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INSTITUTO BÍBLICO VEJA CRISTO SOTERIOLOGIA

Esta pequena obra não tem a pretensão de esgotar o


assunto, muito pelo contrário, reconhecemos que a Soteriologia é
muito mais ampla do que o exposto abaixo; todavia o nosso alvo
são aqueles que ainda não tiveram a oportunidade de se
aprofundarem no assunto, mas querem ter alguma base; e para os
que já foram mais adiante uma oportunidade para relembrar ou
atualizar-se.

Todos os Direitos Reservados. Copyright – 1999.


Está em vigor a Lei nº 9.610, de 19/02/98, que
legisla sobre Direitos Autorais, que diz que se
constitui crime reproduzir por xerocópia ou outros
meios, obras intelectuais sem a Autorização por
Escrito do autor.

SOTERIOLOGIA
Natureza, suas ações e seus poderes.
INDICE Pág.

I – A DOUTRINA DA SALVAÇÃO. . . . 04
II – A JUSTIFICAÇÃO . . . . . 09
III – A REGENERAÇÃO. . . . . 13
IV – A SANTIFICAÇÃO. . . . . 15
V – SEGURANÇA DA SALVAÇÃO . . . 20

3 Ev JORGE LEIBE
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I - A DOUTRINA DA SALVAÇÃO

1 - Conceito.
O vocábulo soteria = cura, recuperar,
remédio, salvação, bem estar. Significa ação ou
resultado de livramento, preservação de algum
perigo – subentendendo segurança, saúde e
prosperidade.

2 - A SALVAÇÃO DO HOMEM

a - Condições : a salvação é recebida através


do arrependimento dos pecados, diante de
Deus, e da fé em Jesus Cristo. Pela
lavagem da regeneração e da renovação do
Espírito Santo, o homem é justificado pela
graça, mediante a fé, tornando-se herdeiro
de Deus, de conformidade com a esperança
da vida eterna (Lc. 24.47; Jo 3.3; Rm 10.13-
15; Ef. 2.8; Tt. 2.11; 3.5-7).

b - Evidências: a evidência interior da salvação


é o testamento direto do Espírito (Rm. 8.16).
A evidência externa a todos os homens, é

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uma vida de retidão e de verdadeira


santidade (Ef. 4.24; Tt. 2.12).

3 - O Senhor Jesus, pela sua morte expiatória


comprou a salvação para os homens .

 A NATUREZA DA SALVAÇÃO:

Salvação é o resultado da redenção.


Redenção é a provisão feita por Deus para
livrar os homens dos seus pecados; salvação é
a realização dessa libertação.

4 - TRÊS ASPECTOS DA SALVAÇÀO

1) Justificação – é um termo forense que nos faz


lembrar um tribunal. O homem, culpado e
condenado, perante Deus, é absolvido e
declarado justo isto é, justificado.

2) Regeneração(a experiência subjetiva) e


Adoção (o privilégio objetivo) sugerem uma
cena familiar. A alma, morta em transgressões
e ofensas, precisa duma nova vida, sendo esta
concebida por um ato divino de regeneração. A
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pessoa, por conseguinte, torna-se herdeira de


Deus e membro de sua família.

3) A palavra santificação sugere uma cena do


templo, pois essa palavra relaciona-se com o
culto a Deus. Hormonizadas suas relações com
a lei de Deus e tendo recebido uma nova vida,
a pessoa, dessa hora em diante, dedica-se ao
serviço de Deus. Comprado por elevado preço,
já não é dono de si; não mais se afasta do
templo (figurativamente falando), mas serve a
Deus de dia e de noite (Lc.2.37). Tal pessoa é
santificada e por sua própria vontade entrega-
se a Deus.

Essa tríplice distinção regula a linguagem do


Novo Testamento em seus mínimos detalhes.
Ilustremos assim:

a) Em relação à justificação: Deus é o juiz, e


Cristo é o Advogado; o pecado é a
transgressão da lei; a expiação é a satisfação
dessa lei; o arrependimento é convicção;
aceitação traz dos pecados; o Espírito testifica
do perdão; a vida cristã é obediência e sua
perfeição é o cumprimento da lei da justiça.
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b) A salvação é também uma nova vida em


Cristo.

c) A vida cristã é a vida dedicada ao culto e ao


serviço de Deus, isto é, a vida santificada.

