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OS

PRINCÍPIOS
BUDISTAS 1.0
Para transformar a mente e
despertar das ilusões

@SOBREBUDISMO
ÍNDICE

- Riqueza Interior, p. 3
- O Que é O Budismo?, p. 4
- As Quatro Nobres Verdades, p. 5
- O Nobre Caminho Óctuplo, p. 13
- Karma é Ação, p. 17
- A Importância dos Bons Amigos, p. 20
- Os 3 Veículos do Budismo, p. 23
- Como Escolher Uma Escola Budista Autêntica, p. 29
- As 3 Jóias do Budismo, p. 30
- As 3 Marcas da Existência, p. 34
- Os 5 Preceitos Budistas, p. 36
- O que é o Despertar?, p. 40
- Os 3 Venenos Mentais, p. 41
- O Ensinamento Central de Buda, p. 44

@sobrebudismo 2
RIQUEZA INTERIOR
Por Ajaan Anan

Muito embora sejamos ocupados, muito embora


tenhamos família, devemos encontrar tempo para a
prática. Praticamos para encontrar a riqueza interior,
a riqueza que surge ao ver o Dharma (ensinamentos
de Buda).

Talvez gastemos quarenta horas por semana


buscando a riqueza exterior: dinheiro e os recursos
para viver, mas precisamos também encontrar
tempo para desenvolver essa riqueza interior, que é
o nosso caminho para a verdadeira felicidade.
Sempre que tenhamos algum tempo livre podemos
dedicá-lo a incrementar o nível da nossa atenção
plena e entendimento.

No fim das contas, temos como objetivo desenvolver


a atenção plena e observar a verdade em todos os
momentos, quer seja em pé, sentado, caminhando ou
deitado. E se fizermos esforço nesse sentido,
passaremos a ver que o Dharma que o Buda ensinou
na verdade está muito próximo.

@sobrebudismo 3
O QUE É O BUDISMO?
Por Michael Beisert (Acesso ao Insight)

“A raiz da palavra buddha significa despertar, tomar


conhecimento, compreender. E aquele que desperta
e compreende é chamado de Buda.”
– Thich Nhat Hanh

O que é Budismo?

O nome Budismo vem da palavra budhi, que significa


“despertar”, de modo que é possível dizer que o
Budismo é a filosofia do “despertar”. Tal filosofia
originou-se da experiência de Siddhattha Gotama,
conhecido como o Buda , que “despertou” na idade
de trinta e cinco anos.

O Budismo atualmente tem mais de dois mil e


quinhentos anos de existência, e aproximadamente
trezentos e oitenta milhões de seguidores espalhados
pelo mundo. Até cem anos atrás o Budismo era uma
filosofia principalmente asiática, mas cada vez mais
ganha adeptos na Europa, na Austrália e nas
Américas.

@sobrebudismo 4
AS 4 NOBRES VERDADES
Por Rodney Downey

Gostaria de começar falando sobre alguns enganos


que temos a respeito do Dharma do Buddha, os quais
são muito comuns em todo o mundo ocidental, e
mesmo no Oriente. A causa desses enganos tem a ver
com palavras e com aquilo que elas significam.

Hoje, no café da manhã, eu comi bolo. E ontem eu


aprendi que existe uma expressão em português:
Quando você vai se encontrar com uma pessoa e ela
não comparece, diz-se que você “ganhou um bolo”.

Imaginem que daqui a 500 anos, um arqueólogo


encontre um diário de anotações de um brasileiro. Lá
é dito: “Eu fui encontrar com Paulo e ganhei um
bolo”. O tradutor diria que eles comeram um bolo
juntos!

Esta é a armadilha das palavras, as quais têm um


significado para uma época e cultura em particular.
O mesmo se dá com alguns dos ensinamentos do
Buddha.

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Consideremos as Quatro Nobres Verdades, as quais
estão no centro do ensinamento do Buddha. A
tradução usual das Quatro Nobres Verdades é: “A
vida é sofrimento; a causa do sofrimento é o desejo;
a cessação do sofrimento é se ver livre do desejo; o
modo de fazê-lo é o Caminho Óctuplo”.

Isto está correto? De modo algum! Isto não é o que o


Buddha falou. Este é o problema! Vamos começar
com a Primeira Nobre Verdade, que é sempre
traduzida como “A vida é sofrimento”. Mas que coisa
horrível! Veja a vida! É uma força excitante e de
grande diversidade, de inacreditável deleite. Por que,
então, é traduzido como a vida é sofrimento?

Vamos examinar a língua em que o Buddha falava. O


Buddha disse, de fato, que a vida é dukkha. Esta
palavra sempre é traduzida como sofrimento, mas
isso não é de modo algum o que significa. A raiz de
dukkha é duk, e significa “eixo”. Veja a época do
Buddha: A forma mais complexa de transporte era
uma carroça; era uma carroça de madeira, como é na
Índia ainda hoje, com um eixo de madeira unindo
duas rodas também de madeira, e puxada por
búfalos.

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A palavra dukkha significava o eixo que está fora do
prumo, que está fora de alinhamento. Imaginem o
sofrimento de uma pessoa sentada nessa carroça, a
força que os búfalos devem fazer e, ao invés da
carroça seguir suavemente, ela está fora do eixo,
desalinhada.

