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MITOLOGIA INDIANA

Nos assentamentos urbanos do vale do Indo, entre os restos


da civilização precursora de Harappa, nas ruínas das altamente
evoluídas cidades de Harappa e Mohenjo-Daro, encontraram-se as
imagens em terracota e em selos de cerâmica de diversas
divindades que bem podem considerar-se como precursoras das
posteriores representações bramânicas.
Esta cultura, que já se comunicava regularmente com a
Mesopotâmica no século XXIV aC, tinha o touro como animal
emblemático principal,dada a abundância das suas representações,
certamente como garante da fecundidade e como símbolo da vida
após a morte; o touro ou boi sagrado compartilhava a sua
popularidade, a julgar pelo número de achados, c/ uma deusa-mãe
que também estaria a cargo da proteção da fecundidade, de um modo similar ao que o faria
séculos + tarde a deusa Devi, esposa de Shiva, uma figura da qual esta deusa inominada do
vale do Indo pôde ser antecessora.
O ubíquo e predominante touro sagrado aparece também em outras representações
de perfil perante uma pira ritual, como o fará depois uma das advocacias de Shiva, Nandi;
assim como outra representação do touro sagrado, em lugar preeminente junto de outros
animais, pode ser, por sua parte, assimilada à posterior advocacia de Shiva como protetor
dos animais, o deus Pashupanti.
Outros animais emblemáticos terrestres e aéreos também aparecem profusamente na
cerâmica de Harappa, e são, naturalmente, os mesmos elefantes, tigres, serpentes, búfalos,
águias, macacos, etc., que continuarão sendo parte importante das personificações
zoomórficas dos deuses do panteão indiano.
Mas a 1ª aparição histórica é a que nos vem colhida pelos Vedas, as obras escritas
em sânscrito do ritual religioso elaboradas pelos arianos, um povo chegado à Índia vindo do
noroeste entre os séculos XVI e XIII (aC). No grupo dos "arya", dos nobres, estavam as 3
castas dos brâmanes ou homens da religião, os ksatriya ou guerreiros,e a última casta dos
vaisya ou povo;c/ eles,mas a uma grande distância social, estavam os sudra ou vassalos, os
que não eram "arya", mas iam junto dos nobres.
Esta obra do Veda, do conhecimento, que começa c/ o livro do Rig Veda, livro que se
devia ter escrito p/ o século XX (aC), se continua c/ o Yajur Veda, contendo o 1º ritual, o
Sama Veda, no qual figuram os cantos religiosos, e o Atarva Veda, o tratado da religião
íntima p/ uso privado dos fiéis. O Rig Veda, c/ + de 1.000 hinos e 10.000 estrofes, nos fala
de um Universo composto por 2 partes: Sat e Asat:
-Sat é o mundo existente, a parte destinada às divindades e à humanidade;
Em Sat está a luz, o calor e a água;
-Asat, o mundo não existente, é o território do demônio.
Em Asat só há escuridão, porque os demônios vivem nela, na noite.
O Sat, o mundo visível e existente, está composto por 3 esferas:
1 -a superior do firmamento,
2- o ar que está sobre as nossas cabeças e
3- o solo do planeta onde vivemos.
Mas a criação deste Universo não foi só 1 ato gratuito, 1 ato de vontade divina; pelo
contrário, a construção do mundo que agora habitamos necessitou de uma luta heróica e
decidida entre as forças do ar e as forças da matéria, porque o Universo é um lugar belo que

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só se pôde conseguir c/ o esforço que representa o combate entre as forças do bem e as
forças do mal. Entre os assura, os seres espirituais, havia uma grande rivalidade que se
manifestava na briga entre os deuses aditya e os demônios raksa.
Esta briga desembocou, finalmente, numa luta que resolverá o domínio do mundo dos
assura, através do confronto direto entre os campeões dos 2 bandos, entre o deva Indra, um
filho do Céu e da Terra, que morava no ar, e Vritra, o dono dos materiais necessários p/
construir o Universo.
O deva, o deus Indra, era um aditya escolhido pelos seus companheiros p/
representá-los no combate no qual devia vencer o seu campeão de uma vez por todas.
O seu oponente, Vritra, era um danava ou raksa; o seu antagonismo vinha de longe,
até tal ponto que se tornou necessário chegar a iniciar o combate definitivo, aquele do qual
sairá o chefe indiscutível. O deva Indra, após beber a bebida sagrada, o soma, cresceu
tanto que os seus pais, Céu e Terra, tiveram que afastar-se p/ lhe deixar espaço; por isso
ele habitava no ar da atmosfera que ficou aberta c/ a sua separação.
Indra foi armado c/ o raio (vayra) por Tvastri, o ferreiro dos deuses, e fortaleceu-se
ainda + tomando outros 3 grandes jarros de soma, mas a luta foi longa e difícil, porque
Vritra, onde andava o filho de Danu, era nada menos que uma gigantesca serpente que vivia
nas montanhas, dado que é sabido que as forças do mal gostam de tomar o aspecto da
serpente. Indra, c/ ou s/ a ajuda de Rudra e dos maruts, divindades do vento, que nisso há
versões diferentes, combateu Vritra até conseguir destroçar-lhe o lombo c/ o vayra; e não se
deu por satisfeito, pois Indra também acabou c/ a mãe Danu, que caiu ao morrer sobre o
cadáver do representante do mal.
Mas do mal nasceu o bem e, assim, do seu ventre nasceram as águas da terra, até
encherem os oceanos, de cujo calor saiu o Sol; e c/ o Sol, o ar, a terra firme e os oceanos, já
foi possível construir o Universo, pois se possuíam todos os materiais requeridos, e se deu
forma definitiva ao Sat dos deuses e das suas criaturas, enquanto o Asat invisível ficava p/
sempre afastado e relegado à sua não-existência.
Os 3 deuses encarregados de velar pelo Sat desde o momento da sua criação são:
1- DYAUS: está a cargo da 1ª esfera cósmica, a concavidade do firmamento;
2- INDRA: está a cargo da 2ª, do ar da atmosfera e dos elementos e meteoros que nela
acontecem;
3- VARUMA: encarrega-se da 3ª esfera, da qual a ordem cósmica estabelecida rege na
terra.
Indra, o aditya Vritahan, o campeão aditya que matou Vritra, já o conhecemos pela
sua façanha de libertar as águas e construir o mundo.
Dyaus Pitr, o Céu Pai, é o esposo do fecundador de Prtivi Matr, a Terra Mãe;
Dyaus o Grande é o espírito benfeitor supremo do dia e da luz.
Varuma, o deus que está em todos os lados, é também o chefe dos adityas, os
filhos de Aditi, a deusa virgem do ar;
Varuma cuida do rito da verdade divina, e fá-lo zelosamente da Terra e da Lua, isto é,
mantém-se vigilante no dia e na noite, ajudado na sua constante missão protetora pelas
estrelas como zelador que é da ordem sagrada no Universo visível, do Sat, embora o deus
solar Mitra siga substituindo-o nas tarefas diurnas, de um modo auxiliar, pelo menos na
Índia, dado que o Mitra transferido para o Ocidente, primeiro através da Babilônia e mais
tarde da Pérsia, converte-se num deus principal.

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Varuma é o deus sábio que conhece tudo o que já aconteceu e tudo o que tem de
suceder. Da sua garganta brotam as águas das sete fontes do céu, de onde vêm à terra
para formar os grandes rios do planeta.
Dyaus Pitr, donde talvez sairá o Zeus grego, é o deus supremo do Céu.
Varuma também velava pelos mortos, paraíso no qual reina junto c/ o 1º humano
nascido e falecido, o bom Yama, e c/ a sentinela dos 2 cães protetores das almas, Syama e
Sabala.
O deva Indra, desposado c/ a deusa Indrani, era uma divindade caprichosa, embora
fosse o deus principal dos humanos, e os seus caprichos manifestavam-se com mulheres,
homens ou animais, tanto que a divindade Gautama teve que enfurecer-se c/ a sua atitude e
chegou a desmembrá-lo, embora + tarde os seus divinos companheiros se ocupassem de
recompor o seu corpo desfeito.
Entre os aditya estavam também Mitra, do qual já se falou, Baga, Amsa, Daksa e
Aryaman, junto de Indra e Varuma, formando o septeto básico; também se costumava pôr
um 8º aditya, o errante Martanda, que, c/ o seu contínuo andar pelo céu, era simplesmente
uma divindade astral, o Sol, Surya, desposado c/ a deusa da Aurora, Uchas, uma deusa
bondosa e benfeitora.
A serviço dos adityas estavam os cavaleiros ou Asvins, divindades menores que
tinham os seus domínios na escuridão de cada noite, dispensadores do orvalho no seu
correr celestial e outorgadores de muitos mais bens espirituais e corporais.
Os centauros Gandharva vigiavam o sumo sagrado do Soma, que era, além disso,
outro deus de importância nas cerimônias sagradas. Estes centauros Gandhava eram do
mesmo modo umas divindades tutelares das almas emigrantes na metempsicose. Os
Gandharva estavam unidos às mais belas divindades, as perturbadoras Apsara, ninfas da
água e concubinas dos deuses maiores.
Precisamente um Gandharva, Visvavat, foi o pai do 1º mortal.
Visvavat estava casado com Saranya, a filha do ferreiro dos deuses, Tvachtar, o
mesmo que proporcionou o raio a Indra para lutar com Vritra.
Deste casamento nasceram Yama e a sua irmã gêmea, e esposa, Yami.
Os Gandharva também se ocupavam da escolta do deva Kama, deus do amor e
esposo de Rati, deusa da paixão amorosa.
Na mitologia bramânica, Kama, foi morto por Shiva, dado que tinha tentado distraí-lo
nas suas meditações, seguindo as maliciosas instruções da mutante deusa Parvati, esposa
de Shiva; mas foi devolvido à vida pelo mesmo Shiva, ao ouvir a pena que invadia a
apaixonada viúva Rati. Depois da sua misericordiosa ressurreição, Kama passou a tomar a
nova denominação de Ananga.
Os Marut, os deuses dos ventos, filhos do deus Rudra e da deusa Prasni, tinham
grande poder, tanto como o dos temporais devastadores que vinham das montanhas, ou o
dos ventos carregados de água benéfica que apareciam estacionalmente na época das
chuvas, que era simplesmente o urinar dos cavalos de Rodasi, a outra esposa do seu pai
Rudra, ou o da sua mãe, a vaca Prasni.
Mas os Marut não estavam sozinhos no reino dos ares, pois o deus Savitar era quem
fazia com que se levantasse o vento, se pusessem em movimento os raios do sol e fluíssem
as águas dos rios, porque ele próprio era o movimento e até o próprio Sol, embora então
tomasse o nome de Surya.

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O deva Puchan, armado c/ uma lança de ouro, encarregava-
se de unir o destino dos seres vivos e de cuidar deles em todo o
necessário para o seu sustento, assim como de guiá-los nas
suas viagens pelo bom caminho.
Mas o culto mais popular, o que atraía os mais
abundantes sacrifícios dos fiéis, os crauta do ritual, dirigiam-
se preferentemente a Agni ou Anhi, o deus vermelho do fogo, o
dos 7 braços e 3 pernas, o que estava em todos os lugares
onde se fizesse fogo.
Anhi era filho da união entre o Céu e a Terra e,
posteriormente, foi adscrito à união entre o Céu e Brama.
Anhi estava casado c/ Svaha, que o fez pai de 3 filhos:
Pavaka, Pavamana e Suc. Ao redor deste deus formou-se
uma muito especializada e importante casta sacerdotal, pois
só ela se considerava capaz de dirigir-se a ele c/ rezas e
cânticos específicos, uma ordem sacerdotal que daria + tarde
nascimento à casta superior dos bramanes, precisamente os
responsáveis de que a religião popular que se colhia nos livros do Veda fosse deslocada em
favor do + completo e complexo corpus do culto bramânico, uma mistura de religião e
metafísica que se converterá também no regulamento quotidiano p/ os crentes, fazendo dele
uma forma de vida totalizadora do religioso e o doméstico.
Da união dos Veda e do ritual sagrado elaborado de cima pela classe sacerdotal,
nasceu a nova doutrina bramânica, na qual revelação e costume se sintetizavam para
formarem um único corpo de regras que preside toda a vida dos fiéis, que vai desde os
livros revelados, os 4 Veda, os livros ascéticos do Aranyaka, os religiosos Bramanes e os
litúrgicos Upanisads, aos livros escritos pelo homem p/ compendiar o conhecimento
humano, os que tratavam da astronomia, da arte e da linguagem, os Vedangas, as leis
reunidas nos Dharma e os Sutras, os livros de relatos legendários Puranas, e as epopéias
do Ramayana e o Mahabharata, onde se encontra o texto védico do Bhagavad Gita, que nos
ensina as 3 vias sagradas de acesso ao conhecimento pela contemplação, as obras e a
devoção religiosa.

