Você está na página 1de 46

EDITORIAL

Caros leitores,
A cada nova edição amadurecemos e
diversificamos os conteúdos apresentados na
BPM GLOBAL TRENDS
revista BPM Global Trends, com o propósito de
disseminar temas relevantes para os profissionais EDITOR CHEFE
envolvidos na transformação de organizações. Leandro Jesus
Nesta edição, incluímos uma reportagem sobre
Gestão da Mudança Organizacional, apresentando DIREÇÃO
o guia HCMBOK®, que vem sendo crescentemente Marcelo Mancio
adotado no Brasil. Além disso, incluímos artigos Loyane Lopes
que falam sobre Business Analytics e sobre Gustavo Resende
práticas de desenvolvimento ágil com base em
SCRUM. Todos esses temas de crescente interesse DESIGN E PROJETO GRÁFICO
e relação direta com a disciplina de BPM. Bruno Rodrigues
Na seção BPM no mundo, apresentamos artigos Jéssica Garcia
que abordam princípios básicos para uma boa
aplicação de BPM e abordagens para medição do
retorno sobre o investimento de BPM. CONSELHO EDITORIAL
Por fim, apresentamos também um modelo que Alexandre Guimarães
pode ser usado como instrumento prático para André Macieira
avaliação de maturidade de BPM e planejamento
José Davi Furlan
de ações futuras visando amadurecimento das
Leandro Jesus
práticas de gestão de uma organização.
Marcelo Raducziner
Aproveitamos para lembrar que já temos datas Nicir Chaves
definidas para nossos eventos anuais. O BPM Orlando Pavani Júnior
Global Trends Gestão Pública 2015 ocorrerá em
Brasília nos dias 01 e 02 de outubro, enquanto São
Paulo sediará a 1ª edição do novo evento Business CONTATO
Transformation Summit Brazil, nos dias 07 e 08 de
outubro de 2015. Em breve passaremos detalhes contato@bpmglobaltrends.com.br
sobre inscrições em nosso portal.
Esperamos que o conteúdo seja proveitoso e que
possamos contar com a participação de vocês nos
eventos.

Leandro Jesus
Vice-Presidente da ABPMP Brasil

2
SUMÁRIO

CONVERSANDO COM ABPMP


Orlando Pavani Júnior...................................................................................................................................04

ARTIGO:
GESTÃO DE MUDANÇAS 3G - O FATOR HUMANO NA LIDERANÇA DE PROJETOS DO TERCEIRO
MILÊNIO
Vicente Gonçalves...........................................................................................................................................06

BPM NAS UNIVERSIDADES:


BPM & BUSINESS ANALYTICS
Juliana Barreto, Marcelo Bronzo e Ricardo Gonçalves.........................................................................10

BPM NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA


PROCESSO ÁGIL GENÉRIO BASEADO EM SCRUMM
Adinilson Martins............................................................................................................................................18

ARTIGO: BPM no Mundo


RETORNO SOBRE O INVESTIMENTO EM BPM
Paul Harmon....................................................................................................................................................25
DEZ PRINCÍPIOS DE BPM
Jan vom Brocke...............................................................................................................................................28

EVENTOS/ACONTECEU
............................................................................................................................................................................36

LIVROS
............................................................................................................................................................................37

CAPA:
MODELO DE AVALIAÇÃO DE MATURIDADE DA GESTÃO POR PROCESSOS
............................................................................................................................................................................39

3
CONVERSANDO
COM ABPMP
Orlando Pavani Junior

Tomei conhecimento da  ABPMP  International, e num local de mais fácil acesso (Av. Paulista – Club
depois da  ABPMP  Capítulo Brasil, em 2009 quando Hom’s) e com gratuidade aos participantes e tendo
foi publicado o BPM CBOK® Versão 2.0 em português empresas patrocinadoras para bancar as despesas
aos seus associados, mais especificamente em do evento. Nesta iniciativa, tivemos um pequeno
setembro/2009. Imediatamente me associei a  acréscimo de plateia, cerca de 130 pessoas. Não
ABPMP Brasil na categoria “Professional” e agendei compreendíamos porque São Paulo,
meu processo de Certificação CBPP para início de reconhecidamente um grande polo de
2010. Assim que consolidei meu processo de engajamento ao BPM, não acompanhava os
certificação fui convidado para atuar como Gestor demais estados que quando realizavam seus BPM
Regional para a Grande São Paulo e também, minha DAY’s traziam muito mais plateia que nós! Embora
empresa (Gauss Consulting Group), foi credenciada
havidos por realizar um evento com o porte que o
para ser um PTC (Provedor de Treinamento
estado de SP merecia, fiquei desanimado
Credenciado) da  ABPMP  Brasil com o objetivo de
(confesso)! Mas algo me dizia que estávamos
expandir a formação de Gestor de Processos de
Negócios por meio do CFGP, curso já consolidado hibernando apenas, pois os feedbacks de todos
pelos fundadores da ABPMP Brasil e que, a partir de eram muito bons quando se referiam aos cases
então, ficaria sob a responsabilidades dos PTC’s. apresentados.
Todo este processo, além de muito me honrar, Foi em 2012 que apostamos tudo realizando parceria
também me sensibilizou para contribuir de forma entre eu, Leandro Jesus e Marcelo Raducziner que
sistemática a disseminar e irradiar o tema BPM organizariam a partir de então os eventos do eixo RJ,
(Gestão por Processos) como meio relevante de SP e DF em conjunto. O Terceiro BPM DAY SP
melhoria do Brasil e do desempenho das aconteceu então num espaço maior do Club Hom’s
organizações em geral. que foi capaz de trazer mais de 500 participantes
contando com patrocinadores de peso. Tudo isto nos
Na condição de Gestor Regional da  ABPMP  Brasil,
deu experiência e abriu caminho para que em 2013
nosso primeiro grande desafio foi realizar em São
realizássemos o maior evento de BPM do mundo
Paulo um evento de grande porte para que
(segundo algumas sondagens que fizemos) trazendo
pudéssemos apresentar cases de sucesso na
mais de 1.200 pessoas que transitaram no Salão
implementação da Gestão por Processo. O primeiro
Nobre do Club Hom’s, um espaço grandioso com o
modelo que adotamos em SP foi em 2010 por meio
gabarito que os palestrantes e patrocinadores de
do que a  ABPMP  Brasil denominou de BPM DAY.
altíssimo nível mereciam. Repetimos em 2014 o
Vários estados já tomavam a iniciativa de realizar o
BPM DAY SP em nossa quinta edição, trazendo
BPM DAY e São Paulo teve sua iniciação por meio de
novamente mais de 850 pessoas. Realizamos ainda,
um evento pago onde estiverem presentes cerca de
no segundo semestre de 2014, um outro evento
70 pessoas. O que desejava ser um evento de grande
específico denominado BPMS SHOW CASE SP que
porte, caracterizou-se com um evento tímido, mas
trouxe um público mais específico (cerca de 350
com cases importantes (NATURA, RHODIA, etc.).
pessoas) com interesses na apresentação de cases
Em 2011 realizamos a segunda iniciativa do BPM de automação em BPM.
DAY SP, agora num modelo diferenciado, ou seja,

4
Agora em 2015 muitos projetos estão em os CBPP’s do estado de SP que votam no CBPP que
andamento! Agora a função de Gestor Regional para deseja candidatar-se. Tive o privilégio de ser eleito (dado
o Estado de São Paulo (e para quaisquer outros que nos demais anos foi uma nomeação e não eleição)
estados) é eletivo por meio de evento particular entre com previsão para realizamos as seguintes atividades:

;         BPM DAY SPPPPSexta Edição (dia 27/04/2015);

;;;;;;;;  BPMS SHOW CASE SP Segunda Edição (10/11/2015);

;         Promover o Primeiro Encontro Presencial de CBPP’s de São Paulo para


troca de experiências, networking e confraternização;

;         Criação de Comitês Temáticos sobre temas específicos para produção


de materiais técnicos que seriam disponibilizados aos CBPP’s e
interessados em geral;

;         Autorização de CBPP’s representarem institucionalmente a ABPMP 


Brasil em Universidades e Empresas por meio de slides padronizados e
chancelados pela ABPMP Brasil;

;         Envolvimento das empresas Juniores nos eventos BPM DAY SP e BPM


DAY SHOW CASE SP;

;         Realização de um BPM DAY específico para PME (a exemplo do que já


será feito no RJ) envolvendo o SEBRAE SP;

;         Criação de um grupo no WhatsApp de todos os CBPP’s de SP.

Esperamos que assim o tema BPM / Gestão por Processo possa estar sendo pressuposto relevante para a Mudança
Organizacional e para a melhoria da qualidade de vida das pessoas em nosso país.

Orlando Pavani Junior é Gestor Regional para a Grande São Paulo da ABPMP Brasil.

5
ARTIGO
Vicente Gonçalves

GESTÃO DE MUDANÇAS 3G
- O FATOR HUMANO NA
LIDERANÇA DE PROJETOS
DO TERCEIRO MILÊNIO

Não é exagero dizer que o mundo mudou mais nos últimos 30 O pensamento lógico, cartesiano e quantitativo típico dos
anos do que nos últimos 30 séculos. A revolução tecnológica profissionais cuja formação se origina em ciências exatas,
vem imprimindo novos padrões de comportamentos sociais e encontra muita dificuldade em traduzir em atividades práticas
mercadológicos afetando diretamente a forma como as de projetos, propostas como: “criar um senso de urgência”
empresas precisam gerir seus ambientes externo – o (Kotter) ou “desenvolver a consciência da necessidade de
mercado – e interno – a equipe de colaboradores da mudar” (ADKAR).
organização. Até o final dos anos 90 a Gestão de Mudanças era pouco
Ao longo das últimas décadas a pressão para as organizações aplicada em projetos, limitando-se a um pequeno grupo de
se manterem competitivas e lucrativas, levou ao empresas que na vanguarda da gestão do fator humano,
desenvolvimento de novas táticas como: redesenho de utilizava o conhecimento de especialistas no apoio à área de
processos, implantação de componentes tecnológicos, Recursos Humanos.
reestruturações, fusões e aquisições, dentre muitas outras Na contramão da linha psicológica, as chamadas “Big Five” –
que demandaram Projetos e forte adaptação do componente grupo formado pelas maiores consultorias globais -
humano no ambiente organizacional. desenvolvia uma abordagem operacional da Gestão de
As promessas que justificaram investimentos milionários em Mudanças, quase sempre focada em treinamento e
modelos de gestão baseados em tecnologias da era da comunicação, aplicada principalmente em projetos de
informação, tais como: ERP, CRM, BI, dentre muitas outras, implantação de sistemas de gestão integrada – ERPs.
geraram expectativas nem sempre correspondidas, deixando Muitos profissionais oriundos destas grandes organizações
um legado de frustrações em muitas organizações. Apesar de consultoria criaram a partir da virada do milênio empresas
dos maciços investimentos de capital, acionistas e gestores de pequeno porte que ajudaram a consolidar a Gestão de
de alta esfera perceberam que o sucesso das empreitadas Mudanças como a prática essencial, especialmente em
depende em muito do componente humano para alcançar projetos estratégicos ou de grande porte.
seus objetivos de negócio. O mundo, entretanto, continuou mudando e a Gestão de
Nos anos 40 as primeiras teorias sobre o comportamento Mudanças também.
humano em processos de mudanças lançadas pelo mestre Os fracassos nas grandes empreitadas de mudanças,
Figura 1 – Etapas do Projeto Estratégia Organizacional SEFA
Kurt Lewin, considerado por muitos autores o pai da especialmente no mundo tecnológico se acumulavam
psicologia social - inspiraram uma plêiade de pensadores dos enquanto responsáveis pelos PMOs e gerentes de projeto se
anos 80 e 90 como Daryl Conner e John Kotter – com seus davam conta de que sem as pessoas, os projetos podem
famosos “8 passos para a mudança” - além de muitos outros atingir seus objetivos de prazo, custo, escopo e qualidade,
que configuraram a primeira geração daqueles que mas nem sempre alcançam os objetivos estratégicos que
estruturaram a disciplina que hoje conhecemos como Gestão motivaram o investimento.
de Mudanças Organizacionais.
A disseminação da prática da gestão das mudanças
Pouco depois vimos surgir frameworks ainda hoje altamente organizacionais pelas consultorias globais a partir dos
relevantes como o Prosci ADKAR® e PCI® - com seu modelo primeiros anos do século 21 despertou a atenção dos
dos seis Fatores Críticos de Sucesso (FCS) para mudanças. especialistas no tema que começaram a se organizar em
Estas abordagens originadas de modelos acadêmicos, associações profissionais com o objetivo de criar padrões,
quase sempre oriundos da psicologia, ou de consultorias processos e um código de ética para os gestores de
altamente especializadas, são até hoje referências mudanças.
inspiradoras, muito utilizadas pelos experts em Gestão de Enquanto por um lado a gestão estratégica do fator humano
Mudanças, mas que raramente sensibilizam e são bem em mudanças avançava pelo caminho da popularização
compreendidas por executivos de áreas técnicas e gerentes como disciplina essencial aos gerentes de projetos e líderes de
de projetos.

