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Ministério Amai-vos – Igreja Apostólica da Família de Deus Página 0

ATOS

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Autor e propósito

A única obra que em todo o Novo Testamento se apresenta como continuação de outra é Atos dos Apóstolos (= At). O
autor, identificado tradicionalmente com Lucas (ver a Introdução a esse Evangelho), não quis dar por concluído no seu
primeiro livro o relato “dos fatos que entre nós se realizaram” ( Lc 1.1 ), mas, no seu segundo volume, recopilou a informação
que teve ao seu alcance sobre os inícios da propagação do Cristianismo.
Praticamente, Atos começa no ponto em que termina o terceiro Evangelho. Depois de uma introdução temática ( 1.1-
3 ), que inclui a dedicatória a Teófilo (cf. Lc 1.3 ), o autor situa a narração no cenário de Betânia ( Lc 24.50 ), onde à vista dos
seus discípulos “foi Jesus elevado às alturas, à vista deles, e uma nuvem o encobriu dos seus olhos” ( At 1.9 ).

Conteúdo

O acontecimento da ascensão aparece marcado para Lucas pela afirmação de Jesus “e sereis minhas testemunhas”
(1.8 ). Sob o signo dessas palavras irá desenrolar-se a história inteira da Igreja nascente. A ascensão assinala o começo da
atividade do Espírito Santo na Igreja, a qual é edificada sobre o fundamento da fé em Cristo e guiada adiante até a sua
plenitude gloriosa de novo povo de Deus.
O título Atos dos Apóstolos, que não foi posto no texto pelo seu próprio autor, mas pela Igreja do séc. II, não
corresponde em todos os seus aspectos ao conteúdo da narração. Com efeito, o livro só ocasionalmente ocupa-se com o
grupo dos Doze (incluído já Matias, de acordo com 1.26 ). A sua atenção não se dirige aos apóstolos em geral, senão em
particular a determinados personagens, especialmente ao apóstolo Pedro e, sobretudo, a Paulo.
Os trabalhos e discursos de Pedro e de Paulo são os principais centros de interesse de Lucas. O seu propósito é
documentar os primeiros passos da difusão do evangelho de Jesus Cristo e o modo pelo qual o Espírito de Deus dava impulso
naquele tempo ao crescimento da Igreja “tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra”
(1.8 ).
Jerusalém é o lugar onde começa a história da atividade apostólica. Ali é onde se congrega e organiza a Igreja-mãe; ali
se dão as primeiras manifestações do Espírito Santo; ali morre Estêvão, primeiro mártir da fé cristã; ali se escutam as
primeiras mensagens evangélicas, e dali partem os primeiros enviados a anunciar fora dos limites palestinos a mensagem da
salvação. A esses acontecimentos e ao desenvolvimento da comunidade de Jerusalém aparece estreitamente vinculada a
pessoa de Pedro.
No entanto, mais interessado ainda se mostra Lucas na figura de Paulo, o missionário, o homem que foi capaz de

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renunciar aos seus antigos esquemas mentais e religiosos para, de todo o coração, proclamar a Jesus Cristo diante de
quantos quiseram escutá-lo ( At 13.46 ; ver Rm 1.16 ; 1Co 9.20 ; Gl 2.7-10 ). A fé e a vitalidade de Paulo representam para
Lucas a energia interna do Evangelho, que em breve e de forma irresistível haveria de alcançar o coração do Império
Romano. A chegada de Paulo a Roma ( 28.11-31 ) põe ponto final a Atos dos Apóstolos, um drama velozmente desenrolado
que partiu com ímpeto de Jerusalém poucos anos antes.

Divisão do livro

O conteúdo do livro admite diversas análises, baseadas nos movimentos dos seus personagens mais importantes. A
partir dessa perspectiva histórico-geográfica pode-se dividir o relato em três etapas diferentes:

Primeira etapa: Jerusalém (2.1—8.3). Depois da ressurreição e da ascensão de Jesus ao céu (1.4-11), Jerusalém é
cenário da formação do núcleo cristão mais antigo da história (1.12-26). Ali veio sobre os discípulos o Espírito Santo no dia de
Pentecostes (2.4), e ali se deram os primeiros passos para a organização da Igreja (2.41—8.3).

Segunda etapa: Judéia e Samaria (8.4—9.43). A perseguição contra os cristãos desencadeada após o martírio de
Estevão (6.9—7.60) obrigou muitos deles a saírem de Jerusalém e a se dispersarem “pelas regiões da Judéia e Samaria” (8.1).
Esse fato veio a favorecer a propagação do evangelho, que já por aquele tempo havia alcançado diversos pontos da Síria e
Palestina (4.4-6,25-26 ; 9.19,30-32,35-36,38,42-43 ).

Terceira etapa: “até aos confins da terra” (10.1—28.31).


(a) Deus, no caminho de Damasco, havia chamado Saulo de Tarso (7.58 ; 8.1,3 ; 9.1-30 ; 22.6-16 ; 26.12-18), para fazer
dele “um instrumento escolhido para levar” o nome de Jesus aos gentios (9.15). Por outro lado, os crentes “que foram

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dispersos por causa da tribulação que sobreveio a Estevão se espalharam até à Fenícia, Chipre e Antioquia” (11.19), e desse

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modo abriram-se as portas ao evangelho em lugares até então totalmente pagãos.

(b) Paulo empreende a sua atividade missionária. No transcurso de três viagens, percorre territórios do sul e oeste da
Ásia Menor, penetra na Europa pela Macedônia e chega até a Acaia (13.1—14.28; 15.36—18.22; 18.23—20.38). A sua
passagem está marcada pelo nascimento de novas igrejas, de que ele é, primeiro, fundador, e depois, mentor e conselheiro e
com as quais mantém um cordial relacionamento, seja em pessoa ou por escrito.

(c) Ao término do seu terceiro percurso apostólico, regressa a Jerusalém (21.1-15), em cujo Templo é preso (21.27-
36). Os últimos caps. de Atos descrevem com especial detalhe os incidentes da viagem de Paulo a Roma, aonde o conduzem
para ser julgado perante o tribunal imperial, a que ele havia apelado fazendo uso do direito que lhe outorgava a cidadania
romana (22.25-29; 23.27; 25.10-12). O livro conclui com a chegada do apóstolo a Roma e o início da sua atividade naquela
cidade (28.14-31).

O autor de Atos manifesta-se em ocasiões como testemunha presencial do que está relatando. A narração utiliza
então a primeira pessoa do plural: “nós” (16.10-17; 20.5—21.18; 27.1—28.16), de modo que o escritor inclui-se entre as
pessoas que acompanham o apóstolo no seu trabalho.

Estilo literário

O estilo de Atos é elegante e rico em vocabulário. Lucas possui um notável domínio da gramática e dos recursos
lingüísticos do grego de seu tempo (koiné) e, inclusive, do clássico (ático). Talvez o conjunto da sua obra seja representativo
dos primeiros esforços realizados para apresentar a fé cristã aos níveis mais cultos da sociedade romana.

Lugar e data da composição

Não existem dados que permitam precisar a data nem o lugar da composição deste livro. Muitos pensam que foram
publicados uns vinte e cinco ou trinta anos depois da morte de Paulo, aproximadamente durante a década dos anos oitenta.

Esboço

Introdução (1.1-11)

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I.O Derramamento do Espírito Santo (1.12 — 2.41)
A. A Preparação para a Promessa (1.12-26)
B.O Dia do Pentecoste (2.1-41)

II. Os Primeiros Dias da Igreja em Jerusalém (2.42—8.1a)


A. Características da Igreja Apostólica em Seguida ao Derramamento do Espírito (2.42.47)
B.Um Grande Milagre e Seus Efeitos (3.1—4.31)
C.A Comunidade de Bens dos Primeiros Cristãos (4.32—5.11)
D. Mais Curas e a Resistência da Religião Oficial (5.12-42)
E. A Escolha de Sete Diáconos (6.1-7)
F. Estevão: O Primeiro Mártir do Cristianismo (6.8—8.1a)

III. A Perseguição Leva à Expansão (8.1b—9.31)


A. Os Crentes Dispersos na Judéia e Samaria (8.1b-4)
B. Filipe: O Ministério de um Evangelista (8.5-40)
C. Saulo de Tarso: A Conversão de um Perseguidor (9.1-31)

IV. O Cristianismo Propaga-se entre os Gentios (9.32—12.25)


A. O Ministério de Pedro em Lida e em Jope (9.32-43)
B. A Missão de Pedro aos Gentios em Cesárea (10.1-48)
C. O Informe de Pedro à Igreja de Jerusalém e a Aprovação da Sua Decisão (11.1-18)
D. Antioquia: A Primeira Igreja Gentia (11.19-30)
E. Perseguição sob Herodes Agripa I (12.1-23)
F. Resumo do Crescimento da Igreja (12.24,25)
V. Primeira Viagem Missionária de Paulo (13.1—14.28)
A. Paulo e Barnabé Comissionado pela Igreja Local de Antioquia (13.1-3)

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B. Início da Evangelização da Província da Ásia (13.4—14.28)

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VI. O Concílio de Jerusalém (15.1-35)

VII. Segunda Viagem Missionária de Paulo (15.36—18.22)


A. Divergência entre Paulo e Barnabé (15.36-40)
B. Visita às Igrejas Fundadas (15.41—16.5)
C. Novas Regiões Evangelizadas na Província da Ásia (16.6—18.21)
D. Regresso à Antioquia da Síria (18.22)

VIII. Terceira Viagem Missionária de Paulo (18.23—21.16)


A. A Caminho de Éfeso (18.23)
Parêntese: O Ministério de Apolo (18.24-28)
B. Um Prolongado Ministério em Éfeso (19.1-41)
C. Viagem à Macedônia, Grécia e Volta à Macedônia (20.1-5)
D. Regresso a Jerusalém (20.6—21.16)

IX. A Prisão de Paulo e Seu Ministério Enquanto Preso (21.17—28.31)


A.Em Jerusalém (21.17—23.35)
B.Em Cesárea (24.1—26.32)
C. A Caminho de Roma (27.1—28.15)
D.Em Roma (28.16-31)

Autor: Lucas
Tema: A Propagação Triunfal do Evangelho pelo Poder do Espírito Santo
Data: Cerca de 63 d.C.

Considerações Preliminares

O livro de Atos, e de igual modo o Evangelho segundo Lucas, é endereçado a um homem chamado “Teófilo” (1.1).
Embora nenhum dos dois livros identifique nominalmente o autor, o testemunho unânime do cristianismo primitivo e a
evidência interna confirmatória dos dois livros denotam que ambos foram escritos por Lucas, “o médico amado” (Cl 4.14).
O Espírito Santo inspirou Lucas a escrever a Teófilo a fim de suprir na igreja a necessidade de um relato completo dos
primórdios do cristianismo.
(1) “O primeiro tratado” foi seu Evangelho a respeito da vida de Jesus.

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(2) o segundo foi seu relato, em Atos, sobre o derramamento do Espírito em Jerusalém e sobre o crescimento da
igreja primitiva. Torna-se claro que Lucas era um escritor habilidoso, um historiador consciente e um teólogo inspirado.

Atos abrange, de modo seletivo, os primeiros trinta anos da história da igreja. Como historiador eclesiástico, Lucas
descreve, em Atos, a propagação do evangelho, partindo de Jerusalém até Roma. Ele menciona nada menos que 32 países,
54 cidades, 9 ilhas do Mediterrâneo, 95 diferentes pessoas e uma variedade de membros e funcionários do governo com
seus títulos precisos. A arqueologia continua a confirmar a admirável exatidão de Lucas em todos os seus pormenores. Como
teólogo, Lucas descreve com habilidade a relevância de várias experiências e eventos dos primeiros anos da igreja. Na sua
fase inicial, as Escrituras do NT consistiam em duas coletâneas:

(1) os quatro Evangelhos.

(2) As Epístolas de Paulo. Atos desempenhou um papel substancial como elo entre as duas coletâneas, e faz jus à
posição que ocupa no cânon. Nos caps. 13—28, temos o acervo histórico necessário para bem compreendermos o ministério
e as cartas de Paulo. O pronome “nós”, empregado por Lucas através de Atos (16.10-17; 20.5—21.18; 27.1—28.16), aponta-o
como estando presente nas viagens de Paulo.

Propósito

Lucas tem pelo menos dois propósitos ao narrar os começos da igreja.


(1) Demonstra que o evangelho avançou triunfalmente das fronteiras estreitas do judaísmo para o mundo gentio,
apesar da oposição e perseguição.

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(2) Revela a missão do Espírito Santo na vida e no papel da igreja e enfatiza o batismo no Espírito Santo como a
provisão de Deus para capacitar a igreja a proclamar o evangelho e a dar continuidade ao ministério de Jesus. Lucas registra
três vezes, expressamente, o fato de o batismo no Espírito Santo ser acompanhado de enunciação em outras línguas (2.1-4.;
10.44-47; 19.1-6). O contexto destas passagens mostra que isto era normal no princípio da igreja, e que é o padrão
permanente de Deus para ela.

Visão Panorâmica

Enquanto o Evangelho segundo Lucas relata “tudo que Jesus começou, não só a fazer, mas a ensinar” (1.1), Atos
descreve o que Jesus continuou a fazer e a ensinar depois de sua ascensão, mediante o poder do Espírito Santo, operando
em, e através dos seus discípulos e da igreja primitiva.
Ao ascender ao céu (1.9-11), a última ordem de Jesus aos discípulos foi para que permanecessem em Jerusalém até
que fossem batizados no Espírito Santo (1.4,5).
O versículo-chave de Atos (1.8) contém um resumo teológico e geográfico do livro: Jesus promete aos discípulos que
receberão poder quando o Espírito Santo vier sobre eles; poder para serem suas testemunhas (1) em Jerusalém (1—7),

(2) em toda a Judéia e Samaria (8—12)

(3) até aos confins da terra (13—28).

Nos caps. 1—12, o centro principal irradiador da igreja é Jerusalém. Aqui, Pedro é o mais destacado instrumento
usado por Deus para pregar o evangelho. Nos caps. 13—28, o centro principal de irradiação passou a ser Antioquia da Síria,
onde o instrumento de maior realce nas mãos de Deus foi Paulo para levar o evangelho aos gentios. O livro de Atos termina
de modo repentino com Paulo em Roma aguardando julgamento perante César. Mesmo com o resultado do referido
julgamento ainda pendente, o livro termina de modo triunfante, estando Paulo prisioneiro, porém cheio de ânimo e sem
impedimento para pregar e ensinar acerca do reino de Deus e do Senhor Jesus (28.31).

Características Especiais

Nove principais destaques assinalam o livro de Atos.

(1) A igreja. Atos revela a origem do poder da igreja e a verdadeira natureza da sua missão, juntamente com os
princípios que devem norteá-la em todas as gerações.

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(2) O Espírito Santo. A terceira pessoa da Trindade é mencionada cinqüenta vezes; o batismo no Espírito Santo e o seu
ministério outorgam poder (1.8), ousadia (4.31), santo temor a Deus (5.3,5,11), sabedoria (6.3,10), direção (16.6-10), e dons
espirituais (19.6).

(3) Mensagens da igreja primitiva. Lucas relata com habilidade os ensinos inspirados de Pedro, Estevão, Paulo, Tiago, e
outros, apresentando assim um quadro da igreja primitiva não encontrado noutro lugar do NT.

(4) Oração. Os cristãos primitivos dedicavam-se às orações com regularidade e fervor, que, às vezes, duravam a noite
inteira, produzindo resultados maravilhosos.

(5) Sinais, maravilhas e milagres. Estas manifestações acompanhavam a proclamação do evangelho no poder do
Espírito Santo.

(6) Perseguição. A proclamação do evangelho com poder dava origem à oposição religiosa e/ou secular.

(7) A ordem judaica/gentia. Do começo ao fim de Atos, o evangelho alcança primeiro os judeus e, depois, os gentios.

(8) As mulheres. Há menção especial às mulheres dedicadas à obra contínua da igreja.

(9) Triunfo. Barreira alguma nacional, religiosa, cultural, ou racial, nem oposição ou perseguição puderam impedir o
avanço do evangelho.
Princípio Hermenêutico

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Há quem considere o conteúdo do livro de Atos como se pertencesse a uma outra era bíblica e não como o padrão

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divino para a igreja e seu testemunho durante todo o período que o NT chama de “últimos dias” (2.17).
O livro de Atos não é simplesmente um compêndio de história da igreja primitiva; é o padrão perene para a vida cristã
e para qualquer congregação cheia do Espírito Santo.
Os crentes devem desejar, buscar e esperar, como norma para a igreja atual, todos os fatos vistos no ministério e na
experiência da igreja do NT (exceto a redação de novos livros para o NT).
Esses fatos são evidentes quando a igreja vive na plenitude do poder do Espírito Santo. Nada, em Atos e no restante
do NT, indica que os sinais, maravilhas, milagres, dons espirituais ou o padrão apostólico para a vida e o ministério da igreja
cessariam, repentina ou de uma vez, no fim da era apostólica.

Capítulo 01
1.1 O PRIMEIRO TRATADO. No Evangelho segundo Lucas temos o relato de tudo que Jesus começou a fazer e a ensinar
no poder do Espírito Santo (Lc 4.1,18). No livro de Atos temos a continuação do relato de como seus seguidores, no mesmo
poder do Espírito Santo, proclamaram o mesmo evangelho, operaram o mesmo tipo de milagre e viveram o mesmo tipo de
vida cristã. O Espírito Santo reproduzindo a vida e o ministério de Jesus através da igreja é a principal ênfase teológica do
livro de Atos. Este livro poderia muito bem ser chamado Os Atos do Espírito Santo . Observe os itens abaixo sobre o registro
inspirado do Espírito Santo no livro de Atos.

(1) Todo o texto bíblico de Atos, inclusive o das narrativas históricas, tem relevância didática (i.e., ensino) e teológica.
Dois fatos confirmam esta verdade.
(a) A declaração bíblica de que Toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redargüir, para
corrigir, para instruir em justiça (2 Tm 3.16).
(b) A declaração paulina de que as narrativas do AT têm um propósito didático e instrutivo (1 Co 10.11). Ele afirma que
essas narrativas são exemplos de relevância prática e teológica para o crente (Rm 15.4). O que é válido às narrativas
históricas do AT também o é a Atos.

(2) Os propósitos primários que Lucas tinha em mente ao escrever o livro de Atos eram, portanto, os seguintes:
(a) apresentar um padrão definitivo da atividade do Espírito Santo, a ser seguido durante toda a era da igreja;
(b) fornecer dados para a formulação de uma doutrina do Espírito Santo.
(c) mostrar como essa doutrina deve relacionar-se com a vida dos crentes em Cristo. Note especificamente dois
elementos neste livro que são normativos na teologia e na prática:
(i) o registro repetido e harmônico de Lucas das muitas ocasiões em que ocorreu o batismo no Espírito Santo, ou
quando os crentes foram cheios do Espírito Santo (ver 2.39, 1.5,8; 2.4; 4.8,31; 8.15-17; 9.17; 10.44-46; 13.9,52;

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15.8; 19.1-6).
(ii) as muitas atividades do Espírito Santo no livro de Atos, que forneceram à igreja os padrões de justiça, de
testemunho e do poder que Deus deseja para seu povo nos últimos dias (na era da igreja).

1.3 SE APRESENTOU VIVO. Ver Mt. 28.9, nota sobre as aparições de Cristo após ressuscitar.

1.4 A PROMESSA DO PAI. O prometido dom do Pai (Jl 2.28,29; Mt 3.11) é o batismo no Espírito Santo. O cumprimento
desta promessa, no entanto, é descrito como ser cheios do Espírito Santo (2.4). Assim, batizado no Espírito e cheio do
Espírito , às vezes, são usados como equivalentes nas Escrituras.
A partícula grega que aparece nos pertinentes textos do NT leva para a tradução com ou no Espírito Santo, em se
tratando do batismo pentecostal. Este batismo com ou no Espírito Santo, não deve ser identificado com o recebimento do
Espírito Santo na ocasião da regeneração. São duas obras distintas do Espírito, muitas vezes separadas por um período de
tempo.

REGENERAÇÃO DOS DISCÍPULOS

1.5 BATIZADOS COM O ESPÍRITO SANTO. A preposição com é a partícula grega en, que pode ser traduzida como em ou
com. Por isso, muitos preferem a tradução sereis batizados no Espírito Santo. Da mesma forma, batizados com água pode ser
traduzido batizados em água. O próprio Jesus é aquele que batiza no Espírito Santo os que nEle crêem.
O BATISMO NO ESPÍRITO SANTO

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At 1.5 “Porque, na verdade, João batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois

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destes dias.” Uma das doutrinas principais das Escrituras é o batismo no Espírito Santo (ver 1.4 nota sobre “batismo no”, ao
invés de “batismo com”, o Espírito Santo). A respeito do batismo no Espírito Santo, a Palavra de Deus ensina o seguinte:

(1) O batismo no Espírito é para todos que professam sua fé em Cristo; que nasceram de novo, e, assim, receberam o
Espírito Santo para neles habitar.

(2) Um dos alvos principais de Cristo na sua missão terrena foi batizar seu povo no Espírito (Mt 3.11; Mc 1.8; Lc 3.16;
Jo 1.33). Ele ordenou aos discípulos não começarem a testemunhar até que fossem batizados no Espírito Santo e revestidos
do poder do alto (Lc 24.49; At 1.4,5,8).

