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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO

ESCOLA DE EDUCAÇÃO E HUMANIDADES


CURSO DE FILOSOFIA (BACHARELADO)
HUMANISMO CONTEMPORÂNEO
GRUPO: RAPHAEL MAGALHÃES FARIAS RAMOS
ARYELLITON PEDRO ALVES CORREIA BARBOSA
WALLACE MELO DA SILVA FELIX
DIOGO NUNES DE FIGUEREDO
SEVERINO ROSENO DA SILVA NETO
TIAGO THOMÁS SILVA

HUMANISMO NA ORDEM DOS IRMÃOS DA BEM-AVENTURADA VIRGEM MARIA DO


MONTE CARMELO

 ORIGENS E DESENVOLVIMENTO INICIAL


Os carmelitas surgiram dos cruzados estabelecidos no Monte Carmelo da Galiléia no
século XII. Ali estão no início do século seguinte “ao exemplo e imitação do santo e
solitário homem Profeta Elias, junto à fonte que de Elias leva o nome, em cubículos
como colméias, onde como abelhas colhiam o mel divino da doçura espiritual”. Tanto
na época como depois, os carmelitas nunca deram a alguém em particular o título de
fundador, permanecendo fiéis ao modelo de Elias, ligado ao Monte Carmelo pelo
episódio narrado em 1Rs 18, 20-45 (sacrifício e nuvenzinha) e pela tradição patrística
greco-latina. Construíram uma capela e a dedicaram a Maria, Mãe de Jesus. Isto fez
com que surgisse neles o sentimento de pertença a Nossa Senhora como Senhora do
Lugar (Conforme a cultura do feudalismo, o senhor feudal (superior) e sua esposa (a
senhora do lugar)). Dela tomaram o nome e a ela deram os atributos dados ao
fundador e padroeiro. Em seguida o elemento mariano foi enriquecido. A “forma de
vida” – de acordo com o “propositum” manifestado pelos eremitas – foi dada num ano
não sabido entre 1206 e 1214 pelo patriarca de Jerusalém Santo Alberto. 
A ordem do Carmo ou Carmelita não tem fundador(a), temos por exemplo e guia
inspiradores que fomentaram a ordem:
-O Profeta Elias
-O Profeta Eliseu
-E Maria mãe de Jesus com o título de “Bem aventurada Virgem Maria do Monte
Carmelo a Senhora do Lugar

• ESPIRITUALIDADE CARISMA
A Regra foi escrita entre 1206 e 1214, pois foi nestes anos que Alberto era Patriarca de
Jerusalém. Alberto, como ele mesmo afirma no Prólogo, foi procurado por um grupo
de eremitas que moravam no Monte Carmelo. Eles já tinham uma organização, pois
viviam sob a obediência de um certo B (Brocardo). Foram até Alberto com uma
proposta, "propositum", ou projeto de vida que eles, naquela oportunidade, queriam
submeter à apreciação do patriarca. Não pedem uma "Regra", mas sim uma coisa bem
mais humilde. Pedem apenas que Alberto examine a proposta e lhe dê uma "norma de
vida" (vitae formulam). Mais tarde esta Norma foi aprovada como "Regra da Ordem
dos Irmãos da Bem-aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo".
No século XIII os religiosos acabaram por migrar para os países do Ocidente, fugindo
das invasões sarracenas. A Ordem foi erradicada da Terra Santa com a caída do reino
latino (1291). Os conventos existentes na Palestina: do Monte Carmelo, de São João de
Acre e de Tiro desapareceram. No entanto permaneceram com o título de Província da
Terra Santa os conventos da ilha de Chipre até 1571. Os carmelitas reformados
estabeleceram novas relações com as comunidades, tendo uma participação mais ativa
na vida dos leigos, consequência da crescente urbanização; e, por último, temos o
movimento humanista da renascença, visto que os ideais renascentistas contribuíram
para o forjamento de uma nova visão de homem e para um crescente
desencantamento do mundo, a retomada da leitura dos clássicos pelos humanistas, do
período renascentista.
A vida Carmelitana, como se apresentava naquela época, era considerada como um
estilo místico, uma vocação fundada na humildade e mortificação que só era possível
por meio de incentivo à solidão e do silêncio. No período da decadência da Ordem, se
assim pode-se dizer, é um fator histórico, comum praticamente a todas as Ordens
Religiosas. Essa desestruturação teve início em fins do século XIV e seguiu tomando
maiores proporções. As causas da decadência vivida em certos momentos da história
foram:
a) a peste negra que dizimou a Europa, morrendo quase metade da sua
população;
b) a cisma do Oriente 1378/1429: como as demais Ordens, a Carmelitana se
dividiu em dois clãs, cada um com seu governo até 1411, quando veio a
reunificação, sendo eleito o Pe. João Grossi;
c) a influência do meio ambiente: os princípios do mundo, adversos à vida
espiritual, penetraram nos conventos;
d) os estudos na Ordem foram exagerados: os estudantes e estudiosos
prejudicaram muito a vida comunitária. Recordemos que eram os dias fatais do
humanismo renascentista, puramente pagão.