5 - SALVAÇÃO – EXTERNA E INTERNA

A Salvação é tanto objetiva (externa) como


subjetiva (interna).
a) A justiça, em primeiro lugar, é mudança de
posição, mas é acompanhada por mudança de
condições. A justiça tanto é imputada como
também conferida.

b) A adoção refere-se a conferir o privilégio da


divina filiação; a regeneração trata da vida
interna que corresponde à nossa chamada e
que nos faz “participantes da natureza divina”.

c) A santificação é tanto externa como interna.


De modo externo é separação do pecado e
dedicação a Deus; de modo interno é
purificação do pecado.

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O aspecto externo da graça é provido pela


obra expiatória de Cristo; o aspecto interno é a
operação do Espírito Santo.

6 - CONDIÇÕES DA SALVAÇÀO

As Escrituras apresentam o arrependimento


e a fé como condições da salvação; o batismo nas
águas é mencionado como símbolo exterior da fé
interior do convertido (Mc.16.16; At.22.16; 16.31;
2.38; 3.19).
Ao abandonar o pecado e buscar a Deus são
as condições e os preparativos para a salvação.

a) Arrependimento – É a principal condição para


a salvação:
O arrependimento é uma determinação
sincera de aborrecer o pecado e obedecer a
Deus. Literalmente “arrependimento quer dizer
mudança de idéia, desta maneira o pecador que
até o presente apegou-se ao pecado e resistiu a
Deus, muda de idéia mediante o arrependimento;

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o verdadeiro arrependimento é norteado por


certas experiências e ações; por exemplo:

 Convicção de pecado - Gn 42.21; Sl 38.4;


Sl 51-4
 Ódio ao pecado - Ez 6.9,10
 Tristeza pelo pecado. Contrição – Sl
38.18; 2Co 7.10
 Renúncia ao pecado - Jó 34.2; Is 55.7;
Ez 18.30
 Confissão do pecado - Lc 15.21; Pv 28.13
 Desejo do perdão - Sl 25.1
 Submissão a Deus - At 9.6; 2 Cr 30.38
 Disposição para restituir - Lc 19.8; Nm
5.7

1. Arrependimento vem antes do perdão


Veja: Lc 13.3; At3.19; 5.31; Rm 2.4

2. Uma linda declaração de arrependimento


– Sl 119.58-60

3. Registro público de penitentes que


obtiveram o favor divino:

 Davi - Sl 51
 O publicano - Lc 18.13
 Daniel a favor do seu povo - Dn 9.3-19
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 O rei Manassés - 2Cr 33.11-13


 O povo de Nínive Jn 3.5-10
 O ladrão moribundo – Lc 23.34-43
 Pedro – Mt 26.75
 Saulo de Tarso – At 9.6-11

b) A fé é juntamente uma condição para a


salvação - Rm 10.10

Veja: Rm 5.1; Jo 6.37; Jo 1.9; Hb 11.6

Obs.: A fé está intimamente relacionada com o


arrependimento – Veja o caso do carcereiro
– At 16.31.

7 - CONVERSÃO

Conversão, segundo a definição mais


simples, é abandonar o pecado e aproximar-se de
Deus (At. 3.19). O termo é usado para exprimir
tanto o período crítico em que o pecador volta aos
caminhos da justiça como também para expressar
o arrependimento de alguma transgressão por
parte de quem já se encontra nos caminhos da
justiça (Mt.18.3; Lc.22.32; Tg.5.20).

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II - A JUSTIFICAÇÀO

1. Natureza da justificação : absolvição divina.

A palavra “justificar” é termo judicial que


significa absolver, declarar justo, ou pronunciar
sentença de aceitação. A ilustração procede das
relações legais. O réu está perante Deus, o justo
Juiz; mas, ao invés de receber sentença
condenatória, ele recebe a sentença de
absolvição.

O substantivo “justificação” ou “justiça”,


significa o estado de aceitação para o qual se
entra pela fé. Essa aceitação é Dom gratuito da
parte de Deus, posto à nossa disposição pela fé
em Cristo (Rm.1.17; 3.21,22). É o estado de
aceitação no qual o crente permanece (Rm.5.22).
Apesar de seu passado pecaminoso e de
imperfeições no presente, o crente goza de
completa e segura posição para com Deus.
“Justificado” é o veredito divino e ninguém o
poderá contradizer (Rm.8.34). Essa doutrina
assim se define: “Justificação é um ato da livre

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graça de Deus pelo qual ele perdoa todos os


nossos pecados e nos aceita como justos aos
seus olhos somente por nos ser imputada a
justiça de Cristo, que se recebe pela fé”.

