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PROVA OBJETIVA – TEC09

LÍNGUA PORTUGUESA
“Estava todo mundo em pânico, chorando. As pessoas se
01 - Em jornal dedicado a noticiário esportivo, no Rio de machucavam, tentando escapar. Eu perdi o dia de trabalho e
Janeiro, aparece o seguinte texto, alusivo à demissão de um estou com dor nas costas, mas tive que levar minha esposa
técnico de futebol: “Com time no buraco, o presidente diz que ao médico. Ela passou mal quando soube o que eu passei”.
situação do técnico ficou ‘insustentável’ ”. A afirmação
INCORRETA sobre esse segmento de texto é: O problema de formulação desse texto está:

(A) por ser o futebol uma matéria de grande alcance popular, a (A) na ausência da preposição “por” antes do pronome relativo
linguagem coloquial está perfeitamente adequada ao texto; “que”;
(B) o primeiro segmento do texto – “com time no buraco” – (B) no excessivo emprego de gerúndios;
indica a razão da declaração a seguir; (C) na formulação de frases curtas, separadas por ponto;
(C) a utilização das aspas no vocábulo “insustentável” mostra (D) na grafia errada do vocábulo “mal”;
a preocupação de registrar a expressão do presidente; (E) na mistura inadequada de vários níveis de linguagem.
(D) a utilização da forma do pretérito perfeito do indicativo –
“ficou” – mostra que, na mente do presidente, houve
mudança na situação do técnico; 05 - Uma manchete de jornal sobre a situação de conflito no
(E) a declaração do presidente mostra que a demissão do Iraque dizia:
técnico dependeu unicamente de sua vontade.
“Rebeldes usam até vaca-bomba em atentado no norte do
Iraque”
02 - Um aviso de quarto de hotel dizia o seguinte:
No caso do vocábulo “vaca-bomba”, o emprego do hífen se
“Caro hóspede: este hotel tem serviço de lavanderia e, caso justifica pela seguinte regra:
se queira a devolução das roupas para o mesmo dia, é
indispensável recolhê-las até as oito horas da manhã. No caso de (A) na união de elementos que perderam seu significado
recolher-se a roupa após aquela hora, haverá um acréscimo de próprio;
30% ao preço normal, abaixo descriminado.” (B) quando o primeiro elemento tem função adjetiva;
(C) quando o primeiro elemento é um prefixo;
Entre os problemas encontrados nesse texto só NÃO está (D) nas palavras compostas que formam um sentido único;
presente: (E) nomes que principiam por um elemento verbal.

(A) a troca indevida entre parônimos: “descriminado” em


lugar de “discriminado”; 06 - O horóscopo destinado às pessoas do signo de aquário do
(B) a utilização inadequada do sujeito indeterminado (“caso se dia 1 de agosto de 2005 era o seguinte, segundo um jornal
queira a devolução”) já que o receptor da mensagem é o paulista:
hóspede;
(C) a contradição lógica no último período; “O céu no quadrante ascendente atrapalha a lógica afiada
(D) a inadequada utilização do verbo “recolher”, já que a com que você avalia pessoas. Você percebe que as palavras
mensagem é dirigida ao hóspede e não à lavanderia; não valem muito sem o aval das atitudes. Cuidado com os
(E) o emprego inadequado de “aquela” em referência a um julgamentos precipitados.
tempo previamente referido.
Entre as características abaixo, aquela que NÃO faz parte do
texto deste horóscopo é:
03 - Uma manchete de jornal, que noticiava um acidente de
trânsito no Rio de Janeiro, dizia o seguinte: (A) o uso do pronome de tratamento “você”;
(B) o emprego de vocábulos de sentido pouco preciso;
“Problema mecânico provoca incêndio em coletivo e fere 13 (C) a predominância de mensagens positivas;
passageiros” (D) o apelo a um jargão “profissional”;
(E) o emprego de ordem direta nas frases.
O problema de formulação dessa manchete é que:

(A) o problema mecânico referido não vem explicitado;


(B) falta coerência numa ligação de sujeito + verbo;
(C) o número 13 deveria vir grafado por extenso;
(D) se apresenta uma causa sem a conseqüência
correspondente;
(E) os tempos verbais estão fora de sucessão cronológica. 07 - No cartão de apostas da Mega-Sena aparece escrito o
seguinte:
04 - Numa outra notícia de acidente de trânsito, um dos
passageiros socorridos declarou o seguinte:

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“Confira as suas apostas nas Casas Lotéricas, pela
Imprensa ou pela Internet” Se colocássemos a forma verbal “deveriam educar” no início da
frase, ela deveria continuar a ser usada exclusivamente no
Para evitar possíveis ambigüidades, uma redação mais adequada plural. A frase abaixo em que a forma verbal deveria ser usada,
para essa mesma frase, mantendo-se o sentido original, é: obrigatoriamente no singular, é:

(A) Confira as suas apostas pela Imprensa, pela Internet, ou (A) Tombaram-se prédios e bibliotecas;
nas Casas Lotéricas; (B) Vieram pesquisadores e curiosos;
(B) Confira as suas apostas pela Internet nas Casas Lotéricas, (C) Chegaram 1,2% do grupo;
ou pela Imprensa; (D) Estiveram presentes o aluno e a aluna;
(C) Confira as suas apostas nas Casas Lotéricas, pela Imprensa (E) Analisaram-se os regimes e o sistema.
e pela Internet;
(D) Confira as suas apostas pela Imprensa, ou pela Internet nas
Casas Lotéricas; 10 - Na Constituição brasileira, no capítulo sobre os índios,
(E) Confira as suas apostas pela Internet ou pela Imprensa, nas aparece o seguinte trecho:
Casas Lotéricas.
“É vedada a remoção dos grupos indígenas de suas
terras, salvo, “ad referendum” do Congresso Nacional, em
08 - Num jornal baiano apareceu a seguinte notícia: caso de catástrofe ou epidemia que ponha em risco sua
população...”
“Golfinho morto atrai curiosos em Ondina. Um filhote de
golfinho que apareceu boiando nas águas da praia de Ondina, O latinismo “ad referendum” tem o sentido de “sujeito à
ontem, chamou a atenção do público que passava no local. Os aprovação”; o latinismo que tem seu significado
banhistas retiraram o animal, já morto, e o colocaram na ERRADAMENTE indicado é:
balaustrada da avenida”
(A) “O desaparecimento das espécies tem a ver com a
Num processo de coesão, o vocábulo “golfinho” aparece destruição dos habitats pela atividade econômica e não
repetido pelo vocábulo “animal”, numa relação de vocábulo pela caça amadora” = ambiente próprio onde viver;
específico (golfinho) e vocábulo geral (animal). O mesmo tipo (B) “O Congresso não chegou a votar as medidas provisórias
de relação aparece em: por falta de quorum” = número mínimo de presentes;
(C) “O publicitário Duda Mendonça fez sua mea culpa na
(A) “A história do livro que narra as aventuras do barão de CPI” = confissão de erros;
Munchausen parece ter saído da imaginação do próprio (D) “O secretário do PT deixou um memorandum sobre a
personagem”; mesa do tesoureiro” = lembrete;
(B) “O Botafogo conquistou o título de campeão carioca de (E) “Nem todos pediram para mim (sic) chegar antes da hora”
1989 com uma vitória de um a zero diante do Flamengo. = assim mesmo.
Eufórica, a torcida botafoguense comemorou como nunca
a conquista”;
(C) “O primeiro violinista olha nervosamente para a platéia. 11 - Entre os textos abaixo, aquele que apresenta uma
Nunca em toda a sua carreira como líder do quarteto teve contradição é:
que enfrentar algo parecido”;
(D) “O quarteto entra no palco sob educados aplausos da (A) Os bons e os maus autores terão seus livros expostos nas
seleta platéia. Os quatro afinam seus instrumentos”; prateleitas da livraria;
(E) “O garoto da vizinha me pediu que o ajudasse a fazer um (B) Os defeitos de fabricação, exceto os causados pelo mau
trabalho escolar”. uso da ferramenta, estão cobertos pelo seguro;
(C) Os documentos eram redigidos, ora em computador, ora
em antigas máquinas de escrever;
(D) Mesmo com a promessa de mau tempo, o sol brilhava em
grande parte da cidade;
(E) A verba para a pesquisa virá do Governo e da iniciativa
privada.

