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Módulo 2

O Pilar Ambiental do ESG


As três dimensões
ESG do curso

Que bom que você iniciou o Módulo 2 – O pilar Ambiental do ESG.

Siga o passo a passo a seguir para que a sua trajetória nesse curso seja incrível!

Estude
No AVA, antes de acessar as aulas, assista a um vídeo sobre os
principais critérios relacionados ao pilar Ambiental do ESG.

Saiba
Acesse o conteúdo das aulas e realize as atividades de múltipla escolha
após a última aula do módulo pelo ambiente virtual de aprendizagem (AVA).

Garanta
Vamos continuar a produção de um esboço de um projeto de
aplicação da Gestão ESG no seu dia a dia, tendo como ponto de
partida os assuntos abordados no Módulo 2.

Avance e confira a dimensão Estude deste módulo!

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1° Dimensão

Estude

Nesta primeira dimensão do Módulo 2, acompanhe a transcrição do vídeo


sobre os principais aspectos relacionados ao pilar Ambiental do ESG. Para uma
experiência mais completa, se preferir, acesse o vídeo no seu ambiente virtual de
aprendizagem (AVA). E não deixe de fazer suas anotações!

Palavra da Especialista

Bom, hoje quero introduzir vocês no pilar Ambiental do ESG.


Quando falamos em dimensão Ambiental, podemos citar alguns tópicos,
como: mudanças climáticas; serviços ecossistêmicos e biodiversidade;
recursos hídricos; economia circular e gestão de resíduos; e gestão
ambiental e prevenção da poluição.

Por mais que haja uma divisão entre eles, por conta
de suas especificidades, você perceberá que eles se
conectam e será capaz de reconhecer os principais
riscos e oportunidades associados a esta dimensão na
Agenda ESG.

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Mudanças climáticas
Nas mudanças climáticas, por exemplo, a emissão de gases de efeito
estufa é a principal causa. Esses gases afetam a naturalidade do efeito
estufa, que colabora para que a temperatura do planeta seja estável e
adequada para a vida na Terra.
Por isso é preciso tomar ações para reduzir ou evitar as emissões de gases
de efeito estufa na atmosfera, mitigando, ou diminuindo, as mudanças
climáticas e seus impactos negativos.
Um dos exemplos é o uso de tecnologias ABC, ou agricultura de baixa
emissão de carbono, preconizados pelo Ministério da Agricultura: como o
Sistema Plantio Direto, a Recuperação de pastagens degradadas, a fixação
biológica do nitrogênio, o tratamento de dejetos animais, dentre outros.
Outra ação que pode ser incorporada é o uso de fontes de energias
renováveis como matriz energética.

Enquanto não conseguimos reverter todos esses


cenários, vamos nos adaptando às mudanças, como
as alterações de temperatura, dos ciclos de chuva, da
umidade e de outros reguladores do clima que, por
exemplo, prejudicam as previsões de colheita.

Serviços ecossistêmicos e a biodiversidade


Outro ponto, como já citado, são os serviços ecossistêmicos e a
biodiversidade.
O Brasil possui a maior variabilidade entre os organismos vivos do mundo,
ou seja, a maior biodiversidade do planeta, e tirar benefícios dessa
biodiversidade é o que chamamos de serviços ecossistêmicos.
Para que isso perdure, nas empresas agrícolas precisamos tomar atitudes
como o uso sustentável do solo, dos recursos hídricos e da água, assim
como fazer uma boa gestão de efluentes.

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Economia circular e a gestão de resíduos
Outros itens fundamentais no aspecto Ambiental do ESG são a economia
circular e a gestão de resíduos nos empreendimentos rurais.

Uma agricultura circular considera que o alimento


precisa ser produzido de forma que apoie a regeneração
da natureza, que a comida não poderá ser perdida ou
desperdiçada e que resíduos normalmente descartados
devem ser reutilizados no ciclo da produção.

Por fim, mas não menos importante, temos a gestão ambiental e


a prevenção da poluição, que atualmente vêm pressionando os
empreendimentos a mitigar os impactos ambientais nas suas atividades
Além disso, cada vez mais é preciso atender a novos requisitos legais
ambientais, sendo necessário alcançar o equilíbrio entre impacto
ambiental e ações de mitigação.
Até mais!

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Utilize este espaço para registrar um resumo com os principais pontos
do que foi abordado neste conteúdo. Você também pode acessar o seu
ambiente virtual de aprendizagem (AVA) para executar essa atividade de
forma interativa.

Retome as anotações realizadas nessa dimensão sempre que sentir necessidade


e utilize-as quando chegar à dimensão Garanta.

Siga em frente e bons estudos!

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2° Dimensão

Saiba

Glossário ESG

ABEEólica – Associação Brasileira de Energia Eólica

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

ABRELPE – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Públca e Resíduos Especiais

ABSOLAR – Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica

ANA – Agência Nacional de Águas

ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica

BB – Banco do Brasil

BI – Bioinsumos

BNB – Banco do Nordeste

BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

BPBES – Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos

CNI – Confederação Nacional da Indústria

EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias

MRPA – Manejo de Resíduos da Produção Animal

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Título da aula
ONU – Organização das Nações Unidas

PSA – Pagamento por Serviços Ambientais


vai aqui
Pronaf – Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar

PRPD – Práticas para Recuperação de Pastagens Degradadas

SAF – Sistemas Agroflorestais


Aula 1
SI – Sistemas Irrigados

SIN-ABC – Sistema Integrado de Informações do Plano Setorial para


Consolidação de uma Economia de Baixa Emissão de Carbono na Agricultura

SPD – Sistema Plantio Direto

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Para entender melhor o “quebra-cabeça” entre os pilares que compreendem
a Agenda ESG, a partir deste módulo, você vai conhecer, de forma mais
aprofundada e com exemplos práticos aplicados a empreendimentos rurais, como
a Agenda ESG se aplica por meio de cada uma de seus aspectos ou pilares.

Esse conhecimento será necessário para que você aprenda


como definir e reportar os indicadores mais relevantes para o
seu negócio de forma que você possa instituir um sistema de
boas práticas e possibilitar a agregação de valor ao seu negócio.

Indicadores: métricas utilizadas para avaliar o desempenho do


empreendimento em relação à Agenda ESG.

Ao finalizar este módulo, você será capaz de:

1. Conhecer os principais riscos associados ao


pilar Ambiental nos empreendimentos rurais.

2. Descobrir como criar a possibilidade de obter


benefícios a partir da sua gestão, como
acesso a crédito, geração de créditos de
carbono etc.

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Este módulo está dividido em cinco aulas. Acompanhe como cada uma
está estruturada.

Mudanças climáticas
• Mitigação e emissões de gases de efeito estufa (GEE).
• Adaptação às mudanças climáticas.
• Eficiência energética.

Serviços ecossistêmicos e biodiversidade


• Conservação e uso sustentável da biodiversidade.
• Uso sustentável do solo.

