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SUMÁRIO

1 GESTÃO AMBIENTAL E DIREITO AMBIENTAL ........................................ 3

2 O QUE É DIREITO AMBIENTAL ................................................................ 5

2.1 Principais instrumentos de proteção ambiental .................................... 6

3 A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO DE GESTÃO AMBIENTAL E DIREITO


AMBIENTAL ................................................................................................................ 7

4 PROFISSÕES AMBIENTAIS ...................................................................... 8

5 MEIO AMBIENTE ..................................................................................... 10

6 DIREITO AMBIENTAL DO TRABALHO.................................................... 13

7 A LEGISLAÇÃO E O MEIO AMBIENTE DE TRABALHO ......................... 14

8 DEFINIÇÕES IMPORTANTES QUE AJUDARÃO NA CONTINUIDADE DO


ENTENDIMENTO DA MATÉRIA ............................................................................... 17

9 DANO AMBIENTAL – Formas de reparação ............................................ 22

10 COMO DENUNCIAR CAUSAS DE AGRESSÃO AO MEIO AMBIENTE ...


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11 ÓRGÃOS PÚBLICOS RECEBEM DENÚNCIAS DE AGRESSÕES


AMBIENTAIS............................................................................................................. 27

12 IMPACTO AMBIENTAL ......................................................................... 29

13 POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL (Lei nº 9795 de 27


de abril de 1999) ....................................................................................................... 31

14 A QUESTÃO AMBIENTAL NA EMPRESA ............................................ 38

15 DIREITO AMBIENTAL ........................................................................... 39

BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 41

16 LEITURA COMPLEMENTAR ................................................................ 42

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GESTÃO AMBIENTAL E DIREITO AMBIENTAL

Fonte: esmac.com.br

Entende-se por gestão ambiental as diretrizes e as atividades administrativas e


operacionais, tais como, planejamento, direção, controle, alocação de recursos e
outras realizadas com o objetivo de obter efeitos positivos sobre o meio ambiente,
querem reduzindo ou eliminando os danos ou problemas causados pelas ações
humanas, quer evitando que eles surjam.
A gestão ambiental (GA) é uma prática muito recente, que vem ganhando
espaço nas instituições públicas e privadas. Através dela é possível a mobilização das
organizações para se adequar à promoção de um meio ambiente ecologicamente
equilibrado.
Seu objetivo é a busca de melhoria constante dos produtos, serviços e
ambiente de trabalho, em toda organização, levando-se em conta o fator ambiental.
Atualmente ela começa a ser encarada como um assunto estratégico, porque
além de estimular a qualidade ambiental também possibilita a redução de custos
diretos (redução de desperdícios com água, energia e matérias-primas) e indiretos
(por exemplo, indenizações por danos ambientais).
À medida que a sociedade vai se conscientizando da necessidade de se
preservar o meio ambiente, a opinião pública começa a pressionar o meio empresarial
a buscar meios de desenvolver suas atividades econômicas de maneira mais racional.
O próprio mercado consumidor passa a selecionar os produtos que consome em
função da responsabilidade social das empresas que os produzem. Desta forma,
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surgiram várias certificações, tais como as da família ISO14000, que atestam que uma
determinada empresa executa suas atividades com base nos preceitos da gestão
ambiental.

Fonte: uesb.br/ascom

Em paralelo, o aumento da procura pelas empresas de profissionais


especializados em técnicas de gestão ambiental motivou o surgimento de cursos
superiores voltados para a formação desses profissionais, tais como os de Tecnólogo
em gestão ambiental, de Engenharia Ambiental, Bacharelado em Gestão Ambiental e
Tecnologia do Meio Ambiente.
No caso do setor público, a Gestão Ambiental apresenta algumas
características diferenciadas. O governo tem papel fundamental na consolidação do
desenvolvimento sustentável, porque ele é o responsável pelo estabelecimento das
leis e normas que estabelecem os critérios ambientais que devem ser seguidos por
todos, em especial o setor privado que, em seus processos de produção de bens e
serviços, se utiliza dos recursos naturais e produz resíduos poluentes. Por isso
mesmo, além de definir as leis e fiscalizar seu cumprimento, o poder público precisa
ter uma atitude coerente, responsabilizando-se também por ajustar seu
comportamento ao princípio da sustentabilidade, tornando-se exemplo de mudança
de padrões de consumo e produção, adequando suas ações à ética socioambiental.

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O QUE É DIREITO AMBIENTAL

Fonte: ambientelegal.com.br/

O Direito Ambiental é a área do conhecimento jurídico que estuda as interações


do homem com a natureza e os mecanismos legais para proteção do meio
ambiente. É uma ciência holística que estabelece relações intrínsecas e
transdisciplinares entre campos diversos, como antropologia, biologia, ciências
sociais, engenharia, geologia e os princípios fundamentais do direito internacional,
dentre outros.
No Brasil, o emergente Direito Ambiental estabelece novas diretrizes de
conduta, fundamentadas na Política Nacional do Meio Ambiente (lei 6.938, de
31/8/81). Esse código estabelece definições claras para o meio ambiente, qualifica as
ações dos agentes modificadores e provê mecanismos para assegurar a proteção
ambiental.
A lei 6.938, regulamentada pelo decreto 99.274, de 6 de junho de 1990, institui
também o Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA), constituído por órgãos e
entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos municípios e pelas
fundações instituídas pelo poder público, responsáveis pela proteção e melhoria da
qualidade ambiental, conforme a seguinte estrutura:
 Órgão superior: conselho de governo
 Órgão consultivo e deliberativo: Conselho Nacional do Meio Ambiente
(CONAMA)
 Órgão central: Ministério do Meio Ambiente (MMA)
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 Órgão executor: Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis (IBAMA)
 Órgãos seccionais: órgãos ou entidades estaduais responsáveis pela
execução de programas, projetos e pelo controle e fiscalização de
atividades capazes de provocar a degradação ambiental;
 Órgãos locais: órgãos ou entidades municipais, responsáveis pelo
controle e pela fiscalização dessas atividades, nas suas respectivas
jurisdições.
A atuação do SISNAMA se dá mediante articulação coordenada de órgãos e
entidades que o constituem, observado o acesso da opinião pública às informações
relativas às agressões ao meio ambiente e às ações de proteção ambiental, na forma
estabelecida pelo CONAMA.
Cabe aos Estados, ao Distrito Federal e aos municípios a regionalização das
medidas emanadas do SISNAMA, elaborando normas e padrões supletivos e
complementares.

2.1 Principais instrumentos de proteção ambiental

 Estudo de Impacto Ambiental (EIA)


 Relatório de Impacto Ambiental (RIMA)
 Plano de Controle Ambiental (PCA)
 Relatório de Controle Ambiental (RCA)
 Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD)
 Relatório Ambiental Preliminar (RAP)
 Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS)

A Lei da Ação Civil Pública (lei 7.347, de 24/7/85) tutela os valores ambientais,
disciplina as ações civis públicas de responsabilidade por danos causados ao meio
ambiente, consumidor e patrimônio de valor artístico, estético, histórico, turístico e
paisagístico.
Em 1988, a Constituição Federal dedicou normas direcionais da problemática
ambiental, fixando as diretrizes de preservação e proteção dos recursos naturais e
definindo o meio ambiente como bem de uso comum da sociedade humana.
O artigo 225 da Constituição Federal Brasileira de 1988 diz:
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“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder
Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para às
presentes e futuras gerações. ”

Além disso, a Rio-92 – Conferência da ONU sobre meio ambiente e


desenvolvimento–sacramentou a preocupação mundial com o problema ambiental,
reforçando princípios e regras para o combate à degradação ambiental no documento
intitulado "Agenda 21", que consolidam a diretriz do desenvolvimento sustentável.
Em qualquer organização pública ou privada, o Direito Ambiental exprime a
busca permanente pela melhoria da qualidade ambiental de serviços, produtos e
ambientes de trabalho, num processo de aprimoramento que propicia o
desenvolvimento de sistemas de gestão ambiental globalizados e abrangentes. Ao
operar nesses sistemas, as organizações incorporam as melhores práticas
corporativas em vigência, além de procedimentos gerenciais e técnicos que reduzem
ao mínimo as possibilidades de dano ao meio ambiente, da produção à destinação de
resíduos.

A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO DE GESTÃO AMBIENTAL E DIREITO


AMBIENTAL

Fonte: rochacerqueira.com.br/

A expansão da consciência coletiva em relação ao meio ambiente e a


complexidade das atuais demandas ambientais que a sociedade repassa às

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organizações induzem um novo posicionamento por parte das organizações diante de
tais questões. Tal posicionamento, por sua vez, exige gestores empresariais
preparados para fazer frente a tais demandas ambientais, que saibam conciliar as
questões ambientais com os objetivos econômicos de suas organizações
empresarias.
Fica evidente que a formação de recursos humanos, dentre eles a do
profissional generalista ou aquele especializado, ambos graduados, por escolas de
administração ou outros cursos, é requerida em todas as direções e níveis nos quais
se processa o novo padrão da gestão ambiental em suas dimensões de conteúdo,
forma e sustentação.
A formação de profissionais qualificados deve ser tratada com altíssima
prioridade porque, além de possibilitar que os órgãos governamentais e empresas,
contem com pessoal qualificado para sua respectiva missão, também tem o papel de
deflagrar uma nova mentalidade que proporcione mudanças, inclusive das próprias
instituições formadoras de recursos humanos.

PROFISSÕES AMBIENTAIS

Fonte: web.mundodastribos.com/

Aqui estão elencadas algumas profissões ligadas ao meio ambiente.

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a) Advogado Ambiental: podendo advogar tanto na defesa de supostos
transgressores das leis ambientais, bem como fornece Assessoria para a prevenção
de futuras punições;
b) Auditor Ambiental: realiza a avaliação das medidas exigidas concernentes
à preservação do meio ambiente, para a obtenção das certificações ambientais, como
por exemplo da série ISO 14.000;
c) Biólogo: dentre as inúmeras atividades que podem ser exercidas por um
biólogo, ressaltam-se levantamento de fauna e flora, elaboração de EIA-RIMA (o
Relatório de Impacto Ambiental - RIMA refletirá as conclusões do Estudo de Impacto
Ambiental - EIA), consultoria para reservas naturais, responder tecnicamente em
projetos e programas sobre assuntos afetos à sua área de formação técnica etc.;
d) Cientista Ambiental: possui o conhecimento genérico da ciência, propondo
medidas que visem melhoria da qualidade de vida;
e) Consultor Ambiental: prepara os relatórios referentes ao impacto
ambiental, estabelecendo certos parâmetros como o ruído, contaminação de solo etc.;
f) Contador Ambiental: contabiliza os benefícios e malefícios que determinado
produto poderá trazer ao meio ambiente;
g) Ecólogo: possui inúmeras funções, destacando-se a busca de modos para
a diminuição do impacto ambiental, utilização correta dos recursos naturais etc.
h) Educador Ambiental: conscientiza crianças, empresas e a comunidade de
um modo geral da necessidade de mudança de certos atos, para que se conserve e
preserve o meio ambiente;
i) Engenharia Ambiental: fiscaliza e monitora as indústrias no sentido de
preservação do meio ambiente;
j) Geólogo: pesquisas para a proteção e planejamento, envolvendo o meio da
superfície terrestre;
k) Gestor Ambiental: supervisiona ou administra os setores ou departamentos
de meio ambiente das empresas. É conhecido também como gerente de meio
ambiente.

l) Monitor de ecoturismo: trabalha como guia de turistas, explicando sobre os


animais, reservas etc.

