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Conselho Editorial
Aparecida Feola Sella Flávio Pereira
Valdeci Batista de Melo Oliveira Susimeire Vivien Rosotti de Andrade
Sanimar Busse Eduardo Nunes Jacondino
Eurides Kuster Macedo Júnior Marta Botti Capellari
Fabiana Regina Veloso Geraldo Emílio Vicentini
Rose Meire Costa Carla Lilliane Waldow Esquivel
Jair Antonio Cruz Siqueira Luís Daniel Giusti Bruno
Rafael Andrade Menolli Dartel Ferrari de Lima
Kátia Fabiane Rodrigues Valderi Pacheco dos Santos
José Carlos da Costa Marli Renate Von Borstel Roesler
Cláudia Barbosa Roberto Saraiva Kahlmeyer Mertens
Equipe
Aparecida Feola Sella Valdeci Batista de Melo Oliveira
Diretora Editora-Chefe
Cascavel
2020
4
© 2020, EDUNIOESTE
Capa
Lohana Larissa Mariano Civiero
Revisão
Aparecida Feola Sella e Vanessa Raini de Santana
Diagramação
Lohana Larissa Mariano Civiero
Ficha Catalográfica
Helena Soterio Bejio
ISBN: 978-65-87438-18-4
Impressão e Acabamento
Gráfica da Universidade Estadual do Oeste do Paraná
Rua Universitária, 1619 - Jardim Universitário - CEP 85819-110 - Cascavel-PR
Telefone: (45) 3220-3118
E-mail: unioeste@hotmail.com
DISTRIBUIÇÃO GRATUITA
OBRA PUBLICADA COM RECURSOS DA FUNDAÇÃO ARAUCÁRIA
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Cascavel
2020
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7
Sumário
11 Apresentação
Apresentação
Esta coletânea reúne trabalhos desenvolvidos em parceria com
pesquisadores de diferentes universidades brasileiras, situadas em con-
formidade com a vocação própria de seu histórico e do contexto regional.
Porém, de forma bem eloquente, esta obra toma perfil não só interinsti-
tucional, mas também de verdadeira comunhão de pesquisadores envol-
vidos com necessárias respostas em linhas de frente do ensino remoto
em condição atípica, decorrente da pandemia causada pela Covid-19.
Carrara (2020) dispõe sobre a necessidade de a área de Humanas
lidar com o inusitado, com o envolvimento de equipes interdisciplinares
que possam pensar amiúde sobre processos de interação que reconfigurem
comportamentos e inclusive crenças. Para o autor:
Esta obra faz parte das ações desenvolvidas pelo Grupo de Estu-
dos e Pesquisas em Educação Superior-GEPES/Unioeste, que, por sua
vez, está vinculado ao Grupo Internacional de Estudos e Pesquisas em
Educação Superior-GIEPES/Unicamp.
Elenita Conegero Pastor Manchope
Andréa Araújo do Carmo
Fabiano Gonçalves Costa
Kathia Marise B. Sales
Soraia Cristina Tonon da Luz
Vera Maquêa
21
Introdução
A história de Ricky Gallant, acima narrada, está no livro
Choque de Futuro, do psicólogo e futurista Alvin Toffler, publicado em
1970. O que Toffler (1970) discute em seu livro são os impactos das
mudanças sociais, econômicas e, principalmente, tecnológicas sobre a
vida das pessoas. Para Toffler (1970), choque de futuro é, na verdade,
uma doença causada pela incapacidade dos indivíduos de conviverem
com as mudanças quando estas ocorrem em ritmo muito acelerado.
Incapazes de lidar com a mudança, algumas pessoas começam a rejeitar
as inovações tecnológicas.
O argumento que gostaria de sustentar aqui é o de que a socieda-
de atual, impactada pela “progéria”, causada pela alta concentração de
22
Fonte: Inep/Mec
1
Os gráficos foram construídos pelo autor, considerando atualização ano após ano,
sempre a partir de outubro, quando o Inep apresenta o resultado do Censo Escolar
Superior. A busca pelos dados está sendo realizada por quase trinta anos, desde 1991,
quando os dados passaram a ser digitalizados.
32
Fonte: Inep/Mec
Hoje, uma dessas formas inteligentes parece ser o uso das ferra-
mentas tecnológicas que estão disponíveis para garantir a continuidade da
aprendizagem pelos alunos digitalmente incluídos, buscando mecanismos
técnicos, políticos e econômicos para incluir a todos. Os exemplos, nesse
sentido, são muitos mundo afora. Destaque-se, por exemplo, a iniciativa
do governo chinês, que, conforme relata Wang Yan (2020), abriu
sua vida num país estranho, longe de sua sociedade e das pessoas com
quem tinha tanto em comum. Dizer adeus aos seus e aceitar o exílio seria
equivalente a abraçar uma morte sem honradez.
Também esse aspecto da necessidade do convívio social ficou
muito claramente ilustrado com a pandemia. Conforme destacamos em
texto anteriormente publicado:
mesma energia e não tem a mesma força que a vibração de uma gran-
de torcida num estádio lotado, assim também o dedão na mensagem
de whatsapp ou a curtida no facebook, embora indiquem algum tipo
de concordância ou com o conteúdo de sua mensagem ou com o seu
direito individual de expressá-la, parece não substituir adequadamente
a confiabilidade da concordância olho no olho (RISTOFF, 2020, s.p.).
Considerações finais
O Brasil e o mundo se encontram diante de uma situação de anor-
malidade, de excepcionalidade, de uma pandemia que certamente terá o
seu fim em alguns meses. Cabe-nos, neste momento, não tentar naturalizar
essa excepcionalidade, projetando-a como o futuro inevitável e desejável
da educação, mas sim aproveitar as lições que a excepcionalidade nos
ensina. E ela nos ensina, entre outras coisas, que devemos: (1) aprender
a dominar as novas tecnologias para aperfeiçoar métodos e práticas de
ensino, redesenhar percursos pedagógicos, aumentar a abrangência e o
alcance de nossos processos educacionais; (2) lutar por políticas públicas
de inclusão social e digital que impeçam a marginalização educacional,
assegurando educação de qualidade para todos e reafirmando o con-
ceito de educação como bem público; e (3) agir no sentido de criar as
salvaguardas que possam nos proteger de ameaças futuras, que, seja por
catástrofes naturais, guerras, epidemias ou pandemias, forcem novamente
o fechamento de nossas escolas.
Por último, há que se considerar que a educação a distância, em
suas muitas e criativas variações (e-learning, tele-educação, síncrona,
assíncrona, MOOCs, webinários, webconferências, weboficinas, chats
etc.), também apresenta outros problemas. O pai dos MOOCS, Sebastian
Thrun, anunciou recentemente que fará profundas modificações no seu
projeto original de oferta de cursos em massa, abertos e on-line. “Eu
imaginava dar às pessoas uma educação profunda — ensinar a elas algo
substancioso, mas, os dados estavam em desacordo com essa ideia”
(CHAFKIN, 2013, s.p.).
Para concluir, reportamo-nos ao que foi destacado sobre o tema
em texto anteriormente publicado:
Referências
ALMEIDA, F. UFMG lança política de inclusão digital para garantir
acesso ao ensino remoto emergencial. Assessoria de Comunicação da
Universidade Federal de Minas Gerais. 1º jul. 2020. Disponível em:
https://ufmg.br/comunicacao/assessoria-de-imprensa/release/ufmg-lan-
ca-politica-de-inclusao-digital-para-garantir-acesso-ao-ensino-remoto-e-
mergencial. Acesso em: 6 jul. 2020.
YAN, W. How does the Chinese education system cope with the virus
outbreak challenge? CGTN, 18 fev. 2020. Disponível em: https://news.
cgtn.com/news/2020-02-18/China-s-online-learning-sector-thrives-ami-
d-epidemic-ObnQfU8hfW/index.html. Acesso em: 18 fev. 2020.
46
47
Introdução
Seguramente, o ano de 2020 será lembrado pelo registro do estado
de emergência em saúde pública de importância internacional, caracteri-
zado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma pandemia
causada pelo vírus SARS-CoV-2, o novo Coronavírus, e pelas profundas
consequências causadas pela doença por ele provocada, a Covid-19. Essa
situação no Brasil torna-se ainda mais crítica, destacando sobremaneira
nossas profundas desigualdades sociais, tendo em vista a aceleração da
degradação ambiental, da destruição sistemática da biodiversidade e
liberação de agrotóxicos, potencializada pelas atuais políticas federais
para o meio ambiente. A partir de dados da OMS, o Ministério da Saúde
divulgou, em 30 de junho de 20202, que uma em cada quatro mortes
2
Dados do Portal do Ministério da Saúde em 30 de junho de 2020 (https://covid.
saude.gov.br/), com base nos dados da OMS: No Brasil, a Covid - 19 já ceifou a vida
de 59.656, registrando cerca de 1.408.485 de casos confirmados. Acesso em: 10 jul.
de 2020.
