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Disciplina: Tecnologia Electrotécnica de Manutenção Nuclear

Número de créditos: 6
Carga Horária Semanal: 4
Regime: Normal

OBJECTIVOS GERAIS

Os estudantes devem:
 conhecer os processos tecnológicos principais da construção dos equipamentos e
instalações eléctricas mais importantes;
 conhecer os processos tecnológicos principais da manutenção e reparação dos
equipamentos e aparelhagem mais importantes;
 conhecer os princípios de ensaios dos equipamentos eléctricos.

PROGRAMA TEMÁTICO
TEMA HORAS
Processos tecnológicos principais de construção e manutenção de equipamentos 02
eléctricos
Cabos: construção, montagem e ensaio 02
Isoladores: construção, resistência mecânica e eléctrica 04
Linhas aéreas: construção de apoios, montagem de condutores e impacto ambiental 10
Máquinas eléctricas: processo de bobinagem e ensaio 08
Aparelhos de protecção: manutenção, escolha de tecnologia e ensaio 12
Baterias: processo de construção e manutenção 12
Instalações eléctricas: análise de projecto, montagem e ensaio 14
TOTAL 64
ESTRATÉGIA E MÉTODOS DE ENSINO E APRENDIZAGEM

Na leccionação da disciplina, deverão ser consideradas duas categorias de aulas, nomeadamente:


 Aulas teóricas, onde o docente fará a introdução e a explanação da matéria em estudo; e
 Aulas teórico-práticas, onde se fará a resolução de exercícios sobre a matéria em questão.

.
1 Processos e fluxos tecnológicos
1.1 Processo tecnológico

O processo tecnológico, compreende a totalidade de operações que se efectuam com a finalidade


de modificar as propriedades, as dimensões e a forma da matéria-prima ou materiais.

1.2 Fluxo tecnológico

O fluxo tecnológico é o trajecto percorrido pelo material, desde a entrada como matéria-prima até
ao produto final.

Vamos considerar, a título de exemplo, o proceso de fabricação de transformadores.

1.3 Processo de fabricação de transformadores

Os núcleos dos transformadores são confeccionados em chapas de aço-sílico de grão orientado de


baixas perdas, atendendo um alto padrão de qualidade.

Os enrolamentos de alta tensão são confeccionados em fio de cobre esmaltado a 180º em forma
de panquecas. Os enrolamentos devem ser feitos de forma que permitam maior isolação,
refrigeração e menor custo de manutenção, geralmente são separados com calços de material
isolante de alta qualidade, proporcionando maior garantia e segurança para o transformador.

O processo de fabricação de enrolamentos é executado em bobinadeiras automáticas, assegurando


uniformidade e confiabilidade no processo.

Os enrolamentos de baixa tensão são fabricados com condutor de cobre circular ou rectangular,
isolados com papel “Prespann” para garantir uma boa isolação entre as espiras.

O fechamento lateral das bobinas é executado com calços de material isolante de alta resistência
mecânica para suportar possíveis curto-circuitos nas instalações.

As carcaças dos transformadores são fabricadas em chapa de aço com as espessuras determinadas
pelas normas, perfuradas através de estampagem de corte e curvadas em calandra de alta
capacidade.

Os radiadores são confeccionados em tubos elípticos soldados com solda “Mig”, garantindo maior
estanqueidade do transformador; depois desse processo, é aplicado um fundo anti-oxidante, para
maior proteção, e tinta sintética. Para transformadores utilizados na orla marítima o acabamento é
em tinta epóxi ou galvanizado a fogo.

O núcleo dos transformadores é secado em estufas especiais para não haver contaminação por
humidade. É realizada a aplicação de óleo isolante naftênico, desidratado a vácuo através de
equipamento de alta tecnologia e armazenado em tanques de 10.000 litros, revestidos em epóxi
para garantir sua melhor conservação.

Todos os transformadores passam por ensaios de rotina no final do seu processo de fabricação,
analisando:

 Relação de transformação;
 Impedância;
 Resistência elétrica dos enrolamentos;
 Resistência de isolação;
 Corrente de excitação;
 Polaridade;
 Perdas;
 Tensão de curto-circuito;
 Tensão aplicada;
 Tensão induzida;
 Estanqueidade.

Periodicamente são executados ensaios para garantir a uniformidade dos transformadores. No


sector de recuperação de transformadores, deve possuir transporte e serviço de guincho próprio
para melhor atendimento e comodidade aos seus clientes.

O óleo de transformadores

O óleo de transformadores queimados deve ser recuperado por um processo de regeneração físico-
química a termo-vácuo, dentro da fábrica, garantindo assim uma óptima qualidade de óleo nos
transformadores recuperados.

A bobinagem dos transformadores recuperados é executada pelo mesmo processo dos novos,
garantindo melhor qualidade. Nas Figuras 2.4 e 2.5 são apresentados os Fluxos Tecnológicos em
Série e em Paralelo.

