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O prazo de validade de um 

laudo de avaliação — a cujo tema é silente a norma —, é


fato decorrente do mercado e não de algum dispositivo legal.
Vincular o laudo a uma data de referência não se confunde com definir seu prazo de
validade, pois aquela tão-somente indica que o valor de mercado estimado está referido
a uma data, e, portanto, pode variar ao longo do tempo (Norma ABNT NBR 14653-
1:2019, 0.5, “e”), enquanto essa (validade do laudo) tem o foco em definir por qual
período de tempo tal variação seria admissível.

Temos então um binário (variação de valor e período de tempo) a definir sem que a
norma disponibilize diretriz nesse sentido. E o perito que lute.

Todavia, numa primeira abordagem, definir um prazo a priori não parece ser a melhor
decisão, pois tal período poderia (p. ex., 6 meses) ser demasiado tanto em um cenário de
superaquecimento do mercado imobiliário ou de inflação crescente, quanto num cenário
de desaquecimento acelerado.
Essa limitação faz com que a única opção seja a de analisar a variação de valor que se
configure admissível. Essa variação máxima — que pode e deve ser acordada entre as
partes —, para mais ou para menos, definiria o “prazo de validade” do laudo de
avaliação, caso seja possível definir a tendência do mercado, quer com os dados da
amostra ou a partir de uma série temporal que reflita o mercado imobiliário. Assim,
mediante a aferição do coeficiente angular de uma reta ajustada a esse conjunto de
dados, o “prazo de validade” do laudo (PVL) poderia ser estimado com base na seguinte
equação, derivada da equação da reta:
Seja:

 y = ax + b, a equação da reta ajustada ao conjunto de dados, sendo “a” o


seu coeficiente angular e “b” a constante.
 VAR é a variação de valor admitida, incidente sobre y, para que o laudo
seja considerado ainda válido.
 DATA é o valor de x na equação referente à data do laudo
 VALOR é o valor de y referente ao valor alcançado na avaliação
 PVL = prazo de validade do laudo
y = ax + b
(1+VAR)*VALOR = a(x + PVL) + b
PVL = [(1+VAR)*VALOR – b]/a – DATA

Exemplo:
Modelo: y = ax + b
VAR = 10% (0,10) (admite-se que o laudo estará válido até uma variação de +/- 10%)
Data = mês 5
Valor = R$ 1.100/m²
b = 975
a = 25

PVL = [(1+0,10)*1.100 – 975]/25 – 5 = 4,4 meses


PVL = 4,4 meses, logo, o laudo terá validade até o mês (5+4,4) = 9,4 ~ mês 9.
A declaração de validade seria algo assim:

“Concluindo, considerando que se admite, a priori, que a validade do laudo pericial


estende-se enquanto a variação do valor da avaliação situar-se abaixo de 10% (em
módulo) do seu valor, e considerando a tendência do mercado imobiliário da região, o
presente laudo de avaliação, elaborado no mês 5, tem validade até o mês 9.”

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