TRIMURTI
O bramanismo contempla na sua base o mistério da Trimurti, a trindade do absoluto, do Eu
ou atman, como criador de toda a existência e possuidor de todas as idéias.
O Eu existe nas suas 3 pessoas complementares:
-Brama, o criador, -Vishnu, o conservador e -Shiva, o destruidor.
Mas também o Eu, o Único, coexiste ao mesmo tempo nas 2 naturezas unidas, na mortal e
na imortal, porque as 2 naturezas são simplesmente uma única essência, o último princípio,
o atman.Por isso o deus que conhece tudo e que tudo experimenta é, antes de mais, a
ubíqua presença universal, quer seja em criatura viva ou em coisa inanimada.E os humanos
não somos senão reflexo dessa dupla natureza mortal e imortal a um tempo, todos os
humanos somos 1 eu pessoal, + a parte proporcional do Eu total, a esse eu ao qual
devemos tentar unir-nos, p/ alcançar a paz eterna,a harmonia c/ o último princípio, p/ poder
aspirar a ser felizes nesta vida contingente e eternos na vida transcendente.

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Enquanto BRAMA ficava estabelecido num plano metafísico, as outras 2 personificações do
Trimurti, Shiva e Visnú, convertiam-se em figuras queridas e temidas, nos santos visíveis
aos qual havia que recorrer num caso concreto, nas pessoas divinas mas humanizadas das
quais se podiam contar lendas e acreditar em prodígios, porque os deuses que se
assemelham aos homens nos seus defeitos e nas suas virtudes sempre estão + perto deles.
VISHNU, por ex., foi o herói amado, o ser celestial que descia continuamente ao mundo ao
qual tinha dado vida c/ o seu hálito divino, p/ livrá-lo do mal, que também tentava perpetuar-
se sobre a sua superfície, aproveitando cada uma das novas recreações. As suas façanhas
aparecem relatadas nas circunstâncias e esses textos penetram profundamente no fervor
popular, porque não há coisa melhor do que poder contar as muitas histórias do deus
valente e bondoso.
SHIVA, por ser o deus destrutor da trindade bramânica, viu-se impelido a adotar papéis
cada vez + terríveis e assim, transformado radicalmente desde o seu primitivo caráter de
deva benfeitor, chegou a representar o deus implacável a quem se encomendava a ingrata
tarefa da destruição, mas nem por isso deixava de dar o melhor de si em benefício das
grandes causas, embora tivesse que repetir uma e mil vezes o sacrifício. Também se fez em
breve assumir ao terrível Shiva a tutela da fecundidade, e os signos fálicos elevaram-se por
todo o território da Índia em sua honra, num patrocínio lógico de compreender, porque ao
ser um deus tão poderoso e valente, não podia deixar de ser o homem desejável ao qual
dirigir-se com devoção, para rogar-lhe que comunicasse a graça da sua força e vigor aos
filhos esperados. Há muitos milênios o deus Visnú começou a sua carreira mitológica como
+ uma divindade da natureza, talvez como um deus solar, mas foi galgando postos
constantemente, passando p/ um lugar de máxima importância na trindade trimurtiana, p/ o
2º lugar, atrás do grande Brama. Agora Visnú está à espera da última encarnação do seu
ciclo, depois de ter tido 9 das 10 previstas pelo plano bramânico, tendo já passado pelas do:
- Peixe que salvou Manú do dilúvio,
- Tartaruga que obteve a bebida sagrada do amrita,
- Javali que voltou a salvar a terra do novo dilúvio,
- Leão que castigou o blasfemo demônio Hiranya,
- Trivikrama, o Brâmane anão dos 3 passos,
- Parasurama que venceu os chatrias,
- Rama exemplar que se narra no Ramayana,
- Rama Chandra, o príncipe negro Krisna,
- Buda.
A 10ª será o acontecer do gigante c/ cabeça de cavalo branco, de Visnú como Kalki,
vindo à Terra p/ a batalha definitiva contra o mal, quando se acabe o mundo e Shiva
apareça também sobre as ruínas do dia do fim do mundo. Nas populares e muito belas
epopéias sacro-poéticas do Ramayana e do Mahabharata, Visnú já se converte no
verdadeiro protagonista da lenda, relegando Brama, o que fora poder eterno, p/ um 2º plano,
enquanto ele se aproxima mais e mais do fervor popular e habita nas moradas paradisíacas
rodeado pelo amor eterno de um milhar de incondicionais pastoras celestiais, as Gopis, e na
companhia de Laksmi, divindade do amor, da ciência e da sorte, segundo nos contam os
textos do Ramayana. Quando Vishnu desce à terra p/ acompanhar os humanos, o fez
geralmente incorporando-se em um deus de 4 braços, braços que portam o disco, o maço, a
concha ou a trompeta, e a espada ou o lotus, emblemas que são representações das suas
faculdades e virtudes, como são os símbolos do Sol, da força, do combate contra o mal e o
seu justo castigo, respectivamente.

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Siva é a 3ª pessoa do Trimurti, embora p/ os seus fiéis ele seja a 1ª e incontestável
divindade trinitária. Casado c/ a também impressionante deusa
Parvati, a montanha, que conhece muitas advocacias, desde a de
Sati, ou esposa, e Ambiká, ou mãe, até à de Kali, a negra, a deusa da
morte. C/ a sua esposa Shiva habita nas regiões que formam o teto do
mundo, no Himalaia, em cima do monte Kailas. Naturalmente, um
amor como o da deusa Parvati e o deus Shiva não podia deixar de ser
grandioso e conta-se que, quando por fim Shiva e Parvati se uniram
pela 1ª vez, todo o planeta estremeceu num gigantesco terremoto.
O deus SHIVA apresenta-se às vezes perante os homens nu e
coberto c/ a cinza da ascese, c/ toda a pureza do seu ser, adornado c/
o sinal inconfundível de um 3º olho vertical no meio da fronte, c/ o qual
vê tudo, símbolo da sua onisciência, e c/ o cabelo preso num grande
carrapicho, o mesmo que parou a queda da deusa Ganga, a deusa
das águas sagradas do rio Ganges, na Terra, absorvendo c/ a sua estórica dor essa imensa
quantidade de água, que era tão necessária p/ a vida do povo indiano.
Outras vezes aparece completamente coberto de serpentes, p/ apontar inequivocamente a
sua imortalidade, e armado com o arco Ayakana e o Jinjira,+ o raio e um machado, porque
então é a personificação do tempo, o deus destrutor.
Quando aparece como deus da justiça, o faz montado num touro branco e o seu corpo está
coroado por 5 cabeças e um nº par de braços, entre 2 e 10, empunhando numa das suas
mãos 1 tridente no qual estão enfiadas 2 cabeças. Na fronte destaca-se a marca de uma lua
em quarto crescente, o seu cabelo vermelho eleva-se como uma tiara e sua garganta é azul,
p/ recordar que é o Nilakantha, o herói que salvou o mundo de todo o veneno vomitado por
Vasuri, o rei das serpentes, e o apanhou na sua mão p/ bebê-lo depois, queimando a sua
garganta divina c/ a peçonha, antes que deixar que os homens morressem pelo seu efeito.

O príncipe SIDDHARTA GAUTAMA, conhecido como Buda (Iluminado), viveu entre


os anos 550 e 471 (aC). Nasceu ao norte de Benarés, em Kapilavastu, c/ o anúncio feito a
Maia, sua mãe, segundo nos conta a sua lenda, de que a sua vida seria a de 1 rei de
corpos, 1 Kakravartin, ou a de 1 pastor de almas, um Buddah. Nasceu o prodigioso menino
através do costado de Maia, auxiliado por Indra e acompanhado de 2 serpentes das águas,
2 Nasa, que criam vastas fontes de água quente (Nanda) e fria (Upananda) p/ lavar a
criatura prodigiosa, que perderá uma semana depois a sua mãe. O seu pai, o viúvo rei
Suddhodana, decidiu rodeá-lo de tudo o + belo que estava ao seu alcance, p/ evitar que
fosse o homem espiritual que se tinha profetizado, apartando-o daquilo que lhe pudesse
fazer pensar nas misérias humanas e pondo-o nas mãos da sua cunhada e nova esposa
Mahaprajapati. Mas Siddharta, no seu retiro perfeito, chegou a ver e a reconhecer o
sofrimento alheio, soube da doença e da morte e, sobretudo, viu num asceta a perfeição que
o pai queria proporcionar-lhe c/ presentes e prazeres. Foram os seus 4 encontros:
-com a velhice, com a doença, com a morte e com a serenidade.
Então, e após vencer qualquer classe de tentações postas pelo seu pai, o príncipe
Gautama, que tinha casado c/ a + bela das donzelas, c/ Gopa, e já tinha um filho, decidiu
seguir o exemplo do asceta, abandonando o mundo de esplendor do seu pai.
Segundo se conta, Siddharta tinha 29 anos quando decidiu abandonar tudo para
procurar a verdade, e ainda passou outros 6 anos percorrendo a Índia na companhia do seu
fiel Chandaka, procurando essa serenidade admirável no anônimo frade, mas o seu esforço

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não se via recompensado pelo êxito; não tinha encontrado o mestre procurado nem
alcançado o estado desejado. Por fim, na solidão de uma noite de Bodh-Gaya, quando se
encontrava praticamente à beira da desesperança, sob os ramos da árvore Bo, Gautama foi
iluminado e, c/ a força da verdade, o Buddha começou o seu caminho de pregação à boa
gente que encontrava no seu caminho.
A sua verdade era simples, nada há de permanente num Universo mutante, num
Universo no qual nossos atos, e não os deuses, nos premiam ou castigam com um novo
nascimento em que o nosso ser, emigrado, alcançará um estado mais perfeito ou mais
imperfeito, segundo os méritos da nossa própria vida, segundo tenha sido de triunfal a sua
luta contra os anseios e as paixões. A doutrina de Buda desenvolveu-se c/ força na Índia e
fora dela, mas, pouco a pouco, a sua implantação no território onde nasceu foi perdendo
força, mudando-se c/ + vigor p/ o outro lado dos confins do norte, no reduto inacessível do
Tibete,e atravessando + tarde p/ o este, chegando à península da Indochina, à China,
Mongólia, Coréia e Japão, p/ ficar definitivamente assentada no Extremo Oriente.
Também com o decurso do tempo, a doutrina simples e quase ateia de Buda se foi
enriquecendo c/ elementos alheios, dando ao asceta Buda uma dimensão divina da qual ele
teria fugido envergonhado e confuso, e pondo junto dele toda uma corte de deuses
tradicionais, até fazer crescer da mera idéia filosófica da renúncia todo um bosque de
personagens mitológicos, onde permaneciam parte do Brama original e, sobretudo, do Indra
do culto védico, agora reduzidos a pessoas santas do budismo e transformados até no seu
aspecto, c/ Indra batizado Sacra, à frente de uma ordem celestial de 33 deuses, à espera de
receber a ordem de Buda p/ ir em sua ajuda c/ o vayra sagrado, p/ lutar a seu lado contra
Mara, o novo demônio da tentação, o rei dos prazeres.
Este Mara, que reina na Terra, no Inferno e nos 6 andares inferiores do Céu, tem sob as
suas ordens1 exército de demônios e serve-se das suas 3 filhas: Sede, Desejo e Prazer,
como avançadas do seu mundo de pecado. O príncipe iluminado, vencido pela necessidade
de uma religião que se adaptasse à tradição indiana, transformou-se num deus múltiplo no
tempo, no protótipo da transmigração incessante, numa pessoa divina que tinha vivido em
muitas ocasiões, como se o personagem sagrado se tivesse encharcado também da
essência de Vishnu e das suas circunstâncias, num deus que operava milagrosamente e
que se multiplicava na Terra em outros seres humanos, dado que, mediante o exato
cumprimento da sua doutrina, ia dando lugar ao nascimento de inumeráveis Bodhisattvas,
daqueles humanos santificados que iriam progredindo no caminho da transmigração, até
chegarem a ser também outro novo Buda numa futura reencarnação, quando os seus
méritos acumulados assim os recompensassem c/ a divindade. Também se viram desde os
Veda os antigos Gandharva, mas agora a cargo da música do Céu, e fizeram-no como
auxiliares de um dos 4 Lokapalas, os soberanos dos 4 rumos.
Estes Lokapalas estão a cargo dos pontos cardeais:
-No Norte está Kubera, c/ os também tradicionais Yaksas, os antigos auxiliares de Siva;
-No Leste está Dhritarastra, governando sobre os Gandharva;
-No Sul está Virudhaka, senhor dos pequenos gênios anões;
-No Oeste está o senhor é Virupksa, c/ as suas serpentes aquáticas Nasa, donas da chuva.
Junto dos demônios de Mara e das suas filhas, que conhecem as 32 magias das mulheres e
as 64 dos desejos, há outras criaturas infernais, desde os desgraçados espíritos emigrantes
Pretas, míseras almas penadas, ao legendário Davadatta, o primo de Buda e traidor,
passando por Hariti, deusa da doença negra, da varíola, mãe de 500 demônios, que foi
transformada numa mulher bondosa por Buda, ao ver o amor que sentia pelos seus filhos.

