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Guerra Civil Espanhola

Nesta oralidade, irei falar-vos da Guerra Civil Espanhola, que durou de 1936 a 1939. Foi
considerada o acontecimento mais traumático que ocorreu antes da 2ª Guerra Mundial. Nela
estiveram presentes todos os elementos militares e ideológicos que marcaram o século XX.

Em 1936, explodiu a Guerra Civil Espanhola. Foi excecionalmente nociva, colocando familiares
contra familiares, comunistas contra fascistas, crentes contra ateus.

Mas vamos recuar um pouco no tempo… Em 1931, um governo de esquerda chegou ao poder
determinado a livrar-se da secular monarquia espanhola. O Rei Afonso XIII foi obrigado a
exilar-se e proclamou-se a República em 1931, chamada de "República de trabajadores".

Em fevereiro de 1936, os partidos de esquerda formaram a Frente Popular para ascender ao


poder por meio de eleições e assim vencer as forças de direita. A Frente Popular venceu por
uma pequena margem.

No exército espanhol, de pensamento conservador e católico, os altos oficiais começavam a


considerar a possibilidade de um golpe de estado. Entre eles, estava o General Francisco
Franco, um antigo chefe do Estado-Maior que havia sido exilado para comandar as tropas
espanholas nas ilhas Canárias.

No dia 17 de julho de 1936, unidades do Exército, que estavam a enfrentar uma guerrilha na
colónia espanhola de Marrocos, revoltaram-se. No dia seguinte, Franco viajou para se juntar a
eles proclamando um novo movimento nacionalista que salvaria a Espanha do comunismo.
Tropas no continente juntavam-se agora à revolta. A Frente Popular respondeu convocando
voluntários para defender a República. Linhas de combate foram formadas. De início, Franco
enfrentou problemas. Ele e o seu exército estavam no Norte de África e Franco tinha de cruzar
o estreito de Gibraltar para entrar em Espanha. Então, recorreu à única pessoa que ele
acreditava poder ajudar, Adolfo Hitler. Dentro de um mês, aeronaves de transporte de Hitler
iniciaram uma ponte aérea levando os veteranos de Franco endurecidos pela batalha até ao
sul de Espanha. Mas, naquele momento, a república apresentava levar vantagem. Os levantes
militares a favor de Franco em Madrid e Barcelona foram rapidamente contidos, e o controle
foi mantido na maior parte da região leste do país. Os nacionalistas de Franco estavam
confinados ao noroeste e parte do sul de Espanha.

Mas a situação dos nacionalistas mudou quando Hitler e Mussolini começaram a despejar
soldados e armamentos. O ditador alemão aproveitou a oportunidade para testar os seus
novos equipamentos e as suas Forças Armadas, em plena expansão (tanques Panzers e 12 mil
soldados; e os seus novos e ultramodernos caças e bombardeiros). Mussolini enviou 50 mil
homens voluntários e 700 aeronaves.

Salazar apoiou o general Francisco Franco. O apoio português foi essencialmente logístico,
tendo Salazar facilitado o envio de armamento para as forças franquistas na fase inicial da
guerra. Os Viriatos foi o nome genericamente dado aos voluntários portugueses que
combateram na Guerra Civil Espanhola ao lado dos «nacionalistas».

Os republicanos apelaram em vão pela ajuda da Grã-Bretanha, França e União Soviética. Com
medo que detonasse uma guerra europeia, Londres e Paris declararam uma política de “não
intervenção”. De forma cínica, a Alemanha e a Itália concordaram com isso. Mas ao perceber
que continuavam a mandar armas para os nacionalistas, o líder soviético Stalin anunciou que
ajudaria a república, pois o seu receio era o crescimento do fascismo na Alemanha. Enviou 700
militares com tanques e aeronaves de caça mas não fazia frente às ajudas que Franco tinha
recebido. Na verdade, a maior ajuda externa para a república veio de voluntários – as Brigadas
Internacionais. Aproximadamente 38 mil voluntários esquerdistas e comunistas vieram de
todas as partes - americanos, britânicos, franceses, alemães (53 nacionalidades) - para lutar
pela defesa da República.

Com a sua nova ajuda fascista, os nacionalistas conseguiram abrir 2 frentes – uma que
avançava em direção a Barcelona a partir de Norte, e outra, conduzida por Franco em direção
a Madrid. No final de 1936, Madrid estava cercada por três lados. O combate era intenso e
sempre acompanhado de terríveis atrocidades contra os civis.

Os republicanos caçavam e assassinavam padres católicos romanos. Os nacionalistas matavam


qualquer pessoa acusada de ser comunista. O poderio aéreo alemão e italiano foi usado de
modo indiscriminado contra alvos civis.

Madrid foi duramente bombardeada mas o pior aconteceu em abril de 1937, quando a cidade
de Guernica foi praticamente arrasada com 6 mil civis mortos.

A área controlada pela república foi reduzindo. As suas tropas lutaram com grande valentia,
porém, amadores mal treinados e equipados de modo indevido não eram adversários para os
soldados profissionais conduzidos por Franco, ou para o armamento combinado da Alemanha
e Itália.

Mas, nos bastidores a aliança republicana estava a desmoronar-se. Os comunistas e socialistas


queriam concentrar-se numa vitória militar. Mas os anarquistas e sindicalistas mais idealistas
viram na guerra uma oportunidade para uma revolução em massa conduzida pelos
trabalhadores. Esses desentendimentos vieram à tona em maio de 1937. O combate começou
em Barcelona entre anarquistas e comunistas. Foi um enfraquecimento fatal para a causa
republicana.

Em Janeiro de 1939, as tropas do general Franco entram em Barcelona e, no dia 28 de Março,


Madrid rende-se aos militares depois de ter resistido a poderosos ataques (aéreos, de
blindados e de tropas de infantaria), por quase três anos.

Um mês depois, Franco declarou formalmente que os conflitos tinham terminado e iniciava o
seu governo ditatorial que durou até à sua morte em 1975.

As feridas da guerra civil da Espanha levaram anos para cicatrizar e, em alguns casos, nunca
cicatrizaram. Do ponto de vista internacional a vitória de Franco sobre a república mostrou-se
um desastre.

Mussolini e Hitler confirmaram a sua convicção de que as democracias da Grã-Bretanha e da


França não conseguiram resistir a qualquer pressão verdadeira.

A Guerra Civil Espanhola custou mais meio milhão de vidas somente em combate sem contar
os que morreram de fome, desnutrição e doenças provocadas pela guerra. As baixas também
atingiram também civis como o escritor Frederico Garcia Lorca enforcado em 1935.

Durante a Guerra Civil Espanhola, a Alemanha nazista que apoiava os nacionalistas liderados
por Franco testou as suas armas bombardeando Guernica. O bombardeio de Guernica e a
derrota do movimento republicano inspiraram Pablo Picasso a pintar o seu famoso quadro.

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