(3) O batismo no Espírito Santo é uma obra distinta e à parte da regeneração, também por Ele efetuada. Assim como a
obra santificadora do Espírito é distinta e completiva em relação à obra regeneradora do mesmo Espírito, assim também o
batismo no Espírito complementa a obra regeneradora e santificadora do Espírito. No mesmo dia em que Jesus ressuscitou,
Ele assoprou sobre seus discípulos e disse: “Recebei o Espírito Santo” (Jo 20.22), indicando que a regeneração e a nova vida
estavam-lhes sendo concedidas. Depois, Ele lhes disse que também deviam ser “revestidos de poder” pelo Espírito Santo (Lc
24.49; cf. At 1.5,8). Portanto, este batismo é uma experiência subseqüente à regeneração.

(4) Ser batizado no Espírito significa experimentar a plenitude do Espírito, (cf. 1.5; 2.4). Este batismo teria lugar
somente a partir do dia de Pentecoste. Quanto aos que foram cheios do Espírito Santo antes do dia de Pentecoste (e.g. Lc
1.15,67), Lucas não emprega a expressão “batizados no Espírito Santo”. Este evento só ocorreria depois da ascensão de
Cristo (1.2-5; Lc 24.49-51, Jo 16.7-14).

(5) O livro de Atos descreve o falar noutras línguas como o sinal inicial do batismo no Espírito Santo (2.4; 10.45,46;
19.6;).

O FALAR EM LÍNGUAS

At 2.4 “E todos foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes
concedia que falassem.” O falar noutras línguas, ou a glossolália (gr. glossais lalo), era entre os crentes do NT, um sinal da
parte de Deus para evidenciar o batismo no Espírito Santo (ver 2.4; 10.45-47; 19.6). Esse padrão bíblico para o viver na
plenitude do Espírito continua o mesmo para os dias de hoje.

O VERDADEIRO FALAR EM LÍNGUAS.

(1) As línguas como manifestação do Espírito. Falar noutras línguas é uma manifestação sobrenatural do Espírito

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Santo, i.e., uma expressão vocal inspirada pelo Espírito, mediante a qual o crente fala numa língua (gr. glossa) que nunca
aprendeu (2.4; 1Co 14.14,15). Estas línguas podem ser humanas, atualmente faladas (2.6), ou desconhecidas na terra (cf. 1Co
13.1). Não é “fala extática”, como algumas traduções afirmam, pois a Bíblia nunca se refere à “expressão vocal extática” para
referir-se ao falar noutras línguas pelo Espírito.

(2) Línguas como sinal externo inicial do batismo no Espírito Santo. Falar noutras línguas é uma expressão verbal
inspirada, mediante a qual o espírito do crente e o Espírito Santo se unem no louvor e/ou profecia. Desde o início, Deus
vinculou o falar noutras línguas ao batismo no Espírito Santo (2.4), de modo que os primeiros 120 crentes no dia do
Pentecoste, e os demais batizados a partir de então, tivessem uma confirmação física de que realmente receberam o batismo
no Espírito Santo (cf. 10.45,46). Desse modo, essa experiência podia ser comprovada quanto a tempo e local de recebimento.
No decurso da história da igreja, sempre que as línguas como sinal foram rejeitadas, ou ignoradas, a verdade e a experiência
do Pentecoste foram distorcidas, ou totalmente suprimidas.

(3) As línguas como dom. Falar noutras línguas também é descrito como um dos dons concedidos ao crente pelo
Espírito Santo (1Co 12.4-10). Este dom tem dois propósitos principais:

(a) O falar noutras línguas seguido de interpretação, também pelo Espírito, em culto público, como mensagem verbal
à congregação para sua edificação espiritual (1Co 14.5,6,13-17).

(b) O falar noutras línguas pelo crente para dirigir-se a Deus nas suas devoções particulares e, deste modo, edificar sua
vida espiritual (1Co 14.4). Significa falar ao nível do espírito (14.2,14), com o propósito de orar (14.2,14,15,28), dar graças
(14.16,17) ou cantar (14.15; ver 1Co).
OUTRAS LÍNGUAS, PORÉM FALSAS. O simples fato de alguém falar “noutras línguas”, ou exercitar outra manifestação
sobrenatural não é evidência irrefutável da obra e da presença do Espírito Santo. O ser humano pode imitar as línguas

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estranhas como o fazem os demônios. A Bíblia nos adverte a não crermos em todo espírito, e averiguarmos se nossas

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experiências espirituais procedem realmente de Deus (1Jo 4.1).

(1) Somente devemos aceitar as línguas se elas procederem do Espírito Santo, como em 2.4. Esse fenômeno, segundo
o livro de Atos, deve ser espontâneo e resultado do derramamento inicial do Espírito Santo. Não é algo aprendido, nem
ensinado, como por exemplo instruir crentes a pronunciar sílabas sem nexo.

(2) O Espírito Santo nos adverte claramente que nestes últimos dias surgirá apostasia dentro da igreja (1Tm 4.1,2);
sinais e maravilhas operados por Satanás (Mt 7.22,23; cf. 2Ts 2.9) e obreiros fraudulentos que fingem ser servos de Deus (2Pe
2.1,2).

(3) Se alguém afirma que fala noutras línguas, mas não é dedicado a Jesus Cristo, nem aceita a autoridade das
Escrituras, nem obedece à Palavra de Deus, qualquer manifestação sobrenatural que nele ocorra não provém do Espírito
Santo (1 Jo 3.6-10; 4.1-3; cf. Gl 1.9; Mt 24.11-24, Jo8.31).

(4) O batismo no Espírito Santo outorgará ao crente ousadia e poder celestial para este realizar grandes obras em
nome de Cristo e ter eficácia no seu testemunho e pregação (cf. 1.8; 2.14-41; 4.31; 6.8; Rm 15.18,19; 1Co 2.4). Esse poder
não se trata de uma força impessoal, mas de uma manifestação do Espírito Santo, na qual a presença, a glória e a operação
de Jesus estão presentes com seu povo (Jo 14.16-18; 16.14; 1Co 12.7).

(5) Outros resultados do genuíno batismo no Espírito Santo são:


(a) mensagens proféticas e louvores (2.4, 17; 10.46; 1Co 14.2,15);
(b) maior sensibilidade contra o pecado que entristece o Espírito Santo, uma maior busca da retidão e uma percepção
mais profunda do juízo divino contra a impiedade (Jo 16.8)
(c) uma vida que glorifica a Jesus Cristo (Jo 16.13,14; At 4.33);
(d) visões da parte do Espírito (2.17);
(e) manifestação dos vários dons do Espírito Santo (1Co 12.4-10);
(f) maior desejo de orar e interceder (2.41,42; 3.1; 4.23-31; 6.4; 10.9; Rm 8.26);
(g) maior amor à Palavra de Deus e melhor compreensão dela (Jo 16.13).
(h) uma convicção cada vez maior de Deus como nosso Pai (At 1.4; Rm 8.15; Gl 4.6).

(6) A Palavra de Deus cita várias condições prévias para o batismo no Espírito Santo.
(a) Devemos aceitar pela fé a Jesus Cristo como Senhor e Salvador e apartar-nos do pecado e do mundo (2.38-40;
8.12-17). Isto importa em submeter a Deus a nossa vontade (“àqueles que lhe obedecem”, 5.32). Devemos abandonar tudo o
que ofende a Deus, para então podermos ser “vaso para honra, santificado e idôneo para o uso do Senhor” (2Tm 2.21).
(b) É preciso querer o batismo. O crente deve ter grande fome e sede pelo batismo no Espírito Santo (Jo 7.37-39; cf. Is

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44.3; Mt 5.6; 6.33).
(c) Muitos recebem o batismo como resposta à oração neste sentido (Lc 11.13; At 1.14; 2.1-4; 4.31; 8.15,17).
(d) Devemos esperar convictos que Deus nos batizará no Espírito Santo (Mc 11.24; At 1.4,5).

(7) O batismo no Espírito Santo permanece na vida do crente mediante a oração (4.31), o testemunho (4.31, 33), a
adoração no Espírito (Ef 5.18,19) e uma vida santificada (ver Ef 5.18 notas). Por mais poderosa que seja a experiência inicial
do batismo no Espírito Santo sobre o crente, se ela não for expressa numa vida de oração, de testemunho e de santidade,
logo se tornará numa glória desvaneceste.

(8) O batismo no Espírito Santo ocorre uma só vez na vida do crente e move-o à consagração à obra de Deus, para,
assim, testemunhar com poder e retidão. A Bíblia fala de renovações posteriores ao batismo inicial do Espírito Santo (4.31; cf.
2.4; 4.8, 31; 13.9; Ef 5.18). O batismo no Espírito, portanto, conduz o crente a um relacionamento com o Espírito, que deve
ser renovado (4.31) e conservado (Ef 5.18).

1.8 RECEBEREIS A VIRTUDE. O termo original para virtude é dunamis, que significa poder real; poder em ação. Esse é o
versículo-chave do livro de Atos. O propósito principal do batismo no Espírito Santo é o recebimento de poder divino para
testemunhar de Cristo, para ganhar os perdidos para Ele, e ensinar-lhes a observar tudo quanto Cristo ordenou. Sua
finalidade é que Cristo seja conhecido, amado, honrado, louvado e feito Senhor do povo de Deus (cf. Mt 28.18-20; Lc 24.49;
Jo 5.23; 15.26,27).

(1) Poder (gr. dunamis) significa mais do que força ou capacidade; designa aqui, principalmente, o poder divino em
operação, em ação. O batismo no Espírito Santo trará o poder pessoal do Espírito Santo à vida do crente.
(2) Note que neste versículo Lucas não relaciona o batismo no Espírito Santo com a salvação e regeneração da pessoa,
mas com o poder celestial no interior do crente para este testemunhar com grande eficácia.

8
Página
(3) A obra principal do Espírito Santo no testemunho e na proclamação do evangelho diz respeito à obra salvífica de
Cristo, à sua ressurreição e à promessa do batismo no Espírito (cf. 2.14-42). Ver a nota seguinte, que trata do Espírito dando
testemunho e o que isso representa em nossa vida pessoal

1.8 SER-ME-EIS TESTEMUNHAS. O batismo no Espírito Santo não somente outorga poder para pregar Jesus como
Senhor e Salvador como também aumenta a eficácia desse testemunho, fortalecido e aprofundado pelo nosso
relacionamento com o Pai, o Filho e o Espírito Santo por termos sido cheios do Espírito (cf. Jo 14.26; 15.26,27).

(1) O Espírito Santo revela e torna mais real para nós a presença pessoal de Jesus (Jo 14.16-18). Uma comunhão íntima
com o próprio Jesus Cristo resultará num desejo cada vez maior da nossa parte de amar, honrar e agradar nosso Salvador.

(2) O Espírito Santo dá testemunho da justiça (Jo 16.8,10) e da verdade (Jo 16.13), as quais glorificam a Cristo (Jo
16.14), não somente com palavras, mas também no modo de viver e no agir. Daí, quem tem o testemunho do Espírito Santo
a respeito da obra redentora de Jesus Cristo, manifestará com certeza, à semelhança de Cristo, o amor, a verdade e a justiça
em sua vida (cf. 1 Co 13).

(3) O batismo no Espírito Santo outorga poder para o crente testemunhar de Cristo e produz nos perdidos a convicção
do pecado, da justiça e do juízo (ver Jo 16.8 nota). Os efeitos desta convicção se tornarão evidentes naqueles que proclamam
com sinceridade a mensagem da Palavra e naqueles que a recebem (2.39,40).

(4) O batismo no Espírito Santo destina-se àqueles cujos corações pertencem a Deus por terem abandonado seus
maus caminhos (2.38; 3.26), e é mantido mediante a mesma dedicação sincera a Cristo (5.32).

(5) O batismo no Espírito Santo é um batismo no Espírito que é santo (Espírito de santificação , Rm 1.4). Assim, se o
Espírito Santo realmente estiver operando em nós plenamente, viveremos em maior conformidade com a santidade de
Cristo. À luz destas verdades bíblicas, portanto, quem for batizado no Espírito Santo, terá um desejo intenso de agradar a
Cristo em tudo o que puder. Noutras palavras: a plenitude do Espírito complementa a obra salvífica e santificadora do
Espírito Santo em nossa vida. Aqueles que afirmam ter a plenitude do Espírito, mas vivem uma vida contrária ao Espírito de
santidade, estão enganados e mentindo. Aqueles que manifestam dons espirituais, milagres, sinais espetaculares, ou oratória
inspiradora, mas não têm uma vida de verdadeira fé, amor e retidão, não estão agindo segundo o Espírito Santo, mas
segundo um espírito impuro que não é de Deus (Mt 7.21-23; cf. Mt 24.24; 2 Co 11.13-15;). Mais exposição sobre
testemunhar de Cristo, em 13.31

1.14 PERSEVERAVAM UNANIMEMENTE EM ORAÇÃO E SÚPLICAS. A experiência do Pentecoste sempre envolve a


responsabilidade humana. Aqueles que desejam o derramamento do Espírito em sua vida, para terem poder para realizar a

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obra de Deus, devem colocar-se à disposição do Espírito Santo mediante sua submissão à vontade de Deus e à oração (v. 4;
2.38; 9.11-17; cf. Lc 11.5-13; 24.49; Is 40.29-31). Note os paralelos entre a vinda do Espírito sobre Jesus e os discípulos.

(1) O Espírito desceu sobre eles depois que oraram (Lc 3.21,22; At 1.14; 2.2-4).

(2) Houve manifestações visíveis do Espírito (Lc 3.22; At 2.2-4).

(3) Os ministérios, tanto de Jesus como dos discípulos, começaram depois do Espírito Santo vir sobre eles (cf. Mt 3.16
com 4.17; Lc 3.21,22 com 4.14-19; At 2.14-47).

Capítulo 02
2.1 PENTECOSTE. Pentecoste era a segunda grande festa sagrada do ano judaico. A primeira grande festa era a
Páscoa. Cinqüenta dias após esta, vinha a festa de Pentecoste, nome este derivado do gr. penteekostos (=qüinquagésimo).
Era também chamada Festas da Colheitas, porque nela as primícias da sega de grãos eram oferecidas a Deus (cf. Lv 23.17). Da
mesma forma, o dia de Pentecoste simboliza, para a igreja, o início da colheita de almas para Deus neste mundo.

2.2,3 UM VENTO... IMPETUOSO, E... LÍNGUAS REPARTIDAS, COMO QUE DE FOGO. As manifestações externas de um
som como de um vento poderoso e das línguas de fogo (vv. 2,3) demonstram que Deus estava ali presente e ativo, de modo
poderoso (cf. Êx 3.1-6; 1 Rs 18.38,39). O fogo talvez simbolize a consagração e a separação dos crentes para Deus, visando a
obra de glorificar a Cristo (Jo 16.13,14) e de testemunhar dEle (1.8). Estas duas manifestações antecederam o batismo no
Espírito Santo, e não foram repetidas noutros relatos similares do livro de Atos.
2.4 CHEIOS DO ESPÍRITO SANTO. Qual é o significado da plenitude do Espírito Santo recebida no dia de Pentecoste?

9
(1) Significou o início do cumprimento da promessa de Deus em Jl 2.28,29, de derramar seu Espírito sobre todo o seu

Página
povo nos tempos do fim (cf. 1.4,5; Mt 3.11; Lc 24.49; Jo 1.33; ver Jl 2.28,29 nota).

(2) Posto que os últimos dias desta era já começaram (v. 17; cf. Hb 1.2; 1 Pe 1.20), todos agora se vêem ante a decisão
de se arrependerem e de crerem em Cristo (3.19; Mt 3.2; Lc 13.3; ver At 2.17).

(3) Os discípulos foram do alto... revestidos de poder (Lc 24.49; cf. At 1.8), que os capacitou a testemunhar de Cristo, a
produzir nos perdidos grande convicção no tocante ao pecado, à justiça, e ao julgamento divino, e a desviá-los do pecado
para a salvação em Cristo (4.13,33; 6.8; Rm 15.19; ver Jo 16.8).

(4) O Espírito Santo já revelou sua natureza como aquele que anseia e pugna pela salvação de pessoas de todas as
nações e aqueles que receberam o batismo no Espírito Santo ficaram cheios do mesmo anseio pela salvação da raça humana
(vv. 38-40; 4.12,33; Rm 9.1-3; 10.1). O Pentecoste é o início das missões mundiais (1.8; 2.6-11,39).

(5) Os discípulos se tornaram ministros do Espírito. Não somente pregavam Jesus crucificado e ressuscitado, levando
outras pessoas ao arrependimento e à fé em Cristo, como também influenciavam essas pessoas a receber o dom do Espírito
Santo (vv. 38,39) que eles mesmos tinham recebido no Pentecoste (v. 4). Levar outros ao batismo no Espírito Santo é a chave
da obra apostólica no NT (ver 8.17; 9.17,18; 10.44-46; 19.6).

(6) Mediante este batismo no Espírito, os seguidores de Cristo tornaram-se continuadores do seu ministério terreno.
Continuaram a fazer e a ensinar, no poder do Espírito Santo, as mesmas coisas que Jesus começou, não só a fazer, mas a
ensinar (1.1; Jo 14.12)

2.4 COMEÇARAM A FALAR EM OUTRAS LÍNGUAS. Para um exame do significado do falar em línguas ocorrido no dia de
Pentecoste e noutras ocasiões, na igreja do NT, e da possibilidade de falsas línguas estranhas.

2.13 MOSTO. Mosto (gr. gleukos) normalmente se refere ao suco de uva não fermentado. Aqueles que zombavam dos
discípulos talvez hajam empregado este termo, ao invés da palavra mais comum no NT para vinho (oinos), porque sabiam
que os discípulos de Jesus usavam somente este tipo de vinho doce, não fermentado. Neste caso, sua zombaria teria sido
sarcástica.

2.14-40 O DISCURSO DE PEDRO NO DIA DE PENTECOSTE. O discurso de Pedro no dia de Pentecoste, juntamente com
sua mensagem em 3.12-26, contém um padrão para a proclamação do evangelho.

(1) Jesus é o Senhor e Cristo crucificado, ressurreto e exaltado (vv. 22-36; 3.13-15).

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(2) Estando agora à destra do Pai, Jesus Cristo recebeu autoridade para derramar o Espírito Santo sobre todos os
crentes (vv. 16-18,32,33; 3.19).

(3) Todos devem colocar sua fé em Jesus como Senhor, arrepender-se dos seus pecados e ser batizados,
demonstrando o perdão dos pecados (vv. 36-38; 3.19).

(4) Os crentes devem esperar o prometido dom do Espírito Santo, ou o batismo nEle, uma vez tendo crido e se
arrependido (vv. 38,39).

(5) Aqueles que atenderem com fé, deve separar-se do mundo e salvar-se dessa geração perversa (v. 40; 3.26).

(6) Jesus Cristo voltará para restaurar completamente o reino de Deus (3.20,21).

2.16 DITO PELO PROFETA JOEL. O batismo no Espírito Santo e as manifestações espirituais acompanhantes são
cumprimentos de Jl 2.28,29. Joel, no século VIII a.C., profetizou um grande derramamento do Espírito Santo sobre todo o
povo de Deus (ver Jl 2.28,29 notas).

2.17 NOS ÚLTIMOS DIAS.

(1) No AT os últimos dias eram tidos como o tempo em que o Senhor agiria poderosamente, julgando o mal e
concedendo salvação ao seu povo (cf. Is 2.2-21; 3.18 4.6; 10.20-23; Os 1.2; Jl 1.3; Am 8.9-11; 9.9-12).

(2) O NT revela que os últimos dias começaram com a primeira vinda de Cristo e o derramamento inicial do Espírito
sobre o povo de Deus, e que terminarão com a segunda vinda do Senhor (Mc 1.15; Lc 4.18-21; Hb 1.1,2). Este período
específico é caracterizado como a era do juízo contra o mal, da autoridade sobre os demônios, da salvação da raça humana e

10
da presença aqui do reino de Deus.
(a) Estes últimos dias serão assinalados pelo poder do Espírito Santo (Mt 12.28).

Página
(b) Os últimos dias abrangem a investida do poder de Deus, através de Cristo, contra o domínio de Satanás e do
pecado. Mesmo assim, a guerra apenas começou; não chegou ao fim, pois o mal e a atividade satânica ainda estão
fortemente presentes (Ef 6.10-18). Por isso, somente a segunda vinda de Jesus aniquilará a atividade do poder maligno e
encerrará os últimos dias (cf. 1 Pe 1.3-5; Ap 19).
(c) Os últimos dias serão um período de testemunho profético, conclamando todos a se arrependerem, crerem em
Cristo e experimentarem o derramamento do Espírito Santo (1.8; 2.4,38-40; Jl 2.28-32). Devemos proclamar a obra salvífica
de Cristo, no poder do Espírito, mesmo enquanto antevemos o dia final da ira (Rm 2.5), i.e.: o grande e glorioso Dia do
Senhor (2.20b). Devemos viver todos os dias em vigilância, esperando o dia da redenção e a volta de Cristo para buscar o seu
povo (Jo 14.3; 1 Ts 4.15-17).
(d) Os últimos dias introduzem o reino de Deus com sua demonstração de pleno poder (ver Lc 11.20). Devemos ter a
plenitude desse poder no conflito contra as forças espirituais do mal (2 Co 10.3-5; Ef 6.11,12) e no sofrimento por causa da
justiça (Mt 5.10-12; 1 Pe 1.6,7)

2.17 VOSSOS FILHOS E AS VOSSAS FILHAS PROFETIZARÃO. Aqui o falar noutras línguas (vv. 4,11) está relacionado à
profecia (vv. 17,18). Deste modo, falar em línguas é uma forma de profetizar. O significado básico aqui, de profecia, é o uso
da nossa voz para o serviço e a glória de Deus sob o impulso direto do Espírito Santo. No livro de Atos:

(1) os 120 todos foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes
concedia que falassem (2.4);

(2) o Espírito Santo desceu sobre Cornélio e sua casa. Todos, entre eles Pedro, os ouviam falar em línguas e magnificar
a Deus (10.44-47)

(3) os discípulos em Éfeso, quando veio sobre eles o Espírito Santo; e falavam línguas e profetizavam (19.6).

