EM APROVAÇÃO CAPÍTULO
19332 P2 OS4471_I18_CT_UNID3_CAP19_P2 Janete Bete Regiões de um lago ambiente terrestre), pelágica ou
zona limnéti- ca (água aberta), profunda e bentônica (parte mais profunda do lago), (Figura 19.16).
Esses sistemas também são delimitados em regiões ou zonas, denominadas de: lito- rânea ou zona litoral
(região de influência do No âmbito da deposição lacustre, a classificação mais usada e, portanto, mais
objetiva, é baseada em Reineck & Singh (1975).

Esse modelo é encontrado em regiões montanhosas com alta precipitação pluvio- métrica e erosão acelerada,
onde as areias fluviodeltai- cas marginais progradam, recobrindo os sedimentos finos depositados a partir da
carga em suspensão.

O primeiro é encontrado sobre terrenos planos em climas úmidos temperados a quentes, onde o fornecimento de
sedimento provindo das áreas continentais de granulometria fina é pequeno, podendo ocorrer sedimentação
carbonática longe da desembocadura fluvial, tanto nas margens como no centro do lago.

O terceiro subtipo é representado por pântanos marginais que progradam centriptamente para recobrir
lamas orgâ- nicas depositadas na porção central dos lagos.

Os lagos químicos ocupam áreas hidro- graficamente mais baixas de bacias de drenagem e são circundados
por um conjunto de subambientes deposicionais, que dependem principalmente das características do
influxo.

Essa re- gião apresenta todos os níveis tróficos de um ecossistema: produtores primários, consumidores e
decompositores, sendo delimitada como uma re- gião autônoma dentro do ecossistema aquático.

Em muitos sistemas lacustres, a região litorâ- nea é pouco desenvolvida ou até mesmo ausente, como é o
caso da maioria dos lagos de origem vul- cânica e represas.

A densidade populacional dos organis- mos bentônicos e sua diversidade dependem prin- cipalmente da
quantidade de alimento disponível e da concentração de oxigênio nessa região.

Classificação dos lagos segundo sua produtividadeCom relação à produtividade podemos ter três tipos de lagos:
1) lagos eutróficos, 2) lagos oligo- tróficos e 3) lagos mesotróficos (Figura 19.17).

Os lagos oligotróficos são exatamente o inverso do anterior, ou seja, suas características princi- pais são:
alta profundidade com águas mais frias, quando comparadas com a temperatura da água dos outros tipos de
lagos.

CAPÍTULO 19334 P2 OS4471_I18_CT_UNID3_CAP19_P2 Janete Bete Uso e importância dos lagosA qualidade da
água de um lago, seja ele natural ou artificial, está relacionada ao uso desejável a ser dado a esse
reservatório.

As- sim, por exemplo, aquele usado para atividade de piscicultura deve ser rico em nutrientes que permitam
abundante desenvolvimento do plâncton, pois este constitui o alimento básico natural para a nutrição de
peixes.

Esse emprego do reservatório pode ser perfeitamente conci- liado com a navegação ou prática de esportes
náuticos e também com a produção de energia hidrelétrica, mas pode apresentar sérios incon- venientes
ao uso da água para abastecimento e consumo humano.

decomposição e também pobres em plâncton, uma vez que este pode causar dificuldades de tratamento ou
interferir diretamente na quali- dade da água, por produzir sabor, odor, e até mesmo substâncias tóxicas
ou causadoras de distúrbios gastrointestinais.
As substâncias tóxicas encontradas em ambien- tes lacustres são geralmente oriundas de atividade humana
(de caráter antrópico) e podem atingir os ecossistemas e organismos aquáticos, gerando im- pactos para a
saúde (em alguns casos, variedades específicas de algas podem desenvolver e liberar no meio aquoso toxinas
que podem comprometer a po- tabilidade da água e causar distúrbios gastrointesti- nais no ser humano).

Essas substâncias permanecem retidas por mais tempo nas águas e sedimentos de lagos e reservató- rios, do
que na água corrente dos córregos e rios.

Em decorrência de tal fato, nos lagos e reservatórios o ris- co à exposição em termos de concentração e duração
de espécies tóxicas é maior, quer para a biota aquática quer para o homem, que utiliza essa água para beber ou
para produção de alimentos por irrigação.

Esses metais também são encontrados em águas superficiais não impactadas, em decorrência da sua presença
nos solos e/ou ro- chas presentes nas proximidades ou na bacia de tal ambiente.

Esses metais, quando sofrem enriquecimento, principalmente, atra- vés de atividades humanas diversas, podem
criar nes- se ambiente, condições de toxicidade para diversos organismos presentes.

Dentre os sistemas aquáticos continentais, os la- gos são considerados reservatórios potenciais de me- tais
tóxicos por representarem bacia de sedimentação, exibindo características específicas de ambientes de-
posicionais, podendo, em determinadas áreas, atingir níveis de contaminação bastante elevados.

As princi- pais fontes de metais tóxicos nos lagos são: intempe- rismo de rochas ou erosão de solos ricos nestes
metais e/ou atividade antrópica.

emissões de poluentes atmosféricos que, uma vez descarregados em águas superficiais, são associados ao
material particulado (sedimento em suspensão) ou transportados nas formas dissolvidas e finalmente de-
positados no lago.

Dentro dos ecossistemas lacustres, a distribuição dos metais tóxicos provenientes de um meio natural ou an-
trópico é muito diferenciada nos diversos compartimen- tos, refletindo assim a interação direta entre sedimentos

lucas orestes rocha pantoja

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