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FUNÇÕES DO DIREITO

Função moderadora - O Direito procura criar um ambiente de harmonia e paz social ao


estabelecer limites de actuação, fixando o que cada um deve ou não fazer de modo a não
prejudicar o outro em beneficio de toda a colectividade.

O Direito proíbe certos comportamentos; - O Direito obriga a seguir certas condutas - O direito
fixa direitos e deveres aos cidadãos; - O Direito dá liberdade de o individuo adoptar ou não
certo comportamento.

Estas situações resumem-se em proibições, imposições, faculdades etc. formando assim um


sistema de normas jurídicas coerentes e que não se contradizem – o Direito.

Função protectora - O Direito protege a cada cidadão para permitir que ele exerça os seus
direitos atribuindo aos cidadãos garantia, a confiança no circuito das relações juridicas, com
vista a prossecução dos seus objectivos. A seguir vamos abordar alguns dispositivos
respeitante às garantia individuais, temos entre outras as seguintes:

Função Organizadora - O Direito organiza a sociedade e confere legitimidade a todas as


transformações que se dão dentro da sociedade Ex. Sempre que a sociedade quiser alterar a
organização política administrativa, primeiro deve se elaborar a lei que lhe permita tal
alteração.

Função Política - As leis exprimem os interesses dos governantes, organizando o poder politico,
económico e social em prol da vontade nacional, traçando as estratégias politicas e
organizacionais do respectivo pais.

OS FINS DO DIREITO

O Direito visa alcançar essencialmente dois fins,a justiça e a segurança.

A palavra justiça vem do latim justitia que significa justiça. É uma palavra que admite vários
significados. Deste modo, da palavra justiça pode-se subentender os seguintes significados:

A virtude ou a vontade firme e perpetua de dar a cada um o que é seu ( conceito clássico) - O
reconhecimento do mérito de alguém ou de algo; - Conformidade dos factos com o direito; - O
poder de fazer valer o direito de alguém ou de cada um ; - A justiça é a procura do bem nas
relações nas relações sociais para cada um dos indivíduos; - A actividade dos tribunais,
abrangendo também aos órgãos de que dispõe a justiça; - A justiça é tida também como
atributo divino. - É frequentemente encarada, ainda hoje, como virtude total, soma de todas as
outras virtudes.

Para abordagem desta matéria encontramos duas concepções fundamentais a saber:


a) Jusnaturalistas – de acordo com os defensores desta ideia a justiça encontra-se vertida em
um conjunto de princípios universais e imutáveis com existência objectiva e independente do
conhecimento do homem. E afirmam ainda os tais princípios não encontram a existência pelo
facto de os homens os conhecerem, pois ainda que estes os não conhecessem sempre eles, por
si memo, existiriam. Por outro lado os jusnaturalistas admitem a possibilidade de os homens os
apreenderem, ainda que imperfeitamente, isto porque tais princípios são considerados
inerentes à própria natureza humana.

Só para lembrar, os jusnaturalistas são os seguidores da teoria do direito Natural os quais


definem o Direito natural como sendo o conjunto de princípios normativos universais e
imutáveis que, demandando da própria natureza do homem, regulam as suas condutas em
ordem à realização da justiça. Logicamente que as suas características principais serão a
unidade no espaço, ( universalidade) e no tempo ( imutabilidade) tanto que a natureza humana
é única no tempo e no espaço.

É uma concepção a-historica, objectiva e absoluta sobre a justiça.

b) juspositivista - para estes, a justiça é um conjunto de princípios criados pelo intelecto


humano e cuja vitalidade radica principalmente, no sentido de justiça existente no coração de
todos os homens, sejam quais forem os tempos ou lugares em que existam ou hajam existido.
Assim a justiça não é imutável mas sim variável segundo as épocas e os países. Para estes não
existe um ideal jurídico sempre igual a si mesmo, mas ideais jurídicos que uns aos outros se
sucedem ao sabor das múltiplas contingências de ordem histórica, económica, social, religiosa
etc. a que se encontram sujeitas as sociedades humanas.

Como pudemos ver, são duas teses conflituando-se uma da outra sem avançar objectivamente
com uma definição objectiva e clara sobre a justiça. As duas concepções são a-historicas sendo
a primeira com um carácter objectivo e absoluta e a segunda com um carácter evolutivo e
ambas baseiam-se no Direito Natural ( jusnaturalistas) e a segunda no direito positivo ( as leis ).

