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INSTITUTO FEDERAL DE SÃO PAULO

Campus Bragança Paulista

Disciplina: Química

APOSTILA 4

MODELOS ATÔMICOS

Prof.: Josias F. Pagotto

DISCIPLINA: QUÍMICA – Prof. Josias F. Pagotto


MODELOS ATÔMICOS
Ao longo dos anos, várias explicações foram formuladas para responder a seguinte pergunta: qual é
a menor parte da matéria? Em outras palavras, do que a matéria é constituída?
A primeira proposta de resposta a esta pergunta veio de dois filósofos gregos: Leucipo e Demócrito.

LEUCIPO E DEMÓCRITO: A Ideia do Indivisível

No ano de 400 a.C., os filósofos gregos Leucipo e Demócrito conceberam a ideia de que a matéria
é formada por pequenas partículas indivisíveis. Eles chamaram estas pequenas partículas que compõem
toda a matéria de ÁTOMO. Não podemos dizer que foi um nome inovador, pois ÁTOMO nada mais é do
que a palavra “INDIVISÍVEL”, em grego. Os filósofos também não deram maiores informações de como
estas partículas seriam, como formato, tamanho, propriedades etc. Por isso, não podemos dizer que este
conceito foi um Modelo Atômico propriamente dito, mas somete uma ideia inicial.

FONTE: http://www.omundodaquimica.com.br/academica/atomistica

1º MODELO ATÔMICO: Modelo da Bola de Bilhar (DALTON)

O primeiro modelo atômico foi proposto por John Dalton, em 1808 d.C. Para ele, o átomo é
semelhante a uma Bola de Bilhar, e deveria possuir quatro características:

ESFÉRICO MACIÇO INDIVISÍVEL INDESTRUTÍVEL

Por isso, este modelo ficou conhecido como MODELO DA BOLA DE BILHAR. De acordo com
Dalton, o átomo não tinha cargas, o que já era uma ideia incoerente, já que a natureza elétrica da matéria,
mesmo naquela época, era evidente.

FONTE: https://pixabay.com/pt/illustrations/bilhar-bola-dois-blue-2-bola-8-3896911/

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2º MODELO ATÔMICO: Modelo do Pudim de Passas (THOMSON)

O segundo modelo atômico foi proposto por Joseph John Thomson, em 1898 d.C. Para ele, o átomo
é semelhante a um Pudim de Passas. Dito isso, é natural que venha à mente do você, caro leitor, a seguinte
pergunta: O QUE É UM PUDIM DE PASSAS???
Este doce não é comum na nossa cultura, aqui do Brasil, porém lembre-se de que estes modelos não
foram elaborados aqui em nosso país, mas foram “importados”, principalmente, de países europeus. Um
Pudim de Passas nada mais é do que um pudim com uvas passas dentro.

O grande trunfo do Modelo Atômico proposto por Thomson é que, segundo ele, o átomo possui
cargas negativas chamadas ELÉTRONS! Por isso, é importante você guardar que:

THOMSON DESCOBRIU O ELÉTRON!!!

Contudo, é muito ruim termos que assimilar um conceito com algo que não está em nossa realidade.
Parece que, fazendo isso, a ideia fica um tanto... abstrata! Por isso, oferecemos outro exemplo mais palpável
que, você leitor, conseguirá fazer um paralelo mais concreto: segundo Thomson, o átomo é semelhante a
um... PANETONE!!! Mas, por favor distinto aluno, não diga que Thomson elaborou o “Modelo do
Panetone”, que certamente isso não será bem visto por um corretor de provas! =)
De acordo com Thomson, o átomo é semelhante a um Pudim de Passas (ou a um “Panetone”): o
átomo é uma esfera maciça e indestrutível, feita com um material de natureza positiva. Como sempre, nosso
objetivo neste material é oferecer a você, caríssimo aluno, a maneira mais fácil de entender as coisas.
Imagine que, segundo Thomson, o átomo é feito de uma gelatina de formato esférico, de natureza positiva
(isso mesmo, a gelatina INTEIRA é positiva!). Ou ainda, no caso do “Panetone”, imagine que a massa do
Panetone possui natureza positiva, e para contrabalancear esta carga positiva, imagine que e as frutas
cristalizadas são os elétrons. Este era o modelo de Thomson!