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MEIO AMBIENTE

Fonte: morganberglund.com.br/

O meio ambiente é o conjunto de condições, leis, influências e interações de


ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas
formas. Estão incluídos nesta definição:
a) fatores físicos como solo, água, floresta, relevo, geologia e paisagem;
b) fatores psicossociais inerentes à natureza humana como comportamento,
bem-estar, estado de espírito, trabalho, saúde, alimentação, etc. e
c) fatores sociológicos, como cultura, civilidade, convivência, o respeito, a paz,
etc.
É necessário que se perceba que o respeito ao meio ambiente é uma
necessidade para a preservação do ser humano, enquanto espécie, portanto, em
primeiro lugar o respeito ao meio ambiente é uma questão de sobrevivência. Em
segundo lugar é necessário que se verifique onde este respeito é necessário e,
portanto, cobrado de cada um. Esta localização parte da análise de que cada um deve
cuidar de seu ambiente próximo o que, concomitantemente, propiciará a preservação
do meio ambiente como um todo.
O Direito contribui com o meio ambiente atuando, principalmente, da seguinte
forma:
a) de forma preventiva preserva-se o meio ambiente;
b) em sede de litígio defende-se o ofendido; e
c) define a extensão da responsabilidade do ofensor do meio ambiente.
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No âmbito do Direito Constitucional, o artigo 225 da Constituição Federal
expressamente consigna: “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida,
impondo-se ao Poder Público e à coletividade para o dever de defendê-lo e preservá-
lo para as presentes e futuras gerações.” Dada a importância deste artigo da nossa
“Lei Maior”, vamos destacar a significação geral dos enunciados:
a) Direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado – pertence a todos,
incluindo aí as gerações presentes e as futuras, sejam brasileiros ou estrangeiros;
b) Meio ambiente é bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida – é um bem que não está na disponibilidade particular de ninguém,
nem de pessoa privada, nem de pessoa pública;
c) Poder Público - é a expressão genérica que se refere a todas as entidades
territoriais públicas;
d) Dever de defender o meio ambiente e preservá–lo – é imputado ao Poder
Público e à coletividade.
Esta disposição constitucional faz com que o Direito Ambiental adquira uma
dimensão infinita em todas as áreas do Direito, qual seja a partir da previsão expressa
constitucionalmente em seus parágrafos e incisos o meio ambiente ganha relevância
e proteção do Estado.
Com o objetivo de buscar uma maior identificação com a atividade que agride
o meio ambiente e o bem jurídico agredido podemos destacar quatro aspectos
contidos na classificação de meio ambiente:
a) Meio ambiente natural (ou físico) - É constituído pelo solo, pela água, pelo
ar atmosférico, pela flora e pela fauna. Quando é lançado em qualquer corrente de
água um produto tóxico, que provoca a morte dos seres vivos daquele habitat, temos
um exemplo de agressão ao meio ambiente físico.
b) Meio ambiente cultural (construído pelo homem, enquanto expressão de
sua cultura) - É constituído pelo patrimônio histórico, artístico, científico, arqueológico,
paisagístico, turístico. Quando, após ter sido declarado como patrimônio histórico, um
determinado imóvel é demolido na "calada da noite" por seu proprietário, que
considera uma invasão em seu direito de propriedade está limitação imposta pelo
Poder Público, ou, quando se estabelece que só será permitido o ensino da religião
católica nas escolas públicas, temos aí exemplos de agressões ao meio ambiente
cultural de nosso povo.
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c) Meio ambiente artificial - É constituído pelo espaço urbano construído
(conjunto de edificações e equipamentos públicos colocados à disposição da
coletividade como ruas, praças, áreas verdes...), observando-se que neste conceito
não se exclui o meio ambiente rural, uma vez que se refere a todos os espaços
habitáveis, no tocante ao pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e
garantia do bem-estar de seus habitantes. Quando o seu vizinho do andar superior
não se preocupa em sanar um defeito contido na edificação, que provoca o vazamento
de água, de forma perene, em seu imóvel, ou, quando alguém depreda
sistematicamente todos os orelhões do bairro, temos aí exemplos de agressões ao
meio ambiente artificial de uma determinada pessoa, no primeiro exemplo, e de
pessoas indeterminadas, no segundo exemplo.
d) Meio ambiente do trabalho - É constituído pelo ambiente onde o ser
humano desenvolve sua atividade produtiva, objetivando sua sobrevivência enquanto
homem-indivíduo. Tutela-se neste aspecto a saúde e a segurança do trabalhador e,
por consequência, punir-se-á todas as formas de degradação e poluição do meio
ambiente onde o homem exerce sua atividade, mantendo-se a sua qualidade de vida.
Quando o ordenamento jurídico estabelece a obrigatoriedade da elaboração de
um laudo de impacto ambiental, esta determinação tem um objetivo preventivo, no
sentido de se evitar a agressão ao meio ambiente em qualquer um de seus aspectos,
ou seja, verificada a possibilidade de agressão ao meio ambiente buscar-se-á o
saneamento desta possibilidade e, em caso de verificação da impossibilidade deste
saneamento, a empresa não terá autorização para exercer aquela atividade agressora
ao meio ambiente. Verifica-se, portanto, que o empresário cauteloso,
preventivamente, terá em seu poder um laudo de impacto ambiental, evitando,
problemas futuros.
Portanto, meio ambiente do trabalho consiste na proteção da integridade do
trabalhador no meio ou lugar destinado à atividade laboral, na medida dos padrões de
saúde e qualidade de vida legalmente estabelecidos.
Vamos verificar os diversos significados de meio ambiente, na acepção
conceitual:
Em sentido genérico:
a) o meio ambiente é um conceito interdependente que realça a interação
homem-natureza;
b) o meio ambiente envolve um caráter interdisciplinar ou transdisciplinar; e
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c) o meio ambiente deve ser embasado em uma visão antropocêntrica alargada
mais atual, que admite a inclusão de outros elementos e valores. Esta concepção faz
parte integrante do sistema jurídico brasileiro. Assim, entende-se que o meio ambiente
deve ser protegido com vistas ao aproveitamento do homem, mas também com o
intuito de preservar o sistema ecológico em si mesmo.
Em sentido jurídico:
a) a lei brasileira adotou um conceito amplo de meio ambiente, que envolve a
vida em todas as suas formas. O meio ambiente envolve os elementos naturais,
artificiais e culturais e do trabalho;
b) o meio ambiente, ecologicamente equilibrado, é um macro bem unitário e
integrado. Considerando-o macro bem, tem-se que é um bem incorpóreo e imaterial,
com uma configuração também de micro bem;
c) o meio ambiente é um bem de uso comum do povo. Trata-se de um bem
jurídico autônomo de interesse público; e
d) o meio ambiente é um direito fundamental do homem, considerado de quarta
geração, necessitando, para sua consecução, da participação e responsabilidade
partilhada do Estado e da coletividade. Trata-se, de fato, de um direito fundamental
Inter geracional, intercomunitário, incluindo a adoção de uma política de solidariedade.

DIREITO AMBIENTAL DO TRABALHO

Vimos que de forma didática o meio ambiente foi pormenorizado em quatro


categorias:
1) Meio ambiente natural; 2) meio ambiente cultural; 3) meio ambiente artificial;
e 4) meio ambiente do trabalho. Este último, de tão relevante está sendo estudado de
forma independente abrindo espaço para um novo ramo do direito.
O meio ambiente do trabalho está relacionado com a saúde do trabalhador. A
busca de garantia de um meio ambiente que proporcione bem-estar ao invés de riscos
à saúde gerou o novo ramo do direito: Direito Ambiental do Trabalho. Este novo ramo
já ocupa espaço de relevância quando trata da qualidade de vida no trabalho. A busca
de proteção jurídica vai desde a qualidade do ambiente físico interno e externo do
local de trabalho, até as relações interpessoais e a saúde física e mental do
trabalhador.

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A constante mudança do cenário social e das relações traz novas demandas
de litígios e de bens a serem tutelados pelo direito. Daí o surgimento de "novos
direitos", dentre eles, o direito ambiental do trabalho.
São inúmeras as possibilidades de doenças ocupacionais e patologias do
trabalho e dos vários tipos de riscos aos quais um trabalhador pode ser exposto, o
direito ambiental irá tutelar todas elas partindo, principalmente, do princípio da
prevenção.

A LEGISLAÇÃO E O MEIO AMBIENTE DE TRABALHO

Fonte: novotempo.com/

Tutelar a saúde do trabalhador garantindo um meio ambiente que proporciona


bem-estar ao trabalhador ao invés de riscos a sua saúde é uma tarefa difícil face às
constantes mudanças das atividades produtivas, bem como ao avanço tecnológico
que insiste em expor o trabalhador a imprevistos riscos.
Historicamente, observa-se que a industrialização, surgida inicialmente na
Inglaterra no Século XVIII, alterou significativamente os ambientes de trabalho,
principalmente com a utilização das máquinas e a intensificação do ritmo de trabalho.
A partir de então houve a nítida separação entre local de trabalho e de moradia,
tratando-se, portanto, de dois ambientes diferentes.

