MUNIZ DA SILVA, 2019. Ritmo e Sustentabilidade Na Contemporaneidade

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ANAIS

da Cidade Contemporânea:
UVV - ES
ORGANIZAÇÃO ANAIS II ARQCIDADE
Ana Paula Rabello Lyra
Erica Coelho Pagel
Larissa Letícia Andara Ramos
Melissa Ramos da Silva Oliveira

Editora: SEDES/UVV-ES

ISBN: 978-65-80794-10-2
ANAIS
VOLUME I

da Cidade Contemporânea:
UVV - ES

1ª EDIÇÃO
2019

EDITORA

SEDES UVV-ES

REALIZAÇÃO

GRADUAÇÃO ARQUITETURA E URBANISMO - UVV MESTRADO ARQUITETURA E CIDADE - UVV

APOIO
Copyright © Ana Paula Rabello Lyra, Erica Coelho Pagel, Larissa Letícia Andara Ramos
e Melissa Ramos da Silva Oliveira (Organizadores) 2019

Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei nº 9,.610, de 19/02/1998.


Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida ou transmitida, sejam quais forem
os meios empregados, sem a autorização prévia e expressa do(s) autor(es).

Projeto Gráfico e Editoração: Pollyana Martins Rodrigues

Catalogação na publicação elaborada pela Biblioteca Central / UVV-ES

C749a Congresso Internacional de Arquitetura e Cidade (2. : 2019 :


Vila Velha, Espírito Santo)

Anais [do] II Congresso Internacional de Arquitetura e Cidade &


X Coletânea Arqurb, 29 a 31 de outubro de 2019 [Recurso eletrônico]:
transformações e desafios da cidade contemporânea : complexidade, redes
e conflitos / organização Ana Paula Rabello Lyra et al. – Vila Velha, ES: SEDES/
UVV-ES, 2019.
1.267 p.: il.
Edição Digital.
ISBN: 978-65-80794-10-2
1. Arquitetura – Aspectos ambientais. 2. Patrimônio cultural. 3. Política
urbana. 4. Arquitetura paisagística. I. Título.
CDD 720
CAMPUS BOA VISTA
Av. Comissário José Dantas de Melo, 21
Boa Vista -Vila Velha ES - CEP 29102-920
27 3421-2001
www.uvv.br

PPGAC - PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E CIDADE


www.uvv.br/ensino-presencial/mestrado/arquitetura-e-cidade | ppgac@uvv.br
27 3421-2297

COORDENAÇÃO DE ARQUITETURA E URBANISMO


arqurbuvv.wixsite.com/arqurb-uvv | arquitetura@uvv.br
27 3421-2099

NEP - NÚCLEO DE ESTUDOS E PRÁTICAS DE ARQUITETURA E URBANISMO,


DESIGN DE PRODUTO E ENGENHARIA CIVIL
nepuvv.wixsite.com/uvvnep | nep.uvv@gmail.com
27 3421-2066
COMISSÃO ORGANIZADORA II ARQCIDADE
Profª. Drª. Ana Paula Rabello Lyra – UVV
Profª. Ms. Andreia Fernandes Muniz – UVV
Prof. Dr. Carlos Hardt – PUCPR
Prof. Dr. Claudio Lima Ferreira – UNICAMP
Profª. Drª. Eneida Maria Mendonça – UFES
Profª. Drª. Larissa Letícia Andara Ramos – UVV
Profª. Drª. Leticia Peret Antunes Hardt – PUCPR
Profª. Drª. Melissa Ramos da Silva Oliveira – UVV
Profª. Ms. Priscilla Silva Loureiro – UVV
Prof. Dr. Vinicius Moraes Neto – UFF

COMITÊ CIENTÍFICO
Alexandre Ricardo Nicolau / Universidade Vila Velha - UVV (Brasil)
Ana Luisa Howard de Castilho / Universidade Anhembi Morumbi - UAM (Brasil)
Ana Paula Rabello Lyra / Universidade Vila Velha - UVV (Brasil)
Andreia Coelho Laranja / Universidade Federal do Espírito Santo - UFES (Brasil)
Andreia Fernandes Muniz / Universidade Vila Velha - UVV (Brasil)
Angela Gomes Souza / Universidade Vila Velha - UVV (Brasil)
Aparecida Netto Teixeira / Universidade Católica de Salvador - UCSAL (Brasil)
Augusto Alvarenga / Universidade Federal do Espírito Santo - UFES (Brasil)
Bruno Massara Rocha / Universidade Federal do Espírito Santo - UFES (Brasil)
Carla Valéria Siqueira Pinto da Silva / Católica de Vitória Centro Universitário - UCV (Brasil)
Carlos Hardt / Pontifícia Universidade Católica do Paraná - PUCPR (Brasil)
Claudio Lima Ferreira / Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP (Brasil)
Clovis Aquino de Freitas Cunha / Universidade Vila Velha - UVV (Brasil)
Cristina Cerqueira Buery / Faculdade de Assistência a Educação - FAESA (Brasil)
Cristina Engel de Alvarez / Universidade Federal do Espírito Santo - UFES (Brasil)
Cynthia Marconsini Loureiro Santos / Universidade Vila Velha - UVV (Brasil)
Edna Aparecida Nico Rodrigues / Universidade Federal do Espírito Santo - UFES (Brasil)
Ednelson Mariano Dota / Universidade Federal do Espírito - UFES (Brasil)
Eneida Maria Mendonça / Universidade Federal do Espírito Santo - UFES (Brasil)
Érica Coelho Pagel / Universidade Vila Velha - UVV (Brasil)
Evandro Ziggiatti Monteiro / Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP (Brasil)
Fernando Diniz Moreira / Universidade Federal de Pernambuco - UFPE (Brasil)
Flavia Nico Vasconcelos / Universidade Vila Velha - UVV (Brasil)
Flavia Ribeiro Botechia / Prefeitura Municiapl de Vitória - PMV (Brasil)
Geise Brizotti Pasquotto / Universidade Paulista - UNIP - CAMPINAS (Brasil)
Geraldo Benício da Fonseca / Universidade Vila Velha - UVV (Brasil)
Gerardo Alberto Silva / Universidade Federal do ABC - UFABC (Brasil)
Gilton Luís Ferreira / Universidade Federal do Espírito Santo Brasil)
Giovanilton André Carreta Ferreira / Universidade Vila Velha - UVV (Brasil)
Haroldo Gallo / Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP (Brasil)
João Luiz Calmon Nogueira da Gama / Universidade Federal do Espírito Santo e Universidade
Federal da Bahia (Brasil)
Johann Andrade Ferrareto / Centro de Pesquisas ArcelorMittal (Brasil)
Júlia Maria Brandão Barbosa Lourenço / Universidade do Minho (Portugal)
Karla do Carmo Caser / Universidade Federal do Espírito Santo - UFES (Brasil)
Karla Moreira Conde / Universidade Federal do Espírito Santo - UFES (Brasil)
Laila Souza Santos / Universidade Vila Velha - UVV (Brasil)
Larissa Letícia Andara Ramos / Universidade Vila Velha - UVV (Brasil)
Latussa Bianca Laranja Monteiro / Instituto Jones dos Santos Neves - IJNS (Brasil)
Laudelino Roberto Schweigert / Universidade Anhembi Morumbi - UAM (Brasil)
Leonardo Loyolla Coelho / Belas Artes - SP (Brasil)
Leopoldo Eurico Gonçalves Bastos / Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ (Brasil)
Leticia Peret Antunes Hardt / Pontifícia Universidade Católica do Paraná - PUCPR (Brasil)
Leticia Tabachi Silva / Instituto Jones dos Santos Neves - IJSN (Brasil)
Liziane de Oliveira Jorge / Universidade Federal de Pelotas - UFPEL (Brasil)
Luciana Aparecida Netto de Jesus / Universidade Federal do Espírito Santo - UFES (Brasil)
Luciana Vallin Gonçalves Dias / UNIFEOB - MG (Brasil)
Luiz Marcello Gomes Ribeiro / Universidade Vila Velha - UVV (Brasil)
Lutero Proscholdt Almeida / Universidade Federal do Espírito Santo - UFES (Brasil)
Marcelo Seidel Fiorotti / Faculdade de Assistência a Educação - FAESA (Brasil)
Marco Antonio Cypreste Romanelli / Universidade Federal do Espírito Santo - UFES (Brasil)
Maria Estela Rocha Ramos / UNIME - BA (Brasil)
Marina Simone Dias / Adjuntament de Sant Just Desvern (Espanha)
Mário Márcio Santos Queiroz / Campos dos Goytacazes e Universidade de Lisboa - CIAUD
Maristela Gava / Universidade Estadual Paulista - UNESP (Brasil)
Martha Machado Campos / Universidade Federal do Espírito Santo - UFES (Brasil)
Melissa Ramos da Silva Oliveira / Universidade Vila Velha - UVV (Brasil)
Michela Sagrillo Pegoretti Fadini / Centro Universitário FAESA (Brasil)
Milton Esteves Junior / Universidade Federal do Espírito Santo - UFES (Brasil)
Pablo Silva Lira / Universidade Vila Velha - UVV (Brasil)
Patrícia Stelzer da Cruz / Centro Universitário FAESA (Brasil)
Paulo Sergio de Paula Vargas / Universidade Federal do Espírito Santo - UFES (Brasil)
Peter Ribon Monteiro / FIAM-FAAM (Brasil)
Priscilla Silva Loureiro / Universidade Vila Velha - UVV (Brasil)
Rachel Zuanon / Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP (Brasil)
Raquel Tardin Coelho / Universidade Federal do Rio de Janeiro - FAU-UFRJ (Brasil)
Renan Lubanco Assis / Universidade Vila Velha - UVV (Brasil)
Renata Hermanny de Almeida / Universidade Federal do Espírito Santo - UFES (Brasil)
Sarah Lúcia Alves França / Universidade Federal de Sergipe - UFS (Brasil)
Simone Neiva Loures Gonçalves / Universidade Vila Velha - UVV (Brasil)
Stamatia Koulioumba / Universidade Anhembi Morumbi - UAM (Brasil)
Tarcísio Bahia de Andrade / Universidade Federal do Espírito Santo - UFES (Brasil)
Teresa Cristina da Silva Rosa / Universidade Vila Velha - UVV (Brasil)
Teresa Cunha Ferreira Porto / Universidade do Porto - FAUP (Portugal)
Teresa Portela Marques / Universidade do Minho (Portugal)
Virginia Celia Costa Marcello / Universidade Anhembi Morumbi – UAM (Brasil)
Virginia Magliano Queiroz / Faculdade Pitágoras (Brasil)
Viviane Lima Pimentel / Faculdade de Assistência a Educação - FAESA (Brasil)
SOBRE O EVENTO
O II ARQ CIDADE - Congresso Internacional de
Arquitetura e Cidade e X Coletânea Arq Urb visa
promover a aproximação entre instituições acadêmicas
e setores públicos e privados da sociedade civil através
do intercâmbio e da socialização de experiências de
pesquisas desenvolvidas no âmbito das Instituições de
Pesquisas locais, nacionais e internacionais interessadas
na reflexão sobre a Arquitetura e a Cidade.
A temática adotada para a segunda edição do Congresso
“Transformações e Desafios da Cidade Contemporânea:
Complexidade, Redes e Conflito” vai de encontro à área
de concentração do Programa de Pós-Graduação stricto
sensu em Arquitetura e Cidade da Universidade Vila
Velha, que visa uma abordagem ampla e simbiótica entre
a Arquitetura e a Cidade, por meio da reflexão crítica
sobre a produção do ambiente construído através: dos
fenômenos relacionados ao processo e a prática projetual
da arquitetura e do urbanismo; o planejamento, a gestão
e a avaliação do desempenho do edifício e do território,
em suas diversas vertentes (espacial, social ambiental,
cultural, político, econômico e comportamental).
As atividades propostas para esse evento visam ainda
criar oportunidades de divulgação e socialização de
produções científicas com foco na inovação e geração
de conhecimentos, fomentar parcerias entre academia,
poder público, setores produtivos, sociedade civil e
demais responsáveis pela transformação das cidades
contemporâneas, no âmbito nacional e internacional.
PROGRAMAÇÃO
29 de OUT
terça-feira
16h as 19h30 CREDENCIAMENTO
19h30 C ERIMÔNIA DE ABERTURA
PALESTRA
TARDE e NOITE "EDUCATIONAL AND CULTURAL EQUIPMENT" URBAN,
CINETEATRO 20h
ARCHITECTURAL AD LANDSCAPE PROCESSES”
Arq. Mario Fernando Camargo Gómez (Colectivo 720) - COLÔMBIA
LANÇAMENTO DO LIVRO
21h30
"COLEÇÃO ARQUITETURA E CIDADE" e COFFEE BREAK

