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DANIEL

AUGUSTO MARTINS

A verdadeira história de Lúcifer


1ª edição
2017
Copyright © 2017 por Daniel Augusto Martins

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CAPA
Ygor Moretti Fiorante

REVISÃO
Carolina Provenzano

DIAGRAMAÇÃO EPUB
Fabricio Hersoguenrath

ISBN
9788555850790

EDITORA CIA DO EBOOK


Rua Ataliba Souza Silva, 311
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SUMÁRIO

Capa
Espelho
Página de créditos
Introdução
Capítulo 1 - O primeiro grupo de anjos caídos
Capítulo 2 - O segundo grupo de anjos caídos
Capítulo 3 - Rafael o príncipe da pérsia
Capítulo 4 - Armas de satanás
Capítulo 5 - Conclusões e revelações
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INTRODUÇÃO
Nesse trabalho, vamos explicar as verdadeiras razões que levaram Lúcifer a
ser expulso do céu. Os motivos que realmente levaram esse anjo ao banimento
são muito diferentes dos motivos que hoje conhecemos.
Jesus e seus discípulos nunca disseram que a queda de Satanás aconteceu
por ele ter se levantado contra Deus. Quando estes falaram sobre demônios,
jamais citaram Ezequiel 28 ou Isaías 14. Irei esclarecer aqui as interpretações
equivocadas desses trechos. O meu propósito não é reescrever o Evangelho e os
ensinamentos do Velho Testamento, mas corrigir as distorções que ilustres
religiosos como Jerônimo e Orígenes, nascidos nos primeiros séculos da Era
Cristã, cometeram ao traduzir os textos sagrados para outros idiomas. Foram
dados diferentes significados às narrativas e palavras foram colocadas na boca
desses profetas, modificando o sentido da história.
Acredita-se que a queda de Satanás aconteceu nesses livros porque
Jerônimo e Orígenes foram os responsáveis por fazer com que as pessoas
enxergassem exclusivamente seus pontos de vista e, principalmente, suas
interpretações subjetivas. Infelizmente, a maneira como esses acontecimentos
foram interpretados foi tida como correta por aproximadamente 1700 anos, e é
provável que durante todo esse tempo ninguém tenha ousado contestar sua
veracidade. Essa mentira, divulgada e propagada em escalas globais, enraizou-se
culturalmente no seio da Igreja e tornou-se real na mente de todos aqueles que
ouviram falar dessa história.
Contudo, agora, meu intuito é fazer com que a verdade venha à tona e que
as pessoas conheçam os fatos que verdadeiramente aconteceram.
Preparem-se! Nesse livro, irei lhe apresentar algo novo. Garanto que no
final dessa obra os caros leitores nunca mais verão a Bíblia do mesmo modo.
Todos que lerem essas páginas chegarão a um nível de maturidade espiritual que
nunca outro ser humano poderá alcançar.
Entretanto, antes de iniciarmos esse estudo, é fundamental fazermos alguns
comentários mais profundos sobre determinados livros da Bíblia, como Ezequiel
e Isaías, pois se não o fizermos, os leitores poderão não compreender a tese que
levantarei sobre a origem de Lúcifer.
Para começar, falaremos sobre o livro de Isaías.
O profeta Isaías viveu por volta de 700 A.C. e, supostamente, seria o autor
principal desse livro em que hipoteticamente aconteceu a queda de Lúcifer. De
acordo com a Teologia, Isaías faz parte de um seleto grupo chamado “Profetas
Maiores” que inclui Daniel, Ezequiel e Jeremias, quase todos da mesma época.
Deus, ao constatar a infidelidade do povo de Israel em razão de seus
inúmeros pecados, mandou que Isaías pregasse às pessoas para elas que se
arrependessem. Caso contrário, seriam obrigadas a servir aos assírios e
babilônios, respectivamente.
Isaías então, admoestou o povo de Israel para que se redimissem de seus
pecados, em especial a idolatria, e se voltassem para Deus. Suas orientações não
foram atendidas e, por isso, foram subordinados pelos assírios e posteriormente
pelos babilônios conforme previa a profecia.
Pouco tempo depois da morte de Isaías, os israelitas foram sendo exilados
para a Babilônia e lá foram escravizados por aproximadamente 70 anos.
Além desses fatos, Isaías mencionou a vinda do Messias em alguns
capítulos do livro que leva seu nome.
O que é pregado nas igrejas em geral é que a origem de Lúcifer se deu em
um trecho trazido por esse profeta.
Vejamos os versículos abaixo:
Como você caiu dos céus, ó estrela da manhã, filho da alvorada!
Como foi atirado a terra, você, que derrubava as nações

E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei
o meu trono, e no monte da congregação me assentarei, aos lados do norte. (Isaías
14.13,14)

Analisando detalhadamente todos os capítulos de Isaías, do primeiro ao 66º,


e não somente alguns poucos versículos como os que foram citados acima,
percebe-se claramente pelas circunstâncias apresentadas na época que não houve
o menor interesse em falar de Lúcifer, e sim sobre a grande Babilônia que
arrasava as nações oponentes ao seu domínio.
Peço que analisem com cuidado o que foi dito anteriormente pelo profeta
Isaías:
Advertência contra a Babilônia, que Isaías, filho de Amoz, recebeu em visão.
Babilônia, a jóia dos reinos, o esplendor do orgulho dos babilônios, será destruída
por Deus, à semelhança de Sodoma e Gomorra. (Isaías 13.1,19)
Observem que Isaías não está profetizando sobre Lúcifer, e sim sobre a
Babilônia. Mais adiante, nos capítulos 14 e 15, além dos babilônios foram
citados as assírios, os filisteus e os moabitas, que eram rivais de Israel.
Os eclesiásticos, antigos e modernos, que até hoje pregam a idéia de que
esses trechos se referiam à origem de Satanás estão completamente equivocados.
Não se pode chegar a uma conclusão avaliando apenas uma pequena parte do
livro de Isaías e dizer que a origem de Lúcifer ocorreu naquele momento. O
texto deve ser analisado amplamente, e não em partes isoladas .
A análise desse episódio deveria ser feita com mais minuciosidade e
profundidade, algo que evidentemente ficou longe de ocorrer. Os leitores que
analisarem o livro de Isaías perceberão que em nenhum dos 66 capítulos foram
mencionados os nomes Lúcifer ou Satanás. Isso demonstra que o profeta não
tinha interesse em falar sobre a origem desse ser.
É ingenuidade acreditar que Isaías falava de Lúcifer. O objetivo de Deus
naquele período era que o profeta pregasse ao povo o arrependimento e,
repreendesse as nações hostis a Israel. Havia uma preocupação constante do
profeta em falar sobre a vinda do Messias e sobre o estabelecimento de seu
reino.
Era comum aos reis da época colocarem-se iguais ou maior que Deus, uma
vez que se viam como deuses. Os reis Belsazar, Nabucodonosor, Senaqueribe
entre outros que atacaram Israel e em várias situações chegaram a dominá-lo,
tinham o hábito de colocarem-se acima do Deus Todo-Poderoso. Mas Deus,
logicamente, não poderia concordar com isso.
Observem a passagem abaixo que relata brevemente a maneira como os reis
da época pensavam:
Mas quando o seu coração se exaltou, e o seu espírito se endureceu em soberba, foi
derrubado do seu trono real, e passou dele a sua glória.

E foi tirado dentre os filhos dos homens, e o seu coração foi feito semelhante ao
dos animais, e a sua morada foi com os jumentos monteses; fizeram-no comer a
erva como os bois, e do orvalho do céu foi molhado o seu corpo, até que conheceu
que Deus, o Altíssimo, tem domínio sobre o reino dos homens, e a quem quer
constitui sobre ele.
E tu, Belsazar, que és seu filho, não humilhaste o teu coração, ainda que soubeste
tudo isto.
E te levantaste contra o Senhor do céu, pois foram trazidos à tua presença os vasos
da casa dele, e tu, os teus senhores, as tuas mulheres e as tuas concubinas, bebestes
vinho neles; além disso, deste louvores aos deuses de prata, de ouro, de bronze, de
ferro, de madeira e de pedra, que não vêem, não ouvem, nem sabem; mas a Deus,
em cuja mão está a tua vida, e de quem são todos os teus caminhos, a ele não
glorificaste. (Daniel 5.20)

Podemos garantir, diante desses fatos, que tanto Deus como Isaías não
estavam preocupados em relatar a história de um anjo caído, pois isso nada iria
trazer de construtivo para a nação de Judá naquela ocasião.
Tomar conhecimento sobre a origem de Lúcifer não significava
absolutamente nada para os judeus. Deus não iria mandar o profeta pregar algo
sem relevância, pois isso seria totalmente ilógico para as circunstâncias da
época, já que o povo estava prestes a ser escravizado pelos assírios.
Após o livro de Isaías, surgiram outros livros e epístolas que citam a figura
do Diabo, no entanto, nenhum de seus autores/personagens tomou como
referência a passagem exposta no livro de Isaías como sendo a origem de
Lúcifer.
Jesus, o filho de Deus, foi a pessoa que mais pregou sobre o Diabo e o
inferno, entretanto, nunca tomou como base esses capítulos transcritos nos livros
de Isaías e Ezequiel. E sabem por quê? Porque ele e seus apóstolos sabiam que
Isaías e Ezequiel não se referiram a Lúcifer em suas passagens.
Analisando o livro de Ezequiel 28.1,2 e 14-16, observem:
1-Veio a mim esta palavra do Senhor:
2-”Filho do homem, diga ao governante de Tiro: Assim diz o Soberano, o Senhor:
“No orgulho do seu coração
você diz: ‘Sou um deus;
sento-me no trono de um deus
no coração dos mares’.
Mas você é um homem, e não um deus,
embora se considere tão sábio
quanto Deus.
14-Você foi ungido
como um querubim guardião,
pois para isso eu o designei.
Você estava no monte santo de Deus
e caminhava entre as pedras
fulgurantes.
15- Você era inculpável em seus caminhos
desde o dia em que foi criado
até que se achou maldade em você.
16-Por meio do seu amplo comércio, você encheu-se de violência e pecou. Por isso
eu o lancei, humilhado, para longe do monte de Deus, e o expulsei, ó querubim
guardião.