12 - A alternativa abaixo que NÃO apresenta voz passiva é:


09 - Num trecho de Frei Betto, aparecia o seguinte segmento:
(A) Os manuscritos do Mar Morto foram descobertos na
“Famílias e escolas deveriam educar os alunos para lidar Jordânia, por acaso;
com perdas” (B) Ouro Preto vai ser visitada por representantes da Unesco;

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(C) Desenterraram-se oito sarcófagos das areias do Vale dos
Reis; (A) antítese entre “devagar” e “voe”;
(D) Fotografou-se um grande número de sinais nas paredes da (B) desestruturação de um ditado popular;
caverna; (C) fala direta com o leitor;
(E) Os guias tinham levado os estudiosos pelos caminhos da (D) redundância expressiva de “não” e “nunca”;
floresta. (E) frases curtas e iniciadas por verbos.

13 - Num relatório, um pesquisador escreveu o seguinte: 17 - “Insiste em estudar sozinho, conquanto mal tenha condições
de ler”; se iniciássemos esse mesmo período por “Mal tem
“Mais de um participante do Congresso admitiu que dois condições de ler”, a conjunção que devemos empregar a seguir a
milhares de folhas de papel eram mais do que suficientes” fim de que se mantenha o mesmo sentido original é:

Pode-se afirmar sobre esse segmento que: (A) por isso;


(B) então;
(A) ele não apresenta qualquer erro gramatical; (C) no entanto;
(B) a forma do verbo “admitir” teria que ser usada no plural; (D) logo;
(C) o numeral “dois” deveria ser trocado por “duas”; (E) em conseqüência.
(D) o adjetivos “suficientes” deveria ser usado no singular;
(E) o verbo “ser” deveria ser usado no singular.
18 - A alternativa abaixo em que o significado da palavra MAIS
está INCORRETAMENTE apontado é:
14 - Num depoimento de uma CPI da Câmara, um deputado
perguntou ao depoente: - O Presidente Lula encontrava o José (A) Nós estudamos; os mais se distraem = valor de pronome
Dirceu em seu gabinete? A inadequação dessa frase decorre:
indefinido;
(B) José é o pesquisador mais culto do grupo = intensidade;
(A) do emprego de “José Dirceu” sem o tratamento adequado;
(C) O diretor não mais irá ao Congresso = cessação;
(B) da referência ao Presidente Lula sem citar seu nome
(D) O relatório exigiu mais cinco horas de trabalho =
completo;
acréscimo;
(C) da possibilidade de ambigüidade;
(E) Quero mais dinheiro e menos problemas = valor
(D) da ausência da preposição “com” após o verbo
alternativo
“encontrar’;
(E) do mau emprego do artigo antes do nome de Presidente.
19 - A alternativa que apresenta ERRO de colocação pronominal
15 - A revista Veja publica em seu número de 10 de agosto de é:
2005 a seguinte informação:
(A) O diretor não queria calar-se;
“O Mittal Steel, o maior grupo siderúrgico do mundo, está (B) Não lhe prestarei qualquer ajuda;
desembarcando no Brasil. Por 220 milhões de dólares, venceu (C) O guia não o seguiu;
a disputa pelo controle da reserva de minério de ferro, (D) Fi-lo porque qui-lo!
localizada em Caitité, na Bahia”. (E) Ninguém quer segui-lo.

A alternativa abaixo que apresenta uma afirmação


EQUIVOCADA sobre a estrutura do texto informativo acima é: 20 - Logo que __________, _________ ver que não
__________.
(A) uma informação supõe um pressuposto desconhecimento
por parte do leitor do que é veiculado pelo texto; As formas abaixo que completam adequadamente as lacunas
(B) o texto informativo traz implícita a idéia de que o são:
conteúdo do texto é de interesse de leitores;
(C) um texto informativo tem como marcas lingüísticas (A) os vir os farei os queremos seguir;
freqüentes a clareza e a precisão; (B) os ver fá-los-ei queremo-los seguir;
(D) até por razões legais, os autores de textos informativos (C) vê-los fá-los-ei queremos segui-los;
jamais identificam as suas fontes; (D) os vir fá-los-ei queremos segui-los;
(E) um texto informativo procura freqüentemente meios de (E) os ver far-lhes-ei quereremos segui-los.
atrair a atenção do leitor para o que é veiculado.
CONHECIMENTOS BÁSICOS
16 - Um out-door apresentava a seguinte frase:

“Devagar não se chega nunca! Voe TAP!” 21 - “Assim como não veio substituir homens, a revolução
não veio também substituir partidos. O seu programa é
A base deste texto publicitário se apóia no(na): substituir princípios e normas para evitar o regresso à
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política dos antigos donos da República, dos senhores
absolutos do regime”. Entrevista de Osvaldo Aranha ao (EWBANK, Thomas. A vida no Brasil. Belo Horizonte:
Correio do Povo, publicada em 14/6/1931. In: A Revolução de Itatiaia; São Paulo: EDUSP, 1976. p. 170).
30. Textos e Documentos. Brasília: Editora da Universidade de
Brasília, 1982. p. 30.
(C) “Dir-se-ia que um gérmen fatal se inoculou no organismo
O texto de um dos líderes do movimento militar que levou da República, gérmen de morte a manifestar-se na
Getúlio Vargas ao poder em 1930 expressa uma crítica indiferença geral com que os habitantes do país encaram
contundente ao modelo político que acabava de ser derrubado. os mais graves problemas da Nacionalidade [...] Senhores
Assinale a alternativa que melhor define esse modelo político do governo, senhores da Igreja, do Exército, da Armada e
em questão: do povo! Não seremos dignos de nós mesmos, não seremos
dignos de nossa pátria se cada um de nós em sua esfera
(A) Tratava-se de uma monarquia parlamentar, sendo o chefe não concorrer para que um vento da ressurreição sacuda o
de Gabinete o responsável pela política de Governo. organismo social do Brasil.”
(B) O autor refere-se à política implementada pelos governos
militares dos dois primeiros presidentes da república (LEME, Sebastião, arcebispo, discurso de 3 de maio de
(Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto), com fortes 1924, Páscoa dos militares. Apud: SANTO ROSÁRIO,
traços autoritários que marcaram a vida política brasileira. Regina Maria, irmã. O Cardeal Leme. Rio de Janeiro:
(C) A crítica dirige-se ao modelo oligárquico implantado com ________, 1962. p. 165-166.)
a política dos governadores, que assegurava a
preponderência dos interesses ligados à cafeicultura.
(D) A crítica dirige-se à forma de democracia implantada com (D) “De todas as violências e ilegalidades postas em prática
o regime republicano e que resultava em cópia acrítica das pela quartelada de 1º de abril, a mais repugnante, a mais
democracias parlamentares européias. abjeta é a oficialização e santificação da delação [...]
(E) O texto expressa uma crítica ao modelo político Delatar um colega de trabalho, apontá-lo aos algozes de
implantado pelos republicanos radicais, que ao copiarem hoje porque ele pensa diferente de nós – não é um ato
os modelos europeus, pretendiam assegurar algumas digno de um homem, e muito menos de um democrata. [...]
conquistas políticas como o voto secreto universal. Mas é preciso que haja resistência. Os inquisidores irão
embora, a inquisição passará. Mas ninguém esquecerá o
delator, ninguém perdoará a delação. Lembro o símbolo
22 - O messianismo foi uma das experiências sócio-culturais universal da Traição: Judas. [...]”.
que, presente na sociedade brasileira desde sua formação,
perdurou ao longo da temporalidade, a despeito das (CONY, Carlos Heitor. Judas – o dedo-duro. Correio da
particularidades assumidas por ele em diferentes conjunturas Manhã, 14 de maio de 1964.)
históricas. Considerando o messianismo como o
entrecruzamento de um imaginário religioso e de uma prática de
poder, indique a alternativa que exprime a ocorrência dessa (E) “Mal começaram a brilhar as vitoriosas bandeiras
manifestação na sociedade brasileira: Do teu triunfo, as vitoriosas bandeiras da cruz,
Por entre os povos brasílicos [...]
(A) “Sahiu D. Pedro II Estarreceu-se de horror o desgraçado e uivando atirou-se
Para o reyno de Lisboa No abismo e deixou-te, os reinos que a ti pertenciam
Acabosse a monarquia E que ele há tanto usurpara”.
O Brasil ficou atôa! [...]
(ANCHIETA, José de, padre. Os Feitos de Mem de Sá.
O Anti-Christo nasceu Versos 1175-1182. Apud: NEVES, Luiz Felipe Baêta
Para o Brasil governar Neves. O Combate dos Soldados de Cristo na Terra dos
Mas ahi está o Conselheiro Papagaios. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1978.
Para dele nos livrar”. p. 66-67. )

(CUNHA, Euclides da. Os sertões: campanha de


Canudos. São Paulo: Ática, 1998. p. 176.)