Recursos hídricos
• Uso da água.
• Gestão de efluentes.

Economia circular e gestão de resíduos


• Economia circular.
• Gestão de resíduos.

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Gestão ambiental e prevenção da poluição
• Gestão ambiental.
• Prevenção da poluição sonora (ruídos e vibrações).
• Qualidade do ar (emissão de poluentes).
• Gerenciamento de áreas contaminadas.
• Produtos perigosos.

Ao longo deste módulo, observe como as aulas se conectam entre si e, ao finalizá-


lo, você será capaz de reconhecer os principais riscos e oportunidades associados
a este pilar na Agenda ESG.

E agora que você já entendeu esses pontos iniciais, é hora de começar!

Bons estudos!

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Mudanças
climáticas

Aula 1

A emissão de Gases de Efeito Estufa (GEE) é a principal causa da mudança


climática, pois esses gases afetam a naturalidade do efeito estufa que colabora
para que a temperatura do planeta seja estável e adequada para a vida na Terra.
As emissões de carbono e outros gases, como também comumente conhecidas as
emissões de GEE, são oriundas de diversas atividades, tanto naturais quanto por
ações do homem. Na imagem a seguir, você pode perceber a relação da emissão
de gases pela atividade humana no uso da terra e na queima de combustíveis.

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Emissões globais de CO2 de combustíveis fósseis
e mudança no uso da terra

40 bilhões t Total (combustíveis fósseis


+ mudança no uso da terra)
35 bilhões t Combustíveis fósseis

30 bilhões t

25 bilhões t

20 bilhões t

15 bilhões t

10 bilhões t

5 bilhões t Mudança no uso da terra

0t
1850 1880 1900 1920 1940 1960 1980 2021

Fonte: Emissões globais de CO2 – uso da terra e queima de combustível (Our World in Data, 2023).

O caso brasileiro de emissões é representado no gráfico a seguir. Como existem


diversos gases diferentes, a unidade de medida que iguala as emissões é em
carbono equivalente. Por exemplo, o gás mais comum liberado pela queima
de combustível é o CO2, enquanto o principal gás liberado pela atividade
agropecuária é o metano, CH4.

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Como visto no gráfico, as atividades relacionadas à agropecuária contribuem
em mais de 28% do total de emissões brasileiras. Isso demonstra a atenção
que o setor deve ter para questões de mitigação de emissões. Além disso, ele
também é o setor que mais sofre com os efeitos da mudança do clima como
tempestades e ondas de calor. Assim, são demandadas soluções para adaptação
do setor a esses efeitos.

No que tange a estratégias de mitigação, é comum a busca por soluções de


captura ou sequestro de carbono, ou seja, tecnologias que retirem do meio
ambiente os GEE.

Para fixar o conhecimento de captura, imagine


uma fazenda de milho. Em condições normais, o
solo saudável e a vegetação armazenam carbono
naturalmente. Quando as condições normais são
violadas, esse carbono armazenado é liberado
na atmosfera. Cabe ao produtor rural encontrar
formas de sequestrar o carbono via, por exemplo,
uso de tecnologias de baixa emissão de carbono
com o sistema plantio direto, que vai cumprir seu
papel de sequestrar carbono.

Mitigação de emissões de gases de


efeito estufa
Mitigação refere-se às ações tomadas para reduzir ou evitar as emissões de gases
de efeito estufa (GEE) ou para remover esses gases da atmosfera. Essas ações têm
como objetivo minimizar as mudanças climáticas e seus impactos negativos.

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Na vanguarda do movimento pelo clima e para mitigar seus impactos, é interessante
que as empresas estejam preparadas para atuar em mercados de carbono.

Os mercados de carbono podem ser entendidos como formas


comerciais em que são negociadas compra, venda ou tributação
de montantes de carbono estocados. Importante destacar que
estes mercados podem ser: regulado ou voluntário.

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O Brasil ainda não possui um mercado regulado de carbono. No mercado
voluntário, empresas que querem descarbonizar uma atividade ou produto
podem comprar créditos de carbono que compensam essas emissões sem
intervenção do governo. Essa negociação acontece entre comprador e vendedor
de créditos. No gráfico a seguir, é possível verificar a evolução das emissões de
crédito no Brasil e o tamanho da oportunidade nos créditos de carbono.

As empresas que precisam compensar as emissões daquelas atividades que não


puderem mitigar suas emissões recorrem aos proprietários de terra e compram
os créditos que elas precisam.

No Módulo 1, foi visto que a criação animal, o desmatamento, as mudanças no


uso do solo e as atividades relacionadas são responsáveis por quase 70% do
total de emissões de carbono do Brasil. O infográfico a seguir demonstra como
funciona um ciclo de emissões e como elas podem ser medidas.

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No ciclo padrão de um sistema orgânico, ocorrem
1 transferências de CO2 entre o solo, a vegetação e o ar.

As plantas usam a fotossíntese para absorver CO2 e crescer, no


2 entanto, também libertam CO2 por meio da respiração.

3 Os gados emitem metano por meio da sua ruminação.

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Mensura as trocas de Gases de Efeito Estufa (GEE) que ocorrem
4 entre a atmosfera e o ecossistema.

Em sistemas sustentáveis de produção pecuária em manejo


5 rotativo da pastagem, por exemplo, pode-se registrar uma
maior absorção de CO2 do que a emissão de metano (CH4).

Sobre esse tema, confira um exemplo a seguir.

Na prática

Uma fazenda de suínos criou um projeto de carbono


para mitigar e recuperar os GEEs relacionados aos
efluentes animais. A atividade de projeto consiste
na construção de um reator que utiliza o material
orgânico atualmente tratado na lagoa aberta (das
operações com animais confinados) para produzir
biogás. A estimativa de redução é de mais de 360 mil
toneladas de CO2 ao longo dos sete anos do projeto.

Este projeto, além do benefício claro na redução de


emissões, tem o benefício direto na qualidade e na
disponibilidade de água visto que o resíduo será
tratado dentro de um reator, longe da antiga lagoa
que servia como tratador.

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Adaptação às mudanças climáticas
Enquanto a mitigação envolve o processo de evitar emissões de maneira que não
contribuam com a mudança do clima, a adaptação é uma resposta das empresas
para os efeitos da mudança climática. Já sentidas em diversas regiões do Brasil,
as mudanças de temperatura, dos ciclos de chuva, da umidade e de outros
reguladores do clima prejudicam as previsões de colheita.

Reflita
Nesse caso, visto que as condições climáticas serão cada vez
mais imprevisíveis, o que você faria para reverter essa situação?

Como mencionado, há efeitos que são irreversíveis. No caso das condições de


temperatura, o produtor rural pode realizar algumas ações. Acompanhe cada
uma delas a seguir.