Então, Buddha fala sobre a vida – a vida de todos nós


– usando o exemplo da carroça que tem seu eixo fora
de alinhamento. Ele diz que nossas vidas estão fora
de equilíbrio. E é esse desequilíbrio que leva ao
sofrimento. Ele nunca disse que a vida é sofrimento.
Este é um ponto muito importante. Nossas vidas
estão fora de equilíbrio, ou, como os chineses
falariam, não está fluindo junto com o Tao. Ambas as
expressões significam a mesma coisa. Esta é a
Primeira Nobre Verdade.

A Segunda Nobre Verdade se refere à razão da vida


ser assim, e isso é geralmente traduzido como desejo.
Mas nós teríamos uma vida muito estranha se não
tivéssemos desejos. Não é o que o Buddha falou. A
palavra que o Buddha usou foi taṇhā e significa
‘sede’. Nas palavras do próprio Buddha isso foi
descrito: “É como um homem vagando no deserto
por muitos dias, sedento por água”. Isso também é a
sede do ‘eu quero’ e do ‘eu não quero’, e é por isto
que todos nós sofremos.

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O que é este ‘eu quero’ e ‘eu não quero’? O que isso
indica? Significa que não estamos satisfeitos com este
momento, ‘agora’. Porque se estivéssemos ‘aqui’
(Rodney bate no chão), não haveria ‘querer’ nem ‘não
querer’. Simplesmente haveria este momento, agora.
O Buddha, utilizando-se deste exemplo, estava
dizendo: “Esteja com este momento”. O momento
em que você quer ou não quer é o momento em que
você deixa o agora, o momento presente, e aí, então,
isso leva ao sofrimento.

Então, esse desequilíbrio que temos faz com que


nunca estejamos no momento e, não estando no
momento, isso leva ao sofrimento. É muito simples.
Agora você pode examinar a sua própria vida a partir
dessas palavras.

Mas o Buddha não parou por aí. Ele nos deu uma
cura para este ‘não estar no momento’, este
sofrimento. Esta cura é a Terceira Nobre Verdade,
que é a verdade mais mal entendida de todas.

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Ele fala do Nirvāṇa ou Nibbāna, que é uma palavra
que é usada em todas as línguas nos dias de hoje, mas
ninguém sabe o que significa. A palavra é muito
simples. Significa expirar, apagar – como apagar
uma vela. Muito simples! O Buddha apenas usava
palavras simples, mas mesmo assim elas foram
totalmente mal compreendidas, porque geralmente
ela é traduzida como extinção do desejo. Correto?
Não significa de modo algum isto.

No tempo do Buddha, a palavra nirvāṇa, apagar,


significava simplesmente isto: apagar. Mas havia uma
grande diferença. De acordo com a ciência e a
filosofia do Vedånta, quando você apaga uma chama,
como em uma vela ou em uma lâmpada de óleo,
você diz que a chama ficou livre. Quando você
acende uma vela, você captura a chama, como se a
colocasse numa gaiola.

Então, em ‘nossa’ idéia de apagar uma vela nós


dizemos ‘extinguir’ ou ‘matar’; mas, na época do
Buddha, apagar uma chama significava libertá-la. Da
mesma forma como seu “bolo”; coisas
completamente diferentes!

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Então, o Buddha nunca disse algo como matar os
seus desejos; ele falava da libertação ou liberdade
deste apego ao ‘eu quero’ ou ‘eu não quero’. Quando
você abandona isso, então a sua vida entra num
equilíbrio. Aí, então, você está completamente livre.
Este é um ensinamento maravilhoso, porque ele é
prático e você pode vê-lo em sua própria vida.

Se você sempre está no momento, você não pode


sofrer, você está livre para ir para o próximo
momento, livre para seguir para o próximo
momento, sempre totalmente livre, sem estar preso
no ‘eu quero’ ou ‘eu não quero’. E é isso que o
Buddha ensinava. Ele, então, nos deu o Caminho
Óctuplo como uma forma de alcançar isso. Da
mesma forma como as pessoas dizem hoje: “Como
eu posso levar esta prática para a minha vida?”, o
Buddha nos deu a resposta.

É o Caminho Óctuplo: A Compreensão Correta, o


Pensamento Correto, a Linguagem Correta, a Ação
Correta, os Meios de Vida Correto, o Esforço
Correto, a Vigilância Correta, a Concentração
Correta. Mas cuidado com a palavra ‘correto’, porque
‘correto’ implica que há um ‘errado’, e o Buddha não
usava a palavra desta forma; o Buddha não falava
desde um ponto de vista dualista.

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Uma palavra melhor do que ‘correto’ é ‘apropriado’.
Linguagem Apropriada, Pensamento Apropriado,
Compreensão Apropriada, etc. Vamos, então, apenas
examinar um desses fatores, utilizando a palavra
‘apropriada’ ao invés de ‘correta’. Linguagem
Apropriada significa não falar mal de uma outra
pessoa, não utilizar palavras para se mostrar, não
utilizar palavras para sugerir algo que não é correto.
Há muitos exemplos em suas vidas. Simplesmente
falar demais é uma linguagem inapropriada.

Podemos falar que ler demais também é uma


linguagem inapropriada, ou ver televisão demais
também seria linguagem inapropriada.
O que o Buddha quis fazer ao ensinar sobre essas
várias ações não apropriadas foi nos dar um
instrumento para examinarmos as nossas próprias
vidas. O que significa ‘apropriado’ em termos de
nossa vida? Significa Linguagem, Ação e Pensamento
que nos ajudam a nos livrarmos de nosso
desequilíbrio, de nosso dukkha.