Justificação é primeiramente uma mudança


de posição da parte do pecador, o qual antes era
um condenado; agora, porém, goza de absolvição.
Antes estava sob a condenação, mas agora
participa da divina aprovação.

Justificação inclui mais do que perdão dos


pecados e remoção da condenação, pois no ato
da justificação Deus coloca o ofensor na posição
de justo.

Assim vemos que justificação é


primeiramente subtração – o cancelamento dos
pecados; segundo, adição – imputação de justiça.

2. Necessidade da Justificação : a condenação


do homem.

3. A fonte da justificação: a graça.

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Graça significa, primeiramente, favor, ou a


disposição bondosa da parte de Deus. Alguém a
definiu como a “bondade genuína e favor não
recompensados”, ou “favor não merecido”. Dessa
forma a graça nunca incorre em dívida. O que
Deus concede, concede-o como favor; nunca
podemos recompensá-lo ou pagar-lhe. A salvação
é sempre apresentada como dom, um favor não
merecido, impossível de ser recompensado; é um
benefício legítimo de Deus (Rm.6.23). O serviço
cristão portanto, não é pagamento pela graça de
Deus; serviço cristão é um meio que o crente
aproveita para expressar sua devoção e amor a
Deus. “Nós o amamos porque ele primeiramente
nos amou”.

A graça é transação de Deus com o homem,


absolutamente independente da questão de
merecer ou não merecer. “Graça não é tratar a
pessoa como merece, nem tratá-la melhor do que
merece”, escreveu L.S. Chafer. “É tratá-la
graciosamente sem a mínima referência aos seus
méritos. Graça é amor infinito expressando-se em
bondade infinita”.

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4. Fundamento da justificação : a justiça de


Cristo.

Como pode Deus tratar o pecador como


pessoa justa? Resposta: Deus lhe provê a justiça.
Mas será que isso é apenas conceder o título de
“bom” e “justo” a quem não o merece? Resposta:
O Senhor Jesus Cristo ganhou o título a favor do
pecador, o qual é declarado justo “mediante a
redenção que há em Cristo Jesus”. Redenção
significa completa libertação por preço pago.

Cristo ganhou essa justiça por nós, por sua


morte expiatória, como está escrito:

“Ao qual Deus propôs para


propiciação pela fé no seu sangue”.

Propiciação é aquilo que assegura o favor de


Deus para com os que não merecem. Cristo
morreu por nós para nos salvar da justa ira de
Deus e nos assegurar o seu favor. A morte e a
ressurreição de Cristo representam a provisão
externa para a salvação do homem, referindo-se o
termo justificação à maneira pela qual os
benefícios salvadores da morte de Cristo são
postos à disposição do pecador. Fé é o meio pelo
qual o pecador lança mão desses benefícios.
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5. Os meios da justificação : a fé.

Visto que a lei não pode justificá-lo, a única


esperança do homem é receber “justiça sem lei”
(isto, entretanto, não significa injustiça ilegal,
nem tampouco religião que permita o pecado;
significa sim, uma mudança de posição e
condição). Essa é a “ justiça de Deus ”, isto é, a
justiça que Deus concede, sendo também um
dom, pois o homem é incapaz de operar a justiça
(Ef.2.8-10).

Mas um dom tem que ser aceito. Como,


então, será aceito o dom da justiça? Ou, usando a
linguagem teológica: qual é o instrumento que se
apropria da justiça de Cristo? A resposta é: “pela
fé em Jesus Cristo”. A fé é a mão, por assim
dizer, que recebe o que Deus oferece. Que essa
fé é a causa instrumental da justificação prova-se
pelas seguintes referências: Rm 3.22; 4.11; 9.30;
Hb.11.7; Fl.3.9.

A doutrina da justificação pela graça de


Deus, mediante a fé do homem, remove dois
perigos: primeiro, o orgulho de auto justiça e de

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auto-esforço; segundo, o medo de que a pessoa


seja fraca demais para conseguir a salvação.

 A fé não só recebe passivamente, mas também


usa de modo ativo aquilo que Deus concede.

 É assunto próprio do coração (Rm.10.9-10;


vide Mt.15.19; Pv.4.23),

 e quem crê com o coração, crê também com


suas emoções, afeições e seus desejos, ao
aceitar a oferta divina da salvação.

