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DEFESA E CONFIRMAÇÃO DO EVANGELHO

__________________________________________

AS IGREJAS
LOCAIS
''Crentes Genuínos
e Comembros
do Corpo de Cristo"
Testemunhos de Três Organizações
Cristãs Proeminentes:

Hank Hanegraaff,
Christian Research Institute
[Instituto de Pesquisa Cristã]

Gretchen Passantino,
Answers in Action
[Respostas em Açãoj

Seminário Teológico Fuller


__________________________________________
D C P PRESS
1
ÍNDICE

Prefacio............................................................................................ 5

PRÓLOGO, por Hank Hanegraaff, Christían Research Institute ...........9

AS IGREJAS LOCAIS: UM MOVIMENTO CRISTÃO


GENUÍNO, por Gretchen Passantino, Answers in Action....................13

DECLARAÇÃO DO SEMINÁRIO TEOLÓGICO FULLER...... 31

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Gretchen Passantino detém os direitos autorais sobre seu arrigo "As
Igrejas Locais: Um Movimento Cristão Genuíno". Esse artigo é
reproduzido aqui sob permissão. As demais porções deste livro
pertencem a:

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DCP é um projeto para defender e confirmar o ministério


neotestamentário de Watchman Nee e Witness Lee e a prática das
igrejas locais.

Fp 1:7 - Assim como é justo que eu pense isso a respeito de


todos vós porque me tendes em vosso coração, pois seja nas minhas
prisões, seja na defesa e confirmação do evangelho, todos vós sois
participantes da graça comigo.

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PREFÁCIO

Ao longo dos anos, as igrejas locais acolheram positivamente o


diálogo com os estudiosos que estivessem dispostos a realizar uma
pesquisa honesta e completa a fim de entender nossas crenças e
práticas. Ao longo dos últimos cinco anos, tivemos o privilégio de
empenhar-nos em diálogo e comunhão cristã com diversos pesqui-
sadores e estudiosos. O conteúdo deste livro reflete alguns dos
progressos que foram feitos tanto na dissipação de concepções
errôneas com relação aos ensinamentos e práticas das igrejas locais e
do Living Stream Ministry (LSM) como no despertar de uma
conscientização das riquezas do ministério que herdamos. O LSM
publica os escritos de Watchman Nee e Witness Lee (ver
www.lsm.org e www.ministrybooks.org).

Este livro apresenta os escritos dos líderes de três organi-zações


cristãs: o Christian Research Institute (CRI) [Instituto de Pesquisa
Cristã], a Answers in Action (AIA) [Respostas em Ação] e o
Seminário Teológico Fuller.

Nos anos 70, o CRI publicou críticas às igrejas locais que foram
amplamente disseminadas e aceitas como fato. Aquelas publicações
tornaram-se material de pesquisa nos quais outros apologistas
cristãos e escritores apoiaram-se para publicar conclusões errôneas
idênticas ou semelhantes. Dado o zelo exibido por todos os lados
naquela época, não é de surpreender que os mal-entendidos fossem
exacerbados. Naquela época, atitudes sem limites, especialmente dos
jovens, resultaram em conflitos e ofensas pessoais em vez de diálogo
cristão em respeito mútuo.

Em 2003, Hank Hanegraaff, presidente do CRI; Elliot Miller, editor-chefe


da principal publicação do CRI, o Christian Research Journal [Jornal de
Pesquisa Crista]; Bob e Gretchen Passantino, fundadores e dirctores da
AIA; e representantes das igrejas locais e do LSM tiveram o desejo de

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reunir-se. Na primeira reunião, os representantes das igrejas locais e
do LSM testificaram a sua crença nos itens básicos da fé cristã
concernentes à Bíblia, o Deus Triúno, a pessoa e a obra de Cristo, a
salvação e a igreja. Como resultado daquela reunião, o CRI e a AIA
lançaram uma reavaliação dos ensinamentos e práticas das igrejas
locais. Hoje, após muitos anos nos Estados Unidos, há muitos
recursos com relação aos nossos ensinamentos e práticas que não
estavam disponíveis nos anos em que a avaliação inicial foi feita.
Embora outros continuem a apoiar-se em velhas críticas, o CRI e a
AIA fazem uso da informação de maneira completa. Sua avaliação
foi mais ampla do que o exame inicial das décadas anteriores, e esse
novo estudo alcançou decididamente conclusões muito diferentes.

Em seu prólogo, Hank Hanegraaff afirma que "as igrejas locais são
uma expressão autêntica do cristianismo do Novo Testamento" e "eu
permaneço ombro a ombro com as igrejas locais quando se trata dos
princípios essenciais que definem a ortodoxia bíblica". Gretchen
Passantino conclui seu artigo da mesma forma dizendo: "Um cristão
que venha a se unir às igrejas locais encontrará teologia sadia,
adoração enriquecedora, discipulado desafiador e oportunidades
entusiásticas de evangelismo. Depois de 40 anos de fé cristã, não
perdi meu 'primeiro amor' por Jesus Cristo. Reconheço esse mesmo
Espírito vibrante nas igrejas locais."

No final de 2004, um diálogo separado foi iniciado entre o Seminário


Teológico Fuller, em Pasadena, Califórnia, e os representantes das
igrejas locais e do LSM. Um grupo de três membros ilustres do
Seminário - o presidente Richard Mouw, o decano de teologia
Howard Loewen e o professor de teologia sistemática Veli-Matti
Kärkkäinen - realizaram uma revisão e avaliação abrangente e
cuidadosa de nossos ensinamentos e práticas. A respeito de suas
reuniões com os representantes das igrejas locais e do LSM eles
disseram: "Nossos momentos juntos foram caracterizados pelo
diálogo sincero, aberto, transparente e irrestrito". Como resultado de

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sua revisão, eles emitiram uma declaração (também reproduzida
neste livro) na qual concluíram "que os ensinamentos e práticas das
igrejas locais e seus membros representam a fé cristã genuína,
histórica e bíblica em cada aspecto essencial". Eles também relataram
encontrar "uma grande disparidade entre as percepções que foram
geradas em alguns círculos com relação aos ensinamentos de
Watchman Nee e Witness Lee e os ensinamentos reais encontrados
em seus escritos".

Estamos gratos pelo diálogo que mantivemos com os membros do


CRI, da AIA e do Seminário Teológico Fuller; diálogo franco e cheio
da doce comunhão cristã. Estamos profundamente comovidos pela
fidelidade de nossos irmãos e da nossa irmã em Cristo em se apegar
aos princípios básicos da fé cristã e receber todos aqueles que
mantêm "a fé entregue uma vez por todas aos santos" (Jd 3) sem
considerar as consequências pessoais.