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Mudar de local para evitar geada
que prejudique sua plantação
(imagine mudar milhares de hectares
de plantação por conta da mudança
climática?). Confira aqui exemplos
sobre como os efeitos adversos da
mudança climática forçam até pessoas
a mudarem de localidade em busca de
melhores condições de vida e saúde.

Investir em plantio sob condições


controladas como estufas
(já imaginou o preço desse
investimento?). Confira este case de
estímulo governamental ao cultivo em
local controlado para evitar prejuízos
advindos da mudança do clima.

Melhoramento genético da
cultura para resistir melhor aos
efeitos adversos. Mesmo as sementes
mais resistentes podem sofrer com
os efeitos extremos. Além do mais,
uma cultura resistente ao frio pode
não ser resistente ao calor ou à falta
de chuva. Confira este exemplo de
pesquisa em melhoramento genético.

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Anote na Agenda

Existem diversas ferramentas e estudos que auxiliam a tomada de


decisão para investimento em ações de adaptação. Uma ferramenta
que pode ser útil para avaliar condições de clima é a Adapta Clima.
Nela você encontra diversos estudos nessa temática.

Outros exemplos de oportunidades de adaptação podem ser vistos


neste artigo da WRI Brasil. Clique aqui para acessá-lo.

Eficiência energética
O objetivo neste tópico é reconhecer as oportunidades relacionadas à eficiência
energética e às energias renováveis para os empreendimentos rurais. Logo
abaixo serão apresentadas as principais fontes de energias renováveis para
os empreendimentos rurais no Brasil bem como suas oportunidades com a
Agenda ESG.

Fontes de energias renováveis

As energias renováveis são originadas a partir de fontes não esgotáveis. As


fontes de energia renováveis geram menos impactos ambientais negativos quando
comparadas às fontes não renováveis, como carvão mineral, gás natural e petróleo.
O gráfico a seguir apresenta a oferta de energia elétrica por fonte no Brasil.

Fontes não esgotáveis: vento, luz solar e movimentos das águas.

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Oferta da energia elétrica por fonte no Brasil

Carvão e derivados Gás natural


3,9% 12,8%

Solar
Derivados de petróleo
2,47%
3,0%

Nuclear
Eólica 2,2%
10,6%

Biomassa
8,2%

Hidráulica
56,8%

Confira mais informações sobre os modelos de energia renovável.

A energia a partir das hidrelétricas


é produzida pela força da água,
que movimenta turbinas e
geradores. De uma forma geral, a
água é armazenada em grandes
reservatórios e, ao ser liberada, as
turbinas se movimentam e geram
energia elétrica.

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A energia solar, ou fotovoltaica, é
assim chamada por utilizar placas
fotovoltaicas para captar energia
natural do sol e convertê-la em
energia elétrica.

A energia eólica gera eletricidade


por meio do vento. Para a
produção de energia, as turbinas
eólicas transformam a energia do
movimento dos ventos em energia
elétrica, ou seja, o vento empurra as
“pás” eólicas e assim gera energia.

A biomassa produz energia a


partir de materiais orgânicos,
animal ou vegetal. Por meio da
decomposição desses materiais
orgânicos por microrganismos
dentro de biodigestores, são
produzidos gases (principalmente
metano) que serão utilizados
como fonte de energia.

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Materiais orgânicos: resto de alimentos, resíduos biológicos, madeira, lixos
de aterros, subprodutos da produção agropecuária ou até mesmo dejetos.

As oportunidades relacionadas a energias renováveis como parte da Agenda


ESG são muitas. A transição para fontes de energia limpa e sustentável é
fundamental para mitigar as mudanças climáticas e reduzir a dependência de
combustíveis fósseis.

As energias renováveis colaboram com atividades diárias dos


pequenos e grandes produtores rurais, como: irrigação,
ordenha, iluminação, refrigeração, ventilação e redução
do custo de produção. Além disso, podem ser de fácil
instalação, sem necessidade de grandes áreas e infraestrutura.

No âmbito dos empreendimentos rurais, existem alguns benefícios em investir


em uma transição energética. Na sequência, descubra quais podem ser eles:

Benefícios ambientais
Não emissão de CO2 após sua construção, colaboração
para cumprimento dos acordos do clima.

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Benefícios sociais
Capacitação de mão de obra local, aumento da renda
das comunidades.

Benefícios econômicos
Melhor custo-benefício na tarifa de energia a longo prazo
e redução no custo de produção da atividade rural.

Na próxima aula, vamos conhecer os serviços ecossistêmicos e a biodiversidade.

Siga em frente e continue seus estudos!

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Serviços
ecossistêmicos
e biodiversidade
Aula 2

Nesta aula, vamos compreender o conceito de serviços ecossistêmicos, a


importância da preservação da biodiversidade e o uso sustentável do solo.

Sigamos juntos!

Conservação e uso sustentável da


biodiversidade
Você sabe o que é biodiversidade?

Biodiversidade é conceituada como a


variabilidade entre os organismos vivos incluindo
os ecossistemas terrestres, marinhos e aquáticos
bem como os complexos ecológicos dos quais
estes fazem parte; isso inclui a diversidade dentro,
e entre espécies, e de ecossistemas (CDB, 2006).

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O Brasil possui a maior biodiversidade do mundo. São mais de 116.000 espécies
animais e mais de 46.000 espécies vegetais conhecidas no país espalhadas pelos
seis biomas terrestres e pelos três grandes ecossistemas marinhos (MMA, 2023).

A biodiversidade é essencial para a


alimentação e a agricultura, sendo
representada por todas as plantas,
animais e outros organismos, que
fornecem alimento, ração, combustível
e fibra e outros serviços ecossistêmicos
que apoiam a produção de alimentos
(FAO, 2019).

Vamos dar uma pausa para entender o que são serviços ecossistêmicos e por
que eles são essenciais para a atividade agrícola? Confira no Giro ESG! Para ter
uma experiência mais rica, acompanhe a transcrição a seguir, e acesse o seu
ambiente virtual de aprendizagem (AVA) para ouvir o podcast.

Giro ESG

Serviços ecossistêmicos
É hora do Giro ESG!
Os serviços ecossistêmicos são o assunto abordado. Fique atento!
Sabemos que o ser humano obtém benefícios da natureza. Esses são
conhecidos como “serviços ecossistêmicos”, pois são derivados, direta
ou indiretamente, do funcionamento dos ecossistemas.
Estes podem ser classificados como serviços de: provisão, regulação,
cultural e suporte.