Também, desde a antiguidade houve a preocupação de procurar indicar especificações de


justiça, isto é, de que forma se manifesta no seio das sociedades.

A este respeito importa abordar a classificação avançada pelo Aristóteles e seguida mais tarde
por numerosos outros autores. Segundo este filosofo grego, distingue três termos: - Justiça
Distributiva ou proporção geométrica – é aquela que corresponderia à distribuição das
vantagens entre todos os membros da sociedade; - Justiça Comutativa ou sinalagmática – é a
que corresponderia às relações dos indivíduos entre si, na perspectiva de que as pessoas
apresentam-se em pé de igualdade, e essa igualdade deve ser salvaguardado pelo direito,
abrangendo tanto nos negócios jurídicos bem como nos actos ilícitos. A critica recai sobre tudo
nos crimes pois, para este filosofo o juiz iguala o proveito de um e a perda de outro através da
pena, e compara a proporção aritmética. E ele mesmo corrigiu e avançou com a justiça geral. -
Justiça Geral ou Legal - é a que corresponde as relações entre os indivíduos e a sociedade
mas no tocante aos cargos que exercem que devem ser repartidos por todos. Como pudemos
ver ainda encontramos dificuldades de encontrar em objectivamente de que forma se
manifesta a justiça no seio das sociedades através do Direito.

Por tudo acima exposto conclui-se que é verdade que em todos os Estados existe a ideia de
que deve se seguir a lei mesmo que os objectos de justiça almejada sejam realizados somente
de forma indirecta ou ainda imperfeita.

A utilização da força por parte do Estado como mecanismo coercivo para conter as agressões à
integridade humana, promove a consolidação de um ambiente socialmente equilibrado nas
relações entre os indivíduos.

A estrutura da existência de paz exige para a sua regular continuidade , que se respeitem
certas normas de conduta social permeadas pela determinação de relações de respeito e
equidade dentro do esquema socio-político, enfim, exige-se um sistema coordenado que vai
deste às instituições estaduais para a existência do Direito, caracterizada por significar a
utilização sensata dos meios coactivos disponíveis dentro do Estado para a materialização
daquilo que são os objectivos primordiais do Direito a justiça e a segurança.

Pois, o principal objectivo do Direito é o de manter a ordem e a paz social que se traduz em
bem estar harmoniosa no seio da sociedade e coordenar as relações sociais dentro das
comunidades e tudo isto não seria possível se o direito se afastasse da justiça. Enfim, fazer
justiça é respeitar o direito, e abster-se de qualquer acção que perturbe o equilíbrio social.

A SEGURANÇA

Segurança no sentido de ordem e de paz social: o Direito destina-se a garantir a convivência


entre os homens prevenindo e solucionando os conflitos que surgem na vida. Assim, o Direito,
tem de cumprir uma missão pacificadora.

Segurança no sentido de certeza jurídica: exprime a aspiração a regras certas, isto é, suscetíveis
de serem conhecidas, uma vez que tal certeza corresponde a uma necessidade de
previsibilidade e estabilidade na vida jurídica (cada um possa prever as consequências jurídicas
dos seus atos, saber o que é permitido e proibido).

Segurança no seu sentido mais amplo: pretende-se que o Direito proteja os direitos e
liberdades fundamentais dos cidadãos e os defenda das eventuais arbitrariedades dos poderes
públicos ou abusos do poder.
Na Ordem Jurídica encontramos inúmeras ocasiões em que se manifesta a preocupação de
atender à certeza e estabilidade, é o caso dos princípios:

a) Princípio da não retroatividade, procura-se evitar que as leis venham a produzir efeitos
imprevisíveis e alterar situações ou direitos adquiridos (assim evita que qualquer pessoa venha
a ser punida por um facto que não era considerado crime ao tempo da sua pratica);

b) Princípio do caso julgado, não há possibilidade de recurso ordinário contra decisões


transitadas em julgado.

NOÇÃO DO ESTADO

O Estado nem sempre existiu, não surgiu ao mesmo tempo com o homem, surgiu mais tarde
como resultado do desenvolvimento das sociedades primárias.

O Estado que consubstancia o modelo organizativo mais avançado da sociedade humana, é o


resultado de um longo processo de aprendizagem do homem com vista ao aperfeiçoamento da
vida em sociedade. Com efeito, toda a experiência acumulada pelo homem desde as primeiras
comunidades baseadas na consanguinidade ate as formas cada vez mais elaboradas na vida em
sociedade como as tribos veio a ser recolhida para a constituição do Estado.

