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EDUCAÇÃO MÉDICA
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SUMÁRIO
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE - SUS Sistema Único de Saúde - SUS............................................................................. 34
História e Evolução do SUS.................................................................................... 34
Princípios do SUS ..................................................................................................... 37
Princípios Organizacionais ...................................................................................... 37
Legislação e diretrizes .............................................................................................. 38
Constituição Federal de 1988................................................................................ 38
Lei Nº 8080 de 19/07/1990................................................................................... 39
Lei Nº 8142 de 28/12/1990................................................................................... 39
Diretrizes ...................................................................................................................... 40
Financiamento do SUS ........................................................................................... 40
Origem dos recursos ................................................................................................ 41
Transferências do Governo Federal ...................................................................... 41
Lei Nº 8142/90 .......................................................................................................... 42
Pacto de Gestão 2006 ............................................................................................ 42
Blocos de Financiamento ....................................................................................... 42
Atenção Básica .......................................................................................................... 42
Atenção de média e alta complexidade ambulatorial
e hospitalar .................................................................................................................. 43
Assistência farmacêutica ......................................................................................... 44
Gestão do SUS.......................................................................................................... 44
Programação em Saúde........................................................................................... 45
Saúde e doença......................................................................................................... 46
Prevenção.................................................................................................................... 46
Conceito de prevenção quaternária ...................................................................... 47
Atenção básica........................................................................................................... 48
Fundamentos e diretrizes......................................................................................... 48
Da infraestrutura e funcionamento da atenção básica...................................... 50
Do processo de trabalho das equipes de atenção básica .............................. 51
Das atribuições dos membros das equipes de atenção básica ..................... 52
Das atribuições específicas do médico................................................................ 53
Estratégia saúde da família...................................................................................... 53
Especificidades da equipe de saúde da família ................................................. 53
Saúde suplementar ................................................................................................... 56
Transição epidemiológica e perfil demográfico brasileiro ................................ 58
Bioestatística .............................................................................................................. 59
Planejamento de uma pesquisa.............................................................................. 59
Amostragem................................................................................................................ 60
Organização de dados ............................................................................................. 62
Distribuição de frequências..................................................................................... 62
Medidas de posição.................................................................................................. 64
Probabilidades............................................................................................................ 64
Comparação de riscos e risco relativo ................................................................. 65
Epidemiologia ............................................................................................................. 65
Inferência estatística.................................................................................................. 65
Medicina baseada em evidências .......................................................................... 67
Como praticamos a MBE? ...................................................................................... 69
Indicadores de saúde ............................................................................................... 70
Coeficiente de mortalidade geral ........................................................................... 70
Coeficiente de mortalidade materna ..................................................................... 71
Coeficiente de mortalidade por idade................................................................... 71
Índices .......................................................................................................................... 71
SUS
Sistema nacional de vigilância epidemiológica do brasil..................................... 72
Propósitos e funções ................................................................................................... 72
São funções da vigilância epidemiológica.............................................................. 72
Coleta de dados e informação .................................................................................. 73
Notificação de emergências de saúde pública, surtos e epidemias ................ 73
Fontes de dados ........................................................................................................... 74
Investigação epidemiológica de casos e epidemias ............................................ 75
-
Investigação de casos de uma doença ................................................................... 76
Investigação de surtos e epidemias ......................................................................... 76
SAÚDE
Características da investigação de surtos de doenças transmitidas
por alimento (dta).......................................................................................................... 77
MÉDICA
Ecomapa ......................................................................................................................... 84
Símbolos utilizados no diagrama de vínculos......................................................... 84
Exemplo de ecomapa................................................................................................... 84
Ética médica................................................................................................................... 85
Medicina do trabalho - Saúde do trabalhador........................................................ 90
SISTEMACLÍNICA
Tratamento...................................................................................................................... 354
Manejo das Exarcebações.......................................................................................... 357
Exames Complementares ........................................................................................... 359
Principais Exames......................................................................................................... 359
Drogas Alternativas ...................................................................................................... 360
Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC)..................................................... 361
Introdução....................................................................................................................... 361
Fatores de Risco........................................................................................................... 361
Diagnóstico .................................................................................................................... 362
Diagnóstico Diferencial ............................................................................................... 362
Tratamento...................................................................................................................... 364
Manejo do Paciente com DPOC............................................................................... 364
Tratamento Farmacológico ......................................................................................... 364
Manejo das Exacerbações.......................................................................................... 365
Critérios para Hospitalização ..................................................................................... 366
Pneumonia...................................................................................................................... 367
Introdução....................................................................................................................... 367
Fatores de Risco........................................................................................................... 369
Diagnóstico .................................................................................................................... 369
Sinais e Sintomas ......................................................................................................... 369
Radiografia de Tórax .................................................................................................... 370
Exames Laboratoriais ................................................................................................... 370
Classificação Diagnóstica da Gravidade ................................................................ 370
Tratamento...................................................................................................................... 371
Fármacos Utilizados para o Tratamento .................................................................. 372
Derrame Pleural............................................................................................................. 373
Introdução....................................................................................................................... 373
Diagnóstico Diferencial de Pacientes com Derrames Pleurais.......................... 373
Quadro Clínico .............................................................................................................. 375
Diagnóstico .................................................................................................................... 375
Quadro Radiológico ..................................................................................................... 375
Toracocentese............................................................................................................... 375
Análise do Material ....................................................................................................... 376
Tratamento...................................................................................................................... 376
Câncer de Pulmão........................................................................................................ 377
Introdução....................................................................................................................... 377
Fatores de Risco........................................................................................................... 377
Diagnóstico .................................................................................................................... 378
Estadiamento do Câncer de Pulmão ....................................................................... 379
Tratamento...................................................................................................................... 380
Tromboembolismo Pulmonar ..................................................................................... 381
Introdução....................................................................................................................... 381
Fatores de Risco........................................................................................................... 381
Diagnóstico .................................................................................................................... 381
Exames ............................................................................................................................ 382
Tratamento...................................................................................................................... 382
Hipertensão arterial sistêmica.................................................................................... 383
Fatores de risco para HAS ......................................................................................... 383
Diagnóstico e classificação........................................................................................ 383
Medição residencial da pressão arterial (MRPA) .................................................. 383
Monitorização ambulatorial da pressão arterial (MAPA)...................................... 384
Hipertensão do avental branco.................................................................................. 384
Hipertensão mascarada .............................................................................................. 384
Fluxograma para diagnóstico de hipertensão arterial........................................... 384
Classificação da PA ..................................................................................................... 385
Avaliação clínica e complementar............................................................................. 385
Tratamento...................................................................................................................... 385
Tratamento medicamentoso....................................................................................... 385
Tratamento não medicamentoso............................................................................... 385
Infarto agudo do miocárdio (IAM) ............................................................................. 387
Quadro clínico ............................................................................................................... 387
Diagnóstico .................................................................................................................... 387
Eletrocardiograma......................................................................................................... 387
Enzimas cardíacas ........................................................................................................ 388
Tratamento...................................................................................................................... 388
Reperfusão miocárdica................................................................................................ 388
Edema agudo de pulmão ............................................................................................ 389
Quadro clinico ............................................................................................................... 389
Tratamento...................................................................................................................... 389
Parada cardiorrespiratória........................................................................................... 390
Manobras de ressuscitação por profissionais de saúde ..................................... 391
Algoritmo de PCR......................................................................................................... 391
Insuficiencia cardíaca congestiva ............................................................................. 392
Diagnóstico .................................................................................................................... 392
Classificação funcional do New York Heart Association .................................... 393
Características da IC sistólica e diastólica............................................................. 393
Exames complementares ............................................................................................ 393
Critérios de Framingham para o diagnóstico de
insuficiência cardíaca (IC)........................................................................................... 394
Tratamento...................................................................................................................... 395
Arritmias .......................................................................................................................... 396
Bradiarritmias................................................................................................................. 396
Bradicardia sinusal ....................................................................................................... 396
Arritmia sinusal .............................................................................................................. 397
Bloqueio atrioventriculares (BAV)............................................................................. 397
Taquiarritmias................................................................................................................. 399
Taquicardias supreventriculares................................................................................ 399
Taquicardia sinusal ....................................................................................................... 399
Taquicardia atrial........................................................................................................... 399
Fibrilação atrial............................................................................................................... 400
Flutter atrial..................................................................................................................... 400
Taquicardias ventriculares .......................................................................................... 400
Fibrilação ventricular .................................................................................................... 401
Exames complementares ............................................................................................ 401
Valvulopatias .................................................................................................................. 402
Diagnóstico .................................................................................................................... 402
Tratamento...................................................................................................................... 402
Insuficiência mitral ........................................................................................................ 403
Diagnóstico .................................................................................................................... 403
Tratamento...................................................................................................................... 403
Insuficiência aórtica...................................................................................................... 404
Diagnóstico .................................................................................................................... 404
Tratamento...................................................................................................................... 404
Estenose aórtica ........................................................................................................... 404
Diagnóstico .................................................................................................................... 405
Tratamento...................................................................................................................... 405
Hipertensão pulmonar ................................................................................................. 405
Hipertensão pulmonar nas valvopatias .................................................................... 405
Diagnóstico .................................................................................................................... 406
Tratamento...................................................................................................................... 406
Diabetes Mellitus........................................................................................................... 407
Rastreamento................................................................................................................. 407
Classificação do DM.................................................................................................... 407
Diagnóstico .................................................................................................................... 408
Avaliação de exames complementares.................................................................... 409
Tratamento...................................................................................................................... 409
Antidiabéticos orais...................................................................................................... 409
Combinações para o tratamento medicamentoso no DM tipo 2 ...................... 411
Tratamento farmacológico 1ª linha ........................................................................... 411
Tratamento farmacológico 2ª linha ........................................................................... 411
Tratamento farmacológico 3ª linha ........................................................................... 411
Complicações agudas e crônicas do DM............................................................... 412
Descompensação hiperglicêmica aguda ................................................................ 412
Diagnóstico .................................................................................................................... 413
Síndrome hiperosmolar hiperglicêmica não cetótica ........................................... 414
Hipoglicemia .................................................................................................................. 414
Síndrome metabólica ................................................................................................... 417
Prevenção primária....................................................................................................... 417
Escolha do medicamento............................................................................................ 418
Tratamento medicamentoso da dislipidemia .......................................................... 419
Tratamento medicamentoso e cirúrgico da obesidade........................................ 421
Tratamento cirúrgico .................................................................................................... 421
Osteoporose .................................................................................................................. 422
Tratamento...................................................................................................................... 423
Insuficiência adrenal primária - Doença de Addison ............................................ 425
Diagnóstico clínico ....................................................................................................... 425
Diagnóstico laboratorial............................................................................................... 425
Tratamento...................................................................................................................... 425
Insuficiência adrenal secundária ............................................................................... 426
Hipotireoidismo ............................................................................................................. 427
Diagnóstico .................................................................................................................... 428
Tratamento...................................................................................................................... 428
Hipertireoidismo ............................................................................................................ 428
Diagnóstico .................................................................................................................... 429
Tratamento...................................................................................................................... 429
Injuria renal aguda......................................................................................................... 430
Diagnóstico .................................................................................................................... 431
Tratamento clínico ........................................................................................................ 432
Terapia renal de substituição TRS............................................................................ 433
Doença renal crônica ................................................................................................... 434
Infecção do trato urinário ............................................................................................ 437
Questionário................................................................................................................... 627
Gabarito .......................................................................................................................... 664
Diagnóstico da gravidez.............................................................................................. 673
Introdução....................................................................................................................... 673
Métodos diagnósticos ................................................................................................. 673
Tratamento...................................................................................................................... 969
Imunização...................................................................................................................... 970
Calendário nacional...................................................................................................... 970
Contraindicações em situações especiais ............................................................. 971
Contraindicações comuns.......................................................................................... 971
Adiamento da vacinação ............................................................................................. 972
Vacinação simultânea .................................................................................................. 972
Falsas contraindicações.............................................................................................. 972
Vacinas ............................................................................................................................ 983
Fibrose cística................................................................................................................ 983
Etiologia .......................................................................................................................... 983
Diagnóstico .................................................................................................................... 983
Tratamento...................................................................................................................... 984
Faringoamigdalite.......................................................................................................... 984
Clínica.............................................................................................................................. 984
Diagnóstico .................................................................................................................... 984
Complicações................................................................................................................ 985
Terapêutica..................................................................................................................... 986
Sinusite aguda............................................................................................................... 986
Sinais e sintomas .......................................................................................................... 986
Complicações................................................................................................................ 986
Diagnóstico .................................................................................................................... 987
Otite média aguda ........................................................................................................ 989
Infecção........................................................................................................................... 989
Microbiologia ................................................................................................................. 989
Manifestações clínicas................................................................................................. 990
Otite média secretora .................................................................................................. 990
Exames complementares e diagnóstico .................................................................. 990
Tratamento...................................................................................................................... 991
Púrpura de Henoch-Schönlein (PHS)...................................................................... 992
Tratamento...................................................................................................................... 993
Doença de kawasaki .................................................................................................... 994
Diagnóstico .................................................................................................................... 994
Tratamento...................................................................................................................... 995
Artrite idiopática juvenil ............................................................................................... 997
Tratamento medicamentoso da dislipidemia .......................................................... 997
Forma sistêmica ............................................................................................................ 997
Forma oligoarticular...................................................................................................... 998
Tratamento...................................................................................................................... 1000
Febre reumática ............................................................................................................ 1002
Diagnóstico .................................................................................................................... 1002
Faringoamigadalite estrptocócica............................................................................. 1003
Correia de sydenham................................................................................................... 1004
Eritema marginatum...................................................................................................... 1005
Nódulos subcutâneos.................................................................................................. 1005
Critérios menores de jones ........................................................................................ 1005
Profilaxia secundária..................................................................................................... 1006
Duração da profilaxia.................................................................................................... 1006
Sarampo.......................................................................................................................... 1007
Período de transmissibilidade.................................................................................... 1007
Período de incubação.................................................................................................. 1007
Diagnósticos .................................................................................................................. 1008
Isolamento viral.............................................................................................................. 1008
Período para coleta ...................................................................................................... 1008
Tratamento...................................................................................................................... 1009
Notificação ..................................................................................................................... 1009
Rubéola ........................................................................................................................... 1010
Modo de transmissão .................................................................................................. 1010
Período de incubação e transmissão....................................................................... 1010
Suscetibilidade e imunidade ...................................................................................... 1010
Manifestações clínicas................................................................................................. 1010
Diagnósticos .................................................................................................................. 1011
Isolamento do vírus da rubéola.................................................................................. 1011
Tratamento...................................................................................................................... 1011
Ações de vigilância epidemiológica ......................................................................... 1011
Medida de controle ...................................................................................................... 1011
Varicela............................................................................................................................ 1012
Diagnósticos .................................................................................................................. 1012
Tratamento...................................................................................................................... 1013
Escarlatina ...................................................................................................................... 1014
Aspectos epidemiológicos ......................................................................................... 1014
Agente etiológico.......................................................................................................... 1014
Modo de transmissão .................................................................................................. 1014
Diagnósticos .................................................................................................................. 1015
Tratamento...................................................................................................................... 1016
Eritema infeccioso ........................................................................................................ 1017
Diagnóstico .................................................................................................................... 1017
Tratamento...................................................................................................................... 1017
Exantema súbito - Roséola ......................................................................................... 1017
Diagnóstico .................................................................................................................... 1017
Tratamento...................................................................................................................... 1017
Violências que atingem crianças e adolescentes ................................................. 1018
Violência física ............................................................................................................... 1019
Violência psicológica ................................................................................................... 1020
Violência sexual ............................................................................................................. 1020
Negligência .................................................................................................................... 1021
Alerta para os sinais e sintomas de violências contra.......................................... 1021
crianças e adolescentes.............................................................................................. 1024
Sinais específicos de violência física ....................................................................... 1027
Cuidados profiláticos e tratamento paraa violência sexual ................................. 1028
Orientações importantes............................................................................................. 1030
Gravidez em decorrência da violência sexual ........................................................ 1031
Síndrome nefrótica ....................................................................................................... 1031
Diagnóstico .................................................................................................................... 1031
Tratamento inicial .......................................................................................................... 1032
Ciclofosfamida............................................................................................................... 1033
Síndrome nefrótica resistente ao corticosteroide SNRC.................................... 1033
Progressão para insuficiência renalInfecções........................................................ 1034
Ciclosporina ................................................................................................................... 1034
Acompanhamento......................................................................................................... 1035
Síndrome nefrítica......................................................................................................... 1036
Manifestações clínicas................................................................................................. 1036
Diagnósticos .................................................................................................................. 1036
Tratamento...................................................................................................................... 1037
Desnutrição .................................................................................................................... 1038
Avaliar estado nutricional e palidez palmar............................................................. 1039
Observar e verificar se há edema em ambos os pés ........................................... 1040
Verificar o crescimento da criança ........................................................................... 1040
Classificar o estado nutricional.................................................................................. 1041
Desnutrição grave......................................................................................................... 1041
Tratamento hospitalar da criança com desnutrição grave .................................. 1041
Anemia Carencial Ferropriva ...................................................................................... 1042
Estado nutricional relativo ao ferro ........................................................................... 1042
Diagnóstico laboratorial da anemia carencial ferropriva ...................................... 1043
Diagnóstico laboratorial da deficiência de ferro .................................................... 1043
Ferritina............................................................................................................................ 1043
Capacidade total de ligação do ferro....................................................................... 1043
Ferro sérico e saturação de transferrina.................................................................. 1043
Protoporfirina eritrocitária livre ................................................................................... 1044
Receptor de transferrina ............................................................................................. 1044
Tratamento medicamentoso da anemia ferropriva ................................................ 1044
Prevenção....................................................................................................................... 1045
Distúrbios de Ritmo em Pediatria ............................................................................. 1046
Bradiarritmias................................................................................................................. 1046
Taquiarritmias................................................................................................................. 1049
Taquiarritmias de complexo estreito: Taquicardia sinusal ................................... 1049
Taquiarritmias de complexo estreito: Taquicardia
supraventricular (TSV) ................................................................................................. 1049
supraventricular (TSV) ................................................................................................ 1049
Pacientes estáveis ........................................................................................................ 1050
Pacientes instáveis ....................................................................................................... 1051
Taquiarritmias com QRS alargado............................................................................ 1052
Abordagem do paciente sintomático estável........................................................ 1053
Paciente instável ........................................................................................................... 1053
Neoplasias Comuns na Infância ................................................................................ 1055
Dados clínicos e epidemiológicos das principais doenças
oncológicas pediátricas .............................................................................................. 1056
Tratamento e prevenção.............................................................................................. 1059
Princípios e diretrizes,
legislação, políticas de saúde no
Brasil, fnanciamento e
programas, níveis de atenção e
complexidade, ESF.er.
Revalida
MEDCS
SISTEMAÚNICODESAÚDE -SUS
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE - SUS
SUS - SISTEMA
ÚNICO DE SAÚDE
HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DO SUS
E
ntende-se como sistema de saúde o conjunto
de relações políticas, econômicas e institucio-
nais responsáveis pela condução dos proces-
sos referentes a saúde de uma dada população que se
concretizam em organizações, regras e serviço que
visam alcançar resultados condizentes com a concep-
ção de saúde prevalecente na sociedade.
34
Com o governo de Getúlio Vargas os benefí-
cios previdenciários foram, então, entendidos a todas
as categorias do operariado urbano e foram funda-
dos os institutos de aposentadoria e pensão (IAPs).
35
SISTEMAÚNICODESAÚDE -SUS
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE - SUS
Em 1980 a 1990 na tentativa de conter os
campo de ação na aera da saúde, do setor público e custos e combater as fraudes o governo criou em
privado, para desenvolvimento das atividades de 1981 o conselho consultivo de administração da
promoção, proteção e recuperação a saúde. saúde previdenciária (CONASP).
36
os níveis de atenção (primário, secundário
e terciário) e não apenas os procedimentos
curativos, pois o tratamento integral
engloba a prevenção e a promoção da
saúde.
Equidade:
Tratar desigualmente os desiguais. É
quando priorizamos o paciente especial.
37
SISTEMAÚNICODESAÚDE -SUS
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE - SUS
LEGISLAÇÃO E
DIRETRIZES
Poder Legislativo, a ele compete produzir e
manter o sistema normativo, o conjunto de leis que
asseguram a soberania da justiça para todos -
cidadãos, instituições públicas e empresas priva-
das.
CONSTITUIÇÃO FEDERAL
DE 1988
Refere se a constituição do SUS.
Art. 196. :
A saúde é direito de todos e dever do
Estado, garantido mediante políticas
sociais e econômicas que visem à redução
do risco de doença e de outros agravos e
ao acesso universal e igualitário às ações e
serviços para sua promoção, proteção e
Resolubilidade é a capacidade dos serviços recuperação.
terem insumos e estrutura adequada, para enfrentar e
resolver os problemas de saúde. Participação social,
através de conselhos de saúde aonde a população Art. 198. :
deve participar da formação do processo de formula- As ações e serviços públicos de saúde
ção de novas políticas públicas de saúde. Implicação
integram uma rede regionalizada e hierar-
da participação social, nos conselhos de saúde e nas
conferencias de saúde. quizada e constituem um sistema único,
organizado de acordo com as seguintes
Complementaridade do setor privado, ocorre diretrizes:
quando o serviço público for insuficiente e requer con-
tratação de serviços privados. Estes serviços devem
seguir a lógica organizativa do SUS em termos de • Descentralização
posição definida em uma rede regionalizada e hierar- • Atendimento integral, com priorida-
quizada. Dando preferência a serviços privados com de para as atividades preventivas.
fins não lucrativos.
• Participação da comunidade.
Art. 198. :
A assistência à saúde é livre
38
participar de forma complementar do Sistema • Controlar e fiscalizar procedimentos,
Único de Saúde, mediante contrato de direito produtos e substâncias de interesse para a
público ou convênio, tendo preferência as saúde e participar da produção de medica-
entidades filantrópicas e as sem fins lucrati- mentos, equipamentos, imunobiológicos,
vos. hemoderivados e outros insumos.
• Não é permitida destinação de recursos • Executar as ações de vigilância sanitá-
públicos para auxílios ou subvenções às insti- ria e epidemiológica, bem como as de saúde
tuições privadas com fins lucrativos. do trabalhador.
• Não é permitida a participação direta • Ordenar a formação de recursos
ou indireta de empresas ou capitais estrangei- humanos na área de saúde.
ros na assistência à saúde. • Participar da formulação da política e
• A lei disporá sobre as condições e os da execução das ações de saneamento
requisitos que facilitem a remoção de órgãos, básico.
tecidos e substâncias humanas para fins de • Incrementar em sua área de atuação o
transplante, pesquisa e tratamento, bem desenvolvimento científico e tecnológico.
como a coleta, processamento e transfusão • Fiscalizar e inspecionar alimentos.
de sangue e seus derivados, sendo vedado • Participar do controle e fiscalização da
todo tipo de comercialização. produção, transporte, guarda e utilização de
substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e
radioativos.
• Colaborar na proteção do meio am-
biente.
39
SISTEMAÚNICODESAÚDE -SUS
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE - SUS
DIRETRIZES
As ações e serviços públicos de saúde e os
serviços privados contratados ou conveniados que
integram o Sistema Único de Saúde (SUS), são
desenvolvidos de acordo com as diretrizes previstas
no art. 198
40
saúde estão dividos em dois: uma parte é retida e a
outra repassada às secretarias de saúde, estaduais e Instabilidade das fontes de financiamento
municipais de acordo com critérios definidos em
no âmbito da União, responsável pela
função da população.
maior parcela dos recursos destinados ao
Os municípios gerem os recursos federais SUS;
repassados e os seus próprios recursos alocados
para o investimento e custeio das ações de saúde de
âmbito municipal. Natureza emergencial e provisória de
medidas recorrentemente adotadas para
A partir do ano 2000 a saúde iniciou uma era fazer frente à falta de recursos para o
de financiamento estável e crescente. Com a aprova-
ção da emenda constitucional (EC) que obriga os setor.
vários níveis de governo a alocarem uma parcela dos
seus recursos na saúde e á associada à lei de respon-
Em 2000 a EC nº. 29 determinou a vincula-
sabilidade fiscal, sujeitando a sanções o governante
que não cumpri-la. ção e estabeleceu a base de cálculo e os
percentuais mínimos de recursos orça-
mentários que a União, os Estados, Distrito
ORIGEM DOS RECURSOS Federal e Municípios são obrigados a apli-
car em ações e serviços públicos de saúde.
Segundo os artigos 195 e 198 da Constituição
Federal, o financiamento do SUS é uma responsabili-
dade comum da União, dos Estados, Distrito Federal e
Municípios. TRANSFERÊNCIAS DO
GOVERNO FEDERAL
Inexistência de parâmetro legal que indu-
zisse os Estados, Distrito Federal e Municí- A Lei Orgânica da Saúde define que as trans-
ferências do Governo Federal, para os Governos
pios a destinarem recursos para a área de
Municipais e Estaduais deveriam se orientar pelos
saúde; seguintes critérios:
41
SISTEMAÚNICODESAÚDE -SUS
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE - SUS
42
II - Componente Piso da Atenção Básica VI - Incentivo para a Atenção à Saúde no
Variável – PAB Variável. Sistema Penitenciário;
VII - Incentivo para a Atenção Integral à
Art. 11º O Componente Piso da Atenção Saúde do Adolescente em conflito com a lei,
Básica Variável - PAB Variável em regime de internação e internação provi-
É constituído por recursos financeiros desti-
sória; e
nados ao financiamento de estratégias, reali-
VIII - outros que venham a ser instituídos por
zadas no âmbito da atenção básica em saúde,
meio de ato normativo específico.
tais como:
43
SISTEMAÚNICODESAÚDE -SUS
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE - SUS
44
Art. 30. O Componente para a Quali- As campanhas, como no caso do combate à
ficação da Gestão do SUS apoiará as tuberculose e à hanseníase, eram organizadas a
ações de: partir do Ministério da Saúde e sua estrutura vertical
chegava aos Estados e Municípios, onde a execução
I - Regulação, Controle, Avaliação, Auditoria e se dava de modo cooperativo com as secretarias de
Monitoramento; saúde.
II - Planejamento e Orçamento;
O modelo preconizou a combinação entre a
III - Programação; medicina preventiva e a curativa, sendo que as ativi-
IV - Regionalização; dades dos serviços de saúde estariam articuladas ao
V - Gestão do Trabalho; trabalho comunitário e à atenção médica individuali-
zada.
VI - Educação em Saúde;
VII - Incentivo à Participação e Controle Os serviços primários devem cuidar da aten-
Social; ção domiciliar e os centros complementares cuidam
de determinadas condições clínicas ou epidemiológi-
VIII - Informação e Informática em Saúde cas específicas.
IX - Estruturação de serviços e organização
de ações de assistência farmacêutica; e Curso Entre os programas tradicionais como comba-
te à tuberculose, hanseníase e outros o ministério da
de Capacitação em Gestão Orçamentária, saúde evolui e ampliou com a criação de programas
Financeira e Contábil do Sistema Único de para oferecer melhores serviços a comunidade.
Saúde (SUS)
X - Outros que vierem a ser instituídos por
meio de ato normativo específico.
Fontes:
45
SISTEMAÚNICODESAÚDE -SUS
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE - SUS
SAÚDE E DOENÇA
A OMS desenvolveu o conceito de saúde, divul-
gado na carta de princípios de 7 de abril de
1948 (desde então o Dia Mundial da Saúde),
implicando o reconhecimento do direito à saúde e da
obrigação do Estado na promoção e proteção da
saúde, diz que:
No Brasil, em 1986, foi desenvolvida a VII Con- Assim, vários autores afirmam que “a saúde
ferência Nacional de Saúde, na qual foram discutidos deve ser entendida em sentido mais amplo, como
os temas: saúde como direito; reformulação do Siste- componente da qualidade de vida e, assim, não é um
ma Nacional de Saúde (SUS) e financiamento setorial. bem de troca, mas um bem comum, um bem e um
Nesta conferência adotou-se o seguinte conceito direito social, no sentido de que cada um e todos
sobre saúde: possam ter assegurado o exercício e a prática deste
“
direito à saúde, a partir da aplicação e utilização de
... em seu sentido mais abrangente, a saúde é resultante
toda a riqueza disponível, conhecimento e tecnolo-
das condições de alimentação, habitação, educação, renda, meio
gia que a sociedade desenvolveu e vem desenvol-
ambiente, trabalho, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da
vendo neste campo, adequados as suas necessida-
terra e acesso a serviços de saúde. É assim, antes de tudo, o
des, envolvendo promoção e proteção da saúde,
“
resultado das formas de organização social da produção, as quais
podem gerar grandes desigualdades nos níveis de vida” (BRA-
prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação de
doenças. Ou seja, deve-se considerar este bem e
SIL, 1986).
este direito como componente e exercício da cida-
O Processo Saúde-Doença está diretamente dania, compreensão esta que é um referencial e um
atrelado à forma como o ser humano, no decorrer de
sua existência, foi se apropriando da natureza para PREVENÇÃO
transformá-la, buscando o atendimento às suas neces-
sidades (GUALDA e BERGAMASCO, 2004). O conceito de prevenção é definido como
“ação antecipada, baseada no conhecimento da
Fica claro que tal processo representa o con- história natural a fim de tornar improvável o progres-
junto de relações e variáveis que produz e condiciona so posterior da doença”. A prevenção apresenta-se
o estado de saúde e doença de uma população, que em quatro fases;
se modifica nos diversos momentos históricos e do
desenvolvimento científico da humanidade. Portanto, A prevenção primária é a realizada no período
não é um conceito abstrato. Define-se no contexto de pré-patogênese. O conceito de promoção da
histórico de determinada sociedade e num dado saúde aparece como um dos níveis da prevenção
momento de seu desenvolvimento, devendo ser con- primária, definido como “medidas destinadas a
quistada pela população em suas lutas cotidianas desenvolver uma saúde ótima”.
(GUALDA e BERGAMASCO, 2004) – sendo que o
Um segundo nível da prevenção primária
46
A fase da prevenção secundária também se O conceito de prevenção quaternária foi
apresenta em dois níveis: o primeiro, diagnóstico e criado pelo médico de família belga Marc Jamoulle e
tratamento precoce e o segundo, limitação da invali- em 2003 foi inserido no dicionário da Organização
dez. Mundial de Medicina Familiar (WONCA - World
Organization of Family Doctors, sigla em inglês) com
A prevenção terciária que diz respeito a a definição de “ação tomada para identificar um
ações de reabilitação. paciente sob o risco de medicalização excessiva,
para protegê-lo de novas invasões médicas, e para
sugerir intervenções eticamente aceitáveis”.
Objetivos e resultados de
4. PREVENÇÃO QUATERNÀRIA 3. PREVENÇÃO TERCIÁRIA rastreamentos validados e
permanentes?
Ação levada a cabo para identificar Ação desenvolvida para reduzir o
indivíduos ou populações em risco efeito e/ou prevalência de proble-
de tratamento excessivo, a fim de mas crônicos de saúde em indivídu-
os proteger de novas intervenções os ou populações visando a minimi- Ações no campo 3 :
médicas inapropriadas e de lhes zação das alterações funcionais Comunicação ao paciente,
sugerir alternativas eticamente originadas por esses problemas vigilância post-marketing,
aceitáveis. (exemplo: prevenção das complica- verdadeiros cuidados
ções do diabetes). paliativos, terapêuticos
comprovados?
Fonte:
Processo saúde-doença
http://www.unasus.unifesp.br/biblioteca_virtual/esf/1/
modulo_politico_gestor/Unidade_6.pdf
Prevenção quaternária
http://telessaude.ufsc.br/principal/wp-content/uploads/
2017/01/Dezembro_2015.pdf
Aula Iatrogenía
47
SISTEMAÚNICODESAÚDE -SUS
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE - SUS
ATENÇÃO BÁSICA
A
atenção básica caracteriza-se por um conjunto A ATENÇÃO BÁSICA TEM COMO
de ações de saúde, no âmbito individual e coleti- FUNDAMENTOS E DIRETRIZES:
vo, que abrange a promoção e a proteção da 1. Ter território adstrito sobre o mesmo, de
saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o trata- forma a permitir o planejamento, a programação
mento, a reabilitação, a redução de danos e a manuten- descentralizada e o desenvolvimento de ações
ção da saúde com o objetivo de desenvolver uma aten- setoriais e intersetoriais com impacto na situação,
ção integral que impacte na situação de saúde e auto- nos condicionantes e nos determinantes da saúde
nomia das pessoas e nos determinantes e condicio- das coletividades que constituem aquele território,
sempre em consonância com o princípio da equida-
nantes de saúde das coletividades. É desenvolvida por
de;
meio do exercício de práticas de cuidado e gestão,
democráticas e participativas, sob forma de trabalho 2. Possibilitar o acesso universal e contínuo a
em equipe, dirigidas a populações de territórios defini- serviços de saúde de qualidade e resolutivos,
dos, pelas quais assume a responsabilidade sanitária, caracterizados como a porta de entrada aberta e
considerando a dinamicidade existente no território em preferencial da rede de atenção, acolhendo os usu-
que vivem essas populações. Utiliza tecnologias de ários e promovendo a vinculação e corresponsabili-
zação pela atenção às suas necessidades de
cuidado complexas e variadas que devem auxiliar no saúde. O estabelecimento de mecanismos que
manejo das demandas e necessidades de saúde de assegurem acessibilidade e acolhimento pressupõe
maior frequência e relevância em seu território, obser- uma lógica de organização e funcionamento do
vando critérios de risco, vulnerabilidade, resiliência e o serviço de saúde que parte do princípio de que a
imperativo ético de que toda demanda, necessidade unidade de saúde deva receber e ouvir todas as
de saúde ou sofrimento devem ser acolhidos. É desen- pessoas que procuram os seus serviços, de modo
universal e sem diferenciações excludentes. O
volvida com o mais alto grau de descentralização e
serviço de saúde deve se organizar para assumir
capilaridade, próxima da vida das pessoas. Deve ser o sua função central de acolher, escutar e oferecer
contato preferencial dos usuários, a principal porta de uma resposta positiva, capaz de resolver a grande
entrada e centro de comunicação da Rede de Atenção maioria dos problemas de saúde da população e/ou
à Saúde. de minorar danos e sofrimentos desta, ou ainda se
responsabilizar pela resposta, ainda que esta seja
ofertada em outros pontos de atenção da rede. A
proximidade e a capacidade de acolhimento, vincu-
lação, responsabilização e resolutividade são funda-
mentais para a efetivação da atenção básica como
contato e porta de entrada preferencial da rede de
atenção;
48
zação e orientação dos serviços de saúde a partir de
lógicas mais centradas no usuário e no exercício do
controle social. A Política Nacional de Atenção
Básica considera os termos “atenção básica” e
“Atenção Primária à Saúde”, nas atuais concepções,
como termos equivalentes. Associa a ambos: os prin-
cípios e as diretrizes definidos neste documento.
49
SISTEMAÚNICODESAÚDE -SUS
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE - SUS
casos traçadores, eventos-sentinela e incidentes críti- rão cumprir os seguintes requisitos específicos:
cos, entre outros. As práticas de regulação realizadas
na atenção básica devem ser articuladas com os 3.1. Quanto à estrutura física mínima, devem dispor
processos regulatórios realizados em outros espaços de: consultório médico; consultório de enfermagem;
da rede, de modo a permitir, ao mesmo tempo, a quali- ambiente para armazenamento e dispensação de medi-
dade da microrregulação realizada pelos profissionais camentos; laboratório; sala de vacina; banheiro público;
da atenção básica e o acesso a outros pontos de aten- banheiro exclusivo para os funcionários; expurgo;
ção nas condições e no tempo adequado, com equi- cabines com leitos em número suficiente para toda a
dade; equipe; cozinha; sala de procedimentos; e, se forem
compostas por profissionais de saúde bucal, será
4. Ordenar as redes: reconhecer as necessida- necessário consultório odontológico com equipo odon-
des de saúde da população sob sua responsabilidade, tológico completo;
organizando-as em relação aos outros pontos de aten- c. Devem possuir identificação segundo
ção, contribuindo para que a programação dos servi- padrões visuais do SUS e da atenção básica pactua-
ços de saúde parta das necessidades de saúde dos dos nacionalmente;
usuários.
d. Recomenda-se que possuam conselhos/-
DA INFRAESTRUTURA E FUNCIONAMEN-
colegiados, constituídos de gestores locais, profis-
TO DA ATENÇÃO BÁSICA sionais de saúde e usuários, viabilizando a participa-
ção social na gestão da Unidade Básica de Saúde;
São necessárias à realização das ações de atenção
básica nos municípios e Distrito Federal:
3. Manutenção regular da infraestrutura e dos
equipamentos das Unidades Básicas de Saúde;
1. Unidades Básicas de Saúde (UBS) construí-
das de acordo com as normas sanitárias e tendo como
4. Existência e manutenção regular de estoque
referência o manual de infraestrutura do Departamento
dos insumos necessários para o seu funcionamento
de Atenção Básica/SAS/MS;
das Unidades Básicas de Saúde, incluindo dispensa-
ção de medicamentos pactuados nacionalmente
2. As Unidades Básicas de Saúde:
quando estiver prevista para ser realizada naquela
UBS;
a. Devem estar cadastradas no sistema de
cadastro nacional vigente de acordo com as normas
5. Equipes multiprofissionais compostas, confor-
vigorantes;
me modalidade das equipes, por médicos, enfermei-
ros, cirurgiões-dentistas, auxiliar em saúde bucal ou
b. Recomenda-se que disponibilizem, conforme
técnico em saúde bucal, auxiliar de enfermagem ou
orientações e especificações do manual de infraestru-
técnico de enfermagem e agentes comunitários de
1. Consultório médico/enfermagem; consultório saúde, entre outros profissionais em função da reali-
odontológico e consultório com sanitário; sala multipro- dade epidemiológica, institucional e das necessida-
fissional de acolhimento à demanda espontânea; sala de des de saúde da população;
administração e gerência; e sala de atividades coletivas
para os profissionais da atenção básica; 6. Cadastro atualizado dos profissionais que
compõem a equipe de atenção básica no sistema de
2. Área de recepção, local para arquivos e regis- cadastro nacional vigente, de acordo com as normas
tros; sala de procedimentos; sala de vacinas; área de vigorantes e com as cargas horárias de trabalho infor-
dispensação de medicamentos e sala de armazenagem madas e exigidas para cada modalidade;
de medicamentos (quando há dispensação na UBS);
sala de inalação coletiva; sala de procedimentos; sala 7. Garantia pela gestão municipal, de acesso ao
de coleta; sala de curativos; sala de observação, entre apoio diagnóstico e laboratorial necessário ao cuida-
outros; do resolutivo da população;
50
8. Garantia pela gestão municipal, dos fluxos defi- 4. Realizar o acolhimento com escuta qualifica-
da, classificação de risco, avaliação de necessidade
nidos na Rede de Atenção à Saúde entre os diversos
de saúde e análise de vulnerabilidade, tendo em vista
pontos de atenção de diferentes configurações tecno-
a responsabilidade da assistência resolutiva à
lógicas, integrados por serviços de apoio logístico, demanda espontânea e o primeiro atendimento às
técnico e de gestão, para garantir a integralidade do urgências;
cuidado. Com o intuito de facilitar os princípios do
acesso, do vínculo, da continuidade do cuidado e da 5. Prover atenção integral, contínua e organizada
responsabilidade sanitária e reconhecendo que exis- à população adscrita;
tem diversas realidades socioepidemiológicas, dife-
rentes necessidades de saúde e maneiras de organi- 6. Realizar atenção à saúde na Unidade Básica
zação das UBS, recomenda-se: de Saúde, no domicílio, em locais do território (salões
comunitários, escolas, creches, praças etc.) e em
a. Para Unidade Básica de Saúde (UBS) sem Saúde outros espaços que comportem a ação planejada;
da Família em grandes centros urbanos, o parâmetro de uma
UBS para, no máximo, 18 mil habitantes, localizada dentro do 7. Desenvolver ações educativas que possam
território, garantindo os princípios e diretrizes da atenção interferir no processo de saúde-doença da popula-
básica; ção, no desenvolvimento de autonomia, individual e
coletiva, e na busca por qualidade de vida pelos usu-
b. Para UBS com Saúde da Família em grandes ários;
centros urbanos, recomenda-se o parâmetro de uma UBS
para, no máximo, 12 mil habitantes, localizada dentro do 8. Implementar diretrizes de qualificação dos
território, garantindo os princípios e diretrizes da atenção modelos de atenção e gestão, tais como a participa-
básica.
ção coletiva nos processos de gestão, a valorização,
fomento à autonomia e protagonismo dos diferentes
DO PROCESSO DE TRABALHO DAS sujeitos implicados na produção de saúde, o com-
promisso com a ambiência e com as condições de
EQUIPES DE ATENÇÃO BÁSICA trabalho e cuidado, a constituição de vínculos solidá-
rios, a identificação das necessidades sociais e orga-
São características do processo de trabalho das
nização do serviço em função delas, entre outras;
equipes de atenção básica:
9. Participar do planejamento local de saúde,
1. Definição do território de atuação e de popu- assim como do monitoramento e avaliação das ações
lação sob responsabilidade das UBS e das equi- na sua equipe, unidade e município, visando à reade-
pes; quação do processo de trabalho e do planejamento
diante das necessidades, realidade, dificuldades e
2. Programação e implementação das ativida- possibilidades analisadas;
des de atenção à saúde de acordo com as necessi-
dades de saúde da população, com a priorização 10. Desenvolver ações intersetoriais, integrando
de intervenções clínicas e sanitárias nos problemas projetos e redes de apoio social voltados para o
de saúde segundo critérios de frequência, risco, desenvolvimento de uma atenção integral;
vulnerabilidade e resiliência.
11. Apoiar as estratégias de fortalecimento da
Inclui-se aqui o planejamento e organização da agenda gestão local e do controle social;
de trabalho compartilhado de todos os profissionais e
recomenda-se evitar a divisão de agenda segundo 12. Realizar atenção domiciliar destinada a usuá-
critérios de problemas de saúde, ciclos de vida, sexo e rios que possuam problemas de saúde controlados/-
compensados e com dificuldade ou impossibilidade
patologias, dificultando o acesso dos usuários;
física de locomoção até uma unidade de saúde, que
necessitam de cuidados com menor frequência e
3. Desenvolver ações que priorizem os grupos de menor necessidade de recursos de saúde, e realizar
risco e os fatores de risco clínico-comportamentais, o cuidado compartilhado com as equipes de atenção
alimentares e/ou ambientais, com a finalidade de domiciliar nos demais casos.
prevenir o aparecimento ou a persistência de doenças
e danos evitáveis;
51
SISTEMAÚNICODESAÚDE -SUS
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE - SUS
mações e sinais clínicos) e identificação das necessi-
dades de intervenções de cuidado, proporcionando
atendimento humanizado, responsabilizando-se pela
continuidade da atenção e viabilizando o estabeleci-
mento do vínculo;
3. Realizar o cuidado da saúde da população ads- 13. Realizar trabalho interdisciplinar e em equipe,
crita, prioritariamente no âmbito da unidade de saúde, integrando áreas técnicas e profissionais de diferen-
e, quando necessário, no domicílio e nos demais espa- tes formações;
ços comunitários (escolas, associações, entre outros);
14. Realizar ações de educação em saúde à
4. Realizar ações de atenção à saúde conforme a população adstrita, conforme planejamento da
necessidade de saúde da população local, bem como equipe;
as previstas nas prioridades e protocolos da gestão
local; 15. Participar das atividades de educação perma-
nente;
5. Garantir a atenção à saúde buscando a inte-
gralidade por meio da realização de ações de promo- 16. Promover a mobilização e a participação da
ção, proteção e recuperação da saúde e prevenção de comunidade, buscando efetivar o controle social;
agravos; e da garantia de atendimento da demanda
espontânea, da realização das ações programáticas, 17. Identificar parceiros e recursos na comunida-
coletivas e de vigilância à saúde; de que possam potencializar ações intersetoriais;
6. Participar do acolhimento dos usuários reali- 18. Realizar outras ações e atividades a serem
zando a escuta qualificada das necessidades de definidas de acordo com as prioridades locais.
saúde, procedendo à primeira avaliação (classificação
de risco, avaliação de vulnerabilidade, coleta de infor-
52
DAS ATRIBUIÇÕES ESPECÍFICAS DO MÉDICO
53
SISTEMAÚNICODESAÚDE -SUS
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE - SUS
4. Cadastramento de cada profissional de saúde com jornada de 40 horas, de duas equipes –, com
repasse integral do incentivo financeiro referente a
em apenas uma equipe de saúde da família (eSF),
duas equipes de Saúde da Família;
exceção feita somente ao profissional médico, que
poderá atuar em, no máximo, duas eSF e com carga 3. Quatro médicos integrados a uma equipe em
horária total de 40 horas semanais; uma mesma UBS, com carga horária semanal de 30
horas – equivalente a três médicos com jornada de
5. Carga horária de 40 horas semanais para 40 horas semanais, de três equipes –, com repasse
todos os profissionais de saúde membros da equipe integral do incentivo financeiro referente a três equi-
pes de Saúde da Família;
de Saúde da Família, à exceção dos profissionais
médicos, cuja jornada é descrita no próximo inciso. A
jornada de 40 horas deve observar a necessidade de 4. Dois médicos integrados a uma equipe, cum-
dedicação mínima de 32 horas da carga horária para prindo individualmente jornada de 20 horas sema-
atividades na equipe de Saúde da Família, podendo, nais, e demais profissionais com jornada de 40 horas
conforme decisão e prévia autorização do gestor, semanais, com repasse mensal equivalente a 85%
do incentivo financeiro referente a uma equipe de
dedicar até oito horas do total da carga horária para
Saúde da Família;
prestação de serviços na rede de urgência do municí-
pio ou para atividades de especialização em Saúde da 5. Um médico cumprindo jornada de 20 horas
Família, residência multiprofissional e/ou de Medicina semanais e demais profissionais com jornada de 40
de Família e de Comunidade, bem como atividades de horas semanais, com repasse mensal equivalente a
educação permanente e apoio matricial. 60% do incentivo financeiro referente a uma equipe
de Saúde da Família. Tendo em vista a presença do
médico em horário parcial, o gestor municipal deve
Serão admitidas também, além da inserção integral organizar os protocolos de atuação da equipe, os
(40h), as seguintes modalidades de inserção dos fluxos e a retaguarda assistencial, para atender a
profissionais médicos generalistas ou especialistas esta especificidade. Além disso, é recomendável que
em Saúde da Família ou médicos de Família e Comuni- o número de usuários por equipe seja próximo de
dade nas equipes de Saúde da Família, com as 2.500 pessoas. As equipes com essa configuração
respectivas equivalências de incentivo federal: são denominadas equipes transitórias, pois, ainda
que não tenham tempo mínimo estabelecido de
permanência nesse formato, é desejável que o
1. Dois médicos integrados a uma única equipe gestor, tão logo tenha condições, transite para um
em uma mesma UBS, cumprindo individualmente dos formatos anteriores que preveem horas de
carga horária semanal de 30 horas – equivalente a um médico disponíveis durante todo o tempo de funcio-
médico com jornada de 40 horas semanais –, com namento da equipe.
repasse integral do incentivo financeiro referente a
uma equipe de Saúde da Família; A quantidade de equipes de Saúde da Família
na modalidade transitória ficará condicionada
aos seguintes critérios:
2. Três médicos integrados a uma equipe em uma
mesma UBS, cumprindo individualmente carga horária 1. Município com até 20 mil habitantes e contan-
semanal de 30 horas – equivalente a dois médicos do com uma a três equipes de Saúde da Família
poderá ter até duas equipes na modalidade transitó-
ria;
2. Município com até 20 mil habitantes e com
mais de três equipes poderá ter até 50% das equi-
pes de Saúde da Família na modalidade transitória;
3. Municípios com população entre 20 mil e 50
mil habitantes poderá ter até 30% das equipes de
Saúde da Família na modalidade transitória;
4. Município com população entre 50 mil e 100
mil habitantes poderá ter até 20% das equipes de
Saúde da Família na modalidade transitória;
5. Município com população acima de 100 mil
habitantes poderá ter até 10% das equipes de
Saúde da Família na modalidade transitória.
54
NÚCLEOS DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA
Os Núcleos de Apoio à Saúde da Família
(NASF) foram criados com o objetivo de ampliar a
abrangência e o escopo das ações da atenção básica,
bem como sua resolubilidade. São constituídos por
equipes compostas por profissionais de diferentes
áreas de conhecimento, que devem atuar de maneira
integrada e apoiando os profissionais das equipes de
Saúde da Família, das equipes de atenção básica para
populações específicas (Consultórios na Rua, equipes
Ribeirinhas e Fluviais etc.) e Academia da Saúde, com-
partilhando as práticas e saberes em saúde nos terri-
tórios sob responsabilidade dessas equipes, atuando
diretamente no apoio matricial às equipes da(s) unida-
de(s) na(s) qual(is) o NASF está vinculado e no territó-
rio dessas equipes.
Fonte:
Política Nacional de Atenção Básica
http://189.28.128.100/dab/docs/publicacoes/
geral/pnab.pdf
55
SISTEMAÚNICODESAÚDE -SUS
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE - SUS
SAÚDE SUPLEMENTAR
Saúde Suplementar é a atividade que envolve a opera- TODO ESSE SISTEMA PRIVADO É
ção de planos ou seguros de saúde. Essa operação é
regulada pelo poder público, representado pela Agên-
REGULADO POR TRÊS ÓRGÃOS:
cia Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e as opera-
doras compreendem seguradoras especializadas em Agência Nacional de Saúde Suplementar
saúde, medicinas de grupo, cooperativas, instituições (ANS)
filantrópicas e autogestões.
Cabe regular o fluxo financeiro e de serviços entre
operadoras, beneficiários e prestadores;
No Brasil, a Saúde Suplementar surgiu na da
década de 1960, influenciado pelo crescimento eco-
nômico do Brasil e pelo avanço do trabalho formal,
momento em que as empresas começaram a oferecer Agência Nacional de Vigilância Sanitária (AN-
planos de assistência médica aos colaboradores. VISA)
56
Desde que a lei 9.656/98 entrou em vigor, no
dia 2 de janeiro de 1999, são oferecidos no Brasil
basicamente cinco segmentações de planos e
seguros: ambulatorial, hospitalar, ambulatorial+hos-
pitalar, com ou sem obstetrícia, odontológico e refe-
rência. As operadoras podem oferecer cada seg-
mentação como um tipo de plano ou combinar as
segmentações para formar um plano e oferecer aos
beneficiários, que podem escolher a melhor opção
de acordo com suas necessidades.
Fonte:
https://limc.jusbrasil.com.br/artigos/208442559/
a-saude-suplementar-no-brasil-entenda-um-pouco.pdf
57
SISTEMAÚNICODESAÚDE -SUS
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE - SUS
TRANSIÇÃO EPIDEMIOLÓGICA
E PERFIL DEMOGRÁFICO BRASILEIRO
O
Brasil vivencia um momento de transição demo- A definição do termo transição epidemiológi-
gráfica acentuada. A população brasileira conti- ca deve, dessa forma, ser integrado à um conceito
nuará crescendo nas próximas décadas, mesmo mais amplo como transição de saúde, que considera
com as baixas taxas de fecundidade. Porém, observa- a inclusão de elementos de concepções e comporta-
-se um aumento no envelhecimento populacional mentos sociais, correspondentes aos aspectos bási-
devido à queda da fecundidade e aumento da expec- cos da saúde nas populações humanas.
tativa de vida. O percentual de jovens de zero a 14
anos em 1960 que era de 42%, passou para 30% em A transição da saúde pode ser classificada
2000, com expectativa de cair para 18% em 2050. em duas vertentes: uma delas contempla a transição
das condições de saúde na qual refere-se às mudan-
Em relação à população idosa acima de 65 ças na frequência, magnitude, amplitude e condições
anos, o percentual de 2,7% em 1960 foi para 5,4% em de saúde, demonstradas através do número de
2000, com expectativa de alcançar 19% em 2050, mortes, doenças e incapacidades. A outra diz respei-
ultrapassando o número de jovens. Sabe-se que, no to a resposta social organizada a estas condições
país a taxa geral de mortalidade declinou de 18/1000, que se articulam e se materializam por meio dos
em 1940, para uma taxa estimada entre 6/1000 e sistemas de atenção à saúde , referindo-se a transi-
8/1000 em 1985. A expectativa de vida da população ção da atenção sanitária, construída em grande parte
aumentou em 20 anos nesse período e a mortalidade pelo desenvolvimento social, econômico e tecnológi-
infantil decresceu de 160/1000, em 1940, para co mais abrangente.
85/1000, em 1980.
Alguns estudiosos procuram analisar o
No estudo da mortalidade nas capitais do país processo da mudança do perfil epidemiológico
por causas no período de 1930 à 1985, observa-se dentro do momento de transição epidemiológica no
uma semelhança entre o ocorrido nos países euro- Brasil. De forma geral, o contexto de transição epide-
peus. Em 1930, as doenças infecto-parasitárias foram miológica no Brasil ressalta a importância da elabora-
responsáveis por 46% do total de óbitos, valor com ção de ações preventivas em saúde voltadas para as
considerável declínio quando comparado a 1985, que doenças crônicas, visto a necessidade de produção
representou 7%. Entretanto, ao analisarmos a situação de conhecimentos e sua adaptação ao planejamento
em relação aos óbitos por doenças cardiovasculares, de modelos de atenção à saúde direcionadas para
em 1930 representaram 12% e em 1985, 33% dos cada grupo populacional.
óbitos totais. Neoplasias e mortes por causas externas
tiveram aumento proporcional de 3% para 12%. Em se tratando da população idosa, as políti-
cas de saúde voltadas ao envelhecimento ativo têm
Essas mudanças demográficas e o envelheci- por objetivo proporcionar melhorias na qualidade de
mento da população brasileira impactam diretamente vida, onde as ações direcionadas a este público
na saúde, qualidade de vida e bem-estar. No Brasil, visam sempre à promoção de saúde, prevenção de
cerca de 40% da população adulta brasileira, o equi- doenças e agravos bem como a garantia de acesso
valente a 57,4 milhões de pessoas, possui pelo menos equitativo aos serviços oferecidos.
uma doença crônica, segundo dados levantados pelo
Fonte:
Ministério da Saúde em parceria com o Instituto Brasi-
Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente
leiro de Geografia e Estatística (IBGE). Hipertensão,
6(1): 99-108, jan-jun, 2015
problemas na coluna e colesterol alto estão entre as
prevalências no país, principalmente quando analisada
http://www.faema.edu.br/revistas/index.php/Revista-FAEMA/ar-
a população com idade acima de 60 anos ou mais.
ticle/download/322/387/+&cd=2&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br
58
BIOESTATÍSTICA
palavra pesquisa tem uma conotação poderosa,
ficando implícita a confiabilidade dos resultados
apresentados por ela. Sendo assim, poucas pesso-
as que não estão envolvidas com a pesquisa estão
interessadas com os detalhes dela, importando-se apenas
com os resultados finais.
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60
mentos cardíacos por minuto.
Do ponto de vista estatístico, uma amostra
deve estar constituída pelo maior número possível de Dados contínuos - Estes dados são obtidos
observações. A teoria de amostragem define procedi- de algum tipo de medição: altura, peso, pressão arte-
mentos para calcular o tamanho de amostra necessá- rial, temperatura corporal.
rio para atingir um certo grau de precisão. Em muitas
situações este tamanho de amostra é um valor que, OUTROS TIPOS DE DADOS
sendo o ideal, está fora das possibilidades da pesqui-
sa devido a diversos fatores como tempo ou dinheiro; Ranks ou postos - Ocasionalmente, os dados
assim, é necessário desenvolver um estudo específico representam a posição relativa dos membros de um
que leve em consideração a teoria estatística e as pos- grupo com relação a algum ranking. A posição de um
sibilidades reais da pesquisa. indivíduo neste ranking é chamado de posto.
61
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DISTRIBUIÇÃO DE FREQÜÊNCIAS
62
gráficos serão construídos setores de uma circunfe-
rência cujo ângulo, a partir do centro, será proporcio-
nal ao número de indivíduos com uma particular carac-
terística, isto é, proporcional com a frequência.
POLÍGONO DE FREQÜÊNCIAS
TIPOS DE DISTRIBUIÇÕES
GRÁFICOS DE DISPERSÃO
O formato do histograma ou do polígono de
Os gráficos de dispersão são utilizados para
freqüências pode fornecer algumas características
representar as relações existentes entre duas variáveis
gerais da amostra coletada. Distribuições platicúrti-
numéricas e para tal utilizam um gráfico em que cada
cas são obtidas de dados com grande variabilidade,
eixo representa uma variável. Cada par de dados de
enquanto as distribuições lepticúrticas têm uma varia-
um indivíduo gera um ponto no gráfico, de forma que,
bilidade pequena, sendo muito concentradas em
ao observar a nuvem de pontos gerados, tem-se uma
torno de um valor central. Distribuições com assime-
ideia da relação entre as variáveis representadas.
tria à direita são aquelas que apresentam observa-
ções de valores altos com freqüência pequena. Distri-
GRÁFICO DE SÉRIES DE TEMPO
buições com assimetria à esquerda apresentam
Este tipo de gráficos é um caso especial dos gráficos
observações de valores mínimos com freqüência
de dispersão que apresentam a evolução de uma variá-
pequena.
63
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64
A prevalência pode ser expressa da seguinte forma:
COMPARAÇÃO DE RISCOS E RISCO RELATIVO
O risco é uma quantificação do grau de certeza Nº de casos conhecidos da
de algum evento, geralmente um fator negativo ou doença num determinado perí-
nocivo para a saúde. Portanto, pode ser visto como odo x 100.000
Prevalência =
uma probabilidade. Em determinadas situações o inte-
resse está em comparar o risco de acontecer algum População durante o mesmo
evento em dois grupos independentes. Em estudos período
prospectivos, grupos de indivíduos com característi-
cas diferentes são acompanhados para estudar a
ocorrência de um resultado particular. Nestes ensaios INCIDÊNCIA
é fácil calcular a proporção de indivíduos com a carac-
terística de interesse em cada grupo, e a razão destas A incidência de uma doença é a proporção, ou
duas proporções é uma medida comparativa dos probabilidade, de casos novos de uma doença em um
riscos de um grupo contra o outro. Esta razão é conhe- determinado período. A incidência é mais aplicada na
cida como risco relativo. mensuração de frequência de doenças de curta dura-
ção. A expressão matemática para o cálculo da
EPIDEMIOLOGIA incidência é a seguinte:
INFERÊNCIA ESTATÍSTICA
O objetivo de uma pesquisa é, sempre, fazer
afirmações sobre as características de uma popula-
ção, ou saber o efeito geral de algum fator sobre a
referida característica, de forma a poder tomar uma
PREVALÊNCIA decisão válida a toda a população. Pelo exposto,
seria sempre necessário fazer um censo, o que é
A prevalência de uma doença é a proporção, ou
difícil de fazer por muitos fatores.
probabilidade, de uma doença numa determinada
população. A prevalência é muito útil para medir a
A inferência estatística fornece mecanismos
frequência e a magnitude de problemas crônicos. Para
que permitem, a partir de uma amostra aleatória, obter
o cálculo da prevalência o numerador abrange o total
conclusões válidas para a população. O estudo da
de pessoas que se apresentam doentes num período
inferência está dividido em duas partes:
determinado (casos novos acrescidos dos já existen-
tes). Por sua vez, o denominador é a população da 1. Estimação de parâmetros.
comunidade no mesmo período.
2. Teste de hipótese.
65
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Fontes:
http://www.uff.br/poscienciasmedicas/images/arquivos/apostila_estatisti
ca.pdf
http://www.scielo.br/pdf/rbof/v73n1/0034-7280-rbof-73-01-0016.pdf
66
MEDICINA BASEADA EM EVIDÊNCIAS
medicina baseada em evidências (MBE) é defi-
nida como o elo entre a boa pesquisa científica
e a prática clínica. Em outras palavras, a MBE
utiliza provas científicas existentes e disponíveis no
momento, com boa validade interna e externa, para a
aplicação de seus resultados na prática clínica.
Quando abordamos o tratamento e falamos em evidên-
cias, referimo-nos a efetividade, eficiência, eficácia e
segurança. A efetividade diz respeito ao tratamento
que funciona em condições do mundo real. A eficiên-
cia diz respeito ao tratamento barato e acessível para
que os pacientes possam dele usufruir. Referimo-nos à
eficácia quando o tratamento funciona em condições
de mundo ideal. E, por último, a segurança significa
que uma intervenção possui características confiáveis vascular cerebral, infarto do miocárdio e eventos
que tornam improvável a ocorrência de algum efeito tromboembólicos).
indesejável para o paciente. Portanto, um estudo com
boa validade interna deverá apresentar os componen- Partindo da pergunta, o próximo passo é saber
tes descritos acima. qual é o desenho de estudo que melhor responde à
questão clínica. No exemplo anterior, o desenho de
O processo da MBE inicia-se pela formulação estudo que possui validade interna mais adequada
de uma questão clínica de interesse. Uma boa pergun- são as revisões sistemáticas com ou sem metanálises
ta formulada é o primeiro e mais importante passo para (consideradas nível I de evidências), seguidas dos
o início de uma pesquisa, pois diminui as possibilida- grandes ensaios clínicos, denominados mega trials
des de ocorrerem erros sistemáticos (vieses) durante a (com mais de 1.000 pacientes – nível II de evidên-
elaboração, o planejamento, a análise estatística e a cias), ensaios clínicos com menos de 1.000 pacien-
conclusão de um projeto de pesquisa. Uma boa tes (nível III de evidências), estudos de coorte (não
pergunta científica consiste em quatro itens fundamen- possuem o processo de randomização – nível IV de
tais, são eles: situação clínica (qual é a doença), inter- evidências), estudos caso-controle (nível V de evidên-
venção (qual é o tratamento de interesse a ser testa- cias), séries de casos (nível VI de evidências), relatos
do), grupocontrole (placebo,sham, nenhuma interven- de caso (nível VII de evidências), opiniões de espe-
ção ou outra intervenção) e desfecho clínico. Supo- cialistas, pesquisas com animais e pesquisas in vitro.
nhamos que se queira saber se os inibidores de agre- As três últimas classificações permanecem no
gação de plaquetas são mais efetivos e seguros mesmo nível de evidência (nível VIII de evidências),
quando comparados aos anticoagulantes orais na sendo fundamentais para formular hipóteses que
diminuição da incidência de mortalidade cardiovascu- serão testadas à luz de boa pesquisa científica.
lar. Nesse exemplo, os inibidores de agregação de
plaquetas seriam a intervenção de interesse, os antico- Cabe ressaltar que a hierarquia dos níveis de
agulantes orais seriam o grupocontrole, os pacientes evidências apresentada acima é válida para estudos
hipertensos seriam a situação clínica e a diminuição da sobre tratamento e prevenção. Portanto, se a questão
incidência de mortalidade cardiovascular seria o desfe- formulada for relacionada a fatores de risco, prevalên-
cho primário de interesse. É claro que existem outros cia de uma doença ou sensibilidade e especificidade
desfechos que podem ser avaliados em um mesmo de um teste diagnóstico, a ordem dos níveis de
estudo. Dando continuidade a esse mesmo exemplo, evidências apresentados será modificada em virtude
poderíamos considerar como desfechos secundários da questão clínica. Em outras palavras, a hierarquia
os eventos cardiovasculares não fatais (acidente dos níveis de evidências não é estática e, sim, dinâmi
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68
Vale lembrar que alguns ensaios clínicos, geral-
mente de caráter cirúrgico, são difíceis de serem clas-
sificados como duplo-cegos (quando o paciente e
investigador desconhecem a alocação do participan-
te). Porém, existe um procedimento para lidar com
esse tipo de situação denominado sham, fake ou
dummy (simulação). Esse procedimento tem por obje-
tivo atuar de maneira similar ao placebo (remédio sem
atividade farmacológica específica); entretanto, é
aplicado para mascarar técnicas cirúrgicas. Alguns
autores consideram esse procedimento antiético, pois
os pacientes são submetidos à anestesia, sendo Existem várias classificações dos níveis e
expostos a riscos. Outros autores defendem que um graus de recomendação das evidências. A maioria
procedimento pode ser eticamente justificado se há dos revisores e colaboradores do Centro Cochrane
uma questão clínica relevante a ser respondida, se a do Brasil utiliza os níveis e graus de evidências aqui
utilização do grupo-controle com sham for metodologi- apresentados para nortearem suas pesquisas ou
camente necessária para testar a hipótese do estudo tomadas de decisão em relação aos cuidados de
e se o risco do procedimento com sham for mínimo. É saúde do paciente, por serem simples e praticáveis. A
o que chamamos de princípio da equipoise – distribui- Colaboração Cochrane é um excelente avanço para a
ção de riscos para diminuir a incerteza na medicina. tomada de decisões no campo dos cuidados à
Dentro de um contexto para responder a uma questão saúde, sendo comparada com o Projeto Genoma em
clínica relevante, o uso de procedimentos sham pode importância para a medicina clínica mundial. Os obje-
ser o único caminho para determinar se o mecanismo tivos da Colaboração Cochrane são fornecer informa-
de hipótese da cirurgia é responsável pela melhora na ção precisa sobre os efeitos do cuidado à saúde
condição dos pacientes. prontamente disponível por todo o mundo, produzir e
disseminar revisões sistemáticas de intervenções aos
De modo similar ao estudo de coorte, o estudo cuidados à saúde, e promover a busca por evidências
caso-controle é observacional, porém retrospectivo, na forma de ensaios clínicos e outros estudos de
partindo do desfecho para a exposição, e, geralmente, intervenção.
é útil para questões que abordam doenças ou situa-
ções raras. Um exemplo de estudo caso-controle seria COMO PRATICAMOS A MBE?
investigar o possível efeito de uma dieta rica em sal
sobre doença cardiovascular. O estudo inicia-se com Para praticarmos a MBE, devemos seguir os
um grupo de pacientes com doença cardiovascular seguintes passos:
(casos) e um grupo de indivíduos sem doença cardio-
vascular (controle). É realizado um questionário para 1. Transformação da necessidade de informação
(sobre prevenção diagnóstico, prognóstico,
investigar os hábitos alimentares dos pacientes e, tratamento, etc.) em uma pergunta que pode ser
então, estabelecer uma possível relação de associa- respondida
ção entre os pacientes que ingeriram dieta rica em sal 2. Identificação da melhor evidência com a qual
e que desenvolveram ou não doença cardiovascular. responder a essa pergunta (verificação do melhor
desenho de estudo para a questão clínica).
3. Acesso às principais bases de dados da área da
Esse desenho de estudo é mais barato e mais saúde, como a Cochrane Library, MEDLINE, EMBASE,
rápido de ser realizado. Entretanto, para questões SciELO e LILACS, em busca de estudos bem
sobre tratamento e prevenção, acaba por ser conside- delineados.
4. Realização de análise crítica da evidência em
rado nível V de evidência, por ser retrospectivo e, relação à validade (proximidade da verdade), ao
obviamente, por estar propício à ocorrência de viés de impacto (tamanho do efeito) e à aplicabilidade
memória, além de não incluir o processo de randomiza- (utilidade na prática clínica).
ção e, assim, estar sujeito à ocorrência de viés de sele-
ção.
Fontes:
http://www.scielo.br/pdf/%0D/jvb/v6n1/v6n1a01.pdf
69
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INDICADORES DE SAÚDE
O
s Indicadores de saúde são parâmetros utiliza-
dos internacionalmente com o objetivo de MORTALIDADE
avaliar, sob o ponto de vista sanitário, a higidez
de agregados humanos, bem como fornecer subsídios Os coeficientes de mortalidade medem a
aos planejamentos de saúde, permitindo o acompa- probabilidade que qualquer pessoa da população
nhamento das flutuações e tendências históricas do tem de morrer, em determinado local e ano. Dentre
os principais coeficientes de mortalidade estão:
padrão sanitário de diferentes coletividades considera-
das à mesma época ou da mesma coletividade em • O coeficiente de mortalidade geral, que
diversos períodos de tempo" (Rouquayrol, 1993) expressa a probabilidade de morrer em uma dada
população, região e ano;
A utilização de indicadores de saúde permite o
• O coeficiente de mortalidade infantil, que
estabelecimento de padrões, bem como o acompa- expressa a probabilidade de uma criança menor de
nhamento de sua evolução ao longo dos anos. Embora um ano morrer;
o uso de um único indicador isoladamente não possibi-
• Os coeficientes de mortalidade geral por
lite o conhecimento da complexidade da realidade
causas, que expressam a probabilidade das pessoas
social, a associação de vários deles e, ainda, a compa- de uma dada população morrerem por determinadas
ração entre diferentes indicadores de distintas locali- doenças.
dades facilita sua compreensão.
70
O coeficiente de mortalidade infantil pode
ser desmembrado em:
• Coeficiente de Natimortalidade.
MÉTODO DE CÁLCULO
O coeficiente de mortalidade infantil é calcula- Número de óbitos de residente por faixa etária x 100
do dividindo-se o número de óbitos de crianças meno- _____________________________________________
res de um ano pelos nascidos vivos naquele ano em número total de óbitos de residentes
uma determinada área, o resultado é multiplicado por
mil. MORBIDADE: Mede o risco de uma pessoa adoecer.
A morbidade expressa a presença de doença ou con-
dição patológica. É um poderoso indicador de saúde
ÍNDICES de uma comunidade, pois pode descrever quais são
os principais problemas de saúde que acometem
Os índices apontando a frequência das doen- uma região e propor medidas mais eficazes de
ças e a proporcionalidade das mesmas num quadro prevenção e controle dos focos de risco n° de casos
mais geral de saúde. Os índices são proporções, com- de uma doença no tempo X e lugar Y x 10 população
parações entre um subconjunto (no numerador) e o da área no mesmo período
conjunto (no denominador), nas mesmas unidades.
São expressos em percentual. LETALIDADE: Mede o risco de morrer nas pessoas
doentes; avalia a capacidade que uma determinada
Os índices, assim como os coeficientes, podem doença possui, de provocar a morte em indivíduos
ser desdobrados por região, condição socio-econômi- acometidos por ela - mede, em outras palavras, a
ca, nível educacional, faixa etária, sexo e outras, permi- gravidade da doença.
tindo análises mais apuradas das situações de saúde,
indicando prioridades e políticas a serem implementa- Indicadores podem e devem ser utilizados como
das para cada caso. ferramentas para auxiliar o gerenciamento da qualida-
de. Indicadores de saúde da população associados a
indicadores econômicos, financeiros, de produção,
de recursos humanos, de qualidade da assistência
Ex: índices de Mortalidade Proporcional por
Idade
propriamente dita, isto é, relacionados a determina-
das doenças, auxiliam na avaliação de programas e
Usos de serviços.
• Analisar variações geográficas e temporais
da mortalidade por idade e sexo.
Indicadores devem evidenciar padrões relacionados
• Contribuir para a avaliação dos níveis de
saúde da população. à estrutura, processo e resultado desejáveis de um
• Identificar a necessidade de estudos sobre as
sistema. Indicadores fornecem uma base quantitativa
causas da distribuição da mortalidade por idade. para médicos, instituições prestadoras de serviços,
• Subsidiar processos de planejamento, gestão fontes pagadoras e planejadores, como o objetivo de
e avaliação de políticas de saúde voltadas para atingir melhoria da assistência e dos processos rela-
grupos etários específicos.
cionados à assistência. (International Society for Qua-
lity in Healthcare , 1999).
Fontes:
http://portalses.saude.sc.gov.br/arquivos/sala_de_leitura/saude_e_cid
adania/ed_03/05.html
http://www.misodor.com/INDICADORES%20SAUDE.php
http://tabnet.datasus.gov.br/tabdata/livroidb/2ed/indicadores.pdf
71
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72
COLETA DE DADOS E INFORMAÇÕES Dados de morbidade
Outro aspecto relevante refere-se à represen- ainda, no caso particular de doenças de maior
tatividade dos dados em relação à magnitude do letalidade, mais válidos do que os dados de morbidade,
problema existente. Como princípio organizacional, o
por se referirem a fatos vitais bem marcantes e
sistema de vigilância deve abranger o maior número
possível de fontes geradoras, cuidando-se de que razoavelmente registrados. Sua obtenção provém de
seja assegurada a regularidade e oportunidade da declarações de óbitos, padronizadas e processadas
transmissão dos dados.
nacionalmente. Essa base de dados apresenta
73
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casos de uma patologia, ou a introdução de outras de maior relevância sanitária para o país. A atual
doenças não incidentes no local e, consequentemente, portaria especifica as doenças de notificação obriga-
o diagnóstico de uma situação epidêmica inicial, para a tória (suspeita ou confirmada), além das doenças ou
adoção imediata das medidas de controle. Em geral, eventos de “notificação imediata” (informação rápida
esses fatos devem ser notificados aos níveis superio- – ou seja, deve ser comunicada por e-mail, telefone,
res do sistema para que sejam alertadas as áreas fax ou Web). A escolha dessas doenças obedece a
vizinhas e/ou para solicitar colaboração, quando alguns critérios, razão pela qual essa lista é periodica-
necessária. mente revisada, tanto em função da situação epide-
miológica da doença, como pela emergência de
novos agentes, por alterações no Regulamento Sani-
Emergência de Saúde Pública de Interesse tário Internacional, e também devido a acordos multi-
Internacional (RSI/2005) Evento laterais entre países.
extraordinário, que é determinado, como
estabelecido neste regulamento: Os parâmetros para inclusão de doenças e
agravos na lista de notificação compulsória devem
• Por constituir um risco de saúde pública para obedecer os critérios a seguir.
outro estado membro, por meio da propagação interna-
cional de doenças;
FONTES DE DADOS
Magnitude – aplicável a doenças de elevada frequência,
A informação para a vigilância epidemiológica que afetam grandes contingentes populacionais e se
destina-se à tomada de decisões – informação para traduzem por altas taxas de incidência, prevalência,
ação. Esse princípio deve reger as relações entre os
mortalidade e anos potenciais de vida perdidos.
responsáveis pela vigilância e as diversas fontes que
podem ser utilizadas para o fornecimento de dados.
Potencial de disseminação – representado pelo
elevado poder de transmissão da doença, através de vetores
NOTIFICAÇÃO
ou outras fontes de infecção, colocando sob risco a saúde
74
sensação de medo, de repulsa ou de indignação; e relevância • O envio dos instrumentos de coleta de
econômica, avaliada por prejuízos decorrentes de restrições notificação deve ser feito mesmo na ausência de casos,
escolar e laboral, custos assistenciais e previdenciários, negativa, que funciona como um indicador de eficiência
Vulnerabilidade – medida pela disponibilidade concreta pode definir doenças e agravos como de notificação
doença, propiciando a atuação efetiva dos serviços de saúde (Sinan) é o principal instrumento de coleta dos dados de
75
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Investigação epidemiológica
76
É essencial a detecção precoce de epide-
mias/surtos para que medidas de controle sejam ado-
tadas oportunamente, de modo que um grande
número de casos e óbitos possa ser prevenido. Além
da prevenção de novos casos e surtos, a investigação
desse tipo de evento pode contribuir para a desco-
berta de novos agentes, novas doenças e novos
tratamentos, ampliar o conhecimento sobre novas
doenças e aquelas já conhecidas e, ainda, fazer com
que a população passe a ter mais confiança no servi-
ço público de saúde.
77
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INSTRUMENTO ESPECIFICAÇÕES
78
A dinâmica da vida familiar deve ser avaliada
com respeito e valorização das características pecu-
liares e do convívio humano. Constituem instrumentos
de registro da família o genograma e o ecomapa. Os
Ciclos de vida permitem entender como a fase atual
daquela família pode impactar na saúde, e quais
seriam os desafios a superar.
Conhecimento recíproco,
O novo casal inicia a vida a
dois, Construção de regras próprias de
funcionamento.
Comprometimento com um
Casamento novo sistema familiar Formação do sistema conjugal e o
realinhamento dos outros relacionamentos,
Renegociação das relações Maior autonomia em relação à família de
com seus pais e amigos novos origem e da tomada de decisões sobre filhos,
e antigos. educação e gravidez, divisão de vários papéis
do casal de modo equilibrado.
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80
Em famílias de classe social vulnerável, alguns GENOGRAMA
fenômenos contribuem para encurtar as fases do
ciclo de vida: em primeiro lugar, a gravidez ocorre
precocemente, geralmente nos adolescentes e com O Genograma ou a Árvore Familiar é um
isto, as fases de casamento e nascimento do primeiro método de coleta, armazenamento e processamento
de informações sobre a família, onde é possível por
filho dão lugar a famílias com filhos pequenos. Tendo
meio da representação gráfica espacial de todos os
que estudar ou trabalhar, os adolescentes e adultos
seus membros, elaborar o diagrama de um grupo
jovens deixam seus filhos com as avós, até que che- familiar. Permite avaliar a estrutura das famílias, identi-
guem a adolescência e por sua vez passem a ter seus ficando quem faz parte dela, e estabelece aspectos
próprios filhos. A estrutura, geralmente monoparental, relacionais entre seus membros, o vínculo afetivo,
e a aglomeração de gerações sob um mesmo teto faz pois possibilita inclusão das relações que são deter-
com que famílias populares tenham ciclos de vida minantes para melhorar a explicação do problema de
abreviados, de até três fases: saúde-doença, e todos os aspectos relevantes ao
planejamento do cuidado em saúde.
81
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32
PESSOAS ÍNDICE OU IDADE
PACIENTE IDENTIFICADO (PI) (DENTRO)
HOMOSSEXUAL
c70 j90
CASAMENTO (DATA) MORANDO JUNTO
(MARIDO À ESQUERDA E ESPOSA À DIREITA)
ABUSO DE ÁLCOOL
OU DROGAS
c70 s91 c70 s91 d94 s91 j94
20 18 16
TRANSTORNO
FILHO ADOTADO FILHA DE CRIAÇÃO MENTAL
FILHOS EM ORDEM DE
NASCIMENTO A PARTIR
DA ESQUERDA
ABORTO ABORTO
GÊMEOS FRATERNOS GÊMEOS IDÊNTICOS GRAVIDEZ PROVOCADO NATIMORTO
ESPONTÂNEO
82
LINHAS DE RELACIONAMENTO E MORADIA EXEMPLO DE GENOGRAMA
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84
ÉTICA MÉDICA
Ética é o conjunto de valores morais e conheci- também para os outros e isso não pode ser encarado
mentos racionais, a respeito do comportamento apenas de um ponto de vista.
humano, princípios que norteiam a conduta
humana na sociedade. Já a Moral, estabelece regras, e A ética médica avalia os aspectos éticos refe-
cada pessoa tem o dever de assumi-las para viver bem rentes à medicina, levando em consideração os atos
consigo mesmo e com os outros. O próprio nome praticados por esses profissionais. Esses atos vão
distingue as duas, Ética vem do grego “ethos”, que desde a utilização de animais em laboratório ao trata-
significa modo de ser, e Moral vem do latim “mores”, mento de seus colegas e pacientes.
significando costumes.
Em 2010 entrou em vigor o novo código de
A moral já existe há muito mais tempo, pois ética da medicina. Nele, estão especificadas as
todos possuem a consciência Moral que leva a distin- novas regras. Foram incluídas as questões que
guir o bem do mal no contexto que vivemos. A Ética abrangem a reprodução assistida e a manipulação
investiga e explica normas morais, pois nos leva a agir genética, além da proibição de letra ilegível em
não só por tradição, educação ou hábito, mas mais laudos e receitas. As mudanças abrangem os médi-
ainda por convicção e inteligência. cos que mantém contato direto com pacientes e os
que realizam estudos e pesquisas em laboratório.
Ela faz uma reflexão filosófica sobre a moral, Elas são apenas adaptações de problemas discuti-
procura justificá-la e seu objetivo é guiar e orientar dos em congressos e visam melhorar a relação médi-
racionalmente a vida humana. A ética e a moral são os co/paciente e sociedade por um trabalho mais
maiores valores do homem que possui liberdade. É responsável na saúde.
necessário ter uma ética aplicada, que deve ser espe-
cífica, dividida em ramos, para que determinadas situa- O Conselho Federal de Medicina é responsá-
ções sejam melhores analisadas, entrando o papel da vel por realizar a revisão e atualização do código
ética em diversas profissões, que tem como um dos quando necessário com ajuda dos conselhos regio-
objetivos fazer as pessoas entenderem que suas nais, além de averiguar e sanar as omissões. O
ações possuem consequências não só para si, mas código de ética medica possui quatorze capítulos,
segue abaixo um pequeno resumo de cada um deles.
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• O médico agora é obrigado a escrever receitas e • A retirada de órgãos deve ser feita em pessoas
laudos em letra legível e com a devida identificação de legalmente aptas para serem doadoras;
seu número de registro. É obrigação dele também, • A comercialização de órgãos é crime, qualquer
alertar o paciente sobre as condições de trabalho que participação médica nesse ato é ilícita.
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88
Fontes:
http://codigo-de-etica.info/etica-medica.html
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MEDICINA DO TRABALHO
SAÚDE DO TRABALHADOR
Finalmente, é importante ressaltar que o trabalhador
O PAPEL DO MINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA segurado que teve de se afastar de suas funções
E ASSISTÊNCIA SOCIAL – MPAS devido a um acidente ou doença relacionada ao
trabalho tem garantido, pelo prazo de um ano, a
A
pesar das inúmeras mudanças em curso na manutenção de seu contrato de trabalho na empresa.
Previdência Social, o Instituto Nacional do
Seguro Social – INSS ainda é o responsável
pela perícia médica, reabilitação profissional e
pagamento de benefícios. Deve-se destacar que só os
trabalhadores assalariados, com carteira de trabalho
assinada, inseridos no chamado mercado formal de
trabalho, terão direito ao conjunto de benefícios
acidentários garantidos pelo MPAS/INSS. Portanto,
os trabalhadores autônomos, mesmo contribuintes do
INSS, não têm os mesmos direitos quando compara-
dos com os assalariados celetistas.
90
trabalho; a realização de estudos, pesquisa, avaliação
e controle dos riscos e agravos existentes no proces-
so de trabalho; a informação ao trabalhador, sindicatos
e empresas sobre riscos de acidentes bem como
resultados de fiscalizações, avaliações ambientais,
exames admissionais, periódicos e demissionais,
respeitada a ética.
91
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Agentes biológicos – bactérias, fungos, parasitas,
exposta; fratura múltipla; traumatismo crânio-encefáli- vírus, etc.
co; traumatismo de nervos e medula espinhal; eletro-
cussão; asfixia traumática ou estrangulamento; Organização do trabalho – divisão do trabalho,
politraumatismo; afogamento; traumatismo de pressão da chefia por produtividade ou disciplina,
tórax/abdome/bacia, com lesão; ferimento com ritmo acelerado, repetitividade de movimento, jorna-
menção de lesão visceral ou de músculo ou de tendão; das de trabalho extensas, trabalho noturno ou em
amputação traumática; lesão por esmagamento; quei- turnos, organização do espaço físico, esforço físico
madura de III grau; traumatismo de nervos e da medula intenso, levantamento manual de peso, posturas e
espinhal e intoxicações agudas. posições inadequadas, entre outros.
92
interferem e alteram a qualidade de vida de seu porta-
dor, é imprescindível que todos os esforços sejam
PERDA AUDITIVA INDUZIDA POR RUÍDO – PAIR feitos no sentido de evitar sua instalação. A PAIR é
um comprometimento auditivo neurossensorial sério
A perda auditiva induzida pelo ruído, relacio- que, todavia, pode e deve ser prevenido.
nada ao trabalho, é uma diminuição gradual da acui-
dade auditiva, decorrente da exposição continuada a
níveis elevados de ruído. Algumas de suas caracterís- LESÃO POR ESFORÇO REPETITIVO / DISTÚRBIO
ticas são: OSTEOMUSCULAR RELACIONADO AO
TRABALHO - LER/DORT
• É sempre neurossensorial, por causar dano
às células do órgão de CORTI;
No mundo contemporâneo, as lesões por
• É irreversível e quase sempre similar esforços repetitivos/Doenças osteomusculares rela-
bilateralmente; cionadas com o trabalho (LER/DORT) têm represen-
• É passível de não progressão, uma vez tado importante fração do conjunto dos adoecimen-
cessada a exposição ao ruído intenso. tos relacionados com o trabalho. Acometendo
homens e mulheres em plena fase produtiva (inclusive
adolescentes), essa doença, conhecida como
doença da modernidade, tem causado inúmeros afas-
tamentos do trabalho, cuja quase totalidade evolui
para incapacidade parcial, e, em muitos casos, para a
incapacidade permanente, com aposentadoria por
invalidez.
São afecções decorrentes das relações e da
organização do trabalho existentes no moderno
mundo do trabalho, onde as atividades são realizadas
com movimentos repetitivos, com posturas inadequa-
das, trabalho muscular estático, conteúdo pobre das
tarefas, monotonia e sobrecarga mental, associadas à
ausência de controle sobre a execução das tarefas,
ritmo intenso de trabalho, pressão por produção, rela-
ções conflituosas com as chefias e estímulo à compe-
titividade exacerbada. Vibração e frio intenso também
estão relacionados com o surgimento de quadros de
LER/DORT.
O ruído é um agente físico universalmente Caracteriza-se por um quadro de dor crônica,
distribuído, estando presente em praticamente todos sensação de formigamento, dormência, fadiga mus-
os ramos de atividade. O surgimento da doença está cular (por alterações dos tendões, musculatura e
relacionado com o tempo de exposição ao agente nervos periféricos), e dor muscular ou nas articula-
agressor, às características físicas do ruído e à ções, especialmente ao acordar à noite. É um proces-
susceptibilidade individual. O surgimento de PAIR so de adoecimento insidioso, carregado de simbolo-
pode ser potencializado por exposição concomitante gias negativas sociais, e intenso sofrimento psíquico:
a vibração, a produtos químicos – principalmente os incertezas, medos, ansiedades e conflitos.
solventes orgânicos e pelo uso de medicação ototó-
xica. Se o trabalhador for portador de diabetes, Acomete trabalhadores inseridos nos mais
diversos ramos de atividade, com destaque para
poderá ter elevada sua susceptibilidade ao ruído. aqueles que estão nas linhas de montagem do setor
O diagnóstico da PAIR só pode ser estabelecido por metalúrgico, empresas do setor financeiro, de auto-
meio de um conjunto de procedimentos: anamnese peças, da alimentação, de serviços e de processa-
clínica e ocupacional, exame físico, avaliação audio- mento de dados.
lógica e, se necessário, outros testes complementa-
res.
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nar e digestiva. Os produtos mais conhecidos são
Folidol, Tamaron, Rhodiatox, Azodrin, Malation, Diazi-
INTOXICAÇÕES EXÓGENAS non e Nuvacron. O quadro clínico é decorrente das
síndromes colinérgica, nicotímica e neurológica:
sudorese, sialorréia, miose, hipersecreção brônquica,
colapso respiratório, tosse, vômitos, cólicas, diarréia,
fasciculações musculares, hipertensão arterial fugaz,
confusão mental, ataxia, convulsões e choque
cardiorrespiratório, podendo levar ao coma e óbito.
Entre os carbamatos, os mais conhecidos são o
Sevin, Baygon, Temik, Furadan. A ação tóxica e a
sintomatologia são semelhantes às dos organofosfo-
rados, embora o quadro clínico provocado pelos
carbamatos seja de menor gravidade em relação a
estes.
Ainda no grupo dos inseticidas, apesar da
proibição restritiva de uso, dada a capacidade de
acumulação no ambiente, os organoclorados (Aldrin,
BHC, DDT) são ainda usados para o controle de
formigas e em campanhas de saúde pública. Os
organoclorados penetram no organismo por via
dérmica, gástrica e respiratória, são lipossolúveis
(contra-indica-se o uso de leite nas intoxicações), e
sua eliminação ocorre pela urina e leite materno. Em
sua ação tóxica compromete a transmissão do impul-
AGROTÓXICOS so nervoso nos níveis central e autônomo, provocan-
do alterações comportamentais, sensoriais, do equili-
brio, da atividade da musculatura voluntária e de cen-
Todo produto agrotóxico é classificado pelo tros vitais, principalmente do bulbo respiratório.
menos quanto a três aspectos: quanto aos tipos de
organismos que controlam, quanto à toxicidade da(s) Os inseticidas piretróides causam no homem,
substância(s) e quanto ao grupo químico ao qual principalmente, irritação nos olhos, mucosas e pele.
pertencem. Inseticidas, acaricidas, fungicidas, herbi- São muito utilizados em “dedetizações” de domicílios
cidas, nematicidas, moluscicidas, raticidas, avicidas, e prédios de uso público (grandes lojas, shoppings,
columbicidas, bactericidas e bacterioestáticos são etc.), por firmas especializadas, e têm sido responsa-
termos que se referem à especificidade do agrotóxico bilizados pelo aumento de casos de alergia em adul-
em relação aos tipos de pragas ou doenças. Quanto tos e crianças. Em altas doses podem levar a neuro-
ao grau de toxicidade, a classificação adotada é patias, uma vez que agem na bainha de mielina,
aquela preconizada pela Organização Mundial da desorganizando-a e promovendo a ruptura de
Saúde (OMS), que distingue os agrotóxicos em clas- axônios. Os fungicidas do grupo dietilditiocarbamato
ses I, II, III e IV, sendo essa classificação utilizada na (Maneb, Mancozeb, Zineb, Dithane, Tiram) são proibi-
definição da coloração das faixas nos rótulos dos dos no exterior, mas aqui são usados na cultura do
produtos agrotóxicos: vermelho, amarelo, azul e tomate, do pimentão e na fruticultura. A absorção se
verde, respectivamente6 . Temos assim: dá por via dérmica. Alguns deles contêm manganês,
o que possibilita o surgimento de sintomas de parkin-
Classe I – extremamente tóxico/tarja vermelha; sionismo. Sua impureza ETU (etileno-etiluréia) é tida
como carcinogênica, teratogênica e mutagênica. A
exposição intensa provoca dermatite, conjuntivite,
Classe II – altamente tóxico/tarja amarela; faringite e bronquite. Os herbicidas são produtos de
uso crescente, por serem substitutivos de mão-de-o-
Classe III – medianamente tóxico/tarja azul e bra.
O produto mais conhecido e usado é o Para-
Classe IV – pouco tóxico/tarja verde. quat (Gramoxone), que provoca lesões hepáticas,
renais e fibrose pulmonar (insuficiência respiratória e
É importante registrar que a classificação diz óbito).
respeito apenas aos efeitos agudos causados pelos
produtos agrotóxicos. Vale destacar que na prática agrícola brasilei-
ra, em sua maioria, os agricultores utilizam múltiplos
Quanto à classificação química, tem-se como produtos, muitas vezes concomitantemente, por
principais grupos os organofosforados, os carbama- longos períodos de tempo e em jornadas prolonga-
tos, os organoclorados, os piretróides, os dietilditio- das, o que complexifica a avaliação dos danos à
carbamatos e os derivados do ácido fenoxiacético. saúde causados pela exposição a estes produtos,
No grupo dos inseticidas, os organofosforados e principalmente os chamados efeitos crônicos. Res-
carbamatos, inibidores das colinesterases, têm cau- salte-se, ainda, que o não cumprimento das normas
sado o maior número de intoxicações (agudas, suba- de segurança na comercialização, armazenamento,
gudas e crônicas) e mortes no Brasil e no mundo. Os utilização e descarte de embalagens expõe não só os
organofosforados penetram por via dérmica, pulmo-
94
trabalhadores como a população em geral a riscos de
intoxicação por agrotóxicos.
O diagnóstico baseia-se na avaliação clínico-o-
cupacional, na investigação das condições de traba-
lho, no exame físico e em exames complementares. Os
exames toxicológicos, como dosagem de acetilco-
linesterase, deverão ser realizados em função dos
produtos aos quais o trabalhador está exposto.
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adoecer, ou seja, as cargas do trabalho vão incidir
que lhe dá um aspecto característico de “olho-de- sobre um sujeito particular portador de uma história
-pombo”; a irritação das vias aéreas superiores singular preexistente ao seu encontro com o trabalho.
também pode manifestar-se com dispnéia, tosse,
expectoração e dor no peito. O câncer pulmonar é, O processo de sofrimento psíquico não é,
porém, o efeito mais importante sobre a saúde do muitas vezes, imediatamente visível. Seu desenvolvi-
trabalhador. mento acontece de forma “silenciosa” ou “invisível”,
embora também possa eclodir de forma aguda por
Havendo suspeita de intoxicação por cromo, desencadeantes diretamente ocasionados pelo
os trabalhadores devem ser encaminhados ao serviço trabalho.
especializado em Saúde do Trabalhador para monito-
ramento biológico – pesquisa do cromo no sangue e Alguns sinais de presença de distúrbios
tecidos - e tratamento especializado. Os trabalhado- psíquicos se manifestam como “perturbadores” do
res com intoxicação devem ser acompanhados por trabalho, e a percepção destes indica que o empre-
longos períodos, uma vez que o câncer pulmonar gado deve ser encaminhado para avaliação clínica.
desenvolve-se entre 20 e 30 anos após a exposição. Incide em erro a empresa que, reconhecendo a sinto-
matologia, a encare como demonstração de “negli-
gência”, “indisciplina”, “irresponsabilidade” ou “falta
DERMATOSES OCUPACIONAIS de preparo por parte do trabalhador”, o que ocasiona
demissões.
As dermatoses ocupacionais, embora benig- Alguns sinais e sintomas de distúrbios psíqui-
nas em sua maioria, constituem problema de avalia- cos são: modificação do humor, fadiga, irritabilidade,
ção difícil e complexa. Referem-se a toda alteração cansaço por esgotamento, isolamento, distúrbio do
da pele, mucosas e anexos, direta ou indiretamente sono (falta ou excesso), ansiedade, pesadelos com o
causada, condicionada, mantida ou agravada pela trabalho, intolerância, descontrole emocional, agres-
atividade de trabalho. sividade, tristeza, alcoolismo, absenteísmo. Alguns
desses quadros podem vir acompanhados ou não de
São causadas por agentes biológicos, físicos sintomas físicos como dores (de cabeça ou no corpo
e, principalmente, por agentes químicos. Aproximada- todo), perda do apetite, mal-estar geral, tonturas, náu-
mente, 80% das dermatoses ocupacionais são seas, sudorese, taquicardia, somatizações, conver-
provocadas por substâncias químicas presentes nos sões (queixas de sintomas físicos que não são encon-
locais de trabalho, ocasionando quadros do tipo trados em nível de intervenções médicas) e sintomas
irritativo (a maioria) ou do tipo sensibilizante. neurovegetativos diversos. Fatores do trabalho que
podem gerar ou desencadear distúrbios psíquicos:
O diagnóstico é realizado a partir da anamne-
se clínico-ocupacional e do exame físico. O teste de
contato deve ser realizado quando se suspeita de • Condições de trabalho: físicas, químicas e
quadro do tipo sensibilizante, visando identificar o(s) biológicas, vinculadas à execução do trabalho.
agente(s) alergênico(s).
• A organização do trabalho: estruturação
hierárquica, divisão de tarefa, jornada, ritmo,
trabalho em turno, intensidade, monotonia,
repetitividade, responsabilidade excessiva, entre
outros.
O trabalho tem sido reconhecido como impor- • Realizar o tratamento nos casos de menor
tante fator de adoecimento, de desencadeamento e
de crescente aumento de distúrbios psíquicos. Os complexidade.
determinantes do trabalho que desencadeiam ou
agravam distúrbios psíquicos irão, geralmente, se • Encaminhar os casos de maior
articular a modos individuais de responder, interagir e
complexidade para a rede de referência,
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Fontes:
http://saude.es.gov.br/Media/sesa/CEREST/site%20-%20caderno%20de
%20aten%C3%A7%C3%A3o%20b%C3%A1sica.pdf
98
DECLARAÇÃO DE ÓBITO
O
Ministério da Saúde implantou, desde 1976, um
modelo único de Declaração de Óbito (DO)
para ser utilizado em todo o território nacional,
como documento base do Sistema de Informa-
ções sobre Mortalidade – SIM. A DO tem dois objeti-
vos principais: o primeiro é o de ser o documento
padrão para a coleta das informações sobre mortali-
dade, que servem de base para o cálculo das estatísti-
cas vitais e epidemiológicas do Brasil; o segundo, de
caráter jurídico, é o de ser o documento hábil, confor-
me preceitua a Lei dos Registros Públicos – Lei
6.015/73, para lavratura, pelos Cartórios de Registro O QUE O MÉDICO DEVE FAZER
Civil, da Certidão de Óbito, indispensável para as
formalidades legais do sepultamento.
1. Preencher os dados de identificação com base em
Para o cumprimento desses objetivos, são um documento da pessoa falecida. Na ausência de
fundamentais o empenho e o compromisso do documento, caberá à autoridade policial proceder o
médico com relação à veracidade, à completude e à reconhecimento do cadáver.
fidedignidade das informações registradas na DO,
uma vez que ele é o profissional responsável pelas 2. Registrar os dados na DO, sempre, com letra
informações contidas no documento. legível e sem abreviações ou rasuras.
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100
no momento do óbito. Dar especial atenção a óbitos de
mulheres em idade fértil ao preencher os campos NO ÓBITO POR CAUSAS EXTERNAS
respectivos (43 e 44 do modelo vigente), visando
estudos sobre mortalidade materna. O médico legista, ou perito ad hoc (eventual),
VII. Os dados do médico que assinou a DO são deve declarar, na parte I, linha a, como causa terminal,
importantes e devem ser preenchidos de maneira
a natureza da lesão. Na parte I, linha b, como causa
básica, a circunstância do acidente ou da violência
legível, pois trata-se de documento oficial, cujo
responsável pela lesão que causou a morte.
responsável é o médico. Para elucidação de dúvidas
sobre informações prestadas, o médico poderá ser
TEMPO APROXIMADO ENTRE O INÍCIO DA
contatado pelos órgãos competentes.
DOENÇA E A MORTE
VIII. Causas externas: os campos deverão ser
preenchidos sempre que se tratar de morte decorrente O médico não deve se esquecer de preen-
de lesões causadas por homicídios, suicídios, acidentes cher, junto a cada causa, a duração de tempo aproxi-
ou mortes suspeitas. mado da doença (do diagnóstico até a morte). Essa
informação representa importante auxílio à seleção da
IX. A ser utilizado em localidade onde não exista
causa básica.
médico, quando, então, o registro oficial do óbito será
feito por duas testemunhas.
CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL DE
DOENÇAS (CID)
101
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RASTREAMENTO
O
termo rastreamento, derivado do inglês scree- No rastreamento, um exame positivo não implica
ning, vem da ideia de peneira – do inglês sieve –, fechar um diagnóstico, pois geralmente são exames
rica em furos, ou seja, todos os programas pos- que selecionam as pessoas com maior probabilidade
suem resultados falso-positivos e falsonegativos. de apresentar a doença em questão. Outro teste
Contudo, a palavra screening ou check-up passou a confirmatório (com maior especificidade para a
ter um significado em nossa época de algo sem furos doença em questão) é necessário depois de um
e a expectativa do público intensificou-se tanto que rastreamento positivo, para que se possa estabelecer
qualquer grau de falsopositivo e negativo é automati- um diagnóstico definitivo. Por exemplo, uma mamo-
camente assumido como erro do programa ou do grafia sugestiva de neoplasia deve ser seguida de
médico. Assim, a demanda na nossa época exige que uma biópsia e confirmação diagnóstica por anatomo-
as provas sobre os danos potenciais sejam analisadas patologia.
pelos comitês nacionais de rastreamento.
Deve haver uma clara distinção entre rastrea- RASTREAMENTO OPORTUNÍSTICO VERSUS
mento e diagnóstico de doenças. Quando um indiví- PROGRAMAS ORGANIZADOS DE RASTREAMENTO
duo exibe sinais e sintomas de uma doença e um teste
diagnóstico é realizado, este não representa um rastre- Existe uma distinção importante entre um
amento. A equipe de saúde deve estar sempre vigilan- programa de rastreamento organizado e o chamado
te em identificar a apresentação clínica na população rastreamento oportunístico. De forma geral, esse
sob seus cuidados e deve realizar os exames sempre último ocorre quando a pessoa procura o serviço de
que surjam sintomas nas pessoas sob seus cuidados, saúde por algum outro motivo e o profissional de
ou seja, realizar os exames necessários de acordo com saúde aproveita o momento para rastrear alguma
a clínica apresentada pelo paciente. Isso não configura doença ou fator de risco. Essa forma de proceder tem
rastreamento, mas sim cuidado e diagnóstico apropria- sido a tônica da maioria dos serviços de saúde no
do. mundo. A desvantagem desse rastreamento é que,
além de ser menos efetivo no impacto sobre a morbi-
dade e a mortalidade atribuídas à condição rastreada,
também é mais oneroso para o sistema de saúde
como um todo.
102
convidada a participar e, uma vez que esteja fazendo rotina assistencial dos serviços de atendimento à
parte dele, será acompanhada ao longo de toda a sua saúde (de APS) para a realização do rastreamento
duração. nem para o recebimento do resultado, a não ser que
seja necessário. É o equivalente ao usuário que vem
Não faz sentido a implantação de um serviço de se vacinar: cumpridos os critérios técnicos estabele-
rastreamento se este não oferecer as condições de cidos, os serviços de APS devem esforçar-se ao
diagnóstico definitivo e de tratamento para a condição máximo para prover-lhe a vacinação rapidamente,
rastreada. sem agendamentos ou dificuldades burocráticas.
Para tanto, a fim de que um programa de rastre- Quando se fala em rastreamento, deve-se
amento seja efetivo, deve-se garantir o rastreamento pensar na visão de coletividade, e não individualmen-
da maioria da população susceptível, caso contrário, te. Será necessário rastrear uma grande quantidade
não haverá redução nos indicadores de morbimortali- de pessoas saudáveis e assintomáticas para detectar
dade, no caso apresentado, de morte por câncer do alguns pacientes com a condição pesquisada. Caso
colo uterino. a cobertura do rastreamento não seja de base popu-
lacional, o rastreamento na comunidade passa a ser
Cabe aqui destacar quatro aspectos importan- inefetivo.
tes em um programa de rastreamento:
103
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104
Um exemplo do desconhecimento desse con-
ceito é o uso do antígeno prostático específico (PSA) Como podemos observar, vários são os fato-
para rastreamento de câncer de próstata. Em 2005, res que influenciam os achados de falso-positivos,
um grande estudo que acompanhou aproximadamente que vão desde a prevalência da doença a ser rastrea-
18 mil homens por sete anos demonstrou que o PSA da, as características operacionais dos testes (sensi-
não tem um ponto de corte que atenda simultanea- bilidade e especificidade), qualidade dos equipamen-
mente a uma alta sensibilidade e especificidade para a tos utilizados nos rastreamentos e a subjetividade de
monitorização dos homens saudáveis, mas sim um quem interpreta os achados patológicos.
contínuo de risco em todos os níveis de PSA. Para o já
estabelecido ponto de corte de 4 ng/dL, o estudo
TESTE DIAGNÓSTICOS E PREDIÇÕES CLÍNICAS
documentou sensibilidade de 20,3% e especificidade
de 93,8% na detecção do câncer de próstata, porém,
ao se reduzir o ponto de corte para 2 ng/dL, obteve-se
sensibilidade de 52,6% e especificidade de 72,5%.
Doença
Teste Presente Ausente Total
(sensib. = 100%) (espec. = 80%)
Teste (+) 5 199 204
Teste (-) 0 796 796
Total 5 995 N = 1000
VALIDADE DE UM TESTE DIAGNÓSTICO
Dada a tabela acima, supondo uma doença
com prevalência de 0,5% na população (na média, A validade de um teste refere-se à quanto, em
cinco pessoas em cada 1.000 apresentam a doença), termos quantitativos ou qualitativos, um teste é útil
admita-se que um teste para seu diagnóstico possua para diagnosticar um evento (validade simultânea ou
especificidade de 80% e sensibilidade de 100%. Se concorrente) ou para predize-lo (validade preditiva).
esse exame for realizado num rastreamento em 1.000 Para determinar a validade, compara-se os resulta-
pessoas, encontraremos cinco pessoas doentes dos do teste com os de um padrão (padrão ouro):
misturadas com um total de 199 pessoas sadias com esse pode ser o verdadeiro estado do paciente, se a
testes positivos, isto é, 199 falso-positivos. Cada informação está disponível, um conjunto de exames
doente vem acompanhado de aproximadamente 40 julgados mais adequados, ou uma outra forma de
“alarmes falsos”. diagnóstico que sirva de referência. O teste diagnós-
tico ideal deveria fornecer, sempre, a resposta corre-
Além das questões relacionadas à sensibilida- ta, ou seja, um resultado positivo nos indivíduos com
de e à especificidade de cada exame, existem ainda a doença e um resultado negativo nos indivíduos
exames diagnósticos que estão condicionados à sub- sem a doença. Além do que, deveria ser um teste
jetividade e dependem da habilidade do profissional, rápido de ser executado, seguro, simples, inócuo,
como o caso de exame de mamografia ou de ultrasso- confiável e de baixo custo.
nografia, levando a uma variabilidade intra e interob-
servador, podendo levar a falsos diagnósticos. Em A tabela a seguir mostra as relações entre os
alguns serviços, para minimizar a variabilidade, cada resultados de um teste e o diagnóstico verdadeiro. O
exame é avaliado independentemente por dois profis- teste é considerado positivo (anormal) ou negativo
sionais diferentes, a fim de garantir o controle de quali-
dade.
105
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a b a +b
Te ste
c d c +d
• Sensibilidade: a/(a+c) 6
• Especificidade: d/(b+d)
Enquanto a sensibilidade e especificidade de
um teste são propriedades inerentes ao teste e não
• Prevalência: (a+c)/N
variam a não ser por erro técnico, os VPs dependem
• Valor preditivo positivo: a/(a+b) da prevalência da doença na população de estudo. O
• Valor preditivo negativo: d/(c+d) VPP aumenta com a prevalência enquanto os VPN
diminuem. Assim, quando a doença é rara o VPP é
VALOR PREDITIVO DO TESTE - No contexto baixo, pois a maior parte dos exames positivos
epidemiológico e clínico, a validade de um marcador pertencem a sadios, representando resultados falso-
sorológico diz respeito à extensão com que ele pode -positivos. Por outro lado, O VPN é alto em baixas
predizer a ocorrência da doença / infecção. Nessas prevalências. Os resultados falso-positivos e falso-
circunstâncias, devemos estar preparados para -negativos podem ser minimizados utilizando-se a
responder à seguinte questão: dado que o teste combinação de testes, em paralelo (dois ou mais
apresentou resultado positivo (ou negativo), qual a testes realizados simultaneamente) ou em série (dois
probabilidade do indivíduo ser realmente doente (ou ou mais testes realizados em seqüência), para a defi-
sadio)? Esse atributo do teste é conhecido como nição de resultado positivo. Se a intenção é reduzir
Valor Preditivo (VP) podendo ser positivo (VPP) ou resultados falso positivos (e aumentar a especificida-
negativo (VPN), e é determinado pela interação de de), um diagnóstico positivo deverá ser confirmado
três variáveis: a sensibilidade e a especificidade do
teste e a prevalência da doença no grupo de estudo. somente quando pelo menos dois testes diferentes
forem positivos. Por outro lado, para reduzir resulta-
VALOR PREDITIVO POSITIVO - é a probabilidade dos falso negativos (e aumentar a sensibilidade), um
de um indivíduo avaliado e com resultado positivo único teste positivo seria suficiente para considerar
ser realmente doente. um diagnóstico positivo. Por exemplo, o teste será
106
Revalida
MEDCS
QUESTÕES
Saúde Pública - SUS
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 01
O plantonista da Unidade de Terapia Intensiva aciona a equipe de notificação e captação de
órgãos do seu hospital relatando que foi realizado e confi rmado o diagnóstico de morte encefálica em
um jovem de 20 anos, vítima de traumatismo crânio-encefálico. Quanto ao prosseguimento do proces-
so de doação de órgãos pode-se afirmar que:
Questão 02
Suponha que uma fábrica de cimento foi instalada na periferia de determinado município. A
população festejou o empreendimento, pois significou desenvolvimento e novos empregos para a
população da área. Após o início do funcionamento da fábrica, observou-se aumento da incidência de
doenças respiratórias e de queixas de náuseas e vômitos. Sabendo que há emissão de determinadas
substâncias pelas chaminés dessa fábrica, a equipe de Saúde da Família encaminha o problema ao
Setor de Vigilância. Quais são as etapas a serem seguidas para a avaliação de risco de substâncias
específicas?
108
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 03
A declaração de óbito é um documento do Sistema de Informações sobre Mortalidade e tem
por objetivo cumprir as exigências legais de registro de óbitos, cumprir os princípios de cidadania e
servir como fonte de informações estatísticas de saúde. A declaração de óbito compõe os serviços de
Vigilância em Saúde. Em qual das seguintes situações será necessária investigação compulsória pela
equipe de vigilância de óbitos, por meio de comitê específico para esse fim, em conjunto com a equipe
da atenção primária?
Questão 04
Um médico de família, ao final do turno de atendimento em uma Unidade Básica de Saúde,
observou terem sido atendidos 12 pacientes, com as seguintes ocorrências: HIV/AIDS em adulto;
varicela em criança sem gravidade; violência doméstica; intoxicação por agrotóxico; mordedura em
mão por cão desconhecido; picada de escorpião; hanseníase; sífilis primária em adulto; toxoplasmose
gestacional; acidente de trabalho em técnica de enfermagem da Unidade por perfuração com agulha
descartada; coqueluche em adulto; doença aguda pelo vírus zika. Desses casos, aqueles de notifica-
ção compulsória imediata, em menos de 24 horas, são:
109
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 05
A Câmara de Vereadores de um município brasileiro solicitou à Secretaria Municipal de Saúde
providências em relação ao surgimento de casos de H1N1 na penitenciária local. Nessa situação, que
ações devem ser instituídas pela Vigilância Epidemiológica para o controle do agravo?
Questão 06
Em uma cidade, ocorreram vários casos de uma doença de notificação compulsória, suficientes
para ultrapassar o limite endêmico superior em determinado período. A equipe da Vigilância Epidemio-
lógica, após realizar investigação, elaborou o gráfico ilustrado a seguir, que considera a distribuição do
número de casos (eixo vertical) em função do tempo (eixo horizontal), além do período máximo de incu-
bação desta doença (linha mais espessa, abaixo do eixo horizontal).
Com base nos dados apresentados, como deveria ser caracterizada essa epidemia?
110
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 07
A dengue é considerada a mais importante arbovirose que acomete o homem e, desde 1986,
vem se destacando como agravo à saúde prevalente no país, com registro considerável da forma
hemorrágica e de óbitos. Na vigência de episódios epidêmicos de dengue, qual a medida adequada
de vigilância epidemiológica?
Questão 08
Um médico decidiu realizar uma pesquisa científi ca com seus pacientes na unidade de saúde.
Ele iria fazer entrevistas com adolescentes sobre sexualidade, investigando o grau de conhecimento
deles quanto aos métodos contraceptivos, quer seja natural, de barreira, hormonal ou dispositivo
intrauterino. Qual o procedimento adequado para que a pesquisa seja realizada de acordo com o
Código de Ética Médica?
A) Incluir nas referências bibliográficas a citação dos trabalhos publicados em revistas com comitê de
revisores.
B) O Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos ( CEP ) não necessita emitir parecer sobre o
protocolo, pois a pesquisa tem apenas objetivos educacionais.
C) Obter o Termo de Consentimento Livre Esclarecido ( TCLE ) assinado pelos adolescentes.
D) Obter TCLE assinado pelos adolescentes e seus representantes legais e comunicar à comunidade
sobre a natureza da investigação.
E) Caso tenha uma indústria de medicamentos financiando a pesquisa, o pesquisador não necessitará
informar sua relação com esta empresa.
111
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 09
Um médico da Unidade Básica de Saúde encontrava-se diante de uma difícil situação que
envolvia o atendimento de uma criança de dois anos de idade, em que a melhor medicação disponível
para o tratamento não estava disponível gratuitamente para pacientes nessa idade, apesar das evidên-
cias científicas mostrarem que, para outras faixas etárias, há benefício com seu uso. O médico orientou
a mãe sobre a necessidade da medicação, seus importantes efeitos benéficos e os possíveis efeitos
adversos, esclarecendo que utilizá-la seria o ideal para a criança, permitindo que ela optasse pelo uso
de medicação fornecida gratuitamente ou pela medicação que deveria ser adquirida. Por confiar na
opinião do profissional, com base na relação de parceria na atenção a seus doentes, a mãe decidiu
comprar a medicação. A atitude do médico, nesta situação, considerou os princípios fundamentais da
Ética Médica contemporânea e da Bioética. Nesta situação, evidencia-se o princípio
A) da beneficência.
B) da não-maleficência.
C) da justiça.
D) do assentimento.
E) da autonomia
Questão 10
Paciente com 30 anos de idade, primigesta, ao fazer sua ultrassonografia para avaliar a espes-
sura da prega nucal, recebeu o exame com duas fotografias, identificadas e datadas. Uma das fotogra-
fias apresenta a face do feto em posição sagital e a outra com a visualização do polo cefálico no corte
transversal, demonstrando a ausência da calota craniana e ausência de parênquima cerebral identificá-
vel. Considerando que a paciente não deseja prosseguir com a gravidez, a orientação correta a ser
fornecida é que a interrupção da gravidez
A) não pode ser realizada em hipótese alguma, devendo a gravidez ser mantida até o termo.
B) pode ser realizada, somente após obtenção de autorização judicial e assinatura de termo de con-
sentimento informado pela paciente e seu esposo.
C) somente pode ser realizada se a gravidez incorrer em risco de vida para a gestante, devendo esse
laudo ser assinado por dois médicos capacitados.
D) é permitida somente se o achado ultrassonográfico for confirmado definitivamente por ultrassono-
grafia morfológica realizada entre 20-24 semanas de gestação.
E) é permitida com base em laudo ultrassonográfico assinado por dois médicos capacitados, conten-
do as fotos do exame, e após assinatura pela paciente de termo de consentimento informado para sub-
meter-se ao procedimento.
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QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 11
Uma famosa modelo profissional de 22 anos, acompanhada de sua mãe, procura um cirurgião
plástico para a realização de um novo procedimento estético que ele inventou e tem feito extensa divul-
gação na mídia. Após a cirurgia, o resultado não agradou e a paciente decidiu processar o médico pelo
mau resultado, questionando a técnica utilizada bem como o fato de ter havido divulgação de suas
fotos durante sua internação pelos funcionários da clínica. Na sua defesa, o cirurgião alegou que a
paciente foi orientada pela clínica e que assinou o termo de consentimento, tendo sido prestado por
ele toda a assistência necessária. Tendo como base o Código de Ética Médica, no presente caso,
Questão 12
Uma mulher com 50 anos de idade comparece, com sua atual companheira de 34 anos de
idade, a uma consulta com o ginecologista solicitando informações sobre a possibilidade de terem
filho do sexo masculino. O casal é hígido e nega antecedentes de doenças genéticas em familiares.
Nessa situação, de acordo com as normas éticas do Conselho Federal de Medicina, deve-se informar
ao casal que as técnicas de reprodução assistida
113
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 13
Um homem com 58 anos de idade é atendido no ambulatório de cirurgia, após ser encaminha-
do pelo clínico para realização de colecistectomia e exploração de vias biliares. Esteve internado
recentemente com quadro de pancreatite biliar aguda (microcálculos na vesícula biliar), resolvida clini-
camente. No último ano, o paciente já apresentou 3 episódios dolorosos semelhantes. É tabagista por
30 anos e portador de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) moderada, pouco responsiva ao
broncodilatador. Ao exame físico, o paciente apresentase lúcido, consciente e orientado, com dispneia
leve, e sibilos e roncos na ausculta pulmonar. O cirurgião confirma a indicação da cirurgia devido ao
risco de novo episódio de pancreatite, que pode ser grave e comprometer a vida do paciente. Ao tomar
conhecimento dos riscos apresentados no termo de consentimento, o paciente se recusa a realizar o
procedimento por medo das complicações decorrentes da DPOC e por ter a sensação de que vai
morrer, caso se submeta à cirurgia. Considerando essa situação e os aspectos éticos e legais que
regem a profissão médica, qual deve ser a conduta da equipe médica?
