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Vírgula: do latim virgula, ou seja,

virga = “vara” + o sufixo diminutivo “ula”


Tradução: varinha
Ora, vírgulas!
Talvez a grande diferença entre as vírgulas e os pontos esteja na
natureza sexual de ambos: as vírgulas são fêmeas e os pontos
são machos! Ponto!

As fêmeas em geral são afetadas e os machos mais decisivos.

Isso explica o porquê, em frases longas como esta,


principalmente, as vírgulas, quando não estamos preparados,
não importando o momento, nos obrigam, invariavelmente, a
ficar dando essas respiradas, fingidas, no meio da frase,
tornando o texto chato e infinitamente tedioso, e ficamos
esperando, desesperadamente, pela masculinidade do ponto que
chega e acaba com essa frescura.

O ponto apenas dá uma coçada no saco e logo acaba com a


questão. Ele contribui para um texto mais conciso, mais
sincopado e mais confortável de se ler.

As vírgulas não... são indefinidas, não se garantem, e vão


aparecendo, como inefáveis borboletas, umas atrás das outras,
levantando voo em questões fúteis, provocando, não em raras
ocasiões, respiros desnecessários. As vírgulas, provavelmente,
têm sérios problemas existenciais, de indefinições etéreas, de
frêmitos arrebatados e... ponto!

Também não vamos sacrificar as vírgulas imputando-lhes todas


as culpas. Quando escrevem, redatores e afins que abusam da
retórica superficial, que constroem períodos quilométricos... são
coniventes com a instabilidade e o uso indiscriminado da vírgula.

A essa altura você já deve estar se perguntando: quando usar e


quando não usar a vírgula? Então vamos entrar pela porta dos
fundos.
QUANDO NÃO USAR VÍRGULAS?

Não usar vírgula entre o sujeito e o predicado

Isso é crime... passível de uma temporada em Bangu I.

Sujeito, todos sabem, é aquele que pratica a ação descrita na


oração; e Predicado é aquele que declara alguma coisa sobre o
Sujeito através do verbo que caracteriza a ação praticada.
Simples, veja:

Dilma derramou café nas costas do Júlio.

Quem derramou café? A Dilma... então “Dilma” é o Sujeito.


O que ela fez? Derramou café... então “derramou o café” é o
Predicado. O resto são complementos que não interessam agora!

Colocar uma vírgula entre o sujeito Dilma e o predicado derramou


café é pior... muito pior que derramar café nas costas do patrão.
É justa causa mesmo!

Obviamente que essa frase é curta e muito fácil de se identificar


o Sujeito e o Predicado. Numa outra oportunidade falaremos
mais detalhadamente sobre esse dois elementos. O que interessa
agora é a vírgula e não devemos colocá-la entre eles. Vamos em
frente...

Não usar vírgula antes de etc

Sabe o que quer dizer “ etc”? É a abreviação de uma expressão


latina que quer dizer: et cetera ou et coetera ou et cætera, cuja
melhor tradução é “e outras coisas” ou “e os restantes” ou
“e assim por diante”.

Diante disso considere esta frase:

Júlio, molhado de café, xingou Dilma de desastrada, incompetente,


palmeirense, e outras coisas!

Concorda com essa última vírgula? Espero que não! Não há


necessidade de vírgulas antes do “e”, principalmente quando
relacionamos coisas! Então essa frase tem de ficar assim:

Júlio, molhado de café, xingou Dilma de desastrada, incompetente,


palmeirense e outras coisas. Ou Júlio, molhado de café, xingou Dilma
de desastrada, incompetente, palmeirense etc. Entendeu?
Se bem que há uma corrente de filólogos de gabinete que admite
como correto a vírgula antes do “etc” porque o significado
dessas três letrinhas está muito distante da nossa realidade
gramatical e blá, blá, blá... e há outra corrente que não admite.
Se você colocar, não vai cometer erro para alguns e vai cometer
erro... para outros. Fica a seu critério!

Eu sou ortodoxo! Não vai vírgula antes de “etc” e pronto!

Não usar vírgula em frases curtas

Uma das funções da vírgula na oração é fazer uma ligeira pausa


para respirar. Ligeira mesmo! Como um piscar de olhos! Então
não tem sentido colocar vírgula numa frase em que você não
precise respirar... certo? Veja:

Depois que derramou o café Dilma saiu correndo.

