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Felipe Unterrichter Rechtenthal 

P3 MAC021 
 
DIAGNÓSTICO  LABORATORIAL  DE  DOENÇAS 
AUTOIMUNES 
Existem ao menos 80 tipos de doenças autoimunes, sendo a maioria de causa 
desconhecida.  Algumas  são  genéticas  e  outras  podem  ser  desencadeadas  por 
infecções  e/ou  outros  fatores  ambientais,  sendo  mais  comuns  entre  mulheres  em 
idade adulta → fatores hormonais.  
Em  muitas,  é  comum  a  administração  de  AINES  e  de  imunossupressores 
(depende do estágio da doença).  
Exemplos de doenças autoimunes: lúpus, artrite reumatoide, esclerose múltipla.  
Os  imunocomplexos  formados  em  condição  de  excesso  de  antígeno,  como 
nas  doenças  autoimunes,  tendem  a  permanecer  na  circulação.  Estes  formam 
depósitos,  principalmente  nas  paredes  de  pequenos  vasos  sanguíneos,  onde 
desencadeiam  uma  série  de  eventos  inflamatórios,  levando  a  danos  teciduais  com 
consequente sequela funcional.   
 
→ Artrite reumatoide 
Doença  autoimune  inflamatória  que  afeta  as  pequenas  articulações  de  mãos 
e  pés.  Interfere  no  revestimento  das  articulações,  causando  um  inchaço  doloroso 
que  pode  resultar  em  erosão  óssea  e  deformidade  articular.  Os  auto-anticorpos 
atacam especificamente as membranas que revestem as articulações.  
Diagnóstico  laboratorial  de  artrite  reumatoide:  os  dois  sistemas  mais  importantes 
de autoanticorpos descritos para o diagnóstico laboratorial são: 
a. fator  reumatoide:  auto-anticorpo  IgM  -  ELISA,  IF.  Não  é  exclusivo  da  AR 
(também aparecem na síndrome de Sjögren). 
b. anticorpos  anti-peptídeos  cíclicos  citrulinados  (anti-CCP):  ​exclusivos  e 
aparecem  precocemente  na  doença.  São  direcionados  a  várias 
proteínas/peptídeos  contendo  resíduos  de  arginina  (citrulina)  -  presentes  nas 
articulações.  ELISA  -  peptídeos  cíclicos  citrulinados  (CCP)  sintéticos  como 
antígenos aderidos à placa.  
 
→ Síndrome de Sjögren 
Doença  autoimune  inflamatória  crônica,  marcada  pelo  ressecamento 
progressivo  dos  olhos  e  da  boca.  A  doença  pode  evoluir,  a  partir  das  glândulas 
exócrinas,  para  uma  doença  sistêmica  ou  para  um  distúrbio  linfoproliferativo  de 
linfócitos B.  
Os  autoanticorpos  na  síndrome  de  Sjögren  são  contra  os  antígenos 
SS-A/Ro e SS-B/La. 
Felipe Unterrichter Rechtenthal 

Diagnóstico laboratorial na síndrome de Sjögren 


Os  anticorpos  anti  SS-A/Ro  refletem  a  extensão  da  doença  na  síndrome  de 
Sjögren  e  estão  associados,  em  particular,  às  manifestações  extraglandulares  e  aos 
resultados sorológicos da síndrome. 
São determinados por ELISA.   
 
→ Doenças de Graves 
Doença  autoimune  que  afeta  a  tireoide.  Geralmente,  causa  hipertireoidismo, 
podendo  causar  aumento  do  volume  da  glândula  (bócio).  Nessa  doença,  o 
auto-anticorpo  imunoglobulina  estimulante  da  tireoide  (​TSI​)  provoca  a  produção 
excessiva  de  hormônios  tireoideanos  e  o  aumento  da  glândula  →  hipertireoidismo 
autoimune.  A  doença  pode  afetar  qualquer  pessoa,  mas  prevalece  em  mulheres 
acima de 20 anos de idade.  
 
Diagnóstico laboratorial da doença de Graves 
Pesquisa de TSI, T4 (aumentado), T3 (aumentado), TSH (diminuído). 
 
→ Diabetes m ​ ellitus​ tipo 1 
Ocorre  quando  o  pâncreas  produz  insulina  em  quantidade  insuficiente, o que 
decorre  de  problemas  no  sistema  imunológico  →  anticorpos  atacam  células  𝛽 
pancreáticas.  Com  isso,  o  corpo  é  incapaz  de  metabolizar  o  açúcar  do  sangue  para 
produzir  a  energia  necessária  para  suprir  as  necessidades  metabólicas.  A 
consequência  direta  é  a  ocorrência  de  sintomas  aparentemente  inofensivos,  como 
boca  seca,  poliúria,  polidipsia  e  perda  súbita  de  peso.  No  entanto,  se  não  houver 
aplicações  diárias  de  insulina,  o  paciente  pode  ter  complicações  graves  –  risco  à 
vida.  
Este  tipo  não  é  a  forma  mais comum da doença. Ocorre em cerca de 5 a 10% 
de  todas  as  pessoas  com  diabetes  e  tem  origem  genética  –  diferente  da  diabetes 
tipo 2.   
 
Diagnóstico de DM1 
- Glicemia em jejum 
- Teste de curva glicêmica (mede agilidade de absorção de glicose) 
- Quimioluminescência para dosagem do peptídeo C: Utilizado para monitorar 
a  produção  de  insulina  pelas  células  𝛽  do  pâncreas.  Esse  exame  mede  a 
quantidade  de  peptídeo  C  em  uma  amostra  de  sangue  ou  de  urina.  O 
peptídeo  C  é  uma  cadeia  curta  de  aminoácidos,  servindo de conexão durante 
a  formação  da  insulina.  Portanto,  é  produzido  na  mesma  velocidade  que  a 
insulina, o que o torna um marcador útil da taxa de produção do hormônio.   
- ELISA para pesquisa de autoanticorpos:  
a.  Anticorpos  contra  antígenos  citoplasmáticos  da  célula  da  ilhota 
pancreática; 
Felipe Unterrichter Rechtenthal 

b. Anticorpos contra a insulina. 


c. Auto-anticorpos antidescarboxilase do ácido glutâmico (anti-GAD). 
 