O Caminho Óctuplo usado apropriadamente irá nos


ajudar a colocar a nossa vida em equilíbrio. Isso não
é algum ensinamento esotérico, nem aquilo que
freqüentemente acontece no ensinamento mal
compreendido sobre o que o Buddha ensinou.

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As Quatro Nobres Verdades são muito práticas,
baseadas na vida real. É um ensinamento sobre como
viver a sua vida. E posso assegurar a vocês, que se
lerem qualquer ensinamento do Buddha que parecer
muito distante de sua vida agora, isso é uma tradução
ruim.

Porque o Buddha era um homem prático e


inteligente, que olhava profundamente para o que
fazemos conosco. A partir daí, ele nos ofereceu um
modo de sair disso. Espero que isso que falei sobre as
Quatro Nobres Verdades tenha lançado um pouco de
luz. Muito obrigado!

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O NOBRE CAMINHO
ÓCTUPLO
Por Ajaan Sumedho

A Quarta Nobre Verdade, assim como as primeiras


três, é composta por três fases. A primeira é que:
‘Existe o Óctuplo caminho, ou atthangika magga – o
caminho para sair do sofrimento.’ É também
chamado de ariya magga, o Ariyan ou Nobre
Caminho. A segunda fase é que: ‘Este caminho deve
ser desenvolvido’. A ultima revelação é: ‘Este
caminho foi plenamente desenvolvido’.

O Óctuplo caminho é apresentado numa sequência,


começando com Entendimento Correcto (ou
perfeito), samma ditthi, seguindo-se a Intenção ou
Aspiração Correcta, samma sankappa; estes dois
elementos do caminho são agrupados como
Sabedoria (pañña).

Compromisso moral (sila) fluí da sabedoria, que por


sua vez abrange Linguagem Correcta, Acção
Correcta, Meio de Vida Correcto – por vezes
referidos como, samma vaca, samma kammanta e
samma ajiva.

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Depois temos Esforço Correcto, Atenção Plena
Correcta e Concentração Correcta, samma vayama,
samma sati e samma samadhi, que fluem
naturalmente do compromisso moral. Estes três
últimos fornecem equilíbrio emocional.

Eles falam acerca do coração – o coração que está


livre da identificação com o Eu e do egoísmo. Com o
Esforço Correcto, Atenção Plena Correcta e
Concentração Correcta, o coração é puro, livre de
impurezas e contaminações.

Quando o coração está puro a mente está em paz.


Sabedoria (pañña), ou Entendimento Correcto e
Aspiração Correcta, nascem do coração puro. Isto
leva-nos de volta ao início.

@sobrebudismo 14
Assim, estes são os elementos do Óctuplo
Caminho, agrupados em três secções:

Sabedoria (pañña)
Entendimento Correcto (samma ditthi)
Aspiração Correcta [ou
motivação/pensamento/intenção
correcta] (samma sankappa)

Moralidade [ética, virtude ou conduta]


(sila)
Linguagem Correcta (samma vaca)
Acção Correcta (samma kammanta)
Meio de Vida Correcto (samma ajiva)

Concentração [meditação] (samadhi)


Esforço Correcto (samma vayama)
Atenção Plena Correcta (samma sati)
Concentração Correcta (samma samadhi)

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O facto de aqui os apresentarmos de forma
ordenada não significa que os mesmos surjam
desta forma linear ou nesta sequência – eles
surgem em simultâneo.

Quando falamos acerca do Óctuplo Caminho


dizemos ‘Primeiro temos Entendimento
Correcto, depois temos Aspiração Correcta,
depois…’ Mas na realidade apresentado desta
forma, ensina-nos simplesmente a reflectir
acerca da importância de aceitarmos a
responsabilidade sobre aquilo que dizemos e
fazemos nas nossa vidas.

@sobrebudismo 16
KARMA É AÇÃO
Por Ajaan Anan

Karma é criado através da ação intencional com o


corpo, linguagem e mente. Intenções benéficas que
surgem na mente irão levar a palavras e ações
benéficas, enquanto que intenções prejudiciais irão
levar a palavras e ações prejudiciais. Podemos dizer
que é isso que governa o mundo - o karma coletivo
de todos os seres.

Cada indivíduo está criando karma a todo momento,


e isso é que conduz ao ciclo de nascimento e morte,
isto é, a continuidade da existência. Quando
contemplamos esse assunto, podemos ver a
importância de realizar bom karma, pois a felicidade
que experimentamos vem do treinamento e de
estimular intenções benéficas com o corpo, palavras
e mente.

E isso é o que a prática Budista nos encoraja fazer.


Todo o esforço que dediquemos ao desenvolvimento
de qualidades benéficas irá trazer benefícios e
felicidade.

@sobrebudismo 17
Quanto mais contemplemos karma, mais veremos
que estamos recebendo os frutos das nossas ações
todo o tempo. Praticamos tanto karma benéfico
como prejudicial no passado e isso está produzindo
os resultados que experimentamos no presente.

Quando pensamos no karma prejudicial que


realizamos no passado, o importante é refletir com
sabedoria. Se pudermos aprender com isso e mudar
o nosso comportamento, isso será bom. Mas insistir
em pensar no passado e apegar-se a esses estados
mentais negativos não é correto.

Se praticarmos a atenção plena e compreendermos a


mente, então seremos capazes de notar esses
momentos de culpa ou depressão com relação ao que
fizemos. Poderemos ver que esses sentimentos não
nos ajudam porque o passado não pode ser mudado.