O instinto gregário do homem cedo o impulsionou a procurar formas de associativismo de


modo que lhe permitisse vencer e aproveitar as forças da natureza. Nao obstante, o instinto
individualista existente também em cada homem cedo o obrigou a procurar certos mecanismos
que disciplinassem a actividade de cada um em beneficio da comunidade.

Assim, o Estado aparece como instituição que vai organizar melhor a sociedade, impor a
ordem e a disciplina dentro da sociedade e também administrar os assuntos de interesses
comuns ou seja, resolver os problemas das comunidades de modo a trazer o bem estar aos seus
membros. Deste modo, o Estado surge como uma necessidade imperiosa para a vida em
sociedade usando como instrumento de comunicação com a sociedade que são as Leis.

A lei aparece assim como instrumento capaz de regular as relações que se estabelecem entre
os membros da sociedade quando os meros laços de sangue se tornam impotentes para
disciplinar os seus membros menos razoáveis e cuja acção poderia por em perigo a existência
da própria sociedade.

Tornou-se pois, necessário a existência de uma instituição que situando-se acima da


comunidade fosse capaz de solucionar pela aplicação das leis os diferendos que surgiram entre
os seus membros e que providenciasse ao mesmo tempo a sobrevivência da comunidade.
Há assim uma estreita interdependência entre o Estado e o Direito, entendido este como um
complexo de normas que obrigam por um lado a atribuem faculdades por outro, aos membros
da sociedade. O Estado ao ser ao mesmo tempo autor e interprete das leis assume-se como
uma forma de regulamentar a vida do homem em Sociedade.

Em seguida vamos analisar os conceitos de Estado para dai retirar aquilo que são os seus
elementos.

Para o efeito vários autores debruçaram-se sobre o conceito do Estado. Contudo, para esta
cadeira iremos apenas citar dois autores que definem o Estado como sendo: - Para Freitas do
Amaral, o Estado é uma comunidade constituída por um povo que, a fim de realizar os seus
ideais de segurança, justiça e bem estar, se assenhoreia de um território e nele institui, por
autoridade própria, o poder de dirigir os destinos nacionais e de impor as normas necessárias à
vida colectiva - para Marcelo Caetano, o Estado é um povo fixado num território, de que é
senhor, e que dentro das fronteiras desse território institui, por autoridade própria, os órgãos
que elaborem as leis necessárias à vida colectiva e imponham a respectiva execução .

Como pudemos ver nas duas definições enfatizam-se três elementos do estado. Porem, a
delimitação do conceito jurídico do Estado por recurso a estes elementos fundamentais é a
mais refundida, embora com algumas variações na generalidade da doutrina. Pode se
perguntar, porque definir o Estado baseando-se nos seus elementos?

- Primeiro tem a ver com a natureza didáctica, traduzindo a observação das comunidades
estaduais, constituiria uma razoável ponto de partida para o estudo da sua estrutura; - Segunda
é de ordem filosófica, evitaria árduas discussões; - Terceira é eminentemente prático, traduziria
a relevância que efectivamente tem o povo o território e o poder politico.

Na verdade, é indispensável em primeiro lugar um substrato pessoal, a existência de uma


comunidade de indivíduos que buscam uma forma conjunta de resolução dos seus problemas e
de objectivação dos seus anseios. Se é verdade que sem povo não pode haver Estado, não é
menos certo que não pode haver povo, em sentido jurídico politico, se não existir um Estado,
na justa medida em que é o nascimento deste que dá lugar ao surgimento de uma nova
realidade, que é a ligação a uma entidade politica de um conjunto de indivíduos através do
vinculo de cidadania.

OS ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DO ESTADO

O Estado como vimos, aparece como uma necessidade de o homem dar resposta aos desafios
que a natureza e os outros homens lhe colocavam. A sociedade ao pretender a segurança das
pessoas e bens consentiu em alienar parte da sua liberdade em favor de um grupo, geralmente
constituído pelos mais hábeis, mais ricos ou mais velhos.
Assim, este pequeno grupo passou a gerir os destinos da Sociedade. São elementos do
Estado: - Povo - Território - Soberania ou poder politico.

Povo – é o conjunto de indivíduos que se encontram ligados ao Estado pelo vinculo da


nacionalidade ou cidadania. Pessoas que tem um vínculo jurídico com o Estado sendo estas
pessoas titulares e portadores de direitos, deveres e obrigações. O povo é o elemento humano
que dinamiza o Estado porque é nas pessoas onde encontramos o dinamismo na sociedade.