30 de OUT 31de OUT


quarta-feira quinta-feira
8h - 8h30 CREDENCIAMENTO CREDENCIAMENTO
PALESTRA
PALESTRA
"CIDADE, ENCONTROS E
Prof. Marcelo Claudio
8h30 COPRESENÇA"
Tramontano
Prof. Renato Tibiriça de Saboya
(NOMADS - USP)
(Pós ARQ UFSC)
9h30 COFFEE BREAK COFFEE BREAK
PALESTRA
"O FENÔMENO DO
PALESTRA ADENSAMENTO
"A METRÓPOLE NO AMANHÃ: POPULACIONAL MUNDIAL E A
ENTRE A FUNCIONALIDADE, EXPANSÃO DAS
10h
DISTOPIA E A UTOPÍSTICA" MEGACIDADES: DESAFIOS
Prof. Luiz Cesar de Queiroz ATUAIS PARA ARQUITETURA E
MANHÃ
Ribeiro (IPPUR/UFRJ) URBANISMO"
CINETEATRO
Prof. Wilson Ribeiro dos Santos
Junior (PUC Campinas)
MESA MESA
DEBATE COM PALESTRANTES DEBATE COM PALESTRANTES
CONVIDADOS CONVIDADOS
MEDIADOR: Prof. Dr. Pablo Silva MEDIADORAS: Profas. Drª.
Lira (Diretor de Integração e Eneida Maria Souza Mendonça
11h - 12h (Líder do Grupo de Pesquisa
Projetos Especiais do IJSN
e Coordenador do Núcleo Vitória Núcleo de Estudos de Arquitetura
do INCT Observatório das e Urbanismo - NAU UFES) e Drª.
Metrópoles (UFRJ/IPPUR) e Dr. Ana Paula Rabello Lyra (Líder do
Carlos Hardt (Urban Knowledge Grupo de Pesquisa Dignidade
Net – UKN International) Urbana - UVV)
12h - 14h INTERVALO INTERVALO
TARDE
UNID. ACAD. II 14h - 18h WORKSHOPS WORKSHOPS
(PRÉDIO ROSA)
19h - 20h15 COMUNICAÇÕES COMUNICAÇÕES
NOITE
UNID. ACAD. II 20h15 - 20h30 INTERVALO INTERVALO
(PRÉDIO ROSA)
20h30 - 22h COMUNICAÇÕES COMUNICAÇÕES
SUMÁRIO por eixo temático e título

EIXO 1
ARQUITETURA, CIDADE E PATRIMÔNIO CULTURAL
»» DIRETRIZES DE SUSTENTABILIDADE SOCIAL E CULTURAL NA REQUALIFICAÇÃO DO PORTO DE VITÓRIA/ES.................. ������� 19
»» PARTICIPAÇÃO POPULAR NO PROCESSO DE TOMBAMENTO E GESTÃO DO SÍTIO HISTÓRICO DE SOBRAL/CE................. ������� 32
»» A PAISAGEM URBANA E A FORMAÇÃO DA IMAGEM TURÍSTICA DA CIDADE................................................................. ������� 49
»» A CRIAÇÃO DE UM MONUMENTO: PAPA PIO II (1405-1464), PIENZA E SUA CATEDRAL (1459-1462).......................... ������� 60
»» EDUCAÇÃO PATRIMONIAL COMO FERRAMENTA PRESERVACIONISTA: A EXPERIÊNCIA DO U-NASP/SP......................... ������� 73
»» REABILITAÇÃO DE EDIFÍCIO EM VITÓRIA: A FÁBRICA DE SACARIA QUE SE TRANSFORMOU EM FÁBRICA DE IDEIAS...... ������� 90
»» FERRAMENTA PARA MENSURAÇÃO DE DANOS AO PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO TOMBADO: ENSAIO NOS SÍTIOS
HISTÓRICOS CAPIXABAS........................................................................................................................................... ����� 104
»» IMPASSES DO RESTAURO CONTEMPORÂNEO: ANÁLISE DAS PROPOSTAS DE RECONSTRUÇÃO DA COBERTURA DA CATEDRAL
DE NOTRE DAME DE PARIS........................................................................................................................................ ����� 117
»» RUA DO CATETE, RJ: NARRATIVAS DA CIDADE ATRAVESSADAS PELO CONCEITO DE MEMÓRIA DE PAUL RICOEUR......... ����� 133
»» AS AÇÕES DE PRESERVAÇÃO, NEM SEMPRE BEM SUCEDIDAS, NAS PEQUENAS COMUNIDADES: O CASO DA IGREJA MATRIZ
DE MARTINÓPOLIS.................................................................................................................................................... ����� 147
»» INTERVENÇÕES INFORMAIS NA OBRA DOS IRMÃOS ROBERTO: O CASO DO EDIFÍCIO PARQUE LARANJEIRAS............... ����� 162
»» O PATRIMÔNIO DE COMUNIDADES AYAHUASQUEIRAS DO BRASIL: O CASO ESPECÍFICO DO SANTO DAIME EM RIO BRANCO,
ACRE........................................................................................................................................................................ ����� 177
»» PRAINHA DE VILA VELHA: POR UMA NOÇÃO DE SÍTIO HISTÓRICO.............................................................................. ����� 193
»» PATRIMÔNIO E PLANEJAMENTO URBANO: IMPLEMENTAÇÃO DA CONSERVAÇÃO INTEGRADA NO ORDENAMENTO E
DESENVOLVIMENTO LOCAL....................................................................................................................................... ����� 209
»» A LEGISLAÇÃO URBANA ENQUANTO INSTRUMENTO DE CONSTRUÇÃO DA PAISAGEM DE DOMINGOS MARTINS (BRASIL)
������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������� 223
SUMÁRIO por eixo temático e título