 Pela fé, Cristo mora no coração (Ef.3.17).

 A fé opera pelo amor (a “obra da fé” ...


1Ts.1.3).

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III - A REGENERAÇÀO

1. Natureza da regeneração.

2. Necessidade da regeneração.

Jesus apontou a necessidade mais profunda


e universidade de todos os homens – uma
mudança radical e completa da natureza e caráter
do homem em sua totalidade. Toda a natureza do
homem ficou deformada pelo pecado, a herança
da queda; essa deformação moral reflete-se em
sua conduta e em todas as suas relações. Antes
que o homem possa ter uma vida que agrade a
Deus, seja no presente ou na eternidade, sua
natureza precisa passar por uma transformação
tão radical, que seja realmente um segundo
nascimento. O homem não pode transformar-se a

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si mesmo; essa transformação terá que vir de


cima.

3. Os meios de regeneração.

a) Agência divina – O Espírito Santo é o agente


especial na obra de regeneração. Ele opera a
transformação na pessoa (Jo.3.6; Tt.3.5).

b) A preparação humana – Estritamente falando,


o homem não pode cooperar no ato de
regeneração, que é ato soberano de Deus; mas
o homem pode tomar parte na preparação para
o novo nascimento.

4. Efeitos da regeneração.

Podemos agrupá-los sob três tópicos:


Posicionais (adoção); espirituais (união com
Deus); práticos (a vida de justiça).

a) Posicionais – Quando a pessoa passa pela


transformação espiritual conhecida como
regeneração, torna-se filho de Deus e
beneficiário de todos os privilégios dessa
filiação.

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b) Espirituais – Devido à sua natureza, a


regeneração envolve união espiritual com Deus
e com Cristo mediante o Espírito Santo;
 e essa união espiritual envolve habitação
divina (2 Co.6.16-18; Gl.2.20; 4.5-6; 1
Jo.3.24; 4.13). Essa união resulta em um
novo tipo de vida e de caráter, descrito de
várias maneiras; novidade de vida
(Rm.6.14);
 um novo coração (Ez.36.26);
 um novo espírito (Ez.11.190;
 um novo homem (Ef.4.24);
 participantes da natureza divina (2 Pe.1.4).

c) Práticos – A pessoa nascida de Deus


demonstrará esse fato pelo ódio que tem ao
pecado (1 Jo.3.9; 5.18), por obras de justiça (1
Jo.2.29), pelo amor fraternal (1 Jo.4.7) e pela
vitória que alcança sobre o mundo (1 Jo.5.4).

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IV - A SANTIFICAÇÀO

1. Natureza da santificação

a) Separação – “Santo” é uma palavra descrita da


natureza divina. Seu significado primordial é
“separação”; portanto, a santidade representa
aquilo que está em Deus que o torna separado
de tudo quanto seja terreno e humano – isto é,
sua perfeição moral absoluta e sua divina
majestade.
Quando o Santo deseja usar uma pessoa ou
um objeto para seu serviço, ele separa essa
pessoa ou aquele objeto do seu uso pessoal, e,
em virtude dessa separação, a pessoa ou o
objeto torna-se “santo”.

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b) Dedicação – Santificação inclui tanto a


separação de, como dedicação a alguma coisa;
essa é a “condição dos crentes ao serem
separados do pecado e do mundo e feitos
participantes da natureza divina, e
consagrados à comunhão e ao serviço de Deus
por meio do Mediador”.

c) Purificação – Como os sacrifícios do Velho


Testamento eram tipos do sacrifício único de
Cristo, assim as várias ablusões e unções do
sistema mosaico são tipos da verdadeira
santificação que alcançamos pela obra de
Cristo. Assim como Israel foi santificado pelo
sangue da aliança, assim “ também Jesus, para
santificar o povo pelo seu próprio sangue,
padeceu fora da porta ”(Hb.13.12).

d) Consagração – no sentido de viver uma vida


santa e justa. Qual a diferença entre justiça e
santidade? A justiça representa a vida
regenerada em conformidade com a lei divina;
os filhos de Deus andam retamente (1Jo. 3.6-
10). Santidade é a vida regenerada em
conformidade com a natureza divina e
dedicada ao serviço divino; isto pede a
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remoção de qualquer impureza que estorve


este serviço.

e) Serviço – Os crentes do Novo Testamento são


“santos”, isto é, um povo santo consagrado.
Pelo sangue da aliança tornaram-se
“sacerdócio real, a nação santa... sacerdócio
santo, para oferecer sacrifícios espirituais
agradáveis a Deus por Jesus Cristo ” (1
Pe.2.9,5).
Assim vemos que o serviço é elemento
essencial da santificação ou santidade. Paulo
expressou perfeitamente esse aspecto da
santidade quando disse acerca de Deus: “ De
quem eu sou, e a quem sirvo ” (At.27.23).

