Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Resumo: O objetivo deste artigo é apresentar uma sistematização do que foi pesquisado
recentemente sobre o ensino de História Antiga no Brasil, aliando observações das
pesquisas atuais na área com algumas reflexões críticas a respeito do tema. Para isso,
apresentaremos as tendências atuais do ensino de História Antiga no Ensino Superior e
Escolar, analisando o uso do livro didático em sala de aula, seus conteúdos e a
necessidade da boa formação de professores ainda durante a graduação em cursos de
Licenciaturas em História.
Palavras-chave: Ensino de História Antiga, Livro didático, Formação de professores.
Introdução
Por muito tempo a História Antiga esteve ligada ao exótico, ao distante, porém
prazeroso e atraente objeto de estudo e admiração, especialmente no Brasil onde a
primeira cadeira de estudos universitários na área foi fundada apenas na década de
1940, na Universidade de São Paulo - USP2.
Atualmente temos visto um desenvolvimento muito grande das pesquisas e do
ensino deste campo. A situação mudou tanto na forma de compreensão da Antiguidade,
quanto em relação aos métodos a serem estudados, aos objetos e abordagens e no
tratamento da disciplina em nível acadêmico.
A expansão dos estudos sobre a Antiguidade iniciou-se nas universidades
maiores e mais antigas, como na Universidade de São Paulo, demais universidades
1
Doutoranda, Mestre e Graduada em História pela UNESP de Franca. Membro do Laboratório de
Estudos sobre o Império Romano - LEIR. Docente do Centro Universitário Claretiano. E-mail:
semiramiscorsi@yahoo.com.br. Aproveitamos o presente espaço para agradecer o apoio constante de
nossa orientadora de Doutorado, Profa. Dra. Margarida Maria de Carvalho.
2
Conforme nos indica Pedro Paulo Funari e Margarida Maria de Carvalho (2007, p. 14), “Eurípides
Simões de Paula, um dos primeiros historiadores universitários – grande propugnador da disciplina
histórica, na recém-criada Universidade de São Paulo –, fundou a cadeira de História Antiga, tendo sido o
primeiro catedrático. Sua tese de doutoramento, de 1946, já se destacava pela ambição de inserir-se no
âmbito internacional e, ao mesmo tempo, por estudar a periferia, algo particularmente inovador”.
145
Alétheia: Revista de estudos sobre Antigüidade e Medievo, Volume 1, Janeiro a Julho de 2010. ISSN: 1983 - 2087
deste Estado, de Minas Gerais e do Rio de Janeiro, para aos poucos atingirem todas as
universidades do país, desde as públicas até as particulares.3
A pesquisa de História Antiga no Brasil tem recebido reconhecimento nacional
e internacional. Prova deste ponto é a presença constante de Simpósios Temáticos da
área nos encontros regionais e nacionais da Associação Nacional de História - ANPUH,
o grande número de congressos específicos de História Antiga em diversas
universidades de todo Brasil, o aumento considerável das publicações de textos e livros
de importantes pesquisadores, a quantidade de revistas específicas que surgem
virtualmente ou impressas a cada dia, o intercâmbio freqüente entre estudantes e
professores das universidades brasileiras, as diversas bolsas que pesquisadores da área
têm conseguido para estudos no exterior e o aumento das cadeiras dedicadas a
professores desta modalidade nas universidades.
O objetivo deste texto é analisar as tendências do ensino de História Antiga no
Brasil. Para tal compreensão, refletiremos sobre duas frentes: o âmbito da pesquisa e do
ensino acadêmico na área e o âmbito do ensino de História Antiga na escola,
observando aspectos dos livros didáticos escolares.
Pretendemos fazer um breve panorama sobre a pesquisa nesta área por
compreendermos que pesquisa e ensino, seja acadêmico ou escolar deveriam estar
interligados e refletirem-se mutuamente, até mesmo porque os objetos, reflexões,
métodos e temas das pesquisas acadêmicas acabam refletindo na maneira que os
professores de História são formados e na abordagem dada em muitos livros didáticos
escritos por estes profissionais, o que reverte, ou pelo menos deveria reverter, na
maneira como a História Antiga é desenvolvida em sala de aula, já que o livro didático é
um suporte básico do professor, cujo trabalho está aliado também à formação acadêmica
dos mestres.
3
O fato da região Sudeste ser a primeira na expansão dos estudos sobre Antiguidade, advém,
acreditamos, do próprio fato de nesta região se concentrarem mais universidades, como salienta uma
pesquisa desenvolvida pelo Prof. Fábio Faversani em 2001. Esta pesquisa constatou que “50% das
instituições de ensino superior que oferecem o curso de História estão localizadas na região Sudeste do
Brasil. Destas instituições, 48% estão instaladas no estado de São Paulo, 32% em Minas Gerais, e os
Estados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo representam os 21% restantes” (FAVERSANI, 2001, p.
