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AULA 01
DIREITO URBANÍSTICO PARA
CÂMARA MUNICIPAL DE BELO HORIZONTE
Sumário
Sumário .................................................................................................. 2
Introdução ao Tema da Aula ...................................................................... 3
1 - Considerações Iniciais .......................................................................... 4
2 – Diretrizes Gerais ................................................................................. 6
3 – Dos Instrumentos de Política Urbana ................................................... 13
a) Dos instrumentos em geral ............................................................ 13
b) Do parcelamento, edificação ou utilização compulsórios .................... 16
c) Do IPTU progressivo no tempo ....................................................... 21
d) Da desapropriação com pagamento de títulos .................................. 24
Valor Real da Indenização ..................................................................... 25
Títulos e poder liberatório ..................................................................... 27
Procedimento Expropriatório ................................................................. 27
Adequado aproveitamento do imóvel pelo Município ................................. 28
e) Da usucapião especial de imóvel urbano .......................................... 30
f) Da concessão de uso especial para fins de moradia ............................. 37
g) Do direito de superfície ................................................................. 37
h) Do direito de preempção ............................................................... 41
4 – Bibliografia ....................................................................................... 45
5 – Questões Objetivas ........................................................................... 46
5.1 - Questões Objetivas sem Comentários ............................................. 46
5.2 – Gabaritos.................................................................................... 49
6 - Considerações Finais .......................................................................... 50
AULA 01
Introdução ao Tema da Aula
Igor Maciel
profigormaciel@gmail.com
@ProfIgorMaciel
1 - Considerações Iniciais
Parágrafo único. Para todos os efeitos, esta Lei, denominada Estatuto da Cidade,
estabelece normas de ordem pública e interesse social que regulam o uso
da propriedade urbana em prol do bem coletivo, da segurança e do bem-
estar dos cidadãos, bem como do equilíbrio ambiental.
Comentários
Gabarito, letra C.
Comentários
Para responder à questão é necessário ter conhecimento da lei seca. A
alternativa correta corresponde à expressa disposição do artigo 1º, parágrafo
único do Código das Cidades, vejamos:
Parágrafo único. Para todos os efeitos, esta Lei, denominada Estatuto da Cidade,
estabelece normas de ordem pública e interesse social que regulam o uso da
propriedade urbana em prol do bem coletivo, da segurança e do bem-estar dos
cidadãos, bem como do equilíbrio ambiental.
2 – Diretrizes Gerais
Art. 2o A política urbana tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das
funções sociais da cidade e da propriedade urbana, mediante as seguintes diretrizes
gerais:
I – garantia do direito a cidades sustentáveis, entendido como o direito à terra
urbana, à moradia, ao saneamento ambiental, à infra-estrutura urbana, ao
transporte e aos serviços públicos, ao trabalho e ao lazer, para as presentes e
futuras gerações;
II – gestão democrática por meio da participação da população e de associações
representativas dos vários segmentos da comunidade na formulação, execução e
acompanhamento de planos, programas e projetos de desenvolvimento urbano;
III – cooperação entre os governos, a iniciativa privada e os demais setores da
sociedade no processo de urbanização, em atendimento ao interesse social;
IV – planejamento do desenvolvimento das cidades, da distribuição espacial da
população e das atividades econômicas do Município e do território sob sua área de
influência, de modo a evitar e corrigir as distorções do crescimento urbano e seus
efeitos negativos sobre o meio ambiente;
Art. 2o A política urbana tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das
funções sociais da cidade e da propriedade urbana, mediante as seguintes diretrizes
gerais:
Comentários
Mais uma questão em que a banca cobrou do candidato a letra fria da lei.
Aqui a alternativa correta se encontra no artigo 2º, inciso III, do Estatuto das
Cidades, Lei nº 10.257/2001. Vejamos:
Art. 2o A política urbana tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das
funções sociais da cidade e da propriedade urbana, mediante as seguintes diretrizes
gerais:
(...)