48
não possui acesso nenhum à internet em casa. Sem falar na falta de con-
dições da maioria de nossas crianças, que não têm em suas casas acesso
à banda larga, a um computador ou ainda a um mediador, chamado mãe/
pai, para ajudar na realização das tarefas. Até o momento, ainda não está
pacificado o formato para retorno às atividades escolares, e os órgãos de
gestão, avaliação e acompanhamento estão em um processo de escuta,
negociação e construção de propostas para um “retorno”5.
O direcionamento tomado pelas redes pública e privada de educa-
ção superior também foi bem distinto, diante da natureza de suas identi-
dades e missão. As instituições privadas de educação superior, detentoras
de quase 80% da malha de matrícula nos cursos de graduação, entre a
oferta nas modalidades presencial e a distância, e concentrando 91,6%
do total de matrículas em cursos de graduação na modalidade a distância
(BRASIL, 2019), não anunciaram dificuldades para a substituição de
atividades presenciais para o ensino por meios digitais. Pelo contrário,
em sua maioria, fortaleceram os investimentos em recursos tecnológicos
e buscaram atrair novos estudantes, uma vez que o uso de tecnologias já
faz parte da realidade6 do sistema privado e da vivência de sua comuni-
dade acadêmica. Embora o conjunto de instituições públicas de Ensino
Superior em âmbito federal, estadual e municipal atenda a uma malha
de matrículas equivalente a 23% de estudantes ingressantes em cursos
4
Brasil tem 4,8 milhões de crianças e adolescentes sem internet. Disponível em: ht-
tps://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noticia/2020-05/brasil-tem-48-milhoes-de-
-criancas-e-adolescentes-sem-internet-em-casa. Publicado em 15/05/2020. Acesso
em: 9 jul. 2020.
5
Como exemplo, no Estado da Bahia, a Secretaria de Educação, o Conselho Estadual
de Educação, o Fórum Estadual de Educação, os sindicatos de docentes e de técnicos e
outras instâncias de representação estão em processo de construção de propostas para
um retorno das atividades nas escolas de Educação Básica. Ver: http://www.educacao.
ba.gov.br/; http://www.feeba.uneb.br/sobre-o-feeba/. Acesso em: 10 jul. 2020.
6
Em 2018, o Brasil conta com 8,45 milhões de matrículas em cursos de graduação.
Sua maioria, 6,37 milhões, está concentrada em 2.238 instituições de ensino privadas.
As demais, 2,08 milhões de matrículas estão nas 299 instituições públicas. Fonte:
Censo da Educação Superior. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
Anísio Teixeira (Inep), 2018. http://download.inep.gov.br/educacao_superior/censo_
superior/documentos/2019/censo_da_educacao_superior_2018-notas_estatisticas.
pdf. Acesso em: 10 jul. 2020.
51
Outro aspecto, que não deve ser esquecido, passa pelas relações
construídas no interior das universidades, entre professores, estudantes,
tecnologias e aprendizagem. Historicamente, as nossas universidades
padecem de maior incentivo a programas de formação, acompanhamento,
diálogo dos docentes com questões de ordem didático-pedagógica, volta-
dos para o uso de interfaces tecnológicas variadas – quadros interativos,
ambientes de aula on-line, uso de plataformas com vários ambientes inte-
grados. A expressão “Não entendo nada de ambiente on-line!” chega ao
cotidiano dos professores como uma representação dos distanciamentos
entre o professorado e o uso de ambientes, programas, aplicativos, volta-
dos para estabelecer relações mais naturalizadas e passíveis de diálogos
sobre a necessidade de construção de ambientes remotos – isso se deve
também aos limites orçamentários para construção de uma política de
investimentos, para criar condições de introduzir essas vivências.
Nesse contexto, os movimentos orquestrados em todo o Brasil
por associações e entidades nacionais do campo educacional, a exemplo
da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação
(ANPED)8 e da Associação Nacional pela Formação dos Profissionais
de Educação (ANFOPE)9, chamam a atenção para o perigo de aviltar
processos que são caros como instituições públicas: assegurar que a pre-
carização do trabalho docente não seja acentuada; assegurar que o ensino
e outras atividades não sejam banalizados pela consolidação do uso dos
chamados ambientes virtuais de aprendizagem; assegurar que não haja
um aprofundamento das diferenças entre grupos e classes sociais de es-
tudantes no acesso aos ambientes e/ou propostas de aulas virtualizadas,
atividades remotas de ensino; assegurar que qualquer decisão tomada
em prol de diminuir os impactos dessa pandemia, na vida de estudantes
e professores, não reforce perspectivas de negligenciar as demandas e
bandeiras de lutas por melhores condições físicas de trabalho e pela in-
clusão social de todos(as); colocar-se como espaço de preservação à vida
por meio de seu exemplo de instituição educativa; e, por fim, assegurar
que a universidade não entre no processo de ajudar a disseminar o vírus.
8
Sobre as manifestações, ver: http://www.anped.org.br/news/posicionamento-sobre-
-o-parecer-do-cne-que-trata-da-reorganizacao-dos-calendarios-escolares. Acesso em:
8 jul. 2020.
9
Ver: http://www.anfope.org.br/diversas-entidades-em-todo-o-pais-encaminham-no-
tas-ao-cne-sobre-a-reorganizacao-dos-calendarios-escolares/. Acesso em: 8 jul. 2020.
53
19
De acordo com a referida pesquisa (na página 30), as regiões Norte e Nordeste en-
contram-se abaixo da renda média nacional. Na região Norte a renda média per capita
é R$884,28, menos de 1 SM, e no Nordeste de R$1.046,62. No Sudeste a renda média
per capita é de R$1.510,89, no Sul é de R$1.632,42 e na região Centro-Oeste a renda
média é de R$1.631,20.
20
Respostas referentes a cerca de 50% dos estudantes de graduação da UEFS. Dados
ainda em processamento, arquivo pessoal das autoras.
65
Referências
ABRUEM. Associação Brasileira dos Reitores da Universidades
Estaduais e Municipais. 2020. Disponível em: http://www.abruem.org.
br/. Acesso em: 27 dez. 2020.
Introdução
sem distinções – motivo pelo qual precisamos repensar a escola para esse
contexto no qual somos chamados a nos posicionar na sociedade a partir
dos vários equipamentos construídos socialmente (FLORIDI, 2015).
A incorporação dos saberes tecnológicos nas práticas pedagógicas
pode reconfigurar a formação de jovens que até então são direcionados
a uma mediação sem a devida construção crítica e que permita a cons-
trução de uma escola mais inclusiva, mais democrática. Incorporar os
saberes oriundos dos usos das TDICs pode, por exemplo, minimizar os
impactos de notícias falsas (fake news), na medida em que os jovens
são formados para entenderem as circunstâncias nas quais as relações
de poder se consubstanciam no contexto tecnológico.
Considerações finais
Referências
ACRE. Rede Escola Digital. Disponível em: https://educ.see.ac.gov.
br/. Acesso em: 31 jul. 2020.
bro-2017-pdf/77891-produto-estudo-sobre-processo-implementacao-
-tecnologias-digitas-pdf/file. Acesso em: 31 jul. 2020.
BURKE, M.; XIE, Y. How schools across the globe are reopening amid
the coronavirus pandemic. Edsource, 2020. Disponível em: https://
edsource.org/2020/how-schools-across-the-globe-are-reopening-amid-
-the-coronavirus-pandemic/634739. Acesso em: 11 ago. 2020.
Referências
AGAMBEN, G. La invención de una epidemia. In: AGAMBEN, G. et
al. (Orgs.). Sopa de Wuhan: pensamiento contemporáneo en tiempos de
pandemia. Pablo Amadeo e Aspo, 2020a. p. 17-20. Disponível em: https://
drive.google.com/file/d/1bpWWb7X4CRi-VFyMIeQhtNEslFneKmqk/
view. Acesso em: 24 jul. 2020.
Considerações finais
As inovações na prática pedagógica na educação superior, em
meio a esta pandemia, fizeram-nos refletir ainda mais sobre a possibilida-
de de o professor se reinventar em meio ao caos. É possível? A comple-
xidade de ser professor universitário diante do cenário pandêmico global
é desafiadora, porque, além de gerirmos a mediação do conhecimento,
equiparando-nos às tecnologias de comunicação, estamos vivenciando
um cenário desértico de políticas públicas educacionais que possam
viabilizar esse processo de ensino-aprendizagem remoto emergencial.
116
Referências
AGAMBEN, G. Uma pergunta. Instituto Humanitas Unisinos, 2020.
Disponível em: http://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/598071-uma-per-
gunta-artigo-de-giorgio-agamben. Acesso em: 17 set. 2020.