- Tipo de amostra: sangue​. 
 
 
 
DIAGNÓSTICO DE SÍFILIS 
A  sífilis  é  uma  infecção  de  caráter  sistêmico,  causada  pelo  ​Treponema 
pallidum  (​T.  pallidum​),  exclusiva  do  ser  humano,  e  que,  quando  não  tratada 
precocemente,  pode  cronificar  e  gerar  sequelas  irreversíveis  em  longo  prazo.  É 
transmitida  predominantemente  por  via  sexual  e  vertical.  O  contágio  é  maior  nos 
estágios  iniciais  da  infecção,  sendo  reduzido  gradativamente  à  medida que ocorre a 
progressão da doença.   
Indivíduos  com  sífilis  têm  maior  risco  de  contrair  a  infecção por HIV, uma vez 
que  a  entrada  do  vírus  é facilitada pela presença das lesões sifilíticas. A presença do 
T.  pallidum  no  organismo  também  acelera  a  evolução  da  infecção  pelo  HIV  para  a 
AIDS. 
Não  existe  vacina  contra  a  sífilis,  e  a  infecção  pela  bactéria  causadora  não 
confere  imunidade  protetora.  Isso  significa  que  as  pessoas  poderão  ser  infectadas 
tantas vezes quantas forem expostas ao T. pallidum.   
 
Exames  diretos  →  exsudato  das  lesões  (cancro  duro/proto-sifiloma  nas  fases 
iniciais)  →  microscopia  de  campo  escuro.  O resultado negativo não exclui a infecção 
por  sífilis!  Pode  estar  sendo  analisado  exsudato  em  fase  de  baixa  concentração 
treponêmica. Deve ser aplicado no início da infecção. Não é mais rotina.  
 
Exames  indiretos  →  imunológicos  (soroconversão  leva  cerca  de  10  dias).  Pesquisa 
de anticorpos.  
 
Treponêmicos​:  ​específicos  para  ​Treponema  pallidum​.  Pesquisa-se  ​IgM  ​para  saber 
se  o  indivíduo  está,  de  fato,  infectado.  ​ELISA​,  ​IFI  ​(​FTA-Abs​),  ​testes  rápidos​,  ​TPPA​, 
TPHA​. 
Utilizam  lisados  completos  de  ​T.  pallidum  ou  antígenos  treponêmicos 
recombinantes  e  ​detectam  anticorpos  específicos  (geralmente  ​IgM  ​e  ​IgG​)  contra 
componentes  celulares  dos  treponemas.  Os  testes  treponêmicos  são  os  primeiros  a 
apresentar  resultado  reagente  após  a  infecção,  sendo  comuns,  na  sífilis  primária, 
resultados  reagentes  em  um  teste  treponêmico  (o  ​FTA-Abs  pode  tornar-se  reativo 
aproximadamente  três  semanas  após  a  infecção)  e  não  reagentes  em  um  teste  não 
treponêmico.  
Felipe Unterrichter Rechtenthal 

Esses  testes  são  úteis  também nos casos em que os testes não treponêmicos 


apresentam  pouca  sensibilidade  (sífilis  tardia).  Em  aproximadamente  85%  dos 
casos,  os  testes  treponêmicos  permanecem  reagentes  durante  toda  a  vida  nas 
pessoas  que  contraem  sífilis,  independentemente  de  tratamento.  Dessa  forma,  ​não 
são  úteis  para  o  monitoramento  da  resposta  à  terapia​.  Cerca de 1% da população 
apresenta  resultados  falso-positivos  para  os  testes  treponêmicos,  sendo  que  essa 
exceção  é  geralmente  observada  em  portadores  da  doença  de  Lyme.  Nesses 
pacientes, o teste não treponêmico geralmente é não reagente.   
 
Não  treponêmicos​:  ​não  são  específicos​.  Pesquisam-se  anticorpos  anticardiolipina. 
Esses  testes  não  definem  o  diagnóstico.  A  cardiolipina  está  presente  em  tecidos  do 
corpo  humano.  Se  qualquer  um  desses  tecidos  estiver  lesado,  pode  ocorrer 
resultado  falso  positivo.  Além  disso,  outros  treponemas  e  outros  microrganismos 
também  produzem  a  substância.  ​Deve,  portanto,  ser  sempre  associado  aos  testes 
treponêmicos,  com  finalidade  de  monitorar  a  terapêutica​.  O  resultado  sai  em 
títulos  e  a  melhora  é  certificada  em  caso  de  queda  de  dois  títulos  ao  longo  do 
tratamento.  Baseiam-se  em  floculação  (diferente  de  aglutinação,  já  que  não  tem 
partículas sólidas, mas sim micelas). Tipos: V ​ DRL​, R
​ PR​, ​TRUST​. 
- VDRL  (principal):  usa  soro  inativado;  floculação  precisa  ser  vista  ao 
microscópio  (foi  o  que  fizemos  na  aula  prática,  adivinha  qual  vai  cair); 
suspensão  antigênica  alcoólica  contendo  cardiolipina,  colesterol  e  lecitina 
purificada. Pode ocorrer prozona!   
- RPR  e  ​TRUST​:  derivados  do  VDRL;  floculação  pode  ser  vista  a  olho  nu;  não 
requerem  inativação do soro. São modificações do VDRL que visam aumentar 
a  estabilidade  da  suspensão  antigênica,  possibilitar  a  utilização  de  plasma  e 
permitir a leitura do resultado a olho nu. 
 