Os amantes viscerais das vírgulas... aqueles que usam vírgula


até pra fazer chá deixariam essa frase acima assim:

Depois que derramou o café, Dilma saiu correndo.

Bobagem! Completamente desnecessário... Depois que derramou o


café Dilma saiu correndo. Precisou respirar? Teve insuficiência
pulmonar? Caiu no chão estrebuchando com o peito arfando?
Claro que não! Então não precisa vírgula!

Se puder elimine as vírgulas de períodos longos

Quando um período sai muito comprido (às vezes, admito, é


inevitável!), usamos vírgulas para dar rápidos “respiros” na
leitura. Por exemplo:

Depois que a Dilma derramou café nas costas do Júlio ficou toda
chorosa se lastimando muito pelo ocorrido chegando até a pensar em
suicídio ou no mínimo jogar café também no Anderson para ficar tudo
igual.

Esse período, sem vírgulas, vai requerer um balão de oxigênio


para o leitor quando chegar à última palavra. Vamos colocá-las
então pra ver como fica:
Depois que a Dilma derramou café nas costas do Júlio, ficou toda
chorosa se lastimando muito pelo ocorrido, chegando até a pensar em
suicídio ou, no mínimo, jogar café também no Anderson para ficar tudo
igual.

Viram? As vírgulas permitiram as pausas necessárias para


respiro e entendimento na leitura. Mas vai aqui uma observação:
períodos compridos assim ficam chatos. O ideal é sempre
procurar reduzir o período em orações. Quando é possível, claro!
Vejamos o exemplo acima como ficaria:

Depois que derrubou o café nas costas do Júlio Dilma ficou toda
chorosa. Ela se lastimou muito pelo ocorrido e chegou a pensar em
suicídio. Pensou também em jogar café no Anderson para ficar tudo
igual.

Viu? Não mudou nadica de nada o conteúdo do período, tornou a


leitura muito mais agradável e isso sem empregar nenhuma
vírgula!

Vamos agora ver quando somos obrigados a usar vírgulas!


QUANDO SOMOS OBRIGADOS A USAR VÍRGULAS?

Por mais que eu fale mal da vírgula, acusando-a de ameba que


causa disenterias gramaticais, tenho de admitir que a vírgula
tem poder! Em algumas frases, basta deslocá-la ou suprimi-la
para alterar completamente o sentido. Por exemplo:

6 da tarde, o Fábio Souza está indo embora e você querendo uma


carona até o metrô Madalena. O Fábio grita lá da porta: Estou
indo embora! O que você responde?

Não, espere!

Agora imagine o Fábio Souza se queixando pra mulher dele que


não agüenta mais ficar esperando o pessoal que pede carona. O
que a mulher dele sugere?

Não espere!

Viu? Uma virgulinha de nada, ou a sua ausência, consegue


alterar completamente o sentido de uma frase.

Querem outro exemplo legal? Imagine o Dênis, frila da produção


e autor de algumas pérolas impagáveis, fazendo comentários
negativos ao diretor sobre a performance de algum ator. Ele diz:

Esse, diretor, é muito ruim!

Agora imagine o Dênis falando a mesma coisa para o mesmo


diretor, mas sem as entonações que a vírgula exige.

Esse diretor é muito ruim!

Pronto! Sem as vírgulas, a opinião que o Dênis tinha sobre o ator


mudou para o diretor. Dependendo de quem era esse diretor, o
Dênis acabou ganhando uma bolacha no meio da ideia. Merecido!

Claro que são exemplos muito específicos e que dificilmente


acontecerão durante a redação de uma matéria para a revista
Itaú Unibanco ou em um roteiro para a Avon.

Mas vamos às vírgulas que, em tese, são obrigatórias.


Quando relacionar coisas...

Neste caso as vírgulas são essencialmente obrigatórias. Não tem


o que discutir. Veja esta frase:

No Departamento de Arte da Novacia trabalham: Keka, Cássio,


Henrique, Diogo, Daniel, Marjorie e Alan.

Sem vírgulas separando os nomes seria uma confusão dos


diabos. Notem que depois de Marjorie não vai a vírgula. Por quê?
Porque, via de regra, não se usa vírgula antes do “e” quando se
relaciona elementos dentro de uma frase. Nem antes do “etc”,
lembra?