Não confundir o povo com a população pois, este tem um conceito de base económico com
conteúdo demográfico. Portanto, população designa o conjunto de residentes em dado
território independentemente de serem nacionais, estrangeiros ou apátridas. O conceito de
povo restringe-se apenas aos nacionais. Também não confundir a nação do povo, pois a nação
corresponde ao elemento espiritual e cultural de um povo.

Território – É o espaço geográfico no qual o Estado se encontra implantado e exerce a sua


jurisdição. O elemento território é importante na medida em que é onde vive o povo,
desenvolve as suas actividades, busca os recursos no solo, sob solo e este , por sua vez o
divide-se em: a) Território Terrestre ou território sólido: é a parte sólida onde se encontra
estabelecido o povo e exerce as suas actividades. Este é delimitado pelas fronteiras b)
Território aquático ou liquido - é constituído por riachos, lagos, rios, plataforma continental, ou
seja a zona marítima costeiras, que pertence ao Estado; c) Território Aéreo - é o espaço acima
do território sólido e liquido; d) Território fictício - é constituído pelas representações culturais,
militares, diplomáticas, de um determinado Estado e, nelas usa-se a bandeira nacional do
respectivo país.

Soberania ou poder politico – Citando o professor Marcelo Rebelo de Sousa, poder politico é a
faculdade de que é titular um povo de, por autoridade própria, instituir órgãos que exerçam
com relativa autonomia a jurisdição sobre um território nele criando e executando normas
jurídicas usando os necessários meios de coacção. Disto resulta que, o poder politico há de ser
a capacidade de um povo traçar o seu próprio destino, administrar-se, governar-se de acordo
com os seus interesses. Esse poder politico deve ser soberano ou seja, o Estado deve ser capaz
de definir politicas próprias, fazer opções de desenvolvimento, elaborar e aplicar leis, gerir e
administrar os interesses da comunidade sem ingerências externas e a soberania contem 3
características a saber:

a) indivisível - significa que dentro do Estado só há uma soberania e está cristalizada no povo
que a exerce através do seu voto.

b) imprescritível - significa que não prescreve, não caduca, não envelhece.


c) inalienável - a soberania não se vende nem se empresta, só o povo e o seu Estado a podem
exercer sob ponto de vista jurídico. São órgãos de soberania na no Estado moçambicano - ver
artigo 133 CRM ) Presidente da Republica, AR, Governo, - artigo 200 e 2001 CRM, os Tribunais
e o Conselho Constitucional .

AS FUNÇÕES DO ESTADO

O Estado como direcção da sociedade possui determinados e funções pelas quais concorrem
à satisfação das necessidades fundamentais da sociedade, necessidades essas respeitantes a
manutenção, sobrevivência e ao desenvolvimento da sociedade política através dos seus
órgãos.

Nos tempos actuais, todo o cidadão é súbdito de um Estado. Como súbdito desse Estado ele é
compelido a obediência a normas de conduta de carácter obrigatório. Só o estado tem poder
para impor e fazer cumprir essas normas todas os cidadãos que vivem dentro das suas
fronteiras. Com efeito o Estado diferencia-se dos outros agrupamentos sociais, pela
possibilidade de obrigar os indivíduos a sujeitarem-se às suas leis, podendo fazer uso da
coacção para assegurar a obediência. - Função Legislativa - Função Executiva - Função Judicial

Função legislativa - Consiste na elaboração das leis gerais que regem a vida na sociedade. Em
cada Estado existe um órgão que tem competência legislativa no nosso caso esse órgão
designa-se por Assembleia da Republica art. 168, 169 179 e 182 CRM.

Função judicial - esta função cabe aos tribunais que através dos juízes fazem a justiça, julgam
e sancionam as violações da lei quer resulte dos cidadãos em prejuízo dos outros, quer
resultante do Estado em prejuízo dos cidadãos ou vice versa. Ver as espécies dos tribunais na
Constituição da Republica artigos (212, 213, 214, 215) 223, 225, 228, 230, 234,236,241,249).

Função executiva - é a que tem a função primordial de administrar a coisa pública, aplicando a
lei e adoptar outras providencias necessárias. Portanto, consiste na materialização do conteúdo
das orientações pertinentes ao desenvolvimento do país. Ex. no domínio das áreas
económicas, sociais e culturais - no domínio das exportações e importações, desenvolvimento
agrícola, comercialização dos produtos, criação de postos de trabalho, saúde, educação meio
de transporte etc. Com vista a satisfação dos interesses da colectividade, esta função é
responsável pela administração dos interesses públicos e sempre de acordo com uma
recomendação magna.