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Quanto a qualidade de vida e bem estar, há quem sustente que a Revolução
Industrial não significou melhoria imediata e substancial no nível de vida da classe
trabalhadora britânica, principalmente durante seus primeiros passos.
Diante da ausência de boas condições de trabalho e de vida, houve a
necessidade de movimentos grevistas e protestos por parte dos trabalhadores que
renderam gradual aumento do nível salarial e do poder aquisitivo, bem como
estabelecimento de direitos sociais.
Nesse sentido, cumpre ressaltar o surgimento, ainda embrionário, de
legislações provindas do poder público, consagradas pelas leis e regulamentos; por
outro lado, surgiu o direito advindo das negociações entre empregados e
empregadores. Como resultado, abriu-se um campo alternativo para a determinação
de condições de trabalho e proteção à saúde dos trabalhadores. É muito recente a
preocupação do legislador com as questões referentes ao meio ambiente.
Devemos considerar que os ambientes de trabalho têm atravessado profundas
modificações, repercutindo na forma e tipo de proteção legal estabelecida pelo poder
público. Após a constitucionalização dos direitos sociais, observa-se
progressivamente, surgimento de normas de saúde ocupacional e segurança
industrial, em resposta as mudanças nos processos produtivos e aprimoramento das
relações de trabalho.
O artigo 1º, caput, da Constituição de 1988 prevê, como um dos fundamentos
da República, a dignidade da pessoa humana. O artigo 5º, caput, fala do direito à vida
e segurança, e o artigo 6º, caput, qualifica como direito social o trabalho, o lazer e a
segurança. No artigo 225, caput, ela garante a todos um meio ambiente
ecologicamente equilibrado e, no inciso V, incumbe ao Poder Público o dever de
controlar a produção, comercialização e o emprego de técnicas, métodos e
substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente.
Extrai-se, da análise sistemática de todos esses dispositivos da Carta Federal,
que o Estado não tolerará atividade que ponha em risco a vida, a integridade física e
a segurança dos indivíduos.
Partindo de uma tutela constitucional, tem-se respaldo para proteger o
trabalhador dos mais variados elementos que ameacem comprometer o seu meio
ambiente do trabalho e, por conseguinte, sua saúde. No entanto, a Carta Magna é
genérica e a função de regulamentar tudo isso restou ao legislador infraconstitucional
e atualmente ao Direito Ambiental do Trabalho.
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Fonte: logistica.3co.com.br

Por outro lado, a CLT discorre nos artigos 189 a 197, sobre os adicionais de
insalubridade e periculosidade, regulamentando sua existência, sua fiscalização e sua
eliminação. O artigo 189 define atividades insalubres como aquelas que, por sua
natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a agentes
nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e da
intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos. O artigo 192 diz que
o exercício de atividade insalubre, acima dos limites de tolerância estabelecidos pelo
Ministério do trabalho, garante o recebimento de adicional de 40%, 20% e 10% do
salário mínimo, segundo se classifiquem nos graus máximo, médio e mínimo. A
mesma CLT, no artigo 193, define periculosidade como contato permanente com
inflamáveis ou explosivos em condições de risco acentuado e que o trabalho nessas
condições assegura a percepção de um adicional de 30% sobre o salário. O meio
ambiente de trabalho seguro e adequado é um direito fundamental do trabalhador.

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DEFINIÇÕES IMPORTANTES QUE AJUDARÃO NA CONTINUIDADE DO
ENTENDIMENTO DA MATÉRIA

Fonte: 1.bp.blogspot.com

Área de Proteção Ambiental (APA): Aquela que é declarada com o objetivo


de assegurar o bem-estar das populações e conservar ou melhorar as condições
ecológicas locais; área de preservação ambiental. Dentro dos princípios
constitucionais que regem o exercício da propriedade, o poder público estabelecerá
normas limitando ou proibindo:
a) implantação e funcionamento de indústrias potencialmente poluidoras,
capazes de afetar mananciais;
b) realização de obras de terraplanagem e abertura de canais, quando estas
iniciativas importarem em sensível alteração das condições ecológicas locais;
c) exercício de atividades capazes de provocar acelerada erosão das terras
e/ou acentuado assoreamento das coleções hídricas;
d) exercício de atividades que ameacem extinguir na área protegida as
espécies raras da biota nacional
Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE): Área que tem características
extraordinárias e abriga exemplares raros da biota regional e exige cuidados especiais
de proteção por parte do poder público. O poder público — federal, estadual ou
municipal — declara área de relevante interesse ecológico aquela que, além dos
requisitos estipulados por lei, tiver extensão inferior a 5 mil ha e pequena ou nenhuma

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ocupação humana. Sua proteção tem por finalidade manter os ecossistemas naturais
de importância regional ou local e regular o uso admissível das mesmas.
Área Especial de Interesse Turístico: Trecho de território, inclusive águas
territoriais, instituídas por decreto do Poder Executivo, a ser preservado e valorizado
no sentido cultural e natural, destinado a promover o desenvolvimento turístico e
receber projetos de turismo.
Biodegradável: Diz-se da substância que se decompõe facilmente
reintegrando-se à natureza. Dejetos humanos são biodegradáveis, pois sofrem este
processo natural de reintegração. Muitos produtos industriais não o são, como os
plásticos. Indústrias vêm trabalhando para desenvolver produtos biodegradáveis, por
exemplo, um tipo de plástico biodegradável.
Biodiversidade: Conjunto de plantas, animais, microrganismos e
ecossistemas que sobrevivem na natureza em processos evolutivos de mais de 4
bilhões de anos, que constituem uma variedade biológica de mais de 30 milhões de
organismos vivos.
Biota: Conjunto de seres animais e vegetais de uma região.
Contabilidade ambiental: Avaliação matemática do custo do desgaste que o
meio ambiente sofre em função do desenvolvimento econômico e que traduz em cifras
o peso do meio ambiente no processo de crescimento de um país.
Controle ambiental: Ação pública, oficial ou privada, destinada a orientar,
corrigir e fiscalizar atividades que afetam ou possam afetar o meio ambiente.

Fonte: theos-consulting.de

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Crime ambiental: é qualquer dano ou prejuízo causado aos elementos que
compõem o meio ambiente, protegidos pela legislação. Com a entrada em vigor da
Lei dos Crimes Ambientais, Lei nº 9.605, de 13/02/98, o Brasil deu um grande passo
legal na proteção do meio ambiente, pois na nova legislação traz inovações modernas
e surpreendentes na repreensão a destruição ambiental, revogando muitos
dispositivos, bem como apresentando novas penalidades, reforçando outras
existentes e impondo mais agilidade ao julgamento dos crimes.
Cobrança pelo uso da água - Prevista na Lei de Recursos Hídricos (Lei
Federal 9433/97), parte do princípio de que a água é um bem econômico e seu uso
deve ser racionalizado. Pode haver a cobrança de todos usos sujeitos à outorga, como
captação de água, lançamento de esgotos, ou produção de energia. Pela lei, os
valores arrecadados devem ser aplicados prioritariamente em obras, estudos e
programas na própria área da bacia hidrográfica onde se fez a cobrança. (Fonte: Lei
Federal 9433/97)
Conservação ambiental - Manejo dos recursos do ambiente, ar, água, solo,
minerais e espécies vivas, incluindo o Homem, de modo a conseguir a mais alta
qualidade de vida humana com o menor impacto ambiental possível. Ou seja, busca
compatibilizar os elementos e formas de ação sobre a natureza, garantindo a
sobrevivência e qualidade de vida de forma sustentável.
Dano ambiental: qualquer ato ou atividade considerada lesivos ao meio
ambiente que sujeitarão os autores e/ou responsáveis a sanções penais,
independentemente de terem de reparar os danos causados. Hoje existe a lei de
crimes ambientais 9605/98.
Desenvolvimento sustentável: modelo desenvolvimentista baseado na
obtenção de uma taxa mínima de crescimento, combinada com a aplicação de
estratégias para proteção do meio ambiente.
Fauna: Conjunto de espécie animal de determinada região em um período.
Interesse difuso: interesse juridicamente reconhecido, de uma pluralidade
indeterminada ou indeterminável de sujeitos que, potencialmente, pode incluir todos
os participantes da comunidade geral de referência, o ordenamento geral cuja
normativa protege tal tipo de interesse. O interesse difuso é o interesse que cada
indivíduo possui pelo fato de pertencer à pluralidade de sujeitos a que se refere a
norma. Podemos apontar como típicos interesses difusos o direito à informação, o
direito ao ambiente natural, o respeito das belezas monumentais ou arquitetônicas, o
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direito à saúde e segurança social, o direito a um harmonioso desenvolvimento
urbanístico. Mas os campos mais salientes dos interesses difusos estão na tutela dos
direitos dos consumidores e do direito ao ambiente sadio. Não podemos confundir
interesse difuso com interesse coletivo. Este último corresponde a um grupo
determinado de pessoas como membros de associação de classe, acionistas de uma
mesma sociedade, estudantes da mesma escola, sindicato condôminos, etc.
enquanto que o difuso, como vimos, são pessoas indeterminadas.
Ecossistema: I. Conjunto de plantas e animais dentro de um espaço comum;
a unidade ecológica no mais profundo sentido. II. Nível de organização da natureza:
uma gota de água, um monte de folhas, um tronco, uma região natural, um bosque,
um pântano, etc. (O mesmo que sistema ecológico.)
Estudo de Impacto Ambiental (EIA): Estudo realizado por determinação da
legislação, composto de mapas, gráficos, explicações e conclusões técnicas,
destinado a avaliar as modificações que se operarão no meio ambiente ao se construir
uma obra. O EIA gera o RIMA – relatório de Impacto do Meio Ambiente.
Gestão Ambiental: é a forma pela qual uma empresa se mobiliza, interna e
externamente, na conquista da qualidade ambiental desejada. Para atingir a meta ao
menor custo. O Sistema de Gestão Ambiental (SGA) é a estratégia indicada.
Manancial: Reserva de água, de superfície ou subterrânea, utilizada para
abastecimento humano, animal, industrial ou para irrigação.
Mata Atlântica: Floresta semelhante à Amazônia, que ocorre no litoral leste do
Brasil, nas encostas orientais e atlânticas da serra do Mar; floresta atlântica, mata
costeira, mata litorânea, mata oriental. Muito densa, a Mata Atlântica apresenta
condições fisiográficas peculiares e alta diversidade. Originalmente abrangia um
milhão de quilômetros quadrados, ia do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul,
correspondendo a 12% do território nacional. Devido ao desmatamento e ocupação
sem planejamento, ela ocupa hoje apenas 25 mil quilômetros quadrados, cerca de
0,3% do território brasileiro.
Monóxido de carbono: Gás incolor e inodoro, que apesar de ser combustível
não mantém uma combustão; óxido de carbono. O monóxido de carbono é
extremamente venenoso e pesa menos que o ar. Forma-se em todas as fumaças e
no gás de escapamento de motores. Seu caráter venenoso reside em sua forte
vinculação com a hemoglobina, podendo causar a morte. É um dos maiores fatores
de poluição atmosférica.
20
Queimada: Prática agrícola de limpeza do solo com a queima de produtos da
roçada (mato, galhos, cipós, etc.), o que reduz o custo e a mão-de-obra. A queimada
contribui, entretanto, para a gradual esterilização do solo, acidificando-o e destruindo
grande parte de sua micro vida. As queimadas são as responsáveis pela maioria dos
incêndios florais.
Reciclagem: é toda prática que regenere ou reprocesse um produto
proveniente de outro processo, para que se obtenha um produto útil ou para
reutilização (reuso).
Recurso natural não-renovável: Qualquer dos recursos básicos naturais que
compõem a natureza e que não se reproduzem e deixarão de existir se forem
explorados à exaustão: petróleo, mineral, etc.
Recurso natural renovável: Qualquer dos recursos básicos naturais que
compõem a natureza e que poderão reproduzir-se: os animais, as plantas.
Relatório de Impacto sobre o Meio Ambiente (RIMA): contém o balanço dos
pontos negativos e positivos do impacto ambiental causado por determinada obra,
numa região. O Relatório de Impacto sobre o Meio Ambiente, é baseado na
Constituição Federal e foi regulamentado por lei em janeiro de 1986 e pela resolução
nº 1/86 do Conselho Nacional de Meio Ambiente. Inclui o RIMA as medidas, que são
sugeridas pelos técnicos para a prevenção e/ou redução dos efeitos negativos da obra
e para o incremento dos efeitos positivos.
Sociedade sustentável: Aquela que atende às suas necessidades atuais sem
pôr em risco as perspectivas das gerações futuras. Seve para as empresas o fato de
conciliar o crescimento econômico com estratégias para a proteção ao meio ambiente.
O tema deve ser analisado em conjunto com o “consumo sustentável” e “sociedade
sustentável”.
Voçoroca: Processo erosivo subterrâneo causado por infiltração de águas
pluviais, através de desmoronamento e que se manifesta por grandes fendas na
superfície do terreno afetado, especialmente quando este é de encosta e carece de
cobertura vegetal.
Xaxim: pseudocaule de feto arborescente que é usado para vasos de plantas,
prática extrativista que está levando o vegetal à extinção.