É bom se pudermos aprender com isso e mudar, mas


fora isso não há porque sofrer desnecessariamente
sentindo aversão por si mesmo ou remorso.

@sobrebudismo 18
O modo correto é dedicar-se à realização de karma
benéfico a partir de agora. Estaremos assim criando
as condições para a felicidade e benefícios tanto no
presente como no futuro.

É por isso que praticamos. Quando compreendemos


a importância de karma, iremos nos dedicar à
generosidade, a manter os preceitos e a praticar a
meditação - tudo com o propósito de gradualmente
ir elevando o nível da nossa mente.

Se colocarmos esforço na nossa prática, criando mais


karma benéfico, o resultado será mais paz interior.
Isso é deveras a coisa sábia e correta que um ser
humano deve fazer, desenvolver qualidades
benéficas em si mesmo.

@sobrebudismo 19
A IMPORTÂNCIA DOS
BONS AMIGOS
Por Ajaan Anan

O Buda disse que coisas boas provêm de estar com


bons amigos. Eles fazem com que manifestemos as
nossas boas características. Tente evitar amizades
ruins. Estas são aquelas que nos levam para a bebida,
para o jogo e assim por diante, levando a situações
danosas.

Esse ensinamento também vale para o nosso íntimo.


Isto significa evitar se misturar com as forças
negativas na nossa mente, ficando, ao invés disso,
com os pensamentos e aspirações benéficas.

Se fizermos isso bem, então a nossa prática será


sólida. Saberemos por nós mesmos o que nos trará a
felicidade e qual é o modo benéfico para viver.

Assim, mesmo quando estivermos nos socializando


com outras pessoas, se elas estiverem tomadas por
idéias incorretas ou ainda não entenderem o
caminho, nós, mesmo assim, não ficaremos abalados.
Isso porque estaremos firmes e porque entendemos
por nós mesmos.

@sobrebudismo 20
Buda ensinou que devemos nos associar com pessoas
boas, sábias, e evitar aquelas que são tolas ou
imprudentes. Mas algumas vezes acontece que temos
amigos com alguns traços negativos, prejudiciais e
queremos ajudá-los.

A coisa importante que precisa ser reconhecida é que


nós mesmos precisamos estar mentalmente numa
posição forte o suficiente para podermos ajudar.
Porque se ainda não estivermos firmemente
estabelecidos na nossa prática, então é claro que
seremos influenciados pelas pessoas com as quais
estejamos.

Elas nos influenciam, quer seja de um modo


dissimulado ou óbvio, e o perigo é que podemos ser
afetados e desviar-nos do caminho. Mas se
estivermos fortemente estabelecidos na nossa prática
- saberemos o que é bom e o que é ruim, o que é
certo e o que é errado – então, mesmo se as pessoas
tiverem hábitos ruins, nós não seremos influenciados
ou afetados.

Talvez possamos ajudá-las um pouco, oferecendo


conselhos e apoio.

@sobrebudismo 21
Mesmo o Buda em algumas das suas vidas passadas
ainda não estava inspirado a praticar o Dhamma. Ele
estava mais interessado em coisas mundanas.

Mas numa delas, ele teve um amigo que queria ouvir


os ensinamentos do Buda daquela era. E o nosso
Buda ainda não tinha fé e não estava interessado em
ir. Então, o amigo dele o agarrou pelo cabelo e disse:
"Você tem de ir!"

Na Índia a cabeça é a coisa mais elevada e respeitada.


As pessoas simplesmente não puxam o cabelo sem
um bom motivo. O amigo dele literalmente o
arrastou até lá. E quando ele viu o Buda,
compreendeu a importância dos ensinamentos e
começou a praticar.

Esse é um exemplo da importância dos bons amigos.


Algumas vezes ainda não vemos aquilo que é
importante na vida, mas um bom amigo pode
conduzir-nos nessa direção.

@sobrebudismo 22
OS 3 VEÍCULOS DO BUDISMO
– THERAVADA, MAHAYANA E
VAJRAYANA
Por Bhante Shravasti Dhammika

Em seu auge, o Budismo se espalhava da Mongólia às


Maldivas, da Báctria a Bali, e, portanto, precisava ser
atrativo para pessoas de muitas culturas diferentes.
Ademais, na medida em que durou por muitos
séculos, necessitou adotar e se adaptar conforme a
vida social e intelectual das pessoas se desenvolvia.

Consequentemente, apesar de a essência da Dhamma


permanecer a mesma, sua forma externa mudou
consideravelmente.

@sobrebudismo 23
[Theravada]

Pergunta: O que é Theravada?

Resposta: O nome Theravada significa “Os


Ensinamentos dos Antepassados”. Sua base é
principalmente o Pali Tipitaka, o mais antigo e mais
completo registro dos ensinamentos do Buda. A
Theravada é a mais conservadora e a mais centrada
na vida monástica das formas de Budismo.

Nela se enfatiza os princípios básicos da Dhamma, e


há uma tendência a se adotar uma abordagem mais
simples e austera em relação a esses princípios.
Atualmente a Theravada é praticada principalmente
no Sri Lanka, em Burma, no Laos, no Camboja [,
Tailândia] e em algumas partes do sudeste asiático.

Nota: Ainda que a tradição Theravada seja muito


associada à vida monástica, a prática leiga (não-
monástica) dentro desta tradição é tão grande como
as demais tradições e também bastante flexível.

@sobrebudismo 24
[Mahayana]

Pergunta: O que é o Budismo Mahayana?