2.18 MEUS SERVOS E MINHAS SERVAS. Segundo a profecia de Joel, citada por Pedro, o batismo no Espírito Santo é
para aqueles que já pertencem ao reino de Deus, i.e., servos de Deus, ou crentes; tanto homens como mulheres salvos,
regenerados, pertencentes a Deus.

2.18 NAQUELES DIAS. Pedro, citando Joel, diz que Deus derramará seu Espírito naqueles dia. O derramamento do
Espírito Santo e os sinais sobrenaturais que o acompanham, não podem ser limitados unicamente ao dia de Pentecoste. O
poder e a bênção do Espírito Santo são para todo cristão receber e experimentar, no decurso de toda a era da igreja, que é a
totalidade do período de tempo entre a primeira e segunda vinda de Cristo (Ap 19.20; ver At 2.39).

2.33 PELA DESTRA DE DEUS. O derramamento do Espírito Santo por Jesus comprova que Ele é de fato o Messias

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exaltado e que agora está à destra de Deus, intercedendo pelos seus representantes na terra (Hb 7.25).

(1) Desde o batismo de Jesus até o dia de Pentecoste, o Espírito estava sobre o Cristo (o Ungido de Deus; cf. Lc
3.21,22; 4.1,14,18,19). Estando Jesus agora à direita de Deus, vive para derramar o mesmo Espírito sobre aqueles que nEle
crêem.

(2) Ao derramar o Espírito, a intenção de Jesus é que o Consolador transmita sua presença aos crentes e lhes conceda
poder para continuarem a fazer tudo aquilo que Ele mesmo fazia enquanto estava na terra

2.38 ARREPENDEI-VOS, E CADA UM DE VÓS SEJA BATIZADO. O arrependimento, o perdão dos pecados e o batismo são
condições prévias para o recebimento do dom do Espírito Santo. Mesmo assim, o batismo em água antes do recebimento da
promessa do Pai (cf. 1.4,8) não deve ser tido como condição prévia absoluta para a plenitude do Espírito Santo; assim como o
batismo no Espírito não é uma conseqüência automática do batismo em água.

(1) Na situação em apreço, Pedro exigiu o batismo em água antes do recebimento da promessa, porque na mente dos
seus ouvintes judaicos, o rito do batismo era pressuposto como parte de qualquer decisão de conversão. O batismo em água,
contudo, não precedeu o batismo no Espírito nas ocasiões registradas em 9.17,18 (o apóstolo Paulo) e 10.44-48 (os da casa
de Cornélio).

(2) Cada crente, depois de se arrepender dos seus pecados e de aceitar Jesus Cristo pela fé, deve receber (2.38; cf. Gl
3.14) o batismo pessoal no Espírito. Vemos no livro de Atos o dom do Espírito Santo sendo conscientemente desejado,
buscado e recebido (1.4,14; 4.31; 8.14-17; 19.2-6); a única exceção possível à regra, no NT, foi o caso de Cornélio (10.44-48).
Daí, o batismo no Espírito não deve ser considerado um dom automaticamente concedido ao crente em Cristo.
2.39 A VÓS, A VOSSOS FILHOS E A TODOS. A promessa do batismo no Espírito Santo não foi apenas para aqueles

11
presentes no dia de Pentecoste (v.4), mas também para todos os que cressem em Cristo durante toda esta era: a vós os
ouvintes de Pedro; a vossos filhos à geração seguinte; à todos os que estão longe à terceira geração e às subseqüentes.

Página
(1) O batismo no Espírito Santo com o poder que o acompanha, não foi uma ocorrência isolada, sem repetição, na
história da igreja. Não cessou com o Pentecoste (cf. v. 38; 8.15; 9.17; 10.44-46; 19.6), nem com o fim da era apostólica.

(2) É o direito mediante o novo nascimento de todo cristão buscar, esperar e experimentar o mesmo batismo no
Espírito que foi prometido e concedido aos cristãos do NT (1.4,8; Jl 2.28; Mt 3.11; Lc 24.49).

2.40 DESTA GERAÇÃO PERVERSA. Ninguém, pode ser salvo, se não abandonar a perversidade e a corrupção da
sociedade contemporânea (cf. Lc 9.41; 11.29; 17.25; Fp 2.15). Todos os novos crentes devem ser ensinados a romper com
todas as más companhias, renunciar o mundo ímpio, unir-se com Cristo e seu povo e dedicar-se à obra de Deus (2 Co
6.14,17).

2.42 DOUTRINA DOS APÓSTOLOS, E NA COMUNHÃO, E NO PARTIR DO PÃO, E NAS ORAÇÕES. Ver 12.5, sobre as 16
características de uma igreja neotestamentária.

Capítulo 03
3.6 EM NOME DE JESUS...ANDA. A cura do mendigo coxo foi realizada pelo poder de Cristo operando através dos
apóstolos. Jesus disse aos seus seguidores no tocante àqueles que viriam a crer nEle: Em meu nome...imporão as mãos sobre
os enfermos e os curarão (Mc 16.17,18). A igreja continuou o ministério de cura que Jesus exercera, em obediência à sua
vontade. O milagre aqui foi realizado mediante a fé em nome de Jesus Cristo (v. 6) e o dom de curar, operando através de
Pedro (ver 1 Co 12.1,9). Pedro declarou que não tinha prata nem ouro, mas que daria ao mendigo coxo algo muito mais
valioso. As igrejas que desfrutam de prosperidade material devem meditar nestas palavras de Pedro. Muitas igrejas dos
nossos dias já não podem dizer: Não tenho prata nem ouro, mas também não tem condição de dizer: Em nome de Jesus
Cristo, o Nazareno , levanta-te e anda .

3.19 ARREPENDEI-VOS, POIS, E CONVERTEI-VOS. Deus determinou que abençoará o seu povo com o derramamento
do Espírito Santo sob as condições prévias de arrependimento, i.e., de se desviarem do pecado e da geração perversa ao seu
redor, e se converterem: voltar-se para Deus, ouvir tudo quanto Cristo, o Profeta, lhes diz (vv. 22,23), e sempre progredir na
obediência sincera a Cristo (cf. 2.38-41; 5.29-32).

3.19 TEMPOS DO REFRIGÉRIO. No decurso de toda a presente era, e até à volta de Cristo, Deus enviará tempos do
refrigério (o derramamento do Espírito Santo) a todos aqueles que se arrependerem e se converterem. Embora tempos
perigosos venham perto do fim desta era, acompanhada da apostasia da fé (2 Tm 3.1; 2 Ts 2.3), Deus ainda promete enviar

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reaviva mento e tempos de refrigério aos fiéis. A presença de Cristo, a bênção espiritual, milagres e derramamento do
Espírito Santo virão sobre os remanescentes que fielmente o buscarem e vencerem o mundo, a carne e o domínio de Satanás
(cf. 26.18).

3.21 TEMPOS DA RESTAURAÇÃO. Os tempos da restauração de tudo é uma referência ao tempo da volta de Cristo
para debelar a iniqüidade e estabelecer o reino de Deus na terra, livre de todo o pecado. No fim, todas as coisas cuja
restauração foi prometida no AT serão restauradas (cf. Zc 12-14; Lc 1.32,33). Cristo redimirá ou renovará, a totalidade da
Natureza (Rm 8.18-23) e reinará pessoalmente na terra (ver Ap 20.21). Note que não serão os seres humanos da terra, mas
Cristo, com os seus exércitos celestiais, que realizará o triunfo de Deus e do seu reino (Ap 19.11 21).

3.22 UM PROFETA. A predição de Moisés em Dt 18.17,18: Então o SENHOR me disse: Bem falaram naquilo que
disseram. Eis que lhes suscitarei um profeta do meio de seus irmãos, como tu... , foi uma profecia a respeito de Jesus Cristo.
De que maneira foi Jesus semelhante a Moisés?

(1) Moisés foi ungido pelo Espírito (Nm 11.17); o Espírito do Senhor estava sobre Jesus na pregação do evangelho (Lc
4.18,19).

(2) Deus usou Moisés para introduzir a antiga aliança; Jesus introduziu a nova aliança.

(3) Moisés conduziu Israel, tirando-o do Egito para o Sinai, e estabeleceu o pacto de seu relacionamento com Deus;
Cristo redimiu seu povo do pecado e da escravidão de Satanás, e estabeleceu um novo e vivo pacto com Deus, por meio do
qual seu povo pudesse entrar na sua própria presença.
(4) Moisés, nas leis do AT, referiu-se ao sacrifício de cordeiros para prover em figura a redenção; o próprio Cristo

12
tornou-se o Cordeiro de Deus para prover salvação a todos quantos o aceitarem.

Página
(5) Moisés conduziu o povo à lei, mostrando-lhe a sua obrigação em cumprir seus estatutos para ter a bênção divina;
Cristo chamava o povo a si mesmo e ao Espírito Santo, como a maneira de Deus cumprir a sua vontade, e dos fiéis receberem
a bênção divina e a vida eterna.

3.26 DESVIASSE, A CADA UM, DAS VOSSAS MALDADES. Pedro volta a enfatizar que crer em Cristo e receber o Espírito
Santo depende de renunciarmos ao pecado e separar-nos da iniqüidade (ver 2.38,40; 3.19; 8.21). Na mensagem apostólica
original, toda bênção prometida requeria santidade.

Capítulo 04
4.8 PEDRO, CHEIO DO ESPÍRITO SANTO. Pedro recebe novo enchimento do Espírito Santo que lhe traz repentina
inspiração, sabedoria e ousadia para que proclamasse a verdade de Deus. É teologicamente relevante que a plenitude do
Espírito não foi uma experiência ocorrida uma única vez, mas, sim, repetitiva. Este fato é um cumprimento da promessa de
Jesus em Lc 12.11,12; outras ocorrências de novo enchimento do Espírito acham-se em 7.55 e 13.9.

4.12 EM NENHUM OUTRO HÁ SALVAÇÃO. Os discípulos tinham convicção de que a maior necessidade de cada
indivíduo era a salvação do pecado e da ira de Deus, e pregavam que esta necessidade não poderia ser satisfeita por nenhum
outro, senão Jesus Cristo. Isto revela a natureza exclusiva do evangelho e coloca sobre a igreja a pesada responsabilidade de
pregar o evangelho a todas as pessoas. Se houvesse outros meios de salvação, a igreja poderia ficar despreocupada. Mas,
segundo o próprio Cristo (Jo 14.6), não há esperança para ninguém, fora da salvação em Cristo (cf. 10.43; 1 Tm 2.5,6). Este é
o fundamento do imperativo missionário.

4.20 NÃO PODEMOS DEIXAR DE FALAR. O Espírito Santo criou nos apóstolos um desejo irreprimível de proclamar o
evangelho. Por todo o livro de Atos, o Espírito impeliu os crentes a levar o evangelho aos outros (1.8; 2.14-41; 3.12-26;
8.25,35; 9.15; 10.44-48).

4.29 CONCEDE AOS TEUS SERVOS ... OUSADIA. Os discípulos precisavam de renovação em sua coragem para
testemunhar e falar de Cristo. Durante a vida cristã, nós também precisamos nos aproximar de Deus em oração a fim de
vencer o medo de passar vergonha, rejeição, críticas, ou perseguição. A graça de Deus, através da renovação do Espírito
Santo, ajudar-nos-á a falar com ousadia a respeito de Jesus (cf. Mt 10.32).

4.30 CURAR... SINAIS E PRODÍGIOS. Pregação e milagres devem andar juntos (3.1-10; 4.8-22,29-33; 5.12-16; 6.7,8;
8.6ss.; 15.12; 20.7ss). Milagres são sinais acompanhantes mediante os quais Cristo confirma a palavra de suas testemunhas
(14.3; cf. Mc 16.20).

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(1) Sinais geralmente se refere a atos miraculosos realizados para demonstrar a existência do poder divino de advertir
ou encorajar a fé.

(2) Prodígios se refere a eventos extraordinários que causam pasmo ao espectador. Note neste versículo a igreja
orando pela realização de curas, sinais e maravilhas. A igreja dos nossos dias precisa interceder fervorosamente em oração
para Deus confirmar o evangelho com grande poder, milagres e graça abundante (v. 33). Somente quando o evangelho é
proclamado com poder, como declara o NT, é que o mundo perdido pode ser ganho para Cristo.

4.31 TODOS FORAM CHEIOS DO ESPÍRITO SANTO. Várias verdades importantes destacam-se aqui.

(1) A expressão batizados com Espírito Santo (1.5) descreve a obra de consagração do Espírito Santo capacitando
inicialmente o crente com poder divino para testemunhar. Os termos cheios , revestido e com autoridade descrevem essa
sua capacitação para trabalhar (2.4; 4.8,31; 9.17; 13.9,52). Conforme a necessidade, o enchimento do Espírito pode ser
renovado.

(2) As expressões do meu Espírito derramarei (2.17,18; 10.45), veio sobre eles o Espírito Santo (19.6), retratam de
modo diferente a ocasião em que os crentes são cheios do Espírito Santo (2.4; 4.31; 9.17).

(3) Todos os crentes, inclusive os apóstolos anteriormente cheios (2.4), foram novamente cheios a fim de enfrentarem
a oposição contínua dos judeus (v. 29). Novos enchimentos com o Espírito Santo fazem parte da vontade e provisão de Deus
para todos os que receberam o batismo no Espírito Santo (cf. 4.8 ; 13.52). Devemos esperá-los e buscá-los.
(4) Aqui, o Espírito visita uma congregação inteira. Logo, para que seja cumprida a vontade de Deus quanto a igreja,

13
não somente indivíduos devem ser cheios do Espírito (4.8; 9.17; 13.9), mas também congregações inteiras (2.4; 4.31) devem
experimentar visitações repetidas do Espírito Santo face às necessidades e desafios especiais.

Página
(5) A atuação de Deus sobre toda a congregação, com um novo enchimento do Espírito Santo, resulta em ousadia e
poder no testemunho dos crentes, em amor uns pelos outros e no recebimento de graça abundante sobre todos (vv. 31-33).

4.31 ANUNCIAVAM COM OUSADIA A PALAVRA DE DEUS O poder interior do Espírito e a realidade da presença de
Deus que vêm da plenitude do Espírito libertam o crente do medo doutras pessoas e aumenta grandemente a sua coragem e
motivação para falar de Deus

4.33 COM GRANDE PODER. Era poder divino manifesto no mais alto grau que operava nos apóstolos. O grego diz aqui
mega dunamis. Grande poder é a característica distintiva da pregação e do testemunho apostólicos (cf. 1.8), por três razões:

(1) O testemunho apostólico baseava-se na Palavra de Deus (v. 29) e na convicção de que ela fora dada pela inspiração
do Espírito Santo.

(2) Os discípulos tinham certeza de terem sido enviados e comissionados pelo próprio Jesus Cristo, o Senhor
ressurreto (v. 33).

(3) O grande poder do Espírito Santo operando nos discípulos (v. 31), efetuava grande convicção nos ouvintes do
evangelho quanto ao pecado de cada um, a justiça de Cristo e o juízo divino (ver Jo 16.8 nota). Hoje, o mesmo acontecerá em
nossas igrejas se o Espírito operar poderosamente.

Capítulo 05
5.3 MENTISSES AO ESPÍRITO SANTO. A fim de obterem prestígio e reconhecimento, Ananias e Safira mentiram diante
da igreja a respeito das suas contribuições. Deus considerou um delito grave essas mentiras contra o Espírito Santo. As
mortes de Ananias e Safira ficaram como exemplos perpétuos da atitude de Deus para com qualquer coração enganoso entre
aqueles que professam ser cristãos. Note, também, que mentir ao Espírito Santo é a mesma coisa que mentir a Deus, logo, o
Espírito Santo também é Deus (vv. 3,4; ver Ap 22.15.

5.4 POR QUE FORMASTE ESTE DESÍGNIO...? A raiz do pecado de Ananias e de Safira era seu amor ao dinheiro e elogio
dos outros. Isto os fez tentar o Espírito Santo (v. 9). Quando o amor ao dinheiro e o aplauso dos homens tomam posse de
uma pessoa, seu espírito fica vulnerável a todos os tipos de males satânicos (1 Tm 6.10). Ninguém pode estar cheio de amor
ao dinheiro e, ao mesmo tempo, amar e servir a Deus (Mt 6.24; Jo 5.41-44).

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5.5 ANANIAS... CAIU E EXPIROU. Deus feriu com severidade a Ananias e Safira (vv. 5,10), para que se manifestasse sua
aversão a todo engano, mentira e deso-nes-tidade no reino de Deus. Um dos pecados mais abomináveis na igreja é enganar o
povo de Deus no tocante ao nosso relacionamento com Cristo, trabalho para Ele, e a dimensão do nosso ministério. Entregar-
se a esse tipo de hipocrisia significa usar o sangue derramado de Cristo para exaltar e glorificar o próprio eu diante dos
outros. Esse pecado desconsidera o propósito dos sofrimentos e da morte de Cristo (Ef 1.4; Hb 13.12), e revela ausência de
temor do Senhor (vv. 5,11) e de respeito e honra ao Espírito Santo (v. 3), e merece o justo juízo de Deus.

5.11 HOUVE UM GRANDE TEMOR EM TODA A IGREJA O julgamento divino contra o pecado de Ananias e Safira levou a
um aumento de humildade, reverência e temor do povo para com um Deus santo. Sem o devido temor do Deus santo e da
sua ira contra o pecado, o povo de Deus voltará, em pouco tempo, aos caminhos ímpios do mundo, cessará de experimentar
o derramamento do Espírito e a presença milagrosa de Deus e então lhe será cortado o fluxo da graça divina. Este é um
elemento essencial da fé neotestamentária e do cristianismo bíblico hoje em dia.

5.16 TODOS ERAM CURADOS. Os apóstolos fizeram aquilo que seu Senhor fazia: libertavam os atormentados de
espíritos imundos (ver Mc 1.34). Tratava-se de um sinal supremo de que o reino de Deus viera sobre o povo com grande
poder (ver o estudo PODER SOBRE SATANÁS E OS . Não é errado orar para que, mediante o Espírito Santo, possamos praticar
o bem e curar os oprimidos pela enfermidade e por Satanás (4.30)

5.29 MAIS IMPORTA OBEDECER A DEUS DO QUE AOS HOMENS. A grande pergunta que paira ante todo cristão não é:
É conveniente, seguro, agradável popular entre os homens? , mas: O que está certo diante de Deus? (cf. Gl 1.10).

5.32 O ESPÍRITO SANTO... ÀQUELES QUE LHE OBEDECEM. Se não houver verdadeira obediência a Cristo (v. 32), nem
busca sincera da justiça do seu reino (Mt 6.33; Rm 14.17), é falsa a afirmação de quem diz ter a plenitude do Espírito Santo. O
Pentecoste sem o senhorio de Cristo é impossível (cf. 2.38-42), porque o Espírito Santo é dado somente àqueles que vivem

14
na obediência da fé (Rm 1.5).

Página
Capítulo 06
6.3 CHEIOS DO ESPÍRITO SANTO E DE SABEDORIA. Os apóstolos estipularam que os sete varões deviam apresentar
evidências de terem continuado fielmente sob a influência do Espírito Santo. Segundo parece, os apóstolos supunham que
nem todos os crentes continuavam na plenitude do Espírito. Noutras palavras, aqueles que deixam de andar fielmente
segundo o Espírito (Gl 5.16-25) cessarão de ser cheios do Espírito. Quanto à diferença entre conservar a plenitude e ser cheio
do Espírito Santo, notemos o seguinte:

(1) Os crentes que conservam a plenitude do Espírito Santo são caracterizados pela sua constância nessa condição (cf.
6.5; 11.24), que os capacita a falar com inspiração profética ou a ministrar no poder do Espírito Santo segundo o seu querer.

(2) A expressão cheios do Espírito Santo é usada:


(a) para indicar o recebimento do batismo no Espírito Santo (1.5; 2.4; 9.17; 11.16);
(b) para indicar que um crentes ou crentes, em ocasiões específicas, recebeu poder para falar sob o impulso direto do
Espírito Santo (4.8; 13.9; Lc 1.41-45, 67-79);
(c) para indicar um ministério profético geral sob a inspiração ou a unção do Espírito Santo, sem especificar a duração
desse ministério (4.31-33; 13.52; Lc 1.15).

(3) Depois do recebimento inicial do batismo no Espírito, os que andam fielmente no Espírito, mortificando as obras
pecaminosas do corpo (Rm 8.13,14), podem ser descritos como: cheios do Espírito Santo, i.e., mantendo a plenitude
permanente do Espírito Santo (e.g., os sete varões, especialmente Estevão, vv. 3,5; 7.55; ou Barnabé, 11.24). Além disso,
aqueles que continuam na plenitude do Espírito podem receber um novo enchimento do Espírito, visando a um propósito ou
tarefa específica, especialmente uma capacitação divina para falar segundo o impulso do Espírito Santo.