EIXO 2
ARQUITETURA E ESTUDOS AMBIENTAIS
»» INFRAESTRUTURA URBANA E SALUBRIDADE AMBIENTAL: UM ESTUDO DE CASO....................................................... ����� 239
»» NORMATIZAÇÃO E SISTEMATIZAÇÃO DOS PROJETOS DE REFORMAS PARA MINIMIZAR ERROS DE EXECUÇÃO.............. ����� 248
»» EFEITO DA MORFOLOGIA URBANA NO CONFORTO AMBIENTAL................................................................................... ����� 263
»» AUXÍLIO À DECISÃO NO PROJETO ARQUITETÔNICO: CASO DE EDIFICAÇÕES ESCOLARES.............................................. ����� 275
»» INDICADORES DE SALUBRIDADE HABITACIONAL NO BAIRRO PORTO DANTAS, ARACAJU-SE....................................... ����� 290
»» ANÁLISE DO IMPACTO DO RUÍDO DE TRÁFEGO EM ÁREA RESIDENCIAL EM SULACAP, RIO DE JANEIRO........................ ����� 306
»» A INFLUÊNCIA DA ENVOLTÓRIA NO DESEMPENHO ENERGÉTICO DE EDIFICAÇÕES RESIDENCIAIS MULTIFAMILIARES.... ����� 319
»» AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM HABITAÇÕES DE INTERESSE SOCIAL EM MUNICÍPIOS NO CENTRO-OESTE DO
ESTADO DE RONDÔNIA............................................................................................................................................. ����� 336
»» APLICABILIDADE DE TELHADOS VERDES: EFICIÊNCIA QUANTO À QUALIDADE DA ÁGUA PLUVIAL................................ ����� 353
»» GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS DO MERCADO DO PESCADO NO IGARAPÉ DAS MULHERES........................ ����� 369
»» AVALIAÇÃO DA RADIAÇÃO SOLAR EM CENÁRIOS URBANOS....................................................................................... ����� 379
»» DESEMPENHO TÉRMICO EM HIS: ESTUDO DE CASO.................................................................................................... ����� 392
»» APO DE UM EDIFÍCIO COM SELO CASA AZUL.............................................................................................................. ����� 404
»» ESTRATÉGIAS BIOCLIMÁTICAS E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM EDIFÍCIOS COMERCIAIS MODERNOS NO RIO DE JANEIRO �� 419
»» REUSO DA LAMA ABRASIVA NA COMPOSIÇÃO DE MATERIAIS CIMENTÍCIOS: ESTUDO DE CASO................................... ����� 435
»» ANÁLISE DE PROJETOS DE CONCURSO VOLTADOS À HABITAÇÃO POPULAR COM BASE EM CRITÉRIOS DE FLEXIBILIDADE
ESPACIAL.................................................................................................................................................................. ����� 451
»» DESEMPENHO TÉRMICO DO PROJETO PADRÃO DO PROINFÂNCIA TIPO B.................................................................... ����� 468
»» EDUCAÇÃO PARA A SUSTENTABILIDADE: TRANSFORMANDO ALUNOS EM MULTIPLICADORES.................................... ����� 484
»» A INFLUÊNCIA DA REFLETÂNCIA DOS ELEMENTOS VAZADOS NO DESEMPENHO LUMÍNICO......................................... ����� 497
SUMÁRIO por eixo temático e título

EIXO 3
CIDADES E POLÍTICAS URBANAS

»» CIDADES E SEUS MEIOS NATURAL E CONSTRUÍDO: POLÍTICAS URBANAS, GESTÃO SUSTENTÁVEL, MITIGAÇÃO DE
PROBLEMAS............................................................................................................................................................. ����� 511
»» DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE POTENCIAIS USUÁRIOS DE BICICLETA EM DESLOCAMENTOS PENDULARES PARA O TRABALHO
NO MUNICÍPIO DE VITÓRIA – ES................................................................................................................................ ����� 528
»» OS CÂMPUS UNIVERSITÁRIOS E SUA INSERÇÃO NO TECIDO URBANO DE CURITIBA..................................................... ����� 542
»» PACTO METROPOLITANO DE INTERESSE SOCIAL: MITIGAÇÃO PARA SEGREGAÇÃO SÓCIO-ESPACIAL............................ ����� 558
»» ASPECTOS LEGAIS E O USO DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO (TICS) NA CIDADE DE VITÓRIA/ES. ����� 571
»» ANÁLISE DOS INVESTIMENTOS EM HABITAÇÃO SOCIAL NO MUNICÍPIO DE VITÓRIA/ES: DA PREVISÃO À EXECUÇÃO.... ����� 588
»» SAÚDE MORADIA, UMA EXPERIÊNCIA DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA QUE DEU CERTO...................................................... ����� 605
»» OCUPAR O CENTRO: POR UMA POLÍTICA URBANA E HABITACIONAL NO CENTRO DE VITÓRIA - ES............................... ����� 621
»» ARQUITETURA SOCIAL: EXPERIÊNCIAS EM ASSISTÊNCIA TÉCNICA.............................................................................. ����� 636
»» PEUC: FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE URBANA E OS VAZIOS URBANOS, EM VILA VELHA - ES............................... ����� 653
»» PLANEJAMENTO E DESENHO URBANO: ANÁLISE DO PROJETO “JAIME LERNER” PARA SERRA/ES................................. ����� 664
»» EXPANSÃO DO TERRITÓRIO URBANO- METROPOLITANO DO RIO DE JANEIRO (RJ): CONCEITOS, PASSIVOS E DESAFIOS.����� 680
SUMÁRIO por eixo temático e título

EIXO 4
CIDADE E PORTO

»» IMPACTOS TERRITORIAIS DOS PORTOS NA REGIÃO DA GRANDE VITÓRIA (ES)............................................................. ����� 697
»» A CIDADE CRIATIVA A PARTIR DOS PROCESSOS DA GLOBALIZAÇÃO: O CASO DE HELSINQUE....................................... ����� 707
SUMÁRIO por eixo temático e título

EIXO 5
DIGNIDADE URBANA

»» ÍNDICE DE CAMINHABILIDADE: AVALIAÇÃO DO ESPAÇO URBANO NA ESCALA DO PEDESTRE....................................... ����� 723


»» ANÁLISE DA RELAÇÃO ENTRE A SUSTENTABILIDADE URBANA E O DESENVOLVIMENTO ORIENTADO AO TRANSPORTE
SUSTENTÁVEL (DOTS): UMA BUSCA POR QUALIDADE DE VIDA................................................................................... ����� 736
»» O HABITAR AUTOCONSTRUÍDO: REFLEXÕES SOBRE A AUTOCONSTRUÇÃO EM CENÁRIOS POPULARES......................... ����� 754
»» ESPAÇOS COMUNS DE RECREAÇÃO EM CONJUNTOS HABITACIONAIS DE INTERESSE SOCIAL........................................ ����� 764
»» SOBRE CIDADES E ESPAÇOS AUSENTES DE ALTERIDADE............................................................................................. ����� 779
»» RITMO E SUSTENTABILIDADE NA CONTEMPORANEIDADE: UMA ANÁLISE NECESSÁRIA PARA A ARQUITETURA E AS CIDADES
������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������� 791
»» O CASO DA COHAB LINDÓIA, EM PELOTAS/RS, E A EMERGÊNCIA DO COMÉRCIO POPULAR.......................................... ����� 807
»» AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DAS TRAVESSIAS URBANAS EM CORREDORES VERDES.................................................... ����� 821
»» CAMINHAR: REFLEXÕES SOBRE URBANISMO, CARTOGRAFIA E ARTE CONTEMPORÂNEA............................................ ����� 837
»» MOVIMENTOS SOCIAIS DE LUTA POR MORADIA: CENÁRIO DE TRANSFORMAÇÕES E CONFLITOS – GRANDE VITÓRIA/ES NA
DÉCADA DE 1980...................................................................................................................................................... ����� 852
»» DO PLANEJAMENTO PARTICIPATIVO A CONTESTAÇÃO PELA ESFERA PÚBLICA: O LUGAR NA OCUPAÇÃO LARGO VIVO EM
PORTO ALEGRE......................................................................................................................................................... ����� 869
»» IMPACTO DA FRAGMENTAÇÃO NO PROCESSO DE EXPANSÃO URBANA DE VILA VELHA, E.S......................................... ����� 885
»» SUSTENTABILIDADE NA PRODUÇÃO RECENTE DE HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL.................................................. ����� 899
SUMÁRIO por eixo temático e título

EIXO 6
ESTUDOS URBANOS E SOCIOAMBIENTAIS

»» RECONHECENDO A VULNERABILIDADE SOCIOAMBIENTAL: O MORADOR COMO CO-CRIADOR DO SEU ESPAÇO............. ����� 917
»» O PROCESSO DE OCUPAÇÃO HABITACIONAL EM SALVADOR-BAHIA SOB A PERSPECTIVA DE UMA SOCIEDADE DO RISCO: UM
ESTUDO DE CASO...................................................................................................................................................... ����� 935
»» CRESCIMENTO URBANO E INDUSTRIAL E SEUS IMPACTOS EM AMBIENTES BEIRA-RIO: O CASO DE BARRA DO RIACHO-
ARACRUZ (ES)........................................................................................................................................................... ����� 951
SUMÁRIO por eixo temático e título

EIXO 7
PAISAGEM URBANA E INCLUSÃO

»» ÁREAS VERDES URBANAS DO MUNICÍPIO DE MUQUI (ES).......................................................................................... ����� 967


»» DIÁLOGO COM A NOITE: A APROPRIAÇÃO DOS ESPAÇOS PÚBLICOS NO CENTRO DE RIBEIRÃO PRETO, SP..................... ����� 977
»» MICROINTERVENÇÕES URBANAS COLABORATIVAS: A RELAÇÃO ENTRE A PESSOA E O LUGAR..................................... ����� 991
»» DISTRIBUIÇÃO DOS ESPAÇOS LIVRES PÚBLICOS DE LAZER EM JUIZ DE FORA (MG) E O FATOR RENDA.......................... ��� 1008
»» APLICAÇÃO DE INDICADORES PARA ANÁLISE DE PRAÇAS - SOCIABILIDADE, USOS E ATIVIDADES NA REGIONAL 9 (VITÓRIA/
ES)........................................................................................................................................................................... ��� 1022
»» QUALIDADE DO BEM-ESTAR EM ESPAÇOS LIVRES DE USOS PÚBLICOS DE TRÊS CIDADES BRASILEIRAS....................... ��� 1037
»» DISPONIBILIDADE E ACESSIBILIDADE DE ÁREAS VERDES URBANAS........................................................................... ��� 1049
»» PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE VILA VELHA: REFLEXÕES SOBRE A PROTEÇÃO AMBIENTAL........................................ ��� 1066
»» QUINTAL URBANO: UMA PROPOSTA DE INTERVENÇÃO EM ESPAÇO LIVRE PÚBLICO NA PERIFERIA DE JUIZ DE FORA, MG,
BRASIL..................................................................................................................................................................... ��� 1078
»» ESPAÇO PÚBLICO INTERGERACIONAL: O CASO DA PRAÇA ARGILANO DÁRIO, VILA VELHA-ES...................................... ��� 1094
»» PRAÇA CENTRAL DE CASTELO/ES: INTERVENÇÕES E TRANSFORMAÇÕES ESPACIAIS.................................................... ��� 1110
»» A MUDANÇA NO PARADIGMA DA CIDADE: ANÁLISE DA PRAÇA CORONEL PACHECO DE MEDEIROS EM MURIAÉ – MG.��� 1126
»» ESPAÇOS LIVRES PARA BRINCAR: ESTUDO NA REGIONAL GRANDE IBES, VILA VELHA - ES........................................... ��� 1142
»» ADEQUAÇÃO DA FERRAMENTA ÍNDICE DE CAMINHABILIDADE (ICAM) PARA PRAÇAS................................................. ��� 1158
SUMÁRIO por eixo temático e título