6
todos os níveis, as associações de classe seguiram o rumo da dos objetivos estratégicos, que movem as organizações,
especialização, consolidando cada vez mais os aspectos sejam continuamente crescentes.
abstratos e psicológicos característicos dos frameworks que Afinal, não existem projetos sem pessoas, nem mudanças
são as principais referências no tema. sem projetos.
Nasce aí a segunda geração da gestão de mudanças, com Quando falamos de uma nova geração no mundo tecnológico,
uma estrutura muito bem organizada e patrocinada pelas quase sempre estamos falando de tecnologias substitutas,
principais consultorias da área, trazendo grande contribuição uma nova geração que se sobrepõe à outra que está fadada a
em termos de conhecimento, mas ainda com foco exclusivo desaparecer.
na Gestão de Mudanças como uma disciplina para
Nos temas humanos a dinâmica não é essa. As gerações se
especialistas.
somam, inspiram umas às outras e não são substitutas, mas
Em paralelo ao movimento das associações de especialistas o direcionadas a novos públicos, tendo fundamentos
PMI® (Project Management Institute) desenvolvia a 5ª versão semelhantes, mas com uma nova abordagem. Neste caso
do PMBOK®. (Project Management Body of Knowledge), em particular, podemos dizer que a Gestão de Mudanças 3G é
difundida a partir de 2012, trazendo como grande novidade uma tradução dos conceitos das gerações anteriores para um
uma nova área de conhecimento até então pouco endereçada universo de profissionais que demandam uma linguagem
dentre os gerentes de projetos, a Gestão das Partes mais prática e objetiva, orientada para sua realidade,
Interessadas ou Stakeholders Management. recheadas com alguns conhecimentos novos e mais
Meses depois o PMI ratificava seu foco na questão humana conectados com o mundo contemporâneo da gestão de
lançando o guia “Managing Changes in Organizations – A projetos.
Practice Guide” com fundamentos que sugerem que a Gestão Esta é a abordagem do HCMBOK®, já adotada em mais de 20
de Mudanças Organizacionais estará cada vez mais presente países, que considera o fator humano como parte da
no PMBOK®. estratégia dos projetos de qualquer natureza. Por isso, de
Ainda em 2012, a gestão de mudanças ganha um novo suas 38 Macro-atividades, 16 são realizadas antes de se
personagem na tradução da linguagem hermética dos iniciar a etapa de execução, lapidando desde o planejamento a
especialistas, psicólogos e acadêmicos para o mundo prático forma como o projeto será comunicado, o Patrocinador que
e objetivo dos gerentes de projetos com a criação do Human melhor pode influir para o sucesso da empreitada, o propósito
Change Management Institute - HUCMI® e sua base de que melhor pode conectar os Stakeholders com a mudança e
conhecimento o HCMBOK® – Human Change Management estratégias para reduzir antagonismos e ampliar o
Body of Knowledge. engajamento humano.
É este movimento de popularização da gestão do fator Em sua abordagem o HCMBOK® organiza em uma sequência
humano em projetos, difundido principalmente pelo PMI e de Macroatividades, técnicas de gestão estruturada das
HUCMI que caracteriza a terceira geração da Gestão de questões culturais e do comportamento humano, ao mesmo
Mudanças Organizacionais. Passamos então da fase do “o tempo, proporcionando um arsenal de competências
Dados do relatório “Pulse of the Profession – 2014” essenciais aos gerentes de projetos, tais como: gestão de
organizados pelo PMI mostram que a Gestão de Mudanças processos participativos, conflitos, motivação,
nunca foi considerada uma disciplina tão relevante como comportamentos, formação do espírito de equipe,
atualmente. Cerca de 40% das organizações relatam que a comunicação empática e criatividade e inovação.
prática de gestão das mudanças organizacionais é maior se Em resumo, o HCMBOK® é um guia que foi concebido para
comparada com o ano anterior. A taxa de sucesso em projetos ser integrado com qualquer metodologia, tratando dos temas
estratégicos das empresas que usam a Gestão de Mudanças
Figura 1 – Etapas do Projeto Estratégia Organizacional SEFA
ligados ao fator humano, no idioma dos gestores de projetos,
como disciplina regular é de 69% contra apenas 41% nas que de forma complementar à abordagem de Stakeholder
não abordam o fator humano em seus projetos. Management desenvolvida pelo PMI.
O conhecimento acerca de gestão de projetos evoluiu muito Prepare-se, já não basta entregar uma empreitada no prazo,
nos últimos 30 anos, mas só recentemente passou a custo, qualidade e escopo. A expectativa agora é que os
considerar a gestão do fator humano como uma área de objetivos estratégicos que motivaram um projeto sejam
conhecimento essencial que não deve estar restrita aos medidos por metas qualitativas e quantitativas que para
profissionais de gestão de mudanças organizacionais. serem atingidas, demandam o engajamento do componente
Sempre existirá o especialista em Gestão de Mudanças humano.
Organizacionais. Um profissional com grande experiência, Não importa o título que venha a prevalecer, Gestão de
conhecimento e competências para tratar do tema nos seus Mudanças Organizacionais, Stakeholder Management ou
aspectos mais complexos. Entretanto, os gerentes de ainda Gestão das Partes Interessadas, o que está claro é que a
projetos, programas e portfólios do futuro já perceberam que terceira geração de gestão do fator humano em projetos (GM
não podem abrir mão do domínio desta área de 3G) veio para ficar e passou a ser uma disciplina essencial para
conhecimento para que as taxas de sucesso no atingimento o Gerente de Projetos do terceiro milênio.

Vicente Gonçalves CEO – Human Change Management Insitute - www.hucmi.com

7
BPM
GLOBAL TRENDS

2015
GESTÃO PÚBLICA

e
Save the
Dat

DIAS: LOCAL:

01 e 02 Confederação Nacional dos


Trabalhadores no Comércio -

OUTUBRO
CNTC AV W5 - SGAS, 902, Bloco
C - Brasília - DF

Seminário internacional focado em trazer para o Brasil melhores práticas


e tendências em Gerenciamento de Processos de Negócio (BPM) no
serviço público. Ao longo das primeiras 6 edições já reuniu 1200+
profissionais de 300+ organizações para aprender e debater com as
maiores autoridades mundiais e nacionais em BPM. Evento nacional e
pago, voltado a profissionais do segmento público.

8 www.bpmglobaltrends.com.br
av e t h e
S e
Dat

DIAS: LOCAL:

07 e 08 Pestana São Paulo Hotel &


Conference Center

OUTUBRO
Rua Tutóia, 77, Jardins – São
Paulo

EVENTO INÉDITO - 1ª EDIÇÃO NO BRASIL

O BUSINESS TRANSFORMATION SUMMIT BRAZIL é um novo formato de evento, inédito no


Brasil, que pretende discutir como transformar organizações para prosperar frente a um
contexto de mudanças de grande impacto que envolve clientes mais informados e exigentes,
novas tecnologias digitais, busca de propósito pelos colaboradores e crescentes restrições
socioambientais.
O evento é direcionado a líderes empresariais envolvidos em iniciativas de transformação e
profissionais oriundos de áreas como Inovação, Tecnologia da Informação, Sustentabilidade,
Gestão da Mudança, Recursos Humanos, Gestão de Processos e Gestão de Projetos.

www.cntc.com.br 9
BPM NAS
UNIVERSIDADES Juliana Barreto
Marcelo Bronzo
Ricardo Gonçalves

BPM & Business Analytics

. EEEEE ss ESE E EEEE E EEEEEE SE EEEEEEEEEEEE SEEEEEEEEoEE EE EEEEEEEEEE EE BPMM MM MMMMMMMMM MM


EEESE EEEEEEEEE EE EE EEMEEEEE EE EEEE EoEEE EE MMMMMMMMMMM MMMMMMMMMMM MMM MMMMMMMMMM MMM Business
EEEEEEEEEEEE EE oEEE EEEEEEEEE EEEEEEEE EEEE E Analyticss ss sssss sssss ssssssssss sssss ssss
EEEEEEE EE EEEEEEEEEEEEEEEE E EEEEE EEEESEEEE EE ssssssssssss sssss ssssss ssssssss sss sssssss ssss
EEEEEEEE E E EsEEEE EEEEEESE EEEEEEóEEEEE oEMEoEE sssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssss
oEE E EEEEEEEEEEE EEEEEEEEE EEEEEEoEE EEEEEEEEEEEE sss sssssss ssss ssssss sssssssssss sss sssss ss
EEEE E EEsEEEE EE EEEESE EEE EEEEEEEEEEEEE E EEEEE ssssssssssssss sssssssss sss sssssssss sssssssss sss
EEEsEEE EEEEE E EEEEEEEEEE EE GEEEEEEEEEEEE EE EEEEEEEEEEEEE
sssssssssssss EEE EEEEEEEEE EE EEEóEEE E EE
Processos de Negócio (BPM)) ))))) )))) )))))) EEEEEoEEEE EE EMEEEEEEE EEEEoEEEE EEEEE EEEEEEMEEE
))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))) EEEE E EEEEEEEEEE EE EEEEEEEEEE E EE EEEEEEEEEEE
))))))))))))))))))))))))))))))))))))))) EEE EEEEEEEEEEEEE
NEEEE EEEEE EEEsEEEE E EEEEEEE EEEEEEEEsEEE EE DE EEEEEE EEE DEEEEEEEE (2007)E E EEEEEE oEE EE
EEEEEE EE EEEEEEEEEEE EEEEEEE E EEEEEEEEEE EEEEE EEEEEEEEEEEE EEEEEEEE E cccccccccccccccccccccccc
EEEEEEEEE EE EEEóEEEE E E EEEEEEEEEEE EE MEEEEEoEE cc analytics gerenciamento de processos de
EE EEEEE EEEE E EEEEEE EE EEEEEEEE EE EEEE negóciooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo
EEEEEEE EEE EEEEEEEEEEEEE EEE EEEEEEEEEE E oo ooooooo ooo oooooooo ooooooooooooo oooo ooooooooo oo
EEEEEEEEEE EE Business Analytics.. oooooooo ooo ooooooooo oooo ooo ooooooooo oooooooooo
ooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo
. EEEEEEEE EEEEEE EEE EEE EMsEEEEE EEMEEEE EE EEEEEEE EESE EEEEEEEEEE EEEEEEEEEEEE: EEEEEEEEEEEEEEE
ooooooo
EEEEEEEEEEE EE EEEEEEEEEEESE EE BPMM MM MMM EEEEEEEEE E E EEEEEEEEEEEEE EEEEEEEEE EEE EEEEEEEEE
Business Analytics

RESPONSIVIDADE AGILIDADE GERENCIAMENTO


INTEGRADO DE
EEEEEEEEEE EEE EEEEEE EEEEEE EEEE EEEEEE EEEEEEEEEE EEEEEEE RECURSOS
EE EEEEEEEEEE EEE EEEEEEEEEEEEE EEE EEEEEEEEE EEEEEEEEEEEEE EE
EEEE EEEEEEEEEE EEEEEEEEEEEEE EEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE SSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS
EEE EEEEEEEEEEEEEEE EEE EEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE SSSSSSSSS SSSSSSSS SSSSSSSSS
EEEEEEEEEEE SSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS

10
Para observar os benefícios trazidos pela abordagem 2011). Junto à grande quantidade de informações está a
analytics, é fundamental assegurar que a visão por dificuldade de se tomar boas decisões baseada em tais
processos seja adotada dentro da organização. Isso informações. Neste contexto, existem muitas
porque a orientação por processos permite identificar oportunidades escondidas para o armazenamento e a
todas as possibilidades nas quais analytics podem análise extensiva de dados para a resolução de
auxiliar na melhor entrega de valor ao cliente. múltiplas respostas (KLATT, 2011). Fica então a
Enxergar as atividades na visão ponta a ponta permite pergunta: como descobrir estas verdadeiras joias
rever tarefas, entradas, saídas e mecanismos de escondidas nos processos?
avaliação de desempenho (DAVENPORT; HARRIS,
2007). A rápida evolução tecnológica ocorrida nas últimas
décadas provê mecanismos para a gestão do alto
volume de informações. Este fenômeno se tornou
////// Business Analytics e a interface com os conhecido como Big Data. O termo Big Data tem sido
princípios, os objetivos e as práticas da BPM usado para descrever o conjunto de dados e técnicas de
análise em aplicações que são tão grandes e complexas
Em todos os setores, em todas as partes do mundo, que requerem software avançado, armazenamento de
líderes se perguntam se eles estão recebendo valor dados centralizado, gerenciamento e análise (CHEN,
integral das enormes quantidades de informação que já 2012). Segundo o autor, a evolução do Big Data se deu
têm dentro de suas organizações (LAVALLE et al., em três fases até o momento:

1
BIG DATA 1.0
Tem como base a gestão de banco de dados, principalmente no contexto das
indústrias - dados estruturados, coletados de vários sistemas; técnicas de análise
baseadas em modelos estatísticos e mineração de dados.