6.4 PERSEVERAREMOS NA ORAÇÃO. O batismo no Espírito Santo, em si, não basta para uma liderança cristã eficaz. Os
líderes cristãos devem dedicar-se constantemente à oração e à pregação da Palavra. O verbo traduzido perseverar (gr.
proskartereo) denota uma fidelidade inabalável e sincera e a dedicação de muito tempo a um certo empreendimento. Por
isso, os apóstolos tinham a convicção de que a oração e o ministério da Palavra eram a ocupação máxima dos dirigentes
cristãos. Note as freqüentes referências à oração em Atos (ver 1.14,24; 2.42; 4.24-31; 6.4,6; 9.40; 10.2,4,9,31; 11.5; 12.5;
13.3; 14.23; 16.25; 22.17; 28.8).

6.6 LHES IMPUSERAM AS MÃOS. No NT, a imposição de mãos era usada de cinco maneiras:

(1) em relação a milagres de curas (28.8; Mt 9.18; Mc 5.23; 6.5);

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(2) ao abençoar outras pessoas (Mt 19.13,15)

(3) em relação ao batismo no Espírito Santo (8.17,19; 19.6);

(4) na comissão para uma obra específica (6.6; 13.3)

(5) na concessão de dons espirituais através dos presbíteros (1 Tm 4.14). Como um dos meios através dos quais Deus
transmite dons e bênçãos às pessoas, a imposição de mãos veio a ser uma doutrina fundamental na igreja primitiva (Hb 6.2).
Não pode ser dissociada da oração (v. 6), pois a oração indica que os dons da graça, a cura ou o batismo no Espírito Santo
procede de Deus e não do ser humano. A separação destes sete homens importava, principalmente, duas coisas.

(1) Era um testemunho público da igreja de que esses homens tinham antecedentes de perseverança na piedade e na
obediência à direção do Espírito Santo (cf. 1 Tm 3.1-10).

(2) Era um ato de separar aqueles homens à obra de Deus e um testemunho da sua disposição em aceitar a
responsabilidade da chamada divina.

6.8 ESTÊVÃO, CHEIO DE FÉ E DE PODER. O Espírito Santo deu a Estêvão poder para realizar prodígios e grandes sinais
entre o povo (v. 8) e lhe deu grande sabedoria para pregar o evangelho de tal maneira, que seus oponentes não podiam
contestar os seus argumentos (v. 10; cf. Êx 4.15; Lc 21.15).
15
Capítulo 07

Página
7.2 IRMÃOS E PAIS, OUVI. O discurso de Estevão diante do sinédrio é uma defesa da fé propagada por Cristo e pelos
apóstolos. Ele é o precursor de todos quantos defendem a fé bíblica contra os que se opõem ao seu ensino ou o distorcem, e
é o primeiro que morreu por essa causa. Jesus vindica a ação de Estevão, ficando em pé para honrá-lo diante de seu Pai, no
céu (v. 56). O amor de Estevão à verdade e sua disposição em dar a vida para salvaguardá-la, contrastam-se nitidamente com
aqueles que pouco se interessam por batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos (Jd v.3) e que, em nome do amor, da
paz e da tolerância, não vêem qualquer necessidade de oposicão aos falsos mestres, nem àqueles que distorcem o evangelho
puro, em favor do qual Cristo morreu.

7.38 A CONGREGAÇÃO NO DESERTO. A congregação no deserto refere-se a Israel como o povo de Deus. Em hebraico
a palavra traduzida por congregação é qahal e na Septuaginta (a tradução grega do AT) o termo é ekklesia (assembléia ou
igreja).

(1) Assim como Moisés conduziu a igreja do AT, Cristo conduz a igreja do NT. A igreja do NT designada descendência
de Abraão (Gl 3.29; cf. Rm 4.11-18) e o Israel de Deus (Gl 6.16) dá continuidade a igreja do AT.

(2) Assim como a igreja do AT, a igreja do NT está no deserto , i.e., é uma igreja peregrina, longe da Terra Prometida
(Hb 11.6-16). Por isso nunca devemos sentir-nos plenamente à vontade quanto ao viver aqui nesta terra.

7.42 DEUS... OS ABANDONOU. As palavras de Estevão refletem um princípio bem estabelecido nas Escrituras e na
história da redenção. Aqueles que persistem em repudiar a Deus, não somente são abandonados por Ele, como também são
entregues à influência do mal, de Satanás e da imoralidade (cf. Rm 1.24,28). Ao contrário da crença popular, Deus não
continuará demonstrando amor e perdão, caso não haja resposta da nossa parte. Ele perdoa e comunica o seu amor
somente àqueles que voltam-se para Ele com arrependimento sincero e com verdadeira obediência. Para aqueles que
endurecem o coração; que sempre resistem ao Espírito Santo e que se recusam a aceitar a salvação divina, permanece
somente a ira justa de Deus (Rm 2.4-6,8).

7.44 SEGUNDO O MODELO. Deus sempre teve um padrão divino para ser seguido por seu povo.

(1) Deus tinha um padrão para Moisés, que servia de norma segundo o antigo concerto.
(a) Em Êx 12, Deus deu a Moisés instruções específicas para a primeira Páscoa no Egito, que se tornou padrão para
todas as gerações subseqüentes dos israelitas.
(b) Em Êx 20, Deus deu a Moisés os Dez Mandamentos como padrão e norma moral para todas as gerações
subseqüentes.
(c) Em Êx 25, Deus mandou Moisés levantar um tabernáculo no meio do arraial de Israel como cópia e sombra das
coisas celestiais e da redenção que Deus planejara levar a efeito através do Senhor Jesus Cristo na terra. Moisés fez
cuidadosamente o tabernáculo e todos os seus pertences conforme... modelo que Deus estabelecera na sua sabedoria (Êx

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25.9,40; cf. Hb 8.1-5).

(2) Tão certamente como Deus tinha um padrão para o tabernáculo segundo o antigo concerto, Ele tem um padrão
para sua igreja segundo o novo concerto. Os apóstolos do NT não resolveram de modo arbitrário e aleatório como a igreja
seria constituída, porque o Pai e o Filho, mediante o que o Espírito Santo registrou nos Evangelhos, nos Atos dos Apóstolos,
nas Epístolas e nas cartas às sete igrejas (Ap 2.3), estabeleceu o padrão apostólico para a igreja.

(3) Infelizmente, depois da era apostólica, a igreja começou a apartar-se da revelação divina e a modificar o padrão
celestial de Deus ao acomodar-se às culturas e à organização, conforme as idéias humanas e terrenas. O resultado tem sido a
proliferação de padrões humanos impostos à igreja.

(4) Para a igreja de Jesus Cristo experimentar novamente a totalidade do plano, poder, favor e presença de Deus, deve
deixar de seguir seus próprios caminhos e voltar a adotar o padrão apostólico do NT como a norma perpétua de Deus para
ela.

7.51 SEMPRE RESISTIS AO ESPÍRITO SANTO. A história de Israel retrata um povo que repetidamente rebelou-se contra
Deus e a sua Palavra revelada. Ao invés de se submeterem às normas da sua lei, os israelitas se voltaram para os caminhos e
modo de vida das nações ímpias ao seu redor. Mataram os profetas que os chamavam ao arrependimento e que
profetizavam a respeito da vinda de Cristo (vv. 52,53). É isto o que significa resistis ao Espírito Santo . Da mesma forma o
Israel de Cristo, sob o novo concerto, deve estar consciente da sua tendência de proceder como o Israel de Deus do antigo
concerto. As igrejas de Cristo podem desviar-se dEle e da sua Palavra e recusar-se a dar ouvido à voz do Espírito Santo.
Acontecendo isto, elas incorrerão no juízo divino: o reino lhes será tirado (ver Rm 11.20-22; Ap 2,3).
7.56 O FILHO DO HOMEM, QUE ESTÁ EM PÉ. A Bíblia normalmente fala de Jesus assentado à direita de Deus (2.34; Mc

16
14.62; Lc 22.69; Cl 3.1). Mas aqui, conforme a tradução literal do grego, Jesus colocou-se de pé para dar as boas-vindas ao
seu primeiro mártir que morria por amor a Ele. Estevão confessara a Cristo diante dos homens e defendera a fé. Agora Cristo,

Página
honrando o seu servo, confessa-o diante do seu Pai celeste. O Salvador está em pé pronto para acolher, como intercessor e
advogado, o crente fiel que enfrenta a morte por Ele (cf. Mc 8.38; Lc 12.8; Rm 8.34; 1 Jo 2.1).

Capítulo 08
8.1 UMA GRANDE PERSEGUIÇÃO. Parece que Saulo foi o líder da primeira perseguição em grande escala contra a
igreja (vv. 1-3; 9.1), perseguição essa intensa e severa. Homens e mulheres eram encerrados na prisão (v. 3) e açoitados
(22.19), e muitos foram mortos (22.20; 26.10,11). Deus, porém, transformou essa perseguição em início da grande obra
missionária da igreja (v. 4).

8.5-24 DESCENDO FILIPE À ... SAMARIA. Note a seqüência de eventos nesse registro do derramamento do Espírito
Santo nos crentes samaritanos.

(1) Filipe pregou o evangelho do reino, e Deus confirmou a Palavra com sinais e prodígios (vv. 5-7).

(2) Muitos samaritanos receberam a Palavra de Deus (v. 14), creram em Jesus (v. 12), foram curados e libertos de
espíritos imundos (v. 7), e batizados nas águas (vv. 12,13). Assim, experimentaram a salvação, a obra regeneradora do
Espírito Santo e o poder do reino de Deus (ver v. 12 nota).

(3) O Espírito Santo, porém, não tinha descido sobre nenhum deles depois da sua conversão a Cristo e batismo em
água (v. 16).

(4) Alguns dias depois da conversão dos samaritanos, Pedro e João chegaram a Samaria e oraram para os novos
crentes receberem o Espírito Santo (vv. 14,15). Houve um definido intervalo entre a conversão deles e o recebimento do
batismo no Espírito Santo (vv. 16,17; cf. 2.4). Este caso dos samaritanos segue o padrão da experiência idêntica dos discípulos
no dia de Pentecoste.

(5) Sem dúvida houve manifestação externa neste caso de recebimento do Espírito Santo, a saber: línguas e profecia
(v. 18)

8.6 OS SINAIS QUE ELE FAZIA. A promessa de Cristo no sentido de operar sinais e milagres para confirmar a pregação
da Palavra não se limitava aos apóstolos (Mc 16.15-18). Ele prometeu que os convertidos por seus discípulos ( os que crerem
na palavra deles) operarão milagres em nome de Jesus, tais como expulsar demônios (Mc 16.17) e curar os enfermos (Mc
16.18). Foi exatamente o que Filipe fez (vv. 6,7)

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8.12 CRESSEM... DO NOME DE JESUS CRISTO. Os samaritanos já eram convertidos e salvos antes do Espírito vir sobre
eles (ver o v. 17).

(1) Creram e foram batizados. Dois fatos tornam claro que a fé dos samaritanos era fé genuína salvífica.
(a) Tanto Filipe (v. 12) quanto os apóstolos (v. 14) consideravam válida a fé que eles tinham.
(b) Os samaritanos assumiram um compromisso público com Cristo mediante o batismo em água (v. 12). As Escrituras
afirmam que Quem crer e for batizado será salvo (Mc 16.16). Sendo assim, eram regenerados e o Espírito Santo habitava
neles (Rm 8.9).

(2) O recebimento do Espírito Santo por eles, vários dias mais tarde (v. 17), não era para salvação. Era o recebimento
do Espírito Santo como os discípulos o receberam no dia de Pentecoste, i.e., para dotá-los de poder para o serviço e o
testemunho para Deus (1.8). Lucas emprega aqui a expressão recebereis a virtude do Espírito , primeiramente no sentido de
revestir de poder divino (1.8; 2.38; 8.17; 10.47; 19.2), e não no sentido do novo nascimento ou da regeneração.

(3) Alguns têm ensinado que a fé dos samaritanos não era uma fé salvífica e regeneradora. É uma incoerência crer que
Filipe, um homem cheio de fé, de sabedoria e do Espírito Santo (6.3-5), batizasse, curasse e expulsasse demônios de pessoas,
cuja fé não considerasse genuína

8.16 SOBRE NENHUM DELES TINHA AINDA DESCIDO. O Espírito ainda não tinha descido sobre nenhum deles, da
mesma maneira que descera sobre os crentes no dia de Pentecoste (2.4). Ainda não descera sobre eles de conformidade com
a promessa do Pai (1.4) e conforme Cristo predissera: vós sereis batizados com o Espírito Santo (1.5; vv. 5-24).
8.17 RECEBERAM O ESPÍRITO SANTO. Me-diante a imposição das mãos dos apóstolos, os samaritanos recebem o

17
Espírito Santo de modo idêntico ao batismo do dia de Pentecoste (1.8; 2.4). A experiência dos samaritanos em duas etapas,
ou seja: primeiramente crer e depois ser cheio do Espírito, demonstra que a experiência em duas etapas dos crentes, do dia

Página
de Pentecoste não foi anômala. As experiências tanto de Paulo em 9.5-17, como a dos discípulos efésios em 19.1-6, foram
iguais à dos samaritanos. Aceitou Cristo como Senhor e depois foram cheios do Espírito. Não tem que haver um longo tempo
de espera entre a salvação e o batismo no Espírito, conforme demonstra o caso dos gentios em Cesaréia (cap. 10).

8.18 SIMÃO, VENDO. A descida do Espírito sobre os samaritanos foi acompanhada de manifestações externas visíveis
notadas até por Simão, o mágico. É razoável concluir que as manifestações visíveis eram semelhantes às dos primeiros
discípulos no dia de Pentecoste, i.e., falar noutras línguas (ver 2.4; 10.45,46; 19.6). Assim, tanto os samaritanos como os
apóstolos tiveram um sinal confirmador da descida do Espírito Santo sobre aqueles novos crentes

8.21 O TEU CORAÇÃO NÃO É RETO. O batismo no Espírito Santo através do livro de Atos ocorre somente entre os
salvos por Jesus Cristo.

(1) Simão, que queria o poder e o dom do Espírito Santo, bem como autoridade para transmitir o dom (v. 19), foi
rejeitado por Deus por ser ímpio, em laço de -iniqüidade (vv. 22,23), não tendo um coração reto diante de Deus (v. 21). O
dom genuíno do Espírito Santo será derramado somente sobre quem o teme e faz o que é justo (10.35, cf. 44-48; ver
também 5.32).

(2) Antes e depois do dia do Pentecoste os discípulos de Cristo viviam para o Senhor ressurreto (1.2-14; 2.32) e
oravam continuamente (1.14; 6.4). Suas vidas eram separadas do pecado e do mundo (2.38-40) e observavam o ensino dos
apóstolos (2.42; 6.4). Novos derramamentos do Espírito eram concedidos a crentes que tinham largado seus pecados e seus
maus caminhos, para viverem para Jesus Cristo (cf. 2.42; 3.1,19,22-26; 4.8,19-35; 5.29-32; 6.4; 8.14-21; 9.1-19; 10.34-47;
19.1-6; 24.16). Andar no Espírito e ser guiado por Ele é sempre condições para alguém ser cheio do Espírito (ver Gl 5.16-25;
cf. Ef 5.18).

(3) Qualquer experiência sobrenatural, tida como o batismo no Espírito Santo, ocorrida em quem continua nos
caminhos pecaminosos da carne, não é de Cristo (cf. 1 Jo 4.1-6). Pelo contrário, é um falso batismo no Espírito, e que pode
ser acompanhado de poderes demoníacos (Mt 7.21-23; 2 Ts 2.7-10).

Capítulo 09
9.3-19 A CONVERSÃO DE PAULO. Os versículos 3-9 registram a conversão de Paulo fora da cidade de Damasco (cf.
22.3-16; 26.9-18). Que sua conversão ocorreu nessa ocasião, e não posteriormente na casa de Judas (v. 11), fica claro à luz do
seguinte:

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(1) Ele obedece às ordens de Cristo (v. 6; 22.10; 26.15-19), compromete-se a ser um ministro e testemunha do
evangelho (26.16) e um missionário aos gentios (26.17-19) e entrega-se à oração (v. 11).

(2) Paulo é chamado Irmão Saulo por Ananias (v. 17). Ananias percebe que Paulo é um crente que experimentou o
novo nascimento (ver Jo 3.3-6), que se dedicou a Cristo, para fazer a sua vontade e que apenas necessita ser batizado,
receber a restauração da sua vista e ser cheio do Espírito Santo (vv. 17,18; ver 9.17 ).

9.11 POIS EIS QUE ELE ESTÁ ORANDO. Após conhecer Jesus e aceitá-lo como Senhor e Messias, Paulo ora e jejua,
pedindo orientação, em atitude de profunda dedicação a Deus. A fé salvadora e o novo nascimento à que ela conduz, sempre
levarão o crente a buscar comunhão com seu Senhor e Salvador, que ele acaba de aceitar.

9.13 TEUS SANTOS. Os crentes do NT são chamados santos (cf. 26.10; Rm 1.7; 1 Co 1.2; Ap 13.7; 19.8).

(1) A idéia básica do termo santo (gr. hagios) é separação do pecado, e, para Deus. Os santos, noutras palavras, são os
separados para Deus ou os santificados em Deus . Isto significa ser guiado e santificado pelo Espírito Santo (Rm 8.14; 1 Co
6.11; 2 Ts 2.13; 1 Pe 1.2), largar o mundo a fim de seguir a Jesus (Jo 17.15-17). Mesmo assim, o termo santo não significa que
o crente seja perfeito ou incapaz de pecar (cf. 1 Jo 2.1).

(2) O NT em nenhum lugar chama o crente de pecador salvo, portanto este costume não é bíblico. O termo bíblico
comum para todos os crentes é santo, o qual enfatiza:
(a) a pressuposição bíblica que todos os crentes vivam conforme os ensinos divinos da justiça (Ef 5.3)
(b) a necessidade da santidade ser uma realidade interna em todos que pertencem a Cristo (1 Co 1.30)
9.16 PADECER PELO MEU NOME. A conversão de Paulo incluiu não somente uma ordem para pregar o evangelho, mas

18
também uma chamada para sofrer por amor a Cristo. Paulo foi informado desde o início que ele sofreria muito pela causa de
Cristo. No reino de Cristo, sofrer por amor a Ele é um sinal do mais alto favor de Deus (14.22; Mt 5.11,12; Rm 8.17; 2 Tm 2.3)

Página
e o meio de ter um ministério frutífero (Jo 12.24; 2 Co 1.3-6); resulta em recompensas abundantes no céu (Mt 5.12; 2 Tm
2.12). A morte precisa atuar no crente para que a vida de Deus flua dele para os outros (Rm 8.17,18,36,37; 2 Co 4.10-12).
Para outros textos sobre os sofrimentos de Paulo, ver 20.23; 2 Co 4.8-18; 6.3-10; 11.23-27; Gl 6.17; 2 Tm 1.11,12; ver
também 2 Co 1.4; 11.23.

9.17 IRMÃO SAULO. vv. 3-19.

9.17 CHEIO DO ESPÍRITO SANTO. Três dias depois da sua conversão, Paulo recebeu a plenitude do Espírito Santo. A
experiência de Paulo forma um paralelo com a dos discípulos no dia de Pentecoste. Primeiro, a sua experiência do novo
nascimento; a salvação (ver vv. 3-19 nota; depois, ser cheio do Espírito Santo (v. 17). Embora Lucas não diga especificamente
que Paulo falou em línguas quando recebeu o dom do Espírito Santo, é justo admitir que ele o fez.

(1) O padrão do NT mostra que a pessoa que recebe a plenitude do Espírito Santo começa a falar noutras línguas (2.4;
10.45,46; 19.6; ver 11.15).

(2) O próprio Paulo testifica que freqüentemente falava em línguas: Dou graças ao meu Deus, porque falo mais línguas
do que vós todos (1 Co 14.18)

9.18 FOI BATIZADO. O interesse primacial de Lucas aqui é o próprio batismo no Espírito Santo e não primeiramente o
fato de ele falar em línguas no batismo. Quem busca a plenitude do Espírito deve concentrar-se no próprio Espírito Santo e
não numa manifestação externa. Por outro lado, todos os crentes que desejam a plenitude do Espírito Santo devem aguardar
as manifestações espirituais desta bênção (2.4,17).

9.31 NO TEMOR DO SENHOR. Lucas enfatiza a fórmula temer a Deus tanto no seu Evangelho (ver Lc 1.50, 18.2; 23.40)
como em Atos. São os tementes a Deus (os gentios que abraçaram a fé judaica) que formam a base inicial da obra
missionária aos gentios no cap. 10 (10.2,22,35; 13.16,26). O temor do Senhor produz confiança e obediência, bem como o
afastar-se do mal (Jó 28.28; Sl 111.10; Pv 1.7); isso, por sua vez, resulta na consolação do Espírito Santo (v. 31).

O TEMOR DO SENHOR

Dt 6.1-2 “Estes, pois, são os mandamentos, os estatutos e os juízos que mandou o SENHOR, vosso Deus, para se vos
ensinar, para que os fizésseis na terra a que passais a possuir; para que temas ao SENHOR, teu Deus, e guardes todos os seus
estatutos e mandamentos, que eu te ordeno, tu, e teu filho, e o filho de teu filho, todos os dias da tua vida; e que teus dias
sejam prolongados.”Um mandamento freqüente ao povo de Deus do AT é “temer a Deus” ou “temer ao Senhor”. É
importante que saibamos o que esse mandamento significa para nós como crentes. Somente à medida que verdadeiramente

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temermos ao Senhor é que seremos libertos da escravidão de todas as formas de temores anormais e satânicas.

O SIGNIFICADO DO TEMOR DE DEUS.