Resposta: Por volta do Século I a.C., algumas das


implicações dos ensinamentos do Buda foram
exploradas mais profundamente. Além disso, conforme
a sociedade se desenvolvia eram necessárias
interpretações novas e mais relevantes desses
ensinamentos. As muitas escolas que emergiram a partir
dessas novas interpretações foram coletivamente
denominadas de Mahayana, que significa “O Grande
Caminho” [literalmente significa o Grande Veículo]. Tal
nome se justificava em face da alegação de que suas
propostas eram relevantes para todas as pessoas, e não
apenas para os monges e freiras que haviam renunciado
ao mundo.

A Mahayana eventualmente tornou-se a forma


dominante de Budismo na Índia, e, nos dias de hoje, é
praticada na China, Coreia, Taiwan, Vietnã e Japão.

Notas:
(1) Zen/Chan, Terra Pura e Nichiren são escolas
Mahayana.
(2) O Mahayana aceita todos os princípios presentes no
Theravada e aprofunda conceitos como a vacuidade. O
Mahayana muitas vezes também é chamado de
Bodhisattvayana devido à importância que dá ao
caminho do Bodhisattva.

@sobrebudismo 25
[Vajrayana]

Pergunta: E a Vajrayana?

Resposta: Esse tipo de Budismo emergiu na Índia


durante os Séculos VI e VII, em um tempo durante o
qual o Hinduísmo passava por um grande
renascimento no país.

Em resposta a isso, alguns budistas foram


influenciados por determinados aspectos do
Hinduísmo, especialmente o culto a deuses e o uso
de rituais elaborados.

No Século XI, a Vajrayana estabeleceu-se


solidamente no Tibete, a partir de onde passou a se
desenvolver. A palavra Vajrayana quer dizer “O
Caminho de Diamante” e se refere à suposta lógica
inquebrantável que os vajrayanistas usavam para
defender algumas de suas ideias.

A Vajrayana se ampara mais em uma espécie de


literatura chamada de tantras, do que nas escrituras
budistas tradicionais, e, por causa disso, muitas vezes
é também conhecida por Tantrayana.

@sobrebudismo 26
A Vajrayana atualmente prevalece na Mongólia,
Tibete, Jammu e Caxemira, Nepal, Butão e entre
tibetanos vivendo na Índia.

Notas:
(1) Vajrayana também é considerada uma extensão
do Mahayana e aceita todos os conceitos presentes
no Theravada e Mahayana.
(2) Budismo Vajrayana também é conhecido como:
Budismo tibetano, esotérico, dos himalaias, tântrico,
tantrayna e mantrayana.
(3) Apesar do Vajrayana ter tido a maior expansão no
Tibete e em países vizinhos como o Butão, também
existem linhagens antigas do Vajrayana em outros
países, tais como Coreia, Japão, entre outros.

@sobrebudismo 27
[Nenhuma escola é superior ou inferior]

Pergunta: Isso tudo me parece muito confuso. Se eu


quiser praticar o Budismo, como posso saber qual
dessas escolas escolher?

Resposta: A questão pode ser comparada com um


rio. A foz de um rio é sempre muito diferente de sua
nascente. Mas, se alguém segue o rio a partir de sua
nascente, conforme ele serpenteia por morros e
vales, por cachoeiras e numerosos riachos que a ele
afluem, termina por chegar à foz, e compreende
porque ela parecia tão diferente de sua nascente.

Se você deseja estudar o Budismo, comece com as


primeiras lições mais básicas: As Quatro Nobres
Verdades, O Nobre Caminho Óctuplo, a vida do
Buda histórico, e por aí em diante.

Depois, estude como e porque esses ensinamentos e


ideias evoluíram e foque na abordagem ao Budismo
que mais lhe soe atrativa. Dessa forma ser-lhe-á
impossível dizer que a nascente de um rio é inferior
à sua foz, ou que a foz é uma distorção da nascente.

@sobrebudismo 28
COMO ESCOLHER UMA
ESCOLA BUDISTA
TRADICIONAL AUTÊNTICA

Como vimos acima, podemos dividir o budismo em 3


ramos principais: Theravada, Mahayana e Vajrayana.
Dentro dessa classificação ainda existem outras divisões.
Por exemplo, o Zen pertence ao Mahayana, e dentro do
Zen estão as escolas Soto Zen, Rinzai Zen e outras mais.

Núcleo comum

Apesar da variedade e das diferenças, existe um núcleo


comum que une todos os ramos e escolas tradicionais:

Aceitam Buddha Shakyamuni como Mestre


principal.
As Quatro Nobres Verdades são exatamente as
mesmas.
O Caminho Óctuplo é exatamente o mesmo.
A Originação Dependente (Paticca-samuppada) é a
mesma.
Não consideram a ideia de um ser supremo, criador
e dirigente deste mundo.
Aceitam Anicca, Dukkha, Anatta, Sila, Samadhi,
Panna sem qualquer diferença de conteúdo.

@sobrebudismo 29
AS 3 JÓIAS: BUDA, DHARMA
E SANGHA
Por Tchich Nhat Hanh

A primeira jóia é o Buda. A raiz da palavra Buda


significa despertar, tomar conhecimento,
compreender. E aquele que desperta e compreende é
chamado de Buda. Simplesmente isso!

A capacidade de despertar, de compreender e amar é


chamada de natureza de Buda. Quando os budistas
dizem: eu me refugio em Buda, eles estão confiando
na sua própria capacidade de compreender, tornar-
se despertos.