Os  componentes  da  suspensão  antigênica  (colesterol,  lecitina  e  cardiolipina) 
ligam-se  ao  acaso,  resultando  na  formação  de  micelas.  Os  anticorpos 
anticardiolipinas,  quando  presentes  nas  amostras,  ligam-se  às  cardiolipinas  das 
micelas.  Consequentemente,  a  ligação  de  anticorpos  com  várias  micelas  resulta  em 
uma  floculação.  Os  flocos  ou  grumos  podem  ser  pequenos  ou  grandes  e  são 
visualizados  a  olho  nu  ou  com  o  auxílio  de  um  microscópio,  dependendo  do  teste. 
Nesses  testes  de  floculação,  são  detectados  anticorpos  ​IgM  ​e  ​IgG  ​contra  o material 
lipídico  liberado  pelas  células  danificadas  em  decorrência  da  sífilis,  e  possivelmente 
contra  a  cardiolipina  liberada  pelos  treponemas.  Porém,  esses  anticorpos  não  são 
produzidos  exclusivamente  como  consequência  da  sífilis  e  de  outras  doenças 
treponêmicas.  Eles podem surgir em outros agravos que também levam à destruição 
celular,  gerando  resultados  ​falso-positivos​.  Dessa  forma,  ​somente  o  teste  não 
treponêmico  não  confirma  a  infecção  pelo  ​T.  pallidum  ​(não  define  o  diagnóstico 
de  sífilis)​.  A  escolha  do  teste  não  treponêmico  a  ser  utilizado  depende  do  tipo  de 
amostra,  dos  equipamentos  disponíveis  no  laboratório  e  do  tamanho  da  rotina. 
Felipe Unterrichter Rechtenthal 

Quando  há  grande  produção  de  anticorpos,  podem  ocorrer  resultados 


falso-negativos​ e
​ m decorrência do fenômeno de prozona.  

 
 
 
 
 
 
DIAGNÓSTICO  LABORATORIAL  DAS  DOENÇAS 
CAUSADAS POR T
​ . GONDII 
→ 30% da população mundial é IgG+ para T. gondii.  
→  80%  das  gestantes  tem  IgG  para  T.  gondii  →  isso  é  bom,  significa  que  já  estão 
imunizadas. 
→  As  20%  restantes  é  que  são  preocupantes,  pois  podem  ser  infectadas  durante  a 
gestação e transmitir para o feto.  
 
Testes  sorológicos  que  utilizam  o  parasito  inteiro  (não  são  mais  utilizados,  mas 
mostram a evolução laboratorial). 
a. Sabin Feldman​ - 2 pontos-chave: 
i. azul de metileno tem alta afinidade pelo T. gondii; 
ii. Na  presença  de  Ac  específico  IgG.  Corado:  negativo;  não  corado: 
positivo. 
b. IFI  ​→  igual  ao  de  T.  pallidum.  Identifica  IgG,  IgM  e  demais  Igs.  Soros 
reagentes  são  titulados  ensaiando-se  diluições  crescentes.  Incuba-se  o  soro 
em toxoplasmas fixados em lâmina de microscopia.  
c. Aglutinação  direta  →  detecta  apenas  IgG.  Utiliza suspensão de toxoplasmas 
fixados  por  acetona  (AC)  ou  formalina  (HS).  A  aglutinação  é  diferencial  em 
função de como foi fixado. 
i. Infecção recente: tendem a 
ii. infecção passada: títulos maiores com HS. 
 
Testes sorológicos que utilizam extratos antigênicos 
O  conceito  de  "avidez"  refere-se  à  força  da  ligação  depois  da  formação  dos 
complexos  antígeno-anticorpo  reversíveis​.  ​Resulta  de  interações  múltiplas  entre 
uma  molécula  de  anticorpo  e  os  epítopos  de  um  antígeno  complexo.  A  propriedade 
de  avidez  do  anticorpo  se  acentua  no  decorrer  da  resposta  imunológica, 
notadamente  para  imunoglobulinas  da  classe  IgG,  cuja  produção  se  segue  às 
imunoglobulinas  da  classe  IgM  .  Ou  seja,  ​a  avidez  é  diretamente  proporcional  ao 
tempo  de  infecção​.  ​Este  conhecimento  tem  sido  amplamente  utilizado  em  testes 
Felipe Unterrichter Rechtenthal 

imunoenzimáticos  que  avaliam  a  avidez  da  IgG  em  resposta a agentes infecciosos e 


a relação com o tempo de infecção.  
A  detecção  de  IgM:  ​os  anticorpos  IgM  podem  ser  específicos,  detectados  na 
infecção  recente,  reinfecção  ou  reativação  de  processos  infecciosos,  mas  também 
em reações cruzadas (falso positivo).  
Um  resultado  negativo  de  IgM,  em  princípio,  exclui infecção recente, a menos 
que  o  teste  esteja  sendo  realizado  tardiamente,  após  o  desaparecimento  do 
anticorpo  IgM,  ou  tão  cedo  após  a  infecção  aguda  que  uma  resposta  de  anticorpos 
não tenha ocorrido ou ainda não seja detectável.  
A  utilidade  do  teste  de  avidez:  ​A  avaliação  da avidez da IgG assume grande 
relevância  em  situações  de  dilema  diagnóstico,  especialmente  em  gestantes,  com 
presença  de  anticorpos  IgM.  Na  primo-infecção,  o  tratamento  precoce  é  essencial 
para  reduzir  o  risco  de  transmissão  ao  feto  ou  reduzir  as  seqüelas.  Nesta  fase,  a 
resposta  antigênica  primária  é  baixa  e  a  avidez  dos  anticorpos  aumenta  com  o 
amadurecimento do sistema imunológico. 
A  avidez  de  IgG  é  um  importante  marcador  imunológico  para  distinguir 
infecção  recente e determinar a presença de IgM residual, mas existem limitações no 
uso  do  método.  Há  possibilidade,  devido  a  critérios  biológicos  individuais,  de 
persistência  de  anticorpos  de  baixa  avidez  durante  muitos  meses  após  a  infecção 
aguda.  A  cinética  de  maturação  da  IgG  é  variável,  assim  como  a  sensibilidade  de 
diferentes  sistemas  analíticos  para  a  detecção  da  avidez.  Ao  se  tratar  de  gestante 
no  primeiro  trimestre,  a  alta avidez sugere que a infecção primária tenha ocorrido 
antes da gestação.  
Além  da  avidez,  é  realizado  o  diagnóstico  de  infecção  fetal:  persistindo  a 
dúvida  sobre  o  diagnóstico  da  infecção  fetal  tornam-se  necessários  procedimentos 
como  a  cordocentese  e  amniocentese.  Na  cordocentese,  realizada  até  a  vigésima 
segunda semana de gestação, são pesquisados anticorpos IgM.  
 