O mandamento geral de “temer ao Senhor” inclui uma variedade de aspectos do relacionamento entre o crente e
Deus.

(1) É fundamental, no temor a Deus, reconhecer a sua santidade, justiça e retidão como complemento do seu amor e
misericórdia, i.e., conhecê-lo e compreender plenamente quem Ele é (cf. Pv 2.5). Esse temor baseia-se no reconhecimento
que Deus é um Deus santo, cuja natureza inerente o leva a condenar o pecado.

(2) Temer ao Senhor é considerá-lo com santo temor e reverência e honrá-lo como Deus, por causa da sua excelsa
glória, santidade, majestade e poder (ver Fp 2.12 nota). Quando, por exemplo, os israelitas no monte Sinai viram Deus
manifestar-se através de “trovões e relâmpagos sobre o monte, e uma espessa nuvem, e um sonido de buzina mui forte” o
povo inteiro “estremeceu” (Êx 19.16) e implorou a Moisés que este falasse, ao invés de Deus (Êx 20.18,19; Dt 5.22-27). Além
disso, o salmista, na sua reflexão a respeito do Criador, declara explicitamente: “Tema toda a terra ao SENHOR; temam-no
todos os moradores do mundo. Porque falou, e tudo se fez; mandou, e logo tudo apareceu” (Sl 33.8,9).

(3) O verdadeiro temor de Deus leva o crente a crer e confiar exclusivamente nEle para a salvação. Por exemplo:
depois que os israelitas atravessaram o mar Vermelho como em terra seca e viram a extrema destruição do exército egípcio,
“temeu o povo ao SENHOR e creu no SENHOR” (ver Êx 14.31). Semelhantemente, o salmista conclama a todos os que temem
ao Senhor: “confiai no SENHOR; ele é vosso auxílio e vosso escudo” (Sl 115.11). Noutras palavras, o temor ao Senhor produz
no povo de Deus esperança e confiança nEle. Não é de admirar, pois, que tais pessoas se salvem (Sl 85.9) e desfrutem do
amor perdoador de Deus, e da sua misericórdia (Lc 1.50; cf. Sl 103.11; 130.4).
(4) Finalmente, temer a Deus significa reconhecer que Ele é um Deus que se ira contra o pecado e que tem poder para

19
castigar a quem transgride suas justas leis, tanto no tempo como na eternidade (cf. Sl 76.7,8). Quando Adão e Eva pecaram
no jardim do Éden, tiveram medo e procuraram esconder-se da presença de Deus (Gn 3.8-10). Moisés experimentou esse

Página
aspecto do temor de Deus quando passou quarenta dias e quarenta noites em oração, intercedendo pelos israelitas
transgressores: “temi por causa da ira e do furor com que o SENHOR tanto estava irado contra vós, para vos destruir” (9.19).

RAZÕES PARA TERMOS TEMOR DE DEUS

As razões para temer o Senhor vêm do significado do temor do Senhor.

(1) Devemos temê-lo por causa de o seu grande poder como o Criador de todas as coisas e de todas as pessoas (Sl
33.6-9; 96.4-5; Jo 1.9).

(2) Além disso, o poder inspirador de santo temor que Ele exerce sobre os elementos da criação e sobre nós é motivo
de temê-lo (Êx 20.18-20; Ec 3.14; Jn 1.11-16; Mc 4.39-41).

(3) Quando nós nos apercebemos da santidade do nosso Deus, i.e., sua separação do pecado, e sua aversão constante
a ele, a resposta normal do espírito humano é temê-lo (Ap 15.4).

(4) Todos quantos contemplarem o esplendor da glória de Deus não podem deixar de experimentar reverente temor
(Mt 17.1-8).

(5) As bênçãos contínuas que recebemos da parte de Deus, especialmente o perdão dos nossos pecados (Sl 130.4),
devem nos levar a temê-lo e a amá-lo (1Sm 12.24; Sl 34.9; 67.7; Jr 5.24.

(6) É indubitável que o fato de Deus ser um Deus de justiça, que julgará a totalidade da raça humana, gera o temor a
Ele (17.12-13; Is 59.18,19; Ml 3.5; Hb 10.26-31). É uma verdade solene e santa que Deus constantemente observa e avalia as
nossas ações, tanto as boas quanto as más, e que seremos responsabilizados por essas ações, tanto agora como no dia do
nosso julgamento individual.

CONOTAÇÕES PESSOAIS LIGADAS AO TEMOR DE DEUS

O temor de Deus é muito mais do que uma doutrina bíblica; ele é diretamente aplicável à nossa vida diária, de
numerosas maneiras.

(1) Primeiramente, se realmente tememos ao Senhor, temos uma vida de obediência aos seus mandamentos e damos
sempre um “não” estridente ao pecado. Uma das razões por que Deus inspirou temor nos israelitas no monte Sinai foi para
que aprendessem a desviar-se do pecado e a obedecer à sua lei (Êx 20.20). Repetidas vezes no seu discurso final aos

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israelitas, Moisés mostrou o relacionamento entre o temor ao Senhor e o serviço e a obediência a Ele (e.g., 5.29; 6.2, 24;
10.12; 13.4; 17.19; 31.12). Segundo os salmistas, temer ao Senhor equivale a deleitar-se nos seus mandamentos (Sl 112.1) e
seguir os seus preceitos (Sl 119.63). Salomão ensinou que “pelo temor do SENHOR, os homens se desviam do mal” (Pv 16.6;
cf. 8.13). Em Eclesiastes, o dever inteiro da raça humana resume-se em dois breves imperativos: “Teme a Deus e guarda os
seus mandamentos” (Ec 12.13). Inversamente, aquele que se contenta em viver na iniqüidade, assim faz porque “não há
temor de Deus perante os seus olhos” (Sl 36.1-4).

(2) Um corolário importante da conotação supra é que o crente deve ensinar seus filhos a temer ao Senhor, levando-
os a abominar o pecado e a guardar os santos mandamentos de Deus (4.10; 6.1-2, 6-9). A Bíblia declara freqüentemente que
“O temor do SENHOR é o princípio da sabedoria” (Sl 111.10; cf. Jó 28.28; Pv 1.7; 9.10). Visto que um alvo básico na educação
dos nossos filhos é que vivam segundo os princípios da sabedoria estabelecidos por Deus (Pv 1.1-6), ensinar esses filhos a
temerem ao Senhor é um primeiro passo decisivo.

(3) O temor de Deus tem um efeito santificante sobre o povo de Deus. Assim como há um efeito santificante na
verdade da Palavra de Deus (Jo 17.17), assim também há um efeito santificante no temor a Deus. Esse temor inspira-nos a
evitar o pecado e desviar-nos do mal (Pv 3.7; 8.13; 16.6). Ele nos leva a ser cuidadosos e comedidos no que falamos (Pv
10.19; Ec 5.2,6,7). Ele nos protege do colapso da nossa consciência, bem como a nossa firmeza moral. O temor do Senhor é
puro e purificador (Sl 19.9); é santo e libertador no seu efeito.

(4) O temor do Senhor motiva o povo de Deus a adorá-lo de todo o seu ser. Se realmente tememos a Deus, nós o
adoramos e o glorificamos como o Senhor de tudo (Sl 22.23). Davi equipara a congregação dos que adoram a Deus com “os
que o temem” (Sl 22.25). Igualmente, no final da história, quando um anjo na esfera celestial proclama o evangelho eterno e
conclama a todos na terra a temerem a Deus, acrescenta prontamente: “e dai-lhe glória... E adorai aquele que fez o céu, e a
terra, e o mar, e as fontes das águas” (Ap 14.6,7).
(5) Deus promete que recompensará a todos que o temem. “O galardão da humildade e o temor do SENHOR são

20
riquezas, e honra, e vida” (Pv 22.4). Outras recompensas prometidas são a proteção da morte (Pv 14.26,27), provisões para
nossas necessidades diárias (Sl 34.9; 111.5), e uma vida longa (Pv 10.27). Aqueles que temem ao Senhor sabem que “bem

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sucede aos que temem a Deus”, não importando o que aconteça no mundo ao redor (Ec 8.12,13).

(6) Finalmente, o temor ao Senhor confere segurança e consolo espiritual indizíveis para o povo de Deus. O NT vincula
diretamente o temor de Deus ao conforto do Espírito Santo (At 9.31). Por um lado, quem não teme ao Senhor não tem
qualquer consciência da sua presença, graça e proteção (ver 1.26 nota); por outro lado, os que temem a Deus e guardam os
mandamentos dEle têm experiência profunda de proteção espiritual na sua vida, e da unção do Espírito Santo. Têm certeza
de que Deus vai “livrar a sua alma da morte” (Sl 33.18,19.

9.36 DORCAS... CHEIA DE BOAS OBRAS. Assim como Deus operava através de Pedro para curar (vv. 33-35) e para
ressuscitar os mortos (v. 40), Ele também operava através de Dorcas, para praticar atos de bondade e de amor. Os atos de
amor para ajudar os necessitados são tanto uma manifestação do Espírito Santo, quanto o são os milagres, os sinais e os
prodígios. Paulo enfatizou essa verdade em 1 Co 13 (cf. 1 Pe 4.10,11).

Capítulo 10
10.4 ORAÇÕES... PARA MEMÓRIA DIANTE DE DEUS. Deus considera nossas orações um sacrifício que sobe até Ele,
lembrando-lhe da nossa perseverança, ao invocá-lo com fé e devoção (ver Sl 141.2; Hb 13.15,16).

10.9 SUBIU PEDRO AO TERRAÇO PARA ORAR. O Espírito Santo, o autor das Escrituras, revela através delas que os
cristãos do NT eram dedicados a muita oração. Estavam convictos de que o reino de Deus não poderia manifestar-se em todo
o seu poder mediante uns poucos minutos de oração por dia (1.14; 2.42; 3.1; 6.4; Ef 6.18; Cl 4.2).

(1) O judeu piedoso orava duas ou três vezes por dia (cf. Sl 55.17; Dn 6.10). Era prática dos seguidores de Cristo,
especialmente dos apóstolos (6.4), orar com a mesma devoção. Pedro e João subiram ao templo para a hora da oração (3.1),
e Lucas e Paulo fizeram o mesmo (16.16). Pedro orava regularmente ao meio-dia, ou seja, à hora sexta (10.9); Deus
recompensou Cornélio pela sua fidelidade na observância das suas horas de oração (10.30ss.).

(2) As Escrituras exortam os crentes a continuarem perseverantes na oração (Rm 12.12), a orarem sempre (Lc 18.1), a
orarem sem cessar (1 Ts 5.17), a orarem em todos os lugares (1 Tm 2.8), a orarem em todo o tempo com toda a oração (Ef
6.18), a perseverarem na oração (Cl 4.2), e a orarem com eficácia (Tg 5.16). Estas exortações indicam que não poderá haver
nenhum poder celestial em nossa batalha contra o pecado, Satanás e o mundo, nem vitória em nossa tentativa de ganhar os
perdidos, sem muita oração diariamente.

(3) Não seria do agrado de Deus, tendo em vista a exortação do Senhor, que seus discípulos vigiem e orem pelo menos

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uma hora (Mt 26.38-41); e à luz da urgência dos tempos do fim, nos quais vivemos, se todo crente dedicasse pelo menos uma
hora por dia à oração e ao estudo da Palavra de Deus, visando ao crescimento do seu reino na terra e tudo quanto isso
significa para nós (Mt 6.10,33)?

(4) Uma hora de oração pode incluir o seguinte:


(a) louvor,
(b) cantar ao Senhor,
(c) ações de graças,
(d) esperar em Deus,
(e) ler a Palavra,
(f) ficar atento ao Espírito Santo,
(g) orar com as próprias palavras das Escrituras,
(h) confissão das faltas,
(i) intercessão pelos outros,
(j) petição pelas nossas próprias necessidades, e
(l) oração em línguas

10.19 DISSE-LHE O ESPÍRITO. O Espírito Santo deseja a salvação de todas as pessoas (Mt 28.19; 2 Pe 3.9). Pelo fato de
os apóstolos terem recebido o Espírito, eles, também, desejavam a salvação de todas as pessoas. Intelectualmente, no
entanto, não compreendiam que a salvação já não se restringia a Israel, mas que agora abrangia todas as nações (vv. 34,35).
Foi o Espírito Santo que alargou a visão da igreja. Em Atos, Ele é a força da obra missionária e o que dirige a igreja para novas
áreas de testemunho (8.29,39; 10.19; 11.11,12; 13.2,4; 16.6; 19.21). O derramamento do Espírito e a compulsão à missão
sempre andam de mãos dadas (cf. 1.8). Mesmo hoje, muitos crentes anelam a salvação do seu povo, sem, porém,

21
compreenderem plenamente o propósito do Espírito Santo para as missões mundiais (Mt 28.19; Lc 24.47).

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10.34 DEUS NÃO FAZ ACEPÇÃO DE PESSOAS. Deus não tem nenhuma nação ou raça predileta, nem favorece qualquer
indivíduo por causa da sua nacionalidade, linhagem ou posição na vida (cf. Tg 2.1). Deus favorece e aceita aqueles, dentre
todas as nações, que abandonam o pecado, crêem em Cristo, temem a Deus e vivem retamente (v. 35; cf. Rm 2.6-11). Todos
aqueles que perseveram neste modo de vida, permanecerão no amor e no favor de Deus (Jo 15.10).

10.38 CURANDO A TODOS OS OPRIMIDOS DO DIABO. Precisamos entender que toda doença tem sua origem no
pecado e muitas vezes têm influencia maligna.

10.44 CAIU O ESPÍRITO SANTO SOBRE TODOS. A família gentia de Cornélio ouve e recebe a Palavra com fé salvadora
(vv. 34-48; 11.14).

(1) Deus imediatamente derrama sobre ela o Espírito Santo (v. 44) como seu testemunho de que creram e receberam
a vida regeneradora de Cristo (cf. 11.17; 15.8,9).

(2) A vinda do Espírito Santo sobre a família de Cornélio teve o mesmo propósito que o dom do Espírito Santo para os
discípulos no dia de Pentecoste (cf. 1.8; 2.4). Esse derramamento do Espírito não é a obra de Deus na regeneração do
pecador, mas sua vinda sobre eles para revesti-los de poder. Note as palavras de Pedro posteriormente, ressaltando a
semelhança entre essa experiência e a do dia de Pentecoste (11.15,17).

(3) Evidentemente, é possível uma pessoa ser batizada no Espírito imediatamente depois de receber a salvação (ver v.
46 nota; cf. 11.17).

10.45 O DOM DO ESPÍRITO SANTO. Para uma abordagem das dimensões principais da atividade do Espírito Santo na
vida do crente.

10.46 OS OUVIAM FALAR EM LÍNGUAS. Pedro e os que o acompanhavam consideravam o falar em línguas, mediante o
Espírito, como o sinal convincente do batismo no Espírito Santo. Isto é, assim como Deus confirmou o acontecimento do dia
de Pentecoste com o sinal das línguas (2.4), Ele faz os gentios no lar de Cornélio falarem em línguas como sinal convincente
para Pedro e os demais crentes judeus.

Capítulo 11
11.15 CAIU SOBRE ELES O ESPÍRITO SANTO, COMO TAMBÉM SOBRE NÓS AO PRINCÍPIO. O derramamento do Espírito
Santo no dia de Pentecoste (2.4) foi um padrão para o recebimento do Espírito, a partir de então. O batismo no Espírito seria

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determinado pela transformação visível ocorrida no indivíduo pela infusão da alegria por expressões vocais
sobrenaturalmente inspiradas e pela ousadia no testemunho (2.4; 4.31; 8.15-19; 10.45-47; 19.6). Por isso, quando Pedro
salientou diante dos apóstolos e irmãos em Jerusalém que os familiares de Cornélio tinham falado em línguas, ao ser
derramado sobre eles o Espírito Santo (cf. 10.45-46), ficaram convictos de que Deus estava concedendo aos gentios a
salvação em Cristo (v. 18). Não se pode hoje dizer que alguém recebeu o batismo no Espírito se as manifestações físicas, tais
como o falar em línguas, estão ausentes. Em nenhuma parte de Atos, o batismo no Espírito Santo aparece como uma
experiência percebida somente pela fé (ver 8.12,16; 19.6).

11.17 A NÓS, QUANDO CREMOS. Esta expressão é, no grego, um particípio aoristo, que normalmente descreve uma
ação que ocorre antes daquela do verbo principal. Por isso, uma tradução mais exata seria: Deus lhes deu o mesmo dom que
a nós também, depois que cremos . Esta interpretação concorda com os fatos históricos, i.e., que os discípulos tinham crido
em Jesus e tinham sido regenerados pelo Espírito, antes do dia de Pentecoste.

11.18 OUVINDO ESTAS COISAS. O discurso de Pedro silenciou todas as objeções (vv. 4-18). Deus tinha batizado os
gentios no Espírito Santo (10.45), e este ato foi acompanhado da evidência convincente do falar noutras línguas pelo Espírito
(10.46). Era esse o único sinal necessário a ser aceito sem mais dúvidas.

11.23 QUE... PERMANECESSEM NO SENHOR. Os discípulos do NT não aceitavam o ensino que aquele que recebesse a
graça de Deus permaneceria automaticamente leal ao Senhor, visto que o pecado, o mundo e as tentações de Satanás
podiam levar um novo crente a desviar-se do caminho da salvação em Cristo. Barnabé nos oferece um exemplo de como os
novos convertidos devem ser tratados: que nosso interesse principal seja ajudá-los e animá-los a permanecerem na fé, no
amor e na comunhão com Cristo e com sua igreja (cf. 13.43; 14.22).
11.26 OS DISCÍPULOS... CHAMADOS CRISTÃOS. A palavra cristão (gr. christianos) ocorre somente três vezes no NT

22
(11.26; 26.28; 1 Pe 4.16). Originalmente, era um termo que denotava um servo e seguidor de Cristo. Hoje tornou-se termo
geral, destituído do significado original que tinha no NT. A nós, este termo deve sugerir o nome do nosso Redentor (Rm 3.24),

Página
a idéia do profundo relacionamento do crente com Cristo (Rm 8.38,39), o pensamento de que o recebemos como nosso
Senhor (Rm 5.1), e a causa da nossa salvação (Hb 5.9). Reivindicar o nome de cristão significa que Cristo e a sua palavra
revelada nas Escrituras são a autoridade suprema e a única fonte da esperança futura (Cl 1.5,27).

11.27 PROFETAS. A posição dos profetas na igreja é reconhecida nas epístolas paulinas.

Capítulo 12
12.2 E MATOU À ESPADA TIAGO. Deus permitiu que Tiago, irmão de João (cf. Mt 4.21) morresse, mas enviou um anjo
para livrar a Pedro (vv. 3-17). São os caminhos misteriosos de Deus para com o seu povo que levaram Tiago a morrer,
enquanto Pedro escapou para continuar seu ministério. Tiago teve a honra de ser o primeiro dos apóstolos que morreu como
mártir. Morreu da mesma maneira que seu Senhor: pela causa de Deus (cf. Mc 10.36-39).

12.5 A IGREJA. Através do livro de Atos, bem como outros trechos do NT, tomamos conhecimento das normas ou dos
padrões estabelecidos para uma igreja neotestamentária.

(1) Antes de mais nada, a igreja é o agrupamento de pessoas em congregações locais e unidas pelo Espírito Santo, que
diligentemente buscam um relacionamento pessoal, fiel e leal com Deus e com Jesus Cristo (13.2; 16.5; 20.7; Rm 16.3,4; 1 Co
16.19; 2 Co 11.28; Hb 11.6).

(2) Mediante o poderoso testemunho da igreja, os pecadores são salvos, nascidos de novo, batizados nas águas e
acrescentados à igreja; participam da Ceia do Senhor e esperam a volta de Cristo (2.41,42; 4.33; 5.14; 11.24; 1 Co 11.26).

(3) O batismo no Espírito Santo será pregado e concedido aos novos crentes (ver 2.39 nota), e sua presença e poder se
manifestarão.

(4) Os dons do Espírito Santo estarão em operação (Rm 12.6-8; 1 Co 12.4-11; Ef4.11,12), inclusive prodígios, sinais e
curas (2.18,43; 4.30; 5.12; 6.8; 14.10; 19.11; 28.8; Mc 16.18).

(5) Para dirigir a igreja, Deus lhe provê um ministério quíntuplo, o qual adestra os santos para o trabalho do Senhor (Ef
4.11,12)

(6) Os crentes expulsarão demônios (5.16; 8.7; 16.18; 19.12; Mc 16.17).

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(7) Haverá lealdade absoluta ao evangelho, i.e., aos ensinamentos originais de Cristo e dos apóstolos (2.42; ver Ef
2.20). Os membros da igreja se dedicarão ao estudo da Palavra de Deus e à obediência a ela (6.4; 18.11; Rm 15.18; Cl 3.16; 2
Tm 2.15).

(8) No primeiro dia da semana (20.7; 1 Co 16.2), a congregação local se reunirá para a adoração e a mútua edificação
através da Palavra de Deus escrita e das manifestações do Espírito (1 Co 12.7-11; 14.26; 1 Tm 5.17).

(9) A igreja manterá a humildade, reverência e santo temor diante da presença de um Deus santo (5.11). Os membros
terão uma preocupação vital com a pureza da igreja, disciplinarão aqueles que caírem no pecado, bem como os falsos
mestres que são desleais à fé bíblica (20.28; 1 Co 5.1-13; ver Mt 18.15 nota).

(10) Aqueles que perseverarem no caráter piedoso e nos padrões da justiça ensinados pelos apóstolos, serão
ordenados ministros para a direção das igrejas locais e a manutenção da sua vida espiritual (Mt 18.15 nota; 1 Co 5.1-5; 1 Tm
3.1-7; Tt 1.5-9).

