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A Salvação Garantida na Imutabilidade de Deus

Tt. 1.1-4

Objetivo: Ensinar que o cristão descansa na certeza de sua


salvação na base da imutabilidade da Palavra e do Ser divino.

Introdução: Você está certo de sua salvação?


Quem garante que Deus não vai te rejeitar porque você não
vence certos pecados?
Quem garante que você vai ser fiel até o fim?
Você tem segurança sobre sua salvação?

Contexto: Quando Paulo estava na prisão, possivelmente


nos anos de 63-65 D.C., escreveu diversas cartas e dentre elas,
escreveu três a jovens pastores, com o intuito de ajudá-los em
seu cuidado com suas Igrejas.

Transição: Quero caminhar nesta oportunidade neste texto


sob o tema: ‘A Salvação Garantida na Imutabilidade de
Deus’.

I – Uma Saudação Cristã.

a – Quem é o destinatário da carta?

1. Depois de se apresentar e mostrar suas credenciais,


bem como o propósito de seu apostolado, Paulo
menciona o destinatário de sua carta.

2. Dois fatos são dignos de nota acerca de Tito.


2.1 – Ele era filho espiritual de Paulo (Tt. 1.4).
a) Trata-se de alguém que veio a Cristo por
intermédio do ministério de Paulo.
b) Matthew Henry diz que Tito era filho de
Paulo não por geração natural, mas por
regeneração sobrenatural.

2.2 – Ele era comprometido com o mesmo evangelho


que Paulo pregava (Tt. 1.4).
a) Paulo era um judeu, e Tito, um gentio.
b) Os dois, porém, abraçaram a mesma fé.
c) A fé comum é a fé que tem todo cristão.
d) A fé aqui é objetiva e não subjetiva, sendo o
próprio conteúdo do Evangelho.
e) Cristãos de diferentes denominações podem
ter características distintas, mas todos os que
possuem a mesma fé salvadora compartilham
‘... da nossa comum salvação’ (Jd. 3).
f) ‘segundo a fé comum’, aqui neste caso
indicando a ‘fé objetiva’; isto é, ‘fé cristã’, é
que está em foco, o ‘cristianismo ortodoxo’
ou o conjunto doutrinal, conforme era
interpretado pelo apostolo Paulo.
g) Há um corpo definido de verdades confiado à
Igreja, ‘a fé que uma vez por todas foi
entregue aos santos’ (Jd. 3).
h) Qualquer ensinamento, portanto, que se desvie
da ‘fé comum’, isto é, do ‘fundamento dos
apóstolos e profetas’ (Ef. 2.19) é falso e
não deve ser tolerado na congregação.

b – Quais as bênçãos rogadas ao destinatário (Tt. 1.4)?

1. Paulo roga a Deus a bênção da graça e da paz para Tito.

2. Que é graça?
2.1 – A graça pode ser comparada à uma fonte.
2.2 – A graça pode ser comparada à raiz.
a) William Hendriksen1, diz que a graça é o
favor operado por Deus no coração de seu filho
sem que ele tenha mérito algum.
b) É seu cristocêntrico amor perdoador e
fortalecedor.

3. O que é a paz?
3.1 – A paz é fluxo que corre da fonte da graça.
3.2 – A paz é o fruto da graça enraizada nos corações.
a) William Hendricksen, diz que a paz é a
consciência do filho de haver sido reconciliado
com Deus por meio de Cristo).
b) Rm. 5.1-2 (NVI) ‘Tendo sido, pois,
justificados pela fé, temos paz com Deus, por
nosso Senhor Jesus Cristo, por meio de quem
obtivemos acesso pela fé a esta graça na qual
agora estamos firmes; e nos gloriamos na
esperança da glória de Deus’.

c – Qual é a fonte das bênçãos rogadas (Tt. 1.4)?

1. Tanto a graça quanto a paz provêm de Deus Pai e de


Cristo Jesus, nosso Salvador.

2. Tanto o Pai quanto o Filho são a origem e a fonte dessas


bênçãos.

3. A graça e a paz têm sua origem em Deus, o Pai, e são


obtidas para o crente pelos méritos de Cristo Jesus.

4. Eles dois, o Pai e o Filho, são a fonte única da graça e da


paz.
1
William Hendricksen, Professor de NT no Calvin Theological Seminary.
II – A Promessa da Salvação Feita Por Deus.

a – Onde se encontra a promessa da salvação no VT?

1. Interessante notar a ausência da promessa da salvação em


termos definidos nas linhas do VT.
1.1 – Champlin: ‘Embora não possamos encontrar
nenhuma promessa especifica nesse sentido, no
A.T., podemos tomar a revelação de Deus, em sua
inteireza, como confirmação da elevada intenção
divina de conferir a vida eterna aos homens’.
1.2 – Mesmo não tendo uma fraseologia que defina a
promessa, ela está presente na revelação
veterotestamentária através dos eventos históricos
e instituições dos sacrifícios, do Tabernáculo e do
culto.