A) Solicitar ao paciente que procure outro médico, com base na quebra de confiança da relação médi-
co-paciente, fundamentada no princípio de não causar dano, que, em casos específicos, sobrepuja e
se opõe ao princípio da autonomia do indivíduo.
B) Respeitar a vontade do paciente, considerando o princípio da autonomia da vontade, que impede
que o médico efetue qualquer procedimento médico sem o esclarecimento e o consentimento prévios
do paciente ou de seu representante legal, exceto em caso de iminente perigo de vida.
C) Denunciar o paciente à Comissão de Ética do hospital, considerando quebra do princípio da benefi-
cência e não maleficência do ato médico, ancorado nas evidências científicas da medicina, pois carac-
terizouse o risco elevado de novo episódio de pancreatite aguda grave com risco de morte.
D) Conversar com a família sobre a necessidade de ser realizada tal cirurgia, explicando os riscos e os
benefícios para o paciente, caso seja operado ou não, e solicitar que ela autorize a cirurgia, mesmo
contra a vontade do paciente, com base no princípio da ação persuasiva e no da beneficência e não
maleficência do ato médico.
Questão 14
Observe a figura abaixo, que representa a taxa de mortalidade ajustada pela população mundial
por câncer do colo do útero, nas regiões do brasil, no período de 1983 a 2013.
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QUESTÕES
QUESTÕES
A) Ter, por objetivo-fim, a estabilização da incidência de câncer de colo do útero, bem como a morbida-
des e a mortalidade por essa doença como parte das ações primordiais indicadas no Plano de Ação
Global para a prevenção e o controle da DNTs 2013-2020.
B) Estruturar diferente grupos de trabalho com foco em elementos gerais do programa nacional, em
face dos desafios mais comuns para o controle e propor medidas para aborda-los nos níveis secundá-
rio e terciários da rede de atenção do sistema de saúde.
C) Planejar e divulgar os componentes programáticos nos níveis primeiros, secundários e terciários,
assegurando que os profissionais de saúde sejam mantidos como elementos estratégicos a serem
avaliados e monitorados periodicamente nas atividades do programa.
D) Planejar atividades de prevenção primária, secundária e terciária (que inclui tratamento), além de
acesso a cuidados paliativos e considerar o monitoramento e a avaliação componentes essenciais de
programas de prevenção e controle de câncer de colo de útero.
Questão 15
Um médico da Unidade Básica de Saúde recebeu do Agente Comunitário de Saúde o comuni-
cado de óbito de um paciente que o médico acompanhava, vítima de atropelamento. No local do ocor-
rido, já estava presente uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência. Nessa situação, o
atestado de óbito deve ser preenchido pelo médico:
A) do hospital de referência.
B) da Unidade Básica de Saúde.
C) do Instituto Médico Legal local.
D) do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência
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QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 16
Uma mulher de 23 anos de idade foi admitida na Emergência em trabalho de parto, com ruptura
de bolsa uterina. Ela estava na 40a semana de gestação e com pressão arterial de 170 x 100 mmHg.
Duas horas após o parto, apresentou crise convulsiva, sendo controlada com medicação. Uma hora
depois, apresentou nova crise convulsiva, que evoluiu para coma, seguido de parada cardíaca irreversí-
vel e óbito. A figura a seguir apresenta o formulário relativo ao atestado de óbito.
A) Parte I: a - coma; b - crise convulsiva; c - crise hipertensiva. Parte II: (sem preenchimento).
B) Parte I: a - parada cardíaca; b - coma; c - edema cerebral; d - crise convulsiva. Parte II: eclâmpsia.
C) Parte I: a - parada cardíaca; b - coma; c - crise convulsiva; d - crise hipertensiva. Parte II: hiperten-
são.
D) Parte I: a - coma; b - edema cerebral; c - crise convulsiva; d - eclâmpsia no puerpério. Parte II: gesta-
ção de 40 semanas.
Questão 17
Mulher com 81 anos de idade, fumante há 60 anos, deu entrada em hospital geral com quadro
de dispneia intensa, que evoluiu para óbito dois dias após a internação. Na admissão fez-se o diagnós-
tico de embolia pulmonar e trombose venosa profunda em membro inferior direito. O preenchimento
adequado da declaração de óbito é:
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QUESTÕES
QUESTÕES
A Parte I: a. embolia pulmonar; b. trombose venosa profunda; c. tabagismo. Parte II: (sem preenchimen-
to).
B Parte I: a. dispneia intensa; b. trombose venosa profunda; c. tabagismo. Parte II: embolia pulmonar.
C Parte I: a. embolia pulmonar; b. trombose venosa profunda. Parte II: tabagismo.
D Parte I: a. dispneia intensa; b. trombose venosa profunda. Parte II: tabagismo.
E Parte I: a. trombose venosa profunda. Parte II: embolia pulmonar.
Questão 18
Homem com 76 anos de idade, portador de insuficiência cardíaca terminal e doença coronaria-
na, é acompanhado pelo médico da Equipe de Saúde da Família há dois anos, com visitas domiciliares
periódicas. Durante o seu turno de trabalho na Unidade de Saúde da Família, os familiares procuram o
médico e informam que o paciente acabara de falecer em seu domicílio. O procedimento em relação à
emissão da declaração de óbito e ao preenchimento da causa básica do óbito é:
Questão 19
Um homem de 42 anos de idade, servidor público, motorista do SAMU 192 (suporte avançado)
há 22 anos consultou-se com ortopedista de sua própria equipe queixando-se de forte dor em região
lombar havia 3 meses, com irradiação para a região medial dos membros inferiores. O ortopedista
receito-lhe analgésico e entregou-lhe um relatório no qual sugeria afastamento do trabalho para investi-
gação diagnóstica, fisioterapia e repouso por 15 dias. O servidor foi encaminhado ao departamento de
saúde do trabalhador para a realização de perícia médica, tendo seu pedido de licença negado sob a
alegação de que deveria primeiramente realizar os exames indicados para diagnóstico e tratamento
adequados. Diante dessa situação, o motorista avisou à sua equipe que faltaria ao plantão por 2 sema-
nas. A equipe informou o fato a sua chefia imediata, que apontou falta injustificada ao motorista e
aplicou-lhe advertência. Nesse caso, o motorista deveria:
A) Ajuizar ação contra a sua equipe, por falta de relacionamento ético-profissional, solicitando repara-
ção por danos morais.
B) Ter se comunicado primeiro com a própria equipe de trabalho; não ter faltado aos plantões e ter
acertado a adaptação ao seu assento.
C) Ajuizar ação conta a sua chefia imediata para a obtenção de mandado de segurança, a fim de ser
ressarcido dos dias descontados em seu salário.
D) Ter comunicado o fato ao setor de recursos humanos e a sua chefia imediata e aguardado o posicio-
namento deles antes de comunicar a sua ausência à equipe
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QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 20
Maquinista de ferrovia, com 36 anos de idade, comparece à Unidade Básica de Saúde com
história de lombalgia há seis meses, de início insidioso, com piora progressiva e, mais recentemente,
irradiação para o membro inferior esquerdo. Ao exame, notam-se discreta claudicação, supradesnivela-
mento da escápula esquerda, contratura muscular subescapular e lombar ipsilateral, limitação da flexo-
-extensão da coluna, com retorno lento à ortostase após fácies de dor. O sinal de Lasègue é positivo.
Perguntado sobre suas atividades profissionais, informa que trabalha em ambiente muito quente (próxi-
mo à caldeira da locomotiva) e ruidoso, e que a sua tarefa mais frequente é alimentar a caldeira com
movimentos repetidos, quando permanece com o tronco abaixado. Sobre a responsabilidade de emis-
são de Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) neste caso, é correto afirmar que:
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QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 21
Um homem de 70 anos de idade sentiu mal-estar durante discussão familiar com o filho em
casa e procura a Unidade Básica de saúde de referência onde faz acompanhamento com médico de
família, para aferir a pressão arterial (PA. Após aferição da pressão arterial= 160X90mmHg, o técnico
de enfermagem informa que não há mais vagas na agenda do médico. Então, a família decide levar o
paciente a uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), onde o médico prescreve captopril (25mg). A
pressão arterial é normalizada após cerca de 40 minutos e o paciente é liberado com encaminhamento
para a realização de acompanhamento com o cardiologista e nefrologista. No que se refere ao atendi-
mento prestado a esse paciente assinale a opção correta.
A) O fluxo de encaminhamentos está correto porque casos graves como o descrito devem ser tratados
em níveis de atenção de maior complexidade tecnológica.
B) A Atenção Primária deve ser a porta de entrada do sistema de saúde, devendo atender a todos, o
que determina que esse paciente fosse incluído na agenda do médica.
C) O médico da UPA deveria ter referenciado o paciente para seguimento da Atenção Primária, pois
esse nível de atenção é o responsável pela coordenação do cuidado.
D) Como há pouca disponibilidade de exames complementares na Atenção Primária, o médico da UPA
seguiu os trâmites da regionalização em saúde para a Atenção terciária.
Questão 22
Uma adolescente com 16 anos de idade, após o parto de seu segundo filho, retorna a Unidade
Básica de Saúde (UBS) para consulta de puericultura. O médico após examina-la, orienta-a acerca
das opções potenciais de métodos contraceptivos, alguns deles fornecidos na própria UBS e outros
disponíveis na unidade de referência do programa Saúde da Mulher do município. Essa ação em parti-
cular, centrada nas necessidades das pessoas e articulada nos diversos níveis de complexidade do
sistema de saúde, é a expressão de qual princípio do Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil?
A) Controle Social.
B) Regionalização.
C) Integralidade.
D) Equidade.
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QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 23
Uma mulher com 28 anos de idade recebe a visita em sua residência de uma Agente Comunitá-
ria de Saúde (ACS), pois está completando 28 semanas de gestação e ainda não compareceu a
nenhuma consulta de pré-natal. Tem outros 2 filhos, um com 2 anos de idade e outro com 8 anos de
idade. Refere que não trabalha e não comparece ao pré-natal porque não tem com quem deixar os
filhos. Diz depender de doações para sobreviver. No momento da visita, refere disúria e polaciúria. Pos-
teriormente, em reunião de equipe, a ACS coloca o caso em discussão e a equipe decide realizar as
seguintes ações: visita da auxiliar de enfermagem e enfermeira no mesmo dia para examinar a paciente
e coletar urina e sangue; visita da médica da equipe na semana seguinte; acionar o Serviço Social para
que oriente a paciente a respeito de benefícios assistenciais e da possibilidade de inserir a criança de
2 anos de idade em creche e a de 8 anos de idade em escola. Considerando a situação apresentada,
as ações programadas pela equipe de saúde estão orientadas por qual princípio do SUS?
A) Integralidade.
B) Regionalização.
C) Descentralização.
D) Participação popular.
Questão 24
Leia a notícia abaixo: CAMPINAS - No mesmo dia em que dois representantes do Ministério da
Saúde chegaram a Campinas para avaliar o pedido de ajuda para que a Força Nacional do Sistema
Único de Saúde (FN- -SUS) atue no combate da maior epidemia de dengue vivida na cidade, a Secre-
taria Municipal de Saúde confirmou nesta terça-feira, 22/04/2014, a segunda morte provocada pela
doença. Faltam profissionais de saúde para o atendimento na rede de atenção primária e secundária
de saúde da cidade. O secretário municipal de saúde também cogita solicitar auxílio do Governo do
Estado para o envio de profissionais de saúde para esses locais. Disponível em: Acesso em: 25 de jun.
2014 (Adaptado). Considerando as atribuições das diferentes esferas governamentais no Sistema
Único de Saúde nessas situações, é correto afirmar que
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QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 25
O Conselho Local de Saúde (CLS) de uma Unidade Básica de Saúde convocou uma reunião
extraordinária para discutir os problemas enfrentados pelo fornecimento irregular de medicamentos
aos usuários. Na opinião da farmacêutica responsável, o grande entrave é a falta de critérios para a
distribuição de medicamentos no município. Isso faz com que essa Unidade receba a mesma quantida-
de de medicamentos que as demais, apesar de possuir características populacionais diferenciadas,
com um número proporcionalmente maior de idosos. A maioria dos participantes achou a argumenta-
ção correta e aprovou uma proposta de fornecimento de medicamentos de acordo com a base epide-
miológica da população atendida. Como o CLS deveria proceder para encaminhar corretamente essa
demanda?
A) O CLS deve convocar uma Conferência Municipal de Saúde para inserir o tema em sua pauta de
debates junto à comunidade.
B) A proposta deverá ser entregue aos Conselhos Municipais de Saúde pelo representante dos usuá-
rios, uma vez que as reuniões plenárias são fechadas ao público.
C) Para sua resolução o problema da distribuição de medicamentos e a proposta do CLS devem ser
encaminhados aos membros do Conselho Municipal de Saúde para discussão plenária.
D) O CLS deve encaminhar a proposta ao Secretário Municipal de Saúde, uma vez que o planejamen-
to, execução e controle da política municipal de saúde é tarefa exclusiva do gestor municipal.
Questão 26
Em relação aos indicadores da Rede Cegonha, as equipes da Estratégia de Saúde da Família
da sua cidade apresentaram o gráfico acima. A meta da gestão é alcançar 80% de gestantes cadastra-
das. O consultor da Secretaria de Saúde, que tem recursos financeiros limitados, recomenda uma
oficina de sensibilização e treinamento, a fim de reverter o panorama atual. Dentre os componentes das
equipes, qual o público alvo preferencial para a oficina surtir mais efeito?
A) Médicos.
B) Enfermeiros.
C) Agentes Comunitários de Saúde.
D) Auxiliares e Técnicos de Enfermagem.
E) Coordenadores das Unidades de Saúde.
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QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 27
Considere que um médico é convidado para participar da reunião da Comissão Intergestores
Bipartite (CIB) para explicar sobre o fluxograma de atendimento dos pacientes diabéticos sem compli-
cações crônicas residentes na capital. Segundo o Decreto Presidencial n.° 7.508, de 28/06/2011, que
regulamentou a Lei Orgânica da Saúde (Lei n.° 8.080, de 19/09/1990) para garantir o princípio da
integralidade, este grupo de pacientes deverá, no acompanhamento inicial, ser referenciado para a
seguinte porta de entrada do Sistema Único de Saúde (SUS):
A) atenção primária.
B) atenção secundária.
C) atenção domiciliar.
D) vigilância de doenças crônicas.
E) atenção em ambulatório especializado.
Questão 28
Em uma reunião de planejamento com os gerentes das Unidades de Atenção Básica de um
município de médio porte, são avaliados os motivos das falhas nos fluxos dos usuários em relação aos
serviços de Urgência e Emergência locais. Para que essa discussão seja produtiva, o gestor local
esclareceu, para os participantes da reunião, conceitos importantes sobre Redes de Atenção no Siste-
ma Único de Saúde. Entre os conceitos apresentados pelo gestor sobre o tema, quais estão previstos
nas normas do SUS?
A) Os pontos de atenção a Urgência e Emergência nas Redes de Atenção à Saúde são as estruturas hospitala-
res terciárias, que possuem instrumental tecnológico apropriado para estas condições, sendo que estes pontos
devem estar interligados com os demais níveis através de um transporte sanitário adequado.
B) As Redes de Atenção à Saúde caracterizam-se pela formação de relações verticais entre os pontos de aten-
ção, tendo como porta de entrada a Atenção Primária à Saúde, pois este nível é o responsável pela triagem
inicial dos pacientes e o encaminhamento primário para os pontos de cuidado mais apropriados para cada caso.
C) Os pontos de atenção a Urgência e Emergência devem estar no centro das Redes de Atenção à Saúde, pois
nesses locais são realizados cuidados essenciais à saúde das pessoas, assim como a efetiva comunicação e
coordenação do cuidado dentro da Rede por meio do apoio de sistema técnico, logístico e de gestão entre os
níveis.
D) As Redes de Atenção à Saúde são definidas como um modelo linear de cuidado dentro do sistema de saúde.
Elas orientam gestores e usuários sobre a porta de entrada e o escalonamento entre os diversos níveis de densi-
dade tecnológica no sistema, com os seus objetivos de prestação de serviços singulares.
E) Nas Redes de Atenção à Saúde, todos os pontos de atenção são igualmente importantes para que se cum-
pram os objetivos do cuidado integral, que deve ser realizado por meio de relações horizontais entre os diversos
níveis de atenção, que diferenciam-se apenas pelas distintas densidades tecnológicas que os caracterizam.
122
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 29
Na pesquisa realizada para avaliação da implantação da Estratégia da Saúde da Família no
Brasil, publicada pelo Ministério da Saúde em 2006, a tendência geral observada foi a melhoria dos
indicadores de saúde nos municípios de IDH baixo (< 0,7). Esses dados mostram o cumprimento de
qual dos princípios do SUS listados abaixo?
A) Equidade.
B) Integralidade.
C) Hierarquização.
D) Resolubilidade.
E) Descentralização.
Questão 30
Os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS) determinam que o planejamento e
o orçamento em saúde
B) e os Conselhos de Saúde.
C) ficam vinculados ao Plano de Saúde, de forma que apenas situações de emergência ou calamidade
pública podem justificar a destinação de recursos não constante do Plano.
D) iniciam-se no nível local mediante negociação e consenso nos níveis estadual e federal, podendo os
Secretários Municipais, Estaduais e o Ministro da Saúde se reunirem nas Comissões Intergestores, se
avaliarem necessário.
E) passam pela atuação das Comissões Intergestores Tripartite e Bipartite, instâncias de pactuação
consensual entre os entes federativos para definição das regras da gestão compartilhada do SUS, que
serão ouvidas nos anos de elaboração do Plano de Saúde e nos anos de realização das Conferências
de Saúde.
123
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 31
A Lei n.º 8 080, de 18 de setembro de 1990 dispõe sobre as condições para a promoção,
proteção e recuperação da saúde e a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes.
Trata-se do instrumento que, no artigo 4º, cria o Sistema Único de Saúde. No Capítulo III, prevê as
Comissões Intersetoriais, criadas com a finalidade de
A) articulação de políticas e programas de saúde, cuja execução envolva áreas não compreendidas no
Sistema Único de Saúde (SUS).
B) negociação e pactuação entre gestores quanto a aspectos operacionais, financeiros e administrati-
vos da gestão compartilhada do SUS.
C) representação dos entes estaduais e municipais incumbidos para tratar de matérias referentes à
saúde.
D) desenvolvimento permanente de ações conjuntas entre municípios e os serviços que lhes corres-
pondam.
E) integração de recursos técnicos e práticas voltadas para a cobertura total das ações de saúde.
Questão 32
Um município de pequeno porte tem apresentado dificuldades na execução de suas atividades
de saúde de nível secundário de atenção. Com o objetivo de aumentar a resolubilidade do mesmo,
qual ação pode ser tomada?
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QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 33
A figura abaixo representa as fases da Influenza Pandêmica de 2009 estabelecida pela Organi-
zação Mundial de Saúde (OMS). Atualmente, a fase de alerta pandêmico para H1N1 é a de pós-pan-
demia
Questão 34
Em reunião da Equipe de saúde da Família com profissionais do Núcleo de Apoio à Saúde da
Família, põe-se em discussão o caso de um homem com 50 anos de idade e histórico de hipertensão
arterial, tabagismo, obesidade e má adesão ao tratamento medicamentosos e não medicamentoso. A
equipe começa a discutir formas de abordagem ao paciente. Como estratégia de abordagem para a
mudança de estilo de vida desse paciente, é adequado à equipe:
A) Informar ao paciente sobre as consequências clinicas que a não adesão ao tratamento pode acarre-
tar e repetir várias vezes o aconselhamento.
B) Focar a abordagem da ambivalência e, se necessário, utilizar o paradoxo terapêutico para lidar com
a resistência do paciente.
C) Focar a abordagem baseada no confronto das negações que o paciente relata ao resistir ás mudan-
ças propostas.
D) Informar ao paciente sobre as soluções de mudança, enfatizando aquelas com impacto significativo
no seu estilo de vida.
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QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 35
Um menino de 7 anos de idade é encaminhado à Unidade Básica de Saúde (UBS) pela escola
devido ao fato de que não conseguia aprender a ler, o que tem impacto a seu desempenho escolar no
último ano. Segundo relato do psicólogo do colégio, suspeita-se que a menina tenha déficit de aten-
ção. De acordo com o histórico familiar, a criança é um dos 3 filhos de um casal que mora em uma casa
de dois quartos. A avaliação da Equipe de saúde da Família revela que o comportamento do menino
em casa é tranquilo, que ele apresenta concentração em suas atividades e brinca com seus irmãos;
não troca letras; não troca fonemas; não esquece atividades corriqueiras. Ao médico da equipe, a
criança refere não gostar da escola porque sua professora não gosta dele. O médico chama a profes-
sora à UBS e, juntamente com sua equipe, reestabelece um canal de diálogo entre a professora e o
menino. Após 2 meses, a equipe recebe a notícia de que a criança está evoluindo bem na escola. O
conjunto de medidas adotadas na condução desse caso insere-se como prevenção:
A) Quaternária.
B) Terciária.
C) Secundária.
D) Primária.
Questão 36
Um município de 15 mil habitantes deseja cobrir 100% do seu território com equipes de Saúde
da Família para organizar a Atenção Básica e melhorar seus indicadores de saúde. O gestor responsá-
vel deve apresentar um projeto para a implantação de todas as equipes, seguindo os princípios da
Estratégia de Saúde da Família. Nessa situação, o projeto de implantação das equipes deve conter:
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QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 37
Em uma pequena cidade, de oito mil habitantes, foi iniciada uma nova gestão municipal, que
buscou implementar o modelo de Estratégia de Saúde da Família. A população, entendendo que o
atendimento poderia piorar, reagiu negativamente. A fim de sensibilizar a população em prol da consoli-
dação do modelo, uma equipe da Secretaria Estadual de Saúde foi mobilizada. Para alcançar este
objetivo, durante uma reunião com a comunidade, a equipe explicitou os princípios do novo modelo.
Entre os argumentos apresentados abaixo, qual seria o correto para a equipe utilizar?
Questão 38
Considere que um médico é convidado para participar da reunião da Comissão Intergestores
Bipartite (CIB) para explicar sobre o fluxograma de atendimento dos pacientes diabéticos sem compli-
cações crônicas residentes na capital. Segundo o Decreto Presidencial n.° 7.508, de 28/06/2011, que
regulamentou a Lei Orgânica da Saúde (Lei n.° 8.080, de 19/09/1990) para garantir o princípio da
integralidade, este grupo de pacientes deverá, no acompanhamento inicial, ser referenciado para a
seguinte porta de entrada do Sistema Único de Saúde (SUS):
A) atenção primária.
B) atenção secundária.
C) atenção domiciliar.
D) vigilância de doenças crônicas.
E) atenção em ambulatório especializado
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QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 39
Um médico que trabalha em uma comunidade urbana de médio porte foi convidado para partici-
par de uma entrevista numa rádio local. O objetivo da entrevista era conscientizar a população sobre o
enfrentamento de epidemia da dengue que o município passava no momento. Quando foi indagado
sobre a importância da Atenção Básica nesse enfrentamento, o médico utilizou os conceitos estabele-
cidos na Política Nacional de Atenção Básica do Ministério da Saúde. De acordo com esse documen-
to, qual das alternativas abaixo está correta em relação ao papel da Atenção Básica no enfrentamento
da dengue?
A) Uma das responsabilidades da Atenção Básica é a vigilância epidemiológica, que, por meio de seus
agentes comunitários de saúde, deve identificar e atuar sobre os focos do vetor da dengue, realizando
a promoção em saúde.
B) A Atenção Básica é o nível de atenção à saúde responsável pela centralidade do cuidado às pesso-
as, com atividades de assistência integral à saúde da população, sendo, por isso, fundamental no
enfrentamento da epidemia de dengue.
C) A Atenção Básica utiliza tecnologias de baixa complexidade e alta densidade, conseguindo solucio-
nar os problemas de saúde mais frequentes e mais relevantes da população, como na situação da
epidemia de dengue.
D) A Atenção Básica realiza a promoção da saúde e prevenção das doenças e, numa epidemia de
dengue, este nível de atenção serve para realizar a triagem e encaminhamentos dos casos para os
outros níveis.
E) O propósito da Atenção Básica é realizar os procedimentos básicos de cuidado à saúde de forma
individual, atuando na epidemia da dengue através de consultas e procedimentos médicos.
Questão 40
A prefeitura de um pequeno município do interior contratou profissionais de saúde para implan-
tar três equipes da Estratégia da Saúde da Família que atuarão junto a uma Unidade Básica de Saúde
(UBS). Para iniciar as suas atividades, essas equipes precisam definir os territórios de abrangência e
a população de cada uma delas, conforme preconiza a Política Nacional da Atenção Básica. Que estra-
tégias devem orientar a definição do território?
A) As equipes terão número variável de famílias em territórios estabelecidos pela prefeitura e sem defi-
nição de números mínimos e máximos por equipe.
B) O número de famílias de cada equipe dependerá do grau de vulnerabilidade em cada área, em terri-
tórios definidos pelos Agentes Comunitários de Saúde.
C) Todas as equipes terão sob sua responsabilidade 3 500 pessoas, definidas em territórios contínuos
dentro da área de abrangência da UBS .
D) Os territórios das equipes serão definidos pelas equipes e o número de pessoas adscritas a cada
equipe vai depender da análise de vulnerabilidade das famílias de cada microárea.
E) A definição acerca dos territórios e da população sob responsabilidade de cada equipe da Estraté-
gia da Saúde da Família depende do diagnóstico de vulnerabilidade feito pelo médico.
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QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 41
Um médico é contratado para trabalhar em uma unidade de saúde pertencente à Estratégia de
Saúde da Família. Uma vez por semana, a equipe se reúne para planejamento e avaliação das ações.
O coordenador explica ao médico o funcionamento da unidade de saúde e apresenta os demais mem-
bros da equipe. A equipe é composta pelo médico, o enfermeiro, o técnico de enfermagem, o odontó-
logo, o técnico de higiene dental e seis agentes comunitários de saúde. Na equipe de saúde, caberá
ao médico
Questão 42
Uma equipe da Unidade de Saúde da Família (USF) identificou como problema o grande
número de gestações em adolescentes na sua comunidade. Foi decidido, então, elaborar um Plano de
Ações para o enfrentamento do problema, centrado na busca ativa de pessoas em situação de risco.
Buscou-se parceria com as escolas da área, com as denominações religiosas locais e com a organiza-
ção não governamental que ali atua, fomentando atividades esportivas e educação musical entre ado-
lescentes e adultos jovens. Também foi proposta a solicitação de aumento da variedade de métodos
contraceptivos ofertados na farmácia da USF. Nessa situação, para elaboração do Plano de Ações,
deve-se observar que
A) a definição da situação-objetivo não é indicada, pois a equipe compreenderia, mas frustraria os usu-
ários em caso de não atingimento de metas.
B) as parcerias precisam ser previstas naqueles casos em que o custeio e (ou) financiamento das
ações depende das entidades e dos indivíduos parceiros.
C) indicar responsáveis por cada atividade não é adequado, pela natureza transprofissional da Estraté-
gia de Saúde da Família, já que toda a equipe deve ser solidariamente responsável.
D) o período de execução previsto é um cronograma tentativo, que pode ser atualizado e adaptado
durante a execução de cada ação, conforme o cumprimento de cada atividade e (ou) atrasos.
E) o princípio da boa-fé dispensa a previsão de meios de verificação para checagem do cumprimento
ou não de ações e atividades, pois parte-se de presunção de que toda a equipe está genuinamente
comprometida com as ações programadas.
129
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 43
A Unidade de Saúde da Família (USF) funciona como campo de prática de estudantes de
graduação, pois para lá são encaminhados alunos de Medicina e de Enfermagem. Uma estudante ficou
surpresa com a quantidade de formulários a serem preenchidos pela equipe e afirmou duvidar que
"tanto papel" servisse para tomar decisões na prática. Ela ainda defendeu que deveria ser investido
menos tempo com formulários, liberando os profissionais para o efetivo atendimento aos usuários. Uma
atitude adequada da equipe nesse caso é
A) explicar que, caso a Ficha A para Cadastramento das Famílias não fosse preenchida, não se teria
ideia da evolução do quadro de hipertensos e diabéticos, mas apenas de portadores de tuberculose e
hanseníase, que têm Fichas B de Acompanhamento específicas.
B) ponderar que a Ficha C para Acompanhamento de Crianças torna obrigatório o preenchimento do
Cartão-Sombra para melhor monitorar o crescimento e desenvolvimento infantil e o cumprimento do
calendário vacinal, quando ocorre extravio do Cartão da Criança.
C) demonstrar que a Ficha D para Registro de Atividades, Procedimentos e Notificações informa à
Secretaria de Saúde detalhes sobre a população da área de abrangência da USF, mas que eventuais
usuários atendidos que residam em outras áreas não são tabulados.
D) argumentar que procedimentos coletivos como reuniões, atividades educativas, bochechos fluora-
dos e visitas domiciliares só precisam ser registrados, por seus totais mensais, na Ficha D para Regis-
tro de Atividades, Procedimentos e Notificações, e não individualmente.
E) considerar que as notificações a serem registradas na Ficha D para Registro de Atividades, Procedi-
mentos e Notificações são apenas aquelas referentes a agravos de notificação compulsória, que são
menos prevalentes.
Questão 44
Paciente do sexo masculino, com 45 anos de idade, é dependente químico de cocaína, com
uso por via inalatória e procurou o serviço especializado do CAPS (Centro de Apoio Psicossocial) para
tratamento. A oferta desse atendimento no Sistema Único de Saúde caracteriza ações de que tipo?
A) Prevenção primordial.
B) Prevenção quaternária.
C) Prevenção terciária.
D) Prevenção secundária.
E) Prevenção primária.
130
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 45
Um município de pequeno porte tem apresentado dificuldades na execução de suas atividades
de saúde de nível secundário de atenção. Com o objetivo de aumentar a resolubilidade do mesmo,
qual ação pode ser tomada?
Questão 46
Uma nova Unidade de Saúde da Família será implantada em um município. A territorialização
deverá ser realizada visando obter como primeiro produto
Questão 47
A equipe de gestão de uma Secretaria Municipal de Saúde, ao implantar uma Unidade de
Saúde da Família (USF) em uma área de vulnerabilidade social, reuniu-se para organizar sua agenda
de modo a cumprir a Política Nacional de Atenção Básica (PNAB).Considerando os aspectos organi-
zativos e de gestão dessa política, são responsabilidades do trabalho dessa equipe:
A) garantir que o horário diário de funcionamento das Unidades de Saúde da Família tenha o mesmo
padrão em todos os territórios.
B) dialogar com a comunidade acerca das características e organização do serviço, de modo a estabe-
lecer sua efetiva implantação.
C) garantir atendimento e cadastramento a todos os indivíduos que procuram a USF, independente-
mente do seu local de moradia.
D) oferecer serviços com densidade tecnológica variada e de baixa complexidade, capazes de captar
usuários mais resistentes e garantir resolutividade.
131
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 48
Uma análise histórica de alguns indicadores brasileiros referentes às últimas décadas, tais
como a distribuição etária da população, o coeficiente de fecundidade e mortalidade, o perfil epidemio-
lógico das doenças mais prevalentes e os hábitos alimentares predominantes, permite inferir que
houve:
Questão 49
O gestor de saúde de um município de 200.000 habitantes no Brasil desenvolveu um estudo
para estimar a prevalência de hipertensão arterial sistêmica para o planejamento da atenção à saúde
dessa população, especialmente a dispensação de medicamentos anti-hipertensivos. Em uma amostra
de 2500 pessoas pesquisadas 20% (IC 95% = 18,5 – 21,5) apresentavam diagnóstico de hiperten-
são e já tinham indicação de tratamento medicamentoso. No mesmo ano em que foi desenvolvida a
pesquisa, 19% da população utilizou as farmácias municipais e privadas para tratamento da hiperten-
são. - Considerando essas informações, assinale a alternativa correta acerca dessa situação epidemio-
lógica.
A) A adesão ao tratamento da hipertensão está adequada, uma vez que a proporção de paciente s que
utilizam as farmácias para esse tratamento pode ser igual à prevalência estimada da hipertensão.
B) A adesão ao tratamento da hipertensão não pode ser avaliado, uma vez que a proporção de pacien-
te que utilizam as farmácias para esse tratamento está abaixo da prevalência estimada de hipertensão.
C) São necessárias campanhas de orientação para a prevenção secundária da hipertensão arterial,
pois a prevalência estimada no município é muito maior do que a prevalência atual no país.
D) A estimativa da prevalência de hipertensão arterial no município varia de 18,5% a 21,5%, o que
dificulta a implementação de políticas estratégicas de adesão ao tratamento nesse município em parti-
cular.
132
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 50
Visando aferir, em nosso meio, os fatores que influenciam no crescimento de pré-escolares,
com destaque para a suplementação nutricional, foi desenvolvido um estudo em uma população de
bairro periférico de uma cidade do interior paulista. Durante um ano, em quatro observações trimes-
trais, acompanhou-se a evolução de indicadores de peso e altura de 444 crianças, identificadas em
censo específico. Entre essas, 164 eram assistidas por creche local, enquanto as outras 280 não rece-
biam esse tipo de tratamento. A admissão a essa creche dava-se por meio da comprovação de que a
mãe trabalhava fora do lar. O plano analítico adotou a análise multivariada por regressão linear múltipla.
Quanto ao delineamento, podemos afi rmar que esse estudo é
A) randomizado.
B) quasi-experimental.
C) caso-controle.
D) descritivo.
E) transversal.
Questão 51
Na Enfermaria de um quartel militar constatou-se um aumento súbito e importante de casos de
afecções entéricas. Foram identificados 180 indivíduos adultos, do sexo masculino, que apresentaram
às 14h (mediana do tempo de início dos sintomas) do dia 13 de janeiro de 2015, quadro de diarreia
frequente e não volumosa, contendo pus ou sangue, dores abdominais intensas e febre. Não foram
detectados casos de maior gravidade. Todos os doentes haviam participado de um jantar comemorati-
vo ocorrido no quartel no dia anterior. Estavam presentes no jantar 220 pessoas. Após a investigação,
o fato foi considerado um Surto de Doença Diarreica Aguda por transmissão alimentar. Duas possíveis
fontes de infecção foram identificadas, conforme tabela a seguir:
Número total de indivíduos adultos, do sexo masculino, que participaram do jantar comemorati-
vo no quartel, no dia 12 de janeiro de 2015
133
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 52
A Equipe de Saúde da família de determinada Unidade Básica de Saúde (UBS) na região Norte
do pais iniciou em 2017, o planejamento e o desenvolvimento de algumas atividades estratégicas que
incluíam ações voltadas para: 1. Busca ativa e diagnóstico de hanseníase. 2. busca ativa de sintomáti-
cos respiratórios. 3. condução de grupo de orientação alimentar para pessoas com diabetes melito e
hipertensão arterial sistêmica. 4. implementação de campanha de incentivo à realização de testes rápi-
dos para detecção de hepatites virais B e C. Espera-se, com esses medidas, que os indicadores de
saúde, na área de abrangência dessa UB, tenham a seguinte evolução:
Questão 53
O gráfico a seguir mostra a evolução da taxa de incidência de sífilis congênita em menores de
1 ano de idade, por mil nascidos vivos, no Brasil e em suas regiões, entre 2004 e 2013.
134
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 54
A tuberculose (TB) é um problema de Saúde Pública no Brasil. A identificação precoce de pes-
soas com TB é imprescindível para a quebra da cadeia de transmissão da doença. No Brasil, em 2008,
a TB foi a quarta causa de morte por doenças infecciosas e a primeira causa de morte em pacientes
com Aids. Com o aumento do número de casos de pacientes com Aids na população prisional, eleva-
-se a quantidade de pacientes com TB. Neste cenário, o indicador que expressa o número de casos
novos da doença nesta população no período de 1 ano é:
A) letalidade.
B) incidência.
C) morbidade.
D) prevalência.
E) mortalidade.
Questão 55
A secretaria de saúde de um município está em processo de compra emergencial de kits para
detecção sorológica de dengue. Conforme deliberação do Centro de Vigilância em Saúde do Estado,
o município precisa de um exame que tenha elevada probabilidade de identificar os pacientes “verda-
deiros positivos” entre os indivíduos realmente portadores de dengue. Na tomada de decisão para a
compra desses kits, essa probabilidade deverá ser procurada sob que termo?
135
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 56
Na tabela a seguir, são apresentadas as distribuições, por região do brasil, dos óbitos de crian-
ças com até um ano de vida, segundo faixa etária, para o ano de 2013. Considerando os dados apre-
sentados nessa tabela, assinale a alternativa que apresenta a faixa etária com maior taxa de mortalida-
de no brasil em 2013, e as principais causas de óbito a ela associadas:
Questão 57
Considere que, em uma cidade de dois milhões de habitantes, houve 400 casos de gripe pelo
vírus H1N1, no ano de 2009. Oito pessoas faleceram. O cálculo do coeficiente de letalidade das infec-
ções pelo vírus H1N1 nessa cidade resulta em que valor?
A) 0,000004
B) 0,0002
C) 0,02
D) 0,04
E) 0,2
Questão 58
Considere uma comunidade rural, onde um número aparentemente elevado de neonatos com
má formação congênita é atribuído pelas mães agricultoras aos agrotóxicos utilizados na lavoura. Ao
realizar um estudo de coorte retrospectivo dos nascimentos ocorridos na cidade nos últimos três anos,
foi encontrado um risco relativo igual a 1,5, com um intervalo de confiança de 95%, entre 1,02 e 2,57.
Qual a interpretação desse estudo?
A) Mães agricultoras têm risco 50% maior de conceber filhos com má formação congênita em relação
a mães não-agricultoras.
B) Mães agricultoras têm risco 95% maior de conceber filhos com má formação congênita em relação
a mães não-agricultoras.
C) Mães agricultoras têm risco 102% maior de conceber filhos com má formação congênita em rela-
ção a mães não-agricultoras.
D) Mães agricultoras têm risco 150% maior de conceber filhos com má formação congênita em rela-
ção a mães não-agricultoras.
E) Mães agricultoras têm risco 257% maior de conceber filhos com má formação congênita em relação
a mães não-agricultoras.
136
GABARITO
Saúde Pública - SUS
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 01 - D Questão 03 - C
Questão 02 - A
Questão 04 - C
A solução para esta resposta está presente no protocolo de Agravos e doenças de Notificação com-
pulsória. A coqueluche é um exemplo de doença que deve ser notificada em menos de 24h, por tratar-
-se de uma patologia considerada erradicada.
Questão 05 - C
A programação vacinal anual deve ser realizada sempre. Além disso, o ambiente é bastante propício
para o desenvolvimento da doença. Outra medida muito importante é o isolamento dos casos suspei-
tos que é uma forma de prevenir surgimento de novos casos.
Questão 06 - B Questão 09 - E
Questão 07 - B Questão 10 - E
Questão 08 - D
Questão 11 - C
Código de Ética Médica*
http://www.portalmedico.org.br/novocodigo/integra.asp
Questão 12 - A
Questão 13 - B
É importante que o profissional respeite sempre as diretrizes do código de ética: Respeitar a vontade
do paciente, considerando o princípio da autonomia da vontade, que impede que o médico efetue
qualquer procedimento médico sem o esclarecimento e o consentimento prévio do paciente ou de seu
representante legal, exceto em caso de iminente perigo de vida.
138
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 14 - D
A prevenção primária no câncer de colo uterino consiste em educação sexual e vacinação contra o
HPV. A secundária consiste na realização do preventivo, e a terciária em evitar complicações quando
doença já está presente. Os cuidados paliativos são para os casos que não tem cura. Deve haver o
monitoramento do programa de prevenção para comprovar sua eficácia.
Questão 15 - C
Por ser morte violenta o atestado de óbito deve ser preenchido pelo IML. O Conselho Federal de Medi-
cina, através da Resolução CFM n.º 1-290/89, estabelece: “No caso de morte violenta ou suspeita é
vedado ao médico assistente atestar o óbito, o que caberá ao médico legalmente autorizado; Entende-
-se por morte violenta aquela que é resultante de uma ação exógena e lesiva, mesmo tardiamente;”
Questão 16 - D Questão 19 - D
Questão 17 - C Questão 20 - A
Questão 18 - D
Questão 21 - C
A atenção básica é a principal porta de entrada no SUS e deve resolver a maioria dos problemas de
saúde, devendo ser encaminhado apenas os casos que não podem ser resolvidos na atenção primária,
como a realização de exames ou consultas com especialistas. O paciente da questão não apresenta
complexidade para ser direcionado ao especialista, podendo fazer seu segmento na atenção básica.
Questão 22 - C
O princípio da integralidade está relacionado à condição integral, e não parcial, de compreensão do
ser humano. A integralidade contempla as ações de prevenção, promoção, cura e recuperação da
saúde.
Questão 23 - A
Segundo a Fiocruz: A ‘integralidade’ como definição legal e institucional é concebida como um conjun-
to articulado de ações e serviços de saúde, preventivos e curativos, individuais e coletivos, em cada
caso, nos níveis de complexidade do sistema.”
139
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 24 - B
Conforme a Lei no 8.080, de 19 de setembro de 1990 e Portaria no 1.378, de 9 de Julho de 2013.
União: Distribuição de as seringas e vacinas Estado: garantia da realização de análises laboratoriais de
interesse da Vigilância Municípios: Aplicação de vacinas
Questão 25 - C
Encaminhar para discussão plenária que conta com a participação de todos envolvidos no município
com o SUS.
Questão 26 - C Questão 30 - C
Questão 27 - A Questão 31 - A
Questão 28 - E Questão 32 - B
Questão 29 - A Questão 33 - B
Questão 34 - B
A ambivalência é um conflito de sentimentos em que o paciente sabe que está fazendo errado, mas
não consegue mudar. A confrontação da negação é perigosa, uma vez que, ao ser confrontado, o
paciente se torna mais resistente. Repetir várias vezes o aconselhamento parece não funcionar, uma
vez que o paciente tem vários fatores de risco cardiovascular e ainda não se conscientizou disso.
Questão 35 - A
O conceito de prevenção quaternária é evitar danos associados a intervenções médicas como excesso
de medicações ou cirurgias desnecessárias. No caso apresentado em que se suspeitava de Déficit de
atenção, o tratamento seria medicamentoso, porém o médico solucionou o problema sem a necessida-
de de usar medicação, evitando assim iatrogenia.
Questão 36 - B
É importante estarmos atentos, os níveis de atenção dividem-se em primário, secundário e terciário e
níveis de prevenção em primária, secundária, terciária, quaternária
140
QUESTÕES -SUS
QUESTÕES - SUS
Questão 37 - A Questão 44 - C
Questão 38 - A Questão 45 - B
Questão 39 - B Questão 46 - D
Questão 40 - D Questão 47 - B
Questão 41 - A Questão 48 - A
Questão 42 - D
Questão 43 - D
Questão 49 - A
Um dos métodos utilizados para rastrear a adesão ao tratamento para hipertensão, é o rastreamento
de receitas ou de reabastecimento de comprimidos em farmácias, pois assim se pode saber se a
porcentagem da população que utiliza a farmácia para retirar esses medicamentos está de acordo com
a porcentagem da população hipertensa.
Questão 50 - B
Questão 51 - B
Questão 52 - A
A busca ativa para hanseníase causará um aumento no número de casos novos. A busca ativa de sinto-
máticos respiratórios levará a um maior número de diagnósticos de TB. A orientação alimentar para o
grupo de diabéticos e hipertensos diminuirá as complicações dessas patologias, como os casos de
infarto por exemplo. A realização dos testes para hepatite levará a um aumento no número de incidên-
cia dos casos, e logo aumento da prevalência.
141
QUESTÕES -SUS
QUESTÕES - SUS
Questão 53 - B
Questão 54 - B
Questão 55 - D
Questão 56 - A
O gráfico nos informa que a maior taxa de mortalidade ocorre no período de 0 a 6 dias e nascimento.
A principal causa de morte nesse período é por afecções perinatais.
Questão 57 - C
Questão 58 - A
142
Clínica Médica
QUALITY
http://qualitycursosmedicos.com
EDUCAÇÃO MÉDICA
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
SEPSE
A
sepse é uma disfunção orgânica potencialmen-
te fatal causada por uma resposta do hospe-
deiro desregulada à infecção. Sepse e choque
séptico são grandes problemas de saúde,
afetando milhões de pessoas em todo o mundo a cada
ano.
NÃO
O uso de um escore SOFA simplificado, deno-
minado “quick SOFA” (qSOFA) é uma ferramenta para Quadro sugestivo Dar seguimento ao
atendimento, via
ser utilizada a beira do leito para identificar rapidamen- de doenças atípicas SIM
protocolo específi-
(dengue, malária,
te pacientes adultos com maior probabilidade de ter leptospirose)? co, fora do
protocolo de sepse
desfechos clínicos desfavoráveis, se eles apresenta-
rem infecção. Assim, trata-se de critérios apenas para
triagem, que procura identificar pacientes graves, e
SIRS: DISFUNÇÃO ORGÂNICA:
que não deve ser utilizada para definição de sepse. Ele FC > 90 bpm Hipotensão: PAS ≤ 90 mm Hg
é positivo quando o paciente apresenta pelo menos FR > 20 rpm Sonolência, confusão, agitação ou
T > 37,8º ou T < 35,0ºC Coma SatO² ≤ 90% , necessidade de
dois dos critérios clínicos a seguir: frequência respira- Leucócitos > 12.000mm³ O ou dispneia Diurese < 0,5mL/k-
²
ou < 4.000 mm³ ou g/hora
tória > 22/incursões por minuto, alteração do nível de desvio à esquerda
consciência (escore segundo a Escala de Coma de EXAMES LABORATORIAIS
(caso disponíveis)
Glasgow inferior a 15), ou pressão arterial sistólica de Creatinina > 2.0 mg/dL
< 100mmHg. Lactato ≥ 2,0 mmol/L
Plaquetas < 100.000 /mm
3 ou INR > 1.5 ou TTPA > 60 seg
Bilirrubinas > 2 mg/dL
145
RESSUSCITAÇÃO INICIAL TERAPIA ANTIMICROBIANA
Antibimicrobianos
CONTROLE DO FOCO
Fluidos Coleta de segundo lactato
Recomendamos que um diagnóstico anatômi-
Vasopressores
co específico da infecção que requer o controle do
foco seja identificado ou excluído tão rapidamente
quanto possível em pacientes com sepse ou choque
séptico e que qualquer intervenção de controle de
DIAGNÓSTICO origem requerida seja implementada logo que clinica-
mente e logisticamente prático após o diagnóstico
Recomenda-se a obtenção de culturas micro- ser feito.
biológicas de rotina (incluindo sangue) apropriadas
antes de iniciar a terapia antimicrobiana em pacientes Recomendamos a remoção rápida de disposi-
com suspeita de sepse ou choque séptico se isso tivos de acesso intravascular que são uma possível
não resultar em atraso substancial no início dos anti- fonte de sepse ou choque séptico após a criação de
microbianos. outro acesso vascular.
146
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
TERAPIA LÍQUIDA
147
glicose no sangue ≤180mg/dL ao invés de um nível
VENTILAÇÃO MECÂNICA de glicose no sangue ≤ 110mg/dL.
Não fazemos nenhuma recomendação sobre Sugerimos contra o uso da terapia com bicar-
o uso da ventilação não-invasiva (VNI) em pacientes bonato de sódio para melhorar a hemodinâmica ou
com SDRA induzida pela sepse. reduzir os requerimentos de vasopressores em
pacientes com acidemia láctica induzida por hipoper-
Sugerimos o uso de bloqueadores neuromus-
fusão com pH ≥ 7,15.
culares (NMBAs) por ≤ 48 horas em pacientes adul-
tos com SDRA induzida por sepsia e uma relação
Pao2 / Fio2 <150mm Hg 56. Recomendamos uma PROFILAXIA DE TROMBOEMBOLISMO VENOSO
estratégia conservadora de fluidos para pacientes
com SDRA estabelecida com sepse induzida, que Recomendamos a profilaxia farmacológica
não apresentam evidência de hipoperfusão tecidual. (heparina não fracionada [HNF] ou heparina de baixo
peso molecular [HBPM]) contra a tromboembolia
Recomenda-se a não utilização de agonistas venosa (TEV) na ausência de contra-indicações ao
β-2 no tratamento de pacientes com SDRA induzida uso desses agentes.
por sepse sem broncospasmo.
Recomendamos HBPM em vez de HNF para
Recomenda-se não usar o cateter de artéria
pulmonar em pacientes com SDRA induzida pela profilaxia de TEV na ausência de contra-indicações ao
sepse. uso de HBPM. Sugerimos profilaxia farmacológica de
TEV combinada com profilaxia mecânica, sempre que
Recomenda-se que os pacientes com sepse possível.
em ventilação mecânica sejam mantidos com a
cabeça do leito elevada entre 30 e 45 graus para NUTRIÇÃO
limitar o risco de aspiração e prevenir o desenvolvi-
mento de PAV.
Recomenda-se que não se administre nutrição
parenteral precoce ou nutrição parenteral em combi-
SEDAÇÃO E ANALGESIA nação com alimentação enteral (mas sim iniciar a
nutrição enteral precoce) em pacientes críticos com
Recomendamos que a sedação contínua ou sepse ou choque séptico que podem ser alimentados
intermitente seja minimizada em pacientes com enteralmente.
sepse ventilados mecanicamente, objetivando titula-
ção de doses alvo específicas por droga. Sugerimos o início precoce da alimentação
enteral em vez de um jejum completo ou apenas glico-
se IV em pacientes críticos com sepse ou choque
CONTROLE DA GLICOSE séptico que podem ser alimentados enteralmente.
148
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
HIV - VÍRUS DA
IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA
O
HIV ((Human Immunodeficiency Virus ou vírus qualidade pelos bancos de sangue. Os profissionais
da imunodeficiência humana) é um retrovírus de saúde devem estar atentos, e denunciar as irregu-
com genoma RNA, da família Retroviridae e laridades às autoridades sanitárias. Estarão, dessa
subfamília Lentivirinae. Pertence ao grupo dos forma, desempenhando papel de grande relevância
retrovírus citopáticos e não-oncogênicos. O HIV utiliza na prevenção e controle da transmissão do HIV/HTL-
para se multiplicar uma enzima denominada transcrip- V/Hepatites e outras doenças que podem ser trans-
tase reversa, responsável pela transcro RNA viral para mitidas pelo sangue. Outra importante ação dos
profissionais de saúde é solicitar o teste anti-HIV,
uma cópia DNA, integrando-se ao genoma do hospe-
após aconselhamento, na própria UBS, desestimu-
deiro.
lando, com isso, a procura dos bancos de sangue
para a realização desse teste.
As principais formas de transmissão do HIV são:
sexual, sanguínea e vertical. Além dessas três formas Prevenção em usuários de drogas injetáveis
mais frequentes, pode ocorrer também a transmissão (UDI) – Os UDI representam uma população particu-
ocupacional, ocasionada por acidente de trabalho, em larmente importante, em virtude da alta prevalência
profissionais de saúde. do HIV nesse grupo. Consequentemente, represen-
tam risco de transmissão para os parceiros sexuais e
para os que compartilham agulhas e seringas. Res-
salta-se, também, o risco da transmissão vertical
quando ocorre a infecção da parceira.
TRANSMISSÃO VERTICAL
149
TRANSMISSÃO OCUPACIONAL
150
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
EXAMES COMPLEMENTARES
151
ROTEIRO PARA ABORDAGEM INICIAL DA PVHIV
Explicar a doença: transmissão, história natural, signifi cado da contagem de LT-CD4+ e do exame de
carga viral, impacto da terapia antirretroviral (TARV) na morbimortalidade
Discutir uso de ARV e se houve eventos adversos prévios (ex.: com uso de PEP e PrEP)
Avaliar:
• História de tuberculose, prova tuberculínica, profi laxia e/ou tratamentoprévio
• História de doença mental
História médica atual e • IO prévia ou atual e necessidade de profi laxia para IO
passada
• Outras infecções ou comorbidades atuais e/ou pregressas
• Histórico de imunizações
• Uso de medicamentos, práticas complementares e/ou alternativas
Avaliar:
• Parcerias e práticas sexuais
Riscos e • Utilização de preservativos e outros métodos de prevenção
vulnerabilidades • História de sífi lis e outras IST
• Uso de tabaco, álcool e outras drogas
• Interesse em reduzir os danos à saúde
Avaliar:
• Reação emocional ao diagnóstico
História psicossocial • Análise da rede de apoio social (família, amigos, organizações não governamentais)
• Nível educacional
• Condições de trabalho, domicílio e alimentação
Discutir / Avaliar:
• Desejo de ter fi lhos
Saúde reprodutiva • Métodos contraceptivos
• Estado sorológico da(s) parceria(s) e fi lho(s)
152
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
cos e imunológicos, e não deverá ser suspensa após critérios elencados EFV – DFC
poderá ser feita a
abaixo)
o parto, independentemente do nível de LT-CD4+. A 1x/dia
mudança (switch)
RAL=Raltegravir
os com imunodeficiência grave. Recomenda-se que
pacientes com contagem de LT-CD4+ abaixo de 50 Fonte: DIAHV/SVS/MS.
153
TUBERCULOSE maior nas periferias das grandes cidades, podendo,
porém, acometer qualquer pessoa, inclusive em
áreas rurais. A transmissão ocorre geralmente em
ambientes fechados, nos quais as partículas expeli-
das pelo doente de Tuberculose (TB) podem perma-
necer no ar, principalmente em locais escuros e
pouco ventilados, por longos períodos.
É
uma doença infecciosa e contagiosa, causada tuberculose-doença. Os linfócitos e macrófagos
por uma bactéria, o Mycobacterium tuberculo- formam o granuloma, uma espécie de barreira em
sis, também denominado de Bacilo de Koch torno dos bacilos provocando sua destruição por
(BK). O termo tuberculose se origina no fato meio da fagocitose. Graças à formação do granulo-
da doença causar lesões chamadas tubérculos. ma, a pessoa pode permanecer infectada, não
desenvolvendo a doença e, portanto, não transmitin-
do o germe para as pessoas suscetíveis.
MODOS DE TRANSMISSÃO
154
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
155
O exame radiológico
PROVA TUBERCULÍNICA
O EXAME SOROLÓGICO ANTI-HIV
A prova tuberculínica é indicada como
método auxiliar no diagnóstico da tuberculose. A todo doente com diagnóstico de tuberculo-
Pessoa reatora ao teste isoladamente é um indicativo se confirmado, deve ser oferecido o teste sorológico
tão somente da presença de infecção, não sendo anti-HIV. O profissional de saúde deve conversar
suficiente para o diagnóstico da doença tuberculose. com o doente sobre a possibilidade de associação
No Brasil, a tuberculina usada é o PPD RT23, aplica- das duas infecções e dos benefícios do diagnóstico
do por via intradérmica, no terço médio da face ante- precoce e tratamento da infecção pelo HIV.
rior do antebraço esquerdo, na dose de 0,1 ml, equi-
valente a 2 UT (unidades de tuberculina).
156
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
157
dose, horários de administração da medicação, além
CASOS DE TUBERCULOSE daqueles fatores predisponentes, como alcoolismo,
MENINGOENCEFÁLICA - 2 RHZ/7RH idade avançada, estado nutricional comprometido,
doença hepática ou renal ou infecção pelo HIV. Into-
Nos casos de concomitância entre tuberculo- lerância gástrica, manifestações cutâneas variadas,
se meningoencefálica e qualquer outra localização, icterícia e dores articulares são os efeitos mais
usar o esquema II. A internação é mandatória sempre freqüentemente descritos durante o tratamento com
que se suspeitar do diagnóstico de tuberculose o esquema I. Os pacientes devem ser advertidos
meningoencefálica. Nos casos de tuberculose sobre estas possibilidades; caso ocorram, devem ser
meningoencefálica em qualquer idade, recomenda- orientados a procurar o serviço de saúde para con-
-se o uso de corticosteróides (prednisona, dexame- sulta, o mais rapidamente possível.
tasona ou outros) por um período de 1 a 4 meses, no
início do tratamento.
Pacientes que não se curam após tratamento • Intolerância à pirazinamida: substituir pelo
com os esquemas padronizados e portadores de etambutol, durante os dois meses previstos para o uso
bacilos resistentes a mais de duas drogas, dentre as da pirazinamida (2 RHE/4RH);
quais a rifampicina e a isoniazida, constituem um
grupo de doentes classificados no último Consenso • Intolerância à isoniazida: substituir pelo
Brasileiro de Tuberculose como portadores de tuber- etambutol e pela estreptomicina, nos 2 primeiros
culose multirresistente (TBMR). Esses pacientes e meses, e etambutol, durante os quatro últimos meses
seus familiares serão atendidos por equipe multipro- (2 RESZ/4RE);
fissional especializada, em centros de referência que
• Intolerância à rifampicina: substituir pela
cumpram as normas de biossegurança.
estreptomicina e etambutol, durante os dois primeiros
meses, e pelo etambutol, durante os 10 meses
REAÇÕES ADVERSAS AO USO DE restantes, devendo o período de tratamento passar a
ser de 12 meses (2 SEHZ/10 HE).
DROGAS ANTITUBERCULOSE
A grande maioria dos pacientes submetidos a Obs.: ao estimar o tempo total de tratamento,
tratamento para tuberculose apresenta boa tolerân- considerar, inclusive, o que antecedeu a intolerância
cia aos medicamentos e completa o tempo recomen- medicamentosa.
dado sem sentir qualquer efeito colateral. Todavia, os
maiores determinantes dessas reações se referem à
158
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
159
HANSENÍASE
É
uma doença infecciosa, crônica, de grande
importância para a saúde pública devido à
sua magnitude e seu alto poder incapacitante,
atingindo principalmente a faixa etária econo-
micamente ativa. Acomete principalmente a pele e os
nervos periféricos, mas também manifesta-se como
uma doença sistêmica comprometendo articulações,
olhos, testículos, gânglios e outros órgãos. O alto
potencial incapacitante da hanseníase está direta-
mente relacionado à capacidade de penetração do
Mycobacterium leprae na célula nervosa e seu poder
imunogênico.
PERÍODO DE INCUBAÇÃO
AGENTE ETIOLÓGICO
Devido ao padrão de multiplicação do bacilo, a
O M. leprae é um bacilo álcool-ácido resisten- doença progride lentamente. Entre o contato com a
te e gram-positivo, em forma de bastonete. É um pessoa doente e o aparecimento dos primeiros sinais
parasita intracelular, sendo a única espécie de mico- pode levar em média 2 a 5 anos.
bactéria que infecta nervos periféricos, especifica-
mente as células de Schwann. Este bacilo não cresce MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
em meios de cultura artificiais, ou seja, não é cultivá-
vel in vitro.
Os principais sinais e sintomas da doença
MODO DE TRANSMISSÃO são:
• Manchas esbranquiçadas (hipocrômicas),
O homem é considerado a única fonte de acastanhadas ou avermelhadas, com alterações de
infecção da hanseníase. A transmissão se dá por sensibilidade (a pessoa sente formigamentos, choques
meio de uma pessoa doente, sem tratamento, que e câimbras que evoluem para dormência – se queima
elimina o bacilo para o meio exterior infectando outras ou machuca sem perceber);
pessoas suscetíveis. Estimase que 90% da popula-
• Pápulas, infiltrações, tubérculos e nódulos,
ção tenha defesa natural contra o M. leprae, e sabe-
normalmente sem sintomas ;
-se que a susceptibilidade ao M. leprae tem influência
genética. • Diminuição ou queda de pêlos, localizada ou
A principal via de eliminação do bacilo pelo doente e difusa, especialmente sobrancelhas;
a mais provável via de entrada deste no organismo
• Falta ou ausência de sudorese no local - pele
são as vias aéreas superiores (mucosa nasal e orofa- seca.
ringe), através de contato íntimo e prolongado, muito
frequente na convivência domiciliar. As lesões da hanseníase geralmente iniciam
com hiperestesia - sensação dequeimação,
Por isso, o domicílio é apontado como impor- formigamento e/ou coceira - no local, que evoluem
tante espaço de transmissão da doença. A hansenía- para ausência de sensibilidade e, a partir daí, não
coçam e o paciente refere dormência - diminuição ou
se não é de transmissão hereditária (congênita) e
perda de sensibilidade ao calor, a dor e/ou ao tato - em
também não há evidências de transmissão nas rela-
qualquer parte do corpo.
ções sexuais.
160
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
POLIQUIMIOTERAPIA - PQT/OMS
161
ESQUEMA TERAPEUTICO
PAUCIBACILAR: 6 cartelas
Rifampicina (RFM): uma dose mensal de 600 mg (duas cápsculas de 300 mg ) com administração supervisionada.
ADULTO
Dapsona (DDS): uma dose mensal de 100 mg supervisionada e uma dose diária de 100 mg auto-administrada.
Rifampicina (RFM): uma dose mensal de 450 mg (uma cápscula de 150 mg e uma cápsula de 300 mg ) com adminis-
CRIANÇA tração supervisionada.
Dapsona (DDS): uma dose mensal de 50 mg supervisionada e uma dose diária de 50 mg auto-administrada.
MULTIBACILAR: 12 cartelas
Rifampicina (RFM): uma dose mensal de 600 mg (duas cápsculas de 300 mg ) com administração supervisionada.
Dapsona (DDS): uma dose mensal de 100 mg supervisionada e uma dose diária de 100 mg auto-administrada.
ADULTO
Clofazimina (CFZ): uma dose mensal de 300 mg ( três cápsulas de 100 mg) com administração supervisionada e uma
dose diária de 50 mg auto-administrada.
Rifampicina (RFM): uma dose mensal de 450 mg (uma cápscula de 150 mg e uma cápsula de 300 mg ) com adminis-
tração supervisionada.
CRIANÇA Dapsona (DDS): uma dose mensal de 50 mg supervisionada e uma dose diária de 50 mg auto-administrada.
Clofazimina (CFZ): uma dose mensal de150 mg ( três cápsulas de 50 mg) com administração supervisionada e uma
dose diária de 50 mg auto-administrada em dias alternados.
• Orquiepididimite;
ESTADOS REACIONAIS • Mãos e pés reacionais;
• Glomerulonefrite;
Também conhecidos como reações hansêni- • Comprometimento de nervos periféricos (neurite).
cas são manifestações agudas ocasionadas por alte-
rações do sistema imunológico da pessoa atingida Essas ocorrências deverão ser consideradas
pela hanseníase, os quais se exteriorizam por meio como situações de urgência e encaminhadas às
de manifestações inflamatórias agudas e subagudas, unidades de referência para tratamento nas primeiras
que podem ocorrer antes, durante ou depois do 24 horas. Nas situações em que há dificuldade de
tratamento com PQT/OMS, tanto nos casos PB encaminhamento imediato, os seguintes procedi-
como nos MB. Podem ser: mentos deverão ser aplicados até a avaliação:
I . Reação Tipo um ou Reação Reversa (RR) • Orientar repouso do membro afetado em caso de
caracteriza-se por: suspeita de neurite;
• Iniciar prednisona na dose de 1mg/kg peso/dia,
• infiltração, alterações de cor e edema nas lesões devendo ser tomadas as seguintes precauções para a sua
antigas; utilização: registrar o peso, a pressão arterial e a taxa de
• surgimento de novas lesões dermatológicas glicose e fazer tratamento para estrongiloidíase.
(manchas ou placas);
• Comprometimento de nervos periféricos (neurite),
com ou sem lesões cutâneas agudas.
NOTIFICAÇÃO
A Hanseníase é uma doença de notificação compulsó-
II . Reação Tipo dois ou Eritema Nodoso ria em todo Território Nacional e de investigação obrigatória.
Hansênico (ENH) caracteriza-se por: Cada caso diagnosticado deve ser notificado na semana epide-
miológica de ocorrência do diagnóstico, utilizando-se a ficha de
• Apresentar nódulos subcutâneos dolorosos, notificação e investigação do Sistema Nacional de Agravos de
acompanhados ou não de febre; Notificação/SINAN.
• Dores articulares e mal-estar generalizado;
• Irite ou iridociclite Fontes:
http://189.28.128.100/dab/docs/publicacoes/cadernos_ab/abcad21.pdf
162
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
DENGUE
D
Doença infecciosa febril aguda, que pode ser
assintomática ou sintomática. Quando sinto- PERÍODO DE TRANSMISSIBILIDADE
mática, causa uma doença sistêmica e dinâmi-
ca de amplo espectro clínico, variando desde O período de transmissibilidade da doença
formas oligossintomáticas até quadros graves, poden- compreende dois ciclos: um intrínseco, que ocorre
do evoluir para o óbito. Três fases clínicas podem ocor- no ser humano, e outro extrínseco, que ocorre no
rer: febril, crítica e de recuperação. vetor. A transmissão do ser humano para o mosquito
ocorre enquanto houver presença de vírus no sangue
Considera-se a dengue um dos maiores proble- do ser humano, chamado período de viremia. O
mas de saúde pública do mundo, especialmente nos homem está apto a infectar o mosquito a partir de 1º
países tropicais, cujas condições sócio-ambientais dia antes do aparecimento dos sintomas até o 6º dia
favorecem o desenvolvimento e a proliferação de seu da doença.
principal vetor o Aedes aegypti.
Período de incubação: varia de 3 a 15 dias,
A dengue é, hoje, uma das doenças mais sendo em média de 5 a 6 dias
frequentes no Brasil, atingindo a população em todos
os estados, independente da classe social. MOSQUITO AO PICAR MOSQUITO AO PICAR
ADQUIRE VÍRUS ADQUIRE VÍRUS
Período de Período de
incubação incubação
VIREMIA extrínseco intrínseco VIREMIA
0 5 8 12 16 20 24 28
DIAS
DOENÇA DOENÇA
SER HUMANO 1 SER HUMANO 2
163
pando plantas de pés e palmas de mãos, podendo
apresentar-se sob outras formas com ou sem prurido, DENGUE GRAVE
frequentemente no desaparecimento da febre. Ano-
rexia, náuseas e vômitos podem estar presentes. A As formas graves da doença podem manifes-
diarreia está presente em percentual significativo dos tar-se com extravasamento de plasma, levando ao
casos, habitualmente não é volumosa, cursando choque ou acúmulo de líquidos com desconforto
apenas com fezes pastosas numa frequência de três a respiratório, sangramento grave ou sinais de disfun-
quatro evacuações por dia, o que facilita o diagnóstico ção orgânica como o coração, os pulmões, os rins, o
diferencial com gastroenterites de outras causas. fígado e o sistema nervoso central (SNC). O quadro
Após a fase febril, grande parte dos pacientes recupe- clínico é semelhante ao observado no comprometi-
ra-se gradativamente com melhora do estado geral e mento desses órgãos por outras causas. Derrame
retorno do apetite. pleural e ascite podem ser clinicamente detectáveis,
em função da intensidade do extravasamento e da
quantidade excessiva de fluidos infundidos. O extra-
FASE CRÍTICA vasamento plasmático também pode ser percebido
pelo aumento do hematócrito, quanto maior sua
Esta fase pode estar presente em alguns elevação maior será a gravidade, pela redução dos
pacientes, podendo evoluir para as formas graves e, níveis de albumina e por exames de imagem.
por esta razão, medidas diferenciadas de manejo clíni-
co e observação devem ser adotadas imediatamente.
Tem início com a defervescência da febre, entre o
CHOQUE
terceiro e o sétimo dia do início da doença, acompa-
nhada do surgimento dos sinais de alarme. O choque ocorre quando um volume crítico de
plasma é perdido através do extravasamento, o que
Dengue com sinais de alarme: Os sinais de alarme geralmente ocorre entre os dias quatro ou cinco (com
devem ser rotineiramente pesquisados e valorizados, intervalo entre três a sete dias) de doença, geralmen-
bem como os pacientes devem ser orientados a procu- te precedido por sinais de alarme. O período de extra-
rar a assistência médica na ocorrência deles. A maioria vasamento plasmático e choque leva de 24 a 48
dos sinais de alarme é resultante do aumento da horas, devendo a equipe assistencial estar atenta à
permeabilidade vascular, a qual marca o início do dete- rápida mudança das alterações hemodinâmicas.
rioramento clínico do paciente e sua possível evolução
para o choque por extravasamento de plasma.
• Vômitos persistentes.
• Sangramento de mucosa.
164
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
Intensidade do
pulso periférico Pulso forte Pulso fraco e filiforme Tênue ou ausente
Oliguria persistente.
Diureses Normal 1,5 a 4 ml/kg/h Oliguria < 1,5 ml/kg/h
< 1,5 ml/kg/h
O choque na dengue é de rápida instalação e tes podem apresentar um rash cutâneo acompanha-
tem curta duração. Podendo levar o paciente ao óbito do ou não de prurido generalizado. Infecções bacte-
em um intervalo de 12 a 24 horas ou a sua recupera- rianas poderão ser percebidas nesta fase ou ainda no
ção rápida, após terapia antichoque apropriada. O final do curso clínico. Tais infecções em determinados
choque prolongado e a consequente hipoperfusão de pacientes podem ter um caráter grave, contribuindo
órgãos resulta no comprometimento progressivo para o óbito.
destes, bem como em acidose metabólica e coagula-
ção intravascular disseminada. Isso, por sua vez, pode
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
levar a hemorragias graves, causando diminuição de
hematócrito agravando ainda mais o choque. Podem
Devido às características da dengue, pode-se
ocorrer alterações cardíacas graves (insuficiência
destacar seu diagnóstico diferencial em síndromes
cardíaca e miocardite), manifestando-se com redução
clínicas:
de fração de ejeção e choque cardiogênico. Síndrome
da angústia respiratória, pneumonites e sobrecargas Síndrome febril: enteroviroses, influenza e outras viroses
de volume podem ser a causa do desconforto respira- respiratórias, hepatites virais, malária, febre tifoide,
tório. chikungunya e outras arboviroses (oropouche, zika).
165
infecção urinária, colecistite aguda etc.
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: DENGUE X ZIKA
Síndrome do choque: meningococcemia, septicemia,
meningite por influenza tipo B, febre purpúrica brasileira, MANIFESTAÇÃO DENGUE ZIKA
síndrome do choque tóxico e choque cardiogênico CLÍNICA/LABORATORIAL
(miocardites).
Intensidade da febre ++ +/ausente
Síndrome meníngea: meningites virais, meningite
bacteriana e encefalite. Exantema + (D5-D7) +++ (D2-D3)
Verde:
Neutropenia +++ + GRUPO B Prioridade não-urgente
Evolução após fase aguda Fadiga Artralgia Amarelo: Urgência, atendimento o mais rápido
crônica GRUPO C possível
166
SUSPEITA DE DENGUE
167
Relato de febre, usualmente entre dois e sete dias de duração, e duas ou mais das seguintes manifestações: náusea,
vômitos; exantema; mialgias, artralgia; cefaleia, dor retro-orbital; petéquias; prova do laço positiva; leucopenia. Também
pode ser considerado caso suspeito toda criança com quadro febril agudo, usualmente entre dois e sete dias de duração,
Notificar todo caso suspeito de dengue
CLÍNICA MÉDICA
CLÍNICAMÉDICA
NÃO SIM
Iniciar hidratação dos pacientes de imediato de acordo com a classificação, enquanto aguarda exames laboratoriais.
Hidratação oral para pacientes do grupo A e B. Hidratação venosa para pacientes dos grupos C e D.
FLUXOGRAMA PARA CLASSIFICAÇÃO DE RISCO DE DENGUE
Condições clínicas especiais e/ou risco social ou comorbidades: lactentes (< 2 anos), gestantes, adultos com idade > 65 anos, com hipertensão arterial
ou outras doenças cardiovasculares, diabetes mellitus, Dpoc, doenças hematológicas crônicas (principalmente anemia falciforme), doença renal crônica,
doença ácido péptica e doenças autoimunes. Estes pacientes podem apresentar evolução desfavorável e devem ter acompanhamento diferenciado.
Métodos indicados:
168
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
PROVA DO LAÇO
Fontes:
169
LEPTOSPIROSE
A
leptospirose é uma zoonose de importância
mundial, causada por leptospiras patogênicas MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
transmitidas pelo contato com urina de animais
infectados ou água e lama contaminadas pela O período de incubação da doença varia de 1
bactéria. Um amplo espectro de animais sinantrópicos, a 30 dias, sendo mais frequente entre 5 e 14 dias. A
domésticos e selvagens serve como reservatório para doença apresenta manifestações clínicas variáveis,
a persistência de focos de infecção. No meio urbano, desde formas assintomáticas e oligossintomáticas
os principais reservatórios são os roedores (especial- até quadros clínicos graves associados a manifesta-
mente o rato de esgoto); outros reservatórios são os ções fulminantes. Didaticamente, as apresentações
suínos, bovinos, equinos, ovinos e cães. clínicas da leptospirose foram divididas dentro das
fases evolutivas da doença: a fase precoce (leptos-
O homem, hospedeiro terminal e acidental da pirêmica) e a fase tardia (fase imune). A fase precoce
doença, infecta-se ao entrar em contato com a urina de da doença é caracterizada pela instalação abrupta de
animais infectados de modo direto ou indireto, por febre, comumente acompanhada de cefaleia e mialgia
meio do contato com água, lama ou solo contamina- e, frequentemente, não pode ser diferenciada de
dos. A penetração do microrganismo ocorre através da outras causas de doenças febris agudas. Em aproxi-
pele com lesões, pele íntegra quando imersa em água madamente 15% dos pacientes, a leptospirose
por longo tempo ou mucosas. A transmissão inter-hu- progride para a fase tardia da doença, que é associa-
mana é muito rara e de pouca relevância epidemiológi- da a manifestações graves e potencialmente letais.
ca.
FASE DA CONVALESCENÇA
É uma doença infecciosa febril de início abrup-
to, cujo espectro clínico pode variar desde quadros
Por ocasião da alta do paciente, astenia e
oligossintomáticos, leves e de evolução benigna a
anemia podem ser observadas. A eliminação de
formas graves. A síndrome de Weil, comumente des-
leptospiras pela urina (leptospirúria) pode continuar
crita como icterícia, insuficiência renal e hemorragias,
por uma semana ou, mais raramente, por vários
é a manifestação clássica de leptospirose grave. No
meses após o desaparecimento dos sintomas. A icte-
entanto, a síndrome de hemorragia pulmonar vem
rícia desaparece lentamente, podendo durar dias ou
sendo reconhecida como uma forma grave e emergen-
semanas. Os níveis de anticorpos, detectados pelos
te da doença. A letalidade de formas graves de leptos-
testes sorológicos, diminuem progressivamente, mas,
pirose é de aproximadamente 10% e chega a 50%
em alguns casos, permanecem elevados por vários
quando ocorre a síndrome de hemorragia pulmonar.
meses.. Uveíte unilateral ou bilateral, caracterizada
por irite, iridociclite e coriorretinite, pode ocorrer até
18 meses após a infecção, podendo persistir por
anos.
170
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
• sufusão conjuntival
Fase tardia: hepatites virais agudas, dengue hemorrá-
• sinais de insuficiência renal aguda (incluindo
gico, hantavirose, febre amarela, malária grave, febre
alterações no volume urinário)
tifoide, endocardite, riquetsioses, doença de Chagas
• icterícia e/ou aumento de bilirrubinas
aguda, pneumonias, pielonefrite aguda, apendicite
• fenômeno hemorrágico
aguda, sepse, meningites, colangite, colecistite aguda.
171
CONDUTA ANTIBIOTICOTERAPIA
Fase tardia:
3. Os pacientes que não apresentarem sinais de
Adultos - Penicilina G Cristalina: 1.5 milhões UI, IV, de
alerta deverão ser orientados quanto à hidratação, uso
6/6 horas; ou - Ampicilina : 1 g, IV, 6/6h; ou - Ceftriaxo-
de sintomáticos e busca por atendimento médico para
na: 1 a 2 g, IV, 24/24h ou Cefotaxima: 1 g, IV, 6/6h. Alter-
reavaliação após 24 a 72 horas, ou retorno, a qualquer
nativa: Azitromicina 500 mg, IV, 24/24h
momento, se constatarem o aparecimento de sinais de
alerta ou piora do quadro clínico.
Crianças - Penicilina cristalina: 50 a 100.000 U/kg/dia,
IV, em quatro ou seis doses; ou - Ampicilina: 50-100
mg/kg/dia, IV, dividido em quatro doses; ou - Ceftriaxo-
na: 80-100 mg/kg/dia, em uma ou duas doses, ou Cefo-
taxima: 50-100 mg/kg/dia, em duas a quatro doses.
CONDUTA
Alternativa: Azitromicina 10 mg/kg/dia, IV
172
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
HEPATITES
A
s hepatites virais são doenças provocadas por
diferentes agentes etiológicos, com tropismo
primário pelo tecido hepático, que podem
apresentar características epidemiológicas,
clínicas e laboratoriais semelhantes, porém, com
importantes particularidades.
173
etc.) sem cuidados com as normas de biossegurança. nação da infecção nos países em desenvolvimento
A transmissão sexual é pouco frequente (risco menor onde a contaminação dos reservatórios de água
que 2% para parceiros estáveis) e ocorre principal- perpetua a doença. A transmissão interpessoal não é
mente em pessoas com múltiplos parceiros e com comum. Em alguns casos os fatores de risco não são
prática sexual de risco (sem uso de preservativo), identificados. A doença é autolimitada e pode apre-
sendo que a co-existência de alguma DST – inclusive sentar formas clínicas graves, principalmente em ges-
o HIV – constitui-se em um importante facilitador tantes.
dessa transmissão. A transmissão vertical é rara
quando comparada à hepatite B. Entretanto, já se
demonstrou que gestantes com carga viral do HCV
elevada ou coinfectadas pelo HIV apresentam maior
risco de transmissão vertical.
174
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
atipia linfocitária. A hepatite crônica é assintomática
local de residência/procedência também devem ser ou oligossintomática na grande maioria dos casos.
pesquisados. De modo geral, as manifestações clínicas aparecem
apenas em fases adiantadas de acometimento hepá-
Em função da alta circulação do vírus da hepati- tico. Muitas vezes o diagnóstico é feito ao acaso, a
te A em crianças e adultos jovens, esta deve ser a partir de alterações esporádicas de exames de avalia-
primeira a ser pesquisada em casos de suspeita de ção de rotina ou da triagem em bancos de sangue.
hepatite aguda, salvo se o paciente apresenta algum Não existem manifestações clínicas ou padrões de
vínculo epidemiológico ou risco específico para outro evolução patognomônicos dos diferentes agentes. O
tipo de hepatite. As hepatites B e C devem ser pesqui- diagnóstico etiológico só é possível por meio de
sadas antes da A se o paciente já apresentar diagnós- exames sorológicos e/ou de biologia molecular.
tico sorológico prévio de hepatite A, se for encaminha-
do por algum serviço de triagem (p.ex: banco de CARACTERÍSTICAS IMPORTANTES DAS HEPATITES VIRAIS:
sangue) com sorologia reagente para hepatite B ou C,
ou se apresentar risco específico, como contato sexual AGENTE PERÍODO DE FORMA
CRONIFICAÇÃO
ETIOLÓGICO INCUBAÇÃO ICTÉRICA
com portador de hepatite B ou exposição profissional
a sangue (p. ex: pessoal da área da Saúde). 5% a 10% em
Não existem
HAV 15 a 50 dias menores de 6 anos relatos de
(média de 30 dias) 70% a 80% nos formas crônicas
Considerando a sobreposição das vias de adultos
infecção das hepatites B e C, elas sempre devem ser 90% em recém-
pesquisadas em conjunto. Apesar do risco de trans- HBV 15 a 180 dias 30%
nascidos
5% a 10% após
missão por via sexual da hepatite C ser bem menor do 5 anos
que a hepatite B, pessoas com múltiplos parceiros e
21 a 140 dias
com prática sexual de risco apresentam maior chance HCV (média de 49 dias) Cerca de 20% 70 a 85%
de infecção. É semelhante ao da
hepatite B, porém me-
HDV nor na superinfecção:
Variável Variável
14 a 56 dias.
DIAGNÓSTICO CLÍNICO
Não existem
15 a 60 dias
Os quadros clínicos agudos das hepatites HEV (média de 40 dias) Variável relatos de
formas crônicas
virais são muito diversificados, variando desde
formas subclínicas ou oligossintomáticas até formas
fulminantes. A maioria dos casos cursa com predomi- DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
nância de fadiga, anorexia, náuseas, mal-estar geral e
adinamia. Nos pacientes sintomáticos, o período de Os testes de função hepática, especialmente
doença aguda se caracteriza pela presença de colú- os níveis séricos da ALT/TGP e AST/TGO, apesar de
ria, hipocolia fecal e icterícia. serem indicadores sensíveis do dano do parênquima
hepático, não são específicos para hepatites. Os
As aminotransferases (ALT/TGP e AST/TGO) exames específicos para o diagnóstico do tipo de
são marcadores sensíveis de lesão do parênquima infecção são os sorológicos e os de biologia molecu-
hepático, porém não são específicas para nenhum lar.
tipo de hepatite. A elevação da ALT/TGP geralmente
é maior que da AST/TGO e já é encontrada durante HEPATITE A: INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS SOROLÓGICOS
175
HEPATITE B AGUDA: SIGNIFICADO DOS MARCADORES SOROLÓGICOS HEPATITE B: INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS SOROLÓGICOS*
Anti-HBc Anti-HBc
MARCADOR SIGNIFICADO INTERPRETAÇÃO HBsAg HBeAg
IgM IgG**
Anti-HBe Anti-HBs
Imunidade, inf-
Anti-HBe Surge após o desaparecimento do HBeAg,
ecção passada (-) (-) (-) (+) (+) (+)
indica o fim da fase replicativa.
recente.
HEPATITE B CRÔNICA: SIGNIFICADO DOS MARCADORES SOROLÓGICOS. HEPATITE C: SIGNIFICADO DO MARCADOR SOROLÓGICO
Sua presença por mais de seis meses é indicativa de Indica contato prévio com o vírus da hepatite C,
HBsAg mas não define se recente ou tardio. O diagnóstico
hepatite crônica Anti-HCV
de infecção aguda só pode ser feito com a viragem
Na infecção crônica está presente enquanto ocorrer sorológica documentada.
HBeAg replicação viral, exceto nas cepas com mutação
pré-core (não produtoras da proteína “e”).
Sua presença sugere redução ou ausência de HEPATITE DELTA: SIGNIFICADO DOS MARCADORES SOROLÓGICOS
Anti-HBe replicação viral.
MARCADOR SIGNIFICADO
176
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
ção viral, genótipo do vírus, pesquisa de mutações no
HEPATITE B: INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS SOROLÓGICOS*
genoma viral, etc. Os testes de biologia molecular
têm elevado custo e, por vezes, difícil interpretação.
Anti-HBc Anti-delta Anti-delta
INTERPRETAÇÃO HBsAg HBVAg
IgM IgM IgG
TRATAMENTO
Co-infecção* ou
superinfecção ** (+) (–) (+) (–) (–)
recente Hepatite aguda:
Superinfecção
antiga (–) (–) (–) (–) (+) A sua duração e intensidade, se absoluto ou
não, são questões muito discutidas. Como norma geral,
* Co-infecção: infecção aguda simultânea pelos vírus B e delta da hepatite. recomenda-se repouso relativo até praticamente a
** Superinfecção: infecção pelo vírus delta da hepatite em paciente
portador crônico do vírus B da hepatite.
normalização das aminotransferases, liberando-se
progressivamente o paciente para atividades físicas.
Dieta pobre em gordura e rica em carboidratos é de uso
INTERPRETAÇÃO DOS MARCADORES SOROLÓGICOS DE HEPATITE E popular, porém seu maior benefício é ser mais
agradável para o paciente anorético. De forma prática,
Anti-HEV Total Anti-HEV IgM INTERPRETAÇÃO deve ser recomendado que o próprio paciente defina
(+) / (-) (+)
Infecção recente pelo vírus da sua dieta de acordo com seu apetite e aceitação
hepatite E alimentar. A única restrição está relacionada à ingestão
Exposição prévia pelo vírus da
(+) (-) de álcool, que deve ser suspensa por seis meses no
hepatite E
Nunca teve contato com o vírus da
mínimo e, preferencialmente, por um ano. As drogas
(-) (-)
hepatite E consideradas “hepatoprotetoras”, associadas ou não a
complexos vitamínicos, não tem nenhum valor
terapêutico.
EXAMES DE BIOLOGIA MOLECULAR
A administração de vitamina K durante um a
Os testes de biologia molecular são utilizados três dias pode ser recomendada nos casos de queda da
para detectar a presença do acido nucléico do vírus atividade de protrombina devido à absorção intestinal
inadequada da vitamina. A administração de
(DNA para o vírus da hepatite B e RNA para os
corticosteróide é totalmente contra-indicada.
demais vírus da hepatite). Os testes podem ser: quali-
tativo (indicam a presença ou ausência do vírus na
O critério de alta inclui:
amostra pesquisada), quantitativo (indicam a carga
viral presente na amostra) ou de genotipagem (indi- • Remissão dos sintomas, podendo persistir
cam o genótipo do vírus). Para realização dos testes discreta adinamia e sintomas digestivos vagos.
de biologia molecular existem varias técnicas (Polime- • Normalização das bilirrubinas.
rase Chain Reaction ou PCR, hibridização, branched- • Normalização do tempo de protrombina.
-DNA ou b-DNA, seqüenciamento, Transcription-Me- • Normalização das aminotransferases, com pelo
diated Amplification ou TMA). A definição da técnica a menos duas dosagens normais com intervalo de quatro
ser utilizada depende da informação clínica que se semanas devido à possibilidade de recrudescência.
quer obter – presença ou ausência do vírus, replica-
177
ESQUEMAS TERAPÊUTICOS PARA HEPATITE VIRAL CRÔNICA
178
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
179
DOENÇA DE CHAGAS
A
doença de Chagas (DC) é uma das consequ- riais com ovos aderidos (como folhas de palmeiras
ências da infecção humana pelo protozoário para cobertura de casas e lenha) pode favorecer o
flagelado Trypanosoma cruzi. Na ocorrência da processo de colonização. A oviposição ocorre entre
doença observam-se duas fases clínicas: uma 10 e 30 dias após a cópula e o número de ovos varia
aguda, que pode ou não ser identificada, podendo de acordo com a espécie e principalmente em
evoluir para uma fase crônica. função do estado nutricional da fêmea. Uma fêmea
fecundada e alimentada pode realizar posturas por
todo o seu período de vida adulta.
TRANSMISSÃO
Ciclo de transmissão
AGENTE ETIOLÓGICO
180
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
• Oral: ocorre pela ingestão de alimentos II. Fase crônica: existem raros parasitos
contaminados com parasitas provenientes de circulantes na corrente sanguínea. Inicialmente,
triatomíneos infectados ou, ocasionalmente, por secreção essa fase é assintomática e sem sinais de
das glândulas de cheiro de marsupiais (mucura ou comprometimento cardíaco e/ou digestivo. Pode
gambá); apresentar-se como uma das seguintes formas:
• Acidental: ocorre pelo contato da pele ferida ou de • Forma indeterminada: paciente assintomático
mucosas com material contaminado (sangue de doentes, e sem sinais de comprometimento do aparelho
excretas de triatomíneos, animais contaminados) durante circulatório (clínica, eletrocardiograma e radiografia de
manipulação em laboratório (acidental), em geral sem o tórax normais) e do aparelho digestivo (avaliação
uso adequado de equipamentos de proteção individual. clínica e radiológica normais de esôfago e cólon). Esse
quadro poderá perdurar por toda a vida da pessoa
infectada ou pode evoluir tardiamente para uma das
Transmissibilidade: o parasito só se transmite formas a seguir;
de pessoa a pessoa por meio do sangue, órgãos ou
• Forma cardíaca: evidências de acometimento
placenta. A maioria dos indivíduos com infecção pelo
cardíaco que, frequentemente, evolui para quadros de
T. cruzi alberga o parasito nos tecidos e sangue, duran-
miocardiopatia dilatada e insuficiência cardíaca
te toda a vida, o que significa que devem ser excluídos
congestiva (ICC). Essa forma ocorre em cerca de 30%
das doações de sangue e de órgãos. dos casos crônicos e é a maior responsável pela
mortalidade na doença de Chagas crônica;
181
infecção pelo T. cruzi. Em alguns casos por transmis-
SINTOMATOLOGIA INESPECÍFICA são oral, foram observados sangramento digestivo
(hematêmese, hematoquezia ou melena) e outros
tipos de sinais hemorrágicos concomitantes.
Na maioria dos casos aparentes, ocorrem:
SINTOMATOLOGIA ESPECÍFICA
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
182
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
Tratamento específico:
• Lâmina corada de gota espessa ou esfregaço:
embora apresente sensibilidade inferior aos métodos O Benznidazol é a droga disponível para o tratamento
anteriores, essa técnica vem sendo largamente utilizada específico da DC. O Nifurtimox pode ser utilizado como
na região da Amazônia Legal em virtude de sua praticidade alternativa em casos de intolerância ao Benznidazol,
e disponibilidade nas ações de diagnóstico da malária. embora seja um medicamento de difícil obtenção. No
caso de falha terapêutica com uma das drogas, a outra
pode ser tentada, apesar de eventual resistência
cruzada. Na fase aguda, o tratamento deve ser realiza-
Exames sorológicos: do em todos os casos e o mais rápido possível após a
confirmação diagnóstica. O tratamento específico é
Têm utilidade complementar aos exames parasitológi- eficaz na maioria dos casos agudos (> 60%) e congêni-
cos e devem sempre ser colhidos em casos suspeitos tos (> 95%), apresentando ainda boa eficácia em 50% a
ou confirmados de DCA. As metodologias utilizadas são 60% de casos crônicos recentes. O tratamento etiológi-
a hemoaglutinação indireta (HAI), a imunofluorescên- co tem como objetivos: curar a infecção, prevenir
cia indireta (IFI) e o método imunoenzimático (Elisa). A lesões orgânicas ou a evolução delas e diminuir a
reação de fixação de complemento (reação de Guerrei- possibilidade de transmissão do T. cruzi.
ro-Machado) não é mais utilizada pelos laboratórios da
rede do Sistema Único de Saúde. O Benznidazol é apresentado na forma de comprimidos
de 100 mg e deve ser usado em duas ou três tomadas
• Anticorpos IgG: a confirmação de caso por diárias, por via oral, durante 60 dias. A dose varia de
pesquisa de IgG demanda duas coletas que possibili- acordo com a idade e o peso do paciente:
tam comparar a soroconversão ou a variação de pelo
menos dois títulos sorológicos (IFI), com intervalo ADULTOS 5 mg/kd/dia
mínimo de 21 dias entre uma coleta e outra;
CRIANÇAS 5-10 mg/kd/dia
• Anticorpos IgM: método recentemente incor- LACTENTES 10 mg/kd/dia
porado na rotina de poucos laboratórios no Brasil.
O Nifurtimox pode ser encontrado em comprimidos de
120 mg e, de forma semelhante ao outro medicamento
Na prática, recomendam-se que, diante de um (Beznidazol), deve ser usado em duas ou três tomadas
caso suspeito de DCA, sejam realizados exames diárias, por via oral, durante 60 a 90 dias. A dose indica-
parasitológicos diretos para leitura imediata, da também está relacionada à idade e peso do pacien-
repetidos quantas vezes forem necessário. Caso te:
resultem negativos ou não possam ser lidos no local
da coleta, recomenda-se coleta de sangue total com ADULTOS 8-10 mg/kd/dia
anticoagulante, para realizar método de CRIANÇAS 15 mg/kd/dia
concentração, e de sangue para sorologia, os quais
serão enviados para laboratórios de referência
estadual (Lacen) ou nacional (Funed).
NOTIFICAÇÃO
TRATAMENTO
Todos os casos de DCA devem ser imediata-
mente notificados ao Sistema de Informação de Agra-
Tratamento de suporte: vos de Notificação – Sinan (BRASIL, 2006). Os
casos de reativação da doença que ocorrem nos qua-
Afastamento das atividades profissionais, escolares ou dros de imunodeficiência (HIV) e os casos crônicos
desportivas fica a critério médico. Dieta livre, evitando- não devem ser notificados.
-se bebidas alcoólicas. A internação hospitalar é
indicada em casos de maior comprometimento geral,
cardiopatia de moderada a grave, quadros hemorrági- Fontes:
cos e meningoencefalite.
http://189.28.128.100/dab/docs/publicacoes/cadernos_a
b/abcad22.pdf
183
FEBRE AMARELA
A
febre amarela é uma doença infecciosa febril
aguda, não contagiosa, transmitida por vetores
artrópodes e causada por um vírus do gênero
Flavivirus, família Flaviviridae, de curta duração
(no máximo 12 dias), que pode se apresentar desde
formas leves com sintomatologia febril inespecífica até
formas graves com icterícia, albuminúria, oligúria, mani-
festações hemorrágicas, delírio, obnubilação e
choque, com alta morbidade e letalidade.
QUADRO CLÍNICO
Todos os anteriores
Icterícia intensa
Plaquetopenia intensa
O quadro clínico clássico caracteriza-se pelo Grave
Manifestações
Aumento de creatinina
hemorrágicas
surgimento súbito de febre alta, geralmente contínua, Elevação importante
Oligúria de transaminases
cefaleia intensa e duradoura, inapetência, náuseas e Diminuição de consci-
mialgia. O sinal de Faget (bradicardia acompanhando ência
febre alta) pode ou não estar presente.
184
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
Na enfermaria deve-se prescrever sintomáti-
hemorrágicas sendo residente ou procedente de área cos para febre e dor, hidratação oral ou parenteral e
de risco para febre amarela, nos 15 dias anteriores, iniciar controle de diurese usando recipientes ade-
que não tenha comprovante de vacinação de febre quados, graduados e de boca larga, calculando o
amarela ou que tenha recebido a primeira dose há volume a cada hora (diurese >1 mL/Kg/hora é ade-
menos de 30 dias. 11 Exames laboratoriais inespecífi- quada). Não é necessário sondagem vesical, que
cos podem apresentar alterações e auxiliam na identifi- deve ser evitada especialmente em pacientes com
cação de formas mais graves e no manejo clínico. manifestações hemorrágicas. A avaliação dos parâ-
metros clínicos e de proteinúria deve ser repetida
O diagnóstico específico de febre amarela frequentemente (pelo menos a cada 4 horas) e os
pode ser feito de forma direta pela detecção do vírus exames laboratoriais diariamente, ou a qualquer
em amostras clínicas (sangue e/ou tecidos) ou de momento caso apareçam sinais de alerta para formas
forma indireta pela detecção de anticorpos. graves e malignas, caso em que o paciente deve ser
transferido para unidade de terapia intensiva.
• Sorologia
A hospitalização em unidade de terapia inten-
• Biologia Molecular (RT-PCR)
• Isolamento Viral
siva está indicada para pacientes que apresentarem
• Histopatologia / Imunohistoquímica qualquer alteração clínica ou laboratorial de formas
graves e malignas a qualquer momento desde a
avaliação inicial. Cuidados implementados o mais
A conduta após a avaliação inicial depende dos brevemente possível como ventilação mecânica
achados clínicos e laboratoriais. O acompanhamento protetora, hemodiálise e suporte hematológico
ambulatorial pode ser feito para pacientes nas seguin- influenciam o desfecho dos casos, muito embora con-
tes condições: siderável proporção ainda vá ter desfecho fatal.
• Formas clínicas leves ou moderadas. Não existe, até o momento, tratamento especí-
fico para febre amarela, sendo o manejo limitado ao
• Paciente em regular estado geral, hidratado ou tratamento dos sintomas e intercorrências.
com desidratação leve, sem vômitos, sem história ou
sinais de hemorragias, com nível de consciência
normal.
185
Os critérios de alta são:
IMUNIZAÇÃO
A vacinação contra febre amarela (VFA –
atenuada) é a medida mais importante e eficaz para
prevenção e controle da doença. É um imunobiológi-
co seguro e altamente eficaz na proteção contra a
doença, com imunogenicidade de 90% a 98% de
proteção. Os anticorpos protetores aparecem entre
o sétimo e o décimo dia após a aplicação da vacina,
razão pela qual a imunização deve ocorrer dez dias
antes de se ingressar em área de risco da doença.
Fontes:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/febre_amare
la_guia_profissionais_saude.pdf
186
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
MALÁRIA
A
malária é uma doença infecciosa cujo agente parasitos se desenvolvem rapidamente, enquanto
etiológico é um parasito do gênero Plasmo- outros ficam em estado de latência no hepatócito.
dium. As espécies associadas à malária São, por isso, denominados hipnozoítos (do grego
humana são: Plasmodium falciparum, P. vivax hipnos, sono). Esses hipnozoítos são responsáveis
P. malariae e P. ovale. No Brasil, nunca foi registrada pelas recaídas da doença, que ocorrem após perío-
transmissão autóctone de P. ovale, que é restrita a dos variáveis de incubação (geralmente dentro de
determinadas regiões da África. A transmissão natural seis meses).
da malária ocorre por meio da picada de fêmeas infec-
tadas de mosquitos do gênero Anopheles, sendo mais Na fase sanguínea do ciclo, os merozoítos
importante a espécie Anopheles darlingi, cujos cria- formados rompem a hemácia e invadem outras,
douros preferenciais são coleções de água limpa, dando início a ciclos repetitivos de multiplicação
quente, sombreada e de baixo fluxo, muito frequentes eritrocitária. Os ciclos eritrocitários repetem-se a
na Amazônia brasileira. cada 48 horas nas infecções por P. vivax e P. falcipa-
rum e a cada 72 horas nas infecções por P. malariae.
A infecção inicia-se quando os parasitos (espo- Depois de algumas gerações de merozoítos nas
rozoítos) são inoculados na pele pela picada do vetor, hemácias, alguns se diferenciam em formas sexua-
os quais irão invadir as células do fígado, os hepatóci- das: os macrogametas (feminino) e microgametas
tos. Nessas células multiplicam-se e dão origem a (masculino). Esses gametas no interior das hemácias
milhares de novos parasitos (merozoítos), que rompem (gametócitos) não se dividem e, quando ingeridos
os hepatócitos e, caindo na circulação sanguínea, vão pelos insetos vetores, irão fecundar-se para dar
invadir as hemácias, dando início à segunda fase do origem ao ciclo sexuado do parasito.
ciclo, chamada de esquizogonia sanguínea. É nessa
fase sanguínea que aparecem os sintomas da malária.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DA MALÁRIA
O desenvolvimento do parasito nas células do fígado
requer aproximadamente uma semana para o P. falci-
parum e P. vivax e cerca de duas semanas para o P. O período de incubação da malária varia de 7
malariae. Nas infecções por P. vivax e P. ovale, alguns a 14 dias, podendo, contudo, chegar a vários meses
em condições especiais, no caso de P. vivax e P.
malariae. A crise aguda da malária caracteriza-se por
episódios de calafrios, febre e sudorese. Têm dura-
ção variável de 6 a 12 horas e pode cursar com tem-
peratura igual ou superior a 40ºC. Em geral, esses
paroxismos são acompanhados por cefaléia, mialgia,
náuseas e vômitos. Após os primeiros paroxismos, a
febre pode passar a ser intermitente.
187
primoinfectados estão sujeitos a maior gravidade,
principalmente por infecções pelo P. falciparum, que TESTES RÁPIDOS IMUNOCROMATOGRÁFICOS
podem ser letais.
Baseiam-se na detecção de antígenos dos
Pela inespecificidade dos sinais e sintomas parasitos por anticorpos monoclonais, que são revela-
provocados pelo Plasmodium, o diagnóstico clínico dos por método imunocromatográfico. Comercial-
da malária não é preciso, pois outras doenças febris mente estão disponíveis em “kits” que permitem diag-
agudas podem apresentar sinais e sintomas seme- nósticos rápidos, em cerca de 15 a 20 minutos. A
lhantes, tais como a dengue, a febre amarela, a sensibilidade para P. falciparum é maior que 90%,
leptospirose, a febre tifóide e muitas outras. Dessa comparando-se com a gota espessa, para densida-
forma, a tomada de decisão de tratar um paciente por des maiores que 100 parasitos por µl de sangue. São
malária deve ser baseada na confirmação laboratorial de fácil execução e interpretação de resultados,
da doença, pela microscopia da gota espessa de dispensam o uso de microscópio e de treinamento
sangue ou por testes rápidos imunocromatográficos. prolongado de pessoal. Entre suas desvantagens
estão:
Prostração
Alteração da consciência 1. Não distinguem P. vivax, P. malariae e P. ovale;
Dispnéia ou hiperventilação
Convulsões 2. Não medem o nível de parasitemia;
Sintomas e Hipotensão arterial ou choque
sinais Edema pulmonar ao RX de tórax 3. Não detectam infecções mistas que incluem o P. 14
Hemorragias Ministério da Saúde falciparum.
Icterícia
Hemoglobinúria
Hiperpirexia (>41ºC) Além disso, seus custos são ainda mais eleva-
Oligúria dos que o da gota espessa e pode apresentar perda
de qualidade quando armazenado por muitos meses
Anemia grave em condições de campo.
Hipoglicemia
Alterações Acidose metabólica
laborato- Insuficiência renal
Hiperlactatemia
Hiperparasitemia
DIAGNÓSTICO MICROSCÓPICO
188
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
malária deve ser precedida de informações - Cloroquina: comprimidos de 150 mg, Primaquina infantil: comprimidos de 5 mg e Primaquina adulto:
comprimidos de 15 mg.
sobre os seguintes aspectos: - Sempre dar preferência ao peso para a escolha da dose.
- Todos os medicamentos devem ser administrados em dose única diária.
- Administrar os medicamentos preferencialmente às refeições.
• Espécie de plasmódio infectante, pela - Não administrar primaquina para gestantes ou crianças menores de 6 meses (nesses casos usar a Tabela 3).
- Se surgir icterícia, suspender a primaquina.
especificidade dos esquemas terapêuticos a serem - Se o paciente tiver mais de 70 kg, ajustar a dose de primaquina (Quadro 3).
utilizados;
• Idade do paciente, pela maior toxicidade para
TRATAMENTO DAS INFECÇÕES PELO P. VIVAX, OU P. OVALE
crianças e idosos; COM CLOROQUINA EM 3 DIAS E PRIMAQUINA
• História de exposição anterior à infecção uma vez EM 14 DIAS (ESQUEMA LONGO)
que indivíduos primoinfectados tendem a apresentar formas
mais graves da doença; Número de comprimidos por medicamento por dia
4º ao 14º
• Condições associadas, tais como gravidez e outros Idade/ 1º dia 2º dia 3º dia
dias
Peso
problemas de saúde; Primaquina Primaquina Primaquina Primaquina
Cloroquina Cloroquina Cloroquina
INFANTIL INFANTIL INFANTIL INFANTIL
• Gravidade da doença, pela necessidade de
6-11 meses 1/2 1/2 1/4 1/2 1/4 1/2 1/4
hospitalização e de tratamento com esquemas especiais de 5-9 kg
antimaláricos. 1-3 anos 1 1 1/2 1/2 1/2 1/2 1/2
10-14 kg
4-8 anos 1 1 1 1 1 1 1
15-24 kg
189
atividades do pôr-do-sol ao amanhecer.
Vale ressaltar, entretanto, que nenhuma dessas
• Condições de acomodação: dormir ao ar livre, em drogas apresenta ação contra esporozoítos (formas
acampamentos, barcos, ou habitações precárias sem proteção infectantes) ou hipnozoítos (formas latentes hepáti-
contra mosquitos. cas), não prevenindo, portanto infecção pelo Plasmo-
dium sp ou recaídas por P. vivax ou P. ovale. A QPX
• Duração da viagem: período da viagem maior que o
deve ser indicada quando o risco de doença grave e/
período de incubação da doença, ou seja, permanecer no local
tempo maior que o período mínimo de incubação da doença
ou morte por malária P. falciparum for superior ao risco
(sete dias). de eventos adversos graves relacionados às drogas
utilizadas. Viajantes em uso de quimioprofilaxia (QPX)
• Época do ano: viagem próxima ao início ou término da devem realizar pesquisa de hematozoário em sangue
estação chuvosa. periférico (gota espessa) ao término da profilaxia,
mesmo que estejam assintomáticos e, a qualquer
• Altitude do destino: destinos até 1.000 m de altitude.
tempo, caso apresentem quaisquer sintomas de
• Acesso ao sistema de saúde no destino distante em
doença.
mais de 24 horas.
Fontes:
Proteção contra picadas de insetos:
http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2014/m
• Informação sobre o horário de maior atividade de aio/27/Guia-pr--tico-de-tratamento-da-mal--ria-no-Bras
mosquitos vetores de malária, do pôr-do-sol ao amanhecer. il.pdf
• Uso de roupas claras e com manga longa, durante
atividades de exposição elevada.
QUIMIOPROFILAXIA
190
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
RAIVA
A
raiva é uma antropozoonose transmitida ao
homem pela inoculação do vírus presente na
saliva e secreções do animal infectado, princi-
palmente pela mordedura. Apresenta letalida- animais infectados.
de de aproximadamente 100% quando não realizada a Não se têm relatos de caso de imunidade natural nos
profilaxia, e alto custo na assistência preventiva às pes- seres humanos. A imunidade é adquirida pelo uso da
soas expostas ao risco de adoecer e morrer. Apesar de vacina e a imunidade passiva, pelo uso do soro.
ser conhecida desde a antiguidade, continua sendo
um problema de saúde pública. Outras vias de transmissão (respiratória,
sexual, vertical) também são relatadas, mas têm
O vírus da raiva é neurotrópico e sua ação no probabilidades muito remotas de ocorrência em
sistema nervoso central – SNC causa quadro clínico seres humanos. Existe relato de transmissão por via
característico de encefalomielite aguda, decorrente da digestiva somente em animais. Não há tratamento
sua replicação viral nos neurônios. Pertence ao gênero comprovadamente eficaz para a raiva. Poucos pacien-
Lyssavirus, da família Rhabdoviridae, possui a forma de tes sobrevivem à doença, a maioria com sequelas
projétil e seu genoma é constituído por ácido ribonu- graves. Em 2004, há o relato de uma paciente que foi
cléico – RNA envolvido por duas capas de natureza exposta a um morcego nos Estados Unidos e con-
lipídica. Apresenta dois antígenos principais, um de traiu raiva. A paciente foi submetida a um tratamento
superfície, composto por uma glicoproteína responsá- à base de antivirais e indução ao coma, denominado
vel pela formação de anticorpos neutralizantes, e outro Protocolo de Milwaukee, e sobreviveu sem receber
interno, que é formado por uma nucleoproteína. vacina ou soro. Em 2008, outros dois pacientes
foram submetidos ao Protocolo de Milwaukee adap-
Apenas os mamíferos transmitem e adoecem tado com sucesso na terapia, sendo um da Colômbia
pelo vírus da raiva. No Brasil, o morcego é o principal e outro do Brasil, o qual originou o Protocolo de trata-
responsável pela manutenção da cadeia silvestre, mento de raiva humana no Brasil – Protocolo de
enquanto o cão, em alguns municípios, continua sendo Recife.
fonte de infecção importante. Outros reservatórios
silvestres são: macaco, cachorro-do-mato, raposa, CONDUTA EM CASO DE POSSÍVEL EXPOSIÇÃO
gato-do-mato, mão-pelada, guaxinim, entre outros. AO VÍRUS DA RAIVA
191
polpas digitais e planta dos pés); podem acontecer em
polivinilpirrolidona-iodo, povidine e digluconato de decorrência de mordeduras ou arranhaduras causadas por
clorexidina ou álcool-iodado. Essas substâncias deve- unha ou dente.
rão ser utilizadas somente na primeira consulta. Nas
seguintes, devem-se realizar cuidados gerais orienta- • Lambedura de pele com lesões superficiais.
CARACTERÍSTICAS DO FERIMENTO
CARACTERÍSTICAS DO ANIMAL ENVOLVIDO
Em relação à transmissão do vírus da raiva, os NO ACIDENTE
ferimentos causados por animais devem ser avaliados
quanto ao: Cão e gato :
Local: ferimentos que ocorrem em regiões próximas ao As características da doença em cães e gatos, como período
sistema nervoso central (cabeça, face ou pescoço) ou em de incubação, transmissão e quadro clínico, são bem
locais muito inervados (mãos, polpas digitais e planta dos conhecidas e semelhantes. Por isso, esses animais são
pés) são graves, porque facilitam a exposição do sistema analisados em conjunto. Em caso de acidente com estes
nervoso ao vírus. A lambedura de mucosas é considerada animais é necessário avaliar:
grave, porque as mucosas são permeáveis ao vírus, mesmo
quando intactas, e as lambeduras geralmente abrangem • O estado de saúde do animal no momento da
áreas mais extensas. A lambedura da pele íntegra não agressão: avaliar se o animal estava sadio ou se apresentava
oferece risco. sinais sugestivos de raiva. A maneira como ocorreu o
acidente pode fornecer informações sobre seu estado de
Profundidade: os ferimentos devem ser classificados saúde. O acidente provocado (por exemplo, o animal que
como superficiais (sem presença de sangramento) ou reage em defesa própria, a estímulos dolorosos ou outras
profundos (apresentam sangramento, ou seja, ultrapassam a provocações) geralmente indica reação normal do animal,
derme). Os ferimentos profundos, além de aumentar o risco enquanto que a agressão espontânea (sem causa aparente)
de exposição do sistema nervoso, oferecem dificuldades à pode indicar alteração do comportamento e sugere que o
assepsia, contudo, vale ressaltar que os ferimentos animal pode estar acometido de raiva. Lembrar que o animal
puntiformes são considerados como profundos, ainda que também pode agredir devido à sua índole ou adestramento.
algumas vezes não apresentem sangramento.
• A possibilidade de observação do animal por 10 dias:
Extensão e número de lesões: deve-se observar a se o animal estiver sadio no momento do acidente, é
extensão da lesão e se ocorreu apenas uma única lesão ou importante que ele seja mantido em observação por 10 dias.
múltiplas, ou seja, uma porta de entrada ou várias. Por Nos cães e gatos, o período de incubação da doença pode
exemplo, uma mordedura pode ter várias portas de entrada. variar de alguns dias a anos, mas, em geral, é de cerca de 60
Considerar cada perfuração como uma porta de entrada. dias. No entanto, a excreção de vírus pela saliva, ou seja, o
período em que o animal pode transmitir a doença, só ocorre
a partir do final do período de incubação, variando entre dois
De acordo com os critérios acima estabeleci- e cinco dias antes do aparecimento dos sinais clínicos,
persistindo até sua morte, que ocorre em até cinco dias após
dos, as exposições podem ser assim classificadas:
o início dos sintomas. Por isso, o animal deve ser observado
por 10 dias. Portanto, se em todo esse período (dez dias)
Acidentes leves: permanecer vivo e saudável, não há riscos de transmissão do
vírus.
• Ferimentos superficiais, pouco extensos,
geralmente únicos, em tronco e membros (exceto mãos,
192
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
• A procedência do animal: é necessário saber se a região
de procedência do animal é área de raiva controlada ou não Observação válida para todos os animais de
controlada. risco:
• Os hábitos de vida do animal: o animal deve ser Sempre que possível, coletar amostra de tecido cerebral e
classificado como domiciliado ou não domiciliado. Animal enviar para o laboratório de referência. O diagnóstico
domiciliado é o que vive exclusivamente dentro do domicílio, laboratorial é importante tanto para definir a conduta em
não tem contato com outros animais desconhecidos e só sai à relação ao paciente quanto para conhecer o risco de
rua acompanhado do seu dono. Desse modo, esses animais transmissão da doença na área de procedência do animal. Se
podem ser classificados como de baixo risco em relação à o resultado for negativo, o esquema profilático não precisa
transmissão da raiva. Ao contrário, aqueles animais que passam ser indicado ou, caso tenha sido iniciado, pode ser suspenso.
longos períodos fora do domicílio, sem controle, devem ser
considerados como animais de risco, mesmo que tenham
proprietário e tenham recebido vacinas, o que geralmente só ESQUEMA PARA PROFILAXIA DA RAIVA HUMANA
ocorre nas campanhas de vacinação.
COM VACINA DE CULTIVO CELULAR
Animais silvestres:
• É necessário orientar o paciente para que ele
notifique imediatamente a Unidade de Saúde se o animal
Animais silvestres como morcego de qualquer espécie, micos
morrer, desaparecer ou se tornar raivoso, uma vez que
(sagui ou soim, como é mais conhecido em algumas regiões),
podem ser necessárias novas intervenções de forma rápida,
macaco, raposa, guaxinim, quati, gambá, roedores silvestres
como a aplicação do soro ou o prosseguimento do esquema
etc. devem ser classificados como animais de risco, mesmo
de vacinação.
que domiciliados e/ou domesticados, haja vista que, nesses
animais, a raiva não é bem conhecida.
• É preciso avaliar, sempre, os hábitos do cão e gato e
os cuidados recebidos. Podem ser dispensados do esquema
Muitos relatos na literatura médica mostram que o risco de
profilático as pessoas agredidas pelo cão ou gato que, com
transmissão do vírus pelo morcego é sempre elevado,
certeza, não tem risco de contrair a infecção rábica. Por
independentemente da espécie e da gravidade do ferimento.
exemplo, animais que vivem dentro do domicílio
Por isso, todo acidente com morcego deve ser classificado
(exclusivamente); não tenham contato com outros animais
como grave.
desconhecidos; que somente saem à rua acompanhados dos
seus donos e que não circulem em área com a presença de
morcegos. Em caso de dúvida, iniciar o esquema de profilaxia
Animais domésticos de interesse econômico indicado. Se o animal for procedente de área de raiva
ou de produção : controlada não é necessário iniciar o esquema profilático.
Manter o animal sob observação e só iniciar o esquema
Animais domésticos de produção ou de interesse econômico profilático indicado (soro+vacina) se o animal morrer,
(bovinos, bubalinos, equídeos, caprinos, ovinos, suínos e desaparecer ou se tornar raivoso.
outros) também são animais de risco. É importante conhecer
o tipo, a frequência e o grau do contato ou exposição que os • O soro deve ser infiltrado na(s) porta(s) de entrada.
tratadores e outros profissionais têm com esses animais e a Quando não for possível infiltrar toda dose, aplicar o máximo
incidência de raiva na região para avaliar também a indicação possível e a quantidade restante, a menor possí- vel, aplicar
de esquema de pré-exposição ou de pós-exposição. pela via intramuscular, podendo ser utilizada a região glútea.
Sempre aplicar em local anatômico diferente do que aplicou a
vacina. Quando as lesões forem muito extensas ou múltiplas
Animais de baixo risco : a dose do soro a ser infiltrada pode ser diluída, o menos
possível, em soro fisiológico para que todas as lesões sejam
Os seguintes roedores e lagomorfos (urbanos ou de criação) infiltradas.
são considerados como de baixo risco para a transmissão da
raiva e, por isso, não é necessário indicar esquema profilático • Nos casos em que se conhece só tardiamente a
da raiva em caso de acidentes causados por esses animais: necessidade do uso do soro antirábico ou quando o mesmo
não se encontra disponível no momento, aplicar a dose de
• ratazana de esgoto (Rattus norvegicus); soro recomendada antes da aplicação da 3ª dose da vacina de
• rato de telhado (Rattus rattus); cultivo celular. Após esse prazo o soro não é mais necessário.
• camundongo (Mus musculus); 5.Nas agressões por morcegos deve-se indicar a
• cobaia ou porquinho-da-índia (Cavea porcellus); soro-vacinação independentemente da gravidade da lesão,
• hamster (Mesocricetus auratus); e ou indicar conduta de reexposição.
• coelho (Oryetolagus cuniculus).
193
ESQUEMA PARA PROFILAXIA DA RAIVA HUMANA COM VACINA DE CULTIVO CELULAR
• Lavar com água e sabão. • Lavar com água e sabão. • Lavar com água e sabão.