FINS DO ESTADO

A doutrina constitucionalista clássica distingue normalmente três grandes objectivos a atingir


pelo Estado: a segurança, a justiça e o bem estar económico em social. Pois, o cidadão
necessita de ter a certeza de que através da normas jurídicas executadas pelos órgãos do
Estado, lhe são reconhecidos direitos e deveres. Mas não só a segurança individual deve ser
assegurada pelo Estado, também a segurança colectiva, enquanto defesa da colectividade face
ao exterior, deve ser um objectivo ou seja, fim do Estado.

Compete igualmente ao poder politico assegurar a justiça nas relações entre os homens,
substituindo nessas relações o arbítrio da violência individual, por um conjunto de regras
capazes de satisfazer o instinto natural da justiça.

O bem estar económico e social é para alguns autores o fim mais importante da Estado. Este
fim envolve a promoção das condições de vida dos cidadãos através do acesso a bens e serviços
considerados fundamentais para a colectividade, bens que permitam a satisfação normal das
necessidades, tais como a Educação, a saúde, e a segurança social.

Em jeito de conclusão, podemos dizer que não se pode falar em ordem social sem que esteja
implicitamente a ideia de Justiça e Segurança, a ordem não existe ou se existe é imperfeita, o
que mancharia a possibilidade de realização total dos fins da sociedade e das pessoas que a
compõem.

Conforme atrás referimos, todas as sociedades ( Estados), que se presumem organizadas


possuem um sistema de normas – o Direito, como vimos em capítulos anteriores, Ibi societas,
ibi Jus (onde há sociedade, há direito). Esse Direito, deve ser elaborado necessariamente por
um órgão estadual com competência para o efeito. A forma mais importante da sociedade na
actualidade é o Estado, e, cada Estado tem o seu direito. Assim como o Estado é hoje a forma
mais importante da sociedade, através da qual se organizam os homens sobre a terra, o Direito
é hoje a forma mais importante para a organização desse mesmo Estado.

Como é sabido, o principal objectivo do Estado é o de manter a ordem e a paz social que se
traduz em bem estar harmoniosa no seio da sociedade e coordenar as relações sociais dentro
das comunidades e tudo isto não seria possível se o direito se afastasse do Estado. Por outro
lado, a justiça e a segurança são manifestamente visíveis na medida em que o direito
proporciona a realização do bem estar comum mediante a garantia da liberdade plena, da
igualdade material e da autonomia dos indivíduos.

Por outro lado, definimos o Estado como uma comunidade cujos fins são a realização dos
ideais de segurança, justiça e o bem estar. São estes os fins do Estado. Assegurar a justiça e a
segurança nas relações entre os homens, promover os princípios de igualdade entre os
indivíduos, os princípios da proporcionalidade, e a materialização das liberdades e garantias dos
cidadãos.
O bem estar económico e social, que envolve por parte do Estado a promoção das condições
de vida dos cidadãos, através do acesso a bens e serviços essenciais e, também, a prestação de
serviços fundamentais, como a Educação, Saúde, a Segurança Social, etc.

Assumem também relevância a preservação do ambiente e a protecção e valorização do


património cultural.

Naturalmente que em todos os Estados existe a ideia de que deve se seguir a lei mesmo que os
objectos de justiça almejada sejam realizados somente de forma indirecta ou ainda imperfeita.

O Estado tem uma relação permanente com o Direito e, essa relação é tripla: 1. O Estado vai
buscar ao Direito a fonte ou a base da sua legitimidade. A ideia da legitimidade pressupõe a
conformidade com as normas jurídicas. 2. O Estado organiza-se através do Direito. E, a ideia de
organização pressupõe a elaboração de normas genéricas de execução permanente. 3. O
Estado encontra-se subordinado ao Direito. E, a ideia de subordinação pressupõe o dever de
obediência às normas em todas as actividades do Estado.

BIBLIOGRAFIA

CRM (Constituicao da Republica de Mocambique), 2004.

Caetano, Marcelo, Manual de Ciência Politica e Direito Constitucional, Tomo I, Almedina, 2012

De Sousa, Marcelo Rebelo, Galvão, Sofia, Introdução ao Estudo do Direito, publicações Europa-
América, 1997

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