Antes de começarmos a tratar sobre o trecho acima, os leitores precisam


saber o que é uma metáfora.
Basicamente, metáfora é uma figura de linguagem utilizada principalmente
por poetas e escritores romancistas, que tem a finalidade de enaltecer uma idéia,
fazendo uma comparação entre dois termos que em principio não teriam
nenhuma relação entre si. Vamos dar alguns exemplos para facilitar o
entendimento desse assunto:
Exemplo 1. “Amor é fogo que arde sem se ver.”
Exemplo 2. “Essa menina é uma flor.”
Percebam que essas frases apenas tentam realçar a ideia de quem as disse,
pois na vida real o amor nunca será fogo e tão pouco a menina será uma flor.
Portanto, toda metáfora é fantasiosa.
Voltando ao livro de Ezequiel, quando ele diz que o Rei Tiro era como um
querubim guardião, ele está apenas utilizando a metáfora para destacar a
importância desse governante. Na realidade, o profeta não estava se referindo a
nenhum anjo caído.
O propósito de Deus ao mandar essa mensagem era informar ao Rei Tiro,
que se colocava em uma posição semelhante a do Altíssimo, que tanto ele como
sua cidade seriam destruídos por sua arrogância.
Em outro momento, quando o profeta comentou sobre Monte Santo de
Deus, em que o suposto querubim caminha entre pedras fulgurantes, ele não se
referiu a Lúcifer. Essa passagem representa o palácio onde o rei de Tiro vivia,
pois ali possuía muitas riquezas que faziam daquele local um lugar esplendoroso
e muito agradável de viver, já que a cidade era localizada no litoral.
Por esse motivo, Ezequiel acabou por fazer uma comparação com o jardim
do Éden do livro de Gênesis:
“Você estava no Éden,
no jardim de Deus;
todas as pedras preciosas o enfeitavam:
sárdio, topázio e diamante;
berilo, ônix e jaspe;
safira, carbúnculo e esmeralda.
Seus engastes e guarnições
eram feitos de ouro;
tudo foi preparado no dia
em que você foi criado”. (Ezequiel 28.13)

Acredito que foram apresentados esclarecimentos suficientes para que os


leitores percebam que foi cometida uma injustiça com os profetas Isaías e
Ezequiel. Eles jamais escreveram sobre Lúcifer. Os clérigos antigos fizeram
interpretações precipitadas desses textos e acabaram colocando palavras na boca
dos profetas, transmitindo para as gerações futuras uma verdade que jamais
existiu.
Observem o versículo abaixo:
“Como você caiu dos céus, ó estrela da manhã, filho da alvorada!
Como foi atirado a terra,você, que derrubava as nações”

Quando Isaías o escreveu fez uma metáfora ao dizer que o rei da Babilônia
representa a estrela da manhã. Ele não disse que a estrela da manhã ou o filho da
alvorada era Lúcifer.
Analisando os fatos históricos posteriores a essa profecia, notamos que a
Babilônia foi conquistada pelos Medos e Persas. Portanto, esse trecho se referia
à queda da Babilônia. Isaías ao transcrever esse acontecimento utilizou uma
linguagem metafórica, a fim de enfatizar sobre a expressivade desse fato.
Ao observarmos detalhadamente os acontecimentos, percebemos que a
suposta verdade de que Lúcifer teria se rebelado contra Deus, não passa de uma
mentira muito mal contada. Nos fragmentos de Ezequiel e Isaías não existe base
teológica para pensarmos dessa maneira. É uma questão de reflexão.
É comum que padres, pastores e religiosos que acreditam na Bíblia
Sagrada, pensem que Ezequiel e Isaías falavam sobre Lúcifer. Essas pessoas,
quando tomaram conhecimento desses textos, passaram a acreditar nessa
verdade, pois foram transmitidas por alguém que os religiosos tinham como
modelo.
Tenham certeza que jamais questionaram o que estavam aprendendo, ou,
simplesmente, não tiveram o interesse de assim o fazer. Por sua vez, os
catedráticos que transmitiram essa verdade receberam essas informações de
outros, que também deixaram de fazer questionamentos e assim, sucessivamente,
propagando essa história de geração em geração até os dias de hoje.
Uma análise cuidadosa para saber se Isaías e Ezequiel tinham a intenção de
falar sobre Lúcifer nunca foi feita. Contudo, o que propomos com essa leitura, é
que se faça uma reavaliação dos capítulos transcritos por esses dois profetas a
fim de que essa injustiça não perdure por mais séculos.
Uma das coisas que desejo que os leitores aprendam ao ler esse ou qualquer
outro livro é que saibam questionar, saibam concordar ou discordar de algo com
argumentos lógicos e consistentes, tendo opinião própria. Investiguem os fatos
até chegar à verdade. Não acreditem em teorias baseando-se no que os outros
dizem. Acreditem nas coisas tomando como base os questionamentos que vocês
têm e o que vocês constataram a partir deles. Não seja marionete na mão das
outras pessoas. Jamais acreditem só na aparência das coisas. O fato de uma
pessoa ensinar determinados assuntos não significa que ela domine toda a
questão.
Trazendo um exemplo mais explícito, quero que observem o que Jesus
falou a respeito dos doutores da lei, em que teoricamente estes deveriam saber
mais do que ele e seus discípulos:
Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que sois semelhantes aos sepulcros
caiados, que por fora realmente parecem formosos, mas interiormente estão cheios
de ossos de mortos e de toda a imundícia. (Mateus 23:27)
O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem
para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito”.
“Nicodemos respondeu, e disse-lhe: Como pode ser isso?
Jesus respondeu, e disse-lhe: Tu és mestre de Israel, e não sabes isto? (João 3:8-10)

Inspirado nas críticas e nos questionamentos que o Senhor Jesus fazia aos
catedráticos e eruditos (doutores e escribas) da época, eu comecei a me perguntar
por qual motivo seres celestiais iriam se organizar para derrubar Deus de seu
trono a fim de trazer ao líder do movimento uma glória que só caberia ao
Altíssimo. Será que eles não sabiam que esse privilégio Jeová não concede a
ninguém? De acordo com a Teologia que atualmente é pregada, um certo anjo
chamado Lúcifer, liderou esse movimento e acabou derrotado, resultando na
expulsão de um terço dos anjos do céu.
Na epístola escrita por Judas, que não é o Iscariotes, foi descrita uma
situação interessante. Observem:
Mas mesmo o arcanjo Miguel, quando estava disputando com o diabo sobre o
corpo de Moisés, não se atreveu a fazer um juízo de maldição contra ele, mas disse
que:
- O Senhor te repreenda. (Judas 1:19)

Observe que o apóstolo Judas descreveu que houve uma disputa sobre o
corpo de Moisés. No entanto, nenhum outro livro da Bíblia fez menção a esse
episódio. Nas escrituras sagradas não há nenhum registro sobre esse fato. O livro
de Deuteronômio, que em seus últimos capítulos lida com a morte e
sepultamento do profeta Moisés, não fez a menção desse acontecimento.
E logo surge a pergunta: como Judas chegou a estar ciente desse fato? Será
que Judas era um mentiroso ou um herege? Será ainda, que ele tinha algum
distúrbio mental que o levou a descrever essa situação inédita?
Certamente Judas não era um herege e tão pouco um mentiroso que passava
por qualquer outro transtorno.
Investigando esse fato mais profundamente podemos concluir que Judas e
outros discípulos sabiam de antigos textos sagrados que, infelizmente não
vieram ao nosso conhecimento e que por algum motivo perderam-se na história.
Na mesma carta e capítulo, porém no versículo 14, é citado algo intrigante.
Vejam:
Enoque, o sétimo depois de Adão, profetizou sobre eles.
E destes profetizou também Enoque, o sétimo depois de Adão, dizendo: Eis que é
vindo o Senhor com milhares de seus santos;