Contato Indireto
• Não tratar. • Não tratar. • Não tratar.
• Ferimentos superficiais, pouco extensos, geralmente 1 • Observar o animal durante 10 dias após a exposição1
• Observar o animal durante 10 dias após a exposição . • Lavar com água e sabão.
únicos, em tronco e membros (exceto mãos e polpas
• Se o animal permanecer sadio no período de observa- • Se a suspeita de raiva for descartada após o 10º dia de • Iniciar imediatamente o esquema profilático com
digitais e planta dos pés); podem acontecer em decor-
ção, encerrar o caso. observação, suspender o esquema profilático e encerrar 5 (cinco) doses de vacina administradas nos dias 0,
rência de mordeduras ou arranhaduras causadas por
o caso. 3, 7, 14 e 28.
unha ou dente. • Se o animal morrer, desaparecer ou se tornar raivoso,
administrar 5 doses de vacina (dias 0, 3, 7, 14 e 28). • Se o animal morrer, desaparecer ou se tornar raivoso,
• Lambedura de pele com lesões superficiais.
completar o esquema até 5 (cinco) doses. Aplicar
uma dose entre o 7º e o 10º dia e uma dose nos dias
14 e 28.
Fontes:
http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2015/outubro/19/Normas-tecnicas-profilaxia-raiva.pdf
194
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/folder/esquema_profilaxia_raiva_humana.pdf
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
ARTRITE REUMATÓIDE
A
Artrite reumatoide (AR) é uma doença autoimu-
ne, inflamatória, sistêmica e crônica, caracteri-
zada por sinovite periférica e por diversas mani-
festações extraarticulares. No Brasil, um estudo de
2004 mostrou prevalência de 0,46%, representando
quase um milhão de pessoas com essa doença, o que
confirma o achado do estudo multicêntrico, realizado
em 1993, que verificou uma prevalência de AR em
adultos variando de 0,2%-1%, nas macrorregiões
brasileiras, ocorrendo predominantemente em mulhe-
res entre a quarta e sexta décadas de vida.
Apesar de a etiopatogenia de AR ainda não ser Dados de um estudo brasileiro de pacientes com AR
inteiramente conhecida, muito se avançou no tema nos inicial sugerem que a apresentação clínica mais
últimos anos. No início, a observação do aumento da comum seja a poliartrite aguda (70%) com sinovite
incidência de AR entre familiares, principalmente entre persistente nas mãos (91%) e rigidez matinal prolon-
gêmeos monozigóticos, sugeria um componente gené- gada (mais de 2 horas). A rigidez matinal pode ser o
tico em sua etiopatogênese. Com o avanço dos estu- sintoma inicial e costuma ser um indício de doença
dos, foi identificado o antígeno leucocitário humano ativa. As articulações interfalangianas proximais (IFP)
(human leukocyte antigen - HLA), considerado o princi- e metacarpofalangianas (MCF) são acometidas em
pal fator genético no desenvolvimento dessa doença. mais de 90% dos casos.
Diversos alelos de HLA-DRB1 vêm sendo associados
a AR em populações variadas. Em estudo brasileiro
com pacientes em sua maioria com herança mista, os DIAGNÓSTICO
principais fatores de risco para o desenvolvimento de
AR foram a presença dos alelos HLA-DRB1 SE (sha-
O diagnóstico de AR é estabelecido com base
red epitope - epitopo compartilhado) e a detecção de
em achados clínicos e exames complementares.
anticorpos contra peptídios citrulinados cíclicos (anti-
Nenhum exame isoladamente, seja laboratorial, de
-CCP). No entanto, variações fenotípicas e de incidên-
imagem ou histopatológico, estabelece o diagnósti-
cia apontam para fatores ambientais que, além da
co.
predisposição genética, contribuem para o surgimento
Sem tratamento adequado, o curso da doença
da doença, tais como tabagismo e infecções periodon-
é progressivo, determinando deformidades decorren-
tais.
tes da lassidão ou ruptura dos tendões e das erosões
articulares. Entre os achados tardios, podem-se iden-
A AR é bastante variável quanto à apresenta-
tificar desvio ulnar dos dedos ou “dedos em ventania”,
ção clínica, à gravidade e ao prognóstico. Sua forma
deformidades em “pescoço de cisne” (hiperextensão
clínica mais comum é a poliartrite simétrica de peque-
das articulações IFP e flexão das interfalangianas
nas e grandes articulações com caráter crônico e des-
distais - IFD), deformidades em “botoeira” (flexão das
trutivo, podendo levar a relevante limitação funcional,
IFP e hiperextensão das IFD), “mãos em dorso de
comprometendo a capacidade laboral e a qualidade de
camelo” (aumento de volume do punho e das articula-
vida, resultando em significativo impacto pessoal e
ções MCF com atrofia interóssea dorsal), joelhos
social, com elevados custos indiretos, segundo
valgos (desvio medial), tornozelos valgos (eversão da
estimativas nacionais. A associação de AR a neutrope-
articulação subtalar), hálux valgo (desvio lateral do
nia e esplenomegalia, que ocorre mais nos casos de
hálux), “dedos em martelo” (hiperextensão das articu-
AR de longa evolução, é chamada de Síndrome de
lações metatarsofalangianas - MTF e extensão das
Felty.
195
e devem ser identificados desde o momento do diag-
IFD), “dedos em crista de galo” (deslocamento dorsal nóstico. Os fatores de mau prognóstico são sexo
das falanges proximais com exposição da cabeça dos feminino, tabagismo, baixo nível socioeconômico,
metatarsianos) e pés planos (arco longitudinal achata- início da doença em idade mais precoce, FR ou anti-
do). -CCP em títulos elevados, provas inflamatórias (velo-
O acometimento da coluna cervical (C1-C2) cidade de hemossedimentação ou proteína C reativa)
com subluxação atlantoaxial geralmente manifesta-se persistentemente elevadas, grande número de articu-
por dor irradiada para a região occipital, perda da lações edemaciadas, manifestações extra-articulares,
lordose fisiológica cervical e resistência à movimenta- elevada atividade inflamatória da doença, presença
ção passiva. Quando sintomas neurológicos, como precoce de erosões na evolução da doença e presen-
parestesias periféricas ou perda do controle esfincte- ça do epítopo compartilhado, este um exame não
riano, surgem, a mortalidade é de 50% em 1 ano. A utilizado na rotina assistencial.
suspeita clínica pode ser comprovada por radiografia
de coluna cervical funcional, em que a distância entre
• O diagnóstico de AR deve ser feito
o processo odontoide e o arco anterior de C1 acima considerando-se achados clínicos e exames
de 3 mm (ou entre o processo odontoide e o arco pos- complementares;
terior de C1 abaixo de 14 mm) indica aumento de risco
• O diagnóstico diferencial de AR deve ser
de compressão medular.
elaborado com atenção, considerando-se artrites
secundárias a infecções, neoplasias e artrite
psoriásica, dentre outras;
196
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
197
que permitam definir a superioridade de um agente
sobre o outro. No entanto, um MMCD biológico asso-
TRATAMENTO ciado a metotrexato é melhor do que metotrexato
isoladamente. Os MMCD biológicos não devem ser
O tratamento de AR deve ser iniciado o mais prescritos de forma associada entre si pelos riscos
breve possível, uma vez que a terapia medicamentosa de eventos adversos graves. Há risco de aumento de
intensiva instituída precocemente previne danos estru- infecções graves em pacientes com AR tratados com
turais (erosões), melhorando a capacidade funcional. MMCD biológicos.
O período inicial da doença, principalmente os doze
primeiros meses (AR inicial), configura uma janela de
oportunidade terapêutica, isto é, um momento em que FÁRMACOS
a intervenção farmacológica efetiva pode mudar o
curso da doença. Em alguns países, o acompanha- Anti-inflamatórios não esteroides (AINE)
mento por reumatologista é uma política assistencial
- Ibuprofeno: comprimidos revestidos de 200, 300 e
custo-efetiva, devendo ser o preferencial. 600 mg; solução oral de 50 mg/ml. - Naproxeno:
comprimidos de 250 mg ou de 500 mg.
Glicocorticoides
TRATAMENTO NÃO MEDICAMENTOSO
- Metilprednisolona (acetato) (intra-articular):
frasco de 40 mg/2 ml. - Metilprednisolona
Em resumo, para pacientes com AR, inclusive (succinato) (intravenoso): frascos de 40, 125, 500 ou
1.000 mg.
os casos especiais, recomendam-se exercício físico
- Prednisona: comprimidos de 5 ou 20 mg. -
regular, terapia ocupacional, órteses, fisioterapia e Prednisolona: solução oral de 1 e 3 mg/ml.
terapia psicológica de forma individualizada.
Medicamentos modificadores do curso da doença -
sintéticos
198
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
MONITORIZAÇÃO
Fontes:
Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Artrite Reumatoide
199
ESPONDILITE ANCILOSANTE
lobos pulmonares superiores, compressão nervosa
ou neurite, nefropatia ou amiloidose renal secundária.
No Brasil, a maioria dos doentes de espondiloartrites
com acometimento visceral apresenta EA ou artrite
psoríaca. Das manifestações extra-articulares, a UAA
é a manifestação extraesquelética mais comum, aco-
metendo até 40% dos pacientes, especialmente os
com HLA-B27 positivo. Dados observacionais de
pacientes provenientes de 10 países ibero-america-
nos revelam que a UAA está associada, de forma
positiva, a acometimento axial e HLA-B27 e, de forma
negativa, a acometimento periférico e artrite psoríaca.
A
espondilite ancilosante ou anquilosante (EA) é estruturas do esqueleto apendicular (por exemplo,
uma doença inflamatória crônica classificada dedos, calcâneo, joelhos). Em estudo multicêntrico
no grupo das espondiloartrites que acomete brasileiro, os pacientes que tiveram o início da espon-
preferencialmente a coluna vertebral, podendo diloartrite (incluindo EA) antes dos 40 anos, apresen-
evoluir com rigidez e limitação funcional progressiva tavam predomínio de sintomas axiais; os pacientes,
do esqueleto axial. Assim, as formas mais iniciais de predominantemente do sexo feminino, com início de
EA, nas quais o dano estrutural é menor ou inexisten- sintomas mais tardio apresentavam sintomas periféri-
te, podem ser classificadas como espondiloartrites cos.
axiais. A EA envolve adultos jovens, com pico de
incidência em homens dos 20 aos 30 anos, especial- Fatores de mau prognóstico de EA incluem
mente em portadores do antígeno HLA-B27, o que, mudanças estruturais radiográficas à avaliação inicial,
no Brasil, representa cerca de 60% dos pacientes. acometimento do quadril, baixo nível socioeconômi-
Dados nacionais revelam que 65% dos doentes de co, idade jovem no início da doença, velocidade de
espondiloartrites são brancos e que pacientes hemossedimentação (VHS) ou proteína C reativa
negros apresentam pior qualidade de vida e avalia- persistentemente elevadas e atividade de doença
ção global da doença do que brancos. Além disso, persistentemente alta.
mulheres com espondiloartrites representam um
terço dos pacientes e têm piores níveis de atividade
de doença e de qualidade de vida do que homens. DIAGNÓSTICO
O sintoma inicial costuma ser lombalgia, Inexistem critérios diagnósticos para EA, mas
caracterizada por dor noturna, de início insidioso, que critérios de classificação facilitam a identificação das
não melhora com repouso (mas melhora com exercí- características mais importantes para o diagnóstico
cios). Além do comprometimento axial, a EA também (16).
costuma acometer articulações periféricas (oligoartri-
te de grandes articulações de membros inferiores) e Os critérios ASAS (Assessment of Spondylo-
pode causar manifestações extraesqueléticas, tais Arthritis International Society) permitem a inclusão de
como uveíte anterior aguda (UAA), insuficiência aórti- pacientes com inflamação ainda sem destruição
ca, distúrbios de condução cardíacos, fibrose de óssea, e os critérios de classificação modificados de
200
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
Nova Iorque, a oclusão de pacientes já com dano Para o diagnóstico de doença estabelecida,
estrutural, numa fase mais avançada da doença. Na são úteis os critérios de classificação modificados de
prática assistencial, ambos podem ser empregados, Nova Iorque, nos quais são consideradas lombalgia,
mas a tendência atual é usar preferencialmente os limitação de mobilidade axial e sacroiliíte radiográfica.
critérios ASAS. Para ser classificado como portador de espondilite
ancilosante, o paciente deve apresentar, pelo menos,
Para o diagnóstico de doença inicial, os crité- 1 critério clínico e 1 critério radiográfico.
rios ASAS são mais úteis para espondiloartrites axiais,
podendo ser utilizados também para as espondiloartri-
tes periféricas, segundo os quais pacientes com até CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO MODIFICADOS DE
45 anos e lombalgia por mais de 3 meses são classifi- NOVA IORQUE PARA ESPONDILITE ANCILOSANTE
cados como portadores de espondiloartrite axial em
dois cenários. a) Lombalgia inflamatória por, no
Critério obrigatório mínimo, 3 meses e idade de início da
doença até 45 anos.
CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO ASAS * Dor lombar que melhora com exercícios, mas não com repou-
PARA ESPONDILOARTRITES AXIAIS so, que ocorre predominantemente à noite, com início insidio-
so, antes dos 40 anos.
a) Lombalgia inflamatória por, no ** Em ortostatismo, mede-se a distância entre o terceiro quiro-
Critério obrigatório mínimo, 3 meses e idade de início da dáctilo de cada mão e o chão na posição ereta e em flexão
doença até 45 anos. lateral máxima para cada lado; calcula-se a média das varia-
ções de altura.
b) Sacroiliíte em exames de imagem* *** Variação da distância mediana de 10 cm acima da quinta
e, pelo menos, 1 característica de vértebra lombar (L5) à flexão do tronco com membros inferio-
Critérios possíveis espondiloartrite.** res estendidos.
(a ou b)
c) HLA-B27 e 2 ou mais característi- **** Variação da circunferência torácica inframamária na inspi-
cas de espondiloartrite.** ração e expiração máximas.
* Radiografia simples (com sacroiliíte bilateral graus 2-4 ou ***** Graus de sacroiliíte à radiografia simples de articulações
unilateral graus 3 ou 4) ou ressonância magnética de articula- sacroilíacas: 0, normal; 1, alterações suspeitas; 2, alterações
ções sacroilíacas (com edema de medula óssea). Graus de mínimas (áreas localizadas e pequenas com erosão ou escle-
sacroiliíte à radiografia simples de articulações sacroilíacas: 0, rose, sem alterações na largura da linha articular); 3, altera-
normal; 1, alterações suspeitas; 2, alterações mínimas (áreas ções inequívocas (sacroiliíte moderada ou avançada, com
localizadas e pequenas com erosão ou esclerose, sem altera- erosões, esclerose, alargamento, estreitamento ou anquilose
ções na largura da linha articular); 3, alterações inequívocas parcial); 4, anquilose total.
(sacroiliíte moderada ou avançada, com erosões, esclerose,
alargamento, estreitamento ou anquilose parcial); 4, ancilose
total.
** Características de espondiloartrite: lombalgia inflamatória,
artrite, entesite, uveíte, dactilite, psoríase, doença de Crohn ou
retocolite ulcerativa, boa resposta a antiinflamatórios não
esteroidais (em 24-48 horas de máxima dose tolerada), histó-
ria familiar de espondiloartrite, HLA-B27, proteína C reativa
elevada.
201
uma opção terapêutica para o tratamento da EA, prin-
cipalmente para aqueles pacientes com maior risco
TRATAMENTO
para eventos cardiovasculares e gastrintestinais. O
Os objetivos do tratamento da EA são aliviar a naproxeno tem se revelado mais seguro com relação
dor, a rigidez e a fadiga e preservar a postura adequa- aos eventos cardiovasculares do que os outros
da e as funções física e psicossocial. AINEs utilizados para o tratamento da EA.
202
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
Fontes:
Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Espondilite Ancilosante.
203
LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO
O
Lúpus eritematoso sistêmico (LES) é uma sistema nervoso central (SNC), a maior risco de
doença autoimune sistêmica caracterizada infecções graves decorrentes da imunossupressão e,
pela produção de autoanticorpos, formação e tardiamente, às complicações da própria doença e do
deposição de imunocomplexos, inflamação em diver- tratamento, sendo a doença cardiovascular um dos
sos órgãos e dano tecidual. Sua etiologia permanece mais importantes fatores de morbidade e mortalidade
ainda pouco conhecida, porém sabe-se da importan- dos pacientes.
te participação de fatores hormonais, ambientais,
genéticos e imunológicos para o surgimento da Fadiga é uma das queixas mais prevalentes do
doença. As características clínicas são polimórficas, LES em atividade. Febre, geralmente moderada e
e a evolução costuma ser crônica, com períodos de com resposta rápida ao glicocorticoide (GC), é verifi-
exacerbação e remissão. A doença pode cursar com cada na maioria dos pacientes no momento do diag-
sintomas constitucionais, artrite, serosite, nefrite, nóstico. Mialgias, perda de peso e linfadenopatia
vasculite, miosite, manifestações mucocutâneas, reacional periférica podem ser comumente encontra-
hemocitopenias imunológicas, diversos quadros neu- das nos pacientes com LES. O envolvimento articular
ropsiquiátricos, hiperatividade reticuloendotelial e é a manifestação mais frequente, depois dos sinto-
mas constitucionais, sendo detectado em mais de
90% dos pacientes durante a evolução da doença.
Necrose asséptica de múltiplas articulações, princi-
palmente da cabeça do fêmur, pode ocorrer, particu-
larmente nos pacientes em uso de GC em dose
elevada por longos períodos. Perda de massa óssea
com aumento do risco de osteoporose e fraturas
geralmente está associada com uso crônico de GC e
deficiência de vitamina D decorrente da baixa exposi-
ção solar.
A mortalidade dos pacientes com LES é cerca No lúpus cutâneo subagudo, as lesões são
de 3 a 5 vezes maior do que a da população geral e simétricas, superficiais, não cicatriciais, localizadas
está relacionada a atividade inflamatória da doença, em áreas fotoexpostas. Elas iniciam como pequenas
especialmente quando há acometimento renal e do pápulas eritematosas, progredindo para lesões anula-
204
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
res policíclicas ou papuloescamosas (psoriasiformes)
e costumam cursar com a presença do anticorpo anti-
-Ro/SSA. O fenômeno de Raynaud, caracterizado por
alterações vasculares (vasoconstrição e vasodilata-
ção) que determinam mudança na coloração das extre-
midades (palidez, cianose e rubor), está presente em
cerca de 16% a 40% dos pacientes e geralmente se
associa com estresse emocional ou frio. Na experiên-
cia clínica, alopecia, geralmente difusa ou frontal, é um
achado frequente, constituindo-se em um bom marca-
dor de agudização do LES.
205
• Bilirrubinas total e frações; b) psicose – na ausência de fármacos implicados ou
alterações metabólicas conhecidas (por exemplo,
• Desidrogenase láctica (LDH);
uremia, cetoacidose, distúrbios hidroeletrolíticos).
• Ureia e creatinina;
• Eletrólitos (cálcio, fósforo, sódio, potássio e cloro); 9. Alterações hematológicas:
• Exame qualitativo de urina (EQU); a) anemia hemolítica com reticulocitose; ou
• Complementos (CH50, C3 e C4); b) leucopenia de menos de 4.000/mm3 em duas ou
• Albumina sérica; mais ocasiões; ou
• Proteinúria de 24 horas; c) linfopenia de menos de 1.500/mm3 em duas ou mais
• VDRL; e ocasiões; ou
• Avaliação de autoanticorpos (FAN, anti-DNA nativo, d) trombocitopenia de menos de 100.000/mm3 na
anti-Sm, anticardiolipina IgG e IgM, anticoagulante ausência de uso de fármacos causadores.
lúpico, anti-La/SSB, anti-Ro/SSA e anti-RNP).
10. Alterações imunológicas:
a) presença de anti-DNA nativo; ou
A solicitação dos exames deve basear-se na b) presença de anti-Sm; ou
avaliação clínica de cada paciente. c) achados positivos de anticorpos antifosfolipídios
baseados em concentração sérica anormal de
anticardiolipina IgG ou IgM, em teste positivo para
O diagnóstico é estabelecido a partir da presença
anticoagulante lúpico, usando teste-padrão ou em
de pelo menos 4 dos 11 critérios de classificação,
VDRL falso-positivo, por pelo menos 6 meses e
em qualquer momento da vida dos pacientes,
confirmado por FTA-Abs negativo.
propostos pelo American College of Rheumatology
(ACR) em 1982 e revisados em 1997, aceitos
11. Anticorpo antinuclear (FAN): título anormal de FAN
universalmente, conforme descritos abaixo:
por imunofluorescência ou método equivalente em
qualquer momento, na ausência de fármacos
sabidamente associados ao lúpus induzido por
1. Eritema malar: eritema fixo, plano ou elevado nas
fármacos.
eminências malares, tendendo a poupar a região
nasolabial.
Embora FAN esteja presente em mais de 95%
2. Lesão discoide: lesão eritematosa, infiltrada, com
escamas queratóticas aderidas e tampões dos pacientes com a doença ativa, o teste apresenta
foliculares, que evolui com cicatriz atrófica e baixa especificidade. Títulos de FAN acima de 1:80
discromia. são considerados significativos. Nos casos com pes-
quisa de FAN negativa, particularmente com lesões
3. Fotossensibilidade: eritema cutâneo resultante de
reação incomum ao sol, por história do paciente ou cutâneas fotossensíveis, recomenda-se a realização
observação do médico. da pesquisa de anticorpos anti-Ro/SSA e anti-La/S-
SB. Anticorpos anti-DNA nativo e anticorpos anti-Sm
4. Úlcera oral: ulceração oral ou nasofaríngea, são considerados testes específicos, mas têm baixa
geralmente não dolorosa, observada pelo médico.
sensibilidade. A presença de anticorpos tem valor
5. Artrite: artrite não erosiva envolvendo 2 ou mais clínico quando ocorrer em pacientes com manifesta-
articulações periféricas, caracterizada por dor à ções compatíveis com o diagnóstico de LES.
palpação, edema ou derrame.
6. Serosite:
a) pleurite – história convincente de dor pleurítica ou CASOS ESPECIAIS
atrito auscultado pelo médico ou evidência de
derrame pleural; ou LÚPUS INDUZIDO POR MEDICAMENTOS
b) pericardite – documentada por eletrocardiografia (“LÚPUS DROGA RELACIONADO” - LDR)
ou atrito ou evidência de derrame pericárdico.
As manifestações clínicas surgem após a administra-
7. Alteração renal:
a) proteinúria persistente de mais de 0,5 g/dia ou
ção de medicamentos, sendo hidralazina e procaina-
acima de 3+ (+++) se não quantificada; ou mida os mais frequentemente envolvidos. Recente-
b) cilindros celulares – podem ser hemáticos, mente, têm sido descritos casos tratados com agen-
granulares, tubulares ou mistos. tes anti-TNF. Os sintomas podem ser semelhantes
8. Alteração neurológica:
aos de LES, havendo comprometimento cutâneo,
a) convulsão – na ausência de fármacos implicados musculoesquelético, sintomas constitucionais e sero-
ou alterações metabólicas conhecidas (por exemplo, sites. Raramente ocorrem alterações hematológicas
uremia, cetoacidose, distúrbios hidroeletrolíticos); ou graves, acometimento neuropsiquiátrico ou renal.
206
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
Caracteriza-se pela presença de anticorpos anti-histo- avaliada pelo escore SLEDAI. Os pacientes tratados
na. As manifestações desaparecem com a retirada do com HCQ desenvolveram, no final do seguimento,
fármaco desencadeante. O tratamento envolve uso de menos artrite. Não foram observadas diferenças signi-
medicamentos para o controle dos sintomas, como ficativas para serosite, lesões cutâneas ou febre. O
analgésicos comuns e anti-inflamatórios não esteroi- risco relativo de exacerbação grave do LES que
des (AINES) e, em casos refratários, glicocorticoides, necessitou exclusão do paciente do estudo foi 6,1
como a prednisona em dose de 0,5 mg/kg/dia até a vezes maior no grupo placebo, não havendo diferença
resolução do quadro clínico. entre as alterações da dose de GC utilizada entre os
grupos. Uma nova análise desses pacientes foi reali-
LÚPUS NA GESTAÇÃO zada após 3 anos de seguimento. Dos pacientes
randomizados, 50% do grupo placebo e 28% do
Mulheres lúpicas geralmente têm fertilidade grupo HCQ tiveram pelo menos uma reativação
preservada. Durante a gestação, as complicações caracterizada pelo uso de GC sistêmico ou imunos-
obstétricas são maiores, assim como o risco de supressores, ou aumento de 10 mg/dia de predniso-
exacerbação da doença, especialmente no puerpério. na ou equivalente. Não houve diferença entre os
O prognóstico é melhor para ambos, mãe e feto, grupos no tempo decorrido até a reativação.
quando a doença está em remissão há pelo menos 6
meses antes da concepção. Durante a gestação, há Os glicocorticoides (GC) são os fármacos
maior prevalência de pré-eclâmpsia, eclâmpsia, sofri- mais utilizados no tratamento de LES, e as doses
mento fetal e morte fetal, principalmente em mulheres diárias variam de acordo com a gravidade de cada
com nefrite lúpica e presença de anticorpos antifosfoli- caso. Tendo prednisona como padrão pela via oral, as
pídios. O tratamento pode ser realizado com GC e doses podem ser divididas em:
antimaláricos, nas doses indicadas no item esquema
de administração, além de todos os cuidados e orien- • Dose baixa: 0,125 mg/kg/dia;
tações recomendadas para os demais pacientes com
• Dose moderada: 0,125-0,5 mg/kg/dia;
LES. Imunossupressores geralmente são contraindica-
• Dose alta: 0,6-1 mg/kg/dia;
dos durante a gestação.
• Dose muito alta: 1-2 mg/kg/dia;
LÚPUS NEONATAL • Pulsoterapia com GC: aplicação endovenosa
de metilprednisolona (15-20 mg/kg/dia) até 1.000
mg/dia, administrada em 1 hora, habitualmente por 3
É uma condição clínica caracterizada por graus dias consecutivos.
variados de bloqueio cardíaco fetal, trombocitopenia,
alterações hepáticas e cutâneas relacionados com a
passagem transplacentária de autoanticorpos mater-
nos, especialmente anti-Ro/SSA e anti-La/SSB. O
tratamento do bloqueio cardíaco fetal depende da
gravidade e é realizado com GC que atravessem a
barreira placentária, tais como dexametasona ou beta-
metasona, em doses que variam de acordo com a
gravidade. As demais manifestações tendem a ser
leves e geralmente estarão resolvidas até o 6o mês de
vida da criança.
TRATAMENTO
Entre os medicamentos utilizados podem ser
citados os antimaláricos (cloroquina e hidroxicloroqui-
na) e os GCs, independentemente do órgão ou siste-
ma afetado pela doença. Em ensaio clínico randomiza-
do, o uso de hidroxicloroquina (HCQ), foi comparado
com o de placebo em pacientes com atividade leve
207
isolados ou em combinação com terapia tópica. Para
Esquemas usuais de prednisona utilizados em os pacientes com lesões cutâneas disseminadas,
pacientes com LES também podem ser ajustados da recomenda-se o uso de GC sistêmico em associação
seguinte maneira:
com imunossupressores.
• Dose baixa: menos de 7,5 mg/dia
• Dose moderada: 7,5-30 mg/dia MANIFESTAÇÕES ARTICULARES
• Dose alta: 30-10 mg/dia
• Dose muito alta: mais de 100 mg/dia Artrite crônica com recidivas frequentes
ocorre em cerca de 10% dos pacientes. O tratamen-
• Pulsoterapia com GC: aplicação endovenosa
de metilprednisolona 500-1.000 mg/dia, administrada to geralmente é feito com AINES, antimaláricos (62)
em 1 hora, habitualmente por 3 dias consecutivos. ou GCs. Nos casos refratários, pode-se optar por
MTX.
Os GC apresentam inúmeros efeitos colaterais
e, por isso, devem ser utilizados na menor dose efetiva
para o controle da atividade da doença e, assim que MANIFESTAÇÕES NEUROPSIQUIÁTRICAS
possível, reduzidos gradualmente até a suspensão.
Para pacientes em uso de antimaláricos e que não Complicações neuropsiquiátricas em pacien-
conseguem atingir a dose de manutenção de predni- tes com LES incluem manifestações focais ou difu-
sona até 7,5 mg/dia, há indicação de associação de sas, agudas ou crônicas. As mais graves são convul-
outro medicamento para poupar GC. Azatioprina sões, psicose, mielite transversa, doença cerebrovas-
(AZA) e metotrexato (MTX) têm comprovada ação pou- cular e distúrbios do movimento. O diagnóstico deve
padora de GC. ser confirmado após a exclusão de infecções, efeitos
adversos de medicamentos e alterações metabólicas.
Nas demais situações, o tratamento medica- O tratamento dos pacientes com acometimento neu-
mentoso depende da extensão e da gravidade da ropsiquiátrico grave envolve o uso de terapia de con-
doença, considerando os órgãos e sistemas acometi- trole específico para cada manifestação (por exem-
dos. plo, anticonvulsivante para convulsões e antipsicóti-
cos para psicose), GC sistêmico em doses imunos-
supressoras e ciclofosfamida.
MANIFESTAÇÕES RENAIS
Os objetivos do tratamento são normalizar ou
prevenir a perda de função renal, induzir remissão da
atividade renal, prevenir reativações renais e evitar ao
máximo a toxicidade do tratamento. Entre as medidas
gerais deve-se considerar:
208
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
O tratamento sistêmico envolve o uso de GC dos, podem ser tratadas com GC associado ou não
e outros imunossupressores. A utilização de predni- a imunossupressores.
sona por via oral ou de pulsos de metilprednisolona
endovenosa, evidencia melhora ou estabilização da
função renal. Pacientes com glomerulonefrite (GN)
proliferativa devem ser tratados com GC em doses
altas por um período de 6-8 semanas, com posterior
redução gradativa da dose. A pulsoterapia com metil-
prednisolona é recomendada para casos graves com
disfunção renal aguda.
MANIFESTAÇÕES HEMATOLÓGICAS
Os pacientes com LES podem desenvolver
complicações hematológicas graves, como anemia
hemolítica autoimune ou plaquetopenia. O tratamento
de escolha para anemia hemolítica tem sido GC em
doses que dependem da gravidade da apresentação.
O período de tratamento é variado, em média 4-6
semanas, com posterior redução, dependendo da
resposta. Nos casos graves, pode ser usada pulsote-
rapia com metilprednisolona. Nos casos refratários ao
GC ou mesmo corticodependentes, podem-se usar
imunossupressores, como AZA e CYC.
209
ARTRITE REATIVA
A
AR, anteriormente denominada doença de mento do esqueleto axial e de maior agressividade da
Reiter, pertence ao grupo das espondiloartropa- doença.
tias soronegativas, as quais são doenças
reumáticas crônicas que afetam articulações periféri- A AR é uma entidade nosológica cujo concei-
cas e da coluna, com características clínicas, radiológi- to ainda está em evolução, não havendo critérios
cas e genéticas semelhantes. diagnósticos ou de classificação definitivos e valida-
dos. Um consenso de especialistas reunidos em
O termo artrite reativa refere-se a uma artrite Berlim em 1999 sugeriu que a identificação de
que se desenvolve logo após ou durante uma infecção alguns fatores pode ser de utilidade no diagnóstico
bacteriana, geralmente genitourinária ou gastrointesti- de AR:
nal, desencadeada por patógenos que não se conse-
gue isolar nas articulações acometidas. É, pois, uma
• Patógenos causadores:
artrite asséptica que ocorre subsequentemente a uma
infecção extra-articular. •clássicos: Chlamydia trachomatis, Yersinia
sp., Salmonella sp., Shigella sp. e Campilobacter sp.;
•prováveis: Clostridium difficile e Chlamydia
pneumoniae.
210
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
DIAGNÓSTICO CLÍNICO
A síndrome clínica caracterizada por artrite,
uretrite, conjuntivite e lesões mucocutâneas, comu-
mente conhecida como AR ou doença de Reiter, é
multissistêmica desencadeada por uma resposta
imune do hospedeiro após exposição a um antígeno.
A tríade clássica - artrite, uretrite e conjuntivite –
ocorre apenas em um terço dos casos, e o quadro
clínico acompanhado de sinais mucocutâneos é
pouco frequente.
211
para as uretrites em atividade. Os AINE são a primei-
eficaz para a doença articular periférica em doses de
ra linha de tratamento para a fase aguda de dor e
até 2.000 mg/dia(1,5,22). Além da ação antibacteria-
inflamação da artrite. São usados nas suas doses
na, a sulfassalazina diminui os níveis de imunoglobuli-
máximas e de forma contínua por pelo menos 2 sema-
na (Ig) sérica, principalmente a IgA, e reduz a VSG.
nas, sendo geralmente bastante eficazes no controle
Pela possibilidade de hipersensibilidade cruzada a
dos sintomas. Apesar da melhora dos sintomas, não
salicilatos e sulfonamidas, o uso de sulfassalazina
existem evidências de que os AINE alterem o curso
está contraindicado em pacientes com hipersensibili-
da doença.
dade a esses medicamentos. Há relatos de benefício
As medidas de mobilidade da coluna e os reagentes
com agentes antifator de necrose tumoral no trata-
de fase aguda (VSG e PCR) não mostram modifica-
mento de AR. Uma vez que não há estudos controla-
ção significativa com o uso de AINE. O uso de glico-
dos avaliando a eficácia e segurança desses agentes,
corticoide intra-articular pode ajudar de forma segura
seu uso não está recomendado.
e eficaz o tratamento de uma lesão única e com sinto-
mas incapacitantes, nos casos em que o AINE não Fontes:
controlou os sintomas satisfatoriamente. As injeções Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Artrite Reativa.
locais de glicocorticoide também são efetivas no con-
trole dos sintomas nas entesites. Raramente o glico-
corticoide sistêmico é indicado, sendo empregado
apenas nos raros casos de doença grave, prolongada
ou sistêmica em que ocorre resistência aos AINE .
Nesses casos, o glicocorticoide pode ser administra-
do pelo período de 1 a 12 semanas.
212
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
213
Existem vários critérios diagnósticos para
Gota. Os critérios de Roma exigem pelo menos 2 dos
EXAMES COMPLEMENTARES
critérios. Os critérios de Nova York são mostrados
abaixo. O Colégio Americano de Reumatologia
GERAIS: Hemograma completo, VHS, PCR,
(ACR) também propôs 13 critérios para classificar
ácido úrico sérico, ureia, creatinina, clearance de
artrite gotosa aguda conforme mostrado a seguir . A
creatinina, raios X de articulações envolvidas,
presença isolada do critério de número 12 ou a
sinovioanálise (pesquisa de cristais no microscópico
presença de tofos confirmados são suficientes para o
de luz polarizada, bacterioscopia e cultura para
diagnóstico. Para os outros critérios, são necessários
microrganismos), uricosúria de 24 horas.
a presença de 6 critérios para o diagnóstico.
INVESTIGAÇÃO E CONTROLE DE SÍNDROME
METABÓLICA: glicemia, colesterol total, HDL, LDL,
CRITÉRIOS DE ROMA PARA DIAGNÓSTICO DE GOTA
triglicérides.
1. Concentração de urato sérico ≥ 7mg/dl em homens
e ≥ 6mg/dl em mulheres.
2. Artrite de início abrupto, resolvendo em
1-2semanas.
3. Presença de urato no líquido sinovial.
4. Presença de tofos.
214
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
TRATAMENTO DA HIPERURICEMIA
b) uricosúricos (probenecide,
benzobromarona);
Fontes:
http://bibliofarma.com/protocolo-e-diretrizes-terapeuticas-artrite-gotosa
215
VASCULITES ou ANGIITE
A
s vasculites constituem processos clínico-pato- avanço nos últimos dez anos, porém ainda restam
lógicos caracterizados pela inflamação e lesão muitos pontos a serem esclarecidos neste grupo de
da parede dos vasos sangüíneos. Freqüente- doenças, dado o seu caráter heterogêneo e freqüen-
mente, a luz vascular está comprometida, resultando temente, de difíceis decisões terapêuticas.
em alterações isquêmicas dos tecidos vizinhos. As
vasculites podem assumir diferentes formas de expres- PATOGÊNESE
são, que vão desde um processo inflamatório local
autolimitado, até uma forma de acometimento difuso e A patogênese é desconhecida na maioria das
extremamente grave. Vasos sangüíneos de qualquer síndromes vasculíticas. Estudos clínicos e experimen-
tamanho, localização ou tipo podem estar envolvidos, tais têm demonstrado que os mecanismos imunológi-
incluindo artérias de grande, médio ou pequeno cos são os mais prevalentes, embora freqüentemente
calibre, arteríolas, capilares, vênulas e veias. não esteja estabelecido como eles são deflagrados e
perpetuados.
Esta categoria heterogênea de doenças englo-
ba desde síndromes com características próprias, até Entre os principais mecanismos presumivel-
diferentes doenças com sobreposição de aspectos mente envolvidos nas vasculites, a deposição de
clínicos e patológicos. As vasculites podem constituir imunocomplexos circulantes (ICC), com subseqüente
lesão vascular, tem despontado como evento principal
em grande parte das vasculites. No entanto, cabe
ressaltar que a presença de ICC não constitui prova
formal de que a doença associada seja causada por
eles, mesmo naquelas condições nas quais lesões
vasculares características estão presentes.
216
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
• Elevação recente da pressão diastólica acima
de 90 mmHg
CLASSIFICAÇÃO • Elevação da creatinina sérica acima de 1,5
mg/dl
• Sorologia positiva para o vírus da hepatite B
VASCULITES DE GRANDES VASOS: ARTERITE DE • Presença de microaneurismas em
TAKAYASU E ARTERITE TEMPORAL OU DE CÉLULAS arteriografia
GIGANTES. • Biópsia arterial com infiltrado contendo
neutrófilos
Neste grupo de vasculites estão acometidas
as grandes artérias, como a aorta e seus ramos na
ARTÉRIA NORMAL
arterite de Takayasu, e a artéria temporal, no caso da FLUXO NORMAL DE SANGUE
217
capilares, incluindo o capilar glomerular. Existem duas • Processo inflamatório da mucosa oral ou
formas de expressão clínica da doença: uma forma nasal
difusa ou clássica, em que ocorrem sintomas gerais, • Imagens pulmonares de nódulos, infiltrados
alterações do trato respiratório alto, dos pulmões e ou cavitações
dos rins; a outra é localizada, com lesões • Sedimento urinário com hematúria ou
preferencialmente granulomatosas do trato cilindros hemáticos
respiratório alto e/ou pulmões, sem outras evidências • Vasculite granulomatosa demonstrada em
de vasculite sistêmica. Histologicamente, a lesão biópsia
granulomatosa das vias respiratórias e do parênquima
pulmonar se caracteriza por um exsudato inflamatório A presença de dois ou mais destes critérios
com predomínio de polimorfonucleares, vasculite confere uma sensibilidade diagnóstica de 88% e uma
necrozante e granuloma com células gigantes e especificidade de 92%. Desta forma, uma radiografia
epitelióides. O comprometimento pulmonar ocorre em torácica alterada ou o achado de inflamação
aproximadamente 85% dos pacientes e constitui uma granulomatosa em biópsia não são requisitos
das manifestações iniciais desta doença. A imagem absolutos para diferenciar a GW de outras formas de
radiológica mais característica é a de nódulos vasculites.
pulmonares que, ocasionalmente, evoluem para a
cavitação. Observam-se também infiltrados uni ou A poliangeíte microscópica caracteriza-se
bilaterais, de distribuição irregular e que não se por vasculite necrozante que acomete pequenos
resolvem com a correção da hiperidratação, na vasos, principalmente arteríolas de pequeno calibre,
eventual presença de insuficiência renal. Em 40% dos vênulas e capilares, com especial predileção para o
pacientes ocorre alveolite hemorrágica e insuficiência território glomerular e pulmonar. As manifestações
respiratória grave, freqüentemente fatal. O renais da poliangeíte são semelhantes às descritas
envolvimento das vias aéreas superiores manifesta-se na GW; a insuficiência renal pode estar presente,
por sinusopatia, otites e rinites purulentas e/ou sendo tanto mais severa quanto maior o retardo no
hemorrágicas. Uma das lesões nasais mais típicas na diagnóstico da doença. O acometimento pulmonar
GW avançada é a rotulada de "nariz em sela", ocorre em 40 % dos pacientes, geralmente sob a
decorrente da destruição da cartilagem nasal. O forma de infiltrados e quadro de alveolite
envolvimento renal se manifesta por microhematúria hemorrágica. As manifestações cutâneas são
em praticamente todos os pacientes. A proteinúria comuns, na forma de púrpura palpável e de lesões
também está presente, mas é raro o quadro de necrozantes. Tanto a sintomatologia renal, como a de
síndrome nefrótica. No momento do início da doença, outros órgãos, costuma ser acompanhada ou
mais da metade dos pacientes têm função renal precedida por sintomas constitucionais como febre,
normal; os demais apresentam disfunção moderada ou mal estar geral, artralgias e perda de peso. A
insuficiência renal grave, necessitando de suporte determinação do ANCA é quase sempre positiva,
dialítico (10 a 20%). podendo ocorrer tanto o padrão citoplasmático
quanto o padrão perinuclear (ANCA- p), com
A determinação do ANCA é praticamente especificidade antigênica para a mieloperoxidase.
sempre positiva na forma difusa da GW, sendo
tipicamente observado o padrão citoplasmático (ANCA Na síndrome de Churg-Strauss, o
c) e especificidade antigênica para a proteinase-3 (PR envolvimento respiratório ocorre em 100 % dos
3). Na forma localizada, a determinação do ANCA nem casos, manifestando-se por asma acompanhada de
sempre é positiva. O Colégio Americano de eosinofilia. Outros sintomas importantes são de
Reumatologia, em 1990, estabeleceu quatro critérios natureza neurológica (polineurites), cutânea (úlceras
clínicos para o diagnóstico da GW, antes que estivesse necrotizantes) e cardíaca (arritmias, angina e infarto
disponível o teste do ANCA: do miocárdio). O Colégio Americano de Reumatologia
propôs seis critérios para o diagnótico da arterite de
Churg-Strauss; a presença de quatro ou mais destes
critérios fornece uma sensibilidade diagnóstica de
85% e uma especificidade de 99,7 %:
• Presença de asma
• Mononeuropatia ou polineuropatia
• Sinusopatia
218
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
TRATAMENTO
219
de 12 meses, após ser obtida a remissão. Nesta fase,
deve-se optar pelo esquema mais eficiente e menos
tóxico. As alternativas possíveis seriam: ciclofosfami-
da por via endovenosa mensal, clorambucil em dose
baixa, azatioprina, metotrexate ou ciclosporina. A
indicação de plasmaferese está reservada aos casos
mais severos de insuficiência respiratória por alveolite
hemorrágica. A utilização de gama-globulina endove-
nosa em altas doses (0,4 mg/kg) tem sido proposta
nas situações de resistência ao esquema imunossu-
pressor convencional, porém não existem estudos
conclusivos sobre este procedimento. Com o objetivo
de reduzir as recidivas das vasculites, desencadea-
das por infecções do trato respiratório, recomenda-se
a administração diária de doses baixas trimetoprim-
-sulfametoxazol, especialmente na granulomatose de
Wegener e na poliangeite microscópica.
Fontes:
http://www.asbai.org.br/revistas/vol214/vasc.htm#col
220
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
FEBRE REUMÁTICA
A
Febre Reumática (FR) é uma complicação não Considera-se como alta probabilidade de
supurativa da faringoamigdalite aguda provoca- febre reumática o indivíduo que se apresente com
da pelo estreptococo beta-hemolítico do grupo dois critérios maiores ou um critério maior e dois crité-
A (EBGA), decorrente de resposta imunológica tardia rios menores de Jones, associados à evidência de
a essa infecção em populações geneticamente predis- infecção estreptocócica recente. A definição de crité-
postas. A doença acomete principalmente crianças e rio maior ou menor se baseia na sua especificidade e
jovens, estando frequentemente associada à pobreza não sensibilidade. A infecção pregressa pelo EBGA
e a condições de vida adversas. deve ser pesquisada pela história clínica sugestiva ou
dosagens elevadas de exames sorológicos, como a
antiestreptolisina O (ASLO). Manifestações clínicas
atípicas podem estar presentes e devem ser avalia-
das quanto à possibilidade de “febre reumática prová-
vel”, na ausência de outros diagnósticos alternativos.
221
Existem situações para as quais os critérios Em nosso meio, tratar com penicilina benzatina
modificados de Jones não se aplicam adequadamen- os casos clínicos sugestivos de infecção por EBGA,
te e, portanto, não devem ser usados para diagnosti- em especial, nas crianças, adolescentes e adultos
car FR de modo restrito. São exemplos a coréia, a jovens, mesmo na ausência de comprovação bacterio-
cardite indolente e as recorrências de FR, desde que lógica, é uma estratégia que deve ser considerada
outros diagnósticos alternativos também tenham sido após julgamento clínico criterioso, principalmente
excluídos. No caso da coreia, a raridade de outras diante do fato de que resistência do EBGA à penicili-
etiologias, em especial na faixa etária jovem acometi- na nunca foi documentada até então.
da pela coreia reumática, sugere muito o diagnóstico
de FR, mesmo na ausência dos outros critérios ou da O tratamento antimicrobiano da faringoamig-
comprovação da infecção estreptocócica anterior. dalite estreptocócica constitui a ação de prevenção
primária da FR. O antibiótico de escolha é a penicilina,
baseado em sua elevada eficácia e segurança para
erradicar o EBGA. A indicação principal é a penicilina
G benzatina pela dose única eficaz e baixo custo.
Esquemas baseados em outras penicilinas, macrolíde-
os ou cefalosporinas devem ser usados durante 10
dias.
ARTRITE
A artrite é a manifestação mais comum da FR,
ocorrendo em até 75% dos casos de primeiro surto
FARINGOAMIGDALITE ESTREPTOCÓCICA da doença. Aparece geralmente na fase precoce da
FR e tem evolução auto-limitada, havendo resolução
O diagnóstico precoce e correto dos episó- praticamente completa dos sinais e sintomas após um
dios de faringoamigdalite pelo EBGA é fundamental mês do início do quadro. Tipicamente acomete gran-
para prevenção primária e secundária da FR. O des articulações, especialmente dos membros inferio-
quadro clínico da infecção pelo EBGA deve ser dife- res, tem caráter assimétrico e migratório, é muito dolo-
renciado de outras etiologias de infecção de vias rosa e não deixa sequelas. Acometimento de peque-
aéreas superiores, em especial, as infecções virais. O nas articulações pode ocorrer, porém associado à
paciente com faringoamigdalite estreptocócica apre- inflamação das grandes articulações. A artrite reumáti-
senta-se com febre alta, mal-estar geral, hiperemia e ca responde excelente e rapidamente à terapia com
edema de orofaringe, presença de petéquias e exsu- anti-inflamatórios não esteróides, o que, por vezes,
dato purulento em orofaringe, além de adenomegalia pode atrapalhar o diagnóstico. A evolução típica da
dolorosa em região cervical. Presença de coriza, artrite da FR acontece em 80% dos casos. Quadros
rouquidão e espirros, além da dor de garganta, fazem articulares atípicos (artrite de pequenas articulações e
suspeitar de causa viral. de coluna vertebral, artrite aditiva, monoartrite) devem
ser avaliados quanto à etiologia reumática conforme
O diagnóstico laboratorial da infecção aguda sinais e sintomas associados, bem como a epidemio-
pelo EBGA deve basear-se na cultura da orofaringe logia da FR.
(ainda o “padrão ouro”) ou no teste rápido para detec-
ção do antígeno estreptocócico, cuja sensibilidade e O diagnóstico diferencial da artrite reumática
especificidade, comparadas à cultura, são de 80% e deve ser feito com várias outras condições mórbidas:
95%, respectivamente. Na presença de quadro clíni- doenças do colágeno, doenças linfoproliferativas,
co compatível e teste rápido negativo, recomenda-se artrite séptica, doenças virais, hemoglobinopatias,
coletar material para cultura de orofaringe. artrites reativas. Dentre esses, a artrite reativa pós-es-
treptocócica chama atenção por ocorrer após infec-
222
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
um papel importante nessa situação.
ção estreptocócica, porém mais precocemente e com A endocardite reumática é a apresentação
características diversas da artrite reumática. A artrite mais característica da FR e também a mais temível,
reativa pós-estreptocócica tende a ser cumulativa em pois é a responsável pela cardiopatia reumática crôni-
grandes e pequenas articulações, não apresentar ca. O acometimento valvar mitral é o mais freqüente
outros sinais de FR e não responder de modo tão da FR inicial, seguido da lesão valvar aórtica. Tipica-
efetivo aos anti-inflamatórios não hormonais quanto à mente, observa-se sopro sistólico em foco mitral,
artrite reumática. associado ou não ao sopro diastólico aórtico ou a um
sopro mesodiastólico mitral (sopro de Carey
CARDITE Coombs), que decorre do turbilhonamento do
sangue ao passar por folhetos mitrais espessados
A cardite representa a manifestação clínica durante a diástole. Lesões estenóticas não são
mais importante da FR, pois é a única que pode provo- encontradas na FR aguda, sendo características do
car sequela crônica, representada pela cardiopatia acometimento crônico da cardiopatia reumática
reumática. Caracteriza-se por uma pancardite, embora (sequela).
a endocardite (valvulite) reumática seja a anormalidade
mais associada ao prognóstico da FR. Pericardite e A cardite é classificada, conforme a sua gravidade,
miocardite ocorrem em associação à valvulite, deven- nas seguintes categorias:
do-se sempre pesquisar intensamente a presença de
1- Cardite subclínica: sem sintomas cardíacos,
refluxo valvar mitral (associado ou não à insuficiência exames cardiovasculares normais, exceto pelo
valvar aórtica) para admitir a etiologia reumática nas prolongamento do intervalo PR ao ECG, que pode
situações suspeitas de acometimento do pericárdio e estar presente na ausência de outras alterações. Ao
miocárdio. ecocardiograma, há evidências de regurgitações
valvares mitral e/ou aórtica discretas, porém
patológicas.
A incidência de cardite no primeiro surto de FR
varia de 40 a 70%, havendo frequência ainda mais 2- Cardite leve: presença de taquicardia
elevada nas recorrências de FR em pacientes que desproporcional à febre, abafamento de bulhas,
tiveram cardite previamente. Ocorre precocemente no prolongamento do intervalo PR ao ECG, sopro
curso da doença, em geral, nas primeiras três sema- sistólico mitral leve; refluxos leves ou
nas no início da FR. leves/moderados em valva mitral e/ou aórtica.
Câmaras cardíacas têm dimensões normais.
O envolvimento pericárdico pode se manifestar
3- Cardite moderada: sinais incipientes ou
pela presença de atrito pericárdico, abafamento de leves de insuficiência cardíaca; sopros de
bulhas ou dor/desconforto precordial. A pericardite regurgitação mais intensos, porém sem frêmito. Ao
reumática pode ser assintomática, e apenas o ecodo- ECG, além do PR prolongado, podem ocorrer
pplercardiograma poderá auxiliar na identificação de alterações de ST-T e intervalo QT. Ao raio X do tórax,
pequenos derrames. Derrame pericárdico volumoso congestão pulmonar e cardiomegalia leves. Ao
ecodopplercardiograma, refluxos mitral e/ou
com ou sem sinais de tamponamento são raros, e
aórticos leves/moderados ou moderados, podendo
evolução para constricção não ocorre. haver dilatação de câmaras esquerdas de grau leve
ou moderado.
A miocardite reumática pode se manifestar pela
presença de terceira bulha, abafamento de bulhas, 4- Cardite grave: sinais mais evidentes de
sinais de insuficiência cardíaca e cardiomegalia. insuficiência cardíaca, congestão pulmonar e
Apesar do frequente achado histológico de inflamação cardiomegalia. Os sopros são mais intensos,
podendo ocorrer frêmito sistólico em área mitral.
miocárdica na cardite reumática, a insuficiência cardía-
Arritmias podem acontecer, bem como
ca tem sido associada à gravidade da lesão valvar, em acometimento pericárdico mais proeminente. Os
especial, mitral, e não ao acometimento miocárdico. A achados do ECG, raio X do tórax e ecocardiograma
função sistólica do ventrículo esquerdo está preserva- apontam para sobrecarga ou aumento moderado a
da na maioria dos surtos iniciais de FR. Importante grave das câmaras esquerdas e insuficiências mitral
investigar outras etiologias para miocardite na ausên- e/ou aórtica significativas.
cia de envolvimento valvar. O ecocardiograma exerce
223
ERITEMA MARGINATUM
COREIA DE SYDENHAM
224
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
225
diminuir a dor durante aplicação da penicilina benzati-
na devem ser observadas, objetivando uma melhor
PROFILAXIA SECUNDÁRIA aderência à profilaxia: usar agulha 30x8 mm ou 25x8
mm para aplicar a medicação, injetar o líquido lenta e
A profilaxia secundária consiste na administra- progressivamente (2-3 min.) e evitar friccionar o local.
ção contínua de antibiótico específico ao paciente O uso de 0,5 ml de lidocaína 2% sem vasoconstrictor
portador de FR prévia ou cardiopatia reumática com- reduz a dor durante a aplicação e nas primeiras 24
provada, com o objetivo de prevenir colonização ou horas, além de não interferir significativamente nos
infecção de via aérea superior pelo EBGA, com con- níveis séricos da penicilina, podendo ser uma medida
sequente desenvolvimento de novos episódios da a ser usada naqueles pacientes que relutam em fazer
doença.
226
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
ANEMIAS
A
anemia é definida por valores de hemoglobina
(Hb) no sangue abaixo do normal para idade e
gênero. É um dos principais problemas de
têmese, hemoptise, menstruações, partos ou por
múltiplas gestações. Pode também apontar para uma
doença grave subjacente com sangramento oculto,
saúde pública mundial, chegando a afetar mais de um que deve ser afastada com investigação adequada
quarto da população do planeta, ou seja, mais de 2 em homens e mulheres na pós-menopausa, principal-
bilhões de pessoas em todo o mundo. A metade dos mente no que diz respeito ao diagnóstico precoce da
casos é determinada por deficiência de ferro (DF), a doença maligna colorretal.
deficiência nutricional mais prevalente e negligenciada
no mundo, particularmente entre as mulheres e as Independente da etiologia, quando o sangue
tem células vermelhas insuficientes ou estas carre-
gam hemoglobina insuficiente para entregar oxigênio
adequadamente para os tecidos significa que houve
falha na produção das hemácias e sobrevém anemia,
muitas vezes multifatorial num mesmo indivíduo e por
isto uma síndrome complexa para avaliação e estabe-
lecimento da conduta a adotar.
227
cia e estimada pelos níveis de Hb e hematócrito (Ht), cados, os mais afetados pela deficiência de ferro. São
considerando grave a prevalência igual ou maior que eles também os mais beneficiados com a reposição.
40% numa população. Este seria o caso de muitas
regiões do Brasil.
228
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
A depleção de ferro ocorre de forma progressi- mente. A anemia da puérpera é definida com uma
va, de acordo com a extensão e a rapidez da instala- taxa de Hb abaixo de 10 g/dL nas primeiras 48 horas
ção. Primeiro há depleção das reservas de ferro e ou abaixo de 12 g/dL nas primeiras semanas após o
depois do ferro disponível para a síntese da Hb. Se a parto.
deficiência continua, pode haver suspensão da produ- Para os idosos as taxas que definem anemia são de
ção das células vermelhas. Portanto, o desenvolvimen- Hb abaixo de 13,2 g/dL para homens e 12,2 g/dL
to da DF e depois da ADF vai depender das reservas para mulheres brancas. Para os idosos negros, estes
iniciais do indivíduo que, por sua vez, vão depender da valores são um pouco menores, com o corte na Hb
sua idade, gênero, taxa de crescimento e balanço abaixo de 12,7 g/dL para os homens e de 11,5 g/dL
entre a absorção e as perdas de sangue. para as mulheres.
Embora a Hb seja amplamente utilizada para a avalia-
A ADF pós parto se caracteriza por sintomas ção de ADF, ela tem baixas especificidade e sensibili-
não específicos, como astenia, fadiga, dispneia, palpi- dade, e um biomarcador do status do ferro, como a
tações ou infecções e dificuldades físicas, cognitivas e ferritina sérica, deve ser solicitado em conjunto.
depressão, que dificultam a relação mãe filho e a nutri- Inicialmente aparece anemia (Hb abaixo dos valores
ção do RN. O diagnóstico diferencial da ADF inclui determinados para idade e gênero) normocítica (volu-
doenças parasitárias, como malária, ancilostomíase e me corpuscular médio - VCM – normal), com valor
esquistossomose; causas nutricionais como carências absoluto de reticulócitos normais e com marcadores
de ácido fólico, vitamina A e vitamina B12 e causas do status do ferro baixos, como ferritina abaixo de 30
genéticas, como as hemoglobinopatias hereditárias mcg/L, ferro abaixo de 330 mcg/L, capacidade ferro-
tipo talassemias. péxica sérica acima de 4 mg/L, aumento de transferri-
na e diminuição da saturação da mesma (abaixo de
20%). Com a continuação da perda sanguínea, apa-
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL recerá anemia hipocrômica clássica (com hemoglobi-
na corpuscular média - CHCM baixa) e microcitose
Na suspeita de ADF, deve-se solicitar um (com VCM baixo). Com a piora da anemia e da DF,
hemograma completo (com os índices hematimétricos surgem a anisocitose (células de tamanhos variados)
e avaliação de esfregaço periférico) e dosagem de e a poiquilocitose (células de formas variadas).
ferritina. Outras medidas, como ferro sérico, transferri-
na e a saturação da transferrina não são obrigatórios. A concentração da ferritina sérica (FS) é o
Pacientes com ADF têm ferro sérico baixo, transferrina mais confiável marcador das reservas de ferro do
alta e uma saturação da transferrina baixa. corpo, substituindo a avaliação da medula óssea reali-
zada anteriormente. Os valores normais variam de 40
De acordo com os padrões diagnósticos da a 200 ng/mL (mcg/L), não havendo nenhuma situa-
OMS, a ADF é leve a moderada, se a Hb fica entre 7 a
12 g/ dL, e grave, se a Hb for menor que 7 g/dL, com
pequenas variações de acordo com a idade, gênero
ou presença de gestação.
229
ção clínica em que índices baixos não signifiquem
deficiência de ferro. Portanto, todo indivíduo com con-
centração de ferritina menor do que 10 a 15 ng/mL
tem deficiência de ferro, com uma sensibilidade de
59% e uma especificidade de 99%. No entanto,
devido à baixa sensibilidade do nível abaixo de 15
ng/mL, um valor de corte mais alto é mais apropriado.
Desde que os pacientes com ADF não tenham uma
infecção ou uma doença inflamatória junto, o valor
limite de 30 ou 41 ng/mL dá uma melhor eficiência
diagnóstica com uma sensibilidade e especificidade
de 92% e 98% ou 98% e 98%, respectivamente.
Como a ferritina é um reator de fase aguda, com níveis
aumentados em doenças inflamatórias, infecciosas,
malignas ou hepáticas, pode haver uma ferritina falsa-
mente elevada na presença destas doenças e ADF. O
efeito da inflamação sobre a ferritina é de aumentá la no jejuno proximal, onde as proteínas carreadoras do
em três vezes. Portanto, nestes pacientes a regra de ferro expressam se mais fortemente. As preparações
ouro é dividir o valor da ferritina por 3 e valores meno- que liberam ferro adiante destas porções intestinais
res ou igual a 20 ng/mL sugerem ADF concomitante. são, pois, ineficazes. Os sais de ferro não devem ser
administrados com as refeições, porque os fosfatos,
O diagnóstico de deficiência funcional de ferro fitatos e tanatos da dieta se ligam ao ferro e dificultam
ocorre em situações clínicas em que a taxa aumenta- a sua absorção. Assim como não devem ser ingeridos
da de eritropoese ocorre por perda sanguínea signifi- com antiácidos, bloqueadores da bomba de prótons,
cativa de sangue, flebotomias terapêuticas repetitivas bebidas e suplementos com cálcio, antibióticos (qui-
ou por uso de estimuladores da eritropoese, e os nolonas e tetraciclinas), café, chá, leite ou ovos. Deve
suprimentos de ferro, embora normais ou até aumen- ser administrado 2 horas antes dos antiácidos ou 4
tados, não são suficientes para fornecer ferro rapida- horas após. No entanto, como é fundamental melhorar
mente, conforme exigido por esta demanda aumenta- a aderência do paciente e tornar eficaz o tratamento
da. Isto atenua a resposta eritropoética, resultando pela via oral, sugere se muitas vezes a administração
numa produção de células vermelhas insuficientes em das doses junto às refeições ou até a diminuição da
ferro, a menos que uma fonte extra seja adicionada, dose para amenizar os efeitos adversos. É essencial
como a preparação para aplicação intravenosa (IV) de motivar a adesão, com mensagens educativas e infor-
ferro. Esta situação é chamada de deficiência funcio- mações dos benefícios do tratamento para mãe, feto e
nal de ferro e é comumente vista, por exemplo, na crianças, comprometendo os envolvidos com a tera-
anemia da insuficiência renal crônica, em que se pia.
indica o uso de estimulador da eritropoese.
O ferro é também mais bem absorvido como
sal ferroso (Fe++) num ambiente levemente ácido, daí
TRATAMENTO
a indicação de tomá lo com meio copo de suco de
laranja. Inexiste evidência de diferença de eficácia
A escolha da preparação de ferro vai depen-
para o tratamento de DF entre as diferentes prepara-
der da gravidade da doença e da tolerância do
ções orais de ferro, tais quais fumarato, gluconato e
paciente ao ferro oral que, por ser eficaz e barato, é
sulfato. Existem muitas outras preparações além
considerado a primeira linha de tratamento. No
destas, geralmente mais caras e algumas com pior
entanto, existem indicações para o uso parenteral de
absorção. Estudo randomizado comparou prepara-
ferro atualmente, cujas preparações se tornaram mais
ções de ferro férrico (Fe+++) com ferro ferroso
eficazes e seguras.
(Fe++) no tratamento da ADF em mulheres em relação
à eficácia e efeitos adversos e concluiu que ambos
O ferro é mais bem absorvido no duodeno e
são seguros em relação aos efeitos gastrintestinais,
230
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
Quanto à reposição parenteral de ferro, a via IV As doses terapêuticas usuais dos medicamen-
é melhor que a intramuscular, pois esta apresenta tos preconizados neste Protocolo são:
complicações locais (dor, abscesso, pigmentação
cutânea) e sistêmicas (febre, artralgias, reações alérgi- Sulfato ferroso – tratamento:
cas potencialmente graves). Há relutância ao uso IV • Crianças: 3 a 6 mg/kg/dia de ferro elementar,
pelos médicos pelos graves efeitos adversos das anti- sem ultrapassar 60 mg/dia.
gas preparações de ferro associadas com o alto peso
molecular do ferro dextran (anafilaxia, choque e morte). • Gestantes: 60 a 200 mg/dia de ferro
elementar associadas a 400 mcg/dia de ácido fólico.
Porém, há muitas situações em que a administração IV
é necessária ou preferível. Casos de anemia grave em • Adultos: 120 mg/dia de ferro elementar.
que não há resposta ao tratamento oral (sem aumento
da Hb em 8 semanas, por exemplo) ou que haja intole- • Idosos: 15 mg/dia de ferro elementar.
rância absoluta do paciente ao uso oral (náusea ou
vômitos incoercíveis). Quando uma quantidade muito Sacarato de hidróxido férrico – tratamento:
grande de ferro for necessária para repor as perdas
Fórmula para cálculo da dose total IV de ferro a ser
sanguíneas diárias que superam a capacidade de
administrada:
absorção pelo TGI (estima-se que a quantidade
máxima de ferro elementar que pode ser absorvida Ferro (mg) = (Hb desejada conforme sexo e idade do
pelo TGI é de 25 mg/ dia; dependendo da preparação paciente – Hb atual em g/dL) x Peso corporal (kg) x
2,4 + 500 mg
de ferro utilizada, até 1.000 mg de ferro elementar
podem ser administrados numa única infusão IV). Na A dose deve ser administrada em hospital, em infusão
anemia da doença inflamatória intestinal, o ferro IV já é IV lenta, por 30 minutos, de uma a três vezes na
considerado uma opção precoce de tratamento, de semana, com intervalos mínimos de 48 horas e não
ultrapassando 300 mg em cada dose. Para as
acordo com algumas evidências, sendo já utilizada
gestantes o peso corporal deve ser o de antes da
como primeira linha de tratamento, com ou sem intole- gestação.
rância à VO. Conforme diretrizes, para pacientes em
quimioterapia ou em diálise, a IV é a via de preferência
quando o ferro é necessário. Após cirurgias de by pass Fontes:
gástrico, pelas dificuldades do estômago restante em http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/protocolos_clinicos_diretriz
oxidar o ferro para facilitar a absorção no duodeno e es_terapeuticas_v3.pdf
jejuno, a via IV é uma boa opção quando necessário.
FÁRMACOS
231
ANEMIA APLÁSTICA
A
Anemia aplástica (AA) ou aplasia de medula
óssea é uma doença rara, caracterizada por
pancitopenia moderada a grave no sangue peri-
férico e hipocelularidade acentuada na medula óssea,
sendo a mais frequente das síndromes de falência
medular. Entretanto, seu diagnóstico, por não ser fácil,
deve ser de exclusão, tendo em vista que várias outras
causas de pancitopenia podem apresentar quadro
clínico semelhante ao de aplasia. É uma doença
desencadeada por causas congênitas ou adquiridas.
Uso de medicamentos, infecções ativas, neoplasias
hematológicas, invasão medular por neoplasias não
hematológicas, doenças sistêmicas (como as colage- normal pelo método) e medula óssea hipocelular à
noses) e exposição a radiação e a agentes químicos biópsia, com diminuição de todos os elementos
encontram-se entre as causas adquiridas. hematopoiéticos e seus precursores, na ausência de
células estranhas à medula óssea, fibrose ou hemato-
Postula-se que a AA ocorra devido a uma fagocitose.
agressão à célula-tronco hematopoiética pluripotente,
acarretando sua diminuição em número ou até sua O diagnóstico diferencial entre as síndromes
ausência na medula óssea. A doença pode se manifes- que cursam com pancitopenia, como síndrome mielo-
tar de diferentes formas e intensidades, desde falência displásica hipocelular, hemoglobinúria paroxística
medular fulminante até apresentação indolente manti- noturna com medula óssea hipocelular (HPN) e
da sob observação clínica e suporte transfusional leucemias agudas hipoplásicas é difícil. Pacientes
individualizado. Estima-se que a incidência de AA com AA têm maior probabilidade de desenvolver
adquirida seja de 2-4 pessoas por 1.000.000 ao ano, mielodisplasias e doenças neoplásicas hematológi-
com dois picos de incidência: o primeiro entre os cas do que a população geral. As análises citogenéti-
indivíduos de 10-25 anos e o segundo nos maiores de ca e imunofenotípica complementares podem auxiliar
60 anos, sem diferenças entre os sexos. na diferenciação diagnóstica, porém isoladamente
não devem ser utilizadas como ferramenta diagnósti-
A aplasia geralmente decorre de quadros infec- ca. Cabe lembrar que diversas outras doenças não
ciosos recorrentes, por vezes graves pela neutropenia, hematológicas podem simular um quadro de aplasia,
sangramentos cutaneomucosos secundários à trom- como infecções virais e bacterianas (hepatites, mico-
bocitopenia e astenia devido à síndrome anêmica. A bactérias), deficits vitamínicos (vitamina B12 e ácido
grande maioria dos casos de AA é adquirida, com uma fólico), doenças reumatológicas (lúpus eritematoso
pequena proporção de pacientes apresentando a sistêmico, artrite reumatoide) e neoplasias sólidas
forma congênita da doença. com invasão medular.
DIAGNÓSTICO
232
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
233
TRATAMENTO IMUNOSSUPRESSOR TEMPO DE TRATAMENTO
FÁRMACOS
• Prednisona: comprimidos de 5 e 20 mg
234
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
ANEMIA EM PACIENTES
COM INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA
A
anemia na IRC pode se desenvolver em decor- A correção da anemia através do uso de alfae-
rência de qualquer uma das condições hemato- poetina praticamente suprimiu a necessidade de
lógicas que afetam a população geral. Porém a transfusões sanguíneas e os riscos a elas associados
causa mais comum, sobretudo nos pacientes com e, além disso, promoveu benefícios em relação à
doença mais avançada, é a deficiência de eritropoeti- melhora da qualidade de vida e do desempenho físico
na. Essa glicoproteína, produzida pelos rins, atua na e cognitivo e a redução do número de hospitaliza-
medula óssea estimulando as células progenitoras da ções. Entretanto, estudos recentes têm demonstrado
série eritroide. Os maiores estímulos para sua produ- que a manutenção de um alvo de hemoglobina > 13
ção são anemia e hipóxia tecidual. Em pacientes com g/dl associou-se a aumento da morbimortalidade.
IRC, os níveis produzidos estão aquém do esperado Diante disto, a faixa terapêutica atualmente recomen-
para o grau de anemia apresentado deficiência relativa dada para hemoglobina situa-se entre 10-12 g/dl.
de sua produção. Isso decorre da perda progressiva
de néfrons ao longo da história natural da IRC, com
consequente limitação à produção de eritropoetina.
235
ESQUEMA DE ADMINISTRAÇÃO
Pacientes em tratamento conservador ou em
programa de diálise peritoneal podem ser tratados
inicialmente com uma das seguintes opções, ajusta-
das posteriormente de acordo com a resposta tera-
pêutica:
236
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
DOENÇA FALCIFORME
A
doença falciforme (DF) é uma das enfermidades
genéticas e hereditárias mais comuns no
mundo. Decorre de uma mutação no gene que
produz a hemoglobina A, originando outra, mutante,
denominada hemoglobina S, de herança recessiva.
Existem outras hemoglobinas mutantes, como, por
exemplo, C, D, E etc. Em par com a S, integram o
grupo denominado DF. A mais conhecida é a SS, que
inicialmente se denominou anemia falciforme (SS).
Existem ainda a S/Beta talassemia (S/B tal.), as doen-
ças SC, SD, SE e outras mais raras. Apesar das parti-
cularidades que as distinguem, todas essas combina-
ções têm manifestações clínicas e hematológicas
semelhantes, por isso, universalmente, as condutas
são iguais para todas, levando-se em consideração
meses e nos adultos, pode ser realizado pelas dife-
apenas o curso mais ou menos severo de cada uma
rentes metodologias existentes.
delas.
O fenômeno de afoiçamento das hemácias é
Entre essas associações para a DF, a de maior
responsável por todo o quadro fisiopatológico. As
manifestação clínica é identificada como anemia falci-
hemácias, quando assumem essa forma, apresentam
forme (AF), determinada pela presença da hemoglobi-
maior rigidez e vivem na circulação sanguínea em
na S em homozigose (SS), ou seja, a pessoa recebe
média 10 dias, muito menos que o tempo médio
de cada um dos pais um gene para hemoglobina S.
usual de 120 dias, estando mais sujeitas à destrui-
Essa combinação é a que se denomina anemia falcifor-
ção. Isso resulta em anemia crônica intensa.
me.
Os sinais clínicos observados são decorren-
A presença de apenas um gene para hemoglo-
tes da forma afoiçada das hemácias. Esse formato
bina S, combinado com outro para hemoglobina A,
influencia intensamente no fluxo do sangue da micro-
possui um padrão genético AS (heterozigose), que não
circulação, pois a irregularidade da superfície de con-
produz manifestações da DF, sendo o indivíduo identi-
tato das hemácias alteradas permite reações quími-
ficado como portador de traço falciforme (TF). Cabe
cas interativas entre estas e as células endoteliais,
reiterar que o estado heterozigoto (AS) denominado
fazendo-as aderir à parede do vaso sanguíneo. As
traço falciforme, de acordo com estudos internacional-
consequências da aderência são caracterizadas pela
mente considerados, não acarreta qualquer sintomato-
vaso-oclusão, com redução do fluxo do sangue nos
logia clínica, e sua importância é para orientação gené-
capilares, causando estases venosa e hipóxia, que
tica ao portador ou à sua família, de acordo com a
acarretam crises agudas intensamente dolorosas e
publicação Consenso brasileiro sobre atividades
lesão tecidual orgânica crônica e progressiva.
esportivas e militares e herança falciforme.
Além das manifestações clínicas, como em
Uma mulher com TF pode gestar uma criança
outras doenças, os sinais e sintomas da DF causam
com DF se o pai da criança também tiver o traço S ou
repercussão em vários aspectos da vida das pesso-
traço C, D, E ou outros, e vice-versa. No caso de
as, como a interação social, as relações conjugais e
casais que desejam a identificação genética para HbS,
familiares, a educação e o emprego. Embora essas
o exame indicado e presente na tabela SUS é a eletro-
manifestações sejam intensas, podem ser prevenidas
forese de hemoglobina que, na criança com mais de 4
237
enfermidade degenerativa, considerando-se que a
e tratadas, garantindo às pessoas longevidade com precocidade e a integralidade da atenção podem ser
qualidade. O transplante de medula óssea tem sido determinantes na limitação dos agravos.
praticado em centros de pesquisa, e definido por
protocolos para esse fim, o que faz com que haja pes- A eletroforese de hemoglobina preconizada
soas indicadas e outras, não, para tal procedimento. pelo PNTN para essa faixa etária é realizada pela
Mas os estudos têm avançado muito nessa área, con- metodologia do High-Performance Liquid Chromato-
tribuindo para a existência de uma pequena popula- graphy (HPLC) ou da Focalização Isoelétrica, méto-
ção nacional e mundial curada da DF, de acordo com dos de maior especificidade e sensibilidade e,
os dados da Sociedade Brasileira de Transplante de portanto, mais seguros quanto ao diagnóstico de
Medula Óssea. certeza. A partir dos 4 meses de idade, o diagnóstico
pode ser feito por quaisquer das metodologias exis-
Ainda não há dados consistentes sobre a mor- tentes para eletroforese de hemoglobina. Quanto
talidade e a letalidade por DF no Brasil. A inexistência mais precoce for o diagnóstico e, consequentemente,
de informação nos atestados de óbito, a ausência de o estabelecimento de uma linha de cuidado à saúde,
cadastros informatizados nos centros de referência e maiores serão os benefícios individuais para as pes-
hemocentros e a existência de população sem diag- soas com DF.
nóstico revelam a necessidade de estruturação da
rede de informação em DF, para que se possa avaliar
o impacto das políticas implementadas, nos índices TRATAMENTO
de letalidade da doença. Outro fator importante é a
necessidade, já manifestada em vários centros de Prevenção de crises e complicações: A hidro-
especialidade de todo o mundo, da adequação da DF xiureia (HU) atua na inibição da enzima ribonucleotí-
ao Código Internacional de Doenças (CID), desatuali- deo redutase. Leva a aumento da produção de HbF,
zado, em face dos grandes avanços no conhecimento da hidratação do glóbulo vermelho e da taxa hemo-
da doença. globínica, além de diminuição da hemólise, maior
produção de óxido nítrico e diminuição da expressão
de moléculas de adesão. Até o momento, a HU é con-
siderada a terapia medicamentosa mais eficaz da DF.
A prescrição de HU para a população pediátrica tem
demonstrado claros benefícios, e o medicamento
parece ser bem tolerado, podendo prevenir tanto o
GLÓBULO SAUDÁVEL GLÓBULO COM ANEMIA
FALCIFORME
infarto esplênico quanto as manifestações neurológi-
cas (convulsões, paralisias, distúrbios da fala, ceguei-
ra transitória e alterações da consciência). A terapia
com HU apresenta risco de toxicidade hematológica,
necessitando de monitorização rigorosa das conta-
gens de células sanguíneas. Além disso, o potencial
carcinogênico e teratogênico do fármaco deve ser
FLUXO SANGUÍNEO NORMAL
CÉLULAS FALCIFORMES considerado.
DIFICULTANDO O FLUXO
PREVENÇÃO DE INFECÇÕES
Pacientes com doença falciforme são frequen-
DIAGNÓSTICO DA DF E DO TF temente acometidos por asplenia funcional (ausência
da função normal do baço), com consequente
O diagnóstico laboratorial da DF é realizado aumento da susceptibilidade a infecções por bacté-
pela detecção da Hb S e da sua associação com rias com parede celular. O Streptococcus pneumo-
outras frações. Quando a detecção da DF se faz nos niae é responsável por 70% das infecções nessa
testes de triagem neonatal, o diagnóstico possibilita o população. As infecções são mais frequentes e
início de cuidados específicos exigidos por uma graves em crianças com menos de 5 anos, podendo
238
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
O Transplante de células-tronco hematopoéti-
se apresentar de maneira fulminante e levar à morte cas (TCTH) é o único tratamento curativo da doença
em menos de 24 horas. O risco de meningite pneumo- falciforme. Conforme recomendação da CONITEC, o
cócica é estimado em 600 vezes maior do que na Ministério da Saúde estabeleceu a indicação do
população em geral, e a frequência de bacteremia é TCTH alogênico aparentado mieloablativo de sangue
estimada em até 300 vezes maior que o esperado para de cordão umbilical, de sangue periférico ou de
a idade; 90% dos casos ocorrem nos três primeiros medula óssea o para tratamento da doença falcifor-
me. Pacientes homozigotos SS ou S beta em uso de
anos de vida.
HU e com complicações graves não infecciosas rela-
cionadas a vasoclusão são potencialmente candida-
A eficácia da profilaxia de infecções bacteria- tos ao procedimento e devem ter os irmãos avaliados
nas com penicilina oral em crianças com DF foi quanto à compatibilidade. Na presença de doador
demonstrada em estudo randomizado controlado por compatível, os familiares devem ser informados sobre
placebo e duplo-cego. Nesse estudo, em que foram essa possibilidade terapêutica; havendo consenti-
incluídas 215 crianças HbSS de até 3 anos de idade, mento, o paciente deverá ser encaminhado para con-
cluir a avaliação em centro transplantador.
observou-se redução da incidência de bacteremia por
Streptococcus pneumoniae em 84% com a adminis-
tração de duas doses ao dia; além disso, nenhuma
morte por septicemia causada por esse agente ocor-
reu no grupo tratado, enquanto no grupo placebo Fontes:
ocorreram três óbitos. http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2018/fevereiro/22/Port
aria-Conjunta-PCDT-Doenca-Falciforme.fev.2018.pdf
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/doenca_falciforme_conduta
Essa profilaxia antibiótica deve ser iniciada a s_basicas.pdf
partir do segundo ou terceiro mês de idade, com peni-
cilina sintética V (fenoximetilpenicilina em suspensão),
cuja principal característica é a resistência à degrada-
ção pelo ácido gástrico, tornando possível sua admi-
nistração por via oral. Quando administrada em jejum,
alcança níveis séricos máximos em 30 minutos e sua
eliminação é quase completa após 6 horas. É ativa
contra estafilococos (exceto cepas produtoras de
penicilinase), estreptococos (grupos A, C, G, H, L e
M) e pneumococos. Na impossibilidade de uso por via
oral, a penicilina G injetável (benzilpenicilina benzatina
intramuscular) deve ser considerada. No caso de
crianças alérgicas à penicilina, utiliza-se a eritromicina
por via oral, na dose de 20 mg/kg/dia, dividida em
duas administrações diárias.
TRATAMENTO ADJUVANTE
239
ANEMIA MEGALOBLÁSTICA
A
anemias megaloblásticas são ocasionadas por causas congênitas, podem ser por Acidúria orótica,
inúmeros defeitos na síntese do DNA ocasio- Síndrome de Lesch-Nyham e anemia diseritropoéti-
nando, assim, um conjunto comum de anormali- ca, enquanto nas adquiridas por drogas estão os
dades hematológicas do sangue periférico e da contraceptivos, Fenitoína, Fenobarbital, Hidroxiureia,
medula óssea. Para a síntese normal do DNA e da Primidona, Aciclovir, entre outras.
hematopoese, são necessárias duas vitaminas: a Vita-
mina 9, conhecida como Ácido Fólico, e a Vitamina As manifestações clínicas dessa deficiência
B12, conhecida como Cobalamina. Quando há alguma são polimórficas, variando de estados mais suaves
deficiência de um destes fatores, as hemácias não até condições severas. Essa desordem, classificada
conseguem produzir DNA, prejudicando a maturação como anemia megaloblástica, está associada a sinto-
nuclear (a hemácia em formação possui núcleo) (OLI- mas neurológicos com frequente aparecimento da
VEIRA, 2009). tríade: fraqueza, glossite e parestesias.
A vitamina B12 está presente em, praticamen- Os sintomas, como cansaço e palidez acentu-
te, todas as formas de tecidos animais, os quais adqui- ada, são características dos efeitos fisiopatológicos
rem a vitamina B12 indiretamente a partir das bacté- da anemia megaloblástica, assim como língua lisa e
rias. Seu nível mais alto encontra-se no fígado de careca, ardor lingual, sensações parestésicas em
animais, com 50% dos estoques corporais encontra- membros inferiores e mãos (neuropatia periférica)
dos neste órgão, e não podem adquiridos através de dificuldade para locomoção, perturbações esfincte-
hortaliças e frutas. rianas, hipo ou hiperflexia e perturbação mental mais
ou menos acentuada (alucinações ou demência). Os
A anemia megaloblástica pode apresentar, no sintomas neurológicos são decorrentes da degene-
hemograma e na leitura de lâmina em microscopia, ração dos cordões laterais e posteriores da medula
como resultado, uma macrocitose, muitas vezes, espinhal.
acompanhada de uma hipocromia, além da hiperseg-
O transtorno de humor pode estar associado
NORMAL ANEMIA MEGALOBLÁSTICA à deficiência dessa vitamina, isso porque a proprie-
dade da vitamina B12 e o ácido fólico possuem o
papel de metilar moléculas precursoras de monoami-
HEMÁCIA MAIOR
QUE O NORMAL nas, como serotonina, noradrelina e dopamina. Além
HEMÁCIA
das monoaminas, a síntese S-adenosil-metionina
(SAM), responsável por várias reações de metilação
no cérebro e com possíveis efeitos de humor,
também depende da vitamina B12 e do ácido fólico.
NEUTRÓFILO
Em crianças, praticamente, só ocorre por
HIPERSEGMENTADO raríssimos defeitos genéticos e já nos adultos é muito
mentação dos neutrófilos. Um desequilíbrio no cresci- raro, a sua incidência aumenta a partir da meia idade
mento das células que gera a expressão da própria até a velhice. A dosagem do exame de vitamina B12
anemia. O aumento da Homocísteina e a diminuição está se tornando um componente indispensável da
das quantificações séricas de cobalamina e ácido revisão médica dos pacientes idosos e, com isso,
fólico também são diagnóstico da doença. vem apresentando uma prevalência de 2 a 3% aos
As causas dessa doença estão associadas a dietas 60 anos e aumento com o decorrer da idade.
inadequadas, perdas excessivas, má absorção e
outras causas, como o alcoolismo e hepatopatias. Nas Na gravidez, os riscos de malformações fetais
240
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
DIAGNÓSTICO
CONDUTA
Investigar as principais causas da deficiência
de ácido fólico: nutricional, má absorção intestinal e
uso de anticonvulsivantes, pirimetamina, trimetropim e
álcool.
Fontes:
http://atualizarevista.com.br/wp-content/uploads/2017/01/a-anemia-m
egalobl%C3%A1stica-e-seus-efeitos-fisiopatol%C3%B3gicos-v-5-n-5.pdf
http://www.scielo.br/pdf/jbpml/v41n5/a07v41n5.pdf
241
TALASSEMIAS
C
onhecidas como “Anemia do Mediterrâneo”, a
maioria dos casos inicialmente identi¬ficados
ocorreu em famílias residentes próximo do Mar
Mediterrâneo, em países como Itália, Grécia, Turquia e
Líbano, e essa associação geográ¬fica foi responsável
pela sua nominação. Talassemia deriva da combinação
das palavras gregas thálassa, para “mar“, e haema
para “sangue”. Talassemias são hemoglobinopatias
quantitativas, hereditárias, genéticas, decorrentes de
mutações nos genes das globinas (alfa ou beta na
maioria dos casos), que promovem redução ou ausên-
cia de síntese de uma ou mais das cadeias de globina,
formadoras da hemoglobina. O resultado dessas alte-
rações moleculares ocasiona desequilíbrio na produ-
ção das cadeias tendo como maior consequência a
eritropoese ine-ficaz. Apresentam uma enorme varie-
dade de manifestações clínicas e laboratoriais, de
acordo com a cadeia afetada e com o grau de desequi-
líbrio na produção quantitativa. São classi¬ficadas, de
acordo com a cadeia polipeptídica afetada; as mais
frequentes são as talassemias do tipo alfa e do tipo
beta. Também são descritas as talassemias do tipo
delta-beta, delta e gama-delta-beta, porém são muito
raros estes tipos de talassemia.
cada 2–4 semanas desde os primeiros meses de
As cadeias produzidas em excesso formam vida).
precipitados na hemácia, lesam a membrana e provo-
cam destruição prematura. A quantidade e o tipo Mutações genéticas para talassemia beta são
desses precipitados determinam a gravidade da talas- oriundas dos países do Mediterrâneo, Oriente Médio,
semia. A medula óssea das pessoas com talassemia Índia, Ásia central, sul da China, Extremo Oriente,
produz as hemácias menores e com menos hemoglobi- norte da África, e chegaram ao Brasil por meio dos
na, o que causa anemia hemolítica e hipocromia. A movimentos imigratórios, principalmente com os
Talassemia não é contagiosa e não é causada por defi- italianos e gregos.
ciência na dieta, carência de vitaminas ou sais mine-
rais.
TALASSEMIA ALFA
TALASSEMIA BETA A talassemia alfa abrange quatro apresenta-
ções clínicas, conforme a alteração genética apresen-
A talassemia beta abrange três apresentações
tada no cromossomo 16: portador silencioso (sem
clínicas, conforme a alteração genética ocorrida no
manifestações), traço talassêmico alfa (anemia leve),
cromossomo 11: talassemia beta menor/traço talassê-
doença da hemoglobina H (anemia moderada a
mico beta (anemia leve), talassemia beta intermediária
grave) e síndrome da hidropsia fetal da hemoglobina
(anemia leve a grave, podendo necessitar transfusões
Bart’s (anemia muito grave e incompatível com a
de sangue esporadicamente) e talassemia beta maior
vida). Mutações genéticas para talassemia alfa
(anemia grave, necessitando transfusões de sangue a
242
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
TRATAMENTO
Fontes:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/folder/talassemias_folder.pdf
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/orientacoes_diagnostico_tra
tamento_talassemias_beta.pdf
243
HEMOSTASIA E DISTÚRBIOS
DA COAGULAÇÃO
A
hemostasia pode ser definida como uma série vasos sanguíneos devem constituir um sistema tubular
complexa de fenômenos biológicos que ocorre não trombogênico capaz de desencadear, por meca-
em imediata resposta à lesão de um vaso san- nismos locais, os processos que iniciem a coagulação
guíneo com objetivo de deter a hemorragia. O meca- e que, após a recuperação da lesão anatômica,
nismo hemostático inclui três processos: hemostasia possam remover o coágulo e restabelecer a circula-
primária, coagulação (hemostasia secundária) e fibri- ção local (fibrinólise).
nólise. Esses processos têm em conjunto a finalidade O endotélio é de singular importância no controle de
de manter a fluidez necessária do sangue, sem haver vários aspectos da hemostasia posto que, além da
extravasamento pelos vasos ou obstrução do fluxo capacidade de secretar substâncias tais como a pros-
pela presença de trombos. taciclina (PGI2) — um potente vasodilatador com ativi-
dade antiagregante plaquetária —, é responsável pelas
características não trombogênicas da superfície inter-
HEMOSTASIA PRIMÁRIA na dos vasos sanguíneos. De outra forma, tanto a
lesão anatômica quanto os distúrbios funcionais do
É o processo inicial da coagulação desenca-
endotélio aumentam o risco de ocorrência de trombo-
deado pela lesão vascular. Imediatamente, mecanis-
ses, com freqüência variável, em qualquer segmento
mos locais produzem vasoconstrição, alteração da
da rede vascular. A remoção do endotélio, por qual-
permeabilidade vascular com produção de edema,
quer mecanismo, expõe o sangue ao contato com o
vasodilatação dos vasos tributários da região em que
colágeno da região subendotelial, o que por si só
ocorreu a lesão e adesão das plaquetas. Assim, a
promove a adesão das plaquetas na presença do fator
vasoconstrição diminui o fluxo de sangue no sítio de
vonWillebrand (VIII:vWF). Quando isto ocorre, as
sangramento, tornando preferencial o fluxo pelos
plaquetas tornam-se ativadas e liberam o conteúdo
ramos colaterais dilatados. Simultaneamente, a
dos grânulos citoplasmáticos. Entre outras substân-
formação de edema intersticial diminui o gradiente de
cias, estes grânulos contêm adenosina-difosfato
pressão entre o interior do vaso lesado e a região
(ADP), serotonina e tromboxane A2 (TXA2). O ADP é
adjacente, produzindo um tamponamento natural e
responsável pela ativação de outras plaquetas e pela
auxiliando a hemostasia. Em condições normais, os
244
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
ponto de interação com a cascata. O fator VI, que foi
modificação da sua forma, que passa de discóide para
utilizado para designar um produto intermediário na
esférica com aparecimento de pseudópodes. Estas
formação da tromboplastina, não possui mais qual-
plaquetas ativadas vão se agregar umas às outras
quer designação, não existe. O fator III é a trombo-
formando um tampão que fornecerá a superfície ade-
plastina tecidual, chamada atualmente de fator teci-
quada ao processo de coagulação do sangue, produ-
dual ou tissular (TF). O fator IV é utilizado para desig-
zindo um coágulo resistente. Neste estágio, as plaque-
nar o cálcio iônico (Ca++), que deve ser mantido na
tas exteriorizam uma lipoproteína denominada fator
concentração sérica acima de 0,9 mM/L para a otimi-
plaquetário, que desempenha papel de superfície
zação da formação do coágulo.
fosfolipídica (superfície ativadora) que participa de
inúmeras reações da cascata de coagulação.
O modelo da cascata dividiu a seqüência da
coagulação em duas vias: a via intrínseca na qual
COAGULAÇÃO todos os componentes estão presentes no sangue e
na via extrínseca na qual é necessária a presença da
A coagulação sanguínea consiste na conversão
proteína da membrana celular subendotelial, o fator
de uma proteína solúvel do plasma, o fibrinogênio, em
tecidual (TF). Os eventos comuns da coagulação (via
um polímero insolúvel, a fibrina, por ação de uma
final comum), quer sejam iniciados pela via extrínseca
enzima denominada trombina. A fibrina forma uma rede
ou intrínseca, são a ativação do fator X(Xa), a conver-
de fibras elásticas que consolida o tampão plaquetário
são de trombina a partir da protrombina pela ação do
e o transforma em tampão hemostático. A coagulação
fator Xa, formação de fibrina estimulada pela trombina
é uma série de reações químicas entre várias proteínas
e estabilização da fibrina pelo fator XIIIa.
que convertem pró-enzimas (zimógenos) em enzimas
(proteases). Essas pró-enzimas e enzimas são denomi-
A coagulação, pela via intrínseca, é desenca-
nadas fatores de coagulação. A ativação destes fato-
deada quando o fator XII e ativado pelo contato com
res é provavelmente iniciada pelo endotélio ativado e
alguma superfície carregada negativamente (por
finalizado na superfície das plaquetas ativadas e tem
exemplo, colágeno ou endotoxina). Além do fator XII,
como produto essencial a formação de trombina que
estão envolvidos neste processo o fator XI, a pré-cali-
promoverá modificações na molécula de fibrinogênio
creína e o cininogênio de alto peso molecular
liberando monômeros de fibrina na circulação. Estes
(HMWK = high molecular weight kinogen). Tanto o
últimos vão unindo suas terminações e formando um
fator XI quanto a pré-calicreína necessitam da
polímero solúvel (fibrina S) que, sob a ação do fator
HMWK para efetuar a adsorção à superfície em que
XIIIa (fator XIII ativado pela trombina) e íons cálcio,
está ligado o fator XIIa. Da interação destes elemen-
produz o alicerce de fibras que mantêm estável o agre-
tos é ativado o fator XI, que transforma o fator IX em
gado de plaquetas previamente formado.
IXa. O fator IXa e o fator VIIa associam-se à superfície
de fosfolipídio através de uma "ponte" de cálcio
A clássica cascata da coagulação foi introduzi-
estimulando a conversão de fator X para Xa.
da em 1964. Neste modelo a ativação de cada fator da
coagulação leva a ativação de outro fator até a eventu-
De modo mais simples, na via extrínseca, a
al formação da trombina. Esses fatores são numerados
coagulação é desencadeada quando os tecidos lesa-
de I ao XIII, com seus respectivos sinônimos. O
dos liberam o fator tecidual (tromboplastina tecidual),
número correspondente para cada fator foi designado
que forma um complexo com o fator VII, mediado por
considerando a ordem de sua descoberta e não do
íons cálcio. Este complexo age sobre o fator X
estimulando sua conversão em Xa. A partir deste
ponto, as duas vias encontram um caminho comum
em que ocorre a conversão de protrombina em trom-
bina que, por sua vez, estimula a transformação de
fibrinogênio em fibrina.
245
sistema multifacetado, extremamente balanceado, no brand, os quais formam ligações entre plaquetas e
qual participam componentes celulares e molecula- fibras de colágeno para ativar as plaquetas. A peque-
res. na quantidade de trombina gerada na fase de inicia-
ção amplifica o processo da coagulação proporcio-
O modelo da cascata da coagulação foi um nando ativação de mais plaquetas, aumentando a
grande avanço para compreender a formação do coá- adesão das plaquetas e ativando os fatores V, VIII e
gulo in vitro e para monitorização laboratorial, porém XI. Plaquetas ativadas liberam fator V na sua forma
várias falhas ocorreram em observações clinicas in parcialmente ativada que é então completamente
vivo. Um exemplo é que embora deficiências de ativada pela trombina ou fator Xa. O fator de vonWille-
cininogênio de alto peso molecular, pré-calicreína e brand é partido pela trombina para liberar o fator VIIIa.
fator XII prolongam o tempo tromboplastina parcial, Plaquetas ativadas têm agora fatores ativados Va,
eles não causam alterações significativas no sangra- VIIIa e IXa em sua superfície.
mento. Assim como esta, outras alterações da coagu-
lação não conseguiam ser explicadas com o modelo
PROPAGAÇÃO
da cascata. Pesquisadores de coagulação concluí-
A fase de propagação é caracterizada pela
ram que a via intrínseca não tem papel fisiológico
produção de complexos tenases e protombinases
verdadeiro na hemostasia. O complexo formado pelo
que são agrupados na superfície das plaquetas ativa-
fator tecidual e fator VII (TF/FVII) iniciador da via
das. O complexo tenase, fator VIIIa e fator IXa, é
extrínseca pode também ativar o fator IX da via intrín-
formado quando o fator IXa move-se da célula expres-
seca. Outra importante descoberta foi que a trombina
sadora FT, onde é ativado, para ligar-se ao receptor
é ativadora fisiológica do fator XI, “pulando” as
expressado nas plaquetas ativadas. O complexo fator
reações iniciais induzidas pelo contato. Estes acha-
VIIIa/IXa ativa fator X que juntamente com o fator Va
dos levam a conclusão que a ativação do complexo
formam o complexo protrombinase. O complexo
TF/FVII é o maior evento desencadeador da hemosta-
protrombinase intensifica em muito a produção de
sia. Ao invés do modelo de cascata da hemostasia, o
trombina que converte o fibrinogênio solúvel em fibri-
modelo baseado nas células da hemostasia foi
na e também ativa o fator estabilizador da fibrina, fator
proposto. Nesse modelo, o processo de hemostasia
XIII, para formar o coágulo de fibrina hemostático.
é descrito com três fases sobrepostas: iniciação,
Embora o fator XII não esteja envolvido na hemosta-
amplificação e propagação.
sia, existem evidências que ele tem papel fundamen-
tal na hemostasia anormal ou trombose. A deficiência
INICIAÇÃO de fator XII em ratos tem hemostasia normal, mas
O processo de coagulação sanguínea se falha para desenvolver trombose em resposta a lesão
inicia com a exposição do fluxo sanguíneo a células vascular. Administração de fator XII humano reverteu
que expressam fator tecidual. A expressão de FT é esse efeito com rápida formação de trombos. Fator
iniciada por lesão vascular ou por ativação endotelial XII parece ser necessário somente para coagulação
através de substâncias químicas, citocinas ou mesmo patológica e não para hemostasia.
processos inflamatórios. Uma vez combinado com o
FT, o fator VII é ativado (FVIIa). O complexo FT/FVIIa Em relação ao fator XI, sua deficiência em
ativado ativa o fator X e fator IX, tornando-os fator Xa ratos também foi protetor contra trombose. Em estu-
e fator IXa. Fator Xa pode ativar fator V. Se o fator Xa dos humanos, não apresentou quadro tão claro.
dissociar-se da superfície celular, ele é inativado pela Níveis aumentados de fator XI são associados com
antitrombina III e pelo inibidor da via do fator tecidual risco aumentado de tromboembolismo venoso, infarto
(TFPI). O fator Xa, permanecendo na superfície celu- do miocárdio e AVC, mas pacientes com deficiência
lar juntamente com o fator V convertem uma pequena grave de fator XI não estão protegidos contra infarto
quantidade de protrombina em trombina, que partici- agudo do miocárdio.
pa fundamentalmente da fase de ampliação.
O sistema de coagulação é contido e inibido
AMPLIFICAÇÃO
por anticoagulantes específicos que incluem inibidor
A adesão de plaquetas no colágeno subendo-
da via do fator tecidual (TFPI), proteína C, proteína S
telial é mediado pelo receptor de colágeno plaquetá-
e antitrombina III. Para impedir que a produção de
ria específica (glicoproteína Ia/IIa) e fator de vonWille-
246
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
247
Quando surgem evidências de coagulação
sangüínea deficiente, a determinação da idade em PLAQUETAS - O valor normal médio é de
que os distúrbios começaram pode auxiliar a identifi- aproximadamente 240.000/mm, porém raramente
car o tipo de acometimento. Os defeitos da hemosta- ocorre sangramento até que a diminuição do número
sia que surgem na infância são deficiências congêni- de plaquetas atinja 50-70.000/mm.
tas geralmente limitadas a um único elemento da coa-
TEMPO DE SANGRAMENTO SEGUNDO DUKE
gulação — plaquetas ou um fator isolado. O apareci-
(TS) - Requer um número suficiente de plaquetas
mento de defeitos adquiridos é predominantemente
com função normal. Deve ser realizado segundo as
na idade adulta e afeta um número variável de
normas de padronização. O resultado normal é menor
elementos.
que três minutos. Está aumentado quando a resposta
LABORATÓRIO vascular é alterada, na plaquetopenia e na disfunção
plaquetária.
Os exames tradicionais utilizados para avalia-
TESTES DA ATIVIDADE DOS FATORES DE
ção da coagulação devem ser interpretados em con-
COAGULAÇÃO - Devido ao fato de que a seleção da
junto, associados aos eventos clínicos observados e,
via extrínseca ou intrínseca é determinada pelo tipo
desta forma, poderão ajudar a determinar a causa
de superfície fosfolipídica, pode-se escolher a via a
básica do sangramento anormal. Entretanto, os
ser avaliada acrescentando determinados
exames tradicionais nem sempre estão disponíveis
fosfolipídios à amostra de sangue a ser analisada (os
com a rapidez necessária nas situações críticas que
três primeiros informando a respeito da via intrínseca
ocorrem habitualmente nas salas de operação e nas
e da via comum final): Tempo de Tromboplastina
unidades de tratamento intensivo.
Parcial (TTP). Acrescenta-se, à amostra de sangue
pobre em plaquetas, o fosfolipídio plaquetário,
O coagulograma determina, principalmente, o
cronometrando o tempo de formação do coágulo. O
perfil quantitativo dos elementos envolvidos no
FP3 pode ser substituído por outros fosfolipídios (por
processo de coagulação. A dosagem dos fatores de
exemplo, cefalina). O tempo normal varia entre 60 a
coagulação e a contagem das plaquetas determinam
110 segundos. Como as plaquetas foram
se os diversos componentes da hemostasia estão
substituídas pela suspensão de fosfolipídios, o
dentro de limites compatíveis com a coagulação
alargamento do TTP estará relacionado com
normal. Muitas vezes, entretanto, o resultado dos
alterações dos fatores XII, XI, IX ou VIII. Deve-se
exames não coincide com o comportamento do san-
descartar a presença de anticoagulante (por exemplo,
gramento no campo operatório.
heparina).
248
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
249
níveis compatíveis com atividade normal e raramente
podem ser responsabilizados pelas coagulopatias da
transfusão maciça.
DROGAS
250
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
Fontes:
http://sites.usp.br/dcdrp/wp-content/uploads/sites/273/2017/05/hemost
asia_revisado.pdf
251
LEUCEMIA LINFOIDE AGUDA
A
s leucemias agudas são neoplasias do sistema
hematopoiético, compreendidas por um grupo
heterogêneo de doenças caracterizadas pela
rápida expansão de um clone celular anormal na
medula óssea, com acúmulo de células jovens e perda
da capacidade de diferenciação em células maduras.
São classificadas conforme a origem da linhagem
hematológica, divididas em mielóide ou linfóide. Poste-
riormente, atingem a circulação periférica e podem se
infiltrar em outros sistemas orgânicos.
252
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
253
LEUCEMIA MIELOIDE
AGUDA DO ADULTO
DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO PRÉ-TRATAMENTO
A
s leucemias agudas resultam de uma transfor- Sudam e esterase inespecífica) das células blásticas,
mação maligna das células hematopoéticas como auxiliares ao diagnóstico;
primitivas, seguida de uma proliferação clonal • Biópsia de medula óssea no caso de aspirado
e consequente acúmulo dessas células transforma- medular “seco”;
das. A Leucemia Mieloide Aguda (LMA) sofre, carac-
• Imunofenotipagem das células blásticas do
teristicamente, uma parada maturativa celular na fase SP ou da MO;
de blastos ou promielócitos, levando à redução dos
• Avaliação citogenética convencional com um
elementos normais no sangue periférico. As células mínimo de 20 metáfases analisadas ou citogenética
apresentam marcadores mieloides específicos, molecular com hibridização in situ por fluorescência
incluindo bastões de Auer (grânulos aberrantes), alte- (FISH); e
ração citoquímica (negro de Sudan, mieloperoxidase • Avaliação por biologia molecular
ou esterase não específica) e antígenos de superfície preferencialmente da medula óssea. A porcentagem
específicos. O evento inicial que determina a prolife- de blastos exigida para o diagnóstico de LMA é 20%
ou mais de mieloblastos ou monoblastos/
ração neoplásica é desconhecido, mas é resultante promonócitos ou megacarioblastos no SP ou na MO.
de mutação somática e ocorre na célula-tronco (stem
cell) comprometendo a maturação mieloide.
O diagnóstico de leucemia eritroide aguda é
A incidência da LMA ajustada por idade é de feito nos casos com 50% ou mais de precursores
3,6 casos novos por 100.000 habitantes por ano, eritroides na MO, associado a 20% ou mais de blastos
com uma idade mediana ao diagnóstico de 66 anos. de células não eritroides da MO. Mieloblastos, mono-
As deficiências da hematopoese na medula óssea, blastos e megacarioblastos são incluídos na contagem
dos blastos. Na LMA com diferenciação monocítica ou
com a substituição das células normais por células
mielomonocítica, os monoblastos e promonócitos, mas
imaturas que nela se acumulam, resultam numa insufi-
não os monócitos anormais, são considerados e con-
ciência funcional da medula óssea que, em consequ- tados como blastos. Eritroblastos não são contados
ência, se expressa clinicamente por anemia, sangra- como blastos, exceto no caso da leucemia eritroide
mento, infecções e síndrome de hiperviscosidade. A pura. Por sua vez, os seguintes itens visam a determi-
medula óssea e o sangue periférico são principalmen- nar a invasão leucêmica extramedular e as condições
te caracterizados por leucocitose com predomínio de clínicas do doente:
células imaturas, mormente os blastos.
254
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
atuais distinguem os pacientes jovens dos pacientes
• Anamnese e exame físico;
idosos (idade igual ou maior de 60 anos), pois o
• Exames de coagulação, incluindo a dosagem idoso está associado a índice de capacidade funcio-
de fibrinogênio;
nal mais alto (ou seja, pior) e a anormalidade no
• Dosagem bioquímica sérica: glicose, sódio, exame citogenético. Independentemente da idade, o
potássio, cálcio, creatinina, dosagens das objetivo inicial do tratamento da LMA é atingir a RC
transferases/ transaminases, fosfatase alcalina,
DHL, bilirrubinas, ureia, proteína total, ácido úrico, (medula óssea com menos de 5% de mieloblastos e,
colesterol total, triglicerídios, creatinofosfoquinase e no sangue periférico, neutrófilos acima de 1.000/
enzimas pancreáticas; mm3 e plaquetas acima de 100.000/mm3 ) para o
• Punção lombar, se clinicamente indicada; controle da hematopoese. Para ser considerado
potencialmente curado, os pacientes devem perma-
• Exames bacteriológicos de secreções e necer em RC por 2 a 3 anos, quando, então, o risco
líquidos orgânicos, se clinicamente indicada;
de recaída da LMA diminui seguramente para menos
• Testes sorológicos para hepatites A, B e C e de 10%.
para HIV;
• Exame de fezes;
• Exame de urina;
• Eletrocardiograma e ecocardiograma; e
TRATAMENTO
O tratamento da LMA exige uma quimioterapia
inicial de indução de remissão, com o objetivo de atin-
gir remissão completa (RC) da doença e consequente
restauração das células sanguíneas normais. Esta fase
é seguida por uma terapia de pós-remissão para erra-
dicar a doença residual mínima (DRM). Depois, dois a
quatro cursos de “consolidação” com ou sem trata-
mento prolongado de “manutenção”. MODALIDADES TERAPÊUTICAS
A cura da LMA ocorre ainda numa minoria de TERAPIA DE INDUÇÃO – Três dias de
pacientes adultos que se submetem aos diversos antraciclina (ou daunorrubicina ou idarrubinia ou
protocolos de quimioterapia e, nos casos de prognós- mitoxantrona) e 7 dias de citosina arabinosídio
tico intermediário ou desfavorável, apesar do elevado (protocolo “7 + 3”) continua sendo o tratamento
potencial de morbidade, os resultados do transplante padrão para a indução de remissão da LMA do
de células-tronco hematopoéticas alogênico (alo-TC- adulto. Este tratamento ocasiona um período de
TH) ou autólogo (auto-TCTH) são melhores do que os pancitopenia grave durante 3 a 4 semanas,
obtidos com a quimioterapia padrão, sendo que o necessitando-se de tratamento de suporte e por
auto-TCTH é reservado para o paciente que atingiu vezes com internação em Unidade de Tratamento
resposta molecular após recaída da leucemia do subti- Intensivo. A maioria dos protocolos de tratamento
po promielocítica aguda (LPMA). As indicações de preconiza o exame de medula óssea uma semana
TCTH devem observar os critérios do Regulamento após o término do esquema quimioterápico e, se
Técnico do Sistema Nacional de Transplantes. houver células leucêmicas residuais, administra-se
um segundo curso de quimioterapia com outros
Existem dois obstáculos para a cura: a mortali- antineoplásicos e doses mais intensas. O índice de
dade relacionada ao tratamento (MRT) e a resistência remissão completa é de 60% a 80% no grupo de
à quimioterapia. Com isso, os protocolos terapêuticos pacientes jovens.
255
HEMOTERAPIA – A anemia deve ser corrigida com
TERAPIA DE CONSOLIDAÇÃO – Cerca de 30% dos concentrado de hemácias. A transfusão de plaquetas
pacientes de LMA recidivam nos primeiros 6 meses e reduziu dramaticamente a morte por hemorragia nos
mais de 50% no primeiro ano. Com o objetivo de casos de LMA. A transfusão de plaquetas deve ser
retardar ou prevenir a recidiva do paciente jovem, instituída quando a contagem for menor que
tem-se preconizado a terapia pós-remissão, que 10.000/mm3 em paciente estável, ou menor que
consiste em ciclos repetitivos (pelo menos 3 ciclos) 50.000/mm3 em paciente com sangramento ou que
de citosina arabinosídio em altas doses (HiDAC, sigla necessite de procedimento invasivo, que deve ser
em Inglês). O uso de consolidação intensiva evitado tanto pelo risco hemorrágico, quanto pelo
prolongada ou de poliquimioterapia não parece ser risco de circulação bacteriana e sepse. Além do
superior a HiDAC isolada. número de plaquetas, a indicação de transfusão deve
Terapia de Manutenção – Exceto nos casos de leuce- ser considerada nos casos de sangramento de
mia promielocítica aguda (LPMA), o tratamento de mucosa, infecção, mucosite grave e febre. Os
manutenção não deve ser administrado rotineiramen- hemocomponentes devem ser irradiados, em vista do
te no adulto com LMA. risco de doença do enxerto versus hospedeiro
transfusional. Inexiste evidência para a indicação de
TRANSPLANTE DE CÉLULAS-TRONCO
transfusão de granulócitos no paciente com LMA.
HEMATOPOÉTICAS – Apesar do elevado potencial
de morbidade, talvez seja a terapia anti-LMA mais
efetiva para os casos de prognóstico intermediário ou
desfavorável. Essa morbidade, entretanto, assim
como a mortalidade vêm declinando com a melhora
da terapia antimicrobiana e com o controle da doença
do enxerto contra o hospedeiro. Além disso, o número
de doadores não aparentados e a doação de sangue
de cordão umbilical vêm se expandindo, aumentando
progressivamente a chance de identificação de
doadores compatíveis.
TRATAMENTO DE SUPORTE
ANTIBIOTICOTERAPIA – No período da
granulocitopenia, o paciente permanece em alto risco
de infecção bacteriana, necessitando de vigilância
constante e pronta ação a qualquer processo febril,
para evitar septicemia. A detecção do foco infeccioso
é fundamental na orientação terapêutica, sendo
preconizadas coletas de hemo- e uroculturas, além
de avaliação rigorosa da pele, mucosas e pulmão. A
lavagem das mãos, a higiene pessoal e o cuidado
dentário são ações essenciais na prevenção das
infecções.
256
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
LINFOMA DE HODGKIN
O
linfoma de Hodgkin (LH), assim chamado
porque foi descrito pela primeira vez, em 1832,
por Thomas Hodgkin, define-se como uma neo-
plasia do tecido linfóide caracterizada pela presença
de células de Reed-Sternberg e/ou células de Hod-
gkin, inseridas num contexto inflamatório característi-
co, constituído por estroma, linfócitos, histiócitos, eosi-
nófilos e monócitos. Geralmente ocorre em tecido gan-
glionar ou, mais raramente, em tecido extra-ganglionar,
nomeadamente a medula óssea, pulmão ou osso. As
células de Reed-Sternberg constituem apenas 1 a 2%
da população total de células. São células linfóides,
que apresentam um núcleo multilobulado, com nucléo-
los eosinofílicos exuberantes. Ao contrário, as células
de Hodgkin apresentam um núcleo unilobulado. Acei-
CLASSIFICAÇÃO HISTOLÓGICA DA OMS, 1999
ta-se hoje serem células de Reed-Sternberg, visualiza-
das num plano diferente, que apenas evidencia um
lobo do núcleo. 1. LH Nodular Predomínio de Linfócitos
EPIDEMIOLOGIA 2. LH Clássico
257
tem pouco significado clínico; a clássica dor ganglio- ESTADIAMENTO
nar após ingestão de álcool, apesar de estar presente
em menos de 10% dos doentes, é muito característi- O modelo de estadiamento em vigor continua
co. Podemos ainda encontrar queixas de dor óssea a ser a classificação de Ann Arbor, com a modifica-
associada a fenómenos compressivos e, no caso de ção de Cotswold de 1989. Esta classificação realça
doença torácica muito extensa, queixas respiratórias. a importância do envolvimento de áreas ganglionares
No exame objectivo, o achado mais comum é a presen- e/ou extraganglionares de um ou ambos os lados do
ça de adenomegalias não dolorosas, com localização diafragma, para diferenciar doença limitada de
característica nas cadeias ganglionares do pescoço, doença avançada. Uma questão que frequentemente
supraclaviculares e axilares. Pode ocorrer síndrome da se coloca no estadiamento destes doentes consiste
veia cava superior por compressão por adenomegalias em saber quando se justifica efectuar mielograma ou
mediastínicas, embora não seja frequente. Um exame biopsia óssea. Uma vez que o atingimento medular
objetivo cuidadoso do tórax pode revelar sinais de apenas ocorre em 5 a 20% à data do diagnóstico, e
derrame pleural. Podemos também encontrar hepato quase nunca ocorre em jovens assintomáticos com
ou esplenomegalia. As manifestações cutâneas são doença limitada, muitos autores advogam que só
raras. Destas, a mais frequente é o eritema nodoso. deverá ser feita na doença supradiafragmática com
Laboratorialmente, no hemograma, podemos encon- sintomas B, nos estádios III e IV ou na presença de
trar citopenias, particularmente em doença avançada e citopenias. Na avaliação do fígado, deve ter-se em
na histologia de deplecção linfocitária, podendo inclu- conta que o atingimento hepático só é considerado
sivamente ocorrer por fenómenos auto-imunes. Pelo
contrário, também podemos encontrar granulocitose
ou trombocitose. Aumentos da VSE e/ou LDH asso-
ciam-se a doença avançada e sintomática. Numa fase
limitada pode existir uma elevação inespecífica da
fosfatase alcalina, mas esse aumento também pode
ser resultado de doença avançada com atingimento
hepático, ósseo ou medular. Note-se que podemos
encontrar um padrão de colestase não só por colesta-
se intra-hepática, mas também por obstrução biliar por
adenomegalias porto-hepáticas. Alterações laborato-
riais mais raras são a hipercalcemia ou a hipoglicemia,
esta última mediada por anticorpos anti receptores de
insulina. Relativamente aos exames imagiológicos, na
radiografia de tórax é frequente encontrarmos alarga-
mentos do mediastino, principalmente em mulheres
jovens com o padrão histológico de Esclerose Nodular.
258
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
(QT), cujo esquema standard é o ABVD, associado a
RT da área envolvida. Numa tentativa de diminuir os
efeitos adversos, o futuro poderá passar pelo trata-
I. Uma região ganglionar ou estrutura linfóide mento com QT combinada isolada. Estão neste
(baço, timo, anel de Waldeyes) momento a decorrer dois estudos, do grupo do
Canadá e do grupo Europeu, para comparar a eficá-
II. ≥ duas regiões ganglionares, mesmo lado do cia da QT isolada e da associada à RT. Actualmente
diafragma
preconiza-se, ainda, a utilização de terapêutica com-
III. Atingimento ganglionar nos dois lados do binada (QT e RT) na doença limitada. O tratamento
diafragma atualmente aceito da doença avançada é a QT combi-
III.I. Gânglios do hilo esplénico, celíaco ou portais nada, esperando-se uma resposta completa em 70 a
80% dos doentes.