2
BIG DATA 2.0
Tem como base a internet, que passou a oferecer oportunidades de pesquisa e
desenvolvimento devido ao grande volume de dados disponível com sistemas de busca,
empresas de comércio eletrônico, análise de conteúdos digitais, análise das transações dos
clientes, de mídias e redes sociais, e canal aberto de comunicação entre empresa e cliente.

3
BIG DATA 3.0
Tem como base o aumento do número de telefones celulares, smartphones e tablets,
aparecimento de outros dispositivos conectados a internet a partir de sensores, técnicas
de localização, processamento em tempo real e análise de dados em larga escala.

Nesse contexto no qual ocorreu um ganho de estatística e quantitativa, modelos explicativos e


importância da gestão e a análise de informações gerenciamento baseado em fatos para a tomada de
para suporte estratégico e operacional na tomada de ações de decisões. Segundo o autor, Analytics em si não
decisão, com o aumento da complexidade dos constitui uma estratégia, mas sim uma maneira para
negócios, cunhou-se o termo Business Analytics. De otimizar a capacidade distintiva dos negócios com o
acordo com Davenport (2007), Business Analytics intuito de estabelecer uma vantagem competitiva
refere-se ao uso extensivo de dados, análise duradoura.

11
Algumas vantagens principais precisam ser tornam mais baratos, mas profissionais qualificados
ressaltadas, a fim de evidenciar a relevância do para trabalhar com grandes quantidades de
tema. A gestão baseada em intuição e experiência informações, denominados de cientistas de dados,
leva os gestores para o caminho de trabalhar com são valiosos (MCAFFE, 2012).
base em suposições em nível interno e externo à
organização. Considera-se importante a experiência A liderança e a gestão da cultura organizacional na
e o conhecimento tácito para a condução de implementação de analytics também é fundamental,
negócios, porém a verificação quantitativa de tais a fim de conduzir o processo de acordo com as
suposições potencializaria os possíveis resultados a mudanças do mercado competitivo, as mudanças do
serem alcançados, além do possível teste do perfil do consumidor e da sociedade, e as
impacto estratégico de uma determinada decisão. características de cada organização.
Analytics também contribui para o aumento da
eficiência de processos de negócio, no âmbito de Tendo em vista as dificuldades de implementação
gestão de operações. Tal aumento ocorre devido ao apresentadas, é preciso leva-las em consideração e
aumento da velocidade na execução de atividades, escolher com cuidado o conjunto de “processos
por meio da redução do risco de execução de piloto” que serão alvo de uma abordagem centrada
atividades desnecessárias e potenciais erros. em analytics.
Consequentemente, tais reduções de tempo
reduziriam custos de processos de negócio. A
abordagem analytics também possibilita o gestor ////// Áreas de Interface entre BPM e Analytics
ver e aprender a partir de mudanças na legislação, na
economia, no comportamento do consumidor, além Considerando a evolução de todos os conceitos e
de permitir uma tomada de decisão objetiva baseada contribuições que influenciaram a formação do BPM
em dados (KLATT, 2011). como uma disciplina gerencial, três áreas
preconizadas pelo BPM CBOK possuem forte
interface com o Business Analytics: Gerenciamento de
Desempenho de Processos, Análise de Processos e
- Implementação e obstáculos:
Tecnologias de BPM.
A implementação de analytics possui importantes
desafios associados. Davenport (2007) aponta - Gerenciamento de Desempenho de Processos:
inicialmente para a dificuldade de iniciar o uso de
analytics em processos que possuem dados não Muitos dos problemas enfrentados pelas
estruturados, seja pelo uso de métodos para tomada organizações tais como níveis de estoques
de decisões não documentados, baseados na desregulados, perda de vendas pela falta de
intuição e experiência, seja pelo tipo de processos de produtos e reclamações com atrasos de entrega,
negócio, com baixo nível de mensuração de dados ou por exemplo, estão relacionados com o mau
não utilização de softwares. O início da gerenciamento de processos e, consequentemente,
implementação de funcionalidades em sistemas de com a má avaliação de desempenho. Por meio do
informação, e a descoberta de novas possibilidades controle de medidas como tempo, custo,
de análise, também pode tornar este processo de capacidade e qualidade, todavia, é possível obter
construção interminável, sendo necessária a ganhos sob o gerenciamento das variações nos
determinação de um alvo para o fim da processos, além de garantir que estes estejam
implementação. alinhados com os objetivos organizacionais e com o
foco do cliente. Para permitir o gerenciamento do
O fator humano também é preponderante na negócio orientado por processos é necessário
implementação de analytics. Percebe-se que o desenvolver métricas e indicadores de desempenho
relacionamento com as unidades de negócio e a para monitorar as metas estabelecidas,
realização de treinamentos aos usuários precisam identificando os fatores críticos e implantando um
ser aprimorados para uma abordagem analytics processo de medição adequado.
mais aderente, além de serem feitos de maneira
mais transparente junto aos colaboradores
- Análise de Processos
envolvidos (DAVENPORT, 2007).
A análise de processos é suportada por meio de
Outro fator humano relevante é a necessidade de várias técnicas, incluindo modelagem, entrevistas e
melhor gestão de talentos nesta área. Dados se simulações, entre outras para proporcionar

12
uma compreensão das atividades e dos resultados executados por meio de sistemas de informação
do processo para atender as metas pretendidas. (ABPMP, 2013). O tema “Tecnologias de BPM” é
Para tal, deve contemplar, muitas vezes, o estudo destinado para trabalhar este tipo de execução,
do ambiente de negócio, do contexto visando à implementação de sistemas de
organizacional, das características do segmento de informação para suporte a processos de
negócio e das regulamentações governamentais negócio utilizando uma perspectiva de ponta a
(ABPMP, 2013). Uma série de métodos e técnicas já ponta, desde a demanda do cliente até o seu
pode ser identificada para analisar experiência do atendimento e entrega do resultado. Para tal, a
cliente, desempenho, handoffs, regras de negócio, discussão de metodologias que favoreçam tal
capacidade, gargalo, variação, custo, envolvimento integração é fundamental, além do advento de
humano, controles de processo e sistemas de novas tecnologias que suportem a orientação
informação. Considerando tais dimensões, a análise por processos, e não somente a orientação
de processos se propõe a investigar a ocorrência de funcional já predominante nas organizações.
problemas ou busca por oportunidades baseada em Tecnologias como Business Process Analysis
fatos, dados, experiências, documentos, entre (BPA)
(BPA), Business Rules Management Systems
outros mecanismos, a fim de se buscar um (BPMS), Business Activity Monitoring (BAM),
determinado conhecimento, a partir da Service Oriented Architectured (SOA), entre
estruturação e interpretação das informações do outras, atuam de maneira aderente à orientação
processo de negócio. por processos. Tais tecnologias auxiliam a
execução, análise e monitoramento de fluxos de
trabalho, e são fundamentais, entre outros
- Tecnologias de BPM
aspectos, para permitir uma melhor visibilidade
Processos de negócio podem ser implementados e de informações para a tomada de decisões.

Sobre as áreas de interface entre BPM e Business exemplo, há aplicações de analytics para a detecção
Analytics, pode-se concluir que quanto maior o apetite de fraudes, análise de reclamações, precificação e
em aprimorar nossas práticas nas três áreas análise sobre a rentabilidade dos clientes, por
supracitadas, maior a necessidade da abordagem exemplo. Já no setor de varejo, há aplicações para a
analytics. elaboração de promoções, gerenciamento de
prateleiras, previsão de demanda, reposição de
estoques e definição de preços. Na manufatura, por
////// Aplicações Práticas outro lado, a abordagem analytics permite a
Vários exemplos da abordagem analytics podem ser otimização da cadeia de suprimentos e do
observados de acordo com os segmentos de indústria desenvolvimento de produtos, assim como a previsão
(DAVENPORT, 2007). No setor de serviços financeiros, por de demanda e gerenciamento de estoques. Vários

13
outros exemplos podem ser identificados para os estatísticas que auxiliam a gestão, tais como
setores de transporte, saúde, energia, comunicações Controle Estatístico de Processo, Gestão da Qualidade
e gestão pública. Total e o Six Sigma, focado na eliminação de defeitos.
Considerando que tais conhecimentos agregados
A questão central apontada por Davenport (2007) é
estão inseridos no conteúdo de BPM, consegue-se
que, de uma forma geral, a aplicação de analytics,
conectar ambas as disciplinas novamente. De
em qualquer organização, permite o gerenciamento
acordo com Davenport (2007), há dois tipos básicos
de desempenho de uma forma aprimorada. Uma
de processos de produção: processos relacionados
discussão mais aprofundada é feita a seguir.
ao gerenciamento da cadeia de suprimentos, e os
processos de operações, centrados na criação e na
- Analytics aplicado a processos intensos em entrega de produtos e serviços em cada
contato com o cliente: organização. Em ambos, o objetivo é produzir de
forma eficiente e confiável, considerando os
Define-se um processo voltado para o cliente como
múltiplos pontos de variabilidade existentes.
um processo que interage diretamente com o
cliente, incluindo marketing, vendas e serviços. Tais
Com relação especificamente aos processos da
tipos de processo, historicamente, já agrupam
cadeia de suprimentos, almeja-se analisar o fluxo de
aplicações analíticas devido à fácil compreensão e
materiais, informações, geração de estoques e de
coleta dos dados, tais como medidas de níveis de
fila, assim como pontos de gargalos, retrabalhos e
serviço e de lealdade do cliente. A questão central
outros desperdícios. Considerando a utilização de
para se utilizar analytics nos processos que direto
modelos de referência de cadeias de valor [ABPMP,
impactam os clientes está relacionada ao alto nível
2013] no gerenciamento corporativo de processos,
de informações nos quais estes estão emersos e o
destaca-se o modelo Supply Chain Operations
consequente alto nível de exigência imposto. A
Reference (SCOR). O modelo SCOR estrutura-se a
sensibilização para a necessidade de se
partir da divisão das seguintes macro atividades:
compreender as necessidades e desejos dos clientes
planejamento, fornecimento, produção e entrega
nunca se fez tão evidente (DAVENPORT, 2007).
(KHAN, 2013). Conforme o autor apresenta,
Entre as aplicações de analytics direcionadas ao elementos da abordagem analytics podem ser
marketing está a utilização de dados e modelos do encontrados em cada uma dessas atividades,
passado para prever a demanda do consumidor em vinculados à coleta de informações sobre tendências
diferentes condições e o desenvolvimento de de mercado, gerenciamento de fornecedores,
políticas de fidelização dos clientes. Processos de eficiência de produção e modelos de distribuição.
vendas, precificação, e adoção de práticas de Nesse sentido, a abordagem analytics auxilia
merchandising são apoiados por sistemas de dados principalmente no tratamento da complexidade
de gestão de relacionamento com clientes (CRM) e de envolvida nas múltiplas relações e transações
planejamento de recursos empresariais (ERP). presentes em uma cadeia de suprimentos.
Davenport e Harris (2007) apontam que a
abordagem analytics é útil para identificar clientes Assim como observado nos processos relacionados
mais lucrativos e identificar possíveis impactos de à cadeia de suprimentos, as práticas de analytics
falhas no ciclo do pedido. Em serviços, de uma estão relacionadas a permitir melhores decisões
forma geral, analytics tem sido usado para a frente à variabilidade presente no processo
otimização de rotas de transporte, previsão de produtivo, seja ela de matéria-prima ou vinculada à
entregas, alocação da força de trabalho, além da presença dos clientes. Considerando a lógica da
gestão de reclamações e serviços pós-venda produção enxuta (Lean), eliminar as fontes de
(DAVENPORT, 2007; SHAPIRO; RANGAN; SVIOLKA, desperdício é o ponto de partida para agregar a
2002). entrega de valor do cliente. Sendo assim, a
combinação entre BPM, técnicas de produção
enxuta, e ferramentas de analytics permite produzir
- Analytics aplicado a processos de produção: mais com menos, a partir da identificação de
Assim como nos processos relacionados ao cliente, movimentações desnecessárias, pontos de
os processos de produção já utilizam ferramentas estoques e transportes pouco eficientes.

