ESTRATÉGIAS PARA AVALIAR BIOINDICADORES DE QUALIDADE DO
SOLO ATRAVÉS DE SISTEMAS AGROFLORESTAIS: ESTUDO DE CASO
RESERVA FLORESTAL CHÃO DE ESTRELAS
GABRIELA RODRIGUES MOREIRA DE SOUZA
Patrocinador: Leo Slezynger - Fundador e idealizador da reserva chão de estrelas
Linha de pesquisa: Restauração ecológica. Gestor de biodiversidade: Jorge Ferreira.
1. Introdução
A chamada agricultura convencional é considerada de baixa sustentabilidade
ambiental, por demandar um alto uso de insumos químicos, que impactam negativamente os recursos naturais. Sistemas Agroflorestais (SAF) são considerados uma alternativa ao modelo predominante de produção de alimentos, sendo apontados como um modelo agrícola revolucionário, por criar um ambiente mais semelhante possível de uma floresta. Os SAF se caracterizam como consórcios de culturas de diferentes estratificações temporais com a finalidade de cultivar o alimento sem que haja competição de luz e nutrientes, promovendo assim o aumento da produtividade e contribuindo para o sequestro de carbono, a conservação da biodiversidade, a recuperação de solos e a regulação da qualidade da água e do ar, estabelecendo uma opção de uso da terra que pode conciliar benefícios ambientais e socioeconômicos, contribuindo para a redução da pobreza (JOSE, 2009). Em seu estudo Lima et. al. (2020) domonstrou que os sistemas agroflorestais propiciam melhores características químicas do solo e aumentos na abundância e riqueza de espécies da macrofauna invertebrada do solo. E a partir de indicadores evidenciados por Martins et. al. (2019) os SAF proporcionam a entrada de nutrientes em serapilheira rica em N e uma colonização da fauna, em um raio mais abrangente do que sua área de implantação, além de desempenhar um papel de matriz circundante para a fauna do solo. Tal resultado indica que os benefícios trazidos pelo SAF, ocasionam um efeito de borda positivo, proporcionando melhorias de dentro, para fora do sistema (MARTINS, 2019). Os fungos micorrízicos foram sensíveis às alterações sazonais das épocas avaliadas, porém, não houve diferença entre as áreas para os índices ecológicos avaliados e na ocorrência de espécies. Sugere-se, em virtude do resultado encontrado, que outros métodos de avaliação da presença de FMA sejam utilizados em estudos semelhantes. A partir dos indicadores utilizados, esta proposta de SAF pode ser indicada para proprietários rurais no intuito de aliarem restauração florestal, aos seus interesses agrícolas. De acordo com o INEA (2016), o Estado do Rio de Janeiro possui significativo potencial para o desenvolvimento de práticas agroflorestais sustentáveis. É o estado da Região Sudeste com maior percentual de Mata Atlântica ainda preservada e os maiores remanescentes se localizam em área de unidades de conservação e o restante fragmentado nas propriedades rurais. A Resolução INEA n° 86/2014, que definia os procedimentos para a implantação, manejo e exploração de sistemas agroflorestais e pousio no Estado do Rio de Janeiro, foi reformulada e substituída pela Resolução INEA n° 134 de 14 de janeiro de 2016, de forma a reorganizar os procedimentos, simplificar o acesso pelos produtores rurais e regularização das atividades existentes. Nesse sentido, com o propósito de conservar este patrimônio e estabelecer regras claras para o alcance a esses recursos, a resolução INEA nº 134/2016 busca a promoção do desenvolvimento sustentável no Rio de Janeiro, bem como incentivar e garantir que produtores rurais que praticam uma agricultura sustentável para que por meio de sistemas agroflorestais, tenham o respaldo jurídico e apoio técnico para o desenvolvimento das suas atividades. Um levantamento de experiências de SAF no estado do Rio de Janeiro (TUBENCHLAK, 2018) constatou os diversos benefícios e as dificuldade desses sistemas socioecológicos complexos (SSE) relatados pelos atores chaves nas entrevistas. Entre eles respectivamente vale ressaltar a interação homem-natureza e vantagem de conciliar restauração e produção/conservação e as dificuldades encontradas como insegurança jurídica no manejo florestal e podas e o escoamento e comercialização da produção. Considerando os desafios apontados no estudo mencionado acima, este trabalho pretende apontar possíveis soluções para a problemática, a partir da identificação de regiões em que há potencial dos SAF serem implantados no entorno de Unidades de Conservação e assim contribuírem para a conservação da biodiversidade no Estado do Rio de Janeiro.