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Os serviços de provisão estão relacionados aos bens obtidos dos
ecossistemas. Alimentos, fibras, água, madeira e fármacos são
bons exemplos.
Já os serviços de regulação são os benefícios intangíveis obtidos
dos ecossistemas, como a regulação do clima, a purificação da água, a
polinização e o controle da erosão.
Os serviços culturais são os benefícios dos processos que envolvem os
ecossistemas, como o turismo, a recreação, a beleza cênica e os valores
espirituais.
Por fim, o serviço de suporte refere-se a funções ecológicas que dão
suporte à produção dos serviços ecossistêmicos, como o habitat e a
manutenção da diversidade genética.
Como você pode perceber, estes são serviços essenciais para o nosso
bem-estar, saúde e qualidade de vida e nos fornecem uma ampla gama de
benefícios econômicos, sociais e ambientais.
Os ecossistemas desempenham um papel fundamental para a agricultura
e, consequentemente, na produção de alimentação, disponibilizando água,
por exemplo.
Atuam também na proteção contra os riscos e nos habitats para espécies
como peixes, polinizadores e decompositores, que estão sofrendo uma
rápida redução.
Então a agricultura pode ser uma promotora dos serviços ecossistêmicos,
desde que seja adotada uma abordagem sustentável que considere a
conservação da biodiversidade, a proteção dos recursos naturais e a busca
pelo equilíbrio entre a produção agrícola e a preservação ambiental.
Encerramos assim mais um Giro ESG. Até a próxima!

Agora que você já sabe o que são serviços ecossistêmicos, confira o infográfico
a seguir com um resumo da classificação desses serviços, assim você consolida
ainda mais o conhecimento obtido.

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Classificação dos serviços ecossistêmicos

Provisão Regulação Culturais Suporte

Benefícios Benefícios dos Funções ecológicas


Bens obtidos dos que dão suporte à
intangíveis obtidos processos dos
ecossistemas produção dos serviços
dos ecossistemas ecossistemas
ecossistêmicos

Alimento Regulação Turismo Habitat


Fibras do clima

Purificação Manutenção
Água Recreação
da água da diversidade
genética
Madeira Beleza cênica
Polinização
Energia

Fármacos Controle Valores


da erosão espirituais

A Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (BPBES, 2019)


analisou 141 culturas agrícolas no Brasil e identificou que 85 delas dependem de
polinização por animais.

A diminuição da diversidade e da
abundância de polinizadores, como
abelhas, borboletas e pássaros, pode
afetar a polinização de plantas cultivadas,
reduzindo a produtividade de culturas
como frutas, legumes e sementes.

A falta de diversidade de plantas e insetos benéficos, como predadores naturais


de pragas, torna os sistemas agrícolas mais propensos a surtos de pragas que
podem causar danos significativos às culturas.

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Como observado, a perda de biodiversidade pode ter impactos negativos nos
serviços ecossistêmicos e na produção agrícola. Neste contexto, boas práticas
podem ser introduzidas, confira cada uma delas na sequência

.
• Manejo integrado de pragas.

• Agricultura de conservação.

• Manejo sustentável do solo.

• Agroecologia e manejo florestal sustentável.

• Agrossilvicultura e práticas de diversificação


na aquicultura.

• Agricultura orgânica.

• Restauração de pescas e ecossistemas.

A conservação da biodiversidade e dos ecossistemas se apresenta como uma


oportunidade para os empreendimentos rurais no Brasil. Em 2014, foi aprovada
a Lei Federal nº 14.119 (Brasil, 2021), que instituiu a Política Nacional de
Pagamento por Serviços Ambientais PNPSA ou mais conhecida como PSA.

O PSA é um mecanismo financeiro que objetiva remunerar


produtores rurais, agricultores familiares e assentados, assim
como comunidades tradicionais e povos indígenas, pelos
serviços ambientais prestados que geram benefícios para
toda a sociedade (WRI, 2021).

Práticas ESG no meio rural | 95


No momento, a política do PSA aguarda regulamentação, isso quer dizer que
ainda não há uma forma definida de se acessar esses pagamentos, entretanto,
grandes empresas já demonstraram comprometimento em investir recursos em
projetos de PSA alinhados à sua Agenda ESG. Logo, esta pode ser vista como
uma oportunidade desde já aos cidadãos engajados na preservação/recuperação
destes serviços.

Anote na Agenda
Se você ficou curioso(a) para conhecer mais sobre PSA, recomendamos
acessar o relatório “Pagamento por serviços ambientais no Brasil:
recomendações para 2023” acesse o seu ambiente virtual de
aprendizagem (AVA) para fazer o download corretamente.

Uso sustentável do solo


O solo desempenha um papel fundamental na agricultura e na produção animal
e é considerado um dos recursos naturais mais importantes para a produção de
alimentos. Este desempenha serviços ambientais cruciais para a vida na Terra,
contribuindo para a regulação do clima, o sequestro de carbono, a ciclagem
de nutrientes, entre outros. Sobre isso, confira o infográfico a seguir sobre as
funções do solo.

Práticas ESG no meio rural | 96


O solo possui
diferentes funções
importantes para a
vida na Terra.

O uso sustentável do solo é crucial para garantir a saúde dos ecossistemas,


a segurança alimentar, a mitigação das mudanças climáticas e a conservação
dos recursos naturais. Conheça algumas práticas de uso sustentável do solo no
esquema a seguir.

Sistema Rotação Manejo integrado


plantio direto de cultura de pragas

Práticas ESG no meio rural | 97


Controle da Uso eficiente de
erosão do solo fertilizantes

As práticas recomendadas no Plano ABC+ do Ministério da Agricultura estão


listadas abaixo e a sua implementação nas propriedades preconiza uma
agricultura mais sustentável e que proporciona incrementos na saúde do solo e
aumento na sua biodiversidade.

1. Sistemas em integração (nas modalidades ILPF, ILP, IPF e


SAFs) e em plantio direto (SPD).

2. Fixação biológica do nitrogênio (FBN).

3. Florestas plantadas.

4. Recuperação de pastagens degradadas.

5. Tratamento de dejetos animais.

Práticas ESG no meio rural | 98


Essas práticas cobrem cinco tópicos: solo, água, biodiversidade, saúde
dos ecossistemas e incremento de carbono. Para tanto, utiliza as práticas
mencionadas anteriormente para uso sustentável do solo, além da integração
de animais ao sistema. Outras estratégias produtivas como agricultura
regenerativa, agricultura orgânica, biodinâmica, biológica e sistemas
agroflorestais (SAF) contribuem com a conservação e a proteção do solo.
Confira a seguir um exemplo comparativo entre a agricultura convencional
e a agricultura regenerativa, em que a última sequestra carbono do solo
contribuindo com a redução das mudanças climáticas.

Agricultura regenerativa Agricultura convencional

Planeta esfria Planeta esquenta

Monocultura

Mais carbono entrando na Mais carbono saindo para a


terra do que saindo atmosfera do que entrando

Logo, grandes empresas do setor agropecuário brasileiro têm investido nesses


modelos alinhados à sua estratégia ESG.

Práticas ESG no meio rural | 99


Na sua atual vigência (2020-2030), o Plano ABC+
é uma ferramenta essencial para o cumprimento
dos compromissos nacionais e internacionais
do Brasil de desenvolvimento sustentável
da agricultura e para o enfrentamento do
aquecimento global, redução da vulnerabilidade
do setor, produção de alimentos de qualidade e
de bioprodutos, incluindo biomassa (MAPA, 2021).