14
Analytics aplicado a processos de atletismo, tênis entre outros esportes, para a
gerenciamento de desempenho: preparação de atletas de alto desempenho. Como
replicar estas boas práticas para o mundo
Relacionados aos processos de produção, os corporativo?
processos de gerenciamento de desempenho são os
principais dentro do âmbito das organizações que
aplicam ferramentas de analytics. Conforme
////// Reflexão Final
Davenport (2007) apresenta, o balanced scorecard Considerando a questão central proposta,
(BSC) popularizado pelos autores Kaplan e Norton observa-se que são extensas as implicações da
(1992) representa uma das principais abordagens associação conjunta de Business Analytics e do BPM
inovadoras apresentadas na linha de analytics nas nas organizações. Para cada contexto de negócio e
últimas décadas. O BSC se estrutura no relato de um cada tipo de processo de negócio, analytics pode ter
conjunto de indicadores de desempenho financeiros, um benefício bastante específico. É importante
apoiados em indicadores de desempenho não questionar, dado os benefícios apresentados pela
financeiros (engajamento dos funcionários, abordagem analytics para determinado contexto ou
fidelidade do cliente e inovação) com o intuito de processo, se os custos envolvidos na aplicação das
estabelecer um equilíbrio entre diferentes técnicas por meio da contratação de profissionais e
perspectivas. Uma evolução do uso de analytics para aquisição de tecnologia realmente compensam,
a monitoração do desempenho diz respeito, sendo esta inclusive uma oportunidade para novas
conforme o autor afirma, à produção de scorecards a pesquisas.
partir da combinação de métricas financeiras e não
financeiras, com todas variáveis intermediárias Entende-se que o avanço da maturidade do
estabelecidas e conhecidas, permitindo tratamentos gerenciamento de desempenho, da análise de
estatísticos mais avançados, como a análise de processos de negócio e da utilização de tecnologias
equações estruturais. de BPM, está diretamente ligado à evolução da
disciplina de analytics. Além disso, outras
abordagens de BPM como a modelagem, o
Analytics aplicado a processos de redesenho, a melhoria contínua, a transformação e o
gerenciamento dos recursos humanos: gerenciamento corporativo de processos também
possuem interface com a aplicação de analytics,
Várias práticas de analytics já são encontradas nas apesar de terem sido menos exploradas.
organizações considerando os processos de vendas,
marketing, de operações e nos processos de Por fim, refletindo sobre a realidade da maturidade
gerenciamento de desempenho, mas pouco é dos processos de negócio das organizações
observado considerando os processos de gestão de brasileiras, resta uma dúvida essencial: Nossas
recursos humanos. De acordo com Davenport (2007), organizações estão de fato preparadas para
a forma como o desempenho dos profissionais é utilizarem e se beneficiarem da abordagem analítica
medido não ocorre da maneira adequada, uma vez em seus processos de negócio?
que, usualmente, utilizam-se dados vinculados a
A evolução gradual da maturidade organizacional
objetivos específicos e não a objetivos de negócio.
demanda que problemas ou insuficiências básicas dos
Entretanto, diversas oportunidades podem ser
processos de negócios possam ser primeiramente
elencadas com o uso de analytics. Essa abordagem
atendidos antes de se aportarem práticas e iniciativas
pode permitir o surgimento de insights para a gestão
avançadas de Business Analytics. Porém, é importante
de talentos e o processo de desenvolvimento dos
que as organizações não se contentem com níveis
profissionais; pode permitir uma previsibilidade
baixos de maturidade dos seus processos de negócio,
sobre possíveis mudanças na força e no mercado de
sobretudo sem aspirarem novos saltos em direção a
trabalho; assim como otimizar a alocação de recursos
excelência de suas práticas. Com certeza, existem
conforme estratégias desenvolvidas. Além disso,
processos em sua organização já aptos para uma
sendo os profissionais os maiores ativos e despesas
implementação bem sucedida de analytics. E assim, à
das organizações, o uso de analytics pode permitir a
medida que a maturidade da gestão orientada por
construção de uma vantagem competitiva
meio de processos aumente nas organizações,
anteriormente inexistente (DAVENPORT; HARRIS,
tornar-se-á cada vez mais imprescindível a utilização
SHAPIRO, 2010). No que tange ao uso de analytics
de práticas e tecnologias também mais avançadas de
para a gestão de recursos humanos, vale destacar o
Business Analytics.
trabalho realizado por equipes de basquete, futebol,

15
////// Referencial Bibliográfico

ABPMP, Guia para o Gerenciamento de Processos de Negócio – Corpo Comum de


Conhecimento: ABPMP BPM CBOK v3.0, 1ª Edição, 2013.

CHEN, H.; CHIANG, R. H. L.; STOREY, V. C. Business intelligence and analytics: from Big
Data to big impact. MIS Quartely, Vol. 36, No. 4, 2012, p.1165-1188.

DAVENPORT, T. H.; HARRIS, J. Competing on analytics: the new science of winning.


Boston: Harvard Business School Press, 2007.

DAVENPORT, T. H.; HARRIS, J.; SHAPIRO, J. Competing on talent analytics. Harvard


Business Review, October, 2010, p.02-06.

DAVENPORT, T. H.; PATIL, D. J. Data Scientist: the sexiest job of the 21th century.
Harvard Business Review, 2012, p.70-76.

KHAN, D. Business analytics and supply chain performance: an empirical perspective.


International Journal of Operations and Logistics Management. Vol. 2, No. 3, 2013,
p.43-56.

KLATT, T.; SCHLAEFKE, M.; MOELLER, K. Integrating business analytics into strategic
planning for better performance. Journal of Business Strategy. Vol. 32, No. 6, 2011,
p.30-39.

LAVALLE, S.; LESSER, E.; SHOCKLEY, R.; HOPKINS, M. S.; KRUSCHWITZ, N. Big Data,
analytics and the path from insights to value, MIT Sloan Management Review,
December, 2011, p. 21-38.

MCAFFE, A.; BRYNJOLFSSON, E. Big Data: the management solution. Harvard Business
Review, October, 2012, p.61-68.

SHAPIRO, B. O.; RANGAN, V. K.; SVIOKLA, J. J. Staple yourself to an order. Harvard


Business Review. july-august, 2002, p. 113-121.

16
Juliana Barreto

Juliana Barreto é formada em Engenharia de Produção


pela Universidade Federal de Minas Gerais e cursa
mestrado em Administração também pela UFMG. Juliana
é OMG-Certified Expert in BPM pela OMG e consultora da
empresa de consultoria EloGroup. Sua linha de atuação
possui ênfase nas áres de BPM, Gestão de Operações de
Serviços e Gestão de TI.

Ricardo Gonçalves

É formado em Engenharia de Produção pela


Universidade Federal de Minas Gerais e cursa
mestrado em Administração também pela UFMG.
Ricardo é certificado CBPP pela ABPMP Brasil, Gerente
na empresa de consultoria EloGroup, além de professor
e especialista em transformações organizacionais com
ênfase nas áreas de BPM, Estratégia de Operações e
Eficiência Operacional.

Marcelo Bronzo

É Professor Associado da Faculdade de Ciências


Econômicas, atuando no Departamento de Ciências
Administrativas e nos programas de mestrado e
doutorado em Administração do Centro de
Pós-Graduação e Pesquisas em Administração da
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com
ênfase em Gestão de Operações e Logística.

17
BPM NA
ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA Adinilson Martins

Processo Ágil Genérico (baseado em SCRUM)


Adinilson Martins ////////

Cansados dos métodos tradicionais de com uma frequência de no máximo 30 dias,


desenvolvimento considerados lentos, pesados diferentemente do método tradicional que só
e burocráticos, dezessete profissionais com faz a entrega do produto em funcionamento ao
ideias independentes ligados a várias final do projeto, o que pode levar anos. O
metodologias de desenvolvimento de método tradicional é rígido e exigente quanto
software, reuniram-se em fevereiro de 2001 e ao levantamento inicial de todos os requisitos
escreveram o Manifesto Ágil¹, que contempla do produto, enquanto o método ágil aceita
quatro valores principais: ampla flexibilidade na mudança de requisitos e
incluio cliente na melhoria e revisão das
funcionalidades do produto durante todo o
decorrer do projeto. Isso só para revelar alguns
- Indivíduos e interação entre eles mais benefícios da aplicação do método ágil.
que processos e ferramentas
O mais famoso método ágil é o SCRUM,
criados por Ken Schwaber e Jeff Sutherland que
por sinal fizeram parte daquela reunião do
- Software em funcionamento mais que Manifesto Ágil em 2001. Ken e Jeff elaboraram
documentação abrangente um guia de orientação do SCRUM², no qual o
definem como um framework para desenvolver
e manter produtos complexos.

- Colaboração com o cliente mais que Sendo uma “técnica” que dispõe de artefatos,
negociação de contratos cerimônias, e uma certa ordem de ocorrência
das suas atividades, podemos traduzir o
SCRUM em um “Processo Genérico de Método
Ágil”, o que pode vir a beneficiar e apoiar o seu
- Responder a mudanças mais que entendimento, já que uma imagem sempre fala
seguir um plano mais e mais rápido do que mil palavras.
A seguir temos o diagrama que representa a
técnica SCRUM e na sequência a descrição de
Com base nessa filosofia o método ágil se cada elemento do processo com base nas
propõe a fazer entregas que compreendem definições do “Guia definitivo para o SCRUM” de
incrementos utilizáveis do produto ao cliente Ken e Jeff:

18
Baseado no guia Scrum: http://www.scrumguides.org/docs/scrumguide/v1/Scrum-Guide-Portuguese-BR.pdf

o SCRUM MASTER é responsável pela conformidade de aplicação deste processo.

19
////// Descrição do Processo Ágil Genérico SCRUM: O Guia define também que o SCRUM Master serve
diretamente outros participantes do processo, se
destacando as seguintes atribuições:
/// PARTICIPANTES
- Serve o Dono do Produto encontrando técnicas para o
Cliente/Partes Interessadas: gerenciamento efetivo do Backlog do Produto.

Cliente do produto ou qualquer parte interessada com


autoridade para realizar definições e apontamentos sobre o - Serve o Time de Desenvolvimento treinando-o
produto. Embora o cliente seja representado no Guia autogerenciamento e interdisciplinaridade e facilitando
SCRUM pelo Dono do Produto, que é o fiel procurador os eventos SCRUM conforme exigidos ou necessários;
daquele e membro do time SCRUM, incluímos esse
participante no diagrama apenas para evidenciar a origem - Serve a Organização liderando-a e treinando-a na
de todas as necessidades e o destinatário final do benefício adoção do SCRUM.
do trabalho.
Com exceção desse participante definido como Cliente e
suas respectivas atividades, todos os outros elementos do /// ATIVIDADES e ARTEFATOS
diagrama são representados e descritos conforme o Guia
SCRUM. Atividade: Estabelecer a visão do produto
Responsável: Cliente/Partes Interessadas
Dono do Produto:
O Cliente/Partes Interessadas no produto definem o que se
Ken e Jeff definem que “o Dono do Produto é a única pessoa quer criar ou qual o problema se quer resolver.
responsável por gerenciar o Backlog do Produto”. “Aqueles que
quiserem uma alteração nas prioridades dos itens de Backlog Atividade: Solicitar mudanças ou correções no produto
devem convencê-lo.” Responsável: Cliente/Partes Interessadas
As solicitações de mudanças ou correções no produto que
Time SCRUM: está sendo desenvolvido compõem um grupo de
“O Time SCRUM é composto pelo Dono do Produto, o Time de demandas que é definido como Backlog do Produto. O
Desenvolvimento e o SCRUM master.” Backlog do Produto é dinâmico; mudando constantemente
para identificar o que o produto necessita para ser mais
apropriado, competitivo e útil. Mudanças nos requisitos de
Time de Desenvolvimento: negócio, condições de mercado ou tecnologia podem causar
mudanças no Backlog do Produto.
“O Time de Desenvolvimento consiste de profissionais que
realizam o trabalho de entregar um a versão usável que
potencialmente incrementa o produto 'Pronto' ao final de cada Atividade: Compor o Backlog do Produto
Sprint. Somente integrantes do Time de Desenvolvimento criam Responsável: Dono do Produto
incrementos.”
O backlog do produto é composto a partir das entregas
O Guia SCRUM sugere que o tamanho do time de desejáveis com relação ao produto, na perspectiva do
desenvolvimento esteja entre três e nove membros. Os cliente.
autores do Guia SCRUM defendem que “os Times de
Desenvolvimento são estruturados e autorizados pela
organização para organizar e gerenciar seu próprio trabalho”. Artefato: Backlog do Produto
“Backlog do Produto é uma lista ordenada de tudo que deve ser
SCRUM Master: necessário no produto, e é uma origem única dos requisitos para
qualquer mudança a ser feita no produto.” Ele lista todas as
O SCRUM Master não ocupa uma raia do diagrama características, funções, requisitos, melhorias e correções
porque ele participa de todo o processo, mas com que formam as mudanças que devem ser feitas no produto
mínima intromissão possível, pois como o Guia nas futuras versões. Os itens do Backlog do Produto
descreve, "O SCRUM Master é responsável por garantir que possuem os atributos de descrição, ordem, estimativa e
o SCRUM seja entendido e aplicado. O SCRUM Master faz
valor. Os autores definem a composição do backlog do
isso para garantir que o Time SCRUM adere à teoria,
produto como “o gerenciamento do Backlog do Produto” que
práticas e regras do SCRUM”.

20
deve fazê-lo transparente a todos e com clareza e - Como o trabalho necessário para entregar o incremento
ordenação dos seus itens para melhor objetividade das será realizado?
metas.