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FONTE: https://comida.umcomo.com.br/receita/como-fazer-gelatina-de-morango-19105.html

Observe, portanto, que Thomson considerou que o átomo possui CARGAS!!!

Mas, como Thomson percebeu que o átomo possui cargas negativas (os elétrons)?
Ele utilizou um experimento denominado de: TUBO DE RAIOS CATÓDICOS ou AMPOLA DE
CROOKES ou TUBO DE CROOKES (todos estes nomes são corretos, e se referem ao mesmo
experimento). Trata-se de um experimento que NÃO foi desenvolvido por Thomson, mas foi desenvolvido
por William Crookes. É feito por uma Ampola (em outras palavras, um tubo de vidro fechado). Dentro
deste tubo (ou Ampola), era colocado um gás a baixíssima pressão (da ordem de 10-4 atm – nesta condição,
o gás é chamado gás rarefeito). Existe, ainda, dois contatos elétricos e locais diferentes da ampola, que
devem ser conectados aos polos positivo e negativo de uma bateria. Estes contatos elétricos são chamados
de ÂNODO (POLO POSITIVO) E CÁTODO (POLO NEGATIVO).

Foi conectado uma bateria com uma descarga elétrica de cerca de 15.000V. Fazendo isso, apareceu
um feixe luminoso, que surgia no cátodo e desaparecia no ânodo. Devido a esta característica, este feixe
luminoso de ficou conhecido como Raio Catódico (por isso o nome “Tubo de Raios Catódicos”). Este
arranjo experimental foi elaborado por William Crookes.

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O que Thomson fez foi aproximar uma placa carregada a este Raio Catódico. Thomson observou
que, se esta placa estava positivamente carregada, o feixe sofria uma alteração em sua trajetória, sendo
atraído pela placa. E se a placa estivesse negativamente carregada, o feixe sofria repulsão. Com isso,
Thomson concluiu que esses Raios Catódicos carregavam uma carga negativa, à qual fez Thomson concluir
que a matéria possui uma carga negativa, denominada elétron.

3º MODELO ATÔMICO: Modelo Planetário (RUTHERFORD)

O terceiro modelo atômico foi proposto por Ernest Rutherford, em 1911 d.C. Para ele, o átomo é
semelhante ao Sistema Solar. De acordo com Rutherford, o átomo possui um NÚCLEO denso (ou seja,
muito pesado!), porém muito pequeno (comparado ao tamanho do átomo), que se encontra no centro do
átomo (assim como o Sol também está no centro do Sistema Solar)! Os elétrons giram ao redor deste núcleo,
em orbitas imaginárias, constituindo uma região denominada ELETROSFERA (assim como os planetas
também giram em torno do sol). Os elétrons têm uma massa muito pequena, se comparado ao núcleo; tão
pequena que chega a ser desprezível para determinar a massa do átomo, como um todo. No núcleo existem
partículas positivas, chamadas de PRÓTONS. Assim, o átomo, de acordo com Rutherford, pode ser
concebido da seguinte maneira:

Como Rutherford chegou a esta conclusão?

Rutherford fez um experimento utilizando a radioatividade. Ele usou um material radioativo (polônio)
emissor de partículas alfa (α). Este é um tipo de radiação que possui uma massa relativamente alta (é uma
partícula igual a um átomo de Hélio). Rutherford bombardeou uma folha fina de ouro (muito fina, da ordem
de 104 átomos de espessura – acredite, isso é muito fino!) com estas partículas. Se os átomos eram esferas
maciças (como previu Thomson), as partículas deveriam bater na folha e voltar. Porém, o que aconteceu
foi que as partículas transpassaram a fina folha de ouro. E agora, como explicar isso??? Só havia uma
maneira: aceitar que o átomo NÃO era uma esfera maciça, mas sim um “grande vazio”. Como assim? Te

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explico: praticamente 100% da massa do átomo está concentrada no núcleo. Porém, o tamanho do núcleo
é quase insignificante perto do tamanho do átomo (é como comparar o tamanho de uma moedinha com o
tamanho de um estádio de futebol). Assim, a região onde estão os elétrons (a eletrosfera), que corresponde
a quase totalidade do tamanho do átomo, é uma região de um grande vazio!