Observe que Judas, ao escrever esse trecho, se baseou em um livro do


profeta Enoque. No entanto, essa literatura é considerada apócrifa, ou seja, esse
versículo citado por Judas está em um livro apócrifo, desconsiderado pelas
autoridades religiosas da idade antiga.
Apesar de Enoque ser um livro apócrifo ele é verdadeiro, pois do contrário
Judas não o teria mencionado.
A partir de agora, pediremos para todos que estão lendo esse texto, que não
se prendam ao limitado conhecimento que adquiriram até hoje e abram espaço
em suas mentes para a renovação que será trazida pela palavra de Deus. Sejam
analíticos e reflitam a proposta que será discutida. A intenção desse livro é
esclarecer as dúvidas a respeito de questionamentos que os leitores têm sobre
esse assunto, a fim de que a verdade se apresente. Pretendo aqui, fazer um
resumo da história dos apócrifos para entendimento dos queridos.
Segundo a teologia antiga e moderna, esses escritos não foram inspirados
por Deus, contém distorções contraditórias ou dogmáticas e por essa razão foram
excluídos da Bíblia.
No entanto, contesto veementemente a posição que os conselhos religiosos
do passado tiveram na interpretação das sagradas escrituras, chegando a
negligenciar alguns livros importantes como esses. Acredito que existam
diversos apócrifos que não condigam com a verdade, assim como existem os que
ao serem estudados profundamente, devem ser considerados.
Uma teoria para a exclusão do texto de Enoque seria o fato de que esse
livro não acrescenta nenhum benefício para a evangelização dos perdidos, já que
essencialmente o texto aborda assuntos sobre anjos caídos. Que benefício esse
texto traria para o progresso do evangelho?
Para os interessados em angeologias, demologias e teologia em geral, esse
livro é extremamente importante. Sem ele, seria praticamente impossível saber a
origem de Lúcifer e seu exército.
CAPÍTULO 1
PRIMEIRO GRUPO DE ANJOS CAÍDOS
A Bíblia nos diz que existiram dois grupos de anjos que se destacaram ao
transgredirem-se contra Deus.
Primeiro grupo
Segundo a Bíblia, em Gênesis 6:2, é relatado que um grupo de seres
celestiais do período pré-dilúvio desceu a terra com a finalidade de manter
relações com mulheres e, posteriormente, gerar prole: “Viram os filhos de Deus
que as filhas dos homens eram formosas; e tomaram para si mulheres de todas as
que escolheram.”
No livro de I Enoque (escritura apócrifa) é relatada a trajetória desses seres
de uma maneira muito mais detalhada. “E estes também Enoque, o sétimo
depois de Adão, dizendo: Eis que veio o Senhor com os seus milhares de
santos” (Judas 1:14)
Observe que o apóstolo Judas tem pleno conhecimento dessa história e
acredita fielmente nisso. Fiz essa constatação considerando seus comentários
descritos no Novo Testamento. Logo, ele acredita categoricamente no que
relatou o profeta Enoque.
Em Gênesis 6, foi dito que um grupo de anjos chamados pelo autor de
filhos de Deus, deixou o céu para coabitar com as filhas dos homens. Dessa
relação nasceu uma espécie de gigante.
No livro de I Enoque, que é um complemento dessa história, porém, com
fatos registrados de forma mais detalhada, o profeta relatou que havia um anjo
chamado Samyasa e que ele dispunha de mais de 200 anjos sob seu comando.
Em um determinado dia, ele expôs seu desejo diante dos demais dizendo
que conviveria com as mulheres da terra. Estes concordaram com a ideia.
Resolveram seguir os passos do seu líder e fizeram uma cerimônia de juramento
no cume de uma montanha chamada Armom.
Então seu líder Samyaza disse-lhes: Eu temo que talvez possa prejudicá-los na
realização deste projeto
E que só eu sofrerei por tão grave crime.
Mas eles responderam-lhe e disse: Nós todos juramos; (e amarraram-se por mútuos
juramentos), não vamos mudar a nossa intenção, mas executamos nossa vontade
assim determinada. (I Enoque 7:3,7)

Ao chegarem a terra, incorporaram-se e começaram a viver como os outros


seres humanos. A partir daí, a raça humana foi se corrompendo aos poucos, pois
esses seres celestiais causaram um sério desequilíbrio na relação do homem com
Deus. Ensinaram-lhes todo tipo de coisa que os fizeram caminhar pouco a pouco
para a destruição Vejam as palavras abaixo, tomadas a partir desse livro:
“Além disso, Azazyel ensinou os homens a fazerem espadas, facas, escudos,
armaduras (ou no peito), a fabricação de espelhos e a manufatura de braceletes e
ornamentos, o uso de pinturas, o embelezamento das sobrancelhas, o uso de
qualquer tipo de pedras valiosas, e todos os tipos de corantes, de modo que o
mundo mudou “
“A maldade foi aumentada, a prostituição multiplicada ; e eles transgrediram e
corromperam todas as suas formas”.
Amazarak ensinou todos os sortilégios, e divisores de raízes.
Armers ensinou feitiçaria;
Barkayal ensinou os observadores das estrelas, (9)
(9) Os observadores das estrelas. Astrólogos (Charles, p. 67).
Akibeel ensinou sinais;
Tamiel ensinou astronomia;
E Asaradel ensinou o movimento da lua,
E os homens, sendo destruídos, clamaram, e suas vozes quebraram os céus. (I
Enoque 8:8,9)

Após a união desses anjos com as varoas, nasceram os gigantes. De acordo


com o autor, por causa de seus tamanhos volumosos, esses seres chamados
Naphelins rapidamente devoram as plantas comestíveis e animais que estavam
em sua área e, rapidamente, houve uma escassez de alimentos. Sem muitas
alternativas, vão ao encontro dos filhos dos homens fazendo verdadeiras
carnificinas e enchendo a terra de violência. “Então eles voltaram-se contra os
homens a fim de devorá-los” (I Enoque 7:13)
Os Arcanjos que não participaram desses atos denunciaram os
indisciplinados ao Deus Todo-Poderoso e Ele resolveu intervir decretando o fim
daquela geração por meio de um dilúvio avassalador.
E agora a ti, ó Santo dos céus, as almas dos homens queixam-se, dizendo: Obtem
justiça para conosco com o Altíssimo. Então eles disseram ao seu Senhor, o Rei:
Tu és Senhor dos senhores, Deus dos deuses, Rei dos reis. O trono de Tua glória é
para sempre e sempre, e para sempre seja Teu nome santificado e glorificado.
(Enoque 9,10 e 11)

Deus permitiu que tudo isso acontecesse porque o livre arbítrio não é
apenas um direito do ser humano. O Senhor também permitiu que os anjos
gozassem desse privilégio podendo usá-lo para o bem ou para o mal.
Pouco antes de acontecer o desastre das inundações, os anjos maus e suas
esposas são presos e jogados em um local que mais tarde seria chamado inferno.
Então Uriel disse: Eis aqui os anjos que coabitaram com mulheres, escolheram
seus líderes;
E, sendo numerosos em aparências cometeram profanação; “Para o grande dia
haverá um julgamento no qual eles serão julgados, até que sejam consumidos, e
suas esposas também serão julgadas, pois foram condescendentes em todos os seus
atos.
Uriel, um dos santos anjos que estava comigo, respondeu e disse:? Enoque, por
que estás alarmado e maravilhado com este terrível lugar, à vista de este lugar de
sofrimento Isso, segundo ele, é a prisão dos anjos; e aqui que eles serão mantidos
para sempre. (Enoque 19 e 21)
Porque, se Deus não perdoou aos anjos que pecaram, mas lançou-os no inferno, os
entregou às cadeias da escuridão, ficando reservados para o juízo. (Segunda
epístola do apóstolo Pedro 2:4)
“E os anjos que não guardaram o seu principado, mas deixaram a sua própria
habitação, reservou na escuridão, e em prisões eternas até ao juízo do grande dia.”
(Epístola de Judas 1:6)

Quero explicar-lhes que a geologia do planeta nesse período tem diferenças


significativas em relação à geologia que conhecemos hoje. Hipoteticamente, de
acordo com essa história, Hades ou Inferno foi um subcontinente como a
Antártida, onde havia luz em abundância. Havia variedades de animais e plantas.
Porém, uma transformação sísmica e meteorológica deslocou esse lugar
movendo-o para o centro da Terra. Assim como a Antártida foi para o sul e ficou
gelada, o Hades foi para as profundezas da Terra e ser tornou extremamente
quente.
Nesse local não há água e tão pouco luz e a vida deixou de existir. O lugar
que foi rico e exuberante tornou-se muito escuro e seco.
Eu vi aquele vale no qual há uma grande perturbação e onde as águas são agitadas.
E quando tudo isto foi executado, da massa fluída de fogo e na perturbação que
prevaleceu naquele lugar, levantou-se um forte cheiro de enxofre que se misturou
com as águas; e o vale dos anjos que haviam sido culpados de sedução, queimou-
se debaixo da terra. (Enoque 66:4-6)