2. O tempo da santificação .

a) Posicional e instantânea.

b) Prática e progressiva – “A santificação é a


obra da livre graça de Deus, pela qual o
homem todo é renovado segundo a imagem de
Deus, capacitando-nos a morrer para o pecado
e viver para a justiça”. Isso não quer dizer que
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vamos progredir até alcançar a santificação e,


sim, que progredimos na santificação da qual
já participamos.
A santificação é posicional e prática –
posicional em que é primeiramente uma
mudança de posição pela qual o imundo
pecador se transforma em santo adorador;
prática porque exige uma maneira santa de
viver.

3. Meios divinos de santificação .

a) O sangue de Cristo – (Eterno, absoluto e


posicional – Hb.13.12; 10.10,14; 1Jo.1.7).
Que haja um aspecto contínuo na santificação
pelo sangue, infere-se de 1Jo.1.7: “ O sangue
de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de
todo pecado”. Se haver uma provisão para
remover a barreira de pecado, que impede
essa comunhão, uma vez que os melhores
homens ainda assim são imperfeitos.

b) O Espírito Santo – (Santificação Interna – 1


Co.6.11; 2 Ts.2.12; 1 Pe.1.1,2; Rm.15.16 ).
Nessas passagens a santificação pelo Espírito
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Santo é apresentada como o início da obra de


Deus nos corações dos homens, conduzindo-
os ao inteiro conhecimento da justificação pela
fé no sangue aspergido de Cristo.

c) A Palavra de Deus – (Santificação externa e


prática – Jo.17.17; Ef.5.26; Jo.15.3; Sl.119.9;
Tg.1.23-25). Os cristãos são descritos como
sendo “gerados pela Palavra de Deus” (1
Pe.1.23). Quando dão importância à Palavra
arrependendo-se e crendo em Cristo, são
purificados pela Palavra que lhes fora falada.
Esse é o início da purificação que deve
continuar através da vida do crente.

4. Idéias errôneas sobra a santificação .

Muitos cristãos descobrem o fato de que seu


maior impedimento em chegar à santidade é a
“carne”, a qual frustra sua marcha para a
perfeição. Como se conseguirá libertação da
carne? Três opiniões erradas têm sido expostas:
a) “Erradicação” do pecado inato é uma dessas
idéias. Assim escreve Lewis Sperry Chafer: “se
a erradicação da natureza pecaminosa se
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consumasse, não haveria morte física, pois


esta é o resultado dessa natureza (Rm. 5 . 12 - 21 )”.
A erradicação é também contrária à
experiência.

b) Legalismo ou a observância de regras e


regulamentos. Paulo ensina que a lei não pode
santificar (Rm.6), assim como também não
pode justificar (Rm.3). Essa verdade é exposta
e desenvolvida na carta aos Gálatas. Paulo
não está de nenhuma maneira depreciando a
lei. Ele a está defendo contra conceitos
errôneos quanto a seu propósito.

c) Ascetismo – é a tentativa de subjugar a carne


e alcançar a santidade por meio de privações e
sofrimentos – o método que seguem os
católicos romanos e os hindus ascéticos.
Esse método parece estar baseado na antiga
crença pagã de que toda matéria, incluindo o
corpo, e má. O corpo, por conseguinte, é uma
trava ao espírito, e quanto mais for castigo e
subjugado, mais depressa se libertará o espírito.
Isso é contrário às Escrituras, que ensinam que
Deus criou tudo muito bom. É a alma e não o

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corpo que peca; portanto, são os impulsos


pecaminosos que devem ser subjugados, e não a
carne material. Ascetismo é uma tentativa de
matar o “eu”, mas o “eu” não pode vencer o “eu”.
Essa é a obra do Espírito.

5. O verdadeiro método da santificação .

a) Fé na expiação.

b) Cooperação com o Espírito.