Uma das premissas do Plano ABC+ é privilegiar áreas já ocupadas pelo homem,
focando no aumento da eficiência do uso dos recursos disponíveis (solo, água e
biodiversidade) como alicerce para o aumento da produção e da produtividade.

Siga em frente e confira a terceira aula do módulo!

Práticas ESG no meio rural | 100


Recursos
hídricos

Aula 3

Você sabe a diferença entre água e recursos hídricos? Sim, são conceitos diferentes.

De acordo com a Embrapa, a água é o elemento natural,


desvinculado de qualquer uso. Já o recurso hídrico, por sua
vez, é toda água proveniente da superfície ou subsuperfície da
Terra e que pode ser empregada em um determinado uso ou
atividade, podendo também passar a ser um bem econômico.

Os recursos hídricos são as águas que estão disponíveis para o uso humano,
tanto para o consumo próprio quanto para fins econômicos. São reservas de água
disponíveis na superfície, como rios e lagos, e no subterrâneo, a exemplo dos
aquíferos. Todo recurso hídrico é água, mas nem toda água é recurso hídrico.

Práticas ESG no meio rural | 101


A escassez hídrica já afeta muitas regiões do planeta e se agravará nos próximos
anos com o crescimento da população mundial e as mudanças climáticas. Sem
água, não existe produção de alimentos.

Uso da água
A água é o recurso natural essencial para a sobrevivência de vida no planeta
Terra. Conforme dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e
a Agricultura (FAO, na sigla em inglês), a agricultura é o setor que utiliza a maior
quantidade de água no mundo, e por isso o impacto no uso eficiente desse
recurso é tão significativo para todos. Confira, a seguir, como está distribuído o
consumo de água por atividade no Brasil.

Práticas ESG no meio rural | 102


Total de água consumida nas bacias hidrográficas (em 2019)

Irrigação
Abastecimento
66,1% Animal 11,6%

Termelétricas
TOTAL DE CONSUMO
0,3%
1.125m³/s
Indústria
Mineração 9,7%
0,9%

Abastecimento
Abastecimento Rural 2,4%
Urbano 9,0%

Como demonstrado acima, a irrigação é a principal fonte de consumo de água.


Entretanto, sistema que utilizam da irrigação possibilitam ganhos expressivos
em produtividade e redução dos riscos na produção. Por isso, é tão importante
que exista um uso eficiente desse recurso. A seguir, e descubra as principais
culturas irrigadas no Brasil, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE).

Cana-de-açúcar Arroz Soja

Práticas ESG no meio rural | 103


Milho Feijão Laranja

Café Cebola Melancia

Algodão Trigo

Na agricultura irrigada, temos que evitar perdas de água nas tubulações e canais
que conduzem a água de uma fonte até a área agrícola e na distribuição dessa
água dentro da área. É importante utilizar somente a quantidade de água que
a cultura necessita, de acordo com o conhecimento técnico e os equipamentos
recomendados. Outras práticas podem ser adotadas para diminuir o desperdício,
acompanhe o raciocínio, e conheça cada uma delas.

Práticas ESG no meio rural | 104


• Reservação: consiste em construir reservatórios para armazenar água e
utilizá-la para irrigação e, se possível, para outros fins.

• Conservação das áreas de recarga do lençol d´água: potencializar que a


água da chuva infiltre no solo e reabasteça os reservatórios subterrâneos de
água. Isso pode ser alcançado com técnicas como manutenção da cobertura
permanente do solo com espécies de cobertura e/ou através construção de
terraços em curva de nível.

• Irrigação por gotejamento: a técnica que utiliza gotejamento ao invés


de irrigação com fluxo constante pode economizar até 50% da água e ter o
mesmo resultado.

• Irrigação responsável: quem precisa de irrigação deve estar atento


a tecnologias econômicas que melhorem o uso da água com o mesmo
resultado, como, por exemplo, os sensores de umidade no solo, que podem
automatizar o fluxo de água a partir da necessidade real da planta.

• Motores elétricos e bombas que operam com maior rendimento:


emissores com maior uniformidade de distribuição e que atuam sob
menor pressurização.

Uma prática sustentável aplicada aos empreendimentos rurais é a implantação


de barramentos (represas) de pequeno e médio porte por parte dos
produtores, para suprir a demanda de projetos de irrigação. Neste contexto,
o irrigante passa a ser “produtor” de água, uma vez que ele reserva a água da
chuva, que iria para o oceano, para ser utilizada no período seco.

Práticas ESG no meio rural | 105


Realizar análise da água na agricultura é fundamental para
projetar, operar e dar manutenção aos sistemas de irrigação.
Assim, é possível entender as características da água que está
sendo utilizada, assim como prever possíveis problemas.

Ainda com relação aos recursos hídricos, outro ponto relevante e que deve estar
no radar do produtor é sobre o uso de defensivos e outros insumos, que se
usados de forma indevida, podem comprometer a qualidade da água. Então,
pensar em manejo correto de defensivos é também pensar em conservação de
água. Para detectar se há resíduos de defensivos agrícolas acima dos limites
estabelecidos por lei, o Brasil segue os parâmetros definidos pela Portaria nº
888/2021. Publicada pelo Ministério da Saúde, a legislação define os padrões de
potabilidade da água para consumo humano.

Gestão de efluentes
Os efluentes são os resíduos gerados por meio das atividades humanas e
industriais. Sua variação é enorme. Para facilitar o entendimento, são divididos em
dois tipos: efluente doméstico e efluente industrial.

Práticas ESG no meio rural | 106


Diversos processos produtivos dos empreendimentos rurais são geradores de
efluentes, como é o caso do processamento de alimentos, couro, madeira e fibras.
Há outros efluentes oriundos dos processos que utilizam como matéria-prima,
por exemplo, a laranja e a cana-de-açúcar (vinhaça), que podem conter altos
teores de contaminantes residuais, sendo também necessários tratamentos com
tecnologias avançadas. Caso esses efluentes gerados pelos empreendimentos
rurais não sejam tratados da maneira correta, podem causar diversas
intercorrências negativas.

Práticas ESG no meio rural | 107


As estações de tratamento de efluentes ajudam
a reduzir e a eliminar o volume, a concentração
e a toxicidade de cargas poluentes. Até mesmo
o lodo gerado por esse tratamento pode ser
reaproveitado. A água resultante da atividade
também pode ser reutilizada, tornando o
processo ainda mais vantajoso.