Introdução
Desde o início da pandemia, e de seus desdobramentos no Brasil,
não foram poucas as vezes que, na mídia, matérias sobre o surgimento
de um “novo normal” para as relações sociais, muito em razão das reco-
mendações das autoridades de saúde e de seus efeitos no cotidiano dos
mais diversos setores da sociedade, apareceram e ganharam destaque. A
utilização do termo, como uma espécie de síntese de uma conjuntura que
se impõe, e que, por esse motivo, demanda práticas “mais apropriadas”,
passou a ser corriqueira nos debates sobre os desafios vindouros. Na
educação, campo de nosso interesse, não foi diferente.
Como será o retorno? Quais serão as estratégias de segurança?
Em que medida essas estratégias poderão comprometer o processo de
ensino-aprendizagem? Dentre outras, essas seguem sendo algumas das
questões que empresários do ramo da educação privada, empreendedores
sociais, diretores de ONGs, pesquisadores, gestores de escolas e admi-
nistradores públicos, quando consultados por jornalistas, ou mesmo em
lives ou entrevistas especiais, vêm tentando responder.
No acompanhamento da cobertura jornalística sobre o tema,
inquietou-nos o modo como a educação era relacionada, quase ins-
tantaneamente e de forma inequívoca, à necessidade de se aderir a um
movimento de readequação das escolas e das universidades, capitaneado
pela ampliação do uso das tecnologias. Inquietou-nos, também, o modo
como o novo normal para a educação encobria discussões outras, partia
de alguns pressupostos e, principalmente, instalava uma orientação con-
sensual de leitura sobre práticas promissoras para a área.
Neste estudo, pretendemos lançar outro olhar para os desafios da
educação no contexto da pandemia. Logo, não partimos propriamente das
questões descritas acima, ainda que, de uma maneira ou de outra, no de-
senvolvimento de nossas reflexões, tenhamos contemplado algumas delas.
120
para o setor – pensada e criada por “especialistas”, por aqueles que estão
autorizados a opinar, independentemente das experiências e vivências dos
profissionais que estão na (chamada) linha de frente – com destaques a
(repetidas e insistentes) proposições envolvendo a integração da tecno-
logia nas escolas e nas universidades; (iii) uma explicação (conformada)
de que readequar é necessário, como se não houvesse outra alternativa,
como se o caminho apresentado e defendido não tivesse volta; (iv) outras
representações.
A partir desses primeiros gestos de interpretação, identificamos
que os arquivos constituídos trabalham para:
(i) Estabilizar os sentidos, tornando-os imanentes às palavras
(segundo uma relação unívoca entre significado e significante), óbvios
à interpretação, unânimes, acessíveis para o “consumo”, basicamente
por meio de dois movimentos interdependentes observados. O primei-
ro, que se refere à determinação de um ponto de partida (enfatizamos:
consensual) para determinada leitura sobre o tema, antecipando uma
orientação de como as reportagens e a entrevista devem ser lidas: (SD1:
“Vestibular e avaliação on-line, reunião de pais via aplicativo e alunos
que buscam sozinhos o conhecimento deve ser a nova realidade”); (SD2:
“A pandemia do novo coronavírus marca, de vez, o uso da tecnologia na
educação”); (SD3: “Seja qual for a sua idade, provavelmente você estudou
em uma sala muito parecida com essa. Com carteiras assim enfileiradas,
a lousa na frente.... Mas parece que agora, vai ficar para o passado”). E
o segundo, que se refere às balizas do que está sendo estabilizado, às
margens de contenção e de moderação dos sentidos, para que estes, em
tese, não escapem, para que permaneçam em seus lugares: os argumentos
dos especialistas. Senão vejamos: (SD4: “...Duda Falcão, Co-CEO do
grupo Eleva, comenta tendências que devem fazer parte do ‘novo nor-
mal’ das escolas”); (SD5: “Para Cristovam Ferrara, diretor comercial da
Ânima Educação, a pandemia trouxe mudanças que vieram para ficar”);
(SD6: “Miguel Thompson, Diretor Acadêmico da Fundação Santillana,
concorda que o uso das plataformas que promovem reuniões on-line
facilitará a comunicação entre escola e as famílias”).
Quanto ao primeiro movimento, reparem como os sentidos são
acomodados em uma direção única, e como prováveis outras alternativas
124
a outra, sem rodeios, vem em seu socorro, como a resposta mais correta
a ser dada, como a solução pronta e acabada.
Porém, além da vinculação constatada (entre educação e tec-
nologia), é possível percebermos que, ao mesmo tempo, há outra, que
justifica a primeira, sustentando-a, e, dessa maneira, controlando os
sentidos, evitando que outros irrompam: a relação estabelecida entre a
educação e o novo normal. E é esta, o novo normal, expressão aberta,
que nada explica27, preenchida, em grande parte, pelas recomendações
das autoridades sanitárias sobre as medidas de segurança para prevenir,
ou para tentar retardar o contágio pelo vírus – anunciadas em larga escala
na/pela mídia: (SD10: “O uso de máscara pra toda comunidade escolar,
ninguém transita na escola, sem tá usando as máscaras, e um, uma, um
conjunto de outros protocolos que envolvem a limpeza, sanitização, uso
de produtos adequados, higienização dos espaços...”) – que contribui
tanto para que os sentidos se consolidem (não há o que fazer, este é o
destino, confirmado e sacramentado) quanto para que se normalizem
(esta e não outra é a realidade que temos para enfrentar, e o remédio
ideal é este e não outro): (SD11: “Recuperar o tempo perdido e adaptar
as escolas ao chamado novo normal, esta é a dupla missão dos responsá-
veis pela educação dos estudantes brasileiros”). Vejam que não há uma
ampla e crítica discussão sobre uma nova educação para um novo normal,
para um novo tempo. O (velho) normal, já conhecido, sobretudo pela
população mais pobre, persiste, segue, talvez, com outra roupagem, mais
high tech, mais tecnológica, mas, não obstante o “disfarce” (atualizado),
continua sendo o mesmo.
E é dessa forma que o trabalho de arquivo – como problematiza-
mos, unificando e propagando saberes: homogeneizando posturas, defi-
nindo prioridades e obrigações, elegendo modelos de ação e identificando
perfis capazes; bem como promovendo a estabilização e a consolidação
dos sentidos que administra – formula e coloca em circulação certa re-
presentação de educação e, a partir desta, também formula e coloca em
circulação outras representações, como a de um (novo) sujeito-professor
e a de um (novo) sujeito-estudante.
Pois à qual normalidade se refere: à velha ou à nova? Tivemos algum tipo de nor-
27
malidade antes? E agora, no presente, será que temos? E, no futuro, será que teremos?
Quais são os critérios para tê-la em conta?
126
que lugar do mundo vai viver: ele vai enfrentar o desafio de fazer um
discurso, de gerenciar seu dinheiro...”).
Nessa linha, o novo normal para a educação, formulado e colo-
cado em circulação, de acordo com a rede de formações discursivas em
que se inscreve e de acordo com os já-ditos com os quais se relaciona, a
partir dessa inscrição, deve obedecer, fielmente, em seus planos e projetos,
em suas políticas e atividades, em suas relações interpessoais e estrutura
organizacional, ao “receituário” neoliberal, que, prometendo eficiência e
a obtenção de resultados satisfatórios, segundo os interesses do mercado
e do sistema financeiro, registramos, e não segundo os compromissos
de promoção de justiça social e cidadanias, toma como inevitável e ne-
cessária a conversão da escola, da universidade, dos professores e dos
estudantes em uma empresa.
Pontuamos que a aludida conversão não se resume propriamente
a uma privatização convencional de uma autarquia, fundação ou agência
do setor público; está além desse arranjo, embora o abarque como um
de seus desdobramentos (possíveis). Aquela conversão – partindo do
imaginário de que a iniciativa privada é o terreno absoluto e inconteste
das virtudes, e de que suas práticas se consubstanciam em um modelo
triunfante, infalível, salvador, um itinerário que, se aplicado e seguido,
em sua integralidade, proporcionará sucesso – se refere à introdução da
“dinâmica empresarial” na rotina das escolas e das universidades e na
forma como professores e estudantes devem passar a reconhecer a si
mesmos, a se reconhecer no mundo e a reconhecer o outro. Isso confor-
me: a fixação de índices, metas, e indicadores (pois o que é eficiente e
produtivo é quantificável); a inserção de competências e habilidades nos
currículos escolares, ou uma constante alteração desses componentes, à
luz dos ânimos econômico-financeiros e de sua consequente repercussão
na sociedade (readequar práticas para se adaptar a um novo contexto é
o caminho); o incentivo constante à competição, à meritocracia, à con-
corrência, aos ranqueamentos e às premiações (ainda que os pontos de
partida sejam injustos, não sejam os mesmos para todos, a concorrência
estimula o desenvolvimento); a permanente supervisão e consultoria dos
trabalhos por um especialista, um expert, alguém que está autorizado
a dizer algo sobre [...], enfim, um encarregado por nos ensinar a viver,
134
– mesmo que com ela não concorde –, não se rebelando” (SILVA, 2001,
p. 6). Logo, àqueles, a depender de seu grau de readequação ao modelo
já estabelecido, se mais ou menos alinhados, restará apenas receber uma
certificação – um atestado de qualidade – que indicará a sua eficiência ou
a sua ineficiência, a sua aptidão ou a sua inaptidão.