III.II. Gânglios para-aórticos, ilíacos ou mesentéricos
Fontes:
https://www.spmi.pt/revista/vol11/vol11_n4_2004_207-215.pdf
IV. Extra-ganglionar, além de E
CARACTERÍSTICAS MODIFICADORES
A. Sem sintomas B
TRATAMENTO
259
LINFOMA NÃO HODGKIN
O
s Linfomas são transformações neoplásicas de
células linfóides normais que residem predomi- PATOGÊNESE
nantemente em tecidos linfóides. São morfolo-
gicamente divididos em linfomas de Hodgkin (LH) e Diferentes tipos de neoplasias linfóides impli-
não-Hodgkin. O linfoma não-Hodgkin (LNH) é a quarta cam em características clínicas, morfológicas e mole-
neoplasia mais incidente nos Estados Unidos, excluin- culares distintas. Os linfomas de baixo grau caracteri-
do o câncer de pele não melanoma, sendo responsável zam-se por baixo índice de proliferação celular, célu-
por 4% de todas as malignidades. É também a nona las de tamanho pequeno, formação de grandes
causa de morte por câncer no sexo masculino e a massas linfonodais, envolvimento freqüente de
medula óssea e de sítios extranodais. Paradoxalmen-
sétima no sexo feminino, envolvido em 5% das mortes
te, são tumores de baixa agressividade, com sobrevi-
por câncer.
da de anos mesmo sem tratamento específico. Este
tipo de apresentação indolente de certos linfomas
A incidência vem aumentando nas últimas parece se dever a alterações na regulação da apopto-
quatro décadas, principalmente os linfomas agressi- se, com conseqüente acúmulo celular. Por outro lado,
vos, o que parece ser apenas parcialmente explicado linfomas de alto grau apresentam alto índice de proli-
pela maior incidência de Síndrome da Imunodeficiên- feração celular, células grandes, linfonodomegalias
cia Adquirida (SIDA) e pela exposição a fatores localizadas, porém com alta agressividade, cursando
ambientais. A maioria dos casos não tem etiologia defi- com sobrevida de semanas a meses se não tratados.
nida, porém sugere-se que fatores hereditários, São considerados linfomas de alto grau o linfoma
ambientais, ocupacionais e dietéticos possam estar não-Hodgkin difuso de grandes células B (LNHDG-
envolvidos. Indivíduos acometidos por imunodeficiên- CB), o linfoma folicular pouco diferenciado (grau 3), o
cia hereditária, como hipogamaglobulinemia, imunode- linfoma de células do manto, o linfoma de células T
ficiência comum variável, síndrome de Wiskott-Aldrich, periférico, o linfoma de grandes células anaplásico e
o linfoma de Burkitt.
ataxia-teleangiectasia têm até 25% de risco de desen-
volver LNH. Além desses fatores, alguns agentes
infecciosos têm sido implicados na gênese do LNH, CLASSIFICAÇÃO
incluindo o vírus do Epstein-Barr, vírus linfotrópico de
A classificação mais utilizada atualmente é a
células T humano tipo 17, herpes vírus tipo 8, vírus da
da Organização Mundial da Saúde (OMS). Desenvol-
hepatite C, vírus simiano 4011 e a bactéria Helicobac-
ter pylori. vida em 1995 por membros da Sociedade de Hema-
topatologia e da Associação Européia de Hematopa-
tologistas, a classificação se baseia em dados de
morfologia, imunofenotipagem, genética e informa-
ções clínicas e divide os vários tipos de neoplasias
linfóides em três grandes grupos: neoplasias de célu-
las B, neoplasias de células T/NK e linfoma de Hod-
gkin. Segundo a OMS, linfoma e leucemia do mesmo
tipo celular são representações da mesma doença,
porém em estágios diferentes de evolução. O LNHD-
GCB é o linfoma mais comum em adultos, responsá-
vel por 30% a 40% dos casos. Suas variantes e sub-
tipos morfológicos são: centroblástico, imunoblásti-
co, rico em células T, grandes células anaplásico, tipo
granulomatoso linfomatóide, plasmablástico, medias-
tinal, efusão primária e intravascular.
260
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
261
pacientes totalmente responsivos são curados e as
COMPLICAÇÕES DO TRATAMENTO
recidivas após dois anos sem o tratamento são raras.
Como as taxas de cura melhoraram com o uso de
R-CHOP, o transplante autólogo é reservado para Uma sequela tardia da dose padrão e de dose
pacientes com linfomas agressivos de células B, alta de quimioterapia é a ocorrência de tumores
alguns pacientes mais jovens com linfoma de células secundários, em especial mielodisplasias e leucemia
do manto e alguns pacientes com linfomas agressivos mielógena aguda. A quimioterapia combinada com a
de células T. radioterapia eleva os riscos, embora sua incidência
ainda seja de apenas cerca de 3%.
RECIDIVA DO LINFOMA
Fontes:
A primeira recidiva após a quimioterapia inicial http://www1.inca.gov.br/rbc/n_47/v02/pdf/normas.pdf
262
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
DOENÇA INFLAMATÓRIA
INTESTINAL
A
doença inflamatória intestinal (DII) representa
um grupo de afecções intestinais inflamatórias
estudos mostra que quando a incidência começa a
aumentar ocorre geralmente nas classes sociais mais
crônicas idiopáticas. O termo engloba duas altas, e que a doença se torna mais ubíqua com o
categorias nosológicas principais como a doença de tempo.
Crohn (DC) e a colite ulcerativa (CU) que se caracteri-
zam por apresentar características clínico-patológicas Se os indivíduos migram a países desenvolvi-
que se superpõem e outros que diferem claramente. A dos antes da adolescência, aqueles que inicialmente
patogênese da DII não está completamente compre- pertenciam a populações de baixa incidência mos-
endida. Fatores genéticos e ambientais, como a modifi- tram um aumento da incidência da DII. Isto se vê
cação das bactérias luminais e ou aumento da permea- particularmente na primeira geração de indivíduos
bilidade intestinal, desempenham um papel importante das famílias nascidos em um país com uma alta
na má regulação da imunidade intestinal, o que leva à incidência.
lesão gastrointestinal.
• Uma hipótese que explica a diferença da incidência
entre as nações desenvolvidas e em desenvolvimento é a
hipótese da higiene que sugere que as pessoas menos
expostas a infecções na infância ou a condições insalubres
perdem organismos potencialmente amigáveis ou microor-
ganismos que promovem o desenvolvimento das células T
reguladoras; outra possibilidade seria que não desenvol-
vem um repertório imunológico suficiente, porque não
estão expostos a organismos nocivos. Esses indivíduos
apresentam uma maior incidência de doenças autoimunes
crônicas, inclusive a DII.
263
DIFERENÇAS NAS CARACTERÍSTICAS
DE APRESENTAÇÃO DA DII
A DC se distingue da CU por apresentar
envolvimento proximal do cólon, doença perianal,
fístulas, granulomas histológicos e envolvimento de
todas as camadas da parede intestinal, comparado
com o envolvimento limitado à mucosa. Na DC, os
granulomas são evidentes em até 50% dos pacientes
e as fístulas em 25%. É de destacar que as apresen-
tações de DC e CU são bastante parecidas em áreas
tão dispares do mundo como América do Norte,
América do Sul, Europa, Austrália e Nova Zelândia.
264
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
Neoplasia maligna:
COMPLICAÇÕES — Após 8 anos do diagnóstico da CU se vê um aumento
significativo do risco de câncer de cólon; na DC existe um
risco similar quando há envolvimento de uma área impor-
As complicações intestinais incluem: tante do cólon. O risco aumenta paralelamente com a dura-
ção da doença, a instalação da doença a uma idade precoce
Hemorragia: sangramento profuso de úlceras em CU. e se existem antecedentes familiares de câncer colorretal
Sangramento menos comum em DC. Na DC é mais frequen- esporádico.
te observar sangramento massivo devido a ulceração ileal — A colangite esclerosante primária (CEP) na CU também se
do que à colite. acompanha de um aumento do risco do colangiocarcinoma
— 5–10% das pessoas com DC apresentam ulcera- e do câncer colorretal. A CEP também está aumentada na
ções no estômago ou duodeno. doença de Crohn, embora seja mais comum na CU.
— O envolvimento do intestino delgado proximal é — Apesar do adenocarcinoma de intestino delgado ser raro,
mais frequente nas crianças. na DC se observa um aumento de seu risco.
• Perfuração intestinal.
• Abscessos intra-abdominais em DC. Complicações extraintestinais:
• Estenose e obstrução (o estreitamento do intestino • Afetam até 25% dos pacientes com DII, embora
pode ser produzido por inflamação e edema agudos ou por 15–20% apresentem artralgias, enquanto os restantes têm
fibrose crônica): patologia inflamatória franca em outros órgãos e sistemas.
Algumas complicações podem se apresentar mesmo antes
Na DC as estenoses são frequentemente inflama- de ser feito o diagnóstico da DII, e outras podem apresentar
tórias uma evolução independente da DII (inclusive a colectomia
• As estenoses inflamatórias podem ser resolvidas praticada a pacientes com CU não afeta a evolução de sua
com tratamento médico. espondilite anquilosante ou da colangite esclerosante
• As estenoses cicatriciais (fixas ou fibróticas) primária. No entanto, para muitos sujeitos a atividade das
podem requerer endoscopia ou intervenção cirúrgica para artralgias vai em paralelo com a atividade da doença intesti-
aliviar a obstrução. nal).
Megacólon tóxico:
— É uma complicação da colite relativamente rara que
ameaça a vida (se caracteriza pela dilatação do cólon
diagnosticada na radiografia simples de abdômen) e requer
tratamento médico agressivo, devendo se recorrer à inter-
venção cirúrgica urgente se não há resposta dentro das 24
horas (mais comum em CU do que na DC).
265
anticorpos anti- Saccharomyces cerevisiae (ASCA) para os
casos de DII não classificados.
EXAMES DE LABORATÓRIO
• Testes positivos para antígeno p-ANCA e negativos para
Exame de fezes: ASCA sugerem CU.
• Exames coprológicos e coproculturas de rotina para elimi- • Testes negativos para o antígeno p-ANCA e positivos para
nar causas de diarreia bacterianas virais ou parasitárias. ASCA sugerem DC.
• Clostridium difficile (deve ser considerado mesmo na • Estes testes são desnecessários como testes de triagem,
ausência de antecedentes de antibióticos). em particular se vai se prosseguir com endoscopia e image-
nologia para um diagnóstico mais definitivo. O antígeno
• Quando um paciente se apresenta sem história de sangue p-ANCA pode ser positivo na colite de Crohn; portanto, talvez
nas fezes, a possibilidade de detectar a presença de sangue não permita diferenciar DC da CU em uma colite ainda não
oculto ou leucócitos fecais pode fortalecer a indicação de classificada. ASCA é mais específico da DC.
uma endoscopia baixa. Quando a endoscopia baixa é fácil de
obter, estes exames raras vez são indicados. • Testes de anticorpos da doença celíaca devem ser realiza-
dos, a não ser que as apresentações incluam traços não
• Citomegalovírus (CMV; nos sujeitos que recebem imunossu- celíacos óbvios como fístulas, patologia perianal e presença
pressores ou corticosteroides crônicos). de sangue nas fezes.
• Calprotectina, lactoferrina, α1-antitripsina • Para excluir TBC intestinal (em áreas de alta probabilidade
pré-teste):
— Teste cutâneo (PPD: derivado proteico purificado
da tuberculina). Em certos países como o Brasil, o PPD é
EXAMES DE SANGUE considerado positivo quando a reação é maior a 10 mm; nos
EUA, é positivo quando é superior a 5 mm.
— Teste de anticorpo PPD sérico.
• Hemograma completo (HC).
— Ensaio de interferon γ (QuantiFERON-TB, T-SPOT,
testes de TBC).
• Velocidade de eritrossedimentação, proteína C reativa e
orosomucoide; os níveis não se correlacionam exatamente
com a inflamação e a atividade da patologia.
266
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
IMAGENOLOGIA E ENDOSCOPIA
267
CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS DA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL MEDICAMENTOS NO MANEJO CLÍNICO DA DII
DA SAÚDE PARA A DOENÇA DE CROHN
268
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
Úteis para:
Cirurgia em CU
• Reduzir ou eliminar a corticodependência em DII.
• 25–30% dos pacientes com CU podem precisar
• Pacientes com DII selecionados quando os aminos-
cirurgia se o tratamento médico não for completamente
salicilatos e corticosteroides são ineficazes ou parcialmente
bem-sucedido, ou na presença de displasia.
eficazes.
• Na CU a ressecção cirúrgica é considerada curativa
• Manutenção da remissão em DC e CU se os aminos-
da doença.
salicilatos fracassarem.
• Tratamento primário das fístulas.
As opções cirúrgicas são:
• Tratamento alternativo para recidivas por DC
— Ileostomia transitória
depois da corticoterapia.
— Proctocolectomia total mais ileostomia permanente
• Para a dependência de corticosteroides, para
— Anastomose ileoanal (IPAA)
manter a remissão e retirar os corticosteroides
Antibióticos:
• Metronidazol e ciprofloxacino são os antibióticos
mais comumente usados em DC. — Utilizados para o
tratamento das complicações da DC (patologia perianal,
fístulas, tumoração inflamatória, sobreinfecção bacteriana
em estenose existente). Existe um risco aumentado de
doença associada a C. difficile– (CDAD), e os pacientes
apresentando surto de doença diarreica deveriam ser
controlados para detecção de C. difficile e outros patóge-
nos fecais.
• Não existem dados mostrando que nenhum
antibiótico seja eficaz em CU, mas eles são utilizados em
caso de colite fulminante.
TRATAMENTO CIRÚRGICO
269
DOENÇA CELÍACA
A
Doença Celíaca (DC) é uma enteropatia crôni-
ca do intestino delgado, de caráter autoimune,
desencadeada pela exposição ao glúten (prin-
cipal fração proteica presente no trigo, centeio e
cevada) em indivíduos geneticamente predispostos.
Estudos de prevalência da DC têm demonstrado que
esta doença é mais frequente do que anteriormente se
acreditava e sua frequência ainda é subestimada. A
falta de informação sobre a doença e dificuldade de
MUCOSA NORMAL
acesso aos meios diagnósticos reduzem as possibili-
dades de tratamento adequado e consequente melho-
ra clínica. Estudos revelam que o problema atinge pes- MUCOSA COM
DOENÇA CELÍACA
soas de todas as idades, mas compromete principal-
mente crianças de 6 meses a 5 anos. Também foi Forma não clássica (atípica): caracteriza-se
observada uma frequência maior entre mulheres, na por quadro mono ou oligossintomático, em que as
proporção de duas mulheres para cada homem. Outra manifestações digestivas estão ausentes ou, quando
particularidade é o fato de a DC ser predominante presentes, ocupam um segundo plano. Os pacientes
entre os indivíduos faiodérmicos, embora existam rela- podem apresentar manifestações isoladas, como,
tos de sua ocorrência em indivíduos melanodérmicos. por exemplo, baixa estatura, anemia por deficiência
Devido ao caráter hereditário, parentes de primeiro de ferro refratária à reposição de ferro por via oral,
grau de celíacos devem ser submetidos ao teste soro- anemia por deficiência de folato e vitamina B12, oste-
lógico para sua detecção. oporose, hipoplasia do esmalte dentário, artralgias ou
artrites, constipação intestinal refratária ao tratamen-
Três formas de apresentação clínica da DC são to, atraso puberal, irregularidade do ciclo menstrual,
reconhecidas, quais sejam: clássica ou típica, não esterilidade, abortos de repetição, ataxia, epilepsia
clássica ou atípica e assintomática ou silenciosa. (isolada ou associada à calcificação cerebral), neuro-
patia periférica, miopatia, manifestações psiquiátri-
Forma Clássica (típica): caracteriza-se pela cas (depressão, autismo, esquizofrenia), úlcera
presença de diarreia crônica, em geral acompanhada aftosa recorrente, elevação das enzimas hepáticas
de distensão abdominal e perda de peso. Também sem causa aparente, fraqueza, perda de peso sem
pode haver diminuição do tecido celular subcutâneo, causa aparente, edema de surgimento abrupto após
atrofia da musculatura glútea, falta de apetite, altera- infecção ou cirurgia e dispepsia não ulcerosa.
ção de humor (irritabilidade ou apatia), vômitos e
anemia. Esta forma clínica pode ter evolução grave, Forma assintomática (silenciosa): caracteri-
conhecida como crise celíaca, ocorrendo quando há za-se por alterações sorológicas e histológicas da
retardo no diagnóstico e no tratamento, particularmen- mucosa do intestino delgado compatíveis com DC,
te entre o primeiro e o segundo anos de vida, e na ausência de manifestações clínicas. Esta situação
frequentemente desencadeada por infecção. Esta pode ser comprovada especialmente entre grupos
complicação potencialmente fatal se caracteriza pela de risco para a DC como, por exemplo, parentes de
presença de diarreia com desidratação hipotônica primeiro grau de pacientes celíacos, e vem sendo
grave, distensão abdominal por hipopotassemia e des- reconhecida com maior frequência nas últimas duas
nutrição grave, além de outras manifestações como décadas, após o desenvolvimento dos marcadores
hemorragia e tetania. sorológicos para esta doença.
270
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
A dermatite herpetiforme, considerada DC da pele, se Com relação ao TTG da classe IgA, determinado por
apresenta com lesões cutâneas do tipo bolhoso e ELISA, tem elevada sensibilidade (92% a 100% em
intensamente pruriginoso e se relaciona também com crianças e adultos) e especificidade (91% a 100%).
a doença celíaca. Em resumo, há superioridade dos testes para deter-
minação de anticorpo antiendomísio e do TTG,
ambos da classe IgA, principalmente o TTG recombi-
DIAGNÓSTICO nante humana IgA, em relação ao teste para antiglia-
dina. Considerando a maior facilidade da dosagem
Para o diagnóstico definitivo da DC é impres-
do TTG, aliado a elevadas sensibilidade e especifici-
cindível a realização de endoscopia digestiva alta com
dade na população pediátrica e adulta, este é o teste
biópsia de intestino delgado com vista à realização de
sorológico de escolha para avaliação inicial dos indiví-
exame histopatológico, considerado o padrão-ouro
duos com suspeita de intolerância ao glúten.
para o diagnóstico. A biópsia deve constar de pelo
menos quatro fragmentos, incluindo amostra do bulbo
A deficiência de imunoglobulina A é responsá-
e das porções mais distais do duodeno.
vel por resultados falsos negativos dos testes soroló-
gicos antiendomísio e TTG da classe IgA. Por este
Os marcadores sorológicos são úteis para
motivo, indica-se como testes diagnósticos iniciais da
identificar os indivíduos que deverão ser submetidos à
DC a dosagem sérica simultânea do TTG da classe
biópsia de intestino delgado. Os marcadores sorológi-
IgA e da imunoglobulina A. A avaliação sorológica
cos também são úteis para acompanhamento do
deve ser feita em vigência de dieta com glúten.
paciente celíaco, como, por exemplo, para detectar
Deve-se enfatizar que, até o momento, os marcadores
transgressão à dieta. Os principais testes sorológicos
sorológicos para DC não substituem o exame histo-
para a detecção da intolerância ao glúten são o anti-
patológico do intestino delgado, que continua sendo
corpo antigliadina, o anticorpo antiendomísio e o anti-
o padrão-ouro para o diagnóstico de DC. No entanto,
corpo antitransglutaminase (TTG).
a biópsia intestinal deve ser solicitada mesmo com
sorologia negativa nos casos de deficiência de IgA e
Com relação ao anticorpo antigliadina, determi-
nos casos com alta suspeição clínica, como nos
nado pela técnica de ELISA, a especificidade do anti-
parentes de primeiro grau de doentes celíacos com
corpo da classe IgA (71% a 97% nos adultos e 92% a
sinais ou sintomas compatíveis.
97% nas crianças) é maior do que da classe IgG
(50%), sendo a sensibilidade extremamente variável
Em relação à biópsia de intestino delgado,
em ambas as classes.
para que a interpretação histológica do fragmento
seja fidedigna, é fundamental o intercâmbio entre o
O anticorpo antiendomísio da classe IgA é iden-
médico endoscopista e o médico responsável direto
tificado por meio de imunofluorescência indireta. Apre-
pelo doente – de preferência médico experiente em
senta alta sensibilidade em adultos (87% a 89%) e em
Gastroenterologia Pediátrica ou Clínica – com o
crianças maiores de dois anos (88% a 100%), e alta
médico patologista. A orientação do fragmento de
especificidade (91% a 100% nas crianças e 99% em
biópsia pelo endoscopista e a inclusão correta deste
adultos). Entretanto, apresenta pior relação custo/be-
material em parafina pelo histotecnologista são de
nefício e técnica mais trabalhosa.
extrema importância para a avaliação anátomo-patoló-
gica dos fragmentos biopsiados.
271
fosse estabelecido antes dos 2 anos de idade ou
• estágio 0 (padrão pré-infiltrativo), com fragmento quando houvesse dúvida com relação ao diagnóstico
sem alterações histológicas (normal); inicial, como, por exemplo, falta evidente de resposta
clínica à dieta sem glúten, não realização de biópsia
• estágio I (padrão infiltrativo), em que a arquitetura inicial ou biópsia inadequada ou exame histopatológi-
da mucosa apresenta-se normal com aumento do infiltrado co não típico da DC. Consensos de especialistas têm
dos linfócitos intraepiteliais (LIE); sido realizados nos últimos anos com vistas a uniformi-
zar os termos e critérios diagnósticos, bem como fazer
• estágio II (lesão hiperplásica), caracterizado por recomendações baseadas em evidências a respeito
alargamento das criptas e aumento do número de LIE; do tratamento.
272
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
Por isso, deve-se verificar a intolerância temporária à
lactose e sacarose, que se reverte com a normaliza-
ção das vilosidades.
273
DOENÇA MENINGOCÓCICA
A
doença meningocócica é uma infecção bacte-
riana aguda. Quando se apresenta na forma RESERVATÓRIO
de doença invasiva, caracteriza-se por uma ou
O homem, sendo a nasofaringe o local de
mais síndromes clínicas, sendo a meningite meningo-
colonização do microrganismo. A colonização assin-
cócica a mais frequente delas e a meningococcemia a
tomática da nasofaringe pela N. meningitidis caracte-
forma mais grave.
riza o estado de portador que ocorre frequentemente,
chegando a ser maior que 10% em determinadas
faixas etárias nos períodos endêmicos, podendo o
MENINGES indivíduo albergar o meningococo por período prolon-
NORMAIS
gado. As taxas de incidência de portadores são maio-
res entre adolescentes e adultos jovens e em cama-
das socioeconômicas menos privilegiadas.
MENINGES
MODO DE TRANSMISSÃO
INFLAMADAS
Contato direto pessoa a pessoa, por meio de
secreções respiratórias de pessoas infectadas, assin-
tomáticas ou doentes. A transmissão por fômites não
é importante.
274
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
A doença meningocócica invasiva ocorre gocócica invasiva e associa-se, em cerca de 60%
primariamente em pessoas suscetíveis recentemente dos casos, à presença de lesões cutâneas petequiais
colonizadas por uma cepa patogênica. Inúmeros fato- bastante características. Em lactentes com meningi-
res de risco têm sido associados, tais como: infecções te, a pesquisa de sinais meníngeos é extremamente
respiratórias virais recentes (especialmente infuenza), difícil e a rigidez de nuca nem sempre está presente.
aglomeração no domicílio, residir em quartéis, dormir Nestas circunstâncias, deve-se realizar o exame
em acampamento militar ou em alojamentos de estu- cuidadoso da fontanela bregmática:
dantes, tabagismo (passivo ou ativo), condições socio-
econômicas menos privilegiadas e contato íntimo com • Abaulamento e/ou aumento da tensão da fontane-
portadores. O risco de desenvolver doença invasiva la, aliados a febre, irritabilidade, gemência, inapetência e
entre contatos domiciliares de um doente é cerca de vômitos.
500 a 800 vezes maior que na população geral.
Em lactentes jovens, sobretudo no período neonatal, a
Asplênia (anatômica ou funcional), deficiência suspeita de meningite torna-se notadamente mais difícil,
de properdina, de C3 e de componentes terminais do pois a sintomatologia e os dados de exame físico são os
complemento (C5 a C9) também estão associadas a mais diversos possíveis:
um maior risco de desenvolvimento de doença menin-
• No recém-nascido nem sempre a febre está
gocócica. As pessoas com tais condições clínicas, em
presente
função da incapacidade de provocar a morte intracelu-
• Observa-se, muitas vezes, hipotermia, recusa
lar da bactéria, apresentam maior risco de episódios alimentar, cianose, convulsões, apatia e irritabilidade que se
recorrentes de doença meningocócica e, portanto, são alternam, respiração irregular e icterícia.
consideradas grupos prioritários para profilaxia com
vacinas.
Em 15 a 20% dos pacientes com doença
Em portadores, a colonização assintomática da meningocócica, identificam-se formas de evolução
nasofaringe por meningococos tipáveis e não tipáveis muito rápidas, geralmente fulminantes, devidas
e por outras espécies de Neisseria – como, por exem- somente à septicemia meningocócica, sem meningi-
plo, a N. lactamica – acaba funcionando como um te, e que se manifestam por sinais clínicos de choque
processo imunizante e resulta em produção de anticor- e coagulação intravascular disseminada (CIVD),
pos protetores. caracterizando a síndrome de Waterhouse-Friderich-
sen. Trata-se de um quadro de instalação repentina,
que se inicia com febre, cefaleia, mialgia e vômitos,
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS seguidos de palidez, sudorese, hipotonia muscular,
taquicardia, pulso fino e rápido, queda de pressão
A infecção invasiva pela N. meningitidis pode arterial, oligúria e má perfusão periférica. Suspeita-se
apresentar um amplo espectro clínico, que varia desde da síndrome Waterhouse-Friderichsen nos quadros
febre transitória e bacteremia oculta até formas fulmi- de instalação precoce, em doente com sinais clínicos
nantes, com a morte do paciente em poucas horas de choque e extensas lesões purpúricas. A CIVD que
após o início dos sintomas. se associa determina aumento da palidez, prostração,
hemorragias, taquicardia e taquipneia. Um rash macu-
A meningite e a meningococcemia são as lopapular, não petequial, difícil de distinguir de um
formas clínicas mais frequentemente observadas, exantema de origem viral e geralmente de curta dura-
podendo ocorrer isoladamente ou associadas. A deno- ção, pode estar presente no início do quadro em até
minação doença meningocócica torna-se apropriada 15% das crianças com meningococcemia.
nesse contexto, sendo adotada internacionalmente.
COMPLICAÇÕES
O quadro de meningite pode se instalar em
algumas horas, iniciado com intensa sintomatologia, As convulsões estão presentes em 20% das
ou mais paulatinamente, em alguns dias, acompanha- crianças com meningite meningocócica. Sua ocor-
do de outras manifestações, geralmente indistinguíveis rência, assim como a presença de sinais neurológi-
de outras meningites bacterianas. A meningite menin- cos focais, é menos frequente que nas meningites
gocócica é a forma mais frequente de doença menin- por pneumococo ou por Haemophilus in"uenzae
275
sorotipo B. Nos casos de meningococcemia, o coma DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
pode sobrevir em algumas horas. Associa-se a eleva-
das taxas de letalidade, geralmente acima de 40%, Dependerá da forma de apresentação da
sendo a grande maioria dos óbitos nas primeiras 48 doença.
horas do início dos sintomas.
Nas formas clínicas mais leves, bacteremia
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL sem sepse, deve ser feito com doenças exantemáti-
cas, principalmente as virais e doenças do trato respi-
Os principais exames para o esclarecimento ratório superior.
diagnóstico de casos suspeitos são:
Para meningoccemia, os principais são sepse
• Cultura – pode ser realizada com diversos tipos de de outras etiologias, febres hemorrágicas (dengue,
fuidos corporais, principalmente líquido cefalorraquidiano febre amarela, hantavirose), febre maculosa, leptospi-
(LCR), sangue e raspado de lesões petequeais. É considera- rose forma íctero-hemorrágica (doença de Weill),
da padrão ouro para diagnóstico da doença meningocócica, malária (Plasmodium falciparum) e endocardite bac-
por ter alto grau de especificidade. Tem como objetivo o teriana.
isolamento da bactéria para identificação da espécie, e
posteriormente o sorogrupo, sorotipo e sorossubtipo do
Nas meningites, o diagnóstico diferencial prin-
meningococo invasivo.
cipal deve ser feito com outros agentes causadores,
• Exame quimiocitológico do LCR – permite a conta-
principalmente o Streptococcus pneumoniae e o H.
gem e o diferencial das células; e as dosagens de glicose e in"uenzae, além das formas virais e outras causas de
proteínas do LCR. Traduz a intensidade do processo infec- meningoencefalite.
cioso e orienta a suspeita clínica, mas não deve ser utilizado
para conclusão do diagnóstico final, pelo baixo grau de
especificidade.
276
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
casos suspeitos de doença meningocócica.
Grupo Dose
Antibióticos (endovenosa) Intervalo Duração
etário
Contatos próximos são os moradores do
200.000-400. 4 em 4
mesmo domicílio, indivíduos que compartilham o
Penicilina ou 000
UI/kg/dia
horas mesmo dormitório (em alojamentos, quartéis, entre
outros), comunicantes de creches e escolas, e pesso-
as diretamente expostas às secreções do paciente.
200-300 6 em 6
Ampicilina ou mg/kg/dia 5 a 7 dias
Crianças horas
A quimioprofilaxia também está indicada para
o paciente no momento da alta ou na internação no
100 12 em 12 mesmo esquema preconizado para os contatos próxi-
Ceftriaxone
mg/kg/dia horas mos, exceto se o tratamento da doença foi realizado
com ceftriaxona.
2g 12 em 12 7 dias
Adultos Ceftriaxone
horas Não há recomendação para os profissionais
da área de saúde que atenderam o caso de doença
meningocócica, exceto para aqueles que realizaram
O uso de corticoide nas situações de choque é procedimentos invasivos (intubação orotraqueal, pas-
discutível, pois há controvérsias a respeito da influên- sagem de cateter nasogástrico) sem utilização de
cia favorável ao prognóstico. equipamento de proteção individual adequado (EPI).
277
ESQUEMA QUIMIOPROFILÁTICO INDICADO PARA DOENÇA MENINGOCÓCIA
Droga Idade Dose Intervalo Duração
< 1 mês 5 mg/kg/dose 12 em 12 horas
Rifampicina 2 dias
Crianças ≥ 1 mês e adultos 10 mg/kg/dose (máximo de 600mg) 12 em 12 horas
IMUNIZÇÃO
A vacinação é considerada a forma mais eficaz
na prevenção da doença, e as vacinas contra o menin-
gococo são sorogrupo ou sorossubtipo específicas.
São utilizadas na rotina para imunização e também
para controle de surtos.
Agente Etiológico
278
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
MODO DE TRANSMISSÃO
Em geral é de pessoa a pessoa, através das
vias respiratórias, por gotículas e secreções da naso-
faringe.
PERÍODO DE INCUBAÇÃO
Em geral, de 2 a 10 dias, em média 3 a 4 dias.
Pode haver alguma variação em função do agente
etiológico responsável.
PERÍODO DE TRANSMISSIBILIDADE
É variável, dependendo do agente infeccioso
capsulares, imunologicamente distintos, que causam e da instituição do diagnóstico e tratamento.
doença pneumocócica invasiva (meningite, pneumonia
bacterêmica, sepse e artrite) e não invasiva (sinusite, SUSCETIBILIDADE, VULNERABILIDADE,
otite média aguda, conjuntivite, bronquite e pneumo-
IMUNIDADE
nia).
A suscetibilidade é geral. As crianças meno-
Haemophilus influenzae res de 5 anos, principalmente as menores de 1 ano,
Bactéria gram-negativa que pode ser classificada em e pessoas maiores de 60 anos são mais suscetíveis
seis sorotipos (A, B, C, D, E, F), a partir da diferença à doença.
antigênica da cápsula polissacarídica. O H. influenzae,
desprovido de cápsula, se encontra nas vias respirató- Em relação à meningite pneumocócica,
rias de forma saprófita, podendo causar infecções idosos e indivíduos portadores de quadros crônicos
assintomáticas ou doenças não invasivas, tais como ou de doenças imunossupressoras – tais como
bronquite, sinusites e otites, tanto em crianças quanto síndrome nefrótica, asplenia anatômica ou funcional,
em adultos. insuficiência renal crônica, diabetes mellitus e infec-
ção pelo HIV – apresentam maior risco de adoeci-
mento.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
O quadro clínico, em geral, é grave e caracte-
riza-se por febre, cefaleia, náusea, vômito, rigidez de
nuca, prostração e confusão mental, sinais de irrita-
ção meníngea, acompanhadas de alterações do líqui-
Outras bactérias do cefalorraquidiano (LCR).
Destacam-se: Mycobacterium tuberculosis; Strepto-
coccus sp. – especialmente os do grupo B; Strepto- No curso da doença podem surgir delírio e
coccus agalactie; Listeria monocytogenes; Staphylo- coma. Dependendo do grau de comprometimento
coccus aureus; Pseudomonas aeruginosa; Klebsiella encefálico (meningoencefalite), o paciente poderá
pneumoniae; Enterobacter sp.; Salmonella sp.; apresentar também convulsões, paralisias, tremores,
Proteus sp transtornos pupilares, hipoacusia, ptose palpebral e
279
nistagmo. Casos fulminantes com sinais de choque DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
também podem ocorrer. A irritação meníngea asso-
cia-se aos seguintes sinais: Os principais exames para o esclarecimento
diagnóstico de casos suspeitos de meningite bacteria-
Sinal de Kernig – resposta em flexão da na são:
articulação do joelho, quando a coxa é colocada em
certo grau de flexão, relativamente ao tronco. • Cultura (padrão-ouro) – LCR, sangue, raspado de
lesões petequiais ou fezes
Há duas formas de se pesquisar esse sinal: • Reação em cadeia da polimerase (PCR)- LCR, soro e
outras amostras
• Aglutinação pelo látex – LCR e soro
• paciente em decúbito dorsal – eleva-se o tronco, • Bacterioscopia direta - LCR e outros fluidos
fletindo-o sobre a bacia; há flexão da perna sobre a coxa e estéreis
desta sobre a bacia; • Exame quimiocitológico do líquor
COMPLICAÇÕES
280
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
281
TERAPIA ANTIBIÓTICA PARA ADULTOS COM MENINGITE BACTERIANA, SEGUNDO ETIOLOGIA
Dose diária
Agente etiológico Antibiótico (endovenosa) Intervalo (horas) Duração (dias
Haemophilus influenzae 7
Enterobactérias 10 a 14
Pseudomonas Meropenem 6g 8 em 8
Processo inflamatório das meninges, membra- No caso dos enterovírus, podem ser elimina-
nas que envolvem o cérebro e a medula espinhal, cau- dos nas fezes por diversas semanas e pelas vias
sado por vírus. aéreas superiores por períodos que variam de 10 a
15 dias.
Agente Etiológico
VULNERABILIDADE
Os principais são os vírus do gênero Enteroví-
rus. Neste grupo estão incluídos os três tipos de polio- As crianças constituem o grupo mais vulnerá-
vírus, 28 tipos antigênicos do vírus echo, 23 tipos do vel às infecções causadas pelos enterovírus.
vírus Coxsackie A, seis do vírus Coxsackie B e cinco
outros Enterovírus. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Entretanto, outros vírus também podem causar Quando se trata de enterovírus, as mais
meningite viral. frequentes são: febre, mal-estar geral, náusea e dor
abdominal na fase inicial do quadro, seguidas, após
cerca de 1 a 2 dias, de sinais de irritação meníngea,
PRINCIPAIS AGENTES ETIOLÓGICOS DA MENINGITE VIRAL com rigidez de nuca geralmente acompanhada de
RNA DNA vômitos.
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
O diagnóstico etiológico dos casos suspeitos
de meningite viral é de extrema importância para a
vigilância epidemiológica, quando se trata de situa-
ção de surto.
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
Exames Meningites
Laboratoriais Bacteriana Tuberculosa Viral
Aspecto Turvo Límpido ou ligeiramente turvo (opalescente) Límpido
Cor Branca-leitosa ou ligeiramente xantocrômica Incolor ou xantocrômica Incolor ou opalescente
Coágulo Presença ou ausência Presença (Fibrina delicada) ou ausência Ausente
Cloretos Diminuídos Diminuídos Normal
Glicose Diminuídas Diminuída Normal
Proteínas totais Aumentadas Aumentadas Levemente aumentadas
283
TRATAMENTO
O tratamento antiviral específico não tem sido
amplamente utilizado. Em geral, utiliza-se o tratamento
de suporte, com avaliação criteriosa e acompanha-
mento clínico. Tratamentos específicos somente estão
preconizados para a meningite herpética (HSV 1 e 2 e
VZV) com aciclovir endovenoso. Na caxumba, a gama-
globulina específica hiperimune pode diminuir a
incidência de orquite, porém não melhora a síndrome
neurológica.
Fontes:
http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2017/outubro/06/Volu
me-Unico-2017.pdf
284
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
DIARREIAS
A
diarreia consiste na alteração da função intesti-
nal com perda excessiva de água e eletrólitos
pelas fezes. Manifesta-se clinicamente pelo
aumento do número de evacuações e/ou pela diminui-
ção da consistência das fezes.
ABORDAGEM CLÍNICA
Iniciamos a abordagem clínica coletando dados
importantes na anamnese, como: início do quadro,
número de evacuações, presença de muco ou sangue
nas fezes, febre, náuseas e vômitos; perguntar se
parentes ou conhecidos estão com os mesmos sinto-
mas, presença de doenças crônicas etc. A principal causa de diarreia aguda é infeccio-
sa. O quadro do usuário irá variar conforme o tipo de
Essa primeira abordagem permite definirmos o patógeno e as condições clínicas do hospedeiro. Na
quadro sindrômico. Classicamente, a diarreia é dividi- diarreia aquosa, ocorre secreção ativa de água e
da em aguda, prolongada e crônica, como mostra o eletrólitos para a luz intestinal, resultando em inúme-
quadro a seguir. Essa classificação ajuda a direcionar ras evacuações diárias. Nessa situação o principal
nossa investigação diagnóstica e terapêutica. mecanismo de agressão dos agentes é a elaboração
de toxinas.
CLASSIFICAÇÃO DA DIARREIA SEGUNDO
A DURAÇÃO DOS SINTOMAS Como não ocorre invasão intestinal, em
grande parte dos casos não há sinais sistêmicos,
Aquosa: secreção ativa de água e como febre, ou locais, como cólica e tenesmo. Já a
eletrólitos sob a estimulação de
grande parte dos agentes invasores da mucosa
Diarreia determinadas substâncias.
Aguda
Duração menor que Disenteria: agente infeccioso invade intestinal causa quadro de disenteria, em que a exsu-
14 dias a mucosa do cólon. A exsudação de
muco, pus, proteínas e sangue é dação de muco, pus, proteínas e sangue é mais
responsável pelas caracteríticas
clínicas dessa síndrome.
característico, assim como sintomas gerais e locais.
285
PRINCIPAIS ETIOLOGIAS DA DIARREIA
286
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
Deve-se evitar o uso de antitérmico caso haja febre.
PLANOS DE TRATAMENTO PARA DESIDRATAÇÃO Esta costuma ceder à medida que a desidratação vai
sendo reparada. O usuário deve ser avaliado constan-
diarreia sem desidratação. Usuário atendido e dispensado
com orientações de cuidados domiciliares levando sais temente, pois o Plano B termina quando desapare-
Plano A:
hidratantes para a casa. cem os sinais de desidratação, a partir do qual se
deve adotar ou retornar ao Plano A. Se houver uma ou
Plano B:
diarreia com desidratação. Usuário em observação mais contraindicações para TRO, deve-se iniciar
com TRO.
imediatamente a terapia de reidratação endovenosa –
Plano C: diarreia com desidratação grave. Reidratação endovenosa. ver Plano C.
Fonte: (SÃO PAULO, 2008, adaptado).
CONTRAINDICAÇÕES DA TRO
PLANO A
Perda ou ganho insuficiente de peso após as primeiras horas de TRO.
O tratamento para usuários com diarreia sem Vômitos persistentes.
desidratação pode ser realizado no domicílio, sempre
orientando os cuidadores sobre o caráter autolimitado Recusa persistente da solução.
da doença. Não suspender ou modificar a dieta habitu- Distensão abdominal grave íleo paralítico.
al, porém oriente maior oferta líquida. Caso haja vômi-
tos, recomende o fracionamento da dieta, pode melho- Alteração de consciência.
rar a aceitação. A solução de reidratação oral (SRO)
Evolução para choque hipovolêmico.
deve ser oferecida à vontade após cada evacuação,
Fonte: (SÃO PAULO, 2008, adaptado).
porém não deve ser misturada com outros líquidos
como chás, leite ou refrigerante. Sempre orientar que a PLANO C
SRO não substitui as refeições.
Deve-se iniciar o Plano C quando o paciente
PLANO B apresentar dificuldade de ingestão de líquidos devido
à hiperemese, quadro de desidratação grave ou
Quando o usuário já apresenta alguns sinais de colapso circulatório (choque). Essa situação se cons-
desidratação, porém sem gravidade, deve permanecer titui em emergência médica e o usuário deverá ser
na Unidade Básica de Saúde para realizar a reidrata- transferido o mais rapidamente possível. Os primeiros
ção. Sempre pesar a criança sem roupa para monitora- cuidados na unidade de saúde são importantíssimos
ção do ganho de peso. Pode-se realizar controle da e já devem ser efetuados à medida que se aguarda a
diurese, usando saco coletor, se necessário, em crian- chegada do Samu. Para a reidratação de adultos,
ças sem controle vesical. Nesse momento, suspender alguns pontos são importantes:
a alimentação enquanto o usuário permanecer desi-
dratado. A exceção são crianças alimentadas com leite
materno, que podem continuar fazendo uso deste
alimento à vontade.
287
• Administrar, por via venosa periférica (duas veias
TRATAMENTO ANTIMICROBIANO
de bom calibre), volumes iguais de soro fisiológico 0,9% e
ringer lactato em, aproximadamente, 10% do peso do
paciente, em cerca de duas horas. Se estiver faltando uma Os antibióticos ficam reservados para os
das soluções, usar apenas uma. casos de cólera, manifestações sistêmicas da infec-
ção por Clostridium difficile, Shigella, Salmonella em
• Reavaliar o paciente após duas horas, se persisti- crianças menores de três meses de idade ou imuno-
rem os sinais de choque, repetir a prescrição; caso contrário, deprimidos e outros raros casos em que após a
iniciar balanço hídrico com as mesmas soluções. reidratação e normalização do equilíbrio acidobásico
mantém-se o comprometimento do estado geral,
• Administrar a solução de SRO em doses pequenas sugerindo translocação bacteriana ou sepse. As
e frequentes, tão logo o paciente a aceite. Isso acelera a sua infecções causadas por parasitas específicos, como
recuperação e reduz drasticamente o risco de complicações
Giardia lamblia e Entamoeba histolytica, também
pelo manejo inadequado.
devem ser tratadas.
• Suspender a hidratação endovenosa quando o
paciente estiver hidratado, com boa tolerância ao SRO e sem
vômitos.
V. cholerae > 8 anos: Tetraciclina 500mg/dose 6/h6h, VO, por três dias
Gestantes e nutrizes: ampicilina 500mg/dose 6h/6h, VO, por três dias
288
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
Fontes:
http://189.28.128.100/dab/docs/publicacoes/cadernos_a
b/caderno_28.pdf
289
GASTRITE
A
gastrite é inflamação da mucosa do estômago, nômicos, ambientais e práticas culturais, além de
que tem como principal fator etiológico o Heli- possível predisposição genética. Diversos estudos
cobacter pylori, com grande prevalência sugerem que o fator genético tem menor influência
(cerca de 50% na população mundial). Tem distribui- que os fatores relacionados às condições de mora-
ção universal e aumenta conforme a idade. dia.
Um em cada seis indivíduos infectados pela Além do H. pylori, há diversos fatores etiológi-
bactéria tem risco de desenvolver úlcera péptica; 1% cos que podem estar envolvidos no desenvolvimento
a 3% da população dos EUA e 12% da população do da gastrite. O uso crônico de bebidas alcoólicas, por
Japão têm chances de desenvolver câncer de estô- exemplo, pode causar eritema e erosões, sendo que
mago ao longo da vida. as lesões que são produzidas pela ingestão do álcool
resultam no rompimento da barreira da mucosa gás-
trica e, como consequência, a retrodifusão dos íons
H+.
290
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
DIAGNÓSTICO
Atrófica
Hemorrágica
Refluxi
Pregas mucosas hiperplásicas
TRATAMENTO
Fontes:
http://www.scielo.br/pdf/abcd/v25n2/07.pdf
291
CEFALEIAS
INTRODUÇÃO
-
-
292
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
CRITÉRIOS DE
DIAGNÓSTICOS
DA CEFALEIA EM SALVAS:
Resolução de Questão 22
Prova Revalida 2017
293
Na migrânea com aura, estão presentes os
MIGRÂNEA sintomas neurológicos focais que se instalam de
forma gradual, geralmente em 5 a 20 minutos, duran-
(ENXAQUECA)
do 60 minutos ou menos, ocorrendo, na maioria das
vezes, antes da fase de dor. Os sintomas mais
De acordo com a classificação de cefaleias comuns são os fenômenos visuais positivos (cintila-
da International Headache Society, os principais ções, linhas em zigue-zague) e ou negativos (estoco-
tipos de migrânea são a sem aura e a com aura. A mas), seguidos por hemiparestesias e por disfasia. A
primeira é conhecida como a enxaqueca comum, em cefaleia geralmente é de localização unilateral, de
que a dor costuma apresentar duração, característi- intensidade moderada a forte, de caráter pulsátil e
cas e fenômenos associados típicos, porém não é que piora com as atividades físicas rotineiras. Pode
acompanhada de sintomas ou sinais neurológicos ter início em qualquer momento do dia, estendendo-
focais transitórios, como ocorre na migrânea com -se por horas a dias.
aura. A crise migranosa divide-se em quatro fases:
fase premonitória, aura, cefaleia e fase de resolução.
Essas fases não estão necessariamente presentes
em todos os casos.
DIAGNÓSTICO
Os sintomas premonitórios ocorrem até 48
horas antes da crise em 60% dos pacientes. Os
sintomas mais comuns são: alteração do humor, Anamnese: Na maioria dos casos de cefaleia,
irritabilidade, hiperatividade, sonolência, dificuldade a história clínica é o principal fator para a elaboração
de concentração, bocejar excessivo, hiperosmia, do diagnóstico correto, complementada pelo exame
foto e fonofobia, diarreia ou constipação, sede, poliú- físico. A seguir serão listados alguns elementos
ria, retenção de fluidos, anorexia e apetência por fundamentais a serem abordados em casos agudos
alimentos específicos. de cefaleia:
-
-
294
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
Localização:
A cefaleia tipo tensional é habitualmente
generalizada, descrita na maioria dos casos
como uma dor em aperto ou “como uma faixa
em torno da cabeça”. Na migrânea é mais
comum a dor unilateral, como já descrito
anteriormente.
Intensidade da dor:
É importante na classificação do tipo de cefa- Fenômenos associados:
leia e, por isso, para o tratamento mais ade-
quado. Para classificar a intensidade da dor, Podem estar presentes fatores associados
podem ser utilizadas diversas escalas consa- ao desencadeamento da crise de migrânea,
gradas, a mais utilizada é a Escala numérica: tais como: estresse, insônia ou hipersonia,
o médico assistente pergunta ao paciente, estímulos sensoriais, ingestão de alimentos
numa escala de 0 a 10, significando zero gordurosos, menstruação e esforço físico.
ausência de dor e 10, dor incapacitante. Essa No caso da cefaleia tipo tensional, o estres-
escala também pode ser utilizada para o se pode estar associado.
acompanhamento de pacientes com quadros
álgicos crônicos.
Sintomas associados:
Nas crises de migrânea, é muito comum
encontrar náuseas, vômitos, fotofobia e
Motivação com atividade fonofobia. Caso ocorram vômitos em jato,
rotineiras: sem náuseas, pode ser um caso de hiperten-
são intracraniana qualquer que seja a etiolo-
Dor da migrânea costuma ser pulsátil e piorar gia. Nos processos infecciosos do sistema
com atividade física rotineira, enquanto a nervoso central, temos náuseas, vômitos,
cefaleia tipo tensional não piora, na maioria fotofobia e irritabilidade.
dos casos.
295
Fatores de melhora:
Na migrânea e nas cefaleias que têm como
mecanismo fisiopatogênico uma dilatação
das artérias cranianas, todos os procedimen-
tos que diminuem o aporte de sangue para o
segmento cefálico (escalda-pés, compressão
digital da artéria carótida externa ou da tem-
poral superficial, aposição de gelo no local da
dor) melhoram a intensidade da dor.
Antecedentes familiares:
A história familiar de cefaleia é referida por
cerca de 70% dos casos de migrânea, percen-
tual que chega a 100% quando se trata de
migrânea hemiplégica familiar.
-
-
296
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
CRITÉRIOS DE
DIAGNÓSTICOS DE
MIGRÂNEA SEM AURA:
1. localização unilateral
2. qualidade pulsante
3. intensidade da dor moderada ou severa
agravamento ou causando evitação da
4. rotina atividade física (por exemplo, andar
ou subir escadas).
E. Não atribuída a outra alteração. C. Pelo menos três das seguintes caracte-
rísticas:
1. Pelo menos um sintoma de aura que se
desenvolva gradualmente por 5 ou mais
CRITÉRIOS DE minutos.
DIAGNÓSTICOS DE 2. Dois ou mais sintomas de aura ocorrem
MIGRÂNEA COM AURA: sucessivamente.
3. Cada sintoma de aura individual dura 5-60
minutos.
A. Pelo menos duas crises que preen-
chem os critérios B e C. 4. Pelo menos um sintoma de aura é positivo.
5. Pelo menos um sintoma de aura é positivo.
B. Um ou mais dos seguintes sintomas
6. A aura é acompanhada ou seguida dentro60
de aura totalmente reversíveis:
minutos, por dor de cabeça
1. visual 4. motor
2. sensorial 5. tronco cerebral D. Não atribuída a outra alteração.
3. fala e / ou linguagem 6. retiniano
297
TRATAMENTO DAS
CRISES AGUDAS DE
CEFALEIA
RECOMENDAÇÕES GERAIS:
298
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
RECOMENDAÇÕES
A escolha do triptano e sua via de administra-
ESPECÍFICAS: ção deve levar em consideração peculiarida-
des da crise, tais como: total do tempo neces-
sário para chegar ao auge da intensidade da
MIGRÂNEA SEM AURA dor e presença de náusea e/ou vômito.
Exceto com o uso dos triptanos, o emprego
de gastrocinéticos e antieméticos é sempre
recomendado. O emprego de ergóticos deve
Tratamento de crise leve: ser o mais precoce possível, pois não tem
efeito quando tardiamente usados. Os tripta-
Nas crises fracas, é recomendado tentar nos, por outro lado, podem ser utilizados em
repouso em quarto escuro, evitar barulho e, qualquer momento da crise. Na recorrência
se possível, conciliar o sono. Medidas como o frequente da cefaleia após uso de triptano, é
uso de bolsas de gelo e/ou compressão das recomendada a associação com antiInflama-
artérias temporais podem ser úteis. Nas tórios não esteroidais (AINES) (por exemplo,
crises fracas, que não cedem com as medidas ácido tolfenâmico ou naproxeno sódico).
gerais, sugere-se o uso de analgésicos
comuns (ácido acetilsalicílico, paracetamol,
dipirona), anti-inflamatórios não esteroidais
(naproxeno sódico, ibuprofeno, diclofenaco
de sódio, ácido tolfenâmico e clonixinato de
lisina). Além disso, recomenda-se o uso de Tratamento de crise forte:
metoclopramida ou domperidona quando Nas crises fortes recomenda-se o uso de
sintomas de náusea ou vômito estão associa- triptanos, indometacina ou clorpromazina. O
dos. uso de dexametasona ou de haloperidol pode
também ser recomendado. Na vigência de
Essas drogas podem ser usadas 30 minutos recorrência da cefaleia, após uso de tripta-
antes dos medicamentos propostos para a nos, deve-se associar AINES. .
dor, mesmo quando o paciente não apresenta
náusea, para obter-se efeito gastrocinético
ou mesmo impedir a progressão da crise. A
presença de intensa sedação ou história
prévia de distonia, ou outras manifestações
extrapiramidais, deve contraindicar o uso de
metoclopramida. Associações de fármacos,
tão frequentemente encontradas no comér-
cio, são desaconselhadas em virtude da
somatória de possíveis efeitos colaterais e
das doses inadequadas habitualmente
encontradas nessas formulações.
299
MIGRÂNEA COM AURA ACOMPANHAMENTO E
PROFILAXIA
Antes do tratamento da migrânea com aura
ser iniciado, dois pontos devem ser considerados:
Naqueles casos em que se identificar
que a migrânea é recorrente e leva a prejuízos
na qualidade de vida das pessoas, deve-se
1. Presença de fatores de risco para compli- pensar em fazer o acompanhamento ambulato-
cações vasculares (hipertensão arterial, rial, com consultas agendadas periodicamente,
Diabetes Mellitus, dislipidemia, doença e iniciar a profilaxia das crises. Para isso, podem
vascular periférica ou coronariana, uso de ser utilizadas drogas como o propranolol
anticoncepcionais orais e tabagismo asso- (40mg) ou amitriptilina (25mg), conforme avalia-
ciado) deve ser levada em consideração no ção médica.
tratamento abortivo das crises de migrâ-
nea, especialmente naquelas de migrânea
com aura.
CEFALEIA TENSIONAL
TRATAMENTO DA CRISE
2. Drogas vasoconstritoras, como os ergota-
mínicos, o isometepteno e os triptanos, Algumas crises leves de cefaleia tensio-
devem ser evitadas em algumas subfor- nal aliviam quando o paciente relaxa ou pratica
mas da migrânea com aura, como na algum exercício físico. As demais devem ser
migrânea basilar, na migrânea hemiplégica tratadas com analgésicos comuns ou anti-infla-
e na migrânea com aura prolongada. Sua
matórios não esteroidais. A combinação de
paracetamol com cafeína (1.000mg + 130mg,
utilização deve ser feita de forma judiciosa
respectivamente) e ibuprofeno com cafeína
na presença dos fatores de risco supra-
(400mg + 200mg, respectivamente) aumenta a
mencionados. Não há consenso sobre o
eficácia das medicações.
tratamento da aura migranosa.
300
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
Tratamento sintomático:
As opções mais eficazes são o sumatriptano sub-
cutâneo e a inalação de O2. A taxa de resposta é
de 75%-80%. O oxigênio em alto débito (7-10
L/min) é inalado por máscara nasal, durante 15
minutos, de preferência com o doente sentado e
inclinado para diante. A sua administração
provoca alívio em 5 a 10 minutos e não tem efei-
tos adversos (na ausência de patologia respira-
tória).
CEFALEIA SECUNDÁRIA
Fontes:
301
DOENCAS
CEREBROVASCULARES
INTRODUÇÃO
ACIDENTE VASCULAR
CEREBRAL ISQUÊMICO
302
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
303
Exame físico:
Como triagem, pode-se utilizar uma Escala
de avaliação pré- hospitalar, que possui boa
acurácia quando qualquer um dos seguintes
itens é positivo: queda facial - assimetria,
quando o paciente é solicitado a mostrar os
dentes ou sorrir; fraqueza nos braços,
quando o paciente é solicitado a estender os
braços para a frente em um ângulo de 90
graus com o tronco e mantê-los na posição
por 10 segundos: um dos braços não se
move ou não fica mantido na posição em
relação ao contralateral; fala anormal,
quando o paciente é solicitado a pronunciar
a frase "na casa do padeiro nem sempre tem
trigo: o paciente pronuncia palavras incom-
preensíveis, usa palavras incorretas ou é Tomografia de crânio sem contraste, que mostra AVCI
incapaz de pronunciar. Em regime hospita- (hipodensidade) na região da artéria cerebral média
lar, no atendimento pela equipe responsá- esquerda. Fonte: https://radiopaedia.org/cases/
vel, deve-se priorizar o uso do NIHSS (Natio- stroke-progression-on-ct
nal Institute of Health and Stroke Scale), que
tem grande utilidade diagnóstica, prognósti- Ressonância magnética é bem mais sensível e
ca e na avaliação sequencial do paciente. precisa na identificação e localização da lesão
vascular, especialmente quando são utilizadas
técnicas de difusão/perfusão, no entanto, con-
some um tempo de realização maior que pode
ser decisivo para a indicação do tratamento
Exames de imagem: com trombolítico. A realização de uma radio-
Tomografia computadorizada de crânio é o grafia de tórax é recomendada quando houver
método de imagem mais utilizado, mais suspeita de doença pulmonar.
disponível e de menor custo para a avaliação
inicial do AVC isquêmico agudo, demonstran-
do sinais precoces de isquemia em até 67%
dos casos nas primeiras 3 horas do início dos
sintomas, e em até 82% dos casos nas
primeiras 6 horas do icto. A detecção aumen- Outros exames complementares:
ta para aproximadamente 90% após 1
semana. Além disso, tem boa capacidade Frente a suspeita clínica de AVC, os seguintes
para identificar sangramentos associados. exames devem ser solicitados: eletrocardio-
grafia de repouso; glicemia capilar; hemogra-
A lesão isquêmica aparece como uma hipo- ma completo (com contagem de plaquetas);
densidade que não se impregna pelo contras- tempo de protrombina com medida do RNI
te, geralmente no território suprido pela (razão internacional normalizada); tempo par-
artéria cerebral média. cial de tromboplastina ativada; níveis séricos
de potássio, sódio, ureia e creatinina.
304
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
305
AVC isquêmico ou traumatismo cranio- Infarto do miocárdio recente (3 meses)
encefálico grave nos últimos 3 meses; – contraindicação relativa;
306
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
PREVENÇÃO
SECUNDÁRIA DO AVC
307
ESCORE ABCD2
CARACTERÍSTICA
PARÂMETRO
CLÍNICA
Uréia, creatinina
Troponina sérica
308
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
Idealmente pacientes com AIT devem ser Heparinização e anticoagulação nos casos
avaliados rapidamente quanto a presença de esteno- caracterizados como cardioembolia com
ses ou oclusões em artérias extra e intracraniana. A
escolha de que teste utilizar depende da disponibilida- alto risco de recorrência (ex. fibrilação
de e experiência de cada instituição, além da presen- atrial)
ça ou não de fatores de contraindicação a realização
de determinados testes (por exemplo Ressonância
Controle dos fatores de risco como dislipi-
Magnética em pacientes portadores de marca-passo,
ou angiotomografia em pacientes com insuficiência demia e tabagismo
renal).
Educação para o paciente e seus familia-
Para avaliação das artérias cervicais e intracra-
res, além de orientações constantes
niana podem ser utilizados a angioressonância, angio-
tomografia ou o ultrassom com Doppler. durante a internação e na alta.
309
ACIDENTE VASCULAR
HEMORRÁGICO
310
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
311
ruptura de aneurisma é sugerida pela pre- MAV, aneurismas, fístulas, trombose de
sença de sangue no espaço subaracnóideo; seio venoso e vasculites.
uma HIC por coagulopatia pode se acompa-
nhar de níveis de fluidos dentro do hema- A angiografia por cateter é o método de
toma e, nas hemorragias traumáticas, cos- escolha para identificação de malforma-
tumam-se encontrar contusões e fraturas ções arteriais de alto fluxo, quando o
ósseas associadas. O volume da hemorra- hematoma pode atrapalhar a identifica-
gia é o principal fator prognóstico em ção pela angiografia por TC53-56. Angio-
pacientes com HIC. Este pode ser estimado grafia por TC ou RM com uso de gadolínio
através da TC de crânio pelo método são alternativas menos invasivas com
ABC/2. boa sensibilidade quando comparadas à
angiografia convencional.
Este método, desenvolvido por Khotari et
al., baseia-se no fato de que a maioria das Estas técnicas são usualmente escolhi-
HIC se apresenta de forma aproximada- das para investigação de trombose de
mente arredondada, e extrapola o cálculo seio venoso como causa de HIC.
do volume do hematoma pelo cálculo do
volume do elipsóide (r1r2r34¶/3).
Ressonância magnética:
A ressonância magnética (RM) tem sensibi-
lidade e especificidade comparáveis às da
TC para o diagnóstico de HIC na fase aguda,
porém, devido ao custo mais elevado, é
geralmente reservada para acompanha-
mento dos pacientes, ou realizada quando
há suspeita de etiologia não hipertensiva
(cavernomas, angiopatia amilóide, neopla-
sias).
Angiografia:
Pacientes com HIC de localização atípica ou
com idade abaixo de 45 anos (independen-
Tomografia de crânio evidenciando hemorragia no
temente da presença de HAS) devem ser hemisfério lateral direito.
submetidos ao estudo angiográfico para Fonte:https://radiopaedia.org/cases/
haemorrhagic-stroke-basal-ganglia-teaching-1
investigação de causas secundárias como
312
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
TRATAMENTO
313
Recomenda-se que a hipertermia (tempe- Não recomendamos o uso de Fator VII ativado
ratura axilar ≥37,5o C) seja tratada na fase em pacientes com HIC espontânea.
aguda da HIC.
Em pacientes com HIC restrito ao leito, reco-
Mobilização e reabilitação precoce são mendamos a instituição de dispositivos de
recomendadas para pacientes com HIC. compressão pneumática intermitente dos
membros o mais breve possível, para a profila-
Recomendamos que o tratamento inicial xia de trombose venosa profunda.
da hipertensão intracraniana incluía medi-
das simples como elevação da cabeceira,
analgesia e sedação. Adicionalmente, em Após as primeiras 48 horas e após a documen-
casos podem ser empregados agentes tação da estabilidade do volume do hemato-
osmóticos (manitol, salina hipertônica, ma, se recomenda considerar o uso de profila-
etc.), drenagem liquórica por cateter ven- xia para trombose venosa profunda com hepa-
tricular, bloqueio neuromuscular e hiper- rina subcutânea ou heparina de baixo peso
ventilação. molecular deve ser considerada.
314
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
Urgência Hipertensiva
315
Pacientes hipertensos crônicos comumente A HSA é claramente mais comum em mulheres
desenvolvem processos degenerativos das peque- e negros. Sua incidência aumenta com a idade.
nas artérias que resultam em lipo-hialinose, necrose
fibrinóide e dilatação miliares conhecidas como A manifestação clínica típica é a cefaleia
aneurismas, esse enfraquecimento da parede arterial súbita, de forte intensidade, referida pelos pacientes
cria condições para a sua ruptura, principalmente como “a pior dor da vida”, que pode se desenvolver
associados ao aumento da pressão arterial intravas- após esforço físico. A cefaleia é o primeiro e mais
cular. característico sintoma, que pode ser acompanhada
por outros sinais e sintomas, como, hemorragia retinia-
A maneira pela qual o álcool aumenta o risco na, rigidez de nuca, diminuição do nível de consciên-
de hemorragia subaracnóidea é desconhecida. Uma cia. A cefaléia pode estar presente por mais de duas
possibilidade é de que a ingestão de etanol em longo semanas, possivelmente provocada pela irritação da
prazo poderia contribuir para a formação de um aneu- dura-máter suprajacente ou pelo efeito de massa.
risma por hipertensão, visto que o consumo freqüen-
te de álcool é uma causa independente de hiperten-
são.
ÍNDICE DE MORTALIDADE
GRAU ESCALA DE HUNT E HESS NA HSA
PERIOPERATÓRIA (%)
316
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
DIAGNÓSTICO
Paciente com TC de crânio negativa inicial-
mente, mas com história clínica sugestiva, devem
O diagnóstico da HSA pode ser feito pela
ser submetidos a punção lombar para avaliação do
tomografia computadorizada (TC) de crânio não con-
liquido cefalorraquidiano (LCR). A ressonância
trastada. A sensibilidade da tomografia depende do
magnética e a angioressonância ficam limitadas
tempo de apresentação pós hemorragia e do sangra-
para o diagnóstico pelo caráter de urgência, dificul-
mento que o paciente apresenta, podendo chegar a
dades técnicas e pouca disponibilidade.
98-100% nas primeiras 12h, caindo para 93% após
24h e menos de 85% após 1 semana.
O padrão ouro para o diagnóstico é a angio-
grafia cerebral, que pode ser usada para diagnósti-
A angiotomografia (angioTC) de vasos crania-
co e tratamento por embolização por molas, no
nos tem sensibilidade entre 95-100% para aneuris-
mesmo procedimento. A desvantagem do método
mas > 5mm e é geralmente reservada para aqueles
se traduz em ser invasivo, com risco de complica-
pacientes que já tem diagnóstico de HSA pela TC não
ções como AVC, dissecção arterial e hematomas.
constrastada. A sensibilidade do método pode ser
significativamente menor para aneurismas <5mm, e
em instituições com aparelhos de pior qualidade ou
radiologistas menos experientes. TRATAMENTO
317
TRATAMENTO DO
ANEURISMA
Fontes:
318
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
ALTERAÇÕES DO
ESTADO DE CONSCIÊNCIA
C
onsciência é definida como a capacidade do indivíduo de
reconhecer a si mesmo e aos estímulos do ambiente. As
alterações da consciência podem se dar no estado de
alerta ou nível de consciência ou no conteúdo da consciência,
que englobariam as funções mentais e cognitivas do indivíduo. As
alterações do nível de consciência podem variar entre dois extre-
mos, desde uma desorientação têmporo-espacial até um estado
de coma profundo.
319
NÍVEL DE CONSCIÊNCIA
Fonte:
http://medicina.fm.usp.br/gdc/docs/
revistadc_101_123-131%20863.pdf
320
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
EPILEPSIA E CONVULSÃO
E
pilepsia é uma doença neurológica que pode ser preveni-
da e controlada em até 70% dos pacientes. O não ESQUEMA DIAGNÓSTICO PARA A
tratamento é um risco à morte súbita e a traumatismos. As
CLASSIFICAÇÃO DAS EPILEPSIAS.
causas da epilepsia podem ser genéticas ou adquiridas. As
causas adquiridas constituem a grande maioria e incluem: trauma- TIPOS DE CRISES *
tismo craniano, lesões perinatais e infecções encefálicas, entre
Focais Generalizadas Desconhecidas
elas a neurocisticercose e o acidente vascular cerebral. Em alguns
COMORBIDADES
casos, a causa não é identificada.
O segundo nível de classificação é o dos Tipos de Epilep- Epilepsias Focais incluem distúrbios unifocais e multifo-
sia que assume que o paciente tem o diagnóstico de epilepsia. Se cais bem como crises envolvendo um hemisfério. Uma variedade
divide em: Epilepsias focais, Epilepsias generalizadas, Epilepsia de tipos de crises epilépticas pode ser encontrada incluindo
com Crises Focais e Generalizadas Combinadas. Também inclui crises focais perceptivas, crises focais disperceptivas ou com
uma categoria Desconhecida. Vários tipos de epilepsias incluem comprometimento da percepção, crises focais motoras e não
múltiplos tipos de crises epilépticas. motoras e crises focais evoluindo para crises tônico-clônicas
bilaterais. O EEG interictal tipicamente mostra descargas
Para o diagnóstico de Epilepsia Generalizada, o paciente deve epileptiformes focais, mas o diagnóstico deve ser feito com
apresentar atividade de complexos de espícula-onda generaliza- bases clínicas, corroborado pelos achados de EEG.
dos no EEG. Indivíduos com epilepsias generalizadas podem
apresentar um conjunto de diferentes tipos de crises que incluem O novo grupo de Epilepsias com Crises Focais e Gene-
crises de ausência, mioclônicas, atônicas, tônicas e tônico-clôni- ralizadas Combinadas existe, já que existem pacientes que
cas. O diagnóstico de Epilepsia Generalizada é feito com base apresentam tanto crises focais como generalizadas. O diagnós-
nos dados clínicos, corroborados pelo achado de descargas tico de ambos os tipos de crises é feito com bases clínicas,
interictais típicas no EEG. corroborado pelas descargas no EEG. Registros ictais são úteis
321
mas não essenciais. O EEG interictal pode mostrar tanto
espícula-onda generalizada como descargas epileptiformes
CONVULSÃO FEBRIL
focais, mas atividade epileptiforme não é exigida para o
diagnóstico. Exemplos comuns nos quais ambos os tipos de Convulsões febris devem-se a uma suscetibilidade
crises estão presentes são as síndromes de Dravet e de aumentada a crises epilépticas, são dependentes da idade (6
Lennox-Gastaut. meses - 5 anos) e geneticamente determinadas. As crises são
precipitadas por febre, sem evidência de infecção do sistema
O termo “Desconhecido” é usado para denotar a nervoso central (SNC) ou outra causa. Há uma leve predominân-
situação na qual sabe-se que o paciente tem epilepsia mas cia do sexo masculino (60%). A prevalência é de cerca de 3%
não é possível determinar se o tipo de epilepsia é Focal ou das crianças. As crises duram menos de 15 minutos, são generali-
Generalizado porque há pouca informação disponível. zadas e não se acompanham de deficits neurológicos. Não há
necessidade de medicamentos anticonvulsivantes preventivos.
Cerca de 3% das crianças que tiveram crises febris desenvolvem
algum tipo de epilepsia na idade adulta. Em geral, o prognóstico é
ESTADO DE MAL EPILÉPTICO
bom, com desenvolvimentos cognitivo e comportamental adequa-
dos.
É uma crise epiléptica com duração maior ou igual a
30 minutos ou repetidas crises de duração menor, porém sem
recuperação da consciência entre as crises. É uma emergên-
cia neurológica que necessita diagnóstico imediato e
tratamento agressivo para prevenir lesão neuronal.
TRATAMENTO
322
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
PRINCIPAIS TUMORES
DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL E CLASSIFICAÇÕES
A
classificação histológica é um meio de prever o compor-
tamento biológico de uma neoplasia. No cenário clínico, LOCALIZAÇÃO
o grau do tumor é um fator chave que influencia a esco-
lha de terapias, particularmente para determinar o uso de radia- Os astrocitomas pilocíticos surgem ao longo do neuro-
ção adjuvante e protocolos de quimioterapia específicos. A eixo; no entanto, na população pediátrica surgem na região
OMS incorpora e inter-relaciona morfologia, citogenética, gené- infratentorial. Os locais preferidos incluem o nervo óptico
tica molecular e marcadores imunológicos para classificação (glioma do nervo óptico), quiasma óptico/ hipotálamo, tálamo e
histológica dos tumores. gânglios basais, hemisférios cerebrais, cerebelo (astrocitoma
cerebelar) e tronco encefálico (exofítica dorsal glioma do tronco
A OMS estabelece uma escala de malignidade basea- cerebral). Astrocitomas pilocíticos da medula espinal são menos
da em graus histológicos: frequentes, mas não incomuns.
323
GLIOBLASTOMA
LOCALIZAÇÃO
MENINGIOMAS CRANIOFARINGEOMA
324
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
LOCALIZAÇÃO METASTASES
O local mais comum é na região suprasselar, com um
Tumores que se originam fora do SNC e se espalham
menor componente intrasselar.
secundariamente ao SNC via hematogênica ou por invasão
direta de tecidos adjacentes.
LOCALIZAÇÃO
Mais de 80% das metástases cerebrais estão localiza-
das nos hemisférios cerebrais. Aproximadamente 15% são
encontrados no cerebelo. A grande maioria das metástases
que afetam a medula espinhal se expandem a partir da tecidos
corporais ou paravertebrais no espaço epidural.
NEUROIMAGEM
NEUROIMAGEM Na RM, as metástases intraparenquimatosas são
geralmente circunscritas e mostram Hipointensidade T1,
As TCs mostram realce do contraste das partes sólidas hiperintensidade em T2 e realce difuso ou semelhante a um
e da cápsula do cisto, bem como as calcificações típicas. Na RM anel com uma zona circundante de edema parenquimatoso.
ponderada em T1, as áreas císticas aparecem como estruturas Metástases hemorrágicas e melanomas metastáticos contendo
hiperintensas homogêneas, enquanto os componentes sólidos e melanina podem manifestar hiperintensidade em ressonância
nódulos murais são isointensos com uma qualidade ligeiramente magnética ou CT sem contraste. Em pacientes com metástase
heterogênea. O craniofaringioma papilar não é calcificado e tem leptomeníngea, RM pode revelar espessamento leptomeníngeo
um aspecto mais uniforme em imagens de tomografia computa- focal ou difuso e realce de contraste (às vezes com nódulos
dorizada e ressonância magnética. tumorais dispersos no espaço subaracnóideo); além disso, o
Fig RM demonstrando grande realce e o alargamento dos nervos cranianos e da hidrocefalia
lesão cística supra-estelar comunicante podem ser encontrados.
(Craniofaringeoma) com Fig. Imagem em RM. Massa
nódulo mural. Após a adminis- de realce perifericamente
tração do contraste, há realce arredondada, circundada por
marginal do cisto e aumento uma quantidade moderada de
do componente do tecido edema vasogênico. As
mole (Traduzido e adaptado características são consisten-
de Radiopaedia.org). tes com a doença metastática
conhecida do paciente
(Traduzido e adaptado de
Radiopaedia.org).
325
SINTOMATOLOGIAS LOBO PARIETAL
Cefaléia, náuseas, perda do apetite, vômitos, altera- • Dist. contralateral da sensibilidade, inatenção,
ções de personalidade, humor, capacidade mental, concen- convulsões
tração e crises epilépticas (20%). • Astereognosia
• Síndrome talâmica
LOBO FRONTAL • Alt. visuais( quadrantanopsia inferior)
• Giro angular esquerdo: Síndrome de Gerstmann (
• Declínio intelectual progressivo alexia, agrafia, acalculia, confusão direita/esquerda, agnosia
• Atividade mental lentificada de dedos)
• Alterações de personalidade • Giro supramarginal esquerdo: apraxia ideacional. A
• Reflexo de preensão contralateral direita: anosognosia (negligência)
• Afasia de expressão
• Anosmia
LOBO OCCIPITAL
• Crises focais motoras ou déficits piramidais contra-
laterais
• Hemianopsia homônima cruzada ou defeito parcial
de campo visual
• Agnosia visual para cor-prosopagnosia- e objetos(
lesão a esquerda ou bilateral)
• Alucinações visuais (lesões irritativas)
• Cegueira cortical (lesão bilateral)
LOBO TEMPORAL
326
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
PARKINSON
doença de Parkinson (DP), descrita por James
Parkinson em 1817, é uma das doenças neuro-
lógicas mais comuns e intrigantes dos dias de
hoje. Tem distribuição universal e atinge todos os
grupos étnicos e classes sócio-econômicas. Estima-se
uma prevalência de 100 a 200 casos por 100.000
habitantes. Sua incidência e prevalência aumentam
com a idade.
327
Critérios negativos para DP (sugestivos de outras
formas de parkinsonismo) TRATAMENTO
• História de acidente vascular cerebral (AVC)
de repetição;
A natureza progressiva da DP e suas manifes-
• História de trauma craniano grave; tações clínicas (motoras e não motoras), associadas
• História definida de encefalite; a efeitos colaterais precoces e tardios da intervenção
• Crises oculogíricas; terapêutica, tornam o tratamento da doença bastante
complexo.
• Tratamento prévio com neurolépticos;
• Remissão espontânea dos sintomas;
Estima-se que a taxa de morte dos neurônios
• Quadro clínico estritamente unilateral após dopaminérgicos da substância nigra se situe ao redor
3 anos;
de 10% ao ano. Consequentemente, com o tempo, a
• Paralisia supranuclear do olhar;
sintomatologia parkinsoniana piora e a necessidade
• Sinais cerebelares; de medicamentos sintomáticos aumenta. O grau de
• Sinais autonômicos precoces; resposta aos medicamentos vai decrescendo com a
• Demência precoce; progressão da doença e novos sintomas vão surgin-
do. o tratamento da DP deve visar à redução da
• Liberação piramidal com sinal de Babinski;
progressão da doença (neuroproteção) e ao controle
• Presença de tumor cerebral ou hidrocefalia
comunicante; dos sintomas (tratamento sintomático).
• Resposta negativa a altas doses de
levodopa; PREVENÇÃO DA PROGRESSÃO DA DOENÇA
• Exposição ao metilfeniltetrapiridínio
(MPTP).
Com base em várias vias bioquímicas que
poderiam ter participação na morte neuronal, diver-
Critérios de suporte positivo para o diagnóstico de sos fármacos são potenciais candidatos ao papel de
DP (três ou mais são necessários para o neuroprotetores ou modificadores do curso clínico.
diagnóstico)
No entanto, ensaios clínicos controlados e randomi-
• Início unilateral;
zados para mostrar a modificação do curso da
• Presença do tremor de repouso; doença são controversos. Não há como medir direta-
• Doença progressiva; mente a perda neuronal in vivo, e não se sabe clara-
• Persistência da assimetria dos sintomas; mente qual a correlação da sintomatologia com a
• Boa resposta a levodopa; morte neuronal. Além disso, é difícil separar clinica-
mente efeito sintomático de efeito protetor. Um des-
• Presença de discinesias induzidas por
levodopa; fecho clínico comumente utilizado, por exemplo, é o
• Resposta a levodopa por 5 anos ou mais; momento em que o paciente virgem de tratamento
apresenta piora funcional e necessita da introdução
• Evolução clínica de 10 anos ou mais.
de levodopa.
TRATAMENTO SINTOMÁTICO
328
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
329
ENTACAPONA: comprimidos de 200 mg.
TRATAMENTO DOS SINTOMAS PSICÓTICOS
CLOZAPINA: comprimidos de 25 mg e 100 mg.
Sintomas psicóticos caracterizados pela
presença de alucinações ou delírios são frequentes à RASAGILINA: comprimidos de 1mg.
medida que a DP progride. São sintomas que podem
atingir proporções graves, sendo uma causa relevante
de institucionalização e internação hospitalar.
FÁRMACOS
LEVODOPA/CARBIDOPA: comprimidos de 200/50 mg
e 250/25 mg.
330
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
DOENÇA DE ALZHEIMER
DIAGNÓSTICO CLÍNICO
O diagnóstico clínico de DA parte de um diag-
nóstico sindrômico de demência de qualquer etiolo-
gia de acordo com os critérios do National Institute on
Aging and Alzheimer's Association Disease and Rela-
ted Disorders Association, endossados pela Acade-
mia Brasileira de Neurologia (ABN).
331
efeito benéfico sobre a cognição de pacientes com
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL demência devido a DA, embora o número de estudos
A depressão é uma comorbidade comum e incluídos na meta-análise tenha sido pequeno e a
tratável em pacientes com demência e deve ser rastre- heterogeneidade tenha sido muito grande entre eles,
ada. A deficiência de vitamina B12 é comum em impedindo recomendações sobre qual tipo de exercí-
idosos, devendo a dosagem de nível sérico de B12 ser cio deveria ser feito.
incluída na rotina de avaliação. Devido à frequência, o
hipotireoidismo deve ser pesquisado nos pacientes FÁRMACOS
idosos.
DONEPEZILA: comprimidos de 5 e 10 mg.
Um exame de imagem cerebral – tomografia
computadorizada (TC) ou ressonância magnética (RM)
– é útil para excluir lesões estruturais que podem con- GALANTAMINA: cápsulas de liberação prolongada
tribuir para a demência, como infarto cerebral, neopla- de 8, 16 e 24 mg.
sia e coleções de líquido extracerebral. O processo de
investigação diagnóstica para preencher os critérios RIVASTIGMINA: - cápsulas de 1,5 mg, 3 mg, 4,5 mge
inclui história completa (com paciente e familiar ou 6 mg; solução oral de 2 mg/mL.
cuidador), avaliação clínica – incluindo a escala de - adesivos transdérmicos de 5 cm² contendo 9
avaliação clínica da demência, rastreio cognitivo –
mg de rivastigmina com percentual de liberação de
testes cognitivos como o Mini-Exame do Estado
Mental, exames laboratoriais – hemograma completo, 4,6 mg/24 h e de 10 cm² contendo 18 mg de rivastig-
eletrólitos (sódio, potássio, cálcio), glicemia, ureia e mina, percentual de liberação de 9,5 mg/24 h.
creatinina, TSH e alaninoaminotransferase (ALT/TGP),
aspartato-aminotransferase (AST/TGO), vitamina B12, MEMANTINA: comprimidos revestidos de 10mg.
ácido fólico –, sorologia sérica para sífilis (VDRL) e
HIV (em pacientes com menos de 60 anos), e imagem
cerebral (TC sem contraste ou RM). ESQUEMAS DE ADMINISTRAÇÃO
DONEPEZILA: iniciar com 5 mg/dia por via oral. A
Normal Alzheimer
dose pode ser aumentada para 10 mg/dia após 46
semanas, devendo ser administrada ao deitar.
332
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
Fontes:
Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Doença de Alzheimer
333
MIASTENIA GRAVIS
DIAGNÓSTICO CLÍNICO
A história e os achados físicos dão usualmente
as pistas iniciais mais importantes para a definição da
MG, seguidos pelos exames complementares.
334
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
muscular composto evocado maior que 10% na
miastênica. Uma maneira eficaz de avaliar disfunção comparação entre o primeiro e o quarto ou quinto
respiratória à beira do leito é solicitar aos pacientes estímulo, apresentando 75% de sensibilidadE. As
que contem em voz alta até 20 após uma inspiração conduções neurais sensitiva e motora são normais,
máxima. Caso seja incapaz de realizar tal tarefa sem enquanto que a eletromiografia pode eventualmente
interromper para respirar novamente, sua capacidade demonstrar um padrão miopático concomitante.
vital forçada pode ser estimada em menos de um litro. Caso o estudo seja normal e ainda permaneça a
suspeita diagnóstica, recomenda-se a realização da
DEMAIS PARTES DO EXAME NEUROLÓGICO: Sensibi- eletromiografia de fibra única, que apresenta uma
lidade e reflexos usualmente são normais. sensibilidade de 99%, excluindo virtualmente MG
caso sua análise seja normal.
PREVA-
OUTROS EXAMES: Uma vez confirmado o diagnósti-
GRUPO LÊNCIA SINAIS co, deve-se investigar a ocorrência concomitante de
outras doenças frequentemente associadas com
Grupo 1 : Ocular 25% Ptose, diplopia. MG. Para tal, recomenda-se realização de tomografia
computadorizada de tórax para investigar aumento
de volume do timo e planejar intervenção cirúrgica,
Acometimento ocular e de
Grupo 2a : Generalizada 35% extremiadades, sem sinais se indicada. Hemograma, função renal e hepática,
leve bulbares proeminentes. eletrólitos, velocidade de eritrossedimentação,
Sinais oculares ou bulbares, provas de função tiroidiana e de atividade reumática
Grupo 2b : Generalizada acometimento variável da são exames necessários para excluir outras doenças.
moderada-grave 20%
musculatura aprendicular,
sem crises.
CÉLULAR
Sinais generalizados com CÉLULAR NERVOSAS
Grupo 3 : Aguda fulmi- 11% acometimento bulbar
nante proeminente, com crises. NERVOSAS
EXAMES COMPLEMENTARES
335
curare, procainamida, quininas e aminoglicosídeos. casos com azatioprina, ciclosporina e imunoglobulina.
Quando o acometimento for proeminente, a MG pode
ser confundida com esclerose lateral amiotrófica. GRAVIDEZ
Lesões intracranianas com efeito de massa ou lesões
de tronco encefálico podem causar achados oculares A longo prazo, não há piora do desfecho. O
de nervos cranianos que mimetizam a miastenia. curso da doença é altamente variável e imprevisível
Outras síndromes incluem a síndrome de Eaton-Lam- durante a gestação e pode mudar nas gestações
bert, tiroideopatias, oftalmoplegia externa progressiva subsequentes. Em revisão da literatura envolvendo
e distrofia óculo-faríngea. 322 gestações de 225 mães miastênicas, observou-
-se piora dos sintomas em 41% das pacientes.
Cinquenta e nove por cento ou melhoraram dos sinto-
CASOS ESPECIAIS mas ou não apresentaram alteração. Das mães que
pioraram, 30% o fizeram no período pós-parto. A
CRISE MIASTÊNICA regra geral na condução dessa situação é evitar uso
de outros agentes imunossupressores além da pred-
Definida como insuficiência respiratória asso- nisona pelos efeitos teratogênicos, embora a plasma-
ciada a fraqueza muscular grave, é uma complicação férese e a imunoglobulina tenham se mostrado segu-
potencialmente fatal que ocorre em aproximadamente ras nessas situações, quando estritamente necessá-
15%-20% dos pacientes com MG. A mortalidade rias. Sulfato de magnésio deve ser evitado em mãe
nesses casos caiu de 40% no início da década de préeclâmpticas, em função do seu efeito bloqueador
1960 para apenas 4% a partir de meados da década neuromuscular. A maior preocupação acaba sendo a
de 1970, devido em grande parte à melhora dos cuida- miastenia neonatal transitória, resultante da transfe-
dos respiratórios e das unidades de terapia intensiva rência passiva de anticorpos maternos antirrecepto-
e, em menor parcela, devido ao amplo uso de imunote- res de ACh através da placenta. Há um risco teórico
rapias como plasmaférese e imunoglobulina humana. da passagem desses anticorpos através do leite
Um dos diagnósticos diferenciais importantes nas materno, mas a grande maioria dos bebês não apre-
crises miastênicas são as chamadas “crises colinérgi- senta problemas durante a amamentação.
cas”, geralmente por excesso de medicamentos anti-
colinesterásicos (neostigmina, piridostigmina). Em MIASTENIA GRAVIS AUTOIMUNE NEONATAL
ambas as situações, o paciente pode apresentar visão TRANSITÓRIA
borrada, dispnéia, aumento de secreções, disartria e
fraqueza generalizada. Por essa razão é que usualmen- Pode ocorrer em até 10% dos neonatos filhos
te recomenda-se a redução ou mesmo a interrupção de mães com MG. Tal condição resulta da transferên-
do medicamento anticolinesterásico vigente na even- cia passiva de anticorpos maternos antirreceptores
tualidade de um quadro respiratório fulminante asso- de ACh através da placenta, tendo início usualmente
ciado à MG em atividade. nos primeiros 3 dias de vida, manifestando-se através
de choro fraco, dificuldade de sucção, fraqueza gene-
MIASTENIA GRAVIS JUVENIL ralizada, tônus diminuído, dificuldade respiratória,
ptose e diminuição da expressão facial e com resolu-
Trata-se de uma situação definida pelo surgi- ção espontânea após 18-20 dias. A MG autoimune
mento de sinais e sintomas miastênicos entre o 1º e o neonatal transitória não pode ser confundida com
18º ano de idade, perfazendo 10% de todos os casos miastenia congênita, doença de caráter não autoimu-
de MG. No entanto, alguns casos relatados na literatu- ne e com apresentação clínica distinta e mais tardia.
ra podem representar, na verdade, miastenia congêni- Os pacientes com essa condição podem ser tratados
ta (doença sem caráter autoimune), particularmente sintomaticamente com medicamentos anticolineste-
nos pacientes com anticorpos antirreceptores de ACh rásicos. Crianças com crise miastênica podem
negativos. Se houver sintomas desagradáveis, reco- necessitar de plasmaférese. A imunoglobulina
menda-se iniciar piridostigmina na dose de 1,0 mg/kg humana parece não ser efetiva nesses casos.
de peso, com ajuste gradual da dose conforme os
sintomas. Para pacientes com doença moderada a MIASTENIA GRAVIS ANTI-MUSK
grave, utiliza-se prednisona em dose de 1,0 mg/kg,
com alternância de dose após 2-4 semanas. Transcor- Aproximadamente 50% dos pacientes com
rido esse período, recomenda-se diminuir gradativa- MG sem anticorpos antirreceptores de ACh apresen-
mente a dose (aproximadamente 1-5 mg a cada 2-4 tam anticorpos contra uma enzima da membrana
semanas, dependendo do peso do paciente) até a muscular denominada tirosinoquinase músculo-espe-
suspensão total. Outros imunossupressores são cífica (antiMuSK).
desencorajados nesses pacientes, embora tenham-se
obtido alguns resultados satisfatórios em séries de
336
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
TRATAMENTO
FÁRMACOS
CRISE MIASTÊNICA PIRIDOSTIGMINA: comprimidos de 60 mg.
337
ção dos eventos adversos. A maioria dos adultos
requer 60-120 mg a cada 4-6 horas; dose máxima de
720 mg/dia, por risco de crise colinérgica.
CRISE MIASTÊNICA
338
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
SÍNDROME DE GUILLAIN-BARRÉ
Síndrome de Guillain-Barré (SGB é a maior
causa de paralisia flácida generalizada no
mundo, com incidência anual de 1–4 casos por
100.000 habitantes e pico entre 20 e 40 anos de
idade. Inexistem dados epidemiológicos específicos
para o Brasil, apenas a distribuição dos subtipos da
doença. A SGB é uma doença de caráter autoimune
que acomete primordialmente a mielina da porção
proximal dos nervos periféricos de forma aguda ou
subaguda.
339
DIAGNÓSTICO ELETROFISIOLÓGICO: A SGB
DIAGNÓSTICO CLÍNICO é um processo dinâmico com taxa de progressão
variável. O ideal seria reexaminar o paciente após a
O diagnóstico da SGB é primariamente clíni-
co. No entanto, exames complementares são neces- primeira semana do início dos sintomas, quando as
sários para confirmar a hipótese diagnóstica e excluir alterações eletrofisiológicas são mais evidentes e
outras causas de paraparesia flácida. mais bem estabelecidas. É importante salientar que a
ausência de achados eletrofisiológicos dentro desse
Os pacientes com SGB devem obrigatoria- período não exclui a hipótese de SGB.
mente apresentar graus inequívocos de fraqueza em
mais de um segmento apendicular de forma simétrica,
incluindo musculatura craniana. Os reflexos miotáti- CRITÉRIOS DIAGNÓSTICO
cos distais não podem estar normais. A progressão
dos sinais e sintomas é de suma importância, não EXISTEM VÁRIOS CRITÉRIOS PROPOSTOS PARA A
podendo ultrapassar 8 semanas e com recuperação DEFINIÇÃO DO DIAGNÓSTICO DE SGB, SENDO
2-4 semanas após fase de platô. Febre e disfunção EXIGIDOS TODOS OS ESPECIFICADOS ABAIXO:
sensitiva são achados pouco frequentes, devendo
levantar suspeita de uma etiologia alternativa, de • Presença de dois critérios essenciais
(conforme a seguir);
causa provavelmente infecciosa.
• Presença de pelo menos três critérios clínicos
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL sugestivos (conforme a seguir);
Análise do líquido cefalorraquidiano (líquor): • Ausência de mais de uma situação que reduza
a possibilidade de SGB;
Elevação da proteína no líquor acompanhada por
poucas células mononucleares é o achado laborato- • Ausência de situação que exclua o diagnóstico
rial característico, evidente em até 80% dos pacien- de SGB; e
tes após a segunda semana. Entretanto, na primeira
• Análise do líquor e estudo neurofisiológico
semana, a proteína no líquor pode ser normal em até compatíveis com a doença e investigação adicional
1/3 dos pacientes. Caso o número de linfócitos no criteriosa com intuito de afastar outras etiologias.
Nessas situações, deve ser avaliado por consultor
líquor exceda 10 células/mm3, deve-se suspeitar de
médico especialista em doenças neuromusculares. A
outras causas de polineuropatia, tais como sarcoido- seguir estão indicados os critérios essenciais que
se, doença de Lyme ou infecção pelo HIV. sugerem, reduzem ou excluem o diagnóstico da SGB,
bem como uma escala de gravidade da SGB.
340
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
CRITÉRIOS DIAGNÓSTICO
CLÍNICOS:
341
TRATAMENTO ESCALA DE GRAVIDADE CLÍNICA PROPOSTA
POR HUGHES ET AL
Existem dois tipos de tratamento na SGB: (1) a
antecipação e o controle das comorbidades associa-
das; (2) tratamento da progressão dos sinais e sinto- 0 Saudável
mas visando a um menor tempo de recuperação e mini-
mização de déficits motores. Não há necessidade de
1 Com sinais e sintomas menores de neuropa-
tratamento de manutenção, fora da fase aguda da tia, mas capaz de realizar tarefas manuais.
doença.
Apto a caminhar sem auxílio da bengala,
2 mas incapaz de realizar tarefas manuais.
Assim, pacientes com SGB necessitam ser
inicialmente admitidos no hospital para observação
rigorosa. O cuidado para eles é mais bem encontrado Capaz de caminhar somente com bengala
3 ou suporte.
em centros terciários, com facilidades de cuidados
intensivos e uma equipe de profissionais que esteja
familiarizada com as necessidades especiais dos 4 Confinado a cama ou cadeira de rodas.
pacientes com SGB. Vigilância estrita e antecipação
das potenciais complicações são necessárias para a
5 Necessita de ventilação assistida.
otimização das chances de um desfecho favorável. As
áreas de atenção incluem prevenção de fenômenos
tromboembólicos, monitorização cardíaca, avaliações Morte.
6
seriadas de reserva ventilatória e de fraqueza orofarín-
gea, proteção de vias aéreas, manutenção da função
intestinal, controle apropriado da dor e nutrição e • Imunoglobulina humana: : 0,4 g/kg/dia, por via
suporte psicológico adequado. A fisioterapia motora intravenosa.
• Plasmaférese
deve ser iniciada nesta fase com o intuito de auxiliar na
mobilização precoce. Para a correta indicação do Não há indicação de glicocorticoides no trata-
tratamento, faz-se necessária a determinação da gravi- mento da SGB.
dade clínica proposta por Hughes et al., sendo consi-
derada doença leve de 0 a 2 e moderado-grave de 3 a Deve-se realizar avaliação prévia da função
6. renal (especialmente em pacientes diabéticos), hidra-
tação prévia e controle de sinais clínicos para anafila-
xia e de eventos adversos, tais como dor moderada
no peito, no quadril ou nas costas, náusea e vômitos,
calafrios, febre, mal-estar, fadiga, sensação de
fraqueza ou leve tontura, cefaleia, urticária, eritema,
tensão do tórax e dispneia.
Fontes:
Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas Síndrome de Guillain-Barré
342
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
ESCLEROSE MÚLTIPLA
Esclerose múltipla (EM) é uma doença autoimu-
ne que acomete o sistema nervoso central
(SNC), mais especificamente a substância
branca, causando desmielinização e inflamação. Afeta
usualmente adultos na faixa de 18-55 anos de idade,
mas casos fora destes limites têm ocorrido. No Brasil,
sua taxa de prevalência é de aproximadamente 15
casos por cada 100.000 habitantes.
mielites, disfunções esfincterianas e disfunções cogni- A) 2 ou mais Apenas 1 ou 2 lesões sugestivas de EM àRM
surtos mais
tivo- comportamentais, de forma isolada ou em combi- evidência
nação. Recomenda-se atentar para os sintomas cogni- clínica de 2 ou
tivos como manifestação de surto da doença, que mais lesões.
atualmente vem ganhando relevância neste sentido. Disseminação no espaço, demonstrada por RM com critérios de Barkho-
B) 2 ou mais
nais e sintomas por mais de 8 surtos mais
ff, presença de pelo menos 3 das 4 características a seguir: (a) pelo
menos 1 lesão impregnada pelo gadolínio ou pelo menos 9 lesões
evidência
supratentoriais em T2; (b) pelo menos 3 lesões periventriculares; (c) pelo
clínica de 1
DIAGNÓSTICO lesão.
menos 1 lesão justacortical; (d) pelo menos1 lesão infratentorial); OU
RM com 2 lesões típicas e presença de bandas oligoclonais ao exame
do líquor; OU Aguardar novo surto.
O diagnóstico é feito com base nos Critérios de
C) 1 surto Disseminação no tempo, demonstrada por RM após 3 meses com novas
McDonald revisados e adaptados. Exame de resso-
mais evidên- lesões ou pelo menos 1 das antigas impregnada pelogadolínio; OU
nância magnética (RM) do encéfalo demonstrará cia clínica de Aguardar novo surto.
lesões características de desmielinização; devem ser 2 lesões.
realizados alguns exames laboratoriais (exames de Disseminação no espaço, demonstrada por RM com Critérios de
anti-HIV e VDRL e dosagem sérica de vitamina B12) D) 1 surto Barkhoff ou RM com 2 lesões típicas e presença de bandas
mais evidên- oligoclonais no exame do líquor E Disseminação no tempo, demonstrada
no sentido de excluir outras doenças de apresentação
cia clínica de por RM após 3 meses com novas lesões ou pelo menos 1 das antigas
semelhante à EM. Deficiência de vitamina B12, neuro- 1 lesão. impregnada pelo gadolínio; OU
lues ou infecção pelo HIV (o vírus HIV pode causar Aguardar novo surto.
uma encefalopatia com imagens à RM semelhantes às
343
QUARTA LINHA (natalizumabe) Em casos de falha
Uma lesão desmielinizante medular à RM de terapêutica ao tratamento da terceira linha ou con-
coluna pode ser considerada equivalente a uma lesão traindicação ao fingolimode após falha terapêutica ao
infratentorial para fins diagnósticos de EM; uma lesão tratamento preconizado, indica-se o natalizumabe.
impregnada pelo gadolínio deve ser considerada equi-
valente a uma lesão impregnada pelo contraste no
encéfalo; lesões medulares podem ser associadas às
lesões encefálicas para totalizar o número mínimo de
lesões em T2 definido pelos Critérios de Barkhoff. A
necessidade de o paciente apresentar 2 surtos para o
diagnóstico atualmente pode ser substituída por 1
surto associado à progressão de lesões à RM (novas
lesões ou surgimento de impregnação pelo gadolínio
em lesões anteriormente não impregnadas, ou aumen-
to do tamanho de lesões prévias), após o primeiro
surto. Após o estabelecimento do diagnóstico, deve-
-se estadiar a doença, ou seja, estabelecer seu estágio
ou nível de acometimento por meio da Escala Expandi-
da do Estado de Incapacidade (ExpandedDisability
Status Scale – EDSS). ESQUEMAS DE ADMINISTRAÇÃO
344
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
Fontes:
Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Esclerose Múltipla.
345
ESCLEROSE LATERAL AMIOTRÓFICA
esclerose lateral amiotrófica (ELA) é uma das
principais doenças neurodegenerativas ao lado
das doenças de Parkinson e Alzheimer. Sua
incidência na população varia de 0,6 a 2,6 por
100.000 habitantes. A idade é o fator preditor mais
importante para a sua ocorrência, sendo mais preva-
lente nos pacientes entre 55 e 75 anos de idade. Trata-
-se de um distúrbio progressivo que envolve a degene-
ração do sistema motor em vários níveis: bulbar, cervi-
cal, torácico e lombar.
346
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
347
treinamento muscular inspiratório. Exercícios físicos de
leve intensidade parecem ser benéficos e não prejudi-
ciais como se acreditava anteriormente. Infelizmente,
não há evidências suficientes para recomendação do
uso de equipamentos com interfaces cérebro-compu-
tador, estimulação magnética transcraniana repetitiva,
que possam atenuar os sinais e sintomas motores da
doença. Da mesma forma, suplementos alimentares,
tais como a creatina, parecem não auxiliar os pacientes
com ELA.
ESQUEMA DE ADMINISTRAÇÃO
TEMPO DE TRATAMENTO
Fontes:
Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Esclerose Lateral
348
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
PNEUMOLOGIA - ASMA
A
asma é uma doença inflamatória crônica caracterizada por
hiper-responsividade das vias aéreas inferiores e por
limitação variável ao fluxo aéreo, reversível espon-tanea-
mente ou com tratamento. É uma condição multifatorial, determi-
nada pela interação de fatores genéticos e ambien-tais. Manifes-
ta-se clinicamente por episódios recorrentes de sibilância,
dispneia, aperto no peito e tosse, particularmente à noite e pela
manhã ao despertar.
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico da asma é eminentemente clínico e,
sempre que possível, a prova de função pulmonar deve ser
realizada para a confirmação diagnóstica e para a classifica-ção
da gravidade. Os principais sintomas para o diagnóstico de asma
são: sibilância, dispneia, desconforto torácico e tos-se, principal-
mente se: pioram à noite e no início da manhã, em resposta a
exercícios, exposição a alérgenos, poluição ambiental e ar frio,
desencadeados por AAS ou betabloque-adores, melhoram com
broncodilatadores ou corticoides sis-
349
PULMÃO SAUDÁVEL PULMÃO COM ASMA
DIAGNÓSTICO FUNCIONAL
350
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
351
VERIFICAÇÃO DA HIPER
RESPONSIVIDADE
DAS VIAS AÉREAS
352
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
Nenhum ou 3 Ou mais
Sintomas diurnos
≤ 2 por semana por semana
Nenhum ou 3 Ou mais
Necessidade de medicação de alívio
≤ 2 por semana por semana
Nenhum ou 3 Ou mais
Função pulmonar (pfe ou vef)
≤ 2 por semana por semana
Características que estão associadas ao aumento do risco de eventos adversos no futuro: mau controle clínico, exacerbações
frequentes no último ano, admissão prévia em UTI, baixo VEF, exposição à fumaça do tabaco, e necessidades de revisão do
tratamento de manutenção.
353
TRATAMENTO
354
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
ETAPAS DO TRATAMENTO
SELECIONE UMA DAS SELECIONE UMA DAS SELECIONE UMA DAS ADICIONAR UM OU MAIS
OPÇÕES ABAIXO OPÇÕES ABAIXO OPÇÕES ABAIXO EM RELAÇÃO À ETAPA 4
dose baixa de ci +
teofilina de
liberação lenta
BD: broncodilatador; CI: corticoide inalatório; LABA: long-acting beta agonist (b2 -agonista de ação prolongada).
As opções preferenciais para as etapas 2, 3 e 4 estão evidenciadas em roxo.
355
GLOSSÁRIO DAS MEDICAÇÕES DISPONÍVEIS
PARA O CONTROLE DA ASMA NO BRASIL
EFEITOS COLATERAIS
NOME DOSES HABITUAIS COMENTÁRIOS
MAIS FREQUENTES
CORTICOIDES
356
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
EFEITOS COLATERAIS
NOME DOSES HABITUAIS COMENTÁRIOS
MAIS FREQUENTES
Efeito anti-inflamatório
Podem causar taquicardia,
discreto. Pode ser associada
ansiedade, tremores de
aos corticoides inalatórios em
músculo esquelético, cefaleia
casos graves. A monitoração
e hipocalemia. Náuseas e
Cápsulas ou xarope: As doses variam com o do nível de teofilina é
vômitos são bem comuns. Os
teofilina (inibidor inespecífico fármaco, devendo ser desejável. A absorção e o
efeitos graves que ocorrem
de fosfodiesterase) repetidas a cada 12 h. metabolismo da teofilina
em concentrações séricas
podem ser afetados por vários
mais elevadas incluem
fatores, inclusive enfermidade
convulsões, taquicardia e
febril. Muitas interações com
arritmias.
outros medicamentos.
Os antileucotrienos são
efetivos para pacientes
Sem efeitos adversos
com asma leve persistente
específicos até o momento
Adultos: um comprimido, 10 e podem beneficiar
nas doses recomendadas. Há
mg/dia pacientes com rinite crônica
Comprimidos, comprimidos relatos de casos de síndrome
Crianças de 6-14 anos: um concomitante. Podem oferecer
mastigáveis e sachês com de Churg-Strauss (vasculite
comprimido mastigável, benefício adicional ao serem
granulado para lactentes: eosinofílica) que têm sido
5 mg/dia adicionados aos corticoides
montelucaste atribuídos à redução da
Crianças de 6 meses a 5 anos: inalatórios em pacientes não
dose de corticoides orais em
um sachê, 4 mg/dia controlados, embora não
pacientes com doença pré-
sejam tão eficazes quanto os
existente.
agonistas inalatórios de ação
prolongada.
DROGAS IMUNOBIOLÓGICAS
357
ço-dependente. Por outro lado, a oximetria de pulso deve ser
adotada em todas as faixas etárias para a avaliação precisa da
gravidade, mas nunca interpretada de maneira exclusiva e isola-
da do contexto clínico, principalmente na população pediátrica.
A classificação da intensidade das exacerbações, para fins de
-
manejo de emergência, é verificada a partir dos dados clínicos e
funcionais apresentados:
-
MUITO GRAVE
LEVE A MODERADA GRAVE
(INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA)
Agitação, confusão,
Estado mental Normal Normal ou agitação
sonolência
MV: murmúrio vesicular. A presença de vários parâmetros, mas não necessariamente de todos, indica a classificação geral da crise.
Músculos intercostais, fúrcula ou esternocleidomastoideo. FR em crianças normais: < 2 meses, < 60 ciclos/min; 2-11 meses, <50 ciclos/
min; 1-5 anos, < 40 ciclos/min; 6-8 anos, < 30 ciclos/min; e > 8 anos, igual a FR para adultos. Fontes: Global Initiative for Asthma,
Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia e Turner.
358
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
EXAMES COMPLEMENTARES
PRINCIPAIS EXAMES
359
DROGAS ALTERNATIVAS
Fonte: Diretrizes da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia para o Manejo da Asma – 2012 (http://www.jornaldepneumologia.
com.br/pdf/suple_200_70_38_completo_versao_corrigida_04-09-12.pdf)
Caderno de atenção básica n.25 - Doenças respiratórias crônicas (http://dab.saude.gov.br/portaldab/biblioteca.php)
360
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
DOENÇA PULMONAR
OBSTRUTIVA CRÔNICA (DPOC)
INTRODUÇÃO
A
DPOC é uma doença com repercussões sistêmicas,
prevenível e tratável, caracterizada por limitação do fluxo
aéreo pulmonar, parcialmente reversível e ge-ralmente
progressiva. Essa limitação é causada por uma as-sociação entre
doença de pequenos brônquios (bronquite crônica obstrutiva) e
destruição de parênquima (enfisema). A bronquite crônica é
definida clinicamente pela presença de tosse e expectoração na
maioria dos dias por no mínimo três meses/ano durante dois anos
consecutivos. O enfisema pulmonar é definido anatomicamente
como aumento dos es-paços aéreos distais ao bronquíolo termi-
nal, com destruição das paredes alveolares.
FATORES DE RISCO
361
DIAGNÓSTICO
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
362
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
363
TRATAMENTO TRATAMENTO
FARMACOLÓGICO
O tratamento visa aliviar os sintomas, melhorar a qua-li-
dade de vida, prevenir progressão da doença, melhorar a
to-lerância a exercícios, prevenir e tratar exacerbações e reduzir
a mortalidade.
364
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
365
CRITÉRIOS PARA HOSPITALIZAÇÃO
366
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
PNEUMONIA
INTRODUÇÃO
A
pneumonia é um processo inflamatório agudo de cau-sa
infecciosa que acomete o parênquima pulmonar ( bronquí-
olos terminais, respiratórios, alvéolos e inters-tício pulmo-
nar) e são causadas por vírus, bactérias ou fungos.A pneumonia
adquirida na comunidade (PAC) é definida como infecção que
acomete o paciente fora do ambiente hospitalar ou que se mani-
festa nas primeiras 48 horas de internação. Ainda falando sobre
definição, a pneumonia pode ser classificada como uma inflama-
ção/infecção apenas acometendo um lóbulo específico ou com
acometimento de vários segmentos. Pode ser divida em:
Mostrando na imagem o acometimento lobar por PAC
367
Outras classificações que também ocorrem, porém Por último, uma pneumonia pode ser classificada ba-
são pouco presentes: seada no agente causador.
368
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
SINAIS E SINTOMAS
FATORES DE RISCO
Idade avançada, hospitalização recente, gripes e in-fec-
ções viróticas, uso de drogas injetáveis, alcoolismo, taba-gismo,
AIDS e distúrbios da consciência
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico de PAC baseia-se na história clínica, no
exame físico e nos achados radiográficos; os exames labora-to-
riais possuem um papel secundário para confirmação em casos
duvidosos a definir a gravidade.
FASE DE RECUPERAÇÃO
369
RADIOGRAFIA DE TÓRAX
EXAMES LABORATORIAIS
O hemograma, normalmente, mostra leucocitose ou
leucopenia. A leucopenia é, inclusive, um sinal de pior prog-nós-
tico. O hemograma funciona mais como um marcador de melho- CLASSIFICAÇÃO DIAGNÓSTICA DA
ra clínica.As hemoculturas devem ser solicitadas na investiga- GRAVIDADE
-ção de uma pneumonia sempre que possível (se o paciente é
internado).A função renal é um marcador de gravidade e auxilia Após discutir sobre os principais causadores e as
em ferramentas diagnósticas, como CURB-65. A creatinina é ma-neiras de diagnosticar uma pneumonia, a pergunta seguinte
um marcador que pode determinar a correção da dose de seria: como saber qual paciente mandar para casa e qual in-ter-
antibióticos, dependendo da idade e da situação. nar? Para sanar essas dúvidas, alguns protocolos foram criados
para tentar classificá-los por gravidade e dividi-los entre tratamen-
to domiciliar (ambulatorial), hospitalar em en-fermaria ou hospita-
lar em terapia intensiva.A classificação da CURB-65 é o método
CLASSIFICAÇÃO DA PNEUMONIA mais utiliza-do para indicação de internação de um paciente com
CONFORME GRAVIDADE pneu-monia:
CARACTERÍSTICA
CURB-65 PONTOS GRUPO DE
CLÍNICA CURB-65 MORTALIDADE CONDUTA
RISCO
C Confusão mental 1
Provável
U Uréia > 50 mg/dL 1 candidato ao
0-1 1 1,5%
tratamento
Freqüência ambulatorial
R respiratória ≥ 30 1
ciclos/min
Considerar
Pressão arterial 2 2 9,2% tratamento
sistólica < 90 hospitalar
B 1
mmHg ou diastólica
≤ a 60 mmH
Tratamento
65 Idade ≥ 65 anos 1 hospitalar PAC
grave.
3-5 3 22%
Considerar
internação em
UTI
370
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
TRATAMENTO
O tratamento, na maioria das vezes, é empírico e deve
ser iniciado antes das primeiras 8 horas da chegada ao ser-viço
de saúde. No tratamento ambulatorial, utilizam-se macrolídeos
e betalactâmicos; nos casos internados, opta-se por quinolona
ou betalactâmico + macrolídeo, e, nos casos de pacientes em
UTI, utiliza-se betalactâmico + quinolona ou macrolídeo quando
não há risco de infecção por Pseudomonas , ou beta-lactâmico
+ quinolona quando há risco.
PACIENTES
PACIENTES AMBULATORIAIS COM SUSPEITA DE ASPIRAÇÃO
AMBULATORIAIS COMORBIDADES PORÉM OU INFECÇÃO POR ALERGIA À PENICILINA
PREVIAMENTES SADIOS SEM CRITÉRIOS PARA ANAERÓBIOS
INTERNAÇÃO
MACROLÍDEO
MACROLÍDEO (AZITROMICINA OU
BETALACTÂMICO
(AZITROMICINA OU CLARITROMICINA) +
+ INIBIDOR DE USAR CLINDAMICINA
CLARITROMICINA) EM BETALACTÂMICO OU
BETALACTAMASE
MONOTERAPIA FLUOROQUINOLONA EM
MONOTERAPIA
SIM NÃO
371
FÁRMACOS UTILIZADOS PARA
O TRATAMENTO
372
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
DERRAME PLEURAL
373
Além de classificarmos o derrame como exudato ou
transudatos, também cabe analisar o aspecto do líquido:
374
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
QUADRO CLÍNICO
Os sintomas são: dor, dispnéia e tosse seca. A dor
DIAGNÓSTICO
provém do acometimento da pleura parietal, geralmente por
processos inflamatórios.A dispnéia, por causa da limitação
imposta aos movimentos ventilatórios. A tosse que ocorre por
conta do derrame pleural é seca.Ao exame físico, geralmente QUADRO RADIOLÓGICO
aparecem: redução ou abolição do frêmito toracovocal, diminui-
ção do murmúrio vesicular e macicez à percussão. Podem estar -
A radiografia de tórax deve ser feita em póstero-ante-
-
presentes também: assimetria do tórax; redução da expansibilida- -rior (PA) e perfil. A radiografia se faz necessária para confir-mar
de do hemitórax comprometido; abaulamentos intercostais a presença e a extensão do derrame.A radiografia de tórax é o
expiratórios; submacicez ou macicez sobre a coluna vertebral método ideal para diagnós-tico: volume de líquido superior a
-
adjacente ao derrame (sinal de Signorelli); sopro respiratório e 300 ml opacifica o seio costofrênico na projeção postero-ante-
ausculta da voz anasalada, chamada egofonia, ou da voz “capri- rior. Observa-se uma opacidade homogênea nos segmentos
-
na”, percebida no limite superior do derrame. inferiores. Caso que haja dúvida da existência do liquido livre,
- indica-se radiografia em decúbito lateral com raios horizontais.A
ultrassonografia tem alta sensibilidade na detecção de derrames
pleurais, mesmo os pequenos, e pode quantifi-car seu volume. A
ultrassonografia é muito útil na localização do derrame pleural no
momento da toracocentese, permitin-do maior sucesso e maior
segurança no procedimento.A tomografia de tórax está indicada
quando há dúvida sobre a presença ou não de derrame pleural
ou na presença de imagem que pode corresponder a derrame
ou espessa-mento pleural.
TORACOCENTESE
A toracocentese é indicada quando o derrame é cli-ni-
camente significativo (>10mm na radiografia em decúbito
lateral) e a sua causa é desconhecida. Em casos de derrames
volumosos, pode ser necessária a toracocentese de alívio, em
que é recomendada a retirada de volume inferior a 1 a 1,5 L,
para evitar edema de re-expansao.Não há necessidade de radio-
grafia de tórax rotineira após a punção, exceto em casos de
Uma radiografia em PA
sintomas respiratórios surgidos após o procedimento. Em casos
de derrames pe-quenos ou lobulados, a toracocentese pode ser
feita guiada por ultrassonografia.
375
ANÁLISE DO MATERIAL
CRITÉRIOS DE LIGHT
TRATAMENTO
O tratamento do derrame pleural se baseia na toraco-
-
centese punção de alivio ou na instalação de um tubo de drena-
gem. Através do estudo do líquido e dos critérios de light pode-
mos determinar o tipo de líquido e antibiótico a ser utilizado. Na
grande maioria dos casos, solucionando a doença de base - já
solucionamos o derrame.
Fonte: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/doencas_
respiratorias_cronicas.pdf
http://www2.unifesp.br/dmed/pneumo/Dowload/Derrame%20
pleural.pdf
376
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
CÂNCER DE PULMÃO
INTRODUÇÃO
FATORES DE RISCO
O principal fator de risco é o tabagismo. Mais de 90%
dos tumores do pulmão podem ser evitados, simplesmente,
abandonando-se o hábito de fumar. Há outros fatores de risco
como radônio, asbesto e outras fibras minerais, sílica, cromo,
níquel e arsênico.
377
do de pequenas células, com os três subtipos celulares: linfocitó-
ide (oat cell), intermediário e combinado (células pequenas mais
DIAGNÓSTICO carcinoma epidermóide ou adenocarcinoma).
-
Não há sintomas específicos que caracterizem o
câncer de pulmão, em geral são sintomas que ocorrem durante-
a vida, como tosse, catarro, dispneia, e eventualmente sangra-
mentos. O diagnóstico definitivo é firmado pelo exame histopa--
tológico ou citológico de espécime tumoral obtido por broncos-
copia, mediastinoscopia, biópsia pleural ou biópsia pleuropul-
monar a céu aberto ou vídeo-assistida. Eventualmente, o
-
diagnóstico será feito após estudo anatomopatológico de peça-
cirúrgica-segmento, lobo pulmonar ou pulmão. A citologia de
escarro não é recomendada rotineiramente, porém pode ser útil
no diagnóstico de tumores de localização central.Do ponto de
vista anatomopatológico, o câncer de pulmão é classificado em
dois tipos principais: pequenas células e não-pequenas células
(85%). O tumor de não-pequenas células corresponde a um-
-
grupo heterogêneo composto de três tipos histológicos princi-
pais e distintos: carcinoma epidermóide, adenocarcinoma e
carcinoma de grandes células, ocorrendo em cerca de 75% dos-
pacientes diagnosticados com câncer de pulmão. Dentre os-
tipos celulares restantes, destaca-se o carcinoma indiferencia--
378
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
379
N3 – Metástase em linfonodo mediastinal con
tralateral; hilar contralateral; escalênico ipsila
teral ou contralateral; ou supraclavicular.