• SURGIMENTO DAS ORDENS SEGUNDA E TERCEIRA


Já nos inícios da história carmelitana, encontramos os chamados oblatos, leigos que,
de uma ou outra forma, fazem parte da família do Carmo. Em certos casos chegam a
fazer uma verdadeira profissão religiosa, ‘doando-se’ — se et sua (a si mesmo com
seus bens) — à Ordem, representada pelo seu legítimo superior. Em tese podem ser
tanto homens quanto mulheres, mas, na realidade, predominam largamente as leigas.
Normalmente vivem em casas separadas e vestem um hábito semelhante a dos frades,
daí a denominação manteladas. Outros nomes dizem respeito a casos mais ou menos
idênticos: oblatas, conversas, beatas, pinzocheras, beguínas, terciárias. Todas
dependiam de um determinado convento e não formam grupos homogêneas.
Beato João Soreth se empenhou na obra de reforma da Ordem do Carmo, toda ela
centrada na ‘observância regular’. A criação de conventos femininos está nesta mesma
linha de ação. É bem possível que o caso das beguínas de Geldre ofereceu a Soreth a
oportunidade para ampliar sua visão no sentido de dar início a um verdadeiro ‘ramo
feminino’ da Ordem do Carmo. É fato comprovado que o Geral colocou essas
iniciativas sob sua direta jurisdição ou as confiou a Carmelitas ‘já reformados’. Os
mosteiros de ‘monjas carmelitas’ tornaram-se logo centros de irradiação espiritual e
laboratórios da reforma desejada por Soreth. A vida em comum, o Ofício coral, a
estrita observância com a clausura rígida dão prova disso.
Acontece que, segundo as leis em vigor naquele tempo, só as terciárias ‘continentes’,
portanto com voto de virgindade — o que excluía expressamente os laços
matrimoniais — possuíam plenamente os privilégios da Ordem terceira. As não-
continentes (as casadas) foram relegadas a um plano inferior, semelhante a das
coirmãs da Ordem, ou seja aquelas que não tinham feita profissão religiosa e, por isso,
consideradas ‘seculares’, não obstante certos compromissos espirituais as ligassem à
Ordem. Essas últimas tornaram-se a variante feminina dos confrades ‘de capa branca’
com regras próprias que, na Espanha, ao que tudo indica, eram conhecidos também
por “terceiros’.
Em suma, “quanto à origem da Ordem Terceira, podemos aceitar como um fato
histórico, que a Ordem Terceira do Carmo. No seu sentido geral como é conhecida
hoje, não existia antes de 1476. Os Carmelitas, embora tivessem a direção espiritual de
numerosos grupos de pessoas desejosas de uma vida mais perfeita, não possuíam o
direto de agregar tais grupos à Ordem.
• HUMANISMO – GRANDES TRANSFORMAÇÕES
O Humanismo caracterizou-se como um movimento de grandes transformações
envolvendo o homem e sua relação com o mundo. Sobre esse conceito, em muitos
manuais existe uma preocupação didática em dividi-lo em dois momentos: o
Renascimento e o Humanismo. Entende-se, porém, que ambos constituem uma
unidade, visto que se referem a uma época que buscou responder às necessidades de
seu contexto histórico, envolvendo questões de ordem econômica, política, social,
cultural e, notadamente, educacionais.
Tais aspectos são fundamentais à compreensão da espiritualidade carmelita e das
bases da pedagogia Humanista. A mudança para o modo de vida mendicante não
ocorreu sem lutas no interior da Ordem, mas o modelo de vida e de espiritualidade
eremítica primitiva foi modificado de acordo com a norma de vida dos mendicantes.
Nesse sentido, a espiritualidade eremítica passou a ser exercida em solidariedade com
a crescente urbanização.
A ênfase do trabalho religioso dos mendicantes carmelitas recaiu sobre a vida neste
mundo, de acordo com o ideal Humanista de valorização do homem e da vida terrena.
Este era o principal aspecto da regra e da nova espiritualidade carmelita, isto é, “deixar
tudo e pôr em prática a palavra de Cristo” no interior da cultura urbana.
A nova espiritualidade carmelita mais adequada aos valores culturais da vida urbana
surgiu em uma época de renascimento religioso, inspirada no movimento renovador
dos mendicantes, especialmente os franciscanos. Esta nova espiritualidade nasceu em
reação aos sinais das mudanças sociais e culturais visivelmente já observadas a partir
do século XII, melhor definidas em sua totalidade, entre os séculos XV e XVI, na medida