Na prática

Como modelo prático, temos o programa


Suíno Pata Verde, realizado pelo Instituto de
Zootecnia (IZ-APTA) da Secretaria de Agricultura e
Abastecimento do Estado de São Paulo, que permite
adaptar uma tecnologia para as fazendas de suínos.
O resultado já é colhido pelos empreendimentos,
com mais renda no campo e menos impacto
no meio ambiente. O Programa promove uma
sustentabilidade real porque usa os efluentes
dos suínos, que trazem impacto para o ambiente,
e os transformam em novos recursos dentro da
propriedade rural. Com o sistema são produzidos
água e dois tipos de adubos (altamente nutritivos
para as plantas).

Chegamos ao final desta aula. Siga em frente e confira a quarta aula


do módulo!

Práticas ESG no meio rural | 108


Economia circular
e gestão de
resíduos
Aula 4

Nesta aula, vamos reconhecer a importância da economia circular, a gestão dos


resíduos e as oportunidades nos empreendimentos rurais. Uma agricultura
circular considera que o alimento precisa ser produzido de forma a regenerar a
natureza, que a comida não poderá ser perdida ou desperdiçada e que resíduos
normalmente descartados devem ser reutilizados no ciclo da produção.

Vamos entender como isso funciona?

Economia circular
A economia circular tornou-se um caminho promissor para superar
desequilíbrios. Restauradora e regenerativa em seu conceito, esta nova economia
envolve modelos de produção e consumo que priorizam compartilhar, reutilizar,
reparar, reformar e reciclar materiais pelo maior tempo possível, estendendo seu
ciclo de vida e reduzindo a um mínimo as perdas e os rejeitos.

A economia circular baseia-se em repensar a


forma de desenhar, produzir e comercializar
produtos para garantir o uso e a recuperação
inteligente dos recursos naturais (Portal da
Indústria, s.d.).

Práticas ESG no meio rural | 109


Observe o infográfico a seguir que apresenta a diferença entre economia linear e
economia circular.

Com esse infográfico, fica clara a diferença nos conceitos. Na economia linear
é preconizado o termo do berço ao túmulo (cradle to grave) onde uma matéria
prima é utilizada para desenvolvimentos de produtos, que ao final de sua vida útil
é descartada. Já na economia circular, é priorizado o conceito do berço ao berço
(cradle to cradle), onde ao final da vida útil de um produto, este mesmo é utilizado
como recurso para desenvolvimento de um novo produto, sem a necessidade de
busca por novas materias primas.

Práticas ESG no meio rural | 110


Para a ONU, a economia circular é um conceito que associa desenvolvimento
econômico a um melhor uso de recursos naturais, por meio de novos modelos de
negócios e da otimização nos processos de fabricação com menor dependência
de matéria-prima virgem, priorizando insumos mais duráveis, recicláveis e
renováveis (Portal da Indústria, s.d.). A economia circular possui três princípios:
eliminar o desperdício e a poluição, maximizar a circulação dos produtos e
regenerar a natureza.

Vamos conhecer um pouco mais sobre a economia circular em empreendimentos


rurais? Acompanhe a transcrição, se preferir, acesse o vídeo no seu ambiente
virtual de aprendizagem (AVA), e confira a Palavra da Especialista.

Palavra da Especialista

Economia Circular

O termo economia circular precisa ser abordado ao


falarmos em ESG. Pensando nos empreendimentos
rurais, a economia circular prepara os negócios
para atender a critérios globais cada vez mais
rígidos e diminuir os impactos em termos de clima,
biodiversidade e poluição.

Um exemplo: a Exchange 4 Change Brasil listou, por


meio de um estudo, algumas recomendações para
que produtores de frutas e hortaliças possam adotar
uma agricultura circular.

Práticas ESG no meio rural | 111


Adoção de sistemas sustentáveis de produção
Uma delas é a adoção de sistemas sustentáveis de produção.
É fundamental buscar os benefícios das práticas de sustentabilidade,
as oportunidades para aumento da produtividade e renda e o potencial
ganho de resiliência com a agricultura circular.

PSA - Pagamento por Serviços Ambientais


Outro ponto é que o produtor agrícola pode receber o PSA – Pagamento
por Serviços Ambientais e ser recompensado monetariamente. O PSA é
um instrumento econômico que recompensa e incentiva atividades com
uso sustentável de recursos naturais.

Bioinsumos
Outra recomendação está relacionada ao uso de bioinsumos.
Os bioinsumos podem ser utilizados para o controle biológico de
pragas, a fertilidade do solo, o suprimento de nutrientes, a substituição
de antibióticos e a aplicação agroindustrial em sistemas de produção
convencional e de base ecológica.
E, por fim, uma recomendação quanto à qualidade e às condições
econômicas para construção de biofábricas.

A produção de insumos biológicos dentro da fazenda


pode reduzir os impactos da atividade agrícola e os
custos de produção com fertilizantes e defensivos.

O investimento deve ser feito não só na área física, mas também em


materiais e instrumentos, como autoclaves de grande porte, câmara de
fluxo laminar e incubadoras para o crescimento vegetal.

Práticas ESG no meio rural | 112


Uma biofábrica na propriedade também cria novas oportunidades para
utilizar espécies vegetais na produção de biofármacos.
Como exemplo de uma oportunidade, a fibra da bananeira vem sendo
utilizada como matéria-prima para fabricação de papel e de diversos
artigos de artesanato, com elevado valor agregado.
Então use a economia circular a seu favor! Até mais!

Gestão de resíduos
Antes de falarmos sobre gestão de resíduos, você sabe a diferença entre lixo,
resíduos sólidos e rejeito? Então, acompanhe!

• Lixos: de acordo com a ABNT (2004), lixos são provenientes das ações
humanas e são considerados pelo gerador como inservíveis, indesejáveis ou
passíveis de descarte, podendo assumir uma forma sólida ou líquida.

• Resíduos sólidos: a própria ABNT define resíduos sólidos como os resíduos


que resultam de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar,
comercial, agrícola, de serviços e de varrição, além de lodos de sistemas de
tratamento de água e equipamentos de controle de poluição.

• Rejeito: o rejeito refere-se a um tipo particular de resíduo, no qual todas


as opções de reutilização ou reciclagem foram esgotadas e não há solução
final para o item ou parte dele. Portanto, as únicas opções factíveis são a
destinação para um aterro sanitário ou a incineração.

Práticas ESG no meio rural | 113


Vários tipos de resíduos produzidos pelos empreendimentos
rurais são conhecidos como resíduos agrícolas: dejetos do
gado, cascas, folhas e até mesmo defensivos agrícolas, as
partes que sobram de processos derivados das atividades
humanas e animal e de processos produtivos, como a matéria
orgânica, o lixo doméstico, os efluentes industriais e os gases
liberados em processos industriais ou por motores.

Os resíduos agrícolas também são motivos de preocupação por parte das


autoridades governamentais, já que o Brasil é um grande produtor agrícola.
O Brasil possui, desde 2010, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº
12.305/2010), que regula a gestão dos resíduos sólidos. Esse cenário crescente da
produção agrícola exige que os empreendimentos cuidem melhor dos resíduos.
Um bom exemplo de um sistema eficiente de resíduo agrícola é o Sistema
Campo Limpo, referência internacional na logística reversa das embalagens vazias
de defensivos agrícolas no Brasil. Confira como esse sistema funciona a seguir.