21
DANO AMBIENTAL – FORMAS DE REPARAÇÃO

Fonte:educamundo.com.br

Não encontramos no ordenamento jurídico brasileiro uma definição expressa


do termo dano ambiental, pois a legislação ambiental utiliza as seguintes expressões:
poluidor, degradação ambiental e poluição.
A Lei 6.938/81 que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente,
estabelece no seu artigo 3º, inciso IV, que poluidor “é a pessoa física ou jurídica, de
direito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade
causadora de degradação ambiental”. Ainda, conceitua a degradação ambiental como
a “alteração adversa das características do meio ambiente” (inciso II, do artigo 3º da
citada lei).
Assim sendo, é importante mencionar a definição legal de poluição prevista no
artigo I, da Lei 6.938/81: Poluição é a degradação da qualidade ambiental resultante
das atividades que direta ou indiretamente:
a) prejudicam a saúde e o bem estar da população;
b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;
c) afetem desfavoravelmente a biota;
d) afetem as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; e
e) lancem matéria ou energia em desacordo com os padrões ambientais
estabelecidos.
Como se vê, a legislação define poluidor como a pessoa (física ou jurídica)
causadora da degradação ambiental, por conseguinte, poluidor é o degradador
22
ambiental ou a pessoa que altera adversamente as características do ambiente. O
tratamento legal atribuído a esses conceitos jurídicos (poluidor, poluição e degradação
ambiental) dá ensejo a afirmação de que a poluição não está restrita à alteração do
meio natural, portanto, o meio ambiente a ser considerado pode ser tanto o natural
quanto o cultural e o artificial.
Se a legislação ambiental fornece apenas elementos indicativos da definição
de dano ambiental, a doutrina tem um estudo mais específico e profundo em relação
ao tema, especialmente sobre sua caracterização. Assim, o dano ambiental pode ser
definido como “a lesão aos recursos ambientais, com a consequente degradação-
alteração adversa do equilíbrio ecológico e da qualidade ambiental”.
Primeiro, o dano é um pressuposto da obrigação de reparar e,
consequentemente, um elemento necessário para a configuração do sistema de
responsabilidade civil. Segundo, a definição de dano ambiental abrange qualquer
lesão ao bem jurídico-meio ambiente-, causado por atividades ou condutas de
pessoas físicas ou jurídicas. Ou seja, “o dano ambiental deve ser compreendido como
toda lesão intolerável causada por qualquer ação humana (culposa ou não ao meio
ambiente), diretamente o bem de interesse da coletividade, em uma concepção
totalizante, e indiretamente a terceiros tendo em vista interesses próprios
individualizáveis e que refletem o bem”.
O dano ambiental apresenta características diferentes do dano tradicional,
principalmente porque é considerado bem de uso comum do povo, incorpóreo,
imaterial, autônomo e insuscetível de apropriação exclusiva. Trata-se, aqui, de direitos
difusos, em que o indivíduo tem o direito de usufruir o bem ambiental e também tem
o dever de preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
Desta forma, o dano ambiental pode tanto afetar o interesse da coletividade
quanto seus efeitos podem ter reflexo na esfera individual, o que autoriza o indivíduo
a exigir a reparação do dano, seja ela patrimonial ou extrapatrimonial. Assim, o dano
ambiental tem duas facetas:
a) pode ser produzido ao bem público, neste caso, o titular é a coletividade; e
b) o dano ecológico, é ainda, o dano sofrido por particular enquanto titular do
direito fundamental.
Nesta perspectiva, o dano ao meio ambiente apresenta certas especificidades
em relação aos danos não ecológicos. Primeiro, porque as consequências
decorrentes da lesão ambiental são, via de regra, irreversíveis, podendo ter seus
23
efeitos expandidos para além da delimitação territorial de um Estado. Segundo,
porque a limitação de sua extensão e a quantificação do quantum reparatório é uma
tarefa complexa e difícil, justamente em função do caráter difuso, transfronteiriço e
irreversível dos danos ambientais.
Se a interferência do homem no meio ambiente pode gerar danos, é necessário
estabelecer instrumentos de reparação.
A Constituição Federal de 1988 no capítulo dedicado ao Meio Ambiente
estabelece como forma de reparação do dano ambiental três tipos de
responsabilidade, a saber: civil, penal e administrativa, todas independentes e
autônomas entre si. Ou seja, com uma única ação ou omissão pode-se cometer os
três tipos de ilícitos autônomos e também receber as sanções cominadas.
Em matéria ambiental a responsabilidade ambiental observa alguns critérios
que a diferenciam de outros ramos do Direito. Isto porque ela impõe a obrigação de o
sujeito reparar o dano que causou a outrem. É o resultado de uma conduta antijurídica,
seja de uma ação, seja de uma omissão, que se origina um prejuízo a ser ressarcido.
Estas peculiaridades da responsabilidade civil ambiental são importantes, pois
trazem segurança jurídica, pelo fato do poluidor assumir todo o risco que sua atividade
produzir. Além disso, associado à responsabilidade objetiva está o dever do poluidor
de reparar integralmente o bem ambiental lesado, seja por meio da restauração, seja
por meio da compensação ecológica.
Os danos ambientais são de difícil reparação, especialmente em razão de suas
características que dificilmente são encontradas nos danos não ecológicos.
Apresentam, portanto, as seguintes especificidades:
a) os danos ao meio ambiente são irreversíveis;
b) a poluição tem efeitos cumulativos;
c) os efeitos dos danos ecológicos podem manifestar-se além das proximidades
vizinhas;
d) são danos coletivos e difusos em sua manifestação e no estabelecimento do
nexo de causalidade; e) têm repercussão direta nos direitos coletivos e indiretamente
nos individuais.
A indenização pecuniária é uma forma de reparação secundária do bem
ambiental lesada, portanto, preterida à restauração do dano ambiental. Por outro lado,
tem como fator positivo a certeza da sanção civil, o que garante o caráter coercitivo
da responsabilidade civil ambiental.
24
Verifica-se, portanto, na prática, que nem a restauração e nem a compensação
ecológica é capaz de reconstituir os bens ambientais lesados. Neste sentido, a
indenização pecuniária é uma forma de compensação ecológica, embora o sistema
de reparação ambiental tenha como fim principal à recuperação do patrimônio natural
degradado.

Fonte: concursospublicos.primecursos.com.br

A legislação ambiental brasileira determina no artigo 13 da lei 7347/85 que:


“Havendo condenação em dinheiro, a indenização pelo dano causado reverterá a um
fundo gerido por um Conselho Federal ou por conselhos Estaduais que participarão
necessariamente, o Ministério Público e representantes da comunidade, sendo seus
recursos destinados à reconstituição dos bens lesados. ”
Vamos resumir analisando o direito sob a ótica do direito material. Concluímos
que quanto aos danos difusos ambientais, têm-se três maneiras de repará-los:
a) restauração natural;
b) compensação ecológica; e
c) indenização pecuniária (também considerado uma forma de compensação).
A primazia do ordenamento jurídico pátrio é a restauração natural como forma
de reparação do dano ambiental. Somente quando verificada a impossibilidade
técnica de se restaurar o bem degradado é que medidas compensatórias poderão ser
aplicadas.

25
No caso de aplicação de medidas compensatórias para reparação do dano, é
importante salientar que existe primazia, também aqui, de determinadas formas de
compensação ecológica sobre outras.
Em sentido lato, há que se observar a seguinte ordem de prioridade na
aplicação da medida compensatória:
a) substituição por equivalente no local;
b) substituição por equivalente em outro local; e,
c) somente em último caso, indenização pecuniária.
A indenização pecuniária: trata-se da compensação do dano causado por meio
pecuniário, já que, na prática, a reparação do dano é praticamente impossível.

COMO DENUNCIAR CAUSAS DE AGRESSÃO AO MEIO AMBIENTE

Fonte: thumbs.dreamstime.com/

Todo cidadão tem o direito e o dever de denunciar uma agressão ao meio


ambiente. A primeira atitude a ser tomada é, uma vez sabendo quem é o agente
infrator, tentar uma conversa, a fim de conscientizá-lo do dano que está provocando
e a sugestão de medidas alternativas para agir, que não sejam prejudiciais ao meio
ambiente.
Caso a tentativa de conscientização não dê certo, o jeito será preparar uma
denúncia e encaminhá-la ao órgão ambiental correto, pois, caso contrário, não surtirá
nenhum efeito.

26
Importante, também, não esquecermos que a imprensa é uma grande aliada
nesse processo: pois coloca em evidência os danos ambientais e gera uma discussão
social, podendo levar a questão à resolução de forma mais rápida e consciente.
Feitas essas primeiras considerações, vamos indicar o "caminho das pedras"
para a realização de uma denúncia. Quem pode denunciar? Qualquer cidadão.
Entretanto, é bom ressaltar que se a denúncia partir de um grupo de pessoas ou com
o apoio de uma ONG, sua força será maior.
Deve ser feita por escrito ou por telefone? Em casos emergenciais, como, por
exemplo, um incêndio florestal, a denúncia pode ser feita por telefone ou
pessoalmente. Nos outros casos, o meio mais eficiente é a denúncia escrita, relatando
o dano com o máximo de detalhes (fatos, data, horário, endereço completo do local e
todos os dados disponíveis dos infratores) e com provas (fotos, reportagens,
documentos, mapa do local,). Pode ser feita, também por abaixo assinado, sendo que
este deve conter não só a assinatura, mas o nome completo e o RG dos signatários.
Dica: na denúncia escrita, é sempre bom guardar uma prova de que o documento foi
entregue (protocolo no órgão responsável ou na empresa, ou, se enviado por correio,
carta com aviso de recebimento - AR).
Para quem mandar a denúncia? Em termos de dano ambiental, o órgão federal
principal pela fiscalização e controle ambiental é o IBAMA. Pode-se remeter a
denúncia para a sede, em Brasília, ou para a superintendência estadual. Já no âmbito
estadual, além da superintendência do IBAMA, pode-se buscar os órgãos estaduais
responsáveis, bem como as Procuradorias do Meio Ambiente, ou, dependendo do
caso, as Polícias Civil ou Militar (tendo em vista que a agressão ambiental é crime).
Em caso de dano contra o consumidor, o mais recomendável é buscar os PROCONs
estaduais e as Promotorias de Defesa do Consumidor.

ÓRGÃOS PÚBLICOS RECEBEM DENÚNCIAS DE AGRESSÕES AMBIENTAIS

IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais


Renováveis: é o principal órgão federal para a fiscalização e controle ambiental.
Recebe denúncias sobre caça e comércio ilegal de animais, poluição do ar, da água,
ou do solo.