Não queremos dar a impressão de que eles concordam conosco em


cada ponto da interpretação bíblica. Antes, concordamos com eles no
sentido de que o padrão de ser recebido no círculo da comunhão
cristã é a aceitação da fé comum e que todas as outras questões são
assuntos para comunhão e respeito mútuo de nossas diferenças
dentro desse círculo.

No mesmo princípio de respeito mútuo apresentamos as próprias


palavras dos autores e a perspectiva sobre os acontecimentos
históricos. Isso não significa que diríamos algumas das coisas da
mesma maneira ou com a mesma perspectiva histórica. Por exemplo,
a palavra "movimento" não é uma palavra que usamos para
descrever a nós mesmos. Não obstante, a causa da verdade é, predo-
minantemente, servida pelos escritos dos autores e as diferenças
reais são pequenas. Confiamos todo entendimento de cada leitor ao
Senhor e ao iluminar do Seu Espírito.

Finalmente, reafirmamos nossa disposição ao diálogo com todos os


estudiosos, pesquisadores e quaisquer outros que desejam um
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entendimento verdadeiro e preciso de quem nós somos, o que
cremos e como praticamos a fé cristã,

Benson Phillips Dan Towle Andrew Yu Chris Wilde

Novembro de 2008

Nota: As declarações neste livro são os resultados da análise dos


respectivos autores quanto aos ensinamentos de Witness Lee e quanto à
prática das igrejas locais que seguem esses ensinamentos. Essas
declarações não consideram nem endossam os ensinamentos e obra de
Dong Yu Lan. O website www.afaithfulwitness.org/portuguese/
documenta as diferenças significativas entre o ensinamento e obra de
Dong Yu Lan e o ensinamento e obra de Witness Lee e Watchman Nee e
as práticas das igrejas locais por toda a terra.

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PRÓLOGO

É com grande prazer que acrescento este prólogo à excelente


avaliação de Gretchen Passantino quanto a um movimento cristão
conhecido como as igrejas Locais (as igrejas locais). Gretchen é o
exemplo fundamental de uma brilhante e ao mesmo tempo humilde
serva de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Ela é o símbolo de
uma nova geração de apologistas mais interessada em atrair conver-
tidos ao Poderoso do que atrair pessoas aos seus argumentos.

As igrejas locais são um caso clássico nesse ponto. Gretchen e o seu


marido Bob fizeram uma avaliação inicial do movimento em meados
dos anos 70. Por razões esboçadas neste documento, aquela ava-
liação foi incompleta e, por isso, deficiente. Infelizmente ela se
tornou a base para muitas críticas apontadas contra a obra de
Watchman Nee e Witness Lee em todo o mundo. Na verdade, ela
formou o cenário das declarações do ministério que herdei quando
assumi a presidência do Christian Research ínstitute (CRI) [Instituto
de Pesquisa Cristã].

Como presidente do CRI e anfitrião do programa de rádio Bible


Answer Man [O Homem das Respostas Bíblicas], pediram-me
pessoalmente para dar sugestões sobre as controvérsias em "torno
das igrejas locais e de sua editora e braço distribuidor, o Living
Stream Ministry. Como tal, iniciei um projeto de pesquisa primária
que incluía interação com suas publicações assim como interação
com programas e pessoas associadas com suas igrejas e o Living
Stream Ministry. Pedi a Gretchen Passantino, que foi e continua
sendo uma colega confíável, assim como a Elliot Miller, editor-chefe
do Christian Research Journal, para unirem-se a mim nesse processo.
Embora essa pesquisa primária ainda esteja em andamento, as
declarações que se seguem estão além do debate.

Em primeiro lugar, sob uma perspectiva teológica, as igrejas locais


não são uma seita. Nesse sentido, uma seita pode ser definida como
uma organização pseudocristã que alega ser cristã, mas compromete,
8
confunde e contradiz a doutrina cristã essencial. Embora, pessoal-
mente, eu tenha diferenças profundas com o movimento quando se
trata de assuntos secundários, tais como o momento da tribulação ou
o significado do milênio, permaneço ombro a ombro com as igrejas
locais quando se trata dos princípios essenciais que definem a
ortodoxia bíblica. Com respeito à Trindade, por exemplo, estamos
unidos na realidade de que há um só Deus revelado em três pessoas
que são distintas eternamente. Embora possamos discordar sobre a
exegese de determinadas passagens, essa premissa é inviolável. É
significativo notar que ao interagir com membros das igrejas locais
por um longo período, tenho presenciado neles um ávido interesse
em precisão doutrinária, algo que hoje, tristemente, se perdeu na
maioria dos segmentos da comunidade evangélica.

Além disso, sob uma perspectiva sociológica, as igrejas locais não são
uma seita. Nesse sentido, uma seita é uma facção religiosa ou
semirreligiosa cujos seguidores são controlados por uma liderança
forte em praticamente cada dimensão das suas vidas. Os devotos
manifestam de modo típico uma lealdade imprópria ao "guru" e ao
grupo, e são galvanizados juntos por meio de táticas de intimidações
físicas ou psicológicas. É mais do que desastroso que as igrejas locais
tenham sido severamente consideradas no mesmo grupo de seitas
sociológicas envolvidas em atividades das mais odiosas que se pode
conceber. É verdadeiramente trágico que essa classificação tenha
sido usada para perseguir e encarcerar membros das igrejas locais
em várias regiões em todo o mundo.

Finalmente, as igrejas locais são uma expressão autêntica do


cristianismo do Novo Testamento. Além do mais, como um grupo
forjado no caldeirão da perseguição, ele tem muito a oferecer ao
cristianismo ocidental. A esse respeito, três coisas vêm imediata-
mente à mente. Em primeiro lugar está sua prática de profetizar -
não no sentido de predizer o futuro, mas no sentido de l Coríntios 14
de exortar, edificar, encorajar, educar, equipar e explicar a Escritura.
Em tal prática, os membros são corporativamente envolvidos em
adoração por meio da Palavra. Em segundo lugar, está sua prática de
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ler com oração (além do estudo da Bíblia) como uma associação
significativa entre o influxo da Escritura e a comunhão eficaz com
Deus em oração. E, em terceiro lugar, está seu fervoroso compro-
metimento para com a Grande Comissão (Mateus 28:19). Se a igreja
cristã primitiva tinha uma característica distintiva, foi sua paixão por
comunicar o amor, a alegria e a paz que somente Jesus Cristo pode
trazer ao coração humano. Enquanto nos tornamos entrincheirados
em uma era de esoterismo, é essencial que crentes genuínos em todas
as condições sociais emulem essa paixão: uma paixão que teste-
munhei pessoalmente quando compartilhei em comunhão com
irmãos e irmãs em Cristo das igrejas locais em lugares distantes
como Londres, Inglaterra; Seul, Coreia do Sul; e Nanjing, China.