23 - O jornalista Elio Gaspari, ao descrever a reunião da sexta-


(B) “O bispo aspergia e rezava sobre feixes e feixes de palmas; feira, 13 de dezembro de 1968, que decidiu pela promulgação do
então ele e um grupo de padres, cada um com um ramo na Ato Institutcional n. 5, afirma que o marechal Arthur da Costa e
mão, dirigiram-se, em procissão lenta, até a porta e Silva assim se dirigira aos membros do governo reunidos no
saíram. Dando uma pequena volta ao átrio, voltaram à Palácio Laranjeiras: “ ou a Revolução continua, ou a
porta, que logo após tinha sido fechada e nela batendo, Revolução se desagrega”.
eram readmitidos, quando então se dirigiram ao altar,
cantando versos adequados. O seu regresso simboliza a Assinale a alternativa que melhor caracteriza o significado
entrada triunfal de Jesus em Jerusalém.” daquele Ato Institucional:
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restauração segundo as formas supostamente originais de
(A) Tratava-se do Ato que decretava o fim dos partidos um monumento do passado.
(B) Eugène Viollet-le-Duc, arquiteto que passa a atuar a partir
políticos existentes e criava apenas dois: a ARENA dos anos 1830 na França, representava aquele paradigma
alinhada à política dos militares e o MDB, oposição segundo o qual a restauração jamais poderia restituir a
consentida ao regime. forma original dos monumentos, destruídos pela ação
(B) O AI 5 instituiu a figura do senador biônico, que inexorável do tempo.
dispensava as eleições diretas para a sua escolha. (C) Os dois paradigmas referidos supõem igualmente distintas
concepções de história, a primeira delas, ligada ao trabalho
(C) O Ato Adicional de 13 de dezembro de 1968 dava início de Viollet-le-Duc, imaginava a possibilidade de chegar-se
ao processo de distensão lenta e gradual idealizado pelos ao passado nos termos em que ele realmente existira.
militares no poder como forma de promover uma transição (D) Tanto o paradigma de preservação defendido por Ruskin,
lenta para um futuro governo civil. quanto aquele formulado por Viollet-le-Duc estão mais
(D) O Ato Institucional de n. 5 foi uma resposta direta aos assentados em valores estéticos para definição dos
monumentos do que propriamente em preocupações
movimentos grevistas da região ABC paulista, que relativas à historia.
punham em xeque a política econômica do “milagre (E) Os dois representantes desses paradigmas
brasileiro”. preservacionistas, embora partindo de concepções
(E) O Ato Institucional de n. 5 significou na prática a divergentes, sustentaram políticas de preservação que
instituição de um regime ditatorial com a concentração de terminaram por se assemelhar tendo em vista a
centralidade do valor histórico para definição dos
poderes nas mãos do Executivo, dando início à fase mais monumentos considerados patrimônio.
dura e repressiva do regime militar instalado no país em
1964.
26 - Assinale a alternativa que melhor caracteriza a política de
patrimônio inaugurada com a criação do Serviço do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional pelo decreto-lei n° 25 de 30 de
24 - “Queremos Pedro II,/ Embora não tenha idade,/ A novembro de 1937:
Nação dispensa a lei,/ E viva a maioridade.” In:
SCHWARCZ, Lilia Moritz. As barbas do Imperador. D. Pedro (A) Essa política refletia as novas demandas formuladas ao
II, um monarca nos trópicos. São Paulo: Companhia das Letras, campo da cultura pelo Estado Novo, significando a vitória
1998. p. 74. dos grupos mais conservadores em termos de definição de
uma política cultural, segundo a qual a volta ao passado
deveria fundamentar uma identidade forjada a partir dos
Os versos acima fazem alusão ao chamado golpe da maioridade, heróis da Nação brasileira.
que em 1840 declara o jovem Pedro, herdeiro do trono (B) A política de patrimônio inaugurada por Rodrigo Melo
brasileiro, imperador. Assinale a alternativa que melhor Franco de Andrade assinala uma valorização exclusiva dos
caracteriza o período que se inicia com a decretação de sua bens a serem objeto de tombamento a partir de seu valor
maioridade: artístico, segundo os cânones internacionais formulados
por uma história da arte, de viés profundamente
esteticizante.
(A) A decretação da maioridade de D. Pedro II significou uma (C) A política de patrimônio implementada por Rodrigo Melo
medida política visando a centralização do poder nas mãos Franco de Andrade à frente do Serviço Nacional do
do governo central. Patrimônio Histórico e Artístico Nacional representou uma
(B) O golpe da maioridade significou uma vitória dos grupos vitória dos modernistas e significou uma concepção
bastante democrática do patrimônio, preocupada com o
regionais que pretendiam uma descentralização política. acesso aos bens culturais tidos como patrimônio de uma
(C) A mioridade de D. Pedro II decretada em 1840 deu início coletividade nacional.
ao Segundo Reinado e representou a expressão política (D) A política inaugurada com o decreto-lei n° 25 manteve-se
dos setores cafeicultores da província de São Paulo. inalterada em suas linhas até à redemocratização plena do
(D) Na verdade a antecipação da maioridade estava prevista na país após a Constituinte de 1988, atestando a permanência
de um projeto excludente com relação à cultura que
Constituição em situações que pusessem em risco a caracterizou tanto o Estado Novo quanto os governos
unidade territorial e política do Império brasileiro. militares.
(E) Com a maioridade do jovem imperador tem início o (E) A política de patrimônio implementada na gestão de
regime monárquico parlamentar de feição absolutista. Rodrigo Melo Franco de Andrade trazia a marca dos
modernistas assim como de uma nova forma de tratar os
monumentos a partir de sua consideração como expressões
concretas de uma nacionalidade, que se dava a conhecer
pelo exame desses signos.
27 - “Um dos problemas com que se defrontam os países no
25 - A política de preservação do patrimônio conheceu durante o mundo moderno é a perda de identidade cultural, isto é, a
século XIX, momento de fundação desta discussão, duas
grandes linhas de reflexão, impondo conseqüentemente práticas progressiva redução dos valores que lhes são próprios, de
diversas em relação aos bens a serem considerados parte de um peculiaridades que lhes diferenciam as culturas.” (Aloísio
patrimônio nacional. Assinale a alternativa que melhor descreve Magalhães. Apud. GONÇALVES, José Reginaldo dos Santos. A
esses projetos preservacionistas: retórica da perda. Os discursos do patrimônio cultural no Brasil.
2ed. Rio de Janeiro: Editora da UFRJ, Ministério da Cultura-
(A) Os dois paradigmas de preservação histórica da Europa no IPHAN, 2002.)
século XIX estão ligados aos nomes de John Ruskin e
Eugène Viollet-le-Duc, o primeiro defendendo a

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Essa afirmação de Aloísio Magalhães sinaliza para algumas das
transformações por que passou a política de patrimônio quando (A
esteve à frente de suas iniciativas. Indique a alternativa que )
apresenta aquelas mudanças que mais expressam esse processo:

(A) A partir de um diagnóstico que responsabilizava o


acelerado desenvolvimento econômico-industrial resultado
da política desenvolvimentista posta em prática pelos Quadro de Antônio Parreiras, século XX.
governos militares como destruidor do patrimônio Condenação de Felipe dos Santos, Vila Rica,
nacional, sua política centrava-se numa profunda crítica a 1720.
esta forma de desenvolvimento, propondo uma volta às
verdadeiras raízes da cultura nacional. (B)
(B) Seu discurso funda uma nova visão de patrimônio
pensado, sobretudo, a partir do conceito antropológico de
cultura e de sua diversidade, resultando num alargamento
de critérios para a definição de um bem a ser objeto de
uma política de patrimônio.
(C) A política de patrimônio que passa a defender visa a uma
valorização dos bens culturais como forma de luta política Litografia de Emil Bauch. Rua da Cruz, Recife,
dos países menos desenvolvidos frente às ameaças dos meados do século XIX, cidade onde eclodiu a
países altamente industrializados e representava o discurso Praieira.
cultural das esquerdas que chegavam ao poder com a
redemocratização após o regime militar. (C)
(D) Seu discurso expressa uma concepção mais democrática
no tocante à política de patrimônio que passou a se voltar
para a valorização da diversidade cultural nacional, o que
resultou numa perda de importância dos tombamentos
como estratégia institucional de preservação.
(E) Ao centrar a definição de uma política de patrimônio a
partir do conceito de cultura, Aloísio Magalhães deixava Charge contra a vacinação obrigatória. Rio de
de considerar a história como aspecto relevante para suas Janeiro, 1904.
considerações em torno de políticas públicas e estatais
para a proteção do patrimônio, atitude que refletia o (D
desinteresse por este campo por parte dos governos )
militares, tendo em vista o potencial crítico da disciplina.

Cartaz da Revolução Constitucionalista. São


Paulo, 1932.

(E)

Marcha pela Educação. Brasília, 2001.