Considerações finais
Em nossas análises, observamos que os discursos da mídia, a
partir da constituição de arquivos, unificando e propagando saberes,
instalam um modo de leitura – de direção única – no que concerne ao
novo normal para a educação, produzindo consensos sobre o que é a
educação propriamente dita e quem são os professores e os estudantes
esperados para o período pós-pandêmico. Esses consensos, como dis-
cutimos, não têm origem em si mesmos, ou nas próprias reportagens,
tampouco no trabalho de arquivo, seus efeitos de sentido, levam-nos a
alguns já-ditos, bem como a sua inscrição em uma rede de formações
discursivas neoliberal, que determina o que pode e deve ser dito; no caso
em questão, segundo um modo próprio de organização da sociedade,
da economia e do Estado, e, consequentemente, segundo um modelo
específico de educação.
O que há, então, de “novo” para a educação neste novo normal,
se o caminho continua estreito para a educação brasileira, e com a preo-
cupação de que se estreite ainda mais? O que já era tratado de forma
incoerente e paradoxal, além de não encontrar respaldo para uma even-
tual superação, ou, pelo menos, para um amplo debate popular sobre o
tema, é encoberto pela promessa, frequentemente ventilada, de um novo
tempo, que, capitaneado pelos recursos tecnológicos, tomados ora como
objetos, ora como instrumentos, por meio da adesão a um plano de rea-
dequação de práticas e rotinas, será diferente do período que antecede a
pandemia, agora, relacionado a um tempo de “atraso”, que precisa ser
revertido. Mas como ser diferente: Reproduzindo o mesmo? Apagando
o político, as contradições e as divisões dos sentidos? Naturalizando as
desigualdades, ou tomando-as apenas como conjunturais? Que nossas
reflexões sobre os desafios para o porvir não fiquem estacionadas nas
evidências do trabalho ideológico.
136
Referências
BRESSANIN, J. A. A discursividade da mídia na construção de sentidos
para o sujeito-professor. Linguagem em (Dis)curso, v. 18, n. 1, p. 87-97,
jan./abr. 2018. Disponível em: https//www.scielo.br/pdf/ld/v18n1/1518-
7632-ld-18-01-87.pdf. Acesso em: 20 jul. 2020.
Introdução
O Brasil e o mundo se depararam com um adversário nocivo em
2020, o coronavírus. A Organização Pan-Americana de Saúde - OPAS
(2020) e a Veja Saúde (2020) informam que a presença do vírus Covid-19
no Brasil foi detectada em fevereiro de 2020. As nações, incluindo o Bra-
sil, não estavam preparadas para tamanho impacto. Em outras épocas, o
mundo já vivenciou pandemias muito parecidas, dentre elas a “Influenza
Espanhola” (SILVEIRA, 2005); entretanto, o cenário atual é diferente, os
paradigmas mudaram, o mundo se tornou globalizado31, as informações
são disseminadas com maior velocidade, as instituições estão conectadas
e as pessoas circulam em diferentes espaços de forma muito mais rápida.
Por meio de redes físicas e telemáticas, as características do paradigma
tecnológico (CASTELLS, 2003) alteraram práticas de consumo, incluíram
novos saberes e as maneiras de sentir, viver e conviver foram revisitadas
em diferentes contextos.
Assim, o sistema educacional está imerso em um cenário atípi-
co, distinto do que acometeu o mundo no início do século XX. Àquela
época, não havia tecnologias, recursos e ferramentas com os potenciais
educativos como os que se dispõe no século XXI e, por consequência,
31
Os processos de globalização contemporânea impuseram a revisitação, não só dos
clássicos sistemas de produção e organização, mas também das estruturas e dos pa-
radigmas que até hoje orientam os processos de aprendizagem e formação superior
(“Clássico no sentido de que o investimento no conhecimento servia para um longo
período de tempo”). Hoje os saberes não podem se concentrar em uma parte da vida,
em experiências ocasionais, deve ser contínuo e distribuído espacial e temporalmen-
te em concomitância com as atividades do trabalho e com as ações em sociedade
(MARGIOTTA, 2005, p. 21).
138
Projeto Ideias
Considerações finais
As características da educação, em época de processo disruptivo,
chamam a atenção para conceitos como convergência, cultura digital,
entre outros, que se relacionam com a conjuntura atual como forma de
apontar diferentes caminhos, conexões e vias de acesso à informação.
Sendo assim, pensar a organização da Câmara de EaD da Abruem pres-
supõe uma lógica que se realiza em conexões ou em diferentes fluxos e
movimentos, afastada da ideia de unidade e centralidade. As ações desta
Câmara estão sempre em movimento, em oposição aos modelos estabi-
152
Referências
ABRUEM. Associação dos Reitores das Universidades Estaduais e
Municipais. 2020. Disponível em: www.abruem.org.br. Acesso em: 21
dez. 2020.
Introdução
No atual contexto da pandemia, entende-se que a inclusão digi-
tal é imprescindível para informação e prevenção contra o novo vírus,
para acesso a benefícios sociais, relações de teletrabalho, atendimentos
remotos em serviços públicos, e, de modo especial, acesso à educação
digital. Aliás, o processo de inclusão digital deverá ser acelerado não só
para esta crise atual, mas também para o período pós-pandemia, a fim
de permitir a eficiência dos serviços públicos, além do acesso dos mais
vulneráveis a uma educação digna.
A evolução tecnológica digital tem assumido um papel deter-
minante na reconfiguração dos ecossistemas e ambientes educacionais.
Portanto, ignorar essas tecnologias é desconstruir o seu potencial para
propiciar a inovação, transformação e modernização (MOREIRA, 2018).
As discussões envolvendo a Educação a Distância (EaD) e o
uso das tecnologias digitais têm alcançado, na atualidade, destaque
na sociedade, principalmente no contexto da Covid-19. Não se pode
negar a importância dessa modalidade de ensino no que se refere ao
atendimento das necessidades educacionais aos sujeitos que não dis-
põem de tempo e possibilidade de estudar presencialmente. Moreira e
Schlemmer (2020) destacam:
passam a ser vistos como forte elo de mediação entre os sujeitos dessa
modalidade de educação.
Entende-se, assim, que os ambientes virtuais foram pensados para
facilitar a aprendizagem autônoma e o protagonismo do estudante. Com
base em uma abordagem construtivista, o estudante deve assumir o con-
trole por sua aprendizagem, apropriando-se dos mecanismos existentes
no ambiente virtual para construir seu conhecimento. Enquanto isso, o
professor-mediador é incentivado a tornar-se animador da inteligência
coletiva dos grupos de alunos, contrariando o papel de fornecedor direto
de conhecimento (LÉVY, 2000; MORAN, 2003).
Dahlstrom, Brookse e Bichsel (2014) também relatam a valori-
zação do ambiente virtual por alunos e por professores, mas identificam
maior utilização de recursos básicos da ferramenta/plataforma, tal como
um repositório de informações e denunciam o baixo índice de utilização
de seus diversos recursos de colaboração e interação. Os referidos autores
defendem a necessidade de novas propostas para otimizar a utilização
dessas plataformas, tornando mais eficaz a realização de alguns processos.
Nessa perspectiva, surgem estudos que recomendam novas me-
todologias para o ensino-aprendizagem por meio de tais plataformas
educacionais. Dessa forma, a UEMA, por meio de cursos mediados por
tecnologias, vem desenvolvendo ações no intuito de atender às demandas
quanto ao melhor uso e exploração dos ambientes de aprendizagem, a
exemplo da criação da Sala de Ambientação. Portanto, o estudo descrito
neste capítulo parte da inquietação, de como se constrói a aprendizagem
por meio das diversas interações que se concretizam no ambiente virtual,
em uma sala específica da ambiência tecnológica. O objetivo é analisar,
com base na percepção dos alunos, uma experiência de aprendizagem
desenvolvida na Sala de Ambientação dos cursos na modalidade de EaD.