2. Objetivo Geral
Avaliar os bioindicadores de qualidade de solo na proposição de estratégias
restauração ecológica a partir de Sistemas Agroflorestais. 2.1 Objetivos Específicos 2.1.1 Selecionar áreas da propriedade que podem orientar a comparação de bioindicadores do solo. 2.1.2 Avaliar os bioindicadores de solo coletados em áreas antes e depois da implantação da agrofloresta. 2.1.3 Identificar potenciais serviços ambientais que subsidiem a disseminação e implantação de modelos de Sistemas Agroflorestais. 3. Justificativa
A adoção de Sistemas Agroflorestais em propriedades rurais no entorno de
Unidades de Conservação do Estado do Rio de Janeiro tende a mitigar os eventuais problemas causados pela agricultura convencional. Contribuindo para a segurança alimentar e nutricional dos agricultores e da sociedade, respeitando a dinâmica dos ecossistemas e promovendo uma forma mais sensível e integrada do ser humano se relacionar com a natureza. Dessa maneira, os SAF desempenham um papel de forma que a sociedade consiga equilibrar suas demandas de consumo e a produção de alimentos, com menos pressões sobre os recursos naturais e este trabalho pretende contribuir para difusão da relevância de inciativas como da implementação de SAF na Fazenda Chão de Estrelas na proposição da restauração ecológica, assim como a indicação de serviços ecossistêmicos oriundos deste sistema.
4. Metodologia Resumida
Com a finalidade de avaliar os bioindicadores de qualidade de solo na proposição
de estratégias restauração ecológica a partir de Sistemas Agroflorestais, serão realizadas as seguintes etapas: A primeira etapa consistirá em uma revisão bibliográfica sobre a temática do projeto e seleção e mapeamento de áreas de implementação do Sistema Agroflorestal na propriedade. A segunda etapa consistirá no apontamento e descrição dos parâmetros de biodindicadores de qualidade de solo a partir da restauração ecológica através de Sistemas Agroflorestais. A terceira etapa consistirá em realizar a coleta das amostras do solo onde serão realizada tais análises. Para a realização deste trabalho será utilizado um recorte de um hectare dentro da área de agrofloresta implementada, devido a área ser muito extensa, porém considerando que este recorte é suficiente para representá-la. Dentro do mesmo serão coletadas cinco amostras de solo, em forma de blocos (25x25 cm), na profundidade de 10 cm, nas épocas chuvosa (julho, 2021) e seca (outubro, 2021) e de maneira que área seja caracterizada de forma representativa e homogênea. A metodologia relatada acima está baseada no estudo de Lima et al. (2020) que avaliou o efeito do uso do solo sobre a densidade e a diversidade da macrofauna invertebrada, bem como a relação dessa com atributos químicos do solo em diferentes agroecossistemas. Por conseguinte a quarta etapa, consiste na elaboração de um Relatórios Técnico- Científico (RTC) parciais (demonstrando os resultados no decorrer da pesquisa), e a produção de uma mapa georeferenciamento através de Software de Geoprocessamento. Dessa maneira, a quinta etapa será a análise e descrição e comparação dos bioindicadores nas amostras de solos em uma área com uma mata em estágio avançado e em amostras de solo de uma mesma área, antes e depois da implantação da Agrofloresta. Os biodindicadores do solo, são parâmetros que orientam um diagnóstico do solo. Com o próposito de comparar parâmetros os seguintes parâmetros de bioindicadores do solo que serão separadas em três categorias: Químicas (Matéria orgânica, pH, AL, Ca+Mg, P, K), Física ( Textura, Densidade, Capacidade de retenção hídrica) e Biológicas (Diversidade, Biomassa, e Atividade Microbiana) a análise, descrição e comparação dos parâmetros de bioindicadores de qualidade de solo das amostras de solo coletadas. Por fim, a sexta etapa consiste na elaboração de um Relatórios Técnico-Científico (RTC) final composto pela entrega dos resultados como também a identificação dos potenciais serviços ambientais que subsidiem a disseminação e implantação de modelos de Sistemas Agroflorestais. Considera-se que todos esses métodos possibilitam que o objetivo técnico- científico e o socioambiental caminhem juntos para a promoção de um olhar mais integrado e sensível em relação ao meio ambiente. Futuramente a elaboração de uma cartilha com modelo de SAF regionais para agricultores interessados na temática, contribuindo para a conservação da biodiversidade no estado do Rio de Janeiro.