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C/ estes e muitos + deuses, o asséptico corpo primigênio do ascetismo budista foi-se
enchendo de personagens locais, cobertos de atributos e também de ornamentos e, ainda +,
se foi tornando + e + barroco à medida que,nos diferentes lugares da Ásia, se ia apropriando
de divindades locais p/ o seu novo panteão, como é o caso dos mais representativos
Bodhisattvas, Mitreya, Manjusri e Tara (que tinha sido deusa da energia na Índia e passa a
ser encarnação de Buda) no Tibete, ou a multidão de divindades existentes associadas a
Buda ou aos Bodhisattvas na China e Japão.
Buda, o asceta histórico original, esvai-se perante a série de Budas que já alcançaram o
Nirvana, o repouso eterno, e ele só é o Gautama ou o Sakiamuni, e não haverá + até chegar
o Mitreya do último tempo, enquanto uma nova família de Buddahs celestes reina num tbém
novo e heterodoxo Paraíso encravado no + elevado.
Finalmente,o budismo doutrinal evoluiu, transformando a sua essência tanto como o
seu aspecto formal, e do metta da serenidade chegou-se ao bhakti da sensibilidade e do
amor, p/ que no karma também se inscrevam a renúncia e os sacrifícios, abrindo-se o ser
humano, da individualidade primigénia do budismo até chegar à doutrina da necessidade de
transferir a graça alcançada por um mesmo p/ os outros, p/ o próximo. Quase mil anos
depois de Buddah, na mesma época em que nasce o hinduísmo, Nataputta ou Vardhamana,
alcunhado Mahavira (o Grande) e Jina (Vencedor), funda o Janismo.
Em efeito, era filho de uma personalidade, mas aos 30 anos morreram os seus pais e
esse acontecimento levou-o a repartir as suas riquezas e sair à procura da verdade numa
longa peregrinação que desembocou numa rebelião religiosa contra o bramanismo.
O Janismo é uma religião sem deuses e que procura alcançar na transmigração a paz do
espírito, nas suas duas vertentes; digambara e svetambara, a nudez total ou hábito branco.
O janista leva vida eremita, c/ a esmola como simples forma de supervivência e o respeito
extremo a qualquer ser vivo, c/ uma especial ênfase na proteção dos animais, p/ alcançar a
liberdade pelo triratna: conhecimento, fé e virtude.
-A fé alcança-se c/ a leitura dos Agamas do Mahavira;
-A virtude exige não matar, não roubar, não mentir,
-A castidade e a renúncia total.
P/ o janismo, o Universo divide-se em 2 partes:
-Uma material, sem vida (adjiva) e
-Outra viva (atman),que se liberta da matéria pelo dharma das suas obras e fica apanhada
no karma das suas faltas, no seu caminho p/ a perfeição do siddha, o nirvana janista.
O sincretismo sij foi fundado pelo guru Nanak nos finais do século XV, procurando a
união de hinduísmo e Islã. O guru Arjam escreveu em gurmuji, em pujabi, o que seria depois
o texto sagrado do Adigrant, recompilando os ensinos de Nanak sobre um único deus e um
mundo s/ castas, no qual as almas conhecem a reencarnação em virtude da perfeição e da
pureza que tenham sabido conseguir na sua vida anterior.
E assim se reencarna o guru Nanak nos sucessivos gurus que governam o culto sij.
A obra de Arjam foi escrita, precisamente, numa época de perseguição muçulmana, o
que levou este grupo religioso punjabi a transformar-se em temíveis guerreiros.
À parte da humildade e da sinceridade, a alimentação omnívora (perante o vegetarianismo
hindu e os alimentos proibidos dos muçulmanos) e rejeitar a divisão em castas, os sijs
distinguem-se pelos seus turbantes e pela obrigação de conservar sempre o seu cabelo.

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HINDUÍSMO
O Hinduísmo é uma das religiões mais antigas do mundo.
Não há um fundador desta religião, ao contrário de tantas outras - no
Islamismo, por ex., temos Maomé, e no Budismo, o próprio Buda.
O Hinduísmo, se compõe de toda uma intersecção de valores,
filosofias e crenças, derivadas de diferentes povos e culturas.
P/ compreender o Hinduísmo, é fundamental situá-lo historicamente.
Por volta de 3000 a.C., a Índia era habitada por povos que
cultuavam o Pai do Universo, numa espécie de fé monoteísta.
Pouco depois, em 2500 a.C., floresceu a civilização dravídica, no
vale do rio Indo, região que hoje corresponde ao Paquistão e parte da Índia.
Os drávidas eram adeptos de uma filosofia de louvor à natureza, de orientação matriarcal e
baseada no princípio da não-violência. Porém, em 1500 a.C., os arianos invadiram e
dominaram aquela região,reduzindo os antigos drávidas à condição de parias - espécie de
sub-classe social, que até hoje permanece sendo a casta + baixa da pirâmide social indiana.

HINDUÍSMO VÉDICO E HINDUÍSMO BRAMÂNICO


Na 1ª fase do Hinduísmo: que recebe o nome de Hinduísmo Védico, temos o culto aos
deuses tribais. Dyaus, ou Dyaus-Pitar ("Deus do Céu", em sânscrito), era o deus supremo,
consorte da Mãe Terra. Doador da chuva e da fertilidade, ele gerou todos os outros deuses.
O Sol (Surya), a Lua (Chandra) e a Aurora (Heos) eram os deuses da luz.
Divindades menores e locais são as árvores, as pedras, os rios e o fogo.
A partir da influência ariana, o simbolismo de Dyeus passou por uma transformação e
tornou-se Indra, jovem divindade que rege a guerra, a fertilidade e o firmamento.
Indra representa os aspectos benevolentes da tempestade, em contraposição a
Rudra, provável precursor do deus Shiva, o destruidor. Também nesse período surgiram
diversas outras divindades, inclusive Asura, representante das forças maléficas.
Na 2ª fase do Hinduísmo:que recebe os nomes de Vedanta(fim dos Vedas) ou Hinduísmo
Bramânico, ocorre a ascensão de Brahma, a divindade que simboliza a alma universal.
BRAHMA é um dos deuses que compõem o Trimurti (Trindade) do Hinduísmo.
Ele representa a força criadora. Os 2 outros deuses são VISHNU, o preservador, e SHIVA, o
destruidor. Neste momento, surge a figura dos brâmanes, que compõem a casta sacerdotal
da tradição hindu. Os rituais ganham uma série de componentes mágicos e elaboram-se
idéias mais complexas acerca do Universo e da alma, inclusive conceitos como o de
reencarnação e o de transmigração de almas.
Mais história - a 3ª fase: No século 12, a Índia é invadida pelos muçulmanos, e grande
parte de sua população é forçada à conversão. Aliás, o termo hindu designava qualquer
pessoa nascida na Índia, mas a partir do século 13 este termo ganhou uma conotação
religiosa, tornando-se sinônimo de "nativo não-convertido ao Islamismo".
A influência muçulmana se faz sentir dentro da ritualística hindu, pois uma das
características marcantes do Hinduísmo é sua capacidade de absorver novos elementos e
agregá-los ao seu sistema de crenças. Isso também ocorre quando, no século 18, o
Cristianismo se insere no universo indiano, pela influência predominante dos colonizadores
franceses. Este Hinduísmo híbrido também se divide em várias correntes, cujos expoentes
são gurus como Sri Ramakrishna (1834-86), Vivekananda (1863-1902) e Sri Aurobindo
(1872-1950). O que essas correntes têm em comum é a preocupação em estender o
trabalho espiritual ao âmbito social, por meio de trabalhos filantrópicos e assistenciais.

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Por força dessa nova fase, a própria organização social da Índia - em sistema de
castas -,começa a perder o sentido, pois existe 1 clamor ético por igualdade e solidariedade.
O maior mestre do Hinduísmo moderno é Mahatma Gandhi (1869-1948), conhecido no
Ocidente como chefe político, mas venerado na Índia como guru espiritual.
Gandhi, adepto da Ahimsa (o princípio da não-violência), apregoava a importância do
homem exercer perfeito controle sobre si mesmo. Hoje, o Hinduísmo é a crença
predominante na Índia. Mais do que uma religião, ele se caracteriza como uma tradição
cultural, que engloba modo de viver, ordem social, princípios éticos e filosóficos.

AS ESCRITURAS SAGRADAS
Vedas: Primeiros livros do Hinduísmo, surgidos aproximadamente no ano de 1000 a.C., que
aglutinam quatro coletâneas de textos.
Dentre eles, destaca-se o Mahabharata, que contém o poema épico Bhagavad Gita
(A Canção do Senhor). O conteúdo dos Vedas oscila entre:
- o Monoteísmo (culto a um deus único) e
- o Politeísmo (culto a diversos deuses).

Upanishads: Essas escrituras, que podem ser traduzidas como Doutrinas Arcanas, foram
redigidas por místicos que representam o expoente máximo do Bramanismo (uma das
vertentes do Hinduísmo).
Sua estrutura é a de uma série de diálogos entre mestres e discípulos, cujo
ensinamento fundamental é o seguinte: o mundo em que vivemos é feito de maya (ilusão), e
embora possamos ter a impressão de que o mundo é real, a única verdade é Brahma, a
divindade suprema.
Fundamentos importantes:
 Para o Hinduísmo, as pessoas possuem um espírito (atman), que é uma força perene
e indestrutível. A trajetória desse espírito depende das nossas ações, pois a toda ação
corresponde uma reação - Lei do Carma.
 Enquanto não atingimos a libertação final - chama de moksha -, passamos
continuamente por mortes e renascimentos. Este ciclo é denominado Roda de Samsara,
da qual só saímos após atingirmos a Iluminação.
 Os rituais se compõem de 2 elementos principais:
Darshan, que é a meditação / contemplação da divindade, e o Puja (oferenda).
 A alimentação vegetariana é um dos pontos essenciais da filosofia hindu. Isso porque
é livre da impureza (morte / sangue), e como todo alimento deve ser antes oferecido aos
deuses, não se poderia ofertar algo que fosse "sujo".
 As preces são entoadas como cânticos no idioma sânscrito, língua "morta" que deu
origem ao hindi e a um grande número de dialetos praticados na Índia. Essas preces
recebem o nome de mantras. Os mantras são dirigidos a diversas divindades, ou
estimulam qualidades pessoais. Em geral, são entoados 108 vezes, e para sua contagem
utiliza-se o japa-mala(colar de contas),espécie de "rosário",confeccionado em sândalo ou
c/ sementes de rudraksha (árvores consideradas altamente auspiciosas pela tradição
indiana).
 O mantra mais importante é o OM, "sílaba sagrada" que representa o próprio nome
de Deus. OM é a semente de todos os mantras e princípio da criação. Foi dele que derivou
toda a matéria - neste aspecto, podemos até traçar um paralelo com o gênesis da Bíblia:
"E o som se fez carne".

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SHIVA, a divindade mais popular da Índia
Shiva é a divindade que representa o princípio masculino.
É o deus da morte, da destruição e das transformações profundas.
Sua atuação é fundamental, porque do caos que ele promove, é que se faz a nova vida.
Em geral, é mostrado em movimento de dança, no meio de uma roda de Fogo, elemento da
natureza ao qual ele está associado.
Sua dança, denominada Tandava, simboliza o eterno movimento do universo.
- C/ o pé direito, ele esmaga a cabeça de uma figura bestial - a ignorância - e
- C/ o pé esquerdo ele faz um movimento ascendente, indicando a liberação espiritual.
Na Índia, é comum encontrarmos os saddhus - homens "santos", que renunciam ao
mundo e vagueiam em busca de sabedoria e iluminação.
Devotos de Shiva, os saddhus costumam andar seminus, têm os cabelos bastante
compridos e emaranhados e dedicam-se à prática da ioga, que seria uma expressão da
dança de Shiva. O princípio feminino da criação é Shakti, que se manifesta como:
- Parvati (a mãe),
- Durga (a deusa da beleza),
- Lakshmi (senhora da arte e da criatividade) e
- Kali (senhora da destruição). Todas elas são esposas de Shiva.

GANESHA, o removedor de obstáculos.


Ganesha é representado como um ser com corpo de homem e cabeça de elefante.
De acordo com um dos mitos associados a esta divindade, Parvati tirou uma de suas
próprias costelas e c/ ela fez um filho, a quem encarregou de guardar seus aposentos.
Quando seu marido Shiva chegou e encontrou aquele homem nas proximidades o quarto da
esposa, matou-o e arrancou-lhe a cabeça. Diante da tragédia, Parvati exigiu que o marido
devolvesse a vida a Ganesha. Então, Shiva prometeu que colocaria em Ganesha a cabeça
da primeira criatura viva que aparecesse em seu caminho - e foi justamente um elefante.
Ganesha é protetor dos comerciantes e também dos sábios e escritores.
Seus atributos são: prosperidade, inteligência, intelecto e capacidade de superar obstáculos.
Também simboliza a união entre o masculino e o feminino (ou os princípios Shiva e Shakti),
pois sua tromba é uma forma fálica, e a boca é a forma receptora.
O culto a Krishna é um capítulo à parte na religiosidade hindu.Na verdade, o Movimento p/ a
Consciência de Krishna, ou simplesmente Hare Krishna, como é + conhecido no Brasil, é
uma doutrina de alcance internacional, porém de pouca penetração na comunidade indiana.

ÍNDIA
A Índia é uma vasta península situada ao Sul da Ásia, entre o Oceano Índico e a
Cordilheira do Himalaia. Caracteriza-se pela diversidade e complexidade das condições
naturais: vegetação exuberante, rios caudalosos, pântanos, desertos e vales férteis.
Seu clima é quente. As tormentas são freqüentes.
Entre os seus rios destacam-se o Bramaputra, o Indo e o Ganges.
O Indo e o Ganges são de grande importância econômica, berço das mais antigas
civilizações da Índia, descem do Himalaia.
O Indo e seus afluentes irrigam o fértil Vale do Pendjab, a Noroeste.
O ganges forma, ao Norte, um vale maior e mais fértil, banha a cidade santa de
Benares e deságua no Golfo de Bengala.