III – cooperação entre os governos, a iniciativa privada e os demais setores da
sociedade no processo de urbanização, em atendimento ao interesse social;
Art. 4o Para os fins desta Lei, serão utilizados, entre outros instrumentos:
I – planos nacionais, regionais e estaduais de ordenação do território e de
desenvolvimento econômico e social;
II – planejamento das regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e
microrregiões;
III – planejamento municipal, em especial:
a) plano diretor;
b) disciplina do parcelamento, do uso e da ocupação do solo;
c) zoneamento ambiental;
d) plano plurianual;
e) diretrizes orçamentárias e orçamento anual;
f) gestão orçamentária participativa;
g) planos, programas e projetos setoriais;
h) planos de desenvolvimento econômico e social;
IV – institutos tributários e financeiros:
a) imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana - IPTU;
b) contribuição de melhoria;
c) incentivos e benefícios fiscais e financeiros;
V – institutos jurídicos e políticos:
a) desapropriação;
b) servidão administrativa;
c) limitações administrativas;
d) tombamento de imóveis ou de mobiliário urbano;
e) instituição de unidades de conservação;
f) instituição de zonas especiais de interesse social;
g) concessão de direito real de uso;
h) concessão de uso especial para fins de moradia;
i) parcelamento, edificação ou utilização compulsórios;
j) usucapião especial de imóvel urbano;
l) direito de superfície;
m) direito de preempção;
n) outorga onerosa do direito de construir e de alteração de uso;
o) transferência do direito de construir;
p) operações urbanas consorciadas;
q) regularização fundiária;
r) assistência técnica e jurídica gratuita para as comunidades e grupos sociais
menos favorecidos;
s) referendo popular e plebiscito;
t) demarcação urbanística para fins de regularização fundiária; (Incluído pela
Lei nº 11.977, de 2009)
u) legitimação de posse. (Incluído pela Lei nº 11.977, de 2009)
VI – estudo prévio de impacto ambiental (EIA) e estudo prévio de impacto de
vizinhança (EIV).
§ 1o Os instrumentos mencionados neste artigo regem-se pela legislação que lhes
é própria, observado o disposto nesta Lei.
§ 2o Nos casos de programas e projetos habitacionais de interesse social,
desenvolvidos por órgãos ou entidades da Administração Pública com atuação
específica nessa área, a concessão de direito real de uso de imóveis públicos poderá
ser contratada coletivamente.
§ 3o Os instrumentos previstos neste artigo que demandam dispêndio de recursos
por parte do Poder Público municipal devem ser objeto de controle social, garantida
a participação de comunidades, movimentos e entidades da sociedade civil.
O item I está verdadeiro (inciso V, q, artigo 4º) e o item II está falso, eis
que inexiste exclusividade para o uso privado, dado que o meio ambiente é
patrimônio de uso comum do povo, conforme previsão constitucional.
Mas, atenção! O CESPE já foi ainda mais capcioso. Como este ponto
já foi cobrado em prova?
A alternativa correta é a letra A, conforme artigo 4º, inciso III, alínea “a”.
Art. 5o Lei municipal específica para área incluída no plano diretor poderá
determinar o parcelamento, a edificação ou a utilização compulsórios do solo
urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, devendo fixar as condições e
os prazos para implementação da referida obrigação.
José dos Santos Carvalho Filho com muita propriedade nos ensina que
(2013, pgs. 99, 100 e 101):
Art. 6o A transmissão do imóvel, por ato inter vivos ou causa mortis, posterior à
data da notificação, transfere as obrigações de parcelamento, edificação ou
utilização previstas no art. 5o desta Lei, sem interrupção de quaisquer prazos.
A partir do texto acima, escrito por José Roberto Bassul Campos, julgue o item que
se segue, relativo ao planejamento urbano e a seus instrumentos segundo o
Estatuto da Cidade.
Lei municipal específica para área incluída no plano diretor poderá determinar o
parcelamento, a edificação ou a utilização compulsórios do solo urbano não
edificado, subutilizado ou não-utilizado, devendo fixar as condições e os prazos para
implementação da referida obrigação. Contudo, a ausência de definição acerca do
que seja subutilização do solo urbano é uma grave deficiência do Estatuto da
Cidade, que não apresenta princípioc para a caracterização de qualquer caso, de
forma a orientar o legislador municipal.
Comentários
Item Falso.
Isto porque o Estatuto das Cidades define o solo subutilizado no parágrafo 1º, do
artigo 5º.
Item Verdadeiro, eis que esta uma das etapas que pode se valer o município
(artigos 5º e 8º).