Uma americana chamada Mary Baxter escreveu um livro, em 1983,


intitulado Divina Revelação do Inferno. Em 1976, foi visitada pelo Senhor Jesus
em seu quarto e, durante vários dias, o Senhor a transportava permitindo que
percorresse vários lugares desse mundo de trevas a fim de proclamar a todos os
que ainda estavam na terra que esse lugar é real. Ela pôde ver o estado
deplorável das pessoas que lá se encontravam e percebeu que a geografia do
inferno é semelhante aos desertos da terra.
Anunciou que há montanhas, morros, colinas, vales, rios de lava, troncos de
árvores queimadas, entre outras coisas. Apesar de tudo isso, a autora confirma
que ali não nasce uma única grama porque o solo é completamente estéril e seco.
Ela nos diz que enquanto esteve ali teve a oportunidade de observar Satanás
comandando seus subordinados e dizendo-lhes o que deviam fazer quando
chegassem a terra. Ele atormentava todos que desejava, porque de acordo com
Mary, o sofrimento das almas o alimentava.
A querida escritora que narrou essa história acredita verdadeiramente tê-lo
visto. Entretanto, digo de maneira fervorosa que o ser que ela viu não é o
Satanás (Lúcifer) que conhecemos, mas sim SAMYASA, que também pode ser
considerado Satanás, mas não o Satanás que Jesus descreve como o príncipe
deste mundo. “Já não falarei muito, pois o príncipe deste mundo está vindo.
Ele não tem nenhum direito sobre mim”. (João 14:30)
E, como aquele que Jesus vê cair do céu como um relâmpago (Lucas
10:18).
Esse ser que Mary Baxter observou foi preso no inferno para sempre no
período pré-diluviano e, digo sem dúvida alguma, que ele nunca poderá deixar
aquele lugar. O trecho abaixo, retirado da bíblia, corrobora com a minha
proposta:
“Porque, se Deus não perdoou aos anjos que pecaram, mas lançou-os
no inferno, os entregou às cadeias da escuridão, ficando reservados para o
juízo.” (2 Pedro 2:4)
Os anjos citados deixaram o céu deliberadamente, ou seja, eles não foram
expulsos, ao contrário do segundo grupo que falaremos mais adiante.
Muitos podem me questionar, mas Jesus não comentou no evangelho de
Mateus 22:30 que os anjos não podiam se casar.
Sim, concordo em gênero e grau com essa afirmação, aliás quem sou eu
para discordar de Jesus. Entretanto, o contexto que o filho de Deus nos disse
essas coisas é diferente do contexto do período pré-diluviano, ou seja, o que
Jesus estava dizendo não se aplicava a essa época e sim ao período que ele viveu
em diante.
Trarei alguns exemplos para os leitores entenderem melhor.
Observa-se que no Velho Testamento o homem poderia ter várias mulheres,
isto é, poderia se casar com quantas esposas quisesse, desde que tivesse
condições de sustentá-las. No Novo Testamento, segundo os ensinamentos de
Jesus, isso não é mais permitido, pois há uma nova doutrina, o Evangelho, que
proíbe esse costume evidenciando situações diferenciadas de um período para
outro.
Coloco outro exemplo que poderá esclarecer-lhes melhor. Vejamos o caso
de um padre ou madre. De acordo com a determinação da igreja católica, jamais
podem se casar. Pergunta: o fato de não se casarem quer dizer que esses
religiosos não sentem ou sentiram alguma vez atração amorosa e sexual? Acho
ingenuidade alguém pensar que eles não possuam desejos.
Sei que muitos celibatários já foram surpreendidos mantendo
relacionamentos que não deveriam. O que pretendo dizer é que esses episódios
não deveriam acontecer, e que apesar de ouvirmos notícias pelo mundo afora,
eles deveriam honrar seu voto de celibato. Porém, por que não acreditar que
fatos semelhantes a esse aconteceram no período pré-diluviano?
Vejam o que Deus disse em Gênesis 2:24
“Portanto deixará o homem o seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e
serão ambos uma carne.”

O fato de o Senhor ter determinado que a união sexual só poderia acontecer


entre homem e mulher impediu que alguns seres humanos cometessem
homossexualismo e pedofilia?
Da mesma sorte, apesar da determinação de Deus para que aos anjos não se
casassem, alguns deles vieram a terra e se envolveram com mulheres. O livre
arbítrio não é um privilégio exclusivo da humanidade, posto que os anjos
também usufruem desse direito.
Deixo claro para os leitores que há dois Satanazes. O primeiro, chamado
Samyasa, governa o inferno e não pode sair. O segundo, que falarei daqui para
frente, governa quase toda a Terra e sua queda aconteceu após o dilúvio. Esse ser
é tratado como o príncipe deste mundo.
Quero que o leitor entenda que, para o Diabo, é impossível controlar o
Inferno e a Terra ao mesmo tempo. Para que isso acontecesse, ele deveria ter
onipresença. As escrituras nunca mencionaram que esse ser maligno é onisciente
ou onipresente.
A partir de agora, falarei sobre a origem de Lúcifer, ou melhor, Uriel, o
antigo nome de Satanás.
CAPÍTULO 2
SEGUNDO GRUPO DE ANJOS CAÍDOS
Origem de Satanás
Liderado por Lúcifer ou Uriel, sua queda é relatada no primeiro e segundo
capítulos do livro de Jó. Essa história narrada por Moisés ou Salomão aconteceu
entre a vida de Jacó (pai) e seu filho José.
Verdadeiramente, a origem de Satanás acontece no livro de Jó. O nome
Lúcifer, que significa portador da luz, não tem nada a ver com o seu nome
original. Esclarecerei o motivo.
Já observaram que na Bíblia os únicos anjos citados são Gabriel e Miguel e
que um dos nomes de Jesus era Emanuel (Deus conosco)?
Nos livros apócrifos, foram mencionados nomes de anjos como Fanuel,
Gadrael, Rafael, Raguel, Uriel, etc. Mas nunca Lúcifer. Observe que o nome
Lúcifer é muito diferente do nome dos demais anjos e por sua vez não tem
correlação com estes. Portanto, não é o seu nome verdadeiro, já que se diferencia
significativamente dos outros.
Lúcifer é apenas um apelido que nós, seres humanos, a ele atribuímos. Os
estudiosos antigos jamais tiveram convicção de seu verdadeiro nome e, por não
o saberem, resolveram atribuir essa alcunha desprovida de qualquer prova
fundamentada.
Na verdade, o nome dele era Uriel que significa chama de Deus.
Vocês devem se perguntar por que cheguei a essa conclusão. Vou explicar.
Em Enoque 20 é listada uma hierarquia de arcanjos sendo dispostos da seguinte
forma:
Estes são os nomes dos anjos Sentinelas:
1 - Uriel, um dos santos anjos, o qual preside sobre o clamor e o terror.
2 - Rafael, um dos santos anjos, o qual preside sobre os espíritos dos
homens.
3 - Raguel, um dos santos anjos, que inflige punição ao mundo e as
luminárias.
4 - Miguel, um dos santos anjos, que, presidindo sobre a virtude humana,
comanda as ações.
5 - Sarakiel, um dos santos anjos, o qual preside sobre os espíritos dos
filhos dos homens que transgridem.
6 - Gabriel, um dos santos anjos, que preside Ikisat.
Houve a citação de seis arcanjos, no entanto, provavelmente, existiu o
sétimo que não foi mencionado por Enoque. Este, possivelmente, foi SAMYASA
que já havia caído e, por essa razão, deixou de ser citado pelo profeta.
Eu quero que os leitores compreendam bem que Uriel é o arcanjo mais
destacado, o primeiro a ser citado nessa hierarquia.
No Livro de Jó, os filhos de Deus que se apresentaram diante do seu trono
como é citado no primeiro capítulo desse texto, não são homens, mas anjos.
Observem:
“E num dia em que os filhos de Deus vieram apresentar-se perante o Senhor, veio
também Satanás entre eles.” (Jó1:16)

No Antigo Testamento, o termo “Filho de Deus” não era uma qualidade


utilizada para homens daquele tempo. Essa expressão foi atribuída no Velho
Testamento aos seres especiais que interagiam com Deus de forma bastante
próxima.
Quando Adão e Eva foram expulsos do Jardim do Éden, Deus protegeu o
local colocando querubins e uma espada flamejante para impedir que
retornassem.
Certamente, ao expulsar Lúcifer, que tratamos aqui por Uriel, Deus agiria
da mesma forma que agiu com relação a Adão e Eva no jardim do Éden,
colocando anjos para proteger o reino dos céus da entrada do invasor, ou criando
alguma outra forma de impedir o retorno desse insubmisso.
No primeiro e segundo capítulos do livro de Jó, é relatado que Satanás ao
entrar na presença de Deus não encontrou nenhuma resistência. Aproveito a
oportunidade para fazer alguns questionamentos ao leitor: como ele conseguiu
chegar lá? Por que os demais anjos que estavam no céu nada fizeram para
impedir o progresso de Satanás? Isso é muito estranho porque de acordo com a
Bíblia, ele havia sido expulso pelo arcanjo Miguel e subentede-se que sendo
expulso, jamais poderia ter retornado.
E o grande dragão foi precipitado, a antiga serpente, chamada o Diabo, e Satanás,
que engana todo o mundo:. Ele foi precitado na terra, e os seus anjos foram
lançados com ele. (Apocalipse 12:9)

Creio que na época em que foi retratada a história de Jó, Lúcifer ainda era
um arcanjo, pois caso fosse um demônio, nunca poderia ter entrado no céu com
tanta naturalidade. Os outros seres que o acompanhavam eram celestiais e
subordinados à autoridade de Uriel, assim como os demais arcanjos e anjos.
No livro de Enoque, são citados seis arcanjos. Entre eles, os mais famosos,
Miguel e Gabriel. Conforme a narração do livro de Jó, Uriel estava no meio dos
filhos de Deus quando se apresentaram. Uma das coisas que o autor quer dizer
ao apresentar esse fato é que Uriel era a figura mais destacada, ou seja, Deus
dirigiu a palavra a esse Anjo porque ele representava o grupo.
Observem essa passagem no livro de Amós 3:3
“Andarão dois juntos, se não estiverem de acordo.”