Em resumo, junto com cristãos de uma ampla variedade de convicções,


as igrejas locais são dedicadas tanto à doutrina adequada (ortodoxia)
como à prática adequada (onopraxia). Como tais, eles marcham pela
máxima: "Em coisas essenciais, unidade; em coisas não-essenciais,
liberdade; e em todas as coisas, caridade". Sem dúvida não continua-
remos a debater as questões secundárias neste lado do véu, ao passo
que não tenho dúvida que gastaremos uma eternidade juntos
crescendo no conhecimento Daquele que nos salvou pela fé tão-
somente, por meio da graça tão-somente, por causa de Cristo tão-
somente.

Hank Hanegraaff
Presidente do Christian Research Institute
Setembro 2008

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AS IGREJAS LOCAIS:
UM MOVIMENTO CRISTÃO GENUÍNO
©2008 por Gretchen Passantino

Opções Espirituais Desafiadoras no Campus

Lembro-me dos dias da minha graduação universitária como uma


época de ativismo entusiástico para mudar o mundo. Eu era uma
líder dinâmica da rebelião universitária americana no final dos anos
60, começo dos anos 70, igualmente dedicada em defender meu
professor progressista de história europeia de perder o mandato
enquanto protestava pela expansão corporativa nos pântanos
naturais próximos. Filha de um dedicado jornalista tradicional, eu
estava comprometida com um preceito de que se eu não gostasse do
mundo à minha volta, deveria fazer algo para mudá-lo.

Quando entreguei minha vida a Jesus Cristo como meu Senhor e


Salvador pessoal, todo o meu mundo virou de cabeça para baixo. O
mesmo zelo que tinha usado para explorar a agonia pessoal de James
Joyce ou para desfilar em manifesto público no escritório do decano,
lancei agora, sem reservas, em minha recém-descoberta fé cristã. Eu
estava completamente convencida de que nos poucos meses
restantes antes do arrebatamento da Igreja e da vinda da grande
tribulação e do Anticristo, eu e meus companheiros "fanáticos por
Jesus" deveríamos "fazer alguma coisa" para mudar o mundo para
Jesus Cristo.

Não é de se admirar que os meus pais estivessem preocupados com


o fato de que eu tivesse "ultrapassado os limites". Eles não sabiam se
agradeciam a Deus por eu ter uma fé forte ou se temiam por eu ter
me tornado espiritualmente impulsiva.

Credenciais para Pôr à Prova os Movimentos Espirituais

Isso foi há aproximadamente 40 anos, e levou algum tempo para que os


meus pais ficassem convencidos de que meu zelo espiritual representava
11
uma conversão cristã autêntica. Meu ativismo de fé entusiasmada era o
nexo que me estimulou a dedicar minha vida à apologética cristã, à
obra de discernir movimentos espirituais verdadeiros e falsos
comparados ao padrão da autêntica fé bíblica cristã. Nos últimos 37
anos, tornei-me uma entre os líderes cristãos evangélicos apologistas
que determinam se os movimentos espirituais que alegam repre-
sentar o cristianismo bíblico são ortodoxos ou heréticos. Meus
estudos profissionais, obviamente, resistiram em grande parte à
minha carreira e, na verdade, perduram até hoje. Mas foi nos
primeiros dias de minha caminhada cristã, quando inicialmente
abandonei a mim mesma para Jesus Cristo, que mais me preparei
para entender e demonstrar empatia por jovens adultos de qualquer
década que são espiritualmente transformados e dedicam sua juven-
tude ao serviço espiritual, muitas vezes para o embaraço e
consternação dos pais.

Se você é um jovem que está experimentando a sua própria epifania


espiritual, deixe-me encorajá-lo dizendo que sua vida espiritual será
enriquecida e aprimorada à medida que você se unir à verdadeira
obra de Deus, seja isso com os irmãos e irmãs das igrejas locais ou
em outra comunhão onde Deus esteja trabalhando. Deus está
realmente interessado em capturar seu coração para o Seu serviço e
Ele realmente o fortalecerá para fazer do seu mundo um lugar
melhor por meio de Jesus Cristo. Se você é um pai, orgulhoso da
florescência espiritual aparentemente noturna da sua descendência
jovem adulta, mas receoso de que ele ou ela esteja indo para o
colapso no caos espiritual, deixe-me tranquilizá-lo. As igrejas locais
são um engajamento legítimo, teologicamente ortodoxo, fielmente
espiritual por meio do qual seus filhos podem desenvolver compro-
misso e maturidade cristãos genuínos. Elas não são uma armadilha
perigosa do diabo.

Por que os Cristãos Jovens Ofendem a Quase Todos

Quando eu era uma cristã nova no campus da Universidade da


Califórnia (Irvine) em 1970, meu efervescente entusiasmo cristão era
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de difícil aceitação para a maioria das pessoas. Eu sabia simples-
mente que Jesus era verdadeiro, e que todos deveriam experimentar
o que eu estava experimentando.

Meus amigos pensavam que eu tinha ficado louca. Eu orava em


línguas em vez de usar drogas ou beber. Eu lia a Bíblia em vez de ir
ao cinema assistir filmes como 2001: Uma Odisseia no Espaço. Eu
convidava meus amigos para a igreja em vez de provar álcool de
laboratório em festas na praia de Upper Newport.

Meus pais pensavam que eu tinha ido longe demais. Eles nada
tinham contra a fé cristã, desde que fosse quieta, discreta, inofensiva
e Metodista. Eles não estavam prontos para minha rejeição total ao
"denominacionalismo morto e seco". Eles ficaram magoados quando
eu lhes disse que tinha experimentado Deus em uma "tenda de
reavivamento" caindo aos pedaços ao invés de numa igreja
suburbana moderna com assentos acolchoados. Eles temiam por
minha vida e meu futuro quando anunciei que Deus poderia me
chamar para sacrificar minha vida para Jesus no campo missionário
nas distantes África ou Ásia.