6. Santificação completa .

a) Significado de perfeição – Há dois tipos de


perfeição: absoluta e relativa. É
absolutamente perfeito aquilo que não pode
ser melhorado; isso pertence unicamente a
Deus. É relativamente perfeito aquilo que
cumpre o fim para o qual foi designado; essa
perfeição é possível ao homem.

A palavra “perfeição”, no Antigo Testamento,


significa ser “sincero e reto” (Gn.6.9; Jó1.1). Ao

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evitar os pecados das nações circunvizinhas,


Israel podia ser uma nação “perfeita” (Dt.18.13).

No Novo Testamento a palavra “ perfeito” e


seus derivados têm uma variedade de aplicações,
e, portanto, deve ser interpretada segundo o
sentido em que os termos são usados.

1) Uma dessas palavras significa ser completo


no sentido de ser apto ou capaz para certa
tarefa ou fim (2 Tm.3.17).

2) Outra denota certo fim alcançado por meio


do crescimento mental e moral (Mt.5.48;
19.21; Cl.1.28; 4.12; Hb.11.40).

3) A palavra usada em 2 Co.13.9; Ef.4.12 e


Hb.13.21 significa um equipamento cabal.

4) A palavra usada em 2 Co.7.1 significa


terminar, ou trazer a uma terminação.

b) Possibilidades de perfeição – O Novo


Testamento apresenta dois aspectos gerais da
perfeição:

1) A perfeição como um dom da graça, o qual é


a perfeita posição ou estado concedido ao
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arrependido em resposta à sua fé em Cristo.


Ele é considerado perfeito porque tem um
Salvador perfeito e uma justiça perfeita.

2) A perfeição como realmente efetuada no


caráter do crente.

V - A SEGURANÇA DA SALVAÇÀO

1. Calvinismo.

A doutrina de Calvino é como segue: A


salvação é inteiramente de Deus; o homem
absolutamente nada tem a ver com sua salvação.
Se ele, o homem, se arrepender, crer e for a
Cristo, é inteiramente por causa do poder atrativo
do Espírito de Deus.
Posto que Deus predestinou certos
indivíduos para a salvação, Cristo morreu
unicamente pelos “eleitos”; a expiação fracassaria
se alguns pelos quais Cristo morreu se
perdessem. Dessa doutrina da predestinação
segue-se o ensino de “uma vez salvo sempre
salvo”.

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2. Arminianismo.

O ensino arminiano é como segue: A


vontade de Deus é que todos os homens sejam
salvos, porque Cristo morreu por todos (1Tm.2.4-
6; Hb.2.9; 2Co.5.14; Tt.2.11,12).
Com essa finalidade ele oferece sua graça a
todos. Embora a salvação seja obra de Deus, ou
pode resistir-lhe e rejeitá-la. Seu direito de livre
arbítrio sempre permanece.
As Escrituras certamente ensinam uma
predestinação, mas não que Deus predestina
alguns para a vida eterna e outros para o
sofrimento eterno. Ele predestina “a todos os que
querem” a serem salvos – e esse plano é bastante
amplo para incluir a todos que realmente desejam
ser salvos. Essa verdade tem sido explicada da
seguinte maneira: na parte de fora da porta da
salvação lemos as palavras: “quem quiser pode
vir”; quando entramos por essa porta e somos
salvos, lemos as palavras no outro lado da porta:
“eleitos segundo a presciência de Deus”. Ele
previu o destino delas, mas não o fixou.

29 Ev JORGE LEIBE
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BIBLIOGRAFIA

1. PETTRY, W. Ernest. Ministrando a Palavra de


Deus. ICI - Bélgica – 89.

2. OLSON, N. Lawrence – Plano Divino Através dos


Séculos.
3. PEARLMAN, Myer. Conhecendo as Doutrinas da
Bíblia – Editora Vida, Miami, USA, 78.

4. LEIBE, Jorge. Apostila de Teologia Sistemática I


– Instituto Bíblico Veja Cristo – RJ – Brasil – 98.
5. WILLIAM & STANLEY. Doutrinas Bíblicas, Uma
Perspectiva Pentecostal, RJ: CPAD – Brasil –
95.
6. SILVA, Pr. Antônio Gilberto da. A Bíblia: o
livro, a história e a mensagem, RJ: CPAD, 82.

Convites para Pregação e Estudos: (021) 482-4563 .


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