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6 - Diretrizes para A Construção de Barragens
6 - Diretrizes para A Construção de Barragens
Empreendedor
sobre Segurança
de Barragens
Diretrizes para
a Construção
de Barragens
Volume
VI
Diretrizes para
a Construção
de Barragens
Volume
VI
República Federativa do Brasil
Michel Miguel Elias Temer Lulia
Vice-Presidente da República no Exercício do Cargo de Presidente da República
Diretoria Colegiada
Vicente Andreu Guillo (Diretor-Presidente)
Paulo Lopes Varella Neto
João Gilberto Lotufo Conejo
Gisela Damm Forattini
Ney Maranhão
Secretaria-Geral (SGE)
Mayui Vieira Guimarães Scafura
Procuradoria-Federal (PF/ANA)
Emiliano Ribeiro de Souza
Corregedoria (COR)
Elmar Luis Kichel
Brasília – DF
ANA
2016
© 2016, Agência Nacional de Águas (ANA).
Setor Policial Sul, Área 5, Quadra 3, Blocos B, L, M e T.
CEP 70610-200, Brasília, DF
PABX: (61) 2109 5400 / (61) 2109-5252
www.ana.gov.br
Foto de capa:
UHE Barra Grande / Anita Garibaldi (SC) e
Pinhal da Serra (RS)
Crédito: Baesa / Banco de Imagens da ANA
CDU 627.82
Volume
I
ções para elaboração do rantir a segurança das obras
Plano de Segurança da durante e após a construção.
Barragem.
• Volume VII – Diretrizes para a
Manual do
Manual do
Empreendedor
sobre Segurança
de Barragens
e Formulários para Inspeções Operação, Manutenção e
Diretrizes para
a Elaboração do
para Inspeções
de Segurança de
Barragem
Volume
II mentos, conteúdo e nível de cedimentos gerais para a ela-
detalhamento e análise dos boração do Plano de
produtos finais das inspeções Operação, Manutenção e Instrumentação,
de segurança. que devem orientar a execução dessas ativi-
dades, de modo a assegurar um adequado
• Volume III – Guia de Revisão
aproveitamento das estruturas construídas,
Manual do
Empreendedor
Periódica de Segurança de
sobre Segurança
de Barragens
se descrevem procedimentos
• Manual do Volume IV – Guia de Guia Prático de
Orientação e Formulários
de Barragens
Volume
VIII
tenção, inspeção e emergên-
Guia de Orientação dos Planos de Ação de
cia para pequenas barragens
e Formulários do
Plano de Ação de
Volume
IV de terra.
se apresentam o conteúdo e
organização de um PAE. Observa-se que o volume destacado se refere ao
• Volume V – Diretrizes para a assunto desenvolvido no presente documento.
Manual do
Empreendedor
sobre Segurança
de Barragens Elaboração de Projetos de Os guias devem ser entendidos como docu-
Barragens, no qual se estabele- mentos evolutivos, devendo ser revisados,
Diretrizes para a
O que são as Diretrizes para a construção de organização e controle das atividades de cons-
barragens? trução, incluindo a estrutura organizacional do
empreendedor e suas obrigações, visando ao
As presentes Diretrizes são um documento que
controle de segurança.
pretende auxiliar na construção das barragens,
uma vez que a qualidade da obra tem uma Capítulo 2 – “Desenvolvimento das Atividades
influência marcante no comportamento futuro de Construção”, no qual se apresentam os
da barragem, do ponto de vista da segurança. principais aspectos a considerar no desenvol-
vimento das atividades de construção, desde o
Ressalta-se que estas diretrizes não têm a pre- conteúdo do Plano de Trabalho da empreitada
tensão de substituir outros manuais e normas à qualidade dos materiais de construção, cui-
existentes de construção de barragens, mas dados na implantação das obras, nos acessos
sim de incorporar o aspecto “segurança” no pro- e comunicações, no canteiro, na exploração
cesso de implantação dessas obras. Espera-se de jazidas de materiais e pedreiras, nas obras
que, com essas diretrizes, os usuários tenham relativas ao desvio do rio, assim como nas es-
uma referência para que suas obras reflitam cavações, na desarborização e desmatamento
empreendimentos mais seguros, de acordo do reservatório e, finalmente, na definição e
com a técnica e conhecimento existentes. instalação dos equipamentos hidromecânicos
e eletromecânicos, bem como as instalações
A quem interessa?
elétricas do canteiro.