No budismo existem três jóias preciosas: Buda,


aquele que está desperto; Dharma, o caminho da
compreensão e do amor; Sangha, a comunidade que
vive em consciência e harmonia. As três são
interligadas, e às vezes é difícil distinguir uma da
outra. Todos nós temos a capacidade de despertar,
compreender e amar.

Assim, em nós mesmos encontramos Buda e também


Dharma e Sangha. Buda foi aquele que desenvolveu
seu entendimento e amor ao mais alto nível.

@sobrebudismo 30
A Segunda jóia é o Dharma, isto é, o que Buda
ensinou. É o caminho da compreensão e amor: como
entender, como amar, como transformar essas coisas
numa realidade. Antes de morrer, Buda disse aos
seus discípulos: "Meus caros, meu corpo físico não
estará mais aqui amanhã, mas o corpo do meu
ensinamento estará sempre aqui para ajudá-los.
Considerem-no como seu mestre, um mestre que
jamais se separa de vocês.”

Esse foi o nascimento do Dharmakaya. O Dharma


tem um corpo, o corpo dos ensinamentos ou o corpo
do Caminho. Dharmakaya significa apenas Os
Ensinamentos de Buda, a forma de realizar a
compreensão e o amor.

Qualquer coisa pode ajudar a despertar a natureza


búdica. Quando estou só e algum pássaro me chama,
retorno a mim mesmo, respiro e sorrio e, às vezes,
ele volta a me chamar. Então sorrio e respondo: - Já
estou ouvindo-o. Não só os sons como também as
paisagens podem relembrá-los de retornar a si
mesmos. Ao abrir a janela de manhã e ver a luz
inundar o ambiente, você pode reconhecer isso
como a voz do Dharma, e isso se torna parte do
Dharmakaya.

@sobrebudismo 31
Essa é a razão por que as pessoas despertas vêem a
manifestação do Dharma em todas as coisas. Num
seixo, num bambu, no choro de uma criança,
qualquer coisa pode ser a voz do Dharma chamando.
Nós devíamos ser capazes de praticar dessa forma.

Sangha é a comunidade que vive consciente e em


harmonia. Sanghakaya é um novo termo em
sânscrito.

A Sangha também precisa de um corpo. Quando


você está com sua família e pratica a respiração e o
sorriso, reconhecendo o corpo de Buda em você e
em seus filhos, então sua família se torna Sangha.
Um amigo, nossos filhos, nosso irmão ou irmã, nosso
lar, as árvores do nosso pátio, tudo isso pode ser
parte do nosso Sanghakaya.

A prática do budismo, a prática da meditação é para a


pessoa se tornar serena, compreensiva e amorosa.

Desta forma trabalhamos pela paz de nossa família,


de nossa sociedade. Se olharmos mais de perto,
veremos que as Três Jóias são, na verdade, uma. Em
cada uma delas as outras duas estão presentes. Em
Buda existe o estado búdico, existe o corpo de Buda.
Em Buda existe o corpo do Dharma, porque sem este
ele não poderia se tornar Buda.

@sobrebudismo 32
Em Buda está o corpo da Sangha, porque ele fez seu
jejum junto à árvore Bodhi, a outras árvores e
pássaros da região. Num centro de meditação temos
um corpo de Sangha, Sanghakaya, porque ali é
praticada a compreensão, a compaixão. Assim, o
corpo do Dharma, o Caminho e os Ensinamentos
estão presentes.

Mas os ensinamentos não podem tornar-se uma


realidade sem a vida e o corpo nossos. De forma que
Buddhakaya também está presente. Se Buda e
Dharma não estiverem presentes, não existe Sangha.
Sem você, Buda não é uma realidade, mas apenas
uma idéia.

Sem você, o Dharma não pode ser praticado. Precisa


de alguém para poder ser praticado. A Sangha não
pode existir sem cada um de vocês.

Por isso, quando dizemos: Eu me refugio em Buda,


ouvimos também: Buda se refugia em mim. Eu me
refugio no Dharma. O Dharma se refugia em mim.
Eu me refugio na Sangha. A Sangha se refugia em
mim.

(Retirado do livro "Caminhos para a paz interior" de


Thich Nhat Hanh)

@sobrebudismo 33
AS 3 MARCAS DA
EXISTÊNCIA: ANICCA,
DPU
o rK JK
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“As três características [ou marcas] – impermanência


[anicca], insatisfatoriedade [dukkha] e não-eu
[anatta], são uma clara e sucinta descrição da
natureza dos fenómenos condicionados.

Quando olhamos, nós vemos que toda a experiência


está constantemente mudando que é, portanto, não
confiável; e esta experiência surge devido a
condições e não de um desejo nosso de que as coisas
sejam de um certo jeito.

Entretanto, apenas a compreensão dessas três


características não é suficiente.

É a sabedoria que se adquire ao experienciá-las


profundamente que liberta a mente do apego.

O perigo, eu acho, em qualquer tradição espiritual é


permanecer no nível filosófico.

@sobrebudismo 34
No Budismo, podemos facilmente nos perder só no
pensamento das várias listas – as Quatro Nobres
Verdades, o Caminho Óctuplo, os Cinco Obstáculos,
os Sete Fatores da Iluminação.

É importante seguir essas formulações dos


ensinamentos na sua essência e explorar como elas
podem servir para a nossa libertação para que
estejamos, ao mesmo tempo, conectados e inspirados
pela verdadeira mensagem do que o Buda ensinou.