Práticas ESG no meio rural | 114


As tecnologias mais acessíveis para transformar os resíduos e dejetos em energia são:

• Gaseificação: a quente (gaseificadores) e anaeróbica (biodigestores)


• Compactação de resíduos: produção de briquetes.

Práticas ESG no meio rural | 115


Entre os materiais utilizados para
produzir os briquetes estão a
serragem e os restos de serraria,
cascas de arroz, sabugo e palha de
milho, palha e bagaço de cana-de-
açúcar, cascas de algodão, cascas de
café, soqueira de algodão, feno ou
excesso de biomassa de gramíneas
forrageiras, cascas de frutas, cascas e
caroços de palmáceas, folhas e troncos
das podas de árvores nas cidades.

Os produtos energéticos derivados desses processos – gás, biogás e briquetes –


substituem os combustíveis de origem fóssil com vantagens econômicas (menor
preço de insumos), apresentam baixa emissão de gases de efeito estufa, reduzem
os impactos ambientais em solo e água e podem suprir as necessidades de
energia de uma pequena propriedade rural.

Chegamos ao final desta aula. Siga em frente e confira a quinta e última


aula do módulo!

Práticas ESG no meio rural | 116


Gestão ambiental
e prevenção da
poluição
Aula 5

Nesta aula, vamos conhecer a aplicação do Sistema de Gestão Ambiental (SGA)


para a prevenção e a mitigação da poluição com foco nos empreendimentos
rurais. Para isso, vamos entender como funciona um SGA e depois vamos debater
sobre algumas fontes de poluição ambiental, como sonora, do ar e resíduos.

Gestão ambiental
Como já discutimos anteriormente, o mercado vem pressionando os
empreendimentos a mitigar os impactos ambientais nas suas atividades. Além
disso, cada vez mais é necessário atender a novos requisitos legais ambientais.
Para alcançar o equilíbrio entre impacto ambiental e ações de mitigação,
implementar um Sistema de Gestão Ambiental ajuda a criar um conjunto de
políticas, processos, procedimentos e práticas que contribuem para minimizar os
impactos ambientais das atividades, produtos e serviços de uma empresa.

O SGA pode estar inserido no escopo de uma estratégia


ESG no pilar Ambiental, já que trata, principalmente, do uso
consciente dos recursos naturais e da prevenção e mitigação
da poluição.

Práticas ESG no meio rural | 117


Para os empreendimentos rurais, implementar um SGA é fundamental para o
manejo adequado dos recursos naturais, seja no uso da água ou no manejo
do solo, bem como no gerenciamento de atividades potencialmente poluidoras,
como o descarte de resíduos agroindustriais ou a utilização de insumos químicos.
No Brasil, a principal norma referente ao SGA é a ABNT NBR ISO 14001:2015,
que estabelece os requisitos para a implementação de um SGA.

Reflita
Mas como construir um SGA no meu empreendimento rural?
Quais são as principais etapas?

Para construir um SGA, podemos seguir as seguintes etapas, que podem mudar
conforme cada modelo de negócio:

1. Identificação e avaliação de aspectos e


impactos ambientais.
2. Definição de objetivos e metas ambientais.
3. Implementação de boas práticas agrícolas.
4. Monitoramento e controle.
5. Capacitação e engajamento dos
funcionários.

Algumas práticas podem ser implementadas para a redução dos impactos


ambientais. A seguir, conheça cada uma delas.

Práticas ESG no meio rural | 118


Uso eficiente de Manejo integrado de
recursos hídricos pragas e doenças

Conservação Gestão de
do solo resíduos agrícolas

Nos próximos subtópicos, vamos ver exemplos práticos de empreendimentos


rurais para mitigação de impactos ambientais.

Prevenção da poluição sonora (ruídos


e vibrações)
Ruídos e vibrações podem causar impactos como desconforto para os
colaboradores e dispersão da fauna local.

Práticas ESG no meio rural | 119


Na prática

Uma fazenda de criação de animais utiliza máquinas


pesadas diariamente para suas atividades regulares.
O estudo para mensurar a pressão sonora foi
conduzido por uma consultoria externa. Para a
avaliação da mensuração, a consultoria utilizou a
Norma ABNT NBR 10152 da ABNT NBR 10151,
e legislações específicas municipais, estaduais e
federais. Foi verificado que alguns limites foram
ultrapassados e, com isso, a consultoria sugeriu as
seguintes ações de mitigação:

• Alterar a localização de algumas máquinas


pesadas para áreas mais afastadas da
comunidade local.

• Fornecer Equipamentos de Proteção Individual


para todos os colaboradores.

• Alterar a infraestrutura das instalações com


isolamento acústico.

• Plantar árvores em regiões do entorno para


servir como barreiras físicas naturais.

• Monitorar a manutenção das máquinas pesadas.

Práticas ESG no meio rural | 120


Qualidade do ar (emissões de poluentes)
Já conversamos anteriormente na Aula 1 deste módulo sobre mudanças
climáticas e sua relação com as emissões de poluentes.

A poluição atmosférica contamina e altera as


condições naturais do ar, comprometendo
a saúde e a qualidade de vida das pessoas e
potencializando as mudanças climáticas.

Na prática

Um empreendimento rural a partir das suas


atividades diárias, de criação de gado, utilização de
automóveis, manejo do solo, desmatamento, dentre
outros, contribui para as emissões de poluentes
atmosféricos. Em um empreendimento rural que
produz arroz, pode-se realizar algumas ações
ambientais mitigadoras para reduzir as emissões de
poluentes, como:

• Manejo adequado dos resíduos agrícolas.

• Uso de práticas de conservação do solo.

• Conservação de áreas naturais e habitats.

• Uso de combustíveis mais limpos em máquinas,


como o biocombustível.

Práticas ESG no meio rural | 121


Gerenciamento de áreas contaminadas
Produtos químicos como defensivos agrícolas e agroquímicos podem
comprometer a qualidade do solo e da água e impactar não só a flora e a
fauna, mas também as comunidades que dependem desses recursos naturais
para sobreviver. Por isso, identificar, avaliar, controlar e remediar esses
produtos para que não poluam áreas naturais é de extrema relevância para os
empreendimentos rurais.

Na prática

Algumas medidas de prevenção e/ou mitigação


podem ser aplicadas pelo empreendimento rural,
como:

• Criar planos de ação e remediação.

• Armazenar corretamente os produtos perigosos.

• Monitorar as atividades potencialmente poluidoras.

• Realizar inspeções periódicas da qualidade do


solo e da água.