29 - A estrutural desigualdade sócio-econômica do país, que
28 - Várias cidades brasileiras, por concentrarem em um espaço inúmeras vezes culmina em situações de carência e violência
físico limitado diferentes segmentos sociais, com interesses extremadas, foi traduzida sob forma de letra e melodia em várias
geralmente conflitantes, foram palco de importantes músicas consagradas pela crítica e pelo público contemporâneos.
manifestações de protesto e de reivindicação popular. Parte
dessas mobilizações buscava legitimar-se recorrendo a um Leia abaixo os trechos de algumas dessas composições:
discurso libertário que, oriundo do pensamento iluminista ou dos
ideários anarquista e socialista, não descartava o advento da I- Decepar a cana
“modernidade”. Já outra parcela, pelo contrário, recorria a Recolher a garapa da cana
concepções de cunho tradicionalista, associando a emergência Roubar da cana a doçura do mel, se lambuzar de mel.
do “novo” a novas formas de espoliação. Marque, nas Afagar a terra
alternativas abaixo, a imagem que exprime essa segunda
perspectiva:
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Conhecer os desejos da terra Conceição
Cio da terra, propícia estação de fecundar o chão. Escultura em marfim,
Cio da terra. Composição: Milton Nascimento e Chico século XVII.
Buarque de Hollanda Acervo Museu Histórico
Nacional.
II- Debaixo d'água lá se vai a vida inteira
Por cima da cachoeira o baiola vai sumir
Vai ter barragem no salto do Sobradinho
E o povo vai se embora com medo de se afogar.
O sertão vai virar mar, dá no coração I - Rede. Final do século XIX.
O medo que algum dia o mar também vire sertão. Fotógrafo: Vicentes
Sobradinho. Música: Sá e Guarabira. Photographos.

III- Enquanto a minha vaquinha tiver o couro e o osso .


E puder com o chocalho pendurado no pescoço
Vou ficando por aqui, que Deus do céu me ajude!
Quem sai da terra natal em outro canto não pára!
Só deixo o meu Cariri no último pau-de-arara!
ÚltimoPau–de-Arara. Intérprete: Fagner. Composição:
Venâncio/Corumbá/J.Guimarães

IV- A lei da selva, consumir é necessário


Compre mais, compre mais, supere seu adversário
III- Renda de bilro, século
O seu status depende da tragédia de alguém
XX, Florianópolis. IV- Xícara de porcelana,
É isso, capitalismo selvagem!
século XIX, França.
Mano na Porta do Bar. Composição: Racionais
Acervo Museu Histórico
MC’s.
Nacional
A alternativa que NÃO se refere às composições de forma
historicamente correta é:

(A) as músicas I e III traduzem práticas econômicas


desenvolvidas durante o período colonial, sendo ambas
localizadas em áreas rurais, mas destinadas a mercados
consumidores distintos: uma voltava-se à exportação e .
outra ao abastecimento interno;
V- Pequeno livro, com
(B) a música I traduz uma prática econômica pautada na
devastação dos recursos naturais e no uso significativo de versos do Alcorão em
mão-de-obra escrava até meados do século XIX; árabe, encontrado preso
(C) a música III traduz uma prática econômica promotora da ao pescoço de um
ocupação do interior do Brasil, estando baseada na participante da
ausência de degradação ecológica e no uso predominante insurreição dos malês, na
de mão-de-obra livre; Bahia, em 1835.
(D) as músicas II e IV traduzem transformações sociais
possibilitadas apenas com o incremento do processo
industrial no país, a partir da I Guerra Mundial;
(E) as músicas II e III traduzem a saga dos retirantes
nordestinos que decidem migrar para as grandes cidades
do litoral, evidenciando-se a não interferência do poder
público na região.
30 - O patrimônio cultural brasileiro vem sendo constituído (A) O objeto reproduzido na imagem I era comumente
mediante apropriações contínuas, que mesclam práticas de utilizado pelas comunidades indígenas do Brasil, sendo
violência com criativas reelaborações da vivência cotidiana. As incorporado aos ambientes urbanos coloniais e imperiais.
imagens reproduzidas abaixo elencam cinco exemplos dessa (B) A escultura reproduzida na imagem II remete à arte indo-
transformação do simbólico: trazidas por povos ou etnias portuguesa, desenvolvida no âmbito do comércio marítimo
específicas, elas foram incorporadas aos costumes, à devoção, para obtenção das especiarias orientais entre os séculos
em suma, à identidade de uma sociedade que assume como um XVI e XVII.
de seus traços mais marcantes a diversidade cultural. Relacione (C) O artesanato reproduzido na imagem III exprime uma
tais imagens a seus pertencimentos sociais e históricos, prática introduzida por colonos portugueses da Ilha dos
marcando a alternativa ERRADA: Açores, que promoveram a ocupação do litoral de Santa
Catarina no século XIX.
(D) O objeto reproduzido na imagem IV indica a
II- Nossa Senhora da
preponderância francesa na venda de produtos
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manufaturados e industrializados ao Brasil durante o (D) será compulsório quando o proprietário se recusar a anuir
século XIX. à inscrição da coisa podendo oferecer impugnação a ser
(E) O objeto reproduzido na imagem V indica o domínio decidida pelo Conselho Consultivo do Serviço do
letrado dos escravos afro-brasileiros de cultura islâmica, Patrimônio Histórico e Artístico Nacional;
geralmente oriundos do Sudão. (E) a coisa tombada não poderá sair do país, senão por curto
prazo, sem transferência de domínio e para fim de
intercâmbio cultural.

Constitui o patrimônio histórico e artístico nacional o


conjunto dos bens móveis e imóveis existentes no país e cuja 33 - Sobre as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios, é
conservação seja de interesse público, quer por sua correto afirmar que:
vinculação a fatos memoráveis da história do Brasil, quer
por seu excepcional valor arqueológico ou etnográfico, (A) se dentro de um Estado somente pertencem a este Estado;
bibliográfico ou artístico. (B) são bens da União;
(C) são bens do Município em que estiverem localizadas;
(D) caso localizadas em mais de um Estado, a porção
localizada em cada Estado a ele pertencerá;
(E) são bens da União e do Estado em que estiverem
31 - Excluem-se do patrimônio histórico e artístico nacional as
localizadas.
obras de origem estrangeira, EXCETO:

(A) que pertençam às representações diplomáticas ou


34 - Quanto ao direito à cultura, é INCORRETO afirmar que:
consulares acreditadas no país;
(B) que adornem quaisquer veículos pertencentes a empresas
(A) o Estado apoiará e incentivará a valorização e a difusão
estrangeiras, que façam carreira no país;
das manifestações culturais;
(C) que pertençam a casas de comércio de objetos históricos
(B) o Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos
ou artísticos;
culturais e acesso às fontes da cultura nacional;
(D) que sejam importadas por pessoas estrangeiras
(C) a lei disporá sobre a fixação de datas comemorativas de
expressamente para adorno de suas residências;
alta significação para os diferentes segmentos;
(E) que sejam trazidas para exposições comemorativas,
(D) o Estado protegerá as manifestações das culturas
educativas ou comerciais.
populares e afro-brasileiras facultada a de outros grupos
participantes do processo civilizatório nacional;
(E) o Estado protegerá as manifestações das culturas
indígenas.

35 - De acordo com a Lei nº 3924/61, consideram-se


monumentos arqueológicos ou pré-históricos, EXCETO:
32 - No tocante ao tombamento, assinale a alternativa
(A) as jazidas de qualquer natureza, origem ou finalidade, que
INCORRETA:
representem testemunhos da cultura dos paleoameríndios
do Brasil;
(A) dos bens pertencentes à União, aos Estados e aos
(B) os sítios nos quais se encontram vestígios positivos de
Municípios se fará de ofício, por ordem do diretor do
ocupação pelos paleoameríndios;
Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional,
(C) os sítios identificados como cemitérios, sepulturas ou
independente de notificação à entidade a quem pertencer,
locais de pouso prolongado ou de aldeiamento, nos quais
ou sob cuja guarda estiver a coisa tombada, a fim de
se encontrem vestígios humanos de interesse arqueológico
produzir os necessários efeitos;
ou paleoetnográfico;
(B) de coisa pertencente à pessoa natural ou à pessoa jurídica
(D) as inscrições rupestres ou locais como sulcos de
de direito privado se fará voluntária ou compulsoriamente;
polimentos de utensílios e outros vestígios de atividade de
(C) será voluntário sempre que o proprietário o pedir e a coisa
paleoameríndios;
se revestir dos requisitos necessários para constituir parte
(E) as escavações e edificações destinadas aos estudos
integrante do Patrimônio histórico e artístico nacional;
ecológicos e científicos.