Interessa aos Empreendedores/Operadores,
Capítulo 3 – “Barragens de Aterro (Terra e
às empreiteiras responsáveis pela execução
Enrocamento)”, no qual se apresentam os prin-
das obras, assim como aos projetistas res-
cipais aspectos a serem considerados na qua-
ponsáveis pela elaboração dos projetos e aos
lidade, exploração e colocação dos materiais
responsáveis pela elaboração do Plano de
para aterro, filtros, transições, proteção dos
Segurança da Barragem.
taludes e elementos de vedação, na execução
Quais os conteúdos destas Diretrizes? dos tratamentos da fundação das estruturas
de aterro e de concreto, assim como no contro-
Os conteúdos destas Diretrizes compreendem le de qualidade da construção.
as atividades de construção de barragens,
visando às condições de segurança das estru- Capítulo 4 – “Barragens de Concreto”, no
turas construídas. qual se apresentam os principais aspectos a
serem considerados na qualidade, exploração,
Como estão estruturadas estas Diretrizes? armazenagem e colocação dos materiais de
As diretrizes estão divididas nos cinco seguin- construção, na execução de barragens de
concreto de qualquer tipo, seja convencional,
tes capítulos:
seja de concreto compactado a rolo (CCR), na
Capítulo 1 – “Disposições Gerais”, no qual, após execução dos tratamentos da fundação das
a definição do âmbito e objetivos das Diretrizes, estruturas, bem como no controle de qualida-
se apresentam algumas considerações sobre a de de construção.
• Todos os elementos da obra, tal como • Acompanhar a construção, para que seja ga-
foi executada, incluindo os cálculos rantida a qualidade e segurança da obra;
justificativos; • Assegurar a coordenação dos trabalhos de
construção, em conformidade com o es-
• Representação dos aspectos geológicos e
tabelecido no projeto e nas especificações
geotécnicos da fundação da barragem e de
técnicas, considerando as adaptações re-
eventuais obras subterrâneas, assim como
sultantes das reais condições encontradas
dos resultados relativos ao seu tratamento;
na obra e as condicionantes inerentes ao
• Fotografias representativas das escavações Plano de Monitoramento e Instrumentação;
para as fundações e do seu tratamento e • Suspender qualquer trabalho que esteja
dos demais aspectos da construção; sendo executado, sem observância das
• Os resultados dos ensaios de materiais prescrições do projeto e das especificações
utilizados (concreto, solos, enrocamentos, técnicas.
maciço rochoso e outros materiais) e outros A supervisão deve, também, poder averiguar
estudos laboratoriais efetuados e respecti- se a empreiteira tem capacidade para via-
vos relatórios; bilizar as alterações que venha a propor ao
• Os planejamentos de trabalhos; cronograma da obra.
Projeto Executivo
Especificações Técnicas
Quantitativos
Datas-chave
Materiais
Locação da obra
Canteiro
Acessos e comunicações
Jazidas e pedreiras
Pedreiras
Desvio do rio
Túneis ou canais
Escavações
A céu aberto
Subterrâneas
Desarborização e desmatamento
na área do reservatório
Fundações Outras
Tratamentos
da fundação
Aterros ou concretos
do barramento
Órgãos
extravasores
Órgãos de
operação
Equipamentos
hidro e
eletromecânicos
As vias de circulação no canteiro e os acessos Em particular, a localização dos paióis deve ser
às frentes de trabalho, realizados pela em- estudada, de forma a mitigar as consequências
preiteira, deverão ser utilizáveis por todos os resultantes de eventuais acidentes, devendo
intervenientes na construção. o transporte e a estocagem dos explosivos
serem efetuados de acordo com as normas de
O empreendedor deve: segurança oficiais.
• Caso se justifique, poderá ser feita uma As feições de maior interesse na fundação, tais
limpeza com jateamento de ar, de modo como eventuais surgências, deverão receber
a garantir a limpeza da superfície e a re- destaque especial, inclusive acompanhadas
moção efetiva de elementos de pequena de documentação fotográfica e devidamente
dimensão, que dificultam a identificação referenciadas topograficamente.
superficial de fraturas e áreas de esmaga-
No caso da fundação dos aterros em solos, os
mento (após a limpeza com jateamento de
solos dos aterros a serem utilizados diretamen-
ar deve ser sempre feita uma limpeza final
te no contato com a fundação, em especial na
manual de remoção de materiais soltos);
área do núcleo, devem possuir um teor de umi-
• Nas áreas mais perturbadas e com fraturas dade suficientemente elevado e uma plastici-
abertas, após uma ligeira sobrescavação e/ dade mínima para permitir uma compactação
ou trabalho pontual de abertura das des- adequada contra as irregularidades do terreno.