Meus professores ficaram profundamente desapontados porque uma


dentre os seus jovens estudantes mais articulados e brilhantes tinha
desperdiçado sua mente em histeria religiosa, o "ópio do povo".
Quando desafiei meu professor de Bíblia como Literatura para equi-
parar o tempo a fim de argumentar a exatidão histórica da Bíblia, ele
foi incrédulo. Meu professor de sociologia não soube como explicar-
me o relativismo cultural quando insisti em perguntar-lhe se ele
estava seguro que não havia certezas, se ele realmente sabia se era
verdade que a verdade não pode ser conhecida, se ele não era
hipócrita ao dizer que "todas as crenças são verdades", exceto para a
minha fé radical cristã que insistia que Jesus era o único caminho,
verdade e vida. Em resumo, quando o meu coração foi capturado
por Jesus Cristo, transtornei quase todos do meu mundo. Não sou
estranha a uma fé aparentemente prejudicial.

13
Diversidade Religiosa entre a Juventude Americana

Tornei-me cristã em 1970, no começo de uma época de um fervor


religioso quase sem precedentes entre os jovens americanos. Do final
dos anos 60 até o começo dos anos 80, os adolescentes e jovens
adultos americanos abraçaram de maneira entusiasmada uma larga
variedade de movimentos espirituais espetaculosos.

Alguns eram decididamente ortodoxos em suas práticas e ensina-


mentos cristãos. The Navigators, InterVarsity Christïan Fellowship,
Compus Crusade for Christ e Evangelism Explosion foram alguns dos
movimentos que guarneceram a fé entusiástica dos jovens com o
mínimo de choque ou desconforto aos pais e pastores e líderes
denominacionais.

Outros eram mais radicais, alguns aproveitando, no nome de Jesus, a


mesma paixão dos hippies e protestos antiguerra. O movimento da
Calvary Chapel, Jews for Jesus e muitos não-denominacionais, chama-
dos cristãos "fanáticos por Jesus", conduziram a mesma mensagem
bíblica essencial, mas seu comportamento, vocabulário e práticas
eram radicais e divisivos para a sua época.

Muitos dos movimentos espirituais mais radicais eram decidida-


mente anticristãos, quer aberta ou dissimuladamente. The Children of
God alegavam ser plenamente cristãos, mas seu profeta, "Moisés
Davi" Berg, ensinou e praticou depravação moral em nome de
Cristo. O reverendo Sun Myung Moon veio da Coreia alegando ser o
"Senhor do Segundo Advento" enviado por Deus para concluir a
obra de salvação que Jesus falhou em completar. Jim Jones levou seu
Templo do Povo para a América do Sul e os conduziu ao massacre
com o seu próprio suicídio e o suicídio e/ou assassinato de mais de
900 dos seus seguidores. Os movimentos não-cristãos mais
flagrantes, como Hare Krishnas, trouxeram os deuses do Oriente
para o Ocidente e nos familiarizaram com termos como reencarnação
e carma.

14
Equipados para o Discernimento Espiritual

Nesses arredores empolgantes de desafio espiritual, minha fé cristã


amadureceu e iniciei um plano de carreira que correlacionava minha
sede voraz por conhecimento com minha profunda devoção à
verdade cristã. Meu curso de graduação em literatura comparativa
me deu uma introdução única a uma ampla variedade de visões de
mundo religioso e experiências espirituais que se estendiam por todo
o mundo e ao longo de cinco mil anos de civilização. Meus estudos
subsequentes em teologia, doutrina, religiões do mundo, história da
igreja, apologética e outras disciplinas teológicas deram-me uma
amplitude de percepção erudita em diversas experiências religiosas.
Trabalhar com um dos apologistas de seitas pioneiros, o falecido dr.
Walter Martin, deu-me uma experiência inestimável tanto em
equipar cristãos para defender a fé cristã como evangelizar aqueles
que abraçavam outras crenças.

Com o meu primeiro marido, Bob Passantino (que morreu no final


de 2003), dediquei minha vida adulta ao campo da apologética. O
que diferenciou Bob e eu de muitos apologistas daquelas décadas foi
o produto de nossos primeiros anos como entusiásticos cristãos no
campus: gastamos a maior parte de nosso tempo e esforço intera-
gindo com pessoas a partir da perspectiva dos compromissos de sua
própria fé cristã, em vez de observação acadêmica distante.
Tentamos dar aos movimentos "estranhos" o benefício da dúvida.
Desenhamos a linha que faz a separação entre as doutrinas cristãs
essenciais que definem a crença bíblica e as não-essenciais, que
distinguem cristãos dentro de uma fé unificada mais ampla.
Aplicamos o que mais tarde meu marido chamou "a regra de ouro da
apologética": não mantenha o seu oponente doutrinário em um
padrão que você não pode satisfazer, nem desafie aqueles que
diferem de você em bases que você não pode sustentar.

Ao longo dos anos nos tornamos apologistas cristãos conservadores


teologicamente confiáveis, assim como bem-fundamentados, empá-
ticos e precisos. Quando estimulávamos reações críticas, elas se
15
levantavam da nossa rejeição em condescender com as más caracte-
rizações populares, embora inexatas, de outros. Algumas vezes elas
se levantavam porque víamos o desenvolvimento de tendências ou
ameaças à fé cristã, rebaixada por outros. Mesmo quando nos
tornamos mais experientes e melhor instruídos, mantivemos o
mesmo compromisso da pesquisa exata e da análise cuidadosa que
exemplificaram a obra de Walter Martin.

Reavaliar uma Avaliação Anterior

Por causa de nossa obra cuidadosa, nossas avaliações raramente


foram revertidas. Mas quando reconhecemos que falhamos em fazer
uma dedução válida, ou quando uma investigação adicional mudou
a situação, de imediato modificamos nossa valiação.

A reavaliação mais significativa da minha carreira diz respeito aos


ensinamentos e práticas de um movimento de cristãos com suas
origens na China, descrito popularmente como as igrejas locais,
fundado sob os ensinamentos de dois cristãos da China, Watchman Nee
e Witness Lee. Em meados dos anos 70, concluímos que alguns dos
ensinamentos e práticas dos líderes e seu movimento eram heréticos,
e advertimos as pessoas a não se envolverem com a manifestação
americana desse movimento. Enquanto alguns dos nossos colegas se
atreveram a dizer que o grupo era na verdade uma seita não-cristã
mascarada como um movimento cristão, detivemo-nos logo após
essa denúncia. Isso se deu principalmente porque estávamos conven-
cidos, por rneio de interação pessoal com alguns dos membros
americanos, que eles eram cristãos genuínos que tinham relaciona-
mentos genuínos com Jesus Cristo, mas que pareciam no mínimo
confusos sobre alguns ensinamentos e práticas essenciais.