§ 1o O valor da alíquota a ser aplicado a cada ano será fixado na lei específica a
que se refere o caput do art. 5o desta Lei e não excederá a duas vezes o valor
referente ao ano anterior, respeitada a alíquota máxima de quinze por cento.
Percebam, portanto, que o Estatuto das Cidades estabeleceu limites para
se evitar um possível abuso dos Prefeitos Municipais, a pretexto de manutenção
da ordem urbanística.
Além disso:
f
Ambos os itens estão Falsos (questão ABIN e MPOG), eis que é vedada a
concessão de isenção ou anistia ao imóvel sujeito ao IPTU progressivo, conforme
parágrafo 3º, do artigo 7º:
Item Verdadeiro, eis que esta a ideia do IPTU progressivo no tempo previsto no
Estatuto das Cidades.
A letra A está falsa, eis que não há limite temporal para a cobrança do IPTU
e
progressivo no tempo (até que se cumpra a referida obrigação – parágrafo 2º,
artigo 7º).
A letra B está falsa, eis que a contribuição de melhoria também depende do custo
total da obra.
A letra C está falsa eis que o limite percentual máximo do IPTU progressivo será
de 15% (parágrafo 1º, artigo 7º).
A letra D está errada, uma vez que não cabe anistia na cobrança do IPTU
progressivo no tempo (parágrafo 3º, artigo 7º);
§ 1o Os títulos da dívida pública terão prévia aprovação pelo Senado Federal e serão
resgatados no prazo de até dez anos, em prestações anuais, iguais e sucessivas,
assegurados o valor real da indenização e os juros legais de seis por cento ao ano.
Mas o que significa valor real? Caso se tratasse da desapropriação geral, teríamos
que admitir que valor real seria aquele que correspondesse ao exato valor do
imóvel. A expressão teria então o significado de indenização justa, tal como os
autores comumente a interpretam.
Para que se possa efetuar o desconto do sobrevalor é preciso que as obras tenham
sido realizadas após a notificação prevista no art. 5º, § 2º, do Estatuto, ou seja,
depois da comunicação para que o proprietário providencie o cumprimento da
obrigação de parcelamento ou de edificação. Deve entender-se notificação, nesse
caso, como a efetiva ciência dado ao proprietário, seja ela direta, seja presumida,
como ocorre por meio de edital. Resulta que o Poder Público deve prevenir-se em
relação à execução de obras antes de notificar os proprietários da área que davam
amoldar-se ao plano diretor.
§ 3o Os títulos de que trata este artigo não terão poder liberatório para pagamento
de tributos.
Procedimento Expropriatório
Sim e quem nos fornece tal exemplo é o próprio José dos Santos Carvalho
Filho (2013, pg. 139 e 140):
Isto porque, conforme lições de José dos Santos Carvalho Filho (2013, pg.
153):
Comentários
Comentários
Item Falso, eis que não se pode computar no cálculo da indenização a expectativa
de ganhos, lucros cessantes e juros compensatórios (parágrafo 2º, artigo 8º).
Comentários
II. Para o cálculo do valor real de desapropriação para fins de reforma urbana,
deverão ser consideradas as expectativas de ganho, os lucros cessantes e os
juros compensatórios.
Item III – Verdadeiro. Trata-se da expressa disposição do artigo 52, II, do Estatuto
das Cidades.
Art. 183. Aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e cinqüenta
metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a
para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja
proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
Tal direito não será reconhecido mais de uma vez ao mesmo possuidor e,
naturalmente, não se aplica aos imóveis públicos. Trata-se de forma de aquisição
originária de propriedade e (DA SILVA, 2015, pg. 58):
Art. 9o Aquele que possuir como sua área ou edificação urbana de até duzentos e
cinqüenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição,
utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde
que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
§ 1o O título de domínio será conferido ao homem ou à mulher, ou a ambos,
independentemente do estado civil.
§ 2o O direito de que trata este artigo não será reconhecido ao mesmo possuidor
mais de uma vez.