Para separar explicações dentro da frase

Essas “explicações” dentro da frase tem nome: chama-se aposto!


Aposto é aquilo que foi acrescentado ou foi juntado à frase para
explicar alguma coisa.

Há vários tipos de aposto, mas é bobagem enumerá-los e


explicá-los agora. O que é importante saber é que essas
explicações dentro da frase devem ser separadas por duas
vírgulas. Vamos aos exemplos:

Laura, jornalista, gosta de escrever roteiros para cinema.


Rafael, que sempre foi roteirista, está escrevendo para publicidade.
Patrícia é jornalista e, antes de vir para a redação, trabalhava no
atendimento.

Deu pra sacar? Notem que essas “explicações”, grifadas, estão


entre vírgulas e elas podem ser tiradas da frase sem
comprometer o sentido que se queria dar. Veja as mesmas frases
sem as “explicações”:

Laura gosta de escrever roteiros para cinema.


Rafael está escrevendo para publicidade.
Patrícia é jornalista e trabalhava no atendimento.
A obrigatoriedade da vírgula aqui é o seguinte: se você coloca
uma, tem de colocar a outra! Ou coloca as duas ou não coloca
nenhuma! Ou tudo ou nada! Seria como convidar o Júnior e o
Dani para uma cerveja lá no Sachinha. Ou leva os dois ou não
leva nenhum. Senão sai briga!

Se colocar a primeira vírgula e não colocar a segunda, a frase vai


ter uma pausa logo no início e desnecessária. Se colocar a
segunda e não colocar a primeira, a frase vai ficar com erro,
porque essa vírgula vai separar sujeito do predicado. Enfim, as
duas ou nenhuma!

Importante: se você não separar essas “explicações” com


vírgulas, a frase não vai ficar errada, ok? Portanto não se sinta
obrigado a colocá-las. Mas é bom pôr porque dá mais ritmo para
a leitura.

Às vezes, essas explicações dentro da frase se resumem à


apenas uma palavra como, por exemplo, uma conjunção
adversativa (mas, porém, contudo, todavia...). Exemplos:

Rose trabalha na recepção. Ela, porém, gostaria de ser atriz. Ou


Rose trabalha na recepção. Ela porém gostaria de ser atriz.

Carlão é gordo feito um barril. Já Diogo, entretanto, é um caniço. Ou


Carlão é gordo feito um barril. Já Diogo entretanto é um caniço.

Resumindo: se tiver de colocar alguma explicação dentro da


frase, coloque-a entre vírgulas. Ou não coloque vírgula
nenhuma. Na dúvida, faça o teste: leia a frase sem a
“explicação” e veja se ela tem sentido. Se essa frase tiver
sentido é porque trata-se de um aposto e será conveniente, se
quiser, colocá-lo entre vírgulas.

Tem gente que em vez de usar vírgulas para separar as


“explicações” dentro da frase usa hífens ou travessões, o que eu
acho bem válido. Veja:

Se o vigia lá no portão lê a Bíblia, disse eu para a turma, é porque ele


tem fé! Ou
Se o vigia lá no portão lê a Bíblia - disse eu para a turma - é porque ele
tem fé!
Para separar o vocativo

Vocativo é uma palavra na oração que serve exatamente pra


isso: pra invocar! E só! Ele não faz parte da oração,
sintaticamente falando, claro! Não é sujeito, não é predicado,
não é adjunto... é apenas alguém a quem se quer dizer alguma
coisa.

O vocativo tem a função de um chamamento ou de um apelo...


serve para chamar a atenção de alguém em um diálogo, seja real
ou imaginário. Portanto tem de vir separado por vírgula.
Vejamos alguns exemplos:

Laura, cadê a nota do Giro Rápido?


Rafael, tenha modos!
Ó meu Deus, e agora?
Aurélio, acorda!

Às vezes o vocativo está no meio da frase e tem de vir entre


vírgulas:

Para a matéria de capa, Sílvia, você tem de ficar em imersão.

Ou então no final da frase. Aí a vírgula vem antes. Veja:

Eu já estou com você por aqui, Aurélio!

Vírgula obrigatória em frases curtas

Às vezes (não é sempre, hein?) somos obrigados a usar uma


vírgula numa frase curta, mas apenas para dar uma ênfase,
causar um impacto ou uma emoção. Aliás essa vírgula, mais do
que uma pontuação, chega a ser um recurso literário. Vamos ver
alguns exemplos:

Dilma saiu correndo com a garrafa térmica. Ao descer as escadas, caiu!