Artefato: Backlog da Sprint


Atividade: Monitorar o Progresso do Objetivo
Responsável: Dono do Produto O Backlog da Sprint é um dos resultados da reunião de
planejamento da Sprint e é descrito como: “um conjunto de
“Em qualquer ponto do tempo, o total do trabalho restante para itens do Backlog do Produto selecionados para a Sprint,
alcançar o objetivo pode ser somado. O Dono do Produto juntamente com o plano para entregar o incremento do produto
acompanha o total do trabalho restante pelo menos a cada e atingir o objetivo da Sprint. O Backlog da Sprint é a previsão do
Reunião de Revisão da Sprint. O Dono do Produto compara este Time de Desenvolvimento sobre qual funcionalidade estará no
valor com o trabalho restante na Reunião de Revisão da Sprint próximo incremento e sobre o trabalho necessário para entregar
anterior, para avaliar o progresso na direção de completar o essa funcionalidade em um incremento 'Pronto'."
'Pronto
trabalho previsto, pelo tempo estimado para alcançar o
objetivo. Esta informação deve ser transparente para todas as
partes interessadas.”
Atividade: Realizar o trabalho da Sprint
Responsável: Time de Desenvolvimento

Artefato: Indicadores Burndown Produto Conforme já comentado, o trabalho da Sprint consiste em


“entregar uma versão usável que potencialmente incrementa o
Um indicador Burndown é uma representação gráfica que produto 'Pronto' ao final de cada Sprint.” E “somente integrantes
demonstra o trabalho restante em relação ao tempo do Time de Desenvolvimento criam incrementos.”
previsto e por esta característica, pode apoiar a atividade de
monitorar o progresso do objetivo. É citado no Guia Atividade: Modificar Backlog da Sprint
SCRUM, da seguinte forma: “várias práticas como burndown, Responsável: Time de Desenvolvimento
burnup e outras práticas de estimativa tem sido usadas para
prever o progresso. Estas têm se provado úteis.” "Sempre que um novo trabalho é necessário, o Time de
Desenvolvimento adiciona este ao Backlog da Sprint. Conforme
o trabalho é realizado ou completado, a estimativa do trabalho
Atividade: Realizar reunião de Planejamento da Sprint restante é atualizada. Quando elementos do plano são
Responsável: Time SCRUM
considerados desnecessários, eles são removidos. "
Introduziremos a descrição da reunião de planejamento
com o conceito de Sprint. O Guia SCRUM define Sprint Atividade: Pausar e Realizar a reunião diária de Sprint
como "o coração do SCRUM” e com uma duração de um Responsável: Time de Desenvolvimento
mês ou menos, durante o qual um “Pronto”, versão
incremental potencialmente utilizável do produto, é criado. A Reunião Diária do SCRUM é um evento com duração de
15 minutos, para que o Time de Desenvolvimento possa
Normalmente várias Sprints são realizadas na aplicação do
sincronizar as atividades e criar um plano para as próximas
método ágil sendo que uma nova Sprint inicia
24 horas.
imediatamente após a conclusão da Sprint anterior. E “cada
Sprint pode ser considerada um projeto com horizonte não De acordo com o Guia SCRUM, as seguintes questões são
maior que um mês. Como os projetos, as Sprints são utilizadas esclarecidas pelo Time de Desenvolvimento na reunião
para realizar algo.” diária:
“O trabalho a ser realizado na Sprint é planejado na reunião
de planejamento da Sprint. Este plano é criado com o - O que eu fiz ontem que ajudou o Time de
trabalho colaborativo de todo o Time SCRUM.” e “a entrada Desenvolvimento a atender a meta da Sprint?
da reunião de planejamento da Sprint é o Backlog do
Produto, o mais recente incremento do produto, a - O que eu farei hoje para ajudar o Time de
capacidade projetada do Time de desenvolvimento durante Desenvolvimento atender a meta da Sprint?
a Sprint e o desempenho passado do Time de
Desenvolvimento.”
- Eu vejo algum obstáculo que impeça a mim ou o Time
De acordo com o Guia, a reunião de planejamento da de Desenvolvimento no atendimento da meta da Sprint?
Sprint responde as seguintes questões:
- O que pode ser entregue como resultado do Atividade: Monitorar o progresso da Sprint
incremento da próxima Sprint? Responsável: Time de Desenvolvimento

21
"Em qualquer ponto do tempo na Sprint, o total do trabalho Um dos resultados da reunião de revisão da sprint “é um
remanescente dos itens do Backlog da Sprint pode ser somado. Backlog do Produto revisado que define o provável Backlog do
O Time de Desenvolvimento monitora o total do trabalho Produto para a próxima Sprint.” por isso esta atividade ocorre
restante pelo menos a cada Reunião Diária. O Time de simultaneamente àquela reunião. Ken e Jeff explicam que
Desenvolvimento acompanha estes resumos diários e projeta a "o refinamento do Backlog do Produto é a ação de adicionar
probabilidade de alcançar o objetivo da Sprint. Com o detalhes, estimativas e ordem aos itens no Backlog do
rastreamento do trabalho restante em toda a Sprint, o Time de Produto”.
progresso.
Desenvolvimento pode gerenciar o seu progresso."
Atividade: Realizar a reunião de Retrospectiva da Sprint
Artefato: Indicadores Burndown Sprint Responsável: Time SCRUM
É semelhante ao indicador Burndown de produto, só que
neste caso monitora o progresso da Sprint. Diferentemente da reunião de revisão da Sprint que tem
um foco mais no incremento e no produto, a reunião de
retrospectiva da Sprint tem um foco no modo de operação
Atividade: Realizar a reunião de Revisão da Sprint da equipe e assim é descrita como “uma oportunidade para o
Responsável: Time SCRUM Time SCRUM inspecionar a si próprio e criar um plano para
melhorias a serem aplicadas na próxima Sprint." De acordo
A reunião de revisão da Sprint ocorre no final da Sprint e, de como o guia, o propósito da Retrospectiva da Sprint é:
acordo como o Guia, ela existe para inspecionar o
incremento e adaptar o Backlog do Produto se necessário.
- Inspecionar como a última Sprint foi em relação às
O Guia destaca que a Reunião de Revisão inclui o Time pessoas, aos relacionamentos, aos processos e às
SCRUM e os Stakeholders chaves convidadas pelo Dono do ferramentas;
Produto, sendo que este último esclarece quais itens do
Backlog do Produto foram 'Prontos' e quais não foram - Identificar e ordenar os principais itens que foram bem
'Prontos'. E, por sua vez, o Time de Desenvolvimento e as potenciais melhorias; e,
demonstra o trabalho que está 'Pronto' e responde as
questões sobre o incremento, além de discutir o que foi
- Criar um plano para implementar melhorias no modo
bem durante a Sprint, quais problemas ocorreram dentro
que o Time SCRUM faz seu trabalho.
da Sprint, e como estes problemas foram resolvidos. Por
fim, o Dono do Produto discute o Backlog do Produto tal
como está. Ele projeta as prováveis datas de conclusão Atividade: Autorizar publicação do incremento
baseado no progresso até a data (se necessário). O grupo Responsável: Dono do Produto
faz uma análise de como o mercado ou o uso potencial do
produto pode ter mudado e o que é a coisa mais importante “Ao final da Sprint um novo incremento deve estar 'Pronto', o
a se fazer a seguir e, também, analisa a linha do tempo, que significa que deve estar na condição utilizável e atender a
orçamento, potenciais capacidades, e mercado para a definição de 'Pronto' do Time SCRUM. Este deve estar na
próxima versão esperada do produto. O grupo todo condição utilizável independente do Dono do Produto decidir
colabora sobre o que fazer a seguir, e é assim que a Reunião por liberá-lo realmente ou não.”
de Revisão da Sprint fornece valiosas entradas para a
Reunião de Planejamento da próxima Sprint.
Artefato: Incremento Pronto

Atividade: Refinar o Backlog do Produto “O incremento é a soma de todos os itens do Backlog do


Produto completados durante a Sprint e o valor dos
Responsável: Dono do Produto incrementos de todas as Sprints anteriores”.

////// Conclusão:
Relatórios do Standish Group³, uma organização ao serem finalizados, observa-se que 64% das
especializada em avaliações de projetos de software, funcionalidades desenvolvidas são raramente ou
tem apontado que “projetos quase sempre falham”, nunca utilizadas, ou seja 64% de desperdício do
em especial os projetos desenvolvidos com base nos trabalho de desenvolvimento de software.
métodos tradicionais de cascata, que, por exemplo,

22
Por outro lado, os relatórios da Standish Group também O Serpro vem adotando o método ágil no
demonstram que projetos realizados com base em métodos desenvolvimento de soluções há algum tempo e
ágeis são, consideravelmente, mais bem sucedidos do que além de resultados relacionados à eliminação do
projetos realizados sob métodos tradicionais, como desperdício do trabalho de desenvolvimento, vem
demonstra o gráfico abaixo: percebendo, também, um maior grau de satisfação
do cliente e da sua equipe, pois entregas utilizáveis
realizadas periodicamente, como preconiza os
métodos ágeis, transmitem uma sensação de
realização constante para ambas as partes.
Como exemplo, uma pesquisa com a equipe de
desenvolvimento do Expresso BR, o correio
eletrônico de governo sustentado pelo Serpro,
demonstrou 81% de satisfação da sua equipe em
trabalhar com métodos ágeis.

¹ Manifesto para o desenvolvimento ágil de software in http://www.manifestoagil.com.br/


² Guia do SCRUM ™ Um guia definitivo para o SCRUM: As regras do jogo, julho de 2013 in http://www.SCRUMguides.org
³ The Standish Group: http://www.standishgroup.com

SOBRE O AUTOR

Membro da ABPMP (Associação de Profissionais de BPM - internacional);


Certificado CBPP (Certificado profissional de Processos);
Certificado COBIT e ITIL ambas certificações, também, internacionalmente
reconhecidas e voltadas ao gerenciamento de processos de TI (Tecnologia da
Informação);
Duas premiações públicas em gestão empresarial que envolvem também o
gerenciamento de processos: Inovação ENAP e CONSERPRO;
Participação nos livros:
- Guia de gerenciamento de processos BPM CBOK (Tradutor e revisor);
- 10º Concurso de Inovação ENAP (capítulo da iniciativa premiada);
- Teletrabalho - Alternativa Flexível (colaborador no capitulo de Resultados);
Implantou o escritório de processos do Serpro (Serviço Federal de Processamento de
Dados), coordenando a modelagem dos 10 macroprocessos que incluem mais de
400 processos da Empresa;
Gerente de divisão de assuntos governamentais do Serpro onde, além de outras
atividades estratégicas, atua como Scrum Master na aplicação do método de
desenvolvimento ágil do correio Expresso BR, o correio eletrônico do governo.
Atua na capacitação e instrutoria em BPM e aplicação de método ágil Scrum.

adinilson.silva@serpro.gov.br

23
Transforme seus processos
com a Plataforma Lecom!

Inteligência na Acelere seu


concepção desenvolvimento
do processo de software!

Maior Aumente a
produtividade no eficiência dos
desenvolvimento seus processos

Controle,
Acompanhe de
monitoramento forma inteligente
e gestão sua operação

22 www.lecom.com.br
BPM NO
Paul Harmon MUNDO
RETORNO SOBRE O
INVESTIMENTO EM BPM

Recentemente tenho recebido muitas


perguntas sobre o retorno sobre o
investimento (ROI) em BPM. É uma pergunta • Agilidade nos negócios.
frequente que, geralmente, aparece uma ou
38.9% disseram que BPM tem um impacto
duas vezes ao ano, e eu sempre desejei ter uma
muito positivo na agilidade nos negócios.
resposta melhor. De qualquer maneira, eis aqui
minha última resposta sobre o assunto.
• Compliance e Gestão de Riscos.
Para responder a essa pergunta, é claro, que
precisamos primeiro definir BPM. Para nosso 39% disseram que BPM tem um impacto muito
propósito aqui, eu começarei a definir Business positivo em compliance e gestão de riscos.
Process Management (BPM) como uma grande
preocupação de negócios que envolve todas as
ações que visam melhorar os processos em • Foco no cliente.
curso ou operações que caracterizam o
41.8% disseram que BPM tem um impacto
negócio. Assim, eu incluiria Seis Sigma e
muito positivo na melhoria das interações com
programas de Lean, Arquitetura de Processos
clientes ou CRM.
de Negócios, Reengenharia de Processos de
Negócio e Transformação de Negócios, para
citar alguns. É certo que, por ter uma visão
ampla de processos, eu torno mais difícil
definir o ROI, mas também acredito que estas Quando perguntados diretamente sobre ROI
são as atividades que a maioria das pessoas em BPM, 96% relataram um ROI positivo e 55%
pensam sobre quando falam de ROI. alegaram um retorno de pelo menos duas
vezes sobre o seu investimento inicial. Ainda,
Antes Figura
de 1 eu ir domais
– Etapas longe Organizacional
Projeto Estratégia com meus SEFA 4.1% relataram um ROI entre 5 e 10 vezes
pensamentos sobre o tópico, vamos considerar sobre o investimento inicial.
o que um Relatório Global de Gestão de
Processos da Capgemini em 2012 tinha a dizer A Capgemini concluiu que BPM oferece altos
sobre o ROI em processos de trabalho. retornos a partir da otimização de processos,
mas alerta que, para obter esse retorno, as
A pesquisa pediu aos entrevistados para organizações precisam criar condições para o
identificar os principais benefícios do BPM, e sucesso. Os resultados da Capgemini foram
obteve as seguintes respostas: parecidos com muitos outros resultados de
outras fontes de pesquisa.
Deixe-me pensar em como eu qualificaria
esses resultados. Em primeiro lugar, gostaria
• Aumento da rentabilidade. de sugerir que, com base na maturidade em
BPM da organização, a definição de BPM
43% disseram que BPM tem um impacto muito considerada estará inclusa em uma ou mais das
positivo na rentabilidade do negócio.s áreas; seguintes formas descritas.