ELISA 
- Avidez  de  IgG  →  tempo  de  infecção.  Curto - baixa avidez; longo - alta 
avidez.  Agente  caotrópico  (ureia  6M)  desfaz  interação  fraca  → desliga 
IgG de baixa avidez (agudo - menor absorção).  
 
Felipe Unterrichter Rechtenthal 

 
- Detecção de IgM 
- A  presença  de  fator  reumatoide  pode  gerar  resultado  falso  positivo. 
Para solucionar, precipitar IgG com soro anti-IgG.  
- Obs.:  para  anticorpos  IgM,  ainda  não  se  dispõe  de  um  soro  referência, 
em UI, como para IgG.  
- Outra  possibilidade:  captura  →  problema:  pode  reconhecer  IgM  não 
relacionado à doença.  
 
 
- ISAGA​: aglutinação por imunoabsorção. 
- Hemaglutinação  indireta  (HAI)  -  não  é  mais  utilizado.  Para  detectar  IgM, 
repetir teste incubando soro com 2-mercaptoetanol.  
- Aglutinação em látex 
- Immunoblot  ​-  uma  única  banda  já  indica  positividade  (diferentemente  do 
HIV). 
 
 
PROTEÍNAS DE FASE AGUDA 
Mediadores da resposta inflamatória 
Citocinas 
São  proteínas  de  baixo  PM  produzidas  por  diferentes  tipos  celulares  do 
sistema  imune.  A  produção  desencadeada  quando  as  células  são  ativadas  por 
diferentes  estímulos  (agentes  infecciosos,  tumores  ou  estresse).  Atuam  na 
comunicação entre as células, promovendo indução ou regulação da resposta imune. 
Efeito local​ - indução da expressão de quimiocinas 
Efeito sistêmico​ - indução de proteínas de fase aguda 
 
Quimiocinas 
São  pequenos  polipeptídeos  que  fazem  parte  de  um  subgrupo  de  citocinas. 
Controlam  adesão,  quimiotaxia  e  ativação  de  vários  tipos  de  leucócitos. 
Felipe Unterrichter Rechtenthal 

Desempenham  papel  fundamental  na  resposta  inflamatória,  recrutando  células 


inflamatórias  para  o  local  da  lesão.  Participam  de  outros  processos  biológicos  (ex.: 
metástase de tumores).  
 
Proteínas de fase aguda 
Entre  as  inúmeras  manifestações  sistêmicas  da  reação  de  fase  aguda,  está  a 
alteração  nas  concentrações  de  várias  proteínas  plasmáticas,  que  são denominadas 
proteínas  de  fase  aguda​.  Estas  são  definidas  como  proteínas de produção hepática 
que  aumentam  e  diminuem  a  sua  concentração  em  pelo  menos  25%  nos  primeiros 
sete  dias  após  o  dano  tecidual.  Subdividem-se  em  proteínas  de  fase  aguda positiva 
e proteínas de fase aguda negativa. 
 
Proteínas  de  fase  aguda  positiva​:  apresentam  aumento  de  seus  valores  séricos 
(proteína C reativa, substância amiloide A, haptoglobina e o fibrinogênio). 
 
Proteínas  de  fase  aguda  negativa​:  apresentam  redução  de  seus  valores  séricos 
(albumina, transferrina e TRR).  
 
A  produção  dessas  proteínas  está  sob  regulação  de  um  grande  número  de 
citocinas/interleucinas  (IL-1,  IL-6,  IL-11),  TNF𝛂,  TGF  𝛽,  interferon  𝛾,  EGF  (fator  de 
crescimento epidermal), fator inibidor de leucemia (LIF).  
A  ocorrência  de  diferentes  condições  fisiopatológicas  pode  implicar  em 
diferentes  perfis  de  liberação  de  citocinas.  Como  consequência,  diferentes  padrões 
de elevação de proteínas de fase aguda são observados.  
As  dosagens  séricas  de  proteínas  de  fase  aguda,  denominadas  também  de 
provas  de  atividade  inflamatória,  têm  sido  empregadas  para  o  diagnóstico  e 
acompanhamento de condições clínicas inflamatórias.  
 
Classicamente,  as  proteínas  de  fase  aguda  têm  sido  utilizadas  com  as  seguintes 
finalidades: 
a. Discriminar entre enfermidades inflamatórias e não inflamatórias; 
b. Discriminar  condições  clínicas  de  natureza  inflamatória  que  costumam 
apresentar  diferentes  perfis  de  alterações  de  provas  de  fase  aguda,  e  cuja 
distinção  clínica  comumente  não  é  fácil:  infecção  viral  x  infecção  bacteriana; 
infecção x atividade de doença autoimune; infecção x rejeição de transplante.  
c. Avaliar  a  extensão  e  a atividade da inflamação e monitorar o curso da doença 
e a resposta a intervenções terapêuticas.  
 