(11) Semelhantemente, a igreja terá diáconos responsáveis para cuidarem dos negócios temporais e materiais da
igreja (ver 1 Tm 3.8 nota).

(12) Haverá amor e comunhão no Espírito evidente entre os membros (2.42,44-46; ver Jo 13.34 nota), não somente
dentro da congregação local como também entre ela e outras congregações que crêem na Bíblia (15.1-31; 2 Co 8.1-8).

(13) A igreja será uma igreja de oração e jejum (1.14; 6.4; 12.5; 13.2; Rm 12.12; Cl 4.2; Ef 6.18).
(14) Os crentes se separarão dos conceitos materialistas prevalecentes no mundo, bem como de suas práticas (2.40;

23
Rm 12.2; 2 Co 6.17; Gl 1.4; 1 Jo 2.15,16).

Página
(15) Haverá sofrimento e aflição por causa do mundo e dos seus costumes (4.1-3; 5.40; 9.16; 14.22).

(16) A igreja trabalhará ativamente para enviar mis-sionários a outros países (2.39; 13.2-4). Nenhuma igreja local tem
o direito de se chamar de igreja segundo as normas do NT, a não ser que esteja se esforçando para manter estas 16
características práticas entre seus membros (ver o estudo A IGREJA, para mais exame da doutrina bíblica da igreja)

12.5 CONTÍNUA ORAÇÃO. Os crentes do NT enfrentavam a perseguição em oração fervorosa. A situação parecia
impossível; Tiago fora morto. Herodes mantinha Pedro na prisão vigiado por dezesseis soldados. Todavia, a igreja primitiva
tinha a convicção de que a oração feita por um justo pode muito em seus efeitos (Tg 5.16), e oraram de um modo intenso e
contínuo a respeito da situação de Pedro. A oração deles não demorou a ser atendida (vv. 6-17). As igrejas do NT
freqüentemente se dedicavam à oração coletiva prolongada (1.4; 2.42; 4.24-31; 12.5,12; 13.2). A intenção de Deus é que seu
povo se reúna para a oração definida e perseverante; note as palavras de Jesus: A minha casa será chamada casa de oração
(Mt 21.13). As igrejas que declaram basear sua teologia, prática e missão, no padrão divino revelado no livro de Atos e
noutros escritos do NT, devem exercer a oração fervorosa e coletiva como elemento vital da sua adoração e não apenas um
ou dois minutos por culto. Na igreja primitiva, o poder e presença de Deus e as reuniões de oração integravam-se. Nenhum
volume de pregação, ensino, cânticos, música, animação, movimento e entusiasmo manifestará o poder e presença genuínos
no Espírito Santo, sem a oração neotestamentária, mediante a qual os crentes perseveravam unanimemente em oração e
súplicas (1.14).

12.7 O ANJO. Os anjos são espíritos ministradores, enviados para servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação
(Hb 1.14; ver 1.13)

Capítulo 13
13.2 SERVINDO... E JEJUANDO. O cristão cheio do Espírito é muito sensível ao que o Espírito Santo comunica durante a
oração e o jejum (ver Mt 6.16). Aqui, a comunicação da parte do Espírito Santo provavelmente foi uma palavra profética ( v.
1).

13.2 PARA A OBRA A QUE OS TENHO CHAMADO. Paulo e Barnabé foram chamados à obra missionária e enviados pela
igreja de Antioquia. As características dessa obra estão descritas em 9.15; 13.5; 22.14,15,21 e 26.16-18.

(1) Paulo e Barnabé foram chamados para pregar o evangelho e conduzir homens e mulheres à salvação em Cristo. As
Escrituras não indicam em lugar nenhum que os missionários do NT foram enviados aos campos para realizarem trabalhos
sociais ou políticos, propagar o evangelho e fundar igrejas mediante o exercício de todos os tipos de atividades sociais ou

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políticas para o bem da população do Império Romano. O alvo dos missionários era conduzir pessoas a Cristo (16.31; 20.21),
livrá-las do poder de Satanás (26.18), levá-las a receber o Espírito Santo (19.6) e organizá-las em igrejas. Nesses novos
cristãos, o Espírito Santo veio habitar e manifestar-se através do amor; Ele deu dons espirituais (1 Co 12-14) e transformou
esses fiéis de tal maneira que suas vidas glorificavam ao seu Salvador.

(2) Os missionários do evangelho de hoje devem ter a mesma atividade prioritária: ser ministros e testemunhas do
evangelho, que levem outros a Cristo, livrando-os do domínio de Satanás (26.18), fazendo-os discípulos, motivando-os a
receber o Espírito Santo e os seus dons (2.38; 8.17) e ensinando-os a observar tudo quanto Cristo ordenou (Mt 28.19,20). Isto
deve ser acompanhado de sinais e prodígios, cura de enfermos e libertação de oprimidos pelos demônios (2.43; 4.30; 8.7;
10.38; Mc 16.17,18). Esta tarefa suprema de pregar o evangelho, no entanto, deve também incluir atos pessoais de amor, de
misericórdia e de bondade para com os necessitados (cf. Gl 2.10). Deste modo, todos que são chamados a dar testemunho
do evangelho servirão na causa divina segundo o modelo de Jesus (Lc 9.2).

13.3 OS DESPEDIRAM. Com estas palavras começa o grande movimento missionário da igreja até aos confins da terra
(1.8). Os princípios missionários vistos no capítulo 13 são um modelo para todas as igrejas que enviam missionários.

(1) A atividade missionária é originada pelo Espírito Santo, através de líderes espirituais que estão profundamente
dedicados ao Senhor e ao seu reino, buscando-o com oração e jejum (v.2).

(2) A igreja deve estar atenta ao ministério e atividade proféticos do Espírito Santo e sua orientação (v. 2).

(3) Os missionários que são enviados, devem fazê-lo segundo a chamada e a vontade específicas do Espírito Santo (v.
2b).
(4) Mediante a oração e o jejum, a igreja buscando constantemente estar em harmonia com a vontade do Espírito

24
Santo (vv. 3,4), confirma a chamada divina de determinadas pessoas à obra missionária. O propósito é que a igreja envie
somente aqueles que forem da vontade do Espírito Santo.

Página
(5) Pela imposição de mãos e o envio de missionários, a igreja indica que se compromete a sustentar e assistir os que
saem à obra. A responsabilidade da igreja que envia missionários inclui demonstrar amor e cuidado para com eles de um
modo digno de Deus (3 Jo 6), orar por eles (v. 3; Ef 6.18,19) e sustentá-los financeiramente (Lc 10.7; 3 Jo 6-8). Isso inclui
ofertas especiais de amor para necessidades específicas deles (Fp 4.10, 14-18). O missionário é uma projeção do propósito,
interesse e missão da igreja que os envia. Essa igreja fica sendo, portanto, uma cooperadora da verdade (Fp 1.5; 3 Jo 8).

(6) Aqueles que saem como missionários devem estar dispostos a expor a vida pelo nome de nosso Senhor Jesus
Cristo (15.26).

13.8 ELIMAS, O ENCANTADOR. Este judeu encantador (feiticeiro) era provavelmente um astrólogo. Os astrólogos
ensinavam que o destino de cada pessoa é determinado pela posição dos astros em relação ao nascimento dessa pessoa.
Toda feitiçaria e astrologia são formas de espiritismo, o qual se opõe ao evangelho de Cristo, porque são coisas de Satanás e
seus demônios. Ver as frases resistia-lhes Elimas e inimigo de toda a justiça (vv. 8,10; ver Dt 18.9-11).

13.9 SAULO... CHEIO DO ESPÍRITO SANTO. Mesmo quem foi batizado no Espírito, como Paulo o foi (9.17), pode, em
ocasiões de necessidade específica, receber novos enchimentos do Espírito. Semelhantes enchimentos repetidos são
necessários:

(1) no enfrentamento da oposição ao evangelho (4.8)

(2) no avanço do evangelho (4.8-12,31)

(3) ao enfrentar diretamente a atividade satânica (13.9).

Enchimentos repetidos do Espírito Santo devem ser normais a todos os crentes batizados no Espírito Santo.

13.11 FICARÁS CEGO. Os milagres do NT iam além de curas. Alguns, como nos casos da ira de Deus contra Elimas (vv.
8-11) e Herodes (12.20-23), envolveram juízo contra os ímpios. O caso de Ananias e Safira (5.1-11) é um exemplo de
julgamento sob a forma de milagre, revelando a ira divina contra o pecado dentro da igreja.

13.31 SUAS TESTEMUNHAS PARA COM O POVO. Testemunha (gr. martus) é alguém que testifica, por atos ou palavras,
da verdade. Testemunhas cristãs são as que confirmam e atestam a obra salvífica de Jesus Cristo através das suas palavras,
ações e vida e, se necessário, através da sua própria morte. Ser testemunha envolve sete princípios:

(1) Dar testemunho de Cristo é a obrigação de todos os crentes (1.8; Mt 4.19; 28.19,20).

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(2) A testemunha cristã deve ter uma mentalidade missionária, visando alcançar todas as nações, e levar a salvação
divina até aos confins da terra (11.18; 13.2-4; 26.16-18; Mt 28.19,20; Lc 24.47).

(3) A testemunha cristã fala principalmente a respeito da vida de Cristo, da sua morte, ressurreição, poder salvífico e
da promessa do Espírito Santo (2.32,38,39; 3.15; 10.39-41,43; 18.5; 26.16; 1 Co 15.1-8).

(4) A testemunha cristã precisa produzir convicção quanto ao pecado, a justiça e ao juízo (2.37-40; 7.51-54; 24.24,25;
ver Jo 16.8). Mediante tal testemunho, as pessoas são levadas à fé salvífica (2.41; 4.33; 6.7; 11.21).

(5) A testemunha cristã sofrerá às vezes (7.57-60; 22.20; 2 Co 11.23-29). A palavra mártir deriva da palavra grega que
significa testemunha. Ser discípulo do Senhor subentende compromisso, custe ele o que custar ao discípulo.

(6) O testemunho cristão deve ser paralelo a uma separação do mundo (2.40), a uma vida de justiça (Rm 14.17) e a
uma confiança total no Espírito Santo (4.29-33) que resulta na sua manifestação com poder (1 Co 2.4).

(7) O testemunho cristão deve ser profético (2.17), revestido de poder (1.8) e inspirado pelo Espírito (2.4; 4.8).

13.48 ORDENADOS PARA A VIDA ETERNA. Alguns entendem que este versículo ensina a predestinação arbitrária.
Entretanto, nem o contexto nem a palavra traduzida ordenados (gr. tetagmenoi, do verbo tasso, justifica essa interpretação).

(1) O versículo 46 enfatiza explicitamente a responsabilidade humana na aceitação ou rejeitação da vida eterna. A
melhor interpretação de tetagmenoi, portanto, é estavam dispostos : e creram todos quantos estavam dispostos para a vida
eterna . Esta interpretação concorda totalmente com as afirmações de 1 Tm 2.4; Tt 2.11; 2 Pe 3.9.

(2) Além disso, segundo Rm 11.20-22, ninguém é incondicionalmente destinado à vida eterna.
13.52 ESTAVAM CHEIOS... DO ESPÍRITO SANTO. O verbo grego traduzido cheios está no pretérito imperfeito,

25
indicando ação contínua num tempo passado. Os discípulos recebiam continuamente, dia após dia, a plenitude e o
revestimento de poder do Espírito Santo. A plenitude do Espírito não é meramente uma experiência inicial que ocorre uma

Página
só vez, mas, sim, uma vida de repetidos enchimentos para as necessidades e tarefas da parte de Deus (cf. Ef 5.18).

Capítulo 14
14.3 SINAIS E PRODÍGIOS. Foi da vontade de Deus que a pregação do evangelho fosse acompanhada por sinais
miraculosos para confirmar a veracidade do evangelho (Mc 16.20). Dessa maneira, o Senhor cooperava com o seu povo e
dava testemunho da veracidade da mensagem do evangelho. Semelhante confirmação da graça de Deus, com sinais e
prodígios, não é menos necessária hoje, à medida que enfrentamos os tempos difíceis dos últimos dias (1 Tm 4.1; 2 Tm 3.1-
13)

14.4 APÓSTOLOS. Tanto Paulo como Barnabé são chamados apóstolos. Como termo mais genérico, apóstolo era
aplicado aos primeiros missionários cristãos enviados pela igreja para pregar a mensagem do NT (14.4,14). Apóstolo num
sentido especial é aplicado somente àqueles que tinham recebido uma comissão direta de Cristo para implantar sua
mensagem e revelação originais (ver Ef 2.20 ).

Paulo era um apóstolo nesse sentido especial (ver 1 Co 9.1; 15.7).

14.9 VENDO QUE TINHA FÉ. O discernimento da fé do coxo, por Paulo, veio certamente através do Espírito Santo.
Paulo passou, então, a encorajar a fé desse homem, ordenando que ele ficasse em pé. Os crentes devem orar, pedindo
discernimento espiritual para reconhecer a fé das pessoas que precisam da graça e da cura divinas.

14.19 APEDREJARAM A PAULO. Nos tempos do NT, Deus nem sempre protegia seus servos dos sofrimentos. Essa
verdade é imanente no evangelho, e é válida hoje também: o reino de Deus avança a um alto preço da parte dos servos do
Senhor. Quando Paulo descreveu posteriormente os sofrimentos que suportara por amor a Cristo, referiu-se a essa ocasião
dizendo: uma vez fui apedrejado (2 Co 11.25; Gl 6.17; ver At 9.16). Ao escrever às igrejas da Galácia, declarou: trago no meu
corpo as marcas do Senhor Jesus (Gl 6.17), referindo-se provavelmente e este incidente (ver 2 Co 11.23,sobre os sofrimentos
de Paulo).

14.22 POR MUITAS TRIBULAÇÕES. Aqueles que se dedicam a Cristo como Senhor, e que um dia entrarão no reino do
céu, hão de sofrer muitas tribulações ao longo do seu caminho. Por viverem em meio a um mundo hostil, têm que se engajar
na guerra espiritual contra o pecado e o poder de Satanás (Ef 6.12; cf. Rm 8.17; 2 Ts 1.4-7; 2 Tm 2.12). Por outro lado, a vida
verdadeiramente cristã é uma contínua batalha contra os poderes do mal.

(1) Os que são fiéis a Cristo, à sua Palavra e aos caminhos de justiça, terão problemas e aflições neste mundo (Jo

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16.33). Somente o crente morno ou de meio termo viverá em paz com este mundo (cf. Ap 3.14-17).

(2) O presente mundo ímpio, bem como os falsos crentes, continuarão como adversários do evangelho de Cristo até
quando o Senhor derrubar o sistema maligno deste mundo, na sua vinda (Ap 19.20). Entrementes, a esperança do crente
está reservada nos céus (Cl 1.5) e está já prestes para se revelar no último tempo (1 Pe 1.5). Sua esperança não consiste
nesta vida, nem neste mundo, mas no aparecimento do seu Salvador para levá-lo para si (Jo 14.1-3; 1 Jo 3.2,3)

14.23 HAVENDO-LHES... ELEITO ANCIÃOS. A consagração de anciãos ou presbíteros (aqui, ministros ou pastores), foi
feita não somente pela busca da vontade do Espírito, mediante a oração e jejum, como também através de um exame do
caráter, dos dons espiri-tuais, da reputação e da vida irrepreensível dos candidatos ao dito cargo (1 Tm 3.1-10). Se fossem
achados irrepreensíveis, seriam consagrados.

Capítulo 15
15.8 DEUS, QUE CONHECE OS CORAÇÕES. O conhecimento que Deus tinha dos corações dos gentios (i.e., de Cornélio
e dos seus familiares) diz respeito à fé salvífica que Ele viu neles. Deus deu testemunho da autenticidade da fé que tinham:
(a) ao purificar seus corações mediante a obra interior da regeneração pelo Espírito Santo (v.9)
(b) ao batizá-los no Espírito Santo imediatamente, com o sinal acompanhante de falar em línguas (10.44-46; 11.15-
18).
15.11 PELA GRAÇA DO SENHOR JESUS CRISTO. A questão essencial da conferência de Jerusalém era se a circuncisão e

26
a obediência à lei de Moisés eram necessárias à salvação em Cristo. Os representantes que se reuniram ali chegaram à
conclusão de que os gentios eram salvos pela graça do Senhor Jesus, que lhes perdoara os pecados e deles fizera novas

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criaturas. A graça é concedida à pessoa que se arrepende do pecado e crê em Cristo como Senhor e Salvador (2.38,39). Essa
receptividade à graça de Deus capacita a pessoa a receber o poder de tornar-se filho de Deus (Jo 1.12)

15.14 PARA TOMAR DELES UM POVO. O plano de Deus para a presente era é tirar dentre todas as nações um povo
para si, para o seu nome. Esse corpo de Cristo, constituído daqueles que largaram o presente sistema mundano, ora prepara-
se na qualidade de noiva de Cristo (Ap 19.7,8).

15.16 O TABERNÁCULO DE DAVI. Tiago indica que a missão redentora de Cristo abrange tanto os judeus quanto os
gentios. A tenda de Davi, que caiu (ver Am 9.11-15 nota), refere-se a um remanescente de Israel que sobrevive ao juízo
divino.

(1) A profecia de Amós declara o seguinte:


(a) Deus julgará com destruição a nação pecaminosa de Israel, porém não totalmente.
(b) Ele destruirá todos os pecadores da casa de Jacó (Am 9.8-10).
(c) Depois da destruição dos judeus ímpios, Deus a edificará como nos dias da antigüidade (cf. Am 9.11).

(2) A salvação desse remanescente purificado dentre os judeus, levará as nações a buscarem o Senhor (v. 17). Noutros
textos, Paulo diz a mesma coisa, referindo-se à bênção dos gentios como resultado do remanescente judaico de reconciliar-
se com Deus (ver Rm 11.11-15, 25,26).

15.28 PARECEU BEM AO ESPÍRITO SANTO. A conferência de Jerusalém foi dirigida pelo Espírito Santo. Jesus prometera
que o Espírito Santo guiaria os fiéis em toda a verdade (Jo 16.13). As decisões da igreja não devem ser tomadas pelo homem
apenas; este deve buscar a direção do Espírito, mediante oração e jejum e a fidelidade à Palavra de Deus até que a vontade
divina seja claramente discernida (cf. 13.2-4). A igreja, para ser realmente a igreja de Cristo, deve ouvir o que o Espírito diz às
igrejas locais (cf. Ap 2.7).

15.29 QUE VOS ABSTENHAIS. O Espírito Santo (v. 28) estabeleceu certos limites que possibilitam a convivência
harmoniosa entre os cristãos judaicos e seus irmãos gentios. Os gentios deviam se abster de certas práticas consideradas
ofensivas aos judeus (v. 29). Uma das maneiras de medir a maturidade do cristão é ver a sua disposição de refrear-se das
práticas que certos cristãos consideram certas e outros consideram erradas (ver o ensino bíblico por Paulo, em 1 Co 8.1-11).

15.39 CONTENDA. Às vezes, surgem divergências entre crentes que amam ao Senhor e que também amam uns aos
outros. Quando elas não podem ser solucionadas, é melhor desistirem de convencer um ao outro e deixar que Deus opere a
sua vontade na vida de todos os envolvidos. Diferenças de opiniões que levam à separação, como no caso de Paulo e
Barnabé, nunca devem ser acompanhadas de amarguras e hostilidades. Tanto Paulo quanto Barnabé continuaram seus

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trabalhos na causa de Deus, com sua bênção e graça.

Capítulo 16
16.5 AS IGREJAS ERAM CONFIRMADAS. Ver a nota em 12.5 sobre a forma de estabelecimento de igrejas no NT.

16.6 IMPEDIDOS PELO ESPÍRITO SANTO. Toda a iniciativa no evangelismo e na atividade missionária, especialmente no
caso das viagens missionárias registradas em Atos, deve ser orientada pelo Espírito Santo, como vemos em 1.8; 2.14-41; 4.8-
12,31; 8.26-29,39,40; 10.19,20; 13.2; 16.6-10; 20.22. A orientação aqui, pode ter ocorrido em forma de uma revelação
profética, de um impulso interior, de circunstâncias externas, ou visões (vv. 6-9). Pelo impulso do Espírito, avançavam para
levar o evangelho aos não salvos. Quando o Espírito os impedia de ir numa direção, iam noutra, confiando nEle para aprovar
ou desaprovar seus planos de viagem.

16.16 ESPÍRITO DE ADIVINHAÇÃO. As expressões vocais demoníacas da jovem escrava eram consideradas a voz de um
deus; por isso, os serviços dela como adivinha eram muito procurados, dando grande lucro aos seus donos. Através de Paulo,
Cristo demonstrou aqui, mais uma vez, seu poder sobre o império do mal.

16.23 HAVENDO-LHES DADO MUITOS AÇOITES. A lei judaica sobre castigo por açoites prescrevia até quarenta açoites
para o culpado, dependendo do juiz (Dt 25.2,3). O costume judaico era usar o chicote com três a cinco tiras de couro presas a
um cabo curto. Aqui trata-se do costume romano (v.21) que usava a vara. Os açoites eram aplicados ao corpo desnudo do
preso (vv. 22,23). Dependendo do juiz romano, este castigo podia ser terrivelmente cruel, por não estar fixado em lei o
número de açoites por castigo. Muitas vezes o preso morria em conseqüência dos açoites. Os açoites de Paulo em 2 Co
11.24,25 abrangem tanto o açoitamento judaico (v. 24 recebi dos judeus ), como o romano (v. 25 fui açoitado com varas ).