Agora, mais de 30 anos depois da nossa primeira investigação


limitada entre 1975 e 1980, tive a oportunidade de conduzir uma
reinvestigação e reavaliação completas e inteiramente novas dos
ensinamentos e práticas das igrejas locais, incluindo os ensinamentos
de Watchman Nee e Witness Lee. Tive pleno acesso a todos os
16
materiais impressos e gravados do movimento. Tive pleno acesso a
quaisquer membros, tanto convertidos neófitos como irmãos líderes
que têm servido na igreja por décadas. Conduzi-me cuidado-
samente pela pesquisa por muitos meses. Estou convencida de que
tive um fundamento muito melhor, mais preciso, melhor informado,
a partir do qual pude concluir que esse movimento e um movimento
cristão cujos ensinamentos e práticas estão completamente dentro da
ortodoxia cristã. Em vez de serem classificados entre os movimentos
que eram falsas manifestações da fé cristã, tais como o Templo do
Povo de Jim Jones, eles devem ser classificados entre as igrejas
ortodoxas, porém surpreendentemente vibrantes, como as proveni-
entes do "Movimento Jesus".

Estou entre um punhado de cristãos apologistas ou teólogos que


gastaram tempo suficiente com uma variedade de documentação
primária e, no mínimo, importante, que teve uma interação direta
com os membros líderes e outros nesse movimento. Tenho confiança
que a minha avaliação atual é apoiada por provas. Posiciono-me
confiantemente com o dr. Richard Mouw, o dr. Howard Loewen e o
dr. Veli-Matti Kärkkäinen, todos do Seminário Teológico Fuller, e
com Hank Hanegraaff e EIliot Miller do Christian Research Institute ao
confirmar o cristianismo ortodoxo das igrejas locais.

Outros colegas apologéticos continuam insistindo que os ensina-


mentos e práticas das igrejas locais são heréticos e fora do cristia-
nismo ortodoxo. De maneira surpreendente, eles baseiam sua insis-
tência na mesma obra incompleta que Bob e eu produzimos entre
1975 e 1980, a despeito do fato de eu poder demonstrar a insufi-
ciência em amplitude, profundidade e análise daquela antiga base de
investigação. Minha avaliação atual deve transmitir muito maior
peso do que transmitiu o primeiro esforço. A menos que e até que
algum dos meus colegas dissidentes esteja disposto a se empenhar
em um corpo de documentos mais amplo — aprimorado por uma
aplicação mais profunda do estudo da extensa igreja cristã não
apenas em sua diversidade ao redor do mundo, mas também em sua

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diversidade ao longo dos séculos, e aumentado por um número
muito maior de interações pessoais e conversas diretas com líderes e
membros comuns -, sua denúncia contínua é insustentável.

Doutrina e Teologia Ortodoxa

A teologia e a doutrina das igrejas locais eram geralmente desconhecidas


quando os primeiros missionários vieram da China para os Estados
Unidos. Esses cristãos chineses trouxeram de volta o mesmo evangelho
que os Estados Unidos originalmente tinham levado a eles em
gerações anteriores, contudo ele foi apresentado em terminologia e
conceitos que eram confortáveis para eles, mas que pareciam
estranhos para muitos cristãos americanos.

Como também declarou o Seminário Teológico Fuller, os ensi-


namentos de Watchman Nee, Witness Lee e as igrejas locais afirmam
as posições doutrinárias essenciais da igreja cristã histórica no que
diz respeito à natureza de Deus, à doutrina da Trindade, à natureza,
pessoa e ressurreição de Jesus Cristo, à doutrina da expiação, à
natureza dos seres humanos antes e ensinamentos de apôs a queda,
ao plano de salvação (redenção), à natureza da igreja, à Bíblia
como a Palavra infalível de Deus, e ao estado corpóreo de Cristo,
à Segunda Vinda visível para o julgamento final e reconciliação de
todas as coisas. Não apenas plenamente dentro da ortodoxia, esses
ensinamentos são explicados mais cuidadosamente e contrastados
aos credos heréticos do que são na maior parte das igrejas cristãs
americanas. Muitos dos crentes das igrejas locais nos Estados
Unidos entendem e podem explicar as doutrinas bíblicas básicas
melhor que a maioria dos cristãos americanos tradicionais.

Viver Ortodoxo Cristão

A primeira vista, as práticas das igrejas locais podem parecer aberrantes.


O mais surpreendente é a insistência que suas igrejas não adotem
nenhum nome exceto uma designação geográfica (a igreja em
Anaheim, por exemplo) e que nenhum membro individual ou
18
obreiro entre as igrejas nacional ou internacionalmente tenha mais
autoridade ou poder que qualquer outro. Como é possível, o
sarcástico pode admirar, que na total ausência de estruturação de
autoridade, todas as igrejas pareçam tão semelhantes não meramente
na doutrina, mas também na prática? Como é possível haver uma
organização publicadora internacional que propicie conferencias e
eventos ministeriais dos "irmãos líderes" e, que mesmo assim,
ninguém esteja "no comando"? As igrejas locais atribuem ao Espírito
Santo a fonte dessa unicidade. Alguns dos "irmãos líderes" admi-
tiram livremente que sua experiência, idade, anos de colaboração
com Witness Lee antes da sua morte e a habilidade logística de uma
rede de comunicação com as igrejas internacionalmente, represen-
tam, até certo ponto, um sistema administrativo. Investigação e
observação cuidadosas convenceram-me que a administração inde-
pendente de cada igreja é verdadeira, não é ilusória, e que a
liderança adquiriu sua habilidade por seguir um serviço humilde,
não por um controle sutil.

Teologia Distinta e Práticas que Inspiram Preocupação

Se o movimento das igrejas locais fosse como qualquer outra


experiência de igreja americana, a controvérsia e as acusações contra
eles provavelmente não teriam se levantado. O fato de ser gerada
controvérsia em muitas comunidades nas quais estabeleceram
congregações indica que eles são bastante diferentes da tendência
predominante das igrejas cristãs.

Uma comparação cuidadosa da teologia da igreja local com a teologia


bíblica histórica mostra que as maiores diferenças são as diferenças de
expressão e experiência, em lugar do verdadeiro conteúdo.