@sobrebudismo 35
OS 5 PRECEITOS BUDISTAS
Por Monja Isshin Sensei

A seguir estão os cinco preceitos (pañca-sikkhapada)


ou cinco virtudes (pañca-sila) no idioma português e
páli.

1 - Eu tomo o preceito de abster-me de matar seres


vivos.

2 - Eu tomo o preceito de abster-me de tomar o que


não for dado.

3 - Eu tomo o preceito de abster-me de


comportamento sexual impróprio.

4 - Eu tomo o preceito de abster-me da linguagem


incorreta.

5 - Eu tomo o preceito de abster-me do vinho, álcool


e outros embriagantes que causam a negligência.

@sobrebudismo 36
1. PRIMEIRO PRECEITO MAIOR: NÃO MATAR

Um discípulo de Buda não deve matar, encorajar


outros a matar, matar por expedientes, louvar o ato
de matar, rejubilar-se ao presenciar o ato de matar
ou matar mediante encantamentos ou mantras
desviantes. Não deve criar as causas, condições,
métodos ou karma de matar e não deve matar
intencionalmente qualquer criatura viva.

Enquanto discípulo de Buda, deve desenvolver uma


mente compassiva e filial, procurando sempre meios
hábeis para salvar e proteger todos os seres. Se, pelo
contrário, falha em se restringir, tirando prazer cruel
em matar, comete uma ofensa Pārājika (maior).

2. SEGUNDO PRECEITO MAIOR: NÃO ROUBAR

Um discípulo de Buda não deve roubar, encorajar


outros a roubar, roubar por expedientes, roubar
mediante encantamentos ou mantras desviantes. Não
deve criar as causas, condições, métodos ou karma de
roubar. Nenhum valor ou bem, mesmo pertencente a
fantasmas, espíritos ou ladrões, seja ele pequeno
como uma agulha ou uma erva, pode ser roubado.

@sobrebudismo 37
Enquanto discípulo de Buda, deve desenvolver uma
mente misericordiosa, compassiva e filial – ajudando
sempre as pessoas a obterem méritos e virtudes e a
alcançarem felicidade. Se, pelo contrário, ele rouba o
que pertence a outros, comete uma ofensa Pārājika.

3. TERCEIRO PRECEITO MAIOR: NÃO MANTER


CONDUTAS SEXUAIS IMPRÓPRIAS

Um discípulo de Buda não deve envolver-se em atos


licenciosos ou encorajar outros a fazê-lo. [Enquanto
Monge] não deve ter relações sexuais com nenhuma
fêmea – seja ela humana, animal, divindade ou
espírito – nem criar as causas, condições, métodos ou
karma dessa má conduta. Além disso, não deve
envolver-se em conduta sexual imprópria com
ninguém.

Um discípulo de Buda deve ter uma mente filial,


salvando os seres e instruindo-os no Dharmada
pureza e castidade. Se, em vez disso, é desprovido de
compaixão e encoraja outros a se envolverem em
condutas sexuais impróprias, ou envolve-se
promiscuamente com alguém, incluindo animais ou
mesmo a sua mãe, filha, irmã ou outros parentes
próximos, comete uma ofensa Pārājika.

@sobrebudismo 38
4. QUARTO PRECEITO MAIOR: NÃO MENTIR
NEM FALAR COM FALSIDADE

Um discípulo de Buda não deve usar palavras ou


expressões falsas, nem encorajar outros a mentir ou
mentir mediante expedientes. Não deve envolver-se
nas causas, condições, métodos ou karma de mentir,
dizendo ter visto o que não viu ou vice-versa, ou
mentindo implicitamente mediante meios físicos ou
mentais. Como discípulo de Buda deve manter
sempre a Fala Correta e o Ponto de Vista Correto e
levar os outros a mantê-los também. Se, em vez
disso, conduz os outros a um discurso errôneo, a
pontos de vista errôneos ou mau karma comete uma
ofensa Pārājika.

5. QUINTO PRECEITO MAIOR – NÃO VENDER


BEBIDAS ALCOÓLICAS

Um discípulo de Buda não deve negociar bebidas


alcoólicas ou encorajar os outros a fazê-lo. Ele não
deve criar as causas, condições, métodos ou karma de
vender qualquer substância tóxica, porque os tóxicos
são a fonte de todos os tipos de ofensas.
Enquanto discípulo de Buda, deve ajudar todos os
seres a alcançar sabedoria clara – se em vez disso os
induz a um pensamento perturbado e turvo, comete
uma ofensa Pārājika.

@sobrebudismo 39
O QUE É O DESPERTAR?
Por Ajaan Jayasāro

“O Buda ensinou que o ser humano não iluminado


vive num estado que pode ser comparado a estar a
dormir, ou a um sonho. Através da clara luz da
sabedoria, e sem qualquer ajuda, o Buda foi aquele
que despertou desse sonho, para a verdadeira
natureza da existência. Guiado pela compaixão, o
Buda é aquele que procurou partilhar a sua
compreensão da via do despertar, com todos os seres
que desejaram seguir as suas pisadas.” – Ajahn
Jayasāro

Siddhartha Gautama, também conhecido por


Shakyamuni (o sábio do clã dos Shakyas), após
inúmeras práticas encontrou o caminho para a mais
alta realização espiritual.

Após a sua realização, passou a chamar-se de Buda. A


palavra Buda significa desperto, aquele que
despertou, ou, por outras palavras, o Iluminado.