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Os hindus o consideram sagrado por excelência e nele se banham para purificar-se.
O povo - não se pode, com precisão, afirmar quais os primeiros habitantes da Índia.
No Pendjab foram encontradas ruínas de poderosa civilização urbana que remonta a
4000 anos antes de Cristo, com casas construídas de tijolos queimados, com galerias de
passagem, escadarias decoradas com ouro e prata, banheiros e esgotos.
Os árias, falando língua indo-européia, brancos, altos, chegaram à Índia entre 2000 e
1500 a.C. Adoravam os Deuses: Indra, Varuna e Agni. Sua escrita era o sânscrito.
Eram grandes guerreiros e pastores. As lutas travadas entre suas tribos são descritas nos
poemas épicos "Mahabharata" e Ramayana" . Os sacerdotes árias criaram o sistema de
castas. Diziam-se "nascidos 2 vezes" querendo c/ isso dizer que eram nobres de alta
estirpe, superiores * - aos drávidas, nascidos uma vez só. Nascer 2 vezes estava
relacionada aos defeitos eliminados, portanto, homens espiritualizados.

HISTÓRIA POLÍTICA
A História da Índia Antiga, que trata principalmente das lutas travadas pelos invasores ária c/
objetivo de apodera-se do país, divide-se em 4 períodos:
 Período védico: Refere-se à vida dos árias para o Pendjab, descrita nos "Vedas",
livro sagrado que contêm hinos, rituais, fórmulas magicas, poesias mundanas, e poemas
filosóficos. Seu tema central é o valor do sacrifício que salva os homens;
 Período épico: narra a passagem dos árias p/ a região do Ganges, descrito no
Mahabharata;
 Período Bramanico: Trata de Decan e do estabelecimento do sistema.
 Período Búdico: refere-se ao aparecimento do Budismo.

ORGANIZAÇÃO POLÍTICA
O governo - A Índia não era um país unificado.
Compreendia grande nº de pequenos estados independentes governados por monarcas
denominados Rajás, pertencentes à classe privilegiada dos brâmanes.
Em época de guerra, reuniam-se em torno de um marajá.

ORGANIZAÇÃO SOCIAL
As castas - A sociedade hindu se caracterizava por um rígido sistema de castas,
absolutamente fechadas:
 Brâmanes - Sacerdotes considerados puros, privilegiados, ''saídos dos lábios de
Brama'',
 Xátrias ou guerreiros - ''Saídos dos braços de Brama'', ''que protegiam todos contra
a maldade''
 Vaicias - Lavradores, comerciantes e artesãos, ''saídos das pernas de Brama''
 Sudras - Servos e escravos, ''saídos dos pés de Brama''.
Os chamados ''impuros'' ou ''párias'' não pertenciam a nenhuma casta.
Eram nascidos de uma união de pessoas de castas diferentes ou de expulsos de suas
castas por terem violado as leis religiosas.
Não podiam viver nas cidades, ler os livros sagrados e banhar-se nas águas do ganges.
O sistema de casta deteve o desenvolvimento da Índia no correr dos séculos.

RELIGIÃO

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- O Bramanismo - É um conjunto de concepções religiosas, sociais e políticas, oriundo do
Vedismo, primitiva forma de religião dos hindus. Suas características principais são: crença
na reencarnação, sistema de castas, naturalismo e individualismo. Brame, deus supremo,
individual, encarnou-se sucessivamente em Brama, deus pessoal, Visnu e Shiva, formando
a trindade indiana chamada ''trimurti''. Brama teve quatro filhos que encarnavam as quatro
castas hereditárias. No século III ou II antes de Cristo, o Bramanismo sofreu uma
transformação e passou a ser o Bramanismo sectário ou Hinduísmo. Os princípios do
Bramanismo foram estabelecidos pelos brâmanes no ''Código de Manu'', imaginário
personagem considerado o pai doa árias.
- O Budismo - Religião oriunda do Bramanismo, fundada por Buda é mais uma doutrina
filosófica do que propriamente uma religião. Representa uma reação contra a antiga religião
brâmanica. Sua importância reside não apenas no fato de estar fortemente enraizado na
estrutura mental dos povos orientais, e de constituir acima a base da vida moral de uma
parte considerável da espécie humana, mas ainda no atrativo resultante do caráter
democrático das suas doutrinas, que se dirigem aos homens de todas as condições, sem
distinção de raça ou casta, reivindicando para todos igual destino e considerando-os todos
irmãos. Assemelham-se ao Cristianismo. Suas características fundamentais são:
 nega a existência de deuses;
 condena a divisão da sociedade em castas;
 prega a resignação, a meditação, o amor ao próximo; o respeito à lei, a tolerância;
 condena a ignorância, fonte de todas as desgraças e sofrimentos.

Buda - Filho de um rajá do reino dos saquias, renunciou aos vinte e nove anos, à vida de
prazeres, poder e riqueza e tornou-se monge. Ensinou que o fim do homem é o nirvana,
estado de verdadeira felicidade na vida aniquilamento após a morte. Para alcança-lo é
necessário dominar todas as paixões e desejos. Morreu em 544 a.C. Sua doutrina foi
redigida por seus discípulos.

Asoka - Um dos mais notáveis soberanos da Índia que reinou de 274 a 232 a.C.
Empenhado em unificar toda Índia sob o seu domínio, converteu-se ao Budismo, renunciou
à guerra e tornou-se grande propagador da nova religião. Suas mensagens de amor e paz
se expandiram por toda a Índia.

Expansão do Budismo - Perseguido na Índia, com o aparecimento do Hinduísmo, o


Budismo propagou-se pelo Tibete, Birmânia, China, Sudeste Asiático e Japão.

ECONOMIA
Agricultura: Era base da economia da Índia.Cultivavam-se arroz, trigo, cevada, algodão,etc.
A criação do gado - Era importante ocupação dos hindus. Seus rebanhos formavam uma
de suas principais fontes de riqueza. Criavam vacas, carneiros e porcos.
A indústria - Fabricavam tecidos, porcelanas, objetos de marfim, vasos, estatuetas.
O comércio dos Hindus - Era desenvolvido, comerciavam com os povos do Oriente Médio,
gregos e romanos. Exportavam tecidos, ornamentos, pérolas e perfumes.

 ARTES

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A arquitetura:Era bem desenvolvida. Caracterizava-se pela grandiosidade de seus templos,
pagodes, palácios que eram magníficos e decorados com profusão de formas e ornamentos
fantásticos.
A escultura e a pintura - Inspiravam-se na religião, nas tradições e na vida real.
A escultura criava, às vezes, formas monstruosas ou simbólicas.
CIÊNCIAS
Os hindus dedicavam-se à Lingüística, à filosofia, à Matemática e à Astronomia.
A matemática - Os universalmente conhecidos ''algarismos arábios'' são de origem hindu.
Os hindus conheciam a extração da raiz quadrada e cúbica.
Tinham noções das leis fundamentais da trigonometria.
Os conhecimentos matemáticos dos hindus foram divulgados na Europa pelos árabes.

AS LETRAS
A literatura da Índia Antiga é rica e variada. No século I da nossa era, foram redigidos em
''sânscrito'' o Mahabharata e o Ramayana, poemas épicos que relatam os feitos dos heróis e
compreendem numerosas lendas antigas. O ''código de manu', que encerra a doutrina do
Bramanismo e as normas fundamentais da organização social da Índia, segundo a tradição,
foi ditado por Brama.

HINDUÍSMO
Conhecida como uma das religiões mais antigas do mundo, o Hinduísmo foi criado na Índia
em 1.500 a.C. e consiste em um conjunto de práticas religiosas vindos do que eles
denominam de “princípios eternos” (vaidika dharma, em sânscrito, língua indiana) originários
da doutrina dos Vedas, que consiste na sabedoria divina.
Divididos em 4 livros: Rig-Veda, Sama-Veda, Iajur-Veda e Atarva-Veda.
Os Vedas contêm textos sagrados compostos de hinos e ritos e revelações feitas pelos
deuses hindus. O + antigo e o considerado + importante é o Rig-Veda - os demais surgiram
+ tarde, baseados nele.
Os ensinamentos reunidos nos Vedas, literatura sagrada p/ os hindus, são do período
anterior ao século X a.C. Além desses, também existem:
- Os Puranas (narrativas sobre a tríade divina Brahman, Shiva e Vishnu, as festas e
condutas do hindu),
-O Mahabharata (O Grande Combate dos Bharata), poema que trata da luta do bem e do
mal, dos cultos a Shiva e Vishnu e das lutas entre as tribos hindus;
-Os Upanishads (aulas dos mestres),
-O Ramayana (poema sobre o amor de Rama por Sita) e
-O Código de Manu (normas, regras e práticas sociais hindus).
Também chamada de Saratana Dharma (religião eterna), o hinduísmo estabeleceu as
bases p/ muitas outras correntes religiosas e filosóficas e passou por várias etapas, desde o
hinduísmo védico, bramânico e filosófico, até certos movimentos sectários e reformadores,
entre os quais se incluem o Budismo e o Jainismo, surgidos no século VI a.C.
Em sua forma atual, o Hinduísmo pode ser visto s/ um corpo de doutrinas, cultos ou
instituições comuns. Ele abrange uma infinidade de seitas e de variações monoteístas ou
politeístas (crença em vários deuses).
 Números: Na Índia, cerca de 750 milhões de pessoas seguem o Hinduísmo.
Só podem se tornar hindus os que têm a família hinduísta.

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Eles formam a 3ª religião mais popular do mundo, c/ aproximadamente 900 milhões de
seguidores e a 4ª + popular na Inglaterra, c/ 400 mil seguidores. C/ adeptos no mundo
inteiro, a religião é representada por alguns templos no Brasil, como o Ramakrishna
Vedanta Ashrama, localizado em São Paulo.
O Hinduísmo é disseminado na Índia, no Paquistão, em Sri Lanka e Myanmar, e há adeptos
ainda na África do Sul, Bali, Trinidad e ilhas Fidji, sendo a maior religião pagã que
atualmente existe (considerando como “pagãs” as religiões politeístas cujas origens se
situam fora das tradições judaica/cristã/islâmica).
Fundamentos: O Hinduísmo tem uma longa e complexa história e é caracterizado por
uma estrutura dinâmica, tendo habilidades em absorver novas influências e idéias.
Em sua filosofia, não existe um fundador da religião, profetas, código de fé e fonte de
autoridade. Os seguidores não fazem separação entre religião e outros aspectos da vida.
Para os hinduístas, deus está em todas as coisas. As muitas diferenças e divisões
doutrinárias produziram enorme diversidade de cultos e de sistemas no hinduísmo. O
paraíso hindu abriga 330 milhões de deuses, expressões de um deus denominado Brahman
- considerado por eles como a essência universal e a divindade suprema, o único que
encerra em si mesmo o universo todo. Se for determinada a importância de um deus pelo nº
de templos a ele dedicado, Brahman possui poucos e um grupo de deuses femininos
aparece muito mais. Para os hinduístas, todos os deuses são partes de Brahman.
Três dos deuses se destacam e compõem uma tríade divina: a Trimurti:
-Brahman – o princípio criador;
-Shiva – o princípio destruidor e libertador;
-Vishnu, o princípio protetor e preservador.
SHIVA é uma das mais cultuadas divindades da religião hinduísta.
Com características conflitantes, é chamado de destruidor, mas ao mesmo tempo para eles
é o que reconstrói. Muito popular, especialmente no ocidente da Índia, Ganesha, com vários
braços e cabeça de elefante, é uma das divindades mais amadas pelos hindus. Símbolo de
riqueza e sorte nas questões cotidianas, é conhecido como o deus dos “bons começos”.

 O AUM é uma sílaba constituída por 3 letras: A, U e M, e pronuncia-se OM. 


Um erro comum aos que não conhecem yoga é pronunciar as 3 letras, AUM.
AUM é o símbolo universal do Yoga e do Hinduísmo.  
Traçado, é um Yantra (símbolo) Pronunciado é um Mantra. 
Representa o verbo divino em forma audível.
Representa o Fogo solar, a Unidade, a Imensidão, o Cosmos, pois contem a essência de
todos os sons que podem ser pronunciados, assim como o Passado, o Presente e o Futuro.
É a semente de todos os Mantras e de toda a Consciência. Nesta sílaba:
- 'A' representa o Criador, a Criação, o Fogo, a Ação, Brahma;
- 'U' representa o Conservador, o Sol, a Consciência, Vishnu;
- 'M' representa o Destruidor, o Vento, a Vontade, Shiva.
Ela reúne os 3 grandes poderes-divindades do panteão brahmânico. Existem:
- Saguna Mantra: são os que têm tradução e aludem a uma pessoa, cuja forma pode ser
visualizada, e os
- Nirguna Mantra: podem ter tradução ou não, e são abstratos no seu sentido.
Ex.: "AUM Namah Shivaya" é um Saguna Mantra, pois refere-se a Shiva, o criador do Yoga.
Já o AUM sozinho é um Nirguna Mantra, pois se refere a ninguém, senão ao Absoluto.