Vida da Igreja

A vida da igreja das igrejas locais é fundamentalmente distinta do


evangelismo americano típico devido ao empenho das igrejas locais

19
em experimentar a igreja da forma como eles consideram que era no
Novo Testamento, antes de o denominacionalismo ou outras
congregações diferentes se levantarem. Essa é a razão de eles rejei-
tarem nomear suas igrejas ou erigir uma estrutura de autoridade
nacional ou internacional. Eles crêem que a descrição bíblica de "a
igreja" em qualquer localidade é simplesmente "a igreja" - não a
Igreja Batista ou Igreja Luterana e a Igreja Comunitária, etc. Eles
crêem que a igreja em uma determinada localidade inclui todos os
crentes daquela área, sem levar em consideração se os crentes
reúnem-se juntos ou se reconhecem sua unidade acima de suas
denominações ou distinções nominais. Embora tenham sido
acusados de crer que somente aqueles que se reúnem com eles são
cristãos verdadeiros, essa não é a sua crença e não é o que eles
praticam.

Outro aspecto do empenho das igrejas locais para viver a vida do


Novo Testamento é seu compromisso entusiástico em adorar e ter
comunhão por toda a semana, não apenas uma vez por semana. As
congregações das igrejas locais modelam suas atividades em
exemplos do Novo Testamento dos cristãos que compartilham seus
recursos (embora as igrejas locais não sejam comunais), providen-
ciam assistência social aos seus membros necessitados, praticam
discipulado dos membros mais jovens por parte dos membros
maduros, dedicam-se ao estudo intensivo da Escritura e cooperam
na pregação do evangelho por toda a comunidade. Para muitos
evangélicos americanos, esse compromisso intensivo que exige
muito tempo é o melhor desafio para os cristãos que não fazem isso,
e, na pior das hipóteses, indica uma isolação prejudicial da comuni-
dade ampla. No entanto, as igrejas locais cuidadosa e especifica-
mente encorajam seus membros a estarem plenamente envolvidos de
maneira bíblica com respeito às suas famílias, à direção de suas
vidas, outros crentes cristãos, sua comunidade local e à sua nação.

20
Adoração na Igreja

A adoração da igreja local é derivada do seu entendimento de


adoração no Novo Testamento, e se parece com a adoração
"primitiva" dos Irmãos de Plymouth, do século dezenove, que as
igrejas locais chinesas primeiro emularam, em comparação ao que
fazem as igrejas denominacionais evangélicas americanas ou as
igrejas dirigidas à comunidade contemporâneas. Porque eles não têm
uma estrutura de autoridade composta de clérigos e leigos, os cultos
são muito simples, tendo os componentes contribuídos pela varie-
dade de irmãos e irmãs adorando juntos e tipicamente têm mais
oração, cantam hinos simples e adoração vocal mais do que os
costumes formais de cultos ou sermões direcionados por pastores.
Sua versão de oração comum combinada com a Escritura (chamada
de ler-orar) tem sido mal-compreendida como sendo um murmúrio
maquinal pelos de fora, embora os participantes estejam, ao
contrário, buscando interiorizar a verdade objetiva da Escritura em
uma experiência subjetiva do Espírito Santo, aplicando-as quando
eles adoram juntos.

Embora as igrejas locais mantenham visões do fim dos tempos


semelhantes a muitos evangélicos americanos (pré-milenialismo
dispensacional), seu compromisso ao evangelismo e discipulado está
entretecido por meio das suas visões do fim dos tempos. Isso
significa que eles perseveram em amadurecer em Cristo em anteci-
pação à Sua Segunda Vinda, tal como um noivo para sua noiva pura.
Isso também significa que eles penetram insistentemente na socie-
dade ao redor com o poder do evangelho preparatório para o que
eles vêem como a conclusão eminente da "era do evangelho". Para
muitos evangélicos americanos, tal intensidade no discipulado e no
evangelismo diários é raro.

Este é apenas um exame resumido de alguns dos ensinamentos e


práticas das igrejas locais. As publicações do Living Stream Ministry
propiciam descrições específicas dos ensinamentos e práticas da
igreja local e, juntamente com as práticas reais daquelas igrejas, a
21
prova persuasiva que os ensinamentos e práticas das igrejas locais
são ortodoxos e não heréticos.

De Crítico a Endossante

Mudei de crítico das igrejas locais nos anos 70 para uma endossante
no século vinte e um por diversas razões significativas. As cinco
razões mais significativas para esse exame resumido são as
seguintes.

Em primeiro lugar, tanto quanto o cristianismo "fanáticos por


Jesus" que muitos de nós adotamos no final dos anos 60, início dos
anos 70 era surpreendentemente diferente do "denominacionalismo
morto" da geração de meus pais, ele ainda era um produto do
modernismo racional americano. Fatos, argumentos, evidências e a
razão reinavam de maneira suprema não apenas no laboratório de
ciências e nas salas de aulas da universidade, mas até no estudo
teológico e nos departamentos de missões da igreja. Confrontados
com o movimento religioso que adota a experiência espiritual
subjetiva junto com a argumentação objetiva racional, Bob e eu
falhamos razoavelmente em avaliar a amplitude das crenças da
igreja local. Em vez disso, ignoramos essencialmente tudo que não
fosse aristotélico, criticando um modelo conceitual incompleto da
sua teologia. Por meio de cuidadoso estudo da história da igreja,
especialmente a história da igreja ocidental e antiga, cheguei ao
entendimento e à apreciação de uma teologia menos puramente
analítica, porém mais plenamente pessoal tal como foi demonstrada
na antiga teologia ocidental dos primeiros pais das igrejas ou a
teologia ortodoxa ocidental das igrejas bizantinas.

Em segundo lugar, visto que os jovens americanos empolgados


convertidos às igrejas locais apontavam diretamente a partir de si
mesmos para as igrejas do Novo Testamento, nossa análise inicial
falhou em dar o peso adequado às raízes históricas das igrejas locais
na China, especialmente os esforços da missão dos Irmãos Unidos.

22
Por exemplo, sem o seu contexto histórico, foi fácil para os jovens
convertidos assim também para os jovens críticos, como Bob e eu,
tomarem sua própria autoidentidade como "a igreja em XX (cidade)"
como uma rejeição exclusivista a todos os outros cristãos e igrejas.