-
-
M – Metástases à distância
M1 – Metástase à distância:
TRATAMENTO
O tratamento depende do tipo de tumor e de seu
estadiamento clínico, e pode estar recomendado a cirurgia,
radioterapia e quimioterapia. No câncer de pulmão de pequenas
células não está recomendada a cirurgia por sua característica-
-
de dar metástase a distância, o tratamento indicado é a associa-
ção de radioterapia e quimioterapia. Já no câncer de células não
pequenas, a cirurgia é o tratamento indicado, podendo também
ser indicado a radio e quimioterapia, de acordo com a localiza-
ção e estadiamento do câncer.
380
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
TROMBOEMBOLISMO PULMONAR
INTRODUÇÃO DIAGNÓSTICO
O
tromboembolismo pulmonar (TEP) é causado pela O diagnóstico é feito a partir da suspeita clínica, que é
obstrução aguda das artérias pulmonares por um trombo baseada nos sintomas de dispneia, dor torácica, tosse, dor nas
ou êmbolo, que na maioria das vezes é for-mada nas pernas, hemoptise e palpitações. Após identificar o qua-dro
veias profundas das pernas. É uma urgência car-diovascular. clínico, deve ser realizado o escore de WELLS, que é feito por
parâmetro clínico que indica a probabilidade de ser um quadro
de TEP.
FATORES DE RISCO
ESCORE DE WELLS
PARÂMETROS TRANSUDATOS
Hemoptise 1,0
381
EXAMES
TRATAMENTO
Os pacientes devem receber anticoagulação plena com
heparina não fracionada. Para os pacientes instáveis he-modina-
micamente, deve ser fornecido suporte respiratório e hemodinâ-
mico, e está indicada a trombólise.
382
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
HIPERTENSÃO
ARTERIAL SISTÊMICA
hipertensão arterial sistêmica (HAS) é caracterizada pela
elevação dos níveis pressóricos ≥ 140 e/ou 90 mmHg.
Se associa a distúrbios metabólicos, alterações funcio-
nais e/ou estruturais de órgãos-alvo, sendo agravada pela
presença de outros fatores de risco (FR), como dislipidemia,
obesidade abdominal, intolerância à glicose e diabetes melito
(DM).
383
MONITORIZAÇÃO
AMBULATORIAL DA HIPERTENSÃO MASCARADA
PRESSÃO ARTERIAL (MAPA)
É caracterizada por valores normais da PA no consultório,
porém com PA elevada pela MAPA ou medidas residenciais.
A MAPA é o método que permite o registro indireto e
intermitente da PA durante 24 horas ou mais, enquanto o Fluxograma para diagnóstico de hipertensão arterial
paciente realiza suas atividades habituais durante os períodos (modificado do Canadian Hypertension Education Program).
de vigília e sono. São atualmente consideradas anormais as
médias de PA de 24 horas ≥ 130/80 mmHg, vigília ≥ 135/85
mmHg e sono ≥ 120/70 mmHg.
VISITA 1
MEDIDA DA PA
ANAMNESE, EXAME FÍSICO E
AVALIAÇÃO LABORATORIAL
SIM
DIAGNÓSTICO DE
HIPERTENSÃO
384
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
Anamnese
Exame Físico
TRATAMENTO NÃO MEDICAMENTOSO
• DM.
385
TRATAMENTO MEDICAMENTOSO
HIPERTENSÃO
386
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
INFARTO
AGUDO DO MIOCÁRDIO (IAM)
A dor precordial pode ser acompanhada de palidez
cutânea, sudorese e dispneia. A dor é tipicamente retroesternal
e pode se irradiar para ombro, axila, braços, mandíbula, dentes e
região dorsal. Por vezes o desconforto é limitado ao epigástrio e
descrito como queimação. Subgrupos de pacientes, como
idosos, mulheres, diabéticos e pacientes no pós-operatório
apresentam muitas vezes sintomas atípicos (dispneia, síncope,
fadiga, náusea ou confusão) como manifestações de IAM.
387
• Nitratos.
• Morfina.
• IECA
• Estatinas.
REPERFUSÃO MIOCÁRDICA
TRATAMENTO
388
EDEMA
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
AGUDO DE PULMÃO
o edema agudo de pulmão (EAP) é uma urgência clínica,
causado pelo acúmulo de líquido no espaço intersticial
do pulmão.
• Morfina.
• Vasodilatadores.
• Inotrópicos.
Fontes:
http://revista.fmrp.usp.br/2003/36n2e4/6_edema_
pulmonar_agudo.pdf
389
PARADA
CARDIORESPIRATÓRIA
A
parada cardiorrespiratória (PCR) é uma emergência
severa em que há interrupção das atividades circula-
tórias e respiratórias.
390
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
391
INSUFICIÊNCIA
CARDÍACA CONGESTIVA
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico é feito baseado em sinais e sintomas
clínicos, e amparado por exames complementares. O princi-
pal sintoma que leva o paciente a procurar atendimento hospi-
talar é a dispneia. Como esse é um sintoma também observa-
do em outras afecções, como doenças pulmonares, pneumo-
nia e embolia pulmonar, deve ser acompanhado de outras
características clínicas para tornar o diagnóstico mais admis-
sível. A presença de ortopneia e dispneia paroxística noturna
também favorecem o diagnóstico de IC. Outros sintomas
incluem cansaço e fadiga.
A
insuficiência cardíaca é uma síndrome clínica onde a
anormalidade estrutural ou funcional torna o coração
Deve-se proceder a um cuidadoso exame físico,
incapaz de bombear o sangue em quantidades
avaliando sinais que indiquem pressões de enchimento de VE
proporcionais às necessidades do organismo.
aumentadas, congestão pulmonar e sistêmica e sinais de
baixo débito cardíaco. Entre os sinais de exame físico, aque-
As principais causas da Insuficiência Cardíaca (IC)
les com maior especificidade para IC são a presença de
estão relacionadas a processos que envolvem o pericárdio, as
terceira bulha e a turgência jugular. Entretanto, a sensibilidade
valvas cardíacas e a circulação coronária ou o miocárdio, sendo
desses sinais é baixa e sua ausência não exclui o diagnóstico
esta a principal causa desencadeante da IC através do infarto
de IC. Outros sinais observados incluem edema de membros
agudo do miocárdio. A síndrome pode decorrer de uma
inferiores, hepatomegalia, ascite e taquicardia. Em pacientes
anormalidade na função sistólica ou diastólica do ventrículo. As
em estágios avançados, pode-se observar caquexia. Sinais
alterações resultam em anormalidades intrínsecas e extrínsecas
típicos de baixo débito cardíaco incluem hipotensão arterial,
no coração, em que vários mecanismos estão envolvidos a fim
alterações do nível de consciência, oligúria, pulso filiforme e
de compensar o baixo débito cardíaco, tais como: aumento da
extremidades frias. A ausculta cardíaca pode demonstrar a
frequência cardíaca e da contratilidade, hipertrofia miocárdica
presença de sopros sistólicos ou diastólicos, que podem
concêntrica seguida de excêntrica, ativação aumentada dos
indicar uma valvopatia ou complicações mecânicas de um
sistemas nervoso adrenérgico e renina-angiotensina e liberação
infarto agudo do miocárdio como causa da IC. A severidade
de endotelina, vasopressina e citocinas.
dos sintomas é avaliada através da classificação funcional de
NYHA.
A ativação prolongada desses sistemas gera uma piora
progressiva da falência cardíaca levando a uma descompensa-
ção, e o paciente passa da fase assintomática para a sintomáti-
ca. Com a progressão da doença, o aumento da pressão
pulmonar característico de IC esquerda acomete, consequen-
temente, o ventrículo direito, levando aos sinais sistêmicos de
IC direita.
392
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
Radiografia de tórax:
Cardiomegalia (índice cardio-torácico > 0,5)
associada a sinais de congestão pulmonar (redistri-
buição vascular para os ápices, edema intersticial
e/ou alveolar e derrame pleural) são úteis marcado-
res de disfunção ventricular e/ou elevação das pres-
sões de enchimentos. No entanto, IC pode ocorrer
Características da IC sistólica e diastólica sem cardiomegalia, principalmente em pacientes
com IC aguda ou com função sistólica preservada.
IC SISTÓLICA IC DIASTÓLICA
Avaliação laboratorial:
VE de dimensões A avaliação laboratorial inicial de todo
VE dilatado normais, HVE paciente com IC aguda inclui hemograma, sódio,
potássio, ureia, creatinina e glicose. Em casos mais
graves, devem ser dosadas enzimas hepáticas (TGO,
PA normal ou reduzida HAS muito frequente TGP), albumina e INR. Sódio baixo, ureia e creatinina
elevadas são sinais de mau prognóstico. Anemia,
População de idade hiponatremia e alteração da função renal são predi-
População idosa tores prognósticos adversos na IC. Anemia pode ser
variável
causa, fator precipitante ou conseqüência da IC.
Alteração da função renal pode ocorrer por vários
Mais comum nos homens Mais comum em mulheres motivos: comorbidades (diabetes mellitus, hiperten-
são arterial sistêmica), débito cardíaco reduzido pela
cardiopatia ou efeito do tratamento (uso de diuréti-
Terceira bulha frequente Quarta bulha frequente cos, inibidores da enzima conversora de angiotensi-
na II e bloqueadores dos receptores da angiotensi-
na). Hipocalemia é um efeito adverso comum do
tratamento com diuréticos e pode causar arritmias
FE do VE reduzida FE normal ou aumentada
fatais e aumentar o risco de intoxicação digitálica.
Por outro lado, hipercalemia pode complicar o trata-
Disfunção sistólica e Disfunção mento com inibidores da enzima conversora de
diastólica (ECG) diastólica (ECG) angiotensina II e bloqueadores dos receptores da
angiotensina, β-bloqueadores e espironolactona e
requerer ajuste terapêutico. Elevação de enzimas
Prognóstico menos Prognóstico mais
hepáticas pode ocorrer em decorrência de conges-
favorável favorável
tão e/ou hipoperfusão hepática.
Tratamento bem Tratamento menos
estabelecido estabelecido
393
Troponinas: g) aumento da pressão venosa central (> 16 cm H2 O
Devem ser solicitadas para excluir síndro-
mes coronarianas agudas como causa da descom- no átrio direito);
pensação cardíaca. Pequenas elevações, na ausên-
cia de IAM, podem ocorrer. Troponina elevada, em
h) refluxo hepatojugular;
pacientes com IC, confirma mau prognóstico4.
Ecodopplercardiograma:
É útil na confirmação diagnóstica, avaliação
da etiologia, do modelo fisiopatológico, do modelo Critérios menores:
hemodinâmico, do prognóstico e para indicar possí-
veis alternativas terapêuticas. a) Edema de tornozelos bilateral;
b) tosse noturna;
Critérios de Framingham para o
c) dispneia a esforços ordinários;
diagnóstico de insuficiência
cardíaca (IC) d) Hepatomegalia;
b) Turgência jugular;
c) Crepitações pulmonares;
394
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
O TRATAMENTO FARMACOLÓGICO
TRATAMENTO
• IECA: deve ser iniciado em todos os pacientes, salvo
contra-indicações.
O TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO
• Beta-bloqueador: Os BB apresentam benefícios
clínicos comprovados de melhora da classe funcional,
• Dieta equilibrada, para evitar a obesidade e a redução da progressão dos sintomas de IC e redução de
caquexia. internação hospitalar, em pacientes com IC com disfunção
sistólica, classe funcional I a IV da NYHA.
• Sódio: de 2 a 3g/dia, principalmente nos estágios
• Bloqueadores dos receptores de angiotensina
mais avançados da doença e na ausência de hiponatremia ou
II (BRA): os BRA têm sua principal indicação em pacientes
na dificuldade para alimentação com baixo teor de sódio. portadores de IC crônica com fração de ejeção (FE) reduzida
intolerantes aos IECA, reduzindo morbimortalidade.
• Álcool: há a necessidade de completa abstinência
do álcool principalmente para pacientes com miocardiopatia • Antagonista da aldosterona: A espironolactona
alcoólica, por causar depressão miocárdica e precipitar tem eficácia comprovada na redução de mortalidade em
pacientes com classe funcional III-IV e FEVE < 35%.
arritmias.
• Tabagismo: Os pacientes com IC devem ser • Digoxina: está indicada em pacientes com IC com
estimulados a suprimir o uso do tabaco - passivo e ativo - por disfunção sistólica, associado à freqüência ventricular eleva-
meio de abordagem breve/mínima ou PAAP (perguntar, da na fibrilação atrial, com sintomas atuais ou prévios.
avaliar, aconselhar e preparar), terapia cognitiva comporta-
mental e suporte medicamentoso se necessário. • Anticoagulantes e antiagregantes plaquetá-
rios: A IC é fator de risco para fenômenos tromboembólicos.
Caso o paciente apresente, além da IC, pelo menos um fator
• Orientações para viagens: Pacientes com IC
de risco adicional, recomenda-se o uso de varfarina na
classe funcional IV devem evitar viagens aéreas ou dirigir prevenção de fenômenos tromboembólicos. O uso rotineiro
veículos. Deve ser recomendada a profilaxia para trombose de antiplaquetários não está indicado na IC A aspirina é larga-
venosa profunda em pacientes com IC independentemente mente empregada nos casos de doença coronária concomi-
da classe funcional. Orienta-se uso de meia-elástica de média tante.
compressão para viagens prolongadas, devendo-se avaliar o
• Antiarrítmicos: Com o avanço no tratamento da IC,
uso de heparina fracionada subcutânea profilática quando
os antiarrítmicos perderam relevância, não sendo indicados
duração maior do que 4 horas. como rotina para prevenção de morte súbita (exceto os BB) e
ficando reservados para situações específicas.
Fontes:
395
ARRITMIAS
CAUSAS
BRADICARDIA SINUSAL
TRATAMENTO
Bradicardia de origem no nó sinusal, onde a
onda P tem orientação habitual (+30º a +90º) e ocorre Geralmente não é necessário. Se há bradicardia
antes de cada complexo QRS. Trata-se de situação e o débito cardíaco está inadequado, atropina 0,5 mg EV
definida quando a frequência cardíaca for inferior a 50 (até 2 a 3 mg) pode ser efetiva. Para bradicardias
bpm. O intervalo PR encontra-se proporcionalmente sinusais sintomáticas e persistentes, indica-se marca-
aumentado, quando comparado ao intervalo PR em uma -passo. Prefere-se estimulação atrial, para preservar a
frequência cardíaca maior. condução AV intrínseca. Não existem drogas para uso
crônico com objetivo de aumentar a frequência cardíaca
sem que ocorram importantes efeitos colaterais.
396
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
Arritmia em que a onda P tem orientação normal São distúrbios da condução elétrica dos átrios
e mantida, porém, o ritmo cardíaco é irregular. Embora para os ventrículos, causados por alterações do nó AV;
ocorra certa variabilidade fisiológica do intervalo R-R,
considera-se arritmia sinusal quando a variabilidade é Podem se caracterizar por atrasos da condução,
maior que 20% (ou quando o maior ciclo é mais de 120 falhas contínuas ou intermitentes, ou mesmo ausência
ms mais longo que o menor ciclo). Esta arritmia é mais total de condução AV. Além disso, podem ser temporá-
bem evidenciada quando o ritmo é bradicárdico (associa- rios ou permanentes;
-se a bradicardia sinusal e a pacientes vagotônicos).
Praticamente não é observada em pacientes com disfun- Para avaliação deste tipo de distúrbio no ECG, a
ção autonômica, como os diabéticos com neuropatia. análise deve focar a relação entre ondas P e complexos
Além disso, a perda da variabilidade da frequência cardí- QRS e o intervalo PR. Durante o BAV, o bloqueio pode
aca é considerada fator de risco para morte súbita. ocorrer no nó AV, feixe de His ou ramos ventriculares.
397
O complexo QRS também pode variar sua
BLOQUEIO AV DE 2º GRAU (BAV2)
morfologia de acordo com o local de seu estímulo, com
duração praticamente normal quando se origina acima da
Caracteriza-se pela falha da condução atrioven-
bifurcação dos ramos, ou com morfologia totalmente
tricular. Esta falha pode ocorrer após dificuldade
aberrante, quando tem origem abaixo da bifurcação do
progressiva da condução (fenômeno de Weckenbach),
feixe de His ou mesmo no próprio miocárdio ventricular.
conhecido como BAV2- Mobitz 1. Geralmente resulta de
alteração nodal e pode ocorrer em pacientes com BAV1
quando submetidos a aumento da frequência cardíaca.
CAUSAS DE BAVT
Tende a ser benigno e não evolui para formas mais avan-
Reflexo vagotônico excessivo (BAVT nodal),
çadas de bloqueio AV. Porém, em pacientes mais idosos,
cirurgia, distúrbios eletrolíticos, miocardites, doença de
especialmente naqueles com bloqueio de ramo prévio,
Chagas, doenças autoimune, processos infiltrativos,
este tipo de bloqueio AV pode ser perigoso e evoluir de
estenose aórtica calcificada.
maneira semelhante ao BAV2.
398
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
TAQUIARRITMIAS
o ponto fundamental no diagnóstico diferencial das
arritmias é baseado na duração do QRS: taquicar-
dias com QRS estreito (duração inferior a 120 ms)
são frequentemente de origem supraventricular, já as taqui-
cardias de QRS largo (>120 ms) são, muitas vezes, ventricu-
MANEJO
MANIFESTAÇÕES
TAQUICARDIA ATRIAL
Palpitações, diaforese, dispneia ou dor precordial;
Frequentemente benigna, com a possível exce-
Complementar à história atual, relatos de doenças ou ção das formas incessantes que podem levar à taquicar-
anormalidades sistêmicas, particularmente cardiovasculares e diomiopatia; Ao ECG: A onda P pode possuir uma morfo-
respiratórias, e uso de drogas ilícitas; De imediato proceder logia distinta da sinusal, com frequência atrial de 100 a
monitorização cardíaca, oximetria de pulso e medida de 250 bpm. Durante a arritmia, uma linha isoelétrica está
pressão arterial não-invasiva. Paralelamente, oferta de oxigê- usualmente presente entre as ondas P, podendo distin-
nio e acesso venoso assegurado. Eletrocardiograma (ECG) guir a taquicardia atrial do flutter atrial
12 derivações. Manejo: Naqueles que têm como mecanismo a reentrada
ou atividade deflagrada, a taquicardia atrial pode respon-
der ao uso de verapamil ou betabloqueadores.
TAQUICARDIAS SUPREVENTRICULARES
TAQUICARDIA SINUSAL
399
FIBRILAÇÃO ATRIAL Amiodarona:
400
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
Hemodinamicamente Hemodinamicamente
instável Estável
401
VALVULOPATIAS
O teste ergométrico pode ser útil na avaliação da
capacidade funcional em indivíduos com poucos sintomas,
porém que limitaram sua atividade física de forma significativa.
A ecocardiografia com Doppler colorido é um exame comple-
mentar importante para o diagnóstico e avaliação da gravida-
de anatômica e funcional. As medidas hemodinâmicas no
cateterismo cardíaco podem ser utilizadas para determinar a
gravidade da doença.
TRATAMENTO
A terapia medicamentosa poderá apenas aliviar os
sintomas, sem efeitos diretos sobre a obstrução fixa. Nos
ESTENOSE MITRAL casos de EM discreta, estando o paciente assintomático e em
ritmo sinusal, não há necessidade de intervenção farmacoló-
A estenose mitral (EM) caracteriza-se pela resistên- gica específica. Nos pacientes com EM moderada a impor-
cia ao fluxo sanguíneo transmitral em razão do espessamento tante, poderá ser indicada enquanto o paciente aguarda
e da imobilidade dos folhetos valvares, decorrendo fundamen- procedimento intervencionista, visando à melhora dos sinto-
talmente de sequela reumática. Dentre outras possíveis mas, ou no controle de complicações.
causas, destacam-se a congênita, as doenças infiltrativas
Uso de diuréticos especialmente os de alça na presença de
(mucopolissacaridoses), lúpus eritematoso sistêmico, artrite
congestão pulmonar;
reumatoide e estados serotoninérgicos (síndrome carcinoi-
de). Os principais achados anatomopatológicos da EM Controle da frequência cardíaca;
consistem no espessamento dos folhetos valvares, áreas de
Prevenção de eventos embólicos;
calcificação, fusão comissural e encurtamento de cordoalhas.
Os principais marcadores de mau prognóstico são o desen- Tratamento intervencionista: Valvuloplastia mitral percutâ-
volvimento de sintomas, a presença de FA e a evolução para nea por cateter-Balão;
Hipertensão Pulmonar (HP).
Cirurgia: plástica valvar ou prótese mecânica ou biológica.
DIAGNÓSTICO
402
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
TRATAMENTO CIRÚRGICO
• Anuloplastia;
• Clipe mitral.
403
CORAÇAO COM
CORAÇÃO NORMAL ESTENOSE AÓRTICA TRATAMENTO
O tratamento farmacológico na EAo é voltado ao
alívio de sintomas em pacientes não candidatos a tratamento
cirúrgico ou como ponte para o tratamento cirúrgico; ao
tratamento de doenças associadas à estenose aórtica e à
profilaxia de Endocardite Infecciosa.
INSUFICIÊNCIA AÓRTICA
ESTENOSE AÓRTICA
A etiologia da lesão regurgitante valvar aórtica
A Estenose Aórtica (EAo) é a obstrução da via de compreende um grande número de causas, destacando-se a
saída do VE pela calcificação das estruturas valvares, asso- dilatação idiopática da aorta, anormalidades congênitas
ciada ou não à fusão das válvulas da valva aórtica. É a doença (valva bicúspide), calcificação da valva, doença reumática,
valvar aórtica adquirida mais frequente e está presente em endocardite infecciosa, hipertensão arterial sistêmica, dege-
4,5% da população acima de 75 anos. Os sintomas resultan- neração mixomatosa, dissecção da aorta ascendente e
tes da EAo (dor torácica, síncope e dispneia) tipicamente síndrome de Marfan.
surgem após a 6ª década de vida, sendo ainda mais tardios
nos casos de EAo degenerativa A insuficiência aórtica (IAo) geralmente se desenvol-
ve de maneira lenta e insidiosa, com uma morbidade muito
baixa durante uma longa fase assintomática. Alguns pacientes
DIAGNÓSTICO com IAo discreta permanecem assintomáticos por décadas e
raramente necessitam de tratamento. Outros exibem progres-
No ECG podem ser vistos sinais de sobrecarga de
são da lesão regurgitante com o desenvolvimento gradual da
VE nas lesões moderadas a importantes. A presença de
IAo importante, disfunção sistólica do VE e eventualmente
bloqueio de ramo ou bloqueio atrioventricular está associada
insuficiência cardíaca.
a EAo importante. O teste ergométrico pode ser realizado
com baixo risco em pacientes selecionados, com cautela. Na
radiografia de tórax, é frequente a chamada dilatação póses-
tenótica da aorta. Os sinais radiológicos de aumento do VE
não são frequentes até que a EAo se torne importante, uma
vez que a hipertrofia é tipicamente concêntrica. A ecocardio-
grafia constitui a mais importante ferramenta complementar
no diagnóstico. Fornece a anatomia da valva, e a quantifica-
ção dos gradientes e da área valvar aórtica. Permite ainda a
avaliação da repercussão hemodinâmica da doença pela
detecção da hipertrofia ventricular esquerda e a avaliação das
funções sistólica e diastólica do VE.
404
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
DIAGNÓSTICO
405
DIAGNÓSTICO TRATAMENTO
Ecocardiografia: A abordagem diagnóstica através A Hipertensão Pulmonar é uma importante causa de
da ecocardiografia com Doppler inclui a aferição da Pressão morbidade e mortalidade nos pacientes submetidos à cirurgia
Sistólica Artéria Pulmonar, PAPm, pressão diastólica da valvar, e pode persistir (HP residual) a despeito da redução
artéria pulmonar, resistência vascular pulmonar e a avaliação adequada das pressões de enchimento das câmaras esquer-
do Ventrículo Direito (VD. A abordagem quantitativa do tama- das. A principal consequência da HP é a presença de disfun-
nho e função do VD tem grande importância clínica em inúme- ção do VD, que dificulta sobremaneira o manejo pós-operató-
ras doenças pulmonares e cardíacas. Numerosas publica- rio. O arsenal terapêutico para o tratamento da HP nesse
ções demonstraram o significado prognóstico da função do contexto inclui Óxido Nítrico Inalatório (NOi), Prostaciclina
VD. Em condições normais, o VD é submetido a uma baixa Inalatória (PGI2), vasodilatadores intravenosos (nitroprussiato
resistência pulmonar e, devido às suas paredes mais afiladas de sódio e nitroglicerina) e inotrópicos (dobutamina e milrino-
que o VE, é relativamente complacente. Condições agudas, ne).
como embolia pulmonar aguda, causam dilatação do VD
antes do aumento da pressão pulmonar, que posteriormente Fonte:
pode levar a hipertrofia. O VD deve ser examinado através de
múltiplas janelas acústicas e algumas medidas são essenciais DIRETRIZ BRASILEIRA DE VALVOPATIAS –
para análise e comparação SBC 2011
http://publicacoes.cardiol.br/consenso/2011/Diretriz
%20Valvopatias%20-%202011.pdf
406
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
DIABETES MELLITUS
O
termo “diabetes mellitus” (DM) refere-se a um
transtorno metabólico de etiologias heterogê-
neas, caracterizado por hiperglicemia e distúr-
bios no metabolismo de carboidratos, proteí-
nas e gorduras, resultantes de defeitos da secreção
e/ou da ação da insulina. O DM vem aumentando sua
importância pela sua crescente prevalência e habitual-
mente está associado à dislipidemia, à hipertensão
arterial e à disfunção endotelial.
407
DIABETES TIPO 1 O diagnóstico de diabetes baseia-se na
detecção da hiperglicemia. Existem quatro tipos de
A apresentação do diabetes tipo 1 é em geral exames que podem ser utilizados no diagnóstico do
abrupta, acometendo principalmente crianças e ado- DM: glicemia casual, glicemia de jejum, teste de tole-
lescentes sem excesso de peso. Na maioria dos
casos, a hiperglicemia é acentuada, evoluindo rapida- rância à glicose com sobrecarga de 75 g em duas
mente para cetoacidose, especialmente na presença horas (TTG) e, em alguns casos, hemoglobina glicada
de infecção ou outra forma de estresse. Assim, o traço (HbA1c).
clínico que mais define o tipo 1 é a tendência à hiper-
glicemia grave e cetoacidose. Quando a pessoa requer diagnóstico imediato
e o serviço dispõe de laboratório com determinação
DIABETES TIPO 2 glicêmica imediata ou de glicosímetro e tiras reagen-
tes, a glicemia casual é o primeiro exame a ser solici-
O DM tipo 2 costuma ter início insidioso e tado, pois fornece um resultado na própria consulta.
sintomas mais brandos. Manifesta-se, em geral, em Nesse caso, o ponto de corte indicativo de diabetes é
adultos com longa história de excesso de peso e com maior ou igual a 200 mg/dL na presença de sintomas
história familiar de DM tipo 2. No entanto, com a epide- de hiperglicemia.
mia de obesidade atingindo crianças, observa-se um
aumento na incidência de diabetes em jovens, até
mesmo em crianças e adolescentes. Quando a pessoa requer diagnóstico imediato
e o serviço dispõe de laboratório com determinação
O termo “tipo 2” é usado para designar uma glicêmica imediata ou de glicosímetro e tiras reagen-
deficiência relativa de insulina, isto é, há um estado de tes, a glicemia casual é o primeiro exame a ser solici-
resistência à ação da insulina, associado a um defeito tado, pois fornece um resultado na própria consulta.
na sua secreção, o qual é menos intenso do que o
Nesse caso, o ponto de corte indicativo de diabetes é
observado no diabetes tipo 1. Após o diagnóstico, o
DM tipo 2 pode evoluir por muitos anos antes de maior ou igual a 200 mg/dL na presença de sintomas
requerer insulina para controle. Seu uso, nesses de hiperglicemia.
casos, não visa evitar a cetoacidose, mas alcançar o
controle do quadro hiperglicêmico. Pessoas com hiperglicemia intermediária
(glicemia de jejum entre 110 mg/dl e 125 mg/dl, e
A cetoacidose nesses casos é rara e, quando duas horas pós-carga de 140 mg/dl a 199 mg/dl e
presente, em geral é ocasionada por infecção ou
estresse muito grave. A hiperglicemia desenvolve-se HbA1c entre 5,7% e 6,4%), também denominadas de
lentamente, permanecendo assintomática por vários casos de pré-diabetes, pelo seu maior risco de
anos. desenvolver a doença, deverão ser orientadas para
prevenção do diabetes, o que inclui orientações
sobre alimentação saudável e hábitos ativos de vida,
DIAGNÓSTICO
bem como reavaliação anual com glicemia de jejum.
Os sinais e sintomas característicos que levan-
tam a suspeita de diabetes são os “quatro P’s”: poliú- A hemoglobina glicada, hemoglobina glicosila-
ria, polidipsia, polifagia e perda inexplicada de peso. da ou glico-hemoglobina, também conhecida pelas
Embora possam estar presentes no DM tipo 2, esses siglas A1C e HbA1C, indica o percentual de hemo-
sinais são mais agudos no tipo 1, podendo progredir globina que se encontra ligada à glicose. Como ele
para cetose, desidratação e acidose metabólica,
reflete os níveis médios de glicemia ocorridos nos
especialmente na presença de estresse agudo. Sinto-
mas mais vagos também podem estar presentes, últimos dois a três meses, é recomendado que seja
como prurido, visão turva e fadiga. utilizado como um exame de acompanhamento e de
estratificação do controle metabólico. Tem a vanta-
No DM tipo 2, o início é insidioso e muitas gem de não necessitar de períodos em jejum para sua
vezes a pessoa não apresenta sintomas. Não infre- realização.
quentemente, a suspeita da doença é feita pela
presença de uma complicação tardia, como proteinu-
ria, retinopatia, neuropatia periférica, doença arterios-
clerótica ou então por infecções de repetição.
408
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
409
Pessoa com
Classe
diagnóstico de DM*
da ureia,
Derivados
farmacológica
Biguanidas
sulfonamidas
Glicemia >300 SIM
ou sintomas
importantes**
NÃO
genérica
MEV
Gliclazida
Gliclazida
Gliclazida
Metformina
Metformina
Cloridrato de
Cloridrato de
Denominação
Glibenclamida
SIM Atingiu metas
após 3 meses?
NÃO
5 mg
60mg
80 mg
30 mg
850 mg
500 mg
NÃO
Comprimido
Comprimido
Comprimido
Comprimido
Comprimido
Comprimido
de liberação
de liberação
SIM NÃO
Concentração Apresentação
de HbA1c HbA1c
FLUXOGRAMA DE TRATAMENTO DO DM TIPO 2
70-130 = manter
de 6 em 6 meses atingiu meta? 131-180 = aumentar 2U
>180 = aumentar 4U
Dose mínima
(dose inicial)
NÃO
320 mg
2.550 mg
2.550 mg
1–2
2–3
ao dia
410
Dose máxima Tomadas
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
411
INSULINAS DISPONÍVEIS NO SUS COMPLICAÇÕES AGUDAS E CRÔNICAS DO
DIABETES MELLITUS
Insulinas
Início Pico Duração Posologia Aspecto O diabetes mellitus (DM) não controlado pode
Ação rápida provocar, a longo prazo, disfunção e falência de
30 minutos antes vários órgãos, especialmente rins, olhos, nervos,
Regular 30 – 60min 2 – 3h 8 – 10h das refeições cristalino
1– 3x/dia
coração e vasos sanguíneos. Estudos epidemiológi-
Ação Intermediária cos sustentam a hipótese de uma relação direta e
NPH 2 – 4h 4 – 10h 12 – 18h
recomendar dose
turvo
independente entre os níveis sanguíneos de glicose e
noturna às 22h a doença cardiovascular. Também está associado ao
Todas as insulinas disponíveis no Brasil têm concentração de 100 unidades/ml.
aumento da mortalidade e ao alto risco de desenvolvi-
mento de complicações micro e macrovasculares,
As insulinas reduzem a HbA1c em até 3,0% bem como de neuropatias.
(GROSS et al., 2010), sendo as hipoglicemias o prin-
cipal limitante. O uso de insulina no estudo UKPDS As complicações do DM podem ser classifica-
reduziu eventos microvasculares e macrovasculares. das em complicações agudas (hipoglicemia, cetoaci-
Seu uso pode estar associado a ganho de peso, hipo- dose e coma hiperosmolar) e crônicas, como a retino-
glicemia e lipodistrofia. No entanto, a prevenção das patia, a nefropatia, e a neuropatia diabéticas.
hipoglicemias é realizada com a adequação da dose
de insulina à dieta e ao exercício e seu fracionamento
sempre que atingir 40 U/dia.
DESCOMPENSAÇÃO HIPERGLICÊMICA AGUDA
Para correção das hiperglicemias de jejum ou
pré-prandial, escolhe-se uma insulina basal (intermedi-
ária ou lenta), enquanto que, para tratamento da hiper- CETOACIDOSE
glicemia associada à refeição, seleciona-se uma insuli-
na de curta ação ou rápida. A introdução da insulina A cetoacidose diabética (CAD) é uma
NPH em dose única, antes de deitar, associada a anti- emergência endocrinológica decorrente da defici-
diabéticos orais costuma ser bem recebida pelos usu- ência absoluta ou relativa de insulina, potencial-
ários, tem o benefício de requerer menores doses de mente letal, com mortalidade em torno de 5%. A
insulina e reduz o risco de hipoglicemia. A dose inicial cetoacidose ocorre principalmente em pacientes
costuma ser de 10U de insulina NPH, ou 0,2U/kg com DM tipo 1, sendo, diversas vezes, a primeira
para as pessoas obesas, podendo ser reajustada em manifestação da doença. A pessoa com DM tipo
2U a 4U, conforme média de três glicemias capilares 2, que mantém uma reserva pancreática de insuli-
de jejum consecutivas, até atingir meta glicêmica. na, raramente desenvolve essa complicação. Os
principais fatores precipitantes são infecção, má
aderência ao tratamento (omissão da aplicação de
insulina, abuso alimentar), uso de medicações
hiperglicemiantes e outras intercorrências graves
(AVC, IAM ou trauma). Indivíduos em mau controle
glicêmico são particularmente vulneráveis a essa
complicação.
412
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
diurese. Se o paciente evoluir com sódio elevado (≥
150 mEq/L), deve-se prescrever solução salina
hipotônica de NaCl 0,45%, em média 10 a 14 mL/kg/h;
DIAGNÓSTICO caso contrário, pode-se administrar solução isotônica
de NaCl 0,9%. Durante a reposição volêmica inicial,
alguns posicionamentos oficiais recomendam o uso
de solução coloide em pacientes hipotensos. No
HISTÓRIA E EXAME FÍSICO entanto, a hipotensão ocorre por perda de solução de
eletrólitos; assim, a reposição fisiológica seria com
solução cristaloide.
O quadro clínico da CAD representa uma Com a função renal normal, ou seja, com
evolução lenta e progressiva dos sinais e sintomas débito urinário, inicia-se a infusão de 20 a 30 mEq/L
de DM descompensado, entre eles: poliúria, de cloreto de potássio (KCl) a 19,1% por hora, com a
proposta de manter o potássio sérico entre 4 e 5
polidipsia, perda de peso, náuseas, vômitos, sono- mEq/L. É importante comentar que esses pacientes,
lência, torpor e, finalmente, coma. Ao exame físico, principalmente se evoluírem com falência cardíaca ou
em consequência dos diferentes graus de acido- renal, devem ser continuamente monitorados, do
ponto de vista hemodinâmico, para prevenir a
se, observam-se hiperpneia e, em situações mais sobrecarga de líquidos.
graves, respiração de Kussmaul. Há desidratação
com pele seca e fria, língua seca, hipotonia dos Insulinoterapia
globos oculares, extremidades frias, agitação, Para corrigir a hiperglicemia e a acidose metabólica,
fácies hiperemiada, hipotonia muscular, pulso inicia-se a terapia com insulina. A insulina somente
rápido e pressão arterial variando de normal até deve ser iniciada se o potássio estiver > 3,3 mEq/L,
choque hipovolêmico. A intensificação da desidra- pelo risco de arritmias associado à hipopotassemia.
Nos episódios mais graves de CAD, a via de escolha
tação dificulta e torna doloroso o deslizamento dos consiste em infusão IV contínua de insulina regular,
folhetos da pleura e do peritônio, sendo possível sendo a dose, em média, de 0,1 U/kg/h. Em casos
observar defesa muscular abdominal localizada ou leves ou moderados, pode-se utilizar insulina regular
por via IM, a cada hora, ou análogo ultrarrápido por
generalizada, e o quadro de dor abdominal está via SC, a cada hora ou a cada 2 horas.
presente em até 51% dos casos. Em algumas
situações, são verificadas dilatação, atonia e Com a evolução do tratamento, quando a
estase gástrica com maior incidência de vômitos. concentração de glicose na CAD atingir 200 a 250
mg/dL, deve-se iniciar soro glicosado 5% associado à
O atraso no início do tratamento da acidose e da insulina regular IV contínua ou SC a cada 4 horas, até
desidratação pode evoluir com choque hipovolê- a resolução da CAD. Na prática, os critérios utilizados
mico e morte. para definir o controle laboratorial da CAD incluem
glicemias ≤ 200 mg/dL, bicarbonato sérico ≥ 15 mEq/L
e pH ≥ 7,3. Assim que o paciente conseguir
ACHADOS LABORATORIAIS alimentar-se e estiver bem controlado, dos pontos de
vista clínico e laboratorial, inicia-se insulinoterapia
basal com insulina humana de ação intermediária ou
com análogos de insulina de longa ação, em
A avaliação laboratorial inicial de pacientes associação a múltiplas injeções de insulina regular ou
com CAD deve incluir determinação de glicose a análogos de insulina ultrarrápidos antes das
plasmática, fósforo, ureia, creatinina, cetonemia e refeições.
eletrólitos, inclusive com cálculo do intervalo aniô- Bicarbonato
nico (anion gap), análise urinária, cetonúria, gaso-
metria, hemograma e eletrocardiograma. Quando A administração de bicarbonato de sódio
necessário, podem-se solicitar radiografia de tórax intravenoso de rotina não demonstrou melhora
clínica na resolução da acidose, na duração do plano
e culturas de sangue e urina. de tratamento e na mortalidade em pacientes com
CAD; ele, em geral, não é recomendado,
A CAD pode ser classificada em grave essencialmente em crianças. A recomendação do uso
de bicarbonato de sódio reserva-se a casos graves de
(quando evoluir com pH venoso < 7,0), moderada pacientes adultos com acidose e pH < 6,9. Caso seja
(pH entre 7,0 e 7,24) ou leve (pH entre 7,25 e indicado, a dose preconizada em adultos é de 50 a 100
7,30). mmol diluídos em solução isotônica de 400 mL para
reduzir o potencial risco de hipocontratilidade
cardíaca e arritmias.
TRATAMENTO
Fosfato
A hipofosfatemia leve é um achado comum e
Reposição de líquidos e de eletrólitos geralmente assintomático durante a terapia da CAD.
Não se indica reposição de sais de fosfato de rotina,
Para correção da desidratação, na ausência em parte devido ao risco de hipocalcemia, não
de comprometimento das funções cardíaca e renal, havendo evidências suficientes que de monstrem a
deve-se indicar infusão salina isotônica de cloreto melhora do prognóstico quando em comparação com
de sódio (NaCl) 0,9%, em média 15 a 20 mL/kg na o não uso.
primeira hora, buscando-se restabelecer a perfusão
periférica. A escolha subsequente de fluidos
dependerá da evolução dos eletrólitos séricos e da
413
SÍNDROME HIPEROSMOLAR HIPERGLICÊMICA hipoglicemia incluem idade avançada, abuso de
NÃO CETÓTICA álcool, desnutrição, insuficiência renal, atraso ou
omissão de refeições, exercício vigoroso, consumo
A síndrome hiperosmolar não cetótica é um excessivo de álcool e erro na administração de insuli-
estado de hiperglicemia grave (superior a 600 mg/dl na ou de hipoglicemiante oral.
a 800 mg/dL) acompanhada de desidratação e alte-
ração do estado mental, na ausência de cetose. A detecção precoce da hipoglicemia evita seu
Ocorre apenas no diabetes tipo 2, em que um mínimo agravamento. Para tanto é necessário identificar os
de ação insulínica preservada pode prevenir a ceto- sinais precoces como sudorese, cefaleia, palpitação,
gênese. A mortalidade é mais elevada que nos casos tremores ou uma sensação desagradável de apreen-
de cetoacidose diabética devido à idade mais eleva- são. Quando isso não ocorre, a cooperação da famí-
da dos pacientes e à gravidade dos fatores precipi- lia, amigos e colegas é fundamental; eles podem aler-
tantes. Os indivíduos de maior risco são os idosos, tar para um sinal de hipoglicemia quando esta ainda
cronicamente doentes, debilitados ou institucionaliza- não foi percebida pelo paciente. O tratamento preci-
dos, com mecanis- sa ser imediato, com pequena dose de carboidrato
mos de sede ou simples (10 g a 20g), repetindo-a em 15 minutos, se
acesso à água preju- necessário. Em geral, 10 g de carboidrato simples
dicados. Os fatores estão presentes em duas colheres de chá de açúcar,
precipitantes são 100 ml de suco de fruta ou duas balas.
doenças agudas
como AVC, IAM ou INSTRUÇÕES PARA O MANEJO DA HIPOGLICEMIA PELO
infecções, particular- PACIENTE, FAMÍLIA E SERVIÇO DE SAÚDE
mente a pneumonia,
Ingerir 10 g a 20 g de carboidrato de absorção
uso de glicocorticoi-
Paciente rápida; repetir em 10 a 15 minutos, se necessá-
des ou diuréticos,
rio.
cirurgia, ou elevadas
doses de glicose (por meio de nutrição enteral ou
parenteral ou, ainda, de diálise peritoneal) Se a pessoa não conseguir engolir, não forçar.
Amigo ou Pode-se colocar açúcar ou mel embaixo da
A prevenção da descompensação aguda que Familiar língua ou entre a gengiva e a bochecha e levá-lo
leva à síndrome hiperosmolar é semelhante àquela imediatamente a um serviço de Saúde.
apresentada em relação à cetoacidose diabética.
Se existirem sinais de hipoglicemia grave,
O tratamento não difere muito entre eles, administrar 25 mL de glicose a 50% via endove-
porém na síndrome hiperosmolar não cetótica geral- nosa em acesso de grande calibre, com veloci-
mente a necessidade de insulina é menor e, como dade de 3 ml/min e manter veia com glicose a
são pacientes idosos, necessita-se de heparinização. 10% até recuperar plenamente a consciência
Serviço de
A reidratação também deve ser menos intensa e feita ou glicemia maior de 60 mg/dL; manter então
Saúde
com cautela devido à possibilidade de doença cardía- esquema oral, observando o paciente enquanto
ca e/ou renal nestes pacientes. perdurar o pico da insulina; pacientes que
recebem sulfonilureias devem ser observados
por 48h a 72h para detectar possível recorrên-
HIPOGLICEMIA
cia.
Hipoglicemia é a diminuição dos níveis glicê- A hiperglicemia matinal persistente precisa ser
micos – com ou sem sintomas – para valores abaixo investigada como consequência de hipoglicemia
de 70 mg/dL. Os sintomas clínicos, entretanto, usual- noturna (efeito Somogyi). O diagnóstico diferencial
mente ocorrem quando a glicose plasmática é menor com o efeito do alvorecer (hiperglicemia matinal por
de 60 mg/dl a 50 mg/dl, podendo esse limiar ser mais deficiência de insulina, agravada pela secreção de
alto, para aqueles pacientes cujas médias de glice- hormônios contrarreguladores de madrugada) é
mias são elevadas, ou mais baixo para aqueles que necessário para definir a conduta adequada. O efeito
fazem tratamento intensivo e estão acostumados a Somogyi requer redução da dose ou revisão do horá-
glicemias mais baixas. rio de aplicação da insulina noturna; o efeito do alvo-
recer requer aumento da dose de medicação em uso
Geralmente, a queda da glicemia leva a sinto- e com frequência ajuste de horário da insulina notur-
mas neuroglicopênicos (fome, tontura, fraqueza, dor na. Para prevenção da hipoglicemia noturna, pode-se
de cabeça, confusão, coma, convulsão) e a manifes- orientar um lanche antes de dormir que contenha
tações de liberação do sistema simpático (sudorese, carboidratos, proteínas e gorduras, por exemplo, um
taquicardia, apreensão, tremor). Fatores de risco para copo de leite (300 mL).
414
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
Doença macrovascular:
As doenças isquêmicas cardiovasculares são
mais frequentes e mais precoces em indivíduos com
diabetes, comparativamente aos demais. Em mulheres
com diabetes, o efeito protetor do gênero feminino
desaparece.
415
uma vez que existe intervenção efetiva. No DM tipo 1, o mina/ creatinina ou apenas a concentração de albu-
rastreamento deve ser realizado em adultos ou crian- mina. Todo teste de microalbuminúria anormal deve
ças maiores de dez anos após cinco anos de diagnósti- ser confirmado em duas de três amostras coletadas
co do diabetes. No DM tipo 2, o rastreamento deve em um intervalo de três a seis meses, devido à varia-
iniciar no momento do diagnóstico. A periodicidade do bilidade diária da excreção urinária de albumina.
rastreamento é importante para garantir a relação de
custo-efetividade da intervenção preventiva, sugere-se Neuropatia diabética:
que este rastreamento seja realizado anualmente. Na
presença de retinopatia, o intervalo de avaliações é Apresenta um quadro variado, com múltiplos
determinado caso a caso, mas é recomendado que sinais e sintomas, dependentes de sua localização
seja realizado com maior frequência. em fibras nervosas sensoriais, motoras e/ou autonô-
micas. A neuropatia pode variar de assintomática até
Outras alterações oculares: fisicamente incapacitante. O controle glicêmico estri-
to previne a neuropatia clínica. Estudo em pacientes
Além da retinopatia e edema macular, outras com diabetes tipo 1 mostrou redução de 64% na
doenças oculares são encontradas com maior frequên- incidência de neuropatia clínica.
cia no diabetes, como a catarata e o glaucoma de
ângulo aberto. Pode haver também oftalmoplegia, com
paralisia de músculos extraoculares, envolvendo o Fontes:
terceiro, o quarto e o sexto pares cranianos. Em casos http://www.diabetes.org.br/profissionais/images/2017/diretrizes/diretri
de paralisia, deve ser feito o diagnóstico diferencial
zes-sbd-2017-2018.pdf
com outras neuropatias e mesmo com AVC. A paralisia
http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/caderno_36.pdf
geralmente regride em alguns meses. Caso isso não
ocorra em seis meses, é provável que a causa não seja
o diabetes.
Nefropatia diabética:
É uma complicação microvascular do diabetes
associada com morte prematura por uremia ou proble-
mas cardiovasculares. É a principal causa de doença
renal crônica em pacientes que ingressam em serviços
de diálise.
416
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
SINDROME METABÓLICA
A
Síndrome Metabólica (SM) é um transtorno Outros exames laboratoriais adicionais pode-
complexo representado por um conjunto de rão ser realizados para melhor avaliação do risco
fatores de risco cardiovascular usualmente cardiovascular global, tais como: colesterol total,
relacionados à deposição central de gordura e LDL-colesterol, creatinina, ácido úrico, microalbu-
à resistência à insulina. É importante destacar a asso- minúria, proteína C reativa, TOTG (glicemia de jejum e
ciação da SM com a doença cardiovascular, aumen- após duas horas da ingestão de 75g de dextrosol),
tando a mortalidade geral em cerca de 1,5 vezes e a eletrocardiograma. A presença de LDL aumentado
cardiovascular em cerca de 2,5 vezes. não faz parte dos critérios diagnósticos da síndrome
metabólica, porém, frequentemente, os pacientes
Apesar de não fazerem parte dos critérios diag- portadores de resistência à insulina e síndrome meta-
nósticos da síndrome metabólica, várias condições bólica apresentam aumento da fração pequena e
clínicas e fisiopatológicas estão frequentemente a ela densa do LDL colesterol que tem um potencial
associadas, tais como: síndrome de ovários policísti- aterosclerótico maior.
cos, acanthosis nigricans, doença hepática gordurosa
não-alcoólica, microalbuminúria, estados pró-trombóti-
cos, estados pró-inflamatórios e de disfunção endote-
lial e hiperuricemia.
Diabetes, IGT ou
> 100 mg/dL ou
Glicemia resistência por > 110 mg/dL
diabetes
clamp à insulina
PREVENÇÃO PRIMÁRIA
> 150 mg/dL ou
> 150 mg/dL ou > 150 mg/dL ou
Triglicéri- tratamento de
tratamento de tratamento de De acordo com a Organização Mundial de
des dislipidemia** dislipidemia dislipidemia Saúde, os fatores de risco mais importantes para a
morbimortalidade relacionada às doenças crônicas
não-transmissíveis (DCNT) são: hipertensão arterial
< 35 em H e < < 40 em H e < 50 < 40 em H e < 50 sistêmica, hipercolesterolemia, ingestão insuficiente
mg/dL em M ou mg/dL em M ou
HDL-c 39mg/dL em M ou
tratamento de
de frutas, hortaliças e leguminosas, sobrepeso ou
tratamento de
tratamento de
dislipidemia dislipidemia
obesidade, inatividade física e tabagismo. Cinco
dislipidemia** desses fatores de risco estão relacionados à alimen-
tação e à atividade física e três deles têm grande
PAS ≥ 140 mmHg PAS ≥ 130 mmHg PAS > 130 mmHg
ou PAD ≥ 85
impacto no aparecimento da Síndrome Metabólica
ou PAD ≥ 90 ou PAD ≥
Pressão mmHg ou 85mmHg ou mmHg ou
(SM). A predisposição genética, a alimentação inade-
arterial tratamento de HAS tratamento de HAS tratamento de quada e a inatividade física estão entre os principais
HAS fatores que contribuem para o surgimento da SM,
cuja prevenção primária é um desafio mundial con-
OMS: Organização Mundial da Saúde; IDF: International Diabetes Federation; NCEP: temporâneo, com importante repercussão para a
National Cholesterol Education Program; RCQ: relação cintura-quadril; IMC: índice de saúde. Destaca-se o aumento da prevalência da obe-
massa corporal; CA: circunferência abdominal; IGT: intolerância à glicose; H: homens; M: sidade em todo o Brasil e uma tendência especial-
mulheres; HDL-c: colesterol da lipoproteína de alta densidade; PAS: pressão arterial mente preocupante do problema em crianças em
sistêmica; PAD: pressão arterial diastólica; HAS: hipertensão arterial sistêmica. idade escolar, em adolescentes e nos estratos de
* Dois fatores e, obrigatoriamente, o componente assinalado. mais baixa renda. A adoção precoce por toda a popu-
** Triglicérides elevados ou HDL baixo constituem apenas um fator pela OMS.
lação de estilos de vida relacionados à manutenção
† Componente obrigatório.
da saúde, como dieta adequada e prática regular de
‡ Presença de três ou mais dos componentes citados.
atividade física, preferencialmente desde a infância, é
componente básico da prevenção da SM.
417
TRATAMENTO NÃO-MEDICAMENTOSO DA
A alimentação adequada deve:
SÍNDROME METABÓLICA
• Permitir a manutenção do balanço
energético e do peso saudável; A realização de um plano alimentar para a
redução de peso, associado a exercício físico são
• Reduzir a ingestão de calorias sob a forma considerados terapias de primeira escolha para o
de gorduras, mudar o consumo de gorduras tratamento de pacientes com síndrome metabólica.
saturadas para gorduras insaturadas, reduzir o Está comprovado que esta associação provoca a
consumo de gorduras trans (hidrogenada) redução expressiva da circunferência abdominal e a
gordura visceral, melhora significativamente a sensibi-
• Aumentar a ingestão de frutas, hortaliças, lidade à insulina, diminui os níveis plasmáticos de
leguminosas e cereais integrais; glicose, podendo prevenir e retardar o aparecimento
de diabetes tipo 2. Há ainda, com essas duas inter-
• Reduzir a ingestão de açúcar livre; reduzir a
ingestão de sal (sódio) sob todas as formas.
venções, uma redução expressiva da pressão arterial
e nos níveis de triglicérides, com aumento do HDL-
-colesterol.
TRATAMENTO MEDICAMENTOSO DA
HIPERTENSÃO ARTERIAL
O tratamento medicamentoso da hipertensão
arterial na síndrome metabólica tem como objetivo
reduzir a morbidade e a mortalidade cardiovascular e
renal, além de prevenir o agravamento metabólico.
Esses benefícios podem ser alcançados em pacien-
tes tratados com diuréticos, inibidores adrenérgicos,
inibidores da enzima conversora da angiotensina
(IECA), antagonistas do receptor AT1 da angiotensi-
na II (BRA), antagonistas de canais de cálcio e vaso-
dilatadores diretos. Entretanto, ao término de grande
parte dos estudos que avaliaram o controle da pres-
são arterial (PA), a maioria dos pacientes utilizou
A atividade física é determinante do gasto de associação dos hipotensores. Sendo a síndrome
calorias e fundamental para o balanço energético e metabólica constituída de inúmeros fatores de risco
controle do peso. A atividade física regular ou o exercí- cardiovascular, deve-se considerar o tratamento
cio físico diminuem o risco relacionado a cada compo- farmacológico da hipertensão arterial nela presente a
nente da SM e trazem benefícios substanciais também partir de 140/ 90mmHg ou 130/85mmHg na presen-
para outras doenças (câncer de cólon e câncer de ça de diabetes mellitus.
mama).
Diante de lesão renal com proteinúria acima de
Baixo condicionamento cardiorrespiratório, 1g/dia, devem-se reduzir os níveis tensionais a cifras
pouca força muscular e sedentarismo aumentam a inferiores a 120mmHg/75mmHg, sendo que o esque-
prevalência da SM em três a quatro vezes. O exercício ma terapêutico deve incluir compulsoriamenteum
físico reduz a pressão arterial, eleva o HDL-colesterol e bloqueador do sistema renina-angiotensina.
melhora o controle glicêmico. Com duração mínima de
30 minutos, preferencialmente diário, incluindo exercí- TRATAMENTO MEDICAMENTOSO DO
cios aeróbicos e de fortalecimento muscular, o exercí-
cio físico previne a SM em uma relação dose-efeito DIABETES MELLITUS
apropriada para o grupo etário. Quando os pacientes com hiperglicemia não
respondem ou deixam de responder adequadamente
A melhora de hábitos de vida deve contemplar às medidas não-medicamentosas, devem ser inseri-
a redução do tempo de lazer passivo (televisão, jogos dos um ou mais agentes antidiabéticos, com a finali-
eletrônicos, atividades em computadores etc. O taba- dade de controlar a glicemia e promover a queda da
gismo deve ser agressivamente combatido e elimina- hemoglobina glicada.
do, pois eleva o risco cardiovascular. Programas edu-
cativos que abordem as medidas preventivas em esco-
las, clubes, empresas e comunidades podem contri- ESCOLHA DO MEDICAMENTO
buir para a prevenção da SM.
A escolha do medicamento vai depender dos
valores das glicemias no jejum e pós-prandial da
hemoglobina glicada, do peso, da idade, de compli-
cações e doenças associadas. Ainda, as possíveis
418
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
COMBINAÇÃO DE DROGAS
419
METAS LIPÍDICAS NA SÍNDROME METABÓLICA
LDL-C (mg/dL) < 160* < 130 < 100 < 70**
(< 100)**
HDL-C (mg/dL) > 40 > 40 > 40 >40
(> 45 se DM) (> 45 se DM)
TG (mg/dL) < 150 < 150 < 150 < 150
1
Há dois esquemas de titulação da Niacina:
1. Recomenda-se iniciar com 500 mg durante um mês, dobrando-se para 1 g por mais um mês, em seguida aumentar para 1.500 mg por mais quatro semanas e
finalmente atingir a dose de 2 g/dia.
2. Iniciar com 375 mg, aumentando-se para 500 mg na segunda semana, para 750 mg na terceira semana e 1 g na quarta semana. Após um mês, recomenda-se elevar
a dose para 1.500 mg e posteriormente para 2 g. A ingestão deve ser noturna para minimizar o efeito do “flushing ”. O “ flushing” pode ser diminuído pela ingestão de
aspirina ou antiinflamatórios não-hormonais 30 minutos antes. A niacina cristalina não está disponível no Brasil; as doses máxi mas são de 3 g – 4 g/dia e devem ser
administradas três vezes ao dia.
* dose ainda não disponível no Brasil em novembro de 2004
420
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
TRATAMENTO CIRÚRGICO
O tratamento cirúrgico da obesidade tem
como objetivo diminuir a entrada de alimentos no
tubo digestivo (cirurgia restritiva), diminuir a sua
absorção (cirurgia disabsortiva) ou ambos (cirurgia
mista). Os critérios para a realização das cirurgias
bariátricas foram definidos em março de 1991, pelo
US National Institute of Health Consensus Develop-
ment Conference Pane:
421
OSTEOPOROSE
A
osteoporose é uma doença osteometabólica familiar. A doença pode ser classificada, com base
caracterizada por diminuição da massa óssea e em sua etiologia, em primária e secundária. A primá-
deterioração da microarquitetura do tecido ria, que é a forma mais comum, é diagnosticada na
ósseo com consequente aumento da fragilidade ausência de doenças ou está relacionada a outras
óssea e da susceptibilidade a fraturas. As complica- condições que levem à diminuição da massa óssea. A
ções clínicas da osteoporose incluem não só fraturas, secundária é diagnosticada quando a diminuição de
mas também dor crônica, depressão, deformidade, massa óssea é atribuída a outra doença ou está rela-
perda da independência e aumento da mortalidade. cionada ao uso de medicamentos.
Estima-se que cerca de 50% das mulheres e 20%
dos homens com idade igual ou superior a 50 anos
sofrerão uma fratura osteoporótica ao longo da vida.
A definição clínica baseia-se tanto na evidência de
fratura como na medida da densidade mineral óssea,
por meio de densitometria óssea (DMO), expressa em
gramas por centímetro quadrado. A National Osteo-
porosis Foundation – NOF , fundação norte-america-
na de estudo sobre a osteoporose, caracteriza esta
doença pelo aumento da fragilidade óssea e pelo
risco de fratura, especialmente no que se refere a CRITÉRIOS DENSITOMÉTRICOS DA ORGANIZAÇÃO
fraturas em coluna vertebral e quadril. MUNDIAL DA SAÚDE
CATEGORIA ESCORE T
A Organização Mundial da Saúde (OMS)
define a osteoporose como uma condição em que a Normal Até -1
densidade mineral óssea é igual ou inferior a 2,5 des-
vios padrão abaixo do pico de massa óssea encontra- Entre -1 e -2,5
Osteopenia
da no adulto jovem, e a osteopenia ou baixa massa
óssea como uma condição em que a densidade mine-
Igual ou inferior a -2,5
ral óssea encontra-se entre 1 a 2,5 desvios padrão Osteoporose
abaixo do pico de massa óssea encontrada no adulto
jovem. Assim, o número de desvios padrão abaixo do Osteoporose Igual ou inferior a -2,5 associada a fratura por
estabelecida fragilidade óssea
normal, também conhecido como escore T, deve ser
usado para definir a doença. Osteoporose grave ou * Critérios estabelecidos para coluna lombar, colo do fêmur ou terço médio do
rádio.
estabelecida, segundo a NOF, se refere a uma condi-
ção em que a densidade mineral óssea encontra-se
A DMO está indicada nos seguintes casos:
abaixo de 2,5 desvios padrão, acompanhada de pelo
menos uma fratura por fragilidade óssea. • Mulheres com idade igual ou superior a 65
anos e homens com idade igual ou superior a 70 anos,
independentemente da presença de fatores de risco;
A osteoporose é uma das principais causas de
morbidade e mortalidade em idosos. A dificuldade e o • Mulheres na pós-menopausa e homens com
idade entre 50 e 69 anos com fatores de risco para
alto custo do tratamento para o sistema de saúde fratura;
tornam pertinente o desenvolvimento de métodos • Mulheres na perimenopausa, se houver
capazes de identificar o grupo de maior risco para que fatores de risco específicos associados a um risco
sejam implantadas medidas preventivas de fraturas aumentado de fratura, tais como baixo peso corporal,
fratura prévia por pequeno trauma ou uso de
osteoporóticas. medicamento(s) de risco bem definido;
• Adultos que sofrerem fratura após os 50
A possibilidade de rastreamento populacional anos;
amplo e aleatório com DMO é afastada em razão de
seu baixo poder preditivo e de seu alto custo. • Indivíduos com anormalidades vertebrais
radiológicas; e
Entre os fatores de risco para o desenvolvi- • Adultos com condições associadas a baixa
massa óssea ou perda óssea, como artrite
mento da osteoporose destacam-se: idade, sexo, reumatoide ou uso de glicocorticoides na dose de 5
índice de massa corporal, estilo de vida e história mg de prednisona/dia ou equivalente por período
igual ou superior a 3 meses.
422
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
TRATAMENTO MEDICAMENTOSO
423
O tratamento da osteoporose deve ser manti-
sobre a segurança (aumento do risco de eventos do por 5 anos. Para pacientes em uso de alendrona-
cardiovasculares) da suplementação de cálcio não to, com piora da massa óssea à DMO ou com escore
foram confirmadas. No entanto, considera-se razoável T até -3,5, pode ser estendido por mais tempo, porém
que o aporte da quantidade diária recomendada se não há evidências clinico-epidemiológicas consisten-
faça primariamente por meio da dieta sempre que pos- tes nesse sentido, sendo obrigatória a individualiza-
sível, principalmente na presença de doença cardio- ção da conduta. O tratamento da osteoporose tem
vascular. A vitamina D influi não só na absorção do por objetivo reduzir a incidência de fraturas osteopo-
cálcio e na saúde óssea como também no desempe- róticas vertebrais, não vertebrais e de quadril bem
nho muscular, equilíbrio e risco de queda. Recomenda- como as complicações delas advindas.
-se a ingestão diária de 800-1.000 UI de vitamina D
para adultos com 50 anos ou mais. Com essa dose,
alguns estudos mostraram redução de fraturas de qua- Fontes:
dril e não vertebrais, especialmente na população com http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/protocolos_clinicos_diretriz
risco aumentado de quedas, como idosos frágeis insti- es_terapeuticas_v3.pdf
tucionalizados. A vitamina D pode ser encontrada no
leite fortificado e em cereais, ovos, peixe de água
salgada e fígado. A exposição solar da face, tronco e
braços antes das 10 horas ou após as 16 horas por no
mínimo 15 minutos, 2-4 vezes por semana, também é
recomendada, salvo por contraindicação dermatológi-
ca. A reposição de vitamina D pode ser feita por meio
da administração da vitamina (colecalciferol) ou de
seus análogos, como o calcitriol. O calcitriol, metaboli-
to ativo da vitamina D, não é depositado no organismo,
o que explica sua meia-vida mais curta, quando com-
parado ao colecalciferol e ao ergocalciferol.
ESQUEMAS DE ADMINISTRAÇÃO
424
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
TRATAMENTO
425
ca com glucocorticóides, ao conduzir à insuficiência
FÁRMACOS supra-renal aguda, podem colocar em risco a vida do
próprio doente. O diagnóstico de insuficiência supra-
-renal secundária geralmente é encontrada na 6ª
Glicocorticoides
década. A prevalência é maior entre doentes do sexo
• Dexametasona: elixir 0,1 mg/ml; comprimido de 4 feminino .
mg; solução injetável de 4 mg/ml
• Prednisona: comprimidos de 5 e 20 mg Na insuficiência supra-renal secundária os
• Prednisolona: solução oral de 1,34 mg/ml sintomas são semelhantes e, apesar de a função
mineralocorticóide se encontrar preservada, pode
• Hidrocortisona: solução injetável de 100 e 500 mg existir hiponatremia e hipovolemia por secreção
inapropriada de vasopressina ou pelo défice de corti-
Mineralocorticoide sol . A hipotensão postural é menos frequente do que
• Fludrocortisona: comprimido de 0,1 mg na insuficiência supra-renal primária, no entanto a
hipoglicemia é mais comum. Na insuficiência supra-
-renal secundária não existe hiperpigmentação dado
GLICOCORTICOIDES USADOS NO TRATAMENTO
que a secreção de pró-opiomelanocortina (POMC)
DA INSUFICIÊNCIA ADRENAL PRIMÁRIA
não está aumentada. Podem ainda existir manifesta-
ções clínicas associadas a tumor da hipófise ou do
Dose-equiva-
lente em
Dose-equiva-
lente em
hipotálamo, assim como sinais e sintomas de defici-
Via de
Esteroide
crianças adultos
Dose ao
dia
Meia-vida
(horas)15 administração ência de outras hormonas hipofisárias, cefaleias ou
(mg/m²/dia)²³ (mg/dia)15
alterações visuais.
Hidrocortisona 10 - 18 20 2-4 12 IV, IM
Manifestações clínicas sugestivas de
insuficiência suprarrenal secundária:
Prednisona 2,5 - 4 5 1 12 - 36 VO
· Palidez (sem anemia marcada)
· Estigmas de hipercortisolismo (corticoterapia
Prednisolona 2-3 5 1 12 - 36 VO prévia)
· Sintomas de hipopituitarismo (hipogonadismo,
Dexametasona hipotiroidismo, atraso de crescimento)
0,27 0,7 1 > 48 IV, IM, VO
· Sintomas compressivos (cefaleias, alterações
visuais)
426
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
HIPOTIREOIDISMO
H
ipotireoidismo é definido como um estado clínico A biossíntese dos hormônios da tireoide tem
resultante de quantidade insuficiente ou ausência na enzima tireoperoxidase (TPO) uma função chave
de hormônios circulantes da glândula tireoide, de catalisar importantes reações. Mutações no gene
denominados T4 (tiroxina) e T3 (tri-iodotironina), relacionado a esta enzima são considerados a princi-
para suprir uma função orgânica normal. pal causa de HC por disormonogênese.
A forma mais prevalente é a doença hipotireoi- O hipotireoidismo primário pode ser perma-
diana primária, denominada de hipotireoidismo primá- nente ou transitório. Cerca de 85% do HP permanen-
rio, que é uma deficiência hormonal causada devido a te é decorrente de defeitos na formação glandular
incapacidade parcial ou total da glândula tireoide de durante a embriogênese e é denominado disgenesia
produzir os hormônios tireoidianos. No entanto, o tireoidiana. Por outro lado, defeitos genéticos no
hipotireoidismo pode se apresentar de outras manei- desenvolvimento e função da hipófise podem resultar
ras, como o hipotireoidismo congênito, central e sub- em várias formas de deficiência características do
clínico. hipotireoidismo central. O hipotireoidismo central
ocorre por deficiência de hormônios tireoidianos por
O hipotireoidismo congênito é a causa mais falta de estímulo do TSH hipofisário ou do TRH (hor-
comum de retardo mental passível de prevenção. Ele mônio liberador da tireotrofina) hipotalâmico.
resulta da deficiência dos hormônios tireoidianos,
fundamentais na organogênese do sistema nervoso O hipotireoidismo subclínico ou doença tireo-
central até os dois anos de vida, quando estimulam o diana mínima é definido pela elevação do nível sérico
crescimento dos dendritos e axônios, além de contri- do TSH, acima do limite superior da normalidade,
buírem para a formação do córtex cerebral anterior, associada a níveis normais de tiroxina livre (T4L).
hipocampo, córtex auditivo e cerebelo. Outro trabalho relata que o hipotireoidismo subclínico
é uma disfunção caracterizada por valor sérico
Geralmente este tipo de hipotireoidismo é aumentado do TSH com concentrações normais de
decorrente de defeitos na formação glandular durante T4 e T3, na ausência de sintomas clínicos manifestos.
a embriogênese e evidências sugerem que mutações Esta entidade já foi denominada de hipotireoidismo
nos fatores de transcrição (TTF2, TTF1 e PAX-8) préclínico, diminuição da reserva da tireoide ou mixe-
muitas vezes são os responsáveis pela doença. A falta dema pré-clínico. A prevalência do hipotireoidismo
de estímulo do TSH (hormônio estimulador da tireoi- subclínico varia com a idade e o sexo da população
de) na glândula tireoide leva a ocorrência da doença, selecionada de 2,5 a 10,4% e, quando acompanhado
motivada por má formação ou disfunção hipofásica ou de valores elevados de anticorpos anti-tiroideanos o
hipotalâmica. Ocorre geralmente por dishormogênese risco de progressão para hipotireoidismo a clínica
da glândula tireoide, por defeito no transportador de aumenta em 5% ao ano. Incide mais no sexo feminino
iodeto na membrana basal e/ou apical, defeitos na e, principalmente, em pacientes com mais de 60 anos
síntese da TG ou defeitos na organificação do iodeto. de idade, podendo alcançar índices de 15%.
427
devem ser diferenciados em faixas etárias mais avan-
çadas.
428
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
DIAGNÓSTICO
TRATAMENTO
Fontes:
http://www.fmpfm.edu.br/intercienciaesociedade/colecao/online/v3_n2
/4_hipotireoidismo.pdf
http://www.scielo.br/pdf/abem/v57n3/v57n3a06.pdf
429
INJURIA RENAL AGUDA
A
Injúria Renal Aguda (IRA) é caracterizada pela
redução abrupta da função renal por meio do
aumento da creatinina sérica de 0.3mg/dl em 48
horas; ou elevação de 1,5 a 1,9 vezes do valor
basal da creatinina sérica em 7 dias; ou redução do
fluxo urinário 0,5ml/kg/h no período de 6-12 horas.
Principais queixas: Pode se manifestar desde um • IRA pós-renal (< 5%): Obstrução aguda do trato
mal-estar inespecífico até a síndrome urêmica, urinário.
sobrepostos aos sinais da doença de base:
430
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
cia de quadro agudo, suspeitar de: IRA pré-renal;
EXAMES LABORATORIAIS obstrução urinária (pós-renal); nefrocalcinose;
mieloma múltiplo. Se em vigência de quadro
crônico, suspeitar de: nefropatia isquêmica;
Ureia e creatinina sérica: A estimativa da nefroesclerose hipertensiva; doença cardiorenal
função renal com base na creatinina sérica não apre- ou hepatorenal; obstrução urinária.
senta boa correlação com a taxa de filtração glomeru-
lar, visto que, na fase aguda, a taxa de filtração • Excreção urinária de sódio: Reflete direta-
glomerular (TFG) encontra-se em constante piora, e, mente a integridade da função de reabsorção
portanto, a dosagem da creatinina sérica superestima tubular. Quando diminuído (< 10 mEq/L), indica
a TFG. Já na fase de recuperação da função renal, a preservação da reabsorção tubular e dos meca-
creatinina sérica subestima a TFG, visto que a mesma nismo de retenção de sódio (sistema renina-an-
se encontra em constante melhora. Ainda assim, giotensina-aldosterona), como na IRA pré-renal.
observar o comportamento evolutivo da creatinina e da Quando aumentado (> 20 mEq/L), indica com-
ureia é fundamental para o manejo do tratamento e prometimento da reabsorção tubular como na IRA
para considerar indicação dialítica. intrínseca.
Relação Ureia/Creatinina séricas: Rela- • Fração de excreção de sódio (FENa): O
ção > 40 sugere IRA pré-renal, enquanto relação < 15 cálculo da fração de excreção de sódio também
sugere IRA intrínseca. reflete a reabsorção tubular, sendo até mais fide-
digno por levar em consideração o volume de
• Eletrólitos: Muito variados, na dependência urina. A FENa é calculada como uma razão do
do grau de comprometimento renal e do uso de clearance sódio pelo clearance de creatinina.
diuréticos. Os distúrbios mais comuns são: hiper- Geralmente, a FENa é menor que 1% na IRA
calemia; hiponatremia; hipocalcemia; hipermagne- pré-renal e maior que 1% na IRA intrínseca (> 2%
semia; hiperfosfatemia. usualmente indica necrose tubular aguda). Sua
principal limitação é em pacientes que fizeram o
• Gasometria Arterial: Pode demonstrar a uso de diuréticos. (“CALC”)
presença de acidose metabólica (sinal de gravida-
de). • Fração de excreção de ureia (FEUr): Cor-
robora a interpretação da fração de excreção de
• Urinálise (EAS ou urina tipo 1): Além de sódio, não sendo afetada pelo uso de diuréticos.
evidenciar a presença de hematuria e proteinuria Da mesma maneira, é calculada como a razão
(por método semi-quantitativo), pode sugerir o entre o clearance de ureia e o clearance de creati-
diagnóstico etiológico com base nas característi- nina. Geralmente, a FEUr é menor que 35% na
cas da sedimentoscopia: IRA pré-renal. (“CALC”)
431
4. Tome precauções extremas contra processos
IRA Intrínseca: infecciosos. Evite antibioticoterapia desnecessária,
quebras da barreira cutâneo-mucosa (sondas, catete-
• Necrose tubular aguda: Isquemia secundária a res, etc) e pesquise cuidadosamente a presença de
hipoperfusão renal mantida; toxinas e medicamentos focos infecciosos. A maior causa de mortalidade em
(aminoglicosídeos, anfotericina B, cisplatina,
ciclosporina, AINE, contraste radiológico);
pacientes com IRA é septicemia.
rabdomiólise; hiperuricemia e cadeia leve de
imunoglobulina (mieloma múltiplo); 5. Nutra o paciente. Tente obter o balanço nitrogena-
do menos negativo possível através da administração
• Nefrite intersticial aguda: Medicamentos de uma relação calórico/protéica adequada. Evite
(penicilinas, cefalosporinas, AINE, diuréticos); doenças restrições alimentares severas. Se a sobrecarga de
autoimunes; pielonefrite; doenças infiltrativas
(linfomas, sarcoidose e leucemias); volume for um problema não contornável clinicamen-
te, inicie diálise precocemente ou a intensifique.
• Doenças vasculares: Vasculites;
microangiopatias (síndrome hemolítico-urêmica,
púrpura trombocitopênica trombótica); estenose de TRATAMENTO DIALÍTICO - INDICAÇÕES
artérias renais;
DE DIÁLISE NA IRA
• Glomerulopatia: Glomerulonefrite
rapidamente progressiva (pós-infecciosa, Existem situações onde o tratamento dialítico
membranoproliferativa, idiopática, LES, Wegener, (hemodiálise, diálise peritoneal e hemofiltração) é
Goodpasture e outras). emergencial por haver um risco iminente para a vida
IRA Pós-renal: do paciente. Entretanto, a melhor conduta é prevenir
a necessidade de diálise de urgência pela prática da
• Ureteral: Obstruções intrínsecas (coágulo, indicação precoce de diálise antes do surgimento do
infecções e cálculos); obstruções extrínsecas (fibrose quadro de uremia franca e/ou de complicações clíni-
retroperitoneal, tumores); cas, metabólicas e eletrolíticas.
• Vesical: Cálculos, coágulos, câncer de bexiga,
bexiga neurogênica; As principais indicações dialíticas são:
432
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
V-V (veno-venosa)
Fontes:
https://pebmed.com.br/diagnostico-em-injuria-renal-aguda-conduta-me
dica-em-medicina-interna/
http://www.jbn.org.br/details/1203/pt-BR/insuficiencia-renal-aguda
433
DOENÇA RENAL CRÔNICA
A
Doença Renal Crônica (DRC) é um conjunto de
A CLASSIFICAÇÃO DA DRC É DIVIDIDA EM
alterações clínicas e laboratoriais causadas por
agressão persistente e irreversível ao rim. Ela 5 ESTÁGIOS FUNCIONAIS
decorre de diversas condições clínicas, sendo
ESTÁGIO DE TAXA DE FILTRAÇÃO GLOMERULAR
hipertensão e diabetes as principais causas de
FUNÇÃO RENAL (mL/min/1,73m²)
doença renal terminal. É uma doença com repercus-
sões globais, que pode ser identificada em sua fase
inicial com exames de baixo custo e, assim, possibili- 1 > 90 com proteinúria
tar a prevenção de sua evolução.
2 60 a 89 com proteinúria
3a 45 a 59
3b 30 a 44
4 15 a 29
5 < 15 ou em diálise
434
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
Outras alterações sugestivas de dano renal
gastrite, hemorragia, diarreia e hálito urêmico.
são: presença de cilindros patológicos, hematúria e
alterações de exames de imagem. No sedimento • Cardiovascular ou pulmonar: hipertensão
urinário pode-se observar a presença de cilindros resistente ao tratamento, dispneia, tosse, arritmia e
patológicos: leucocitários, hemáticos, epiteliais, edema.
granulosos, céreos, largos e graxos.
• Metabólico e Endocrinológico: Perda de peso,
acidose metabólica, hiperuricemia, hipercalemia,
A presença de cilindros hialinos não é tipica- galactorreia, diminuição de libido, impotência.
mente patológica, podendo ocorrer por alterações
fisiológicas. A presença de hematúria em exame • Hematológico: anemia e sangramento.
comum de urina (EAS/EQU ou urina tipo1) deve ser • Urinário: noctúria e oligúria.
comprovada com nova coleta após 8 semanas.
Persistindo a alteração, deve-se excluir causas • Redução da TFG < 60ml/min/1,73m2
glomerulares, por meio da avaliação de hemácias
dismórficas (o exame é positivo com a presença de
mais de 70% de eritrócitos dismórficos na amostra)
ou causas anatômicas (como nefrolitíase).
435
ml/min. Deve-se atentar para desnutrição desses
pacientes. PRINCIPAIS COMPLICAÇÕES ASSOCIADAS
A PERDA DE FUNÇÃO RENAL
5. Vacinações: Influenza (anualmente), Pneumococo
(realizar uma dose e um reforço em 5 anos) e Hepatite Anemia:
B (avaliar se paciente foi vacinado e se houve resposta
sorológica. A vacina contra hepatite B no paciente A incidência de anemia aumenta com o declí-
com DRC deve ser aplicada em dose dupla nos nio da função renal e em pacientes com estágios
meses 0, 1, 2 e 6 para pacientes com anti-HBs < 10 mais avançados de DRC.
UI/mL. Deve-se repetir o esquema para os não
respondedores e realizar novo anti-HBs em 2 meses
após a última dose. Em pacientes no estágio 4 e 5 A definição de anemia:
deve-se reavaliar o anti-HBs anualmente e se valores
se tornarem inferiores a 10 ui/mL, revacinar ). Hemoglobina < 13g/dl em homens e < 12g/dl em
6. Prevenir ou tratar rapidamente distúrbios hemodinâ- mulheres.
micos evitando desidratação (diarreia, vômito, uso
excessivo de laxantes ou diuréticos) ou episódios de Medir níveis hematimétricos:
hipotensão arterial.
7. Controle pressórico com valores menores que • se TFG ≥ 60ml/min/1,73m2 – quando clinica-
140/90. mente indicado.
8. Controle glicêmico nos diabéticos, com valores de • anualmente em TFG entre 30-59ml/min/1,73m².
hemoglobina glicada em torno de 7%. Alvo menos
rigoroso pode ser considerado em pacientes com
hipoglicemias frequentes, início tardio do diabetes, • 2 vezes ao ano em pacientes com TFG < 30ml/-
doença micro ou macrovascular avançada e em min/1,73m².
idosos.
436
CLÍNICAMÉDICA
CLÍNICA MÉDICA
437
leucocitúria na urina tipo 1. Já em mulheres idosas ou
diabéticas, a investigação com urocultura é necessá-
O aspecto da urina pode também trazer infor- ria, o tempo de uso dos agentes deve ser prolongado
mações valiosas: urina turva (pela presença de piúria) (10 a 14 dias) e a ciprofloxacina 500 mg VO de
e/ou avermelhada (pela presença de sangue), causada 12/12 h passa a fazer parte das opções terapêuticas.
por cálculo e/ou pelo próprio processo inflamatório. Em gestantes com cistite de origem comunitária,
algumas contraindicações relativas a determinados
antimicrobianos promovem uma redução significativa
com relação às drogas potencialmente utilizáveis. As
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL possibilidades terapêuticas disponíveis para a ges-
tante são antibióticos beta-lactâmicos, nitrofurantoína
O termo bacteriúria refere-se à presença de e fosfomicina.
bactérias na urina, sem invasão tecidual. Na ITU ocorre
Quando a cistite ocorre em pacientes do sexo
invasão tecidual por estes microrganismos, causando masculino a ciprofloxacina é uma opção terapêutica e
inflamação local, que gera sinais e sintomas caracterís- o tempo de tratamento se prolonga para 10 a 14 dias.
ticos desta infecção. O diagnóstico de ITU baseiase Caso o paciente possua mais de 60 anos, justifica-se
na presença de bacteriúria associada aos sinais e a realização do exame de próstata e a solicitação de
sintomas que denotem inflamação de segmentos do urocultura e teste de sensibilidade a antimicrobianos
trato urinário. deve ser realizada em todos os casos.
OPÇÕES TERAPÊUTICAS PARA INFECÇÕES DO TRATO
A infecção urinária é caracterizada pelo cresci-
URINÁRIO (ADULTOS COM FUNÇÃO RENAL NORMAL)
mento bacteriano de pelo menos 100.000 unidades
formadoras de colônias por ml de urina (100.000
ufc/mL) colhida em jato médio e de maneira asséptica. Classificação da ITU Antimicrobiano
Em determinadas circunstâncias (paciente idoso,
1. Norfloxacino 400 mg Via Oral (VO) de
infecção crônica, uso de antimicrobianos) pode ser ITU baixa (cistite) de 12/12 h por 7 dias;
valorizado crescimento bacteriano igual ou acima de origem comunitária em 2. Nitrofurantoína 100 mg VO de 6/6 h por 7
mulheres jovens imuno- dias;
10000 colônias (10.000 ufc/mL). Para pacientes cate- competentes e sem fa- 3. Cefuroxima 250 mg VO de 12/12 h por 7
terizados e mediante realização de assepsia rigorosa tores associados à dias;
contagem superiores a 100 UFC/mL podem ser consi- ocorrência de ITU compli- 4. Cefalexina 500 mg VO de 6/6 h por 7 dias;
cada 5. Fosfomicina trometamol: 3 g de pó, diluídos
deradas significativas. em meio copo d’água, em única tomada, com
a bexiga vazia, antes de dormir.
438
QUESTÕES
Clínica Médica
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 01
Um homem com 20 anos de idade foi trazido ao Serviço de Emergência por amigos, após ter
apresentado falta de ar intensa em uma festa. Durante o atendimento, o paciente referiu que, nos
últimos 2 meses, tem apresentado sintomas diurnos similares 3 ou 4 vezes por semana, acordado à
noite com dispneia 2 ou 3 vezes por semana e utilizado medicação de alívio para dispneia mais de 5
vezes por semana. Informou, ainda, que essa é a terceira vez que precisa procurar o Serviço de Emer-
gência desde que começou a apresentar os sintomas. Ao dar entrada no Serviço de Emergência, o
paciente apresentava dispneia moderada, com sibilos difusos; frequência respiratória = 30 irpm; frequ-
ência cardíaca = 130 bpm; pico de fluxo expiratório = 40% do previsto; saturação periférica de oxigê-
nio de 91% em ar ambiente. Após a inalação de broncodilatador de curta de duração (3 doses, com 1
dose a cada 20 minutos), o paciente refere melhora da dispneia, contudo, apresenta sibilância leve;
pico de fluxo expiratório = 60% do previsto; frequência respiratória = 25 irpm; frequência cardíaca =
110 bpm; saturação periférica de oxigênio de 93% em ar ambiente. A conduta indicada nesse caso é:
A) iniciar terbutalina por via subcutânea, aminofilina por via endovenosa e continuar a nebulização a
cada 20 minutos.
B) adicionar prednisona por via oral, dose de 1-2 mg/kg/dia, e continuar a nebulização a cada 20 minu-
tos, com reavaliação em 1 hora.
C) indicar internação hospitalar, adicionar prednisona por via oral, dose de 1-2 mg/kg/dia, e continuar
a nebulização a cada 20 minutos.
D) aumentar o intervalo de nebulização para 2 horas e orientar alta com broncodilatador de longa dura-
ção de horário e de curta duração de demanda.
Questão 02
Um estudante, com 15 anos de idade, chega à Emergência informando ser portador de asma
desde a infância. Relata que manteve controle da asma nos últimos meses e que apresenta piora há
dois dias, quando passou a apresentar dispneia associada à tosse, expectoração mucosa e chiado no
peito. Ao exame físico observa-se tórax tipo pectus carinatum, com discreta tiragem intercostal; frequ-
ência respiratória = 32 irpm; Frequência cardíaca=100 bpm; ausculta pulmonar com sibilos difusos.
Na sala de Emergência, diante do paciente com crise asmática, além do quadro clínico, consideram-se
como procedimentos objetivos importantes para avaliação da gravidade, a realização, quando possível,
de:
440
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 03
Uma mulher de 22 anos de idade procurou atendimento de urgência, apresentando falta de ar,
chegando a ter dificuldade para completar frases. Informou a ocorrência de episódios prévios seme-
lhantes. Ao exame: acianótica, padrão respiratório com uso da musculatura acessória, tiragem inter-
costal e supraesternal. Pressão arterial = 110 x 80 mmHg, frequência cardíaca = 115 bpm e frequên-
cia respiratória = 28 irpm; ausculta pulmonar com sibilos expiratórios difusos. A oximetria digital em ar
ambiente evidenciou saturação de oxigênio (SaO2 ) = 91%. Foi administrado beta-agonista inalatório
e oxigênio por cateter nasal. Reavaliada após 30 minutos, a paciente apresentou melhora parcial do
quadro: frequência respiratória = 24 irpm, SaO2 = 94%, frequência cardíaca = 110 bpm, ausculta
pulmonar com sibilos expiratórios. Qual a conduta terapêutica mais adequada a ser tomada após essa
reavaliação?
A- Nebulização com beta-agonista – até 3 doses em uma hora, prednisolona oral e suspensão do
oxigênio.
B- Nebulização com beta-agonista e ipratrópio – 3 doses sequenciais, aminofilina venosa e manuten-
ção do oxigênio.
C- Beta-agonista em spray, com espaçador, até 3 doses em uma hora; hidrocortisona venosa e
suspensão do oxigênio.
D- Nebulização com beta-agonista e ipratrópio a cada 30 minutos, aminofilina venosa e manutenção
do oxigênio.
E- Associação de beta-agonista e ipratrópio em spray, com espaçador, a cada 30 minutos; prednisolo-
na oral e manutenção do oxigênio.
Questão 04
Homem com 60 anos de idade, obeso, procurou Setor de Emergência de um hospital público
com queixas de dor na panturrilha esquerda e edema de membros inferiores, após uma viagem de
ônibus de doze horas de duração. Evoluiu com dispneia súbita, sem melhora com a mudança postural,
além de hemoptise e taquicardia. A ausculta pulmonar revelou presença de crepitações no terço médio
de ambos os pulmões. A hipótese diagnóstica principal e a opção terapêutica recomendada são,
respectivamente:
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QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 05
Um homem, com 68 anos de idade, tabagista de 40 cigarros/dia, com história de dispneia,
tosse produtiva e expectoração catarral abundante, chega à Unidade de Pronto Atendimento, com
piora súbita da dispneia e da frequência da tosse. Na avaliação clínica você deve investigar as causas
de piora, entre elas, devemos considerar como a mais frequente
Questão 06
Um paciente do sexo masculino, 55 anos de idade, tabagista 60 maços/ano, com tosse crônica
há mais de 10 anos, relata que há cerca de três meses observou a presença de sangue na secreção
eliminada com a tosse. Refere ainda perda de cerca de 15% do peso habitual nesse mesmo período,
anorexia, adinamia e sudorese noturna. A radiografia de tórax realizada por ocasião da consulta é mos-
trada abaixo.
A- Aspergilose pulmonar.
B- Carcinoma pulmonar.
C- Tuberculose cavitária.
D- Bronquiectasia com infecção.
E- Doença pulmonar obstrutiva crônica.
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QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 07
Mulher com 56 anos de idade, ex-tabagista
(40 maços/ano), apresenta dispneia aos pequenos
esforços e tosse matinal com expectoração clara.
Faz uso de salbutamol inalatório para alívio da disp-
neia. Ao exame físico apresenta pulso = 85 bpm,
frequência respiratória = 24 irpm, ausculta pulmonar
com murmúrio vesicular diminuído em bases, sem
ruídos adventícios. Sem outras alterações no exame
físico. Vem à consulta ambulatorial de revisão trazen-
do radiografia de tórax e gasometria arterial em ar
ambiente. Após avaliação dos exames, foi prescrito
tratamento farmacológico e indicada oxigenioterapia
domiciliar prolongada - 1L/min durante pelo menos 15h/dia.
Com base nessas informações, o resultado gasométrico que justificou a indicação de oxigenioterapia
é:
Questão 08
Uma mulher de 49 anos é encaminhada para o ambulatório de Oncologia, em razão de diagnós-
tico recente de adenocarcinoma de pulmão, com CA de pulmão não pequenas células em estágio IIIA
(T3N1). A paciente nega qualquer história de tabagismo, cabendo ao médico fornecer-lhe, na consulta
atual, informações sobre a sua doença e o tratamento ao qual será submetida. Assinale a alternativa
que apresenta informações adequadas sobre a doença ou o tratamento a serem dadas pelo médico:
A) a mudança recente da epidemiologia do câncer de pulmão revela que cerca de 50% dos casos
ocorrem em pacientes que nunca fumaram
B) a inclusão de cisplatina no seu tratamento deverá produzir-lhe uma expectativa de sobrevida em 5
anos superior a 80%
C) o tipo histológico que seria mais esperado no seu caso seria o carcinoma espinocelular, em razão
do seu sexo
D) o tratamento indicado para a paciente deve consistir em cirurgia e quimioterapia adjuvante
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QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 09
Uma mulher de 70 anos, obesa e hipertensa, sofreu fratura de colo de fêmur após queda da
própria altura, tendo sido submetida a fixação cirúrgica. Teve boa evolução no pós-operatório imediato
e recebeu alta hospitalar 3 dias após a intervenção, em uso regular de enalapril, atorvastatina e codeí-
na. Permaneceu acamada e dependente para cuidados pessoais. Cinco dias após a alta, apresentou
dor torácica ventilatoriodependente, de início súbito, e foi levada a um hospital, aonde chegou cerca
de 1 hora após o início da dor. Ao ser admitida, encontrava-se alerta, um pouco confusa, acianótica,
com pulsos amplos e ritmo regular. Apresentava FC = 130bpm, PA = 140x100mmHg, murmúrio vesi-
cular difusamente reduzido, FR = 34irpm, com esforço moderado, saturação de O2 em ar ambiente =
86% e com O2 por cateter nasal a 3L/min = 93% e edema em MID, com presença de cacifo (+), do
pé à raiz da coxa. O resultado de estudo radiológico simples de tórax mostrou pequeno derrame pleu-
ral à direita. Seu hemograma apresentou-se normal, com CPK = 207UI/L (valor de referência
<165UI/L), CPK-MB = 20UI/L (valor de referência <25UI/L) e D-dímero = 550ng/mL (valor de refe-
rência 68 a 494ng/mL). O resultado do eletrocardiograma apontou taquicardia sinusal.
Diante desse quadro, quais devem ser o medicamento para tratamento inicial e o exame complementar
indicados para essa paciente?
Questão 10
Um paciente com 24 anos de idade, estudante univer-
sitário, procura Unidade Básica de Saúde referindo há dois
dias “febre alta”, de início súbito, dor torácica na inspiração
profunda e tosse produtiva, com expectoração amarelada.
Nega antecedentes patológicos significativos. Ao exame o
paciente apresenta-se lúcido, orientado, com mucosas
normocoradas, normo-hidratadas, escleróticas anictéricas.
Aparelho respiratório: murmúrio vesicular audível, exceto em
terço médio de hemitórax direito, onde ausculta-se um sopro
tubário. Verifica-se aumento do frêmito tóraco-vocal nessa
mesma região. Aparelho cardiovascular: ritmo cardíaco regu-
lar em dois tempos com bulhas normofonéticas, sem sopros. Abdome flácido, ausência de viscerome-
galias. Membros inferiores sem alterações. Sinais vitais: pressão arterial = 120 × 80 mmHg, frequência
respiratória = 24 irpm, frequência cardíaca = 98 bpm e temperatura axilar = 39,0 ºC. A radiografia de
tórax realizada no atendimento é mostrada abaixo. A conduta terapêutica mais adequada para essa
paciente é:
444
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 11
Um homem com 32 anos de idade é trazido à Emergência de um Hospital Geral apresentando
quadro de dispneia com piora progressiva nas últimas 48 horas. Relata que estava “resfriado” nos dias
que precederam o quadro atual e que já estava melhorando da coriza e espirros quando a dispneia se
agravou. Refere desconforto torácico, sibilância, tosse com expectoração esbranquiçada. Está em uso
de beta 2 - agonista e corticoide inalatório em dose baixa, sem obter melhora. Sabe que é portador de
asma brônquica desde a infância e no último ano precisou ser internado por curtos períodos, em
ambiente de emergência, por três ocasiões. Ao exame físico, apresenta-se lúcido, orientado, colabora-
tivo, dispneico, falando frases incompletas, e um pouco agitado e ansioso; corado, hidratado, acianóti-
co; pressão arterial = 120 x 80 mmHg, frequência respiratória = 32 irpm, frequência cardíaca = 112
bpm, temperatura axilar = 36,0 ºC. O paciente apresenta retração costal e supraesternal e sibilos
disseminados na ausculta pulmonar. Ausculta cardíaca com bulhas normofonéticas e ritmo cardíaco
regular, em dois tempos. Ausência de turgência jugular. Abdome sem anormalidades. O pico de fluxo
expiratório (PFE) foi de 33% e a saturação de O2, medida por oxímetro de pulso = 91%. Na aborda-
gem inicial desse paciente, a sequência correta de medidas terapêuticas a serem implementadas deve
incluir
Questão 12
Um paciente com 15 anos de idade é trazido pela mãe à consulta médica na Unidade Básica
de Saúde, pois há oito meses vem apresentando episódios de falta de ar de duas a três vezes por
semana, ocasionalmente acordando à noite (2 vezes/mês). As crises são relatadas como de leve inten-
sidade. Nunca precisou ser levado ao Serviço de Urgência. No entanto, chegou a faltar à escola três
vezes nesse semestre devido às queixas. Trouxe resultado de espirometria solicitada na consulta ante-
rior, demonstrando padrão obstrutivo, com VEF1 > 80%, e refere resposta significativa ao broncodila-
tador. Além das medidas educativas e de controle ambiental, qual deve ser a terapêutica indicada?
A Nebulizações com fenoterol e brometo de ipratrópio até de 6/6h em caso de falta de ar.
B Associação de formoterol e budesonida, administrados por via inalatória, duas vezes ao dia.
C Beclometasona 200 mcg, inalada duas vezes ao dia, e salbutamol spray caso tenha falta de ar.
D Fluticasona 250 mcg, aplicada por via inalatória duas vezes ao dia, e salmeterol spray caso tenha
crises
445
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 13
Uma mulher de 75 anos de idade procurou atendimento em uma Unidade Básica de Saúde por
apresentar, há três dias, quadro de febre baixa, tosse com escarro purulento e leve dispneia. Fumante
há cerca de 35 anos (cerca de 25 cigarros/dia), possui diagnóstico prévio de Doença Pulmonar Obs-
trutiva Crônica. Há 10 dias, aproximadamente, iniciou quadro com coriza diária, tosse seca e mialgia.
Ao exame físico, observa- se: mucosas descoradas (++/4+), paciente hidratada, pressão arterial =
120 x 70 mmHg, frequência cardíaca = 120 bpm, frequência respiratória = 32 irpm, temperatura axilar
= 38 o C. A ausculta pulmonar permitiu constatar frêmito tóraco-vocal aumentado e estertores crepi-
tantes no terço inferior do hemitórax esquerdo. A radiografia de tórax evidenciou condensação em lobo
inferior esquerdo, sem derrame pleural.
Considerando o quadro apresentado, quais são, respectivamente, o principal agente infeccioso no
quadro clínico descrito e a conduta apropriada a ser tomada nesse momento para a paciente?
Questão 14
Uma paciente de 65 anos de idade foi encaminhada ao ambulatório de Cirurgia após realizar
uma radiografia simples de tórax durante uma consulta de rotina na Unidade Básica de Saúde, tendo
sido constatada a presença de nódulo único arredondado com aproximadamente 3,2 centímetros em
região central do pulmão direito. Durante a consulta relatou ao médico que fumou 3 maços de cigarro/-
dia por mais de 30 anos, mas cessou o vício há 1 ano. Nega história familiar de neoplasias.
Qual das seguintes condutas deve ser tomada diante desse quadro?
446
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 15
Um homem com 20 anos de idade foi trazido ao Serviço de Emergência por amigos, após ter
apresentado falta de ar intensa em uma festa. Durante o atendimento, o paciente referiu que, nos
últimos 2 meses, tem apresentado sintomas diurnos similares 3 ou 4 vezes por semana, acordado à
noite com dispneia 2 ou 3 vezes por semana e utilizado medicação de alívio para dispneia mais de 5
vezes por semana. Informou, ainda, que essa é a terceira vez que precisa procurar o Serviço de Emer-
gência desde que começou a apresentar os sintomas. Ao dar entrada no Serviço de Emergência, o
paciente apresentava dispneia moderada, com sibilos difusos; frequência respiratória = 30 irpm; frequ-
ência cardíaca = 130 bpm; pico de fluxo expiratório = 40% do previsto; saturação periférica de oxigê-
nio de 91% em ar ambiente. Após a inalação de broncodilatador de curta de duração (3 doses, com
1 dose a cada 20 minutos), o paciente refere melhora da dispneia, contudo, apresenta sibilância leve;
pico de fluxo expiratório = 60% do previsto; frequência respiratória = 25 irpm; frequência cardíaca =
110 bpm; saturação periférica de oxigênio de 93% em ar ambiente. A conduta indicada nesse caso é
(A) iniciar terbutalina por via subcutânea, aminofilina por via endovenosa e continuar a nebulização a
cada 20 minutos.
(B) adicionar prednisona por via oral, dose de 1-2 mg/kg/dia, e continuar a nebulização a cada 20
minutos, com reavaliação em 1 hora.
(C) indicar internação hospitalar, adicionar prednisona por via oral, dose de 1-2 mg/kg/dia, e continuar
a nebulização a cada 20 minutos.
(D) aumentar o intervalo de nebulização para 2 horas e orientar alta com broncodilatador de longa
duração de horário e de curta duração de demanda.
Questão 16
Um homem com 52 anos de idade, hipertenso, em uso de amlodipina, procura a Unidade de
Pronto Atendimento (UPA) com dor torácica anterior esquerda, irradiando para epigástrio, em aperto,
de intensidade 8/10, com início súbito há
cerca de 1 hora, após refeição. Ao exame,
encontra-se ansioso e sudoreico; pressão
arterial = 100 x 60 mmHg; frequência
cardíaca = 72 bpm; frequência respiratória
= 24 irpm, sem outros achados no exame
físico. Foi realizado um eletrocardiograma
cujo resultado é apresentado a seguir:
O paciente foi monitorizado, recebeu ácido acetilsalicílico (AAS), morfina e oxigênio, sendo contactado
hospital de apoio para transferência. Como não havia previsão de vaga para as próximas horas, deci-
diu-se pela realização de trombólise com alteplase seguida de anticoagulação com enoxaparina. A
pressão arterial manteve-se em 100 x 60 mmHg. A conduta a ser adotada nesse caso é a administra-
ção de:
Questão 17
Um homem com 55 anos de idade, hipertenso, dislipidêmico e diabético de longa data, com
controle glicêmico razoável, compare- ce à consulta na Unidade Básica de Saúde para mostrar exames
de rotina. Mostra-se assintomático. A avaliação cardiológica não detec- tou doença cardiovascular
estabelecida. Tem feito uso de metformi- na, amlodipina, sinvastatina e ácido acetilsalicílico (AAS).
Pressão arterial = 135 x 85 mmHg. Exame físico sem alterações. Exames complementares revelaram
os seguintes resultados: albuminúria 24 h = 45 mg (valor de referência: inferior a 30 mg); colesterol
total = 189 mg/dL (valor de referência limítrofe: 200 a 239 mg/dL); coleste- rol LDL = 90 mg/dL (valor
de referência limítrofe: 130 a 159 mg/dL); triglicerídeos = 165 mg/dL (valor de referência limítrofe:
150 a 199 mg/dL); glicemia de jejum = 189 mg/dL (valor de referência: 70 a 99 mg/dL); hemoglobina
glicada – HbA1c = 7,2% (valor de referência: 4 a 6%). Após orientações dietéticas e gerais sobre a
doença, foi prescrito losartana. Considerando o quadro clínico apresentado, qual é a intervenção de
maior impacto recomendada, com evidência clínica nível A?
Questão 18
Uma mulher com 57 anos de idade é levada por familiares a uma Unidade de Pronto Atendimen-
to com quadro de “desmaio”, ocorrido há poucas horas. A paciente recuperou a consciência e passou
a queixar-se de palpitação e tonteiras. Ela nega febre, cefaleia, dispneia ou dor precordial e episódios
prévios semelhantes. A paciente refere ter hipertensão, controlada apenas com diuréticos, nega taba-
gismo ou etilismo. Ao exame físico, apresenta-se lúcida, orientada, colaborativa, pálida, sudoreica e
levemente taquipneica. A ausculta pulmonar é normal. O resultado do exame cardiovascular mostra
ritmo cardíaco irregular, em dois tempos, bulhas normofonéticas, sem sopros; pressão arterial = 80 x
40 mmHg; frequência cardíaca = 200 bpm em média; frequência respiratória = 24 irpm. Os demais
aspectos do exame físico não apresentam alterações significativas. A paciente foi submetida, de
imediato, a eletrocardiograma, cujo resultado é reproduzido a seguir. No atendimento à essa paciente,
a conduta indicada é:
448
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 19
Homem, com 43 anos de idade, é atendido na Unidade Básica de Saúde com queixa de disp-
neia aos grandes esforços, há seis meses. Não relata dor precordial, síncope ou palpitações. No
exame, encontra-se em bom estado geral, eupnéico, hidratado, corado. Pressão arterial = 100x70
mmHg, Frequência cardíaca = 112bpm, Frequência respiratória = 18irpm; temperatura axilar =
36,5°C. Murmúrio vesicular presente e simétrico bilateralmente. Ritmo cardíaco regular, em dois
tempos, bulhas hipofonéticas, com sopro sistólico de regurgitação mitral discreto. Abdome flácido,
sem visceromegalias, ruídos hidroaéreos presentes e regularmente distribuídos. Sem edema de mem-
bros inferiores. Radiografia de tórax atual mostra aumento global da área cardíaca, sem congestão
pulmonar. Ecocardiograma transtorácico mostra a fração de ejeção do ventrículo esquerdo igual a
35%. Com base nas evidências científicas indique a opção terapêutica para o caso.
A Hidroclorotiazida e carvedilol.
B Carvedilol e digoxina.
C Enalapril e metoprolol.
D Espironolactona e enalapril.
E Digoxina e hidroclorotiazida.
Questão 20
Adolescente, após tentativa de suicídio com ingestão de antidepressivo tricíclico, manifestou
parada cardiorrespiratória. Durante a reanimação cardiopulmonar, observou-se o seguinte ritmo no
monitor cardíaco.
A análise do monitor cardíaco permite afirmar que o traçado eletrocardiográfico demonstra ritmo de
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QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 21
Paciente, com 45 anos de idade, sexo masculino, comerciante, vem a consulta na Unidade
Básica de Saúde e informa que vem apresentando dispneia progressiva a médios esforços, “inchaço”
nas pernas e diminuição da diurese. Relata que, em consultas anteriores, foi orientado a realizar perio-
dicamente medidas de sua pressão arterial, que se encontrava, na época, no limite da normalidade.
Não realizou o procedimento solicitado, retornando, hoje, para consulta. História pessoal: tabagista
desde os 14 anos, um maço de cigarro por dia. Dieta rica em gorduras e pobre em frutas e vegetais.
Informa que não é etilista e não usa drogas. História familiar: mãe hipertensa e pai falecido de infarto
agudo do miocárdio. Ao exame: Pressão arterial 165 x 110 mmHg, Frequência cardíaca: 55 bpm,
Frequência respiratória 14 irpm, rítmo cardíaco regular em dois tempos, bradicárdico, sem sopros ou
extrassístoles, murmúrio vesicular fisiológico, com discretas crepitações bibasais, abdome com ruídos
hidroaéreos positivos, com hepatomegalia dolorosa a 2 cm do rebordo costal direito, membros inferio-
res com edema (++/++++). Os exames complementares demonstram que há uma sobrecarga de
ventrículo esquerdo ao ECG; bloqueio atrioventricular de primeiro grau; clearance de creatinina 45
ml/min (normal 90 -139 ml/min); urina de 24 horas com microalbuminúria de 250 mg/24h. Qual o trata-
mento farmacológico a ser prescrito, no que se refere à pressão arterial desse paciente?
A Captopril + losartana.
B Propranolol + enalapril.
C Lisinopril + espironolactona.
D Losartana + hidroclorotiazida.
E Alisquireno + furosemida.
Questão 22
Paciente, com 57 anos de idade, sexo masculino, chega ao pronto atendimento queixando-se
de palpitações que se iniciaram há três dias, associadas à tontura e à dispneia. Relata fazer uso de
metimazol 10 mg/dia há um mês por diagnóstico de hipertireoidismo. Faz uso ainda de enalapril 20 mg
para hipertensão arterial desde os 45 anos de idade. Ao exame: Pressão arterial = 110 x 70 mmHg;
Frequência cardíaca = 160 BPM; Frequência respiratória = 26 irmp; rítmo cardíaco taquicárdico,
irregular, em dois tempos, sem sopros; murmúrio vesicular fisiológico com crepitações bibasais;
abdome livre, indolor, ruídos hidroaéreos positivos; aparelho locomotor sem alterações. Saturação
periférica de oxigênio de 87%. Solicitado ECG:
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QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 23
Mulher, com 58 anos de idade, diabética, é admitida no Pronto-Socorro com dor precordial
opressiva, intensa, irradiada para membro superior esquerdo há 40 minutos, associada a sudorese fria
e sensação de morte iminente. Durante o exame clínico, encontra-se em bom estado geral, eupneica,
Pressão arterial = 100 x 70 mmHg, Frequência cardíaca = 92 bpm, Frequência respiratória = 20 ipm.
Pulmões limpos. Ritmo cardíaco regular, dois tempos, sem sopros. Abdome fl ácido, sem visceromega-
lias, ruídos hidroaéreos presentes. Sem edemas de membros inferiores, panturrilhas livres. Fez uso de
dinitrato de isossorbida 5 mg sublingual, tendo cessado a dor. Eletrocardiograma realizado na admis-
são está normal. Qual a recomendação para o acompanhamento desta paciente?
Questão 24
Um homem de 48 anos, hipertenso, obeso, chega à Emergência com queixa de episódios de
dor torácica precordial, sem irradiação, iniciada nos últimos dois dias, com piora há 24 horas. A dor
dura de 5 a 15 minutos, sendo precipitada por esforços intensos, como subir escadas, e é aliviada pelo
repouso. O paciente informa não sentir a dor no momento da anamnese. Usa captopril e hipoglicemian-
te oral de forma regular. Nega antecedentes de doença coronariana e um eletrocardiograma foi consi-
derado normal pelo seu cardiologista na última consulta, há 6 meses. Ao exame, mostra-se ansioso,
mas em bom estado geral, pulso = 85 bpm, regular, cheio, PA = 140 x 80 mmHg, pulsos periféricos
palpáveis e simétricos, extremidades bem perfundidas. As auscultas pulmonar e cardíaca estão dentro
da normalidade. O seu eletrocardiograma à admissão mostra os seguintes achados.
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QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 25
Homem com 54 anos de idade, com antecedentes de dislipidemia, hipertensão arterial e históri-
co de doença familiar cardiovascular precoce (pai teve infarto do miocárdio aos 50 anos), deu entrada
na Emergência de um hospital com história de dor em região epigástrica há cerca de cinco horas, em
aperto, de forte intensidade, sem relação com a alimentação e sem fatores de melhora, acompanhada
de náuseas e vômitos. Havia recebido 200 mg de AAS no hospital de origem. Ao exame, encontrava-se
pálido, sudoreico e sonolento. Temperatura axilar = 35,8 ºC, pressão arterial = 80x50 mmHg, frequên-
cia cardíaca = 118 bpm, frequência respiratória = 16 irpm. Perfusão periférica diminuída. A ausculta
cardíaca revelava bulhas normofonéticas, sem sopros. Havia turgência jugular a 45.º. A ausculta pulmo-
nar não revelava estertores. O eletrocardiograma da admissão é apresentado abaixo:
Diante do quadro clínico do paciente, a hipótese diagnóstica, a provável causa do choque e o trata-
mento inicial recomendado são, respectivamente:
452
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 26
Homem com 48 anos de idade procura o ambulatório de Clínica Médica para avaliação. Não
apresenta história de comorbidades conhecidas prévias, mas é tabagista (20 maços-ano) e tem históri-
co familiar de hipertensão arterial sistêmica (HAS) importante. Nega diabetes, dislipidemia, etilismo,
drogadição, acidente vascular cerebral, doença renal prévia, doenças da tireoide, doença arterial coro-
nariana e uso crônico de medicações. No momento, encontra-se assintomático, com pressão arterial
(PA) = 145x95 mmHg (medida duas vezes na consulta) e índice de massa corporal de 26,8 Kg/m2 . A
fundoscopia revelou arteríolas estreitadas, tortuosas e brilhantes (em fio de prata), além de cruzamento
arterial patológico. A ausculta cardíaca revelou bulhas normofonéticas, ritmo cardíaco regular em três
tempos, com presença de B4 e frequência cardíaca = 88 bpm. Não havia turgência jugular. A ausculta
pulmonar era normal. Não havia edema de membros inferiores. O eletrocardiograma revelou sinais de
hipertrofia ventricular esquerda. A dosagem de creatinina e o sumário de urina (Urina I) eram normais.
Diante do quadro deste paciente, a meta de PA e a recomendação do tratamento neste momento são,
respectivamente:
Questão 27
Homem com 64 anos de idade, portador de hipertensão arterial e diabetes há mais de 20 anos,
procurou Serviço de Urgência com queixas de dispneia aos médios esforços, que progrediu para disp-
neia aos pequenos esforços, além de dispneia paroxística noturna, surgimento de edema de membros
inferiores, mole, frio e ascendente e também palpitações, há cerca de dois dias. O paciente refere que
havia interrompido o uso das medicações de uso crônico há 30 dias e consumido álcool e comida em
excesso há três dias. Nega dor precordial. O exame físico mostrou paciente em regular estado geral,
consciente e orientado, levemente taquipneico em repouso. Temperatura axilar = 36 ºC, pressão arte-
rial = 135x75 mmHg, frequência cardíaca = 122 bpm, frequência respiratória = 22 irpm, glicemia capi-
lar = 321 mg/dL. A ausculta cardíaca revelou bulhas normofonéticas, ritmo cardíaco irregular em três
tempos, com presença de B3, com frequência cardíaca de 122 bpm, com sopro sistólico de regurgita-
ção tricúspide. Turgência jugular a 45.º presente. A ausculta pulmonar evidenciou estertores crepitan-
tes em bases. Nos membros inferiores havia edema 2+/4+, mole, frio e indolor. O paciente trazia eco-
cardiograma realizado há três meses com os seguintes achados: aumento das câmaras cardíacas,
hipertrofia concêntrica de ventrículo esquerdo, insuficiência tricúspide moderada e fração de ejeção
35%. O eletrocardiograma da admissão atual é reproduzido abaixo.
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QUESTÕES
QUESTÕES
454
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 28
Mulher com 60 anos de idade, hipertensa, vai à consulta em Unidade Básica de Saúde porque
apresentou quadro de parestesias e hemiparesia no membro superior esquerdo há uma semana, com
reversão espontânea completa em 12 horas. Pressão arterial = 180x110 mmHg, ausculta cardíaca
com ritmo irregular, em 2 tempos, exame neurológico sem alterações significativas. Traz tomografia
computadorizada de crânio sem contraste, realizada no dia dos sintomas, que é normal. Realizou
eletrocardiograma conforme mostrado abaixo - DII (traz exame semelhante feito há 60 dias).
Qual outro fármaco, além do tratamento anti-hipertensivo, é o mais indicado para essa paciente como
medida de maior impacto na prevenção de novos episódios do quadro neurológico?
A Warfarina.
B Clopidogrel.
C Ticlopidina.
D Atorvastatina.
E Ácido acetilsalicílico
Questão 29
Um homem de 70 anos de idade é atendido no Ambulatório de Cardiologia com queixa de disp-
neia aos grandes esforços há um mês, com progressão para os médios esforços. Trata-se de paciente
hipertenso, em tratamento irregular com clortalidona (25 mg/dia), tabagista há 30 anos (20 cigarros/-
dia). Ao exame físico, estava orientado, hipocorado (++/4+), hidratado. A ausculta cardíaca apresenta-
-se com ritmo cardíaco regular, hiperfonese em B2, sem sopros; ausculta pulmonar com sibilos espar-
sos e estertores crepitantes em bases. Pressão arterial = 170 x 90 mmHg, frequência cardíaca = 85
bpm e IMC = 32 kg/m2. Eletrocardiogramas anteriores demonstravam sobrecarga atrial esquerda. O
ecocardiograma atual evidencia parede posterior do ventrículo esquerdo de 14 mm (VR < 11 mm),
septo interventricular de 14 mm (VR < 11 mm), fração de ejeção de 65% (VR > 58%). A radiografia
de tórax demonstra área cardíaca normal, com inversão de trama vascular.
Quais são, respectivamente, a hipótese diagnóstica mais provável e a conduta apropriada a ser esta-
belecida nesse caso?
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QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 30
Uma mulher com 38 anos de idade procurou atendimento em Unidade Básica de Saúde (UBS)
por apresentar, há 4 meses, ganho de peso, fadiga, sonolência excessiva e irritabilidade. A paciente
relata sentir-se muito triste, desanimada e com baixa autoestima. Ao exame físico apresentou frequên-
cia cardíaca = 58 bpm, pele seca e áspera e edema palpebral bilateral. Os demais aspectos do exame
físico estavam inalterados. Os resultados dos exames solicitados indicaram dosagem sérica do hormô-
nio estimulante da tireoide (TSH) = 34 mUI/L (valor de referência: 0,45 a 4,5 mUI/L), tendo sido repeti-
dos e confirmado o resultado, tiroxina sérica (T4 livre) = 0,3 ng/dL (valor de referência:0,7 a 1,8
ng/dL).Diante desse quadro foi iniciado tratamento com levotiroxina 100 mcg/dia. Após 6 semanas, foi
solicitada a repetição dos exames com os seguintes resultados: TSH=2,5 mUI/L e T4 livre=1,2ng/dL.
Nessa ocasião a paciente referiu melhora quase completa dos sintomas apresentados.Cinco meses
depois, essa paciente volta à UBS para consulta expondo a suposição de que a tireoide piorou de
novo. Afirma estar tomando corretamente sua medicação. Novos exames realizados nessa ocasião
indicam TSH=2,3 mUI/Le T4 livre=1,2 ng/ dL. Questionada, a paciente informa apresentar muita
tristeza, desânimo, falta de concentração e fadiga. Ao exame físico, constata-se que não houve ganho
de peso e que não há alteração na tireoide da paciente. Nessa situação, a conduta adequada é:
A) Informar à paciente que o seu quadro clínico é compatível com tireotoxicose e que a dosagem do
seu medicamento deverá ser reduzida; agendar retorno em 6 meses para reavaliação de TSH.
B) Informar à paciente a necessidade de aumentar a dose de levotiroxina até a resolução completa dos
sintomas, independentemente dos valores de TSH e T4 livre; agendar retorno em 6 meses para reava-
liação de TSH.