EIXO 8
SISTEMAS CONTEMPORÂNEOS DE PROJETO

»» O ESPAÇO PENITENCIÁRIO: A VERDADEIRA FUNÇÃO SOCIAL...................................................................................... ��� 1173


»» O MOVIMENTO E A FORMA: UMA ANÁLISE DA INTEGRAÇÃO NO CONJUNTO HABITACIONAL HELIÓPOLIS G................. ��� 1189
»» PRÉ-FABRICAÇÃO E ESTRATÉGIAS DE FLEXIBILIDADE NA CONSTRUÇÃO..................................................................... ��� 1202
»» O PAPEL DO GRAFITE COMO DISTRAÇÃO POSITIVA NA HUMANIZAÇÃO DE AMBIENTES HOSPITALARES...................... ��� 1219
»» SKETCHUP E FORMIT: COMPARAÇÃO ENTRE SOFTWARES USADOS EM PROCESSOS DIGITAIS DE CONCEPÇÃO PROJETUAL
����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������� 1236
»» PROPOSTA PARA UM GUIA ORIENTATIVO DE VISTORIA DE ENTREGA DE IMÓVEIS....................................................... ��� 1251
EIXO 5 DIGNIDADE URBANA

Investigações que fomentam a reflexão sobre os efeitos e impactos da morfologia da cidade


contemporânea na constituição de cidades dignas, contemplando suas transformações nas
relações sócio espaciais e no comportamento e atitudes das pessoas.
RITMO E SUSTENTABILIDADE NA CONTEMPORANEIDADE:
UMA ANÁLISE NECESSÁRIA PARA A ARQUITETURA E AS
CIDADES

Ritmo e sustentabilidade na
contemporaneidade: uma análise necessária
para a Arquitetura e as cidades
Rhythm and sustainability in contemporary world: a
necessary analysis to Architecture and Urbanism

MUNIZ DA SILVA, Leonardo


Doutorando em Arquitetura; Universidade Federal do Rio de Janeiro
leonardomuniz1@gmail.com

VASCONCELLOS, Virginia
Doutora em Arquitetura; Universidade Federal do Rio de Janeiro
virginia.vasconcellos@gmail.com

RESUMO
O ritmo de vida nas grandes cidades é cada vez mais acelerado. Isto gera consequências para a interação
social, como a fragilização dos laços humanos, e à saúde mental nas cidades, como os transtornos de
ansiedade. Trata-se, portanto, de um cenário social e psicologicamente insustentável. Diante disto, este
artigo buscou levantar, organizar e discutir o estado da produção bibliográfica internacional em
sustentabilidade urbana quanto ao tema "ritmo". Realizou três diferentes análises: da presença de "ritmo"
em revistas científicas de temas diversos e em específicas de sustentabilidade e arquitetura, urbanismo e
design (AU&D); dos conceitos ou categorias analíticas associados a "ritmo"; do discurso dos autores
sobre as implicações entre "ritmo" e sustentabilidade urbanos. Resultou-se que o tema, apesar de pouco
explorado sob um contexto psicossocial, apresenta-se expoente nos estudos teóricos de sustentabilidade e
práticos de AU&D. Concluiu, assim, que mais esforços interdisciplinares sejam realizados sobre o tema
para subsidiar seu desenvolvimento e possíveis soluções a partir de categorias como a "vivialidade".
Palavras-chave: Cidade contemporânea; Ritmo; Sustentabilidade.

ABSTRACT
The rhythm of life in large cities is accelerating. This sets up consequences to the social interaction, such
as the weakening of human bonds, and to the mental health in cities, such as anxiety disorders. Therefore,
it is a socially and psychologically unsustainable scenario. Faced with this, the present paper aims to
survey, organize and discuss the state of international bibliographical production in urban sustainability
regarding the theme "rhythm". It carried out three different analyses: of the presence of "rhythm" in
several and specialized scientific journals; of the concepts or analytical categories associated with
"rhythm" in the selected literature; of the authors' discourse on the implications between urban rhythm and
urban sustainability. The results pointed out that the theme, although little explored in a psychosocial
context, is an exponent in the desk studies of sustainability and in the practical studies of architecture,
urbanism and design. It concluded that interdisciplinary efforts should be fostered on the theme to support
its development and the forwarding of solutions using categories such as "liveability".
Keywords: Contemporary city; Rhythm; Sustainability.

ISBN 978-65-80794-10-2 791


1. INTRODUÇÃO TEÓRICA
O ritmo de vida nas grandes cidades - principalmente em seus núcleos, com o impulso a soluções
"smart" de hiperconectividade, por exemplo - é cada vez mais acelerado, dando cada vez mais
velocidade e liquidez aos quadros sensíveis dos espaços arquitetônico e urbano.
Uma boa compreensão deste contexto fluido dos dias atuais está contida no conceito de
modernidade líquida, de Zygmunt Bauman (2001), que, sucintamente, refere-se à fase da modernidade
onde o real social1 se dissolve em tempo inferior ao necessário para tomar forma uma coletividade
coesa, de identidade sólida e de espaço tornado lugar. São algumas consequências deste contexto
apontadas pelo autor e outros: fragilização dos laços humanos (id., 2004); estímulo à intelecção e
perda de sensibilidade (SIMMEL, 1973); sentimento de autoproteção e fechamento do campo afetivo
(ROLNIK, 2006); exclusão do outro (BAUMAN, 2008; BAUMAN & DONSKIS, 2014); tensão
nervosa pelo conflito entre o ritmo técnico economicista das cidades e o ritmo corporal do ser humano
(SIMMEL, 1973; Fabri, 2018); conflito entre a vontade de liberdade e a busca por segurança
(BAUMAN, 1998); necessidade de identidade (op. cit.); cansaço e esgotamento (HAN, 2014).
Assumindo como pressuposto teórico o conceito de sustentabilidade social de Vallance e outros
(2011), pautado na necessidade de estados de coesão social e "vivialidade"2 para o bem-estar humano
e urbano, revela-se um importante desafio para a cidade contemporânea: subverter o que vinha sendo
tratado por Bauman como "ansiedades modernas" - uma vertente do que outros autores vem tratando
como uma "crise das subjetividades" marcada pela individualização dos sujeitos nos espaços públicos
refletindo uma sensação compartilhada de "solidão na multidão" (o que o médico psiquiatra e doutor
em História Rodrigo Fabri [2018] aponta como principal fator social de risco a transtornos psíquicos,
emocionais, e ao suicídio entre jovens na atualidade3).
Dito isto, considerando que o desenvolvimento das cidades e as ansiedades modernas caminham
juntos com a variável 'ritmo' e os preceitos da sustentabilidade mais amplamente difundidos (cf.
WCDE, 1987) foram elaborados em um contexto outro, o presente trabalho tem por objetivo levantar,
organizar e discutir o estado da produção bibliográfica internacional em sustentabilidade para a
arquitetura e as cidades quanto ao tema 'ritmo' na contemporaneidade. Especificamente, buscar-se-á
responder as seguintes perguntas:
1) 'Ritmo' é tema primário em artigos relevantes da área de sustentabilidade urbana?
2) A que categorias analíticas o ritmo é associado?
3) Como estas associações e o desenvolvimento sustentável em seu tripé clássico se relacionam?

1
O "real social", segundo Suely Rolnik (2006), pode ser descrito como o campo essencialmente prático experienciado pelos
corpos vibráteis dos sujeitos, então, em agenciamento sensorial em um espaço físico.
2
Tradução livre para "liveability", geralmente traduzido para "habitabilidade". No presente caso, propõe-se "vivialidade"
devido a seu caráter subjetivo ligado aos sentimentos dos usuários na relação com a cidade no que tange a vontade de nela
permanecer não só por suas condições econômicas, sociais e ecológicas como também psicológicas, que sustentam a
preservação de suas vidas saudáveis.
3
Em sua investigação sobre a "antropologia da saúde mental", o autor identifica um desajustamento neuroanatômico do
corpo biológico do indivíduo exposto às "artificialidades urbanas" - conjunto de atividades que diferenciam o modo de vida
das cidades atuais do modo de vida caçador-coletor. Devido, principalmente, às temporalidades menos coletivizadas de hoje
em relação aos pequenos grupos nômades coesos de caçadores-coletores, verifica-se uma redução do estímulo de
mecanismos de produção das sensações de motivação e prazer. Segundo o autor, esse desajustamento cria uma condição ao
corpo fértil à promoção de problemas de saúde mental, como transtornos emocionais e depressivos e o suicídio.

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Com isto, é-se possível ainda alcançar um segundo objetivo, contributivo: fornecer um "mapa" de
referências e conceitos, ou categorias analíticas, relevantes para os estudos da área com vistas a este
desafio contemporâneo das cidades e ao encaminhamento de suas soluções.