45).
146
Alétheia: Revista de estudos sobre Antigüidade e Medievo, Volume 1, Janeiro a Julho de 2010. ISSN: 1983 - 2087
4
Esta dissertação tem como título: Voyage en Égypte: as representações do Antigo Egito na narrativa de
Gustave Flaubert durante o imperialismo francês do século XIX.
147
Alétheia: Revista de estudos sobre Antigüidade e Medievo, Volume 1, Janeiro a Julho de 2010. ISSN: 1983 - 2087
também como a tese deste último professor na linha de usos do passado e construção de
identidades, também defendida na UNICAMP.5
As contribuições de outras áreas do conhecimento para os estudos da
Antiguidade se tornaram ainda mais válidas. Exemplos disso podemos citar os inúmeros
trabalhos pessoais e orientações do Prof. Dr. Pedro Paulo Funari (UNICAMP) que se
utilizam da ampla contribuição da arqueologia histórica, a ótima Tese de Doutorado do
Prof. Dr. Gilvan Ventura da Silva (UFES)6, que alia a interpretação histórica dos
conflitos em torno da basiléia sagrada e das perseguições a magos e adivinhos no IV
século com a contribuição da conceituação antropológica para os fenômenos de Magia e
Religião, ou ainda o estudo de Doutorado da Profa. Dra. Margarida Maria de Carvalho
(UNESP/Franca)7 sobre a política no IV século aliada ao estudo da retórica, do discurso
e da linguagem.
Sobre o atual ensino acadêmico de História Antiga um ponto a ser analisado é
qual Antiguidade está sendo tratada. Sabemos que o termo Antiguidade abarca povos
muito diferentes de períodos muito longínquos, colocados num mesmo quadro como se
tratassem da mesma coisa e necessitassem dos mesmos métodos. Assim, precisamos
também ter a percepção da Antiguidade como abordando culturas diversas e plurais.
Podemos verificar que o ensino da História da Antiguidade Clássica ainda
recebe maior valorização do que a Antiguidade Oriental. Esse é o caso da UNESP de
Franca, por exemplo. Acreditamos que essa preferência pela Antiguidade Clássica não
seja fruto de uma visão eurocêntrica por parte das Instituições, pois são todas
instituições sérias, com profissionais altamente capacitados na área. Acreditamos, então,
que este fato advenha, primeiramente, da carga horária que é destinada à disciplina, da
formação dos profissionais da área de História Antiga no Brasil, em sua maioria com
seus mestrados e doutorados na área de estudos clássicos e, principalmente, na enorme
dificuldade em estudar o Oriente ainda presente em nosso país, por termos pouca
documentação escrita sobre estes contextos traduzidas para as línguas modernas, poucas
5
A dissertação deste professor tem como título Aspectos de Cultura e Gênero na Arte de Amar, de
Ovídio, e no Satyricon, de Petrônio: Representações e Relações. Já a Tese deste professor está intitulada
História, Arqueologia e o Regime de Vichy: usos do passado. Esta tese foi publicada como livro em 2007
pela Editora Annablume.
6
Reis, santos e feiticeiros: Constâncio II e os fundamentos místicos da basiléia. Tese defendida em 2000
na Universidade de São Paulo - USP e publicada como livro em 2003 pela EDUFES.
7
Paidéia e Retórica no séc. IV d.C. A construção da imagem do Imperador Juliano segundo Gregório
Nazianzeno. Tese defendida em 2003 na Universidade de São Paulo - USP e publicada como livro em
2010 pela Editora Annablume.
148
Alétheia: Revista de estudos sobre Antigüidade e Medievo, Volume 1, Janeiro a Julho de 2010. ISSN: 1983 - 2087
149
Alétheia: Revista de estudos sobre Antigüidade e Medievo, Volume 1, Janeiro a Julho de 2010. ISSN: 1983 - 2087
150
Alétheia: Revista de estudos sobre Antigüidade e Medievo, Volume 1, Janeiro a Julho de 2010. ISSN: 1983 - 2087
151
Alétheia: Revista de estudos sobre Antigüidade e Medievo, Volume 1, Janeiro a Julho de 2010. ISSN: 1983 - 2087
152
Alétheia: Revista de estudos sobre Antigüidade e Medievo, Volume 1, Janeiro a Julho de 2010. ISSN: 1983 - 2087
Considerações finais
153
Alétheia: Revista de estudos sobre Antigüidade e Medievo, Volume 1, Janeiro a Julho de 2010. ISSN: 1983 - 2087
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
154
Alétheia: Revista de estudos sobre Antigüidade e Medievo, Volume 1, Janeiro a Julho de 2010. ISSN: 1983 - 2087
155