Se acreditamos que Satanás não era um anjo quando adentrou no reino dos
céus, a passagem acima torna-se mentirosa, porque, se na ocasião ele fosse um
demônio, não poderia andar ou estar pacificamente com um anjo. São seres
totalmente opostos em suas atitudes e propósitos.
Mais uma vez, sublinho que no céu, onde é a morada do Altíssimo e
símbolo de sua suprema santidade, a presença do mal é inadmissível.
O autor do livro de Jó, bem como todos os autores do Velho Testamento,
tinha pouco conhecimento sobre a figura do inimigo e, portanto, comentou
pouco sobre ele. Os atos de Satanás são conhecidos quase que inteiramente a
partir dos evangelhos e epístolas.
Hoje podemos desfrutar de todas essas informações e por isso somos
capazes de fazer essa avaliação. Contudo, os antigos escritores e profetas que
escreveram o Velho Testamento, em especial o livro de Jó, não dispunham de
condições para fazer essa análise. Quando examinamos os primeiros capítulos
desse livro, fica muito difícil entender os fatos apresentados porque o autor não
nos traz informações sobre como se deu a entrada de Satanás no reino dos céus.
O escritor simplesmente ignorou essa questão.
Percebe-se que Salomão ou Moisés, por alguma razão, não compreendeu
que esse ser ainda não havia sido banido de sua posição celestial. Enfatizo que
quando Deus dialoga com Uriel nos capítulos um e dois do livro de Jó, o
Altíssimo não se dirigiu a ele chamando-o de Satanás. O autor (Salomão ou
Moisés) usou essa expressão, porém, Deus não fez o mesmo. Quem quer que
tenha escrito o livro de Jó, o fez com perfeição na descrição dos fatos que
ocorreram com Uriel, e o texto ganhou um extremo significado para qualquer
época que fosse lido.
No primeiro capítulo de Jó, há um relato que se assemelha à tentação de
Adão e Eva no Jardim do Éden. Uriel não acreditava na fidelidade de Jó e
afirmou que o seu temor pelo Senhor era promovido por mero interesse. Uriel,
então, propôs que Deus tirasse tudo o que o servo possuía. É nesse momento que
eu acredito ter começado a queda de Uriel. O objetivo principal desse antigo
anjo era derrubar Jó de modo que não houvesse ninguém que pudesse se
comparar a ele em admiração e perfeição.
Deus, em sua sublime onisciência, ao falar com Lúcifer (Uriel),
previamente identificou que esse anjo tinha pensamentos obscuros a respeito de
seu servo Jó. Uriel não suportava o fato de que alguém poderia supostamente ser
melhor do que ele e propôs que Jó fosse provado.
“E disse o Senhor a Satanás: Observaste tu a meu servo Jó? Porque ninguém há na
terra semelhante a ele, homem íntegro e reto, temente a Deus, e que se desvia do
mal”.

Deus concordou com a proposta, já que ela se tornou a oportunidade ideal


para observar e julgar o comportamento de Lúcifer (Uriel). Ele sabia que estava
dando lugar a iniquidade e por isso ordenou que Uriel poupasse a vida de Jó,
pois entendia o que estava realmente motivando-o. Ele tinha pleno conhecimento
que esse ciúme misturado com ódio poderia matar Jó. O objetivo era fazer uma
avaliação não só da fidelidade de Jó, mas também analisar a personalidade de
Uriel em especial.
Depois de sair da presença do Senhor, Satanás se dirigiu a terra e retirou
todos os bens materiais de Jó. Consequentemente, também acaba por matar
todos os seus filhos. “Eis que um grande vento sobreveio dalém do deserto, e
deu nos quatro cantos da casa, que caiu sobre os jovens, e morreram; e só
eu escapei para trazer-te a nova”. (Jó 1:19)
Uriel retornou ao céu e apresentou-se pela segunda vez ao Senhor. Deus o
questionou salientado que Jó não havia blasfemado. Uriel não reconheceu que
ele tinha cometido um erro, e, mesmo assim, se atreveu a propor a Deus que
tocasse na saúde de Jó visto que ele ainda não tinha se dado por satisfeito.
“Então Satanás respondeu ao Senhor, e disse: Pele por pele, e tudo quanto o
homem tem dará pela sua vida”. (Jó 2:4)
Saindo da presença do Senhor, inseriu a chaga maligna em Jó. O arcanjo
agiu com total indiferença para com o sofrimento de servo e sua família. Não se
preocupou com a miséria daquele homem e tão pouco procurou compensá-lo
naquilo que ele havia tomado. Como não podia matá-lo, sua intenção foi fazer
com que ele provocasse o suicídio.
É provável que Uriel tenha influenciado a esposa de Jó pare que ela
sugerisse que o esposo acabasse com a própria vida, já que Jó não havia
blasfemado. Seu propósito era destruí-lo a qualquer custo e provar aos demais
anjos que Deus estava errado.
Então sua mulher lhe disse: Ainda reténs a tua sinceridade? Amaldiçoa a Deus, e
morre.
Porém ele lhe disse: Como fala qualquer doida, falas tu; receberemos o bem de
Deus, e não receberíamos o mal? Em tudo isto não pecou Jó com os seus lábios.
(Jó 2:9,10)
A mulher de Jó ficou totalmente fora de si diante das circunstâncias fazendo
com que até seu esposo a chamasse de louca. Havia a impressão de que ela
estava possessa. A partir daí, deixa de existir um anjo e começa a nascer a
personalidade de Satanás.
Uriel sentiu um extremo ciúmes de Jó e não teve nenhum pouco de
misericórdia ao tentar destruí-lo. Deus, ao constatar seu erro, retirou a liderança
de Uriel e a entregou a Miguel, pois ele não era detentor do caráter necessário
para ser o principal representante do Senhor.
A maneira com que Lúcifer se dirigiu a Deus é totalmente estranha, pois
indicou que este ser estava sendo totalmente submisso ao Criador.
Que inimigo é esse que tem a liberdade de chegar tão perto de quem ele
deseja destruir?
É possível pensar que essa história trazida pela Igreja, de que um anjo
procurou ser melhor que o Altíssimo e depois de algum tempo voltou aos céus
para conversar com Ele como se nada tivesse ocorrido, faz sentido? Satanás tirou
um terço dos anjos e depois retornou ao céu sem maiores problemas? Logo, a
teoria que é pregada hoje, não se sustenta devido a sua explícita fragilidade.
No mesmo livro, é citado um versículo que confirma minha tese. “Eis que
ele não confia nos seus servos e aos seus anjos atribui loucura”. (Jó 4:18)
Mais tarde, Uriel começou a discordar e opor-se a autoridade de Miguel.
Não é preciso muito para convencer um terço dos anjos a promover uma rebelião
contra esse arcanjo e seu reinado.
Prestem muita atenção nesta passagem:
E houve batalha no céu; Miguel e os seus anjos batalhavam contra o dragão, e
batalhavam o dragão e os seus anjos;
Mas não prevaleceram, nem mais o seu lugar se achou nos céus.
E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, chamada o Diabo, e Satanás,
que engana todo o mundo; ele foi precipitado na terra, e os seus anjos foram
lançados com ele”. (Apocalipse 12:7,8,9)

Percebam que a Bíblia não diz que foi Deus quem lutou contra o Dragão
(Uriel) e o expulsou. As escrituras sagradas informam que foi o arcanjo Miguel e
seus anjos que lutaram e expulsaram Uriel.
Lúcifer (Uriel) foi atirado na terra entre os seres humanos porque Miguel
não tinha autoridade para mandá-lo ao inferno ou prendê-lo em algum outro
planeta do universo. Esse poder só Deus tem. “E não temais os que matam o
corpo e não podem matar a alma; temei antes aquele que pode fazer perecer
no inferno a alma e o corpo”. (Mateus 10:28)
Lançado aqui na terra, Uriel transformou-se no Diabo que conhecemos hoje
e, consequentemente, com o passar dos tempos procurou estabelecer reinos de
idolatria que separavam o homem de Deus – prova disso foi a tentação de Jesus
no deserto. O inimigo ofereceu praticamente todos os reinos do mundo caso
Jesus se prostrasse para adorá-lo.
Novamente o transportou o diabo a um monte muito alto; e mostrou-lhe todos os
reinos do mundo, e a glória deles.
E disse-lhe: Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares. (Mateus 4:8 e 9).