Produtos perigosos
Conforme a ABNT PR 2030 (2022), os produtos perigosos são substâncias
ou a mistura de substâncias encontradas na natureza ou produzidas que em
função de suas características e propriedades químicas, físicas e toxicológicas
representam potencial de danos para a saúde humana, para a segurança pública
ou para o meio ambiente. Para entender melhor a classificação e quais produtos

Práticas ESG no meio rural | 122


são considerados perigosos, o Sistema Globalmente Harmonizado (GHS) divide
em nove classes: gases, sólidos inflamáveis, material radioativo, substâncias
corrosivas, dentre outros.

Para os empreendimentos rurais, podemos citar como produtos perigosos:


combustíveis, óleos lubrificantes, produtos de limpeza e baterias.

Para garantir a segurança dos


trabalhadores e a proteção do meio
ambiente contra produtos perigosos,
é fundamental que o empreendimento
tenha um plano para identificar,
armazenar, sinalizar, manusear,
descartar e registrar os produtos
perigosos que são utilizados.

Concluímos a quinta aula deste módulo. Siga para o encerramento e não


esqueça de realizar a atividade de aprendizagem!

Práticas ESG no meio rural | 123


Encerramento
do módulo

Módulo 2

Chegamos ao fim do Módulo 2 com informações importantes sobre


o componente ambiental da Agenda ESG e pudemos observar que a
responsabilidade ambiental é um dos temas da Agenda ESG que mais gera
atenção entre investidores e consumidores.

Observamos que a agenda de sustentabilidade


não é apenas para atender um mercado
exigente e também que deve ser seguida
independentemente do tamanho do negócio ou
do seu ramo de atuação.

Identificamos como os empreendimentos rurais interagem com os serviços


ecossistêmicos, sendo essenciais para a manutenção e a regulação desses
serviços no meio em que vivemos.

Também tivemos acesso aos riscos que decorrem


dos impactos negativos ao meio ambiente, inclusive
os riscos financeiros e de produtividade das
atividades, que afetam os empreendimentos rurais.

Práticas ESG no meio rural | 124


Foram elencadas as oportunidades, como os mercados de carbono, o uso de
energias renováveis e a economia circular, que trazem soluções práticas e viáveis
ao meio rural.

Os empreendimentos rurais apresentam muitas oportunidades


para boas práticas ambientais, como: utilização de energia
renovável, eficiência no uso da água e cuidado com águas
residuais e rejeitos, conformidade com autorizações e legislação
direcionada à preservação ambiental e da biodiversidade,
escolha de fornecedores que têm a sustentabilidade como foco,
monitoramento da pegada de carbono, gestão de resíduos,
certificações e selos que confirmem boas práticas e resultados
em responsabilidade ambiental.

Vamos seguir para o Módulo 3, no qual vamos aprofundar o pilar Social. Mas
antes, responda às atividades de aprendizagem do Módulo 2 no seu ambiente
virtual de aprendizagem (AVA) e passe pela dimensão Garanta.

Siga em frente e boa sorte!

Práticas ESG no meio rural | 125


Atividades de
aprendizagem

Módulo 2

Antes de partir para as atividades de aprendizagem, aproveite para rever os


principais assuntos abordados. Como sugerido, acesse o seu ambiente virtual de
aprendizagem (AVA) e aproveite para baixar o mapa mental deste módulo e o
tenha à mão quando for responder às questões.

O conteúdo do módulo 3 só será liberado após a conclusão


da atividade dentro do AVA.

As respostas devem ser enviadas obrigatoriamente por lá.


Dessa forma, você terá um feedback confirmando se você
respondeu corretamente ou se deverá tentar novamente.
Depois da segunda tentativa, a resposta correta será
apresentada.

Se você estiver conectado à internet e quiser ir direto para a


página do Portal EAD do Senar, clique no ícone ao lado.

A seguir, trouxemos as perguntas da atividade de aprendizagem. Assim, antes de


respondê-las no AVA, você poderá voltar e estudar algum conteúdo novamente,
caso precise.

Práticas ESG no meio rural | 126


Os serviços ecossistêmicos são essenciais para o equilíbrio ecológico
1
e para a conservação da biodiversidade, melhorando o bem-estar,
a saúde e a qualidade de vida, além de fornecer uma ampla gama
de benefícios econômicos, sociais e ambientais. Ter uma boa gestão
desses serviços é crucial para garantir a sustentabilidade ambiental e
econômica a longo prazo. Aprendemos no Módulo 2 que os serviços
ecossistêmicos podem ser classificados em: provisão, regulação,
cultural e suporte. Dentre os serviços ecossistêmicos abaixo, qual deles
NÃO possui a classificação correta?

a. A água é considerada um serviço ecossistêmico de provisão, pois é um bem


obtido dos ecossistemas.

b. A polinização é considerada um serviço ecossistêmico de regulação, pois


fornece benefícios intangíveis obtidos a partir dos ecossistemas

c. O habitat é considerado um serviço ecossistêmico cultural, pois possui


benefícios diretamente dos processos dos ecossistemas.

d. O turismo é considerado um serviço ecossistêmico cultural, pois possui


benefícios diretamente dos processos dos ecossistemas.

Práticas ESG no meio rural | 127


No que se refere a iniciativas de gestão de temas materiais, existem
2
oportunidades de garantir geração de impacto positivo e garantir que
as atividades sejam conduzidas para eficiência das produções. Sobre
ações ambientais que visam aumentar assertividade da condução dos
temas materiais, podemos afirmar que:

a. A irrigação é importante, mas não é essencial para atividades de agricultura,


por exemplo.

b. Atividades de cultivo de laranja e cana-de-açúcar não necessitam de


tratamento de efluentes, pois são benéficas para o solo.

c. Economia circular é um conceito que associa desenvolvimento econômico a


um melhor uso de recursos naturais, por meio de novos modelos de negócios
e da otimização nos processos de fabricação.

d. Gestão ambiental não é fundamental para empreendimentos rurais, pois as


atividades são mais simples de serem geridas com uma estratégia convencional.

Avance para a dimensão Garanta deste módulo.

Práticas ESG no meio rural | 128


3° Dimensão

Garanta

Muito bem!
Agora que você chegou a esta dimensão do nosso curso, é hora de garantir
seu conhecimento e iniciar a produção de um projeto. Reflita sobre o seu dia a
dia e pense:

Com relação aos critérios do pilar ambiental, quais itens já


realizo em minha propriedade e quais ainda não realizo, mas
posso implementar?

Práticas ESG no meio rural | 129


A partir dessa questão, inicie uma proposta de projeto que conduzirá a aplicação de
uma Gestão ESG. Utilize este espaço para registrar sua resposta. Caso algum dos
critérios não se aplique a sua realidade, assinale como não se aplica. Não se esqueça
de realizar essa atividade, também, no ambiente virtual de aprendizagem (AVA).

Práticas ESG no meio rural | 130


Uma vez garantidos os conhecimentos deste segundo módulo, que tal seguimos
nossa jornada?

Siga em frente!

Práticas ESG no meio rural | 131

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