C) Fazer a avaliação para transtorno depressivo como diagnóstico diferencial e, caso confirmado,
discutir o início do tratamento para essa nova comorbidade; manter acompanhamento dos níveis séri-
cos de TSH.
D) Informar à paciente que, mediante os indícios de que a terapia com levotiroxina não está sendo efeti-
va, faz-se necessário estender a investigação, procedendo-se à realização de biópsia da tireoide com
agulha fina.
Questão 31
Uma mulher de 35 anos de idade é encaminhada ao Ambulatório de Endocrinologia após a sua
médica da Unidade de Saúde da Família ter detectado, em exame clínico de rotina, a presença de um
nódulo tireoidiano. Na primeira avaliação da especialista, a paciente revela estar assintomática e receo-
sa, temendo que aquela alteração represente uma neoplasia maligna. A endocrinologista descreve o
nódulo como superfi- cial, de diâmetro inferior a 1 cm, indolor, localizado no lobo direito da tireoide,
com ausência de linfonodos cervicais e supraclaviculares satéli- tes. Em seguida, solicita dosagem de
TSH, T4 e T3 livres e ultrassono- grafia de tireoide. Os resultados evidenciaram TSH, T4 e T3 livres
nor- mais e nódulo tireoidiano de 0,7 cm de diâmetro, com margens impreci- sas e microcalcificações,
sem linfonodos regionais. Qual deve ser o próximo procedimento a ser realizado no segui- mento dessa
paciente?
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QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 32
Uma mulher com 35 anos de idade procura atendimento na Unidade Básica de Saúde para
tratamento de obesidade. Manifesta desejo de usar medicações para diminuir a sensação de fome,
pois refere que uma vizinha está tendo bons resultados com o uso de medicamentos há vários meses.
A paciente é casada, tem três filhos – o mais novo com dois anos – e atualmente não está trabalhando.
Relata que ganhou muito peso durante a última gestação e que não conseguiu retornar ao peso ante-
rior. Nega hipertensão ou diabetes. Não consegue fazer atividade física regular, pois tem dores na
coluna e nos joelhos e diz que tem dificuldade em seguir dietas. O exame físico revela: peso = 78 Kg;
altura = 1,62 m; Índice de massa corporal - IMC = 29,7 Kg/m2 ; pressão arterial = 130 × 80 mmHg;
circunferência abdominal = 90 cm. O restante do exame físico não apresenta alterações significativas.
Com base nessas informações, é correto afirmar que
Questão 33
Uma senhora com 47 anos de idade é atendida na Unidade Básica de Saúde com queixa de
“caroço” no pescoço há quatro meses. À palpação da região cervical, o médico encontrou um nódulo
de mais ou menos 4 cm, de consistência endurecida e aderido aos planos profundos. Foi solicitada
ultrassonografia cervical, que evidenciou nódulo tireoidiano de 4,3 cm, com hipoecogenicidade, micro-
calcificações, ausência de halo periférico, bordas irregulares e fluxo intranodular. As dosagens séricas
de T3, T4 e TSH foram normais. A principal hipótese diagnóstica e a investigação inicial são
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QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 34
Uma paciente com 42 anos de idade, com antecedentes de duas gestações prévias sem inter-
corrências e sem outras comorbidades, comparece à Unidade Básica de Saúde com queixas de
aumento de volume em região cervical anterior, notado há aproximadamente 10 meses. Nega dor local
ou vermelhidão. Nega quadros semelhantes na família. No exame físico encontra-se em bom estado
geral, corada, sem linfonodomegalias cervicais. A tireoide é visível durante a deglutição e, na palpação,
tem dimensões aumentadas em cerca de 2 vezes, com consistência mais fibrosa do que a normal, é
móvel e indolor e sem nódulos palpáveis. As auscultas cardíaca e pulmonar são normais. A frequência
cardíaca é de 72 bpm e a pressão arterial = 125 × 70 mmHg. A paciente não apresenta tremores de
extremidades. A ultrassonografia da tireoide revela uma glândula com ecotextura heterogênea e com
parênquima moderadamente hipoecoico; observam-se áreas de hiperecogenicidade e traves fibróti-
cas. O volume total é de 28 mL (Valor de referência = 8 - 14 mL). Além de solicitar dosagens de TSH
e de T4 livre, a conduta adequada para essa paciente é solicitar
Questão 35
Um paciente com 56 anos de idade, com antecedentes de obesidade desde a adolescência e
hipertensão arterial sistêmica há cerca de 15 anos, em uso de enalapril - 10 mg duas vezes ao dia,
procurou Ambulatório de Clínica Médica com queixas de poliúria e polidipsia iniciadas há cerca de três
meses. Ele refere que perdeu cerca de 9 kg nesse período, sem alterações significativas na dieta habi-
tual. Nega diagnóstico prévio ou história familiar de diabetes. Nega também doenças cardíacas, renais
ou hepáticas. O paciente é sedentário e trouxe exame da semana anterior que mostra glicemia de jejum
de 346 mg/dL(Valor de referência= 75-99 mg/dL) e uma outra glicemia de jejum, do dia anterior à con-
sulta, de 334 mg/dL. A glicemia capilar no momento da consulta foi de 441 mg/dL. Ao exame físico
encontra-se em estado geral regular, eupneico, desidratado (+/4+) e corado. Observa-se acantose
nigricans cervical, Índice de massa de corporal – IMC = 28,7 kg/m2 , circunferência abdominal = 105
cm, pressão arterial = 130 × 70 mmHg sentado e de pé. Auscultas cardíaca e pulmonar normais. Além
da orientação dietética e da prática de atividade física a conduta a ser adotada nesse momento, com
posterior reavaliação, deve ser
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QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 36
Uma mulher, com 76 anos de idade, apresenta antecedentes de hipertensão arterial, dislipide-
mia e obesidade, e faz uso de enalapril - 20 mg/dia e sinvastatina - 20 mg/dia. A paciente deu entrada
no Pronto-Socorro com quadro de dor abdominal de início súbito há cerca de sete horas, de forte
intensidade, em região epigástrica, com irradiação para o dorso, sem relação com a alimentação e
acompanhada por náuseas e vômitos. Refere haver leve melhora da dor com a inclinação do corpo
para frente. Na admissão hospitalar estava consciente, orientada, anictérica, com palidez cutâneo-mu-
cosa. Temperatura axilar = 36 ºC, pressão arterial = 100 × 60 mmHg, frequência cardíaca = 105 bpm,
frequência respiratória = 18 irpm, índice de massa corporal = 34,2 kg/m2 (Valor de referência = até
30 kg/m2 ). As auscultas cardíaca e pulmonar não demonstraram alterações. Abdome obeso, muito
doloroso à palpação superficial e profunda em epigástrio, sem massas ou organomegalias palpáveis.
Ruídos hidroaéreos ausentes. Não havia edema de membros inferiores. Os exames laboratoriais
iniciais revelaram: Leucócitos = 14.500/mm3 (Valor de referência: 4.500 - 11.000/mm3 ), com 84%
de segmentados, 0% de eosinófilos, 10% de linfócitos); hemoglobina = 13,0 g/dL (Valor de referência:
12-16 g/dL); hematócrito = 39% (Valor de referência: 36%- 46%); plaquetas = 231.000/mm3 (Valor
de referência: 150.000-350.000/mm3 ); glicemia = 106 mg/dL (Valor de referência: 80-100 mg/dL);
ureia = 70 mg/dL (Valor de referência: 20-35 mg/dL); Creatinina = 1,2 mg/dL (Valor de referência:
0,8-1,2 mg/dL); amilase = 2560 U/L (Valor de referência: 4-400 U/L); AST = 26 U/L (Valor de referên-
cia: <35 U/L); ALT = 31 U/L (Valor de referência: < 35 U/L); bilirrubina total = 1,5 mg/dL (Valor de
referência: 0,3 - 1,2 mg/dL); bilirrubina direta = 0,4 mg/dL (Valor de referência: < 0,2 mg/dL); bilirrubi-
na indireta = 0,8 mg/dL (Valor de referência: <1,0 mg/dL); LDH = 200 U/L (Valor de referência: 135-
-214 U/L). Considerando o diagnóstico da paciente, assinale a alternativa que contém critérios clínicos
e/ou laboratoriais de maior gravidade e pior prognóstico e que sugerem a necessidade de internação
em Unidade de Tratamento Intensivo.
Questão 37
Um homem com 34 anos de idade, sem antecedentes patológicos prévios, procurou ontem
uma Unidade Básica de Saúde porque vem evoluindo nos últimos quatro meses com queixas de poliú-
ria, polidipsia e perda ponderal de cerca de 7 kg nesse período. Há dois meses realizou exames com-
plementares que evidenciaram glicemia de jejum de 348 mg/dL (Valor de referência = 75 - 99 mg/dL).
Nega história de diabetes na família. Desde então, vem em uso de doses crescentes de metformina e
glibenclamida, atualmente com 1.700 mg/dia e 10 mg/dia, respectivamente. As auscultas cardíaca e
pulmonar são normais. Refere persistência dos sintomas e os exames complementares colhidos hoje
revelaram: glicemia de jejum = 296 mg/dL, glicemia 2h após o café da manhã = 412 mg/dL, hemoglo-
bina glicada 10,1% (Valor de referência= 3,8% - 6,4%). Ao exame físico o paciente mostra-se desidra-
tado, corado, pressão arterial = 110 × 75 mmHg, circunferência abdominal = 92 cm, Índice de massa
corporal - IMC = 23,3 kg/m2 , peso = 60 kg. Além de referenciar para o especialista, a conduta ade-
quada para esse paciente é
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QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 38
Homem com 18 anos de idade apresenta diagnóstico recente de diabetes mellitus tipo I e
encontrase em acompanhamento na Unidade Básica de Saúde. Foram prescritas insulina NPH 16U +
insulina regular 6U antes do café e insulina NPH 8U + insulina regular 4U antes do jantar. O paciente
foi orientado a verificar a glicemia capilar antes das refeições e ao deitar, fazendo aplicação de insulina
regular adicional conforme resultado da glicemia, devendo preencher registro com resultado da glice-
mia e dose adicional de insulina regular utilizada. O paciente retorna à Unidade Básica de Saúde 30
dias depois. Com base nestas informações, e de posse do registro das glicemias, a melhor recomen-
dação em relação ao ajuste das doses de insulina NPH ou regular prescritas é:
A aumentar 2U da insulina NPH antes do café caso a medida da glicemia antes de deitar tenha sido
superior a 120mg/dL na maioria dos dias.
B aumentar 4U da insulina regular antes de jantar caso a medida da glicemia antes do almoço tenha
sido superior a 120mg/dL na maioria dos dias.
C acrescentar 8U de insulina NPH antes do almoço caso a medida da glicemia antes do almoço tenha
sido superior a 120mg/dL na maioria dos dias.
D aumentar em 2U a dose da insulina NPH noturna caso a medida da glicemia matinal em jejum tenha
sido superior a 120mg/dL na maioria dos dias.
Questão 39
Mulher com 52 anos de idade, previamente hígida, há 3 meses queixa-se de astenia, sonolência
e ganho de peso, constipação, além de artralgias e mialgias. Ao exame, nota-se pele seca e frequência
cardíaca de 62 bpm, além de não apresentar sinais de artrite ou deformidades articulares. Os exames
indicados e o principal diagnóstico a ser considerado são, respectivamente:
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QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 40
Uma mulher de 45 anos de idade sedentária e tabagista (5 cigarros/dia), procura atendimento
em uma Unidade de Saúde da Família por estar acima do peso e ter o diagnóstico de diabetes confir-
mado há cerca de 6 meses. Ela informou que, apesar da prescrição de tratamento para o diabetes, não
o segue conforme recomendado. Ao exame físico, constatou-se IMC = 33 kg/m 2 (VR = 18 - 25 m2
/Kg) e PA = 140 x 80 mmHg. O abdome tinha aspecto globoso, indolor à palpação, sem visceromega-
lias. Constatou-se concentração de gordura corpórea em abdome e pescoço. A avaliação do aparelho
cardiovascular evidenciou ausência de alterações.
Considerando o caso, qual das seguintes recomendações é a mais adequada para o tratamento do
diabetes mellitus dessa paciente?
Questão 41
Mulher, com 19 anos de idade, procura o pronto-socorro de um hospital secundário com queixa
de dor abdominal e vômitos há dois dias. Há cerca de quinze dias, apresenta tosse e coriza amarelada
e, há dez dias, poliúria e polidipsia. Comenta ter emagrecido 12 kg (18% do peso) nas últimas duas
semanas. Informa não ter tido febre. Não relata antecedentes mórbidos pessoais ou familiares relevan-
tes. Ao exame clínico, aparece vigil, consciente, orientada. Pontuação na escala de coma de Glasgow
= 15. Corada, desidratada 2+/4+, taquipneica. Pressão arterial = 106 x 62 mmHg, pulso = 104 bpm,
frequência respiratória = 28 irpm. Abdome doloroso à palpação profunda de epigástrio, sem dor à des-
compressão brusca. Semiologia cardíaca, pulmonar, e de membros, normais. Saturação de oxigênio
em ar ambiente: 99 %. Glicemia capilar à entrada = 364 mg/dL. Foram solicitadas dosagens séricas
de eletrólitos, exame sumário de urina e gasometria venosa. Além de se considerar o início de antibioti-
coterapia para o quadro respiratório alto, a conduta terapêutica imediata adequada é
461
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 42
Mulher, com 57 anos de idade, sem acompanhamento médico regular, é atendida em ambulató-
rio de clínica médica de hospital secundário por queixa de edema de membros inferiores e face e de
urina espumosa há três meses. A paciente não refere doenças anteriores e desconhece seus antece-
dentes familiares. Ao exame clínico encontra-se orientada, normocorada, hidratada, afebril, com edema
de face (++/4). Pressão arterial (posição deitada) = 176 x 102 mmHg com pulso = 76 bpm; pressão
arterial (posição supina) = 154 x 78 mmHg com pulso = 72 bpm. Frequência respiratória = 18 irpm.
Exame cardíaco normal. Ausculta pulmonar: murmúrio vesicular diminuído nas bases pulmonares, sem
ruídos adventícios. Abdome com sinais de ascite moderada, membros inferiores com edema compres-
sível (++/4). Fundoscopia: prejudicada por opacifi cação do cristalino. Exames complementares:
Glicemia de jejum = 283 mg/dL, Creatinina = 1,8 mg/ dL, Ureia = 60 mg/dL. Colesterol total = 312
mg/dL, LDL = 230 mg/dL, HDL = 40 mg/dL, VLDL = 42 mg/dL, triglicérides = 210 mg/dL. Albumina
sérica = 1,8 g/dL. Exame sumário de urina: proteinúria (++++/4), glicosúria (++/4), sem outras altera-
ções. Proteína na urina de 24h= 5,5g. Dosagem de eletrólitos e hemograma normais. Qual a principal
etiologia para o quadro apresentado por essa paciente?
Questão 43
Em relação à osteoporose, é correto afirmar que
A são considerados fatores de risco de osteoporose não modificáveis: idade, pequena estrutura corpo-
ral, origem étnica, história familiar de osteoporose.
B são considerados fatores de risco de osteoporose modificáveis: tabagismo, consumo excessivo de
alcóol, terapia de reposição hormonal estrogênica.
C nas mulheres com antecedentes familiares de osteoporose, a avaliação diagnóstica da densidade
mineral óssea deve ser recomendada a partir de 40 anos.
D o uso de reposição de cálcio e vitamina D aliada ao uso de bifosfonatos deve ser considerado
apenas nos casos de ocorrência de fraturas prévias.
E os efeitos de depleção óssea, induzidos pelo uso prolongado de corticóides, no hipotireoidismo e na
doença renal crônica podem ser evitados pela ingesta complementar de cálcio.
462
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 44
Uma paciente do sexo feminino, com 20 anos de idade, sexualmente ativa, apresenta urgência
miccional e disúria há três dias, sem outras comorbidades. A urina encontra-se com coloração turva e
cheiro forte. Não tem queixas ginecológicas. Segundo ela, é a quarta vez no ano que tem episódios
semelhantes, sempre tratados com sulfametaxozol.
Qual é a conduta mais adequada para esse caso?
Questão 45
Uma mulher de 64 anos de idade, obesa, diabética do tipo II há 10 anos, faz uso de metformina
em dose alta (2 g/dia), sem obter controle glicêmico adequado. Em consulta ambulatorial de controle,
realizada há dez dias, apresentava: peso = 70 kg; glicemia de jejum = 197 mg/dL (valor de referência:
99 mg/dL); hemoglobina glicada = 7,9% (valor de referência: 4 a 6,4% Hb); microalbuminúria. Naquela
ocasião, foi negociada com a paciente a suspensão da metformina e o início de insulina NPH - 14 UI
antes do café da manhã e 7 UI antes do jantar. Retornando à consulta hoje, a paciente traz controles
de glicemias capilares > 200 mg/dL em cada três de quatro dosagens diárias, realizadas durante uma
semana. Qual a conduta mais adequada em relação às doses de insulina?
Questão 46
Um mulher de 55 anos de idade procura o médico da Unidade Básica de Saúde (UBS) para
realizar uma consulta. A paciente está assintomática. Durante o exame físico, o médico identificou
nódulo palpável no lobo esquerdo da tireóide. Solicitou ultrassonografia, que mostrou nódulo bem
circunscrito de 1,8 cm em seu maior diâmetro, localizado no pólo superior esquerdo da tireóide e
ausência de linfonodomegalia. Indicou, então, punção aspirativa com agulha fina. O exame histopatoló-
gico revelou alterações celulares sugestivas de carcinoma papilífero de tireoide. A paciente foi subme-
tida a tireoidectomia e o exame anátomo-patológico confirmou o diagnóstico de carcinoma papilífero
de tireoide, de 1,8 cm, sem invasão capsular, bem diferenciado, sem extensão local ou intratireoideana.
Além da reposição hormonal, a conduta nessa paciente implica a
A aplicação de radioterapia.
B aplicação de quimioterapia.
C aplicação de Iodo 131.
D associação de radioterapia e quimioterapia.
E associação de Iodo 131 e quimioterapia.
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QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 47
Um homem de 22 anos de idade desenvolveu escoriações de pele que se infectaram, melho-
rando com o uso de pomada de antibiótico (sic). Cerca de uma semana após o aparecimento das
lesões de pele, passou a apresentar cefaleia, edema periorbitário matinal e urina escura, "cor de coca-
-cola" (sic). O volume urinário diminuiu para menos de 1 000 mL/dia. Em consulta médica, foi verificada
pressão arterial = 150 x 110 mmHg, bem como edema de membros inferiores (++/4). O achado no
exame do sedimento urinário característico do processo que acomete o paciente é a presença de
A pigmentos hemáticos.
B cilindros hemáticos.
C proteinúria (++++/4+).
D células epiteliais com lesões de bordos.
E hemácias bem conservadas em número superior a 10/campo
Questão 48
Uma paciente de 17 anos de idade, estudante, é atendida em Unidade Básica de Saúde (UBS)
com queixa de disúria, polaciúria e urgência urinária há 48 horas. Nega febre ou corrimento vaginal.
Informa que tem vida sexual ativa e que seu namorado faz uso sistemático de preservativo. Não apre-
senta, ao exame físico, qualquer alteração relevante. A conduta médica mais adequada para essa
jovem é
A solicitar urinocultura por micção espontânea e aguardar resultado para iniciar antibioticoterapia.
B não solicitar qualquer exame complementar no momento e prescrever nitrofurantoína empiricamente.
C solicitar sedimento urinário e, se piúria e bacteriúria presentes, prescrever sulfametoxazol e trimeto-
prima.
D prescrever ciprofloxacina e azitromicina em dose única e encaminhar a paciente para exame gineco-
lógico.
E prescrever antiespasmódico via oral e solicitar ultrassonografia e radiografia simples de vias uriná-
rias.
Questão 49
Um homem de 27 anos, vítima de acidente automobilístico, foi recebido na Unidade de Emer-
gência após atendimento de equipe de ambulância em via pública, onde foi encontrado em choque
hemorrágico. Após avaliação primária do trauma, realizada no atendimento préhospitalar, iniciou-se a
reanimação volêmica do paciente. No dia seguinte, contudo, observouse deterioração aguda de sua
função renal. Exames complementares solicitados para a investigação do quadro de injúria renal aguda
revelaram os seguintes achados: exame de urina tipo I: densidade de 1.035 e presença de cilindros
hialinos; excreção fracionada de sódio: 40. A explicação mais provável para a retenção aguda de escó-
rias nitrogenadas apresentada pelo paciente é:
464
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 50
Uma mulher com 38 anos de idade deu entrada em uma Unidade de Emergência apresentando dispneia e dor
torácica. O quadro teve inicio 5 dias antes com tosse seca, dor torácica à direita e febre alta. No dia seguinte ao de início
do quadro, ela procurou assistência médica, tendo-lhe sido prescrito tratamento com levofloxacina para pneumonia bacte-
riana comunitária. A paciente relatou evolução com manutenção do quadro febril e das demais queixas; posteriormente,
passou também a se sentir cansada, dispneica e com dor precordial do tipo pleurítica. Como não viu melhora do quadro,
procurou a Unidade de Emergência onde se encontra no momento. No primeiro atendimento na Unidade de Emergência,
a paciente negou tabagismo, etilismo e uso de drogas ilícitas. Sua história patológica pregressa revela apenas cistites de
repetição, com último episódio há 2 meses, sempre tratadas com quinolona por via oral. Ao exame físico, apresentou
pressão arterial = 85 x 40 mmHg; frequência cardíaca = 120 bpm; frequência respiratória = 28 irpm; temperatura = 38,7
ºC; exame pulmonar compatível com condensação lobar à direita. Foi iniciada oxigenioterapia sob máscara e considerado
o diagnóstico de sepse através dos critérios clássicos (síndrome da resposta inflamatória sistêmica com infecção compro-
vada ou suspeita). Foram colhidas hemoculturas, o lactato sérico foi dosado, o esquema antibiótico foi modificado para
cefalosporina de terceira geração + macrolídeo e foi iniciado resgate volêmico generoso. Os exames complementares
realizados confirmam a existência de disfunção orgânica grave, com presença de 3 disfunções no escore SOFA (sequential
organ-failure assessment): grave injúria renal, com creatinina sérica = 5,8 mg/dL; hipercalemia acentuada, com K+ sérico
= 7,2 mEq/L; acidose metabólica importante, com pH = 7,18 e bicarbonato sérico = 12 mEq/L. Foram então instituídas
medidas terapêuticas intensivas para controle das disfunções orgânicas, mas, na manhã seguinte, logo após a realização
do registro eletrocardiográfico ilustrado a seguir, a paciente apresentou parada cardiorrespiratória em atividade elétrica
sem pulso, que foi revertida com a realização das manobras do suporte básico de vida e administração intermitente de
adrenalina, bicarbonato de sódio e gluconato de cálcio. Após estabilização hemodinâmica da paciente, foi indicada a
instituição imediata de suporte dialítico. Considerando que o registro eletrocardiográfico apresentado indica a causa da
parada cardiorrespiratória da paciente, o que motivou a instituição de terapêutica dialítica?
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QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 51
Durante uma campanha de prevenção de acidentes ocupacionais em ambiente hospitalar, uma mulher com 32
anos de idade, auxiliar de enfermagem, foi submetida à sorologia para Hepatite C, por teste rápido presencial, revelando-se
reativa. Está ansiosa, pois não entende bem o que tal resultado significa, já que “não sente nada” e “não tem ideia de como
foi contaminada”. É referenciada ao Serviço de Apoio ao Trabalhador (SAT), no ambulatório do hospital onde trabalha. Na
primeira etapa de investigação, além de responder às dúvidas que a paciente apresentar durante o atendimento, é necessá-
rio que o médico do SAT priorize:
Questão 52
Em um município foram registradas epidemias de dengue em 2004, 2010 e 2014, associadas à introdução do
vírus dengue (DEN-V) dos tipos 3, 2 e 4, respectivamente. Em 2016, há notificação de casos de zika e chikungunya. Na
Unidade Básica de Saúde desse município, foi atendida uma mulher com 23 anos de idade e 16 semanas de gestação
relatando febre não medida, cefaleia e mialgia de início abrupto e com piora progressiva de intensidade até a manhã do dia
do atendimento, quando acordou melhor e notou a pele avermelhada; o quadro teve início há 4 dias. Não apresenta queixa
de artralgia, sangramentos ou qualquer outro sinal de alarme. Relata ter tido dengue clássica há 4 anos. Nega comorbida-
des e uso recente de medicamentos. O cartão vacinal da paciente encontra- -se em dia. Ao exame físico, apresenta-se
afebril e com discretos exantemas máculo-papulares por todo o corpo, sem outras alterações; a prova do laço teve resulta-
do negativo. O resultado dos exames revela hematócrito = 41% (valor de referência: 33,0 a 47,8%); hemoglobina = 13,1
g/dL (valor de referência: 12,0 a 15,8 g/dL); plaquetas = 108.000/mm3 (valor de referência: 130.000 a 450.000/mm3 );
leucócitos = 4.800/mm3 (valor de referência: 3.600 a 11.000/mm3 ); eosinófilos = 3% (valor de referência: 0 a 7%);
segmentados = 53% (valor de referência: 40 a 70%), linfócitos = 35% (valor de referência: 20 a 50%), monócitos = 9%
(valores de referência: 3 a 14%); AST = 43 U/L (valor de referência: inferior a 34 U/L); ALT = 38 U/L (valor de referência:
10 a 49 U/L); ureia = 43 mg/dL (valor de referência: 19 a 49 mg/dL); creatinina = 1,1 mg/dL (valor de referência: 0,53 a
1,00 mg/dL). No exame de ultrassonografia, observa-se que o feto está ativo e normal. Esse caso deve ser notificado à
Vigilância Epidemiológica e a mãe deve ser tranquilizada com a informação de que está tudo bem com ela e com o feto,
que apenas uma minoria dos recém-nascidos é afetada nesses casos e que a Equipe de Saúde da Família irá acompanhá-la
durante toda a gestação. Que outras condutas devem ser adotadas pelo médico?
A) Devem ser coletadas amostras para isolamento viral de zika e dengue, além de internar a paciente para observação e
orientar hidratação endovenosa até a normalização das plaquetas.
B) Devem ser coletadas amostras para isolamento viral de zika e chikungunya, além de orientar hidratação oral, repouso
relativo, acompanhamento laboratorial e retorno em caso de piora dos sintomas.
C) Devem ser coletadas amostras para isolamento viral de zika, dengue e chikungunya, além de internar a paciente para
observação, prescrever medicamentos sintomáticos e orientar hidratação endovenosa até a realização de novos exames,
em 12 horas.
D) Devem ser coletadas amostras para isolamento viral de zika, dengue e chikungunya, além de orientar hidratação oral,
prescrever medicamentos sintomáticos e agendar retorno da paciente em até 48 horas para realização de novos exames,
ou no caso de surgimento de sinais de alarme para dengue.
466
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 53
Em uma Unidade de Saúde da Família, um adolescente de 16 anos de idade procura atendimento. Ele conta que
há 3 dias está com febre de 37,9 °C e dores no corpo, especialmente na região abdominal. Hoje ficou assustado, pois teve
importante sangramento gengival. O exame físico no momento está normal. O teste do laço é negativo. Qual deveria ser a
conduta adotada em relação a esse paciente?
A) Orientar repouso domiciliar e hidratação oral, pois ainda não existe sinal de alarme.
B) Solicitar hemograma, pois o quadro de leucocitose indicará a gravidade da doença na fase aguda.
C) Solicitar internação hospitalar, pois a fragilidade capilar associada à dor abdominal indica gravidade da doença.
D) Solicitar sorologia para dengue e aguardar o resultado para instituir o tratamento, orientando repouso e hidratação oral
em casa.
Questão 54
Uma mulher de 23 anos de idade, casada, do lar e nuligesta, iniciou atividade sexual há 3 anos, após casamento.
No momento, essa mulher está em tratamento para condilomatose vulvar em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) e
apresenta boa evolução. Ela não mantém relações extraconjuguais, seu marido é saudável e não tem histórico de doença
sexualmente transmissível (DST) e (ou) uso de drogas injetáveis. Após aconselhamento, realizou sorologia para HIV e o
resultado foi positivo. Diante disso, foi solicitada pesquisa sorológica para HIV em nova amostra sanguínea. A paciente
retorna hoje à UBS para conhecer o resultado. Ambas as amostras foram processadas no mesmo laboratório e seus resul-
tados são apresentados nas figuras a seguir.
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QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 55
Paciente, com 57 anos de idade, vai à Unidade Básica de Saúde com queixa de aparecimento, há um mês, de
lesão avermelhada em braço direito. Procurou atendimento médico, quando foi prescrita nistastina creme durante 14 dias
e fluconazol 150 mg em dose única, sem melhora do quadro. Relata que posteriormente apresentou dor no cotovelo direito,
sendo feito diagnóstico de tendinite e prescrito anti-inflamatório. Informa não ter outra doença e não faz uso de medicamen-
tos. O exame físico mostra mácula eritematosa com bordas eritematosas elevadas e centro atrófico. Qual a hipótese
diagnóstica e a propedêutica a ser realizada?
Questão 56
Paciente do sexo masculino, com 26 anos de idade, procura ambulatório de Clínica Médica com queixas, há uma
semana, de mal estar, febre de baixa intensidade não aferida, inapetência, vômitos ocasionais e aversão à fumaça de cigar-
ro, evoluindo com colúria e acolia fecal há três dias. Relata que costuma alimentarse em bares com baixo nível de higiene,
próximos à universidade onde estuda; e viagem, há um mês, para acampamento. Informa manter relações sexuais sem uso
de preservativos, com parceiros e parceiras desconhecidos. Ao exame físico apresenta-se em bom estado geral, corado,
hidratado, ictérico ++/4+, lúcido, orientado, Pressão arterial =120 x 70 mmHg , Frequência cardíaca= 64bpm. Fígado
palpável a três centímetros do rebordo costal direito; baço impalpável. O restante do exame físico não mostrou alterações
significativas. Foram solicitadas dosagens de aminotransferases, que se mostraram muito elevadas (>1000 UI/ml) e marca-
dores sorológicos virais das hepatites determinaram que o paciente era carreador crônico do vírus da hepatite B e apresen-
tava também hepatite viral aguda pelo vírus da hepatite A. A infecção pelo vírus da hepatite C foi excluída por sorologia e
técnicas moleculares. O perfil sorológico compatível com o diagnóstico do paciente é
A) anti-HAV IgG reativo e IgM não reativo; anti-HBc IgM e IgG reativos; HBsAg reativo.
B) anti-HAV IgG e IgM reativos; anti-HBc IgG e IgM não reativos; HBsAg não reativo.
C) anti-HAV IgG e IgM não reativos; anti-HBc IgG reativo e IgM não reativo; HBsAg não reativo.
D) anti-HAV IgG não reativo e IgM reativo; anti-HBc IgM e IgG não reativos; HBsAg não reativo.
E) anti-HAV IgG e IgM reativos; anti-HBc IgM não reativo e IgG reativo; HBsAg reativo.
Questão 57
Na diferenciação entre as hepatites virais deve-se considerar que
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QUESTÕES
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Questão 58
Uma mulher de 29 anos iniciou tratamento para tuberculose pulmonar cavitária há duas semanas, com o esquema
Rifampicina + Hidrazida + Pirazinamida + Etambutol. Durante a consulta para avaliação dos exames solicitados, o médico
observa que o teste confirmatório para detecção do HIV é positivo. Nesse contexto, além do aconselhamento da paciente
e testagem de parceiros, a conduta mais adequada para a paciente é
A) manutenção do tratamento para tuberculose e encaminhamento para serviço de referência, mantendo o acompanha-
mento à paciente.
B) suspensão do tratamento para tuberculose e encaminhamento para serviço de referência, mantendo o acompanhamento
à paciente.
C) suspensão temporária do esquema terapêutico para a tuberculose, início da terapia antirretroviral; retomada do
tratamento para tuberculose após 30 dias.
D) alteração do tratamento, com prolongamento da duração para 9 meses: Rifampicina + Hidrazida + Pirazinamida + Etam-
butol por 2 meses e Rifampicina + Hidrazida por 7 meses.
E) substituição do esquema terapêutico da tuberculose para Estreptomicina + Etambutol + Linesolida + Pirazinamida +
Terizidona por 2 meses e Etambutol + Linesolida + Terizidona por 4 meses
Questão 59
Uma mulher de 37 anos de idade vem à consulta com queixa de febre (temperatura axilar = 38°C), náuseas, vômi-
tos, mialgia, dor nos braços, pernas e nas articulações dos pés e mãos há cerca de dez dias. Refere já ter tido esse quadro
há cerca de um mês, tendo obtido melhora com o uso de analgésicos e antiinflamatórios. Atualmente, refere piora do
quadro clínico. Ao exame físico, evidencia-se que a paciente se encontra em regular estado geral, descorada, anictérica,
com dificuldade à deambulação – tem sinais clínicos de polineurite, artralgia e artrite de pequenas e médias articulações.
Apresenta nódulos cutâneos de vários tamanhos e estádios evolutivos diferentes, róseo-eritemato-edematosos, violáceos,
acastanhados, isolados e confluentes, manchas acastanhadas, pústulas, vesículas hemorrágicas e nódulos necrótico-ulce-
rativos, em especial nas coxas e pernas. Apresenta, ainda, cicatrizes de lesões anteriores e hepato-esplenomegalia doloro-
sa. Qual o diagnóstico mais provável nesse caso?
A) Farmacodermia.
B) Lúpus eritematoso sistêmico.
C) Leishmaniose tegumentar americana.
D) Eritema nodoso por doença reumática.
E) Reação por imunocomplexos da hanseníase.
Questão 60
Uma mulher de 32 anos procura a Unidade Básica de Saúde com queixa de dores intensas nas articulações das
mãos e dos pés associadas à rigidez matinal, com duração de cerca de 15 minutos e prejuízo funcional. Relata que os sinto-
mas começaram há 3 meses, quando, ao passar as férias de verão em outro estado, apresentou quadro de febre alta, além
de manchas vermelhas no rosto, nos braços e no tórax, as quais persistiram por cerca de 10 dias. Informa que não procurou
atendimento médico na ocasião, passando a fazer uso de dipirona para alívio da dor, com melhora não satisfatória. O exame
clínico atual evidencia edema e dor nas articulações interfalangianas distais, bilateralmente, e em tornozelos, não sendo
observados, no momento, lesões de pele, mucosas ou nódulos subcutâneos. Os resultados do hemograma completo e do
exame de urina de rotina revelaram-se normais. Diante desse quadro, quais são o diagnóstico e o tratamento adequado?
A) osteoartrose; acetaminofeno
B) artrite reumatoide; metotrexato
C) chikungunya; hidroxicloroquina
D) lúpus eritematoso sistêmico; prednisolona
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QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 61
Um homem de 39 anos de idade é trazido à Unidade de Pronto Atendimento por familiares, com história de febre
há quatro dias, que cedeu nas últimas doze horas, bem como cefaleia, astenia e vômitos. Refere sangramento gengival ao
escovar os dentes. Entre os exames solicitados, o resultado do hematócrito é 47% (valor de referência: 47 ± 7%) e a prova
do laço é positiva. Frente a esse quadro, a conduta mais adequada é
A) proceder à hidratação oral vigorosa, pois há fortes indícios de dengue com complicação.
B) pesquisar sinais de alerta como dor abdominal intensa e contínua, hipotensão postural, hipotensão arterial, pressão
diferencial < 20 mmHg (PA convergente), hepatomegalia dolorosa, extremidades frias, cianose, pulso rápido e fino e, se
presente algum, instalar hidratação com solução de reidratação oral copiosa supervisionada.
C) indicar tratamento ambulatorial com hidratação oral, antitérmicos e analgésicos, se necessários, orientar sobre sinais de
alerta para o retorno, a fim de repetir exames laboratoriais.
D) manter o paciente em leito de observação, iniciar hidratação oral supervisionada e repetir exames laboratoriais após
quatro horas de hidratação.
E) notificar a Vigilância Epidemiológica e indicar tratamento ambulatorial com hidratação oral, antitérmicos e analgésicos,
pois se trata de caso grave de febre hemorrágica da dengue.
Questão 62
Um paciente do sexo masculino, 30 anos de idade, procedente do Rio de Janeiro, foi admitido na Emergência
hospitalar referindo febre, dor de cabeça, diarreia e dor articular, iniciados há 6 dias. Informa que a febre cessou há dois
dias e, há um dia, passou a apresentar dor abdominal contínua de forte intensidade, sem melhora com o uso de paraceta-
mol. O paciente nega doenças prévias. Ao exame físico, apresenta estado geral regular, eupneico, hidratado, corado, cons-
ciente e orientado; ausculta respiratória e cardíaca normais; pressão arterial = 120 x 80 mmHg; prova do laço negativa;
abdome depressível, doloroso à palpação em hipocôndrio direito, sem visceromegalias. Nesse caso, a melhor conduta a
ser tomada é
A) dar alta após solicitação de hemograma e sorologia viral e orientar o paciente a retornar após seis horas para avaliar o
resultado do hemograma.
B) colocar o paciente em observação por 12 horas na unidade de emergência e administrar medicamentos sintomáticos e
hidratação oral.
C) transferir o paciente para unidade de cuidados semiintensivos para monitorização contínua e realização de exames.
D) dar alta com orientações para acompanhamento ambulatorial na unidade de atenção primária.
E) internar o paciente por 48 horas para observação e realização de exames complementares.
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QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 63
Homem com 26 anos de idade procura atendimento na Unidade Básica de Saúde por apresentar, há três dias,
febre alta, mialgia, astenia e náuseas. O paciente não relata comorbidades e nega uso de qualquer medicação. O paciente
nega viagens recentes, contato com vetores ou com água potencialmente contaminada. O calendário vacinal está em dia.
Exame físico: temperatura axilar = 38 ºC, estado geral bom, acianótico, anictérico, normocorado, pressão arterial sentado
e deitado = 120x80 mmHg, frequência cardíaca = 106 bpm e peso = 70 kg. Apresenta exantema com padrão maculopa-
pular, associado a prurido cutâneo generalizado, sem comprometimento da região palmar. Prova do laço apresenta resulta-
do negativo. A região em que reside o paciente teve epidemia de dengue no ano anterior. A conduta mais adequada para
esse paciente é:
A) solicitar coleta de sangue para realização de hemograma e para sorologia, com isolamento viral no momento do atendi-
mento.
B) mantê-lo em observação na Unidade de Saúde para repetir a prova do laço após seis horas, a fim de afastar dengue
hemorrágica, e realizar hidratação oral de 2,5 litros de líquidos por dia.
C) encaminhá-lo para internação por um período mínimo de 48h. Colher hemograma completo, realizar dosagem de albumi-
na sérica e transaminases. Fazer reposição volêmica endovenosa. Notificar imediatamente o caso e orientar retorno após a
alta.
D) orientá-lo a realizar tratamento em regime ambulatorial, com reavaliação clínica diária na Unidade de Saúde e hidratação
oral de 2 litros de líquidos por dia. Preencher cartão de acompanhamento de dengue; prescrever sintomáticos e repouso;
notificar o caso e orientar retorno.
E) liberá-lo para o domicílio, com orientação de ingerir 5 a 6 litros de líquidos/dia, sendo 1/3 com solução salina e os 2/3
restantes de líquidos caseiros (água, suco de frutas, soro caseiro, chás, água de coco etc.). Prescrever sintomáticos e
repouso; notificar o caso e orientar retorno.
Questão 64
Mulher com 48 anos de idade, durante investigação laboratorial de rotina em Ambulatório de Clínica Médica, é
surpreendida com achado de aminotransferases cerca de duas vezes o limite superior da normalidade. Na investigação de
órgãos e sistemas, a paciente relata apenas “cansaço frequente”. Foram solicitados marcadores virais de hepatites, os
quais revelaram: Anti-HAV IgG não reativo; HBsAg não reativo, Anti-HBc IgG não reativo, Anti-HCV reativo. Diante dos
resultados, foram adicionados à investigação a solicitação de PCR quantitativo para HCV, genotipagem do HCV, ultrasso-
nografia abdominal e indicada vacinação para hepatite A e B. No encaminhamento para hepatologista, o conjunto de resul-
tados que indicaria a maior probabilidade de resposta virológica sustentada para tratamento antiviral com ribavirina e
peg-interferon é:
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QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 65
Homem com 45 anos de idade procurou a Unidade Básica de Saúde com queixa de “manchas brancas pelo
corpo” que persistem há aproximadamente dois anos e que foram aumentando em número e tamanho. Ao exame verificou-
-se a presença de quatro lesões, todas apresentando as mesmas características, sendo duas máculas hipocrômicas na
face anterior da coxa direita e duas em região dorsal. As lesões apresentavam bordas bem definidas e ausência de pelos.
O teste de sensibilidade térmica demonstrou anestesia em toda a extensão das lesões e a avaliação do grau de incapacida-
de física foi zero. A baciloscopia foi positiva. Em relação ao tratamento indicado para este paciente, podemos afirmar que:
A) o tratamento deverá ser feito por seis meses, usandose doses supervisionadas e autoadministradas.
B) a dapsona deverá ser usada na dose de 50 mg/mês supervisionada e 50 mg/dia autoadministrada.
C) a rifampicina deverá ser usada na dose de 300 mg/mês supervisionada e 100 mg/dia autoadministrada.
D) a clofazimina deverá ser usada na dose de 300 mg/mês supervisionada e 50 mg/dia autoadministrada.
E) a ofloxacina poderá ser usada em substituição à rifampicina nos casos de intolerância, na dose de 200 mg/mês supervi-
sionada e 200 mg/dia autoadministrada.
Questão 66
Mulher com 57 anos de idade, portadora de diabetes tipo II não controlado, apresenta quadro de febre associada
a dor, edema e eritema de limites mal definidos em coxa esquerda, medindo 20 cm em seu maior diâmetro. Ao exame físico:
temperatura axilar = 38,9 o C, FC = 110 bpm, FR = 21 irpm, PA = 120 x 70 mmHg. Entre as opções abaixo, que exame
laboratorial é indicativo da gravidade do comprometimento tecidual no quadro infeccioso?
A) Leucometria.
B) Lactato sérico.
C) Haptoglobina.
D) Ferritina sérica.
E) Proteína C reativa.
Questão 67
Um paciente com 45 anos de idade, casado e com três filhos (8 meses, 7 anos e 12 anos de idade), trabalhador
da construção civil, tem histórico de febre vespertina, tosse e emagrecimento há seis meses. Radiografia de tórax mostra
infiltrado em lobo superior direito contendo cavitação e a baciloscopia do escarro é positiva para tuberculose. Em relação
à avaliação dos contatos do paciente, é correto afirmar que:
A) nos contatos crianças (<10 anos), a Prova Tuberculínica menor que 5mm exclui o diagnóstico de tuberculose.
B) nos contatos crianças (<10 anos), assintomáticos, o tempo de vacinação com BCG é fator importante na definição da
conduta.
C) nos contatos adultos ou adolescentes (> 10 anos ), assintomáticos, não há necessidade de solicitação da Prova Tuber-
culínica.
D) nos contatos sintomáticos adultos, o diagnóstico de tuberculose é estabelecido pela cultura de escarro positiva para
Bacilo de Koch ( BK ).
472
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 68
Uma mulher com 47 anos de idade procura atendimento em Posto de Saúde com queixa de astenia. Foram solici-
tados exames de sangue que revelaram aumento (2,5 vezes o valor normal) nos níveis séricos de aspartato amino transfera-
se (AST) e alanino amino transferase (ALT). A investigação inicial mostrou que a paciente encontra-se monoinfectada pelo
vírus da hepatite C (VHC), sendo, portanto, encaminhada ao hepatologista, que solicitou novos exames complementares,
cujos resultados foram: RNA-VHC = 381.420 UI/mL, genótipo viral 1b e ultrassonografia abdominal com moderada altera-
ção da ecogenicidade do parênquima hepático. Apresenta ainda escore de Child-Pugh igual a 4. A biópsia hepática realiza-
da revelou fibrose discreta (F1 da classificação histológica Metavir). Com base no quadro apresentado, que fator está asso-
ciado com uma pior resposta ao tratamento antiviral?
A) Carga viral.
B) Genótipo viral.
C) Escore de Child-Pugh.
D) Grau de fibrose hepática.
Questão 69
Um paciente com 42 anos de idade é atendido no ambulatório de uma Unidade Básica de Saúde com quadro de
tosse com expectoração amarelada há mais de três semanas, acompanhada de febre vespertina. É submetido à realização
de exame de escarro para pesquisa de bacilos álcool-ácido-resistentes (BAAR), que é positiva (+++/4+). Informa que
reside com a esposa, que apresenta os mesmos sintomas. O casal não tem filhos. Diante dessas informações, a investiga-
ção da esposa deverá ser feita com
Questão 70
Um homem com 24 anos de idade, geólogo, irá viajar em expedição na Amazônia Legal daqui a 20 dias, onde
deverá passar cerca de dois meses em localidades diferentes, coletando amostras de solo para sua tese de doutorado. Ele
procurou a Unidade Básica de Saúde do seu bairro para orientações sobre a profilaxia da malária. Qual é a conduta
adequada neste momento para garantir a segurança do paciente?
A) Solicitar ao paciente o seu itinerário e pedir que ele retorne em dois dias para que seja informado acerca da conduta
adequada, pois a estimativa do risco do viajante adquirir malária no destino deve levar em consideração a Incidência Parasi-
tária Anual ( IPA ).
B) Orientar o paciente a vacinar-se pelo menos dez dias antes da viagem, tendo em vista que, apesar de a malária ser uma
doença grave sem tratamento específico, possui uma vacina segura e eficaz. Informar que não é necessário tomar a vacina
se ele já foi vacinado nos últimos dez anos e orientá-lo a levar o cartão de vacinação na bagagem.
C) Orientar o paciente a tomar as seguintes medidas de proteção contra picadas de mosquitos: uso de roupas claras e
com manga longa; uso de mosquiteiro impregnado com piretroides e uso de repelentes à base de dietilmetaloamida ( DEET
), principalmente ao amanhecer e ao pôr do sol.
D) Informar ao paciente que a medida de prevenção mais segura contra a malária é a quimioprofilaxia ( QPX ), que consiste
no uso de drogas antimaláricas em doses subterapêuticas. O esquema não previne, no entanto, infecção pelo Plasmodium
sp ou recaídas por P. vivax ou P. ovale.
.
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QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 71
Um homem, com 35 anos de idade, é removido para Hospital após dar entrada em Unidade de Pronto Atendimento
com quadro súbito de calafrios, febre alta, mialgia intensa, principalmente em panturrilhas, e hiperemia conjuntival. Familia-
res informaram que o paciente residia em área de alagamento, ocorrido recentemente. Ao dar entrada no Hospital, foram
solicitados hemograma completo, que revelou leucocitose com neutrofilia e desvio para a esquerda, e radiografia de tórax,
cujo laudo foi de pneumonite intersticial. Foi iniciada antibioticoterapia venosa com amoxicilina + clavulanato de potássio
associada a claritromicina. No terceiro dia de internação, o paciente evoluiu com piora do quadro clínico, sem oligúria,
aparecimento de icterícia, hipocalemia, elevação dos níveis séricos de ureia, creatinina e creatinofosfoquinase (CPK). O
exame físico evidenciou hepatomegalia e diátese hemorrágica. O paciente evoluiu com insuficiência respiratória aguda e
necessidade de intubação orotraqueal, onde foi visualizado sangramento de vias aéreas. Nova radiografia de tórax mostrou
áreas de condensação alveolar difusas. Foi realizada ultrassonografia renal que evidenciou rins aumentados de tamanho,
com ecogenicidade normal. Qual a hipótese diagnóstica?
A) Dengue.
B) Hantavirose.
C) Leptospirose.
D) Febre macular
Questão 72
Um homem de 42 anos de idade, morador de rua, usuário de crack e de drogas ilícitas injetáveis, comparece à
Unidade de Saúde da Família apresentando quadro de tosse produtiva e febre ao final do dia, há 2 meses. Relata despertar
na madrugada por sudorese, inapetência e perda ponderal de 20 kg no período. Ao exame físico, apresentava-se conscien-
te, orientado, hipocorado (+/4+), anictérico, desidratado, febril (temperatura axilar = 37,8°C), com frequência cardíaca =
120 bpm e pressão arterial = 120 x 60 mmHg. Aparelho respiratório com tiragem intercostal bilateral e diminuição global
do murmúrio vesicular. Aparelho cardiovascular: ritmo cardíaco regular em 2
tempos e bulhas hiperfonéticas. Abdome indolor à palpação superficial e
levemente doloroso à palpação profunda sobre a loja hepática, hepatimetria a
2 cm do rebordo costal direito, de consistência lisa e borda romba. Baço
palpável a 1,5 cm do rebordo costal esquerdo. Resultados de exames: teste
rápido para HIV positivo; hemograma completo - hemoglobina = 8,0 g/dL
(normal de 12 a 15 g/dL), hemotócrito = 24% (normal = 35 a 45%) e leucope-
nia = 800 leucócitos/mm 3 (normal entre 4.000 e 11.000/mm 3 ); pesquisa de
BAAR negativa em 3 amostras de escarro. Foi realizada tomografia computa-
dorizada de tórax, reproduzida na figura a seguir.
A partir do quadro clínico, laboratorial e da imagem apresentada, qual seria uma conduta terapêutica adequada?
A) 0 Iniciar o tratamento com antirretroviral (lamivudina + efavirenz + tenofovir) e, após 2 semanas, RIPE (rifampicina +
isoniazida + pirazinamida + etambutol) por 6 meses.
B) Inciar o tratamento com antirretroviral (lamivudina + zidovudina + efavirenz), simultaneamente com o esquema antituber-
culose estruturado, com rifabutina, por 6 meses.
C) Iniciar tratamento com RIPE (rifampicina + isoniazida + pirazinamida + etambutol) com duração de 6 meses e, após 4
semanas, introduzir tratamento com antirretrovirais (lamivudina + tenofovir + efavirenz).
D) Iniciar o tratamento com RIPE (rifampicina + isoniazida + pirazinamida + etambutol) recomendado por 6 meses e, após
1 semana, introduzir o tratamento antirretroviral ( lamivudina + zidovudina + lopinavir com ritonavir).
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QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 73
Em uma Unidade de Saúde da Família, um adolescente de 16 anos de idade procura atendimento. Ele conta que
há 3 dias está com febre de 37,9 °C e dores no corpo, especialmente na região abdominal. Hoje ficou assustado, pois teve
importante sangramento gengival. O exame físico no momento está normal. O teste do laço é negativo.
Qual deveria ser a conduta adotada em relação a esse paciente?
A) Orientar repouso domiciliar e hidratação oral, pois ainda não existe sinal de alarme.
B) Solicitar hemograma, pois o quadro de leucocitose indicará a gravidade da doença na fase aguda.
C) Solicitar internação hospitalar, pois a fragilidade capilar associada à dor abdominal indica gravidade da doença.
D) Solicitar sorologia para dengue e aguardar o resultado para instituir o tratamento, orientando repouso e hidratação oral
em casa.
Questão 74
Uma mulher de 45 anos de idade, portadora do vírus da hepatite C, genótipo 1b, compareceu à consulta para
mostrar resultados de exames e definir continuidade de tratamento. Ela apresenta quadro de cirrose compensada (escore
de Child-Pugh = 6 pontos) e critérios de fibrose hepática extensa, sem tratamento específico prévio. Na avaliação pré-trata-
mento, ela apresentava carga viral de 2 milhões de cópias/mL. Foi prescrita terapia tripla para o vírus C (interferon peguila-
do, ribavirina e telaprevir). A paciente está em uso da medicação há 12 semanas e a carga viral na semana 12 foi de 500
cópias/mL. A paciente não apresenta outras infecções.
Com base nas Diretrizes Terapêuticas para Hepatite C do Ministério da Saúde de 2013, conclui-se que não houve
resposta ao telaprevir. Em vista disso, qual é o esquema terapêutico recomendado para essa paciente?
Questão 75
Uma mulher de 50 anos de idade, branca, empregada doméstica, procura atendimento ambulatorial por apresentar
artralgias de mãos, punhos, ombros e tornozelos há cerca de 4 meses. O quadro articular é aditivo, mesmo em uso de diclo-
fenaco de sódio (150 mg/dia). Ela se queixa de limitação do movimento por dor no período da manhã, com duração de
aproximadamente 1 hora. Ao exame encontra-se em bom estado geral, afebril, com sinais de artrite nas articulações interfa-
langeanas proximais e metacarpofalangeanas de 2° e 3° dedos das mãos, mas sem desvios. Ao exame da pele, observam-
se “nódulos” subcutâneos nas superfícies extensoras e regiões periarticulares.
Considerando o quadro descrito, quais são, respectivamente, o diagnóstico e o medicamento a ser indicado nesse momen-
to?
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QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 76
Menina, com seis anos de idade, foi levada pela mãe à consulta em Unidade Básica de Sáude por apresentar, há
uma semana, intensa adinamia, quadro febril intermitente (temperatura = 38o C) e dor articular, localizada inicialmente no
joelho esquerdo, acompanhada de calor e rubor discreto e que, há dois dias, acomete o tornozelo direito. A mãe informa
que, há cerca de seis semanas, a criança apresentou quadro de infecção de vias aéreas superiores (faringite), que regrediu
com o uso de amoxicilina durante cinco dias. Ao exame físico a criança encontrava-se afebril, eupneica, hidratada, com
intensa adinamia, hipocorada (+/4), Frequência cardíaca=125 bpm, Pressão arterial= 100 x 60 mmHg. A ausculta cardíaca
e a ausculta pulmonar foram normais. Foi observada hiperemia, calor e dor no tornozelo direito, com limitação de movimen-
tos e a presença de áreas eritematosas com centros esbranquiçados no tronco e na região proximal de membros superio-
res e inferiores. Os exames laboratoriais revelaram:
hemoglobina=10 g/dL,
hematócrito=34%,
leucócitos=14000/mm3,
velocidade de hemossedimentação = 26mm/h,
proteína C reativa= 2,0 ng/ml (valor de referência= <0,1 ng/mL);
glicose, ureia e creatinina normais.
O eletrocardiograma mostra um prolongamento do intervalo P-R (0,20 s).
Com base no quadro clínico descrito e nos exames complementares realizados, qual o provável diagnóstico dessa criança?
Questão 77
Mulher, com 20 anos de idade, branca, é recebida no pronto-socorro com queixa de edema há uma semana. Inicial-
mente, o edema era nos membros inferiores, porém, agora, nota a face edemaciada. Relata, ainda, diminuição do volume
urinário, astenia, hiporexia, mal-estar e febre baixa. Quanto aos antecedentes patológicos, artralgia de interfalangeanas
proximais há cerca de oito meses. Na ocasião, fez uso de prednisona com desaparecimento do quadro. Não usa nenhuma
medicação no momento. O exame clínico demonstra estado geral regular, hipocorada (++/4), edema de membros inferio-
res (++/4) e de face. Ausculta pulmonar com murmúrio vesicular presente e simétrico, sem ruídos adventícios. Ausculta
cardíaca com ritmo cardíaco regular, em 2 tempos, sem sopros, Pressão arterial = 160 x 110 mmHg, Frequência cardíaca
= 120 bpm. Abdome flácido, sem visceromegalias. Exames no pronto-socorro:
A) Endocardite infecciosa.
B) Dengue.
C) Pielonefrite.
D) Insufi ciência renal crônica.
E) Lupus Eritematoso Sistêmico.
476
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 78
Uma mulher branca de 22 anos vem à consulta ambulatorial com queixa de inchaço há uma semana, inicialmente
nos pés, com piora progressiva. Atualmente, percebe até o rosto inchado. Há cerca de um mês refere astenia, náuseas, falta
de apetite e malestar, bem como dores nos punhos e articulações interfalangeanas proximais. Ao exame, encontra-se em
regular estado geral, hipocorada (++/4+), hidratada, temperatura axilar = 37,7ºC. Murmúrio vesicular presente e simétrico,
sem ruídos adventícios; ritmo cardíaco regular em 2 tempos, sem sopros, PA = 160 x 110 mmHg, FC = 120 bpm. Abdome
flácido, sem visceromegalias. Edema de MMII ++/4+. Trouxe exame de sangue realizado no pronto socorro há três dias, de
acordo com o quadro a seguir
A) sumário de urina, avaliação de função renal e pesquisa de autoanticorpos específicos (anti-Sm e anti-DNA nativo). Iniciar
enalapril 10 mg/dia para controle da pressão arterial.
B) avaliação do oftalmologista para investigação de uveíte, sumário de urina, proteína C reativa e VHS. Iniciar dieta hipossó-
dica, com acompanhamento semanal da artrite.
C) ecocardiograma bidimensional, radiografia de tórax e avaliação de função renal. Iniciar dieta e exercício físico, com retor-
no em um mês para reavaliar a pressão arterial.
D) radiografia das mãos e punhos e auto-anticorpos como antipeptídeos citrulinados (anti-CCP) e fator reumatóide. Iniciar
anti-inflamatórios não hormonais.
E) radiografia de tórax, cultura de orofaringe e anticorpo antiestreptolisina O. Iniciar anti-inflamatório não esteroide para
controle da febre e artrite.
Questão 79
Uma mulher de 45 anos, com queixas de dores articulares há 5 meses, comparece ao ambulatório para mostrar
resultado de exames. Seu quadro começou com dores em mãos e pés, pela manhã, com melhora durante o dia. Evoluiu há
um mês com um surto de dor em articulações interfalangeanas proximais, punhos, cotovelos e joelhos, com sinais de flogo-
se, que melhorou com o uso de indometacina por 10 dias. Ao exame, apresenta hipocromia de mucosas, edema e sinais
de flogose discretos em mãos, com presença de nódulos justa-articulares e ausência de deformidades. Traz exames
complementares solicitados na consulta anterior: hemograma com Hb = 11,0 g/dL (valor de referência: 13,8 ± 2,5 g/dL),
VHS = 56 mm na primeira hora (valor de referência: ≤20 mm/h), prova do látex para fator reumatoide positiva, e radiografia
das mãos que mostram redução da densidade óssea periarticular em articulações interfalangeanas proximais e punhos. A
paciente, costureira, teme não poder trabalhar mais. Qual a medicação que poderia impedir a progressão da doença?
A) Aspirina.
B) Colchicina.
C) Metotrexate.
D) Indometacina.
E) Metilprednisona.
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QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 80
Homem com 49 anos de idade apresenta, há um ano e meio, quadro recorrente de monoartrite aguda, durando
cada episódio cerca de três a cinco dias. Inicialmente foi acometido o joelho esquerdo, posteriormente o direito, em segui-
da o tornozelo direito e, há três semanas, houve recorrência do quadro no joelho esquerdo. Refere alívio dos sintomas com
o uso de diclofenaco, que toma por conta própria. Notou que o intervalo entre os episódios, que inicialmente era de até seis
meses, é agora mais reduzido, sendo o intervalo entre os dois últimos episódios, de apenas um mês. Apresentase na
consulta após dois dias do início da última crise. O joelho esquerdo tem sinais flogísticos (calor, rubor, aumento de volume),
limitação para flexão, o que causa dificuldade na deambulação. Relatou um episódio febril ontem (37,6 ºC). O paciente é
hipertenso e diabético há dez anos, em uso de hidroclorotiazida 25 mg/dia e glibenclamida 10 mg/dia. Refere tabagismo
(5 cigarros/dia) e etilismo (cerveja, especialmente nos finais de semana). O diagnóstico do paciente e a conduta inicial a
ser adotada são, respectivamente:
Questão 81
Mulher com 35 anos de idade procura a Unidade Básica de Saúde com queixas de vermelhidão na face, que piora
com a exposição solar, e dor em punhos e joelhos bilateralmente. Ao exame apresenta eritema malar, diminuição do murmú-
rio vesicular na base direita, com macicez à percussão neste local, dor à mobilização, edema e rubor em joelhos e punhos.
Sem alterações nos demais aspectos do exame físico. Traz hemograma recente com hematócrito = 35%, hemoglobina =
12 g/dL, leucócitos totais = 3.500/ml, com contagem diferencial normal. Considerando a principal hipótese diagnóstica
para o quadro da paciente, o autoanticorpo com maior especificidade para a doença é:
A) anti-Ro.
B) anti-RNP.
C) anti-DNA nativo.
D) fator antinuclear.
E) anti-fosfolípide
Questão 82
Uma adolescente, com 15 anos de idade, vem à consulta com queixa de dor precordial, febre intermitente, com um
ou dois picos diários noturnos de 39 ºC, acompanhados de dores musculares generalizadas e manchas avermelhadas na
pele do tronco e raiz de coxa. Relata também dificuldade de se movimentar pela manhã e dores nas articulações dos
joelhos, punhos, mãos, pés e nuca. Ao exame físico, observa-se temperatura = 38,5 ºC, lesões máculo-papulares de cor
rosa-salmão em tronco e áreas proximais de membros, nódulos subcutâneos em região de cotovelo, linfoadenomegalia
simétrica (cervicais, axilares e inguinais), esplenomegalia e artrite nas regiões referidas. Exames laboratoriais trazidos pelo
paciente mostraram os seguintes resultados: hemograma com anemia, leucocitose e trombocitose; elevação de proteína C
reativa, da velocidade de hemossedimentação e dos níveis de enzimas hepáticas (ALT e AST). A hipótese diagnóstica
correta é
A) doença de Kawasaki.
B) artrite idiopática juvenil.
C) artrite reativa pós-estreptocóccica.
D) lupus eritematoso sistêmico juvenil.
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Questão 83
Uma adolescente, com 15 anos de idade, vem à consulta com queixa de dor precordial, febre intermitente, com um
ou dois picos diários noturnos de 39 ºC, acompanhados de dores musculares generalizadas e manchas avermelhadas na
pele do tronco e raiz de coxa. Relata também dificuldade de se movimentar pela manhã e dores nas articulações dos
joelhos, punhos, mãos, pés e nuca. Ao exame físico, observa-se temperatura = 38,5 ºC, lesões máculo-papulares de cor
rosa-salmão em tronco e áreas proximais de membros, nódulos subcutâneos em região de cotovelo, linfoadenomegalia
simétrica (cervicais, axilares e inguinais), esplenomegalia e artrite nas regiões referidas. Exames laboratoriais trazidos pelo
paciente mostraram os seguintes resultados: hemograma com anemia, leucocitose e trombocitose; elevação de proteína C
reativa, da velocidade de hemossedimentação e dos níveis de enzimas hepáticas (ALT e AST). A hipótese diagnóstica
correta é
A) doença de Kawasaki.
B) artrite idiopática juvenil.
C) artrite reativa pós-estreptocóccica.
D) lupus eritematoso sistêmico juvenil.
Questão 84
Uma mulher com 34 anos de idade, em atendimento ambulatorial, refere palpitação, fraqueza e sensação de
desmaio, iniciadas há três meses e que vêm se agravando. A paciente não refere emagrecimento ou febre e está em uso
irregular de anticoncepcional oral e de fluoxetina – 40 mg/dia. Ao exame encontra-se descorada, hidratada, sem viscerome-
galias, taquicárdica, com bulhas rítmicas e normofonéticas. O resultado do hemograma revela: hemoglobina: 7,8 g/dL (Valor
de referência = 12 - 16 g/dL ); hematócrito: 25% (Valor de referência= 36% - 46% ); volume corpuscular médio: 70 fl (Valor
de referência= 80 - 100 fl ); RDW diminuído; leucócitos totais: 7.470/mm3 (Valor de referência = 4.500 - 11.000/mm3 ) -
[3% bastões, 55% segmentados, 35% linfócitos, 7% monócitos]; plaquetas: 234.000/mm3 (Valor de referência =
150.000 - 350.000/mm3 ). Sobre as hipóteses diagnósticas e a investigação laboratorial complementar para essa pacien-
te, é correto afirmar que se trata de provável anemia
A) ferropriva e espera-se que a dosagem de ferro sérico, a ferritina e o índice de saturação de transferrina estejam baixos.
B) por perda crônica de sangue, por via menstrual ou gastrointestinal, e espera-se aumento na contagem de reticulócitos.
C) secundária a neoplasia, sendo necessário o rastreamento nos sítios mais comuns para mulher: mama e colo de útero.
D) devido a deficiência ou erro alimentar na ingestão de ferro, não sendo necessária investigação adicional para a paciente.
Questão 85
Mulher com 48 anos de idade, parda, comerciante, procura o posto de saúde por apresentar astenia, palidez e
fadiga fácil ao realizar suas tarefas diárias. Na história da doença atual relata que esteve bem de saúde até há 15 dias,
quando iniciaram estes sinais e sintomas. Nega doenças como diabetes, hipertensão, doenças da tireóide. Nega também
o uso de medicamentos. Ao exame físico apresenta palidez, icterícia (2+/4+), esplenomegalia de 4 cm do rebordo costal
esquerdo e hepatomegalia de 2 cm do rebordo costal direito. Exames laboratoriais realizados mostram hemoglobina = 4,2
g/ dL; hematócrito = 13 %; VCM = 110 fL (VR = 80 – 100 fL); HCM = 32 pg (VR = 26 – 34 pg); leucograma = 10.500 /
mm3 com diferencial normal; plaquetas = 240.000 / mm3; reticulócitos aumentados; bilirrubina total = 4,0 mg/dL (VR=0,3
-1,2 mg/dL) com fração direta de 0,8 mg/dl (VR = 0 - 0,2 mg/dL). Qual o diagnóstico mais provável para a anemia da
paciente?
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QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 86
Mulher com 50 anos de idade procura Ambulatório de Clínica Médica com queixa de fadiga e dispneia aos esfor-
ços. Informa ser portadora de refluxo gastroesofágico, em uso frequente de cimetidina para alívio sintomático. Tem endos-
copia digestiva normal. Não tem outras queixas. Ao exame físico apresenta palidez cutâneo-mucosa e não há outros acha-
dos relevantes. Hemograma mostra: Ht = 22%; Hb = 7,1 g/dL; VCM = 102fL; CHCM = 33%; Leucócitos = 2.500/mm3
(neutrófilos = 1.200, linfócitos = 800, monócitos = 500); Plaquetas = 95.000/mm3 ; Reticulócitos ausentes. Com base
nestes achados, qual o diagnóstico mais provável?
A) Anemia perniciosa.
B) Anemia aplásica.
C) Anemia hemolítica.
D) Anemia de doença crônica.
E) Anemia por deficiência de folato.
Questão 87
Um homem com 30 anos de idade apresenta linfadenomegalia da cadeia cervical posterior e subclavicular. Refere
episódios de febre, sudorese – principalmente no período noturno – e perda de peso. Nega outras queixas. O exame físico
geral e o específico não mostraram outras alterações. O resultado da punção biópsia aspirativa de um linfonodo cervical foi
compatível com Linfoma de Hodgkin. Foi realizada tomografia computadorizada de tórax e abdome que não mostrou
massas ou envolvimento de outras cadeias de linfonodos, além das citadas acima. Qual a opção terapêutica mais adequa-
da para o paciente?
A) Radioterapia.
B) Cirurgia e radioterapia.
C) Cirurgia e quimioterapia.
D) Quimioterapia e radioterapia
Questão 88
Um homem de 26 anos de idade, previamente saudável, procurou assistência médica com queixa de “tumor” no
pescoço, com aumento progressivo há 3 meses, acompanhado de perda de peso e sudorese noturna. O exame físico
apresentava múltiplos nódulos pequenos em cadeias cervical posterior e subclávia, de consistência endurecida, aderidos
aos planos profundos e à pele. Foi realizada biópsia da lesão, cuja análise histopatológica evidenciou: material de biópsia
de linfonodo apresentando células típicas de Reed-Sternberg circundadas por bandas de material esclerótico.
O diagnóstico mais possível e o tratamento inicial correto para esse paciente são, respectivamente,
A) linfossarcoma e radioterapia.
B) linfoma de Hodgkin e quimioterapia.
C) linfoma de Burkitt e remoção cirúrgica.
D) linfangioma e esclerose com bleomicina
480
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 89
Paciente do sexo feminino, com 34 anos de idade, sem antecedentes patológicos pregressos significativos, procu-
rou a Unidade Básica de Saúde com história de pirose e regurgitação há mais ou menos seis meses, e piora do quadro no
último mês. Relata ganho ponderal de 10 kg nos últimos três meses (Índice de massa corpóreo atual = 36,8 kg/m2 ). Faz
uso irregular de antiácido por conta própria. Trazia consigo um resultado de endoscopia digestiva alta com o seguinte
laudo: “erosões lineares de até 5 mm, não confluentes, localizadas em esôfago distal”. Baseado no diagnóstico acima, você
prescreve um inibidor de bomba de prótons durante oito semanas e orienta a paciente a
Questão 90
Homem, com 45 anos de idade, com dor epigástrica diária, ocorrendo no período pós-prandial e à noite, e perda
ponderal de 4 kg, começou uso de inibidor de bomba de próton (IBP) com alguma melhora. Informa que não usa álcool ou
antinflamatórios não hormonais. Ainda na vigência da medicação realizou endoscopia digestiva alta que revelou gastrite
nodosa de antro e corpo, e úlcera duodenal em fase de cicatrização. Biópsias de mucosa gástrica foram realizadas durante
o procedimento, e submetidas ao teste rápido de urease em fase líquida, cujo resultado foi negativo. Quanto ao tratamento
para Helicobacter pylori nesse paciente, conclui-se que
Questão 91
Um homem de 39 anos de idade vem, há três anos, em tratamento ambulatorial para doença do refluxo gastroeso-
fágico (DRGE), em uso contínuo de inibidores de bomba de prótons (IBP). Sempre que tenta fazer desmame dos IBP, volta
a apresentar graves sintomas da DRGE. Esofagogastroduodenoscopia com biópsia realizada há dois anos evidenciou
esofagite, pequena hérnia de hiato (< 3 cm) e estômago normal. O paciente interrompeu o uso de IBP há quatro meses e,
devido ao quadro de pirose e dor retroesternal, foi submetido a nova endoscopia digestiva, que revelou processo inflamató-
rio grave e úlceras no terço distal do esôfago. O estômago apresenta-se normal e o teste da urease é positivo. Não foi
visualizada hérnia hiatal. Devido ao intenso processo inflamatório, não foi realizada biópsia. O paciente, que não apresenta
outras queixas ou co-morbidades, é etilista social, tabagista (média de 1,5 maços/dia há 22 anos) e apresenta obesidade
leve. Não há outras alterações ao exame físico. O que deve ser feito para encaminhar corretamente o caso acima descrito?
A) Reiniciar o tratamento com IBP, utilizando o dobro da dose. Após seis semanas de tratamento, repetir endoscopia com
biópsia.
B) Manter o tratamento com IBP na dose habitual e encaminhar, de imediato, o paciente para ambulatório especializado de
Cirurgia Laparoscópica.
C) Solicitar imediatamente nova endoscopia, já que a biópsia é indispensável, e encaminhar o paciente para ambulatório
especializado de Cirurgia Laparoscópica.
D) Reiniciar o tratamento com IBP, utilizando o dobro da dose, associado ao tratamento do H.Pylori. Em seguida, tratamen-
to de manutenção com IBP por tempo indefinido.
E) Reiniciar tratamento com IBP, utilizando o dobro da dose por seis semanas. Após esse período, tratamento de manuten-
ção com IBP por tempo indefinido.
481
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 92
Um paciente de 51 anos de idade, do sexo masculino, procura ambulatório de atenção secundária com queixa de
pirose intermitente, frequentemente deflagrada por ingestão de alimentos gordurosos e álcool, por prática de exercícios
físicos e por deitar-se após alimentação. Relata ainda eventuais episódios de regurgitação. Nega vômitos, náuseas, disfagia
ou odinofagia. Não faz uso de medicamentos em sua rotina diária. Além de sobrepeso, nada foi encontrado de anormal no
exame físico. A abordagem mais custo-efetiva e benéfica para esse paciente é
Questão 93
Um homem de 40 anos de idade apresentou úlcera duodenal com biópsia positiva para Helicobacter Pylori. Fez
tratamento durante 7 dias com omeprazol, amoxicilina e claritromicina, em doses padrão. Endoscopia de controle repetida
após oito semanas de tratamento revela persistência de H. Pylori na biópsia. Qual a conduta mais adequada para o
tratamento desse paciente?
Questão 94
Homem com 35 anos de idade, obeso, com hérnia de hiato, é acompanhado clinicamente há cerca de dez anos.
Sua última endoscopia de controle mostrou esofagite com esôfago de Barret em uma extensão de cerca de 5 cm. Foram
colhidas biópsias cujo resultado foi metaplasia de Barret. A conduta inicial para o seguimento deste paciente é:
Questão 95
Homem com 50 anos de idade foi atendido no ambulatório de Clínica Médica por apresentar dor epigástrica em
queimação pós-prandial, de moderada intensidade. Informa que, ocasionalmente, acorda durante a noite por causa da dor.
O exame físico é sem alterações. O paciente foi submetido a endoscopia digestiva alta que revelou pequena ulceração em
bulbo duodenal, de aspecto endoscópico benigno e teste da urease positivo. A conduta terapêutica indicada para o
paciente é prescrever:
482
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 96
Um paciente com 52 anos de idade, atendido no Ambulatório com queixa de dor epigástrica há quatro meses,
retorna ao Ambulatório com o resultado de endoscopia digestiva alta, que evidenciou úlcera duodenal com pesquisa positi-
va para a presença do H. Pylori. Além do inibidor da bomba de prótons duas vezes ao dia, o tratamento medicamentoso
recomendado para o paciente é
Questão 97
Um paciente com 25 anos de idade é encaminhado pela Unidade de Saúde da Família do seu bairro para avaliação
no Ambulatório de Clínica Médica por apresentar quadro de diarreia não acompanhada de cólicas há 5 meses, com três a
quatro evacuações ao dia, em grande quantidade, sem presença de muco ou sangue. O paciente refere perda de 15 kg
nesse período, sem que tenha modificado a sua dieta ou apresentado mudança de apetite. O paciente trouxe à consulta
cinco exames protoparasitológicos das fezes realizados nesse período, sendo que o primeiro demonstrou a presença de
tricocéfalos, o que motivou tratamento, por duas vezes, com albendazol durante 3 dias, sem melhora do quadro. O paciente
apresentou igualmente hemogramas que demonstravam anemia hipocrômica, microcítica, com anisocitose, sem alteração
nas séries branca ou megacariocítica. A investigação complementar indicada e o diagnóstico são
A) realizar pesquisa (dosagem) de gordura fecal e, se anormal, considerar a realização de biópsia de intestino delgado pela
possibilidade de doença celíaca.
B) realizar tomografia computadorizada de abdome para avaliar a ocorrência de calcificações pancreáticas e determinar o
diagnóstico de pancreatite crônica.
C) realizar colonoscopia com biópsias de intestino devido à possibilidade de doença inflamatória intestinal, como a retocoli-
te ulcerativa.
D) realizar dosagens de hormônio estimulador da tireoide ( TSH ) e de T4 livre para avaliar a possibilidade de hipertireoidis-
mo.
Questão 98
Uma mulher de 25 anos de idade procurou o ambulatório com queixa de febre e diarreia há mais de um mês, com
cerca de seis evacuações por dia, seguidas por sangramento, dor abdominal e perda de peso de aproximadamente 10
quilos. Ao exame físico, apresentava-se emagrecida, com pele e mucosas descoradas ++/4+ e temperatura = 38,5°C. Foi
observada a presença de fissuras perianais. Exames laboratoriais mostraram Hb = 8,2 g/dL (valor de referência = 11,3 a
16,3 g/dL), volume corpuscular médio = 70 fL (valor de referência = 79 a 93,3 fL), leucócitos = 15 000/mm³ (valor de
referência = 3 800 a 10 600/mm3 ), plaquetas = 520 000/mm3 (valor de referência = 165 000 a 415 000/mm3 ), veloci-
dade de hemossedimentação = 70 mm/h (valor de referência: < 20 mm/h). Imediatamente, o médico decidiu encaminhar a
paciente para um serviço especializado devido à suspeita diagnóstica de doença inflamatória intestinal grave. Os critérios
de inclusão nessa categoria de gravidade devem considerar
483
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 99
Homem, com 26 anos de idade, foi internado há dois dias com o diagnóstico de doença inflamatória intestinal na
forma fulminante com megacólon tóxico. Há cerca de uma hora apresentou piora súbita da dor abdominal, vômitos e
desconforto respiratório. O exame físico revela paciente taquicárdico, taquidispneico e com abdome muito doloroso difusa-
mente. A complicação é frequente e o principal recurso diagnóstico para demonstrá-la são
Questão 100
Um paciente com 35 anos de idade, controlador de voo, retorna à consulta na Unidade Básica de Saúde apresen-
tando resultados negativos de exame protoparasitológico de fezes e de teste de tolerância à lactose. Relata que desde a
adolescência tem episódios de evacuações explosivas com fezes amolecidas. Atualmente, queixa-se de alteração de hábito
intestinal há seis meses, quando passou a apresentar desconforto abdominal em andar inferior do abdome, que dura em
média dois a três dias por semana, alternando quadros de obstipação com diarreia e urgência fecal, com a presença de
muco de cor clara, quase transparente. O quadro de desconforto abdominal piora em situação de estresse e melhora
quando evacua ou elimina flatos. Em relação ao quadro clínico apresentado, qual das alternativas abaixo representa critério
para o diagnóstico?
Questão 101
Num mesmo turno de trabalho na Unidade Básica de Saúde, o médico atende dois pacientes com quadro de
diarreia aguda após terem consumido um prato à base de mariscos no mesmo restaurante. O quadro clínico de ambos foi
de cólicas abdominais, febre e episódios de diarreia com muco e sangue, que se iniciou cerca de 24 horas após o consumo
de alimentos. A partir da descrição acima, qual o diagnóstico que deve ser notificado à Vigilância Sanitária municipal?
A) Botulismo.
B) Shiguelose.
C) Colibacilose.
D) Giardíase.
484
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 102
Trinta e cinco indivíduos, adolescentes e adultos, alimentam-se em um restaurante com buffet de comida “por
quilo”. Cerca de quatro horas depois, sete integrantes do grupo apresentam diarreia com várias evacuações aquosas, sem
febre, acompanhadas de cólicas abdominais e vômitos. Ao serem avaliados apresentam-se apiréticos, desidratados, alguns
deles necessitando de hidratação venosa. Dois dias depois, três outros membros do grupo, que também haviam comido
no mesmo buffet, apresentam quadro de diarreia, eliminação de fezes com muco, pus e sangue, acompanhado de febre e
mal estar. Na avaliação clínica apresentam-se desidratados, febris e toxemiados. Quais são os agentes etiológicos que
melhor explicam a epidemiologia e as características clínicas dos quadros diarreicos descritos?
Questão 103
Mulher com 22 anos de idade vem à consulta ambulatorial com diarreia há seis meses. Apresenta cerca de seis
evacuações ao dia, com fezes pastosas volumosas, de odor fétido, amareladas e espumosas, sem muco ou sangue. Nega
tenesmo ou febre. Piora com a ingestão de leite. Tem cólicas eventuais e distensão abdominal gasosa. Teve perda ponderal
de 5 kg desde o início do quadro. É solteira, sem atividade sexual. Nega uso de drogas ou álcool. Nega cirurgias prévias.
Ao exame físico apresenta-se com índice de massa corpórea de 22 kg/m2 . Mucosas hipocrômicas. Evidente perda de
massa muscular. Abdome discretamente distendido por gases, sem ascite, visceromegalias ou tumorações. Presença de
lesões de pele, de aspecto herpetiforme, em tronco. No relatório, para justificar o encaminhamento da paciente para o espe-
cialista, deverá ser especificada a necessidade de que a paciente seja submetida a:
Questão 104
MUm paciente com 55 anos de idade vem à Unidade Básica de Saúde com queixa de alteração do hábito intesti-
nal. Notou afilamento das fezes há cerca de quatro meses. Refere que vem emagrecendo há cerca de seis meses. É
tabagista (carga tabágica de 30 maços/ano) e hipertenso leve. Nega etilismo, diabetes ou outras doenças associadas.
Relata cirurgia para retirada da vesícula biliar há cerca de 20 anos. Ao exame físico apresenta-se corado, hidratado, eupnei-
co, acianótico e anictérico. Auscultas cardíaca e pulmonar sem alterações. Abdome sem alterações, exceto pela cicatriz
subcostal de cirurgia prévia. Exame proctológico sem alterações. Qual a conduta correta a ser seguida?
A) Receitar acréscimo de fibras na dieta e líquidos (2.500 mL/dia) e retorno após um mês para verificar se o quadro está
normalizado.
B) Receitar acréscimo de fibras na dieta e líquidos (2.500 mL/dia) e solicitar um ultrassom, uma vez que o exame proctoló-
gico foi negativo.
C) O tratamento não é dietético; solicitar diretamente uma colonoscopia, pois o paciente apresenta suspeita diagnóstica
que justifica a realização do exame.
D) O tratamento não é dietético; solicitar uma tomografia por ser exame menos invasivo que a colonoscopia e pelo afilamen-
to das fezes, que pode ser indicativo de estenose.
485
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 105
Homem com 65 anos de idade procura a Unidade de Pronto Atendimento porque está há cinco dias sem evacuar,
com dor abdominal contínua, no hemiabdome esquerdo, de baixa intensidade, sem outras queixas. Nega operações
prévias, não faz uso de nenhuma medicação e refere peso estável. Quando questionado sobre a dieta, informa que somente
come arroz, feijão e bife, tanto no almoço como no jantar. Hábito intestinal a cada três dias, com fezes endurecidas. O
paciente informa que há cerca de dois meses fez exame de fezes com pesquisa de sangue oculto negativa. Ao exame:
frequência cardíaca = 68 bpm, pressão arterial = 120x80 mmHg, corado, hidratado, anictérico, com dor discreta à palpa-
ção da fossa ilíaca e flanco esquerdo, onde se palpa massa imprecisa, móvel. Radiografia de abdome em decúbito e ortos-
tatismo evidencia grande quantidade de fezes no trajeto de todo o cólon. Para este paciente, a melhor conduta é:
Questão 106
Mulher com 28 anos de idade foi internada por apresentar quadro de confusão mental progressiva e rebaixamento
do nível de consciência. Os familiares informam que ela apresenta perda progressiva de peso (de aproximadamente 10 kg),
além de episódios febris (até 38,5 ºC) nos últimos três meses. Negam a ocorrência de tosse ou diarreia; relatam o uso de
drogas endovenosas há pelo menos cinco anos, além do consumo excessivo de álcool e cigarros. Há uma semana iniciou
quadro de confusão mental e há dois dias evolui com rebaixamento do nível de consciência, apresentando-se torporosa no
momento da internação. Foi iniciada, empiricamente, ceftriaxona. Os exames iniciais demonstraram leucócitos =
3.600/mm3, com 70% de neutrófilos, 20% de linfócitos e 10% de eosinófilos; anemia hipocrômica, microcítica, com aniso-
citose; plaquetas normais; VHS = 102 mm na primeira hora; ureia, creatinina, TGO/AST, TGP/ALT e eletrólitos normais; a
tomografia computadorizada de crânio foi normal. Após a realização dos exames e 48h de antibioticoterapia, a paciente
apresentava-se sem melhora do quadro clínico. Foi então realizada uma punção lombar diagnóstica evidenciando: 220
leucócitos/mm3, com 70% de linfócitos, níveis elevados de proteína e baixos níveis de glicose. O diagnóstico da paciente
é:
A) meningite viral.
B) encefalite viral.
C) meningite tuberculosa.
D) meningite estafilocócica.
E) meningite por bacilo gram-negativo
486
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 107
Um homem com 68 anos de idade é admitido em um Serviço de Emergência com febre alta, calafrios, cefaleia
intensa, náuseas e vômitos, iniciados há 48 horas. A acompanhante do paciente informou que ele apresentou quadro de
prostração e dor de garganta há cinco dias, porém não procurou atendimento médico. Ao exame físico, apresentava-se em
regular estado geral, letárgico e com raras lesões petequiais em tornozelos. O exame neurológico revelou sinais de irritação
meníngea - rigidez de nuca, sinais de Kernig e Brudzinski. Foram solicitados exames complementares: 1) sangue - hemoglo-
bina = 12,3 g/dL (Valor de referência = 13,5 - 17,5 g/dL); leucócitos = 17.500/mm3(Valor de referência = 4.500 -
11.000/mm3 ), às custas de neutrofilia, com desvio à esquerda; plaquetas = 127.000/mm3 (Valor de referência = 150.000-
-350.000/mm3 ); velocidade de hemossedimentação = 76 mm/h (Valor de referência = 0-17 mm/h); 2) liquor − turvo, de
aspecto purulento, com aumento do número de leucócitos e predomínio de neutrófilos polimorfonucleares; glicose e clore-
tos diminuídos, proteínas aumentadas; pesquisa direta para fungos negativa, bacterioscopia evidenciando a presença de
diplococos Gram-negativos e cultura em andamento. Com base no quadro apresentado, qual o antibiótico de primeira
escolha a ser administrado?
A) Ampicilina.
B) Cloranfenicol.
C) Ceftriaxona.
D) Penicilina cristalina.
Questão 108
Um homem de 32 anos de idade, saudável, procura o Pronto Socorro com queixa de febre, cefaleia e vômitos há
três dias. Trabalha como feirante e refere casos de febre na família. Fez uso de um comprimido de amoxicilina. O exame
físico revela: estado geral regular, desidratado (+/4+), corado, febril, deambulando sozinho, consciente, orientado e com
discreta rigidez de nuca. Não há outras alterações ao exame. Diante do quadro, foi realizada punção lombar com retirada
de 2 mL de líquido cefalorraquidiano (LCR) discretamente turvo. O exame laboratorial do LCR revelou: 203 células com
90% de células linfomononucleares (VR = 0 - 5 células/mm3 ), proteína = 60 mg/dL (VR = 8 - 32 mg/dL) e glicose = 50
mg/dL (VR = 40 - 70 mg/dL) (glicemia: 75 mg/dL); coloração ao Gram, Zielh-Nielsen e coloração para fungos negativas.
Considerando os dados apresentados, qual o diagnóstico mais provável nesse caso?
Questão 109
Um adolescente do sexo masculino de 12 anos de idade é levado à Emergência para avaliação clínica. Apresenta
quadro de febre, cefaleia e vômitos com 12h de evolução. A mãe nega antecedentes patológicos relevantes. Exame físico:
bom estado geral, com fotofobia, hipocorado 1+/4+, desidratado 1+/4+, anictérico e acianótico. Aparelho respiratório,
ausculta cardíaca e exame abdominal sem anormalidades. Não apresenta sinais focais e as pupilas são isocóricas e fotorre-
ativas. Apresenta sinal de Brudzinski positivo. Exame do líquor evidencia glicose = 40 mg/dL (VR = 40 - 70 mg/dL); 1.000
células/mm3 , 80% de neutrófilos (VR = 0 - 5 células/mm3); proteínas = 150 mg/dL (VR = 8 - 32 mg/dL).
Tendo em vista o quadro acima descrito, o diagnóstico mais provável e o respectivo tratamento são
487
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 110
Um menino, com 8 anos de idade, é atendido na Unidade Básica de Saúde (UBS) do seu bairro com quadro
suspeito de meningite. O paciente é transferido para uma Unidade Hospitalar, onde é confirmado o diagnóstico de meningi-
te meningocócica 24 horas após o início dos sintomas. O serviço de Vigilância Epidemiológica do município entra em
contato com a UBS da área de abrangência onde reside o menino e solicita adoção de medidas para prevenção de casos
secundários da doença, não sendo identificado nenhum outro caso suspeito de meningite até 36 horas após o início dos
sintomas. O menino atendido mora com a mãe e uma irmã de 3 anos de idade e estuda em uma escola municipal localizada
na área de abrangência da UBS.
Considerando as medidas de prevenção e controle de casos secundários de doença meningocócica, a equipe da UBS
deverá providenciar
A) quimioprofilaxia com ceftriaxona para mãe, irmã e todas as crianças que estudam na mesma sala do paciente.
B) quimioprofilaxia com rifampicina para mãe, irmã e para os profissionais de saúde da UBS que realizaram o atendimento
inicial da criança.
C) quimioprofilaxia com ceftriaxona para mãe e irmã, e vacina conjugada contra o meningococo tipo C para todas as crian-
ças que estudam na mesma sala do paciente.
D) quimioprofilaxia com rifampicina para mãe e irmã, e vacina conjugada contra o meningococo tipo C para todas as crian-
ças que estudam na mesma sala do paciente.
Questão 111
Lactente com 8 meses de idade, previamente hígido, foi admitido no Pronto-Socorro com história de febre não
aferida, recusa alimentar, irritabilidade e vômitos há dois dias. A mãe informou que a criança não foi vacinada adequadamen-
te. Ao exame físico foi observado choro intenso e fontanela abaulada, sem outros sinais. Foi realizada punção lombar que
mostrou líquor (LCR) com aspecto turvo, citometria de 2.300 células/mm3, com 86% de neutrófilos, glicorraquia = 8 mg%
(abaixo de 2/3 da glicemia sanguínea), dosagem de proteína no líquor = 123 mg%. A bacterioscopia revelou a presença
de bacilo gram-negativo.
Considerando o quadro clínico, a faixa etária e os achados no LCR, o agente etiológico provável é:
A) Escherichia coli.
B) Neisseria meningitidis.
C) Haemophilus influenzae.
D) Streptococcus pneumoniae.
E) Mycobacterium tuberculosis
Questão 112
Um homem de 65 anos de idade, com diabetes e hipertensão arterial não controladas, é trazido à Emergência de
um hospital terciário com hemiplegia direita e afasia iniciadas há 2 horas. Ao exame, encontra-se sonolento, acorda ao
estímulo verbal, obedece aos comandos. Apresenta afasia de expressão, pupilas isocóricas e fotorreagentes, hemiple-
gia do dimídio direito. Pressão arterial = 190 x 120 mmHg, frequência cardíaca = 100 bpm, saturação de oxigênio de
96% em ar ambiente, auscultas cardíaca e pulmonar normais. A tomografia computadorizada de crânio sem contraste,
realizada na Emergência, foi normal. Qual a melhor conduta a ser realizada na sequência do atendimento?
488
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 113
Mulher com 60 anos de idade, hipertensa, vai à consulta em Unidade Básica de Saúde porque apresentou quadro
de parestesias e hemiparesia no membro superior esquerdo há uma semana, com reversão espontânea completa em 12
horas. Pressão arterial = 180x110 mmHg, ausculta cardíaca com ritmo irregular, em 2 tempos, exame neurológico sem
alterações significativas. Traz tomografia computadorizada de crânio sem contraste, realizada no dia dos sintomas, que é
normal. Realizou eletrocardiograma conforme mostrado abaixo - DII (traz exame semelhante feito há 60 dias).
Qual outro fármaco, além do tratamento anti-hipertensivo, é o mais indicado para essa paciente como medida de maior
impacto na prevenção de novos episódios do quadro neurológico?
A) Warfarina.
B) Clopidogrel.
C) Ticlopidina.
D) Atorvastatina.
E) Ácido acetilsalicílico.
Questão 114
Uma mulher de 32 anos de idade apresentou quadro de cefaleia de forte intensidade, de início abrupto, seguido
de náuseas, vômitos, fotofobia e rigidez de nuca nas últimas 2 horas. Ela foi atendida em um serviço de emergência. Duran-
te a anamnese, negou febre ou uso de drogas ilícitas. Em relação a seus antecedentes pessoais, informou hipertensão
arterial sistêmica controlada com uso de captopril 25 mg, duas vezes ao dia. Ao exame físico, apresentava-se sonolenta,
sem sinais neurológicos de localização. Os sinais vitais indicaram pressão arterial = 100 x 65 mmHg; frequência cardíaca
= 104 bpm; frequência respiratória = 18 irpm. Os exames laboratoriais iniciais mostraram:
O exame fundoscópico revelou a presença de hemorragias pré-retinianas, com papilas ópticas mal definidas.
Considerando esse caso, após avaliação da relação risco-benefício, qual procedimento diagnóstico imediato deve ser
empreendido para investigação etiológica do quadro neurológico?
A) Angiografia cerebral.
B) Ecodoppler transcraniano.
C) Ressonância magnética cerebral.
D) Tomografia computadorizada cerebral.
489
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 115
Um homem com 38 anos de idade vem à consulta no ambulatório de Clínica Médica encaminhado da Unidade
Básica de Saúde por apresentar episódios recorrentes de cefaleia. As crises iniciaram-se há dois anos, com cefaleia unila-
teral esquerda, de forte intensidade, acompanhada de lacrimejamento, rinorreia e ptose palpebral do mesmo lado da dor,
durando de 20 a 30 minutos. O paciente relata que as crises ocorrem diariamente por cerca de duas semanas, cessando
completamente e reiniciando, aproximadamente, seis meses depois. Os últimos episódios ocorreram há quatro meses. O
paciente refere uso de analgésicos comuns e naproxeno durante as crises, relatando alívio apenas parcial, e nega a
ocorrência de aura ou presença de fatores desencadeantes. A hipótese diagnóstica e a conduta a ser adotada para esse
paciente são
Questão 116
Uma menina com 10 anos de idade é atendida na Unidade Básica de Saúde, com queixa de dor de cabeça recor-
rente há 6 meses. Refere que a dor é de moderada intensidade, localizada na região frontal, intermitente, com duração
aproximada de 2 horas, de caráter pulsátil e acompanhada de náuseas e fotofobia. Relata ainda que os episódios são
desencadeados por atividade física, jejum prolongado ou privação do sono. O exame físico é normal. Diante desse quadro,
quais são o diagnóstico e o tratamento inicial recomendado?
Questão 117
Uma mulher de 40 anos é atendida em hospital, queixando-se de ter tido cefaleia súbita de forte intensidade, com
náuseas e vômitos, seguida de perda de consciência. Ao exame, mostra-se consciente, orientada, sem déficit motor, com
pupilas isocóricas e rigidez de nuca importante. Nesse caso, o diagnóstico mais provável é:
A) enxaqueca complicada
B) hemorragia subaracnóidea
C) hematoma intraparenquimatoso
D) acidente vascular cerebral isquêmico
Questão 118
Um menino de 5 anos e 11 meses faz seguimento de rotina em Unidade Básica de Saúde desde o nascimento,
sem antecedentes mórbidos relevantes. Em sua última consulta, há 1 ano, sua estatura era de 110cm; na consulta atual,
está medindo 111cm. Há 4 meses, passou a apresentar cefaleia holocraniana diária, de intensidade moderada a forte, e
dificuldade visual. A avaliação oftalmológica revelou hemianopsia bitemporal. A principal hipótese diagnóstica para esse
caso é:
A) cordoma
B) schwannoma
C) craniofaringioma
D) tumor do plexo coroide
490
GABARITO
Clínica Médica
GABARITO
GABARITO
Questão 01 - B Questão 07 - E
Questão 02 - D Questão 08 - D
Questão 03 - E Questão 09 - C
Questão 04 - A Questão 10 - B
Questão 05 - A Questão 11 - D
Questão 06 - B Questão 12 - C
Questão 13 - A
Internação hospitalar indicada em razão da idade, DPOC, tabagista crônica.
Questão 14 - B
Questão 15 - B
Questão 16 - B
Iniciar Protocolo de dor torácica. 1º passo: eletrocardiograma com tempo máximo de 10 minutos. 2.º
analisar ECG: • (1.º) observa o ritmo: ritmo sinusal, pois, todo complexo QRS é precedido de onda P,
• (2º) frequência: frequência cardíaca normal • (3º) ondas: VI, VII e VII observamos infra de ST de
parede inferior, sendo provavelmente a coronária direita a artéria que está comprometida. Uma particu-
laridade do infarto de parede inferior, é extremamente hipotensor e normalmente esses pacientes
chocam. Essa a única situação que precisa infundir volume no paciente e NÃO FAZ ISORDIL nesses
pacientes, pois, ele é hipotensor. Deve-se administrar Clopidogrel por via oral, 300–600 mg, depen-
dendo do protocolo do serviço.
492
GABARITO
GABARITO
Questão 17 - A
É um paciente que tem várias comorbidades. Ele está sendo tratado corretamente para hipertensão,
diabetes e dislipidemia. Para melho- rar a qualidade de vida desse paciente, deve realizar controle da
pressão arterial (alvo: menor ou igual a 140 x 80 mmHg). Como ele apresenta lesão de órgão alvo, é
importante a realização do exame de fundo de olho, para investigar lesão ocular em razão do diabetes.
Questão 18 - B
O ECG é o exame de escolha. Em relação as drogas a amiodarona é uma excelente escolha, mas para
paciente estáveis. A paciente encontra-se instável, por esta razão deve-se administrar heparia IV +
cardioversão e após estabilizar a paciente, inicia-se amiodarona.
Questão 19 - C Questão 25 - C
Questão 20 - E Questão 26 - E
Questão 21 - D Questão 27 - D
Questão 22 - E Questão 28 - A
Questão 23 - B Questão 29 - B
Questão 24 - A Questão 30 - C
Questão 31 - A
A paciente apresenta normalização da função da tireoide de acordo com o laboratório apresentado, o
que mostra que o tratamento foi eficaz e não há necessidade de aumentar as doses da medicação.
Seu quadro atual é compatível com outra patologia, provavelmente depressão, que deverá ser investi-
gado para realizar o tratamento
493
GABARITO
GABARITO
Questão 32 - B
Questão 33 - D
A palpação do pescoço é muito importante, pois as dosagens hormonais apresentam-se normais. A
punção aspirativa é a primeira opção para exame histopatológico.
Questão 34 - B Questão 37 - C
Questão 35 - D Questão 38 - D
Questão 36 - A Questão 39 - B
Questão 40 - C
As biguanidas (metformina) são as drogas de primeira escolha. Dose inicial: 850-1700 mg após admi-
nistração. A metformina não é uma droga tão hipoglicemiante a faixa terapêutica é bem ampla o proble-
ma são os efeitos colaterais.
Questão 41 - C Questão 46 - C
Questão 42 - B Questão 47 - B
Questão 43 - A Questão 48 - B
Questão 44 - B Questão 49 - B
Questão 45 - E
494
GABARITO
GABARITO
Questão 50 - D
É uma paciente que está apresentando um quadro de sepse de origem pulmonar. Para diagnós-
tico de sepse: Foco infeccioso + SIRS (FC, FR, PA, T) + Leucócitos, se alterações de 02 ou mais
sinais vitais + disfunção orgânica = SEPSE. Lembrando que o novo conceito para sepse é: Disfunção
orgânica ameaçadora à vida que nesse caso clínico existem essas disfunções. Atualmente protocolo
de sepse: início de ATB até 1h do diagnóstico, coleta de culturas (pelo menos 2) e culturas pertinen-
tes. Hipercalemia é uma das principais causas de parada cardiorrespiratória nesse ritmo AESP. No
ECG: A onda T é apiculada como mostra o traçado acima, bem fácil de identificar.
Questão 51 - D Questão 64 - D
Questão 52 - C Questão 65 - B
Questão 53 - C Questão 66 - B
Questão 54 - D Questão 67 - B
Questão 55 - E Questão 68 - D
Questão 56 - B Questão 69 - A
Questão 57 - A Questão 70 - C
Questão 58 - C Questão 71 - C
Questão 59 - C Questão 72 - C
Questão 60 - C Questão 73 - D
Questão 61 - E Questão 74 - C
Questão 62 - E
Questão 63 - E
Questão 75 - A
A paciente apresenta normalização da função da tireoide de acordo com o laboratório apresen-
tado, o que mostra que o tratamento foi eficaz e não há necessidade de aumentar as doses da medica-
ção. Seu quadro atual é compatível com outra patologia, provavelmente depressão, que deverá ser
investigado para realizar o tratamento
495
GABARITO
GABARITO
Questão 76 - C Questão 97 - A
Questão 77 - E Questão 98 - B
Questão 78 - A Questão 99 - A
Questão 79 - C Questão 100 - A
Questão 80 - C Questão 101 - B
Questão 81 - C Questão 102 - A
Questão 82 - B Questão 103 - E
Questão 83 - B Questão 104 - C
Questão 84 - A Questão 105 - B
Questão 85 - B Questão 106 - C
Questão 86 - B Questão 107 - C
Questão 87 - D Questão 108 - A
Questão 88 - B Questão 109 - B
Questão 89 - A Questão 110 - A
Questão 90 - C Questão 111 - C
Questão 91 - A Questão 112 - B
Questão 92 - C Questão 113 - A
Questão 93 - B Questão 114 - D
Questão 94 - D Questão 115 - D
Questão 95 - D Questão 116 - C
Questão 96 - D Questão 117 - B
Questão 118 - C
496
Clínica Cirúrgica
PARTE 01
Revalida
MEDCS
Revalida
MEDCS
QUALITY
http://qualitycursosmedicos.com
EDUCAÇÃO MÉDICA
CLÍNICACIRÚRGICA
CLÍNICA CIRÚRGICA
ATENDIMENTO AO
POLITRAUMATIZADO
P
acientes traumatizados devem ter atendimento A primeira medida para permeabilizar a via
rápido e adequado, tanto em ambiente pré-hospi- aérea, é a elevação do mento, (chin lift) ou a tração da
talar quanto hospitalar. Deve se prestar os primei- mandíbula (jaw thrust). A instalação do colar cervical é
ros cuidados ao paciente iniciados pela avaliação de extrema importância, porém requer de muito cuida-
primaria, ou seja, ABCDE do trauma. do para não causar ou agravar fratura posterior. Um
ajudante no atendimento deve imobilizado a cabeça e
o pescoço, mantendo os alinhados para a instalação
do colar cervical.
-
-
499
Não perca tempo tentando drenar um pneumo-
tórax hipertensivo. Alivie-o com uma agulha.
B – VENTILAÇÃO
500
CLÍNICACIRÚRGICA
CLÍNICA CIRÚRGICA
Abertura ocular
Avaliar as condições dos doentes, para identifi- Espontânea 4
car os sinais de choque, o mais comum é o choque hipo- Estimulação 3
volêmico. Dor 2
Sem abertura 1
Primeiro passo avaliar parâmetros
clínicos: Resposta verbal Orientado 5
E - EXPOSIÇÃO
D – DÉFICIT NEUROLÓGICO
O paciente deve ser despido cortando-se
lateralmente as vestes, sem
A avaliação neurológica permite estabelecer o movimentar seus membros e o pescoço. Examine a
nível de consciência do doente, o tamanho e a reativida- topografia da face e do
de das pupilas, e o nível da lesão da medula espinhal. A crânio.
escala de coma de Glasgow é o método utilizado para Reavalie o tronco (tórax e abdome) virando o paciente
avaliar o nível de consciência de pacientes. em monobloco com o pescoço imóvel.
501
O trauma abdominal pode levar a morte imediata por
hemorragia, choque e infecção. 60% dos traumas são
contusos e os 40% restante são penetrantes.
TRAUMA CONTUSOS
No trauma contuso de abdome, as vísceras são
submetidas a movimentos de aceleração, desacelera-
ção, compressão e cisalhamento nas diversas direções.
O baço é o órgão lesado em cerca de 40 a 55% das
laparotomias por trauma contuso e o fígado em 35 a
Chutes, murros, porretadas e coronhadas são
45%. Menos frequentemente, as vísceras ocas podem
outras causas de lesões contusas.
ser lesadas no trauma contuso.
Procure ferimentos penetrantes que são os
maiores causadores de hemorragias.
TRAUMA PENETRANTE
Avalie o paciente em toda sua extensão, nesta
etapa seu paciente já se encontra estável e poderá Os agentes penetrantes propiciam lesões de
examina – ló mais detalhadamente. forma direta, em função de sua trajetória e das estrutu-
ras que atravessam. A trajetória é limitada aos órgãos
anatomicamente adjacentes à lesão nos ferimentos por
AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA arma branca, enquanto que os ferimentos por projéteis
de arma de fogo podem apresentar trajetórias diversas,
Esta fase somente será iniciada após a estabi-
além de provocarem lesões teciduais pela força de cavi-
lização respiratória e
tação.
circulatória do paciente. Este deve ser repetidamente
reavaliado (ABCD).
A Alergias
Os ferimentos por arma branca acometem mais
M Medicamentos
frequentemente o fígado (40%), intestino delgado
P Passado de doenças (30%), diafragma (20%) e cólon (15%).
502
CLÍNICACIRÚRGICA
CLÍNICA CIRÚRGICA
C. Circulação
Ausculta:
D. Avaliação neurológica Presença ou ausência de ruídos hidroaére-
os.
E. Exposição.
Percussão:
Presença ou ausência timpanismo (dilata-
AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA ção gástrica) ou macicez difusa (hemoperi-
tônio).
Palpação:
Defesa involuntária (irritação peritoneal),
dor superficial ou profunda e dor à descom-
pressão brusca.
Toque retal:
Tem o objetivo de avaliar se há presença de
sangue na luz retal (perfuração de intesti-
no) e atonia esfincteriana.
Exame do pênis:
Sangue no meato uretral (lesão de uretra).
Exame vaginal: -
-
Sinais de violência sexual e sangramentos.
503
Tomografia pode ser utilizada porem somente
Medidas auxiliares: em pacientes estáveis, serve para detectar a presença
É a instalação de sonda gástrica e sonda de líquido livre intra-abdominal e verificar a extensão
de lesões.
vesical (menos em casos de lesão uretral
constatada).
TRAUMA ABDOMINAL FECHADO
EXAMES
COMPLEMENTARES INSTÁVEL
Hemodinamicamente
Sinais de ESTÁVEL
Hemodinamicamente
peritonite
Ecografia ou FAST:
FAST ou LPD TAC Abdome
Auxilia na detecção de líquido livre na
cavidade peritoneal. Sinais de lesão
de víscera oca
POSITIVO NEGATIVO Lesão de
ÓRGÃO SÓLIDO
Procurar outra
LAPAROTOMIA
causa para
instabilidade
Considerar possibilidade de
TRATAMENTO NÃO
OPERATÓRIO
504
CLÍNICACIRÚRGICA
CLÍNICA CIRÚRGICA
-
-
A figura demonstra o procedimento de toracocentese.
A figura demonstra o curativo de 3 pontas.
505
TORAX INSTÁVEL HEMOTORAX MACIÇO
TAMPONAMENTO
CARDÍACO
QUADRO CLINICO
O saco pericárdico é uma estrutura fibrosa
Dor intensa, respiração paradoxal, dispneia e inelástica, por isso uma pequena quantidade de líquido
crepitações perceptíveis a palpação do tórax. pode ser suficiente para restringir o enchimento cardía-
co.
506
CLÍNICACIRÚRGICA
CLÍNICA CIRÚRGICA
TRATAMENTO TRATAMENTO
Tratamento do choque com reposição volê- O tratamento cirúrgico deve ser realizado o
mica. mais rápido possível.
TRAUMA
MAXILOFACIAL
RUPTURA
TRAUMÁTICA
DE AORTA
TRAUMA CERVICAL
É a causa mais frequente de morte súbita após
colisões automobilísticas ou quedas de grandes alturas.
Nesses casos, é frequente o hematoma restrito ao Os ferimentos penetrantes do pescoço podem
mediastino, que, se extravasar para o espaço pleural, causar lesões vasculares que levam a hematomas
leva a hipotensão, choque e consequente óbito em cervicais expansivos, os quais podem resultar em obs-
minutos. trução da via aérea, neste caso a intubação endotra-
queal torna se impossível de maneira que a via aérea
Sinais e sintomas são frequentemente ausentes, terá que ser feita por abordagem cirúrgica.
sendo importante investigar o mecanismo de trauma.
Sinais radiológicos que podem estar presentes são O trauma cervical contuso ou penetrante pode
alargamento de mediastino (principal sinal), desvio da causar ruptura da laringe ou da traqueia e podem
traqueia para a direita, apagamento da janela aorto-pul- causar obstrução parcial da via aérea. Um paciente
monar, fratura de 1°. e 2°. arcos costais, entre outros. com essa lesão deve se garantir uma via aérea definiti-
va, para evitar que se amplie uma lesão preexistente
-
da
A arteriografia é o método diagnóstico padrão via área. -
diagnóstico.
507
TRAUMA DE LARINGE Sinais de ventilação inadequada:
A. Observe o tórax do paciente, movi-
Lesão rara porem que cursa com obstrução mentos respiratórios e o esforço respira-
aguda da via aérea. Sua manifestação clinica é dada tório. Movimentos assimétricos sugere
pela seguinte tríade: fratura de arcos costais ou tórax instável.
508
CLÍNICACIRÚRGICA
CLÍNICA CIRÚRGICA
• Tubo orotraqueal
A figura ilustra a técnica de jaw-thrust. • Tubo nasotraqueal
• Via área cirúrgica
TUBO OROFARÍNGEO
(CÂNULA OROFARÍNGEA)
TUBO NASOFARINGE
(CÂNULA NASOFARINGE)
509
CLASSE 1 CLASSE 2 CLASSE 3 CLASSE 4
A
CLASSE 4
VIA CIRURGICA
B. Laringoscopia de acordo com a
Quando não for possível a realização de intuba-
classificação de Cormack e Lehane:
ção traqueal, a abordagem a ser seguida é a implanta-
Grau 1. Todo o orifício glótico é visu- ção de uma via aérea cirúrgica. A cricotireoidostomia
alizado. cirúrgica é preferível a traqueostomia, por ser uma via
de mais fácil acesso e requer menos tempo para a sua
Grau 2. Somente a parte posterior do execução.
orifício é visualizado.
Cricotireoidostomia por punção, envolve a
inserção de um cateter sobre agulha pela membrana
Grau 3. Somente se observa a
cricotireoidea. O cateter é conectado a uma fonte de
epiglote e o orifício glótico não visualiza-
oxigênio a 15L- min. O paciente traumatizado pode ser
do.
oxigenado adequadamente por 30-45 min com essa
técnica, mais somente aqueles que não apresentem
Grau 4. Epiglote não é vista. lesões torácicas significativas. A cricotireoidostomia
cirurgica é realizada com uma incisão na pele que se
estende pela membrana cricotireoidea e inserção de
tubo endotraqueal.
510
CLÍNICACIRÚRGICA
CLÍNICA CIRÚRGICA
TRAUMA FACIAL
ANAMNESE
EXAME FÍSICO
Lesões abertas:
Inspeção de toda a face. Palpação de estruturas
ósseas, procura por crepitações, avaliação de sangra- · Laceração
mentos, avaliação da movimentação ocular, da resposta · Esmagamentos.
pupilar, exame otológico, do nariz e do septo nasal,
avaliação da cavidade oral, dos dentes e da articulação
temporomandibular e avaliação da mordida do pacien- CONTUSÃO
te.
Lesão causada por trauma fechado de grande
impacto.
DIAGNÓSTICO
511
Diagnóstico das fraturas se baseia na história,
exame clínico e radiológico. DIAGNÓSTICO
Planejamento cirúrgico com base nos dados É baseado na avaliação clínica e radiografia.
CLASSE 4
TRATAMENTO
FRATURA NASAL
Deve ser realizado apenas nos casos de deslo-
É a fratura de face mais comum e de maior camento nasal. Se a fratura não apresenta deformidade
incidência. As fraturas nasais são as mais frequente e e encontra se estável, não há necessidade de redução.
geralmente são laterais ou deslocadas.
Há 2 condutas possíveis: redução imediata ou
tardia, esperando-se 4 a 7 dias até que ocorra redução
do edema.
CLASSE 4
FRATURA DA MAXILA
As fraturas de maxila podem ocorrer de diversas
maneiras. LeFort estudou os traços de fratura de milha-
res de crânios, quando arremessados ao chão, e obser-
vou que a maxila apresentava 3 diferentes padrões bási-
cos de traços de fratura
GRAU 4
QUADRO CLÍNICO
· Dor
· Obstrução respiratória
· Crepitação
· Deformidade nasal
· Desvio do septo
512
CLÍNICACIRÚRGICA
CLÍNICA CIRÚRGICA
QUADRO CLÍNICO
· Hematoma periorbital
· Dor
· Má oclusão
· Lacerações intraorais
CARACTERÍSTICAS
DAS LESÕES
TRATAMENTO
Lesão de via aérea e digestiva
Estabilização da oclusão, com reconstrução dos superior:
pilares. Geralmente restauram-se 2 dos pilares e se con-
segue estruturar a face. · Estridor
· Enfisema subcutâneo
· Disfagia
· Hemoptise ou hematêmese
· Epistaxe.
513
PROCEDIMENTOS TORÁCICOS E
ABDOMINAIS
LAVADO PERITONEAL
DIAGNÓSTICO (LPD)
514
CLÍNICACIRÚRGICA
CLÍNICA CIRÚRGICA
INDICAÇÕES
2. Faz se uma pequena incisão
infraumbilical, com abertura da aponeuro- • Dor
se e colocação de um cateter ou sonda • Dispneia
dentro da cavidade abdominal, pela qual é • Vômitos pós-prandiais precoces
infundido soro. Em caso de refluxo de
sangue ou material entérico, diz se que o
CONTRAINDICAÇÃO
exame é positivo, e está indicada a laparo-
tomia exploradora. Quando há refluxo do Abdome agudo de cirurgia de urgência.
soro instilado aparentemente sem altera-
ções, esse material deve ser enviado para TÉCNICA
estudo laboratorial em que a presença de
Coloca se o paciente em posição semi elevada
alguns itens caracteriza o lavado como e inclinar-se para o lado cerca de 30°. O local de
positivo. punção é a região da fossa ilíaca esquerda.
PARACENTESE
TORACOCENTESE
A paracentese é um procedimento simples, que
pode ser realizado em regime ambulatorial ou em inter-
nação. A paracentese pode ser diagnóstica ou terapêu- A toracocentese é a técnica que permite a
tica. extração de um líquido anormal, acumulado no espaço
pleural, por meio de uma agulha ou um cateter.
ASCITE ABDOME AGULHA DRENO
COLETOR
515
intercostais e que a parte inferior do hemitórax seja pos-
terior. Além disso, deve-se manter a coluna toracolom-
bar o mais retificado possível. O paciente pode ficar
sentado em uma cadeira e voltado para o apoio das
costas, com os braços sobre um móvel.
516
CLÍNICACIRÚRGICA
CLÍNICA CIRÚRGICA
TÉCNICA
Fontes:
https://pt.scribd.com/doc/3890178/Protocolos-da-
Unidade-de-Emergencia-Ministerio-da-Saude
Classificações de
Queimaduras
517
TRAUMA CRANIENCEFÁLICO
s lesões craniencefálicas encontram-se entre
os tipos de trauma mais frequentemente vistos CLASSIFICAÇÃO DAS LESÕES CRANIENCEFÁLICAS
nos Serviços de Emergência. Muitos doentes
As lesões craniencefálicas são classificadas
com lesões cerebrais graves morrem antes de chegar
de várias maneiras, citaremos a gravidade da lesão e
ao hospital, e quase 90% das mortes pré-hospitala-
a morfologia.
res relacionadas ao trauma envolvem lesão cerebral.
Aproximadamente 75% dos doentes com trauma
craniencefálico que recebem cuidados médicos GRAVIDADE DE LESÃO
podem ser classificados como vítimas de trauma leve, O Escore da Escala GCS é usado como
1 5% como vítimas de trauma moderado e 10% medida clínica objetiva da gravidade do trauma
como vítimas de trauma grave. A maioria dos dados craniencefálico . Um escore na GCS igual ou inferior
a 8 tem se tornado a definição geralmente aceita de
coma ou trauma craniencefálico grave. Doentes com
trauma craniencefálico com escore GCS de 9 a 12
são classificados como "moderados", e aqueles com
escore de 13 a 15 são designados como "leves". Ao
avaliar o escore na GCS, quando existe assimetria
direita/ esquerda ou superior/inferior, é importante
que se use a melhor resposta motora no cálculo do
escore porque esta é o preditor mais confiável do
resultado. Entretanto devem-se anotar as respostas
efetivas em ambos lados do corpo, face, braços e
pernas.
518
CLÍNICACIRÚRGICA
CLÍNICA CIRÚRGICA
MORFOLOGIA
O trauma craniencefálico pode incluir fraturas
de crânio e lesões intracranianas tais como contusões,
hematomas, lesões difusas e inchaço resultante de
edema/hiperemia.