 
 
 
 
Felipe Unterrichter Rechtenthal 

PERFIL CINÉTICO DAS PROTEÍNAS EM EVENTO INFLAMATÓRIO 

 
 
→ ​Proteína C reativa (PCR) 
Sintetizada  pelo  fígado,  é  constituída  por  5  cadeias  polipeptídicas  idênticas e 
com peso molecular de 115 kDa. É um dos marcadores de fase aguda mais sensíveis 
e  utilizados  para  inflamação.  Sua  função  é  ligar-se  a  patógenos  e  células  lesadas 
e/ou  apoptóticas  e  iniciar  sua  eliminação  por  meio  da  ativação  do  sistema 
complemento  e  de  fagócitos.  Essas  ligações  e  atrações  celulares  permitem 
considerá-la  como  uma  opsonina.  Também  atua  regulando  a  extensão  e  a 
intensidade da reação inflamatória.  
A  PCR  é  um  constituinte  normal  do  soro  humano,  onde,  em  condições 
normais,  mantém  concentrações  inferiores  a  6  mg  L​-1​.  Na  vigência  de  um  estímulo 
inflamatório, apresenta uma rápida elevação de seus níveis, já observados a partir de 
6  horas  e  atingindo  um  pico  após  48  horas,  podendo  chegar  a  1000  vezes  os 
valores  basais.  A  meia  vida  é  curta  (5  a  7  horas),  o  que  a  faz  aproximar-se  do 
conceito  de  uma  prova  de  fase  aguda  “ideal”,  e  a  torna  muito  atraente  para  o 
acompanhamento de processos inflamatórios agudos.  
O  aumento  da  PCR  é  mais  expressivo  em infecções bacterianas do que em 
infecções virais​.  
A  literatura  mostra  inúmeros  estudos  da  dosagem  de  PCR  por  métodos 
quantitativos na distinção entre: 
a. meningite bacteriana e meningite viral 
b. pneumonia bacteriana e pneumonia viral 
c. artrite séptica e artrite reativa 
 
Felipe Unterrichter Rechtenthal 

 
→ ​𝛂1 glicoproteína ácida 
A  𝛂1  glicoproteína  ácida  possui  um  perfil  cinético  intermediário  entre  o 
fibrinogênio  e  a  PCR, elevando-se 12 horas após a injúria e permanecendo por 3 a 5 
dias,  com  um  aumento  de  2  a  4  vezes  os  seus  níveis  séricos  na  vigência  de  um 
estímulo inflamatório.  
A  dosagem  é  utilizada  principalmente  no  diagnóstico  e  acompanhamento 
clínico de doenças inflamatórias como febre reumática, artrite reumatoide e LES.  
 
→ ​Fibrinogênio 
O  fibrinogênio  é  uma  das  proteínas  predominantes  no  plasma, 
desempenhando  papel  fundamental  na  hemostasia.  É  um  dos  componentes  que 
mais afeta o VHS.  
Nas  reações  inflamatórias,  tem  provável  papel  no  reparo  tecidual  e  na 
cicatrização. 
Trata-se  de  um  glicoproteína  sintetizada  no  fígado,  com  peso  molecular  de 
341  kDa.  Sua  meia  vida  é  de  3 a 5 dias, sendo precursor do coágulo de fibrina. Uma 
vez  formada  a  fibrina,  estimula  a  adesão,  a  dispersão  e  a  proliferação  de  células 
endoteliais.  
Valores  aumentados  ocorrem  em  processos  inflamatórios  agudos  ou 
crônicos,  síndrome  nefrótica,  traumas,  pós-operatórios,  stress,  neoplasias,  gravidez, 
uso de contraceptivos orais, terapia com estrógenos e andrógenos.  
Cronicamente,  o  aumento  do  fibrinogênio  tem  sido  reconhecido  como  um 
fator de risco para o desenvolvimento de tromboembolismo arterial.  
 
→ ​Haptoglobina 
O  aumento  da  concentração  de  haptoglobina  ocorre  como  uma  reação  de 
fase aguda (como queimaduras e síndrome nefrótica). 
Frequentemente,  está  aumentada em processos inflamatórios e de destruição 
tissular e em neoplasias.  
Em tumores renais, também pode atingir níveis muito elevados. Uma resposta 
de  fase  aguda  pode  ser  confirmada  e  monitorizada  através de outros ensaios, como 
a proteína C reativa.  
 
→ ​Soro amiloide A (SAA) 
A  SAA  possui  três isoformas, mas somente duas são proteínas de fase aguda 
(outra é constitutiva).  
O  maior  local  de  produção  é  o  fígado,  possuindo  meia  vida  curta  e 
características  muito  semelhantes  às da PCR: baixos níveis basais, rápida resposta e 
grande  elevação  (até  1000  vezes)  como  resposta  a  processos  inflamatórios 
infecciosos e não infecciosos.  
A proteína tem ação de defesa, atuando: 
Felipe Unterrichter Rechtenthal 

- na quimiotaxia de neutrófilos, monócitos e linfócitos T; 


- catalisando a atividade da PLA​2​ secretória, facilitando a ação da PCR; 
- na  reparação  tecidual,  induzindo  a  formação  de  metaloproteinases  e 
colagenases. 
 
Como  a  PCR,  também  atua  na  opsonização de células apoptóticas, ativando a via 
clássica do complemento.  
 
 
Conclusão​:  mudanças  nos  níveis  de  proteínas  de  fase  aguda  refletem  a  presença 
e  intensidade  da  inflamação.  Estas  proteínas  têm  sido  muito  utilizadas  como 
guias para o diagnóstico clínico.  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Felipe Unterrichter Rechtenthal 

RUBÉOLA 
A  vacina  é  produzida  a  partir  do  vírus  vivo  atenuado  →  cultivado  em 
linhagens  celulares  animais  não  humanas.  Essas  condições  selecionam  as  variantes 
virais  que  crescem  bem  no  hospedeiro  não-humano  e  consequentemente  são 
menos adaptadas ao crescimento em seres humanos. 
Os  vírus  vivos  atenuados  compõem  as  melhores  vacinas,  pois  desafiam  o 
sistema  imune  de  forma  mais  semelhante  ao  patógeno  natural.  Consequentemente 
o  sistema  imune  está  melhor  preparado  para  uma  infecção  real  após  a  vacinação 
com  uma  vacina  de  vírus  vivo.  Porém,  devido  à  similaridade  com  o  patógeno,  os 
vírus atenuados podem sofrer uma reversão e se tornar patogênicos.   
 