Os NÊUTRONS (partículas neutras) só foram descobertos mais tarde, em 1932, por James Chadwick. Esta
descoberta explicou porque o núcleo possui estabilidade em sua composição. Afinal de contas, se o núcleo
fosse composto exclusivamente por prótons (cargas positivas), a repulsão entre estas partículas deveria ser
um impeditivo sobre a estabilidade do átomo. Porém, com a descoberta de Chadwick, ficou demonstrado
que os nêutrons têm a função de neutralizar a repulsão entre os prótons.

4º MODELO ATÔMICO: Refinando o Modelo Atômico (BOHR)


Após as contribuições de Rutherford e Chadwick, o modelo atômico ficou muito mais bem explicado e
coerente. Contudo, ainda persistiam algumas questões. A mais intrigante entre elas era esta que relataremos
a seguir: sabemos que o elétron, enquanto partícula, fica constantemente se movendo ao redor do núcleo.
Contudo, pela Física Clássica, sabemos que todo corpo em movimento está gastando energia. E a energia
de qualquer objeto tem que vir de algum lugar (ela não aparece do nada!). Por exemplo, para termos energia
nós temos que ingerir alimentos. Para que uma bolinha em repouso se movimente, nós temos que transferir
parte da nossa energia para a bolinha (seja chutando-a, jogando-a etc.). Contudo, ainda pela Física Clássica,
a energia não é infinita; conforme a bolinha se desloca, ela vai gastando esta energia, até perdê-la
totalmente, e voltar a ficar em repouso. Sabendo disto, por que o elétron se movimenta ao redor do átomo
de forma infinita, sem que sua energia se acabe? E, além disso, há a atração eletrostática entre elétron (carga
negativa) e o próton (carga positiva, localizada no núcleo), o que faria com que o elétron fosse atraído para
o núcleo, à medida que ele perdesse sua energia. Mas... o fato é que isso não acontece!!! E a pergunta é...
POR QUÊ???
Pois bem, Bohr respondeu a esta pergunta!!! Quando falamos sobre o modelo atômico de Bohr, temos que
levar em conta 4 aspectos importantes: MECÂNICA QUÂNTICA, AS CAMADAS ELETRÔNICAS, OS
SALTOS ELETRÔNICOS e o ESPECTRO DESCONTÍNUO.

MECÂNICA QUÂNTICA
A Mecânica Quântica é um ramo da Física que explica o comportamento de partículas pequenas... muito
pequenas!!! Mas, o que é uma partícula muito pequena??? (já que isto pode ser relativo para cada pessoa).
Estamos nos referindo aqui a partículas do tamanho de um átomo ou menores, como um elétron ou um
próton. Portanto são partículas impossíveis de serem enxergadas ou manuseadas com equipamentos
comuns.

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A Mecânica Quântica explica, por meio de conceitos e equações matemáticas, que a energia de uma
partícula muito pequena não se perde com o tempo, mesmo que ela esteja em movimento. De um ponto de
vista da Física Clássica, isto parece loucura, mas lembre-se que estamos apresentando somente um resultado
prático, sem demonstrar cálculos e conceitos que o justifiquem (até porque trata-se cálculos bastante
elaborados, os quais não se aplicam para o Ensino Médio). Mas o fato é que: quando um elétron se
movimenta, ele não perde energia! Portanto, ele tem condições de se deslocar ao redor do núcleo
infinitamente. E sua energia centrípeta contrabalanceia a força de atração com o núcleo (prótons),
impedindo que ele se colapse.

AS CAMADAS ELETRÔNICAS
Rutherford concluiu que os elétrons se movimentavam ao redor do núcleo. Mas Bohr descobriu que estas
partículas não estavam distribuídas de forma aleatória ou bagunçada, mas sim de forma organizada, em
camadas e subcamadas. Na prática, os átomos podem ter, no máximo, 7 camadas eletrônicas (1, 2, 3, ..., 7),
e 4 subcamadas (s, p, d, f).