continuidades, estas deverão ser seladas;
3.7.2 Consolidação, impermeabilização
• Nas áreas de cisalhamento, em pontos e drenagem
localizados que, em resultado da limpeza
da fundação e da sobrescavação efetuada O tratamento das fundações tem por objetivo
se tenham criado depressões localizadas assegurar aos maciços de apoio dos aterros
ou cavidades que, pela sua geometria, não características adequadas, visando obter um
permitam uma adequada compactação dos bom comportamento estrutural e hidráulico do
aterros da barragem, deve-se proceder ao conjunto barragem-fundação. A consolidação
seu preenchimento com concreto. visa, em especial, melhorar as características
mecânicas do maciço e a impermeabilização, o
Toda a fundação da barragem deve ser objeto
controle da percolação da água no maciço de
de cuidadoso mapeamento geológico-geotéc-
fundação (ICOLD, 2005).
nico, incluindo peças escritas e desenhos. Esse
mapeamento deve ser executado em escala O tipo de tratamento de consolidação e im-
adequada sobre uma planta de escavações, de permeabilização mais comum em maciços
modo a permitir a fácil identificação das carac- rochosos consiste na execução de injeções de
terísticas geológico-geotécnicas da fundação, calda de cimento. Os procedimentos a adotar
e nele devem constar: na realização desses trabalhos devem:
Ensaios e procedimentos
Tipo de Tratamento de verificação
mais frequentes
Drenagem com
execução de poços de alívio ou trin- Inspeção visual para controle na aplicação do material drenante.
cheiras drenante
h) As camadas de aterro deverão desenvol- Figura 19. Aterro zonado. Operações de espalha-
ver-se, em qualquer circunstância, parale- mento e de compactação.
Fonte: COBA, S.A / Banco de Imagens ANA
lamente ao eixo longitudinal da barragem;
Ocorrência de escorregamentos ou
queda de taludes de escavações;
Tipo de
Ensaios e procedimentos de verificação mais frequentes
aterro
Controle de construção através do acompanhamento e observação
Inspeção
visual de todas as operações construtivas, desde a escarificação, des-
visual e tátil
torroamento, correção da umidade, homogeneização, espalhamento e
da camada
compactação.
Controle topográfico das camadas
Granulométrico por peneiramento e sedimentação (ABNT NBR 7181);
Limite plasticidade (ABNT NBR 7180);
Limite de liquidez (ABNT NBR 6459);
Peso específico real dos grãos (ABNT NBR 6508;)
Massa específica aparente com recurso a balança hidrostática (ABNT
NBR 10838 MB 2887/88);
Ensaios de laboratório Teor de umidade (ABNT NBR 6457);
Solos Permeabilidade a carga variável (ABNT NBR 14545/2000).
Compactação
(ABNT NBR 7182).
Adensamento
Unidimensional ou Edométrico (ABNT NBR 12007 MB 3336/90).
Controle da compactação pelo método
de Hilf (ABNT NBR
12102 MB 3443).
Ensaios
Massa específica aparente com recurso a frasco de areia (ABNT NBR
de campo
7185/86).
Massa específica aparente com recurso a cilindro de cravação (ABNT
NBR 9813/87).
Controle de construção através do acompanhamento e observação
Inspeção visual visual de todas as operações de lançamento, espalhamento, saturação
e compactação.
Controle topográfico das camadas
Granulométrico por peneiramento;
Densidade mínima e máxima (ABNT NBR 12004 e 12051)
Filtros,
Permeabilidade (ASTM D2434).
drenos e
transições Ensaios de laboratório Índice de vazios máximo de solos não coesivos (ABNT NBR 12004 MB
3324/90.
Índice de vazios minímo de solos não coesivos (ABNT NBR 12051 MB
3388/91).
Dada a influência dos agregados na qualidade Em cada silo, o tipo de material estocado e a
dos concretos, torna-se indispensável: data do seu carregamento estarem devidamen-
te identificados;
• Uma adequada supervisão dos ensaios
sobre amostras coletadas na origem e das Os meios de transporte dos materiais para
ações acima referidas; os silos e destes para a central de fabricação
de concreto serem adequados, em particular,
• Ensaios dos materiais estocados nos silos evitando o aquecimento dos materiais.
principais, para determinação do módulo de
finura;
A supervisão deve incidir sobre os aspectos
• Ensaios dos materiais que se encontram acima referidos e deve assegurar que os silos se
nos silos da instalação de fabricação de encontrem em bom estado de operacionalidade,
concreto, para determinação dos teores de e que o consumo dos materiais ensilados seja
umidade e de matéria orgânica. efetuado por ordem da sua chegada ao canteiro.