27
Em 2 Co 11.24 vemos a crueldade dos judeus contra Paulo neste tipo de castigo. Davam-lhe 39 açoites para que pudessem
depois aplicar-lhe idêntico castigo, uma vez que a lei mosaica limitava a 40 o total de açoites (Dt 25.3). Certamente foi nas

Página
sinagogas que Paulo mais sofreu o açoitamento dos judeus, pois ele costumava freqüentá-las para pregar a Cristo. Os judeus
não tinham autoridade para decretar pena de morte por estarem sob domínio romano, mas podiam castigar.

16.25 ORAVAM E CANTAVAM HINOS. Paulo e Silas estavam sofrendo a humilhação do encarceramento, tendo seus
pés presos ao tronco e as costas laceradas por açoites. No meio desse sofrimento, no entanto, oravam e cantavam hinos de
louvor a Deus (cf. Mt 5.10-12). Aprendemos da experiência missionária deles:

(1) que a alegria do crente vem do interior e independe das circunstâncias externas; a perseguição não pode destruir
nossa paz e nossa alegria (Tg 1.2-4)

(2) que os inimigos de Cristo não poderão destruir a fé em Deus e o amor por Ele que o crente tem (Rm 8.35-39)

(3) que mesmo no meio das piores circunstâncias, Deus dá graça suficiente àqueles que estão na sua vontade e que
sofrem por amor ao seu nome (Mt 5.10-12; 2 Co 12.9,10)

(4) que sobre aqueles que sofrem por amor ao nome de Cristo, repousa o Espírito da glória de Deus (1 Pe 4.14).

16.26 FORAM SOLTAS AS PRISÕES DE TODOS. Por todo o livro de Atos, Lucas enfatiza que nada pode impedir o avanço
do evangelho de Cristo quando propagado por crentes fiéis. Em Filipos, Deus interveio, e Paulo e Silas foram libertos por um
terremoto enviado por Ele. O resultado foi um maior progresso do evangelho, destacando-se a salvação do carcereiro e de
todos os seus familiares (vv. 31-33).

16.30 QUE É NECESSÁRIO QUE EU FAÇA PARA ME SALVAR? Esta é a pergunta mais importante que alguém se pode
fazer. A resposta dos apóstolos é: Crê no Senhor Jesus Cristo (v. 31).

(1) Crer no Senhor Jesus é achegarmo-nos a Ele como o nosso vivo e divino Redentor, nosso Salvador da condenação
eterna e o Senhor da nossa vida. É crer que Ele é o Filho de Deus enviado pelo Pai e que tudo quanto Ele é verdadeiro e final
para a nossa vida. É crer que Ele perdoa os nossos pecados, torna-nos seus filhos, dá-nos o Espírito Santo e está sempre
presente conosco para nos ajudar, guiar, consolar e nos levar até ao céu.

(2) A fé salvífica é muito mais do que crer em verdades a respeito de Cristo. Ela nos aproxima dEle, faz-nos
permanecer nEle e entregar-lhe nossa vida conturbada, na confiança de que Ele, sua Palavra e o Espírito Santo nos
conduzirão através desta vida à gloriosa presença do Pai.

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Capítulo 17
17.11 EXAMINANDO CADA DIA NAS ESCRITURAS. O exemplo dos crentes bereanos serve de modelo para todos
quantos ouvem os pregadores e ensinadores expondo as Escrituras. Nenhuma interpretação ou doutrina deve ser aceita sem
exame. Pelo contrário, tudo deve ser examinado cuidadosamente mediante o estudo pessoal das Escrituras. A palavra
traduzida examinar (gr. anakrino) significa peneirar para cima e para baixo; fazer um exame cuidadoso e exato. A pregação
bíblica deve levar os ouvintes a se tornarem estudantes da Bíblia. A veracidade de toda doutrina deve ser averiguada de
conformidade com a Palavra de Deus (ver Ef 2.20).

17.16 O SEU ESPÍRITO SE COMOVIA. Vendo a idolatria e a corrupção moral, Paulo ficou indignado e contristado (ver
Hb 1.9 nota); seu espírito se comovia, vendo o povo perdido e carente de salvação. Paulo revelou a mesma atitude de Jesus
ante o pecado e sua obra destrutiva (ver Jo 11.33). Uma atitude de ira santa contra o pecado e a imoralidade deve ser
comum a todos os que têm o espírito de Cristo. Pela causa de Cristo e da salvação dos perdidos, nosso espírito deve insurgir-
se contra o pecado exposto nas Escrituras, pois ofensivo a Deus e destrói a raça humana (cf. 1 Co 6.17).

17.30 ANUNCIA AGORA A TODOS...QUE SE ARREPENDAM. No passado, antes do pleno conhecimento de Deus
manifesto à raça humana através de Jesus Cristo, Deus deixou impune a ignorância humana quanto à sua Pessoa, bem como
boa parte do pecado humano (Rm 3.25). Agora, com a plena e perfeita revelação de Deus através da vinda de Cristo, a
Palavra de Deus ordena a todos que se arrependam e creiam em Jesus como seu Senhor e Salvador. Não haverá exceção,
pois Deus não tolerará os pecados de quem quer que seja. Todos devem abandonar seus pecados, ou serão condenados. O
arrependimento, está bem claro, é essencial à salvação (ver Mt 3.2).
17.31 COM JUSTIÇA HÁ DE JULGAR O MUNDO. Para outras referências dos escritos de Paulo sobre dia destinado por

28
Deus para o julgamento do mundo, ver Rm 2.5,16; 1 Co 1.8; Fp 1.6,10; 1 Ts 5.2,4; 2 Ts 1.7-10; 2.2.

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Capítulo 18
18.3 DO MESMO OFÍCIO. Paulo exercia uma profissão além de pregar o evangelho. Ele fabricava tendas e ganhava a
vida assim, enquanto viajava ou ficava hospedado com alguém (20.34; 1 Ts 2.9; 2 Ts 3.8). Fica claro, pelo exemplo de Paulo,
que os pastores que precisam trabalhar para ajudar no sustento de si mesmo e de sua família não têm o seu ministério
inferior ao dos outros. A vocação ministerial que incluir uma outra secular (uma profissão) tem precedente bíblico e até
mesmo apostólico.

18.9 NÃO TEMAS. Este trecho revela os sentimentos internos e humanos do apóstolo. A oposição e o ódio a Paulo e ao
evangelho estavam aumentando, e ele começava a recear e hesitar quanto à sua permanência em Corinto (cf. 1 Co 2.3).
Esses mesmos sentimentos ocorrem às vezes no coração de todos os fiéis de Deus, até mesmo em homens como Elias (1 Rs
19.4) e Jeremias (Jr 15.15). Ocorrendo isso, Deus socorrerá seus santos, fortalecendo seus corações. A promessa da sua
presença (v. 10) é suficiente para livrá-los do medo e dar-lhes a certeza e a paz necessárias para cumprirem a vontade de
Deus para suas vidas (vv. 10,11).

18.10 PORQUE EU SOU CONTIGO. Estas palavras de Cristo, dirigidas a Paulo, não se referem à sua presença geral em
todos os lugares, i.e., sua onipresença (cf. Sl 139; Jr 23.23,24; Am 9.2-4; At 17.26-28). Pelo contrário, referem-se à sua
presença específica entre os seus servos. Tal presença de Cristo significa que Ele pessoalmente está ali para nos comunicar
sua vontade, amor e comunhão. Ele está presente entre nós para agir em todas as situações da nossa vida, para abençoar,
ajudar, proteger e guiar.

(1) Podemos aprender mais desta verdade de Cristo conosco , examinando os trechos do AT em que Deus declarou
que estava pessoalmente com seus fiéis. Quando Moisés temeu voltar ao Egito, Deus lhe disse: Eu serei contigo (Êx 3.12).
Quando Josué assumiu a liderança de Israel, depois da morte de Moisés, Deus prometeu: serei contigo; não te deixarei nem
te desampararei (Js 1.5). E Deus encorajou Israel com estas palavras: Quando passares pelas águas, estarei contigo... Não
temas, pois, porque estou contigo (Is 43.2,5).

(2) No NT, Mateus declara que o propósito da vinda de Jesus ao mundo foi tornar em realidade concreta a presença
de Deus entre seu povo. Seu nome é Emanuel , que significa Deus conosco (Mt 1.23). De novo, no fim do seu Evangelho,
Mateus registra a promessa que Jesus legou aos seus discípulos: eis que eu estou convosco todos os dias (Mt 28.20). Marcos
termina seu evangelho com as palavras: E eles, tendo partido, pregaram por todas as partes, cooperando com eles o Senhor
(Mc 16.20).

18.23 CONFIRMANDO A TODOS OS DISCÍPULOS. Assim começa a terceira viagem missionária de Paulo (18.23; 21.15).

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Ele parte para visitar as igrejas fundadas na sua primeira viagem (caps. 13-14), e na segunda (15.36; 18.22). Paulo jamais
ganhou convertidos para depois esquecê-los; empenhava-se de igual modo no discipulado desses novos crentes,
fortalecendo-os no caminho de Cristo. Todos os novos crentes devem ser, sem demora, procurados por cristãos firmes na fé,
que orarão com eles, lhes ensinarão como viver a vida cristã e os motivarão a reunir-se com outros crentes para adoração,
oração, ministração da Palavra e as manifestações do Espírito Santo para o bem de todos (2.42; Mt 28.19,20; 1 Co 12.7-11;
14.1ss.).

18.25 CONHECENDO SOMENTE O BATISMO DE JOÃO. Nessa ocasião, era limitada a compreensão que Apolo tinha do
evangelho. Aceitara o batismo de João e crera em Jesus como o Messias crucificado e ressurreto. O que ele ainda não sabia
era que o próprio Jesus agora batizava todos os crentes com o Espírito Santo. Os crentes de Éfeso estavam em situação bem
semelhante (19.2,6).

Capítulo 19
19.1 ÉFESO... ALGUNS DISCÍPULOS. Estes discípulos de Éfeso eram cristãos, ou discípulos de João Batista? Ambas as
hipóteses são possíveis.

(1) Alguns acham que eram cristãos.


(a) Lucas os chama discípulos (v. 1), palavra esta que ele comumente aplica aos cristãos. Se Lucas quisesse indicar que
eram apenas discípulos de João Batista, e não de Cristo, teria dito isto mais claramente.
(b) Paulo se dirige a eles como a crentes (v. 2). O verbo crer é empregado cerca de vinte vezes em Atos sem nenhum

29
objeto direto. Em todos os demais casos, o contexto indica que o sentido é crer em Cristo de modo salvífico.

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(2) Outros argumentam que os discípulos de Éfeso eram discípulos de João Batista que ainda esperavam a chegada do
Messias. Depois de terem ouvido a respeito de Jesus da parte de Paulo, creram nEle como o Cristo predito nas Escrituras, e
nasceram de novo pelo Espírito (vv. 4,5).

(3) Em qualquer das hipóteses, fica claro que foi somente depois de crerem, de serem batizados e receberem a
imposição das mãos, é que foram cheios do Espírito Santo (vv. 5,6).

19.2 RECEBESTES VÓS JÁ O ESPÍRITO SANTO...? Observe os fatos abaixo, no tocante aos discípulos de Éfeso.

(1) A pergunta de Paulo sugere enfaticamente que ele os tinha como cristãos verdadeiramente convertidos, mas que
ainda não tinham recebido a plenitude do Espírito Santo.

(2) A pergunta de Paulo, nesse contexto, refere-se ao batismo do Espírito Santo como revestimento de poder e
capacitação para o serviço, da mesma forma que ocorreu aos apóstolos no Pentecoste (cf. 1.8; 2.4). Ela não pode referir-se à
presença do Espírito habitando no crente, porque Paulo sabia claramente que todos os crentes têm o Espírito habitando
neles desde o primeiro momento da conversão e da regeneração (Rm 8.9).

(3) A tradução literal da pergunta de Paulo é: Tendo crido, recebestes o Espírito Santo? Tendo crido (gr. pisteusantes,
de pisteuo) é um particípio aoristo que normalmente indica ação anterior à ação do verbo principal (neste caso, receber ).
Por isso, é possível traduzir assim: Recebestes já o Espírito Santo depois que crestes? Isto concorda plenamente com o
contexto do trecho, pois foi exatamente isto que aconteceu aos crentes de Éfeso.
(a) Já tinham crido em Cristo antes de Paulo conhecê-los (vv. 1,2).
(b) Passaram, então, a ouvir a Paulo e crer em todas as suas demais mensagens que ele lhes deu a respeito de Cristo e
do Espírito Santo (v. 4).
(c) A seguir, Paulo aceitou a fé em Cristo desses efésios como genuína e adequada, pois os batizou em nome do
Senhor Jesus (v. 5).
(d) Foi somente, então, depois de crerem e serem batizados em água, que Paulo lhes impôs as mãos e veio sobre eles
o Espírito Santo (v. 6). Houve, portanto, um intervalo de tempo entre o ato de crerem em Cristo e a vinda do Espírito,
enchendo-os do seu poder. A pergunta de Paulo, nesse contexto, indica que ele achava plenamente possível crer em Cristo
sem experimentar o batismo no Espírito Santo. Esse trecho é fundamental por demonstrar que uma pessoa pode ser crente
sem ter a plenitude do Espírito Santo.

19.2 NEM AINDA OUVIMOS. A resposta dos crentes efésios à pergunta de Paulo, não significa que nunca tinham
ouvido falar do Espírito Santo. Certamente conheciam os ensinos do AT a respeito do Espírito, e com certeza tinham ouvido a
mensagem de João Batista a respeito do batismo no Espírito Santo que Cristo traria (Lc 3.16). O que ainda não tinham ouvido

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era que o Espírito já estava sendo derramado sobre os crentes (1.5,8).

19.5 FORAM BATIZADOS. O batismo em água, em nome do Senhor Jesus , desses doze crentes de Éfeso (v. 7), testifica
que tinham fé salvífica e que eram nascidos de novo pelo Espírito. Neste caso, o batismo em água precedeu o recebimento
da plenitude do Espírito Santo (v. 6).

19.6 VEIO SOBRE ELES O ESPÍRITO SANTO. Esse evento ocorre cerca de 25 anos depois do primeiro Pentecoste (2.4);
mesmo assim, o padrão do recebimento por esses doze homens da plenitude do Espírito Santo está conforme o modelo
normal já apresentado por Lucas (ver 8.5-24 nota).

(1) Tinham crido em Jesus e tinham nascido de novo pelo Espírito (ver a nota anterior).

(2) Depois de terem sido batizados em água (v. 5), Paulo impôs sobre eles as mãos, e foram batizados no Espírito
Santo.

(3) Quando o Espírito Santo veio sobre eles, começaram a falar noutras línguas e a profetizar. Lucas nunca apresenta o
derramamento do Espírito Santo como algo que se possa perceber somente pela fé. Pelo contrário, mostra que é uma
experiência identificável e que pode ser comprovada objetivamente; falar em línguas era a comprovação externa e visível
que o Espírito Santo viera sobre esses seguidores de Jesus

19.12 LENÇOS E AVENTAIS. O ministério de Paulo em Éfeso foi marcado por milagres extraordinários de curas e de
expulsão de demônios, levados a efeito de modo direto, ou através de lenços e aventais que ele carregava (i.e., lenços para
enxugar suor e aventais usados por ele no trabalho com tecido e couro, na confecção de tendas) (18.3). As doenças
desapareciam e os maus espíritos saíam, quando os sofredores tocavam nesses panos (cf. 5.15; Mc 5.27). Os evangelistas
atuais que procuram obter dinheiro vendendo lenços, azeite, água, etc., ungidos , com a mesma finalidade, não estão agindo

30
segundo os motivos e o caráter de Paulo, pois ele não usava essas coisas em troca de dinheiro. Ele apenas multiplicou o
poder que nele havia, através desses meios tangíveis, e assim curou e libertou mais pessoas do que impondo as mãos

Página
pessoalmente. Não se trata aqui de ensino doutrinário como um princípio permanente, mas do registro de um caso no
ministério de Paulo, dirigido por Deus.

19.19 ARTES MÁGICAS. Esta expressão refere-se à prática da feitiçaria. A queima pública dos livros de magia
demonstra que aqueles novos crentes em Cristo eram imediatamente ensinados a largarem as práticas do ocultismo. A
bruxaria, a magia negra, a feitiçaria, o espiritismo e outras práticas de ocultismo são atividades satânicas totalmente
incompatíveis com o evangelho de Cristo. Ninguém pode ser crente genuíno em Cristo e, ao mesmo tempo, manter
comunicação com maus espíritos, ou procurar manter contato com os mortos. Deus proíbe e condenam todas essas práticas,
por serem abominações (Dt 18.9-13). Mexer com ocultismo e espiritismo é expor-se à poderosa influência satânica e à
possessão demoníaca.

Capítulo 20
20.19 COM MUITAS LÁGRIMAS. Paulo, em muitas ocasiões, menciona que servia ao Senhor com lágrimas (v. 31; 2 Co
2.4; Fp 3.18). Nesse discurso diante dos anciãos de Éfeso (vv. 17-38), Paulo refere-se à admoestação que, com lágrimas, lhes
dirigiu durante três anos (v. 31). As lágrimas não resultaram de fraqueza; pelo contrário, Paulo via a condição perdida da raça
humana, a maldade do pecado, a distorção do evangelho e o perigo de rejeitar o Senhor, como coisas tão graves, que sua
pregação era freqüentemente acompanhada de lágrimas (cf. Mc 9.24; Lc 19.41).

20.20 NADA... DEIXEI DE VOS ANUNCIAR. Paulo pregava tudo que era útil ou necessário à salvação de seus ouvintes. O
ministro do evangelho deve ser fiel ao anunciar toda a verdade de Deus à sua congregação. Não deve procurar agradar aos
desejos dos ouvintes, nem satisfazer o gosto deles, nem promover sua própria popularidade. Mesmo se tiver que falar
palavras de re-preensão e de reprovação, ensinar contrariamente a preconceitos naturais, ou pregar padrões bíblicos
opostos aos desejos da natureza carnal; o pregador fiel entregará a verdade plena por amor ao rebanho (e.g., Gl 1.6-10; 2 Tm
4.1-5).

20.22 LIGADO EU PELO ESPÍRITO. O espírito de Paulo, sob o controle do Espírito Santo, sentia-se compelido a ir até
Jerusalém. Sabia que aflições e sofrimentos o aguardavam (v. 23), mas confiou em Deus, não sabendo se isso redundaria em
vida ou em morte para ele (ver 21.4 nota).

20.23 O ESPÍRITO SANTO... ME REVELA. A revelação do Espírito Santo a Paulo de que prisões e tribulações o
esperavam provavelmente veio-lhe através dos profetas, nas igrejas por aonde ele ia passando (cf. 1 Co 12.10).

20.24 EM NADA TENHO A MINHA VIDA POR PRECIOSA. A preocupação principal de Paulo não era preservar a sua

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própria vida. O mais importante para ele era cumprir o ministério para o qual Deus o chamara. Seja qual fosse o fim em vista,
mesmo em se tratando do sacrifício da sua vida, ele, com alegria, iria até o fim da sua carreira com esta confiança: Cristo
será, tanto agora como sempre, engrandecido no meu corpo, seja pela vida, seja pela morte (Fp 1.20). Engrandecermos a
Cristo estando vivos é fácil entender; mas engrandecê-lo por nossa morte é difícil para todos entender e aceitar. Para Paulo,
a vida e o serviço para Cristo são representados como uma carreira ou corrida que se deve correr com absoluta fidelidade ao
seu Senhor (cf. 13.25; 1 Co 9.24; 2 Tm 4.7; Hb 12.1).

20.26 ESTOU LIMPO DO SANGUE DE TODOS. A palavra sangue é empregada normalmente no sentido de
derramamento de sangue, ou seja: o crime de provocar a morte dalguma pessoa (cf. 5.28; Mt 23.35; 27.25).

(1) Aqui significa que se alguém ali morresse espiritualmente e se perdesse para sempre, Paulo estaria isento de culpa.

(2) Se os pastores não quiserem ser considerados culpados pela perdição de pessoas que eles pastoreiam, deverão
declarar-lhes toda a vontade de Deus (v. 27).

20.28 OLHAI... POR TODO O REBANHO. Quanto a um exame deste trecho clássico a respeito dos ministros da igreja.

20.29 ENTRARÃO... LOBOS CRUÉIS. Movidos pela ambição de edificar seus próprios impérios, ou por amor ao dinheiro,
ao poder, ou à popularidade (e.g., 1 Tm 1.6,7; 2 Tm 1.15; 4.3,4; 3Jo 9), impostores na igreja, perverterão o evangelho original
segundo o NT:

(1) repudiando ou rejeitando algumas das suas verdades fundamentais;


(2) acrescentando-lhe idéias humanistas, filosofias, sabedoria ou psicologia.

31
(3) misturando suas doutrinas e práticas com coisas como os ensinos malignos da Nova Era ou do ocultismo e

Página
espiritismo.