5. Resultados esperados
5.1 Um Diagnóstico dos parâmetros de bioindicadores de solo coletados.
5.2 Identificar potenciais serviços ambientais que subsidiem a disseminação e implantação de modelos de Sistemas Agroflorestais. 5.3 A identificação de mercados e produtos oriundos de Sistemas Agroflorestais no local do estudo na produção agropecuária em regiões do estado do Rio de Janeiro. 5.4 Elaboração e aprimoramento de modelos regionais de Sistemas Agroflorestais para o estado do Rio de Janeiro.
6. Cronograma
2° Trimestre 3° Trimestre
Mai Jun Jul Ago Set Out
o h
Fonte: autoral.
7. Referências Bibliográficas
INEA, 2014. Conselho Diretor. Resolução INEA nº 86/2014, de 29 de janeiro de 2014.
Revogada pela Resolução INEA Nº 134/2016. Define critérios e procedimentos para a implantação, manejo e exploração de sistemas agroflorestais e para a prática do pousio no Estado do Rio de Janeiro. Governo do Estadual do Rio de Janeiro. 2014. Disponível em:http://www.inea.rj.gov.br/Portal/Agendas/BIODIVERSIDADEEAREASPROTEGI DAS/ServicoFlorestal/ManejoFlorestalAV/index.htm&lang=PT-BR#ad-image-0. Acesso em 06 de janeiro de 2021. INEA, 2016. Conselho Diretor. Resolução INEA nº 134/2016, de 14 de janeiro de 2016. Define critérios e procedimentos para a implantação, manejo e exploração de sistemas agroflorestais e para a prática do pousio no estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro. Governo do Estadual do Rio de Janeiro. 2016. Disponível em: http://www.inea.rj.gov.br/cs/groups/public/documents/document/zwew/mtiw/~edisp/ine a0120161.pdf. Acesso em 06 de janeiro de 2021. JOSE, S., 2009. Agroforestry for ecosystem services and environmental benefits: An overview. Agroforestry Systems, 76(1),1–10. LIMA, S. S.; AQUINO, A. M.; LEITE, L. F. C.; VELÁSQUES, E.; LAVELLE, P. Relação entre macrofauna edáfica e atributos químicos do solo em diferentes ecossistemas. Pesq. agropec. bras., Brasília, v.45, n.3, p.322-331, mar. 2010 MARTINS, E. M.; SILVA, E. R.; CAMPELLO, E. F. C.; LIMA, S. S., NOBRE, C. P., CORREA, M. E. F.; RESENDE, A. S. O uso de sistemas agroflorestais diversificados na restauração florestal na Mata Atlântica. Ciência Florestal vol.29 no.2 Santa Maria Apri/June 2019 Epub Sep 30, 2019.
TUBENCHLAK, F. 2018. Restauração de paisagens e transição (agro)florestal: o caso
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Salubridade ambiental na bacia hidrográfica do Riacho Reginaldo em Maceió/AL: Indicador de Salubridade Ambiental (ISA), aplicado à bacia hidrográfica do Riacho Reginaldo