Em terceiro lugar, a quantidade de material disponível para o


público de língua inglesa naquela época era inadequada para
representar plena e corretamente a profundidade e a amplitude da
teologia da igreja local. Mesmo aquelas mensagens dadas em inglês
por Witness Lee na América procederam de um cidadão chinês que
gastou a maior parte da sua vida e ministério na China, entre
aqueles que compartilharam suas experiências culturais, históricas,
sociais e espirituais. As principais declarações teológicas de Nee e
Lee provinham do contexto de estudos da Bíblia e de sessões de
treinamentos para crentes que já tinham abraçado os entendimentos
peculiares das igrejas, não no contexto de responder as questões de
fora ou defender a si mesmos de críticas. Com essa pesquisa de base
muito limitada, é compreensível que Bob e eu tenhamos concluído
que comentários dos membros, tais como, "eu experimento Cristo
como o Espírito" significava que o crente estava confundindo as
pessoas da Trindade e era culpado da heresia do modalismo. Na
verdade, visto que essa foi uma questão controversa entre as igrejas e
seus críticos, isso fez com que a maioria dos irmãos e irmãs das
igrejas locais tivesse capacidade muito melhor de definir, explicar e
defender a doutrina ortodoxa da trindade em distinção do moda-
lismo, em comparação com os Batistas, Luteranos, Presbiterianos e
cristãos não-denominacionais!

Em quarto lugar, semelhantemente às minhas experiências de


conversão inicial e daqueles muitos outros crentes novos e entu-
siastas, muitos dos primeiros crentes americanos que se aliaram às
igrejas locais falharam em temperar seu zelo com a compaixão
pacifista em relação aos crentes fora do seu movimento. Assim como
os meus pais presumiram que eu os rejeitava e rejeitava a sua fé por
minha declaração exuberante que o "denominidalismo morto" estava
sendo substituído pelo novo movimento do Espírito que pertence a
23
Deus, então muitos presumiram que essa importação da Ásia
buscava suplantar e excluir as outras igrejas americanas. Quando
Witness Lee pregou que a "cristandade", incluindo o catolicismo
romano e as igrejas da Reforma, estava "caída" e "que o Senhor
estava restaurando" uma prática mais pura da vida da igreja distin-
guida apenas pela proximidade local, os críticos tanto de fora como
até mesmo alguns membros interpretaram isso entendendo que as
igrejas locais viam a si mesmas como os únicos cristãos genuínos.
Esclarecimentos subsequentes de uma liderança respeitável e a
correção dos membros imaturos da igreja local têm demonstrado que
enquanto os membros das igrejas locais são decisivos em recusar
distinguir a si mesmos por algo que não seja a proximidade local,
eles reconhecem válida a fé cristã entre os cristãos em todas as igrejas
denominacionais ortodoxas.

Em quinto lugar, o começo das igrejas locais na América foi dominado


com uma declaração simples e positiva de fé que seus crentes chineses
adoraram e praticaram, e trouxeram para a América com conside-
ração insuficiente para com uma cultura, terminologia, história,
experiência e relacionamento diferentes. Consequentemente, com o
tempo as igrejas tiveram de aprender a se explicar mais plenamente
aos de fora, levando em consideração os problemas e hipóteses que
não tinham encontrado anteriormente. Isso pode ser comparado à
experiência da igreja cristã primitiva. No começo, em Jerusalém,
quase todos os novos crentes em Jesus como o Messias eram judeus
residentes em Israel. Dizer: "Jesus o Messias é o Senhor!" transmitiu
um complexo rico de teologia, história, experiência e cultura na
terminologia, que abrangeu 2.000 anos de história espiritual. Quando
a igreja foi estabelecida pelo Espírito Santo em novos lugares com
convertidos de diferentes experiências religiosas, cultura, história e
terminologia teológica, aquelas declarações simples tinham de ser
explicadas, defendidas e comparadas com outras crenças. Em 500
anos, a declaração cristã simples foi expandida para as quase 1.000
palavras do Credo de Atanásio. A teologia não mudou, a maneira de
expressar, sim. Da mesma maneira, a teologia edificada experimen-
talmente e incontestável das igrejas locais, tal como ganharam nota-
24
bilidade na América dos anos 70, foi agora, mais de trinta anos
depois, explicada e defendida de forma mais plena, cuidadosa e
contextual na literatura subsequente das igrejas locais.

Há muito mais razões pelas quais eu, os colegas do Seminário


Teológico Fuller, Hank Hanegraaff e Elliot Muller fomos compelidos
a examinar para nossa avaliação dos ensinamentos e práticas das
igrejas locais e para afirmar que nossos irmãos e irmãs desse
movimento são plenamente ortodoxos em vida e fé cristãs. As razões
resumidas aqui devem tranquilizar observadores preocupados com
relação ao compromisso cristão das igrejas locais.

Um cristão crente que se une às igrejas locais encontrará teologia


sadia, adoração enriquecedora, discipulado desafiador e oportuni-
dades evangelisticas entusiásticas. Depois de 40 anos de fé cristã, eu
não perdi meu "primeiro amor" por Jesus Cristo. Reconheço o
mesmo Espírito vibrante nas igrejas locais.

Sobre a Autora

Gretchen Passantino é cofundadora e diretora da Answers In Action,


uma das mais antigas e mais respeitadas organizações apologistas. É
Bacharel em Artes em literatura comparativa pela Universidade da
Califórnia (Irvine) e Mestre em Divindade (com ênfase em apolo-
gética) pelo Seminário Luterano Evangélico Faith (Tacoma, WA). É
uma respeitada autora de livros e artigos em apologética, religiões
do mundo e teologia. Serve como membro adjunto do corpo docente
com o Seminário Faith. Gretchen Passantino é coautora do livro The
New Cults [As Novas Seitas] (1980) com o dr. Walter Martin, que
contém um apêndice sobre as igrejas locais com suas conclusões da
pesquisa anterior. Ela contribuiu com a maior parte da reavaliação
dos ensinamentos e práticas das igrejas locais para o Christian
Research Journal.