A Bíblia relata que o Diabo e seus anjos representavam um terço das forças
celestiais. O que é pregado atualmente nas igrejas é que ele procurou investir
contra Deus e mais dois terços do exército de anjos.
Pela lógica, isso não tem fundamento. Além de ter que derrotar a maior
parte dos anjos e arcanjos, caso Lúcifer conseguisse essa façanha, seria a vez de
passar por cima do Deus Todo-Poderoso, criador dos céus e da terra. Isso seria
algo muito estúpido porque as chances de alcançar êxito seriam mínimas, senão
zero.
Mesmo que Satanás tivesse dominado todo o exército celestial para atingir
esse objetivo, seria muito difícil e improvável que ele alcançasse êxito. Se ele
tivesse conquistado o trono do Senhor, onde colocaria Deus? É insano ao
extremo pensar que ele poderia vencer a Deus e que o Senhor da glória viria a
servi-lo. Ao imaginarmos a situação percebemos que esse projeto desenhado por
Lúcifer (Uriel) seria impossível de ser colocado em prática.
Gostaria de acrescentar que Satanás tem e sempre teve pleno conhecimento
da onisciência de Deus, assim como temos nós seres humanos. Ele sempre soube
que o Senhor estava totalmente consciente de seus pensamentos. Por isso, jamais
lutaria contra um ser que conhecia muito bem a sua maneira de agir e pensar.
Se pensarmos que ele batalhou contra Miguel, essa história tem mais
sentido, pois o príncipe Miguel, apesar de ter poderes especiais, não é onisciente,
onipresente e onipotente. Nenhum anjo, ou qualquer outra criação de Deus, o é.
Só Deus representado pela trindade Pai, Filho e Espírito Santo é. Ninguém mais!
Eu penso que os anjos foram criados com um nível de inteligência maior do
que os seres humanos em geral. Nenhum ser humano usando a sua pouca
inteligência pensará que é possível tomar o lugar de Deus. Um anjo que tem um
grau de discernimento maior jamais tentaria planejar algo dessa natureza,
qualquer um saberia que esse plano não daria certo de maneira alguma.
CONHECENDO MELHOR URIEL
No hebraico, Uriel significa chama de Deus. Os ferreiros de antigamente e
possivelmente os profissionais que trabalham hoje com metal nas indústrias
metalúrgicas e siderúrgicas, quando querem saber a qualidade de um
determinado material, submetem-no ao fogo para verificar sua resistência e
retirar suas impurezas que, se permanecerem, podem comprometer a sua
qualidade . Não foi à toa que Deus atribui esse nome a Uriel, pois ele teria a
função de avaliar o ser humano e outras criações do Altíssimo colocando-os à
prova.
Há uma passagem no livro de Gênesis que conta a história de Abraão e seu
filho Isaque. Vejam:
“Mas o anjo do Senhor lhe bradou desde os céus, e disse: Abraão, Abraão! E ele
disse: Eis-me aqui.”
“Então disse: Não estendas a tua mão sobre o moço, e não lhe faças nada;
porquanto agora sei que temes a Deus, e não me negaste o teu filho, o teu único
filho”. (Gênesis 22:11,12)

No trecho acima, um determinado anjo impediu que Abraão sacrificasse o


seu filho adolescente. Levanto a hipótese de que Uriel era esse anjo. Assim
como Adão e Eva foram tentados pela serpente que mais tarde seria conhecida
como Diabo, Jó também foi provocado, e , de acordo com o evangelho, esse
antigo anjo tentou Jesus enquanto estava no deserto.
Citarei novamente o versículo 12. Fica claro que era o anjo caído tentando
provar Abraão. Observem: “Então disse: Não estendas a tua mão sobre o
moço, e não lhe faças nada; porquanto agora sei que temes a
Deus, e não me negaste o teu filho, o teu único filho”. (Gênesis
12:12)
Caros leitores, quero que compreendam que o Diabo estava envolvido
nesses acontecimentos. No Jardim do Éden e também no sacrifício de Abraão,
esse arcanjo não tinha sido despojado de sua autoridade celeste, pois se
observarmos bem o livro de Gênesis veremos que não foram feitas referências a
diabos ou demônios em cada um de seus capítulos.
De fato, o propósito da criação de Uriel, além de comandar o exército
celestial, foi avaliar o homem. Ele e os outros anjos que a ele eram subordinados
tinham a função semelhante a do Espírito Santo atualmente, mas com menos
força e sem o desfrute da onipotência, onipresença e onisciência.
Podemos identificar esse fato quando Jacó luta com um anjo e este toca-lhe
a cocha ferindo-o. “Então ele disse: Não se chamará mais o teu nome Jacó,
mas Israel, porque lutaste com Deus e com os homens e tens prevalecido.”
(Gênesis 32:28)
Perceba que o anjo mencionado acima tomou essa decisão para abençoar
Jacó porém, princípio sem a aprovação de Deus.
Disse então Zacarias ao anjo: Como saberei isto? pois eu já sou velho, e minha
mulher avançada em idade.
E, respondendo o anjo, disse-lhe: Eu sou Gabriel, que assisto diante de Deus, e fui
enviado a falar-te e dar-te estas alegres novas.
E eis que ficarás mudo, e não poderás falar até ao dia em que estas coisas
aconteçam; porquanto não creste nas minhas palavras, que a seu tempo se hão de
cumprir. (Lucas 1:18-20)

Nota-se que Gabriel, no exemplo acima, tomou a decisão de emudecer


Zacarias deliberadamente, pois a principio, não foi essa orientação que ele
recebeu de Deus.
Concluo, então, que os anjos celestiais frequentemente gozam de uma certa
autonomia para tomar decisões que considerem ser corretas. E do mesmo modo,
Miguel utilizou-se dessa liberdade para expulsar Uriel, já que ele é o Príncipe do
Exército do Senhor. “Respondeu o príncipe do exército do SENHOR a Josué:
Descalça as sandálias dos pés, porque o lugar em que estás é santo. E fez
Josué assim.” (Josué 5:15).
CAPÍTULO 3
RAFAEL O PRÍNCIPE DA PÉRSIA
Vejam essa passagem no livro de Daniel 10:13:
“Mas o príncipe do reino da Pérsia me resistiu vinte e um dias, e eis que Miguel,
um dos primeiros príncipes, veio para ajudar-me, e eu fiquei ali com os reis da
Pérsia.”

Essas palavras foram ditas pelo anjo Gabriel, que o Senhor enviou para
levar uma mensagem ao profeta Daniel. Quando Gabriel parte para seu objetivo,
em seu caminho, surgiu uma figura que tentou de todas as maneiras evitar que a
oração de Daniel fosse respondida. Essa figura foi chamada de Príncipe da
Pérsia - um demônio que governava espiritualmente aquele lugar. O mais
provável era que ele fosse um dos sete arcanjos que acompanhou Uriel em sua
revolta.
Durante o confronto, Miguel apareceu superando os reis da Pérsia (forças
espirituais das trevas) e abrindo caminho para Gabriel. Quando esse anjo fala
com Daniel, ele diz que em seu retorno ao céu surgirá sobre ele o príncipe da
Grécia, local em que haveria uma nova batalha. “E ele disse: Sabes por que eu
vim a ti? Agora, pois, tornarei a pelejar contra o príncipe dos persas; e,
saindo eu, eis que virá o príncipe da Grécia.” (Daniel 10:20)
Possivelmente, o príncipe da Grécia foi o antigo Uriel.
Tanto a Grécia quanto o Império Persa, eram compostos de cidades-estados
e nações dominadas pela idolatria. Essas regiões foram as maiores fortalezas de
Satanás e seus demônios. No parágrafo seguinte, irei lhes explicar porque
acredito que o príncipe da Grécia foi o Satanás que conhecemos hoje.
Vejam em Apocalipse 2:13, o conteúdo da terceira carta à Igreja de
Pérgamo (cidade grega).
“Conheço as tuas obras, e onde habitas, que é onde está o trono de Satanás; e
reténs o meu nome, e não negaste a minha fé, ainda nos dias de Antipas, minha fiel
testemunha, o qual foi morto entre vós, onde Satanás habita”.