em que o centro cultural e de gravidade econômica e social foi sendo transferido do
campo para a cidade.
Pode-se perceber a influência do Humanismo Renascentista na importância dada ao
homem, à sua dignidade e ao seu lugar privilegiado no mundo. Na Espanha, o
pensamento de São João da Cruz, religioso do século XVI, é representativo dos novos
ideais pedagógicos de inspiração humanista, que muito contribuíram para o
desenvolvimento da educação e das bases da pedagogia nos Tempos Modernos. As
Ordens Mendicantes tiveram um papel pioneiro, como resultado da expansão de
escolas elementares para o atendimento das camadas populares, pelo incentivo ao
ensino, em língua vernácula, da leitura e da escrita. O reformador carmelita, João da
Cruz, teve esse propósito, na medida em que foram construídos novos conventos dos
Carmelitas Descalços nas cidades em que se fixavam, inspirado nos ideais pedagógicos
do Humanismo. Para melhor entendimento desse movimento, faz-se necessário
analisar a relação entre Renascimento, Humanismo e Educação.
Os carmelitas reformados estabeleceram novas relações com as comunidades, tendo
uma participação mais ativa na vida dos leigos, consequência da crescente
urbanização; e, por último, temos o movimento humanista da renascença, visto que os
ideais renascentistas contribuíram para o forjamento de uma nova visão de homem e
para um crescente desencantamento do mundo, a retomada da leitura dos clássicos
pelos humanistas, do período renascentista, correspondeu à configuração de uma
nova pedagogia, forjada no interior das comunidades urbanas, com elementos
pedagógicos da educação Humanista que muito contribuíram para o surgimento da
moderna pedagogia.
Na produção poética e doutrinal de João da Cruz há uma preocupação didática
notadamente na maneira peculiar com que ele usa a linguagem para comentários seus
textos poéticos. Neles, existe um evidente cuidado com a arte de ensinar. Há, em seus
escritos, um exercício didático que busca a renovação da cristandade pela vida interior,
pela reforma da educação religiosa, com fundamento em práticas pedagógicas
configuradas no Humanismo cristão, forjando, ainda que incipientemente, o
nascimento de uma educação de caráter mais utilitário.
O envolvimento da espiritualidade carmelita com a vida em e para a comunidade
enfatiza o momento de uma nova religiosidade, mais afeita às necessidades daquele
momento, sobretudo pelo movimento de contrarreforma existente no interior da
Igreja, intensificado entre os séculos XV e XVI. No itinerário místico de João da Cruz,
observa-se que a mudança do centro de gravidade na ordem econômica e social foi
transferida do campo para a cidade; a antiga riqueza fundada sobre posses de terras
foi superada pela riqueza urbana, mediante a circulação comercial de produtos e
pessoas. A vida em sociedade exigiu novos costumes, valores e hábitos, que somente
foram sendo apropriados na medida em que as populações eram alfabetizadas.
O Humanismo, no que se refere ao seu desenvolvimento na Espanha no século XVI,
não se caracterizou puramente como literário e formal; sua influência repercutiu na
busca pela verdade nas áreas de geografia, de astronomia, de filosofia, de teologia, de
ascética e de pedagogia. Na área da educação, houve uma grande preocupação com a
sistematização de métodos ou de caminhos que facilitassem o desenvolvimento das
ciências e da ascensão da alma a Deus. Por volta da metade do século XVI, o foco de
interesse do Humanismo cristão foi a disputa para harmonizar graça e liberdade, lei e
liberdade e o direito dos homens e da sociedade. A Universidade de Alcalá foi o
principal centro do Humanismo na Espanha, por se caracterizar pela volta ao estudo
das fontes, ao cultivo das línguas e ao gosto literário, e à valorização do homem e de
sua dignidade.
Tanto os humanistas como os religiosos observantes cultivavam os valores de uma vida
interior e virtuosa, uns como pedagogos e outros como ascetas, que buscavam a
perfeição espiritual; recomendavam a leitura dos clássicos da arte e da espiritualidade;
defendiam a dignidade corporal e espiritual do homem; enfatizava o conhecimento
próprio como caminho de união com Deus. Apesar de o Humanismo espanhol formar-
se como uma corrente mais aristocrática e culta, os religiosos observantes aceitaram o