Diagnóstico da Gestante: 
→ ELISA para detecção de anticorpos específicos IgM e IgG: 
Os  anticorpos  IgM  específicos  para  o  vírus  da  rubéola  aparecem  logo  após  o 
início  da  doença.  O  resultado  IgM+  significa  que  houve  infecção  recente,  mas, 
geralmente, não são mais detectados após 4 a 6 semanas do início do exantema. 
Importante:  resultados  IgM-  não  descartam  a  possível infecção recente pelo vírus 
da rubéola. 
Devido  ao  modo  de produção da vacina, os anticorpos IgG, que persistem por 
toda  vida,  não  são  ideais  para  diagnosticar,  visto  que  não  é  possível  diferenciar 
resposta a infecção passada/crônica de resposta à vacina. 
 
→ Diagnóstico da infecção fetal: 
Cordocentese 
Deve  ser  realizada  após  a  22ª  semana  de  gestação.  Antes  disso,  a 
imaturidade  do  sistema  imunológico  fetal  aliada  a  depressão  imunológica  causada 
pelo vírus pode gerar resultados falso-negativos. As técnicas utilizadas podem ser: 
- IgM positiva para rubéola; 
- Isolamento do vírus ou identificação do RNA viral 
 
O  tempo  necessário  para  este  tipo  de  diagnóstico  o  torna  inviável  para 
atenção pré-natal. 
 
 
Diagnóstico pós-natal: 
O  feto  é  capaz  de  produzir  anticorpos  específicos  IgM  para  rubéola,  antes 
mesmo  do  nascimento.  A  presença  de  IgM  específico  no  sangue  do  recém  nascido 
evidência  infecção  congênita,  já  que  esta  imunoglobulina  não  atravessa  a  barreira 
placentária.  
Felipe Unterrichter Rechtenthal 

Em  todas  as  crianças  com  síndrome  da  rubéola  congênita  podem  ser 
detectados  anticorpos  IgM  até  o  5º  mês.  Em  60%,  são  ainda  detectados  entre  6  e 
12 meses. Raramente são detectados após o 18º mês. 
Como  os  anticorpos  IgG  são  transferidos  passivamente  através  da 
placenta,  podem  ser  encontrados  em  recém  nascidos  normais  de  mães  imunes 
contra  rubéola.  Não  há  como  diferenciar  os  anticorpos  IgG  maternos  dos 
produzidos  pelo  próprio  feto,  quando  a  infecção  se  dá  na  vida  intrauterina.  ​No 
entanto,  a  quantidade  de  IgG  materna  vai  se  reduzindo  progressivamente  e 
desaparece  por  volta  do  6º  mês  →  a  persistência  dos  níveis  elevados  de  IgG  no 
sangue  do  recém  nascido  nesse  período  é  altamente  sugestivo  de  infecção 
intrauterina. O gráfico a seguir ilustra o que foi aqui discutido: 
 

 
 
 
MONONUCLEOSE 
A  ​doença  do  beijo  é  uma  infecção  causada  pelo  ​vírus  ​Epstein-Barr​, 
transmitido  principalmente  pela  ​saliva​,  podendo  também  ocorrer  pelo  ​sêmen ​e pelo 
sangue​.  A  transmissão  pode  ocorrer  pelo  contato  com  objetos  infectados,  ou  por 
tosse  e  espirros.  Indivíduos infectados podem transmitir a doença semanas antes de 
manifestarem sintomas (período de incubação: 4 a 6 semanas).  
 
Os  ​sintomas  incluem  ​febre  alta  ​(38°C  a  39°C,  podendo  atingir  40°C  em 
hiperpirexia),  ​dor  ​e  ​inflamação  da  garganta​,  ​placas  esbranquiçadas  na  garganta ​e 
exsudato  ​(líquido  com  alto  teor  de  proteínas e leucócitos → parecido com o sapinho 
= candidíase) e í​ nguas no pescoço ​(linfonodos aumentados).  
Diferentemente  das  doenças  bacterianas,  as  doenças  virais  provocam  febre 
contínua  (24h),  com  oscilações  e  elevação  maior  da  temperatura  no  final  da  tarde  e 
início da noite.  
Felipe Unterrichter Rechtenthal 

O sintoma mais característico é o expressivo aumento do número de linfócitos 
no  sangue  (linfócitos  atípicos).  Devido à elevada destruição de linfócitos B, a medula 
lança linfócitos imaturos na corrente sanguínea (desvio à esquerda). 

 
 
O  único  ​tratamento  ​recomendado  é  o  ​repouso  ​somado  à  ​ingestão  de 
líquidos  (água,  chá,  sucos  naturais) e uso de medicamentos que aliviem os sintomas 
(analgésicos, antipiréticos e anti-inflamatórios).  
A  regressão  do  quadro  clínico  é  lenta.  O  mal  estar  e  a  indisposição  levam 
semanas  para  passar  e  os  gânglios  levam  um  ou  dois  meses  até  retornarem  ao 
tamanho normal.  
Entre  as  possíveis  complicações,  estão  a  hepatomegalia  e  a  esplenomegalia, 
com ruptura de baço em menos de 1% dos casos.  
Admite-se  que  o  vírus  possa  infectar  as  células  epiteliais  da  faringe,  o  que  explica 
sua implicação na ocorrência de carcinoma da nasofaringe. 
A  porta  de  entrada  é  a  mucosa  da  boca  e  da  faringe  do  indivíduo  que  não 
teve  contato  prévio  com  o  vírus.  As  células  do  tecido  linfoide  são  o alvo da infecção 
pelo  ​Epstein-Barr​.  Isso  explica  a  inflamção  dos  gânglios  e  ainda  a  relação  com 
linfomas, principalmente linfoma Hodgkin e não-Hodgkin. 
Linfoma  Hodgkin:  células  Hodgkin  (linfócitos  deformados),  com  perda 
substancial de suas características fisiológicas. 
Linfoma não-Hodgkin: células mantêm grande parte da função.  
Linfomas não Hodgkin são, portanto, menos agressivos.  
 