Apresentada a passagem acima, percebo sua relação com a Grécia e


também noto que esse Satanás jamais foi jogado no inferno e, tão pouco habita
esse lugar como muitos acreditam. Provavelmente, nunca esteve lá. A Bíblia não
relaciona o Diabo com o inferno, mas com a Terra.
Falarei agora sobre um arcanjo chamado Rafael que, de acordo com os
estudos, acompanhou Uriel em sua rebelião contra Miguel.
Segundo a Igreja Católica, precisamente no livro de Tobias, Rafael
apareceu para o judeu Tobias e, em determinado momento, ensinou-lhe feitiçaria
para curar-lhe de uma enfermidade e para que ele conseguisse expulsar
demônios. Por ter transmitido ensinamentos às igrejas protestantes, sua literatura
foi excluída, visto que os demais livros da Bíblia não continham esse tipo de
orientação. Além disso, outras contrariedades aconteceram nesse apócrifo que o
fazeram cair em descrédito.
Na visão protestante, temos que concordar que é um texto realmente
incoerente. No entanto, ao fazermos uma análise mais profunda, descobrimos
que essa história, apesar de sua controvérsia, tem um certo teor de verdade
quando vista por outros ângulos.
Na realidade, Rafael é o príncipe da Pérsia que lutou contra Gabriel, de
acordo com o trecho descrito no livro de Daniel.
Assim como o profeta Daniel, porém em uma época diferente, Tobias
também viveu na Pérsia e, como é relatado na Bíblia, havia hostes espirituais das
trevas muito severas naquela região. Por essa razão, a oração de Daniel demorou
três semanas para chegar até ele. “Mas o príncipe do reino da Pérsia me
resistiu vinte e um dias, e eis que Miguel, um dos primeiros príncipes, veio
para ajudar-me, e eu fiquei ali com os reis da Pérsia.” (Daniel 10:13)
Gabriel não conseguiu superar o príncipe da Pérsia, pois, de acordo com a
hierarquia de Enoque, ele era um arcanjo inferior a Rafael, precisando que
Miguel viesse ao seu auxílio.
A questão no livro de Tobias é que foi transimitida a mensagem de que
Rafael era um anjo, quando na verdade ele havia se transformado em um
demônio que enganou Tobias. A história nos diz que esse judeu, além de ser
extremamente humilde, era bem ignorante e por isso foi ludibriado. Rafael, sob o
comando de Uriel, integrou um terço dos anjos que se rebelaram contra o arcanjo
Miguel.
O pecado é a estratégia que esses anjos caídos adotaram para fazer o ser
humano subordinar-se aos seus interesses e principados terrestres, e assim, ver o
homem negar a Deus e todos os seus valores. Todo aquele que comete pecado é
um adversário de Deus. A palavra satanás significa adversário, portanto todo o
pecador é, de certa forma, um satanás.
Deus reservou o lago de fogo para todos os pecadores, pois Ele considera o
pecado como algo que vai contra a sua santidade.
Voltando a história de Jó, afirmo que Deus o criou com o objetivo de avaliar
Uriel, já que somente Jó foi estruturado e preparado para enfrentar as situações
das quais experimentou.
Nossos inimigos espirituais agem como um filtro. Abaixo, trarei um
exemplo para que os leitores compreendam melhor. Vocês já devem ter feito ou
observaram pessoas fazendo café, correto? Existe um coador ou filtro de papel
que é utilizado para reter as impurezas. Supondo que esse filtro não existisse,
certamente acabaríamos ingerindo toda aquela sujeira que deveria ser retida.
No mundo espiritual ocorre algo semelhante. Se por acaso Deus resolvesse
destruir Satanás, não seria mais possível separar o joio do trigo e, como
resultado, sem “filtro”, qualquer um poderia entrar no Reino dos Céus. Para que
isso não aconteça, a existência desses inimigos espirituais se torna necessária,
pois todos os impuros serão filtrados por eles. Assim como as impurezas retidas
no coador, um dia serão também jogados fora todos os demônios. Há um tempo
de existência determinado e, chegando ao término desse tempo, serão
aniquilados. “Disse também o Senhor: Simão, Simão, eis que Satanás vos
pediu para vos cirandar como trigo.” (Lucas 22:31)
Caros leitores, quero esclarecer-lhes que Deus não exterminou o Diabo e
seus anjos porque, se assim o fizesse, como poderia separar os bons dos maus?
Cabe ao Diabo mostrar o caminho da desobediência para aqueles que querem
andar conforme os prazeres carnais.
Observem novamente esta passagem descrita em Isaías:
E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei
o meu trono, e no monte da congregação me assentarei, aos lados do norte.
Subirei sobre as alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo. (Isaías 14:13-
14)

Farei um novo comentário sobre esse trecho, mas antes, quero que os
leitores entendam que o nome Miguel em hebraico significa “quem é como
Deus”.
De acordo com a teologia moderna, essa referência bíblica alude ao tempo
em que Lúcifer teria se revoltado contra Deus. Na realidade, essa parte foi muito
mal compreendida.
Esse trecho da Bíblia não diz que ele queria tomar o lugar de Deus, mas sim
que desejava ocupar uma posição semelhante a do Altíssimo, se é que Isaías
falava realmente sobre Lúcifer. Na minha opinião, isso é improvável devido aos
fatores apresentados na introdução desse livro. Porém, caso estivesse, Isaías só
poderia estar se referindo a Miguel, que é o grande príncipe e que está acima das
estrelas de Deus, aqui representadas pelos anjos.
E naquele tempo se levantará Miguel, o grande príncipe, que se levanta a favor dos
filhos do teu povo, e haverá um tempo de angústia, qual nunca houve, desde que
houve nação até àquele tempo; mas naquele tempo livrar-se-á o teu povo, todo
aquele que for achado escrito no livro. (Daniel 12:01)

Concluo que além de Samyasa e Uriel, existe um outro Satanás chamado


Rafael que também foi uma arcanjo e é igualmente perigoso.
CAPÍTULO 4
ARMAS DE SATANÁS - ESPÍRITISMO E
IDOLATRIAS
O inimigo sabe que o principal requisito para agradar a Deus é amá-lo
acima de todas as coisas. Quando o ser humano cultua imagens, entristece a
Deus mais do que qualquer outro pecado.
Lúcifer criou esculturas e figuras de barro, madeira, pedra, etc,
reconhecendo esta como a principal maneira de distanciar o homem de Deus.
Portanto, meus amados, fugi da idolatria.
Falo como a entendidos; julgai vós mesmos o que digo.
Mas eu digo que as coisas que os gentios sacrificam, as sacrificam aos demônios e
não a Deus. Eu não quero que sejais participantes com os demônios.
Não podeis beber o cálice do Senhor e o cálice dos demônios; não podeis
participar da mesa do Senhor e da mesa dos demônios. (I Coríntios 10 versículo
14-21.)

A queda desses anjos fez com que suas identidades celestias fossem
perdidas, de modo que precisaram criar figuras que os representassem diante dos
homens como os deuses gregos e romanos, entre outros.
Abaixo exponho alguns exemplos:
Escultura de Zeus

Escultura de Poseidon (deus do mar, terremotos e cavalos)

Também foram cultuadas divindades sobrenaturais que são representadas


quase sempre por algum ser humano heróico ou algum ser místico/mitológico.

Bezerro de Ouro, feito pelos israelitas durante a peregrinação no deserto. (Êxodo 32)
Estátua de Budá

Deusa Hindu

Todo ato de idolatria, independentemente da religião, constitui uma


veneração e uma adoração a demônios.
Toda imagem que representa santos são abomináveis diante de Deus. Ele
nunca irá compartilhar sua glória com estátuas que simbolizam qualquer ser
divino.
Os estimados leitores, em algum momento de suas vidas, devem se lembrar
de relatos de pessoas que afirmam terem sido curadas depois de rezarem para
determinados santos.
Acredito fielmente que essas pessoas foram libertadas das suas doenças.
Tanto no caso dos médiuns, que falaremos mais adiante, como em relação a
esses santos. Mas a questão é: por quem elas foram realmente curadas?
A resposta para essa pergunta está na segunda epístola de Corintíos 2:14.
“E não é maravilha, porque o próprio Satanás se transforma em anjo de luz.”

O Diabo tem o poder de curar doenças e fazer milagres. Demonstrarei esses


fatos comentando casos que ocorreram no Brasil e que ficaram famosos nas
mídias como Chico Xavier, João de Deus e Rubens Farias Jr.
Resumidamente, essas pessoas afirmam que os espíritos dos mortos podem
incorporá-los e a partir daí fazer milagres. Acredito que eles recebam a visita de
espíritos e, consequentemente, façam grandes ações, mas estão longe de ser
aquilo que dizem representar.
A Bíblia não nos orienta a realizar esse tipo de prática e nesse livro sagrado
jamais foi cogitado que a reencarnação é possível. Existe um versículo em
Deuteronômio que faz duras críticas a esse costume. Observem:
Quando tiveres entrado na terra que o Senhor, teu Deus, te dá, não te porás a imitar
as práticas abomináveis da gente daquele terra. Não se ache no meio de ti quem
faça passar pelo fogo seu filho ou sua filha, nem quem se dê à adivinhação, à
astrologia, aos agouros, ao feiticismo, à magia, ao espiritismo, à adivinhação ou à
invocação dos mortos, porque o Senhor, teu Deus, abomina aqueles que se dão a
essas práticas, e é por causa dessas abominações que o Senhor, teu Deus, expulsa
diante de ti essas nações. Serás inteiramente do Senhor, teu Deus. (Deuteronômio
18:9-13)

A doutrina espírita baseia-se no seguinte trecho retirado do primeiro livro


de Samuel 28.
Samuel disse a Saul: Por que me inquietaste, fazendo-me subir? Então disse Saul:
Mui angustiado estou, porque os filisteus guerreiam contra mim, e Deus se tem
desviado de mim, e não me responde mais, nem pelo ministério dos profetas, nem
por sonhos; por isso te chamei a ti, para que me faças saber o que hei de fazer.