2. METODOLOGIA
Para responder às perguntas introduzidas, foram realizadas análises quantitativas e qualitativa-
interpretativa de cunho bibliográfico. Inicialmente, levantaram-se as bases de periódicos parceiras da
Universidade Federal do Rio de Janeiro, devido à acessibilidade dos autores deste trabalho e com o
objetivo de se ter um panorama geral de "ritmo" em sustentabilidade através de bases de temas
variados. Utilizou-se: Cambridge University Press, Portal .periodicos. CAPES, Springer Link, Duke
University Press e The Royal Society. Os critérios de seleção de trabalhos foram definidos pela
categoria da publicação (artigo científico) e pelas palavras-chave: "sustainability" ou "sustainable" e
"rhythm"). Posteriormente, filtraram-se nos resultados os artigos mais relevantes e as revistas mais
presentes datados a partir de 1987, definido devido ao marco Relatório de Brundtland.
Outro levantamento foi realizado buscando-se "urban rhythm" como palavra-chave nos principais
periódicos da área de sustentabilidade, tendo como critério de seleção de revista a qualificação A1 ou
A2 na Plataforma Sucupira-Qualis da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior do Ministério de Educação do Brasil - https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/) no último
quadriênio, nas áreas de Arquitetura, Urbanismo e Design; Geografia; Interdisciplinar; Planejamento
Urbano e Regional; e Sociologia. Encontraram-se, assim, os periódicos: International Journal of
Sustainable Development and World Ecology; Environment, Development and Sustainability;
Ecology and Society: A Journal of Integrative Science for Resilience and Sustainability; Sustainability
Science; International Journal of Urban Sustainable Development; e Sustainability (Basel), sob os
mesmos critérios de palavras-chave do levantamento anterior.
A partir dos resultados encontrados, dos principais artigos de todas as bases acima mencionadas e
da afinidade temática com o que aqui se contextualizou (a sustentabilidade do espaço social urbano
contemporâneo), realizou-se, finalmente, a leitura crítica para análise discursiva dos autores. (A
afinidade temática foi definida a partir da leitura dos resumos dos artigos para identificação de seus
subtemas e, posteriormente, dos conceitos relacionados a "ritmo" no corpo textual das obras. A análise
discursiva dos artigos selecionados por fim foi operada com o uso das técnicas de "fichagem"
apresentadas por Umberto Eco [2007]).

3. "RITMO" NA PRODUÇÃO BIBLIOGRÁFICA EM SUSTENTABILIDADE: ANÁLISE QUANTITATIVA

3.1 Dos periódicos de temas diversos


Para a primeira pesquisa realizada, utilizando-se os portais de acesso da Universidade Federal do
Rio de Janeiro, tem-se o seguinte cenário, apresentado na Tabela 1.
Tabela 1 - Presença de "ritmo" em sustentabilidade: Artigos em periódicos gerais
Nº resultados
Base de busca Origem Principais áreas do conhecimento encontradas
encontrados
Cambridge UP Estrangeira 10657 Life sciences - Medicine - Earth and environmental sciences
Periódicos CAPES Nacional 2670* Sustainable development - Medicine - Economics

ISBN 978-65-80794-10-2 793


Springer Link Estrangeira 1046 Medicine - Life sciences - Social sciences
Duke UP Estrangeira 2339 Literature and literary studies - History - Cultural studies
The Royal Society Estrangeira 608 Behaviour - Neuroscience - Ecology
* Não foram contabilizados os artigos sem avaliação por pares.
Fonte: Produzida pelos próprios autores.

Quanto ao número encontrado na Cambridge University Press, 6324 artigos (ou 59,34% do total
resultado) concentravam-se nas três principais áreas do conhecimento indicadas. Todo o restante
dividia-se por mais 18 áreas. Cumpre notar que os artigos relativos à maior delas ("Life Sciences")
classificados como mais relevantes estão ligados à vida animal. À vida humana, presente nas áreas
"Medicine" e "Environmental Sciences" ligam-se, principalmente, pesquisas em nutrição e
neuropsiquiatria, onde "ritmo" refere-se ao "ritmo circadiano" ou ao "ritmo cerebral", e em agricultura
e ecologia, onde, respectivamente, "ritmo" aparece, sem aprofundamentos, para se referir à produção
de alimentos e, finalmente, a pesquisas de cunho teórico relativas à sustentabilidade. O trabalho
selecionado, então, neste sentido, para posterior avaliação qualitativa foi: Dovers & Handmer (1993).
Já o Portal Periódicos. CAPES apresentou menor concentração temática (779 artigos, ou 29,18%
dos trabalhos, correspondiam às três principais áreas de conhecimento). Para "Medicine" e
"Economics", repetiram-se os focos: "ritmo circadiano" e "ritmo de produção agropecuária". Já em
"Sustainable Development", que apresentou a maior quantidade de resultados, chegou-se à
identificação de artigos onde "ritmo" aparecia como categoria fundamental, sendo objeto de análise
em relação à experiência do corpo sensível nos espaços e os aspectos estéticos dos percursos dos
habitantes para a criação de uma imagem de lugar - caso do trabalho de Straughan & Dixon (2014) - e
em relação à ambiência sonora para a criação de políticas de sustentabilidade na escala da casa - Duffy
& Waitt (2013).
O Portal Springer Link, apesar de um menor número de resultados encontrados e de uma
concentração, novamente, nas áreas "Medicine" e "Life Sciences", traz como terceira maior área
"Social Sciences" e nela uma gama de subdisciplinas mais diversificada que das análises anteriores (a
concentração é de 51,53%, ou 539 artigos, frente a 35 disciplinas totais). Chegou-se a artigos sobre: a
consideração da variável "tempo" para um pensamento sobre o futuro da sustentabilidade; a
arquitetura paisagística sustentável de filosofia oriental; e uma visão sobre a "arquitetura cinética". A
área "Architecture/Design", resultou em 12 artigos, sendo 11 deles publicados no mesmo periódico: o
Urban Design International. Diante disto, este periódico será analisado mais adiante, junto aos
periódicos específicos de sustentabilidade. A lista de artigos em afinidade temática para posterior
análise qualitativa compreende: Buclet & Lazarevic (2015), Chen & Wu (2009) e El Razaz (2010).
Quanto ao Duke University Press, a avaliação de concentração de resultados nas principais áreas
temáticas não foi realizada, pois identificou-se uma duplicação de artigos, comprometendo as
estatísticas. A base de artigos em questão tem como subdisciplinas principais "Literary Criticism",
"Latin American History" e "Cultural Anthropology". Os principais trabalhos que dão centralidade a
"rhythm" encontrados atrelavam-se a um ritmo performático, das artes, da música, de rituais, sendo os
casos ligados ao ritmo da vida cotidiana menos presentes. Por outro lado, obtiveram-se, ainda assim,
trabalhos ligados à sensibilidade no ambiente urbano em construção - Looser (2015) - e ao trabalho de
Georg Simmel - Mbembé (2004) -, compondo então nossa avaliação.

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Por fim, no The Royal Society, com base na leitura de seus resumos e na busca pelas palavras-
chave em seus corpos textuais, constatou-se que nenhum resultado os continha de fato. O que havia
eram termos próximos usados de maneira genérica como "o ritmo se sustentou", no sentido de uma
frequência de um fenômeno notado dentro de um determinado padrão: a base de artigos tinha como
principais áreas as ciências matemáticas e da natureza e se situa na escola de pensamento clássico
behaviorista - fundada no esquema estímulo-resposta ou em modelos de análise complexos de base
estatística correlacional. Todavia, ainda assim, cumpre notar que três artigos entre todos os resultados
apresentavam estudos valiosos sobre ritmo relacionando às categorias: paisagem - Sasahara e outros.
(2015); percepção - McAuley & Fromboluti (2014); e interação social - Novembre e outros (2015)4.

3.2 Dos periódicos sobre sustentabilidade


Para a segunda pesquisa realizada, utilizando-se a Plataforma Sucupira-Qualis, tem-se o cenário
apresentado na Tabela 2.
Tabela 2 - Presença de "ritmo" em sustentabilidade: Artigos em periódicos específicos
Nº de artigos
Base de busca ISSN
encontrados
Interational Journal of Sustainable Development and World Ecology 1350-4509 5
Environment, Development and Sustainability 1387-585X 9
Ecology and Society 1708-3087 0
Sustainability Science 1862-4065 1
International Journal of Urban Sustainable Development 1946-3138 3
Sustainability (Basel) 2071-1050 0
Urban Design International 1357-5317 39
Fonte: Produzida pelos próprios autores.

Para todos os resultados encontrados (57 artigos), apenas 3 apresentaram o termo "urban" e
"rhythm" de maneira associada, sendo eles publicados no Urban Design International. Para uma
avaliação dos periódicos específicos de sustentabilidade, como se propôs, então, construiu-se a Tabela
3, onde os 18 artigos resultantes das revistas de sustentabilidade estão organizados quanto ao tema que
aborda e às categorias que associam a "ritmo". (Além disso, o quadro integra também os 3 artigos do
Urban Design International que citam "urban rhythm").
Tabela 3 - Temas e categorias associados a "ritmo" nos artigos de revistas de sustentabilidade
Categorias
Autor Ano Tema
associadas
Oktay, D. 2014 Desenho urbano sustentável 'Vitality', 'Liveability'
Dong, R. e outros 2015 Ambiente acústico e paisagem sonora 'Unique sense of cultural voice'
Kim, H.;
2016 Conforto térmico e ventilação 'Rhythm of perspiration'
MacDonald, E.
Tian, Y. e outros 2016 Restauração ecológica 'Green plants'
Barbiroli, G. 2011 Economia verde e recursos naturais 'Productive rhythms'

4
Sasahara e outros (2015) trata de uma "paisagem rítmica" criada com o canto de pássaros formando uma ambiência sonora
acolhedora. McAuley & Fromboluti (2014) realizam um estudo perceptivo sobre o "arrastamento" de atenção por desvios de
um padrão rítmico. Novembre e outros (2015) parte também de uma ambiência sonora, em ambientes de música eletrônica,
para considerar o ritmo como fator de agenciamento de corpos e interação social.