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OM não tem tradução alguma, mas devido à grande gama de efeitos sobre o corpo e
a mente de quem o vocaliza ou mentaliza, é considerado o "Corpo de Deus".
É o  mais poderoso de todos os mantras.
Todos os outros são considerados "aspectos do AUM" e "AUM" é a matriz de todos
os demais mantras.
Todas as letras do alfabeto são emanações do som primordial representado pelo
supremo mantra OM. O OM é a origem e o fim de todo verbo.
Todo o Universo procede de OM, conserva-se em OM e nele se dissolve.
OM é a Criação, a Conservação e a Renovação da Trimurti (trindade) hindu. Logo, de
todos os mantras utilizados para a meditação, o OM é o que produz melhores resultados.
OM é o bija mantra do ájña chakra, isto é, o som-semente que desenvolve o centro
de força da 3ª visão, responsável pela intuição, meditação e pelos fenômenos da telepatia e
da clarividência.
Sendo o mantra + completo e equilibrado, sua vocalização não oferece nenhum
perigo nem contra-indicação.
É um mantra altamente positivo que impede sentimentos malévolos e transmuta os
pensamentos negativos em seus complementares elevados.
Atua profundamente no sistema nervoso e no glandular.
É estimulante e ao mesmo tempo tranqüilizante, pois, consiste numa vibração sáttvica
(que contém em si, tamas e rajas sublimados).
Quando se escreve o AUM em caracteres sânscritos (devanagari) ele se torna um
símbolo gráfico e é denominado Yantra. A especialidade que estuda a ciência de traçar e
utilizar os símbolos denomina-se: Yantra Yoga.
O AUM pode ser traçado de diversas formas. Cada maneira de traçar encerra
determinada classe de efeitos e de características ou tendências filosóficas.
Cada escola adota um traçado típico do OM que tenha a ver c/ os seus objetivos e
passa a constituir símbolo seu, não se devendo usar outro tipo de traçado p/ que não haja
choque de egrégoras." O termo em Sanscrito ou Mantra AUM, alude a linguagem como
emanação ou expressão do Manas, a Mente.
Um Mantra é um instrumento da Mente, do Pensamento.
Na filosofia Hindú, um texto Sagrado, uma oração, um verso, uma palavra ou um
simples Som pode ser um Mantra. Conta a Tradição Hindú que o AUM foi revelado a os Sri
(Sábios videntes) que receberam os Vedas em tempos imemoriais, quando estavam em
estado arrebatado de meditação, em contato com o "Alto". Antes do Universo manifesto
(mana-rupa:o mundo dos nomes e das formas), se encontra o Eterno Logos, Verbo
fundamental de Deus, que contem em sí, em potência, todas as idéias, todos os nomes e
todas as formas. O AUM é considerado o Som + próximo desta Palavra Divina e origem de
todas as demais. Todo o Universo vibra em AUM. Seus diversos eventos constituintes são
modulações do AUM básico: energia vibrando em várias frequências.
OM é Nada-Brahman, "o Som do Absoluto". Por isto sua repetição se torna um
veículo para focar a "nossa" consciência com A Consciência Absoluta.
Quando cada uma de nossas almas foi criada, recebemos nosso mantra individual –
uma palavra ou série de sílabas específica – que nossos espíritos ressoarão por toda a
eternidade.
Se pensarmos em nossos espíritos como instrumentos musicais únicos, construídos
com grande destreza, nossos mantras serão os diapasões que os mantêm em perfeita
afinação e harmonia com o Deus que os concebeu.

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Cada mantra começa com OM, que é uma palavra de afirmação e aquiescência,
seguido de um tom em geral composto de duas sílabas.
Nenhum de nós reconhece de imediato o som de seu mantra.
Infelizmente, parece que sua ressonância divina fica abafada pelo barulho de nossas
mentes conscientes aqui na Terra.
(A Vida no Outro Lado - de Sylvia Browne)

MAHASHIVARATRI
Mahashivarátri, a grande noite de Shiva
O Grande Festival de SHIVA
SHIVA é um dos deuses da Trimurti (Trindade) hindu, e simboliza o
poder da destruição e da transformação.
Os outros 2 são Brahmá, o Criador, e Vishnu, a força que mantém
a Criação. Esses 3 são a manifestação de um único poder, sendo,
portanto, inseparáveis.
Shiva é casado com Parvati, que representa Prakriti, a matéria.
Isso mostra que o poder de destruição só pode se manifestar
quando associado a algo perecível.
Como destruidor da ignorância (avidya), Shiva é representado
meditando nas neves do Monte Kailasa, do Himalaia.
Sua postura simboliza a serenidade, a disciplina (sádhana) e o comando do corpo,
dos órgãos de percepção (os sentidos) e da mente.
A brancura da neve representa a mente sátvica, purificada – nem deprimida
(tamásica), nem agitada (rajásica) – o que é necessário para se poder meditar.
Shiva representa não só o + alto estado de perfeição humana (a plenitude da
Sabedoria), como, também, os meios p/ alcançá-lo.
Seus olhos estão entreabertos, mostrando que sua mente está absorta no Ser e seu
corpo se relaciona com o mundo (completamente fechados indicariam total desligamento, e
bem abertos, completo envolvimento c/ o mundo). O estado meditativo também é simbólico.
A meditação (dhyána) é a última porta p/ a Auto-realização. P/ obtê-la, é preciso meditar.
E p/ poder meditar, é necessária uma mente pura. Shiva nos mostra que p/ purificar a mente
é preciso ser um yogi, isto é, agir com total entrega dos frutos das ações ao Criador (Karma
Yoga), neutralizando, assim, apegos (raga) e aversões (dvesha). P/ ajudar nessa luta
contra os apegos (ragas) e desejos, Shiva carrega seu:
 Trishula, ou Tridente, simbolizando não só:
- A destruição do ego e seus 3 aspectos de desejos:
-físicos, emocionais e mentais/intelectuais), mas, também,
- A transcendência dos 3 mundos:
-Bhur (inferior), o físico;
-Bhuvah (intermediário), o astral; e
-Swaha (superior), o causal),
- dos três Gunas:
-Sattva, Rajas e Tamas e
- dos 3 períodos de tempo:
-passado presente e futuro.
O Kamandalu, ou pote d’água representa a renúncia (vairagya), o ascetismo, o viver com
o mínimo necessário.

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As Rudraksas – sementes usadas para fazer japamalas – simbolizam Japa, a disciplina
da repetição, e
 O Damaru – pequeno tambor –, o som e o fenômeno da Criação, do qual fazem parte a
manutenção e a destruição.
A Lua que lhe enfeita a cabeça representa não só as tendências e as transformações,
mas, também, a mente ou o ego, todos usados como adornos, isto é, já não atrapalhando.
O cabelo comprido mostra o seu Poder e todos os tipos de energia concentrados na
busca do Conhecimento. O fato de estar emaranhado representa a austeridade (tapas).
As cinzas simbolizam a queima da ignorância (avidya) e da ilusão (máyá), com seus
apegos e desejos.
Shiva “possui” um 3º olho, na vertical, cujo poder de visão vai além dos olhos
mortais (“vê por outro ângulo”). A visão do ser humano se limita às suas percepções,
emoções e pensamentos, mas, ao transcender as limitações do corpo, mente e intelecto,
reconhece o seu Ser, indicado pela “abertura” do terceiro olho.
O sábio (rishi) é aquele que conquistou o seu ego, representado pela serpente que,
agora, é apenas um “adorno” e, também, pela pele de tigre, que morreu de morte “natural”
(no reconhecimento da sabedoria, a ignorância “naturalmente” morre), e na qual ele “senta”,
pois o sábio não senta sobre o chão, mas, sim, sobre o corpo.
Todos os meses, a noite anterior ao dia da Lua Nova é chamada Shivarátri, a noite de
Shiva.
Uma vez ao ano, no mês chamado Magha (fevereiro/março), há um dia e uma noite
inteira dedicada a Shiva, chamados Mahashivarátri.
Esse dia é de orações, rituais e ascetismo, sendo também utilizado para a iniciação
de Sannyasis, ou renunciantes, e para reafirmar propósitos de busca espiritual.
No dia de Mahashivarátri são observados o silêncio e o jejum, além de outras práticas
religiosas. Durante o dia são realizados rituais e à noite há um Árathi – ritual simples com
fogo, cânticos e distribuição de Prasada, alimento oferecido (consagrado) e depois
distribuído entre os participantes.
Nos templos, o Mantra OM Namah Shivaya (“OM, Saudações a Shiva”) é repetido
numa corrente contínua até a meia-noite.
 NATARAJA é Shiva em pose de dança. Na noite de Mahashivarátri, ele larga o Trishula
(Tridente) e dança tocando o Damaru (o pequeno tambor).
-A noite simboliza a ignorância do Ser, e a dança, o êxtase da Auto-realização, a aurora do
Conhecimento.
-A Lua Cheia representa o preenchimento, a realização, o final do caminho, e
-A Lua Nova, um novo começo. Os últimos minutos da Lua Cheia representam esse
preenchimento, e a Lua Nova, o “começo” dessa vida de plenitude.
O Trishula é para destruir todos os obstáculos que nos “separam” do Ser e largá-lo
mostra a nossa vitória. O Mahashivaratri celebra a vitória da Sabedoria sobre a ignorância
do Ser e sobre o ego, e ajuda-nos a lembrar de Shiva e de tudo o que ele representa: a
disciplina, a renúncia, a meditação, o esforço e a seriedade na busca espiritual. Englobando
tudo isso, a destruição completa da ignorância (avidya), a dissolução do indivíduo no Total e
a realização do SER.

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Quem são os semideuses? Por Raja-vidya Dasa
As escrituras Védicas representam uma concepção consistentemente pessoal do mundo.
Em outras palavras, elas assumem que todos os eventos dentro do cosmos, todos os
fenômenos naturais, todas as obras dos elementos e dos planetas bem como todas as
atividades dos seres humanos estão sendo causadas ou supervisionadas por seres super-
humanos inteligentes específicos.
Em sânscrito, esses seres são chamados "devas", e a tradução + apropriada p/ o português
desse termo seria "semideuses".
O dever dos semideuses é encarregar-se de uma porção da administração do
universo e assegurar que tudo dentro da manifestação cósmica funcione perfeitamente.
Elas são os responsáveis por manter a lei e a ordem dentro do universo.
Outro de seus deveres é organizar as reações kármicas individuais e coletivas dos
humanos, i.e. sua felicidade e sofrimento de acordo com suas próprias ações anteriores. (A
ciência astrológica estuda essas reações como elas são representadas pelas constelações
planetárias no momento do nascimento.) A esse respeito, a visão de mundo Védica
corresponde à das culturas avançadas dos antigos Egípcios, Gregos, ou Romanos, bem
como às das religiões naturais dos Índios de pele vermelha, os Africanos ou os Aborígines
Australianos. A maioria das tradições pré-Cristãs aceita o conceito de assistentes
administrativos do Senhor gerenciando os assuntos do Universo.
Alguns exemplos de diferentes semideuses famosos são os seguintes.
-O Senhor Brahma é o criador do universo e o primeiro ser criado;
-O Senhor Shiva é o destruidor do universo;
-Rei Indra é o rei dos planetas celestiais e o controlador do clima;
-Vayu é o semideus encarregado do ar e dos ventos;
-Candra é o controlador da lua e da vegetação;
-Agni é o deus do fogo;
-Varuna é o senhor dos oceanos e mares;
-Yamaraja é o deus da morte; e por aí vai.
Há milhares de semideuses que estão controlando todas as diferentes atividades dos
corpos das entidades vivas e o funcionamento dos elementos.

Há Apenas Um Deus: Mas ainda, e aqui está a diferença crucial, ninguém pode sustentar
que as escrituras Védicas contêm uma concepção politeísta ou panteísta no sentido usual
desses termos. No fim das contas, as escrituras Védicas representam uma concepção de
Deus puramente monoteísta. Elas claramente estabelecem que acima de todas as
diferentes variedades de semideuses, há apenas um Deus supremo que é o criador e
mantenedor não apenas dos humanos, mas também dos semideuses e do cosmos inteiro.
Este único, supremo Deus é is certamente descrito e adorado não apenas pela
religião Védica ou Hindu, mas por todos os sistemas religiosos autenticamente monoteístas
do mundo. Em Sânscrito, Ele tem ilimitados nomes que descrevem Suas incontáveis
qualidades e passatempos. Os nomes Sânscritos + populares de Deus são: Krishna, Rama,
Hari, Narayana ou Vishnu. Todos eles referem-se à mesma Suprema Personalidade.
É importante entender que Deus não é Hindu ou Cristão, ou Moslem ou Judeu.
Deus não é limitado e não está preso a nenhuma tradição religiosa.
Deus é Deus, e os variados sistemas de crença são diferentes formas de entrar em
contato com esse um Deus. Elas podem diferir em sua abordagem e em sua compreensão