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40 - De acordo com o art.216 da Constituição Federal, cujo §6º
foi acrescentado pela Emenda Constitucional n.42/2003, é
36 - O registro de bens culturais de natureza imaterial que facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular a fundo
constituem patrimônio cultural brasileiro, nos termos do Decreto estadual de fomento à cultura até cinco décimos por cento de sua
nº 3551/2000, se fará em um dos seguintes livros, EXCETO: receita tributária líquida, para o financiamento de programas e
projetos culturais, vedada a aplicação desses recursos no
(A) de Registro dos Saberes; pagamento dos itens abaixo. Assinale a alternativa NÃO
(B) de Registro das Celebrações; EXPRESSAMENTE VEDADA:
(C) de Registro de Datas;
(D) de Registro das Formas de Expressão; (A) despesas com pessoal;
(E) de Registro dos Lugares. (B) despesas com encargos sociais;
(C) despesas com material de consumo;
(D) serviço da dívida;
37 - São legitimados para provocar a instauração do processo de (E) qualquer outra despesa corrente não vinculada diretamente
registro de bens culturais de natureza imaterial, EXCETO: aos investimentos ou ações apoiados.

(A) o Ministério Público;


(B) o Ministro de Estado da Cultura;
(C) instituições vinculadas ao Ministério da Cultura;
(D) Secretarias de Estado, de Município e do Distrito Federal;
(E) sociedades ou associações civis.

38 - Quanto às propostas para registro de bens culturais de


natureza imaterial, assinale a alternativa INCORRETA:

(A) serão dirigidas ao Presidente do Conselho Consultivo do


Patrimônio Cultural;
(B) o IPHAN supervisionará a instrução dos processos de
registro;
(C) a instrução dos processos poderá ser feita por outro órgão
do Ministério da Cultura que detenha conhecimentos
específicos sobre a matéria;
(D) ultimada a instrução, o IPHAN emitirá parecer acerca da
proposta, publicado no Diário Oficial da União;
(E) a decisão final competirá ao Conselho Consultivo do
Patrimônio Cultural.

HISTÓRIA
39 - O IPHAN tem como finalidades as alternativas abaixo
discriminadas, EXCETO:
41 - A denominação História Nova aplica-se genericamente à
(A) proteger, fiscalizar, promover, estudar e pesquisar o produção historiográfica da Escola dos Annales e seus herdeiros,
patrimônio cultural brasileiro; movimento intelectual de historiadores franceses que a partir de
(B) exercer a vigilância e preservação vedado o uso do poder 1929 congregaram-se em torno de um periódico, veículo das
de polícia administrativa para a proteção deste patrimônio; concepções e da produção desta geração. Os pontos centrais
(C) coordenar a execução da política de preservação, deste projeto intelectual, quando de sua fundação, eram:
promoção e proteção do patrimônio cultural, em
consonância com as diretrizes do Ministério da Cultura; (A) a definição de uma história cultural, voltada para o estudo
(D) desenvolver estudos e pesquisas, visando a geração e dos fenômenos culturais, enfatizando sobretudo a pesquisa
incorporação de metodologias, normas e procedimentos a partir de fontes não seriais;
para preservação do patrimônio cultural; (B) a crítica às análises economicistas dos fenômenos
(E) promover a identificação, o inventário, a documentação, o históricos, que enfatizavam o trabalho com as fontes
registro, a difusão, o tombamento, a conservação, a seriais;
devolução, o uso e a revitalização do patrimônio cultural. (C) a definição da história como uma ciência social e a ênfase
na interdisciplinaridade como método de pesquisa;

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(D) a definição dos pressupostos de uma história das 44 - “Existem lugares de memória porque não existem mais
mentalidades, concebida como o tratamento dos meios de memória”. (NORA, Pierre. Les lieux de mémoire. I-
fenômenos culturais a partir de métodos seriais; La République. Paris: Gallimard, 1984. p. XVII.)
(E) uma releitura da tradição historiográfica alemã de forma a
adequá-la às demandas de uma escrita da história nacional Essa afirmação sintetiza o que o autor entende por lugares de
francesa. memória e pode-se interpretá-la, a partir de sua concepção, da
seguinte maneira:

42 - A micro-história está associada à produção historiográfica (A) os lugares de memória são criações culturais universais
italiana, em grande parte devido ao papel central que Carlo próprias à sacralização da memória nas sociedades
Ginzburg e Giovanni Levi desempenharam com seus trabalhos. humanas;
A respeito dessa abordagem pode-se afirmar que: (B) os lugares de memória, como criações históricas, decorrem
da percepção da aceleração do tempo e dos riscos, daí
(A) significa uma crítica à história social francesa, cujo decorrentes, para a perda de uma noção de continuidade
enfoque de pesquisa privilegia os condicionantes macro- das sociedades humanas;
estruturais que organizam a inteligibilidade das sociedades (C) os lugares de memória expressariam a versão francesa do
humanas; conceito de patrimônio histórico pensado para as
(B) trata prioritariamente de objetos micro, de pouca sociedades contemporâneas;
visibilidade e relevância e por isso mesmo (D) os lugares de memória são aquelas instituições nas
tradicionalmente desconsiderados pela análise histórica; sociedades contemporâneas voltadas à preservação e
(C) constitui-se na forma por excelência da escrita histórica conservação da memória social coletiva;
praticada no espaço acadêmico italiano; (E) os lugares de memória como criações culturais são formas
(D) Carlo Ginzburg e Giovanni Levi, a partir de abordagens de lidar com o passado e a lembrança, próprias daquelas
semelhantes, formularam os conceitos e abordagens sociedades que desconhecem a História.
centrais com as quais opera esta vertente historiográfica;
(E) a biografia, como gênero histórico, foi duramente criticada
e abandonada pelos seus praticantes em virtude de seu
parentesco com a tradicional história política de viés
historicista.

45 - A constituição de um discurso acerca do patrimônio


43 - A definição das fontes como essencial para o trabalho do histórico no Brasil procurou enfatizar em diferentes momentos
historiador faz parte de um dos protocolos centrais da disciplina de sua formulação seu objeto prioritário de reflexão e atuação
criada no século XIX. Com relação ao seu papel, no momento para elaboração de políticas públicas visando sua preservação,
de definição deste novo campo disciplinar, pode-se afirmar que: supondo como condição primeira desta atuação a existência de
um legado comum à Nação brasileira.
(A) todo e qualquer documento originado no passado teria
igual valor como fonte para a pesquisa histórica; Com relação a essa proposição, pode-se afirmar que:
(B) os documentos, como expressões textuais de ações
humanas realizadas no passado, deveriam ser lidos como (A) no momento de criação do SPHAN em 1937, sua atuação
representações possíveis destas ações; partia de um diagnóstico da diversidade cultural brasileira
(C) somente os documentos escritos poderiam ter assegurado como fruto da presença das três raças formadoras de sua
o estatuto de “fonte histórica” para a pesquisa; sociedade, que por isso mesmo apresentaria esta
(D) o valor de autenticidade de uma fonte histórica seria característica plural;
medido segundo a sua maior ou menor proximidade em (B) a criação do SPHAN decorreu em larga medida das
relação aos eventos que narra; propostas modernistas para se pensar a cultura
(E) a partir de uma clara separação entre fonte primária e fonte genuinamente brasileira, com forte recusa às noções de
secundária, estabeleceu-se uma hierarquia quanto ao valor tradição fundadas na história e no passado brasileiro;
de uma fonte para a pesquisa histórica. (C) a criação do SPHAN significou uma vitória absoluta de
um grupo de intelectuais tradicionalistas, que impuseram

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suas concepções fundadas em uma noção de cultura como (E) o caráter paradigmático dessas obras deveu-se em larga
herança natural; medida ao fato de terem modelado as interpretações mais
(D) as transformações por que passou a política de recorrentes, do ponto de vista pedagógico, acerca da
preservação no país a partir dos anos 80 indicam uma sociedade e da história do Brasil.
alteração do foco conceitual norteador desta prática, que
passou a incorporar as contribuições da antropologia para
pensar a diversidade cultural brasileira; 48 - “Nenhum povo está mais distante dessa noção ritualista da
(E) as políticas de preservação, que sofrem nos anos 80 vida do que o brasileiro. Nossa forma ordinária de convívio
modificações significativas, visavam adequar as políticas social é no fundo, justamente o contrário da polidez.”
públicas no campo cultural ao processo de fechamento (HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. 9ed. Rio de
político vivido pela sociedade brasileira àquela altura. Janeiro: J. Olympio, 1976. p. 107)