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Zilans, A.; 'Rhythms of non-linear self-organizing
2009 Política municipal e metas sustentáveis
Abolina, K. systems'
Desenvolvimento econômico e de
Kwa, B. H. 2008 'Circadian rhythm'
doenças
Ritter, E.;
2013 Aspectos culturais e florestas 'Natural rhythms'
Dauksta, D.
Bunce, M. e outros 2010 Estressores naturais e percepção 'Natural rhythms'
Ofori, B. D. 2012 Centros de mercado e qualidade da água 'Marketing periodicity'
Buclet, N.; 'Accelerated rhythm of life',
2015 Princípios da sustentabilidade
Lazarevic, D. 'Anihilation of space by time'
Decrescimento econômico e
Xue, J. e outros 2012 'Natural rhythms'
desenvolvimento social
Mourao, P. R. 2017 Partidos verdes e poluição 'Legislative rhythms'
Lokonon, B. E. e
2018 Conservação de espécies de plantas 'Regeneration rhythms'
outros
Serviços ecossistêmicos e atividades 'Ecosystem services',
Su, C. e outros 2012
humanas 'Socioeconomic development'
Martine, G.; Transição urbana e experiências 'Growth of urban areas and urban
2013
McGranahan, G. habitacionais population'
'Rhythm of housing program
Denaldi, R. 2013 Política de desenvolvimento e habitação
implementation'
Almeida, D. N.; 'Urban lighting',
2012 Iluminação e vida noturna
Fumega, J. M. G. 'Leisure and cultural practices'
Dovey, K.; 'Urban density measures',
2014 Densidade urbana
Pafka, E. 'Urban rhythms'
Nomico, M.; 'Sense of place', 'Continuous cacophony
2003 Transformações urbanas pós-Apartheid
Sanders, P. and music'
Radovic, D. 2004 Design e conhecimento local 'State of permanent', 'Change and flux'
Fonte: Produzida pelos próprios autores.

Para o caso dos periódicos específicos da área de sustentabilidade, no que tange aos temas
encontrados, pode-se classificar três grupos de artigos: teóricos sobre sustentabilidade e seus
princípios, onde se situam Oktay (2014) e Buclet & Lazarevic (2015), cumprindo notar que este já
havia sido resultado e selecionado na pesquisa realizada no portal de artigos e periódicos Springer
Link; sobre ensino, com contribuições tanto teóricas quanto práticas para a sustentabilidade, sendo o
caso de Radovic (2004); e práticas sobre componentes urbanos, incluindo-se: aspectos formais, como
desenho, forma e densidade; aspectos subjetivos, como cultura e percepção ambiental; equipamentos e
serviços, como habitação, iluminação e qualidade ambiental; e políticas, como de desenvolvimento
econômico e transformações urbanas, estando neste terceiro grupo, todos os artigos restantes do
quadro.
No que tange às categorias associadas, há predominância da noção de "ritmos da natureza" e
"ritmos de produção", que podem ser os pontos-chave para um embate contextualizado na introdução
do presente artigo: conflito entre ritmo corporal e ritmo técnico e o desajustamento associado às
mudanças de ritmo provocadas pelo mercado e o modo de vida economicista e intelectivo. Oktay
(2014) e Buclet & Lazarevic (2015) podem, assim, novamente, ser destacados, pois compartilham
deste embate. Também na introdução do presente artigo se traz a categoria "vivialidade" como um
norteador da sustentabilidade de ênfase social e é esta a categoria que traz Oktay (2014), junto à
"vitalidade". Buclet & Lazarevic (2015), por sua vez, se destacam por serem os únicos a tratarem de

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"ritmo acelerado de vida" e a "aniquilação do espaço pelo tempo", o que dialoga diretamente com a
ideia de Bauman (2001) sobre a liquidez moderna e a dissolução de identidades e lugares. Cumpre
destacar ainda, por isto, os trabalhos de Dong e outros (2015) e Nomico & Sanders (2003), que trazem
a noção de "sentido de lugar" através de uma ambiência sonora marca de uma coletividade.
Ainda sobre as categorias associadas a "ritmo", pode-se destacar também os trabalhos de Radovic
(2004), por trazer aspectos intrínsecos à noção de ritmo (fluxo e mudança) e a noção de "estado de
permanência" como um caráter de produção contínua do/no espaço, e de Dovey e Pafka (2014), por
trazer o ritmo de usos do espaço urbano sob uma ótica temporal e de intensidade, o que também
configura aspectos intrínsecos fundamentais.
Por fim, cumpre notar a continuada presença do termo "ritmo circadiano", em uma perspectiva
médica do ritmo corporal, mesmo na busca por periódicos específicos de sustentabilidade urbana.

4. "RITMO" NA PRODUÇÃO BIBLIOGRÁFICA EM SUSTENTABILIDADE: ANÁLISE QUALITATIVA


O primeiro trabalho selecionado, de Dovers & Handmer (1993), é a obra menos recente e a única
datada da década de 1990. Ela apresenta "rhythm" como uma de suas palavras-chave, mas o termo não
é citado ao longo do texto, sendo, na realidade, um aspecto transversal à discussão que dá título ao
artigo: "As contradições da Sustentabilidade". Os autores elencam oito contradições, cada uma delas
sob um embate entre dois diferentes elementos, sendo três das contradições associadas a "ritmo" como
no contexto que apresentamos:
a) "Intergenerational versus Intragenerational Equity", que traz "a questão das escalas de tempo"
como central, pois identifica um descompasso duplo ampliado na modernidade: entre "os tempos" dos
sistemas da natureza e do homem e entre os próprios sistemas humanos, diferenciados entre si por
datação de governos dificultando a operação de caminhos globais sustentáveis5;
b) "Individual versus Collective Interests", que potencializa a discussão entre os problemas de
uma sociedade individualista e as soluções a partir de um sentido de coletividade, pois é neste sentido
que reside a situação-problema da sustentabilidade, segundo os autores, sobre uma conciliação de
interesses;
c) "Optmization versus Spare Capacity", que traz a noção de que o homem é oportunista e, na
otimização, enxerga todos os elementos naturais e humanos como recursos, úteis ou inúteis. Os inúteis
são, assim, descartados. Os úteis são utilizados até seu esgotamento. Ressonante com Simmel (1973),
caracteriza-se, então, um movimento de quantificação de elementos que, ao mesmo tempo em que lhes
atribui valor (econômico), reduz seu valor de permanência.
A partir de Dovers & Handmer (1993), estas categorias se firmam como relevantes para se pensar
ritmo e sustentabilidade: escalas de tempo de sistemas naturais e de sistemas humanos;
individualidade e sentido de coletividade; e permanência. Cumpre explicitar que, a partir destas e das
demais contradições, a preocupação dos autores retorna sempre à sua consequência ao meio ambiente
sob uma perspectiva ecológica. Ou seja, apesar de apresentar elementos importantes para a
compreensão de "ritmo" em sustentabilidade, o trabalho não contribui diretamente com o social

5
Esta noção é também a contribuição do trabalho de Zilans & Abolina (2007). Por outro lado, Su e outros (2012), em um
estudo geoestatístico, demonstram o relacionamento espacial entre serviços ecossistêmicos, atividades humanas e
desenvolvimento socioeconômico sugerindo um ajuste síncrono. Os estudos qualitativos referentes ao tema, no entanto,
apontam para outra direção.

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moderno.
O segundo artigo, de Straughan & Dixon (2014), apresenta "ritmo" já em seu título e associado a
uma categoria: "Ritmo e mobilidade nas Ilhas Hébridas Interiores e Exteriores" (costa noroeste da
Escócia). Nesse trabalho, as autoras imergiram nas embarcações das ilhas para, a partir de seus corpos
em associação ao meio de transporte, aos ritmos da natureza, da água, e aos outros corpos humanos
tripulantes, experienciarem as viagens notando a construção estética dos lugares sob esta perspectiva e
os aspectos rítmicos das próprias viagens para um subsídio à política de mobilidade sustentável quanto
a: o material destes meios; as mudanças microclimáticas esperadas; e o conforto principalmente da
tripulação permanente. "Ritmo" fez-se fundamental como categoria de análise, para isto, pois os
autores o entendem como sendo um aspecto intrínseco da mobilidade desenvolvido pela repetição de
fenômenos sob diferença no tempo e espaço (op. cit., p. 476). Explicitamente, para as autoras,
"repetição" e "diferença" são os termos chave para se compreender "ritmo".
Já Duffy & Waitt (2013) são ainda mais direcionados à dimensão subjetiva dos espaços pela
imersão em um ritmo. No presente caso, trata-se de ritmo sônico. O estudo busca analisar a adaptação
de migrantes em um novo lugar a partir da constituição de uma ambiência sonora que os remete a
outros espaços e tempos, estimulando memória e afetividade, para que estes migrantes "sintam-se em
casa" e criem, assim, políticas sustentáveis do lar. Primeiramente, instalaram-se condições espaciais e
temporais para uma experiência do lar, como a partir de sons de água da chuva sobre o telhado.
Executada esta condição em um espaço onde chuvas são pouco frequentes, o resultado obtido foi de
uma valoração positiva à água por parte daquele habitante que sentia com a ausência do som da chuva.
O que isso demonstrou, segundo os autores, é que o ritmo sônico, associado à sensorialidade e às
emoções dos habitantes, condiciona uma qualidade de lugar e uma percepção que movem tais
habitantes a práticas afetivas com o ambiente do qual sentem fazer parte, refletindo práticas
sustentáveis. Apesar dos autores reconhecerem a necessidade de se investigar mais sobre as "políticas
sustentáveis na escala visceral", eles contribuem, assim, com a justificação da categoria "sentido de
lugar".
Finalmente sobre os princípios da sustentabilidade, Buclet & Lazarevic (2015) abordam os
objetivos conflitantes entre a ideia de uma sustentabilidade global e o sistema econômico dominante
na atualidade. De cunho teórico, o artigo parte das definições de desenvolvimento sustentável e de
regime convencional ("período particular do tempo onde o indivíduo se comporta de acordo com uma
série de princípios orientados pela sociedade" [op. cit., p. 86]). Argumenta sobre como o sistema
econômico dominante participa deste regime definindo os princípios de uma sustentabilidade, então,
também convencional e destoante dos reais objetivos de um desenvolvimento sustentável ao alcance
de todos. Assim, os autores elencam alguns mitos do discurso convencional sobre sustentabilidade e
elenca o "ritmo de vida acelerado" como sendo o responsável pela "compressão capitalista do espaço".
Isto significa que, alinhado à visão de que tudo são recursos e de que se deve produzir mais para se
produzir melhor (outro mito abordado no trabalho), o tempo se torna a mais importante variável para
manutenção do regime convencional que é o próprio produtor das condições insustentáveis que (se)
busca mitigar. Uma das consequências desta compressão ou "aniquilação" do espaço é a dominação de
um tempo global da economia para o qual o ritmo das atividades humanas deve estar sempre se
adequando para criar resultados. A categoria que deriva desta concepção, como em Simmel (1973),
então diz respeito ao ritmo econômico da vida nas grandes cidades e qualifica uma categoria levantada