Contextualização teórica
Considerando que as tecnologias de informação e comunicação
nos AVAs operam como molas propulsoras e recursos dinâmicos de
educação, a ideia é que, quanto mais são utilizados pelos educadores
e educandos, os AVAs proporcionam a intensificação e a melhoria das
práticas pedagógicas desenvolvidas em sala de aula e fora dela. E, nesse
158
Metodologia
Esta investigação priorizou a metodologia qualitativa como alter-
nativa mais oportuna para a compreensão do fenômeno estudado, pois
160
PROFISSIONAIS Qt FUNÇÃO
Orienta e acompanha o planejamento do
professor; Acompanha o envio e prazos dos
materiais; Recebe e formata materiais envia-
Designers
01 dos pelos professores; Valida os materiais
Pedagógico (DP)
didáticos; Relata o andamento da produção
no Relatório de Acompanhamento Docente-
-RAD; Encaminha materiais para publicação.
Valida os materiais didáticos para EaD no
curso; Identifica e encaminha possíveis alte-
rações nos produtos; Acompanha a produção
Assistente 01 com revisores e Editores; Envia as avaliações
Pedagógico a logística de avaliações; Acompanha a pro-
dução no Relatório de Acompanhamento
Docente-RAD.
Designers de vídeo Ministra a oficina Câmera e Ação, que orienta
01
(DV) a produção de videoaulas.
Acompanha a edição conforme designação
Editores 01
do DV.
Revisor de
01 Faz a revisão textual.
Linguagem
Responsável por revisar o vídeo e reenviar
Revisor de Tela 01
ao editor.
Responsável pela identidade visual, bem
Videografista 01 como pela manipulação de imagens e gráfi-
cos para vídeos.
Responsável pelo teleprompt com o texto
Cinegrafista 01
para ajudar na gravação.
Resultados e discussão
Os resultados obtidos propiciaram observar as oportunidades de
interação entre os elementos do sistema EaD, sejam eles humanos ou
não humanos, e isso foi possível perceber durante todas as etapas dos
cursos propostos na Sala de Ambientação, criada no ambiente virtual de
aprendizagem dos cursos EaD da UEMA.
Todos os cursos a distância ofertados pela UEMA foram con-
templados com uma sala de ambientação, em que os ingressantes, antes
de iniciarem as disciplinas do currículo formal do curso, foram matri-
culados. São os seguintes: Cursos de Tecnologia, nível superior (Curso
Superior de Tecnologias em Alimentos; Curso Superior de Tecnologias
em Segurança no Trabalho; Curso Superior de Tecnologia em Gestão
Comercial); Cursos de Bacharelado (Administração Pública); Cursos de
Licenciaturas (Geografia Licenciatura; Filosofia Licenciatura; Formação
Pedagógica; Música Licenciatura e Pedagogia Licenciatura).
Dentro desse universo de expansão de cursos, a Sala de Ambien-
tação reuniu subsídios para promover a evolução do conhecimento do
aluno; “despertar a autonomia nos estudos”; provocar as “participações
nos fóruns e atividades”; “incentivar a leitura e interpretação de textos”
(GUIA DIDÁTICO, 2017).
166
DISCIPLINA(S) TEMÁTICAS/ATIVIDADES
FUNDAMENTOS DA EaD
Fórum – Estudar a distância:
desafios e competências
AMBIENTE VIRTUAL DE
APRENDIZAGEM
Fórum – Apresentação Atividade
– Por que estudar a distância faz a
diferença?
ROTINAS PEDAGÓGICAS DO
AMBIENTAÇÃO CURSO
EM EaD E TICs Fórum – Tira dúvidas sobre a temáti-
ca discutida
SOCIABILIDADE, INTERAÇÃO E
INTERATIVIDADE NA EaD
Atividade – Glossário
TECNOLOGIAS DE INFORMA-
ÇÃO E COMUNICAÇÃO – TICs
Fórum – Ambientes de aprendiza-
gem presenciais e virtuais
Fórum – Redes sociais no processo
de ensino e aprendizagem
Considerações finais
Este capítulo apresentou a experiência de um projeto-piloto em
andamento na UEMA, por meio do Núcleo de Tecnologias para Edu-
cação - Uemanet, intitulado Sala de Ambientação, para os alunos dos
cursos na modalidade de EaD, e mostrou dados relevantes do processo
de inclusão digital dos alunos, por meio do ensino on-line.
Para a efetiva aprendizagem na EaD, faz-se necessária a constru-
ção de um ambiente virtual cheio de significados e propício à interação
entre seus participantes. Os resultados corroboraram o que a literatura
afirma com relação à relevância de criar um ambiente que proporciona
engajamento, de criar condições propícias à aprendizagem dos estudantes.
Segundo Salmon (2000) e Pavey e Garland (2004), é necessário
influenciar boas práticas, incentivar planejamento, definição de prio-
ridades, estruturas padrões e revisão, formas de orientar os discentes
168
Referências
BARDIN, L. Análise de conteúdo. Tradução de Luís Antero Reto e
Augusto Pinheiro. Lisboa: Edições 70, 2006.
Introdução
Em contraste à recepção passiva de informações, as metodologias
ativas podem ser um bom caminho para o engajamento dos estudantes e
são foco de várias pesquisas na área educacional, tais como jogos edu-
cativos, gamificação, Problem Based Learning (PBL), Project Based
Learning (PjBL), Peer Instruction, Sala de aula invertida, Summaê,
Trezentos, entre outras (DOCHY et al., 2003; RIBEIRO, 2008; WATKINS;
MAZUR, 2013; FRAGELLI; FRAGELLI, 2017; FRAGELLI, 2019).
A motivação é fundamental para que a aprendizagem se torne
significativa, compreendendo aprendizagem significativa como uma ação
do estudante em correlacionar de forma substantiva as novas experiên-
cias, ideias e conceitos com sua estrutura cognitiva prévia (AUSUBEL,
1968; MOREIRA, 2006).
Considerando as necessidades contemporâneas, observa-se a
importância do desenvolvimento e do fortalecimento de habilidades de
utilização de tecnologias e ferramentas digitais na prática educacional.
Nesse sentido, o desafio para o século XXI é a utilização de estratégias
inovadoras de ensino centradas no estudante, promovendo engajamento
e a motivação intrínseca (VARELA-ORDORICA; VALENZUELA-
-GONZÁLEZ, 2020).
A Aprendizagem Baseada em Projetos (ABPr) ou, em inglês,
Project Based Learning (PjBL), é bastante conhecida no âmbito do En-
sino Superior e consiste em promover uma aprendizagem significativa
por meio de projetos cooperativos que possuem correlação com o mundo
real (BENDER, 2015).
Com o PjBL, são desenvolvidas habilidades sociais que in-
cluem responsabilidade, autoconfiança, habilidades de comunicação,
174
Método Trezentos
O Trezentos em seu formato original – chamado neste texto
como Trezentos original, Trezentos clássico ou simplesmente Trezentos
– consiste em formar grupos potencialmente colaborativos com base
em determinado procedimento que utiliza o resultado de uma avaliação
de aprendizagem e a quantidade de grupos a ser formada. Em cada um
desses grupos, haverá estudantes com um bom rendimento na avaliação
(ajudantes) e alguns com baixo rendimento (ajudados). O professor
define metas a serem cumpridas pelos integrantes dos grupos em um
prazo determinado. Após o cumprimento dessas metas, os estudantes
são reavaliados de formas distintas: os ajudados realizam uma nova
avaliação de aprendizagem nos mesmos moldes da primeira avaliação; os
ajudantes são reavaliados de acordo com a ajuda oferecida aos ajudados
do seu grupo e com a melhora no rendimento.
Na etapa 1, são formados os grupos com base na primeira ava-
liação de aprendizagem do curso, podendo ser prova escrita, prova oral,
portfólio, projetos ou qualquer outro tipo de avaliação. Para a formação
dos grupos, é sugerido o seguinte procedimento (FRAGELLI, 2019):
Metodologia de pesquisa
Descrição da experiência
Participantes
Trezentos Baseado em
Trezentos clássico
Projetos
Formação de grupos potencial-
Formação de grupos potencial- mente colaborativos com base
mente colaborativos com base em em uma avaliação diagnóstica
uma avaliação de aprendizagem. que é baseada em habilidades,
Etapa
Geralmente esta avaliação é rea- conhecimentos e atitudes. O
1
lizada após uma etapa do curso. resultado é convertido em um
É utilizado um procedimento número pelo qual se aplica o
com 4 passos (Figura 1). mesmo procedimento de 4 passos
do Trezentos clássico.
São planejadas tanto as funções
São definidos os ajudantes e aju- quanto o número de integrantes
dados do grupo, sendo atribuída dos grupos. O líder do grupo é a
Etapa
a função de líder ao estudante única função predeterminada e
2
com maior resultado na avalia- será o integrante do grupo com
ção de aprendizagem. maior resultado na avaliação
diagnóstica.
É definido um projeto mais com-
São definidas metas individuais e
plexo por grupo e projetos indi-
coletivas a serem cumpridas em
viduais a serem desenvolvidos
um tempo determinado que é ge-
Etapa com apoio do grupo. O prazo de
ralmente de 10 dias. O objetivo
3 duração dessa etapa geralmente
dessas metas é estimular a inte-
é de 80 a 100% do tempo da
ração entre os participantes e o
disciplina ou do curso em que o
estudo dos conceitos da matéria.
