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SÉRGIO ALPENDRE
DE COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Convém esquecermos por um instante o clima de Copa do Mundo criado com a indicação de "O
Menino e o Mundo" para o Oscar de animação. É bom para o filme, é notícia, mas o clima de festa
não faz bem à reflexão crítica.
Premiados ou não, alguns artistas elevaram a animação ao status de arte: Walt Disney, Tex Avery,
Chuck Jones e Alexander Ptushko, por exemplo. Nos últimos anos, temos o elogiadíssimo animador
japonês Hayao Miyazaki ("A Viagem de Chihiro").
Com o belíssimo "O Menino e o Mundo", Alê Abreu sobe mais um degrau no longo caminho a ser
percorrido para entrar no rol de gigantes.
Seu filme narra a história de um menino que parte em busca do pai e, ao mesmo tempo, descobre o
mundo e a força da imaginação. O traço simples segue a compreensão infantil das coisas, utilizando
várias técnicas (giz, aquarela, lápis, colagens).
A narrativa é poética e sensível sem ser sentimental, semelhante à de outro fera da animação, o
holandês Michaël Dudok de Wit, cuja obra-prima, "Father and Daughter" (pais e filhas), de 2000,
está no YouTube.
Em alguns momentos, a tela se enche de cores, como numa aquarela escolar inconscientemente
fauvista (uma espécie de versão simplória, mas com sua própria beleza, das telas de André Derain).
Isso porque, obviamente, a escolha das cores e suas combinações não são bem as de uma criança. A
não ser que fossem de um pequeno Mozart das artes plásticas.
Em sua aventurosa busca, o menino se depara com procissões de homens com pernas de pau,
carroceiros, animais estranhos, paisagens de sonho e até um Carnaval.
Os poucos diálogos são ditos em reverso, como numa brincadeira infantil, o que ajuda a colocar o
filme dentro de uma bolha peculiar. Essa é sua maior força.
Podemos questionar o excesso de trilha sonora, mesmo levando em conta que um dos músicos
participantes é o craque Naná Vasconcelos. A música torna-se excessiva porque é forte, com
melodias marcantes, e, assim, satura.
Trata-se, contudo, de um pequeno deslize entre uma série impressionante de acertos, que fazem
deste filme uma das melhores coisas do cinema brasileiro recente.
• Noticiar o lançamento do filme, falar dos profissionais envolvidos na sua produção e comentar a indicação que ele
teve ao Oscar.
• Apresentar de maneira breve o enredo do filme e expor um ponto de vista crítico sobre ele.
• Tratar, na forma de reportagem investigativa, da problemática social abordada no filme.
3. Para construir seu texto e fundamentar a critica que faz, o autor lança mão das seguintes estratégias:
• menção a nomes de autoridades na área cinematográfica;
• descrição detalhada de uma ou mais cenas do filme;
• uso de termos ou explicações de caráter mais técnico.
4. A linguagem utilizada no texto lido ‒ publicado em um jornal de grande circulação ‒ segue a norma-padrão, porém
não apresenta um alto grau de formalidade.
a. Entre os seguintes trechos do texto, indique em seu caderno aqueles que permitem classificar como pouco formal a
linguagem empregada.
• “Convém esquecermos por um instante o clima de Copa do Mundo criado com a indicação de „O Menino e o Mundo‟
para o Oscar de animação.”
• “Premiados ou não, alguns artistas elevaram a animação ao status de arte.”
• “Alê Abreu sobe mais um degrau no longo caminho a ser percorrido para entrar no rol de gigantes.”
• “A narrativa é poética e sensível sem ser sentimental, semelhante à de outro fera da animação”
• “Isso porque, obviamente, a escolha das cores e suas combinações não são bem as de uma criança.”
• “um dos músicos participantes é o craque Naná Vasconcelos”
• “Trata-se, contudo, de um pequeno deslize entre uma série impressionante de acertos”
b. Quais possíveis sentidos o uso de uma linguagem menos formal pode atribuir a um texto como esse?
c. Releia estes trechos:
Ao mesmo tempo em que conferem mais informalidade ao texto, esses trechos também auxiliam na construção da
imagem do autor da resenha. Qual imagem é essa? De que forma ela contribui para a credibilidade do autor?
5. Releia o trecho:
“Podemos questionar o excesso de trilha sonora, mesmo levando em conta que um dos músicos participantes é o
craque Naná Vasconcelos. A música torna-se excessiva porque é forte, com melodias marcantes, e, assim, satura.”
a. Trata-se de um trecho que faz uma crítica positiva ou uma crítica negativa ao filme?
b. Proponha uma reescrita para esse trecho, mantendo a mesma ideia, mas acentuando o caráter apontado no item
anterior.
c. Compare o texto original ao que você criou e conclua: Qual tom o autor escolheu para fazer a crítica ao filme?
6. A resenha crítica despertou em você vontade de assistir ao filme? Justifique sua resposta.