25
• BPM é usado para redesenhar os principais organizações e tenho que lutar para ganhar
processos. (Por exemplo: “nossos processos de qualquer tipo de atenção. Perguntas sobre ROI,
geralmente, vem de organizações que realmente
vendas não são tão bons quanto nosso principal
não entendem e nem aceitam a perspectiva de
concorrente, então nós vamos redesenhá-lo para processos e onde gerentes de nível médio estão
melhorá-lo significativamente”). lutando em um esforço para tentar convencer os
gerentes seniores a dá-los uma oportunidade de
demonstrar o valor do BPM. Quando você vai a
• BPM é usado para melhorar gradativamente
uma organização como a Toyota, ou IBM, você não
os processos existentes. (Por exemplo: “nosso tem que lutar para vender processos. Eles já são
pessoal de vendas sugeriu quatro mudanças que compromissados com a perspectiva de processos
melhoraram nossos processos de vendas e nós e tudo o que você tem que fazer é vender o projeto
iremos implementar dois deles”). e a abordagem específica que você propõe a usar
para superar um desafio em particular.

• BPM é usado para transformar radicalmente Considere a Toyota – a garota propaganda dos
processos - que está sempre promovendo o seu
como o trabalho é realizado, ou para criar
Sistema de Produção Toyota (leia BPM). A
novos processos em resposta às mudanças organização foi criada antes da Segunda Guerra
dos mercados ou tecnologias. Mundial e inicialmente focava em como Henry
Ford organizava suas fábricas (Ford foi um dos
grandes adeptos da perspectiva de processos). A
Você obviamente obtém diferentes resultados, ideia de processo da Toyota, como a minha
dependendo do tipo de iniciativa você deseja própria, foi formada antes dos computadores se
implementar. Melhorias incrementais, tornarem disponíveis e focada em organizar
tipicamente, possuem um ROI modesto com gerentes e funcionários para garantir que os
pouco risco. Transformações frequentemente processos corressem sem problemas e de forma
oferecem grandes retornos mas talvez tragam eficaz. Depois da Segunda Guerra Mundial, a
riscos significativos. Toyota se concentrou em integrar seus sistemas
Mas, com o passar do tempo, eu tenho cada vez de pessoas com automação e criou os processos
mais acreditado que BPM envolve muito mais altamente integrados, pelos quais atualmente é
cultura organizacional. Altos executivos famosa. Primeiro, a empresa dominou a qualidade
entendem suas organizações de formas muito e, em seguida, passou a dominar os sistemas de
diferentes e “empurram” iniciativas formação e de gestão para assegurar um
particulares. Alguns pensam em sua desempenho verdadeiramente superior. Nas
organização como uma planilha e focam em últimas décadas, a Toyota alcançou e ultrapassou
fluxos financeiros. Outros pensam em suas empresas norte-americanas, tornando-se o maior
organizações como um organograma e focam fabricante de automóveis do mundo. Hoje, a
em estabelecer bons relacionamentos e colocar empresa japonesa está expandindo ainda mais os
pessoas certas nos lugares certos. horizontes e dominando a inovação, sendo a
primeira montadora a lançar um carro híbrido e
Alguns executivos pensam em suas dominando 70% desse mercado. Hoje, a empresa
organizações como sistemas os quais tem se mobiliza para criar carros com motor de
entradas e geram saídas. Estes, que escolhem hidrogênio, que irão tornar obsoletos os carros
essa perspectiva, são naturalmente inclinados movidos a gasolina e híbridos. Qualquer lista com
a ver o valor e, em última análise, os as organizações mais eficientes e eficazes irá
resultados, como algo criado por uma incluir a Toyota.
abordagem de processo.
Obviamente, grandes organizações combinam
todas as três perspectivas. Mais importante
ainda, grandes organizações imbuem toda a Então, a Toyota é uma empresa baseada em
equipe de altos executivos com a visão de processos? Sim! Toda vez que seu CEO é citado na
sistemas ou de processos. Harvard Business Review, ele está dizendo algo sobre a
importância dos processos e do Sistema de Produção
Digo isto porque é uma realidade em meu mundo Toyota em todos os aspectos no sucesso da Toyota.
como consultor de processos. Eu vou em algumas

26
Nos Estados Unidos, onde as empresas uma chance” aos processos. A maioria que
americanas de automóveis como GM e Ford trabalha assim consegue pequenas melhorias,
têm gastado décadas estudando as empresas mas poucas conseguem um ROI maior em um
japonesas, eles ainda estão lutando para imitar curto prazo de tempo. BPM pode resolver
o sucesso da Toyota. Enquanto isso, a Toyota problemas específicos, mas se você realmente
abriu fábricas nos EUA, contratando quer resultados impressionantes você tem que
trabalhadores americanos e duplicando seu focar no longo prazo e estabelecer uma base de
sucesso no país. Isso sugere que não basta formação de gestores e funcionários para
copiar o procedimento, mas sim a cultura e a pensarem em termos de processos. Treinar a
atitude gerencial. Os executivos da Toyota equipe custa dinheiro e o retorno inicial, na
acreditam em processos e os praticam sem maioria das vezes, é pequeno. Altos executivos
pensar duas vezes sobre isso. Os executivos da devem ter a visão de perseverar para que eles
Ford e da GM querem acreditar. possam atingir os resultados parecidos com os
de empresas como IBM, Toyota e UPS obtêm
Recuando ainda mais, sou para dizer por que regularmente dos investimentos em processos.
alguns executivos “entendem” as perspectivas
de processos ou de sistemas e outros não. Eu Estou mais do que contente em repetir histórias
tenho vivido o fenômeno, e acredito nisso. Eu de sucesso. A empresa de seguros XYZ
vejo algumas empresas, que falam sobre redesenhou seu processo de resposta ao cliente
processos ou não, e que estão tendo sucesso e aumentou seus resultados finais em 40%.
diário usando a perspectiva de processos todo Estou feliz em citar estatísticas sobre ROI,
dia. E eu vejo outras que estão a caminho do como as que eu citei anteriormente. Mas, no
fracasso. Elas tentam iniciativas isoladas e final, eu tenho visto o sucesso das empresas no
algumas vezes obtêm uma melhora modesta, longo prazo como algo produzido por
mas elas simplesmente não “entendem” executivos que veem suas organizações como
processos e então elas não veem como as sistemas ou conjuntos de processos, e que
coisas se unem como um todo. trabalham constantemente para melhorar a
integração de tudo e como o todo trabalha
Conheço várias empresas que decidiram “dar coletivamente para gerar valor aos clientes.

SOBRE O AUTOR
Paul é um notável editor, autor, analista e consultor especializado
em aplicação de novas tecnologias e metodologias para
solucionar problemas de negócios. Além disso, Paul é fundador e o
reponsável pelo conteúdo técnico do BPTrends Associates,
(www.bptrendsassociates).

27
BPM NO
MUNDO Jan vom Brocke

Dez princípios de BPM


//// JAN VOM BROCKE //// //// PETER TRKMAN ////

//// THERESA SCHMIEDEL //// //// WILLEM MERTENS ////

//// JAN RECKER //// //// STIJN VIAENE ////

*6 de outubro de 2014

//////// RESUMO acessadas mais de 3.000 vezes desde que foram


colocadas online, em março de 2014. Dada a
A dúvida sobre o que é necessário para uma boa importância do tópico - o que é necessário para a
aplicação de1 –BPM
Figura Etapas é frequentemente
do Projeto levantada.
Estratégia Organizacional SEFA
boa aplicação de BPM - e a resposta positiva aos
Uma discussão levantada recentemente por Paul dez princípios, resolvi escrever esse texto com os
Harmon no grupo do LinkedIN BPTTrends demais coautores do artigo original para destacar
Discussions teve 189 respostas em menos de dois os dez princípios e ilustrar como usá-los na prática.
meses. Eu me juntei a diversos outros Todos os leitores são convidados a se envolver
pesquisadores e praticantes de BPM para nessa discussão através de qualquer canal que
compartilhar experiências num workshop sobre acharem adequado.
PBM na Universidade em Liechtenstein em 2013,
onde desenvolvemos dez princípios para a boa //////// INTRODUÇÃO
aplicação de BPM, publicados mais tarde no
O campo de BPM precisa de um conjunto de
Business Process Management Journal (vom
princípios norteadores sobre o que é necessário
Brocke et al., 2014).
para uma boa aplicação, principalmente para
O artigo, que recebeu atenção considerável na orientar a prática, na medida em que diversas
academia, foi o mais baixado no mês em que foi organizações ainda encontram dificuldades para
publicado. Apresentações no Slideshare que para entender como aplicar BPM. O propósito de
mostram um breve sumário do artigo foram BPM não é modelar processos, implantar

28
workflows nem definir indicadores de performance, “ruins” resultam em decepção na prática e ameaçam
mas sim guiar o negócio através da busca da a reputação de BPM como uma ferramenta
eficácia e da eficiência dos processos de negócio. profissional e como campo acadêmico.
Para esse propósito, é importante entender como
Ter um conjunto de orientações bem estabelecidas e
BPM pode contribuir para o valor gerado pelo
pactuadas que consolidem o conhecimento
negócio em uma situação específica, como
acadêmico e prático em BPM certamente pode
dimensionar e delimitar o escopo das iniciativas de
ajudar. Quanto mais pessoas souberem sobre esses
BPM e quais métricas relacionadas a processos
princípios melhor, já que assim consultores,
utilizar para que os benefícios sejam percebidos.
profissionais, executivos, especialistas,
Infelizmente, vários consultores proveem auxílio pesquisadores e professores podem agir com base
limitado, respondendo ou mesmo destacando essas nesses princípios e se beneficiar dessas ações no
questões. O risco, nesse caso, é que a má prática de seu dia-a-dia.
BPM pode resultar em um benefício aquém do que
pode ser gerado, não somente em termos de
automatização e racionalização de processos, mas
//////// OS 10 PRINCÍPIOS
também em termos de inovação e transformação Os princípios resultantes são exibidos em ordem
em diversas áreas relacionadas aos negócios e à alfabética (no original, em inglês) na tabela 1 e são
sociedade, no curto e no longo prazo. Várias práticas delineados no texto a seguir.

PRINCÍPIO BOAS PRÁTICAS ( + ) E PRÁTICAS RUINS ( - ) #

+ BPM se encaixa no contexto organizacional


Princípio da sensibilidade ao contexto 1
- BPM segue uma receita pré-definida

+ BPM é uma prática permanente


Princípio da continuidade 2
- BPM é uma iniciativa isolada

+ BPM desenvolve capacidades


Princípio da capacitação 3
- BPM é limitado a “combater incêndios”

+ BPM tem escopo inclusivo


Princípio do holismo 4
- BPM tem um foco isolado

+ BPM está incorporado na estrutura organizacional


Princípio da institucionalização 5
- BPM é uma responsabilidade ad-hoc

+ BPM envolve todos os grupos de stakeholders


Princípio do envolvimento 6
- BPM exclui a participação de funcionários

+ BPM cria um significado compartilhado


Princípio do entendimento comum - BPM usa linguagem especializada 7

+ BPM contribui para a criação de valor estratégico


Princípio do propósito 8
- BPM é um fim em si mesmo

+ BPM é econômico
Princípio da simplicidade - BPM é complexo 9

+ BPM utiliza tecnologias oportunas


Princípio da apropriação tecnológica 10
- BPM considera o uso da tecnologia uma decisão posterior

*Tabela 1 - Dez princípios para a boa aplicação de BPM (em ordem alfabética no inglês).