TBP é aplicado.
Projetos individuais e/ou cole-
É realizada uma nova avaliação tivos são avaliados. É possível
Etapa aos ajudados e a aplicação de aplicar escalas semelhantes ao
4 escalas para avaliação do nível Trezentos clássico para verificar
de ajuda. o nível de contribuição dos inte-
grantes do grupo.
182
Procedimento
- Ciências da Saúde
- Distrito Federal - Linguística, Letras
8 - Pernambuco - Ensino superior e Artes
- Minas Gerais - Ciências Sociais
Aplicadas
- Ciências da Saúde
- Ensino superior
- Distrito Federal - Ciências Exatas e
- Gestão escolar
9 - Pernambuco da Terra
- Fundamental II
- Pará - Engenharias
- Ensino médio
- Gestão Escolar
- Ciências da Saúde
- Ciências Agrárias
- Distrito Federal
- Ensino superior - Ciências Exatas e
- Alagoas
10 - Ensino médio da Terra
- Rio de Janeiro
- Fundamental I - Ciências Biológicas
- Paraná
- Ciências Sociais
Aplicadas
- Ciências Sociais
Aplicadas
- Ensino superior - Ciências Humanas
- Distrito Federal
11 - Ensino médio - Linguística, Letras
- Goiás
- Educação infantil e Artes
- Ciências Exatas e
da Terra
- Ciências Biológi-
cas
- Distrito Federal
- Ensino superior - Ciências da Saúde
12 - Paraná
- Outros - Engenharias
- Piauí
- Linguística, Letras
e Artes
- Ensino superior
- Distrito Federal - Engenharias
13 - Educação infantil
- Mato Grosso - Ciências Humanas
- Fundamental I
Fonte: Elaborado pelos autores
Resultados
Variável Categorias n %
Feminino 32 71,1
Gênero
Masculino 13 28,9
Universidade de Brasília 20 44,4
Secretaria de Educação do Distrito Federal 5 11,1
Universidade Federal do Pará 3 6,6
Universidade Federal do Piauí 2 4,4
Universidade Tecnológica Federal do Paraná 2 4,4
Universidade de Pernambuco 2 4,4
Fundação de Empreendimentos Científicos e
2 4,4
Tecnológicos
Secretaria de Estado da Educação do Paraná 1 2,2
Instituição
Secretaria Municipal de Educação de Goiânia 1 2,2
Universidade Federal de Juiz de Fora 1 2,2
Universidade Federal de Uberlândia 1 2,2
Instituto Federal de Brasília 1 2,2
Universidade Federal Fluminense 1 2,2
Universidade do Estado de Mato Grosso 1 2,2
Instituto Federal de Alagoas 1 2,2
Instituto Federal do Paraná 1 2,2
188
Que bom que teve o curso, e a live foi minha base para apresentação
da minha defesa. E por sinal, “Passei!!!” Obrigada por tudo. Aprendi
muito e acredito que agora vou ter mais tempo para explorar mais cada
ferramenta e aprofundar nos textos e nos livros indicados também.
(P_40, Q_2)
Que pena que não tive mais tempo para explorar mais todas as ferra-
mentas e materiais. (P_40, Q_3)
Que pena que faltou mais tempo para digerir todo o material. (P_15, Q_3)
Que pena que não tivemos mais tempo para praticar. (P_25, Q_3)
Que tal utilizar o plano de ensino atual e transformar o curso em uma
especialização (o conteúdo é denso e rico à altura de uma). Acredito
que fazer este curso com um cronograma mais suave. (P_04, Q_4)
Que tal montarem outro curso com mais práticas de vídeos e de mon-
tagem de atividades, como as do escape room. (P_22, Q_4)
Eu não tive uma identificação plena com o meu grupo. No entanto, lidar
com a diversidade é, e sempre será, um desafio enriquecedor. (P_04, Q_1)
O meu grupo despertou o interesse em continuar e não desistir do
curso. (P_09, Q_1)
Inicialmente eu tive dificuldade com meu grupo, pois não consegui
perceber o engajamento de todos. O fato de utilizarmos o whatsapp
me possibilitou provocar discussões, questionamentos e consequen-
temente ocorreu nossa integração. De modo geral, acredito que os
trabalhos em grupo são sempre processos de aprendizagem. Neste
grupo, consegui desenvolver minhas potencialidades, ou seja, minha
criatividade. (P_21, Q_1)
Que pena que não interagi com os outros grupos; descobri a partir das
lives como tinha gente interessante na turma. O tempo não me permitiu
conhecer todos os colegas. (P_14, Q_3)
Que pena que não tive mais tempo para explorar mais todas as ferra-
mentas e materiais. (P_40, Q_3)
Que pena que não tive a oportunidade de fazer um curso semelhante
ao que vocês nos ofereceram há 15 anos atrás, quando ingressei no
magistério. (P_26, Q_3)
Discussão
O objetivo deste capítulo foi apresentar uma experiência de
desenvolvimento de competências digitais dos professores cursistas do
curso “Ferramentas e Estratégias Pedagógicas para Educação Online”
por meio do Trezentos Baseado em Projetos (TBP).
198
Observou-se, neste estudo, que o TBP, por meio das metas a serem cum-
pridas, favoreceu o desenvolvimento dessas habilidades.
O Trezentos clássico tem um histórico de aplicação em disciplinas
semestrais; no entanto, alguns estudos sobre o método demonstraram
as possibilidades de realização em contextos com tempo menor, como
em cursos modulares (FRAGELLI; FRAGELLI, 2016). Este relato de
experiência aponta que é possível a aplicação do TBP em um tempo mais
curto, com melhora na aquisição de competências.
Uma das etapas para a execução do TBP é a formação dos gru-
pos colaborativos. Essa estratégia, que auxilia na interação, motivação,
engajamento e retenção de conteúdo, pode ser observada nos resultados
apresentados (OLELEWE et al., 2020).
O aprendizado construído por meio da colaboração é uma ten-
dência para o século XXI, e, considerando a tecnologia e as redes de
computadores, os grupos colaborativos promovem a construção coletiva
de soluções para problemas comuns e trabalhados, independentemente
da localização geográfica (OLELEWE et al., 2020). Neste relato de
experiência, pôde-se verificar que o curso ofertado teve a presença de
professores cursistas das 5 regiões do país.
Diante do ambiente colaborativo, os professores cursistas foram
capazes de ser desafiados social e emocionalmente, de defender suas
perspectivas, de construir soluções coletivas e de engajarem-se no pro-
cesso ativo de aprendizado, conforme Olelewe et al. (2020) afirmam
sobre os ambientes de colaboração.
Mesmo diante dos benefícios do fortalecimento de habilidades e
meta-habilidades, diante de uma aprendizagem pautada na colaboração,
há também desafios a serem enfrentados, como a comunicação e coorde-
nação de atividades (SCHNAUBERT; BODEMER, 2019). O TBP auxilia
na resolução parcial desses desafios, uma vez que, ao formar os grupos
potencialmente colaborativos, promovem-se papéis pré-definidos, como
a liderança; mas há outras a serem assumidas pelos integrantes, com atri-
buições bem definidas. Alguns relatos identificaram a necessidade de que
essas funções sejam mais bem definidas, principalmente considerando a
aplicação por meio de plataformas digitais.
200
Conclusão
Neste capítulo, foi apresentado um relato de experiência de
desenvolvimento de competências digitais dos professores cursistas do
curso “Ferramentas e Estratégias Pedagógicas para Educação Online”,
por meio de uma proposta de aplicação do Método Trezentos em uma
pedagogia de projetos, chamada de Trezentos Baseado em Projetos (TBP).
Os resultados apontaram que o TBP é um método que possibilita
trabalhar a diversidade, a colaboração e a inovação nos processos deci-
sórios dos grupos. Também foi evidenciado um aumento percentual de
84,23% na média das oito habilidades avaliadas, que possuem correlação
com competências digitais, e o destaque foi o aumento de 195,69% para
a habilidade de utilizar metodologias ativas na educação on-line, que
subiu de uma média de 2,45 para 7,25.
Os resultados qualitativos indicaram que os grupos colaborativos
formados pelo TBP foram essenciais para a maior parte dos grupos, ofe-
recendo apoio aos membros mais sensíveis ao contexto da pandemia e
das dificuldades inerentes ao universo digital. Também foram relevantes
como ambiente profícuo de aprendizado e solidariedade no cumprimento
das metas individuais e coletivas. No entanto, também indicaram, mesmo
de forma isolada, a importância de um acompanhamento próximo dos
professores coordenadores com relação ao desenvolvimento das ativi-
dades dos grupos.