@sobrebudismo 40
OS 3 VENENOS MENTAIS
Por Monge Hondaku

“(…) Os 3 Venenos Mentais segundo o Buda são as


bases do nosso pensamento ilusório, das nossas ações
ilusórias. (…) Os Venenos Mentais têm haver
diretamente com a 2ª Nobre Verdade que diz que são
os tipos de veneno que nos levam ao apego, que nos
levam a vivermos nesse mundo apegado, nesse
mundo ilusório que nós vivemos.

Então o Buda dizia que os 3 Venenos Mentais, que


terminam guiando tudo o que a gente faz na vida
são:

1. Ignorância
2. Ganância [ou apego, desejo, mente aquisitiva]
3. Ira [ou raiva, aversão, má vontade]

Isso quer dizer que geralmente quando nós agimos,


nós agimos baseados num desses 3 venenos, são esses
venenos agindo na nossa cabeça.

@sobrebudismo 41
1. Ignorância
A ignorância é justamente quando nós agimos sem
atenção, quando nós agimos sem levar em
consideração o outro, sem levar em consideração a
nossa compaixão pelas pessoas. A ignorância é agir
sem a sabedoria, agir na ausência do Dharma, na
ausência das boas intenções, sem a intenção pura.
Então quando nós falamos da ignorância não é que
nós agimos com burrice, mas nós agimos sem esses
elementos na nossa mente.

2. Ganância
Depois vem a ganância. Quando agimos com
ganância é aquilo do querer, o querer ter, o querer
possuir, o querer obter de qualquer maneira. Nós
sempre estamos querendo algo. E não falo só de
coisas materiais, a gente sempre quer coisas
materiais mas a gente também quer um grande
amor, nós também queremos amizades, ser
reconhecidos, ser aceites, nós queremos sempre ter
razão, nós queremos que as nossas opiniões
prevaleçam, nós queremos estar sempre acima dos
outros. Nós queremos uma vida de equilíbrio, uma
vida equilibrada, e a gente sofre por causa disso,
então isso nos leva ao sofrimento.

@sobrebudismo 42
3. Ira
E nós também agimos com ira, nós agimos com
arrogância, nós agimos com desprezo, desafeto,
inveja. Tudo isso são manifestações da nossa ira, da
nossa raiva. Quando nós falamos, quando nós
julgamos as pessoas, quando nós apontamos só as
coisas negativas delas, então nós estamos agindo com
raiva.

E convido vocês a analisarem… como às vezes é


difícil nos analisarmos, analise as outras pessoas
primeiro. Analise-as e veja como elas estão agindo,
qual é o veneno que está-se mostrando, que está
consumindo aquela pessoa numa determinada fala,
numa determinada atitude, numa determinada
manifestação. É um ótimo exercício.

E depois nós podemos fazer isso com nós mesmos.


Quando nós estamos agindo quais são desses 3
venenos que estão se manifestando na nossa mente?
Quando nós estamos agindo, quando nós estamos
pensando, quando nós estamos falando, e quando
nós estamos realmente executando uma ação.

E isso tudo são as bases do nosso karma, são as bases


do nosso sofrimento karmico.

@sobrebudismo 43
O ENSINAMENTO CENTRAL
DEBUDA
Por Monge Genshô Sensei

O que é que diz a originação interdependente? A


originação interdependente diz que uma coisa
sempre é porque outra é, pois depende de outra que
depende de outra que depende de outra e você não
acha nada que não esteja dentro desse círculo de
interdependência e interconexão. No fundo, esta é a
declaração de que as coisas não existem por si
mesmas, e não são elas, em si, algo especial. Isso
contraria a nossa percepção normal.

O que acontece com a nossa percepção normal? Nós


nos sentamos aqui, abrimos os olhos e vemos um
mundo externo, ouvimos um mundo externo,
degustamos um mundo externo, sentimos pelo tato,
estamos presos num corpo e esse corpo parece
separado de todas as outras coisas. O que Buda tenta
demonstrar é o seguinte: isto é uma manifestação
extemporânea, um fenômeno dentro do universo
porque, na verdade, não há nenhuma partícula de
seu corpo que não seja dependente do próprio
universo, ou profundamente preso a ele.

@sobrebudismo 44
Todos os átomos do corpo estão ligados a este
universo, são muito antigos, bilhões de anos. A
maioria dos átomos dentro dos corpos de vocês são
anteriores à existência do Sol, do nosso Sol e do
nosso sistema planetário. Estamos materialmente
inseridos no universo, e isso é uma coisa que todos
nós sabemos.

Também sabemos que nem uma parte do corpo, do


ponto de vista material, desaparece daqui:
simplesmente dissolve-se neste mesmo universo,
neste mesmo mundo.

O ferro, o cálcio, o carbono, o hidrogênio e o


oxigênio do corpo e tudo mais, simplesmente se
reintegram a esse mundo.

@sobrebudismo 45
SOBRE ESTE MATERIAL
Por Monge BUTSUKEI

Este material foi montado pelo Monge Butsukei


(criador do projeto @sobrebudismo e monge noviço
da Escola Soto Zen) graças a generosidade de
inúmeros professores que publicaram em sites da
internet publicamente.

Foi feito uma seleção de vários desses materiais e


compilado neste manual digital 100% gratuito a todos
que desejam aprender os princípios budistas.

Caso você queira me avisar sobre possíveis erros ou


equívocos, observações ou mensagens sobre
budismo em geral, pode me contactar pelo
endereço de email eletrônico:
mongebutsukei@gmail.com

@sobrebudismo 44

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