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Apostila Implementos Preparo de Solo
Apostila Implementos Preparo de Solo
CURSO DE AGRONOMIA
Cascavel – PR
2005
ÍNDICE
1.1 Introdução
Uma das formas de maior utilização da mecanização é no preparo do solo, que tem
como objetivo oferecer ambiente adequado para o crescimento e desenvolvimento das plantas,
permitindo produção econômica e evitando a degradação do solo. É definido como a
manipulação física, química ou biológica do solo para otimizar as condições para a germinação
e emergência das sementes, assim como o estabelecimento das plântulas.
A escolha de determinado sistema de preparo deve levar em consideração as respostas
da cultura e do solo, visando diminuir perdas do solo por erosão, controle de plantas invasoras,
capacidade de retenção e movimentação de água e também a recuperação física do solo.
O preparo periódico do solo diz respeito a diversas operações agrícolas de mobilização
do solo, realizadas antes da implantação periódica de culturas. Esse tipo de preparo pode ser
feito em 3 sistemas principais:
- convencional (aração, gradeações em toda a área a ser cultivada);
- cultivo mínimo (onde as operações mecanizadas são reduzidas ao mínimo necessário);
- plantio direto (onde a mobilização do terreno só ocorre localizadamente, ou seja, apenas na
fileira de semeadura).
Desde os mais remotos tempos, essas operações têm sido realizadas com a finalidade
de oferecer às sementes que serão colocadas no solo as condições que teoricamente seriam
as melhores para o seu desenvolvimento. Não se deve esquecer, todavia, que as modernas
técnicas de semeadura direta têm demonstrado que, para determinadas condições de solo,
clima e culturas, são possíveis se obter uma produtividade tão boa ou, em alguns casos, até
melhor que com os métodos tradicionais de preparo do solo e semeadura.
De qualquer forma, o preparo periódico do solo continuará a ser feito para as culturas
ou condições onde não existe a possibilidade de utilização de técnicas de semeadura direta.
O preparo do solo compreende um conjunto de técnicas que, quando usadas
racionalmente, podem permitir uma alta produtividade das culturas a baixo custo.
Irracionalmente utilizadas, as técnicas de preparo podem levar à destruição do solo em poucos
anos de uso intensivo ou conduzir à degradação física, biológica ou química em forma
paulatina, diminuindo, em maior ou menor grau, seu potencial produtivo.
A agricultura atual depende da tecnologia disponível no mercado, para atingir bons
resultados produtivos e econômicos. Neste processo, a escolha dos implementos a serem
utilizados é da maior importância.
Máquinas e implementos utilizados, na medida do possível, devem exigir o mínimo
esforço, com máximo rendimento das operações. Isto é influenciado pela escolha do
equipamento apropriado, seu projeto, regulagem, manutenção, trabalho dentro da faixa
apropriada de umidade, velocidade compatível com a operação e profundidade e largura de
trabalho que otimizem a operação.
- a mobilização por inversão de camadas, que é típica dos arados de aivecas ou discos;
- a mobilização por deslocamento lateral-horizontal, típica das grades de discos e de dentes;
- a mobilização por desagregação sub-superficial, típica de subsolador, escarificador; e,
- a mobilização por revolvimento rotativa, típica das máquinas que possuem um rotor com
facas ou pás, acionado pela tomada de potência dos tratores (enxada rotativa).
2.1 Arados
O mercado de máquinas e implementos agrícolas oferece dois tipos de arados sendo
arados de aivecas e arados de discos. Embora a função de ambos seja similar, ou seja,
inversão de solo, apresenta características distintas que influem na qualidade do trabalho
realizado; na demanda energética para tracionamento, entre outros fatores que serão citados a
posteriore.
A aração consiste no corte, elevação e posterior inversão de uma fatia de solo
denominado leiva. Visa-se com essa operação os seguintes objetivos:
a) Revolver o solo, expondo suas camadas internas ao ar, aos raios solares de forma a torná-
lo um leito adequado para a germinação das sementes e desenvolvimento das culturas.
b) Incorporar restos de cultura, esterco e corretivos visando manter ou melhorar a fertilidade do
solo.
c) Enterrio da cobertura vegetal, controlando ervas daninhas ou incorporando adubos verdes.
d) Criar ou manter condições do solo que resultem num mínimo de operações e de solicitação
de potência, para a instalação e condução das culturas.
- Arrasto: tracionados pela barra de tração. Possuem a roda guia dianteira e a roda guia
traseira ou roda de sulco. São utilizados para grandes extensões.
(a) (b)
Figura 2 – a) Arado de Aiveca (Fonte AAH) b)Arado de Aiveca no Campo (Fonte - .Baldan)
A relha tem por função cortar o solo e iniciar o levantamento da secção cortada.
em que
−2
p = tração unitária N . cm
−1
v = velocidade km . h
a e b = coeficientes que dependem do tipo de solo
O aumento de 1% no conteúdo de umidade do solo pode diminuir a tração em 10%. Um
aumento de 0,1 g.cm-3 na densidade aparente pode aumentar a tração em 10%.
argila siltosa - p = 7 + 0, 049.v
2
2.2.6 Valores de utilização de energia total dos arados de aiveca em solo franco
De toda energia disponível para tracionar o arado, 46% se perde em:
a) Resistência ao rolamento – 4%
b) Fricção solo/rasto – 17%
c) Fricção solo/aiveca e relha – 25%
Os 54% restante de energia total, são utilizados em trabalho útil, da seguinte forma:
a)Corte do sulco com a relha – 20%
b)Empuxe e aceleração – 11%
c)Ruptura, deformação e fricção solo/solo – 23%
O aproveitamento energético pode ser calculado da seguinte forma:
trabalho .útil
η= = 0,5.a.0,55
trabalho .total
-
arrastados: 300 – 1000 kg . discos -1
- - semi-montados: 200-300 kg . disco-1
- - montados: 120-175 kg . disco-1
A largura do arado pode ser modificada de tal modo a se obter uma maior capacidade
operacional do implemento. A variação da largura de corte será possível quando a resistência
oferecida pelo arado for compatível com a potência do trator.