A água a ser utilizada na fabricação dos con- 4.2.1 Composição dos concretos
cretos, em geral, captada no rio, a montante
do local da barragem, deve ser submetida a As composições dos concretos a utilizar na
análises periódicas para determinação das construção de barragens devem respeitar as
suas características físicas e químicas mais im- especificações técnicas e as normas técni-
portantes, de acordo com as normas técnicas e cas e regulamentos aplicáveis, e devem ser
regulamentos aplicáveis. estudadas visando satisfazer às exigências
de qualidade na construção, em especial,
A água deve ser aprovisionada em tanques
quanto à resistência mecânica e química),
(depósitos) que preservem a sua qualidade,
deformabilidade, permeabilidade, trabalhabi-
devendo ainda proceder-se regularmente ao lidade, durabilidade, características térmicas,
controle das condições de operacionalidade dimensão máxima dos agregados e processo
da instalação. de colocação.
Devem ser adotados procedimentos visando do projeto e das especificações técnicas, bem
assegurar a qualidade dos concretos fabrica- como das normas técnicas e regulamentares
dos, a saber: aplicáveis.
As formas e as respectivas estruturas de mon- • As áreas em que a obra é dividida para fins
tagem, obedecendo às formas geométricas de injeção;
das estruturas estabelecidas no projeto, devem
Tipo de
Ensaios Normatização
concreto
Concreto Convencional
Massa
ABNT NBR 9833/87
específica
Início e fim
ABNT NBR 15823
de pega
Concreto
Extração de carotes e determinação de:
endurecido
Em tempo frio, a concretagem deve ser efetua- O plano de concretagem deve definir as cotas
da, de acordo com as especificações técnicas, das camadas de concretagem, as condições
normas técnicas e regulamentos aplicáveis. correspondentes à formação de uma junta fria,
as datas para início e conclusão dos trabalhos,
4.3.9 Formas bem como datas-chave e os períodos previstos
para a montagem dos equipamentos, referidos
As formas e respectivas estruturas de suporte, no item 2.11.
em geral, constituídas por blocos ou painéis
Na elaboração do plano de concretagem, de-
deslizantes, devem respeitar o referido no item
vem ser considerados, entre outros aspectos:
4.2.5 e, em especial, não devem impedir a fácil
movimentação dos equipamentos de compac- • A compatibilização do lançamento do CCR
tação, nem restringir excessivamente o acesso com os elementos da obra, onde é utilizado
às áreas de trabalho. concreto convencional, bem como com os
equipamentos dos órgãos extravasores e de
4.3.10 Juntas de contração e seu operação;
ratamento
• A capacidade em obra para a fabricação,
Nas barragens de CCR, em especial quando a transporte e lançamento do concreto;
estanqueidade é assegurada pelo concreto,
• As épocas do ano em que se efetuam as
devem ser previstas juntas de contração,
concretagens;
• A localização dos instrumentos de obser- Após a instalação, cada instrumento deve ser
vação e os percursos dos cabos de ligação, lido, e os resultados, registrados, de acordo
quando for o caso;
com as metodologias estabelecidas no Plano
• As especificações, relativas à instrumenta- de Monitoramento e Instrumentação. Se o
ção e respectivos acessórios, bem como as sistema de leitura for automatizado, o mesmo
instruções sobre a sua instalação e uso; deve ser descrito.
Deslocamentos
internos (verticais e semanal semanal quinzenal mensal
horizontais)
Vazão
- diárias 3 semanas semanal
de infiltração
Deslocamentos
2 semanais 3 semanais semanal quinzenal
relativos
Deslocamentos entre
semanal 2 semanais quinzenal mensal
blocos/ monolitos
Pressão intersticial no
semanal 2 semanais semanal mensal
concreto
Temperatura do
semanal 2 semanais semanal mensal
concreto
(*) Estas frequências devem se estender por um ano geralmente.
Obs.: Durante o período de instalação são recomendadas leituras antes e durante as várias fases de instalação, para acom-
panhar o desempenho dos instrumentos e detectar eventual problema. No caso de instrumentos embutidos no concreto,
as frequências devem ser intensificadas logo após seu cobrimento.