29
1. PRINCÍPIO DA SENSIBILIDADE AO CONTEXTO não incluem esforços de sustentação de resultados e
de ligar projetos relacionados a BPM em um
As práticas de BPM devem considerar a natureza
programa amplo de gestão de processos.
diversa dos negócios, tanto para negócios bem
estruturados e focados em eficácia operacional, como Para que a abordagem de BPM não seja um projeto
para negócios pouco estruturados, criativos e isolado, uma mentalidade de processos deve ser
baseados em atividades cognitivas. Portanto, uma estabelecida (vom Brocke, Petry, Schmiedel, &
abordagem “de prateleira” não é apropriada. Por Sonnenberg, 2015), e essa mentalidade deve estar
exemplo, não há uma linguagem de modelagem incorporada em uma cultura organizacional que
correta” para estudar e especificar processos, mas
“correta viabilize a gestão de processos de negócio (Schmiedel,
várias: qualquer uma que atenda aos objetivos de vom Brocke, & Recker, 2013; Schmiedel, vom Brocke, &
negócio e ao ambiente. Algumas iniciativas de BPM 2014
Recker, 2014).
requerem várias linguagens.
O princípio da sensibilidade ao contexto enfatiza que a 3. PRINCÍPIO DA CAPACITAÇÃO
emprego de BPM requer a consideração de uma A gestão de processos de negócio deve capacitar as
configuração organizacional vigente. A sensibilidade pessoas para que elas façam algo positivo com os
ao contexto envolve uma preocupação com fatores processos da organização. Como a gestão de
que distinguem contextos de organizações distintas processos de negócio diz respeito a pessoas em uma
(tais como tamanho, estratégia, indústria, mercado e organização utilizando certas tecnologias para
objetivos) e dentro da mesma organização (tais como cumprir tarefas, a apropriação de uma solução pelas
tipos de processos ou recursos disponíveis, por pessoas é mais importante do que a apresentação da
exemplo, pequenas empresas que possam ter menos solução técnica para o cumprimento dessas tarefas.
recursos de pessoal para a governança de BPM do Na verdade, nós testemunhamos diversos projetos
que grandes empresas). que introduzem soluções ótimas, como intranets com
Práticas de BPM devem ser adaptadas para se diagramas de processos, e que não são bem
adaptar a organização e para diferenciar a gestão de sucedidos porque não são utilizados e atualizados, ou
processos de acordo com a natureza do processo (por porque poucas pessoas as consideram úteis e
exemplo, o grau de automatização, padronização e amigáveis para o usuário. Nós também precisamos
repetição do processo). Em adição, fatores temporais, pensar nos recursos e capacidades necessárias para
como a situação financeira da organização, que uma pessoa cumpra uma tarefa. O princípio da
desempenham um papel fundamental para o sucesso capacitação foca na necessidade de desenvolver
das iniciativas de BPM. Nesse aspecto, praticantes de competências individuais e organizacionais para a
BPM devem primeiro entender plenamente o gestão de processos.
contexto no qual a iniciativa será realizada e auferir as Uma pesquisa existente descobriu que as habilidades
consequências do contexto para o posicionamento e pessoais de profissionais de BPM e de principiantes
o escopo da iniciativa de BPM. têm um papel fundamental no desenvolvimento ativo
de competências organizacionais relacionadas a BPM
2. PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE (Müller, Schmiedel, Gorbacheva, & vom Brocke, 2014).
Pesquisas também examinaram como avaliar quais
BPM deve ser entendido como uma jornada, mais do
competências organizacionais relacionadas a BPM
que um projeto, já que requer um esforço contínuo de
são necessárias em cada estágio e como
aprendizado e aplicação apropriada, mais do que um
desenvolvê-las (Plattfaut, Niehaves, Pöppelbuß, &
esforço isolado para romper com o status quo. A ideia
Becker, 2011). Essas questões deveriam ser tratadas
de BPM é fazer uma gestão de processos de negócio
de acordo com o nível de maturidade da organização
consciente e ser parte da forma como a organização
(Škrinjar & Trkman, 2013); modelos de maturidade
melhora, cresce, inova e transforma. Já que as
(Rosemann, de Bruin, & Power, 2006) oferecem uma
circunstâncias e os objetivos ditam a forma mais
maneira de identificar e avaliar as competências de
eficiente e eficaz de atingir essas metas, BPM deve
BPM necessárias. Dada a natureza continua e
ser considerado um esforço contínuo (Trkman, 2010).
evolucionária da gestão de processos, as iniciativas
Sabe-se que qualquer projeto isolado pode trazer devem se concentrar no desenvolvimento de
benefícios, mas na melhor das hipóteses pode criar capacidades dinâmicas, que são necessárias para
um benefício temporário, que em breve perde terreno responder efetivamente a contingências futuras, não
num cenário competitivo. De fato, iniciativas de BPM somente naquelas que a organização precisa
frequentemente falham em entregar valor porque atualmente (Teece, 2009).

30
4. PRINCÍPIO DO HOLISMO de processos (um escritório de processos, por
exemplo) pode ajudar a aumentar o nível geral de
A gestão de processos de negócio deve considerar
orientação por processos (Rosemann, 2015). Essas
panorama geral e derivar iniciativas conectadas com
unidades de suporte tipicamente usam avaliações
esse cenário. As organizações frequentemente se
multidimensionais da gestão de processos para guiar
lançam em iniciativas antes de entender o contexto
a jornada da organização para ser mais orientada por
mais amplo ou de considerar todas as variáveis
processos, embora os serviços prestados por elas
relevantes com relação à viabilidade de realizar uma
mudança efetiva e sustentável. Como resultado, possa variar significativamente (Rosemann, 2015;
algumas vezes o trabalho é feito em um nível de Willaert, van den Bergh, Willems, & Deschoolmeester,
detalhe que não é necessário ou encontra obstáculos 2007).
no momento em que é executado e as relações entre
projetos normalmente são mal gerenciadas. A falha 6. PRINCÍPIO DO ENVOLVIMENTO
no posicionamento de projetos num contexto amplo
A gestão de processos precisa envolver as pessoas
pode resultar em poucas sinergias criadas e muitas
certas para orientar iniciativas, incluindo não somente
dependências ignoradas.
pessoas formalmente designadas para um projeto ou
O princípio do holismo tem duas dimensões: primeiro, programa, mas também pessoas quaisquer pessoas
a gestão de processos não deve ter um foco isolado que sejam relevantes para o sucesso da gestão
em áreas específicas de uma organização; isso é, não mesmo que não estejam formalmente envolvidas.
deve ser um projeto limitado a um ou a poucos
departamentos, mas deve ser executada ao longo de As organizações quase sempre tentam limitar o
toda a organização ou cadeia. Segundo, a gestão de envolvimento de stakeholders (partes interessadas),
processos não deve ter um foco isolado; por exemplo, através da coleta de informações em entrevistas que
a gestão de processos não deve ser concebida irão servir de insumo para um time de especialistas
somente como um exercício de modelagem, mas que (re)desenha os processos (Rosemann, 2006b;
como uma abordagem holística que também inclui Sarker & Sidorova, 2006). Idealmente, o desenho dos
aspectos estratégicos, metodológicos, técnicos e processos deve ser um esforço colaborativo,
sociais. Esse entendimento holístico tem sido envolvendo representantes das partes interessadas,
defendido por acadêmicos e praticantes de BPM que se apresentam como porta-voz dos seus pares e
(Hammer, 2010; Harmon, 2015; Viaene, Van den Bergh, atuam como agentes de mudança (Rosemann, 2006).
2010
Schröder-Pander, & Mertens, 2010). O grupo completo de stakeholders pode ser envolvido
através de mecanismos como sessões interativas de
feedback, caixas de sugestões, sites internos de
5. PRINCÍPIO DA INSTITUCIONALIZAÇÃO interação social e modelagem de processos
A gestão de processos deve ser fixada nas colaborativa.
responsabilidades da organização. Iniciativas de BPM Para levar as preferências dos envolvidos, as
muito frequentemente começam como iniciativas de gestão de processos devem se conectar
desenvolvimento de modelos, métodos, ferramentas com agendas individuais e com as atitudes e formas
ou outros tipos de solução, para depois tentar
de trabalho das partes interessadas. Esse lado
vende-las para a organização. É muito mais eficaz e
“afetivo” da gestão de processos pode ser ainda mais
eficiente primeiro atribuir a responsabilidade pelo
importante no futuro, à medida que a manutenção de
desempenho dos processos às pessoas e depois
uma imagem positiva entre os empregados se torna
prover soluções demandadas por elas para o alcance
mais importante para a gestão de processos
de seus objetivos. Essa institucionalização da gestão
(especialmente entre jovens profissionais). Esses
de processos é também essencial para sustentar
jovens profissionais esperam que tecnologias móveis
resultados e a continuidade da gestão.
e sociais sejam parte integrante, se não dominante,
Pesquisadores geralmente usam a noção de do seu ambiente de trabalho. A gestão de processos
governança de processos para se referir à precisa demonstrar soluções inovadoras em áreas
necessidade de institucionalizar o pensamento importantes do negócio. Isso vai aumentar a
horizontal e transversal (Markus & Jacobson, 2015). atratividade do campo e o envolvimento de pessoas
Para prevenir que a gestão de processos seja uma tanto na prática como na academia.
responsabilidade ad hoc, é fundamental que os
donos dos processos tenham reponsabilidade e 7. PRINCÍPIO DO ENTENDIMENTO COMUM
autoridade reais (Power, 2011). Várias organizações
descobriram que uma unidade centralizada de gestão A gestão de processos deve criar um significado
31
compartilhado e um entendimento comum que A ideia do princípio do propósito é relacionada com a
perpassa e une todas as partes interessadas nos noção de BPM orientado ao valor (Franz & Kirchmer,
processos de negócio, independentemente do seu 2012; vom Brocke, Recker, & Mendling, 2010). Ambos
nível de especialidade. Vários projetos de BPM criam destacam que o valor pode ser criado por meio de
confusão entre os funcionários porque somente mecanismos de BPM e que a escolha do mecanismo
algumas pessoas entendem a metodologia usada na deve ser alinhada com um propósito estratégico, tais
gestão dos processos. O princípio do entendimento como ganhos de eficiência e integração e agilidade.
comum demanda a introdução e a sustentação de Estudos de caso demonstraram que a gestão de
uma linguagem comum, que permita que todos os processos pode ter vários propósitos (Bandara,
envolvidos enxerguem, analisem e modelem Guillemain, & Coogans, 2015), inclusive iniciativas
sistemas organizacionais. A incorporação da verdes e transformações sustentáveis (vom Brocke,
mentalidade de processos na cultura de uma Seidel, & Recker, 2012).
organização requer que todos os stakeholders
entendam, reconheçam e usem o termo “processo”.
9. PRINCÍPIO DA SIMPLICIDADE
Idealmente, os processos devem ser parte de todas
as conversas dentro da organização, que devem A gestão de processos deve equilibrar insumos e
possuir um entendimento compartilhado dos produtos para encontrar a forma mais simples e
processos e de como perseguir a melhoria contínua e produtiva de alcançar os objetivos organizacionais.
a inovação. Iniciativas de BPM podem facilmente consumir uma
A maioria dos esforços na criação de um quantidade enorme de recursos, então o princípio da
entendimento unificado residem em torno da simplicidade sugere que a quantidade de recursos
utilização de modelos de processos (Curtis, Kellner, & (por exemplo tempo e dinheiro) investidos na gestão
Over, 1992). Tipicamente, as organizações modelam de processos deve ser monitorada para garantir que
processos usando uma linguagem comum para projetos de BPM são econômicos. Diversas
descrever, comunicar e analisar processos. A abordagens de BPM vistas na prática, entretanto,
modelagem encoraja que os usuários entendam os tendem a ser complexas e excessivamente técnicas,
processos em termos de eventos, tarefas, atores e com pouco valor visível para as organizações. Para
outras noções (Recker, Rosemann, Indulska, & Green, garantir que a gestão de processos beneficie as
2009). Entretanto, as representações de processos organizações, todas as iniciativas de BPM devem,
são tão eficazes quanto o entendimento comum que então, ser conduzidas da forma mais eficiente.
elas criam. Modelos de processos não devem ser A gestão de processos engloba múltiplas técnica e os
artefatos complexos que somente podem ser seus produtos podem ser usados para diversos fins,
entendidos por especialistas (Mendling, Strembeck, & como documentação, melhoria e compliance. Ao
Recker, 2012), mas devem ser simples e intuitivos mesmo tempo, a complexidade inerente da gestão de
para fomentar o entendimento coletivo. processos de negócio não deve levar a um hábito de
excesso de engenharia. Se há incerteza sobre qual
8. PRINCÍPIO DO PROPÓSITO opção adotar, A lâmina de Occam pode ser útil: a
abordagem mais simples normalmente é a melhor.
A gestão de processos de negócio precisa criar valor. Em outras palavras, não se deve ir além do necessário
Iniciativas de BPM que não estão alinhadas com os
quando trata-se do número ou da intensidade de
objetivos estratégicos da organização provavelmente
projetos e atividades relacionados a BPM.
vão ter problemas de adesão na organização, o que
geralmente causa o seu fracasso. A gestão de
processos não deve ser adotada porque está em voga 10. PRINCÍPIO DA APROPRIAÇÃO TECNOLÓGICA
ou porque é “o jeito certo de fazer as coisas”; ela deve A gestão de processos precisa fazer o uso
servir a um propósito específico que seja oportuno de tecnologia em geral, particularmente
estrategicamente relevante para a organização. de tecnologia da informação (TI). Solução de TI
Mesmo que isso pareça óbvio, é frequentemente podem ajudar a aumentar a eficiência e a eficácia
ignorado na prática. Trata-se de um princípio de processos de negócio. Por exemplo, a
particularmente importante, na medida em que foca
implantação de sistemas empresarias contribui
na habilidade da gestão de processos em criar
para projetos de reengenharia de processos, e
transparência sobre o negócio e os sistemas da
soluções de business intelligence apoiam
organização. Essa transparência ajuda a criar e
significativamente esforços de melhoria contínua.
melhorar o valor gerado pela gestão de processos e é
Existem diversas previsões sobre o poder de
essencial para a criação de uma prática de BPM
transformação de tecnologias como computação
confiável.
32
na nuvem, dispositivos móveis, redes sociais, //////// USANDO OS 10 PRINCÍPIOS NA
big data e analytics.
PRÁTICA
Tratar a gestão de TI como um pensamento
posterior ao (re)desenho de processos pode Nós apresentamos os dez princípios em ordem
colocar em risco a continuidade, o crescimento alfabética para enfatizar que eles são
e o poder de transformação de uma empresa. A igualmente importantes e que podem ser
seleção, implantação e exploração de soluções estruturados e priorizados de maneiras
de TI devem ser parte integrante da forma diferentes, dependendo do propósito
como a gestão de processos é conduzida para específico de uma organização. Praticantes de
apoiar a empresa, não somente como BPM consideram esses princípios úteis no
departamentos ou indivíduos isolados. Nesse planejamento e na avaliação de iniciativas de
contexto, os melhores CIOs (Chief Information BPM, assim como a distinção dos princípios
Officer, ou Diretor de Informação) perceberam que tratam a estratégia, a abordagem e as
que as áreas de negócio e tecnologia devem medidas de iniciativas de BPM. A tabela 2
melhorar a forma com que entregam valor apresenta os princípios estruturados de acordo
conjuntamente ao invés de focar em soluções com essas classificações.
(
locais (Viaene, Hertogh, & Jolyon, 2011).