Com essa afirmação procurava o intérprete do Brasil caracterizar


46 - O conceito de “longa duração” adequado para a um dos elementos centrais de sua formação, isso é:
interpretação dos fenômenos de ordem cultural, segundo a
formulação proposta por Fernand Braudel, significou: (A) a violência constitutiva da formação social brasileira como
decorrência do processo de colonização, impondo a falta
(A) a possibilidade de abordar um conjunto de fenômenos de polidez como regra da vida social;
históricos e experiências sociais resistentes e, portanto, (B) o horror do brasileiro aos rituais decorreria de uma visão
imunes à passagem do tempo; menos formal das relações sociais decorrentes, por sua
(B) a resposta de historiadores aos desafios propostos pela vez, de uma cordialidade que seria sua marca;
Antropologia e que resultou em formas diferenciadas de (C) a presença das relações patrimoniais e sua centralidade
tratar o tempo e a temporalidade quando da análise dos para a conformação da vida social, que tendiam a
fenômenos históricos; desqualificar as ritualizações sociais como expressão de
(C) uma disputa entre os campos da sociologia e da história, formas de cerceamento em virtude de seu caráter
que ameaçava a hegemonia das proposições dos impessoal;
historiadores para a definição e tratamento dos fenômenos (D) a polidez como marca da vida social brasileira, expressão
de ordem cultural; de “um homem cordial”, caracterizado pelas virtudes da
(D) a forma de conceituar um tempo que não passa e desta hospitalidade e gentileza no trato;
forma obrigando os historiadores a repensarem as (E) a polidez seria uma máscara encobrindo a verdadeira
categorias acerca do tempo e da temporalidade com as natureza da formação social brasileira, regrada por uma
quais vinham operando; ética de fundo racionalista e calculista, em que
(E) uma reação à temporalidade implícita nos fenômenos determinados fins poderiam justificar certos meios.
políticos, objeto exclusivo até aquele momento das
análises dos historiadores.

47 - A tríade de pensadores que se convencionou associar à 49 - Analisando os aspectos formadores da sociedade brasileira,
inauguração da moderna escrita da história no Brasil, Sérgio afirma Gilberto Freyre em seu clássico Casa Grande e Senzala:
Buarque de Holanda, Gilberto Freyre e Caio Prado Jr., passaram
a ocupar este lugar em virtude do significado que suas obras “Considerada de modo geral, a formação brasileira tem sido,
tiveram para a interpretação do Brasil, qual seja: na verdade ..... um processo de equilíbrio entre antagonismos.”
(FREYRE, Gilberto. Casa Grande e Senzala. 17a. ed. Rio de
(A) nelas podemos perceber uma recusa aos padrões Janeiro: J. Olympio, 1975. p. 53.)
tradicionais da escrita, fundando-a a partir dos anos 30, em
consideração dos novos campos disciplinares como a Com relação a esta afirmação de Freyre, é válido dizer que:
sociologia e a antropologia para o entendimento dos
problemas da sociedade brasileira; (A) o autor não reconhece as tensões sociais que estão na base
(B) essas obras procuravam enfatizar a centralidade da da formação social brasileira, decorrente de uma postura
dimensão econômica e suas condicionantes para o conservadora, que assumiu ao narrar a história brasileira;
entendimento dos problemas sociais brasileiros; (B) o equilíbrio entre os antagonismos presentes na formação
(C) a cultura adquiriu o papel central para a interpretação que da sociedade brasileira, marca de um processo mais
propunham para análise da sociedade brasileira, recusando pacífico de colonização, decorreria de uma ação positiva
a tradição de uma história narrativista; dos colonizadores no tratamento das populações locais,
(D) no conjunto desses trabalhos pode-se reconhecer o papel enfatizando a miscigenação como solução para essas
negativo do processo colonizador como responsável pelo tensões;
atraso econômico e social da sociedade brasileira; (C) o equilíbrio adviria de um projeto de colonização menos
violento que os implantados em outras áreas, em

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decorrência de qualidades próprias ao elemento 52 - “A nossa casa se apresenta assim, quase sempre,
colonizador português; desataviada e pobre, comparada à opulência dos palazzi e ville
(D) o autor através desta interpretação representava os italianos, dos castelos de França e das mansions inglesas da
ideólogos de uma visão humanitária da colonização mesma época, ou à aparência rica e vaidosa de muitos solares
portuguesa em solo americano, rejeitando a perspectiva de hispano-americanos, ou, ainda, ao aspecto apalacetado e
uma história atravessada por tensões; faceiro de certas residências nobres portuguesas. Contudo,
(E) ao salientar o equilíbrio como uma das marcas do processo afirmar-se que ela nenhum valor tem, como obra de arquitetura,
de formação da sociedade brasileira, o autor ressalta é desembaraço de expressão que não corresponde, de forma
alguns dos elementos culturais que seriam responsáveis alguma, à realidade.
por amortecer o choque desse processo, entre eles a Haveria, portanto, interesse em conhecê-la melhor e também
miscigenação. para que nós outros, arquitetos modernos, possamos aproveitar
a lição da sua experiência de mais de trezentos anos, de outro
modo que não esse de lhe estarmos a reproduzir o aspecto já
50 - Com relação ao processo de formação de uma identidade morto.” (Apud. CAVALCANTI, Lauro. Org. Os modernistas na
nacional no Brasil da primeira metade do século XIX, pode-se repartição.2ed. Rio de Janeiro:Editora da UFRJ, Ministério da
afirmar que: Cultura-IPHAN, 2000. p. 186-7.)

(A) constituiu-se em oposição aos valores da cultura européia, A leitura atenta dessa passagem do texto de Lúcio Costa,
especialmente portuguesa, vista como signo de publicado no primeiro número da revista do SPHAN, permite-
inautenticidade cultural para uma Nação em formação; nos a seguinte interpretação:
(B) buscava destacar, em todos os campos da produção
cultural, a predominância do elemento autóctone e seus (A) o desprezo profundo pelo passado que caracterizou a
valores culturais como representação privilegiada desta primeira geração de intelectuais voltados para a questão do
cultura que se pretendia nacional; patrimônio, todos eles comprometidos com um projeto
(C) as narrativas a respeito dessa identidade oscilavam entre modernista e com os olhos voltados para o futuro;
um pólo que buscava salientar a predominância do (B) a valorização absoluta do passado arquitetônico como
expressão de uma autenticidade tão cara ao discurso
elemento interno para a conformação dessa identidade,
modernista, voltado para a definição de raízes
representada por exemplo pela exaltação indigenista, e
verdadeiramente nacionais para a cultura brasileira;
outro que sublinhava o traço de continuidade com as
(C) a tentativa de tornar os exemplos do passado, sacralizado
heranças portuguesa e européia;
em sua monumentalidade, em lições para o presente que o
(D) a questão de uma identidade nacional no Brasil, nesse
tomaria como matriz a ser copiada;
momento, enfatizava particularmente as narrativas de
(D) o despontar de um sentido propriamente histórico
natureza política, fundando essa identidade apenas na
configurando o olhar sobre o patrimônio, em que obras do
existência de um aparato estatal, agora nacional;
passado possam significar documentos para o presente;
(E) o problema da identidade nacional na conjuntura da (E) a autoconsciência moderna que procura romper com o
primeira metade do século XIX esteve restrita aos debates passado, visto como razão do atraso e dos problemas da
dos círculos intelectuais, sem uma ação política estatal de sociedade brasileira.
relevo.
53 - “Entende-se por Patrimônio Artístico Nacional todas as
51 - “A veneração funda o patrimônio”. (BABELON, Jean- obras de arte pura ou de arte aplicada, popular ou erudita,
Pierre & CHASTEL, André. La notion de patrimoine. Paris : nacional ou estrangeira, pertencentes aos poderes públicos, a
Editions Liana Levi, 1994. p. 17). Sobre essa assertiva, pode-se organismos sociais e a particulares nacionais, a particulares e
afirmar que: estrangeiros, residentes no Brasil.” (Anteprojeto para criação do
Serviço do Patrimônio Artístico Nacional elaborado por Mário
(A) configura a possibilidade do nascimento do patrimônio de Andrade. Apud. CAVALCANTI, Lauro. Org. Os
como objeto de culto das sociedades modernas, portanto modernistas na repartição.2ed. Rio de Janeiro:Editora da UFRJ,
revestido de uma certa sacralidade, sendo o objeto de Ministério da Cultura-IPHAN, 2000. p. 38.)
veneração a Nação e seus símbolos;
(B) todo patrimônio, por suas heranças religiosas, torna-se Com relação a esse documento, um dos textos fundadores da
conseqüentemente objeto de uma veneração; preocupação com o patrimônio histórico e artístico entre nós,
(C) o patrimônio expressa a visão religiosa de mundo que pode-se afirmar:
sacraliza os objetos, expondo-os à veneração das
sociedades, inclusive a Nação como artefato político (A) trata-se de uma aproximação do patrimônio a partir de
moderno; uma visão esteticizante da arte, que a coloca como o valor
(D) todas as sociedades humanas têm a consciência do primeiro a justificar o interesse pela sua preservação;
(B) revela um sentido bastante alargado para a noção de
patrimônio como objeto de devoção e culto em virtude de
patrimônio, podendo-se perceber sua preocupação com a
sua sacralidade;
definição do popular, marca de sua filiação modernista;
(E) a noção de patrimônio tem suas raízes num sentimento (C) procura conceituar o patrimônio artístico nacional a partir
religioso próprio de toda e qualquer sociedade humana, exclusivamente de suas produções populares, expressão da
atestando por isso uma “longa duração” desse fenômeno. verdadeira essência nacional, segundo a visão dos
modernistas;