ponto de vista estético, a renovação dos métodos teológicos, o enriquecimento dos
temas e o conhecimento mais profundo e universal do homem
Entre os religiosos e as ideias humanistas, separados durante muitos anos, passou a
haver uma fecunda colaboração. Os pontos em comum eram: a aceitação da ideia
medieval de progresso; valorização da atitude de busca da verdade, da história e do
estudo das línguas como preparação básica para o futuro teólogo; valorização da
dignidade humana e do livre arbítrio, a liberdade para investigar, a liberdade política,
os direitos humanos e a harmonia entre liberdade e graça e entre liberdade e lei;
acreditavam na possibilidade de equilíbrio entre teologia escolástica e mística; na
busca do conhecimento de si mesmo e promoção da volta ao estudo dos clássicos
latinos e gregos; no desenvolvimento de um cristianismo interior e essencial;
esforçavam-se em levar o homem a Deus por meio de seu itinerário místico;
acreditavam no ideal de perfeição dos homens; não eram contrários ao
intelectualismo, nem à experiência e valorização da dignidade humana.
Os efeitos educativos do humanismo foram extraordinários. Buscava-se a formação de
um homem que fosse íntegro e com habilidades para atuar e enfrentar os problemas
vividos em sua época. Tais elementos são característicos da pedagogia humanística,
fundamentada no Humanismo Cristão, sobretudo pelas ideias educacionais, que
consistiam na valorização de três fatores básicos, essenciais para o desenvolvimento
humano: a natureza, o método e o exercício. A natureza compreende a propensão e a
disposição para o bem, o método caracteriza-se pelos ensinamentos e preceitos e, por
fim, o exercício trata-se da disposição do aprendiz em exercer uma vida com base na
natureza e no método apreendidos
As transformações culturais produzidas ou prefiguradas pelo Humanismo
influenciaram decisivamente o ambiente intelectual do século XVI. Tratou-se de um
período histórico favorável ao desenvolvimento da leitura e da escrita como condição
necessária ao progresso do caminho místico de união para Deus. As obras de João da
Cruz, sobretudo Subida do Monte Carmelo e Noite Escura, representam uma influente
pedagogia que marcou o pensamento de sua época, ou seja, uma pedagogia
essencialmente humanista e cristã, na qual é valorizado o diálogo interior com Jesus
Cristo pela insistência na vida afetiva do espírito. A formação elementar, em língua
vernácula, em parte consequência da expansão do protestantismo, especialmente na
Espanha contribuiu para que as pessoas recebessem um conjunto de ensinamentos e
de práticas de conformação da espiritualidade ao hábito do privado e a sua submissão
às vontades da autoridade pública, como expressão do novo papel do Estado.
• ORDEM CARMELITA ATUALMENTE
Atualmente, a vida Carmelitana está florescendo em vários países, surgindo novas
comunidades. No Brasil, são duas províncias e um comissariado: A Província
Carmelitana Pernambucana, onde estão desde 1580, a Província de Santo Elias no Rio
de Janeiro e o Comissariado no Paraná. Na região Sul encontram-se varias casas
pertencentes a uma província alemã.
A vivência no Carmelo tem como finalidade a sua espiritualidade. Mais que sua
história. Trata-se de diversas formas de vida, em torno das quais se agrupam os
elementos comuns de um Instituto Religioso. A união com Deus é a maneira de ser e
de atuar do Carmelo, o apostolado é entendido como vida comunitária e oração. Na
Regra de Santo Alberto de Jerusalém, encontram-se expressa a inspiração dessa vida e
seus princípios fundamentais. O silêncio é muito mais valioso e mais difícil porque é
mais profundo. O companheiro inseparável do silêncio é a solidão. Os dois se
necessitam, se complementam. Não se trata aqui de solidões por fuga, ou porque são
romântica se até mesmo consideradas neuróticas. Trata-se de solidões fecundas,
enriquecedoras, capazes de dar sentido à vida.
O Carmelo não é somente contemplativo, é também apostólico. Desde os princípios, a
Reforma Teresiana se ocupou em ministérios de atividade, tomando três diretrizes
apostólicas: o apostolado cultural, a direção espiritual e o trabalho missionário.

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