ESTRATÉGIA ABORDAGEM MEDIDAS

A gestão de A gestão de processos A gestão de processos


processos precisa de deve adotar uma deve adotar medidas
uma estratégia que: abordagem que dê que se alinhem com a
suporte à estratégia e abordagem e que:
- Esclareça o que:
propósito (8). - Apropriem tecnologia
- Seja holística no seu (10).
- Considere o escopo (4).
contexto - Levem a um
organizacional - Envolva todas as entendimento comum
específico (1). partes interessadas (6). (7).

- Capacite as pessoas - Sejam


(3). institucionalizadas (5).

- Permita a prática - Sejam simples (9)


contínua (2).

Tabela 2 - Dez princípios estruturados de acordo com a direção, escopo e medidas de BPM
(com número de referência dos dez princípios entre parênteses).

A tabela 3 apresenta um checklist que pode ser maneira rápida, à luz dos dez princípios. O
usado para a reflexão sobre as iniciativas de checklist considera todos os princípios,
BPM da organização e sobre como elas estruturados com base na estratégia,
preenchem os dez princípios. O checklist abordagem e medida, e ilustra como os dez
permite que as organizações façam uma auto princípios podem ser usados no contexto de
avaliação sobre sua gestão de processos de uma iniciativa de BPM.

33
Tabela 3: Checklist da qualidade de iniciativas de BPM (com número de referência dos dez princípios entre parênteses).

Existem pesquisas que investigam formas de refinar os critérios de avaliação e desenvolvem um conjunto de
instrumentos para a prática.

//////// SINTETIZANDO - LIÇÕES


APRENDIDAS
Para a gestão de processos ser bem sucedida e
bem vista, todos os dez princípios devem ser
considerados em todas as iniciativas de BPM.
Dependendo do tipo específico de uma
iniciativa, alguns princípios devem ser mais
importantes do que outros. Por exemplo, se
uma iniciativa for focada em escopo, não é
necessária uma extensão de escopo, mas deve
haver consciência do sentido amplo do projeto,
no sentido de como ele se relaciona com outras
áreas e projetos. Uma boa iniciativa de BPM
deve ser capaz de fazer afirmativas
convincentes sobre como os princípios foram (e
são) considerados nos projetos relacionados. O

34
Quer falar
diretamente
com o seu
público?
Ser PATROCINADOR da
Revista BPM Global Trends
lhe garante este diferencial
competitivo.

Veja mais alguns benefícios:

+ 2.300 leitores/mês

Abrangência Nacional

Audiência de 2.000
visitas/mês online

E TEM MAIS:
Sendo nosso parceiro, sua marca será exposta
gratuitamente nos maiores eventos de BPM do Brasil.

Gostou? Entre em contato conosco


para Anunciar!

contato@bpmglobaltrends.com.br
31
EVENTOS

Aconteceu

10.12.2014 - 12.12.2014 22.04.2015 - 24.04.2015


BPM Boot Camp, 29ª edição, Brasília BPM Boot Camp, 31ª edição, Salvador

13.12.2014 25.04.2015
Exame CBPP, Brasília Exame CBPP, Salvador

28.01.2015
Autoavaliação da Gestão Regional Minas Gerais 27.04.2015
da ABPMP BR BPM Day – São Paulo

27.04.2015
17.03.2015 - 19.03.2015
Encontro de CBPP – São Paulo
BPM Boot Camp, 30ª edição, Rio de Janeiro

20.03.2015 09.05.2015
Exame CBPP, Rio de Janeiro BPM CBPP Recertification, 7ª edição, Brasília

21.03.2015
BPM CBPP Recertification, 6ª edição, Rio de
Janeiro

Eventos

20.05.2015 - 22.05.2015 24.06.2015 (08:00) - 26.06.2015 (18:30)


BPM Boot Camp, 32ª edição, Brasília BPM Boot Camp, 33ª edição, São Paulo

23.05.2015 - (07:50 - 11:45) 27.06.2015 - (07:50 - 11:45)


Exame CBPP, Brasília Exame CBPP, São Paulo

09.06.2015 (08:00)
BPM Day – Salvador

36
LIVROS

Business Process Management: Practical Manual de BPM: Gestão de Processos de


Guidelines to Successful Implementations Negócio
John Jeston e Johan Nelis Michael Rosemann e Jan vom Brocke

Business Process Este livro reúne


Management, um contribuições de
best-seller, já ajudou especialistas de várias
milhares de líderes e partes do mundo,
profissionais de BPM a incorporando um rico
implementar projetos conjunto de pontos de
de processos ao redor vista que abrem
do mundo, permitindo caminho para uma
a eles adicionar valor visão holística de
mensurável às suas BPM. A versão
organizações. brasileira passou por
uma criteriosa seleção
O grande sucesso
desse livro pode ser dos textos com maior
atribuído pela sua alinhamento aos

visão global das principais ferramentas de gestão de principais desafios vivenciados por organizações
processos (como LEAN e Seis Sigma), sem investir privadas e públicas de todo o país.
tempo demais em umas em detrimento de outras, e a
uma ênfase singular na inter-relação entre BPM e Sobre os autores:
gestão organizacional, cultura e liderança – BPM diz
respeito às pessoas tanto quanto diz respeito a Michael Rosemann é Professor e Chefe da Information
processos. Sua abordagem ensina como BPM deve ser Systems School, Science and Engineering Faculty,
integrado a um negócio se quiser ser bem sucedido: Queensland University of Technology, Brisbane,
ampliado e alinhado a outras disciplinas de gestão. Australia. Rosemann é um pensador disruptivo, com
uma mente digital e uma paixão pela inovação
corporativa e pelo desenho de processos.
Sobres os autores:
Jan vom Brocke é Professor e Chefe do Information
John Jeston tem cerca de 40 anos de experiência como
Systems Department na University of Liechtenstein.
executivo sênior e consultor. Ele dirige uma consultoria
Ele também é co-Diretor do Master of Science in
internacional, chamada Management By Processos
Information Systems e Diretor do PhD Program in
Pty Ltd.
Business Economics na mesma instituição. É autor e
Johan Nelis trabalha como Business Improvement editor de 23 livros, incluindo o International Handbook
Practice Manager para a Oakton, uma consultoria e on Business Process Management.
empresa de tecnologia australiana. É co-fundador e
Vice Presidente do Dutch BPM Forum e Presidente do
Conselho do Sydney Forum.

37
CAPA
MODELO DE AVALIAÇÃO DE
MATURIDADE DA GESTÃO
POR PROCESSOS

É sabido que uma Gestão por Processos em sua plenitude tema. Uma avaliação de maturidade é recomendada como
não é algo implantado instantaneamente em uma ponto de partida para toda organização que pretenda
organização. Pelo contrário, sua implantação demanda revisar sua maneira de aplicar Gestão por Processos, de
tempo e esforço, sendo necessário incutir no dia a dia das forma a otimizar sua lógica interna de gestão e agregar
pessoas não apenas novas práticas e ritos de gestão, mas maior valor para seus clientes.
uma nova cultura e forma de enxergar o trabalho.
O livro “Repensando a Gestão por meio de Processos”, de
Sabe-se também da importância da medição de resultados Leandro Jesus e André Macieira, apresenta um Modelo de
para uma boa gestão. Nesse sentido, uma avaliação de Avaliação de Maturidade da Gestão por Processos que vem
maturidade na Gestão por Processos é de suma sendo aplicado em diversas empresas nacionais.
importância para as organizações empenhadas em evoluir
suas práticas de BPM, pois permite analisar práticas atuais O Modelo se baseia na metodologia de BPM da EloGroup,
e estabelecer um roadmap de ações para evolução no que é dividida em quatro grandes blocos, a saber:

EXECUÇÃO DE PROJETOS DE DESDOBRAMENTO DA ESTRATÉGIA


TRANSFORMAÇÃO: PARA PROCESSOS:

Envolve os diversos projetos de transformação, Envolve as atividades de priorização de


com a melhoria de processos existentes ou demandas estratégicas e das unidades de
desenho de novos processos. Inicia-se com a negócio, definição do portfólio de projetos
definição de escopo e ganhos estimados em um de transformação, gestão do portfólio e
projeto e termina com a implementação de novo disseminação dos resultados alcançados.
processo e aferição dos ganhos alcançados.

GESTÃO DO DIA A DIA: GOVERNANÇA:

Envolve as ações de monitoramento de Envolve a determinação de papéis e


desempenho, riscos e conformidade dos responsabilidades adequados para o
diversos processos do negócio e realização estabelecimento das ações de gestão
de ações de melhoria contínua. orientada por processos na empresa

39
Dentro de cada um dos blocos, são avaliadas boas práticas para evolução da gestão por processos, conforme
quadro a seguir:

EXECUÇÃO DE PROJETOS DE DESDOBRAMENTO DA ESTRATÉGIA


TRANSFORMAÇÃO: PARA PROCESSOS:

- Utilização da cadeia de valor/arquitetura de


- Definição do escopo do projeto processos
- Estimativa e apuração de ganhos - Desdobramento da estratégia para metas de
- Geração de ideias de melhoria processos
- Gestão da mudança na implementação do processo - Construção de portfólio de projetos de transformação
- Estimulo às pessoas para implantar a estratégia

GESTÃO DO DIA A DIA: GOVERNANÇA:

- Envolvimento do patrocinador da Gestão por


- Padronização dos processos Processos
- Definição do escopo dos indicadores de desempenho - Atuação do Guardião de Processos
- Condução de reuniões para gestão do dia a dia - Consciência dos Gestores Funcionais
- Utilização dos resultados de conformidade e auditoria - Atuação do Escritório de Processos

O resultado final da avaliação indicará o nível de maturidade da empresa em cada uma das boas práticas
e dos blocos analisados. A escala de maturidade utilizada é:

NÍVEL 0 GESTÃO DE PROCESSOS DESESTRUTURADOS: Processos existem de maneira informal e


desestruturada na organização.

NÍVEL 1 GESTÃO DE PROCESSOS FUNCIONAIS: Processos da organização são entendidos,


mensurados e melhorados em nível de departamento ou áreas de trabalho.

NÍVEL 2 GESTÃO DE PROCESSOS PONTA-A-PONTA: Processos da organização são entendidos,


mensurados e melhorados numa visão ponta-a-ponta, cruzando áreas funcionais.

NÍVEL 3 GESTÃO DA JORNADA DO CLIENTE: Processos do cliente são entendidos, mensurados e


melhorados. A organização e seus parceiros participam dos processos (ou jornada) do cliente.

Ao fazer a análise do nível de maturidade das boas práticas de gestão, a organização poderá chegar aos
seguintes resultados, conforme tabelas abaixo:

40
41
42
43
44
Para realização da Avaliação de Maturidade da
Gestão por Processos, será necessário coletar
e analisar a documentação elaborada pela
organização em suas ações de BPM, além de
entrevistar seus principais atores, para
entender as iniciativas, metodologias e
ferramentas utilizadas na Gestão por
Processos, bem como os resultados alcançados
por meio dela.

Feito isso, será possível analisar o grau de


maturidade da organização e construir um
roadmap para evolução da Gestão por
Processos nos próximos anos, com
recomendações de práticas a serem adotadas
ou revistas, colocando a organização no
caminho certo para o alcance da excelência em
BPM.

Nessa edição da revista BPM Global Trends,


disponibilizamos uma planilha utilizada como

45

Você também pode gostar