Comentários
Item Falso, dada a previsão expressa do artigo 183, parágrafo 3º, da CF:
Art. 10. As áreas urbanas com mais de duzentos e cinqüenta metros quadrados,
ocupadas por população de baixa renda para sua moradia, por cinco anos,
ininterruptamente e sem oposição, onde não for possível identificar os terrenos
ocupados por cada possuidor, são susceptíveis de serem usucapidas coletivamente,
desde que os possuidores não sejam proprietários de outro imóvel urbano ou rural.
Item I, falso, eis que o possuidor poderá acrescentar à sua posse a de seu
antecessor, nos termos do 10º, parágrafo 1º.
Art. 12. São partes legítimas para a propositura da ação de usucapião especial
urbana:
I – o possuidor, isoladamente ou em litisconsórcio originário ou superveniente;
II – os possuidores, em estado de composse;
III – como substituto processual, a associação de moradores da comunidade,
regularmente constituída, com personalidade jurídica, desde que explicitamente
autorizada pelos representados.
Art. 13. A usucapião especial de imóvel urbano poderá ser invocada como matéria
de defesa, valendo a sentença que a reconhecer como título para registro no
cartório de registro de imóveis.
Art. 14. Na ação judicial de usucapião especial de imóvel urbano, o rito processual
a ser observado é o sumário.
Este item está falso, eis que inexiste a possibilidade de usucapião de imóveis
públicos (artigo 183, parágrafo 3º, da Constituição Federal).
Os artigos 15 a 20 que iriam dispor sobre este tema no Estatuto das Cidades
foram todos vetados.
g) Do direito de superfície
Para José dos Santos Carvalho Filho, tal responsabilidade se justifica pelo
fato de que o dono do solo não aufere qualquer proveito pelo uso do terreno,
sendo titular apenas da nua propriedade (2013, pg. 203)
Comentários
Item Verdadeiro.
Esta a disposição do artigo 21, caput, parágrafos 1º e 2º, do Estatuto das Cidades.
h) Do direito de preempção
Art. 25. O direito de preempção confere ao Poder Público municipal preferência para
aquisição de imóvel urbano objeto de alienação onerosa entre particulares.
Mas atenção!
Este direito de preferência não é dado ao Município de forma genérica e
cega para todo e qualquer imóvel na circunscrição da cidade. Em verdade, é
necessária a edição de lei municipal, baseada no plano diretor, que irá delimitar
as áreas onde incidirão o direito de preferência.
Além disso, referida lei deverá delimitar o prazo de vigência do direito,
nunca superior a cinco anos. Acaso passados estes cinco anos e o Município não
tenha exercido o seu direito de preferência, poderá após o decurso de prazo de
um ano, renovar a norma estabelecendo novo prazo de até cinco anos.
Este direito fica assegurado independente da quantidade de alienações que
o imóvel tiver no período estabelecido em lei.
Além disso, a lei municipal deverá enquadrar cada área em que deseja o
Município estabelecer o direito de preferência em uma ou mais das finalidades
constantes no artigo 26 (conforme parágrafo único deste dispositivo).
As finalidades do direito de preempção, são, portanto:
Art. 26. O direito de preempção será exercido sempre que o Poder Público
necessitar de áreas para:
I – regularização fundiária;
II – execução de programas e projetos habitacionais de interesse social;
Art. 27. O proprietário deverá notificar sua intenção de alienar o imóvel, para que
o Município, no prazo máximo de trinta dias, manifeste por escrito seu interesse
em comprá-lo.
§ 1o À notificação mencionada no caput será anexada proposta de compra assinada
por terceiro interessado na aquisição do imóvel, da qual constarão preço, condições
de pagamento e prazo de validade.
Item Falso, eis que estabelece uma definição absolutamente esdrúxula para o
direito de preempção que consiste no direito de preferência na aquisição de um
bem imóvel pelo Município.
Caso necessite de áreas para constituir reservas fundiárias, o poder público poderá
exercer o direito de preempção.
Como vimos no artigo 25, parágrafo 1º, o prazo será nunca superior a cinco anos.
Item Falso, eis que o direito de preempção não é conferido o poder público estadual,
mas ao Município.
4 – Bibliografia
5 – Questões Objetivas
5.2 – Gabaritos
1 D 4 E
2 B 5 E
3 A
6 - Considerações Finais
Chegamos ao final de mais uma aula. Espero que vocês tenham gostado.
Igor Maciel
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