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(D) ainda que expresse uma concepção bastante mais (E) busca a fundamentação para construção de seu discurso
democrática do que aquela que veio a se consolidar com a preservacionista no mito da miscigenação racial, a partir
criação do SPHAN, seu foco para definir patrimônio da qual o Brasil era apresentado como um lugar de
resultava ainda numa concepção elitizada dos bens convivência pacífica entre as três etnias postas em contato
patrimoniais; a partir do processo de colonização.
(E) a ausência de qualquer referência à história no título de
seu anteprojeto reflete o desapego ao passado que
caracterizou a geração dos modernistas brasileiros.
56 - Comparada à política de preservação do patrimônio
54 - “O nosso tempo, e somente o nosso tempo, desde o começo histórico implementada ainda nos anos do regime militar, pode-
dos séculos históricos, tomou, em face do passado, uma atitude se observar, a partir das décadas de 80 e 90 do século XX,
inusitada. Quis analisá-lo, compará-lo; classificá-lo e formar algumas alterações significativas que se caracterizariam
sua verdadeira história, seguindo passo a passo a marcha, os fundamentalmente por:
progressos, as transformações da humanidade.” (VIOLLET-le-
DUC, Eugène Emmanuel. Restauração. São Paulo: Ateliê (A) uma maior abertura quanto à definição conceitual de
Editorial, 2000. p. 32-3). patrimônio e bens passíveis de tombamento, o que veio a
alterar completamente o lugar dos tombamentos como
Essa passagem remete a um novo regime de historicidade, a prática institucional dos órgãos de preservação;
partir do qual ganham sentido as políticas de patrimônio (B) uma democratização quanto à definição de bens culturais,
próprias dos Estados Modernos. A esse respeito pode-se afirmar objeto de uma política de preservação, que terminou por
que: desprezar por completo os bens tradicionalmente
considerados como objeto dessas práticas;
(A) se trata daquele regime de tempo em que o passado
(C) uma democratização quanto ao tratamento dos objetos
transformava-se para o presente em exemplo a ser imitado,
passíveis de tombamento que refletia o processo geral de
reconhecendo-o como a fonte por excelência de toda ação
histórica; abertura política pelo qual passava a sociedade brasileira
(B) Viollet-le-Duc expressa aquele regime de historicidade em após os vinte anos de regime militar, resultando em
que a história é a mestra da vida, fonte segura dos reformas institucionais que esvaziaram por completo os
ensinamentos para a ação no presente; espaços institucionais responsáveis por essa política;
(C) a concepção de historicidade expressa no texto articula-se (D) uma democratização da política de patrimônio, com foco
à sua noção de restauração do passado, segundo a qual as agora na problemática da relação entre patrimônio e
marcas da passagem do tempo deveriam ser preservadas, cidadania e que se traduziu por uma maior participação da
como signos do histórico; sociedade civil na política oficial de preservação,
(D) o regime de historicidade ao qual esta afirmativa se organizando-se no sentido de solicitar o tombamento de
articula supõe uma concepção de passado que aproxima-o bens culturais;
do presente na medida em que supõe sua atualidade para a (E) uma abertura que se traduziu em uma maior
compreensão das sociedades contemporâneas; democratização do acesso aos bens considerados
(E) o texto revela o regime moderno de historicidade, segundo patrimônio coletivo, mantendo, contudo, a herança de
o qual o passado separa-se definitivamente do presente, pensar as questões do patrimônio a partir dos valores do
torna-se um objeto de investigação e passa a ser analisado
Estado Nacional e das coletividades nacionais.
segundo as expectativas de futuro.
57 - “Ouro Preto foi três vezes descoberta... Vieram os serviços
55 - Com relação à política de preservação do patrimônio
de Rodrigo Melo Franco de Andrade e basta este caro nome
implementada nos anos 70, em plena vigência do regime militar
para revelar o sentido profundo dessa terceira descoberta: em
brasileiro, pode-se afirmar que:
Ouro Preto conquistou o Brasil moderno sua consciência
histórica.” (Otto Maria Carpeaux. Correio da Manhã, 8 de julho
(A) o tom, aos poucos implementado para tratar a política de
de 1961. Apud: GONÇALVES, José Reginaldo dos Santos. A
preservação, variava menos em relação aos temas
retórica da perda. Os discursos do patrimônio cultural no Brasil.
propostos do que em relação à maneira como tratá-los,
Rio de Janeiro: Editora da UFRJ, Ministério da Cultura-IPHAN,
segundo novas referências conceituais;
2002. p. 130.)
(B) o discurso modernizante, voltado para o desenvolvimento
econômico, característico do projeto implementado pelo
Assinale a afirmativa que melhor define o sentido dessa
regime militar, fazia-se sentir na política de preservação a
afirmação:
partir da submissão da ação preservacionista aos ditames
da política econômica;
(A) Ouro Preto transformava-se no discurso de Otto Maria
(C) em nada alterou a perspectiva elitizante que caracterizara
Carpeaux em símbolo por excelência da nacionalidade em
as políticas preservacionistas herdadas de uma instituição
virtude de seu papel emblemático para os eventos da
criada no Estado Novo, centrada nos valores artísticos de
independência e posteriormente da própria república.
uma cultura superior como foco para direcionar as práticas
(B) O trabalho de preservação de Ouro Preto inaugurava a
preservacionistas;
política do patrimônio histórico fundada exclusivamente
(D) esteve completamente controlada pela burocracia do
no tombamento de bens altamente relevantes em virtude
estado autoritário, submetendo a política de preservação
de seu valor artístico reconhecido universalmente pela
do patrimônio aos objetivos nacionais construídos a partir
história da arte.
da ideologia de segurança nacional;

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(C) Ouro Preto adquire um sentido metonímico no discurso de política preservacionista, sem qualquer repercussão
Otto Maria Carpeuax na medida que representaria a significativa para os estudos em torno da arte brasileira.
consciência da necessidade de preservação de um (D) Os estudos de história da arte, ainda que estimulados pelas
patrimônio cultural pelo seu valor histórico, capaz de reflexões em torno do patrimônio artístico nacional, nada
fornecer informações e de atestar a continuidade e tinham diretamente com as preocupações dos
regularidade no tempo de uma dada sociedade. formuladores desta política, uma vez que realizavam-se
(D) O terceiro descobrimento de Ouro Preto a que se refere o sob a hegemonia da arte moderna.
autor da citação significou o descobrimento da verdadeira (E) Essa relação expressava na verdade a hegemonia dos
arte brasileira, o barroco, expressão genuína dos valores cânones da arte moderna, interessada na busca das raízes
culturais brasileiros, o que permitiu a fundamentação de de uma arte genuinamente brasileira, encontrável no
uma consciência histórica verdadeiramente nacional. passado, que por isso deveria ser valorizado como
(E) O caráter emblemático de Ouro Preto, como marco momento original dessas manifestações artísticas.
inaugural da política do patrimônio histórico no Brasil,
expressava o poder dos intelectuais mineiros na condução
da política cultural do Estado Novo, interessados na
projeção nacional de seu estado.