Adaptado com licença de Valadka AB, Narayan RK. Emergency room management of the head-injured patient. In Narayan RK, W ilberger JE, Povlishock JT,
eds. Neurotrauma. New York, NY: McGraw-Hill, 1996: 120.
FRATURAS DE CRÂNIO
As fraturas de crânio podem ocorrer na calota
ou na base do crânio. Elas podem ser lineares ou
estreladas e abertas ou fechadas. Para identificação
das fraturas da base do crânio habitualmente é neces-
sário o uso de tomografia computadorizada com
"janela" para osso. Os sinais clínicos de fratura de
base de crânio incluem a equimose periorbital (olhos
de guaxinim), a equimose retroauricular (sinal de
Battle), fístula liquórica através do nariz ( rinorreia) ou
do ouvido ( otorreia) e disfunção dos sétimo e oitavo
nervos cranianos (paralisia facial e perda de audição)
que podem ocorrer imediatamente ou poucos dias
após a lesão inicial. A presença desses sinais clínicos
deve aumentar o índice de suspeita e ajudar na identi-
ficação das fraturas da base do crânio. Fraturas da
base do crânio que atravessam os canais carotídeos
podem lesar as artérias carótidas (dissecção, pseudo-
519
-aneurisma ou trombose) e deve-se considerar a reali-
zação de arteriografia cerebral ( angio TC [ATC] ou
por cateterismo arterial). Fraturas de crânio abertas
ou compostas podem estabelecer comunicação
direta entre a laceração do couro cabeludo e a super-
fície cerebral, porque a duramáter encontra-se
frequentemente rota. A importância da fratura de
crânio não deve ser subestimada pois para que ela
ocorra é necessária a aplicação de força considerá-
vel. Uma fratura linear da calota craniana em doentes
conscientes aumenta em cerca de 400 vezes a possi-
bilidade de ocorrência de hematoma intracraniano. Hematomas epidurais são relativamente raros,
ocorrendo em 0,5% de todos os doentes com trauma
craniencefálico e em 9% dos doentes com lesão cere-
LESÕES LNTRACRANIANAS bral traumática e que estão em coma. Esses hemato-
mas tipicamente adquirem a forma biconvexa ou lenti-
cular à medida em que empurram a dura aderente em
Lesões intracranianas podem ser classifica- direção oposta à da tabua interna do crânio. Estão
das como focais ou difusas, embora as duas formas mais frequentemente localizados na região temporal
de lesão frequentemente coexistam. ou temporoparietal e habitualmente resultam da ruptu-
ra da artéria meníngea média causada por uma fratura.
LESÕES CEREBRAIS DIFUSAS Esses coágulos em geral têm origem arterial; entretan-
to, podem também resultar de ruptura de um seio
venoso importante ou do sangramento da fratura de
Lesões cerebrais difusas variam de concus- crânio. O intervalo lúcido entre o momento da lesão e
sões leves, nas quais a TC da cabeça é habitualmen- a deterioração neurológica é a apresentação clássica
te normal, até lesões hipóxicas isquêmicas graves. do hematoma epidural.
Com concussões, o doente tem um distúrbio neuro- • HEMATOMAS SUBDURAIS
lógico não focal transitório que frequentemente inclui Os hematomas subdurais são mais comuns
perda de consciência. Lesões difusas graves resul- que os hematomas epidurais ocorrendo em aproxima-
tam mais frequentemente de agressão hipóxica, damente 30% dos traumas craniencefálicos graves.
Eles ocorrem mais frequentemente por dilaceração de
isquêmica ao cérebro devido a choque prolongado vasos superficiais pequenos ou vasos ponte do córtex
ou apneia que ocorrem imediatamente após o trau- cerebral. Contrastando com a forma lenticular do
ma.Nesses casos, a TC pode ser inicialmente normal, hematoma epidural à TC, os hematomas subdurais
ou o cérebro aparece com inchaço difuso com perda frequentemente parecem assumir a forma do contorno
do cérebro. O comprometimento cerebral subjacente
da distinção normal entre cinza e branco. Outro ao hematoma subdural costuma ser muito mais grave
padrão difuso, frequentemente visto em impactos de do que nos hematomas epidurais devido à presença
alta velocidade ou em lesões por desaceleração, de lesão parenquimatosa concomitante.
pode produzir hemorragias pontilhadas por todos os
• CONTUSÕES E HEMATOMAS INTRACERE-
hemisférios cerebrais, concentrando-se nos limites BRAIS
entre as substâncias cinzenta e branca. Essas Contusões cerebrais são bastante comuns
"lesões por cisalhamento" mencionadas como LAD (presentes em cerca de 20% a 30% dos traumas
(lesão axonal difusa) definiram uma síndrome clínica craniencefálicos graves). A maioria das contusões
ocorre nos lobos frontal e temporal, embora possam
de lesão cerebral grave, com desfecho variável, mas
ocorrer em qualquer parte do cérebro. As contusões
geralmente reservado.
podem, em um período de horas ou dias, evoluir para
formar um hematoma intracerebral ou uma contusão
LESÕES CEREBRAIS FOCAIS
coalescente com efeito de massa suficiente para exigir
evacuação cirúrgica imediata. Isso ocorre em aproxi-
As lesões focais incluem os hematomas
madamente 20% dos doentes que apresentam contu-
epidurais, os hematomas subdurais, contusões e
são na TC de crânio inicial. Por esta razão, doentes
hematomas intracerebrais
com contusão devem ser submetidos a TC repetidas
para avaliar as mudanças nos padrões da contusão
• HEMATOMAS EPIDURAIS
nas 24 horas após a TC de crânio inicial.
520
CLÍNICACIRÚRGICA
CLÍNICA CIRÚRGICA
História
521
INDICAÇÕES DE TC NO TRAUMA
Trauma craniencefálico leve ( TCEL) é definido
por uma história de desorientação, amnésia, ou perda
CRANIENCEFÁLICO LEVE
transitória da consciência em um doente que está A TC de crânio é necessário em doentes portadores de trauma
consciente e falando. Isso correlaciona com um craniencéfalico leve (por exemplo: perda de consciência testemunha-
escore de 13 a 15 na GCS. A história de perda da, ou desonrientação testemunhada em doente com escore na GCS
momentânea de consciência frequentemente é de de 13 a 15) e em qualquer um dos seguintes casos:
difícil confirmação e muitas vezes o quadro fica confu-
so pela coexistência de abuso de álcool ou de outros Alto risco para intervenção Risco moderado para lesão
neurocirúrgica cerebral na TC
tóxicos. Entretanto, alterações do estado mental
nunca devem ser atribuídas a fatores de confusão até • Escore na GCS menor que 15 até • Perda de consciência (mais do
que a lesão cerebral tenha sido definitivamente excluí- duas horas após o trauma que 5 minutos)
Aula Simulação
Realística
522
CLÍNICACIRÚRGICA
CLÍNICA CIRÚRGICA
TC
523
paresia, ou perda de consciência enquanto o doente
TRATAMENTO CLÍNICO DO TRAUMA
está sendo observado. Nestas condições, o manitol
CRANIENCEFÁLICO
(1 g/kg) deve ser rapidamente (por 5 minutos) admi-
O princípio básico é que, se ao tecido nervoso nistrado em bolus e o doente deve ser transportado
lesado for oferecido um ambiente ótimo para a recu- imediatamente para a realização de TC ou diretamen-
peração, esta pode ser alcançada e o neurônio pode te para a sala de cirurgia no caso da lesão causadora
recuperar sua função normal. O tratamento clínico do já ter sido identificada.
trauma craniencefálico inclui líquidos intravenosos,
hiperventilação temporária, manitol, solução salina
SOLUÇÃO SALINA HIPERTÔNICA
hipertônica, barbitúricos e anticonvulsivantes.
A solução salina hipertônica também é usada
FLUIDOS INTRAVENOSOS para reduzir a PIC elevada. São usadas concentra-
Os fluidos intravenosos, sangue e produtos de ções de 3% a 23,4% e esse pode ser o agente prefe-
sangue devem ser administrados conforme a necessi- rido para ser usado em doentes hipotensos pois ela
dade, para reanimar o doente e para manter a normo- não age como diurético. Entretanto, não existe dife-
volemia. A hipovolemia nestes doentes é prejudicial. rença entre o manitol e a solução salina hipertônica
Também deve-se tomar o cuidado de não sobrecarre- em relação à redução da PIC e nenhuma das duas
gar o doente com líquidos. Não se devem usar líqui- diminuem adequadamente a PIC em doentes hipovo-
dos hipotônicos, portanto, para a reanimação, reco- lêmicos.
menda-se o uso de solução salina isotônica ou de
Ringer lactato. BARBITÚRICOS
Os barbitúricos são eficientes na redução da
HIPERVENTILAÇÃO
pressão intracraniana refratária a outras medidas.
A normocapnia é preferida na maioria dos
Estas drogas não devem ser usadas na presença de
casos. A hiperventilação age reduzindo a PaC02 e
produzindo vasoconstricção cerebral. A hiperventila- hipotensão ou hipovolemia. Além disso, o uso desses
ção deve ser usada somente com moderação e, tanto agentes frequentemente produz hipotensão. Portanto
quanto possível, por período de tempo limitado. Em o seu uso não está indicado na fase aguda de reani-
geral é preferível manter a PaC02 em 35 mm Hg ( 4, mação do trauma.
7 kPa), o limite inferior do intervalo de normalidade (
35 mm Hg a 45 mmHg). Curtos períodos de hiper- ANTICONVULSIVANTES
ventilação ( PaC02 de 25 a 30 mm Hg [3,3 a 4, 7 A epilepsia pós-traumática ocorre em cerca de
kPa] ) são aceitáveis, se necessários, em casos de 5% de todos os doentes admitidos no hospital com
défice neurológico agudo, enquanto outras medidas traumatismos craniencefálicos fechados e em 15%
terapêuticas são iniciadas. A hiperventilação reduz a daqueles com traumatismos craniencefálicos graves.
PIC em doentes que estão deteriorando com hemato- Os três fatores principais ligados à alta incidência de
ma intracraniano em expansão até que a craniotomia epilepsia tardia são as convulsões que ocorrem
de emergência seja realizada.
durante a primeira semana, o hematoma intracraniano
e a fratura com afundamento de crânio. As convul-
MANITOL
O manitol é usado para reduzir a pressão intra- sões agudas podem ser controladas com anticonvul-
craniana elevada. Utiliza-se, habitualmente, uma solu- sivantes, porém o uso precoce de anticonvulsivantes
ção a 20% (20g de manitol por 100mL de solução ). não muda a evolução das convulsões pós traumáticas
O manitol não deve ser administrado a doentes hipo- de longo prazo. Os anticonvulsivantes também
tensos porque manitol não abaixa a PIC em situação podem inibir a recuperação do cérebro, portanto eles
de hipotensão além de ser um diurético osmótico só devem ser usados quando absolutamente neces-
potente. Isso pode exacerbar a hipotensão e a isque- sários. Atualmente a fenitoína ou fosfenitoína são os
mia cerebral. Uma indicação clara para o uso de mani- agentes habitualmente empregados na fase aguda.
tol em doente normovolêmico é défice neurológico
agudo, como apresentação de pupila dilatada, hemi-
524
CLÍNICACIRÚRGICA
CLÍNICA CIRÚRGICA
permite determinar o nível da lesão traumática e
TRATAMENTO CIRÚRGICO avaliar a evolução neurológica, seja para melhora ou
para agravamento. O nível sensorial é definido como
O tratamento cirúrgico pode ser necessário o dermátomo mais baixo com função sensorial normal
para lesões de couro cabeludo, fraturas com afunda- e pode, com frequência, diferir de um lado para o
mento de crânio, lesões intracranianas de massa e outro do corpo. Na prática, os dermátomos cervicais
superiores (Cl a C4) variam, dentro de certos limites,
ferimentos cerebrais penetrantes.
em sua distribuição cutânea e não costumam ser
utilizados para localizar a lesão medular. Deve ser
TRAUMA VERTEBROMEDULAR lembrado, entretanto, que os nervos supraclavicula-
res (de C2 a C4) fornecem inervação sensorial à
Lesão espinhal, com ou sem défice neurológi- região que recobre os músculos peitorais ("cervical
co, deve ser sempre considerada em doentes vítimas cape"). A presença de sensibilidade nesta região
de traumas múltiplos. Cerca de 5% dos doentes com pode confundir o examinador que está tentando
lesão cerebral apresentam lesão de coluna associada, determinar o nível sensorial em doentes que apresen-
ao passo que 25% dos doentes com trauma de coluna tam lesões traumáticas cervicais baixas.
têm, pelo menos, uma lesão cerebral moderada. Apro-
ximadamente 55% das lesões traumáticas da coluna MIÓTOMOS
vertebral ocorrem na região cervical, 15% na região
torácica, 1 5% na transição toracolombar e 15% na Cada nervo segmentar (raiz nervosa) inerva
região lombossacra. Aproximadamente 10% dos mais de um músculo e a maioria dos músculos é iner-
doentes vítimas de fraturas de coluna cervical apre- vada por mais de uma raiz nervosa (normalmente
sentam uma segunda fratura de coluna vertebral, não duas). Entretanto, para simplificar o exame, certos
contígua. músculos ou grupos musculares são identificados
como representando uma única raiz nervosa espinhal.
Desde que a coluna do doente esteja devida- Os músculos chaves devem ser testados quanto à
mente protegida, o exame da coluna e a exclusão de força nos dois lados. Cada músculo é classificado em
lesões medulares podem ser adiados seguramente, uma escala de 6 pontos de uma força normal até a
especialmente na presença de alguma instabilidade paralisia. A documentação da força nos grupos mus-
sistêmica, como, por exemplo, hipotensão e insuficiên- culares ajuda a avaliar a melhora ou a piora nos
cia respiratória. exames subsequentes. Além disso, o esfíncter anal
externo deve ser testado quanto à contração voluntá-
ria durante o toque retal.
0 Paralisia total
525
Dermátomos Espinhais. {A) Principais pontos sensoriais para os dermátomos espinhais. {B)
Avaliação da resposta sensorial no mamilo, T4.
526
CLÍNICACIRÚRGICA
CLÍNICA CIRÚRGICA
T4 Mamilo
T8 Xifoide
pressão sanguínea não costuma normalizar-se atra-
vés da infusão de líquidos apenas e, o que é pior,
T10 Umbigo esforços para normalizá-la podem resultar em sobre-
carga hídrica e edema pulmonar. Habitualmente, a
T12 Sínfise púbica pressão sanguínea pode ser restaurada pelo uso cau-
teloso de vasopressores, após reposição volêmica
L4 Face medial da perna moderada. A atropina pode ser usada para corrigir
uma bradicardia que acarrete repercussões hemodi-
L5 Espaço entre o primeiro e
segundo pododáctilos nâmicas significativas.
527
Isso é importante para avaliar qualquer sinal de
QUANDO SUSPEITAR DE LESÃO NA COLUNA? preservação da função ao longo dos tratos da medula
espinhal. Qualquer função motora ou sensorial abaixo
As lesões medulares podem ser classificadas do nível da lesão constitui uma lesão incompleta.
de acordo com (1) o nível, (2) a gravidade do défice Sinais de uma lesão incompleta incluem qualquer sen-
neurológico, (3) o tipo de síndrome medular e (4) a sação (incluindo o reconhecimento de posição) ou
morfologia. movimentos voluntários nas extremidades inferiores,
preservação sacral, contração esfincteriana anal volun-
NÍVEL tária e flexão voluntária do hálux. Reflexos sacrais,
como o reflexo bulbocavernoso ou a contratilidade
O nível neurológico de lesão é definido pelo anal, não são qualificados como preservação sacral.
segmento mais caudal da medula, que se traduz atra-
vés de funções motoras e sensoriais normais em
ambos os lados do corpo. O termo nível sensorial, SÍNDROMES MEDULARES
quando usado, refere-se aos segmentos mais cau-
dais da medula que conservam suas funções senso- Nos doentes portadores de lesão medular, são
riais normais. De forma análoga, o nível motor é defini- encontrados, com frequência, alguns padrões caracte-
do pela função motora do grupo-chave muscular mais rísticos de lesão neurológica, tais como síndrome cen-
baixo que mantém um valor de, pelo menos, 3/5 na tral da medula, síndrome anterior da medula e síndro-
escala de graduação de força muscular. No caso de me de Brown-Séquard.
lesões completas, quando se detecta, ainda que
prejudicada, alguma evidência de função sensorial ou A síndrome central da medula é caracterizada
motora distalmente ao segmento normal mais baixo, pela desproporção entre a perda de força motora nas
fala-se em zona de preservação parcial. extremidades superiores, que é muito mais acentuada
que a perda de força nas extremidades inferiores.
As lesões traumáticas dos primeiros 8 seg- Geralmente, esta síndrome decorre de lesões por
mentos cervicais da medula resultam em quadriple- hiperextensão em doentes que apresentam estenose
gia, enquanto as abaixo de T1 acarretam paraplegia. preexistente do canal medular cervical (comumente
O nível ósseo da lesão corresponde à vértebra cuja manifestação de doença osteoartrítica degenerativa).
estrutura está danificada, resultando em lesão medu- Habitualmente, a história é de uma queda para frente
lar. Já o nível neurológico da lesão é determinado que resulta em impacto facial.
fundamentalmente pelo exame clínico.
A síndrome central da medula pode ocorrer
com ou sem fratura ou luxação da coluna cervical. A
GRAVIDADE DO DÉFICE NEUROLÓGICO recuperação da força muscular costuma seguir um
padrão característico: inicia-se pelos músculos dos
Lesões medulares podem ser categorizadas quanto membros inferiores, continua pela recuperação da
a função vesical e termina pela musculatura proximal dos
membros superiores e das mãos. Nestes casos de
• Paraplegia incompleta (lesão torácica lesão central, o prognóstico quanto à recuperação
incompleta) costuma ser melhor do que aquele de outras lesões
incompletas.
• Paraplegia completa (lesão torácica
completa)
A síndrome anterior da medula caracteriza-se
• Quadriplegia incompleta (lesão cervical por paraplegia e por dissociação da perda sensorial
incompleta) com perda de sensibilidade à dor e à temperatura. A
• Quadriplegia completa (lesão cervical
função da coluna posterior (responsável pela sensibili-
completa) dade proprioceptiva ao posicionamento, à vibração e à
pressão profunda) está preservada. Usualmente, a
síndrome anterior da medula é secundária a infarto da
528
CLÍNICACIRÚRGICA
CLÍNICA CIRÚRGICA
MORFOLOGIA
529
coluna torácica e lombar como triagem inicial. Radio-
As fraturas-luxações são relativamente raras na grafias anteroposteriores e laterais, junto com cortes
coluna lombar e torácica devido à orientação das articu- axiais de tomografia computadorizada, realizadas em
lações das facetas. Essas lesões são quase sempre áreas suspeitas, diagnosticam mais de 99% das
resultantes de flexão extrema ou trauma contuso grave lesões instáveis. O alinhamento vertical dos pedícu-
da coluna, que produz ruptura dos elementos posterio- los e a distância entre os pedículos de cada vértebra
res das vértebras (pedículos, facetas, lâmina). Entretan- lombar e torácica devem ser observados na incidên-
to, o canal medular é estreito em relação à medula espi- cia anteroposterior. As fraturas instáveis frequente-
nhal, de modo que as fraturas-subluxações da coluna mente provocam aumento da distância interpedicular.
torácica frequentemente resultam em défices neurológi- As incidências laterais detectam subluxações, fratu-
cos completos. Fraturas simples por compressão são ras por compressão e fraturas de Chance. A TC é um
usualmente estáveis e frequentemente tratadas com um método de imagem particularmente útil para detectar
colete rígido. Fraturas por explosão, fraturas de Chance fraturas dos elementos posteriores (pedículos, lâmina
e fraturas-luxações são extremamente instáveis e quase e processos espinhosos) e para determinar o grau de
sempre requerem fixação interna. compressão do canal provocada pelas fraturas com
explosão.
COMO CONFIRMAR A PRESENÇA OU AUSÊNCIA
DE UMA LESÃO IMPORTANTE DA COLUNA IMOBILIZAÇÃO
ESPINHAL?
O pessoal responsável pelo atendimento
A associação de um exame clínico cuidadoso pré-hospitalar costuma imobilizar o doente antes de
e uma avaliação radiológica completa é fundamental transportá-lo para o serviço de emergência. Sempre
na identificação de uma lesão de coluna. que se suspeite de lesão de coluna, o doente deve
ser imobilizado desde acima até abaixo do local
COLUNA CERVICAL suspeito, até que a presença de fratura tenha sido
excluída através de estudos radiológicos. Lembre-se
Radiografias da coluna cervical são indicadas de que a proteção da coluna deve ser mantida até
para todos os doentes traumatizados portadores de que uma possível lesão de coluna cervical tenha sido
dor na linha média do pescoço, sensibilidade à palpa- excluída. Para garantir uma imobilização apropriada, o
ção, défices neurológicos relacionados à coluna doente deve ser mantido em posição neutra, ou seja,
cervical, alteração do nível de consciência, suspeita em posição supina, sem rotação ou arqueamento da
de intoxicação ou mecanismo de trauma significativo coluna.
que cause lesão que desvie a atenção. Existem duas
opções para a avaliação radiológica. Em locais com TRATAMENTO
tecnologia disponível, deve¬ -se realizar uma tomo-
grafia axial com cortes finos desde o occipício até T1, O tratamento básico das lesões de coluna e
com reconstruções sagital e coronal. Em locais onde medula espinhal inclui imobilização, infusão endove-
esse exame não está disponível, deve ser realizada nosa de fluidos, medicações e transferência, se isso
radiografia nas incidências lateral, anteroposterior for apropriado.
(AP) e transoral para identificação do odontoide.
ntoide. Na incidência lateral devem ser visualizadas a Fontes:
base do crânio, todas as sete vértebras cervicais e a Advanced Trauma Life Support- 9ª edição
primeira vértebra torácica.
530
CLÍNICACIRÚRGICA
CLÍNICA CIRÚRGICA
AVALIAÇÃO
PRÉ-OPERATÓRIA
A
avaliação pré-operatória tem como objetivo
otimizar a condição clínica do paciente candi- cardíaca congestiva, dependência funcional ou cirurgia
dato a cirurgias com vistas a reduzir a morbi- de médio ou grande porte, estará indicado avaliação pré-ope-
dade e a mortalidade perioperatória. Requer a reali- ratória mais pormenorizada.
zação de anamnese, exame físico adequado e,
quando necessário, exames complementares, sendo Exames de rotina são definidos como aqueles solicita-
esses definidos a partir de dados sugestivos encon- dos para paciente assintomático, aparentemente saudável,
trados na história e no exame físico e, também, na sem indicação clínica específica, visando a identificar condi-
necessidade de monitorizar condições clínicas espe- ções não detectadas pela história e pelo exame físico. É impor-
cíficas que possam sofrer alterações durante as tante, então, considerar a relação risco-benefício da solicitação
cirurgias ou procedimentos associados. de exames laboratoriais, uma vez que ocorre retardo na realiza-
ção da cirurgia (enquanto aguarda a confirmação, ou não, de
O médico cirurgião realiza a avaliação alterações supostamente significativas), e que exames altera-
pré-operatória e define a necessidade de avaliação dos acrescentam novos procedimentos e riscos para o pacien-
complementar, considerando a otimização das con- te. É necessário considerar, ainda, as implicações médico-le-
dições clínicas do paciente e a realização de exames gais se não houver uma investigação adequada nesses casos.
complementares. Pacientes hígidos, com idade infe- Exames desnecessários podem induzir o médico a valorizar
rior a 40 anos, sem fatores de risco detectados na anormalidades laboratoriais limítrofes ou falso-positivas.
anamnese e no exame físico, a serem submetidos a
cirurgias de pequeno porte, após a avaliação clínica CONSULTA PRÉ-OPERATÓRIA/PRÉ-ANESTÉSICA
básica poderão ser encaminhados à cirurgia. Espe-
cialmente nos casos em que o paciente tenha A consulta pré-operatória e pré-anestésica é
doença pulmonar obstrutiva crônica, idade maior de fundamental para a qualidade da assistência em
60 anos, estado físico ASA II ou acima, insuficiência procedimentos cirúrgicos. A Resolução 1.363/93
do Conselho Federal de Medicina, em seu artigo 1.º,
inciso 1, determina: “Antes da realização de qual-
quer anestesia é indispensável conhecer, com a
devida antecedência, as condições clínicas do
paciente a ser submetido à mesma, cabendo ao
anestesista decidir da conveniência ou não da práti-
ca do ato anestésico, de modo soberano e intrans-
ferível”.
A consulta pré-operatória/pré-anestésica
permite:
531
2. Avaliar as condições orgânicas e psíqui- Os pacientes assintomáticos, aqueles subme-
cas do paciente. tidos a procedimentos do tipo A não precisam subme-
ter-se a exames laboratoriais. Já no que diz respeito
3. Esclarecer sobre o procedimento aneste-
aos procedimentos dos tipos B ou C, os exames labo-
siológico.
ratoriais são frequentemente necessários.
4. Solicitar exames pré-operatórios e con-
sultorias, quando necessário.
532
CLÍNICACIRÚRGICA
CLÍNICA CIRÚRGICA
A policitemia é um fator que aumenta o risco Não devem ser rotineiramente solicitados.
cardiovascular dos pacientes. Não existe evidência de Devem ser pedidos de acordo com a história clínica
que a anemia normovolêmica aumente o risco cardio-
vascular. Não há dados que confirmem que o tratamen-
to pré-operatório da anemia leve a moderada altere a
AVALIAÇÃO DO RISCO CIRÚRGICO
morbidade ou a mortalidade per operatória. Níveis de Os riscos envolvidos durante a realização de
Hb acima de 8,0 são considerados aceitáveis. Não há procedimentos cirúrgicos dependem de fatores
também dados na literatura que relatem aumento da próprios do paciente e do tipo de procedimento cirúr-
morbimortalidade peri operatória relacionado a altera- gico a que será submetido. Os preditores importan-
ções do leucograma no pré-operatório. Os níveis arbi- tes da mortalidade e morbidade pós-operatória
trariamente aceitos são os seguintes: Hematócrito – incluem idade do paciente, estado físico, como o defi-
29 a 53% para homens e 27 a 54% para mulheres. nido pela ASA, porte (maior ou menor) e natureza da
Leucograma - 2400 a 16000. Valores fora destes cirurgia (emergência ou eletiva).
limites merecem avaliação específica. Assim conclui-
-se que o leucograma é raramente útil no pré-operató- ASA Caracterização
rio. O eritrograma está indicado nas seguintes situa-
ções: (para procedimentos dos tipos B e C. 1 Saúde normal
A. Pacientes sintomáticos;
2 Doença sistêmica leve, ex. HAS
B. Acima de 64 anos de idade.
533
INDICAÇÕES E ESQUEMAS DE
ANTIBIOTICOPROFILAXIA.
A antibioticoprofilaxia tem como finalidade
prevenir a infecção da ferida operatória. Não previne
infecção respiratória ou urinária. Na prática é usada
em cirurgias limpo-contaminadas e naquelas com
emprego de próteses.
Tempo de uso:
Pneumonia:
COMPLICAÇÕES PÓS-OPERATÓRIA
A pneumonia é complicação mais frequente das atelec-
tasias persistentes ou da aspiração de secreções. O diagnóstico
Nas primeiras 48 horas de pós-operatório
clínico de pneumonia é sugerido pelo encontro de calafrios, febre
pode-se observar elevação da temperatura até 38ºC
elevada, dor pleurítica e tosse com expectoração. Os dados do
consequente à elevação do metabolismo e ao trauma
exame físico frequentemente não se correlacionam bem com os
cirúrgico. A atelectasia e a pneumonite são as causas
achados radiológicos na fase inicial do processo; sendo assim,
mais frequentes de febre nos três primeiros dias pós-
suspeitando-se da ocorrência da complicação, deve-se subme-
-operatórios; crise tireotóxica também pode associar-
ter o paciente a estudo radiológico do tórax.
-se precocemente com febre pós-operatória. Do
terceiro ao sexto da cirurgia deve-se pensar em infec-
Embolia Pulmonar:
ção de cateteres vasculares, infecção urinária ou
A embolia pulmonar é complicação mais frequente no
incisional, peritonite localizada ou generalizada, além
pós-operatório de indivíduos imobilizados por longo período de
de tromboflebite de membros inferiores. Do sexto ao
tempo, nos idosos, nas cirurgias pélvicas e do colo do fêmur, nos
décimo dia surgem como complicações sépticas,
cardiopatas, nos obesos, em pacientes com história de aciden-
causadoras de febre, os abscessos incisionais e as
tes tromboembólicos e naqueles apresentando insuficiência
coleções purulentas. Os fatores sistêmicos que favo-
venosa periférica ou em uso de anovulatórios. O principal fator na
recem o surgimento de infecção cirúrgica são: desnu-
fisiopatogenia é o estado de hipercoagulabilidade sanguínea no
trição, obesidade, presença de infecção concomitan-
pós-operatório. Na maioria das vezes a embolia pulmonar ocorre
te em outro local do corpo, depressão da imunidade,
sem prévia manifestação de sinais de trombose venosa. Apenas
uso de corticoesteróides e citotóxicos, diabete melito,
cerca de 10% dos casos de embolização venosa produzem
hospitalização prolongada, doenças debilitantes e
infarto pulmonar com manifestações clínicas características.
consumptivas como neoplasias.
534
CLÍNICACIRÚRGICA
CLÍNICA CIRÚRGICA
Oligúria: http://www.amrigs.org.br/revista/54-02/
O débito urinário na faixa de 30 a 50 ml por hora, com 23-pratica_medica.pdf
densidade satisfatória, constitui importante evidência de
http://www.pbh.gov.br/smsa/biblioteca/protocolos/
funções cardiovascular e renal satisfatórias.
risco_cirurgico.pdf
535
ABDOME AGUDO
A
dor abdominal é uma das queixas mais
comuns no pronto-socorro, constituindo um SÍNDROMES ABDOMINAIS AGUDAS
desafio diagnóstico e terapêutico. Pode ser
de causa benigna ou até potencialmente fatal, causa- TIPO CAUSAS
da por doenças intra-abdominais mecânicas ou
Apendicite, colecistite, colangite, diverticulite,
funcionais, por doenças extra-abdominais ou até por Inflamatório pancreatite.
doenças sistêmicas. Aderências, hérnias abdominais e internas,
Obstrutivo intussuscepção, neoplasias intestinais, vólvulo
de sigmoide e fecaloma.
Abdome agudo é uma condição clínica que
tem como principal sintoma a dor na região abdomi- Úlcera gástrica, úlcera duodenal, neoplasias do
Perfurativo trato digestivo, doença de Crhon, iatrogênica
nal, não traumática, de aparecimento súbito e de (colonoscopia/endoscopia).
intensidade variável associada ou não a outros sinto- Gravidez ectópica, ruptura de aneurisma, cisto
mas. Geralmente com duração de horas até quatro Hemorrágico ovariano, tumor hepático e de baço.
dias, não ultrapassando sete dias. Em geral, necessita Vascular
Infarto intestinal, trombose venosa mesentérica,
embolia/trombose de artéria mesentérica.
de intervenção médica imediata, cirúrgica ou não.
536
CLÍNICACIRÚRGICA
CLÍNICA CIRÚRGICA
Doença péptica
Definição Diagnóstica (1)
O tratamento da doença péptica apresentou
grande evolução nas últimas décadas, inicialmente
SIM NÃO
com o surgimento dos inibidores da bomba de prótons,
seguido da identificação e tratamento do Helicobacter
Exames complementares básicos (2) pylori e suas consequências. Desta maneira, a
incidência de complicações das úlceras
gastroduodenais apresentou uma significativa
Definição Diagnóstica
redução. As principais complicações da doença péptica
são hemorragia gastrointestinal, obstrução pilórica e
SIM NÃO perfuração.
537
Os exames laboratoriais podem apresentar:
macicez à percussão na projeção hepática), que poderá leucocitose, elevação da fosfatase alcalina e
ser confirmado pela presença do pneumoperitônio na transaminases. Geralmente não há elevação das
radiografia ortostática do tórax (com cúpulas bilirrubinas, porém na Síndrome de Mirizzi, que ocorre
diafragmáticas). Realizado o diagnóstico, está indicada quando cálculos grandes impactam no infundíbulo e/ou
a intervenção cirúrgica. A via laparoscópica terá êxito ducto cístico erodindo a parede e acometendo o interior
no tratamento em 70 a 80% dos casos, quando do ducto hepático comum, podemos encontrar
cirúrgico pode variar desde simples ulcerorrafia e ultrassom abdominal, com sensibilidade e
tamponamento com epíplon, até ressecções gástricas especificidade de 95%. Em casos duvidosos a TC ou a
538
CLÍNICACIRÚRGICA
CLÍNICA CIRÚRGICA
obstrução do ducto biliar principal, seguida de infecção abdominais na urgência. Acredita-se que a sua
secundária, a qual irá acometer o fígado e disseminarse principal causa seja a obstrução da sua luz do apêndice,
por todo o organismo, evoluindo para quadros graves e seguida da inflamação, infecção secundária e necrose
manipulação da via biliar pela colangiopancreatografia história de dor abdominal peri-umbilical (causado pela
causadores da infecção são a Escherichia coli, parede), irradiada para fossa ilíaca direita
Os principais achados da colangite são: dor no inapetência e febre baixa. Este processo pode evoluir
hipocôndrio direito, febre e icterícia (Tríade de Charcot), em poucas horas ou até um dia. Neste momento,
e quando não tratada pode evoluir para confusão podemos encontrar ausência de leucocitose e no
mental e sepse, que caracterizam a Pentade de exame físico alguns sinais como Blumberg (dor a
hiperbilirrubinemia, com predomínio da bilirrubina Rovsing (dor referida na fossa ilíaca direita após
alcalina, leucocitose com desvio escalonado para distensão do ceco). Para a apendicite aguda, o exame
esquerda. O diagnóstico é clínico e pode ser confirmado físico aliado à história clínica tem uma acurácia de
o tratamento deverá ser cirúrgico. Antibioticoterapia de 66% dos casos. No entanto, outras formas variadas
largo espectro está indicada. podem ocorrer (formas atípicas), sendo associadas a
alterações anatômicas do apêndice (retro-cecais,
pélvicos, retro-vesicais) e em pacientes
imunossuprimidos como gestantes e idosos. Nestes
casos as evoluções podem ser desastrosas, com
peritonites fecais, abscessos intracavitários e sepse,
elevando a morbidade neste grupo. No diagnóstico da
apendicite aguda o uso da ultrassonografia abdominal
possui sensibilidade de 75 a 90% e sua especificidade é
de 86 a 100%. A TC abdominal tem sensibilidade de 90 a
100% com especificidade de 91 a 99%. Nos casos
típicos, os exames de imagem não acrescentam muito,
539
e precoces, devido à compressão do pâncreas sobre o
porém nos casos duvidosos podem auxiliar no
duodeno e/ou estômago. A distensão abdominal
diagnóstico. Nos casos iniciais, o tratamento consiste na
também é comum, e nos quadros graves poderão estar
intervenção cirúrgica e ressecção do apêndice, não
presentes a hipotensão arterial, taquicardia, sudorese,
necessitando de tratamento adjuvante. Nos casos
febre, torpor, e coma.
avançados, com necrose do apêndice, peritonites,
perfuração e abscessos, é necessário o tratamento com
A amilase apresenta-se elevada já nas
antibióticos após a ressecção do apêndice que pode durar
primeiras horas de evolução do quadro, habitualmente
alguns dias. Não existe consenso na literatura sobre a
voltando a valores normais após 48 horas. Os exames
duração da antibioticoterapia pós-cirúrgica. A
radiológicos convencionais pouco auxiliam na avaliação
videolaparoscopia é indicada em casos de dúvida
inicial, podendo detectar complicações como derrame
diagnóstica, permitindo a melhor exploração da pelve e
pleural, coleções, pseudocistos e ascite pancreática ou
órgãos ginecológicos, ou ainda em pacientes
diagnosticar litíase vesicular, barro biliar e
selecionados que irão se beneficiar pela via de acesso,
coledocolitíase. A avaliação pancreática e sua
principalmente os pacientes obesos.
classificação segundo a gravidade são realizadas
através da TC de abdômen.
540
CLÍNICACIRÚRGICA
CLÍNICA CIRÚRGICA
Diverticulite
A sintomatologia é variável, pois depende da tem como causa as aderências entre alças,
pneumoperitônio se perfurado para a cavidade demais obstruções são causadas por hérnias,
diverticular devem ser investigados. Geralmente o serviços de urgência com quadros obstrutivos, e 3%
exame clínico é suficiente para a suspeição, mas a necessitarão de reintervenções cirúrgicas para lise de
radiologia simples de abdômen poderá mostrar aderências. Estima-se que, em 10 anos pós
pneumoperitônio e/ou quadros oclusivos. A TC está laparotomia, o risco de ser acometido por obstrução
antibioticoterapia de largo espectro com conteúdo gástrico, seguido de bile, chegando até a
Nos casos onde ocorreu perfuração, houve falha do abdominal, timpanismo à percussão, e dor difusa à
choque séptico a cirurgia está indicada, aumentados com timbre metálico, podendo estar
lesado e colostomia. Em raras ocasiões o tumor compreende também a avaliação da região inguinal, à
541
Este hipofluxo leva a isquemias localizadas, como da
Os exames laboratoriais apresentam alterações
mucosa colônica, e das paredes do cólon, em particular
relacionadas às condições hidroeletrolítica e infecciosa. A
radiologia simples do abdômen apresenta edema de no ângulo esplênico e transição retosigmóide.
alças intestinal e presença de níveis hidroaéreos nas
grafias em posição ortostática, confirmando a obstrução O quadro clínico, em geral, é de dor abdominal
de intestino delgado. súbita e intensa na região periumbelical, que evolui para
abdome agudo franco. A hemoconcentração, devido ao
O tratamento consiste em reposição hídrica sequestro intestinal, associada à hipovolemia e
vigorosa e restabelecimento hidroeletrolítico, jejum e distúrbios hidroeletrolíticos e ácido-básicos são
descompressão do trânsito intestinal por sonda gástrica, detectados clínica e laboratorialmente. Alguns pacientes
durante 24 a 48 horas. Espera-se a resolução podem apresentar hiperamilasemia. Os exames de
espontânea do quadro. Nos pacientes sem resolução ou imagem como raios-x, ultra-som e TC são pouco
melhora progressiva, deve-se avaliar a necessidade de
específicos, porém a angiografia tem altos índices de
tratamento cirúrgico para lise de aderências.
especificidade e sensibilidade de 80 a 100%,
respectivamente.
A obstrução intestinal causada por hérnias, volvo
de sigmóide, isquemia intestinal, intussuscepção e
A mortalidade da isquemia mesentérica antes da
neoplasias devem ser tratadas, o mais precocemente
possível, por meio de cirurgia. lesão isquêmica irreversível (necrose) chega a 90% logo,
sempre que suspeitarmos de isquemia, devemos
proceder à investigação apropriada para a definição e
tratamento específico o mais breve possível, pois isso
Doença isquêmica intestinal poderá definir a viabilidade intestinal. Contudo, como
geralmente o diagnóstico é realizado tardiamente, a
A doença isquêmica intestinal pode se
exploração arterial, visando possível revascularização,
apresentar de diversas formas, de acordo com a
praticamente não ocorre no nosso meio. Assim, a
localização, acometimento vascular e o grau de
abordagem cirúrgica das isquemias intestinais se
comprometimento do órgão. De maneira geral, a
doença isquêmica intestinal pode ser classificada constitui, na quase totalidade das intervenções, na
como: isquemia mesentérica aguda, isquemia ressecção do segmento lesado e anastomose primária ou
mesentérica crônica e a colite isquêmica ou isquemia derivação intestinal (colostomia, ileostomia e
colônica. Os fatores de risco são: idade avançada, eventualmente jejunostomia).
cardiopatias, doenças vasculares prévias, fibrilação
arterial, doenças valvares e hipercoagulação. O grande dilema enfrentado pelo cirurgião geral
nesta situação, é avaliar se o intestino remanescente
A isquemia mesentérica aguda é a perda súbita permitirá uma sobrevida de qualidade ao paciente, e esta
do suprimento arterial, geralmente decorrente de um dúvida ainda permanece sem definição na literatura.
tromboembolismo, podendo acometer o tronco celíaco,
artéria mesentérica superior ou a inferior (principais
ramos emergentes anteriores da aorta) ou seus ramos
menores. O evento pode ser catastrófico, pois leva a
infarto, seguido da necrose e morte de grandes porções
Fontes:
ou até de todo o trato digestório.
http://revista.fmrp.usp.br/2007/vol40n3/7_abdomen_agu
A isquemia mesentérica crônica, geralmente é
do.pdf
causada pela arteriosclerose e leva a angina abdominal.
Caracterizada por dores abdominais após refeições,
https://issuu.com/cbccirurgioes/docs/consensos_2015?e=
podendo levar a quadros de desnutrição, devido à
27917009/54652135
recusa alimentar. A isquemia colônica é decorrente do
hipofluxo sanguíneo em determinadas regiões do cólon.
542
CLÍNICACIRÚRGICA
CLÍNICA CIRÚRGICA
HEMORRAGIA DIGESTIVA
A
hemorragia digestiva aguda, evidenciada clini-
camente pela exteriorização de hematêmese,
melena ou enterorragia, é uma causa frequen-
te de hospitalização de urgência. As hemorra-
gias que decorrem de lesões proximais ao ligamento
de Treitz são consideradas hemorragias digestivas
altas (HDA) e, distais a ele, hemorragias digestivas
baixas (HDB). Habitualmente, a HDA expressa-se por
hematêmese e/ou melena, enquanto a enterorragia é a
principal manifestação da HDB. No entanto, HDA de
grande vulto pode produzir enterorragia, da mesma cirróticos apresentam um permanente estado de
forma que lesões baixas, do cólon direito ou delgado circulação hiperdinâmica, com pronunciada vasodila-
terminal podem manifestar-se com melena. tação esplâncnica por ação de substâncias vasoati-
vas, notadamente o óxido nítrico. O volume arterial
efetivo é baixo, motivo pelo qual estes pacientes
HEMORRAGIA DIGESTIVA ALTA POR tendem habitualmente à hipotensão arterial. A corre-
VARIZES ESOFAGIANAS ção da hipovolemia deve ser muito criteriosa, uma vez
que a distribuição do volume oferecido tende a ser
O rastreamento de varizes esôfago-gástricas é direcionada preferencialmente para o território
recomendado a todo paciente portador de cirrose esplâncnico, com elevação da pressão portal, forma-
hepática e visa ao diagnóstico precoce da hipertensão ção de ascite e pouco impacto sobre a pressão arte-
portal, permitindo a adoção de medidas de profilaxia rial.
primária de hemorragia varicosa. A hemorragia conse-
quente à ruptura de varizes esofagianas (VE) e/ou gás- Desta forma, a manutenção de níveis de
tricas (VG) é a principal complicação da hipertensão hemoglobina em torno de 8 g/dl e da pressão sistóli-
portal e cursa ainda com expressiva mortalidade. ca em torno de 90 mmHg são suficientes para
Todavia, nos últimos anos, as taxas de mortalidade têm manter uma boa perfusão tecidual, com menor risco
caído para algo em torno de 15% a 20%, graças ao de ressangramento pelas varizes, devendo-se consi-
uso precoce e combinado dos tratamentos endoscó- derar, contudo, a presença de comorbidades, o
pico e farmacológico e à profilaxia antibiótica. O trata- status hemodinâmico, a idade do paciente e a persis-
mento do sangramento agudo por varizes objetiva tência do sangramento. A reposição de volume deve
corrigir o choque hipovolêmico, obter a hemostasia do ser feita preferencialmente com concentrado de
sítio sangrante, prevenir o ressangramento precoce e hemácias e o mínimo possível de soluções cristaloi-
as complicações associadas à HDA. des, visto que ressuscitações volêmicas vigorosas
podem precipitar novo sangramento, formação de
ascite e extravasamento de líquidos para o espaço
REPOSIÇÃO VOLÊMICA E MEDIDAS GERAIS extravascular.
543
semelhantes ao tratamento endoscópico isolado
(escleroterapia) no controle do sangramento varico-
so, com menores taxas de complicações. A terlipres-
sina, análogo sintético da vasopressina e única droga
que isoladamente demonstrou redução de mortalida-
de na HDA varicosa quando comparada ao placebo.
As demais drogas vasoativas demonstram benefícios
quando associadas ao tratamento endoscópico:
somatostatina, utilizada por via venosa, análogo sinté-
tico da somatostatina, ministrado também por via
venosa. É importante que a terapêutica vasoativa seja
combinada com uma intervenção endoscópica preco-
ce, reposição volêmica criteriosa, prevenção e trata-
mento de infecções. nasogástrica pode ser útil para a oferta de medica-
mentos. Outros potenciais fatores precipitantes de
HEMOSTASIA ENDOSCÓPICA encefalopatia hepática devem ser identificados e
corrigidos, como desidratação, hipoxia, hipoglicemia,
azotemia, anemia, medicamentos (sedativos, tranquili-
A presença de sangue “vermelho vivo” no
zantes) e distúrbios eletrolíticos.
aspirado é descrita como importante indicador prog-
nóstico de recorrência ou persistência da HDA.
Infecções bacterianas são frequentemente
Recomenda-se que a técnica de hemostasia endos-
documentadas em pacientes com HDA varicosa e a
cópica utilizada seja a ligadura elástica, que detém
sua ocorrência é um importante fator prognóstico de
melhores índices de controle da HDA varicosa, com
falha no controle do sangramento ou de ressangra-
menores taxas de complicações. Entretanto, a técni-
mento precoce. A peritonite bacteriana espontânea
ca de escleroterapia pode ser empregada na vigência
(50%), as infecções de vias urinárias (25%) e de vias
do sangramento agudo, nas situações em que a
aéreas (25%) são prevalentes. O uso de antibióticos
ligadura elástica demonstrar-se tecnicamente difícil.
em pacientes cirróticos com HDA proporcionou redu-
ção na incidência de infecções bacterianas e nas
Persistindo o sangramento, está indicada a
taxas de ressangramento, com consequente redução
colocação do balão de Sengstaken-Blakemore, que,
de mortalidade. Dessa forma, a antibioticoterapia
por seu alto risco de complicações – aspiração
profilática (por sete dias) é mandatória para todo
traqueal, migração, necrose e perfuração esofagiana,
paciente cirrótico com HDA varicosa e deve ser
com mortalidade de até 20% – deverá ser mantido
iniciada no momento da admissão hospitalar. O anti-
por, no máximo, 24 horas, período em que deverá ser
biótico mais utilizado é a norfloxacina, mas a ciproflo-
providenciada a terapêutica invasiva de resgate –
xacina endovenosa pode ser usada quando a admi-
implante por hemodinâmica de TIPS (derivação
nistração oral não for possível.
portossistêmica intra-hepática transjugular) ou cirur-
gia. Ambas são medidas salvadoras, eficazes na inter-
Em pacientes de alto risco, isto é, Child B ou
rupção do sangramento, mas com alto índice de mor-
C, com ascite, choque hipovolêmico, icterícia ou des-
talidade, sobretudo nos pacientes com pobre reserva
nutrição, o uso de ceftriaxona endovenosa já demons-
hepática – Child C.
tra melhores resultados na profilaxia infecciosa,
devendo ser considerada especialmente em centros
PREVENÇÃO DAS COMPLICAÇÕES com elevada prevalência de organismos resistentes
às quinolonas. A alimentação por via oral deve ser
Nos pacientes com depressão acentuada do restituída o mais precocemente possível – 24 horas
nível de consciência, é recomendável a intubação após estabilização do sangramento – com restrição
orotraqueal com vistas à prevenção de pneumonia de proteína animal para aqueles com encefalopatia
aspirativa; nesses casos, a manutenção da sonda hepática, até melhora clínica.
544
Figur e# 06.08
Dragonfly Media Gr oup
CLÍNICACIRÚRGICA
CLÍNICA CIRÚRGICA
11/23/2011
TERAPIA ANTISSECRETORA
545
Os objetivos do exame endoscópico são:
reconhecer o ponto de sangramento, proceder à
hemostasia, quando indicada, e reconhecer estigmas
que predigam ressangramento iminente. No caso das
úlceras pépticas, os seguintes achados são relevan-
tes para estimar o risco de ressangramento: sangra-
mento ativo em jato – 55% a 90% de recorrência;
sangramento tipo porejamento – 30%; vaso visível –
43%; coágulo aderido – 22%. A ausência destes
estigmas identifica um subgrupo de pacientes em
que não há indicação de hemostasia endoscópica.
Em pacientes com sangramento ativo ou vaso visível
não sangrante, a terapêutica endoscópica é efetiva e
reduz os riscos de ressangramento.
SANGRAMENTO REFRATÁRIO
546
Figur e# 06.11
Dragonfly Media Gr oup
CLÍNICACIRÚRGICA
11/23/2011
CLÍNICA CIRÚRGICA
02/02/2012
O
espectro clínico de apresentação da HDB é
amplo, variando desde episódios recorrentes Se nenhuma doença orificial sangrante for
e pouco expressivos de hematoquezia até estabelecida, a realização de uma colonoscopia é
hemorragias maciças e choque hemodinâmi- recomendável para avaliação de possíveis doenças
co. Na maior parte das vezes, o sangramento é autoli- do cólon e íleo terminal. A doença diverticular, apesar
mitado. A abordagem inicial dos casos graves é dire- de predominar no cólon esquerdo, tem a maioria dos
cionada para garantir a estabilidade hemodinâmica, sangramentos oriundos de divertículos situados no
dentro dos mesmos princípios do tratamento da HDA. cólon direito. A hemorragia é súbita, volumosa, habi-
A definição do sítio de sangramento e o tratamento tualmente autolimitada, mas profusa em algumas oca-
específico são objetivos consequentes. siões. As angiodisplasias ocorrem, sobretudo, em
indivíduos com mais de 65 anos de idade e predomi-
A etiologia da HDB é variável segundo a faixa nam no ceco e cólon ascendente proximal.
etária. Na criança, o divertículo de Meckel é a causa
mais comum de sangramento, ao passo que, no A hemorragia nesses casos tende a ser recor-
adulto, a doença diverticular dos cólons, as angiodis- rente, pouco volumosa, mas em até 15% dos casos
plasias e as doenças proctológicas, sobretudo hemor- pode ser maciça. Quando detectadas pelo exame
roidárias, são mais relevantes. São também causas de colonoscópico são passíveis de tratamento local –
HDB as neoplasias, as colites isquêmicas e infeccio- termocoagulação ou injeção de esclerosantes. A
sas, além das doenças inflamatórias intestinais. AINE colonoscopia, com o acréscimo do estudo histológi-
podem produzir lesões de delgado e cólon, com con- co, também permite diagnosticar lesões neoplásicas
sequente HDB. Fístulas aorto-entéricas, vasculites, (pólipos e tumores), doenças inflamatórias intestinais
intussussepção e enteropatia associada à hipertensão (Crohn e retocolite ulcerativa), colites infecciosas ou
portal podem também causar HDB. amebianas e as colites isquêmicas, cada qual mere-
cedora de seu tratamento específico.
DOENÇAS PROCTOLÓGICAS
DOENÇAS DO INTESTINO DELGADO
Os sangramentos originários de doença
hemorroidária são muito comuns, raramente vultosos e As hemorragias consequentes às lesões do
apresentam-se com características que permitem sua intestino delgado, fora do raio de ação dos exames
suspeição – sangue rutilante, habitualmente de endoscópicos, são de difícil diagnóstico e responsá-
pequeno volume, não misturado às fezes, que goteja e veis pela maioria dos casos de hemorragia de origem
tinge o vaso ou o papel higiênico. Nestes casos, a obscura. Predominam as lesões vasculares angiodis-
realização de uma retossigmoidoscopia pode ser plásicas, seguidas das neoplasias. Nestes casos, a
suficiente para afirmar a fonte do sangramento e provi- realização de arteriografia mesentérica, exames cinti-
denciar o tratamento local. lográficos ou endoscopia intraoperatória podem ser
necessários para esclarecimento diagnóstico. A
utilização de tratamento hormonal – combinações de
estrogênio e progestogênio – é proposta para os
casos de angiodisplasias múltiplas. Outra opção, a
talidomida, detentora de potente ação inibidora da
angiogênese, tem demonstrado resultados promisso-
res na profilaxia de sangramentos enterocólicos rela-
cionados à angiodisplasias múltiplas e pode ser em
casos refratários, com contraindicações ou sem
resposta a outras terapias.
547
CONDUTA NAS HEMORRAGIAS MACIÇAS
Fontes:
https://diretrizes.amb.org.br/_BibliotecaAntiga/hemorra
gias-digestivas.pdf
https://revistas.pucsp.br/index.php/RFCMS/article/viewF
ile/651/pdf
548
CLÍNICACIRÚRGICA
SUTURA
CLÍNICA CIRÚRGICA
O
atendimento a pacientes portadores de trau- puntiforme ou linear, de bordas regulares ou não. A
matismos superficiais constitui a maior parte
profundidade atingida não pode ser estabelecida à
do movimento de cirurgia ambulatorial dos
hospitais que dispõem de serviço de emergên- simples inspeção.
cia e, destes, grande parte poderia ser resolvida nos
serviços de APS. D. Feridas penetrantes: são as de mesmas
características anteriores, cujo objeto é capaz de
Os traumatismos superficiais podem ser aber-
tos ou fechados, conforme haja, ou não, solução de perfurar os tecidos e penetrar numa cavidade natural do
continuidade do tegumento cutaneomucoso. Os trau- organismo. Apresentam formato externo variável,
matismos superficiais fechados constituem as contu- geralmente linear ou puntiforme.
sões leves, causando os edemas traumáticos, as equi-
moses, os hematomas e os seromas. Os traumatismos
superficiais abertos constituem as feridas, que podem E. Feridas transfixantes: constituem uma
ser classificadas de diversas formas, como se segue: variedade de ferida perfurante ou penetrante, na qual o
objeto vulnerante é capaz de penetrar e atravessar os
tecidos de determinado órgão em toda a sua espessura.
QUANTO À NATUREZA DO AGENTE VULNERANTE
549
c. Feridas infectadas: são aquelas em que houve a
QUANTO À PROFUNDIDADE proliferação de microrganismos, levando a um
processo infeccioso, de início localizado, mas que pode,
sob determinadas condições, estender-se aos tecidos
A. Feridas superficiais: são aquelas que atingem a
vizinhos, formar novos focos a distância ou
pele, o tecido celular subcutâneo, as aponeuroses e os
generalizar-se por todo o organismo.
músculos, sem lesar estruturas profundas ou nobres
como nervos, tendões, vasos de maior calibre, vísceras e
ossos. As escoriações são um tipo de ferida superficial
que atinge somente a pele e são produzidas pelo atrito
QUANTO À COMPLEXIDADE
de uma superfície áspera ou pontiaguda sobre ela.
B. Feridas profundas: são aquelas em que são A. Feridas simples: são pequenos ferimentos nos
atingidas estruturas profundas, às vezes, de importância quais não ocorre perda de tecidos nem contaminação
vital. Seu estudo foge aos objetivos deste capítulo. grosseira. Aqui está incluída a maioria das feridas
produzidas por acidentes domésticos.
A. Feridas limpas: são aquelas em que a deslocamento de tecidos. Não raro albergam em seu
550
CLÍNICACIRÚRGICA
CLÍNICA CIRÚRGICA
551
do para o retardo na cicatrização, mas também por
não consistir no mecanismo mais eficiente de reduzir LIMPEZA DA FERIDA
a contagem bacteriana nas lesões. Os antissépticos
devem ser utilizados somente para a limpeza da pele Uma vez anestesiada, a ferida deve receber
íntegra adjacente à ferida. limpeza rigorosa de seu leito, cujo objetivo é remover
as fontes de contaminação como corpos estranhos,
A tricotomia somente é feita em áreas pilosas coágulos e bactérias. A irrigação da ferida pode ser
quando os pelos dificultam o tratamento adequado feita com soro fisiológico em leve pressão (seringa de
da ferida. Algumas regiões como supercílios e cílios plástico) para promover o desprendimento de bacté-
não devem ser raspadas porque o crescimento dos rias e corpos estranhos aderidos aos tecidos. Para
pelos pode ser irregular, retardado ou ausente. essa irrigação, é utilizada agulha de calibre 12 e serin-
ga de 20 ml. Estudos recentes têm mostrado que
esses cuidados são mais eficientes na profilaxia de
infecções que o uso de antibióticos
ANESTESIA
PREPARO DA ÁREA TRAUMATIZADA
552
CLÍNICACIRÚRGICA
CLÍNICA CIRÚRGICA
limpeza da ferida. Além disso, diminui a carga bacteria- utilizados são preferencialmente os sintéticos absor-
na e facilita os mecanismos de defesa local do hospe- víveis, em pontos separados, simples, em “X” ou em
deiro. Com o desbridamento, também se acertam as “U” horizontal (modalidades de pontos). Os fios
bordas da ferida, preparando-a para a síntese. utilizados em sutura dividem-se em absorvíveis (após
um tempo se desintegram, não deixando resquícios)
e inabsorvíveis (permanecem por tempo indefinido
SÍNTESE
em contato com os tecidos, possuindo, em geral,
maior força tênsil residual); biológicos (origem animal)
Consiste na aproximação dos tecidos separa- e sintéticos; mono e multifilamentares, entre outras
dos por traumatismo acidental ou cirúrgico. O objeti- características. Os fios mais utilizados em traumatis-
vo é restabelecer a anatomia e a função alteradas mos superficiais são o nylon (inabsorvível) e o categu-
pelo traumatismo. A síntese pode ser feita com te (absorvível biológico).
sutura, fitas adesivas, adesivos sintéticos ou biológi-
cos, imobilização, ou qualquer outro método que
produza bom afrontamento das bordas da ferida. ALGUMAS ÁREAS ANATÔMICAS MERECEM
A síntese da pele é feita preferencialmente por pontos CONSIDERAÇÕES ESPECIAIS
separados, por serem seguros e permeáveis, o que
constitui vantagem diante da maior possibilidade de • Lábios: o principal cuidado deve ser a manutenção
infecção, e pode ser feita de diversas maneiras, cada da continuidade e integridade anatômica da “linha
uma com vantagens e desvantagens. O ponto
vermelha”, sendo que o primeiro ponto é o que vai
simples é o tipo mais usado e permite adequada apro-
ximação das bordas de uma ferida. realinhá-la, pois uma diferença de 1 mm já pode ser
percebida. Utiliza-se fio absorvível.
Detalhes importantes: a tensão para amarrar o
ponto deverá ser o suficiente para aproximar borda • Língua: a decisão sobre a necessidade ou não de
com borda, suavemente, sem esmagar, pois pontos realizar sutura em língua depende principalmente do
muito apertados impedem a boa circulação local e,
sangramento no momento do atendimento e do risco de
consequentemente, a boa cicatrização, além de
deixar marcas evidentes e definitivas dos fios; e a comprometimento de função da língua (lacerações grandes
distância entre os pontos também deve ser observa- ou profundas, na borda ou com perda de substância). O
da, para que fique o mais distante um do outro para mesmo pode-se dizer sobre as lesões em palato. Utiliza-se
facilitar a circulação local, porém de tal maneira que
fio absorvível.
não permaneçam áreas de bordas afastadas, sem
contato íntimo. • Couro cabeludo: atenção para possibilidade de
fratura de crânio ou corpo estranho retido. O sangramento
Também é importante destacar que, para um
resultado ainda mais estético, o médico assistente habitualmente é intenso, porém pode ser adequadamente
deve considerar as linhas de força da pele, que con- controlado com a sutura. O cabelo deve ser cortado, não
sistem na orientação da menor tensão da superfície
necessariamente precisa ser raspado, para facilitar o
corporal.
procedimento. Sempre que possível, realizar a sutura da
O tecido celular subcutâneo, quando pouco gálea (que recobre o crânio) com fio absorvível.
espesso, é aproximado juntamente com a pele, caso
contrário, deve ser suturado separadamente. Com • Pálpebras: atenção na região medial para
isso, evita-se a formação de espaço morto e conse- verificação de possível lesão do ducto nasolacrimal e do
gue-se melhor afrontamento da pele. Utilizam-se fios canalículo lacrimal. Se houver lesão da margem da
absorvíveis em pontos separados.
pálpebra, é recomendável o encaminhamento imediato a um
553
PROFILAXIA DO TÉTANO RETIRADA DE PONTOS
Atenção especial deve ser dada a indivíduos Para se retirar os pontos, deve-se utilizar uma
portadores de feridas profundas, sede de corpos pinça, tipo dente de rato, ou outra que pegue realmen-
estranhos, com grande quantidade de tecido desvita- te os fios, e uma tesoura de ponta fina e bem afiada.
lizado e que vieram tardiamente à procura de cuida- Com a pinça, pega-se a extremidade do fio que é
dos. levantado ligeiramente, expondo o ponto de penetra-
ção na pele que será cortado exatamente nessa região
com a tesoura de ponta fina. Se, durante a retirada
Medidas gerais : deles, for notado algum sinal de deiscência, alguns
pontos de ancoragem podem ser deixados, além de
• Instituir o tratamento cirúrgico correto das reforço de adesivo, e reavaliar em 2-3 dias para com-
feridas; pletar a retirada dos outros pontos.
• Determinar para cada paciente a profilaxia
adequada contra o tétano;
Fontes:
• Todo paciente deve receber imunização ativa
com o toxoide tetânico, aplicado intramuscularmente http://189.28.128.100/dab/docs/publicacoes/cadernos_a
no momento da lesão, exceto os que completaram a b/abcad30.pdf
Intensivo Clínica
Cirúrgica para o Revalida
554
CLÍNICACIRÚRGICA
CLÍNICA CIRÚRGICA
CICATRIZAÇÃO
A
pele, quando lesada, inicia imediatamente o de novos capilares (angiogênese), da proliferação e da
processo de cicatrização. A restauração da migração dos fibroblastos responsáveis pela síntese de
pele ocorre por meio de um processo dinâmi-
colágeno. Com a produção do colágeno, ocorre um
co, contínuo, complexo e interdependente,
composto por uma série de fases sobrepostas, deno- aumento da força da úlcera, denominada força de
minadas de cicatrização. Para melhor entender esse tração, caracterizada como a habilidade da úlcera
processo, a seguir serão abordadas as suas diversas resistir às forças externas e não romper-se. Ao final
fases.
desta fase, ocorre a epitelização, que se constitui na
etapa que levará ao fechamento das superfícies da
Reação imediata:
úlcera, por meio da multiplicação das células epiteliais
da borda, caracterizando-se pela redução da
É a primeira etapa desse processo, constituída
capilarização e do aumento do colágeno. Neste ponto, a
pela resposta inicial do organismo ao trauma. Ocorre
contração reduz o tamanho das úlceras, com a ação
com uma reação vascular e inflamatória, que conduz a
especializada dos fibroblastos.
hemostasia, à remoção de restos celulares e de
microorganismos. Imediatamente, após o trauma,
Maturação e remodelagem:
ocorre a vasoconstrição que leva à parada do
sangramento. Este processo envolve a presença de
É a terceira etapa do processo de cicatrização.
plaquetas, coágulos de fibrina que ativam a cascata da
Trata-se de um processo lento, que se inicia com a
coagulação, resultando na liberação de substâncias
formação do tecido de granulação e da reorganização
para formação da matriz extra celular provisória que
das fibras de colágeno proliferado, estendendo-se por
constitui o suporte para a migração de células
meses após a reepitelização. É responsável pelo
inflamatórias, seguida da ativação dos mecanismos de
aumento da força de tração. Durante a remodelagem
proteção e preparação dos tecidos para o
ocorre a diminuição da atividade celular e do número de
desenvolvimento da cicatrização. A inflamação leva às
vasos sangüíneos, perda do núcleo dos fibroblastos,
conhecidas manifestações clínicas de calor, dor, edema
levando à maturação da cicatriz. Nesta fase ocorre a
e perda da função, sinais que podem ser mínimos,
reorganização do processo de reparação da lesão, com
transitórios ou duradouros. A infecção intensifica e
depósito de colágeno. Inicialmente, a cicatrização tem
prolonga a inflamação.
aspecto plano; posteriormente, enrijece-se e se eleva.
Após um determinado tempo, a cicatriz se torna mais
Proliferação:
clara, menos rígida e mais plana, ocorrendo sua
redução.
É a segunda etapa. Ocorre após a reação
inflamatória inicial e compreende os seguintes
estágios: granulação, epitelização e contração. A
granulação é a formação de um tecido novo, composto
555
líquidos no organismo (sangue, linfa e outros), devido a
PROCESSO DE CICATRIZAÇÃO traumas, infecções, iatrogenias, doenças infecciosas e
inflamatórias. Ele interfere na oxigenação e na nutrição
dos tecidos em formação, impede a síntese do coláge-
no, diminuindo a proliferação celular e reduzindo a
Reação imediata resistência dos tecidos à infecção.
556
CLÍNICACIRÚRGICA
CLÍNICA CIRÚRGICA
557
Revalida
MEDCS
QUALITY
http://qualitycursosmedicos.com
EDUCAÇÃO MÉDICA
CLÍNICACIRÚRGICA
CLÍNICA CIRÚRGICA
DOENÇA DO REFLUXO
GASTROESOFÂGICO
doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) foi
definida pelo Consenso Brasileiro da DRGE
como “uma afecção crônica decorrente do fluxo
retrógrado de parte do conteúdo gastroduodenal para
o esôfago e/ou órgãos adjacentes a ele, acarretando
um espectro variável de sintomas e/ou sinais esofagia-
nos e/ou extra-esofagianos, associados ou não a
lesões teciduais.
559
Ética médica
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico de DRGE é suspeitado a partir
de anamnese e exame físico criteriosos. Na criança,
as queixas mais comuns são dor abdominal, altamen-
te sugestiva se associada às refeições, regurgita-
EXAME RADIOLÓGICO CONTRASTE DO ESÔFAGO
ções, vômitos freqüentes ou intermitentes, queima-
ção retroesternal, faringodinia matinal, saciedade
Este exame possui baixa sensibilidade e espe-
precoce e raramente disfagia. Irritabilidade e choro
cificidade para o diagnóstico da DRGE, devendo ser
freqüente durante a ingestão de alimentos, bem como
solicitado quando o paciente refere disfagia e ou
ingestão diminuída de alimentos, dificuldade em
odinofagia, pois ele avalia a morfologia do esôfago,
ganhar peso, anemia e fraqueza são indicativos de
demonstrando a presença de estenose e condições
DRGE e merecem investigação mais detalhada.
que favorecem o refluxo gastroesofágico, tais como
hérnia hiatal por deslizamento e ângulo esôfago gás-
trico anormal
560
CLÍNICACIRÚRGICA
CLÍNICA CIRÚRGICA
Fontes:
http://web.unifoa.edu.br/cadernos/edicao/18/93.pdf
561
HIPERTENSÃO PORTAL
hipertensão portal é um distúrbio hemodinâmi- O sistema porta é avalvular e mantém canais
co, na maioria das vezes decorrente de hepato- de comunicação com a circulação sistêmica, propi-
patia crônica, esquistossomose ou cirrose ciando a síndrome denominada “hipertensão portal”,
hepática. O fluxo portal no adulto é de cerca de 1000 quando surgem obstáculos ao livre fluxo sangüíneo.
a 1200 ml/min, gerando pressão portal de cerca de 7 No fígado normal, o gradiente pressórico entre a veia
mmHg. A interrupção do fluxo portal desencadeia porta e as veias hepáticas (ou átrio direito) usualmen-
desvio de aporte sangüíneo nas vias anastomóticas te não excede 4 mmHg. A hipertensão portal é defini-
naturais, em direção à circulação sistêmica. Tais vias da por gradiente maior que 6 mmHg; suas complica-
são, em regra, a veia umbilical recanalizada, conduzin- ções ocorrem quando atinge 10- 12 mmHg, havendo
do sangue a vasos da parede abdominal, os plexos pacientes que chegam a tê-lo maior que 40 mmHg. A
hemorroidários, que desviam o sangue de tributárias síndrome da hipertensão portal compreende
da veia mesentérica inferior, para ramos das veias “by-pass” do parênquima hepático funcionante via
ilíacas internas e pudendas, e as veias esofagocardio- colaterais portosistêmicas, circulação sistêmica e
tuberositárias, que utilizam vasos murais gástricos e esplâncnica hiperdinâmicas, hiponatremia e retenção
esofágicos, além de ramos que correm ao lado do hídrica. Pode ser acompanhada de ascite, encefalo-
esôfago, para descarregar sangue portal nos siste- patia, síndrome hépato-renal e sangramento maciço
mas ázigos e hemi-ázigos. Estes últimos representam de varizes esofágicas, assim como de insuficiência
o fulcro do problema, por originarem as varizes esofá- cardíaca e complicações infecciosas, destacando-se
gicas, muitas vezes fatais complicações da hiperten- peritonite espontânea e sepse.
são portal.
O calibre habitual dos sinusóides hepáticos é
de 7 a 15µ, mas pode aumentar até 180µ, dependen-
do de alterações de fluxo e volume, o que atesta sua
baixa resistência e que é necessária obstrução de
80% de sua distribuição total para ser instalada
hipertensão portal . Em condições normais, a perfu-
são arterial do fígado atinge apenas 25 a 30% do
fluxo hepático total; o aumento desse índice reflete
deterioração da condição hepática . Na obstrução
pré-sinusoidal (esquistossomose), além de os hepa-
tócitos serem poupados, ainda o sangue portal tem a
chance de efetuar “by-pass” de alguns pontos sinu-
soidais obstruídos, retornando à frente, e mantendo
melhor perfusão do parênquima funcionante, condi-
ção lentamente perdida com a evolução das altera-
ções histológicas. De qualquer forma, o aumento do
gradiente porto-hepático leva o endotélio a produzir
óxido nítrico e prostaglandinas, que determinam vaso-
dilatação e remodelação do leito vascular, recanali-
zando ramos embrionários e criando novas comunica-
ções com a circulação esplâncnica e a parede abdo-
minal , gerando condições para as complicações
hemorrágicas.
562
CLÍNICACIRÚRGICA
CLÍNICA CIRÚRGICA
TRATAMENTO
563
ao tratamento da causa é o transplante hepático; as
demais atacam exclusivamente a hipertensão portal e
suas conseqüências. São, fundamentalmente, a
ligadura elástica e a esclerose endoscópica das
varizes esofágicas, a desconexão ázigo-portal e a deri-
vação cirúrgica do fluxo portal à circulação sistêmica.
CIRROSE HEPÁTICA
As etiologias preponderantes das hepatopatias A cirrose pode ser classificada em duas fases,
crônicas são as infecções crônicas pelo vírus da hepa- a clinicamente compensada e a descompensada. Na
tite C e vírus da hepatite B, doença hepática alcoólica compensada, a ausência de queixas clínicas pode
e doença hepática gordurosa não alcoólica, com as estar confrontada com achados de exame físico com-
suas prevalências variando amplamente na dependên- patíveis com hipertensão portal e alterações sorológi-
cia do país avaliado. A cirrose por doença hepática cas das enzimas hepáticas. O ultrassom abdominal já
alcoólica e pelo vírus da hepatite c são as causas mais pode demonstrar atrofia do órgão, irregularidade do
comuns no mundo ocidental, enquanto que o vírus da parênquima, esplenomegalia e aumento do calibre
hepatite b prevalece em muitas partes da Ásia e África. portal; a biópsia hepática é indicada para confirmação
diagnóstica . Angiograficamente, as veias porta e
esplênica não estão tão dilatadas, a artéria hepática é
desenvolvida e a microvasculatura hepática é rica,
havendo aspecto vascular floculado que chega à peri-
feria do órgão, cujo volume global está reduzido.
Estes pacientes têm 90% de sobrevida de cinco anos,
mas aos dez anos de seguimento, a probabilidade de
sobrevivência é de 47%, pior ainda para os que des-
compensam, cuja probabilidade cai a 16% em cinco
anos. A bilirrubina sérica e o tempo de protrombina são
os mais sensíveis indicadores laboratoriais de prog-
nóstico. É importante rastrear tais pacientes quanto à
possibilidade de surgimento de hepatocarcinoma, com
exames de imagem a cada três meses e com dosagem
seriada de alfafetoproteína.
DIAGNÓSTICO
Os pacientes sem varizes esofágicas devem
Na prática clinica, o padrão ouro para o diag- ser submetidos a endoscopia digestiva alta a cada
nóstico de cirrose é a biópsia hepática, com uma sen- dois anos; aos que apresentam vasos de pequeno
sibilidade que varia de 80 a 100 %, dependendo do calibre, indica-se endoscopia anual, e aos portadores
método utilizado, tamanho e número de fragmentos de varizes de grosso calibre, deve ser ministrado beta-
564
CLÍNICACIRÚRGICA
CLÍNICA CIRÚRGICA
565
do para o próximo número inteiro. O valor máximo de universal, justo e gratuito aos órgãos disponíveis.
creatinina vai até 4. Assim, ao administrar as questões legais, morais e
técnicas que envolvem todo o processo de transplan-
Para conceituação de hepatopatia grave, acei- te, o SNT busca garantir que os órgãos doados che-
ta-se atualmente o valor do MELD igual ou maior que guem em tempo hábil a receptores previamente lista-
15. dos em conformidade com as determinações legais.
Do ponto de vista logístico, o transplante envolve o
TRATAMENTO processo de acondicionamento, armazenagem e
transporte de órgãos dentro de tempo pré- determi-
Não há um tratamento específico para a cirro- nados pelo tempo de isquemia de cada órgão, levan-
se. Como conseqüência de diversas patologias dife- do em consideração as distâncias entre o centro de
rentes, o tratamento visa interromper a progressão captação e o da implantação.
dessas doenças que, em alguns casos, pode levar
também a reversão parcial do grau de cirrose e hiper-
tensão portal. Devem ser investigadas e tratadas ade-
quadamente as complicações que surgem da doença
de base.
566
CLÍNICACIRÚRGICA
CLÍNICA CIRÚRGICA
da é a do paciente portador de cirrose pelo vírus da
hepatite B. Esse vírus, freqüentemente, reinfecta o
CRITÉRIOS DE SELEÇÃO DO RECEPTOR fígado transplantado e, muitas vezes, produz evolu-
ção mais grave do que aquela que produziu no fígado
Utilizam-se os critérios de identidade ABO e original.
compatibilidade de peso (receptores devem ter rela-
Outra indicação controvertida é citada na
ção de peso doador vs receptor entre 0,5 a 1,5 =
cirrose pelo alcoolismo crônico. Primeiramente, é
50%). O órgão é ofertado em primeiro lugar àqueles
importante confirmar que o paciente que vai se sub-
pacientes que estiverem incluídos nos critérios de meter a esse tipo de procedimento esteja abstinente
urgência, em conformidade com a Portaria MS nº e que a equipe tenha razoável segurança de que não
3407, de 05.08.98. vai retornar ao álcool após o transplante. Para isso, é
fundamental que se dê um suporte psicológico e
MODALIDADES DE DOAÇÃO psiquiátrico de forma a reassegurá-lo no seu objetivo
de interromper o hábito. De qualquer forma, não com-
Com a nova técnica, duas pessoas podem pete ao médico excluir o paciente dessa possibilida-
de terapêutica pelo fato de ter desenvolvido a doença
doar parte do fígado. Nesse caso basta que haja
hepática pelo álcool. Se por acaso algo nesse senti-
compatibilidade sanguínea com o doador, sendo
do deve ser feito, cabe às autoridades de saúde
dispensável que tenham o mesmo tipo físico. pública do País e não pelo médico. Este tem o dever
1 2 3 de tratar o paciente, independentemente da natureza
da doença que o levou à insuficiência hepática termi-
nal.
567
TUMORES DO PANCRÊAS
D
epois dos tumores do pulmão e do cólon, o
carcinoma de pâncreas é a causa principal de FATORES DE RISCO
morte por câncer em homens entre 35 e 55
anos de idade. Os tumores do pâncreas exócrino Há evidências de que o tabagismo potenciali-
são responsáveis por 95% dos casos. O tumor pode za o risco genético induzido, aumentando em até 8
surgir em qualquer região da glândula, habitualmente vezes o risco de câncer de pâncreas em pacientes
localizando-se na região cefálica (65% dos casos), que possuem antecedentes familiares para a afecção.
no colo e processo uncinado. Caracteriza-se por seu O fumo age como fator de risco independente em
pobre prognóstico e pela baixa resposta a tratamen- portadores de pancreatite crônica, que por si só já é
tos como quimioterapia e a radioterapia. Mais de fator de risco, aumentando em duas vezes o risco
80% dos tumores são detectados quando já invadem para estes pacientes.
órgãos vizinhos ou quando já apresentam metástases
à distância e, mesmo pacientes com carcinomas de Acredita-se que há uma forte relação entre a
pâncreas ressecáveis, têm sobrevida média de cinco doença e a ingestão de calorias de origem animal.
anos inferior a 20%. Mais de 90% dos cânceres do Tanto a obesidade quanto uma elevada ingestão caló-
pâncreas exócrino são adenocarcinomas ductais. rica aumentam o risco para carcinoma de pâncreas.
568
CLÍNICACIRÚRGICA
CLÍNICA CIRÚRGICA
portas, mesentérica superior e esplênica. As metásta-
ses à distância ocorrem principalmente no fígado e
TUMORES MALIGNOS pulmão.
DIAGNÓSTICO
• Ultrassonografia
• Tomografia computadorizada
• Angiorressonância
• COlangiorressonância
ADENOCARCINOMA PANCREÁTICO • Colangiopancreatografia endoscópica retró-
grada
É cerca de duas vezes mais freqüente no
homem que na mulher. Apesar de ocorrer em todas
as faixas etárias, a idade média do aparecimento é na TRATAMENTO
sétima e oitava década.
O tratamento do câncer de pâncreas continua
Aproximadamente 20% dos portadores de sendo um desafio ainda não satisfatoriamente solu-
câncer pancreático apresentam diabete melito mais cionado. As armas terapêuticas incluem cirurgia,
de dois anos antes do diagnóstico de neoplasia. quimioterapia e radioterapia. O tratamento operatório
representa a única possibilidade de cura e sempre
Mesmo os pequenos tumores tendem a que possível deve ser realizado sem perda de tempo.
infiltrar a pseudocápsula pancreática e o tecido
• Dieta hipossódica, especialmente para
frouxo adjacente. Ocorre infiltração e estenose do pacientes com ascite.
colédoco em mais de 90% dos adenocarcinomas da
• Não ingerir bebidas alcoólicas
cabeça do pâncreas. Mesmo em tumores pequenos
• Não usar sedativos (risco de encefalopatia
as metástases em linfonodos são freqüentes. É hepática)
freqüente a invasão por contiguidade das veias
• Não usar AINEs (risco de síndrome
hepatorrenal)
569
• Dosar alfafetoproteína e realizar
ultrassonografia a cada 6 meses para pesquisa de RESUMO ESQUEMÁTICO DE CONDUTA
carcinoma hepatocelular
• Endoscopia para pesquisa de varizes
• Tratamento da disfunção hepática Admissão de paciente;
sintomas dispépticos, dor
• Profilaxia da peritonite bacteriana abdominal recorrente,
espontânea
icterícia, colúria, acolia fecal,
• Cirrose biliar: ácido ursodesoxicólico anemia, emagrecimento,
ascite
• Hemocromatose: flebotomias semanais ou
quinzenais
• Não ingerir bebidas alcoólicas
• Propedêutica (pesquisar
• Vacina para hepatite B
Sinal de Courvousier-Terrier)
• Hemograma completo
• Função hepática e
enzimas canaliculares
TUMORES DO PÂNCREAS ENDÓCRINO
Seguimento Cirurgia
Fontes:
Tumores de pâncreas – Faculdade de Medicina de Jundiaí
570
CLÍNICACIRÚRGICA
CLÍNICA CIRÚRGICA
TRATAMENTO CIRÚRGICO
DA OBESIDADE MÓRBIDA
N
o mundo estima-se que mais de 1 bilhão de
pessoas estão em sobrepeso ou obesas. Esti-
ma-se que aproximadamente 10 milhões de
indivíduos têm IMC entre 35 e 40 Kg/m2. Essa
proporção aumenta paulatinamente em ambos os
sexos, em todas as faixas etárias, particularmente na
população infanto-juvenil, em todos os grupos étnicos
e raciais, e em todos os níveis sociais e econômicos. A
organização mundial de saúde estima que em 2015
em torno de 54% das mulheres americanas serão
obesas.
No Brasil, dados do IBGE de 2003 mostravam que
40% da população adulta acima de 20 anos apresen-
tava excesso de peso, e 11% da população brasileira
era obesa. Neste período, a obesidade mórbida atingia
0,69% da população adulta, ou cerca de 600 mil pes- relacionada a estas doenças e seus efeitos em
soas. Nas últimas três décadas o aumento desta popu- órgãos e sistemas alvo.
lação foi de 255%.
Todas as modalidades disponíveis de trata-
Dados mais recentes do Ministério da Saúde, mento clínico para perda de peso têm resultados
de 2009, apontam 43,3% da população com excesso insuficientes, com até 95% de recidiva em pacientes
de peso. Esse aumento foi visto principalmente em obesos mórbidos (IMC>35Kg/m2 associado a
homens, 47,3%, contra 39,5% das mulheres, havendo comorbidades, ou IMC>40Kg/m2, sendo IMC o
predomínio na região Sul. Em Porto Alegre, 49% dos índice de massa corpórea, calculado pela relação
adultos têm excesso de peso e 15,9% são obesos.6 entre o peso em Kg e a área de superfície corporal em
A obesidade em nosso país apresentou aumento em m2 ). De acordo com o consenso de 1991 do NIH
ambos os sexos, comprometendo hoje 13% da popu- (Instituto Nacional de Saúde norte-americano), a
lação adulta, sendo 12,4% dos homens e 13,6% das cirurgia foi considerada, e se mantém, como o único
mulheres. A faixa etária de maior concentração está tratamento efetivo para estes pacientes que já apre-
entre os 45 e os 54 anos de idade. sentaram insucesso com tratamento clínico prévio.
No Brasil, a partir de 2000, o Ministério da Saúde
Tida como doença de países desenvolvidos, a inclui o tratamento cirúrgico da obesidade mórbida
globalização de hábitos de vida que estimulam o entre os procedimentos cobertos pelo Sistema Único
sedentarismo e a maior oferta de alimentos de alto de Saúde (SUS), estabelecendo critérios para sua
poder calórico torna hoje a obesidade um problema indicação. O Conselho Federal de Medicina, em
que atinge também os países em desenvolvimento. 2005 e 2010, também estabelece normas para o
Trata-se de uma pandemia, diretamente relacionada ao tratamento cirúrgico da obesidade mórbida bem
modo de vida, claramente obesogênico devido ao como orientações para a composição de equipe
favorecimento de ambientes que promovem maior multi-profissional para o acompanhamento destes
oferta calórico - alimentar, com alimentos não saudá- pacientes nos períodos pré, trans e pós-operatórios.
veis e inatividade física. O tratamento cirúrgico, através das diversas técnicas
bariátricas disponíveis, apresenta bons resultados,
A obesidade é fator predisponente para desen- sendo a derivação gástrica em Y de Roux (DGYR) a
volvimento e agravamento de doenças potencialmente cirurgia mais empregada para a obesidade mórbida.
graves, como a hipertensão arterial sistêmica, a resis- A DGYR apresenta resultados com mais de 75% dos
tência insulínica, diabetes mellitus tipo II, dislipidemias, pacientes obtendo perda maior ou igual a 50% do
com a consequente arteriosclerose e a síndrome meta- excesso de peso corporal, mantida em cinco anos de
bólica, com impacto direto na morbidade e mortalidade pós-operatório. Com o desenvolvimento da técnica e
571
os avanços dos cuidados anestésicos e pós-operató- derivação em Y de Roux, na qual pequena bolsa gás-
rios, os índices de morbidade e mortalidade diminuí- trica com volume entre 30 e 50 ml limita o volume
ram muito, estando hoje em patamares de aproximada- alimentar ingerido, podendo ou não ter ainda restri-
mente 5% e 1%, respectivamente. ção no esvaziamento da bolsa por anel de contenção,
e Y de Roux curto, promovendo desvio da maior
Classicamente, a cirurgia para tratamento da porção do estômago, o duodeno e o início do jejuno
obesidade pode ser dividida em três categorias: cirur- do trânsito alimentar. Este procedimento misto consa-
gias restritivas, mistas e disabsortivas. As primeiras
com efeitos básicos advindos da restrição na ingestão grado por Fobi e Capella, com algumas variações, é a
calórico-proteica, as mistas com associação de restri- cirurgia mais frequentemente utilizada no mundo, e
ção a algum efeito de má absorção intestinal de particularmente no Brasil, desde sua introdução por
nutrientes, e as últimas com menos ou nenhuma restri- Garrido Jr, também vem sendo empregada rotineira-
ção, e maior efeito na disabsorção alimentar no intesti- mente em vários serviços de cirurgia bariátrica.
no delgado. Com o afluxo de conhecimento a respeito
de papel dos entero-peptídeos produzidos pelos Outros procedimentos estão também no rol
vários segmentos do trato digestivo em resposta a dos procedimentos bariátricos em uso. A bandagem
chegada dos nutrientes, certamente esta classificação gástrica ajustável, procedimento primordialmente
tende a ser substituída pelo papel adaptativo e entero- restritivo, datando de meados de 1990, consiste em
-hormonal que os vários procedimentos técnicos banda de silicone que limita uma pequena porção
impingem no metabolismo e no controle da fome e
saciedade. gástrica na cárdia, com o estômago tornado em uma
ampulheta, com o calibre da banda sendo ajustado
As cirurgias disabsortivas, na década de 50, através de um portal locado no tecido subcutâneo da
inauguraram a era do tratamento cirúrgico da obesida- parede abdominal.
de, com a derivação jejunoileal. O alto índice de com-
plicações associadas à disabsorção severa e ao A gastrectomia vertical tem sido estudada
extenso desvio intestinal levou ao abandono desta visando-se um nicho específico de indicação, seja
técnica. No final da década de 70, Scopinaro idealizou como procedimento inicial em casos graves, seja
a sua derivação biliopancreática, com desvio intestinal como técnica de escolha em casos limítrofes, com
menor associado a gastrectomia distal, procedimento IMCs menores ou em extremos de idade, nos quais
em uso até hoje. Uma adaptação dessa técnica foi cada vez mais se discute a ampliação da indicação da
proposta nos anos 80 por Hess e Marceau (duodenal cirurgia.
572
CLÍNICACIRÚRGICA
CLÍNICA CIRÚRGICA
QUEIMADURAS
s queimaduras são lesões decorrentes de agen-
tes (tais como a energia térmica, química ou
elétrica) capazes de produzir calor excessivo
que danifica os tecidos corporais e acarreta a morte
celular. Tais agravos podem ser classificados como
queimaduras de primeiro grau, de segundo grau ou de
terceiro grau.
573
Ética médica
3. Profundidade da queimadura:
Primeiro grau (espessura superficial) –
eritema solar:
• Afeta somente a epiderme, sem formar
bolhas.
• Apresenta vermelhidão, dor, edema e
descama em 4 a 6 dias.
Segundo grau (espessura
parcial-superficial e profunda):
• Afeta a epiderme e parte da derme, forma
bolhas ou flictenas.
• Superficial: a base da bolha é rósea, úmida e
dolorosa.
• Profunda: a base da bolha é branca, seca,
indolor e menos dolorosa (profunda). Fonte: GOMES, Dino R.; SERRA, Maria Cristina; PELLON, Marco
A. Tratado de Queimaduras: um guia prático, São José, SC;
• A restauração das lesões ocorre entre 7 e 21 Revinter, 1997.
dias.
574
CLÍNICACIRÚRGICA
CLÍNICA CIRÚRGICA
575
• Dilua a substância em água corrente por no
mínimo 30 minutos e irrigue exaustivamente os
Linhas de incisão para escarotomia olhos no caso de queimaduras oculares.
• Interne o paciente e, na dúvida, entre em
contato com o centro toxicológico mais próximo.
• Nas queimaduras por ácido fluorídrico com
repercussão sistêmica, institua a aplicação por via
endovenosa lenta de soluções fisiológicas com
mais 10ml de gluconato de cálcio a 10% e
acompanhe laboratorialmente a reposição do
cálcio iônico.
• Aplique gluconato de cálcio a 2,5% na
forma de gel sobre a lesão, friccione a região
afetada durante 20 minutos (para atingir planos
profundos) e monitore os sintomas dolorosos.
• Caso não haja melhora, infiltre o
subcutâneo da área da lesão com gluconato de
cálcio diluído em soro fisiológico a 0,9%, na média
de 0,5ml por centímetro quadrado de lesão, com o
uso de agulha fina de 0,5cm, da borda da
queimadura com direção ao centro (assepsia
normal).
• Nos casos associados à dificuldade
respiratória, poderá ser necessária a intubação
9. Trauma elétrico: endotraqueal.
• Identifique se o trauma foi por fonte de alta
tensão, por corrente alternada ou contínua e se
houve passagem de corrente elétrica com ponto de
entrada e saída. 11. Infecção da área queimada:
576
CLÍNICACIRÚRGICA
CLÍNICA CIRÚRGICA
Fontes:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cartilha_tratamento_emerg
encia_queimaduras.pdf
577
ABSCESSO
TRATAMENTO
578
CLÍNICACIRÚRGICA
CLÍNICA CIRÚRGICA
Materiais necessários para a realização do 7. Uma vez realizada a anestesia, faz-se uma incisão
procedimento: longa e profunda o suficiente ao longo da linha da
• Solução de iodopovidina tópico ou pele para promover a drenagem espontânea da
clorexidina.
secreção purulenta. Não adianta fazer pequenas
• Lidocaína 1% sem vasoconstrictor para incisões, pois isso pode levar à recidiva dos absces-
anestesia local.
sos
• Campos estéreis.
• Material para o procedimento: pinça 8. Depois da drenagem espontânea, evite espremer a
hemostática curva.
pele circunjacente, pois pode promover a proliferação
• Lâmina de bisturi nº 11.
da infecção para o tecido subcutâneo adjacente.
• Soro fisiológico para irrigação. Coloca-se a pinça hemostática na cavidade, a fim de
• Gaze. quebrar as loculações e liberar quaisquer bolsas de
• Dreno de Penrose. material purulento residuais.
• Fio de sutura nylon 3.0.
9. Irrigue a cavidade com soro fisiológico para limpe-
• Luva esterilizada.
za do local.
• Seringa de 5 ml.
• Agulha 40 x 12 (rosa). 10. Introduza uma gaze ou um dreno de Penrose no
• Agulha hipodérmica (de insulina). local, com 1 a 2 cm para fora da incisão, para permitir
• Swab de cultura, se necessário.
drenagem adequada e impedir que a incisão fique
selada. Se necessário, pode ser fixado com um ponto
• Máscara e óculos para proteção.
simples frouxo de nylon 3.0.
579
Materiais necessários para a realização do
quinolonas (nível ambulatorial). procedimento:
• Podem-se associar analgésicos e • Solução de iodopovidina tópico ou
anti-inflamatórios para a dor pós-drenagem. clorexidina.
Observações importantes
• Lidocaína 1% sem vasoconstrictor para
• A incisão deve cicatrizar entre 7 e 10 dias. anestesia local.
• Incisão com drenagem apenas é a terapia adequada • Campos estéreis.
para um abscesso subcutâneo simples.
• Material para o procedimento: pinça
hemostática curva, pinça dente de rato, pinça
anatômica, tesoura reta, tesoura curva,
porta-agulha.
EXÉRESE DE CISTOS, LIPOMAS E NEVOS • Lâmina de bisturi nº 11.
• Soro fisiológico para irrigação.
• Gaze.
CISTO SEBÁCEO • Luva esterilizada.
• Seringa de 5 ml.
Decorre da oclusão do conduto de uma glân-
dula sebácea, resultando em acúmulo de secreção • Agulha 40 x 12 (rosa).
(sebo). As áreas mais afetadas são: couro cabeludo, • Agulha hipodérmica (de insulina).
pescoço e face. • Fio de sutura nylon 2.0, 3.0, 4.0.
• Máscara e óculos para proteção.
Geralmente é assintomático, tem crescimento
lento e atinge tamanhos variados. Apresentase como
uma elevação local, pouco consistente, arredondada,
TÉCNICA
ligada à pele por ducto excretor que se abre num orifí-
cio por onde se extrai, por meio de pressão, material
1. Explique o procedimento ao paciente e obtenha
amorfo, caseoso e fétido. Pode infectar, apresentan-
autorização.
do sinais flogísticos.
2. O procedimento deve ser realizado de maneira
asséptica. Com as luvas estéreis, máscara e óculos
de proteção, prepare a área afetada com um agente
tópico disponível e cubra-a com o campo estéril.
580
CLÍNICACIRÚRGICA
CLÍNICA CIRÚRGICA
• Lâmina de bisturi nº 11.
7. Irrigar a cavidade com soro fisiológico para limpeza • Soro fisiológico para irrigação.
do local. • Gaze.
• Luva esterilizada.
8. Hemostasia. • Seringa de 5 ml.
• Agulha 40 x 12 (rosa) Agulha hipodérmica (de
9. Sutura da pele com pontos simples ou intradérmi- insulina).
cos. O fio a ser utilizado depende do local do corpo • Fio de sutura nylon 2.0, 3.0, 4.0.
que foi realizado o procedimento (ver capítulo de
• Máscara e óculos para proteção.
sutura). Se o espaço morto residual for importante,
considerar o uso de um dreno de Penrose.
TÉCNICA
10. Curativo com gaze.
1. Explique o procedimento ao paciente e obtenha
autorização.
LIPOMA
Tumor benigno de células adiposas, poden- 2. O procedimento deve ser realizado de maneira
do estar presente em qualquer área do corpo em asséptica. Com as luvas estéreis, máscara e óculos
de proteção, prepare a área afetada com um agente
que há tecido adiposo: nas regiões do pescoço,
tópico disponível e cubra-a com o campo estéril.
dorso, nádegas e região proximal de extremidades.
É o mais frequente dos tumores benignos tecidos 3. Usando a agulha 40 x 12, aspira-se o anestésico
moles. Geralmente é assintomático, mas pode do frasco (dose de 7-10 mg/kg). Troca-se a agulha
apresentar dor discreta local e, devido a seu tama- pela hipodérmica. Introduza o anestésico numa técni-
nho, pode apresentar compressão de estruturas ca de bloqueio de campo regional. A anestesia deve
adjacentes. De acordo com o tamanho, a pele que realizar-se aproximadamente sobre o centro da lesão,
recobre essa tumoração pode ter aspecto de com o cuidado de injetar no subcutâneo.
“casca de laranja”.
4. Depois, continue a fazer o bloqueio de maneira
linear, ao longo da linha de incisão projetada, de
acordo com as linhas de força da pele.
6. Ressecção do lipoma.
Materiais necessários para a realização do 9. Sutura da pele com pontos simples ou intradérmi-
procedimento:
cos. O fio a ser utilizado depende do local do corpo
• Solução de iodopovidina tópico ou que foi realizado o procedimento (ver capítulo de
clorexidina.
sutura). Se o espaço morto residual for importante,
• Lidocaína 1% sem vasoconstrictor para considerar o uso de um dreno de Penrose.
anestesia local.
• Campos estéreis. 10. Curativo com gaze.
• Material para o procedimento: pinça
hemostática curva, pinça dente de rato, pinça 11. Enviar o material retirado para análise anatomopa-
anatômica, tesoura reta, tesoura curva,
porta-agulha. tológica
581
NEVOS TÉCNICA
São manchas cutâneas compostas por depó-
1. Explique o procedimento ao paciente e obtenha
sitos de pigmento melânico. São vários os subtipos:
autorização.
pigmentados; epidérmicos; dérmicos; hipodérmicos;
hipocrômicos. Encontram-se espalhados por todo o 2. O procedimento deve ser realizado de maneira
corpo. São lesões pré-cancerígenas em alguns casos asséptica. Com as luvas estéreis, máscara e óculos
e, por isso, a importância de sempre enviar o material de proteção, prepare a área afetada com um agente
para análise anatomopatológica. tópico disponível e cubra-a com o campo estéril.
5. Hemostasia.
582
CLÍNICACIRÚRGICA
CLÍNICA CIRÚRGICA
CÂNCER DE ESTÔMAGO
N
o Brasil, o câncer de estômago, excetuando-se intestinal. O primeiro apresenta-se com padrão
o de pele (não melanótico), é o quarto mais infiltrativo, com extensão submucosa e metástases
frequente entre os homens e o sexto mais precoces, acomete mais mulheres em idade jovem e
frequente entre as mulheres, segundo as estimativas de tipo sanguíneo A e está associado ao pior prog-
do INCA para 2012. Em ambos os sexos, a incidência nóstico. O tipo intestinal apresenta-se como um
aumenta a partir de 35-40 anos e em intensidades tumor mais diferenciado, acomete mais homens, em
diferentes. especial idosos, e evolui principalmente de lesões
pré-malignas.
A incidência desse tipo de tumor vem diminuin-
do, mas a taxa de mortalidade permanece alta. Apesar O câncer gástrico tem seu prognóstico e
das diferenças de incidência e dos programas de tratamento definidos pela localização e estadiamento
detecção precoce diferentes entre o Oriente e o Oci- do tumor e pelo número de linfonodos ressecados e
dente, a sobrevida em 5 anos é de cerca de 30% nos acometidos. Pode apresentar-se difusamente ou
países desenvolvidos e de 20% nos países em desen- localizar-se na porção proximal do estômago, envol-
volvimento. vendo ou não a junção esofagogástrica, ou na porção
mais distal, junto ao piloro. Diversas séries mostram
Apesar de a etiologia ser desconhecida, há que mais de 50% dos pacientes com câncer inicial na
fatores hereditários e não hereditários claramente porção distal podem ser curados quando o tumor
associados ao aparecimento e desenvolvimento do tiver sido totalmente ressecado, enquanto pacientes
câncer gástrico. Os fatores de risco conhecidos com cânceres proximais podem ser curados em
devem-se a: menos de 20% das vezes, mesmo que iniciais.
583
nortearão a investigação diagnóstica subsequente. É
importante observar que o diagnóstico clínico do
ESTADIAMENTO
câncer gástrico é difícil, porque não há sintomas O estadiamento do câncer gástrico mais
patognomônicos. Além disso, pode cursar assintomá- aceito é o da AJCC, e a classificação TNM mais
tico, inclusive na sua fase mais avançada, já com utilizada é a da UICC, traduzida pelo INCA/Ministério
metástases. Quando da suspeita do diagnóstico, o da Saúde. Ressalta-se que há discussão sobre a
paciente deve ser submetido a endoscopia digestiva utilização desta classificação para a definição de
alta, que tem por objetivo biopsiar lesões suspeitas e tratamento e o estabelecimento do prognóstico dos
definir a localização primária (cárdia com especial casos, uma vez que as recomendações terapêuticas
atenção à junção esofagogástrica, fundo, corpo, encontradas nos estudos se baseiam em diversas
antro e piloro) e o grau de disseminação no órgão. versões dela, com variações significativas.
Mesmo que uma lesão caracteristicamente neoplási-
ca não seja encontrada, biópsias de alterações ines-
pecíficas e de amostras aleatórias devem ser feitas.
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
Exames laboratoriais são realizados para
avaliar as condições clínicas do paciente. Marcadores
tumorais, como CA 72-4, CA 19-9 ou CEA são asso-
ciados a doença extensa e, logo, de pior prognóstico,
porém a sua utilização sistemática na avaliação
pré-operatória, na resposta ao tratamento ou no
seguimento, ainda não foi avaliada em estudos de
fase III, e a acurácia é variável nos estudos diagnósti-
cos publicados, limitando sua utilidade na prática
584
CLÍNICACIRÚRGICA
CLÍNICA CIRÚRGICA
Tx O tumor não pode ser avaliado NX Os linfonodos regionais não podem ser
avaliados
T0 Sem evidência de tumor primário N0 Sem invasão linfática regional
M1 Metástase à distância
EC 0 Tis N0 M0
EC IA T1 N0 M0
T2 N0 M0
EC IB
T1 N2 M0
T3 N0 M0
EC IIA T2 N1 M0
T1 N2 M0
T4a N0 M0
T3 N1 M0
EC IIB
T2 N2 M0
T1 N3 M0
T4a N1 M0
EC IIIA T3 N2 M0
T2 N3 M0
T4b N0, N1 M0
EC IIIB T4a N2 M0
T3 N3 M0
T4a N3 M0
EC IIIC
T4b N2, N3 M0
EC IV Qualquer T Qualquer N M1
585
Ressecção endoscópica, desde que realizada
TRATAMENTO em monobloco, com margens de segurança laterais e
profunda, pode ser indicada como tratamento exclusi-
O prognóstico do câncer de estômago varia vo para o adenocarcinoma gástrico bem diferenciado
grandemente com o estadiamento e é desfavorável já (classificação de Nakamura) ou intestinal (classifica-
nos estágios iniciais com acometimento linfonodal - ção de Lauren), desde que a lesão esteja restrita à
com exceção do câncer inicial (EC 0) que, com trata- mucosa e não apresente úlcera, independentemente
mento cirúrgico, pode atingir até 90% (noventa por de sua extensão; a lesão esteja restrita à mucosa e
cento) de cura em 5 anos. Por isso, o tratamento é tenha no máximo 30 mm quando apresentar úlcera; ou
multidisciplinar e envolve cirurgia, radioterapia e a lesão esteja restrita à submucosa superficial (sm1,
quimioterapia, na tentativa de modificar a história invasão da submucosa até 300 micra), não apresente
natural da doença. O momento em que cada uma das úlcera e tenha no máximo 30 mm.
opções terapêuticas será instituída, combinadas ou
não, e a sequência dos tratamentos, são alvo de estu- A gastrectomia videolaparoscópica para tumo-
dos há décadas. Variações de técnicas cirúrgicas e res iniciais (que envolvem a mucosa ou a submucosa,
radioterápicas, agentes quimioterápicos e combina- independentemente do comprometimento linfonodal) é
ções desses agentes e características populacionais factível e há dados na literatura que endossam seu uso
tornam difícil a comparação entre os resultados dos por equipes treinadas. Porém, revisões sistemáticas
estudos. O tratamento mais efetivo ainda não foi com meta-análise, demonstraram controvérsias nos
estabelecido, e a decisão de como tratar deve ser ensaios clínicos randomizados que testaram a efetivi-
definida levando-se em consideração a experiência e dade dessa conduta e concluíram que, apesar dos
os recursos humanos e tecnológicos da instituição seus potenciais benefícios, mais estudos metodologi-
ou a preferência do paciente e de seu médico. camente adequados, com amostras maiores e inclusão
das diversas variáveis que afetam os desfechos devem
ser realizados, a fim de estabelecer a técnica como
padrão. Além disso, a laparoscopia tem o potencial de
mudar o estadiamento pré-operatório em 40% dos
casos e pode detectar metástases à distância em 30%
dos casos considerados com doença localizada.
EC 0 (TlsN0M0):
CIRURGIA
A gastrectomia com linfadenectomia tem intuito
curativo. Tumores nesse estágio são mais frequen-
O câncer de estômago deve ter um tratamen-
temente diagnosticados em populações que, em
to cirúrgico sempre que exequível. A extensão da razão de sua alta incidência, têm programas siste-
ressecção e da linfadenectomia e o momento da máticos de rastreamento, como no Japão.
cirurgia em relação a outros tratamentos oncológicos
devem ser definidos de acordo com a localização do
tumor, o estadiamento, as condições clínicas do
paciente e a experiência da equipe assistencial.
586
CLÍNICACIRÚRGICA
CLÍNICA CIRÚRGICA
EC IA e IB:
EC IIIC:
A quimioterapia perioperatória, com esquema
que inclui epirrubicina, cisplatina e fluorouracila infu-
Pacientes em EC IIIC podem ser tratados semelhante-
sional (ECF), demonstrou benefício em sobrevida
mente aos demais pacientes em EC III que inclui ampla
ressecção do tumor e linfadenectomia radical, com
livre de doença e sobrevida global em pacientes com
tratamento combinado de radioterapia e quimiotera- diversos graus de comprometimento. Esse tratamen-
pia prévias (pré-operatório ou neoadjuvante), periope-
ratório ou adjuvante.
EC IV:
587
pacientes com doença avançada, a quimioterapia
paliativa demonstrou ser melhor do que medidas de
suporte exclusivas em pelo menos duas revisões
sistemáticas, com impacto benéfico sobre a sobrevi-
da e a qualidade de vida. Havendo resposta clínica
inicial, o tratamento deve ser suspenso caso o
paciente apresente progressão da doença ou intole-
rância ao tratamento.
588
CLÍNICACIRÚRGICA
CLÍNICA CIRÚRGICA
589
linha seja realizada para doentes com capacidade
O início do tratamento adjuvante deve ocorrer funcional 0, 1 ou 2 na escala de Zubrod. Quando
entre 4 e 6 semanas após à cirurgia, havendo evidên- medicamente possível, o tratamento deve ser feito
cia de que o ganho em termos de sobrevida reduz-se com esquema contendo fluoropirimidina associada
14% a cada 4 semanas de atraso, havendo, porém, com oxaliplatina ou irinotecano.
algum benefício para tratamentos iniciados até 12
semanas após o tratamento cirúrgico. Recomenda-se que a quimioterapia paliativa
de 2ª linha ou 3ª linha sejam realizadas apenas para
A quimioterapia prévia (pré-operatória) está doentes com capacidade funcional 0 ou 1 na escala
indicada para doentes com câncer de reto no estágio de Zubrod, pois não há evidência científica de que o
II ou III, associada à radioterapia. Empregam-se tratamento antineoplásico paliativo seja seguro ou
esquemas terapêuticos baseados em fluoropirimidi- eficaz para doentes com capacidade funcional 2.
na.
O esquema quimioterápico deve ser selecio-
A quimioterapia paliativa está indicada para nado segundo o esquema usado anteriormente e o
doentes com câncer colorretal recidivado inoperável perfil de segurança e eficácia então observados.
ou com doença no estágio IV ao diagnóstico, a crité-
rio médico. RADIOTERAPIA
Em doentes com metástases hepáticas resse- A radioterapia não é recomendada rotineira-
cáveis (número limitado de lesões, localização mente no tratamento pós-operatório de doentes com
intrahepática, ausência de envolvimento vascular, câncer de cólon. Há limitada evidência sugerindo que
ausência ou mínima doença metastática extra-hepáti- doentes selecionados poderiam ser beneficiados
ca, reserva funcional hepática adequada), a ressec- pela irradiação do leito tumoral em situações clínicas
ção completa da doença hepática pode resultar em específicas (lesão T4, presença de perfuração ou
taxas de sobrevida em 5 anos de 25% a 40%. Doen- obstrução intestinal e doença residual pós-operató-
tes com metástases hepáticas irressecáveis e ausên- ria).
cia ou mínima doença metastática extra-hepática
podem se beneficiar de quimioterapia paliativa sistê- A decisão quanto à indicação da radioterapia
mica baseada em fluoropirimidina, contendo ou não adjuvante para doentes com câncer de reto no está-
oxaliplatina ou irinotecano, com objetivo de reduzir o gio I deve considerar a extensão da neoplasia e o
volume tumoral e permitir a ressecção cirúrgica. grau de diferenciação histológica do tumor: tumor
Neste contexto, o uso de esquema terapêutico con- bem diferenciado (Grau I), restrito à submucosa, não
tendo cetuximabe ou bevacizumabe promoveu taxa necessita tratamento complementar; tumor modera-
de ressecabilidade maior que controles históricos (ou damente diferenciado (Grau II) ou que atinge a mus-
seja, não randomizados e comparativos), porém o cular própria se beneficia de radioterapia adjuvante;
significado clínico em termos de benefícios clínicos tumor indiferenciado (Grau III) ou que atinge gordura
duradouros ou ganho de sobrevida são desconheci- perirretal ou que apresenta invasão vascular é de
dos. indicação de quimioradioterapia.
590
CLÍNICACIRÚRGICA
CLÍNICA CIRÚRGICA
CÂNCER DE CÓLON
OPÇÕES TERAPÊUTICAS POR ESTÁGIO CLÍNICO
Estágio 0:
• Polipectomia simples ou excisão local.
CÂNCER DE CÓLON • Ressecção local transanal ou transcoccígea.
• Radioterapia externa e endocavitária.
Estágio 0: Estágio I:
• Excisão local ou polipectomia, com margens livres. • Ressecção ampla e anastomose término-terminal
• Ressecção segmentar do cólon, para lesões que ou colo-anal.
não são passíveis de excisão local. • Amputação abdominoperineal do reto.
• Ressecção local transanal ou transcoccígea,
Estágio I: seguida ou não por radioterapia ou
radioquimioterapia.
• Ressecção segmentar do cólon, por via aberta ou
laparoscópica. Estágio II e III:
Estágio II: • Quimiorradioterapia prévia seguida por cirurgia
• Ressecção segmentar do cólon, por via aberta ou radical.
laparoscópica. • Excisão mesorretal total e ressecção anterior baixa
Quimioterapia adjuvante não é recomendada ou amputação abdominoperineal.
rotineiramente, podendo ser empregada para casos
selecionados (lesão T4, ressecção linfonodal • Quimiorradioterapia adjuvante após cirurgia
insatisfatória ou tumor mal diferenciado). radical.
Recomenda-se apenas esquema terapêutico com
fluoropirimidina, por não haver benefício em termos • Quimioterapia adjuvante para casos selecionados
de ganho de sobrevida com a adição de oxaliplatina, no estágio II (lesão T4, ressecção linfonodal
irinotecano, mitomicina C, bevacizumabe ou insatisfatória ou tumor mal diferenciado).
cetuximabe. Recomenda-se apenas esquemas terapêuticos
Estágio III: baseados em fluoropirimidina, por não haver
benefício em termos de ganho de sobrevida para a
• Ressecção segmentar do cólon, por via aberta ou adição de oxaliplatina, irinotecano, mitomicina C,
laparoscópica. bevacizumabe ou cetuximabe.
• Quimioterapia adjuvante com esquema terapêutico • Quimioterapia adjuvante (casos em estágio III) com
baseado em fluoropirimidina e oxaliplatina. esquemas terapêuticos baseados em
Esquemas contendo irinotecano, mitomicina C, fluoropirimidina e oxaliplatina. Esquemas contendo
bevacizumabe ou cetuximabe não são irinotecano, mitomicina C, bevacizumabe,
recomendados, por não haver demonstração de cetuximabe ou panitumumabe não são
vantagem clínica em termos de ganho de sobrevida, recomendados, por não haver demonstração de
quando comparados aos esquemas contendo vantagem clínica em termos de ganho de sobrevida
apenas fluoropirimidina. quando comparados aos tratamentos contendo
apenas fluoropirimidina.
Estágio IV ou doença recidivada:
• Ressecção cirúrgica para lesões localmente Estágio IV ou doença recidivada:
recidivadas, lesões obstrutivas ou hemorrágicas, • Ressecção paliativa anterior baixa ou amputação
metástase pulmonar ou metástase hepática, como abdominoperineal.
procedimento primário ou após quimioterapia
paliativa regional ou sistêmica. • Ressecção de metástase hepática ou pulmonar.
• Radioterapia paliativa, com finalidade antiálgica ou • Quimiorradioterapia paliativa.
hemostática.
• Quimioterapia paliativa regional hepática ou • Quimioterapia paliativa.
sistêmica. • Radioterapia paliativa.
ESTÁGIOS DO CÂNCER
DE CÓLON Fontes:
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas em Oncologia – Ministério da
saúde.
591
TROMBOSE VENOSA
PROFUNDA (TVP)
A
trombose venosa profunda (TVP) caracteriza-
-se pela formação de trombos dentro de veias
profundas, com obstrução parcial ou oclusão,
sendo mais comum nos membros inferiores – em 80
a 95% dos casos.
592
CLÍNICACIRÚRGICA
CLÍNICA CIRÚRGICA
Exame físico:
CARACTERÍSTICA CLÍNICA PONTOS
593
EXAME LABORATORIAL
O paciente que tem alta probabilidade de RM com imagem direta do trombo, baseada
acordo com o escore de Wells, EDC negativo e DD nas propriedades paramagnéticas da metahemoglo-
positivo, o EDC deverá ser repetido em três a sete bina, pode ser o método de escolha para suspeita de
dias. recorrência aguda de TVP, distinguindo um evento
novo de um antigo.
Nos casos de TVP recorrente ipsilateral, os
critérios utilizados para o diagnóstico pelo EDC são:
aumento do diâmetro do mesmo segmento acometi- TRATAMENTO FARMACOLÓGICO
do ≥ 4 mm, aumento de 9 cm de extensão do trombo
Não há anticoagulante totalmente seguro no
ou em segmento venoso distinto do acometido
que diz respeito a hemorragias. Assim, na prática
previamente.
clínica, o risco de hemorragia deve ser avaliado no
tratamento anticoagulante do TEV. Os diversos anti-
coagulantes podem apresentar diferentes riscos para
hemorragias, dependendo da intensidade do trata-
594
CLÍNICACIRÚRGICA
CLÍNICA CIRÚRGICA
ANTICOAGULAÇÃO ORAL
mento; do uso concomitante de outros anticoagulan-
tes, de drogas trombolíticas ou antiplaquetárias; carac- Duração do Tratamento Anticoagulante: A
terísticas do paciente, bem como as comorbidades. duração varia de acordo com o perfil de cada pacien-
te3(A) , dependendo do risco de recorrência de TEV,
Duração da anticoagulação: o objetivo em sendo a avaliação clínica indispensável nestes casos.
prolongar a duração do tratamento é prevenir a recor- Em pacientes com TVP causada por fator de risco
rência de TVP. O risco é menor se a TVP ocorre na reversível, recomenda-se a anticoagulação oral com
presença de fatores de risco reversíveis, como cirur- AVK por, pelo menos, três meses. Em pacientes com
gias; e maior se a TVP for idiopática ou na presença de TVP espontânea, recomenda-se o tratamento com
câncer. Pacientes com EP sintomática também têm AVK por, pelo menos, três meses e que, após esse
maior risco de recorrência que aqueles com apenas período, seja avaliado o risco-benefício do tratamento
TVP. O risco também é maior na presença de múltiplos estendido. Para TVP distal idiopática sugere-se o
fatores de risco, tais como trombofilia hereditária em tratamento oral por três meses, ao invés de terapia
homozigose, síndrome do anticorpo fosfolipídio ou por tempo estendido.
combinação de trombofilias.
A terapia estendida é recomendada para:
pacientes com primeiro episódio de TVP proximal
idiopática, sem fatores de risco para hemorragias e
que possam ser submetidos a uma boa monitorização
da anticoagulação; pacientes com segundo episódio
de TVP idiopática. Durante a terapia anticoagulante
estendida, recomenda-se a reavaliação periódica
para cada paciente, sobre os riscos e benefícios da
continuidade do tratamento.
Para pacientes com alta suspeita clínica de Varfarina: Alcançar o RNI em nível terapêuti-
TVP, recomenda-se iniciar o tratamento com anticoa- co (entre 2 e 3) o mais breve possível é importante
gulantes enquanto se aguarda a confirmação do diag-
nóstico, desde que não haja contraindicação.
TRATAMENTO INICIAL PARA TVP DISTAL
Recomenda-se, com alto nível de evidência, o
tratamento inicial com: HBPM subcutânea (SC), HNF A recomendação é de tratamento por pelo
endovenosa (EV) ou SC monitorizada, dose fixa de menos três meses.
HNF SC, ou fondaparinux , seguida de anticoagulan-
tes orais a longo prazo.
