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AGROECOLOGIA

64 horas

Eng° Borges Brás


Agroecologia e os agroecossistemas sustentáveis

A ciência agroecológica adota uma perspectiva ecológica nos processos de produção, onde a
forma de produção é entendida como uma questão complexa que envolve vários factores. Dentre
estes, destaca-se a importância da produção agrícola com a preservação da biodiversidade de
espécies, onde as interações entre pessoas, cultivos, solos e animais é fundamental para que se
obtenha o equilíbrio do sistema.

Na concepção de Gliessman (2003), deve-se ter consciência de que cada ecossistema tem uma
capacidade de produção, e ainda, as bases do enfoque agroecológico visam manter a
produtividade agrícola, mantendo a capacidade produtiva do solo, a qualidade e a quantidade dos
alimentos ao longo prazo.
Agroecologia e os agroecossistemas sustentáveis

• De acordo Altieri e Nicholls (2000), são as interações entre os diversos componentes bióticos do
agroecossistema que vão contribuir de forma positiva para o controlo biológico de pragas,
reciclagem de nutrientes, conservação da água, conservação do solo, além do aumento da
produtividade agrícola de forma sustentável. Desde que se entendam as relações entre os
componentes: solo, microorganismos, plantas, insectos herbívoros e inimigos naturais.

• Cultivar diversas espécies de forma integrada, fazendo uso de culturas anuais e permanentes, da
rotação de culturas, incorporando num mesmo sistema árvores frutíferas e florestais, ou seja,
plantas com diversidade genética, se possível arranjar com a produção de animais no mesmo
sistema, contribuirá para a sustentabilidade daquele agroecossistema.
Figura 1 - Componentes, funções e estratégias de melhoramento da biodiversidade nos agroecosistemas, adaptada de Altieri e Nicholls (2000).
Agroecologia e os agroecossistemas sustentáveis
Níveis fundamentais no processo de transição ou conversão para agroecossistemas
sustentáveis (Gliessman, 2000):
 O primeiro nível, seria o início da mudança de sistema, se refere ao incremento e a eficiência
das práticas convencionais para reduzir o uso e o consumo de insumos externos, os quais são
escassos e problematicos ao meio ambiente, essa etapa tem como principal objetivo reduzir os
impactos negativos ao ecossistema.

 No segundo nível, trabalha-se com a substituição de insumos e práticas convencionais por


práticas alternativas. Tendo como objetivo principal a substituição de insumos e práticas
intensivas com produtos que contaminam e degradam o meio ambiente, por outras mais brandas
sob o ponto de vista ecológico.

 Por fim, o terceiro nível, seria o redesenho dos agroecossistemas. Nesse redesenho o sistema
passara a funcionar com base em um conjunto de novos processos ecológicos. Essa etapa
procura acabar com as causas dos problemas que não foram resolvidos nos dois níveis
anteriores.
Método de análise econômico-ecológica de agroecossistemas
Estratégias técnicas de gestão do agroecossistema
Dois enfoques técnicos contrastantes correspondentes a lógicas distintas de
apropriação dos bens ecológicos combinam-se na definição das estratégias técnicas
adoptadas: 1) convivência com os ecossistemas (ou coprodução); 2) redução de
limitações ambientais.

No primeiro caso – a convivência com os agroecossistemas – o enfoque está


orientado para valorizar o capital ecológico por meio da dinamização de processos
ecológicos locais para que eles interajam positivamente com os processos
produtivos do agroecossistema.

Já o enfoque da redução de limitações ambientais está orientado para restringir o


efeito de fatores ecológicos pontuais que limitam o desempenho produtivo do
agroecossistema por meio de práticas de manejo dependentes da importação de
Figura 2 – Componentes funcionais de um ecossistema natural
Figura 3 – Componentes funcionais de um agroecossistema.
Figura 4 – Caminhos no meio ambiente percorridos pela deriva na aplicação de agrotóxicos.
Figura 5: Infraestrutura ecológica na mediação de fluxos metabólicos do agroecossistema
Figura 6: Etapas e instrumentos da análise econômico-ecológica dos agroecossistemas
Análise da economia do agroecossistema

• Renda Bruta (RB = PB – ES):


• Corresponde ao somatório dos valores das parcelas da produção vendida, autoconsumida, doada
e/ ou trocada. Pode ser também aferida pela dedução do valor dos estoques do produto bruto.

• Valor Agregado (VA= RB – CI):


Equivale ao somatório dos valores da produção vendida, autoconsumida, doada e/ou trocada (RB)
descontado dos custos relacionados aos consumos intermediários. Pode ser entendido também
como a nova riqueza gerada pelo trabalho do NSGA.

• Renda Agrícola (RA = VA – PT):


É a parcela do VA efetivamente apropriada pelo NSGA. Corresponde ao Valor Agregado deduzido
dos pagamentos de serviços de terceiros (no território ou fora dele), ou seja, a remuneração
efetiva do trabalho realizado pelo NSGA.
Análise da economia do agroecossistema
• Valor Agregado Territorial (VAT = VA – CIF):
Corresponde à parcela da nova riqueza criada (VA) que permanence no território, gerando efeitos
multiplicadores sobre a economia territorial.

• Índice de Apropriação do Valor Agregado (RA/VA x 100):


Equivale à porcentagem do Valor Agregado que o NSGA retém após remunerar serviços de terceiros.

• Índice de Intensidade por Área I (eficiência do trabalho total) (VA/ha): O valor agregado por
unidade de área expressa o nível de eficiência ou de intensificação econômica obtido pelo acionamento
do conjunto da força de trabalho alocada em atividades produtivas que fazem uso direto do solo do
agroecossistema. Portanto, esse indicador não se aplica a duas situações:
a) quando o processo de trabalho mobiliza bens naturais em áreas de gestão comunitária e/ou uso
compartilhado (rio, pasto apícola, áreas coletivas de agroextrativismo, etc.). Sendo na prática
indivisíveis, essas áreas de uso comum não podem ser assimiladas no cálculo da intensificação por
unidade de área dos agroecossistemas;
b) quando o sistema não faz uso do solo, uma característica comum em criatórios com animais
confinados.
Análise da economia do agroecossistema
• Índice de Intensidade por Área II (eficiência do trabalho do NSGA) (RA/ha):
A renda agrícola por unidade de área expressa o nível de eficiência ou de intensificação obtido
pela força de trabalho dos membros do NSGA no manejo da base de recursos do agroecossistema.
Pela mesma razão antes explicada, este indicador não se aplica a bens naturais mobilizados em
áreas de gestão comunitária e/ou uso compartilhado (rio, áreas coletivas, territórios de uso comum
etc.).

• Renda Agrícola Monetária (RAM = RA – [autoconsumo + doações recebidas]):


É a parcela da renda agrícola resultante da venda da produção.

• Índice de Rentabilidade (IR = RAM/ CI + PT):


Equivale à renda agrícola monetária recuperada por unidade de custo monetário investido na
produção. O indicador não se aplica quando não existe custo monetário pois a renda é igual ao
valor agregado.
Análise da economia do agroecossistema

• Índice de Endogeneidade (IE = VA/RB):


Equivale à porcentagem da renda bruta correspondente à riqueza efetivamente gerada pelo
trabalho executado na gestão do agroecossistema.

• Índice de Mercantilização (IM = CP/CPT):


Equivale à razão entre os custos produtivos (CI + PT) e o valor total dos recursos mobilizados
pelo processo de trabalho (CI + PT + recursos mobilizados por reciprocidade). Indica o grau
de dependência do agroecossistema em relação aos mercados de insumos e serviços.

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