(4) e tolerando modos de vida imorais, contrários aos retos padrões de Deus (ver 1 Tm 4.1; Ap 2.3). Que tais lobos
realmente entraram no meio do rebanho e perverteram a doutrina e prática apostólicas em Éfeso, fica evidente em 1 Tm
1.3,4,18,19; 4.1-3; 2 Tm 1.15; 2.17,18; 3.1-8. As epístolas pastorais revelam uma rejeição geral dos ensinos bíblicos
apostólicos, que naquele tempo começou a ganhar ímpeto em toda a província da Ásia

20.31 PORTANTO, VIGIAI. Os dirigentes do povo de Deus sempre devem ter sensibilidade para discernir os membros
das suas congregações, que não são sinceramente leais, e dedicados a viver conforme a mensagem original de Cristo e dos
apóstolos. Devem estar em tão íntima comunhão com o Espírito Santo que, com cuidados e lágrimas, se preocupem com
seus membros, sem nunca cessar, noite e dia, de admoestar o rebanho, a respeito do perigo que o ameaça, sempre dirigindo
os fiéis para o único alicerce seguro Cristo e a sua Palavra.

20.33 DE NINGUÉM COBICEI A PRATA. Paulo dá um exemplo a todos os ministros de Deus. Ele nunca visou a riqueza,
nem buscou enriquecer através do seu trabalho no evangelho (cf. 2 Co 12.14). Paulo teve muitas oportunidades de acumular
riquezas. Como apóstolo, tinha influência sobre os crentes, e realizava milagres de curas; além disso, os cristãos primitivos
estavam dispostos a doar dinheiro e propriedades aos líderes eclesiásticos de destaque, para serem distribuídos aos
necessitados (ver 4.34,35,37). Se Paulo tivesse tirado vantagem dos seus dons e da sua posição, e da generosidade dos
crentes, poderia ter tido uma vida abastada. Não fez assim porque o Espírito Santo dentro dele o orientava, e porque amava
o evangelho que pregava (cf. 1 Co 9.4-18; 2 Co 11.7-12; 12.14-18; 1 Ts 2.5,6).

20.37 UM GRANDE PRANTO ENTRE TODOS. Esta partida de Paulo dentre os obreiros de Éfeso é um exemplo notável
da comunhão e amor que deve haver entre os cristãos. Paulo lhes serviu com desvelo e solicitude altruístas, compartilhou
das suas alegrias e tristezas e lhes ministrou em meio a lágrimas e provações (vv. 19,31). Com o coração partido, pranteara
ao pensar que não veriam mais o rosto do apóstolo (v. 38). O mútuo amor profundo entre Paulo e os anciãos de Éfeso deve
caracterizar todos os obreiros cristãos entre si.

Capítulo 21
21.4 PELO ESPÍRITO... QUE NÃO SUBISSE A JERUSALÉM. Pelo Espírito , aqui, significa por causa do que o Espírito
dissera . Ó Espírito Santo não estava proibindo Paulo de ir a Jerusalém, pois era da vontade de Deus que ele fosse (ver v. 14;
23.11). Deus, porém, estava dando a Paulo um aviso: que muito sofrimento o aguardava na sua ida para lá. Provavelmente o
Espírito disse aqui, em Tiro, o mesmo que dissera em Cesaréia (vv. 8-14). Paulo, porém, estava decidido e disposto até
mesmo a morrer por amor do evangelho (10-14).

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21.9 FILHAS...QUE PROFETIZAVAM. A igreja pode receber o dom espiritual de profetizar (um dos dons de
manifestação do Espírito) cf. 1 Co 11.5; 12.10,11. Entretanto, nos escritos do NT não consta que uma mulher exercesse o
ministério de profeta. O versículo em apreço diz que as quatro filhas de Filipe profetizavam (gr. propheteusai), mas não são
chamadas profetizas. Por outro lado, somente homens, como é o caso de Ágabo, em At

21.10, são chamados profetas; isto quanto ao dom ministerial de profecia (ver Ef 4.11; 1 Co 12.4; 1 Co 12.1).

21.10 UM PROFETA, POR NOME ÁGABO. Ágabo, um dos profetas que predisseram a fome de 46 d.C. (11.27,28), agora
prediz que Paulo será preso e encarcerado. Quanto mais perto de Jerusalém Paulo se aproximava, tanto mais claras e
específicas ficaram as revelações sobre a sua ida (v. 11). A profecia de Ágabo não dizia que Paulo não fosse a Jerusalém, mas
somente o que lhe aguardava se fosse. Note que, em nenhum incidente registrado no NT, o dom de profecia foi usado para
dirigir pessoas em casos que pudessem ser resolvidos pelos princípios bíblicos. As decisões no tocante à moralidade, compra
e venda, ao casamento, ao lar e à família devem ser tomadas mediante a aplicação e obediência aos princípios da Palavra de
Deus e não meramente à base de uma profecia . No NT, expressões vocais proféticas visavam, em primeiro lugar, à
edificação, exortação e consolação da igreja (1 Co 14.3), e freqüentemente à orientação no cumprimento de missão (ver
16.16).
21.13 MAS PAULO RESPONDEU. Este trecho demonstra que a vontade da maioria, ou até mesmo o desejo unânime de
crentes genuínos e sinceros, nem sempre significa a vontade de Deus. Paulo não estava indiferente à imploração e às
lágrimas dos seus amigos; mesmo assim, não podia alterar seu propósito resoluto em sofrer encarceramento e até mesmo
morrer por amor ao nome do Senhor Jesus.
21.14 FAÇA-SE A VONTADE DO SENHOR. Muitos discípulos (v. 4), bem como o profeta Ágabo (v. 11), profetizaram dos

32
sofrimentos que Paulo passaria se fosse a Jerusalém. Estes cristãos interpretaram a palavra profética como uma orientação
pessoal a Paulo para que ele não fosse a Jerusalém (vv. 4,12). Paulo, embora reconhecesse a veracidade da revelação (v. 11),

Página
não aceitou a sincera interpretação que os discípulos deram à profecia (v. 13). Confiava na orientação pessoal do Espírito
Santo e na Palavra de Deus aplicada pessoalmente a si para tomar uma decisão tão importante (23.11; ver 21.4). No tocante
ao nosso ministério futuro, devemos esperar numa palavra pessoal de Deus, e não meramente depender da palavra dos
outros.

21.20 CRÊEM... ZELOSOS DA LEI. Tiago e Paulo sabiam que as cerimônias judaicas não salvavam ninguém (cf. 15.13-21;
Gl 2.15-21). Reconheciam, porém, que parte da lei e dos costumes judaicos podiam ser observados como uma expressão da
fé em Cristo por parte do crente e do seu amor por Ele. Os crentes judaicos tinham, com toda a sinceridade, aceitado a
Cristo, sido regenerados pelo Espírito e cheios dEle. Seu zelo pela lei e pelos costumes não vinha de uma atitude legalista,
mas de corações dedicados a Cristo e da lealdade aos caminhos de Deus (ver Mt 7.6).

Capítulo 22
22.16 BATIZA-TE. O batismo em água acompanhava a proclamação do evangelho desde o início da missão da igreja.
Era um rito da iniciação cristã usado no NT para indicar que a pessoa se dedicava plenamente a Jesus Cristo (2.38,41). Ao
entrarem na água batismal, em nome da Trindade (Mt 28.19), os crentes demonstravam publicamente a sua fé diante da
comunidade cristã.

(1) O batismo nas águas (2.38; cf. Mt 28.19) significa que a pessoa passou a pertencer a Cristo, e compartilha da sua
vida, do seu Espírito e da sua filiação com Deus (Rm 8.14-17; Gl 3.26-4.7).

(2) O batismo em água é a resposta positiva do crente ao que Cristo fez por ele. Para ser válido, deve ser precedido de
arrependimento (2.38) e de fé pessoal em Cristo (Cl 2.12).

(3) O batismo em água, quando praticado com um coração sincero, com fé e dedicação a Cristo como Senhor e
Salvador, é um meio de receber graça da parte de Cristo (cf. 1 Pe 3.21).

(4) O batismo em água é um sinal e testemunho exte-rior do recebimento de Cristo como Senhor e Salvador, e da
remoção total dos pecados pela lavagem espiritual (cf. 2.38; Tt 3.5; 1 Pe 3.21).

(5) O batismo em água representa a união entre o crente e Cristo na sua morte, sepultamento e ressurreição (Rm 6.1-
11; Cl 2.11,12). Significa o fim (a morte ) de uma vida de pecado (Rm 6.3,4,7,10,12; Cl 3.3-14), e o início de uma nova vida em
Cristo (Rm 6.4,5,11; Cl 2.12,13). Por isso, o batismo em água inclui o compromisso vitalício de se virar as costas ao mundo e a
tudo quanto é mau (Rm 6.6,11-13), e comprometer-se a viver uma nova vida no Espírito, que demonstre os padrões divinos

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da justiça (Cl 2.1-17)

22.16 LAVA OS TEUS PECADOS. Paulo foi convertido e salvo na estrada de Damasco (ver 9.5). Seu batismo foi seu
testemunho público do perdão recebido, do seu compromisso em abandonar todo o pecado e identificar-se com a causa de
Cristo.

22.17 FUI ARREBATADO. O termo arrebatamento ou êxtase refere-se aqui a um estado mental em que a atenção da
pessoa fica plenamente consciente na esfera do Espírito, em vez da natural. Em tais ocasiões a pessoa fica especialmente
receptiva à revelação da parte de Deus, e movida pelo Espírito a uma comunhão mais profunda e intensa com Deus (ver o
arrebatamento de Pedro em 10.10; 11.5; cf. 2 Co 12.3,4).

Capítulo 23
23.1 COM TODA A BOA CONSCIÊNCIA. A consciência é a percepção interior que testifica junto à nossa personalidade
no tocante ao certo ou errado das nossas ações. Uma boa consciência diante de Deus dá o veredicto de que não temos
ofendido nem a Ele, nem à sua vontade. A declaração de Paulo (provavelmente com referência à sua vida pública diante dos
homens) é sincera; note Fp 3.6, onde ele declara: segundo a justiça que há na lei, irrepreensível . Antes da sua conversão, ele
chegou a crer que praticava a vontade de Deus ao perseguir os crentes (26.9). A dedicação de Paulo a Deus, sua total
resolução em agradá-lo e sua vida irrepreensível até mesmo antes da sua conversão a Cristo, deixam envergonhados e
julgados os crentes professos que se desculpam de sua infidelidade a Cristo, alegando que todos pecam e que é impossível
viver diante de Deus com uma boa consciência.
23.11 APRESENTANDO-SE-LHE O SENHOR. Paulo está ansioso e apreensivo quanto às coisas que lhe acontecerão.

33
Poderá ser morto em Jerusalém e, assim, seus planos de levar o evangelho até Roma, e daí para o Ocidente, talvez nunca se
realizem. Deus lhe aparece nesse momento crítico, encoraja o seu coração e assegura que ele dará testemunho da sua causa

Página
em Roma. As Escrituras registram que Deus apareceu a Paulo três vezes para reafirmar-lhe isso (18.9,10; 22.17,18; 23.11; cf.
27.23-24; ver 18.10).

Capítulo 24
24.14 AQUELE CAMINHO. A salvação consumada por Cristo é chamada o Caminho (cf. 16.17; 19.9,23; 24.14,22). A
palavra grega empregada aqui (hodos), denota caminho ou estrada. O crente do NT via a salvação em Cristo não somente
como uma experiência a ser recebida, mas também como um caminho a ser trilhado com fé em Jesus e comunhão com Ele.
Precisamos caminhar por aquela estrada até o fim para desfrutarmos a salvação final na era do porvir.

24.14 CRENDO TUDO QUANTO ESTÁ ESCRITO. A fé que Paulo tinha nas Sagradas Escrituras como sendo inerrantes,
infalíveis e fidedignas em todas as coisas, contrasta fortemente com muitos ensinadores religiosos destes últimos dias, que
dizem crer em apenas algumas coisas escritas na Lei e nos Profetas.
Aqueles que têm o espírito e a mente de Cristo (Mt 5.18) e dos apóstolos (v. 14; 2 Tm 3.16), crerão em tudo quanto
está escrito na Palavra de Deus. Aqueles que não têm as condições acima, não concordarão com essas palavras do grande
apóstolo.

24.15 RESSURREIÇÃO... TANTO DOS JUSTOS COMO DOS INJUSTOS. A Bíblia ensina uma ressurreição dos mortos justos
e também uma dos injustos. Os justos ressuscitarão para viverem para sempre com o Senhor nos seus corpos redimidos (1 Ts
4.13-18), ao passo que os injustos ressuscitarão para serem julgados por Deus (quanto às duas ressurreições, ver Dn 12.2; Jo
5.28,29; Ap 20.6-14). O fato das duas ressurreições serem mencionadas no mesmo versículo não significa que elas ocorrem
simultaneamente (Jo 5.29).

24.16 UMA CONSCIÊNCIA SEM OFENSA. Uma consciência inculpável é citada nas Escrituras como uma das nossas
armas mais essenciais para uma vida e ministério espirituais bem sucedidos (2 Co 1.12; 1 Tm 1.19).

(1) Uma boa consciência inclui a liberdade interna de espírito que se manifesta quando sabemos que Deus não está
ofendido por nossos pensamentos e ações (ver 23.1 nota; Sl 32.1; 1 Tm 1.5; 1 Pe 3.16; 1 Jo 3.21,22).

(2) Quando uma boa consciência se corrompe, fé, vida de oração, comunhão com Deus e vida de boas obras são
gravemente prejudicadas (Tt 1.15,16); quem rejeita a boa consciência terminará em naufrágio na fé (1 Tm 1.19).

24.25 JUSTIÇA, E DA TEMPERANÇA, E DO JUÍZO VINDOURO. Quando Paulo fala diante de Félix a respeito da fé em
Jesus Cristo, e prega a respeito da justiça, e da temperança e do Juízo vindouro , Félix fica apavorado. Essa reação concorda

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com as palavras de Jesus de que quando vier o Espírito Santo, convencerá o mundo do pecado, e da justiça, e do juízo (Jo
16.8). A salvação de todas as pessoas depende da proclamação fiel das verdades solenes da Palavra, mediante as quais o
Espírto Santo produz convicção no pecador (Jo 16.8).

Capítulo 25
25.8 NÃO PEQUEI... CONTRA A LEI. Paulo não tem conhecimento de nenhum delito que tivesse cometido contra os
judeus ou contra a Lei. Paulo realmente guardava a lei moral do AT (cf. 21.24). Sabia que os padrões da lei são imutáveis,
assim como o próprio Deus é imutável. Para ele a Lei é santa, boa e espiritual (Rm 7.12,14), e expressa o caráter de Deus e
suas exigências para uma vida justa (cf. Mt 5.18,19). Mesmo assim, Paulo não guardava a Lei como um conjunto de códigos
ou padrões mediante o qual se tornaria justo. Uma vida justa requer a obra do Espírito Santo no coração e na alma da
pessoa. Somente depois de regenerados mediante a graça de Cristo é que podemos obedecer devidamente à lei de Deus,
como expressão do nosso desejo em agradar-lhe. Nunca estamos sem lei perante Deus, quando vivemos segundo à lei de
Cristo (1 Co 9.21; ver Mt 5.17; Rm 3.21; 8.4).

Capítulo 26
26.18 A COMISSÃO DIVINA DE PAULO. Este versículo é uma declaração típica feita pelo Senhor Jesus daquilo que Ele
quer realizar através da pregação do evangelho aos perdidos.
(1) Lhes abrires os olhos. Satanás cegou a mente dos perdidos para não verem a realidade da sua condição de

34
perdidos que perecem, nem a verdade do evangelho (2 Co 4.4). Somente pregando a Cristo Jesus, no poder do Espírito Santo,
seu entendimento será aberto (cf. 2 Co 4.5; Ef 1.18).

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(2) Os converteres.... do poder de Satanás a Deus . Satanás é o governante deste mundo, e todos que não têm Cristo
estão sujeitos ao controle de Satanás e escravizados pelo seu poder. O espírito de Satanás age em todos os pecadores, ou
seja: nos filhos da desobediência (Ef 2.2). A proclamação do evangelho, no poder do Espírito, libertará homens e mulheres do
poder de Satanás e os colocará no reino de Cristo (ver Cl 1.13; 1 Pe 2.9).

(3) A fim de que recebam a remissão dos pecados. O perdão de Deus vem mediante a fé em Cristo, firmada nos
méritos da sua morte sacrificial na cruz.

(4) Santificados pela fé em mim . Aquele que é perdoado, liberto do domínio do pecado e de Satanás, e batizado no
Espírito Santo, está separado do mundo e agora vive para Deus, na comunhão com todos os demais salvos pela fé em Cristo.

26.19 NÃO FUI DESOBEDIENTE. Paulo se converteu a Cristo na sua viagem a Damasco. A partir daquele momento,
passou a ter Jesus como seu Senhor e Salvador, e dedicou a sua vida a obedecer-lhe (cf. Rm 1.5).

26.20 FAZENDO OBRAS DIGNAS DE ARREPENDIMENTO. Paulo não pregava conforme fazem alguns, afirmando que a
salvação consiste em apenas confiar em Cristo e na sua morte expiatória . Os apóstolos declaram que ninguém será salvo em
Cristo, a não ser que se arrependessem e se convertessem a Deus, fazendo obras dignas de arrependimento.

Capítulo 27
27.24 PAULO, NÃO TEMAS. Enquanto Deus tiver um lugar e um propósito na vida de alguém aqui na terra, e tal pessoa
buscar a Deus e seguir a direção do Espírito Santo (cf. 23.11; 24.16), o Senhor o protegerá da morte. Todos os fiéis de Deus
têm o direito de orar: Ó Senhor, sou teu, sirvo a ti; sê tu meu protetor (cf. Sl 16.1,2).

27.25 TENDE BOM ÂNIMO. Paulo é um prisioneiro no navio sem deixar de ser um homem livre em Cristo e viver na
presença de Deus, liberto do medo; ao passo que os demais que estão com ele no navio achavam-se aprisionados pelo terror
por causa dos perigos que os cercam em alto-mar. Nesta vida, somente o crente sincero e fiel, que experimenta a presença
de Deus, pode enfrentar os perigos da vida com coragem e certeza em Cristo.

27.31 SE ESTES NÃO FICAREM NO NAVIO. Esta declaração de Paulo parece colidir com os vv. 22,24. Se Deus prometera
a Paulo que pouparia as vidas de todos aqueles que navegavam com o apóstolo (v. 24), e Paulo lhes cita essa promessa
incondicional dizendo: não se perderá a vida de nenhum de vós (v. 22), como a deserção dos marinheiros poderia provocar a
morte dos passageiros? A resposta jaz na verdade bíblica de que as promessas de Deus ao seu povo são normalmente

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sujeitas à condição da obediência à sua vontade (ver Gn 1.26-31; 6.5-7; Êx 3.7,8; Nm 14.28-34; 2 Sm 7.12-16; 1 Rs 11.11-13;
12.16).

Capítulo 28
28.5 NÃO PADECEU NENHUM MAL. A experiência de Paulo aqui ilustra maravilhosamente a promessa de Jesus em Mc
16.18.

28.16 CHEGAMOS A ROMA. Paulo tinha o desejo de pregar o evangelho em Roma (Rm 15.22-29), e era da vontade de
Deus que ele assim o fizesse (23.11). Quando, porém, chegou ali, estava algemado e ainda assim depois dos reveses,
tempestades, naufrágio e muitas outras provações. Embora Paulo fosse fiel, Deus não lhe proveu um caminho fácil e livre de
problemas. Nós, da mesma forma, podemos estar na vontade de Deus, ser inteiramente fiéis a Ele, e mesmo assim sermos
dirigidos por Ele através de caminhos desagradáveis, com aflições. No meio de tudo isso, sabemos, porém, que todas as
coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus (Rm 8.28).

28.30 PAULO FICOU DOIS ANOS INTEIROS. A história da igreja primitiva, escrita por Lucas, termina aqui. Paulo
permaneceu em prisão domiciliar por dois anos. Tinha licença de receber visitas, às quais pregava o evangelho. O que
aconteceu a Paulo depois, segundo geralmente se crê, é o que se segue. Durante esses dois anos, Paulo escreveu as Epístolas
aos Efésios, Filipenses, Colossenses, e a Filemom. Em 63 d.C., aproximadamente, Paulo foi absolvido e solto. Durante uns
poucos anos continuou seus trabalhos missionários, e talvez tenha ido até à Espanha, conforme planejara (Rm 15.28).
Durante esse período, escreveu 1 Timóteo e Tito. Foi preso de novo cerca de 67 d.C., e levado de volta a Roma. 2 Timóteo foi
escrita durante esse segundo encarceramento em Roma. A prisão de Paulo só terminou ao ser ele decapitado, sofrendo o

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martírio sob o imperador romano Nero.

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28.31 PREGANDO O REINO DE DEUS O livro de Atos termina de modo repentino, sem nenhuma conclusão formal
quanto ao que Deus realizou através do Espírito Santo e dos apóstolos no NT. A intenção de Deus é que os atos do Espírito
Santo e a pregação do evangelho continuem na vida do povo de Cristo até o fim dos tempos (2.17-21; Mt 28.18-20). Lucas,
sob a inspiração do Espírito Santo, revelou o padrão daquilo que a igreja deve ser e fazer. Ele registrou exemplos da
fidelidade dos crentes, do triunfo do evangelho em meio a oposição do inimigo e do poder do Espírito Santo operante na
igreja e entre os homens. Esse é o padrão de Deus para as igrejas atuais e futuras, e devemos fielmente guardá-lo, proclamá-
lo e vivê-lo (2 Tm 1.14). Todas as igrejas devem avaliar-se segundo o que o Espírito disse e fez entre os crentes dos primeiros
tempos. Se o poder, a justiça, a alegria e a fé das nossas igrejas atuais não são idênticas às que lemos nas igrejas em Atos,
devemos pedir a Deus, mais uma vez, uma renovação da nossa fé no Cristo ressurreto, e um novo derramamento do seu
Espírito Santo.

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