27
Órgão Estadual do Meio Ambiente (secretaria, diretoria ou departamento):
atende casos de poluição sonora, do ar, caça e comércio ilegal de animais silvestres,
derrubada de árvores.
Procuradorias do Meio Ambiente e de Defesa do Consumidor: podem promover
inquéritos e ações judiciais a partir de denúncias de danos ao meio ambiente, ao
patrimônio público e ao consumidor, sem custo para o cidadão.
Polícia: a agressão ambiental é crime, quer dizer, tanto a Polícia Civil, quanto
a Polícia Florestal e de Mananciais (faz parte da Polícia Militar) podem realizar
autuações, aplicar multas, embargar obras e apreender materiais utilizados durante
uma infração ambiental.
Poder Legislativo (Senado Federal, Câmara dos Deputados, Assembleias
Legislativas e Câmara de Vereadores): em casos de infrações de maior repercussão,
sobretudo quando dependem de uma política pública, podem agir promovendo
debates públicos, solicitando requerimento de informações aos responsáveis, entre
outras medidas. Contatar a Comissão de Meio Ambiente e de Defesa do Consumidor,
quando houver, ou o parlamentar mais sensível à questão.
Conselhos de Meio Ambiente (Conselho Nacional de Meio Ambiente, Conselho
Estadual de Meio Ambiente ou Conselho Municipal de Meio Ambiente): reúne
representantes do setor público e da sociedade civil, podendo exigir, para infrações
de maior repercussão, ações efetivas por parte dos órgãos de meio ambiente.
CNEN - Comissão Nacional de Energia Nuclear: é responsável por todas as
atividades nucleares no país, inclusive o controle e fiscalização de denúncias sobre
lixo nuclear e outros tipos de contaminação radioativa.
Prefeitura Municipal: age em casos de poluição sonora, lixo, construções
clandestinas em áreas de preservação ambiental, praças ou jardins mal conservados,
extração irregular de argila e areia, e demais problemas no âmbito municipal.

28
IMPACTO AMBIENTAL

Fonte: i135.photobucket.com

De acordo com a Resolução do CONAMA n.º 001 de 23/01/86, Impacto


Ambiental é qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do
meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das
atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetem:
a) a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
b) as atividades sociais e econômicas;
c) a biota;
d) as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;
e) a qualidade dos recursos ambientais.
O impacto é positivo quando a ação resulta na melhoria da qualidade de um
fator ou parâmetro ambiental.
O impacto é negativo quando a ação resulta em danos à qualidade de um fator
ou parâmetro ambiental.
A resistência de um ecossistema pode ser entendida como a sua capacidade
de resistir e amortecer impactos negativos sobre a sua estrutura.
A resiliência pode ser entendida como sendo a velocidade de recuperação da
estrutura geral de um ecossistema após um distúrbio, ou seja, é a capacidade
intrínseca de um sistema em manter sua integridade no decorrer do tempo, sobretudo
em relação a pressões externas.
Para entender melhor a resiliência analisemos as seguintes situações:
29
a) Um ecossistema torna-se degradado quando perde sua capacidade de
recuperação natural após distúrbios, ou seja, perde sua resiliência. Dependendo da
intensidade do distúrbio, fatores essenciais para a manutenção da resiliência como,
banco de sementes no solo, capacidade de rebrota das espécies, chuva de sementes,
dentre outros, podem ser perdidos, dificultando o processo de regeneração natural ou
tornando-o extremamente lento.
b) As áreas desflorestadas diminuem sua capacidade de retenção de água,
aumentando o escoamento superficial, exportando assim grande carga de sólidos
para os cursos de água. Esta destruição ambiental diminui a resistência e a resiliência
dos ecossistemas tendo como consequência o aumento das enchentes em períodos
de intensas chuvas e tornando ainda mais dramáticos os efeitos das secas
prolongadas.
O Relatório de Impacto sobre o Meio Ambiente (RIMA) contém o balanço dos
pontos negativos e positivos do impacto ambiental causado por determinada obra,
numa região. O Relatório de Impacto sobre o Meio Ambiente, é baseado na
Constituição Federal e foi regulamentado por lei em janeiro de 1986 e pela resolução
nº 1/86 do Conselho Nacional de Meio Ambiente. Inclui o RIMA as medidas, que são
sugeridas pelos técnicos para a prevenção e/ou redução dos efeitos negativos da obra
e para o incremento dos efeitos positivos.
Exemplos dos principais impactos ambientais negativos enfrentados por
municípios brasileiros:
a) lançamento de esgoto residencial e efluentes industriais, ocasionando
poluição nos corpos de água superficiais e subterrâneos;
b) disposição inadequada dos resíduos sólidos e da saúde;
c) áreas urbanas com crescimento desordenado, mesmo em municípios aonde
há Plano diretor;
d) erosão e assoreamento devido ao desmatamento de matas ciliares,
atividades mineradoras, algumas delas clandestinas e manejo inadequado das áreas
agrícolas;
e) ocupação por residências ilegais em áreas no entorno de antigas voçorocas;
f) alteração dos perfis longitudinais e transversais dos córregos, ocorrendo
degradação da paisagem devido principalmente a extração mineraria e seus acúmulos
desordenados de seus rejeitos, não obedecendo o que já está previsto por lei. Não há

30
nenhum manejo adequado com medidas mitigadoras para diminuir os impactos dessa
atividade.
g) principalmente nas áreas urbanas a intensa impermeabilização do solo pela
utilização de asfalto para a pavimentação das ruas e aumento do número de
construções, sem o devido acompanhamento da ampliação da rede de esgoto,
juntamente com mau tratamento das redes mais antigas e do acúmulo de lixo, pela
própria população, nas ruas da cidade, vem acarretando aumento do escoamento
superficial e das inundações, tornando as cidades verdadeiras piscinas nas épocas
da chuva;
h) predominância de monoculturas, como a da cana-de-açúcar com seus
efeitos negativos, por exemplo, as queimadas; retirada de matas ciliares substituídas
pelas culturas, a vinhaça e outros. Todavia, neste caso, mais do que nunca, observa-
se que o poder econômico aliado ao político, tentam demonstrar que os benefícios
desta atividade agrícola excede em muito os seus impactos negativos (!!). “E se não
fosse a cana?”, e,
i) utilização sem orientação adequada dos agrotóxicos, ainda recomendados
em doses excessivas àquelas realmente adequadas, aqui outra vez entre o poder
econômico interferindo na melhoria da qualidade de vida e a ambiental;

POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL (Lei nº 9795 de 27 de abril


de 1999)

Fonte: audiper.com

31
CAPITULO I - DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Art. 1º Entende-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o
indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades,
atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso
comum do povo, essencial a sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.
Art. 2º A educação ambiental é um componente essencial e permanente da
educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis
e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não-formal.
Art.3º Como parte do processo educativo mais amplo, todos têm direito à
educação ambiental, incumbindo:
I - ao Poder Público, nos termos dos arts. 205 e 225 da Constituição Federal,
definir políticas públicas que incorporem a dimensão ambiental, promover a educação
ambiental em todos os níveis de ensino e o engajamento da sociedade na
conservação, recuperação e melhoria do meio ambiente;
II - às instituições educativas, promover a educação ambiental de maneira
integrada aos programas educacionais que desenvolvem;
III - aos órgãos integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente - Sisnama,
promover ações de educação ambiental integradas aos programas de conservação,
recuperação e melhoria do meio ambiente;
IV - aos meios de comunicação de massa, colaborar de maneira ativa e
permanente na disseminação de informações e práticas educativas sobre meio
ambiente e incorporar a dimensão ambiental em sua programação;
V - às empresas, entidades de classe, instituições públicas e privadas,
promover programas destinados à capacitação dos trabalhadores, visando à melhoria
e ao controle efetivo sobre o ambiente de trabalho, bem como sobre as repercussões
do processo produtivo no meio ambiente;
VI - à sociedade como um todo, manter atenção permanente à formação de
valores, atitudes e habilidades que propiciem a atuação individual e coletiva voltada
para a prevenção, identificação e a solução de problemas ambientais.
Art. 4º São princípios básicos da educação ambiental:
I - o enfoque humanista, holístico, democrático e participativo;

32
II - a concepção do meio ambiente em sua totalidade, considerando a
interdependência entre o meio natural, o socioeconômico e o cultural, sob o enfoque
da sustentabilidade;
III - o pluralismo de ideias e concepções pedagógicas, na perspectiva da inter,
multi e transdisciplinaridade;
IV - a vinculação entre a ética, a educação, o trabalho e as práticas sociais;
V - a garantia de continuidade e permanência do processo educativo;
VI - a permanente avaliação crítica do processo educativo;
VII - a abordagem articulada das questões ambientais locais, regionais,
nacionais e globais;
VIII - o reconhecimento e o respeito à pluralidade e à diversidade individual e
cultural.
Art. 5º São os objetivos fundamentais da educação ambiental:
I - o desenvolvimento de uma compreensão integrada do meio ambiente em
suas múltiplas e complexas relações, envolvendo aspectos ecológicos, psicológicos,
legais, políticos, sociais, econômicos, científicos, culturais e éticos;
II - a garantia de democratização das informações ambientais;
III - o estímulo e o fortalecimento de uma consciência crítica sobre a
problemática ambiental e social;
IV - o incentivo à participação individual e coletiva, permanente e responsável,
na preservação do equilíbrio do meio ambiente, entendendo-se a defesa da qualidade
ambiental como um valor inseparável do exercício da cidadania;
V - o estímulo à cooperação entre as diversas regiões do País, em níveis micro
e macrorregionais, com vistas à construção de uma sociedade ambientalmente
equilibrada, fundada nos princípios da liberdade, igualdade, solidariedade,
democracia, justiça social, responsabilidade e sustentabilidade;
VI - o fomento e o fortalecimento da integração com a ciência e a tecnologia;
VII - o fortalecimento da cidadania, autodeterminação dos povos e
solidariedade como fundamentos para o futuro da humanidade.

CAPÍTULO II - DA POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL


Seção I - Disposições Gerais

Art.6º É instituída a Política Nacional de Educação ambiental.