25
FULLER
THEOLOGICAL SEMINARY

DECLARAÇÃO DO
SEMINÁRIO TEOLÓGICO FULLER

O Seminário Teológico Fuller e líderes das igrejas locais e do seu


serviço de publicação, o Living Stream Ministry (LSM), completaram
recentemente dois anos de extenso diálogo. Durante esse período, o
Seminário Fuller conduziu uma revisão e um exame completos dos
principais ensinamentos e práticas das igrejas locais, com ênfase
específica nos escritos de Witness Lee e Watchman Nee, como publi-
cados pelo Living Stream Ministry. Esse processo foi empreendido
em uma tentativa de responder muitas das questões e acusações que
são frequentemente associadas a esse grupo de igrejas, e para situar
os ensinamentos e práticas desses dois homens e das igrejas locais à
luz do cristianismo histórico e ortodoxo. Participantes no diálogo de
Fuller incluíram o dr. Richard Mouw, Presidente e Professor de
Filosofia Cristã; o dr. Howard Loewen, Decano da Escola de Teo-
logia e Professor de Teologia e Ética; e o dr. Veli-Matti Kärkkäinen,
Professor de Teologia Sistemática. Representando as igrejas locais
estavam Minoru Chen, Abraham Ho e Dan Towle. Representando o
LSM estavam Ron Kangas, Benson Phillips, Chris Wilde e Andrew
Yu.

A conclusão do Seminário Fuller é que os ensinamentos e práticas


das igrejas locais e de seus membros representam a fé cristã genuína,
histórica e bíblica em cada aspecto essencial. Uma das incumbências
iniciais que o Seminário Fuller enfrentou foi determinar se a
descrição do ministério tipicamente apresentado por suas críticas
reflete os ensinamentos do ministério de modo preciso. Nesse ponto
encontramos uma grande disparidade entre as percepções que foram

26
geradas em alguns círculos com relação aos ensinamentos de
Watchman Nee e Witness Lee e os ensinamentos reais encontrados
em seus escritos. Particularmente, os ensinamentos de Witness Lee
foram grosseiramente deturpados e por isso, muito frequentemente,
mal-entendidos na comunidade cristã em geral, especialmente entre
aqueles que se classificam como evangélicos. Descobrimos consis-
tentemente que, quando examinados de modo correto à luz da
escritura e da história da igreja, os ensinamentos reais em questão
têm significado bíblico e credibilidade histórica. Por isso, cremos que
eles merecem a atenção e a consideração de todo o Corpo de Cristo.
É importante notar, ao entender o processo pelo qual passamos, que
atenção considerável foi devotada ao princípio da posição dessas
igrejas sobre os elementos básicos da fé cristã genuína aderida por
todos os cristãos verdadeiros. Cremos que se o acordo nos dogmas
básicos da fé pode ser claramente estabelecido, então diálogo e
discussão subsequentes com relação a ensinamentos devidamente
não-essenciais caem na esfera da comunhão dos crentes. Essa
determinação foi feita ao ler suas publicações e por meio da nossa
comunhão em cinco reuniões face a face entre o Seminário Fuller e os
representantes das igrejas e desse ministério. Quanto ao seu
ensinamento e testemunho com relação a Deus, à Trindade, à pessoa
e à obra de Cristo, à Bíblia, à salvação e à unidade e unicidade da
Igreja, o Corpo de Cristo, nós os encontramos inequivocadamente
ortodoxos. Além do mais, encontramos sua profissão de fé consis-
tente com os principais credos, embora sua profissão, não tenha o
formato de um credo. Além disso, podemos dizer, com certeza, que
não encontramos nenhuma evidência de seita ou de atributos de
seita entre os líderes do ministério ou entre os membros das igrejas
locais que são fiéis aos ensinamentos representados nas publicações
do Living Stream Ministry. Por conseguinte, tranquila e confortável-
mente podemos recebê-los como crentes genuínos e comembros
do Corpo de Cristo, e recomendamos sem reservas que todos os
crentes cristãos da mesma maneira lhes ofereçam a destra da
comunhão.

27
Nossos momentos juntos foram caracterizados por um diálogo
sincero, aberto, transparente e irrestrito. Houve muitos tópicos que
nós, do Seminário Fuller, nos aproximamos com interesse específico,
tais como a Trindade, o mesclar da divindade com a humanidade, a
deificação, o modalismo e sua interpretação e prática da igreja
"local", as naturezas divina e humana de Cristo, e sua atitude em
relação aos crentes de fora das suas congregações. Foi-nos dada a
liberdade sem limites para explorar cada uma dessas áreas. Em todos
os exemplos descobrimos que o entendimento público de alguns tem
pouco a ver com os ensinamentos publicados, bem como com as
crenças e práticas dos crentes nas igrejas locais.

Essa declaração tem a intenção de prover aos interessados uma visão


panorâmica e geral do processo em que nos envolvemos e nossas
conclusões. Essa afirmação resumida será seguida nos próximos
meses por um artigo endereçando o já mencionado e outros tópicos
teológicos importantes em maiores detalhes. Representantes das
igrejas locais e do Living Stream Ministry concordaram em escrever
um esboço de uma declaração em forma de sumário de seus
ensinamentos sobre os principais tópicos de interesse com relação a
eles. O Seminário Fuller oferecerá comentários sobre esses ensina-
mentos, da forma como viemos a entender depois de pesquisa e
diálogo significativos.

Data: 5 de janeiro de 2006

Seminário Teológico Fuller


Escoia de Teologia
135 North Oakland Avenue, Pasadena, CA 91182
tele 626.584.5300 fax 626.584.5251 www.fuller.edu

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EXCERTOS

HANK HANEGRAAFF, Christian Research Institute:


“Finalmente, as igrejas locais são uma expressão autên-
tica do cristianismo do Novo Testamento. Além do mais,
como um grupo forjado no caldeirão da perseguição, ele
tem muito a oferecer ao cristianismo ocidental.”

GRETCHEN PASSANTINO, Answers in Action:


“A revelação mais significativa da minha carreira diz respeito aos
ensinamentos e práticas de um movimento de cristãos com suas
origens na China, descrito popularmente como igrejas locais,
fundados sob os ensinamentos de dois cristãos da China, Watchman
Nee e Witness Lee.”

“Um cristão crente que se reúne às igrejas locais encontrará teologia


sadia, adoração enriquecedora, discipulado desafiador e oportuni-
dades entusiásticas. Depois de 40 anos de fé cristã, eu não perdi o
meu ‘primeiro amor’ por Jesus Cristo. Reconheço o mesmo Espírito
vibrante nas igrejas locais.”

SEMINÁRIO TEOLÓGICO FULLER:


“A conclusão do Seminário Fuller é que os ensinamentos e práticas
das igrejas locais e de seus membros representam a fé cristã genuína,
histórica e bíblica em cada aspecto essencial.”

“Por conseguinte, tranquila e confortavelmente podemos recebê-los


como crentes genuínos e comembros do Corpo de Cristo, e
recomendamos sem reservas que todos os crentes cristãos da mesma
maneira lhes ofereçam a destra da comunhão.”

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