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da realidade; elas podem também diferir em seus métodos práticos, rituais, regras e
regulações, mas na verdade elas pretendem conectar o homem com Deus, e esse Deus é
um para todas os sistemas religiosos genuínos. Em Sânscrito, esse um Deus é chamado
Krishna ou Vishnu. É um fato que em diferentes tradições religiosas, Deus é chamado por
diferentes nomes (como Yahweh, Allah, Jehovah, Adonai, etc.), e Ele é compreendido e
adorado em muitos aspectos diferentes. Mas isso não significa que Ele é inconsistente ou
que os vários sistemas de crença contradizem ou excluem uns aos outros. Na verdade,
esses fatos não são nada exceto evidência da diversidade e grandiosidade ilimitada de
Deus.
A TRIMURTI: Brahma, Vishnu e Shiva: Quando falamos sobre a religião Védica e seu
conceito de Deus, nós às vezes ouvimos a expressão "trimurti".
Literalmente, o termo "trimurti" significa "possuindo 3 formas", e refere-se às 3 principais
personalidades dentro da manifestação cósmica: Brahma, Vishnu e Shiva.
Brahma é responsável pela criação do mundo, Vishnu por sua manutenção, e Shiva por
sua destruição no final de cada ciclo cósmico. É importante, no entanto, notar que dentre
esses 3, Brahma e Shiva são considerados os principais semideuses, ao passo que Vishnu
é considerado como o próprio Deus. As partes esotéricas das escrituras Védicas claramente
explicam que a Suprema Personalidade de Deus, que reside em Sua própria morada no
mundo espiritual, muito além desta criação material, é chamado Krishna. A forma de Krishna
tem 2 braços, e para o propósito de criar o mundo material, Ele Se expande na forma de
Vishnu, com 4 braços. Esta forma de Deus como Vishnu é responsável pela manutenção da
ordem cósmica, e é sob Sua supervisão que as outras duas principais deidades, Brahma e
Shiva, realizam suas respectivas obrigações. O Senhor é descrito como tendo 4 cabeças, e
ele é a 1ª entidade viva criada dentro de cada ciclo universal. Ele é diretamente nascido do
Senhor Vishnu. Sua responsabilidade é criar os vários planetas do universo inteiro, bem
como todas as formas de vida específicas nesses planetas. P/ esse propósito, ele antes de
tudo cria os principais semideuses que, por sua vez, criam + uma prole p/ popular o
universo. Brahma é assim considerado o pai e criador de todas as criaturas vivas e o chefe
de todos os semideuses.O Senhor Shiva é,além do Senhor Vishnu,provavelmente a deidade
+ popular no Hinduísmo. Ele aparece como um filho direto do Senhor Brahma, e ele tem
uma variedade de funções e obrigações, e então também uma variedade de nomes.Por ex.,
ele é chamado: - Nataraja, "o senhor da dança" (porque, no momento da devastação
universal, ele executa sua dança cósmica para destruir os planetas);
- Rudra, "o furioso", ou - Bhutanatha, "o senhor dos fantasmas e espíritos".
Na Índia, ele é freqüentemente adorado em sua forma como Shiva-linga, o símbolo
combinado do agente gerador de Shiva, o pai da natureza material, e sua esposa, Parvati, a
mãe. Como com todas as deidades, Brahma, Vishnu e Shiva têm cada um sua própria
consorte feminina, em Sânscrito chamada "shakti", ou "energia". Eles também têm seu
próprio veículo pessoal ou animal de tração (chamado "vahana") assim como algumas
características ou símbolos específicos.

DEIDADE CONSORTE: shakti Veículo:vahana


Vishnu: mantenedor do universo Lakshmi:deusa da fortuna) Garuda – águia

Brahma: criador do universo Saraswati: deusa da sabedoria, do Hamsa – cisne


aprendizado e da música)

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Shiva: destruidor do universo Parvati, também chamada Durga ou Nandi - touro
Kali(personificação do mundo
material)

Na Índia atual, além de Vishnu e Shiva, são adoradas como as principais deidades
principalmente Lakshmi e Durga, bem como o filho de Shiva e Parvati chamado Ganesha
(um auspicioso semideus com a cabeça de um elefante).
Demais Semideuses: Como mencionado previamente, as escrituras Védicas descrevem
não apenas as 3 deidades da "trimurti" e suas respectivas consortes e veículos pessoais,
mas também um grande número de várias outras personalidades que são responsáveis pela
administração universal.São chamados semideuses, e vivem em sistemas planetários acima
da Terra (os chamados "planetas celestiais"). Todos se consideram servos de Vishnu que,
em Seu nome, executam tarefas gerenciais pelo bem-estar dos seres vivos do universo.
Nas escrituras Védicas, nós encontramos a informação de que há 33 semideuses principais
e milhões de semideuses e sub-semideuses subordinados, ambos masculinos e femininos.
Nós podemos analisar esse panteão Védico nas seguintes categorias:
- Senhores dos elementos:
-Varuna, o senhor dos mares de das águas;
-Agni, o deus do fogo;
-Vayu, o senhor dos ventos e do ar.
- Senhores dos planetas:
-Bhumi, a deusa da Terra;
-Surya, o deus sol;
-Candra, o deus da lua;
-Brihaspati, o senhor de Jupiter, que também é o mestre espiritual dos semideuses;
-Shukra, o senhor de Vênus.
- Sábios entre os semideuses:
-Narada,
-os Kumaras,
-os Maruts,
-os Sapta-rishis;
-Vyasadeva, o compilador dos Vedas.
- Semideuses com funções específicas nos planetas celestiais:
-Indra, rei dos semideuses, que também é responsável pelas nuvens e pelo clima na Terra;
-Kuvera, o tesoureiro dos semideuses;
-os Ashvini-kumaras, os deuses dos tratamentos médicos;
-Vishvakarma, o arquiteto dos semideuses)
-Semideuses c/ funções específicas no relacionamento c/ os seres humanos:
Yamaraja, o deus da morte e da justiça; Skanda ou Karttikeya, o deus da guerra; Kama, o
deus da luxúria
- Semideuses subordinados (como anjos, centauros etc.)
- Deuses e deusas de montanhas e rios e outros fenômenos naturais
A maioria desses semideuses tem sua respectiva consorte a seu lado e seu próprio
veículo pessoal. Nós não podemos nomear a todos, já que isso iria muito além do escopo
deste ensaio. Uma palavra final no relacionamento entre semideuses e os seres humanos:

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Os semideuses são nutridos pelas oferendas derramadas no fogo de sacrifício pelos
humanos e, então, quando eles estão satisfeitos, eles irão retribuir concedendo todas as
coisas desejadas ou necessitadas p/ a sociedade humana. Dessa maneira, os humanos são
completamente dependentes dos semideuses c/ relação a sua saúde, bem-estar,
prosperidade e paz. Claro, todas essas bênçãos também podem ser obtidas diretamente por
aproximar-se do "Deus dos deuses", a Suprema Personalidade de Deus. Se alguém se
empenha na adoração de Deus, os semideuses, que são eles mesmos totalmente
dependentes de Deus, ficam automaticamente satisfeitos e bem-dispostos com relação à
humanidade. No Bhagavad-gita, Krishna explica que aqueles que adoram os semideuses
recebem frutos que são temporários e limitados. As pessoas na verdade deveriam buscar
adorar a Suprema fonte de todos os semideuses, Krishna, mas por serem influenciados por
desejos luxuriosos por ganhos materiais, eles adoram os semideuses sem verdadeiro
conhecimento. Portanto, os humanos são geralmente aconselhados por todas as tradições
religiosas a respeitar essas personalidades poderosas, os semideuses, e a satisfaze-los
engajando-se no serviço à Suprema Personalidade de Deus, Vishnu ou Krishna.
Se alguém satisfaz Krishna, a raiz de toda a criação, então todos os semideuses são
também automaticamente satisfeitos e fornecem generosamente todas as coisas
necessárias à humanidade.
Quando a raiz de uma árvore está satisfeita por água, então as folhas e galhos
também estão satisfeitos ao receber água da raiz.
Similarmente, quando Krishna está satisfeito então Suas partes, os semideuses,
também estão satisfeitas. Assim, não há necessidade de adorar os semideuses.
Se alguém adorar apenas Krishna, sua vida será perfeita.

DIVINDADES
O conceito da religião é posterior ao Hinduísmo.
A religião existe desde 3.000 anos atrás, o Yôga existe a 1200 anos antes da escrita.
No Hinduísmo não existe hierarquia, nem templos.
O Hinduísmo é popular e se propõe a ser uma cartilha de disciplinas éticas e individuais,
que combina e se ajusta a qualquer religião. No Ocidente, a proposta de iluminação é
Linear.
1º-Espírito 2º-Alma 3º-Corpo. No Oriente, está linha não é Linear.
1º-Espírito A Alma é uma estrutura intermediária que permite uma relação direta com o
Alma Espírito e o corpo
2º-Corpo
Os 5 Elementos possuem relação com os princípios Fundamentais do Universo, são eles:
Fogo............ Ar
Akâçam ( Akâçam - sem tradução)
Água............ Terra
Os Elementos que fundamentam todo o Sistema do Universo, mais o 5º Elemento, que se
interliga a todos, Akaçam, que não tem tradução. Dentro deste preceito, temos o divino
como manifestação real e alcançável em muitos aspectos da vida, sendo simbolizados como
Divindades.Há uma Trindade ou TRIMURTI, formada por Bhama(Bhma) Shiva e Vishnu.
A raiz verbal de Brahma é brih,”expandir”, que encerra o conceito védico do divino.
O poder de crescimento espontâneo ou da irrupção em atividade criadora.
BHAMA significa Expandir. Não é portanto uma divindade e nem é cultuado.

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Significa a origem, a criação do Universo.Os textos sagrados expõem a natureza de
Brahma, o Criador, cuja expressão em cada homem denomina-se átma, alma.
SHIVA. Divindade da Dança e do Conhecimento. Senhor da Destruição e da Morte.
Shiva é o controlador do universo. Ele o destrói para depois recriá-lo. Sua imagem tem seu
pé direito pisotiando o demônio da ignorância, e o pé esquerdo levantado, indica a
libertação. Circundada por labaredas de fogo e uma em uma de suas mãos, que
representam a destruição de algo que deve ser transformado e renascer. Seu objetivo é
livrar as almas das amarras e atingir a natureza Plena.Seu seguidores, os shaivitas, marcam
suas testas c/ 3 linhas horizontais, que representam os 3 aspectos de Shiva. Muito dos seus
devotos tornam-se sadhus errantes pela Índia, andando desnudos são considerados os
sábios loucos (destroem e negam tudo o que existe, mas não conseguem recriar).
Shiva em passo de dança, o Tandava, que simboliza tanto a sua Glória como o eterno
movimento do universo, que aniquila o mundo ao final de uma Era. É o Senhor da Dança
Original, e conforme dança, reconcilia forças opostas, das trevas e do fogo.Ele é a divindade
onde todos os opostos se encontram e se resolvem em uma unidade fundamental.
CONSORTES DE SHIVA: Durga, Kali e Parvati.
Durga e Kali são violentas e furiosas.
Parvati é a mais mansa e bondosa. Filha da montanha sagrada, o Himalaia, é conhecida
como a divindade que através de sua delicadeza, mostrou uma determinação incomum ao
seduzir Shiva. Parvati, Shiva e o filho, Ganesha. Mãe-deusa, benigna e generosa, Parvati é
uma das deusas mães, manifestação de Shakti, energia feminina,assim como Lakismi, Kali
e Durga, que são deusas poderosas e destrutivas no Hinduísmo. É a divindade conhecida
como o “PRESERVADOR”. Ele preserva o Universo, é o grande mantenedor das formas.
Seus seguidores, os vaishnvitas, é um dos maiores grupos hindus,sã devotos de Vishnu
como Ishvara, o Ser Supremo,cultuado nas formas de suas manifestações ou encarnações.
Sua penetrante presença está em entalhes, na arquitetura dos templos.
Desde grande grupo de devotos de Vishnu, está o movimento Hare Krisna.

SÍMBOLOS E DEIDADES http://www.tantrayoga.org.br/tecnicas_pavana.htm


A Mitologia Hindu, através de seus símbolos e deidades, utilizando-se
da Arte (música, dança,  teatro, histórias, artes plásticas etc), leva mensagens
profundas, religiosas e filosóficas  a todos os níveis de compreensão,
tornando-se um verdadeiro instrumento de educação popular.
Inicialmente, os símbolos foram as forças da Natureza:
as deidades Védicas:
- Agni: Fogo, - Surya: Sol, - Indra: Relâmpago, - Vayu: Ar, entre outras.
Depois, c/ o advento dos Puranas-18  textos compostos pelo sábio Vyas - tais símbolos
passaram a ser representados c/ forma humana, aproximando homens e deuses.
Puranas: vem de purá, que significa aquilo que é muito antigo e não se tem idéia de
quando começou. Predominantemente formados c/ material da tradição devocional
(Bhakti), no entanto, os Puranas, em suas histórias, relevam também o valor dos deveres
morais (Dharma),  a exemplo das - regras de castas (Varna),
- estágios da vida (Ashrama), e
- objetivos do homem (Purusharthas).
        Os principais deuses védicos (Agni, Indra, Surya e Vayu) ainda aparecem nos Puranas,
porém, em situação secundária. Surgem destacadamente nos Puranas:  a Trindade:

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- Brahma (Criador), - Vishnu (Preservador) e
- Shiva (Transformador profundo) com  suas respectivas consortes ou shaktis:
- Sarasvati (Conhecimento), - Lakshmi (Prosperidade) e - Parvati (Matéria).
A extraordinária visão da passagem das eras (yugas). Os avataras (reencarnações divinas).
E uma grande variedade de deuses e deusas, como aspectos do Criador.
        GANESHA, por exemplo é uma das + expressivas formas da Mitologia Hindu, talvez a
mais amada e venerada. Sua história é a nossa história, pois apegados à matéria,
dominados pelos desejos, envolvidos  totalmente  pelo véu da ilusão, precisamos “mudar a
nossa cabeça”, a nossa visão de vida,   para que possamos nos transformar e finalmente 
perceber  a nossa Verdadeira Natureza, Saccidananda - o Absoluto. 
Annabella Magalhães Professora do curso de Formação de Dakshina Tantra, da ABDTY
PÄRIJÄTA A Árvore Celestial
Existem na Índia várias árvores consideradas sagradas, celestiais, como a
Rudraksha (com suas contas faz-se a mala de meditação), a Ashvattha
(Figueira sagrada, chamada a árvore do samsara), a Ashoka (árvore do
coração romântico), a Tulasi (adorada pelos devotos de Vishnu).
Entre elas inclui-se também a árvore Parijata.
A Parijata é belíssima, c/ lindas e docemente perfumadas flores e também
saborosos frutos. É dito que suas flores colocadas nos cabelos de uma
esposa fazem c/ que ela conserve p/ sempre o amor de seu marido; e
aqueles que comem seus frutos adquirem o poder de conhecer seus
nascimentos anteriores.Ela surgiu da Batedura do Oceano Cósmico e foi
logo pega por Indra – o rei dos Deuses, o governador do Céu, que a
plantou no seu jardim celestial.
Há uma interessante história sobre essa árvore contada no Vishnu Purana:
“Certa vez, Krishna acompanhado de sua querida esposa (Satyabhama), foi visitar
Indra. Quando chegou lá, Satyabhama logo ficou encantada c/ aquela árvore tão bela e
conhecendo os seus poderes, desejou-a p/ si mesma. Satyabhama implorou a Krishna p/
levar a árvore p/ a casa deles. A pedido de sua esposa, Krishna colheu a árvore Parijata,
colocando-a em cima do pássaro Garuda, que a transportou. No entanto, ainda que Indra e
suas deidades assistentes procurassem evitar aquele fato, nada conseguiram. Krishna
convenceu Indra do valioso presente desejado por Satyabhama. Regressando ileso p/ sua
casa, Krishna plantou a árvore em seu jardim, agradando assim a sua amada esposa.”
Parijata ficou conhecida como a árvore do jardim celestial de Indra, que foi levada por
Krishna.
Annabella Magalhães Professora do curso de Formação de Dakshina Tantra, da ABDTY

GURUPURNIMA, o Dia do Guru (comemorado, este ano, em 21 de julho)


Purnima é uma palavra sânscrita significa “dia de lua cheia”.
Guru quer dizer “aquele que dissipa a escuridão”.
Gurupurnima, portanto, é o “dia de lua cheia do guru”.
Na Índia, este dia é comemorado no mês Ashadha (julho) e são
homenageados todos os que transmitem a luz do
autoconhecimento a seus discípulos, assim como a lua cheia
reflete plenamente a luz do sol. Shri Swami Dayananda
Sarasvati, o grande mestre de Advaita Vedanta, diz:
         “O conhecimento sempre existe, mas não está disponível p/ nós devido à ignorância.

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Sempre que removemos alguma ignorância, estamos trazendo à luz aquilo que de fato
existe. Todos nascemos ignorantes e o que cada um faz é remover a ignorância todo o
tempo. É assim que toda forma de conhecimento sempre existe e, da mesma forma, o
conhecimento do Todo. Eliminar a ignorância do Todo é o que faz o guru.
O Primeiro Guru é o Senhor, o Criador. Tudo começa com o Senhor.
Nós conhecemos o parampara (linhagem de mestres) unicamente até os rishis (primeiros
sábios) e, a partir daí, simplesmente o conectamos ao Senhor Sadashiva ou Senhor
Dakshinamurti. O conhecimento é primeiramente revelado aos rishis e, a partir deles, flui
para nós. Os Vedas são as palavras dos rishis, logo a visão dos rishis é a visão dos Vedas.”
          Ainda de Swami Dayananda Sarasvati: “O guru não é apenas grande porque ele
ensina. Se ele faz o shishya (discípulo) tão bom quanto ele mesmo, faz seu discípulo
ensinar tão bem quanto ele ensina, aí ele é um guru. É assim que a tradição é mantida.”
Transmissão do conhecimento: Louvemos, portanto, todos os mestres que vêm
transmitindo esta visão dos Vedas, revelada aos primeiros rishis (sábios) pelo próprio
Criador na forma do Senhor Dakshinamurti (o Primeiro Mestre). Organizada pelo grande
mestre Vyasa na forma dos quatro Vedas, chegou ao importante mestre Shankara - que
ensinou e preservou este conhecimento em todo território indiano e, assim, sucessivamente,
a todos os mestres até os nossos mestres aqui e agora. Este conhecimento fluindo para
corações e mentes só aconteceu e continuará acontecendo pela característica de fidelidade
absoluta à tradição de ensinamento iniciada pelos rishis. 
Nossa homenagem a todo o parampara (linhagem de mestres)c/ os versos abaixo, extraídos
de cânticos de louvor ao Guru:
Ajñanatimirandhasya jñananjanashalakaya
Cakshurumilitam yena tasmai Shrigurave namah!
Saudações àquele Mestre virtuoso que, com o colírio do conhecimento, abriu os olhos
daquele que estava cego devido à escuridão da ignorância!

Mannathah Shrijagadnathah madguru Shrijagadguruh


Madatma sarvabhutatma t asmai Shrigurave namah!
Saudações àquele mestre virtuoso, que é o meu Senhor e o Senhor do Universo, o meu
mestre e o mestre de todo o Universo, e que é o Ser (Atma) em mim e o Ser (Atma) em
todas as criaturas!

Sadashiva samarambham Shankaracaryamadhyamam


Asmadcaryaparyantam vandeguruparamparam !
Eu saúdo a linhagem de mestres que começa com Shiva(Dakshinamurti), tem Shankara no
meio e vai até o meu mestre!
Annabella Magalhães Professora do curso de Formação de Dakshina Tantra, da ABDTY

UMA HISTÓRIA DE SHIVA


“O estudo do Simbolismo Hindu guia a mente em direção a
Verdades Eternas, por meio das quais a sabedoria da Índia vem
fluindo por séculos e séculos, através de histórias e fábulas
representadas na dança e no drama, retratadas em pinturas e
esculturas, induzindo o homem a seguir o modelo de vida que o
indica a Eterna Felicidade.”
Livro “Simbolism in Hinduism” - Cinmaya Mission Trust)

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        Na Tradição Védica (Hinduismo), Shiva é visto como um dos pilares da Trindade Hindu:
Brahma - o Criador, Vishnu - o Preservador, e Shiva - deus da transformação profunda, deus
da destruição para uma renovação, responsável pela dissolução da Criação. Naturalmente,
a Trindade só executa suas funções com a parceria de suas devis ou Mães Divinas:
Sarasvati - o Conhecimento para criar, Lakshmi - a Prosperidade para manter, e Parvati ( ou
Durga) - a Matéria para ser transformada.

No Tantra, Shiva é o próprio Criador, o poder manifestador, o soberano de tudo. Unido a sua
Shakti (a força da manifestação das formas), Durga - a Mãe do Universo, Shiva, além de
criar, mantém, sustenta e transforma a Criação. Shiva não existe sem Shakti, nem Shakti
sem Shiva. Contam os Shastras, que certa vez Shiva meditava no Monte Kailasa onde
residia com Parvati. Querendo brincar com Ele, Parvati foi lentamente se aproximando e
colocou suas mãos sobre os olhos de Shiva, como uma venda. Imediatamente, todo o
Universo mergulhou em escuridão e dissolução, amedrontando Parvati. Mas, quase
instantaneamente, surgiu no centro da fronte de Shiva imensa luz, como um sol, formando o
Terceiro Olho de Shiva, e logo a vida voltou à Terra. A matéria (Parvati, a Criação) não
existe sem a sua essência (Shiva=Parabrahman), seu suporte, sua natureza. Muitas vezes,
a matéria, pode obscurecer o verdadeiro sentido e verdade da Criação e, portanto, de nós
mesmos individualmente. Mas, se estivermos atentos (Ajña Cakra, o 3º Olho) e firmemente
estabelecidos na busca do autoconhecimento, certamente e rapidamente retornaremos ao
nosso equilíbrio e ao nosso objetivo.
Annabella Magalhães Professora do curso de Formação de Dakshina Tantra, da ABDTY

A GRANDIOSIDADE DO NOME DE RAMA


RAMA RAMA RAMA RAMA RAMA RAMA RAMA RAMA RAMA
Avatara é uma palavra sânscrita significa “aquele que desce”.
Toda vez que Vishnu – um dos aspectos de Deus – desce
(encarna), manifestando-se na Terra para restabelecer a ordem e
a harmonia (o dharma) da Criação, o ser, manifestação de Vishnu,
é chamado Avatara.
        Houve vários avataras. Rama foi um deles e sua missão foi
exatamente restabelecer o dharma, com seu exemplo como
perfeito filho, irmão, marido, pai, governante e amigo.
Rama
        Há uma história que relata a grandiosidade do nome de
Rama como um ser divino na Terra.
       “Sita, esposa de Rama, tinha sido raptada pelo asura Ravana,
que a levara p/ seu reino na ilha de Lanka, ao sul da Índia. P/ salvá-la, Rama contou com a
ajuda de seu irmão Lakshmana e de um exército de macacos liderados por Hanuman.
       Parado em frente ao vasto oceano que o separava da ilha de Lanka, Rama pensava na
batalha iminente entre ele e Ravana e decidiu construir uma ponte para chegar até lá.
Imediatamente, Hanuman, convocando todos os macacos, iniciou a construção da ponte.
Decidiu-se que seriam colocadas pedras no mar para poder chegar à ilha. E em cada pedra
que era colocada no mar Hanuman escrevia “Rama” e as pedras boiavam! Sim, pouco a
pouco, a ponte ia sendo construída. Ravana, que tudo observava do outro lado do mar,

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vendo aquele prodígio, resolveu demonstrar seu poder para sua esposa e seus
comandados. Escreveu seu nome em uma pedra e colocou-a no mar, e a pedra também
boiou. Todos ficaram surpresos com aquele feito. A esposa de Ravana, Mandodari,
desconfiada, aproximando-se dele, perguntou-lhe o que havia acontecido. Ravana, em
segredo, revelou que antes de colocar a pedra no mar, mentalmente pronunciou o nome de
Rama. Naquele momento, Mandodari reconheceu a grandiosidade do nome de Rama! Por
ter tentado dissuadir, embora em vão, seu marido da luta, assim como de convencê-lo a
libertar Sita, Mandodari é uma das cinco esposas cujo nome deve ser sempre lembrado, por
ter conseguido se salvar de um grande erro.
         (Recentemente, a Nasa mostrou fotos de satélites revelando uma misteriosa antiga ponte
submersa ligando o litoral sul da Índia à ilha de Lanka.)
Annabella Magalhães Professora do curso de Formação de Dakshina Tantra, da ABDTY

KAMADEVA: O Deus do Amor


Kamadeva – palavra composta Sânscrita significa desejo, amor (kama) e deus (deva) – é
conhecido na Mitologia Hindu como o Deus do Amor.
          Segundo um hino do Rg Veda, Kama é adorado pelos deuses e é dito que não existe
ninguém igual a ele. Segundo outro hino, ele é o deus do amor sexual, como o Eros dos
gregos e o Cupido dos latinos.
          Kamadeva é representado, geralmente, como um belo jovem que segura um arco e
uma flecha de flores.Viaja ao redor dos três mundos, como personificação da primavera,
acompanhado de sua esposa Rati (significa prazer) e envolvido por suaves brisas. Em
Bengala, não há imagens representando-o, mas é adorado por ocasião do casamento e os
noivos pedem a ele felicidade no matrimônio e para a descendência.
          Na Mitologia Hindu, Kamadeva é conhecido como vítima da ira de Shiva:
“Shiva, muito triste com a perda de sua esposa Sati, estava insensível ao amor. Os deuses,
preocupados, visando encontrar uma nova companheira para ele, pediram a Kamadeva
para atingir Nhiva com suas flechas, quando Parvati (reencarnação de Sati), devota
fervorosa de Shiva, estivesse perto dele.
          Assim foi feito e Shiva apaixonou-se por Parvati. Mas
Shiva percebeu a trama de Kamadeva, e irritado por ele ter
interrompido sua meditação, lançou, do seu terceiro olho (Ajna
Chakra), uma chama que consumiu Kamadeva. Rati, esposa
de Kamadeva, quase enlouquecendo com a perda do marido,
suplicou a Parvati que intercedesse junto a Shiva para
devolver a vida de seu marido. Parvati animou-a dizendo-lhe:
          - Acalme-se, ele renascerá como filho de Shri Krishna e
seu nome será Pradyumna.
          Há uma outra história que diz que ao lançar a chama de
seu terceiro olho transformando Kamadeva em cinzas, Shiva
transformou o amor físico em amor espiritual.
Kamadeva tem muitos nomes indicativos de sua influência
sobre os seres humanos. Entre outros mencionam-se:
          Madana – “Aquele que intoxica com amor”
          Manmatha – “Aquele que agita a mente”
          Mära – “Aquele que apaixona”

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          Pradyumna – “Aquele que conquista a todos”
          Kushumesu – “Aquele cujas flechas são flores”
Annabella Magalhães Professora do curso de Formação de Dakshina Tantra, da ABDTY