33
Art.7º A Política Nacional de Educação Ambiental envolve em sua esfera de
ação, além dos órgãos e entidades integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente
- Sisnama, instituições educacionais públicas e privadas dos sistemas de ensino, os
órgãos públicos da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, e
organizações não-governamentais com atuação em educação ambiental.
Art.8º As atividades vinculadas à Política Nacional de Educação Ambiental
devem ser desenvolvidas na educação em geral e na educação escolar, por meio das
seguintes linhas de atuação inter-relacionadas:
I - capacitação de recursos humanos;
II - desenvolvimento de estudos, pesquisas e experimentações;
III - produção e divulgação de material educativo;
IV - acompanhamento e avaliação.
§1º Nas atividades vinculadas à Política Nacional de Educação Ambiental serão
respeitados os princípios e objetivos fixados por esta Lei.
§2º A capacitação de recursos humanos voltar-se-á para:
I - a incorporação da dimensão ambiental na formação, especialização e
atualização dos educadores de todos os níveis e modalidades de ensino;
II - a incorporação da dimensão ambiental na formação, especialização e
atualização dos profissionais de todas as áreas;
III - a preparação de profissionais orientados para as atividades de gestão
ambiental;
IV - a formação, especialização e atualização de profissionais na área de meio
ambiente;
V- o atendimento da demanda dos diversos segmentos da sociedade no que
diz respeito à problemática ambiental.
§3º As ações de estudos, pesquisas e experimentações voltar-se-ão para:
I - o desenvolvimento de instrumentos e metodologias, visando incorporação
da dimensão ambiental, de forma interdisciplinar, nos diferentes níveis e modalidades
de ensino;
II - a difusão de conhecimentos, tecnologias e informações sobre a questão
ambiental;
III - o desenvolvimento de instrumentos e metodologias, visando participação
dos interessados na formulação e execução de pesquisas relacionadas à
problemática ambiental;
34
IV - a busca de alternativas curriculares e metodológicas de capacitação na
área ambiental;
V - o apoio a iniciativas e experiências locais e regionais, incluindo material
educativo;
VI - a montagem de uma rede de banco de dados e imagens, para apoio às
ações enumeradas nos incisos I a V.
Seção II - Da Educação Ambiental no Ensino Formal
Art.9º Entende-se por educação ambiental na educação escolar desenvolvida
no âmbito dos currículos das instituições de ensino público e privados, englobando:
I - educação básica: a) educação infantil; b) ensino fundamental; c) ensino
médio;
II - educação superior;
III - educação especial;
IV - educação profissional
V - educação de jovens e adultos.
Art. 10. A educação ambiental será desenvolvida como uma prática educativa
integrada, contínua e permanente em todos os níveis e modalidades do ensino formal.
§ 1º A educação ambiental não deve ser implantada como disciplina específica
no currículo de ensino.
§2º Nos cursos de pós-graduação, extensão e nas áreas voltadas ao aspecto
metodológico da educação ambiental, quando se fizer necessário, é facultada a
criação de disciplina específica.
§3º Nos cursos de formação e especialização técnico-profissional em todos os
níveis, deve ser incorporado conteúdo que trate da ética ambiental das atividades
profissionais a serem desenvolvidas.
Art. 11. A dimensão ambiental deve constar dos currículos de formação de
professores, em todos os níveis e em todas as disciplinas.
Parágrafo único. Os professores em atividade devem receber formação
complementar em suas áreas de atuação, com o propósito de atender
adequadamente ao cumprimento dos princípios e objetivos da Política Nacional de
Educação Ambiental.
Art. 12. A autorização e supervisão do funcionamento de instituições de ensino
e de seus cursos, nas redes públicas e privada, observarão o cumprimento do disposto
nos Arts 10 e 11 desta Lei.
35
Seção III - Da Educação Ambiental Não-Formal

Art. 13. Entendem-se por educação ambiental não-formal as ações e práticas


educativas voltadas à sensibilização da coletividade sobre as questões ambientais e
à sua organização na defesa da qualidade do meio ambiente.
Parágrafo único. O Poder Público, em níveis federal, estadual e municipal,
incentivará:
I - a difusão, por intermédio dos meios de comunicação de massa, em espaços
nobres, de programas e campanhas educativas, e de informações acerca de temas
relacionados ao meio ambiente;
II - a ampla participação da escola, universidade e organizações não-
governamentais na formulação e execução de programas e atividades vinculadas à
educação ambiental não-formal;
III - a participação de empresas públicas e privadas no desenvolvimento de
programas de educação ambiental em parceria com a escola, a universidade e as
organizações não-governamentais;
IV - a sensibilização da sociedade para a importância das unidades de
conservação;
V - a sensibilização ambiental das populações tradicionais ligadas às unidades
de conservação;
VI - a sensibilização ambiental dos agricultores;
VII - o ecoturismo.

CAPÍTULO III - DA EXECUÇÃO DA POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO


AMBIENTAL

Art. 14. A coordenação da política Nacional de Educação Ambiental ficará a


cargo de um órgão gestor, na forma definida pela regulamentação desta Lei.
Art. 15. São atribuições do órgão gestor:
I - definição de diretrizes para implementação em âmbito nacional;
II - articulação, coordenação e supervisão de planos, programas e projetos na
área de educação ambiental, em âmbito nacional;
III - participação na negociação de financiamentos de planos, programas e
projetos na área de educação ambiental.
36
Art. 16. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, na esfera de sua
competência e nas áreas de sua jurisdição, definirão diretrizes, normas e critérios para
a educação ambiental, respeitados os princípios e objetivos da Política Nacional de
Educação Ambiental.
Art. 17. A eleição de planos e programas, para fins de alocação de recursos
públicos vinculados à Política Nacional de Educação Ambiental, deve ser realizada
levando-se em conta os seguintes critérios:
I - conformidade com os princípios, objetivos e diretrizes da Política Nacional
de Educação Ambiental;
II - prioridade dos órgão integrantes do SISNAMA e do Sistema Nacional de
Educação;
III - economicidade, medida pela relação entre a magnitude dos recursos a
alocar e o retorno social propiciado pelo plano ou programa proposto;
Parágrafo único. Na eleição a que se refere o caput deste artigo, devem ser
contemplados, de forma equitativa, os planos, programas e projetos das diferentes
regiões do País.
Art.18. (Vetado)
Art.19. Os programas de assistência técnica e financeira relativos ao meio
ambiente e educação, em níveis federal, estadual e municipal, devem alocar recursos
às ações de educação ambiental.

CAPÍTULO IV - DISPOSIÇÕES FINAIS


Art.20. O Poder Executivo regulamentará esta lei no prazo de noventa dias de
sua publicação, ouvidos o conselho Nacional de Meio Ambiente e o Conselho nacional
de Educação.
Art.21. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

37
A QUESTÃO AMBIENTAL NA EMPRESA

Fonte: abre.org.br/

A questão ambiental é uma realidade que chegou definitivamente às empresas


modernas. Deixou de ser um assunto de ambientalistas para se converter em SGA
(Sistema de Gestão Ambiental), e não se trata de um tardio despertar de consciência
ecológica dos empresários e gerentes, mas uma estratégia de negócio.
A globalização dos problemas ambientais é um fato incontestável e as
empresas estão desde a sua origem no centro desse processo e qualquer solução
efetiva para os problemas envolve essas empresas. Dentro desse contexto foram
criadas normas de proteção ambientais, em especial a ISO 14000, que tem como
função estabelecer um mecanismo mundial de uniformização das metodologias para
implantação de sistema de gestão ambiental visando o aperfeiçoamento das relações
das empresas com o meio ambiente
Empresa não é uma questão separada do meio ambiente. A empresa é a
questão central do meio ambiente. As formas como fazemos negócios refletem aquilo
em que acreditamos e o que valorizamos. A empresa é também a força
contemporânea mais poderosa de que dispomos para estabelecer o curso dos
eventos da humanidade.
Quanto antes as organizações enxergarem a questão ambiental como
oportunidade competitiva, maior será sua probabilidade de sobreviver e lucrar. É pela
ênfase da questão ambiental como uma oportunidade de lucro que poderemos
controlar melhor os prejuízos que temos causados ao meio ambiente.
38
DIREITO AMBIENTAL

A preocupação com o meio ambiente vem de antes da Constituição Federal de


1988, por exemplo, com o código florestal (lei 4771/65) e a lei de fauna (lei 5197/67).
Contudo tem-se um capítulo nela todo dedicado ao Meio Ambiente começando
no artigo 225, da Constituição Federal que diz:

“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso


comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder
público e à coletividade o poder de defendê-lo e preservá-lo para a presente
e futuras gerações. ”

Em 31 de Agosto 1981, entra em vigor a lei que institui a Política Nacional do


meio Ambiente, criando inclusive o Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA –
lei 6938/81, alterado posteriormente pela lei 7804/89) que descreve quem são os
órgãos superior, central, executor, deliberativo/normativo, seccional e local e suas
funções.
Em 1998, o Congresso Nacional aprovou a lei 9605/98, conhecida como Lei de
Crimes Ambientais. Foi posteriormente regulamentada pelo decreto 3179/99, que foi
revogado pelo decreto 6514/08. Esta lei prevê penalidades nas 3 esferas
(administrativa, civil e penal – art. 3º) tanto para autoria ou coautoria em condutas
lesivas ao meio ambiente, podendo, também, ser responsabilizados pessoas jurídicas.
Essa lei atendeu, de certa forma, às recomendações da Carta da Terra e da
Agenda 21, aprovadas durante a ECO-92, no Rio de Janeiro. Os países signatários
se comprometeram a criar leis para a responsabilização por danos ao meio ambiente
e para a compensação às vítimas da poluição.
A lei ainda é palco de polêmicas, recebeu dez vetos do governo federal e ainda
apresenta muitas lacunas. Mas sua aprovação foi um avanço político e cultural para a
proteção ao meio ambiente, principalmente porque nomeia os crimes ecológicos e
permite punição. É um importante instrumento para ação de defesa do ecossistema e
da qualidade de vida no planeta.
Após essa lei ainda vieram outras leis, decretos e medidas provisórias relativas
a defesa e proteção do meio ambiente como por exemplo a lei que institui a Política
Nacional de Recursos Hídricos (lei 9433/97) e cria o Sistema Nacional de Recursos
Hídricos (SINGREH); a lei do Sistema nacional de Unidade de Conservação (lei

39
9985/00) que dispõe sobre o que é e as categorias de Unidade de Conservação; e
outras.

40
BIBLIOGRAFIA

ANTUNES, Paulo De Bessa. Direito Ambiental. 6ª ed. Rio de Janeiro. Ed. Lúmen Juris,
2002.

BRASIL, Lei de Crimes Ambientais. Lei 9.605. Brasília: Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, 1998.

BRASIL, Política Nacional do Meio Ambiente. Lei n.º 6.938 de 31 de agosto de 1981.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil.


Colaboração de Antônio Luiz de Toledo Pinto; Márcia Cristina Vaz dos Santos Windt.
39. ed. atual. Até a emenda constitucional n. 52 de 8-3-2006, acompanhada de novas
notas remissivas e dos textos integrais das emendas constitucionais e das emendas
constitucionais de revisão. São Paulo: Saraiva, 2006. (Coleção Saraiva de
Legislação).

CLEMENTINO, José Carlos. 2007. Home Page


HTTP://planeta.terra.com.br/educacao/clementino

DIAS, Edna Cardozo. 1999. Manual de crimes Ambientais. Belo Horizonte.


Mandamentos.

DIAS, Genebaldo Freire. 1992. Educação Ambiental: princípios e práticas. Ed. Gaia
Ltda. São Paulo. Ed. Mantiqueira. Campos do Jordão.

LEITE, Carlos Henrique Bezerra, Ação Civil Pública, Editora LTr – São Paulo 2004.

MAZZILLI, Hugo Nigro. 1997. A Defesa dos Direitos Difusos em Juízo. 9ª ed. São
Paulo. Saraiva.