.
Fabricação de Montagem de
Desenho das materiais Fabricação
colunas
bobinas isolantes das bobinas

Fabricação do
Desenho da Jateamento Pintura do tanque Montagem
tanque
parte da banca
mecânica

Tanque Tratamento
terceirizado

Montagem
Montagem do final
Desenho da Fabricação da
núcleo e madeiras
parte activa armadura

Projecto Processamento Montagem

Fig. 1.1: Processo de fabricação de transformadores eléctricos.

carcaça
traçagem corte Eliminação de Acabamentos
Soldadura
aparas
soldada

Ajustamento
Empacotamento do
circuito magnético

Chapas
Corte Abertura de Eliminação de
Selecção
cavas aparas
Magnéticas

Fig. 1.2: Exemplo dum fluxo tecnológico paralelo.


1.4 Elementos de norma técnica no processo tecnológico

1.4.1 Importância e finalidade de norma técnica


Uma norma técnica (ou padrão) é um documento, normalmente produzido por um órgão oficial
acreditado para tal, que estabelece regras, diretrizes, ou características acerca do material,
produto, processo ou serviço.

A obediência a uma norma técnica, tal como, por exemplo, a norma ISO ou outras, quando não
referendada por uma norma jurídica, não é obrigatória.

1.5 Princípios gerais de projecção dos processos tecnológicos


1.5.1 Generalidades

O processo e o fluxo tecnológico estabelecido para a fabricação de máquinas ou aparelhagem, deve


assegurar a realização do produto com as suas performances técnicas previstas e com o custo
reduzido. Na elaboração de um processo tecnológico, seja para operações mecânicas ou de outra
natureza (por exemplo, bobinagem), deve começar por analisar as características construtivas e
dimensionais da peça ou subconjunto, condições de precisão das dimensões e da forma, bem como
a qualidade das superfícies. Na base desta análise será estabelecido um processo tecnológico
óptimo.

Factores para escolha de varientes tecnológicos - Os factores principais que devem ser tomados
em atenção na escolha de variantes tecnológicas são:

1) projecto de execução do produto;


2) equipamentos disponíveis;
3) tipo de produção;
4) tipo de semi-fabricados utilizados;
5) organização do processo de produção;
6) quadros disponíveis;
7) condições de trabalho, etc.

1.5.2 Projecto de execução de um produto

O documento de base para elaboração de um processo tecnológico é constituído pelo projecto de


execução que deve compreender o seguinte:

 cronograma de desenhos;
 nomenclatura de peças;
 desenho de montagem geral;
 desenhos de detalhes de cada componente;
 memória descritiva e justificativa; e
 documentação técnica (directivas tecnológicas, nota técnica, livro de carga da
máquina).

1.5.3 Influência do volume de produção sobre a projecção do processo tecnológico

O volume da produção para um determinado produto influencia e determina o projecto da


tecnologia de execução, escolha dos equipamentos e máquinas ferramentas, bem como a
disposição dos equipamentos. Desta forma teremos:

- Processos tecnológicos para produção única;


- Processos tecnológicos para produção em série;
- Processos tecnológicos para produção em massa.

1.5.4 Elaboração da documentação tecnológica

A elaboração do processo tecnológico na base de elementos expostos nas secções anteriores,


começa por elaboração da documentação tecnológica.

Por documentação tecnológica, entende-se como totalidade de documentos de uso interno de uma
empresa em que se sintetiza os elementos do processo tecnológico. Em outras palavras, a
documentação tecnológica é a materialização da concepção geral sobre processo de realização de
uma referência, subconjunto ou produto.

A documentação tecnológica não tem uma componente unitária em todas as empresas, mas o seu
conteúdo é o mesmo e compreende:

- Plano de operação;
- Ficha tecnológica;
- Nomenclatura de peças;
- Documentação de controlo.
Na elaboração da documentação tecnológica deve-se tomar em consideração os seguintes
aspectos:

- Qualidade da produção;
- Operações possíveis a serem executadas na peça;
- Economia do processo tecnológico;
- Produtividade do trabalho.

1.5.5 Aspectos da organização e economia

A elaboração do processo tecnológico consiste na organização do processo de execução da peça


em função de dados iniciais e do processo tecnológico estabelecido para assegurar uma produção
rítmica.
Costuma-se fazer estimativas económicas para determinar a eficiência económica do processo
de execução quando se fala de assimilação de novo produto ou quando se trata de substituição
de um processo velho. Para o efeito, efectua-se o seguinte:

 Estabelecem-se as características da produção;


 Estabelece-se o número de equipamentos, seu grau de carregamento, número de
trabalhadores e grau da sua qualificação;
 Estabelece-se o tamanho do lote de fabricação;
 Organiza-se o local de trabalho; e
 Calcula-se o custo da peça ou produto.

1.5.6 Cálculo do número de equipamento e de pessoal

O cálculo do número de equipamento e de pessoal, depende de:

 Volume anual de produção;


 Fundo de tempo disponível.

Cálculo de equipamento

Neste ponto é apresentada a maneira como se determina a quantidade de equipamentos


necessários numa operação, que está intimamente ligada às decisões do layout. Portanto, para um
determinado projeto do layout, é necessário também determinar a necessidade de equipamentos,
levando-se em consideração três fatores:

 Necessidade de produção, ou seja, a demanda esperada para o produto;


 Capacidade disponível em função dos turnos de trabalho;
 Especificações técnicas do fabricante do equipamento.