O  vírus  se  liga  a  receptores  específicos  nos  linfócitos  B.  Nessas  células,  se 
prolifera  e  invade  a  corrente  sanguínea  (viremia).  Como  essas  células  estão 
espalhadas  pelo  organismo,  o  vírus  ataca  fígado,  baço,  medula  óssea  e  gânglios 
linfáticos (órgãos produtores de linfócitos).  
 
Felipe Unterrichter Rechtenthal 

 
 
Por  que  uma  pessoa  tem  mononucleose  quando  infectada  pelo  Epstein-Barr  e 
outra desenvolve câncer por causa desse mesmo vírus? 
- A  infecção  do  ​Epstein-Barr  é  crônica  e  latente.  Provavelmente,  quem  se 
infecta  não  se  livra  mais  do  vírus,  que  fica  seu  companheiro  ecológico  para 
sempre, o que, aliás é uma particularidade de toda a família dos herpesvírus. 
- Quem  vai  definir  se  esse  estado  de  latência  irá  evoluir  para  uma  doença 
proliferativa  maligna  é  o  próprio  indivíduo  -  sua  genética  e  seu  estado  de 
imunocompetência / imunodeficiência. 
 
O  ​Epstein-Barr  é  um vilão temido nos transplantes de medula óssea, uma vez 
que  a  deficiência  imunológica  é  séria  nos  pacientes  transplantados  e  ele  é  um 
oportunista perigoso. 
O  EBV  é  uma  das  infecções  virais  mais  comuns  relacionadas  a  transplantes, 
correspondendo a cerca de 3 a 5% dos transplantados de rim e fígado. 
Ao  mesmo  tempo  em  que  os  medicamentos  contra  rejeição  evitam  que  o 
sistema  imunológico  ataque  o  novo  órgão,  deixam  o  corpo  mais  suscetível  a 
patógenos oportunistas.  
Dessa  forma,  a  infecção  ou  reativação  pelo  EBV  é  um  dos  principais  fatores 
de  risco  para  o  desenvolvimento  de  doença  linfoproliferativa  pós-transplante,  fato 
que se deve à imunossupressão.  
 
 
 
 
 
 
Diagnóstico sorológico da mononucleose​: 
- PCR 
- IFI  -  pesquisa  de  IgG  e  IgM.  Só  é  eficaz  no  início  da  doença,  pois 
determinados antígenos do EBV só existem na fase aguda.  
- ELISA 
- Sorologia 
- Transaminases  =  aminotransferases(ALT/AST;  TGO/TGP):  na  mononucleose, 
essas  enzimas  estão  elevadas  e  demoram  um  ou  dois  meses  para  voltar  ao 
normal.  Enquanto  esse  exame  estiver  alterado,  sabe-se  que  a  doença  está 
presente, mesmo que os principais sintomas já tenham diminuído.  
 
 
 
Felipe Unterrichter Rechtenthal 

 
DIAGNÓSTICO  SOROLÓGICO  DE  INFECÇÕES 
CAUSADAS  POR  BACTÉRIAS  GRAM  NEGATIVAS  - 
AGLUTININAS FEBRIS 
 
O diagnóstico das infecções bacterianas pode ser feito: 
- pela  demonstração  de  substâncias  nas  secreções  e  nos  fluidos do organismo 
(ex.: antiestreptolisina O) 
- pelo  isolamento  e  pela  identificação  da  bactéria  (esfregaços,  coloração  de 
Gram ou Ziehl-Neelsen e culturas) 
- pela dosagem de anticorpos séricos (sorologia). 
 
→ Escherichia coli 
Bactéria  bacilar  G-,  encontrada  normalmente  no  TGI.  A  maioria  das  cepas de 
E.  coli  são  inofensivas,  mas  algumas  podem  causar  graves  intoxicações alimentares 
nos seres humanos. 
As  cepas  inofensivas  fazem  parte  da  microbiota  intestinal  normal,  podendo 
ser  benéficas  ao  hospedeiro  pela  produção  de  vitamina  K2  e  impedirem  que  ali  se 
estabeleçam bactérias patogênicas.  
As  cepas  patogênicas  são  transmitidas  por  via  fecal  oral.  A  ​E. coli é lactase + 
(fermenta açúcares).  
 
 
 
 
 
AE ​ . coli​ causa: 
- Toxinfecção alimentar: causa de gastroenterites 
- Infecção  do  trato  urinário:  é  a  mais  frequente  causa  desta  infecção  em 
mulheres jovens, podendo gerar pielonefrite. 
- Apendicite 
 
Diagnóstico de E ​ . coli 
- Cultura  de  amostras  dos  líquidos  infectados  e  observação  microscópica  com 
análises bioquímicas.  
- Sorologia  -  ELISA  -  pesquisa  de  antígenos  (direto)  e  anticorpos  (indireto).  O 
indireto é mais utilizado. 
 
 
Felipe Unterrichter Rechtenthal 

→ Neisseria gonorrhoeae​ (Gonococo) 


Diplococo  G-,  não  flagelado,  ciliado,  responsável  pela  gonorreia  (IST)  e  pela 
conjuntivite  gonocócica  (doença  hereditariamente  transmitida  de  mãe  para  filho  ou 
sexualmente transmitida).  
A bactéria invade células epiteliais e multiplica-se em vacúolos intracelulares.  
Suas  toxinas  desencadeiam  a  produção  de  TNF  alfa,  levando  à  inflamação  e, 
consequentemente,  à  destruição  tecidual.  Se  a  infecção  não  for  tratada,  persiste  e 
leva  à  inflamação  crônica,  que  causa  fibrose.  Isso  pode  causar  esterilidade, 
destruição articular e cegueira. 
O  homem  é  o  único  hospedeiro  do  gonococo.  No  adulto, a infecção é sempre 
transmitida durante o ato sexual. 
 