2. William MacDonald2 sintetiza o ministério de Paulo


em relação ao evangelho em três áreas distintas:
2.1 – Evangelismo: ‘a fé que é dos eleitos de Deus’
(Tt. 1.1).
2.2 – Educação: ‘e o pleno conhecimento da verdade
segundo a piedade’ (Tt. 1.1).
2.3 – Expectação: ‘na esperança da vida eterna que
o Deus que não pode mentir prometeu’ (Tt. 1.2).

b – Quem fez a promessa é fiel.

1. A promessa de salvação é feita por Deus, caracterizado


aqui pelo apóstolo, como o Deus que não pode mentir.

2
William MacDonald, (07/01/1917 – 25/12/2007) professor, teólogo e autor prolífico de mais de 84 livros publicados.
1.1 – O adjetivo άψέυδής (‘não mentiroso’), glorifica
a Deus e nos faz lembrar que a salvação está
fundada na palavra daquele que não pode mentir
ou iludir; sendo que, o único fundamento de toda a
religião é a imutável verdade de Deus.
1.2 – Ele é o ‘Deus não mentiroso’ (literalmente no
grego), em contraste com os homens, que são
mentirosos e enganadores, conforme também eram
os habitantes de Creta (ver o decimo segundo
versículo).
1.3 – Policarpo, o mártir de Esmirna, fala sobre o ‘Deus
não-mentiroso e veraz’, em sua última oração,
antes do martírio, na expectação da vida eterna,
que não pode falhar, a despeito da fragilidade e da
brevidade desta existência terrena.
1.4 – O Deus não mentiroso nas páginas da Escritura:
a) O profeta Samuel lembrou ao desobediente rei
Saul que Deus, ‘a glória de Israel, não vou
mentir’ (I Sm. 15.29).
b) Porque Deus é a fonte e a medida de toda a
verdade, é, por definição, ‘impossível que Deus
minta’ (Hb. 6.18).
c) Assim como ‘sempre que [o diabo] profere
mentira, fala do que sua própria natureza,
porque ele é um mentiroso, e pai da mentira’
(Jo. 8.44), por isso é que, sempre que Deus
fala a verdade, Ele fala de sua própria natureza,
porque Ele é o Pai de verdade.

2. A ‘promessa de Deus’ (Tt. 1.2).


2.1 – A vida eterna como promessa de Deus, não é uma
mera expectativa humana.
2.2 – Não é uma vaga possibilidade humana, mas uma
garantia divina.
2.3 – Não é apenas uma bênção usufruída na terra, mas
um decreto firmado no céu.

3. Com respeito a essa promessa, Paulo destaca dois


pontos:
3.1 – Sua perspectiva eterna (Tt. 1.2).
a) O Deus que não pode mentir prometeu a vida
eterna ‘antes dos tempos eternos’.
b) O decreto da salvação dos eleitos foi feito na
eternidade.
c) A nossa salvação foi planejada e decidida
mesmo antes de Deus lançar os fundamentos
da terra.
d) Antes mesmo de o sol brilhar no firmamento,
Deus já havia destinado seus escolhidos para a
vida eterna.
e) Agostinho (354-410 d.C.), traduziu as
palavras πρό χρόνων άιωνίων, explicando
que vai ‘além dos tempos da antiguidade’.
f) Jerônimo (331-414) e outros, entendem que
‘antes da fundação do mundo’, Deus
determinou conceder a salvação que agora
manifestou pela proclamação do evangelho.
(1) Ef. 1.4 (NVI) ‘Porque Deus nos escolheu
nele antes da criação do mundo, para
sermos santos e irrepreensíveis em sua
presença’.
(2) II Tm. 1.9-10 (NVI) ‘... que nos salvou e
nos chamou com uma santa vocação, não
em virtude das nossas obras, mas por
causa da sua própria determinação e
graça. Esta graça nos foi dada em Cristo
Jesus desde os tempos eternos, sendo
agora revelada pela manifestação de
nosso Salvador, Cristo Jesus. Ele tornou
inoperante a morte e trouxe à luz a vida e
a imortalidade por meio do evangelho’.

3.2 – Sua perspectiva temporal (Tt. 1.3).


a) A promessa da vida eterna feita na eternidade
manifestou-se no tempo devido, ou seja, na
plenitude dos tempos.
(1) Gl. 4.4-5 (NVI) ‘Mas, quando chegou a
plenitude do tempo, Deus enviou seu
Filho, nascido de mulher, nascido debaixo
da lei, a fim de redimir os que estavam sob
a lei, para que recebêssemos a adoção de
filhos’.
b) No tempo oportuno de Deus, no καιρός
(kairós) de Deus, essa promessa eterna veio à
luz, por meio da pregação do evangelho.

III – O Chamamento de Deus Para a Salvação.

Quatro verdades3 são aqui destacadas acerca do


comissionamento de Deus:

a – Seu conteúdo (Tt. 1.3).