Pode-se determinar o número de máquinas ou equipamentos (m), através da seguinte fórmula:

txN
m (2.16)
CD

onde:

 m = número de máquinas ou equipamentos;


 t = tempo de operação unitário por peça;
 N = número de produtos ou operações por período;
 CD = capacidade disponível por período.

.
Exemplo:

Uma fábrica de rodas deseja instalar um número de prensas que seja suficiente para produzir um
milhão de rodas por ano. Cada prensa deve trabalhar em dois turnos de 8 horas por dia, com um
trabalho útil de 6,9 horas por turno e produzir uma roda a cada 0,8 minutos. Considerando que
existe uma perda de 1% na produção e que o ano tem 300 dias úteis, quantas prensas são
necessárias para atender à demanda estipulada?

Resolução:

O tempo de fabricação de uma roda é de 0,8 minutos (t = 0,8 minutos).


O número de operações necessárias por dia será 1.000.000 ÷ 300 = 3.333 rodas por dia, mas como
há perda de 1%, a produção diária necessária é de 3.366, portanto N = 3.366 rodas por dia.
A capacidade disponível diária será 2 x 6,9 = 13,8 horas, o que representa 828 minutos.

txN 0,8 x3366


m   3,25 máquinas
CD 828

Como não se pode ter um número fracionário de prensas e o resultado foi maior que três, a empresa
deve considerar a possibilidade de adquirir quatro prensas.

Outra forma de se chegar ao número de prensas é através do seguinte raciocínio:

Número de rodas = (6,9 horas/turno x 60 minutos)/(0,8 minutos x 1 prensas por roda)


= 517,5 rodas por prensa por turno

O número de rodas sem defeito é: 517,5 x 0,99 = 512,33 rodas por prensa por turno.

Em dois turnos serão produzidas: 512 x 2 = 1.024,66 rodas por prensa.

m = (1 000 000 rodas por ano)/(307 398 rodas por ano por prensa) = 3,25 máquinas

Conforme vimos, é muito importante definirmos a quantidade de equipamentos para a operação,


pois é fundamental na decisão do projecto do layout.

O layout preocupa-se com a localização física dos recursos de transformação, ou seja, com os
recursos que vão transformar os insumos em bens ou serviços.

Definir o layout é decidir onde colocar todas as instalações, máquinas, equipamentos e pessoal
da produção.

O layout é uma das características mais notáveis em uma operação, pois também está relacionado
com a aparência da organização, ninguém gosta de trabalhar em um ambiente desorganizado. E
além do mais, os recursos organizados de forma correta evitam uma série de transtornos e
consequentemente levam ao aumento da produtividade.
IMPORTÂNCIA DO LAYOUT

Existem algumas razões pelas quais a decisão do layout é importante, nomeadamente:

 Se a atividade é difícil e de longa duração, devido às dimensões físicas dos recursos de


transformação;
 a necessidade de modificar o layout de uma operação já iniciada, pode levar a insatisfação
do cliente e perdas de produtividade;
 se o layout for projetado de maneira incorreta, pode levar a:

 fluxos relativamente longos e confusos;


 estoques;
 filas de espera de clientes;
 tempos mais longos de processamentos; e
 altos custos de produção, etc.

É muito importante conhecermos os processos de produção para definirmos o tipo do layout que
melhor se adequa a ele, pois uma empresa jamais poderá apresentar um processo desorganizado,
pois sua imagem perante ao seu cliente é muito importante e além do mais, um layout mal
programado também causará problemas de perdas no processo, afectando a produtividade.

2.5.7 Estabelecimento do lote óptimo e ciclo de fabricação

O estabelecimento do lote óptimo e ciclo de fabricação de um produto, depende dos seguintes


factores:

 Vencimento do operário por unidade de tempo;


 Volume da produção;
 Custo da peça.

2.5.8 Cálculo do custo da peça

O custo da peça, representa o somatório das despesas realizadas para a sua obtenção incluindo o
custo de material.

No cálculo do custo da peça ou produto intervêm o seguinte:

 Custo de material ou prefabricado;


 Custo de execução;
 Retribuição do operário;
 Amortecimento;
 Volume da produção.

.
2.5.9 Escolha da variante óptima do processo tecnológico

Tendo como ponto de partida as condições impostas ao processo de produção e a finalidade a que
se destina, se elabora muitas variantes de processos tecnológicos, capazes de assegurar a qualidade
do produto, produtividade necessária e requisitos de protecção no trabalho. Dentre vários
processos tecnológicos se escolhe o mais económico.

Custo/unitário

C1

C2

n crítico n peças

Fig. 2.4: Evidência do lote óptimo

Da Figura 2.4, verifica-se o seguinte: até 𝑛𝑐𝑟í𝑡𝑖𝑐𝑜 o processo 1 oferece menor custo. Entretanto,
acima de 𝑛𝑐𝑟í𝑡𝑖𝑐𝑜 é vantajoso o segundo processo.

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