58 - Pode-se afirmar que a constituição de uma política de 59 - “... Apesar de os valores históricos e artísticos existentes no
preservação do patrimônio como parte das estratégias da política Brasil serem menos consideráveis, de um ponto de vista
cultural do Estado Novo está profundamente articulada ao universal, que os que possuem a Grécia, a Itália ou a Espanha,
desenvolvimento de uma disciplina como a história da arte essa circunstância não é de molde a desaconselhar a sua
brasileira. Assinale a afirmativa que melhor justifica essa relação preservação, qualquer que seja o conceito formado sobre a
entre campos de conhecimento: importância do nosso patrimônio comparado ao de tantas
nações estrangeiras.” (Rodrigo Melo Franco de Andrade.
Apud.GONÇALVES, José Reginaldo dos Santos. A retórica da
(A) O interesse pela preservação do patrimônio teve por perda. Os discursos do patrimônio cultural no Brasil. Rio de
conseqüência um estímulo ao desenvolvimento da históra Janeiro: Editora da UFRJ, Ministério da Cultura-IPHAN, 2002.
da arte em virtude da grande quantidade de bens tombados p. 45.)
que demandavam um conhecimento mais cientificamente
conduzido depois de integrados ao catálogo dos bens Indique a alternativa que melhor expressa o sentido do texto
inscritos como patrimônio nacional. acima:
(B) Tanto a história da arte quanto a história da arquitetura
constituíram-se em estratégias profissionais (A) Ainda que preocupado com a definição de um patrimônio
implementadas pelos criadores da política de patrimônio artístico nacional, o fundador da política de preservação
com o objetivo tanto de fundamentar a política de expressa com essa afirmação sua concepção ainda pautada
preservação quanto de convencer, através de um discurso pelos valores de uma Antiguidade Clássica como
científico, aqueles que não acreditavam na existência parâmetro de avaliação dos bens culturais de uma
desses bens. sociedade.
(C) O recurso à história da arte constituiu-se na verdade em (B) Sua afirmação estabelece uma clara hierarquia para o
tratamento dos bens culturais tombáveis, segundo a qual
estratégia política de convencimento dos opositores a uma
somente os bens comparáveis aos parâmetros universais
poderiam ser objeto de uma política de preservação.
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PROVA OBJETIVA – TEC09
(C) A partir de uma concepção evolutiva da história, Rodrigo As reportagens supra citadas indicam a importância
Melo Franco de Andrade justifica o significado de uma conferida pelo governo brasileiro, como também por grande
política preservacionista no Brasil, considerando sua parte dos ambientalistas e da sociedade civil, à afirmação do
importância para as gerações futuras interessadas em pertencimento “nacional” da Amazônia. Tal destaque é
compreender as raízes históricas de nosso patrimônio. evidenciado, inclusive, no próprio título da exposição que, após
(D) A política de preservação que defende seria condição ser apresentada no Rio de Janeiro, em meados de 2004, foi
necessária para atestar o estágio semelhante de evolução a levada à França a partir de abril de 2005 – “Amazônia Brasil”.
que chegara a cultura no Brasil, respeitadas suas
Mas o qualificativo “brasileiro”, assim atribuído à região, foi
especificidades, em comparação com culturas de projeção
universal. historicamente construído, podendo-se afirmar que a integração
(E) Sua afirmação expressa uma nova concepção a orientar as desta espacialidade ao “território nacional” do Brasil foi
políticas preservacionistas, fundadas na especificidade efetivamente estabelecido:
histórica de cada sociedade e por isso não podendo ser
reguladas por padrões exclusivamente clássicos que
fundamentaram a noção de Antiguidade. (A) a partir do final do século XVI, quando o Tratado de
Tordesilhas foi sistematicamente rompido, devido à
60 - Analise as duas reportagens a seguir: formalização da União Ibérica;
(B) no decorrer do século XVII, como uma estratégia de
Amazônia Brasil encerra no Rio e prepara-se para a garantia da posse portuguesa, em resposta às ocupações
França francesa e holandesa na costa nordestina;
(C) durante o século XVIII, devido à extração das drogas do
Foi encerrada neste domingo (15) [agosto 2004], ao sertão, cujos lucros motivaram Portugal a obter o domínio
som de Sebastião Tapajós, o evento Amazônia Brasil, da região, em troca da cessão da Colônia de Sacramento
aqui no Rio de Janeiro. Antes do show de Sebastião aos espanhóis, bem menos rentável e de pequeno interesse
Tapajós, alguns pajés abençoaram o público e todo o estratégico;
local do evento. Contaram histórias, falaram em sua (D) durante o século XIX, quando a demarcação das
própria língua e conversaram sobre a necessidade de fronteiras, através de intensa atividade cartográfica e
cuidarmos da Amazônia. [...] militar, constituiu-se em elemento indispensável à
Segundo um dos coordenadores da exposição, Eugênio construção do Estado Imperial;
Scannavino Neto, o objetivo do evento é mostrar uma (E) durante o século XX, quando a anexação do Acre e a
visão realista e contemporânea da Amazônia através de construção da rodovia Transamazônica possibilitaram a
conferências, oficinas, filmes, produtos, entre outras plena efetivação da soberania brasileira nesta área.
coisas. Divulgar as experiências positivas de ONGs,
governos, cooperação nacional, internacional e setor
privado. "Queremos nacionalizar a Amazônia. O que o
brasileiro está fazendo por ela?", afirma Scannavino.

www.amazoniabr.net

O mundo da Amazônia brasileira em dez salas


A exposição Amazônia Brasil vai da realidade ao futuro

A exposição Amazônia Brasil se propõe a revelar o que


existe por trás de um dos nomes mais conhecidos no
mundo: Amazonas. Em dez salas do Palácio das
Descobertas, em Paris, o público começa a visita tendo
uma visão geral da região, através de uma maquete do
rio Amazonas estendida sob seus pés. Mais adiante
aparece a região vista do espaço, com imagens
transmitidas pelos satélites brasileiros. Dados
impressionantes: a vazão do rio Amazonas é 750 vezes
maior que a do rio Sena. A sala das águas conduz à sala
da biodiversidade onde estão a maior folha do mundo,
do tamanho de um homem, e a menor folha do mundo,
de dimensão microscópica. A exposição divulga a
mensagem de que a preservação da Amazônia brasileira
depende dos povos da floresta e de que eles devem ser
ajudados. A exposição Amazônia Brasil fica no Palácio
das Descobertas até 28 de agosto [de 2005].

www.palais-decouverte.fr/l

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PROVA DISCURSIVA – TEC09
HISTÓRIA – TEC09

01 Questão - Na formulação do conceito de patrimônio


histórico no Brasil, assim como no desenho de um perfil
institucional para tratar das questões a ele relacionadas, dois
projetos podem ser claramente delineados a partir do trabalho de
Rodrigo Melo Franco de Andrade e Aloísio Magalhães.
Apresente estas duas concepções, considerando os seguintes
aspectos em sua resposta:

a) a conjuntura histórica e política em que atuam esses


atores do patrimônio histórico no Brasil;
b) as concepções de história que sustentam cada uma destas
visões de patrimônio;
c) as ações preconizadas, tendo em vista as formas de se
relacionar com o passado próprias de cada uma dessas
concepções de patrimônio.

Espaço para resposta: 40 linhas

02 Questão - O conceito de patrimônio nos impõe uma reflexão


em torno do tempo e da temporalidade, uma vez que expressa
uma forma peculiar e específica das sociedades lidarem com o
tempo contingente da vida humana. Nas sociedades modernas
essa preocupação expressa-se também pelo investimento em
transformar o passado em História. A partir dessa proposição,
discuta as relações entre dois diferentes regimes modernos de
historicidade, o primeiro deles expresso pela tradição iluminista
da “história mestra da vida” e o segundo deles pela concepção
de eventos únicos constitutivos da experiência humana, e as
formas de conceber a noção de patrimônio, próprias a cada um
desses regimes.

Espaço para resposta: 30 linhas

03 Questão - Ao debater com Silvio Romero a respeito da


presença do elemento negro e indígena na formação da
população brasileira, Capistrano de Abreu, em artigo publicado
na Gazeta de Notícias, em 1880, sob o título História Pátria,
posiciona-se em defesa da forte presença do elemento indígena
contrariando assim Silvio Romero, que, valendo-se da
constatação visual da forte presença de uma população mestiça
de negros e brancos, argumenta em favor da preponderância
negra. Afirma Capistrano de Abreu:

“Enfim, a úncia base que S.Sia. tem para afirmar a proposição é


a vista; e S. Sia. sabe quanto o testemunho dos sentidos é pouco
significante em debates científicos, - em questões em que há
outros meios e instrumentos de prova.”

O argumento de Capistrano de Abreu denuncia uma


compreensão particular de ciência, segundo a qual pensa
escrever a História do Brasil. Apresente-a, ressaltando seu
significado para uma nova percepção e escrita da história
brasileira.

Espaço para resposta: 40 linhas

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INSTITUTO DO PATRMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL
CONCURSO PÚBLICO – HISTÓRIA – TEC09
Gabarito da Prova de Objetiva

Questão 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
Gabarito E B B A D C A A C D B E A C D B C E D D

Questão 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40
Gabarito C A E A C E B C E D D A B D E C A A B C

Questão 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60
Gabarito C A E B D B A C E C A D B E A D C B E D

Realização - NÚCLEO DE COMPUTAÇÃO ELETRÔNICA - UFRJ

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