MEIRA, Regina de Fátima. 1998. Ensaio sobre meio ambiente. Monografia

MEIRELLES, Hely Lopes. 1986. A Proteção Ambiental e Ação Civil Pública. São
Paulo. Revista dos Tribunais, 611: 7/13.

RESENHA DE AULAS DADAS NO CEUNSP- Faculdade de Ciências Gerenciais e


Faculdade Cidade de Salto pelo Prof. José Carlos Clementino. 2000-2009.

41
LEITURA COMPLEMENTAR

Breves considerações sobre os princípios do direito ambiental brasileiro

Fernando de Azevedo Alves Brito, Álvaro de Azevedo Alves Brito

Resumo: A natureza jurídica do meio ambiente e as suas características


revelam uma realidade na qual quaisquer os danos ambientais gerados podem, de
fato, ter reflexos imprevisíveis. Reconhecendo que alguns desses danos podem ser
de caráter irreversível, torna-se inescapável ter como postura ética ambiental prevenir
a ocorrência de degradações ao meio ambiente. O princípio da precaução se adéqua
a esse contexto, de modo que se torna razoável que, em sendo desconhecidas as
consequências de determinada atividade potencialmente lesiva ao meio ambiente,
deve ela ser evitada. Considerando que a vida humana está intimamente ligada à
qualidade do meio ambiente, resta reconhecer que a aplicação do princípio da
precaução é importância não só para a proteção do meio ambiente em si, mas,
também, da própria saúde do ser humano.

Palavras-chave: Direito Ambiental, Meio Ambiente, Princípio da Precaução,


Tutela Ambiental, Tutela da Saúde.

Introdução

O estudo dos princípios é fundamental para qualquer pesquisa jurídica. Diz-se


isto pela certeza de que os princípios são a própria alma de um ordenamento.
Enquanto as normas e as leis, com (e todos os seus processos e as suas
formalidades, constroem o corpo de um ordenamento jurídico, os princípios, em si,
formam o espírito, a essência que banha internamente o corpo ordenamental, dando-
lhes vitalidade e sentido. Em outras palavras, “princípios são proposições, diretrizes
características às quais deve subordinar-se todo o desenvolvimento ulterior. Nesse
sentido, os princípios despertam a ideia do que é primeiro em importância; e na ordem
da aceitação, do que é fundamental” (RIBEIRO JÚNIOR, 1997, p.11).
Por esta ótica, fundamenta-se a necessidade de confecção deste tópico. Afinal,
sem compreender os princípios que norteiam o Direito Ambiental, ainda que de
42
maneira panorâmica, seria inviabilizada a possibilidade de uma compreensão mais
ampla do próprio princípio da precaução e de sua importância para a tutela do meio
ambiente e da saúde humana.
Nesse panorama, decidiu-se por efetivar uma breve explanação sobre os
princípios do Direito Ambiental, com a intenção de construir um alicerce básico,
fundamental e indispensável, para a compreensão geral do próprio tema nuclear desta
pesquisa.
Optou-se, contudo, por tratar o princípio da precaução em um tópico isolado,
como forma de viabilizar uma compreensão particular de suas características.

Princípio do Desenvolvimento Sustentável

Nesse princípio, a pedra de toque é a palavra sustentabilidade.


Sustentabilidade que não inibe, de qualquer forma, os desequilíbrios naturalmente
provocados pela ação e pela existência humana em seu meio, mas que, notadamente,
não aceita que o desenvolvimento humano, em busca de sua constante evolução,
ameace a suportabilidade do meio ambiente ante os impactos gerados. Isto porque
essa suportabilidade faz-se fundamental para que o planeta se mantenha habitável e
existente.
O meio ambiente, em si, possui um limite dentro do qual as influências humanas
são absorvidas, não prejudicando a sua revogabilidade e sustentabilidade[2]. Esse
limite deve ser respeitado! Essa é a essência do desenvolvimento sustentável, que
não impede o homem de desenvolver-se, desde que não ameace a sustentabilidade
ambiental. Sustentabilidade ambiental que envolve, inclusive, a sustentabilidade do
próprio homem e de suas relações com o meio natural e com a sociedade a qual
pertence; afinal, fazem esta parte do complexo que é o meio ambiente (como já foi
esclarecido no tópico em que se conceituou meio ambiente). "Em outras palavras,
para que o desenvolvimento seja sustentável, não basta que seja ecologicamente
sustentável; deve visar igualmente às dimensões sociais, econômicas, políticas e
culturais do desenvolvimento" (SILVA, 1995, p.49).
Terminologicamente, ressaltar-se-á que esse princípio foi desenvolvido em
1972, em Estocolmo, na Conferência Mundial do Meio Ambiente, sendo repetido nas
demais conferências sobre meio ambiente, em especial na ECO- 92, a qual empregou
o termo em onze de seus vinte e sete princípios (FIORILLO,2002, p.24).
43
Princípio do Poluidor-Pagador ou da Responsabilização

A regra presente em todo o Direito Ambiental é a ideia de que se deve prevenir


qualquer dano, derivado da ação humana, que ponha em risco a sustentabilidade e
renovabilidade do meio ambiente. Essa regra é consubstanciada nos dois primeiros
princípios (prevenção e desenvolvimento sustentável).
Apesar de esta ser a regra, acontecem muitas vezes, pela ação de pessoas
descompromissadas com as normas ambientais e/ou pelo descaso do Poder Público
de pôr em prática essas normas, de não serem evitadas as degradações no meio
ambiente.
Ocorrendo esse fato, a medida a ser tomada é o autor da ação degradadora
ser responsabilizado. Nesse caso, "o empreendedor, aquele que representa a
atividade desempenhada, deve arcar com os custos para a mitigação dos danos que
seu empreendimento possa causar, pois esses custos, em princípio, não podem ser
repassados ao cidadão" (MATOS, 2001, p.63).
Essa responsabilização é justamente derivada do fato de que "qualquer
violação ao Direito implica a sanção do responsável pela quebra da ordem jurídica"
(ANTUNES, 1998, p.31). Todavia, quando se trata da degradação ambiental, torna-se
essa violação majorada, já que terá reflexos (pela natureza difusa e pela substância
complexa do meio ambiente), para toda a coletividade e, mais ainda, para todo o
ecossistema.

Princípio da Obrigatoriedade da Ação Estatal

Esse, definitivamente, é um princípio de Direito Ambiental. Por esse princípio,


deve o Estado, por todos os meios possíveis, prevenir as degradações a esse bem e,
havendo as degradações, punir o degradador, responsabilizando-o com base no
princípio do poluidor-pagador e com a aplicação coerente das normas ambientais
brasileiras. Além desse fato, "o Estado deve assumir a condução da política ambiental,
por meio de seus órgãos competentes, efetivando os controles necessários à
manutenção da qualidade de vida" (MATOS, 2001, p.61).
Outro reflexo desse princípio encontra-se na ideia de que o Estado deve AGIR
OBRIGATORIAMENTE no sentido de notificar[3] os demais Estados sobre o
surgimento de eventos ambientalmente nocivos, mais precisamente se houver
44
proporções que levem prejuízos a outras nações, em outros territórios. Destarte, é
obrigação do Estado efetivar a notificação, sendo que esta, "refere-se ao
comportamento entre nações, levando-as à obrigatoriedade de comunicação de
eventos danosos ao meio ambiente, principalmente quando os efeitos são
transfronteiriços" (MATOS, 2001, p.61).

Princípio do Direito Humano Fundamental

Esse princípio é adotado por ANTUNES (1998) e por DEEBEIS (1999). É


derivado da própria substancialidade do direito ao meio ambiente, já que o mesmo é
um direito humano fundamental. Daí brota o princípio! Sustenta-se esse entendimento
pelo fato de "(...) o reconhecimento do direito ao meio ambiente saudável já está
registrado em documentos internacionais de grande relevância (...)".
Esse princípio, além de ter sido configurado na Constituição Federal de 1988
"também já penetrou nas Constituições e na legislação de grande número de Estados"
(DALLARI, 1998, p.56).
Por outro lado, o reconhecimento do direito ao meio ambiente como um direito
fundamental é reflexo direto da sua constitucionalização.

Princípio do Direito-Dever da Participação Popular (Democrático ou da


Participação)

Como já foi observado no princípio anterior, o meio ambiente é um direito


humano fundamental, tendo, portanto, o homem direito de usufruir, sustentavelmente,
desse bem. Além do mais, tem a população o direito de participar ativamente da
proteção desse bem.
Todavia, cabe ressaltar que não só tem a coletividade o direito facultativo de
participar e cobrar para que o meio ambiente não seja ameaçado, mas,
conjuntamente, tem a coletividade o DEVER de proteger o meio ambiente para as
presentes e futuras gerações. Desse modo, a participação popular não pode ser
encarada como um mero fruto da faculdade do cidadão, mas, ao contrário, deve ser
um imperativo.

45
"Acrescente-se a isso a impossibilidade de viver democraticamente se os
membros da sociedade não externarem suas opiniões e vontades" (DALLARI, 1998,
p.16).
Princípio da Cooperação
Ao estender à coletividade o dever de proteger o meio ambiente para as
presentes e futuras gerações, reconhece-se que a ação isolada dos sujeitos desse
dever (Poder Público e coletividade) não seria suficiente ou eficaz para a tutela do
meio ambiental. Por esse fato, foi estabelecida a necessidade de que ambos
participassem simultânea e, quando possível, conjuntamente. Assim sendo, surgiu
como princípio a necessidade da cooperação entre o Poder Público e a coletividade,
com o fito de viabilizar a proteção ambiental e a materialização da ideia de
desenvolvimento sustentável.
Princípio da Soberania dos Estados
Esse princípio é amplamente fortificado no Direito Internacional e, geralmente,
reforçado nas constituições nacionais. Esse princípio, no Direito Ambiental, deixa claro
que cada Estado tem a liberdade para proteger o meio ambiente presente em seu
território, de modo que, precipuamente, não poderá um Estado ou Organismo externo
ditar as normas que deverão ser aplicadas na preservação do meio ambiente nacional.
"As nações têm total soberania para o estabelecimento de sua política
ambiental, ditando os parâmetros a serem seguidos no seu território, com o objetivo
de equilibrar o meio ambiente com o desenvolvimento" (MATOS, 2001, p.64).
Destarte, cabe ao Estado legislar e executar as suas políticas ambientais sem
intervenções externas, com o objetivo de proteger e sustentabilizar o meio ambiente.
Todavia, na prática, "deve estar claro que existem mecanismos internacionais de
pressão para que determinada nação adote um determinado controle ambiental"
(MATOS, 2001, p.64).
Princípio da Complexa Educação Ambiental [6]
O princípio da educação ambiental está consolidado no Direito Internacional.
Da mesma forma, vê-se no texto constitucional brasileiro de 1988, no seu inciso VI, §
1°, do art. 225. Esse parágrafo incumbiu o Poder Público de "promover a educação
ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a
preservação do meio ambiente".
Princípio da Ubiquidade