Essa vírgula é fundamental para dar esse efeito de impacto. É


como se a Dilma tropeçasse na própria vírgula! Aliás a frase
ficaria sem graça se escrevêssemos: Ao descer as escadas caiu!
Escrito assim a gente não sente a Dilma cair. Quando vê, já caiu!
Vejamos outro exemplo:
Anderson subiu para a sala do sócio. Ao vê-lo coberto de café, riu até!

Essa rima foi só coincidência! Mas veja bem... dá até pra escutar
a risada com essa vírgula! Mas se escrevêssemos sem a vírgula:
Ao vê-lo coberto de café riu até! não teria graça nenhuma!
Engraçado seria ver os dois sócios juntos... o que um fala
depressa, o outro fala mais depressa ainda. Eles falam em 78
rotações! (só quem trabalha na Novacia e tem mais de 40 anos sabe
do que eu estou falando).

Vírgula obrigatória antes do “e”

Há um caso específico em que os gramáticos dizem ser


obrigatória a vírgula antes do “e”... é quando a frase tem duas
orações, ou seja, dois sujeitos praticando ações diferentes. Veja:

O pessoal já tinha almoçado, e a Mariana ainda estava comendo a sua


tonelada diária de comida.

Notem que no exemplo acima há duas orações distintas


conectadas por um “e”. Na primeira, o sujeito é Pessoal que já
tinha almoçado. A segunda é Mariana que, mais do que
almoçando, estava abastecendo! Veja outro exemplo:

Nos feriados Rafael foi fazer um retiro, e Camila foi fazer rapel.

É a mesma coisa! Duas orações (Rafael foi fazer um retiro) e


(Camila foi fazer rapel). Dois sujeitos (Rafael e Camila). E um “e”
juntando essas duas orações.

Os filólogos dizem que essa vírgula é obrigatória porque às vezes


a falta dela pode causar confusão. Veja este exemplo:

Aurélio emprestou o livro, e o caderno era de Aninha.

Sem essa vírgula, dizem os gramáticos, pode-se pensar que eu


emprestei o livro e o caderno. Bobagem! E o resto da frase... era
de Aninha... vai ficar solta? Tanto que se lermos sem a vírgula,
mas dando a devida pausa, não vai haver confusão nenhuma.
Leia:

Aurélio emprestou o livro e o caderno era de Aninha.


A mesma coisa com os dois exemplos acima:

O pessoal já tinha almoçado e a Mariana ainda estava comendo a sua


tonelada diária de comida.

Nos feriados Rafael foi fazer um retiro e Camila foi fazer rapel.

Importante lembrar que, em textos jornalísticos, não se costuma


usar essa vírgula.

Para separar orações independentes

Orações independentes, dentro de um período, são aquelas que


têm sentido próprio mesmo quando lidas fora do contexto desse
período. Então devem ser separadas por vírgulas. Veja:

A Kombi chegou da Avon, o pessoal desceu rindo de uma patacada do


Dênis, descarregaram os equipamentos, e o Carlão carregou tudo
sozinho pra dentro da produtora.

Perceberam? Cada uma dessas frases têm vida própria. Cada


uma tem seu próprio sujeito e predicado. Notaram a vírgula
antes do “e”? Sabe por quê? Já esqueceu, né? Então releia o
tópico anterior Vírgula obrigatória antes do “e”.

Para marcar elipses de verbo

Elipse quer dizer omissão! Elipse de verbo é sumir com ele e aí a


virgula ajuda a dar sentido à frase. Por exemplo:

Quando vai ao Sachinha a Raquel toma uma tequila. Já o Carlão, um


conhaque!

Nesse exemplo, a vírgula meio que substituiu o verbo “tomar” na


frase do Carlão... Já o Carlão toma um conhaque! Assim, essa é
uma vírgula importante, porque ficaria estranho escrever...

Quando vai ao Sachinha a Raquel toma uma tequila. Já o Carlão um


conhaque!
Claro que, no caso do Carlão, é um exemplo meio besta... você já
viu o Carlão ir no Sachinha e tomar apenas um conhaque? É
ruim, hein?