Um ponto importante sobre o curso foi a carga horária subdi-
mensionada para o envolvimento necessário para o cumprimento das
atividades previstas com o TBP. No entanto, quase a totalidade dos cur-
sistas se sentiu motivada a realizar uma segunda formação nos mesmos
moldes, com vistas ao aprofundamento e nova imersão com os artefatos
digitais e práticas pedagógicas abordados durante o curso. Apesar de as
atividades colaborativas do TBP demandarem um envolvimento maior
dos participantes em que o curso parece ser “um carrossel de emoções”
202
Referências
ALMEIDA, K. A. O. A influência do Método Trezentos na aprendi-
zagem dos conteúdos de Biologia no Ensino Médio. 2019. 105 f. Dis-
sertação (Mestrado Profissional em Ensino de Biologia) – Universidade
de Brasília, Brasília, 2019.
SIDDIKI, S.; KIM, J.; LEACH, W. D. Diversity, trust, and social learning
in collaborative governance. Public Administration Review, v. 77, n.
6, p. 863-874, 2017.
Introdução
O modo e o estilo de vida da sociedade contemporânea têm
mudado significativamente, desde a chegada dos aplicativos, das redes
sociais e até mesmo dos buscadores (como o Google). Essas e outras
tecnologias têm sido usadas para “aproximar” as pessoas que estão dis-
tantes fisicamente (ABRANCHES, 2017).
Historicamente, a presença das tecnologias e das telecomunica-
ções trouxe nova dinâmica aos processos de aprender e ensinar (PRE-
TTO et al., 2009). Para Bulgraen (2010, p. 22), “Com o conhecimento
mais descentralizado e fluido a partir de diversas linguagens e meios de
comunicação”, espera-se mais do papel do professor, que agora o profis-
sional precisa “deixar de ser um transmissor de conhecimentos para se
posicionar como um mediador de diversas linguagens e oportunidades
educativas” (BULGRAEN, 2010, p. 22). Nesse contexto, o perfil do
aluno se modificou e as instituições de Ensino Superior e os programas
de pós-graduação precisam repensar a utilização das Tecnologias Digitais
da Informação e Comunicação (TDICs) como estratégias de ensino para
implementar a sala de aula invertida, onde primeiro o aluno faz a inter-
nalização dos conceitos essenciais antes da aula e, depois, junto à turma,
discute os conhecimentos adquiridos e possíveis dúvidas de conteúdo com
a ajuda e orientação do professor (SCHMITZ, 2016; FARIAS, 2020).
A necessidade de planejar melhor o uso das TDICs tem sido
acentuada com o isolamento social mundial (decretado em 2020) em
muitos países, como forma de controlar o avanço da Covid-19, conforme
apontam Baad et al. (2020). Muitas tecnologias têm mostrado possibili-
dades e usos em contextos diferenciados daqueles em que normalmente
funcionavam. É o caso dos serviços de streaming (como o YouTube,
208
Usos de webconferências
O termo “webconferência” ou “conferência web” tem sido defini-
do como “um sistema de comunicação baseado na internet, que permite
interações multimodais (voz, texto e vídeo e multimídias, compartilha-
mento de arquivos, aplicativos, telas do computador) em tempo real, isto
é, sincronicamente” (MILL; ZANOTTO, 2018). Todavia, historicamente,
um sistema de webconferência é qualquer sistema de comunicação,
síncrona ou assíncrona, cujo acesso ocorra pela web (e-mail, fórum,
209
Considerações finais
A aula mediada por webconferências oferece muitas possibilidades
pedagógicas interativas para adaptação das atividades educacionais ao
Ensino Remoto Emergencial (ERE). Esse contexto exige de cada docente
diferentes papéis, desde os pedagógicos e técnicos até uma alta criativida-
de para desempenhar sua atividade de modo a promover um ambiente de
ensino adequado. Assim, a mediação docente planejada é extremamente
necessária, envolvendo uma atitude e comportamento de sujeitos que se
colocam como protagonistas do processo de ensino-aprendizagem.
As exigências do momento atual indicam a necessidade de ofe-
recer formação continuada sobre a organização das webconferências
para o ensino remoto na pós-graduação, especialmente nas plataformas
oficiais brasileiras, como é o caso da webconferência na Rede Nacional
de Pesquisa. Essa formação é muito importante para que o docente pla-
neje muito bem “o para que, como e por que realizar a webconferência”,
uma vez que cada situação do processo de ensino-aprendizagem requer
atendimento específico.
As metodologias ativas de ensino atuais apresentam importantes
possibilidades para a formação crítica e reflexiva de mestrandos e douto-
randos, a partir de uma interação mais ampla com diferentes profissionais
e instituições. Contudo, torna-se necessária a educação continuada do
professor da pós-graduação, para a correta compreensão e aplicação das
metodologias ativas de aprendizagem para o ensino remoto emergencial.
Referências
ABRANCHES, S. A era do imprevisto: a grande transição do século
XXI. São Paulo: Companhia das Letras, 2017.
GOOGLE MEET. Google Meet - App. [S.l.: s.n.], 2020. Disponível em:
https:// https://meet.google.com. Acesso em: 25 jul. 2020.
RNP. Rede Nacional de Ensino e Pesquisa – RNP, App. [S.l.: s.n.], 2020.
Disponível em: https://www.rnp.br/en . Acesso em: 25 jul. 2020.
ZOOM. Zoom Cloud Meetings - App. [S.l.: s.n.], 2020. Disponível em:
https://zoom.us/pt-pt/meetings.html. Acesso em: 25 jul. 2020.
219
Introdução
39
O MINISTRO Mandetta é demitido do Ministério da Saúde pelo presidente Bol-
sonaro... UOL, São Paulo 16 abr. 2020. Disponível em: https://noticias.uol.com.br/
saude/ultimas-noticias/redacao/2020/04/16/mandetta-demissao-ministerio-da-saude-
-bolsonaro.htm. Acesso em: 2 nov. 2020.
220
O texto elaborado por Lacerda colocou como tema central das discus-
sões parlamentares a luta contra o monopólio estatal da Educação. O
deputado acusava o Estado de monopolizar a Educação. Como isto não
acontecia, já que escolas particulares sempre existiram no Brasil, ele,
na verdade, referia-se à aplicação das verbas públicas, que deveriam
destinar-se, também, às instituições privadas de ensino. Tratava-se
de um terceiro substitutivo que, diferentemente de dois outros apre-
sentados por Lacerda, gerou muita polêmica ao buscar introduzir o
princípio da “liberdade de ensino” entendido como livre iniciativa na
área educacional.
No texto apresentado à comissão, Carlos Lacerda partiu da afirmação
de que a Educação é um direito da família, para concluir que cabia
então aos pais ou responsáveis optar pelo ensino oficial ou privado.
Pela lógica, portanto, o Estado precisava garantir a existência das duas
227
Referências
Introdução
A pandemia impôs à sociedade, às organizações e sobretudo às
instituições educacionais um imenso desafio para adaptar-se e superar
as restrições na mobilidade, na interação e na proximidade física social,
advindas das normas sanitárias estabelecidas para o enfrentamento da
Covid-19.
O estado de pandemia foi declarado pela Organização Mundial da
Saúde - OMS no dia 11 de março de 2020, e estima-se que estará vigente
até a viabilização de uma vacina. As pesquisas atuais para o desenvolvi-
mento de uma vacina eficaz apontam para uma provável disponibilidade
em escala mundial no primeiro semestre de 2021. A Covid-19, até o final
do mês de julho de 2020, foi confirmada em 196 países, com aproxima-
damente 15 milhões de infectados e 611 mil óbitos em todo o mundo.
Segundo a OMS, trata-se de um dos vírus mais contagiosos dos últimos
100 anos. Diante desse cenário, estratégias inovadoras têm emergido na
busca de um “novo normal” que estabeleça o equilíbrio entre os cuida-
dos epidemiológicos e as demandas próprias do funcionamento social.
Tais estratégias têm se notabilizado sobretudo no campo da tecnologia
da informação e comunicação, envolvendo significativamente as insti-
tuições educacionais.
A educação brasileira vem passando por inúmeras transformações
no que se refere ao processo de ensino-aprendizagem, principalmente
com a expansão da Educação a Distância (EaD), ou educação mediada
por tecnologias, tanto no Ensino Superior quanto na Educação Básica, em
que professores e alunos estão separados espacial e/ou temporalmente, a
depender da metodologia adotada pela instituição educacional.