Pode-se alterar a largura de corte pela alteração da posição da “barra porta cavilhas”
(barra transversal).
A regulagem da roda guia é feita variando os ângulos horizontal e vertical, bem como
ajustando a tensão na mola que atua sobre o suporte de roda guia. Para seu perfeito
funcionamento a roda guia deve trabalhar no fundo do sulco.
Geralmente os arados possuem no eixo da roda guia alguns números como referência
para que se faça a sua regulagem, esses números tem concordância com as referências para
regulagem da barra transversal.
A regulagem da tensão da mola possibilita regular a profundidade de aração,
principalmente em solos leves ou pesados. Aumentando a tensão da mola, o arado tende a
aprofundar menos no solo.
em que:
p = força por unidade de área (N.cm-2)
v = velocidade do arado (km/h)
8
S = 0,36.A.v ha .h −1
em que:
A = largura de corte (m)
b) Com arado fixo: Os arados fixos tombam a leiva somente para a direita. Para contornar
este inconveniente, para preparar o solo com este implemento foram desenvolvidos dois
sistemas de aração, um em que se levanta o arado e outro em que não se levanta o arado,
ao virar nas cabeceiras da área a ser trabalhada.
3.2.2 Discos
As maiorias das grades possuem discos com 16 a 24 polegadas de diâmetro,
espaçamento de 6 a 10 polegadas, uns do outros. Os de maior diâmetro e espaçamento, são
aconselháveis para terrenos onde o material de cobertura, além de volumoso, é de difícil
cisalhamento, sendo utilizados nas grades mais leves, de dupla ação deslocada ou nas se
simples ação, é preferível discos menores, com pequeno espaçamento, provendo uma
mobilização do solo entre os discos.
Os discos de grades possuem bordas lisas ou recortadas. As bordas recortadas, além
de possuírem maior capacidade de penetração do disco, são indicadas para maior capacidade
de penetração do enterrio de restos de culturas, uma vez que o disco recortado prende o
material através do recorte, facilitando essa operação. O centro dos discos possui um furo
redondo que se encaixa no eixo ,com uma folga para permitir a montagem e desmontagem das
secções com facilidade. Devido a essa folga e ao fato de toda secção possuir movimento de
rotação, deve-se verificar sempre o aperto no eixo, para evitar que os discos se soltem e
produzam desgaste excessivo no eixo ou no disco, inutilizando esses componentes.
Os discos recortados embora possuam maior capacidade de penetração, tem maior
tendência para quebrar, além de serem mais caros.
Grades de discos em X – A folga entre os dois conjuntos dianteiros deve ser de 0,01m.
Entre os conjuntos traseiros a folga deve ser de 0,35 a 0,40m nas grades de 22 discos e de
0,40 a 0,45m nos modelos com 26 e 30 discos. Deve-se seguir rigorosamente a indicação do
fabricante.
Deve-se ter o cuidado de realizar curvas durante as manobras, do lado do vértice das
seções (esquerda).
3.3 Subsolador
São implementos utilizados para romper a camada compactada do solo,
permitindo a infiltração e uma maior capacidade de retenção de água no solo, dentre outras
coisas.
Os subsoladores são utilizados nos seguintes casos:
- Para romper camadas compactadas em profundidade devido ao tráfego repetido de
máquinas, trabalhando a uma mesma profundidade, ou pela compactação devido ao tráfego
de tratores;
- Quando se deseja uma melhor circulação de água necessário em terrenos que tendem a
acumular água;
- Quando junto ao subsolador se aplicam fertilizantes em profundidade.
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3.4 Escarificadores
São implementos usados para quebrar o adensamento superficial do solo. Atualmente
tem sido difundido o seu uso para o preparo de solo em substituição do sistema convencional
(preparo vertical), principalmente entre o intervalo entre a culturas sucessivas, como nas
rotações de culturas. São também muito usados na reforma de pastagens onde há
necessidade de descompactar o solo superficialmente devido ao pisoteio excessivo provocado
pelos animais.
Se trata de um equipamento de preparo do solo cujas ferramentas de trabalho são
dentes montados sobre braços flexíveis ou rígidos.
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Ambas vêm condicionadas pelos mesmos fatores que nos casos dos arados. A
diferença é que nestes equipamentos as componentes de força crescem de forma linear com a
velocidade. Porém estas forças crescem com o quadrado da profundidade de trabalho.
Segundo ASAE, a componente horizontal de reação do solo, para hastes separadas de 30 cm
adquire os seguintes valores quando a profundidade de trabalho é de 8,3 cm.
3.4.5 Regulagem
A profundidade regula-se utilizando rodas de apoio ou SLH (Sistema de Levante
hidráulico).
Espaçamento entre hastes
a) Ponteira estreita: 1,25 * profundidade da haste
b) Ponteira alada: 1,5 a 2,0 * profundidade da haste
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