Quadro clínico 
- Homem:  sintomatologia  aguda, ocorrendo uretrite com formação de exsudato 
purulento.  
- Mulher: cervicite, leucorreia vaginal, dor abdominal, infecção genital.  
 
 
Diagnóstico de N ​ . gonorrhoeae 
Sorologia:  anticorpos  contra  proteínas  de  membrana  externa  detectados  por 
immunoblotting​ e ELISA.  
 
 
→ Mycobacterium tuberculosis (​ BAAR) 
Também  chamada  de  bacilo  de  Koch,  é  uma  espécie  de  bactéria  patogênica 
BGN. É o agente causador da maioria dos casos de tuberculose.  
A  bactéria tem uma camada incomum de cera em sua superfície celular (ácido 
micólico),  o  que  a  torna  impermeável  à  coloração  de  Gram.  Por  isso,  o  método mais 
utilizado  para  a  tuberculose  é  a  baciloscopia  de  escarro  (técnica  de  Ziehl-Neelsen  - 
coloração álcool-ácido resistente). 
A  tuberculose  pode  ser  transmitida  por  tosse,  espirro  ou  expectoração  de 
pessoas  infectadas  com  tuberculose  ativa.  Uma  pessoa  não  tratada  infecta,  em 
média, de 10 a 15 pessoas por ano.  
 
Diagnóstico de M ​ ycobacterium tuberculosis 
Sorologia - ELISA 
 
 
 
 
 
 
Felipe Unterrichter Rechtenthal 

→ Mycobacterium leprae 
O  bacilo  de  hansen  é  um  BGN,  responsável  pela  hanseníase  (lepra).  Parasita 
os  macrófagos  e  as  células  de  Schwann  (formam  a  bainha  de  mielina).  Por  isso,  o 
indivíduo  com  hanseníase  pode perder o tato, o que torna comuns as queimaduras e 
lesões cutâneas. 
O  sistema  imune  reage  às  bactérias  formando  granulomas.  A  bactérias 
sobrevive  à  fagocitose  e  multiplica-se  dentro  dos  macrófagos.  Os  granulomas  são 
sequestradores da bactéria, com destruição dos macrófagos infectados.   
 
Diagnóstico de M ​ ycobacterium leprae 
Sorologia  -  IgM  anti-PGL1  indicam  doença  não  tratada  ou  recente,  ou  ainda 
exposição intensa e recente ao ​M. leprae​, com alto risco de adoecimento.  
Teste rápido: ML-Flow​ → 95% de sensibilidade.  
 
→ Helicobacter pylori 
Responsável  por  distúrbios  gástricos  que  podem  evoluir  para  gastrites,  úlceras, 
dispepsias e carcinomas. Transmissão oral-fecal e fecal-oral.  
 
Diagnóstico de H ​ elicobacter pylori 
Endoscopia - invasivo 
Sorologia - ELISA - pesquisa de IgG específicos. 
 
 
→ Aglutininas febris (frias) 
São  autoanticorpos  ligados  a  uma  série  de  doenças.  Podem  estar  presentes 
no  sangue  muito  tempo  após  uma infecção. Também podem sinalizar a presença de 
uma doença que ainda não produziu sintomas.  
As  crioaglutininas  são  anticorpos IgM com especificidade para receptores nas 
hemácias.  Algumas  infecções  desencadeiam  a  produção  desregulada  desses 
anticorpos.  Por  serem  pentavalentes,  esses  IgM  fazem  com  que  as  hemácias 
aglutinem.  Quando  isso  acontece,  compromete-se  a  função  dos  eritrócitos,  que 
podem inclusive sofrer lise.  
 
Diagnóstico de crioaglutininas 
Baseado  em  evidência  clínica  ou  laboratorial  da  anemia  hemolítica  e  na 
detecção  de  auto-anticorpos  (especificamente  IgM).  Isso  é  feito  com  o  teste  direto 
de  anti-globulina  (Coombs  direto)  com  a  presença  de  aglutininas  febris  circulando 
no  soro.  Esse  teste  é  usado  como  adjuvante  para  diagnosticar  algumas  doenças  e 
infecções.  
 
 
 
Felipe Unterrichter Rechtenthal 

Manifestações clínicas 
Os  pacientes  podem  apresentar  sintomas  decorrentes  da  anemia  hemolítica 
ou  da  aglutinação  de  hemácias.  A  acrocianose  e  outros  fenômenos  vasculares  em 
extremidades,  decorrentes  da  fragmentação  de  hemácias,  também  pode  ocorrer.  A 
hemólise na infecção pelo M ​ ycoplasma​ é aguda (ex.: M ​ ycobacterium tuberculosis​).  
 
Diagnóstico 
O  esfregaço  de  sangue  periférico  pode  mostrar  hemácias  em  aglutinação  ou 
hemácias  em  ​rouleaux​.  Os  pacientes  usualmente  apresentam  reticulocitose 
(elevação no número de hemácias jovens no sangue). 
 
Teste de aglutinação direta (Coombs direto) 
Método  simples  que  detecta  a  sensibilização  in  vivo  de hemácias, verificando 
se há anticorpos IgG ligado à hemácia.  
No  teste  de  Coombs  direto,  é  adicionado  o  reagente  de  Coombs  ao  sangue 
do  paciente,  permitindo  a  visualização  de  anticorpos  que  possam  estar  ligados  às 
hemácias.  
O  reagente  de  Coombs  destina-se  a  demonstrar  anticorpos  adsorvidos  às 
hemácias humanas por aglutinação.  

 
 
 
Tratamento 
Transfusões sanguíneas recorrentes. 
Atualmente,  a  medicação  mais  utilizada  para o tratamento é o ​rituximab​, que 
é  um  anticorpo  monoclonal  anti-CD20,  com  taxas de resposta relatadas em mais de 
75%  dos  casos.  A  medicação  pode  ser  utilizada  isoladamente  ou  associada  com 
fludarabina com sucesso. 
Outras  associações  possíveis  são  com  prednisona  (imunossupressor)  e  o 
interferon (modula a atividade dos linfócitos B). 

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