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anteriormente com base em Dovers & Handmer (1993): os sistemas humanos como sistemas de
serviços econômicos.
Em direção a um pensamento oriental, Chen & Wu (2009) e El Razaz (2010) trazem perspectivas
muito semelhantes entre si a respeito de "ritmo". Os primeiros introduzem seu artigo com a
consequência do crescimento da população urbana mundial para as projeções de um ambiente
sustentável. A partir de uma visão de que os ecossistemas e as paisagens serão cada vez mais
domesticados, abordam a importância dos ecologistas da paisagem e dos arquitetos paisagísticos em
desempenhar um papel crítico sobre os processos ecológicos e os padrões espaciais do momento atual
para a construção de um design baseado em princípios de integração e transdisciplinaridade. A
sugestão dos autores é tomar como princípio a "unidade do homem com a natureza" e outras filosofias
chinesas, como o Feng Shui, "que consiste em um conjunto de princípios empíricos que integram
características da paisagem biofísica com tradições culturais e crenças religiosas para guiar a projeção
de espaços como os de habitação" (op. cit., p. 1018). Essas filosofias, postas sob formas
arquitetônicas, são analisadas ao longo do artigo. Já El Razaz (2010), ainda que a partir de um
referencial de pensamento ocidental, sobre a arquitetura cinética, traz uma ampla discussão sobre a
visão sustentável desta forma de arquitetura. Nela, explora, como alguns autores também aqui
selecionados, a oportunidade de se integrar ciência e arte, "já que designers podem ajudar os cientistas
a pensar 'fora-da-caixa', enquanto os cientistas trazem novas tecnologias e teorias para projetar
disciplinas" (op. cit.). O intuito, segundo o autor, é criar "estados de uma arquitetura de transição e
metamorfose [...] que podem inspirar, surpreender e até tocar a alma" (op. cit.), dialogando com o lado
espiritual usual da arquitetura oriental. Diante disto, Chen & Wu (2009) defendem uma arquitetura que
se alinhe aos ritmos da paisagem natural do espaço determinado para uma intervenção. El Razaz
(2010) propõe, com o mesmo intuito, a adoção de uma arquitetura que "cria espaços e objetos que
podem se reconfigurar fisicamente para atender às necessidades dinâmicas, flexíveis e em constante
mudança da atualidade [...] e apresentar novos alinhamentos" (op. cit., p. 342), "seguindo os ritmos da
natureza e permitindo uma mudança de direção [para a experiência que se deseja]" (op. cit., p. 355).
Entende-se como categorias relevantes o ritmo natural e a arquitetura oriental. Uma experiência no
oriente, porém ligada ao mesmo sistema de crise ocidental capitalista enunciada em trabalhos
anteriores, está contida no próximo trabalho:
Looser (2015) traz um histórico da transformação recente do Japão na busca pela implantação de
modelos de "ecocidades" para recuperação de uma crise que, segundo o autor, tem localizada
catástrofes naturais, um desastre nuclear e contrações neoliberais, o que se deve também a forças
globais. O autor analisa, neste contexto, as condições de crise no país para identificar as possibilidades
de reestruturação da vida nas cidades impactadas comparando ao Japão pós-guerra. Dentre as
condições, examinou-se o ritmo de vida, sendo dedicado um item específico do artigo para o tema. Em
linhas gerais, o Japão antes da crise tinha sua vida em um ritmo (ou temporalidade) normativo,
acelerado, produtivista, já habituado culturalmente, considerado característica essencial do japonês. A
devastação de uma área extensa por conta de catástrofes naturais, assim, foi apreendida como uma
potencialidade rítmica para a construção da temporalidade perdida e para a operação de uma cidade
inteligente que, além da hiperconexão, traria um desenvolvimento energético positivo para a
reconstrução do país em suas partes. Ou seja, em um caminho contrário ao que se sugere com a
identificação dos problemas que realizamos na parte introdutória do presente artigo (e que até então

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tem sido ressonante aos demais trabalhos analisados), o autor associa a "ritmo" potencialidade
produtiva e, como figura antagônica e negativa, "quietude".
Segundo Xue e outros (2012), no sentido contrário, em consonância com os demais autores
abordados e com base em filosofias orientais, mais precisamente chinesas:
Um princípio fundamental do taoísmo é que a natureza tem seu próprio caminho
harmonioso e equilibrado. [...] O que os seres humanos devem fazer é 'wu-wei',
literalmente 'não-ação', sugerindo que nunca se deve tomar ações conflitantes com a
lei da natureza. Juntos, 'tao' e 'wu-wei' encorajam os humanos a respeitar os ritmos
naturais existentes e a evitar a interrupção de processos naturais que, por si só,
levam a estados harmoniosos (XUE et al., 2012, p. 102).
Para Mbembé (2004), que retoma o pensamento de Simmel em "A metrópole e a vida mental", o
alto ritmo produtivo da metrópole de origem ocidental compõe uma política do esquecimento e da
lembrança. O autor entende que, por meio da "superfluidez" característica da concepção moderna
(ocidental) de metrópole (definida por uma racionalização das relações de produção e das relações
humanas na esfera social; por um comercialismo e relações de caráter funcional), a subjetividade
através de tradições culturais, por exemplo, toma forma de cálculo (de tempo) e abstração, sendo
substituída, com seu ritmo, por uma cultura da inquietação, do deslocamento, da indiferença, tendo,
assim, seus fundamentos sensoriais afetados. Então, a "superfluidez não se refere apenas à estética de
superfícies e quantidades. Como tal, ela é também uma premissa da capacidade das coisas de
hipnotizar, superexcitar ou paralisar os sentidos" (op. cit., p. 374). Tendo como referência espacial a
"cidade racial" Johannesburg (África do Sul), utiliza a "estética da superfluidez", então, para analisar a
transição desta cidade para uma forma metropolitana, identificando que "a colagem de vários
fragmentos da antiga cidade está abrindo uma manifestação de amnésia traumática e, em alguns casos,
nostalgia ou mesmo luto" (op. cit.). Assim, conclui que a vida psíquica da metrópole é inseparável da
forma metropolitana, em seu design e arquitetura, porque "são as formas metropolitanas, elas próprias,
uma extensão projetiva das fantasias arcaicas ou primitivas da sociedade, das 'danças dos fantasmas' e
dos espetáculos escravos em sua fundação" (op. cit., p. 375). Entendemos, a partir disto, que, para uma
"sustentabilidade cultural", "ritmo" associa-se a "memória". (Mbembé [2004] faz ainda uma crítica ao
sistema capitalista que, "sem o desejo pelo consumo, não pode ser sustentado" - o que apoia a
mentalidade de descarte e de uso de recursos até seu esgotamento.
Também sobre mudanças em uma cidade africana (Durban) no contexto pós-apartheid, Nomico
& Sanders (2003) contribuem com a noção de sentido de lugar (cultural e de memória) para a
constituição de espaços de maior bem-estar para a população. Os ritmos sônicos ou as ambiências
sonoras e também o cheiro dos lugares coletivos são marcas consideradas pelos autores para um
desenvolvimento sustentável sobre as áreas negativamente impactadas pelo regime do apartheid. Com
considerações já amplamente expostas através dos outros artigos, os autores, neste caso, contribuem
pela temática indiscutivelmente sensível destacando que "o sentido de lugar não é experienciado
apenas através da arquitetura e design, mas também através da emanação de ritmos urbanos" (op. cit.,
p. 220), referindo-se ao ritmo dos objetos e dos fluxos nas cidades
Oktay (2014), que inicia seu artigo com uma discussão teórica sobre o desenvolvimento
sustentável em seu sentido clássico, propõe, a partir do caso das cidades turcas, uma análise das
qualidades do desenho urbano tradicional para a identificação de valores que vem sendo diluídos que,
no entanto, representam princípios de um urbanismo sustentável. O autor considera os aspectos:

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densidade urbana, uso misto do solo, criação e incentivo ao uso de espaços públicos, combinação entre
urbanismo e natureza e, por fim, o caráter de comunidade para o desenvolvimento local sustentável.
Para ele, um dos principais fatores determinantes desta diluição reside na substituição de um "ritmo
variado e denso" por um ritmo fragmentado pelo desenvolvimento residencial e comercial
setorializado, que, portanto, demonstra baixa diversidade e mobilidade intraurbanas. Neste sentido que
aponta como sendo relevantes a vitalidade e a "vivialidade" ("liveability"). A primeira o autor
apresenta com base no estudo de Jane Jacobs (1961) sobre as cidades americanas citando que a
diversidade é o que dá vida às cidades e as permite sustentar-se como civilização. A segunda refere-se
às condições ambientais de habitabilidade (sua tradução usualmente utilizada). Há, portanto, um
discurso que combina ritmos (também acelerado) e condições de pausa e permanência.
Ritter & Dauksta (2013) trazem, finalmente, "ritmo natural" em sustentabilidade, termo já
mencionado por vezes como um dos aspectos relevantes na arquitetura paisagística e, em um caso que
não será aqui analisado por fugir da temática, como referente ao estressor ambiental ciclone6. As
autoras analisam, a partir de uma perspectiva histórica, as relações entre o ser humano e as florestas
para além da consideração destas como um meio técnico para resolução de problemas ambientais e
econômicos. Foca-se, principalmente, nos papéis cultural e espiritual da floresta para o ser humano em
seu desenvolvimento quanto sociedade. Com isto, pôde-se identificar a flutuação dos valores da
floresta e as novas funções que a ela foram sugeridas e praticadas. A importante constatação a que o
artigo chega diz respeito ao processo contínuo de desvinculação cultural ou enfraquecimento de laços
alcançado com a industrialização e a urbanização - devido, em primeiro lugar, à capacidade adquirida
de desvio do ritmo da natureza -, resultando em uma gestão de recursos florestais sem relevância aos
aspectos culturais, emocionais e estéticos, os quais são fundamentais para uma relação sustentável
entre homem e natureza. As autoras argumentam que a conscientização do vínculo cultural e histórico
deve ser então fortalecido na população para que se aprenda a valorizar a importância das florestas na
sociedade atual e, assim, se alcançar um modelo de gestão holístico e sustentável. Ritter & Dauksta
(2013), então, agregam as categorias objetivas e subjetivas ligadas ao sentido clássico da
sustentabilidade, com vistas ao recurso, à preservação e à conservação ecológicas, e às novas acepções
que se desenham em um sentido da paisagem afetiva, do vínculo com o lugar e do respeito ao ritmo do
ambiente natural.
Em uma proposta diferente à clássica, Almeida & Fumega (2012) analisam um programa de
iluminação urbana para a valoração do modo de vida noturno. Os autores argumentam que, a partir de
um planejamento noturno baseado em iluminação, espaços tomam vitalidade, estendem o ritmo diurno
criando uma sequência dia-noite à esfera social e favorecem, assim, a abertura de uma nova
temporalidade para a incorporação de atividades culturais e econômicas (já existentes ou por vir
segundo o novo modo de vida estabelecido). Assim defendem que há uma contribuição ao
desenvolvimento sustentável à medida que o plano noturno amplia a "vivialidade" dos espaços
urbanos, a participação dos habitantes nas cidades e a conexão entre as pessoas e os lugares quando,
antes, a cidade "dormia". "Ritmo" aparece na obra, timidamente, como o fio condutor da sequência
dia-noite, portanto, sem grande contribuição.

6
Refere-se à obra de Bunce e outros (2010), listado na Tabela 3 por ter se enquadrado nos critérios iniciais de seleção de
artigos.

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Dovey & Pafka (2014) trazem as múltiplas frentes de discussão sobre "densidade urbana" com o
objetivo de formular uma conceituação integrativa e que abarque as diferentes escalas de tempo e
espaço urbanos. A proposta dos autores é associar os aspectos qualitativos das cidades por eles
considerados relevantes às medidas e às formas de densidade. Com isto, buscam construir, de um
modelo para o planejamento em morfologia urbana a partir de aspectos qualitativos que configurariam
a própria sustentabilidade, um grupo de requisitos para uma qualidade morfológica duradora e
suficiente. "Ritmo", em meio a isto, aparece como parte do modelo estando associado a: "ritmo de
densidade" (similar ao "ritmo variado e denso" do solo de uso misto para uma diversidade e vitalidade
dos espaços públicos urbanos, de Oktay [2014]); "sequência dia-noite" (similar ao trabalho analisado
no parágrafo anterior, de Almeida & Fumega [2012]); e "ritmo urbano" (correspondendo à
temporalidade das atividades cotidianas, classificadas como diárias, semanais ou sazonais, atreladas às
populações residente, trabalhadora ou visitante das cidades, ligando-se, portanto, também à
permanência).
Por último, Radovic (2004) parte da "demanda por uma sustentabilidade ecológica e cultural"
para sugerir um método educacional e de design que inclua "o outro", as populações tradicionais e
indígenas na confecção de planos de informação representativos da realidade ambiental. O autor
argumenta que, para a aplicação de um conhecimento verdadeiramente internacionalizado, haja vista,
por exemplo, a incompatibilidade entre os métodos de mapeamento ocidental e os contextos culturais
orientais, deve-se construir um fazer conjunto com "o outro" para que se manifeste seus símbolos e sua
permanência. Isto é, a pesquisa, defende Radovic (op. cit.), para um desenvolvimento sustentável,
deve se direcionar à horizontalidade de ideias apreciando-se as diferenças em detrimento de um fluxo
de informações de cima para baixo. Assim, o método que sugere se apoia fundamentalmente em:
atividades pré-campo para uma base profunda de conhecimento sobre o local físico e seu espaço
social; o trabalho de campo, onde se desenvolverá a sensibilidade à cultura revelando sua
manifestação autêntica; e atividades pós-campo para uma síntese ou balanço de toda a atividade.
Como parte integrante das atividades de pré-campo, "ritmo" surge em "rhythmanalysis", forma de
operação através da qual se criam, deliberadamente, diferentes camadas de informação sobre todo e
qualquer aspecto de interesse, estabelecendo uma atmosfera criativa no estúdio, permitindo-se criar
ritmos espaciais que, entre fluxo e mudança de fluxo, revelam camadas subjetiva e objetivamente
derivadas dos relacionamentos indivíduo-lugar resultando uma composição entre espaço físico e
cultura.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante desta ampla gama de estudos, torna-se possível, então, responder às perguntas iniciais
levantadas no presente trabalho.
Em termos de presença de "ritmo" em sustentabilidade sob um viés do espaço social, ligados,
portanto, principalmente, às escalas de ação arquitetônicas e urbanas, pode-se afirmar, em resposta à
primeira questão do artigo ("'Ritmo' é tema primário em artigos relevantes da área de
sustentabilidade?"), que, comparativamente entre os diversos campos do conhecimento, "ritmo"
aparece ainda muito timidamente. O termo se faz mais comum nas áreas biológica e médica referindo-
se ao "ritmo circadiano" e, em menor grau, a um "ritmo cerebral". Quando referente ao
desenvolvimento sustentável, "ritmo" é abordado majoritariamente sob um viés ecológico, fazendo-se

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presente em trabalhos propositivos sobre a incorporação de ritmos do ambiente natural no ambiente
construído, e, em recente crescimento, sob um viés (psico)social, subjetivo, ampliando a abordagem
estética para o campo da percepção, dos sentidos, significados e sentimentos na produção do lugar
através de uma "ambiência rítmica". Já em relação à "sustentabilidade econômica", "ritmo" é utilizado
de maneira genérica sobre os "ritmos de produção". Permite-se, assim, antecipar as conclusões
referentes à questão 3 ("Como estas associações – entre 'ritmo' e as categorias analíticas com ele
abordadas – e o desenvolvimento sustentável em seu tripé clássico se relacionam?") apontando que as
abordagens ecológica e econômica são mais numerosas e há necessidade latente de uma perspectiva da
interpretação cultural no que vem a ser a denominada "sustentabilidade social".
Cumpre destacar, em termos de contribuição para as análises quantitativa e qualitativa de "ritmo"
em sustentabilidade, que as bases de periódicos gerais Portal Periódicos CAPES e Springer Link
seriam suficientes para se chegar aos resultados e às conclusões aqui alcançados, por comportarem
trabalhos que refletem toda a diversidade temática encontrada. O periódico da área de Sustentabilidade
que melhor contribuiu neste mesmo sentido foi a revista Environment, Development and
Sustainability e, em Arquitetura, Urbanismo e Design, o jornal Urban Design International.
Sobre a questão 2 ("A que categorias analíticas o ritmo é associado?"), puderam-se identificar os
seguintes termos: ritmo circadiano, cerebral, (dos sistemas) de produção, (dos sistemas) naturais,
performático; lugar (imagem de; sentido de; vínculo com); ambiência (rítmica); tempo (escalas de;
temporalidades); paisagem (afetiva) e memória; percepção; interação social; "liveability"; "vitality";
aniquilação do espaço; fluxo e mudança (ou repetição e diferença); permanência; intensidade/
densidade; quietude; "superfluity". Avalia-se, assim, que, pelo relacionamento entre as próprias
categorias, faz-se fundamental considerar para estudos futuros: "liveability" (devido à necessidade de
se identificar os aspectos subjetivos do ritmo para uma vida sustentável), sentido de lugar (devido ao
vínculo, à proteção e, fundamentalmente, ao sentido coletivo formado por ritmos como o sonoro para
criação de ambientes propícios à construção de novos modos de subjetivação no espaço); permanência
(devido à indicação de vínculo com o lugar ou de um "espaço de pausa", relevante para a identificação
dos aspectos formais do ritmo nas cidades); paisagem (para se compreender o arranjo dos elementos
espaciais fundamentais que dão suporte às sensações compartilhadas pelos usuários no espaço).
Por fim, para além da contribuição acima exposta, sugere-se ainda a investigação de estudos
relacionados a "ritmo" e arquitetura sem um filtro ligado à "sustentabilidade", para que se compreenda
o relacionamento entre as duas "categorias" independentemente de um direcionamento, aqui tomado e
justificado pela emergência do debate ligado à saúde na cidade contemporânea. Desta forma, são obras
fundamentais para ampliação do tema: Betina Tschiedel Martau (2015), que apresenta o conceito de
"luz circadiana e suas implicações para a arquitetura", tendo realizado um trabalho sobre luz natural
em ambientes de trabalho e sua relação com sintomas de depressão e qualidade do sono (MARTAU et
al., 2015); e Ignasi Solà-Morales (2002), que apresenta o conceito de "arquitetura líquida" propondo
uma virada nos estudos em arquitetura: do foco nas edificações a uma abordagem dos fluxos humanos
e suas experimentações de vida fluida - o que aqui já foi realizado. Assim, tem-se como perspectiva a
elaboração de um segundo artigo, munido de todo conteúdo apresentado, para aprofundamento com
referências projetuais para uma sustentabilidade psicossocial arquitetônica e urbana.

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AGRADECIMENTOS
O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001.

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