1. A Palavra de Deus é o conteúdo, não temos outra


mensagem.
2. Hans Burki4 diz que o conteúdo da proclamação é
Jesus, o Redentor.
2.1 – Ele é a palavra da salvação (At. 13.26).
2.2 – Ele é a palavra da graça (At. 14.3; At. 20.32).

3
Rev. Hernandes Dias Lopes, Comentário Bíblico, Tito.
4
Hans Burki, Psicólogo suíço, teólogo, cofundador do United Bible Groups
2.3 – Ele é a palavra da vida (Fp. 2.15).
2.4 – Ele é a palavra da reconciliação (II Co. 5.19).
2.5 – Ele é a palavra da verdade (Jo. 14.6).
2.6 – Ele é a palavra de Deus aos seres humanos (I Co.
1.21; Ap. 19.13).

b – Seu veículo (Tt. 1.3).

1. Deus manifestou sua Palavra mediante a pregação.


1.1 – A pregação é o meio eficaz de transmitir a Palavra
e chamar os escolhidos.
1.2 – Por intermédio do sagrado ofício da pregação,
filhos espirituais são gerados de Deus e para Deus
(Tg. 1.18).

2. O cristianismo não é filosofia nem dramaturgia.


2.1 – A mensagem cristã é proclamada não por
sacerdotes, mas por pregadores.
2.2 – Warren Wiersbe5, bem como J. N. D. Kelly6,
dizem que não se trata de uma referência ao ato de
proclamar a Palavra, mas ao conteúdo dessa
mensagem (I Co. 1.21).

c – Sua origem (1.3).

1. A Palavra é manifestada mediante a pregação por


autorização de Deus, nosso Salvador.

2. Calvino diz que Paulo aplica o mesmo epíteto


(qualificativo) a Deus Pai e Deus Filho, de sorte que
cada um deles é nosso Salvador, mas por uma razão
diferente:

5
Warren Wiersbe, (1929-2019), teólogo batista calvinista.
6
John Norman David Kelly, 1909-1997, teólogo, professor da Universidade de Oxford.
2.1 – O Pai é chamado nosso Salvador porque nos
redimiu pela morte de seu Filho, para que pudesse
nos fazer herdeiros da vida eterna.
2.2 – O Filho é chamado nosso Salvador porque
derramou seu sangue para pagar o preço da nossa
salvação.

3. Assim, o Filho nos tem trazido à salvação do Pai, e o Pai


nos tem outorgado a salvação por meio do Filho.

d – Seu instrumento (Tt. 1.3).

1. Paulo diz que a pregação lhe foi confiada por Deus.


1.1 – A verdade tem sua origem em Deus, mas a
pregação é feita por homens chamados por Deus.
1.2 – Hans Burki diz que Paulo evangeliza por causa
de Deus e com vistas a Ele, e não por causa dos
homens nem por causa de sua necessidade, miséria
e perdição.

e – Salvação: realização de Deus e benefício nosso.

1. Salvação é uma obra monérgica de Deus a favor de um


povo que Ele mesmo escolheu.

2. A participação de cada crente no processo é uma


resposta provocada e dinamizada pelo próprio Deus na
instrumentalidade do Espírito e da Palavra.

3. Participamos na fase da conversão porque o Espírito


Santo, por meio da Palavra, nos convence e nos leva ao
arrependimento.
4. Participamos da santificação porque, da mesma forma,
o espírito age em nós por meio da Palavra e outros
instrumentos secundários para nos moldar na vontade
de Deus.

5. Os outros passos da Ordo Salutis (Eleição, Chamado,


Regeneração, Conversão, Justificação, Adoção,
Santificação e Glorificação) são ações monérgicas de
Deus em nossa vida para nossa salvação.

6. Todo o processo salvífico se completará na vida de cada


eleito, não porque este seja bom o suficiente, mas
porque Deus é imutável, tendo ele prometido, Ele
cumprirá.

Conclusão: O cristão, bem radicado, bem enraizado na


Palavra de Deus pode descansar quanto a garantia de sua
salvação, pois quem deu a palavra é fiel.
Nossa salvação não está baseada em nós mesmos, mas na
palavra do Deus imutável.

Roteiro aos Pré-adolescentes.

Tt. 1.1-4

1. Por que Paulo chama a Tito de filho?


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2. Quais as bênçãos que Paulo roga a Deus por Tito?


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3. Por que é que Deus não pode mentir:
( ) Por que Ele nos entristeceria.
( ) Por que é contra a sua natureza santa e perfeita.
( ) Por que Ele pecaria e deixaria de ser Deus.

4. O que Deus usa para nos chamar para a salvação?


( ) A internet e outros mios de comunicação.
( ) A autoridade do pastor ou de nossos pais.
( ) A pregação de sua Palavra.

5. O que é Ordo Salutis:


( ) Uma nova vacina que combate o Covid19.
( ) Os passos que se completam na ordem da salvação.
( ) A maneira de ensinar que crentes se perdem.

6. Quais lições você aprendeu hoje?


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