Para os leigos no assunto, Samuel foi o último juíz e o primeiro profeta de


Israel, nação cujo único Deus era o Senhor. Cabia a ele advertir e ensinar o povo
todos os costumes e leis que recebeu de Moisés na época em que os Judeus
saíram do Egito.
De acordo com o Pentateuco (cinco primeiros livros da Bíblia), havia mais
de 600 mandamentos além dos 10 clássicos que são mundialmente conhecidos.
Samuel sabia muito bem que Jeová não aceitava que seu povo consultasse
qualquer espécie de espírito. Ele passou a maior parte de sua vida transmitindo
esses tipos de ensinamentos, pois representava Deus e a lei judaíca.
Pouco tempo depois da morte de Samuel, o rei Saul, encontrando-se em
uma situação muito delicada pelo fato de Deus não responder as suas orações,
resolveu ocultamente consultar uma médium ou feiticeira, ação essa estritamente
proibida. A intenção de Saul era falar com o profeta falecido e solicitar
conselhos. Durante esse evento foi relatado o aparecimento do espírito de
Samuel falando com o rei Saul.
Pergunta aos leitores: por que Samuel retornou à terra sabendo que essa
prática era totalmente condenável diante de Deus? Ainda que ele pudesse
retornar para o nosso mundo, certamente não o faria, pois, ninguém sabia tão
bem quanto ele que essa atividade era totalmente inconcebível. Justamente por
essa razão, Saul sabendo que isso era proibido resolveu fazer esse ato às
escondidas.
Quando Jesus foi tentado no deserto, o inimigo o transportou para o topo de
uma montanha. Satanás realizou um teletransporte, algo que vai muito além da
compreensão humana e, com isso, deu oportunidade para que Jesus observasse
todos os reinos da terra ao mesmo tempo. Depois disso, o Diabo ofereceu esses
reinos ao salvador, caso ele se prostrasse para adorá-lo. A transposição foi um
fenômeno fantástico.
Se ele podia fazer essas coisas extraordinárias seria bastante provável que
ele e seus subordinados fossem capazes de realizar todos os tipos de cura, ou,
ainda se passar por Samuel ou qualquer outra pessoa falecida. Tenho certeza que
isso não seria nada difícil.
Por que razão esses espíritos fazem essas coisas? Por que, em vez de
procurar Deus e o seu Espírito Santo, as pessoas iriam procurar pessoas mortas
para resolverem seus problemas, distanciando-se de Deus?
Eu tive a oportunidade de ler o “Evangelho segundo Allan Kardec”. Livro
muito conhecido aqui no Brasil e que foi responsável pela propagação da
doutrina espírita. Nessa obra, o autor prega que podemos falar com os mortos e
também transmite a ideia da reencarnação. Entretanto, esta passagem discorda
totalmente dos que pensam dessa forma... “E, como aos homens está ordenado
morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo” (Hebreus 9:27)
Não tenho a intenção de instaurar polêmicas ou censurar nenhuma religião
e, por essa razão, não me aprofundarei nesse assunto. No entanto, acho
interessante que Allan Kardec, que viveu no século XIX, não tenha questionado
o fato de que os espíritos que falavam com ele poderiam ser aqueles que estavam
com Lúcifer na rebelião que trouxe um terço das anjos para a terra.
Ele aceitou tudo o que os espíritos disseram e jamais atraveu-se a indagá-
los sobre essa questão ou até mesmo outros fatos. Se ele realmente conhecesse o
evangelho, deveria tê-los posto à prova e confrontá-los como fez Jesus na
seguinte passagem.
Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi
homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade
nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e
pai da mentira.(João 8:44.)

Enfatizo que ao fazer comentários sobre o espiritismo, não insinuo que essa
religião seja inferior a qualquer outra. Tenho muito respeito a todos os espíritas e
conheço excelentes pessoas adeptas desse credo. Quando levanto divergências,
não me coloco como detentor da verdade. Estou aberto às críticas, sobre tudo,
em conceitos religiosos que compartilho. Porém, acredito que essa doutrina foi
constituída sobre uma base muito frágil e de pobres argumentações e convicções,
impedindo até mesmo sua própria existência.
CAPÍTULO 5
CONCLUSÕES E REVELAÇÕES
Antes de iniciarmos esse capítulo, queria lhes dizer que a minha proposta
foi lhes contar a verdade e corrigir interpretações equivocadas que catedráticos
do passado fizeram das escrituras constituindo uma verdade que nunca existiu.
Certamente, eu poderia ter estendido esse assunto, porém, tudo que fosse escrito
além do que escrevi não passaria de fantasia. As livrarias estão repletas de livros
que contam estórias baseadas na imaginação humana. Tenho como exemplo o
“Código da Vinci”, de Dan Brown, que faz muito sucesso. Sua narrativa não
passa de uma ficção sem base teológica que objetiva entreter o público e ganhar
dinheiro.
Essa obra que escrevo tem a fundamental finalidade de transmitir
conhecimento aos caros leitores, estimulando-os à capacidade de análise e
reflexão. A Bíblia apresenta muito mais ensinamentos do que aqueles que vocês
provavelmente ouvem nas igrejas ou em algum lugar similar. Meu objetivo não é
entretê-los ou enganá-los com falsas histórias. Para isso existem autores como
Dan Brown e outros.
Procuro discutir aqui a origem de Satanás e enfatizar quem realmente ele é
e como atua. Não estou aqui para desmentir o Velho ou o Novo Testamento, mas
confirmá-lo de acordo com o que deveria ser.
Segundo revelações do Apocalipse, que é o último livro da Bíblia, as
pessoas que colocassem a marca da Besta em suas mãos direitas ou nas suas
testas não seriam mortas pelo anticristo, mas os que se opusessem seriam
executados.
E engana os que habitam na terra com sinais que lhe foi permitido que fizesse em
presença da besta, dizendo aos que habitam na terra que fizessem uma imagem à
besta que recebera a ferida da espada e vivia.
E foi-lhe concedido que desse espírito à imagem da besta, para que também a
imagem da besta falasse, e fizesse que fossem mortos todos os que não adorassem
a imagem da besta. (Apocalipse 13:14-15)

Atentem-se ao escrito no Evangelho de João, “O ladrão não vem senão


para roubar, matar e destruir; Eu vim para que tenham vida e a tenham em
abundância.” (João 10:10)
O texto acima não se refere exatamente ao Diabo, mas penso que Jesus,
quando disse essas palavras, procurou explicar que a intenção de nossos
inimigos espirituais é roubar, matar e destruir-nos espiritualmente. O trecho que
citei de Apocalipse refere-se a esse fato. E, utilizando outros meios, é isso que
ele pretende fazer nos dias de hoje.
Observem esse exemplo claro que Jesus deixou:
Disse-lhe Jesus: Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá-o aos
pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, e segue-me.
E o jovem, ouvindo esta palavra, retirou-se triste, porque possuía muitas
propriedades. (Mateus 19:21, 22)

Onde está esse homem citado no Evangelho de S.Mateus? Estou


convencido de que no céu é que não está! Satanás corrompeu a mente dessa
pessoa pela ganância, a roubou, matou e a destruiu espiritualmente. O que
adiantou ele ter adquirido dinheiro e reputação? Certamente, no lugar em que ele
está agora, não é permitido usufruir de nada que conquistou aqui na terra.
Jamais permitam que a ganância/luxúria do mundo consiga enganá-los. Na
realidade, esses são os instrumentos que o Diabo utiliza para roubar a sua
salvação.
Mas os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas
concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína.
(1Timóteo 6:9)

Finalizo esse texto pedindo aos queridos leitores que considerem


cuidadosamente esse trabalho que apresento-lhes. Nos encontramos num mundo
onde há uma guerra espiritual. Em nossas batalhas, devemos procurar conhecer o
inimigo e suas armas para que possamos lutar contra o Diabo e escapar de suas
armadilhas.“Sede sóbrios; vigiai; porque o diabo, vosso adversário, anda em
derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar.” (1 Pedro 5:8)
Finalmente, quero que entendam que conforme é descrito no evangelho de
Mateus, o Senhor Jesus nos deu poder para repreender em seu nome qualquer
espírito do mal. Não os temam, pois através do Senhor todo poder das trevas
deve submeter-se a nós.
“Jesus chamou os seus doze discípulos. Deu-lhes o poder de expulsar os espíritos
imundos e curar todas as doenças e mal”. (Mateus 10)
Honra e glória a Jesus “Rei dos reis e Senhor dos senhores” para sempre e
sempre amém.

Escrito por Daniel Augusto Martins

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