248
seja levado aos locais mais distantes. Essa forma de educar permite su-
prir a necessidade de grande parte da população que reside em regiões
distantes e tem dificuldade de acesso à educação convencional. Muitos
têm a ganhar com essa modalidade de ensino, pois aqueles que não teriam
como estudar poderão ter a oportunidade de compartilhar conhecimentos
e mudar sua condição de vida. O avanço tecnológico coloca a educação
diante de novos desafios:
Para que essa prática educativa possa ser vivenciada, tanto pelo
educador quanto pelo educando, torna-se necessário um conhecimento
maior do uso da intermediação tecnológica no processo educacional e
do currículo do ensino médio e, portanto, o desenvolvimento de habili-
dades para o uso competente dos recursos tecnológicos, ou seja, torna-se
necessário o desenvolvimento da fluência tecnológica para ambos os
atores do processo educativo.
Nessa ação, que pode ser entendida como social, de qualidade
formal, cujo cerne é a educação, e o agente a ser transformado é o estu-
dante, a atuação docente precisa ser transformadora, não se limitando a
fornecer apenas informações. Ao professor, cabe o papel de ser mediador
das interações docente-aluno-computador, de modo que o aluno possa
tornar-se responsável pela construção de seu conhecimento, usando os
processos tecnológicos, promovendo sua autonomia, criatividade e au-
toestima (SANTOS; OLIVEIRA, 2011).
A articulação entre qualidade formal e qualidade política resulta
no conceito de qualidade social da educação. Para Libâneo (2013, p. 62),
267
Considerações finais
No cenário de (pós)pandemia apresentado neste capítulo, des-
tacaram-se as restrições nas interações sociais, sobretudo a partir do
distanciamento físico, imposto como recurso sanitário para o enfrenta-
mento da Covid-19. Tal limitação trouxe impactos contundentes para a
269
Referências
ALBUQUERQUE, J. C. M.; SOUZA, C. R. B.; SAMPAIO, R. R. Ino-
vação Tecnológica: Múltiplas Perspectivas. In: SABA, H.; JORGE, E.
M. F.; SOUZA, C. R. B.; SANTOS JUNIOR, A. F. Empreendedorismo
& Inovação. Salvador: Edifiba, 2017.
EMITec/SEC/BA (2018)
www.uneb.br/2016/04/26/universidades-estaduais-ueba-firmam-conve-
nio-historico-de-mobilidade-estudantil/. Acesso em: 23 out. 2018.
Gestão superior –
um estudo com as IPES do Estado do Maranhão
Andréa Araújo do Carmo
Kathia Marise B. Sales
No Maranhão
As instituições de educação superior do Estado do Maranhão,
assim como as demais ao longo do Brasil, trataram de analisar a situação
e buscar estratégias para o enfrentamento da situação da melhor forma
281
Do Formato
Orientação ao Docente
Da Assistência Estudantil
Do Formato
a) Videoaulas;
b) Podcasts;
c) Conteúdos em Slides;
d) Atividades desenvolvidas a partir de aplicativos computacionais;
e) Textos digitais para leitura (e-books, artigos, guias, tutoriais, entre
outros);
f) Propostas de redação de texto, pesquisas na web, discussão temática
por meio de fóruns, estudos dirigidos;
g) Atividades em questionários eletrônicos, entre outras (IFMA, 2020).
Da Assistência Estudantil
Do Formato
a) práticas laboratoriais;
b) prática como componente curricular das licenciaturas;
c) estágios (IFMA, 2020).
Da Orientação ao Docente
Da Assistência Estudantil
Paralelo e tendências
De um modo geral, as IPES maranhenses responderam a todas as
orientações e exigências dos normativos nacionais e estaduais. Observa-
-se a tendência de retomada gradual das atividades acadêmicas por meio
289
Considerações finais
Referências
BEHAR, P. A. O Ensino Remoto Emergencial e a Educação a Distân-
cia. 6 jul. 2020. Disponível em: https://www.ufrgs.br/coronavirus/base/
artigo-o-ensino-remoto-emergencial-e-a-educacao-a-distancia/. Acesso
em: 3 ago. 2020.
forma universal de produção material, ela define então toda a cultura; ela
projeta uma totalidade social – um mundo” (HABERMAS, 2014, p. 87)
e, nesse caso, não se pode ignorar que a razão técnica tem em si mesma
um caráter político, pois revela uma forma de vida.
O professor é um profissional que vive e partilha de formas de
vida na sociedade. Ao reafirmar o poder de criação da mente humana, o
professor elabora ideias a partir de suas experiências diretas, tendo que
dispor de diversos instrumentos para confrontar seus conhecimentos
teóricos às experiências da própria prática, enfrentando contradições
do ambiente de trabalho, mas também outras mais amplas do sistema
educacional em seu cotidiano. A linguagem é, em todos os tempos,
a base humana necessária para a evolução social humana, pois é por
meio dela que se elabora a comunicação e se faz a ponte com o outro.
Mediada pela tecnologia, a formação do professor é uma realidade em
que a vida e o trabalho são amalgamados no processo de construção da
identidade profissional.
Com a intensificação do uso das tecnologias digitais nas diferentes
atividades práticas do cotidiano, verificam-se consideráveis alterações
no modo como elabora o seu pensamento e, em particular, o seu mun-
do de relações. Isso se traduz na imensidão de tarefas técnicas que se
destinam aos indivíduos do século XXI, em que as estruturas sistêmicas
não sobrevivem mais sem esses instrumentos. Ao longo da história, as
tecnologias foram sendo criadas e inovadas à medida que necessidades
e interesses foram aparecendo como bens. A diferença está em que
essas questões práticas são, hoje, articuladas amplamente pelo sistema
do rendimento técnico, isto é, pelo potencial que as pessoas possuem
para gerir as questões de vida. A universidade, como espaço de fomento
e desenvolvimento do pensamento crítico, é chamada a considerar as
contradições que afloram quanto à formação do professor, seja com re-
lação à técnica, seja com referência a valores da educação como forma
de emancipação e exercício da cidadania. Um professor que não sabe
operar um computador, trabalhar com as tecnologias digitais, encontra-se
sem as ferramentas cruciais de seu trabalho, que antes circunscreviam
os limites de lousas físicas e de giz, mas também se coloca em face da
questão da subordinação à técnica.
299
vida de seus alunos, dentro e fora do ambiente escolar. Nesse caso, não
é essencial apenas explorar aspectos do conhecimento escolarizado, mas
principalmente trabalhar com as competências e capacidades de viver
e conviver com diferentes pessoas, compreender a complexidade dos
processos de ensino-aprendizagem e de suas possíveis fragilidades em
diferentes tempos e espaços, como mecanismo para superar os problemas
do mundo que se apresenta globalizado. Para o filósofo francês Lyotard,
o grande desafio para a humanidade é a tecnologia:
p. 85). Contudo, Paulo Freire (2015) esclarecia que o foco não está vol-
tado necessariamente à tecnologia, mas ao que se pode fazer com elas e
a maneira de utilizá-las.
A capacidade do professor de colocar a favor de seu trabalho o
que as tecnologias digitais podem promover pode ser definidora da nova
normalidade que o mundo enfrentará para muito além da pandemia da
Covid-19. Se podemos problematizar essa constatação a partir da ideia de
que a educação deve ser defendida como um bem público a que todos têm
direito, então é possível que venhamos a superar a exclusão social e que o
professor seja valorizado como fundamental para o avanço da humanidade.
E para superar qualquer indício de barbárie no futuro próximo, é
preciso que a educação e tecnologia se alicercem em um novo humanismo
e em um mundo que seja compartilhado pela diferença, pela diversidade
e pela ação amorosa de ensinar e aprender. Se assim puder ser, crises
sanitárias futuras não produzirão ainda mais desigualdade social como
a que estamos vivendo nesse momento.
Referências
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática
educativa. 52. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2015.
Vera Maquêa
Doutora em Estudos comparados de literaturas de língua portuguesa
(USP – 2007). Professora Adjunta da Unemat da área de Letras. Ocupou
a função de Pró-reitora de Ensino de Graduação na Gestão 2014-2018.
311
Dilmar Baretta
Doutor em Agronomia - USP e Doutorado Sanduíche na Universidade
de Rouen (França). Professor permanente e orientador na pós-graduação
em Zootecnia.
Marcus Tomasi
Doutor em Administração pela UFBA (2012). Professor Titular da
UDESC.
Vera Maquêa
Doutora em Estudos comparados de literaturas de língua portuguesa
(USP – 2007). Professora Adjunta da Unemat da área de Letras. Ocupou
a função de Pró-reitora de Ensino de Graduação na Gestão 2014-2018.
316
317
Título do
Formação docente e tecnologias digitais
capítulo
Autor(es)e IES Maria Cláudia Maquêa Rocha Mattia
de vínculo Secretaria de Educação do Estado de Mato Grosso –
SEDUC -MT
Formação
Mestra em Educação
acadêmica
Atuação profis- Professora da Superintendência de Política de Desenvol-
sional vimento Profissional da
Secretaria de Educação do Estado de Mato Grosso – SE-
DUC -MT
E-mail cmaquea@hotmail.com
Orcid –
320