Antes de conjunção

Sem susto! Conjunção significa união ou encontro. Em


gramática, então, significa a união ou o encontro de duas
orações. Há muitos tipos de conjunção que não vale a pena
relacionar aqui.

Mas, para exemplificar, vamos citar a mais famosa das


conjunções: a conjunção subordinativa sindética adversativa
(medo!). Essa conjunção representa aquele famoso grupo de
palavras que denota uma adversidade na frase ou uma espécie
de contrariedade. São elas: mas, porém, contudo, todavia,
entretanto etc... ficou mais fácil agora, hein?

Costuma-se usar vírgulas antes de uma conjunção desse tipo.


Veja:

Dilma também jogou café nas costas do Anderson, mas não foi
mandada embora.

Carlão foi ao Sachinha, porém tomou apenas 15 conhaques.

O pessoal da pós-produção trabalhou até de madrugada, mas não


dormiu na produtora.

Bem, pessoal... esses foram os principais aspectos para o


emprego correto das vírgulas. Com certeza, os mais usados. Se
fôssemos levar a ferro e fogo o que os filólogos dizem sobre
como usar vírgulas, ficaríamos loucos. Porque eles escreveram
uma verdadeira enxurrada de leis e regras que, longe da ajudar,
só complicam.

Eu sempre defendo a idéia de que, na maioria das vezes, ao usar


uma vírgula tem de usar o bom senso. Quanto mais você evitar
as vírgulas melhor. É difícil? É difícil! Mas não é impossível!
Procure redigir o máximo que puder usando frases curtas, que
não exijam respiração. Use apenas aquelas vírgulas que
realmente são obrigatórias.
Quer uma dica legal? Nunca coloque mais do que 20 palavras em
um período. Períodos longos atraem as vírgulas como me atrai
um sonho lá da Letícia. Se você, depois de escrever, sentiu que
ele está longo... releia e tente reduzi-lo em orações curtas. É
trabalhoso? É trabalhoso, mas compensador! Porque seu texto
vai ficar mais agradável de se ler.

Uma nota rápida sobre o ponto e vírgula

O ponto e vírgula (assim mesmo, sem hífen) é uma espécie de


gay enrustido que não saiu do armário. É outro indefinido na
vida que não sabe o que quer.

Acho que o ponto e vírgula é um poser! É um metido que, vez ou


outra, cai de paraquedas no meio do texto que estamos lendo e a
gente fica querendo saber porque colocaram esse merda no meio
da frase! Não é ponto, porque não encerra questão nenhuma.
Também não é vírgula, porque pressupõe uma pausa um pouco
maior que aquela provocada pela vírgula.

Na real, dizem os gramáticos, o ponto e vírgula é uma espécie de


intermediário entre a vírgula e o ponto. Então ele é usado para
separar orações em um período muito longo quando estiver
relacionando situações. Veja:

Na produtora temos vários tipos de profissionais como, por exemplo, o


pessoal da arte, que elabora os lay outs; o pessoal da redação, que cria
os textos; o pessoal do atendimento, que faz uma ponte entre a criação
e o cliente; e assim por diante.

Se queimar a pestana um pouco, você consegue redigir esse


texto sem ter de usar ponto e vírgulas. Veja:

Na produtora temos vários tipos de profissionais. Temos, por exemplo, o


pessoal da arte, que elabora os lay outs. Já o pessoal da redação cria os
textos. Temos, também, o pessoal do atendimento, que faz uma ponte
entre a criação e o cliente. E assim por diante.

Viram? É só dividir o período em orações. Fica melhor pra se ler


e você fica longe desse pentelho que é o ponto e vírgula.
Ponto e vírgula só é bom para textos jurídicos, separando os
Artigos, os Parágrafos e as Alíneas (seja lá que catso signifique
isso!).
Por enquanto é só, pessoal! Se essa apostila der resultado,
faremos outras. Há muitos detalhes em gramáticas que vivem
causando problemas.

Seria legal um feed back de vocês, falando sobre o que acharam


dessa apostila e sugerindo outras questões problemáticas como
essa da vírgula. Que tal?

Fica aqui um pequeno problema para vocês resolverem. Coloque


a vírgula nesta frase para que ela tenha algum sentido:

De Roma a Paris uma andorinha só não faz verão.

Abreijos!

Aurélio de Oliveira

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