46
Esse princípio é consubstanciado na ideia de que o meio ambiente é ubíquo,
ou seja, está presente em toda parte, em todo o globo, e que, portanto, toda e qualquer
lesão ocorrida em sua estrutura, independentemente do local onde ocorra, tem
reflexos, diretos ou indiretos, em toda a natureza. Dessa forma o que se quer ressaltar
é que "(...) os bens ambientais naturais colocam-se numa posição soberana a
qualquer limitação espacial ou geográfica". Em consequência, "(...) dado o caráter
onipresente dos bens ambientais, o princípio da ubiquidade exige que em matéria de
meio ambiente exista uma estreita relação de cooperação entre os povos, fazendo
com que se estabeleça uma política mundial ou global para sua proteção e
preservação" (RODRIGUES, 2002, p.134).
Os Princípios da Precaução e da Prevenção: Aproximações e Diferenças
Ao efetivar-se, no tópico anterior, uma análise de diversos princípios do Direito
Ambiental, resta tão-somente realizar um relevante estudo sobre os princípios da
precaução e da prevenção, diante de sua relação direta com o tema ora proposto.
A postura de evitar-se a degradação ambiental "ganhou reconhecimento
internacional ao ser incluído na Declaração do Rio (princípio n° 15) que resultou da
Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento − Rio 92"
(ANTUNES, 1998, p.29). Determina que toda e qualquer atividade humana
(governamental ou não) deve ser devidamente calculada no sentido de prevenir que
o seu impacto de alguma forma ameace a sustentabilidade ambiental.
Notar-se-á que o princípio da prevenção não delineia atividades específicas
que devam ser prevenidas, subtendendo-se, portanto, que toda e qualquer atividade,
independentemente de sua natureza ou de seus autores, deva ser estudada
antecipadamente como forma de precaução e com a meta de evitar que, pela sua
imprudência, seja prejudicada não só a sustentabilidade, mas, também, a
renovabilidade ambiental.
"A atuação do Poder Público deve ser preventiva, ou seja, como em todas as
atividades humanas, existe um fator de risco" (MATOS, 2001, p.62). E, de certo, esse
fator de risco deve ser analisado. Nisso consiste o princípio da prevenção.
No Direito Ambiental, é muito comum, entretanto, encontrar-se uma nítida
divergência entre os doutrinadores que se dedicam a comentar os princípios (jus)
ambientalistas da precaução e da prevenção: a) há aqueles que entendem serem eles
um só princípio; e b) aqueles que defendem serem os ditos princípios autônomos e
distintos.
47
Com relação à primeira corrente, pode-se afirmar que:
“A prevenção é reconhecida pela doutrina como um dos princípios do Direito
ambiental. Esse princípio também pode ser reconhecido, doutrinariamente, como
precaução, prudência ou cautela. Muito embora existam as diversas nomenclaturas,
essa diversidade não se reflete na substancialidade dos princípios, tanto que boa
parte dos doutrinadores brasileiros destina a essas expressões as mesmas ideias e
essências, diferente dos portugueses que, por exemplo, diferenciam o princípio da
prevenção do da precaução[7] (BRITO, 2010, p. 55).
Com relação, contudo, à segunda corrente, é possível afirmar que o
conhecimento ou o desconhecimento dos reflexos nocivos de determinado ato
potencialmente degradador do meio ambiente é o critério, geralmente, utilizado pela
doutrina para diferenciar os dois princípios.
Nesses termos, quando o ato ou atividade potencialmente lesiva ao meio
ambiente tem efeitos conhecidos ou previsíveis estar-se-ia falando do princípio da
prevenção.
Por outro lado, quando esses efeitos ou resultados fossem, ao contrário,
desconhecidos, ou seja, imprevisíveis, o princípio em tela seria o da precaução.
Seguindo esse raciocínio, ter-se-ia o princípio da prevenção ao se evitar a caça
de determinadas espécies, da mesma forma que a pesca em determinados períodos
de desova, pois, nesses casos, os reflexos do dano gerado seriam conhecidos ou
previsíveis, isto é, a ameaça de extinção de determinadas espécies ou ainda a
redução da biota.
Contrariamente, quando se fala da proibição de plantação de determinadas
variedades vegetais transgênicas, antes de se efetivarem prévios estudos que
constatem a não existência de ameaça ao equilíbrio ambiental ou a saúde do ser
humano – potencialmente consumidor dos produtos deles advindos –, estar-se-ia
tratando do princípio da precaução, até mesmo porque não há como se prever os
reflexos danosos gerados por esta prática. Não sendo previsível o dano, notadamente,
há referência à precaução e não à prevenção.
Há, igualmente, quem sustente a distinção entre os dois princípios, em fatores
de ordem etimológica, alegando que ambas as nomenclaturas, apesar de
semelhantes, remontariam significados distintos.
Na prática, no entanto, a diferenciação entre os princípios da prevenção e da
precaução parece ser de pouca utilidade.
48
Além do mais, não parece razoável a iniciativa doutrinária de reconhecer dois
princípios distintos pelo mero fato de serem ou não previsíveis os danos ambientais
advindos de determinadas práticas.
A ideia de princípio relaciona-se intimamente com a noção primeira de valor.
Os princípios jurídicos, nesse contexto, seriam uma fonte primeira de vitalidade do
ordenamento jurídico; uma nascente fluvial propriamente dita, da qual brotariam as
gotas iniciais e propulsoras da correnteza de um rio teórico e normativo.
Ao se tentar, todavia, explicar a razão de ser de um princípio pelos resultados
ou consequências de determinadas práticas, como na presente situação, parece estar
incidindo em grave erro, por estar-se invertendo o foco caracterizador dos princípios:
ao invés de considerar-se o valor norteador, considera-se o reflexo dele surgido; ao
invés de considerar-se o início, passa a considerar-se o fim.
Nessa conjectura, é coerente afirmar que tanto o princípio da precaução como
o da prevenção são um único princípio por possuírem eles uma única ideia valorativa
nuclear, um único valor central: evitar a ocorrência do dano ambiental. Nada mais do
que isso.
Desta feita, pouco importa o conhecimento ou não, a previsibilidade ou não do
dano ambiental gerado. Isto não é motivo suficiente para se justificar a existência de
dois princípios autônomos.
Havendo a possibilidade ou a ameaça de ocorrência de uma degradação
ambiental e, por derivação, de ameaça à saúde do ser humano, deve tal degradação
ser evitada, prevenida ou precavida, não importando, assim, qual a expressão que
será utilizada para referir-se a esse fim.
Diante dessa realidade, optar-se-á, neste artigo, por entender a prevenção e a
precaução como um único princípio, divergindo, assim, de boa parte da doutrina
ambientalista. Motivo pelo qual, no próximo capítulo, abordar-se-ão todos e quaisquer
contextos que possam ser entendidos como iniciativa para se “evitar a ocorrência de
dano ambiental”, independentemente de sua previsibilidade.
Por fim, ressaltar-se-á que a importância desse princípio é inquestionável, já
que a ideia de prevenção sempre é a mais oportuna. Principalmente, ao levar-se em
consideração a ideia de que "(...) nem sempre é possível reparar cabalmente um dano
ecológico: haja vistas, por exemplo, à extinção total de certos animais ou vegetais"
(GRASSI, 1995, p.31). Torna-se mais coerente, por esse motivo, evitar o surgimento

49
do dano ecológico, do que simplesmente sanar as suas consequências (algumas
vezes irremediáveis).

Considerações Finais

Por tudo quanto exposto, reconhece-se a importância dos Princípios Gerais do


Direito Ambiental, podendo efetivar as seguintes constatações nucleares:
Entende-se, inicialmente, que o Princípio do Desenvolvimento Sustentável
objetiva estabelecer uma sustentabilidade no desenvolvimento das ações humanas,
de sorte que a evolução humana seja orientada pelo parâmetro do que seja
ecologicamente sustentável. Sustentabilidade que abraça as dimensões sociais,
econômicos, políticos e culturais do desenvolvimento.
O Princípio do Poluidor-Pagador ou da Responsabilidade, por sua vez, evoca
a ideia de que se deve prevenir qualquer dano (humano) que ponha em risco a
sustentabilidade e “renovabilidade” do meio ambiente.
O Princípio da Obrigatoriedade da Ação Estatal ensina que o Estado deve
prevenir, por todos os meios possíveis, as degradações ao meio ambiente, assim
como punir o degradador pelos danos por ele causados, responsabilizando-o com
base no princípio do poluidor-pagador e com a aplicação coerente das normas
brasileiras.
O Princípio do Direito Humano Fundamental deriva da própria substância do
direito ao meio ambiente, uma vez que o reconhecimento ao meio ambiente saudável
já está registrado em documentos internacionais de grande relevo; da mesma forma
que se encontra inserido na Constituição de 1988 e nas Constituições e na legislação
de grande número de Estados.
O Princípio do Direito-Dever da Participação Popular (Democrático ou da
Participação) entende que o meio ambiente é um direito humano fundamental, e que
o homem deve usufruir de tal direito com sustentabilidade. Assim, se a coletividade
tem o direito facultativo de participar e cobrar para que o meio ambiente não seja
ameaçado, tem também ela o DEVER de protegê-lo para as presentes e futuras
gerações.
O Princípio da Cooperação ensina que o Poder Público e a Coletividade devem
participar, concomitantemente, para tutelar o meio ambiente.

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O Princípio da Complexa Educação Ambiental determina que cabe ao Poder
Público a promoção da educação ambiental em todos os níveis de ensino e
conscientização pública para a preservação o meio ambiente.
O Princípio da Ubiquidade deixa claro que o meio ambiente é ubíquo, uma vez
que está presente em toda e qualquer parte, e, por esta razão, toda lesão,
independentemente do local em que ocorra, reflete-se em toda natureza.
Os Princípios da Precaução e da Prevenção, por fim, mostraram que toda e
qualquer atividade humana deve ser devidamente calculada, de forma que seu
impacto não ameace a sustentabilidade ambiental.
No mais, aqui se verificou a importância de se debruçar sobre o estudo dos
Princípios do Direito Ambiental. Somente com esse esforço acadêmico, demonstraria,
como ficou demonstrado, que esses princípios, em verdade, são pilares sem os quais
não seria possível obter a compreensão do que seja o próprio Direito Ambiental.

Referências

ANTUNES, Paulo Bessa. Direito ambiental. 2.ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 1998.

BRITO, Fernando de Azevedo Alves. Ação Popular Ambiental: uma abordagem


crítica. 2. ed. São Paulo: Nelpa, 2010.

DALLARI, D. de Abreu. Direitos humanos e cidadania. São Paulo: Moderna, 1998.

DEEBEIS, Toufic Daher. Elementos de direito brasileiro. São Paulo: Leud, 1999.

FIORILLO, Celso A. P. Curso de direito ambiental brasileiro. 3.ed. São Paulo: Saraiva,
2002.

GRASSI, Fiorindo David. Direito ambiental aplicado. Frederico Westphalen: URI,


1995.

MATOS, Eduardo Lima de.Autonomia municipal e meio ambiente. Belo Horizonte: Del
Rey, 2001.

SILVA, Geraldo Eulálio do N. C. Direito ambiental internacional. Rio de Janeiro: Thex,


1995.

51

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