O ESPERTO GANESHA
Certa vez, Shiva e Parvati estavam na montanha Kailasa e
resolveram fazer uma brincadeira com seus filhos Ganesha e
Shanmukha. Chamaram os dois irmãos e pediram a eles que
fizessem bhupradakshina, ou seja, dessem a volta em torno
do mundo. E prometeram que o primeiro que chegasse
receberia uma recompensa, como doces e outras surpresas.
Shanmukha logo se colocou em seu pavão e partiu
imediatamente. Ganesha, silenciosamente, sentou-se.
Parvati, preocupada, perguntou-lhe: “Ganesha! Você, que é o
viajante da manifestação, não fará nada?” Ganesha, por
alguma razão, continuou silencioso.
Depois de algum tempo, vendo, ao longe, Shanmukha
voltando do Bhupradakshina, Ganesha levantou-se, dirigiu-se
a seus pais e fez pradakshina - deu a volta em torno deles,
saudando-os com incenso, mantras e flores. Ao terminar
falou: “eu cheguei primeiro, mesmo sem ter saído daqui”.
Quando Shanmukha chegou espantou-se com o que aconteceu e quis uma explicação.
“Como você é o primeiro se ficou aqui o tempo todo”, perguntou. E Ganesha respondeu:
“Todos os mundos encontram-se dentro dos pais, aqui simbolizados por Parvati (a matéria)
e Shiva (aquele que mantém a matéria), sendo assim o pradakshina deles é o pradakshina
do mundo, é o bhupradakshina”.
Shiva elogiou a esperteza de Ganesha e proclamou-o vencedor, premiando-o com a
recompensa. Parvati alegrou-se com a inteligência de Ganesha, mas abraçou também
Shanmukha carinhosamente, consolando-o.
Annabella Magalhães Professora do curso de Formação de Dakshina Tantra, da ABDTY

SHIVA NATARAJA
  O mestre do Yoga, das ciências espirituais e das artes
        Shiva Nataraja é uma das + poderosas representações
de Shiva. Há várias posturas de dança de Shiva. Nataraja, no
entanto, é o tandava, movimento de dança mais conhecido.
Podemos observar em Nataraja a combinação do asceta (o
yogui) com o dançarino (o artista). Ambos são considerados
idênticos em suas performances, pela completa entrega a
deus. Shiva é o mestre do Yoga e das ciências espirituais,
assim como das artes, especialmente a dança e a música.
        É representado com 4 braços.

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-Na mão direita, ao alto, ele segura o tambor (damaru), que simboliza o princípio do som, da
palavra; do som vem toda a linguagem, a música e o conhecimento.
-O tambor simboliza também o éter ou espaço, que propaga o som e também o primeiro
elemento que surgiu. Na mão esquerda, ao alto, formando a ardhacandra mudra (mudra da
meia lua), ele tem o fogo como elemento de destruição do mundo, da dissolução da criação.
-O tambor e o fogo representam o contínuo ciclo cósmico de criação e dissolução.
-A mão esquerda à frente traz a gajahasta mudra que descreve, na dança indiana, a tromba
do elefante. A tromba tem a simbologia do discernimento: o elefante sabe exatamente
discernir a força que deve usar quando arranca uma árvore ou quando apanha uma palha
no chão. No caminho do autoconhecimento é necessário o discernimento para que
possamos separar o que é real (absoluto, eterno, verdadeiro) e o que é irreal (relativo,
passageiro, mutante). A mão direita à frente forma abhaya mudra, gesto de afastamento do
medo, da proteção e das bênçãos.
-O pé esquerdo levantado transmite ao homem que ele também se levante a si mesmo na
busca de sua Verdade Interior.
-O pé direito, neste momento da Dança Cósmica, está apoiado sobre um homem com corpo
de criança e rosto de adulto – Apasmara Purusha, simbolizando o ego infantil, a imaturidade
emocional, a irresponsabilidade. Nataraja controla-o.
    Algumas representações de Nataraja mostram um círculo de chamas em torno d’Ele,
simbolizando a dança da natureza, tendo Shiva, o Próprio Um, no centro. D’Ele tudo emana
e n’Ele tudo se dissolve.
        Apesar de seu corpo estar em movimento, sua expressão facial é de serenidade. Isto
indica que embora vivendo na agitação do mundo devemos nos manter ligados à nossa
Verdadeira e Eterna Natureza Interior. OM Namah Shivaya!
Annabella Magalhães Professora do curso de Formação de Dakshina Tantra, da ABDTY

HANUMAN, mistura de homem e macaco


Hanuman é o ilustre e cativante personagem do grande épico
Rämäyaëa, composto pelo poeta Välmiki. Ele é uma mistura de
homem e macaco. Filho de um dos elementos – o Vento (Väyu)
– c/ a macaca Añjana, por isto ele também se chama
Añjaneya,.Como filho de Vento, tinha o poder de voar e
simboliza o präëa (energia vital). Teve Surya (o Sol) como
mestre e Shiva ensinou-lhe a arte de se transformar no que
quisesse. No épico Rämäyaëa, destacou-se por sua devoção e
bravura, ajudando Räma a reencontrar sua esposa Sétä.
Entre todas as qualidades de Hanuman, como coragem,
humildade, sabedoria, inteligência e devoção, uma se destaca:
o domínio da palavra. Hanuman era um grande orador. É dito
que há quatro aspectos a serem observados quando se fala:
quando falar, o que falar, como falar, quanto falar. Segundo
Valmiki, Hanuman cumpriu rigorosamente estes aspectos, e sempre que no épico
Ramayana, Hanuman se encontrava num dilema, antes dele falar ou executar alguma coisa,
Valmiki coloca: “ aquele que pensou por um momento....”.
Ainda no Ramayana, referindo-se a Hanuman, Shri Rama diz: “Ninguém pode falar assim, s/
conhecer muito bem os Vedas e seus ramos.Seu modo de falar é maravilhoso, auspicioso e
cativante. Certamente, sucessos aguardam o monarca cujo emissário é tão perfeito!”  Por

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todas essas qualidades Hanuman tem muitos devotos. Invocá-lo significa atrair para si
mesmo as energias que ele simboliza: bravura, sabedoria, humildade e devoção.
Om Çré Ham Hanumate Namaù
Om Çré Ham Hanumate Namaù
Om Çré Ham Hanumate Namaù
Saudações para o Venerável Hanuman!
Annabella Magalhães Professora do curso de Formação de Dakshina Tantra, da ABDTY

KALI, A TERRÍVEL FACE DE DEUS http://www.salves.com.br/yantra/y_kali.htx


No panteão das divindades tântricas, Kali é mencionada como a 1ª
das 10 Grandes Forças Cósmicas porque, de alguma forma, é ela
que começa o movimento da "Roda do Tempo Universal".
A Grande Força Cósmica Kali "devora" no final o próprio
tempo(kala). O texto tântrico Nirvanatantra associa Kali c/ o deus
supremo Brahman, representando tanto a existência absoluta como
a Consciência manidesta.
Este tipo de associação leva os devotos de Kali a uma
adoração em um aspecto metafísico (sem nenhum atributo) e em
um aspecto concreto (com funções e particularidades).
Em conformidade com a tradição tântrica espiritual, a
Manifestação por inteiro surge da Consciência Infinita e da união
beatificada de Shiva com Shakti.
A função criativa é performada pelo aspecto de Shakti conhecida como Brahmani, a
manutenção ou continuidade da criação é realizada por Shakti Vaishnavi.
Tanto o aspecto da criação quanto o da manutenção implicam também na função  da
"destruição" ou "morte" de qualquer forma de Manifestação, função performada por Rudrani
Shakti. Em particular, , Brahmani, Vaishnavi e Rudrani Shakti são aspectos femininos dos
grandes deuses Hundus da trindade da criação: Brahma, Vishnu e Rudra (ou Shiva).
A existência simultânea desses três processos na Manifestação
explica a afirmação tântrica que o ato da criação não foi o único e
nem pertence somente a um certo momento no passado, e também,
nem pertence unicamente a um certo momento no futuro; e sim,
eles surgem em todo período de tempo como flashes sucedendo -se
tão rapidamente que criam a ilusão de comtinuidade e reaidade. O
estado de êxtase divino (samadhi) aparece graças a uma intensa e
perseverante prática espiritual, que implica na dissolução da
consciência corpórea e mental em uma consciência suprema de
Paramashiva (Deus, Pais Sagrado), que transcende a toda
dualidade.
Kali é descrita no Kalitantra como uma deusa de compleição da cor de uma nuvem escura
antes da tempesade. Ela dança sobre o corpo inerte de Shiva, o casal simbolizando os dois
aspectos da realidade: Shiva - o estático, aspecto transcendente que pertence à
Consciência e Kali,  o aspecto imanente da Consciência. Nesta representação iconográfica
Shiva é branco porque ele simboliza a Luz Divina sem suporte (prakasha). Ele está inerte
como um corpo mortp (shava) porque na ausência de movimento e ação, a Consciência é
pura, homogênea e compacta. Por outro lado, a dança da Grande e poderosa Kali Cósmica
significa, por excelência, o aspecto dinâmico, ativo da Consciência Divina na Manifestação e

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a cor escura de sua pele indica que no processo da Criação, é Kali que "dissolve" tudo, e
assim estáassociada com a escuridão e o vazio.
Em outra perspectiva Kalie é a criadora de mundos a partir das
cinzas do fogo purificador da Consciência Divina, uma consciência
que queimou todas as impurezas, resíduos e imperfeições de formas
de manifestação. Portanto a ação de kali está orientada para a
evolução espiritual, algumas vezes induzindo impulsos dramáticos
em direção da perfeição espiritual dos seres humanos. Em toda e
cada situação Kali aplica um dicernimento espiritual divino. Aqueles
que passam por todos os seus testes são herois espirituais (vira) e
possuem a graça e benção da Grande Deusas em seu favor.
No início, antes do primeiro impulso criativo se manifestar por meio
do desejo Divino, a energia Divina (Shakti) está em um estado de
potencialidade, perfeitamente unida à Shiva em seu aspecto
transcendente. Este estado é designado pelos textos que flam da
espiritualidade como sat-chit-ananda (Existência Pura, Consciência
Pura, Benção Suprema).
É a Suprema Shakti que assume a responsabilidade da Criaçào. Aqui a sua soberania é
normalmente mencionada quando a nomeamos Adi-maha-vidya, a primeira dos Grandes
Poderes Cósmicos, mas, por favor, não criae uma noção de hierarquia entre os Poderes
Cósmicos. Kali é representada algumas vezes sentada em um trono dourado sustentado por
cinco corpos ( como o corpo de shiva) , sodeada por árvores feitas de pedras preciosas. Aos
seus pés há uma praia de areia dourada banhada pelo Oceano
da Imortalidade.
Kali é chamada também de Adya-shakti, em sua qualidade de
poder primordial criativo. Pelo fato dela estar relacionada com o
processo de Criação, ela também é nomeada Maha-maya (O
Poder da Ilusão Universal). O fato dela ser representada nua
significa a transcendência de todas as limitações ao se
identificar com o ilimitado Poder da Cosnciência Divina.
A ação de kali na Manifestaçào está relacionada com a
destruição e a purificaçào das funções do tempo (Kala). este
aspecto é simbolizado por uma caveira humana que a Grande
Deusa segura em uma de suas mãos.A própria Kali está além
do tempo, mas ela usa o tempo para dissolver a Criaçào de
volta à Consciência Primordial (Deus). E por isso ela também é
chamada Mahakali. Em outra mão, ela oferecerá aos seus
devotos, bhukti - a experiência da felicidade e satisfação neste
mundo e, mukti - o êxtase divino da Realidade Transcendente.

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Ela destruirá o seu Ego para que você possa renascer. Um dos mais importantes aspectos
de Kali é o da Deusa Durga (abaixo), a conquistadora do demônio Mahishasura. este
demônio representa na tradição Hindu, a incarnação de todas as forças das Trevas. Na
filosofia Vedanta há o conceito da Incarnação Divina
(avatara).  Uma avatara vem à Terra para levar a
humanidade em direção à uma profunda transformação
espiritual. Rama, Krisha, etc. foram considerados avatares
do Senhor do Universo(Ishvara, ou Vishnu, o aspecto
masculino da Divindade, mas para aqueles que adoram
Deus em seu aspecto da Mãe Divina, protetora e poderosa,
a Grande Deusa Durga representa a única avatar feminina
que destroi o mal em todos os seus aspectos demoníacos e
satânicos. Por isso que a Mitologia Hindu nos diz que a
Deusa Invencível saiu vitoriosa em sua batalha com os
demônios e seus grande soberano Mahishashura, salvando
os Deuses do cativeiro e restaurando a ordem na
Manifestação. O profundo significado deste mito é que
existem energias boas e más nos seres
humanos(simbolizadas aqui pelos deuses e
respectivamente os demônios) travando uma batalha feroz
por supremacia. A Deusa Durga, manifestação da Grande
Força Cósmica Kali, confere graça e ajuda divina àqueles que a invocam com intensidade
para que suas forças espirituais possam se desenvolver e suprimir as influências negativas
mentais. Durga, A Lua Divina, destroi e queima em um fogo terrível da consciência pura,
qualquer força maléfica ou resíduo de ignorância.
A Sadhana Kali implica no esforço espiritual de purificaçào de todos os centros de força sutil
(chakras) e na ascensãoda Energia Divina Kundalini que se encontra dormente na base da
coluna espinhal no Chakra Muladhara. A ascensão da Kundalini Shakti representa um dos
mais importantes aspectos da Deusa Kali. Este processo está diretamente ligado com a
prática da continência sexual, com transfiguração, de acordo com os princípios tântricos.

http://www.misticky.com.br/DeusesHindu.html...DEUSES

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