OS SALTOS ELETRÔNICOS
Como se forma a luz? Bohr também respondeu a esta pergunta, quando descobriu os processos de excitação
e relaxação eletrônicas.
Quando um elétron recebe energia externa (que pode ser na forma de energia elétrica, térmica, ou mesmo
luminosa), ele salta para uma camada superior. Porém, o elétron não permanece em uma camada que não
é a dele. Assim, ele imediatamente retorna à sua camada de origem, liberando exatamente a mesma
quantidade de energia que havia absorvido, na forma de luz. O processo de saltar para uma camada superior
é chamado de “excitação eletrônica”, e o processo de retorno à sua camada de origem (com liberação de
luz) é chamado de “relaxação eletrônica”.
No processo de relaxação eletrônica, o elétron libera um “pacotinho de energia” chamado fóton. Porém,
queridos alunos, um fóton somente não faz nem cosquinha! Mas, enquanto este átomo estiver recebendo
energia externa, estes processos de excitação e relaxação eletrônica ocorrerão “zilhões” de vezes por
segundo, liberando “zilhões” de fótons por segundo. E aí sim, este conjunto enorme de fótons liberados por
segundo formam uma onda eletromagnética, que é a forma com a luz se propaga!

O ESPECTRO DESCONTÍNUO
Espectro eletromagnético é o conjunto de todos comprimentos de onda que uma radiação pode ter. No caso
da radiação eletromagnética, existem vários tipos e níveis de radiações: as ondas de rádio, as ondas de
microondas, a radiação infravermelha (que são ondas de calor), a luz visível (ou seja, as cores que

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enxergamos), a perigosa radiação ultravioleta (que, para evitá-la, passamos protetor solar ao sair), os
perigosíssimos raios-X, e assim por diante.
No caso da radiação visível, o espectro eletromagnético é formado por sucessivos comprimentos de onda
(ou frequências de radiação), cada um compreendendo uma cor diferente.
Quando acendemos uma lâmpada incandescente, e direcionamos seu feixe luminoso sobre um prisma de
vidro, observamos que as cores são dispersadas (como em um arco-íris); por isso, o prisma é considerado
um filtro óptico. Como as cores dispersadas da lâmpada incandescente ocorrem de uma forma contínua, ele
é chamado de ESPECTRO CONTÍNUO. No entanto, se fazemos o mesmo experimento com uma
Lâmpada de Hidrogênio, observamos somente algumas linhas discretas. Mas o que é uma Lâmpada de
Hidrogênio? Nada mais é do que uma ampola de vidro, que contém gás hidrogênio em seu interior. Este
gás é aquecido (energia externa), até que os elétrons adquiram energia suficiente para saltar para outras
camadas, e emitir luz no seu retorno.
No caso de colocarmos um prisma para filtrar a radiação de uma lâmpada de hidrogênio, o resultado da
imagem é chamado de ESPECTRO DESCONTÍNUO, ou ESPECTRO DE LINHAS. Mas por que isto
acontece?
Bohr já havia descoberto que as cores eram resultado das transições eletrônicas. E que, para cada radiação
com frequência (ou comprimento de onda) diferente, equivalia a uma transição eletrônica diferente (ou seja,
entre determinadas camadas). Para que você, caro aluno leitor, possa entender direitinho o que estamos
tentando explicar, o que acontece é que, por exemplo, a transição eletrônica entre as camadas 1 e 2 irá gerar
uma radiação com determinada frequência (e determinada cor). Porém, se este mesmo elétron sofrer
transição entre as camadas 1 e 3, a radiação emitida será diferente (diferente frequência e diferente cor).
Então, concluindo o raciocínio, o que acontece é que como o hidrogênio possui somente 1 elétron, há poucas
possibilidades de transições de seu único elétron, e, portanto, seu espectro eletromagnético será composto
de poucas linhas de radiações. Já uma lâmpada incandescente, que é feita do metal tungstênio, o qual possui
74 elétrons, possui muitas possibilidades de transições de seus 74 elétrons (todos eles podem sofrer
transições!), emitindo muitas radiações diferentes. São tantas radiações emitidas, que elas se fundem e
formam um espectro contínuo.

REFERÊNCIAS:

QUÍMICA (Química Geral) - Ensino Médio – Ricardo Feltre, vol. 1, 6ª edição.

QUÍMICA – Ser protagonista – Ensino Médio – Júlio Cezar F. Lisboa, vol. 1, 3ª edição.

QUÍMICA – Ensino Médio – Usberco e Salvador – volume único, 5ª edição.

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