TRATAMENTO PARA EMBOLIA PULMONAR (EP)
Duração: recomenda-se a duração do trata-
mento inicial (HNF, HBPM ou fondaparinux) por pelo Nos pacientes com forte suspeita de EP, reco-
menos cinco dias, associado aos antagonistas da menda-se tratamento com anticoagulantes enquanto
vitamina K (AVK) desde o primeiro dia de tratamento, se espera os resultados de testes diagnósticos. Em
até que o RNI (relação de normatização internacional) EP aguda, recomenda-se início do tratamento com
esteja no nível terapêutico, entre 2 e 3, por dois dias AVK junto com HBPM, HNF ou fondaparinux desde o
consecutivos. A partir deste momento, as drogas primeiro dia de tratamento.
parenterais podem ser suspensas com segurança.
Trombólise: é indicada para pacientes com
595
comprometimento hemodinâmico, exceto na existên-
cia de contraindicação maior devido ao risco de Filtro de veia cava (FVC)
hemorragias, não sendo recomendada como rotina.
Não se recomenda a inserção de FVC inferior
Para sua administração, recomenda-se o uso como tratamento de rotina de TEV, pois reduzem a
de veias periféricas ao invés de cateter arterial pulmo- ocorrência de EP, mas não são mais efetivos em redu-
nar. Recomenda-se realizar a infusão em curto perío- zir a mortalidade e aumentam o risco de recorrência
do de tempo (2 horas) ao invés de tempo prolongado de TVP a longo prazo (entre dois e oito anos), se com-
(24 horas). parados a não utilização ou com terapia anticoagulan-
te.
Não se recomenda a trombólise por cateter
como rotina; somente para pacientes incapazes de
serem submetidos à terapia trombolítica devido ao
risco de hemorragias, ou cujo estado crítico não
permita esperar que a terapia trombolítica sistêmica
seja efetiva; e onde profissionais especialistas encon-
trem-se disponíveis. Nesses casos, a embolectomia
pulmonar pode ser utilizada.
Fontes:
http://www.sbacv.com.br/lib/media/pdf/diretrizes/trombose-venosa-pr
ofunda.pdf
596
CLÍNICACIRÚRGICA
CLÍNICA CIRÚRGICA
INSUFICIÊNCIA VENOSA
CRÔNICA (IVC)
A
Insuficiência venosa crônica (IVC) pode ser
definida como o conjunto de manifestações
clínicas causadas pela anormalidade (refluxo,
obstrução ou ambos) do sistema venoso periférico
(superficial, profundo ou ambos), geralmente acome-
tendo os membros inferiores.
597
elementos figurados do sangue como as hemácias. Os
FISIOPATOLOGIA fagócitos na tentativa de absorver estes elementos
aumentam a produção de grânulos citoplasmáticos
Independente da causa, a hipertensão venosa contendo radicais livres de oxigênio potencializando
é o núcleo central dos sintomas apresentados na ainda mais a resposta inflamatória local.
IVC. Medindo-se a pressão venosa superficial distal
nos membros inferiores de indivíduos normais encon- O ambiente tecidual nas regiões mais acometi-
tramos valores de aproximadamente 80 a 90mmHg das começa a se tornar deletério as próprias células e
no repouso. Durante o exercício esta pressão paralelamente a isso o progressivo aumento da pres-
decresce, chegando a valores como 30-40mmHg. Já são no interstício passa a causar a diminuição de fluxo
indivíduos que apresentam IVC, apesar da pressão na microcirculação com consequente diminuição de
inicial ser idêntica durante o repouso, a mesma dimi- oxigenação e trocas metabólicas. A lise das hemácias
nui significantemente menos (para algo como libera hemoglobina que no espaço extracelular é
70mmHg) ou mesmo aumenta, como na ocorrência degradada a um subproduto, a hemossiderina, extre-
de veias perfurantes insuficientes onde a pressão do mamente irritante aos tecidos. A somatória de hipoper-
compartimento muscular pode ser transmitida à fusão tecidual relativa e agressão celular com depósito
superfície. Existe também uma boa correlação entre a de hemossiderina culminam na expressão da fase
pressão no exercício e a gravidade da IVC. CEAP IV. Suas principais características incluem o
eczema de estase com ressecamento, descamação,
Na IVC a ocorrência de varizes primarias com adelgaçamento e prurido na pele, sinais inequívocos
disfunção da parede venosa, focal ou generalizada, da alteração inflamatória. Uma dermatite “ocre”
parece causar a insuficiência das válvulas por afasta- também é observada sendo o resultado dos depósitos
mento de suas cúspides secundariamente a essa dérmicos e subcutâneos de hemossiderina. Por fim
dilatação. A coluna de sangue formada gera uma ocorre um processo de dermatolipoesclerose secun-
pressão hidrostática progressivamente maior, que, dário a grande concentração de líquido e principal-
com ou sem a participação de veias perfurantes insu- mente proteínas que ficaram retidas no interstício celu-
ficientes termina por transmitir-se aos capilares san- lar, levando primeiro ao endurecimento e aumento do
guíneos. Num primeiro momento, ocorre apenas o poder oncótico intersticial e posterior a fibrose da pele
aumento da saída de líquido e pequenas proteínas e principalmente do tecido celular subcutâneo.
para o espaço extra-vasal. Nesta fase, isto é compen-
sado pela reabsorção dos mesmos pelo próprio capi- O próximo estágio clínico passa diretamente ao
lar durante o repouso, bem como pela capacidade de CEAP VI, quando o agravamento da condição tecidual
absorção do sistema linfático o que evita alterações é tal que proporciona a destruição da pele e solução
maiores como o edema, caracterizando assim a fase de continuidade com os tecidos mais profundos, a
CEAP II. Com a continuidade ou piora do quadro de denominada “úlcera de estase” ou “úlcera varicosa”.
hipertensão venosa, a entrada de líquido e proteínas Tal situação deve ser evitada ao máximo visto que de
no interstício ultrapassa a capacidade de captação 50 a 75% destas úlceras demoram de 4 a 6 meses
capilar e linfática ocorrendo o edema que caracteriza para cicatrização enquanto pelo menos 1/5 delas
a fase CEAP III. Neste ponto, apesar de ainda não permanecem abertas por mais de 2 anos .
totalmente elucidado se como causa ou consequên-
cia, mas de maneira muito importante na fisiopatolo- A classificação CEAP V aplica-se a CEAP VI
gia da doença, soma-se ao processo a participação onde, seja através de melhora das condições hidrostá-
do sistema imunológico. Mediada pelas moléculas de ticas, seja pelos cuidados locais ou mesmo atenuação
adesão intercelular (ICAM-1), e citoquinas como da resposta inflamatória, houve condições de ocorrer a
interleucina (IL-6 e 8) e fator de necrose tumoral cicatrização local da pele.
(TNFβ), ocorre um estímulo local a resposta inflama-
tória através de macrófagos e neutrófiloS. Paradoxal-
mente, a presença destes fatores determina local-
mente um aumento da permeabilidade capilar com
aumento do extravasamento que agora passa a ser
acompanhado de macromoléculas e mesmo de
598
CLÍNICACIRÚRGICA
CLÍNICA CIRÚRGICA
EXAME FÍSICO
Recomenda-se avaliação clínica a procura dos
sinais de IVC, preferencialmente com a exposição
dos membros inferiores desde os pés até a virilha,
mas também com a possibilidade de avaliar o
abdome e região a genital em casos específicos. O
exame físico deve ser iniciado com paciente em pé,
após alguns minutos de ortostatismo, em uma sala
com temperatura ambiente adequada, com boa ilumi-
nação, afim de facilitar para o médico definir o tama-
nho, localização e distribuição das veias varicosas,
presença e quantificação do edema, eventuais altera-
ções de pele como hiperpigmentação, eczema, atro-
fia branca e úlceras cicatrizadas ou abertas. Após o
exame em ortostatismo, o doente pode deitar e o
restante do exame é concluído, incluindo palpação de
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS ATRIBUÍVEIS pulsos para afastar alterações arteriais grosseiras. A
A DOENÇA VENOSA avaliação inclui todas as faces de ambos os membros
inferiores, que são avaliados individualmente e depois
São considerados os principais sinais e sintomas comparativamente, incluindo medidas nos pontos
de IVC:
principais como tornozelo, panturrilha e coxa.
• Formigamento;
• Dor;
• Queimação;
• Câimbras musculares; DIAGNÓSTICO COMPLEMENTAR NA
• Inchaço;
• Sensação de peso ou de latejamento; DOENÇA VENOSA
• Prurido cutâneo;
• Pernas inquietas;
• Cansaço das pernas e fadiga.
599
flebografia. Alguns autores sugerem que para vasos
axiais maiores (veias femorais e poplíteas), tempos de Doentes com a função renal comprometida
até 1 segundo seriam aceitáveis como normais. O representam uma limitação à obrigatória utilização do
sistema superficial é avaliado a procura de segmen- contraste iônico na CTV e gadolíneo na RMV. A RMV
tos obstruídos ou com refluxo as manobras de com- necessita de maior tempo para sua realização
pressão proximal. As veias safenas magna, safena enquanto a CTV expõe o doente a radiação potencial-
parva e suas principais tributarias devem ser descri- mente nociva
tas e seus diâmetros anotados nos diferentes seg-
mentos do membro. As perfurantes insuficientes e
dilatadas são identificadas e sua localização descrita
em detalhes.
FOTOPLETISMOGRAFIA
FLEBOGRAFIA
600
CLÍNICACIRÚRGICA
CLÍNICA CIRÚRGICA
MEDICAÇÕES VENOATIVAS OU FLEBOTÔMICAS
vos aleatórios e não supervisionados. Outro ponto bas-
tante constante foi importância da associação dos
Atualmente as drogas venoativas ou flebotôni-
curativos com algum tipo de compressão. Independen-
cas não podem ser consideradas um tratamento no
te da técnica ou do material empregado, podemos
sentido da cura ou mudança da evolução natural da
considerar atualmente a compressão como a peça
doença, porém, os estudos disponíveis, incluindo
chave do tratamento conservador, agindo diretamente
metanálises indicam que pelo menos em dois pontos
sobre os mecanismos da fisiopatologia que levam ao
a utilização dos flebotônicos pode contribuir no trata-
aparecimento das úlceras e agravamento da doença.
mento da doença venosa, são eles a diminuição do
edema e o controle dos sintomas relacionados a
Nesse tópico dispõe-se de uma série de moda-
presença da insuficiência venosa crônica em seus
lidades de compressão que incluem as meias de com-
diversos graus de apresentação clínica.
pressão gradual, bandagens elásticas e inelásticas e
compressão intermitente. A explicação sobre a ação
ESCLEROTERAPIA
na fisiopatologia da doença venosa parece semelhante
entre os métodos induzindo uma menor dilatação das
O procedimento escleroterápico consiste na
veias superficiais e profundas, melhora da ação da
injeção de determinada substancia irritante ao endo-
bomba da panturrilha e uma ação anti-inflamatória que
télio vascular na luz de uma veia doente, incluindo
em conjunto determinam um menor edema e a diminui-
veias tronculares com refluxo, varizes tributárias, veias
ção da pressão venosa ambulatorial.
reticulares e telangectasias. Várias substancias tem
sido utilizadas com esse propósito (solução salina
O emprego de elastocompressão como terapia
hipertônica, glicose hipertônica, glicerina cromada,
isolada de longa duração em pacientes sem úlcera,
oleato de monoetanolamina, polidocanol, álcool,
apenas sintomáticos incorre em descontinuação do
entre outros) podendo ser divididos em irritantes dire-
tratamento em cerca de 30% em dois anos e 50% em
tos (desnaturantes de proteínas) ou desidratantes do
três anos de tratamento. De forma geral, nos grupos
endotélio (soluções hipertônicas), podendo ser
sem úlcera que conseguem manter o tratamento, pôde
injetados em forma líquida ou na forma de espuma e
ser observado tanto uma melhora dos sintomas, como
em diversas concentrações e volumes, dependendo
uma melhora nos questionários de qualidade de vida.
do vaso alvo a ser tratado.
Nos casos onde ocorreu a ulceração da pele (CEAP
C5-6) o emprego de compressão elástica ou inelásti-
LASER TRANSDÉRMICO
ca, com níveis de pelo menos 40mmHg promoveu a
cicatrização de forma mais eficiente.
O laser transdérmico pode ser uma alternativa
em casos específicos (alergia ao esclerosante, fobia
O emprego de compressão pneumática inter-
a agulhas, matting e falha na escleroterapia) no trata-
mitente (CPI) demonstrou-se útil, especialmente em
mento de telangectasias e veias reticulares dos mem-
casos de edema refratário e úlceras crônicas que não
responderam a terapia clássica com compressão por
pelo menos seis meses e tratamentos invasivos para a
correção da insuficiência venosa.
601
bros inferiores, entretanto vem se mostrando constan-
temente menos eficiente que a escleroterapia, neces- VARIZES PÉLVICAS
sitando mais sessões para alcançar o resultado espe-
rado e com um custo maior. O refluxo das veias ovarianas e/ou das veias
ilíacas internas e suas tributárias podem estar asso-
CIRURGIA CONVENCIONAL DE VEIAS TRONCULA- ciadas a sintomas como dor pélvica, dispareunia e
RES disúria e quando isto ocorre, podemos chamar essa
associação de síndrome da congestão pélvica. A
O tratamento cirúrgico se demonstrou superior apresentação clínica ainda inclui a presença de veias
em termos cosméticos e com melhora de sintomas dilatadas na região genital e agravamento dos sinto-
atribuíveis a doença venosa quando comparado ao mas no período menstrual. O diagnóstico é baseado
tratamento conservador. Vários estudos demonstra- nos sinais e sintomas apresentados e a confirmação
ram que a ligadura da croça com safenectomia asso- pode ser realizada através de exames complementa-
ciada obteve resultados mais sólidos e duráveis que a res como Ultrassonografia Doppler abdominal, pélvi-
ligadura isolada. ca e transvaginal ou angiotomografia e angiorresso-
nância venosas. De forma geral, uma veia ovariana ao
US Doppler com mais de 6mm de diâmetro esta
muito associada a síndrome de congestão, bem
como a presença de 4 ou mais veias para uterinas
dilatadas (com 4 mm ou mais) e uma veia ovariana
com 8 mm numa angioCT venosa ou angioRM
venosa. O tratamento inicial consiste no bloqueio
hormonal com supressão da função ovariana, porem
esta abordagem se destina ao curto prazo, enquanto
uma resolução mais definitiva é planejada para as
doentes muito sintomáticas. O tratamento endovas-
cular das veias comprometidas vem se mostrando a
melhor opção com alivio dos sintomas em 50 a 80%
dos casos. A técnica preconizada inclui o uso de
Escleroterapia com espuma transcateter associada a
molas e/ou plugs oclusores. As taxas de sucesso e
TRATAMENTO DAS VEIAS TRIBUTÁRIAS recidiva são aceitáveis e muito semelhante ao trata-
mento clássico com abordagem cirúrgica da pelve,
A ressecção de veias tributárias insuficientes eventualmente necessitando histerectomia.
pode ser considerada uma terapia associada ao trata-
mento de veias tronculares, ou um procedimento
isolado para o tratamento do doente com insuficiên-
cia venosa crônica. A realização do tratamento das
tributárias concomitante ao tratamento das veias tron-
culares quando estas estão alteradas, reduz a neces-
sidade de reintervenções precoces sendo que a
extração mecânica (mini-flebectomia) esteve relacio-
nada com um menor índice de recorrência em 1 e 2
anos. O tratamento concomitante de veias tributárias
também esteve relacionado com menos dor e melhor
Fontes:
satisfação por parte do paciente. Este tratamento
http://www.sbacv.com.br/lib/media/pdf/diretrizes/insuficiencia-venosa-
pode ser realizado pelas miniflebectomias ou por
cronica.pdf
termoablação com laser endovascular.
602
CLÍNICACIRÚRGICA
CLÍNICA CIRÚRGICA
DOENÇA ARTERIAL
OBSTRUTIVA PERIFÉRICA
Doença Arterial Obstrutiva Periférica (DAOP)
ocorre predominantemente decorrente de fenô-
menos ateroscleróticos sistêmicos, que provo-
cam obstruções arteriais e está associada a alto risco
de morbimortalidade cardiovascular.
FATORES DE RISCO
603
ÍNDICE TORNOZELO-BRAQUIAL
CLASSIFICAÇÃO CLASSIFICAÇÃO
DE FONTAINE DE RUTHERFORD
O índice tornozelo-braquial (ITB) é unanime-
mente considerado como uma ferramenta de triagem
Estágio I Assintomático Categoria 0 Assintomático primária, devendo ser realizado após o diagnóstico
clínico e antes de qualquer modalidade diagnóstica
Categoria 1 Claudicação leve
invasiva.
Estágio II a) Claudicação
intermitente limitante Categoria 2 Claudicação O ITB é calculado pela divisão da maior pres-
moderada
são sistólica nas artérias do tornozelo pela pressão
Estágio II b) Claudicação
sistólica da artéria braquial, aferido com o indivíduo
Categoria 3 Claudicação
intermitente incapacitante severa em decúbito dorsal, com uso de esfigmomanômetro e
um aparelho portátil de ultrassom de ondas contínua.
Valores entre 1.0 a 1,4 são considerados normais e
Estágio III Dor isquêmica em entre 0,9-0,99 como limítrofes. Valores < 0,9 indicam
Categoria 4 Dor em repouso
repouso a presença de doença obstrutiva, enquanto um índice
>1,4 é indicativo de incompressibilidade arterial
Categoria 5 Lesão trófica devido à provável calcificação. Assim o ITB é limitado
pequena
Estágio IV Lesões tróficas em pacientes com comorbidades associadas à
Categoria 6 Necrose extensa presença de calcificação arterial, como o diabetes e
insuficiência renal em estágios avançados.
MÉTODOS DIAGNÓSTICOS
EXAME FÍSICO
604
CLÍNICACIRÚRGICA
CLÍNICA CIRÚRGICA
DIAGNÓSTICOS EM IMAGEM
ECODOPPLER DUPLEX
605
vida.
TRATAMENTO FARMACOLÓGICO
Inicialmente, o controle da dor, das infecções
O benefício de heparina não fracionada, hepa- e das co-morbidades são componentes do tratamen-
rinas de baixo peso molecular e os anticoagulantes to em associação ao procedimento de revasculariza-
orais para o tratamento de claudicação intermitente ção feita por um cirurgião vascular. Em casos mais
não está bem estabelecido, ao passo que foi observa- graves, nos quais não há possibilidade de revasculari-
do um aumento do risco de complicações hemorrági- zação, pode ser recomendada a amputação primária
cas, especialmente com anticoagulantes orais. Não do membro.
há nenhuma evidência clara para apoiar o uso de anti-
coagulantes para claudicação intermitente. AGENTES ANTIPLAQUETÁRIOS APÓS
REVASCULARIZAÇÃO INFRAINGUINAL
TERAPIA ENDOVASCULAR
Em pacientes sintomáticos, submetidos a
Procedimentos endovasculares são indicados bypass infrainguinal, a terapia antiplaquetária com
para pacientes com CI que não responderam ao aspirina contribui com um sensível benefício nos
tratamento com exercício ou com medicamentos, índices de perviedade.
com imitações na qualidade de vida ou na vida profis-
sional e que apresentem condições anatômicas favo-
ráveis para o procedimento.
CIRURGIA CONVENCIONAL
606
CLÍNICACIRÚRGICA
CLÍNICA CIRÚRGICA
ANEURISMA
O
Aneurisma é uma dilatação localizada e irrever-
sível de um vaso arterial. Podemos definir TIPOS DE ANEURISMAS
como aneurisma, quando o segmento de um
vaso tem seu diâmetro normal presumido, para a idade Os aneurismas são divididos em dois tipos:
e altura do paciente, aumentado de 50%.
A) Aneurismas que provocam uma dilatação
pura da parede arterial. A expansão pode ser fatal se
o tecido arterial sofrer ruptura.
607
A dissecção aguda da aorta, também chamada
de aneurisma dissecante da aorta, é uma condição
freqüentemente fatal. O enfraquecimento da parede
arterial é responsável pela maior parte dos casos de
dissecção aórtica aguda.
608
CLÍNICACIRÚRGICA
CLÍNICA CIRÚRGICA
• As estatinas devem continuar no período
minal ou ressonância magnética. perioperatório, sem duração definida para sua
Palpação clínica da massa abdominal pulsátil pode ser suspensão.
alerta da presença de AAA.
• Indica-se o uso de betabloqueadores em
pacientes com alto risco cardiovascular e são
A ultra-sonografia abdominal é um método que, recomendados em pacientes com doença isquêmica
se em mãos experientes, pode diagnosticar cerca de cardíaca.
100% dos AAA. Tem as vantagens de ser barato, ser
realizado facilmente, (às vezes à beira do leito), não • O controle da hipertensão arterial sistêmica
emite radiação, podendo ser repetido quando neces- deve ser iniciado, objetivando a prevenção secundária
da morbidade cardiovascular, de preferência com
sário. As principais desvantagens são: a presença de
esquema que compreenda inibidores de conversão da
gás intra-abdominal limitando a qualidade do exame e angiotensina.
a dificuldade em demonstrar a origem das artérias
renais. • Ácido acetilsalicílico (aspirina) em baixa dose
deve ser recomendado para pacientes com AAA e o
A tomografia axial computadorizada (TAC) é um tratamento deve ser continuado também no período
exame de grande especificidade, evidenciando os perioperatório.
diâmetros do aneurisma com sensível precisão, identi-
• No monitoramento, seu uso em pacientes
ficando as origens das artérias renais e vasos mesenté- com AAA com doença arterial obstrutiva associada é
ricos, avaliando as paredes do aneurisma, sendo por recomendada, a menos que haja contraindicação
isso, importante no diagnóstico daqueles com caracte- específica
rísticas inflamatórias. A TAC é o exame de escolha nos
casos onde há dúvida sobre a integridade do aneuris-
ma. As principais desvantagens são: preço relativa-
mente elevado, radiação a emissão de Raios-X, uso de INDIVÍDUOS ASSINTOMÁTICOS
contraste, não poder ser realizado à beira do leito e
não poder ser feito com freqüência. Para indivíduos assintomáticos, o tratamento é
dependente do diâmetro do aneurisma, assim como
A angiorressonância é um exame com sensibili- da relação risco de ruptura e mortalidade do procedi-
dade semelhante à tomografia quando realizado em mento de reparo.
aparelhos de 1 a 1,5 Tesla e sem contraste. Com o
aperfeiçoamento dos equipamentos e o uso do con- Em geral, os pacientes com aneurisma fusifor-
traste não iodado este método poderá, no futuro, asso- me com diâmetro máximo menor do que 4 cm apre-
ciado à ultra-sonografia, substituir TAC. Tem a desvan- sentam baixo risco de ruptura, recomendando-se
tagem de ser caro e não estar disponível na maioria monitoramento com USG em intervalos regulares.
dos hospitais.
PACIENTES SINTOMÁTICOS
TRATAMENTO
609
mento prévio das comorbidades, para melhorar as
condições clínicas gerais antes do reparo.
Fontes:
https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/16813/16813_3.PDF
http://www.sbacv.com.br/lib/media/pdf/diretrizes/aneurismas-da-aorta
-abdominal.pdf
610
CLÍNICACIRÚRGICA
CLÍNICA CIRÚRGICA
HÉRNIAS INGUINAIS
611
epigástricos profundos. Pode ser congênita ou
adquirida, neste caso, resultante do Tipo III: Defeito na parede posterior
enfraquecimento do mecanismo de esfíncter do
anel inguinal interno, consequente ao A. Hérnia inguinal direta-lesão de parede posterior
enfraquecimento da fáscia transversa. + anel profundo dilatado. A hérnia não passa por
dentro desse anel, mas por baixo.
• Mais comuns em crianças e recém-nascidos
(persistência do conduto peritônio vaginal); B. Hérnia inguinal mista – anel inguinal interno
dilatado medialmente enrolado ou destruindo a
• Mais comuns no sexo masculino; fáscia transversal do triângulo de Hasselbach (p.
ex. hérnias escrotais maciças por deslizamento ou
• Apresenta maior tendência de evoluir para hérnias a cavaleiro). Lesão de parede posterior +
inguinoescrotal anel profundo dilatado. Hérnia passa por dentro
do anel profundo
As hérnias inguinais diretas apresentam-se
medialmente aos vasos epigástricos. São resultantes C. Hérnia femoral – quando a hérnia passa por
de alterações adquiridas. Têm sua gênese em um baixo do anel inguinal, técnica para correção
enfraquecimento da parede posterior do canal dessa hérnia: McDavid
inguinal. A hérnia ocorre no triângulo de
Hesselbach, principalmente por ser a região menos Tipo IV: Hérnias recorrentes
protegida pelo revestimento músculo aponeurótico.
Essa hérnia se forma por excesso de esforço ao A. Direta
longo da vida. B. Indireta
C. Femoral
O saco herniário tem origem no D. Mista
enfraquecimento do assoalho do canal inguinal,
medialmente aos vasos epigástricos profundos;
HÉRNIAS CRURAIS (FEMORAIS)
Mais comum em idosos. Geralmente há uma inserção
alta dos músculos transverso e oblíquo interno, Herniação que ocorre ao nível do anel femoral,
resistência da fáscia transversal. A hérnia direta abaixo do ligamento inguinal, medialmente a veia
desaparece com maior facilidade. femoral. São mais frequentes em pacientes do sexo
feminino e idosas. São pequenas e de difícil
redutilidade, portanto maior facilidade para
CLASSIFICAÇÃO DE NYHUS PARA encarceramento e estrangulamento. São mais
HÉRNIAS DA REGIÃO INGUINAL frequentes do lado direito.
612
CLÍNICACIRÚRGICA
CLÍNICA CIRÚRGICA
Hernia Epigástrica
613
DOENÇA DIVERTICULAR
diverticulose do intestino grosso refere-se à
presença de divertículos no cólon. A diverticuli- DIAGNÓSTICO
te significa a presença de inflamação e de
A avaliação inicial do paciente com suspeita de
infecção associadas aos divertículos, mais frequente-
diverticulite deve ser a mesma de todo paciente com
mente os localizados no cólon sigmóide. A doença
dor abdominal aguda e inclui anamnese dirigida,
diverticular corresponde ao conjunto de manifesta-
exame físico geral, abdominal e toque digital do reto.
ções associáveis à diverticulose, desde dor abdomi-
Ainda que cerca de 85% dos episódios de diverticulite
nal inespecífica até a diverticulite complicada. A diver-
ocorram em cólon esquerdo, mais precisamente em
ticulite não-complicada representa aquela com peridi-
cólon sigmóide, divertículos e diverticulite podem ocor-
verticulite ou flegmão, enquanto a diverticulite compli-
rer em todo o cólon. A diverticulite do cólon direito
cada é aquela que resulta em obstrução intestinal,
ocorre mais frequentemente em orientais asiáticos e
formação de abscesso, peritonite ou fístula.
usualmente segue curso mais benigno.
A maioria dos pacientes com divertículos é
A dor no quadrante inferior esquerdo ocorre
assintomática, o que dificulta a estimativa de sua
entre 93% e 100% dos pacientes com diverticulite
prevalência. A prevalência da diverticulose colônica
aguda e está mais comumente presente por vários dias
aumenta com a idade. Parece inferior a 10% para a
antes do diagnóstico, o que permite diferenciá-la de
população com menos de 40 anos, atinge um terço
outras causas de abdome agudo inflamatório.
da população acima dos 45 anos e está estimada
Frequentemente está associada a alteração do hábito
entre 50% e 66% para os indivíduos com mais de 80
intestinal. Outras queixas incluem náuseas, vômitos e
anos, podendo atingir até 80% dessa população
distúrbios urinários. Em pacientes com cólon sigmóide
idosa. Não existe evidente correlação com o sexO.
redundante, a dor em baixo ventre ou mesmo em qua-
Estima-se que entre 10% e 25% dos indivíduos com
drante inferior direito pode ocorrer. Até metade dos
diverticulose evoluirão com diverticulite.
pacientes refere um ou mais episódios semelhantes
anteriores.
614
CLÍNICACIRÚRGICA
CLÍNICA CIRÚRGICA
da avaliação abdominal na presença de distensão
femorais. A apendicite epiplóica resultante da torção abdominal.
dos apêndices epiplóicos pode ocorrer na forma de Recomenda-se a realização de TC na suspeita de
dor na fossa ilíaca esquerda. Trata-se de condição de diverticulite aguda complicada ou quando há dúvida
curso benigno e deve ser suspeitada principalmente diagnóstica.
para os indivíduos com menos de 40 anos. Afecções
ginecológicas agudas devem ser lembradas em mulhe- Devido ao risco de desbloqueio de um divertí-
res. culo já perfurado ou mesmo de nova perfuração resul-
tante da insuflação de ar ou progressão do aparelho,
Como para todos os pacientes com suspeita a endoscopia do sigmóide está historicamente con-
de abdome agudo, e com o objetivo de auxiliar no diag- traindicada na suspeita de diverticulite aguda. No
nóstico diferencial, em associação à anamnese e ao entanto, a sigmoidoscopia cuidadosa é útil para
exame físico, especialmente para os pacientes com excluir a presença de câncer, colite inespecífica ou
dor abdominal importante, a avaliação por radiografia isquêmica.
simples do abdome em duas posições, leucograma e
exame de urina devem ser solicitados. Os achados são Não se obteve evidência para justificar o
anormais à radiologia simples do abdome em até 50% emprego da ressonância magnética (RM) para o
dos casos. diagnóstico da diverticulite aguda.
615
drenagem percutânea ou o tratamento cirúrgico. A
são sobre o intervalo de tempo até a primeira reavalia- punção percutânea habitualmente guiada por TC com
ção depende da intensidade do quadro clínico e da colocação de cateter permite drenagem temporária
resposta inicial ao tratamento. da coleção e tratamento cirúrgico eletivo subsequen-
te em tempo único em 67% a 80% dos casos. Há
A antibioticoterapia empírica deve ser dirigida evidência recente acerca da possibilidade de se reali-
contra bactérias gram-negativas e anaeróbias. Há zar a drenagem do abscesso por videolaparoscopia
evidência de que a monoterapia sistêmica seja igual- se a punção guiada por TC não for uma alternativa
mente eficaz às associações de antibióticos. A anti- viável, no entanto, os resultados não-imediatos desse
bioticoterapia é usualmente mantida por sete a 10 manejo não são conhecidos. Quando a drenagem
dias. Melhora sintomática é esperada entre dois e três guiada por TC ou videoassistida não estiver disponí-
dias após a introdução do tratamento, após esse perí- vel, o tratamento cirúrgico se impõe e deve incluir a
odo a dieta pode ser progredida. ressecção do segmento acometido. Na ausência de
peritonite difusa, deve-se favorecer a realização de
anastomose primária com ou sem a derivação de
O tratamento cirúrgico eletivo da diverticulite proteção.
está comumente indicado para pacientes após uma
crise complicada (abscesso, obstrução ou fístula) e A perfuração não-bloqueada na diverticulite
para aqueles que tiveram duas crises necessitando aguda, com peritonite difusa fecal ou purulenta resul-
hospitalização. O tratamento cirúrgico eletivo, tantes, representa grave ameaça à vida, com mortali-
quando indicado, é realizado dentro de seis a oito dade de até 28%. O tratamento cirúrgico de urgência
semanas após crise de diverticulite aguda. deve ser realizado pela ressecção do segmento
perfurado e colostomia (operação em dois tempos)
Para o tratamento cirúrgico eletivo, a operação em contraponto às operações em três tempos, resul-
de escolha tornou-se a sigmoidectomia ou colecto- tando em menor sepse residual, menor número de
mia esquerda com anastomose colorretal. Todo o reoperações e menor internação hospitalar associa-
dos à primeira opção. No entanto, em um pequeno
cólon sigmóide deve ser removido. A anastomose estudo prospectivo e randomizado, para pacientes
primária também pode ser realizada nos casos de com peritonite purulenta difusa (estágio III da classifi-
abscesso pericolônico ou pélvico (estágios I e II da cação de Hinchey), menor (nula) mortalidade foi
classificação de Hinchey). A operação pode ser reali- observada entre os pacientes submetidos a opera-
zada pela via de acesso videolaparoscópica com ções em três tempos quando comparados aos sub-
segurança, o que pode trazer menor dor, duração do metidos a ressecção e colostomia. Para o casos de
íleo pós-operatório e hospitalização mais curta. Há diverticulite aguda complicada por perfuração e peri-
evidências que apontam para risco de recidiva de tonite difusa (Hinchey 3 e 4), existe evidência prove-
crises de diverticulite após tratamento cirúrgico de niente da avaliação não-controlada, em oito estudos,
até 10%, sendo que pode haver necessidade de de 213 pacientes que foram submetidos a tratamento
reoperação em cerca de 3%. cirúrgico de urgência por meio da drenagem laparos-
cópica associada a colorrafia com epiploplastia,
aplicação de cola de fibrina ou mesmo nenhum trata-
mento do divertículo perfurado, indicando que pode
haver benefício para essa coorte de pacientes com
peritonite difusa por perfuração diverticular a ser
determinado por estudos comparativos.
CLASSIFICAÇÃO DE HINCHEY
616
CLÍNICACIRÚRGICA
CLÍNICA CIRÚRGICA
PÓLIPOS COLORRETAIS
P
ólipos colorretais são pequenas protrusões da
mucosa colônica e do reto, sendo a sua grande
maioria de potencial maligno baixo (como os
adenomas tubulares com displasia de baixo grau) ou
nulo (como os pólipos hiperplásicos). Os pólipos que
contêm potencial maligno – os adenomas – são a
parte inicial da cascata de carcinogênese de 95% das
neoplasias malignas colorretais e podem ser diagnosti-
cados e removidos através da colonoscopia.
CLASSIFICAÇÃO
Os pólipos colorretais podem ser classificados
pela sua etiologia e morfologia. Outra informação
importante é seu tamanho estimado na colonoscopia,
apresentando maior risco para neoplasia quando são
maiores ou iguais a 1 cm. Essa classificação é impor-
tante para a decisão terapêutica na colonoscopia e
para o seguimento do paciente.
617
CLASSIFICAÇÃO MORFOLÓGICA DOS PÓLIPOS COLÔNICOS
TIPO MORFOLOGIA IMAGEM OBSERVAÇÕES
POLIPOIDE Pediculado Não há diferença de risco pela morfologia.
Subpediculado
Séssil
Fonte: Short (2015).Imagens: Open-i Service of the National Library of Medicine (2017).
618
CLÍNICACIRÚRGICA
CLÍNICA CIRÚRGICA
§
PERIODICIDADE PARA COLONOSCOPIA DOS PÓLIPOS COLORRETAIS
LESÕES PRÉ - MALIGNAS DE MENOR PERIODICIDADE RECOMENDADA PARA
3 a 10 adenomas tubulares 3
>10 adenomas <3
≥1 adenoma tubular ≥ 10 mm 3
≥1 adenoma viloso 3
Adenoma com displasia de alto grau 3
Pólipo séssil serrilhado < 10 mm sem displasia 5
Pólipo serrilhado ≥ 10 mm ou com displasia 3
Síndrome de polipose serrilhada** 1
Fonte: Macrae (2017).
* Sugerido acompanhamento em serviço especializado.
** ≥ 5 pólipos serráteis proximais ao sigmoide com pelo menos 2 ≥ 10mm; qualquer pólipo serrátil proximal ao sigmoi-
de com história familiar de síndrome de polipose serrátil; > 20 pólipos serráteis de qualquer tamanho no cólon.
Obs: pólipos hiperplásicos raramente têm mais de 10 mm. Seu encontro deve levantar a hipótese de pólipo serrilhado.
§ Essas recomendações são válidas quando a colonoscopia foi completa (até o ceco ou íleo distal) e com limpeza
colônica adequada; sem esses critérios de qualidade, há risco de haver lesões não diagnosticadas.
619
MANEJO DOS PÓLIPOS COLORRETAIS Algumas medicações devem ser suspensas ou
modificadas para o exame:
Os pólipos colorretais usualmente são excisa-
dos através da polipectomia no próprio procedimento • AAS – suspender uso 7 dias antes do procedimento se
em que são encontrados. Pólipos maiores e lesões não paciente estiver utilizando por prevenção primária. Manter
polipoides podem necessitar de técnica de mucosec- a medicação se o paciente utilizar AAS por prevenção
tomia, procedimento um pouco mais extenso e com secundária de evento cardiovascular.
risco um pouco maior de complicações. Nele é utiliza-
da injeção de solução na submucosa para elevar a • Clopidogrel e anticoagulantes – avaliar risco e
lesão e reduzir o risco de perfuração da parede colôni- benefício em suspender a medicação (conforme indicação
ca. Em alguns casos, como na presença de lesões do uso e risco de evento tromboembólico elevado).
polipoides ou grandes, pode se optar por marcar uma Usualmente orienta-se suspensão para permitir polipecto-
nova colonoscopia para a retirada da lesão, visto que mia no momento do exame.
há maior risco de sangramento e perfuração. Pacien-
tes com pólipos não excisados devem ser avaliados • Sulfato ferroso – suspender uso 7 dias antes da
para nova colonoscopia. colonoscopia pois dificulta a limpeza do cólon.
RASTREAMENTO E VIGILÂNCIA DO
CÂNCER COLORRETAL
No Brasil, atualmente não se recomenda
rastreamento populacional de câncer de cólon por
questões de limitação ao acesso para diagnóstico e
tratamento posterior. Embora existam evidências de
redução de incidência e mortalidade específicas por
câncer colorretal com pesquisa de sangue oculto nas
fezes (PSOF), a avaliação do Ministério da Saúde é
de que a implantação do rastreamento no SUS é
atualmente inviável. Isso se deve ao custo elevado da
intervenção na população e à capacidade instalada
insuficiente para realização de exames subsequentes
(colonoscopia e retossigmoidoscopia). Entretanto,
pessoas com histórico familiar de câncer colorretal
COLONOSCOPIA – O PROCEDIMENTO E têm indicação de serem avaliadas com colonoscopia:
CUIDADOS PRÉ-EXAME
A colonoscopia é um exame feito sob sedação • Aos 40 anos ou 10 anos antes do diagnóstico do familiar
consciente, com ou sem anestesia. As orientações do (o que for antes), se câncer em dois familiares de 1º grau ou
preparo são feitas no local onde o exame é realizado. se familiar de 1º grau diagnosticado com menos de 60 anos
O preparo para o procedimento envolve a limpeza de idade. O rastreamento é feito a cada 5 anos;
intestinal com dieta pobre em resíduos e uso de laxan-
te – usualmente bisacodil e manitol. O manitol é um • Aos 50 anos, se familiar diagnosticado com mais de 60
laxante osmótico potente, gerando evacuações em anos de idade.
grande número, podendo causar desidratação e
distúrbios hidroeletrolíticos. Pacientes com comorbi- Recomenda-se, por outro lado, a estratégia de
dades graves (especialmente insuficiências cardíaca e diagnóstico precoce, com divulgação ampla dos
renal) e idosos são mais suscetíveis a esses distúrbios. sinais de alerta para a população e profissionais de
Para evitá-los, orienta-se hidratação abundante até o saúde, acesso imediato aos procedimentos de diag-
horário do jejum. nóstico dos casos suspeitos (o que implica amplia-
ção da oferta de serviços de colonoscopia e demais
620
CLÍNICACIRÚRGICA
CLÍNICA CIRÚRGICA
621
DOENÇAS ORIFICIAIS
O
s abscessos e as fístulas anais podem ser con- Classificação: São classificados de acordo com sua
siderados como o espectro de apresentação localização nos espaços anorretais. De acordo com a
de uma mesma doença; os primeiros represen- classificação de Eisenhammer, modificada por McE-
tariam a fase aguda enquanto que os últimos, a crônica lwais et al:
deste processo.
• Perianal
• Submucoso
• Interesfincteriano Alto
• Interesfincteriano Baixo
• Isquiorretal.
QUADRO CLÍNICO
A apresentação clínica depende do tipo de
abscesso, mas a sintomatologia inicial e principal é o
quadro doloroso que se inicia abruptamente e piora
com a movimentação e esforços. A febre geralmente
está ausente na fase inicial do processo, com exce-
ção daqueles casos de abscesso muito volumoso.
Edema, intumescência e rubor podem ocorrer nas
ABSCESSO ANAL supurações superficiais; nas profundas o tumor pode
ser percebido pelo toque retal.
Etiologia: Possuem várias causas específicas
para o aparecimento dessas infecções como trauma-
tismo, corpo estranho, neoplasias de reto e canal anal, DIAGNÓSTICO
doença inflamatória intestinal, actinomicose, inflama-
ção pélvica, radiação, complicações de doenças orifi- Na grande maioria das vezes é clínico, sendo
ciais. Entretanto, a grande maioria dos abscessos está complementado pelo exame físico.
relacionada à infecção das glândulas que se localizam
nas criptas anais (teoria criptoglandular). Podem
TRATAMENTO
evoluir para um simples abscesso interesfincteriano ou
se estender verticalmente, horizontalmente ou circun- Eminentemente cirúrgico com a drenagem da
ferencialmente, resultando em uma variedade de apre- lesão devendo ser ampla. Os abscessos simples e
sentações. superficiais muitas vezes podem ser drenados com
anestesia local sem necessidade de antibioticotera-
Os agentes infecciosos mais freqüentemente pia.
encontrados são as bactérias da margem anal, aeró-
bios a anaeróbios sendo a bactéria mais comumente
encontrada a E. coli. A tendência normal após a drena-
gem de um abscesso é a cura do processo, porém
30-40% evoluem para fístula.
622
CLÍNICACIRÚRGICA
CLÍNICA CIRÚRGICA
FÍSTULA ANAL
623
acordo com esse esquema, todo orifício fistuloso
externo que estiver situado na metade anterior do ânus
corresponde a uma fístula retilínea com orifício interno
na linha pectínea, no mesmo raio externo. Todo orifício
externo que se localizar na metade posterior do ânus
(80% das fístulas), tem um trajeto curvilíneo corres-
pondendo a uma fístula cujo orifício interno localiza-se
na metade posterior do ânus. É importante frisar que a
regra não se aplica nos casos em que o orifício externo
esteja situado a mais de 5 cm da borda anal.
624
CLÍNICACIRÚRGICA
CLÍNICA CIRÚRGICA
TRATAMENTO CLÍNICO
É o tratamento preferencial. Nas fissuras
agudas a primeira linha consiste nos banhos mornos
de assento e alimentação rica em fibras. Os pacientes
com fissuras crônicas devem iniciar o esquema para
tratamento agudo, porém iniciar outros esquemas
simultâneos incluindo a nitroglicerina ou dinitrato de
isossorbida, uma esfincterotomia química. Vários auto-
res têm empregado a toxina botulínica.
TRATAMENTO CIRÚRGICO
Os pacientes com fissuras crônicas que não
obtém bons resultados com o tratamento clínico, tanto
para doença persistente quanto recidivante e aqueles
que apresentam complicações podem se beneficiar do Por sua vez, as hemorróidas internas classificam-se em
tratamento cirúrgico. O procedimento da distensão 4 graus:
anal (operação de Lord) não está mais indicado, sendo
a esfincterotomia interna lateral parcial a operação Grau I: Os mamilos não prolapsam;
mais comumente utilizada. Grau II: Os mamilos prolapsam reduzindo espontaneamen-
te;
Grau III: Os mamilos prolapsam e reduzem manualmente;
DOENÇA HEMORROIDÁRIA Grau IV Os mamilos prolapsam e não reduzem.
625
DIAGNÓSTICO
É feito pela anamnese e exame proctológico
(inspeção, toque retal, retoscopia, retossigmoidosco-
pia). Diagnóstico diferencial: É feito com fissuras
anais, abscessos, fístulas, prolapso de pólipos de reto,
prolapso retal.
TRATAMENTO
Hemorróidas grau I: Tratamento não-invasivo;
orientação dietética com ingesta de fibras, aumento
da ingesta hídrica, evitar o uso de papel higiênico,
comidas condimentadas, frutas ácidas, fritura e álcool.
O uso de pomadas e supositórios, cuja função parece
ser relacionada apenas com a lubrificação do canal
anal. Tratamento alternativo: fotocoagulção com infra-
vermelho.
626
QUESTÕES
Clínica Cirúrgica
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 01
Homem de 34 anos de idade foi submetido, há cinco dias, a correção cirúrgica de úlcera perfu-
rada. Vem evoluindo com vômitos desde a operação, acompanhados de dor abdominal difusa e disten-
são abdominal, que se acentuaram nas últimas seis horas. No momento apresenta-se desidratado,
com frequência cardíaca = 132 bpm, pressão arterial = 80x40 mmHg, temperatura axilar = 38,7 ºC.
Está em uso de metronidazol na dose de 500 mg de 6/6 horas, gentamicina - 240 mg em dose única
dia e ampicilina - 1g de 6/6 horas, além de omeprazol - 40 mg de 12/12 horas. Diante do presente
quadro, a melhor conduta é:
A solicitar radiografia de abdome, mudar esquema antibiótico e transferir paciente para unidade de
cuidados críticos.
B encaminhar para a unidade de cuidados críticos, mudar esquema antibiótico e puncionar acesso
venoso central.
C chamar o cirurgião responsável, instituir reposição volêmica e reservar vaga em unidade de cuidados
críticos.
D solicitar tomografia abdominal, mudar esquema antibiótico e instituir reposição volêmica.
E chamar o cirurgião responsável, mudar esquema antibiótico e instituir reposição volêmica.
Questão 02
Mulher com 38 anos de idade procurou o Serviço de Urgência referindo há 1 dia a ocorrência
de dor abdominal intensa em andar superior do abdome, acompanhada de vômitos pós-alimentares.
Ao exame físico encontrava-se com hálito etílico, dor difusa à palpação abdominal, com descompres-
são brusca positiva. Sobre a investigação diagnóstica dessa paciente, é correto afirmar que:
628
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 03
Mulher, com 35 anos de idade, procura atendimento médico por apresentar quadro de dor de
início súbito, com localização inicial na região epigástrica, inicialmente acompanhada de vômitos, com
rápida expansão para o flanco e a fossa ilíaca direita e, posteriormente, para todo o abdome. A pacien-
te apresenta extremidades frias e respiração superficial; busca manter-se imóvel e adota posição antál-
gica, com pernas fletidas sobre o tronco. O abdome é difusamente doloroso, sendo evidentes a contra-
tura abdominal e a rigidez da musculatura abdominal à palpação e à respiração. A radiografia de tórax
e a radiografia simples de abdome, ambas realizadas em ortostatismo, mostram pneumoperitôneo.
Com relação à complicação apresentada pela paciente, é correto afirmar que
A figura entre as causas mais frequentes de abdome agudo não traumático e metade dos casos ocorre
em pacientes com idade entre 20 e 40 anos.
B nas úlceras duodenais as perfurações ocorrem, de um modo geral, na parede posterior e na curvatu-
ra do duodeno.
C nas úlceras gástricas as perfurações ocorrem, usualmente, na parede posterior do antro e da região
pré-pilórica.
D a área mais acometida por perfurações de úlceras pépticas é o estômago, na proporção de 14:1 em
relação ao duodeno.
E a mortalidade é proporcionalmente maior nas perfurações duodenais, em torno de 20%, talvez
porque acometam pacientes mais idosos.
Questão 04
Uma mulher com 31 anos de idade procurou atendimento de urgência relatando um quadro de
dor abdominal de início abrupto, difusa, contínua, intensa, com duração de cerca de seis horas, acom-
panhada de vômitos. Referiu também que tem utilizado diclofenaco de sódio, 50 mg de 8/8 horas, há
aproximadamente um mês, para tratamento de lombalgia. Ao exame físico: frequência cardíaca = 120
bpm, pressão arterial = 90 x 60 mmHg, temperatura axilar = 38,2°C. Ao exame do abdome, verifica-se
a presença de aumento da tensão da parede abdominal, com dor intensa e difusa à percussão e à
palpação superficial, dificultando a palpação profunda. Ruídos hidroaéreos diminuídos. O exame com-
plementar mais indicado para a investigação diagnóstica inicial da paciente é a
629
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 05
Um homem com 36 anos de idade é admitido na Emergência apresentando vômitos com
sangue vivo em grande quantidade e informando ter apresentado três episódios semelhantes nas
últimas duas horas. Ao exame encontra-se em mau estado geral, com palidez cutâneo-mucosa, taqui-
cárdico, pressão arterial = 80 × 50 mmHg, fígado não palpável, baço palpável a 3 cm do rebordo
costal esquerdo. Tem antecedentes de etilismo, ingerindo um litro de bebida destilada por dia, nos
últimos oito anos. A causa da hemorragia digestiva e o manejo inicial correto desse paciente são:
A gastrite erosiva, devendo-se primeiramente realizar a endoscopia digestiva para caracterizar e inter-
romper os pontos de sangramento.
B esofagite, sendo fundamental a reposição volêmica imediata com sangue total e plasma fresco, com
vistas a manter a hemoglobina acima de 11 g/dL.
C hipertensão portal, recomendando-se a reposição volêmica, inicialmente com cristaloides, e endos-
copia digestiva alta entre 2 e 24 horas do atendimento.
D síndrome de Mallory-Weiss, devendo-se fazer a reposição volêmica imediata com coloide, sendo a
endoscopia digestiva alta contraindicada nessa fase
Questão 06
Um homem com 35 anos de idade, etilista há 20 anos, procura a Unidade Básica de Saúde
com queixa de dor moderada em hipocôndrio direito, febre não aferida, calafrios há 15 dias. Ao exame
físico apresenta temperatura axilar de 38 ºC, fígado aumentado e dor à palpação abdominal em hipo-
côndrio direito. Uma imagem da ultrassonografia abdominal é mostrada abaixo. O diagnóstico correto
e o próximo passo na conduta em relação a esse paciente são:
630
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 08
Um homem de 47 anos de idade é internado para investigação de icterícia e prurido que se
iniciou há 3 semanas. Nega doenças anteriores, perda de peso ou qualquer outra queixa. É etilista
crônico (3 a 5 doses de bebida alcoólica destilada/dia há 30 anos). Ao exame físico, encontra-se em
bom estado geral. Apresenta icterícia de escleras; o restante do exame físico é normal. A ultrassono-
grafia do abdome revelou dilatação de vias biliares intra e extra-hepáticas. A vesícula está dilatada e
não foram identificados cálculos em seu interior. Considerando a relação custo-efetividade, qual o
exame complementar que deve ser solicitado na sequência da ultrassonografia com vista ao diagnósti-
co do caso?
Questão 09
Um paciente de 57 anos de idade apresentava queixas dispépticas há cerca de dois anos,
quando procurou atendimento médico. Na época recebeu orientações, tratamento sintomático e foi
solicitado o exame de endoscopia digestiva alta. Porém, por ter apresentado melhora com o tratamen-
to instituído, não realizou o exame. Há cerca de 1 mês, voltou a apresentar piora do quadro álgico com
as mesmas características e o exame endoscópico agora realizado apresentou laudo sugestivo de
lesão maligna não ulcerada, de 5 centímetros, na porção alta do corpo gástrico. O exame anatomopa-
tológico mostrou adenocarcinoma bem diferenciado. A tomografia computadorizada de abdome para
estadiamento não mostrou qualquer outro achado.
Considerando os resultados dos exames, a conduta terapêutica a ser tomada deveria incluir a:
631
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 10
Uma mulher de 72 anos de idade foi encaminhada para o ambulatório com queixa de astenia e
perda ponderal de quatro quilos em dois meses. Não refere febre ou tosse. Informa alimentação regular
e caloricamente adequada, porém pobre em frutas e legumes. Nega dores. Tem vida sedentária. Relata
ritmo intestinal de, em média, 1 dejeção a cada 3 a 4 dias, necessitando eventualmente de uso de
laxantes. Nega tabagismo ou etilismo. Nega hipertensão ou diabetes; não tem antecedentes cirúrgi-
cos. Ao exame físico, apresenta índice de massa corpórea = 18 kg/m2 (valor de referência < 25 kg/m2
); pressão arterial = 140 x 86 mmHg; mucosas hipocoradas; ausência de linfadenomegalias; tireoide
de tamanho e consistência normais. Aparelho respiratório e cardiovascular sem alterações. Abdome
flácido, sem visceromegalias, ruídos hidroaéreos presentes. Hemograma realizado no mês atual revela
Hb = 10g/dL (valor de referência: 13,8 ± 2,5 g/dL), Ht = 30% (valor de referência: 42 ± 6%), volume
corpuscular médio = 71fL (valor de referência: 80 a 96fL). Na investigação diagnóstica complementar
do caso, o exame mais indicado, considerando a relação custo-benefício, é:
A colonoscopia.
B enema com bário.
C retossigmoidoscopia.
D pesquisa de sangue oculto nas fezes.
E tomografia computadorizada de abdome.
Questão 11
Mulher com 57 anos de idade deu entrada na Emergência apresentando, há um dia, cinco
episódios de evacuações com sangue vermelho vivo e em grande quantidade. Na admissão apresenta
pressão arterial = 70x50 mmHg, frequência cardíaca = 164 bpm, sudorese profusa e intensa palidez
cutâneo-mucosa. O exame do abdome é normal e no exame proctológico são vistas hemorróidas Grau
II. Foi administrado O2 nasal, hidratação com 2 litros de Ringer Lactato em acesso venoso periférico
e a paciente encontra-se estável hemodinamicamente após seis horas da admissão. Com base no
quadro clínico descrito, entre as opções abaixo, a próxima conduta diagnóstica e/ou terapêutica é:
632
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 12
Mulher com 72 anos de idade vem fazendo tratamento e acompanhamento por anemia ferropri-
va no Posto de Saúde há cerca de um ano e meio. Relata que, nos últimos quatro meses, perdeu 5 kg,
está se sentindo mais fraca e apresentou vários episódios de diarreia, que cessaram espontaneamen-
te, seguidos de vários dias sem evacuar, quadro que vem se alternando desde então. O diagnóstico
mais provável e a investigação adequada são, respectivamente:
Questão 13
Homem, com 58 anos de idade, é atendido em serviço de urgência e relata a ocorrência, há
cerca de seis meses, de modificação de seu hábito intestinal - períodos de constipação intercalados
por evacuações de fezes pastosas, às vezes acompanhadas da eliminação de muco e sangue. Nesse
período foi visto em consultas, nas quais foi prescrito tratamento antiparasitário, não havendo melhora
da sintomatologia. O paciente informa ainda que há cerca de um mês, vem apresentando intensifica-
ção do esforço evacuatório. Nesse período as fezes têm se tornado cada vez mais afiladas e há dois
dias vem observando a diminuição quase completa da eliminação de flatos e fezes, relatando também
a ocorrência de náuseas e um episódio de vômitos de conteúdo biliar. Com base nessa história, qual
a conduta imediata a ser seguida ?
633
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 14
Paciente, com 29 anos de idade, procura o pronto-socorro local em virtude de queimadura com
água quente na coxa direita, ocorrida há 10 minutos enquanto preparava café. Queixa-se de dores no
local da queimadura. Informa ter dado a luz há dois anos e o cartão de acompanhamento da gestante
mostra que todo o esquema vacinal foi realizado adequadamente. A paciente está consciente, orienta-
da, eupneica, hidratada, normocorada e afebril, Frequência cardíaca = 79bpm, Pressão arterial =
120x80mmHg. Ao exame local apresenta flictenas, eritema e edema em face anterior de coxa direita.
Qual a conduta para o caso descrito?
A Realizar lavagem da ferida com solução fisiológica a 0,9%. Analgesia endovenosa com dipirona.
Recomendar não romper as flictenas e realizar curativo com solução fisiológica a 0,9%, associada a
sulfadiazina de prata. Analgesia domiciliar com dipirona, se necessário.
B Realizar a limpeza da ferida com clorhexidina. Analgesia endovenosa com meperidina endovenosa e
antibioticoterapia oral com cefalexina - 500mg por via oral, de 6/6h durante 7 dias. Recomendar não
romper as flictenas e realizar curativo com solução fisiológica a 0,9% e neomicina. Analgesia domiciliar
com cloridrato de tramadol.
C Realizar a limpeza da ferida com PVPI (polivinilpirrolidona-iodo, lauril éster sulfato de sódio) tópico
seguida de termoterapia com gelo. Analgesia endovenosa com cloridrato de tramadol e antibioticotera-
pia parenteral com penincilina benzatina por via IM. Recomendar rotura e debridamento das flictenas e
curativo com clorhexidina e sulfadiazina de prata tópico.
D Realizar lavagem da ferida com soro fisiológico a 0,9%. Analgesia oral com paracetamol. Realizar
curativo com clorhexidina e lidocaína tópica, romper as flictenas e realizar debridamento de tecidos
desvitalizados. Antibioticoterapia parenteral com penincilina cristalina por via IM. Curativo oclusivo com
clorhexidina.
E Realizar limpeza da ferida com soro fisiológico a 0,9%. Analgesia oral com dipirona. Recomendar não
romper as flictenas. Realizar curativo com PVPI (polivinilpirrolidona-iodo, lauril éster sulfato de sódio) e
lidocaína tópica. Prescrever analgesia oral com tramadol e antibioticoterapia com amoxicilina + ácido
clavulânico - 500mg por via oral, de 8/8h durante 7 dias.
Questão 15
Uma paciente de 24 anos de idade, com queimaduras pelo corpo, chega à Unidade de Pronto
Atendimento (UPA) trazida pelo marido. Acidentou-se ao jogar álcool na churrasqueira. A paciente está
consciente e orientada, com queimaduras de segundo grau no tronco anterior e em face anterior do
membro superior direito, e queimadura de terceiro grau de 10 cm na mama. Queixa- se de muita dor.
Diante disso o médico resolveu interná-la para tratamento.
O médico se baseou para indicar a internação na presença de:
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QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 16
Um homem com 25 anos de idade, baterista de trio elétrico, deu entrada no Pronto-Socorro há
24 horas, vítima de extensa queimadura elétrica em rede de alta tensão. Foi transferido para Unidade
de Terapia Intensiva após hidratação vigorosa e mantém estabilidade hemodinâmica com aminas vaso-
ativas. Está evoluindo com redução do débito urinário e aumento da creatinina sérica. Está também em
ventilação mecânica e o balanço hídrico de 24 horas é positivo em +3.500 mL. A medida da pressão
venosa central do paciente é de 20 cmH2O. O potássio sérico dosado hoje é de 5,5 mEq/L. O pH
sérico é de 7,6 mEq/L; e o pH urinário, 6,5. O ECG está normal. Qual deve ser a conduta imediata a
ser tomada para o paciente?
A Alcalinizar a urina.
B Aumentar a volemia.
C Prescrever diurético.
D Prescrever gluconato de cálcio.
Questão 17
Homem com 25 anos de idade chega ao Setor de Emergência de hospital público de grande
porte após ser atingido pela explosão de um rojão de fogos de artifício, 40 minutos atrás. Apresenta-se
consciente, porém agitado, taquipneico, com fácies de dor forte, frequência cardíaca = 130 bpm e
pressão arterial = 130x90 mmHg. Saturação de O2 (pelo oxímetro de pulso) = 95%. Ao exame inicial
observa-se vasta queimadura de terceiro grau na mão, no membro superior esquerdo e na região ante-
rior do tronco, queimadura de segundo grau no membro inferior esquerdo e na cabeça (couro cabelu-
do). O médico de plantão resolveu transferir o paciente para um centro especializado no tratamento de
queimados. A intervenção mais importante a ser realizada, antes da transferência a fim de minimizar os
riscos de agravamento do quadro, é:
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QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 18
Paciente do sexo feminino, 23 anos de idade, em tratamento clínico para transtorno depressivo,
deu entrada na Emergência devido à tentativa de suicídio com fogo, após banhar-se com álcool. Quei-
xa-se de "sensação de sufocamento" e dor nas áreas queimadas. Ao exame, apresenta-se extrema-
mente ansiosa, pouco cooperativa, gemente, com queimaduras de segundo e terceiro graus na face,
tronco (anterior e posterior) e membro superior esquerdo, incluindo palma da mão. Taquipneica – 36
irpm, taquicárdica – 130 bpm, PA = 100 x 60 mmHg. Observa-se também queimaduras de cílios e
vibrissas nasais. Na ausculta pulmonar, ouve-se discreta sibilância. Demais aspectos do exame físico
não acrescentam outros agravantes ao caso. A medida mais urgente a ser adotada com essa paciente
é:
Questão 19
Mulher com 64 anos de idade, com antecedentes de hipertensão arterial há cerca de 20 anos
e tabagista (30 maços-ano), em uso de enalapril - 20 mg de 12/12h, foi trazida à Emergência de um
hospital terciário com quadro de dor lombar de forte intensidade e início súbito, sem irradiação, que foi
acompanhada por síncope, sem pródromos, iniciada há duas horas. Na admissão hospitalar estava
consciente, orientada, anictérica, com palidez cutâneo-mucosa. Temperatura axilar = 36 ºC, pressão
arterial = 70x45 mmHg, frequência cardíaca = 118 bpm, frequência respiratória = 18 irpm. Os exames
do aparelho cardiovascular e pulmonar não demonstraram alterações. O abdome apresentava equimo-
ses em ambos os flancos, e era levemente doloroso à palpação em mesogástrio e hipogástrio, com
massa pulsátil em região do mesogástrio. Ruídos hidroaéreos presentes. Nos membros inferiores havia
redução da temperatura distalmente e bilateralmente e redução da amplitude de todos os pulsos. Os
exames laboratoriais iniciais revelaram: Leucócitos = 12.000/mm3 (segmentados = 74%, eosinófilos
= 1%, linfócitos = 15%); Hemoglobina = 12,1 g/dL; Hematócrito = 36,3%; Plaquetas =
231.000/mm3 ; Glicemia = 84 mg/dL (VR = 80-100mg/dL); Ureia = 45 mg/dL (VR = 20-35 mg/dL);
Creatinina = 1,2 mg/dL (VR = 0,8-1,4 mg/dL); Amilase = 352 U/L (VR = 4-400 U/L); TGO = 26 U/L
(VR < 35 U/L) e TGP = 31 U/L (VR < 35 U/L). Considerando a condição clínica atual da paciente, o
exame a ser realizado para confirmação diagnóstica é:
A ultrassonografia abdominal.
B lavado peritoneal com solução salina.
C angiorressonância magnética do abdome.
D tomografia computadorizada do abdome.
E angiografia aórtica e de membros inferiores
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QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 20
Homem, com 45 anos de idade, é submetido à cirurgia pélvica com duração de uma hora. No
segundo dia de pós-operatório desenvolve quadro de dor na panturrilha, aumento de temperatura e
edemas locais. Clinicamente, apresenta Pressão arterial = 140 x 90 mmHg, com Frequência cardíaca
= 120 bpm e Frequência respiratória = 30 irpm. Realizado eletrocardiograma, observa-se taquicardia
com ritmo sinusal. O método de escolha para o diagnóstico primário da intercorrência apresentada no
segundo dia de pós-operatório é
A a venografia por ter maior acurácia no diagnóstico e localização do problema e ser pouco invasiva.
B a dosagem de D-dímero por ter alto valor preditivo positivo e ser bastante específica.
C a pletismografia de bioimpedância por medir a capacitância venosa e ser pouco invasiva.
D a venografia de ressonância magnética por ser ideal em casos agudos e ser bem tolerada pelos
pacientes.
E a ultrassonografia com Doppler por ter ótimo valor preditivo positivo e ser pouco invasiva
Questão 21
Paciente do sexo masculino, com 59 anos de idade, tabagista há mais de 10 anos, hipertenso
e dislipidêmico, procura a Unidade Básica de Saúde relatando o aparecimento, há um mês, de lesão
ulcerada em dorso de pé esquerdo, após pequeno trauma abrasivo com sandália mal-adaptada. A
lesão é seca, dolorosa, com fundo sujo e pálido. Há um discreto halo de eritema ao seu redor. Evolui
há uma semana com piora do aspecto e do tamanho da lesão, com dor de repouso, edema de pé e
tornozelo. Os pulsos arteriais não são perceptíveis (palpáveis) abaixo dos joelhos, bilateralmente. Qual
a hipótese diagnóstica e conduta para esse paciente?
A Doença aterosclerótica obliterante periférica( DAOP ) com isquemia crítica; referenciar para revascu-
larização de urgência.
B Trombose venosa profunda; referenciar para consulta em ambulatório de especialidades e prescri-
ção de anticoagulantes.
C Úlcera varicosa infectada; referenciar para internação hospitalar de urgência para antibioticoterapia
e desbridamento.
D Trombose venosa profunda; referenciar para internamento hospitalar de urgência para trombólise.
E Microangiopatia diabética; referenciar para ambulatório especializado.
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QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 22
Um homem com 64 anos de idade deu entrada na Unidade de Pronto Atendimento, queixando-
-se de dor na panturrilha direita há uma hora. Refere que há mais de 2 meses, ao caminhar ou subir
escada, tem sintomas parecidos, mas que eles desaparecem espontaneamente após cerca de 5 minu-
tos de repouso. Relata antecedente de hipertensão arterial, disfunção erétil e diabetes melito. Informa
que está sendo tratado com amlodipina, sildenafila e metformina. Conta ainda que foi fumante por 30
anos e que parou de fumar há 3 anos. Ao exame físico, apresenta índice de massa corporal = 35 kg/m2
; pulso regular; frequência cardíaca = 90 bpm; pressão arterial = 150 x 80 mmHg. Apresenta membros
inferiores com rarefação de pelos abaixo do joelho. Não se observam palidez, ulcerações e gangrena.
Ao exame dos pulsos, constata-se o seguinte: os femorais estão presentes, os poplíteos não são
palpáveis, os tibiais posteriores e pediosos estão diminuídos no membro inferior direito. Com base nas
informações apresentadas, a lesão esperada para o paciente é:
Questão 23
Paciente do sexo masculino, com 58 anos de idade, casado, pedreiro, tabagista há 15 anos (13
cigarros/dia), procura a Unidade Básica de Saúde queixando-se de um “caroço na virilha esquerda”
que surgiu há cinco meses. Informa que essa tumoração apresentou crescimento lentamente progres-
sivo desde então e que procurou o serviço de saúde porque passou a apresentar dor na região inguinal
esquerda durante suas atividades laborais. O exame do tórax não apresenta alterações. O abdome é
indolor e sem visceromegalias palpáveis. O exame das extremidades superiores e inferiores, bem como
o do períneo, não apresenta anormalidades. Ao exame da região inguinal esquerda verifica-se a
presença de tumoração mole, bem delimitada, retrátil, dolorosa à palpação profunda e que aumenta de
tamanho quando se realiza a manobra de Valsalva. Diante dessa situação, a hipótese diagnóstica e
conduta são, respectivamente,
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QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 24
Um homem de 70 anos de idade, tabagista há mais de trinta anos, com doença pulmonar obs-
trutiva crônica, chega ao Pronto Atendimento com queixa de "dor na virilha" e "caroço duro" no local,
que surgiram após acesso de tosse importante, há cerca de 10 horas. O paciente informa que a inten-
sidade da dor está aumentando. Ao exame físico: paciente hidratado, normocorado, frequência cardía-
ca = 92 bpm, pressão arterial = 140 x 80 mmHg. O paciente apresenta tumoração endurecida na
fossa ilíaca direita, dolorosa e irredutível; ruídos hidroaéreos presentes na ausculta abdominal. Qual a
conduta mais indicada para o caso?
Questão 25
Homem de 22 anos de idade procura a Unidade Básica de Saúde de seu bairro com náuseas,
vômitos e “caroço doloroso na virilha”. Informa que há três anos essa massa aparece quando faz esfor-
ço e desaparece ao deitar-se, mas desta vez vem se mantendo há dois dias. Ao exame físico: paciente
em bom estado geral e aumento de volume na região inguinal e do escroto direito, com dor à palpação.
A conduta a ser adotada pelo médico da Unidade é:
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QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 26
Uma paciente com 23 anos de idade, submetida a cirurgia cesariana há cerca de 90 dias, com
incisão mediana, é atendida em Unidade Básica de Saúde com relato de abaulamento em região
suprapúbica e dor local aos esforços, de início associado ao retorno de atividades domésticas (lavar
roupas manualmente). Com base no quadro clínico exposto, qual a hipótese diagnóstica correta?
Questão 27
Um paciente com 35 anos de idade vem à Unidade Básica de Saúde com queixa de tumoração
em região inguinal presente há cerca de um ano. Relata que a tumoração aumentou de tamanho desde
o início da sintomatologia e que causa dor principalmente aos esforços físicos, quando também se
torna mais proeminente. Ao exame físico apresenta abdome globoso, flácido, indolor à palpação super-
ficial e profunda, ausência de massas palpáveis e/ou visceromegalias, ruídos hidroaéreos presentes.
Em região inguinal direita, apresenta abaulamento não redutível, doloroso à palpação, ausência de
hiperemia local; região inguinal esquerda sem alterações; ausência de espessamento do cordão
espermático bilateralmente. O diagnóstico correto e a conduta adequada são:
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QUESTÕES
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Questão 28
Um homem com 30 anos de idade, trabalhador rural, procurou uma Unidade de Pronto Atendi-
mento referindo dor em região inguinal esquerda. Ele alega que a dor iniciou subitamente e com forte
intensidade após “pegar um peso no trabalho”, há cerca de 12 horas. Concomitantemente, apresentou
vômitos biliosos. Relata que utilizou analgésicos por via oral após o início dos sintomas, sem melhora
da dor. Nega febre, sintomas urinários e alteração do hábito intestinal. Ao exame fisico, apresenta-se
lúcido e orientado; pressão arterial = 120 x 80 mmHg; frequência cardíaca = 88 bpm; ausculta do
tórax normal; abdome flácido, doloroso à palpação profunda em hipogástrio, sem dor a descompres-
são brusca; massa palpável em região inguinal esquerda, endurecida, dolorida e manualmente irredutí-
vel.
Além da analgesia, a conduta adequada a ser adotada nesse caso é:
Questão 29
Um paciente, com 69 anos de idade, é atendido em visita domiciliar. Ele informa que nos últimos
cinco anos teve episódios de crises de dor abdominal na fossa ilíaca esquerda, associadas a febre
baixa e hiporexia. Geralmente, quando ele “percebe que vai ter uma crise”, já usa os mesmos antibióti-
cos que utilizou na crise anterior, por uns três a cinco dias, e a situação é resolvida. Apesar de estar
assintomático, no passado já teve duas internações para uso de antibióticos parenterais, sendo que,
em uma delas, há cerca de dois meses, ficou internado por três semanas, em decorrência de uma
diverticulite complicada, com pequeno abscesso pericólico. Em relação às alternativas a seguir, assina-
le aquela que corresponde à conduta apropriada para o caso.
A Indicar dieta rica em fibras e a manutenção dos antibióticos usados no início das crises.
B Orientar o paciente para que não use medicações sem prescrição médica.
C Sugerir ao paciente que procure um serviço de emergência sempre que tiver episódios semelhantes
de dor.
D Aconselhar o paciente a buscar uma unidade de atendimento ambulatorial secundário, em cirurgia
geral ou coloproctologia.
E Encaminhar o paciente à unidade básica de saúde para solicitar colonoscopia diagnóstica.
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QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 30
Um homem com 65 anos de idade, portador de diverticulose do sigmoide, foi internado em hos-
pital terciário com episódio recorrente de sangramento retal importante. O paciente apresentou melho-
ra significativa após hemotransfusão e hidratação compensatórias.
A Colonoscopia de controle.
B Antibioticoterapia por período prolongado.
C Sigmoidectomia com sepultamento do reto.
D Tomografia computadorizada e ultrassonografia
Questão 31
Mulher com 41 anos de idade procurou a Unidade de Pronto Atendimento com relato de dor
anal há três dias e, há cerca de seis horas, notou sangramento anal vermelho vivo entremeado com
coágulos. Nega alteração de hábito intestinal e história familiar de neoplasia colorretal. Ao exame
observa-se uma nodulação perianal com cerca de 1 cm de diâmetro, arroxeada e com laceração cen-
tral por onde se extrui um coágulo sanguíneo. O toque retal foi muito doloroso e não evidenciou tumo-
res ou presença de sangue nas fezes. Com base nessas informações, a conduta correta é:
Questão 32
Uma paciente com 32 anos de idade comparece à consulta na Unidade Básica de Saúde com
queixa de secreção de odor fétido e aspecto purulento em região perianal. Relata que, há cerca de 20
dias, apresentou quadro de dor intensa na mesma região por cerca de cinco dias, com melhora imedia-
ta após a saída de pus em grande quantidade. Refere ter realizado tratamento para fissura anal há
cerca de dois anos. Ao exame proctológico, apresentava orifício posterior a cerca de 1 cm da borda
anal, com saída de secreção à expressão, palpação retal sem alterações, anuscopia sem alterações.
Qual o diagnóstico e conduta corretos?
A Fissura anal; iniciar tratamento clínico com agentes formadores de bolo fecal e nitratos tópicos.
B Fístula anorretal; orientar quanto à higiene e sintomatologia e referenciar ao coloproctologista.
C Fissura anal; iniciar tratamento clínico com analgésicos e referenciar ao coloproctologista.
D Fístula anorretal; referenciar ao Pronto-Socorro com indicação de cirurgia de urgência.
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QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 33
Uma paciente, 45 anos de idade, quatro partos normais, apresenta constipação intestinal crôni-
ca, com grande esforço evacuatório, às vezes com discreto sangramento, visível após a higienização
com papel. Há três dias apresenta aumento de nodulações perianais, sangramento em maior quantida-
de do que o habitual (suja o vaso com sangue), acompanhado de dor anal às evacuações. Ao exame,
apresenta exteriorização de mamilos hemorroidários, com edema importante em todos, além de extru-
são de coágulo e pequena ulceração em um deles. Ao ser preenchida a ficha de referência para um
serviço de Proctologia para essa paciente, qual dos seguintes CID devem ser registrados?
Questão 34
Um homem com 36 anos de idade é atendido na Unidade de Pronto Atendimento devido a
episódio de perda de sangue vermelho vivo por via anal, após evacuação. O paciente informa o apare-
cimento, há cerca de 6 meses, de uma tumoração em região anal após as evacuações, que melhora
espontaneamente depois de aproximadamente 30 a 60 minutos, e episódios eventuais de raias de
sangue nas fezes, dor e prurido anal discretos. Relata que seu hábito intestinal não apresentou altera-
ções recentes e que evacua a cada três dias, em média. Nega emagrecimento, febre, astenia, tabagis-
mo e informa uso social de bebida alcoólica. Submetido à inspeção, evidenciou-se ânus de configura-
ção anatômica, com contratilidade normal. Ao toque retal, o paciente refere dor discreta; o tônus do
esfíncter não apresenta alterações, sendo perceptível cordão varicoso único com pequena massa
indolor e endurecida em região posterior, estreitamento da luz e ausência de sangue em dedo de luva
durante esse exame.
Nesse caso, a hipótese diagnóstica mais provável e a conduta indicada são:
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QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 35
Homem, com 23 anos de idade, mototaxista, sofre acidente motociclístico por colisão com carro em alta velocida-
de. Seu corpo foi lançado aproximadamente a 20m e o capacete, ejetado. Foi socorrido pelo Corpo de Bombeiros com
colocação de colar cervical, uso de prancha longa, imobilização e oxigenioterapia. Ao dar entrada na unidade de emergên-
cia na qual você é plantonista, 11 minutos após o acidente, apresentava-se agitado, agressivo, com saturação de oxigênio,
aferida em oximetria de pulso, de 88%. O exame físico identificou murmúrio vesicular presente e roncos discretos na base
de pulmão direito; pulso radial=105 bpm; abdome sem escoriações e indolor à palpação; deformidade em coxa direita e à
palpação do crânio, apresentava afundamento de aproximadamente 0,5cm, associado a ferimento corto-contuso de 5cm
de extensão, em região têmporo-parietal direita. Avaliação pela escala de coma de Glasgow=8. Pupilas fotorreagentes,
sem anisocoria. Qual a conduta imediata a ser adotada para este paciente?
A) Entubação orotraqueal com objetivo de proteger a via aérea e aumentar a perfusão tecidual de oxigênio.
B) Realização de traqueostomia de urgência com o objetivo de hiperventilar o paciente e favorecer a expansão pulmonar.
C) Sedação com meperidina, com o objetivo de reduzir a agitação e consequentemente, o consumo de oxigênio e a
congestão pulmonar.
D) Ventilação sob máscara e pressão positiva, proteção do ferimento e contenção física, prevenindo o agravo das lesões.
E) Ventilação sob máscara e pressão positiva, drenagem do hemitórax direito, melhorando assim a perfusão tecidual.
Questão 36
Paciente, internado há oito dias em hospital secundário, vítima de politraumatismo por queda de moto apresentava
trauma torácico e abdominal contusos. Foi submetido a drenagem torácica direita devido a hemotórax, com sucesso, sendo
o dreno retirado sem intercorrências, há dois dias. Foi submetido a laparotomia exploradora sendo realizada rafia de lesão
hepática e limpeza da cavidade. Paciente evoluía satisfatoriamente, alimentando-se, deambulando e evacuando normalmen-
te, porém há 24 horas queixa-se de dor torácica à inspiração, com irradiação para o dorso, tosse seca, fôlego curto e falta
de ar. Apresentou dois picos febris nas últimas 24 horas. O abdome é indolor, depressível, com ruídos hidroaéreos presen-
tes e normais. A ausculta do tórax revela murmúrio vesicular discretamente diminuído em base pulmonar direita. Diante
desta situação, pergunta-se qual a hipótese diagnóstica e a conduta?
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QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 37
Um homem de 25 anos de idade, vítima de atropelamento, foi admitido na Emergência com quadro de insuficiência
respiratória aguda, agitação psicomotora e cianose central e periférica. Apresenta várias lesões de face, com afundamento
maxilar, perda dos dentes e sangramento local importante. Qual o procedimento imediato para estabelecer uma via aérea
para esse paciente?
A) Intubação orotraqueal.
B) Intubação nasotraqueal.
C) Traqueostomia.
D) Cricotireoidotomia.
E) Ventilação não invasiva com CPAP e máscara.
Questão 38
Um homem de 27 anos de idade, pedreiro, sofreu queda de um andaime e deu entrada na Emergência de um
hospital terciário em franca insuficiência respiratória. As vias aéreas encontravam-se pérvias e, à ausculta, foi constatada a
abolição do murmúrio vesicular à direita e macicez à percussão. Foi realizada drenagem do hemitórax direito com saída de
1500 mL de sangue. No decurso do atendimento, observou-se que o débito do dreno era de 300 mL/h. Além da reposição
volêmica, a conduta mais adequada para esse paciente, nesse momento, é
Questão 39
Um médico encontra-se de plantão no Pronto-Socorro de um hospital terciário, quando é trazido, para sua avalia-
ção, um homem de 27 anos de idade, casado, que sofreu queda de moto há 20 minutos. Foi admitido em franca insuficiên-
cia respiratória, apresentando-se, ao exame físico, consciente, lúcido, sudoreico, dispneico 4+/4+, cianose perioral e
periférica, pupilas isocóricas, PA = 90 x 50 mmHg, FC = 122 bpm. As vias aéreas se encontravam pérvias, as veias cervi-
cais eram túrgidas e, à ausculta, o médico constatou que o murmúrio vesicular estava abolido à direita, com movimento
paradoxal, dor e hipertimpanismo à percussão no mesmo hemitórax. As bulhas cardíacas eram normofonéticas. A conduta
mais adequada para esse paciente é
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QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 40
Um paciente com 22 anos de idade é trazido pelo Corpo de Bombeiros ao Pronto-Socorro, com colar cervical em
tábua rígida. Refere que foi vítima de colisão automobilística e que está com dor no hipocôndrio esquerdo. Ao exame físico,
apresenta: mucosas hipocoradas, pressão arterial = 90 × 40 mmHg, pulso fino, de 120 bpm, frequência respitatória = 30
irpm; abdome com sinais de fratura de arcos costais à esquerda, com dor à palpação e renitência de parede abdominal.
Qual deve ser a sequência correta do atendimento?
Questão 41
Homem com 28 anos de idade chega ao Serviço de Urgência de um hospital de atenção secundária cerca de 30
minutos após colisão automobilística. Está confuso, queixando-se de muita falta de ar e dor no hemitórax direito. Apresenta
uma fratura fechada da tíbia direita, sem sangramento ativo. Ao exame físico mostra-se descorado (++/++++), frequência
cardíaca = 128 bpm, pressão arterial = 90 x 60 mmHg e frequência respiratória = 40 irpm. A ausculta pulmonar revela
murmúrio vesicular ausente à direita. A percussão mostra macicez do hemitórax direito. O oxímetro de pulso mostra satura-
ção de oxigênio de 92% (ar ambiente). O paciente apresenta várias escoriações pelo corpo. A conduta mais adequada
para este paciente, após aferição da permeabilidade de vias aéreas, estabilização da coluna cervical e oxigenoterapia suple-
mentar, é a realização de:
646
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 42
Um paciente de 23 anos de idade, vítima de um assalto ao sair da faculdade, sofreu ferimento por arma branca em
parede abdominal anterior há 30 minutos. Foi levado pelos colegas à Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Está assinto-
mático, e como o local era pouco iluminado, não viu o tamanho da faca. Ao exame físico, há um ferimento inciso horizontal
(2,5 centímetros) na região hipogástrica a cerca de 3 cm à direita da linha alba, apresentando mínimo sangramento, dor
abdominal apenas no local do ferimento, sem sinais de irritação peritoneal, pressão arterial = 120 x 80 mmHg, frequência
cardíaca = 92 bpm, mucosas normocoradas e enchimento capilar ungueal normal
Qual seria a conduta adequada a ser tomada nesse caso?
A) Suturar o ferimento e encaminhar o paciente ao serviço de cirurgia para realização de tomografia computadorizada de
abdome.
B) Realizar radiografias simples e ortostática de abdome e tórax, e manter o paciente em observação, se não houver acha-
dos positivos.
C) Realizar a exploração local do ferimento da parede abdominal e definir conduta de acordo com a presença ou não de
violação peritoneal.
D) Não suturar o ferimento e encaminhar o paciente imediatamente ao serviço de cirurgia para realização de laparotomia
exploradora.
Questão 43
Uma menina com 12 anos de idade foi atendida em hospital de grande porte com trauma abdominal contuso
devido à queda de bicicleta. Relata que o acidente ocorreu há 30 minutos e refere dor abdominal intensa, com escoriações
na região umbilical e no flanco esquerdo e palidez cutânea. Apresenta pressão arterial = 75 x 50 mmHg; frequência cardía-
ca = 124 bpm; peso = 31 kg. Durante o atendimento foi realizada avaliação ultrassonográfica direcionada para trauma
(FAST) na sala de emergência, cujo resultado evidenciou moderada quantidade de líquido (aproximadamente 150 ml) no
quadrante superior, entre o baço e o rim esquerdo. Após administração de analgésico e infusão de 500 ml de solução
cristaloide por via endovenosa, a paciente relatou melhora da dor e apresentou os seguintes sinais vitais: pressão arterial
= 90 x 70 mmHg; frequência cardíaca = 100 bpm.
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QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 44
Um paciente, com 43 anos de idade, foi vítima de acidente automobilístico com colisão frontal, em que o volante
foi quebrado com o impacto. O paciente apresenta frequência respiratória de 23 irpm, pressão arterial = 80 × 60 mmHg,
turgência jugular bilateral e pulso radial fraco, que desaparece à inspiração profunda. Apresenta ainda escala de coma de
Glasgow = 13. Foi iniciado o tratamento do paciente com oxigenioterapia, duplo acesso venoso e hidratação parenteral.
Foi encaminhado para investigação complementar quando apresentou piora súbita com choque circulatório. Qual dos
seguintes procedimentos deve ser realizado antes de encaminhar o paciente ao Centro Cirúrgico?
A) Pericardiocentese.
B) Toracocentese diagnóstica bilateral.
C) Drenagem pleural a selo d'água no quinto espaço intercostal.
D) Descompressão pleural por punção no segundo espaço intercostal
Questão 45
Uma mulher de 18 anos dá entrada na Unidade de Emergência com ferimento cervical por arma branca. A paciente
encontra-se orientada, porém muito assustada. À admissão, os sinais vitais da paciente são: saturação de O2 = 96%;
pressão arterial = 110x75mmHg; frequência cardíaca = 112bpm. O exame do pescoço evidencia um ferimento lacerocon-
tuso de 1,5cm, não sangrante, sem escape de ar ou saliva, localizado em zona II à direita. Nesse caso, a conduta adequada
a ser adotada na Unidade de Emergência é:
Questão 46
Uma mulher com 28 anos de idade, com classificação pré-anestésica ASA I, será submetida a um procedimento
de dermolipectomia abdominal sob anestesia geral. A paciente foi monitorizada com eletrocardiograma, oximetria de pulso
e capnografia.
Com relação aos procedimentos relacionados à anestesia geral, assinale a alternativa correta.
A) Deve-se optar pela indução inalatória porque ela proporciona menor desconforto ao paciente e permite sua rápida
entubação.
B) A profundidade anestésica, se utilizada a quetamina, deve ser monitorada pela avaliação da pressão arterial, da sudorese
e do tamanho de pupilas.
C) A opção pela indução endovenosa é limitada por ser mais lenta e desconfortável para o paciente e por não proporcionar
relaxamento muscular adequado.
D) Caso a anestesia seja inalatória, há a necessidade de avaliar, além da pressão arterial e da frequência cardíaca, o relaxa-
mento muscular no monitoramento da profundidade anestésica.
648
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 47
Um homem com 70 anos de idade, hipertenso, foi atendido em uma Unidade de Emergência com quadro de
bexigoma e infecção urinária, quando foi feita a passagem de sonda vesical de demora e iniciada antibioticoterapia. Após
remissão completa do quadro infeccioso, o paciente foi internado no serviço de urologia de um hospital universitário para
realização de ressecção transuretral de próstata. Ao ser submetido à avaliação pré-anestésica, informa, na anamnese, ser
portador de marca-passo cardíaco, mas não sabe identificar o modelo e nem possui o cartão de identificação de usuário
de marca-passo. O paciente informa ainda fazer uso regular de ácido acetilsalicílico (100 mg/dia).
Com base nessas informações, qual deve ser a conduta subsequente da equipe médica assistente, anestesista e cirurgião,
tendo em vista a realização de uma cirurgia segura?
A) Dar alta hospitalar e reprogramar a cirurgia para depois da avaliação cardiológica ambulatorial.
B) Marcar a cirurgia para o dia seguinte, desde que haja suporte do cardiologista no transoperatório.
C) Manter o paciente internado e suspender a cirurgia até que haja avaliação e liberação pela equipe da cardiologia.
D) Marcar a cirurgia para o dia seguinte; administrar vitamina K e, se necessário, transfundir plasma fresco congelado no
transoperatório
Questão 48
Um homem de 45 anos de idade, tabagista crônico e hipertenso, é admitido em um hospital para correção de
aneurisma aortoiliaco esquerdo, com a utilização de prótese vascular. Durante a checagem de informações do protocolo de
cirurgia segura, a conduta adequada do cirurgião assistente é:
Questão 49
Uma paciente de 33 anos de idade, portadora de quadro de hérnia inguinal à esquerda, procura o hospital de sua
cidade onde é indicada cirurgia ambulatorial com anestesia local, por tratar-se de paciente magra, hígida, sem comorbida-
des, com hérnia de pequeno tamanho, mas que a incomodava durante as corridas que pratica regularmente. Qual a condu-
ta adequada nesse caso em relação à utilização do checklist do protocolo de cirurgia segura de acordo com a Organização
Mundial de Saúde (OMS) ?
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QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 50
Um homem com 23 anos de idade, obeso, encontra-se no terceiro dia pós-operatório de laparotomia exploradora
e colorrafia direita após trauma abdominal perfurante. Apresentou dois picos febris com temperatura axilar = 38,5 ºC. A
ausculta pulmonar apresenta diminuição do murmúrio vesicular em bases. O abdome é flácido, com dor à palpação ao
redor da incisão e os ruídos hidroaéreos estão diminuídos em número e intensidade. A radiografia simples de abdome
mostrou pneumoperitônio com leve distensão de alças. A ultrassonografia abdominal mostrou acúmulo de gases e líquidos
nas alças, com pequena coleção de líquido na pelve, cuja análise foi prejudicada pelas condições do paciente. Hemograma
com leucocitose moderada, sem desvio. O paciente fez uso de antibioticoterapia profilática, pois não havia contaminação
grosseira da cavidade abdominal. Considerando as possíveis causas da febre no pós-operatório, qual deve ser a conduta
correta para esse paciente?
Questão 51
Uma paciente de 35 anos de idade, no 2o pós- operatório de apendicectomia, encontra-se internada em enferma-
ria coletiva (6 leitos) de pequeno hospital secundário. O achado cirúrgico foi uma apendicite aguda em fase flegmonosa e
realizou-se apenas antibioticoprofilaxia durante a cirurgia, com administração de cefazolina. Foi iniciada a alimentação por
via oral com boa aceitação, após a eliminação de flatos e fezes. Não apresentou febre. Ao exame clínico, a ferida cirúrgica
encontra-se em bom estado.
No planejamento da alta hospitalar para esta paciente, além de orientá-la quanto aos sinais de alerta para infecção da
ferida, deve-se
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QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 52
Paciente do sexo masculino, com 22 anos de idade, submetido a tratamento cirúrgico de apendicite aguda há oito
dias, procura a Unidade Básica de Saúde queixando-se de dor intensa e “inflamação” no local da incisão cirúrgica que
ainda encontra-se com pontos. Relata que evoluiu bem após a cirurgia recebendo alta no segundo dia pós-operatório com
prescrição de dipirona, se necessário. Desde então, retomava as atividades habituais até que há um dia começou a notar
aumento de volume no local da ferida operatória. Não informa febre e apresenta boa aceitação alimentar. Durante o exame
físico, nota-se ferida operatória de aproximadamente 7 cm, oblíqua em fossa ilíaca direita discretamente elevada, hiperemia-
da, com calor local e saída de pequena quantidade de secreção amarelada, sem brilho, viscosa e que suja a roupa. Abdome
flácido e indolor fora da área de incisão. Temperatura axilar normal. Frequência cardíaca = 72 bpm, Frequência respiratória
= 16 irpm. Diante do quadro, qual o diagnóstico e a conduta para o caso nesse momento?
Questão 53
Um paciente de 37 anos de idade está no 5o dia pós- operatório de cirurgia abdominal para a exérese de tumor
hepático. Recebeu antibioticoprofilaxia com cefazolina durante o procedimento cirúrgico, o qual transcorreu sem intercor-
rências. Encontra-se internado na UTI, em jejum, com acesso venoso central para nutrição parenteral por cateter na veia
subclávia direita. A diurese medida através de sonda vesical de demora apresenta baixo volume nas últimas 24 horas,
embora tenha hidratação endovenosa abundante e balanço hídrico cumulativo bastante positivo. Há saída de secreção
purulenta pela incisão cirúrgica em pequena quantidade. Queixa-se de mal-estar geral. Ao exame físico, apresenta quadro
de febre (38,4 oC), pressão arterial= 100 x 60 mmHg, frequência cardíaca = 108 bpm, frequência respiratória = 22 ipm
com enchimento capilar ungueal > 6 segundos. Não há sinais flogísticos ou secreção no local da punção venosa central.
Os resultados dos exames séricos colhidos há 30 minutos mostram: glóbulos brancos (GB) = 12.450 mm 3 (valor normal:
GB entre 4.000 e 11.000 mm 3 com menos de 10% de bastonetes) com 15% de bastonetes e 70% de segmentados;
lactato = 6 mg/dL (valor normal = até 2 mg/dL) e gasometria arterial: pH = 7,28, PaO2 = 76 mmHg, PaCO2 = 32 mmHg,
HCO 3 = 16, BE = -10 e saturação de O 2 = 92% (valores normais: pH = 7,35 - 7,45, PaO 2 = 80 - 108 mmHg, PaCO 2
= 35 - 48 mmHg, HCO 3 = 22 - 26, BE = -2 a +2 e saturação de O 2 = (>93%)).
Nesse momento, além da expansão volêmica, constitui conduta correta para as próximas horas:
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QUESTÕES
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Questão 54
Uma mulher com 45 anos de idade, sem comorbidades, foi submetida à colecistectomia videolaparoscópica
eletiva para colelitíase. Porém, devido a aderências intra-abdominais de uma cirurgia anterior, o procedimento foi convertido
para um acesso laparotômico, que transcorreu sem incidentes. Dado que a cirurgia é considerada potencialmente contami-
nada, não foi realizada colangiografia intraoperatória, procedendo-se a antibioticoprofilaxia, com uma dose na indução anes-
tésica. No terceiro dia de pós-operatório, a paciente recebeu alta hospitalar. Uma semana após a alta, retornou ao ambula-
tório de cirurgia, apresentando-se com bom estado geral, disposta, porém com quadro de dor, abaulamento e hiperemia da
ferida operatória. O cirurgião assistente examinou a ferida e, após a retirada de um ponto da sutura da pele da paciente,
observou-se saída de moderada quantidade de material purulento.
Com relação a esse caso, o médico, além de retirar os demais pontos da sutura, drenar e lavar a ferida operatória, deve
A) ressuturar a ferida operatória e internar a paciente para antibioticoterapia por via venosa.
B) acompanhar a paciente em retornos ambulatoriais, sem uso de antibiótico.
C) iniciar antibioticoterapia por via oral, solicitando retornos ambulatoriais.
D) internar a paciente para iniciar antibioticoterapia por via venosa.
Questão 55
Uma paciente de 35 anos de idade, no 2o pós- operatório de apendicectomia, encontra-se internada em enferma-
ria coletiva (6 leitos) de pequeno hospital secundário. O achado cirúrgico foi uma apendicite aguda em fase flegmonosa e
realizou-se apenas antibioticoprofilaxia durante a cirurgia, com administração de cefazolina. Foi iniciada a alimentação por
via oral com boa aceitação, após a eliminação de flatos e fezes. Não apresentou febre. Ao exame clínico, a ferida cirúrgica
encontra-se em bom estado.
No planejamento da alta hospitalar para esta paciente, além de orientá-la quanto aos sinais de alerta para infecção da
ferida, deve-se
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QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 56
Homem com 35 anos de idade, no 3.º dia pósoperatório de apendicectomia, encontra-se internado em enfermaria
coletiva de pequeno hospital secundário. O achado cirúrgico foi de uma apendicite aguda em fase gangrenosa. Foi iniciada
a antibioticoterapia com administração de gentamicina e metronidazol e a alimentação via oral com boa aceitação, após a
eliminação de flatos e fezes. Não apresentou febre. Ao exame, a ferida cirúrgica encontra-se hiperemiada, discretamente
abaulada e com saída de material purulento. A conduta para esse caso, além do esclarecimento ao paciente, é:
Questão 57
Uma mulher, com 27 anos de idade, apresentou-se em Serviço de Emergência com dor abdominal em cólicas, em
mesogástrio, há 48 horas. Houve aumento progressivo na intensidade e frequência da dor e há um dia apresenta vômitos
biliosos e diminuição na eliminação de flatos e fezes. Os ruídos hidroaéreos estão aumentados em número e intensidade,
com timbre francamente metálico. O abdome é pouco distendido, levemente doloroso à palpação profunda e sem descom-
pressão brusca positiva. A paciente relata apendicectomia prévia na infância. Com base no quadro clínico exposto, qual a
hipótese diagnóstica e exame complementar indicado para investigação inicial da paciente?
Questão 58
Uma mulher com 25 anos de idade chega ao hospital com quadro de dor abdominal difusa, principalmente em
andar superior, e vômitos há três dias, com piora progressiva nas últimas 24 horas. Relata também frequentes episódios de
dor abdominal após a alimentação nos últimos meses, com remissão espontânea. Refere uso de contraceptivo oral desde
os 14 anos e nega outras comorbidades. Ao exame físico, não se encontram alterações, exceto a dor abdominal moderada
em andar superior, sem dor à descompressão brusca. Foi realizada tomografia computadorizada com contraste venoso que
mostrou distensão de estômago e duodeno, com inversão dos vasos mesentéricos superiores e ausência do processo
uncinado do pâncreas.
Com base na situação apresentada, o diagnóstico da paciente é
A) pâncreas anular.
B) pinçamento aorto-mesentérico.
C) prombose venosa mesentérica.
D) síndrome de má rotação intestinal.
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QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 59
Um homem com 28 anos de idade deu entrada em um pronto socorro hospitalar, queixando-se de dor no quadran-
te inferior direito do abdome, com irradiação para região lombar ipsilateral, tempo de evolução de 2 dias, acompanhada de
febre (38,2 graus C) disúria e diarreia. Ao exame físico, apresentava sinais de Blumberg e Rovsing positivos. Foram solicita-
dos alguns exames complementares, cujos resultados são: Leucócitos= 15.000/mm3 (valor de referência: 4.000 a
11.000/mm3), com 22% bastonetes (valor de referência: 0 a 4%), radiografia de abdome sem alterações significativas;
ultrassonografia abdominal cujo laudo indicou apêndice cecal de 8mm de diâmetro e observação para considerar a hipóte-
se de apendicite de acordo com critérios clínicos. O cirurgião de plantão, suspeitando de apendicite aguda, indicou cirurgia
com incisão em quadrante inferior direito. Durante o inventário cirúrgico, identificou-se um apêndice cecal de aspecto
normal, sem alterações macroscópicas e sem exsudações periapendiculares. Considerando essa situação, a conduta
cirúrgica adequada no período intraoperatório é:
A) Realizar inspeção da cavidade, esperar o paciente acordar e discutir com a família a realização da apendicectomia
B) Não realizar apendicectomia, pois não há evidência de inflamação e os riscos não justificam a remoção do apêndice
C) Realizar apendicectomia, caso a inspeção da cavidade seja negativa para outras patologias intra-abdominais
D) Realizar apendicectomia, mesmo que seja encontrada outra patologia intra-abdominal
Questão 60
Uma mulher de 45 anos de idade foi admitida na Unidade de Emergência com febre, dor no hipocôndrio D e vômi-
tos há 48 horas. Apresenta piora progressiva do quadro e, no momento, encontra-se sonolenta, confusa, com facies de
sofrimento, desidratada (+++/4+) e ictérica (++/4+), com extremidades frias, pulsos finos, sem cianose. Sinais vitais: T =
39°C, FC = 130 bpm, FR = 35 irpm, PA = 110 x 60 mmHg. Ausculta cardíaca e pulmonar sem alterações. Abdome com
distensão abdominal moderada, dor à palpação superficial do epigástrio e hipocôndrio D, sem sinais de irritação peritoneal,
com ruídos hidroaéreos reduzidos. Exames complementares: hematócrito = 36% (valor de referência: 42± 6%), hemoglo-
bina = 12,3 g/dL (valor de referência: 13,82 ± 2,5 g/dL), leucócitos = 18 200 /mm3 (valor de referência: 3 800 a 10
600/mm3 ) com 17% de bastões, Proteína C Reativa = 8,3 mg/dL (valor de referência = 0,3 a 0,5 mg/dL), bilirrubina total
= 5,2 mg/dL (valor de referência = até 1,2 mg/dL), bilirrubina direta = 4,1 mg/dL (valor de referência = até 0,4 mg/dL),
glicemia = 300 mg/dL (valor de referência < 99 mg/dL). Ultrassonografia abdominal: ausência de líquido livre em cavidade
peritoneal, distensão de alças que prejudica a técnica do exame, vias biliares dilatadas. Além da reposição volêmica, qual
a conduta inicial requerida para o caso?
A) Laparotomia exploradora.
B) Colecistectomia videolaparoscópica.
C) Antibioticoterapia de amplo espectro.
D) Drenagem percutânea de vias biliopancreáticas.
E) Colangiografia endoscópica retrógrada com papilotomia.
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QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 61
Um homem de 50 anos de idade é hospitalizado por apresentar quadro de dor em hipocôndrio direito, de modera-
da intensidade, com períodos de acalmia. A dor é acompanhada de febre, náuseas e vômitos, iniciados 24 horas antes da
internação. Ao exame físico, apresenta dor à palpação do hipocôndrio direito, com sinal de Murphy positivo. Os exames
laboratoriais revelaram 13 000 leucócitos/mm3 (valor de referência = 3 800 a 10 600/mm3 ), discreta elevação das transa-
minases e da amilase sérica. O paciente foi submetido a colecistectomia laparoscópica, sem colangiografia. No segundo
dia de pós-operatório, o achado de icterícia com elevação de bilirrubina, sem sinais de peritonismo e sem febre tem como
diagnóstico mais provável
Questão 62
Uma paciente de 37 anos de idade encontra-se internada em hospital de referência há dois dias, com diagnóstico
clínico e laboratorial de pancreatite aguda leve. Nega quadro semelhante previamente. O ultrassom abdominal realizado na
admissão mostrou colelitíase (cálculos múltiplos) sem dilatação de vias biliares intra e extra hepáticas. Os exames séricos
realizados na admissão mostraram: hemoglobina = 12 g/dL (valor normal = 11 a 15 g/dL); hematócrito = 36% (valor normal
= 35 a 45%); glóbulos brancos (GB) = 11.000 mm3 (9% de bastonetes e 80% de segmentados - valores normais: GB
entre 4.000 e 11.000 mm3 com menos de 10% de bastonetes); amilase = 2.120 mg/dL (até 120 mg/dL); TGO = 76 (até
40 mg/dL); TGP = 60 (até 25 mg/dL); bilirrubina total = 0,6 (até 0,8 mg/dL); bilirrubina direta = 0,4 (até 0,5 mg/dL); sódio
= 134 mEq/L (valor normal entre 135 e 145 mEq/L) e potássio = 3,6 mEq/L (valor normal entre 3,5 e 4,5 mEq/L). Com o
tratamento instituído, houve melhora quase completa da dor abdominal e a paciente teve boa aceitação da dieta que foi
liberada.
Qual a próxima etapa que deveria ser adotada no planejamento terapêutico dessa paciente?
655
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 63
Uma mulher com 40 anos de idade comparece ao ambulatório de cirurgia geral de um hospital de atenção secun-
dária, com história de dor em hipocôndrio direito, irradiada para hemidorso ipsilateral, de início súbito, forte intensidade e
caráter intermitente, predominantemente pós-ingesta lipídica, com períodos de acalmia, associada a náuseas e vômitos.
Refere inúmeras crises de dor nos últimos 3 anos, com algumas internações para medicação intravenosa. Relata ainda que,
na última crise, há 3 meses, recorda-se de “ter ficado com os olhos amarelados e a urina escura”. A paciente traz o ultras-
som realizado durante a última internação, com laudo descritivo de “vesícula biliar de paredes espessadas, contendo cálcu-
los, e hepatocolédoco dilatado de 1,3 cm com sombras acústicas posteriores em seu interior”.
Diante do quadro clínico apresentado, qual a conduta adequada ao caso?
Questão 64
Uma mulher de 57 anos de idade, portadora de litíase biliar diagnosticada há 12 anos por ultrassonografia abdomi-
nal, tem antecedentes de três episódios sugestivos de colecistite aguda tratados clinicamente. Não tem outras comorbida-
des. Submetida à ultrassonografia abdominal há cerca de duas semanas, em decorrência de novo quadro de dor abdominal
em cólica, o exame mostrou, além de vários cálculos pequenos no interior da vesícula, placas opacificando os contornos
da parede, sugerindo "vesícula em porcelana". Qual a conduta mais indicada nesse caso?
A) Litotripsia extracorpórea.
B) Tratamento cirúrgico.
C) Emprego do ácido ursodesoxicólico.
D) Colangioressonância.
E) Mudanças de dieta e analgésicos sob demanda.
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QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 65
Mulher com 54 anos de idade, Índice de Massa Corpórea (IMC) = 32,6, portadora de diabetes tipo 2, controlado
com medidas dietéticas e uso de glibenclamida, comparece à Unidade Básica de Saúde com queixa de dor, do tipo cólica,
em hipocôndrio direito, que se irradia para o ombro direito e piora após ingestão de alimentos, especialmente gordurosos.
Relata episódios de vômitos durante algumas crises. Disse, ainda, que o quadro iniciou-se há mais ou menos seis meses,
agravandose no último mês. Após a realização do exame físico, o médico solicitou ultrassonografia de abdome que eviden-
ciou “colecistopatia calculosa crônica”. Ao explicar o diagnóstico para a paciente, ela informou que gostaria de passar seis
meses visitando a filha que mora em Portugal. Baseado nessa situação, você diria à paciente que seu quadro clínico
Questão 66
Mulher, com 44 anos de idade, apresenta quadro de dor epigástrica, com irradiação em faixa para hipocôndrio
direito e esquerdo, com vômitos e distensão abdominal, de início súbito sem relação com esforço, ocorrendo há seis horas.
Relata dois episódios semelhantes anteriores, de menor intensidade, nos últimos três anos, dos quais se recuperou apenas
com restrição de dieta. Relata ainda trombose de retina à esquerda após um desses episódios. Durante o exame físico,
foram visualizadas mucosas descoradas, anictérica, pele com turgor e elasticidade reduzidos. Pressão arterial = 40x90
mmHg. Pulso radial = 120 bpm, rítmico e fino. Ausculta respiratória - expansibilidade reduzida em base de hemitórax
esquerdo, com submacicez local. Ausculta cardíaca - bulhas taquicárdicas em dois tempos. Abdome distendido, com
equimoses nos flancos. Ruídos hidroaéreos diminuídos e dor difusa à palpação. Extremidades: pulsos periféricos palpáveis
e simétricos. Exame laboratoriais mostram Ht = 52%, Hb = 14 g/L. Amilase = 104 U/L (Valor normal = 27 a 131U/L).
Glicemia na admissão = 230 mg/dL. Creatinina = 1,5 mg/ dL (Valor normal = 0,7 a 1,3 mg/dL). Troponina Sérica = 0,5
ng/mL (Valor normal < 0,1 ng/mL). ECG sem alterações. O laboratório informa que o soro apresenta aspecto francamente
leitoso na centrifugação. Ultrassonografi a de abdome mostra vias biliares não dilatadas e vesícula biliar de paredes finas,
sem cálculos. O retroperitôneo não foi visualizado. Qual o diagnóstico compatível com o quadro descrito?
A) Pancreatite aguda.
B) Dissecção de aorta.
C) Infarto do miocárdio.
D) Colecistite aguda.
E) Infarto mesentérico.
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QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 67
Uma mulher de 40 anos de idade, branca, casada, procura o Serviço de Emergência queixando-se de dor abdomi-
nal epigástrica em todo o hemi-abdome superior, intensa, contínua, com irradiação para o dorso e acompanhada de náuse-
as e vômitos há 24 horas. Não refere história de doença pregressa, etilismo, tabagismo e uso de medicamentos. Informa
ter 4 filhos. Ao exame físico apresenta-se desconfortável no leito. Encontra-se afebril, com FC = 110 bpm, PA = 100 x 60
mmHg, pele com discreta sudorese, mucosas coradas e escleróticas ictéricas 1+/4+. Ao exame do abdome observam-se
ruídos hidroaéreos presentes; abdome flácido, com dor à palpação no hemi-abdome superior e ausência de visceromega-
lias. Os exames laboratoriais mostram: hemograma com 15 400 leucócitos/mm³ (valores de referência = 3 800 a 10
600/mm3 ) com neutrofilia; glicose = 130 mg/dL (valor de referência = 99 mg/dL); amilase = 1 240 U/L (valor de referên-
cia = 30 a 225 U/L); lipase = 600 U/L (valor de referência = 3 a 43 U/L), bilirrubinas totais = 5,2 mg/dL (valor de referência
< 1,3 mg/dL), com fração direta de 2,0 mg/dL (valor de referência < 0,4 mg/dL); alanino-amino-transferase = 162 UI/L
(valor de referência = < 35 UI/L); aspartato-aminotransferase = 87 UI/L (valor de referência < 30 UI/L). A radiografia
simples de abdome mostra padrão inespecífico de distribuição de gases, sem evidência de pneumoperitônio. Diante do
quadro apresentado, a principal hipótese diagnóstica é
A) cólica biliar.
B) pancreatite biliar.
C) obstrução intestinal.
D) isquemia mesentérica.
E) úlcera gástrica perfurada
Questão 68
Um homem de 61 anos de idade foi admitido hoje no ProntoSocorro com queixas de constipação, inapetência
progressiva, aceitando somente dieta líquida desde ontem. O familiar relata parada de eliminação de gases, dor abdominal,
vômitos fecaloides e aumento do volume abdominal nas últimas 24 horas. O paciente tem diagnóstico de retardo mental
desde criança e faz uso de haloperidol (5 mg/dia). Nega cirurgia e internação prévias. Ao exame físico, apresenta-se
desidratado, com facies de sofrimento, abdome intensamente distendido, timpânico, ruídos hidroaéreos ausentes, dor à
palpação superficial e profunda, ausência de sinais de irritação peritoneal. Toque retal sem fezes na ampola retal, ausência
de massas ou alterações palpáveis. A radiografia simples de abdome demonstra ausência de gás no reto e imagem de
distensão de alças com padrão de "U" invertido. Qual deve ser a conduta imediata no tratamento desse paciente?
A) Laparotomia exploradora.
B) Vídeocolonoscopia descompressiva.
C) Hidratação vigorosa e instalação de sonda nasogástrica.
D) Instalação de sonda retal e aplicação de clister glicerinado.
E) Hidratação vigorosa e antibioticoterapia para esterilização do trato intestinal
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QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 69
Paciente, com 60 anos de idade, do sexo masculino, residente da zona da mata de Pernambuco, procura serviço
médico de urgência porque iniciou há 48 horas dor abdominal em cólica, agora difusa, vômitos de cor acastanhada escura
e odor fétido. Relata ter “intestino preso”, há muitos anos, mas nunca se preocupou, pois sempre foi assim. Não faz uso de
qualquer medicação e nunca foi submetido a procedimento cirúrgico. Não é tabagista e nem etilista. Ao exame, está
desidratado, hipocorado 1+/++++, Frequência cardíaca = 110 bpm, Pressão arterial = 90/40 mmHg, sem alteração do
aparelho respiratório. Apresenta abdome muito distendido, com ruídos hidroaéreos presentes, com timbre metálico, timpâ-
nico e doloroso à percussão difusa e à palpação superficial em todo o abdome. Além da correção da desidratação, a
conduta sequencial para esse paciente é
Questão 70
Uma mulher de 60 anos de idade é admitida na Emergência de um Pronto-Socorro de referência com quadro de
dor em fossa ilíaca esquerda há trinta horas, associada a febre, três episódios de evacuação diarreica, náuseas e dois
episódios de vômitos ocorridos há seis horas. Ao exame físico, foi palpada massa de limites imprecisos em fossa ilíaca
esquerda. O diagnóstico sugerido pela tomografia abdominal e pélvica foi diverticulite aguda. Qual a conduta inicial para
essa paciente?
Questão 71
Uma mulher com 72 anos de idade foi atendida na sala de emergência de um hospital por apresentar quadro de
dor abdominal com 24h de evolução. Ao exame físico, a paciente estava em bom estado geral, afebril, com frequência
cardíaca= 88 bpm e pressão arterial= 150X95 mmHg; e seu abdome apresentava-se doloroso a palpação em fossa ilíaca
esquerda, sem sinais de irritação peritoneal. Foi realizada uma tomografia de abdome que evidenciou quadro de diverticulite
aguda com imagem sugestiva de abcesso de 1,5 cm de diâmetro junto a parede do sigmoide e ausência de pneumoperitô-
nio. Diante desse quadro, a conduta adequada é:
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QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 72
- Um homem com 33 anos de idade foi trazido ao Pronto-Socorro hospitalar pelo Serviço de Atendimento Móvel
de Urgência (SAMU) com quadro de hematêmese e síncope. A equipe do SAMU encontrou o paciente já acordado, deita-
do sobre uma poça de sangue vermelho vivo. O paciente relatou uso de anti-inflamatório por 15 dias devido a trauma
muscular na perna direita. Ao exame físico, encontra-se consciente, pálido, com extremidades frias; pressão arterial = 90 x
50 mmHg; frequência cardíaca = 130 bpm; frequência respiratória = 26 irpm. Foi realizada reposição volêmica com 2.000
ml de Ringer lactato endovenoso aquecido, com estabilização do quadro hemodinâmico. Logo após esse procedimento, o
paciente foi submetido a endoscopia digestiva alta, que evidenciou úlcera gástrica pré-pilórica com vaso visível.
Nessa situação, a conduta adequada é
Questão 73
Um homem de 46 anos de idade comparece à Unidade Básica de Saúde (UBS) queixando-se de episódio de
vômito em grande quantidade, com sangue vivo, há um dia, após libação alcoólica. Nega episódio similar anterior, mas já
foi internado para "tratar doença no fígado" (sic). Hoje apresentou fezes diarreicas em grande volume, fétidas e enegreci-
das. Sente-se fraco e a "vista escurece" sempre que se levanta. Ainda não urinou hoje. Ao exame físico: regular estado
geral, emagrecido, palidez cutâneo-mucosa (++/4+), desidratado (+++/4+), anictérico, descamação superficial da pele
em extremidades, PA = 90 x 60 mmHg, pulso = 110 bpm, abdome globoso, presença de ascite, aranhas vasculares e circu-
lação colateral periumbilical. O paciente foi transferido para uma Unidade de Emergência, onde se firmou o seu diagnóstico
e foram tomadas as medidas emergenciais adequadas ao caso. Qual o diagnóstico mais provável e que medidas emergen-
ciais devem ter sido adotadas?
A) Trata-se da síndrome de Mallory Weiss. As medidas emergenciais incluem lavagem gástrica com solução salina gelada,
reposição volêmica e inibidores de bomba de prótons.
B) Trata-se da síndrome de Mallory Weiss. As medidas emergenciais incluem reposição volêmica e endoscopia para caute-
rização dos pontos de sangramento.
C) Trata-se da síndrome de Mallory Weiss. As medidas emergenciais incluem lavagem gástrica com solução salina gelada,
cauterização dos pontos de sangramento e inibidores de bomba de prótons.
D) Trata-se de rotura de varizes esofágicas. As medidas emergenciais incluem reposição volêmica e endoscopia para
ligadura endoscópica das varizes esofágicas.
E) Trata-se de rotura de varizes esofágicas. As medidas emergenciais incluem reposição volêmica e passagem de balão de
Sengstaken-Blakemore.
660
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 74
Um adolescente com 17 anos de idade estava praticando mountainbike quando sofreu uma queda em um trecho
cheio de lama e feriu o dorso, há cerca de quatro horas. Ao exame físico, na Unidade de Pronto-Socorro, observou-se
ferimento com cerca de seis centímetros de extensão em região escapular, acometendo a pele e o tecido subcutâneo, sem
sangramento ativo, bordos regulares, sujo de terra. A mãe dele informou que todas as vacinas regulares foram feitas nas
datas previstas e que a vacina antitetânica foi feita há cinco anos. Depois da limpeza da ferida, qual é a conduta indicada?
A) Desbridamento das bordas, curativo e cicatrização por segunda intenção, imunoglobulina antitetânica.
B) Sutura primária, sem necessidade de imunoglobulina ou toxoide tetânico.
C) Sutura primária, toxoide tetânico e imunoglobulina antitetânica.
D) Desbridamento das bordas, sutura primária e toxoide tetânico
Questão 75
Uma paciente de 40 anos de idade procura a Unidade Básica de Saúde com ferimento corto-contuso de 7 cm de
extensão na face anterior da coxa direita, de bordas regulares, acometendo pele, tecido subcutâneo e musculatura, causa-
do por vidro, o sangramento local é de pequena monta. Informa reforço de vacina antitetânica há 1 ano. Após antissepsia
local, bloqueio anestésico e limpeza da ferida constatando-se que não há corpos estranhos, deve-se realizar o reparo da
ferida com:
A) Fio absorvível 3-0 para a musculatura, fio absorvível 3-0 para o tecido celular subcutâneo e fio não absorvível 3-0 para a
pele.
B) Fio absorvível 5-0 para a musculatura, fio absorvível 5-0 para o tecido celular subcutâneo e fio absorvível 4-0 para a pele.
C) Fio não absorvível 3-0 para a musculatura, fio não absorvível 3-0 para o tecido celular subcutâneo e fio não absorvível
3-0 para a pele.
D) Fio não absorvível 5-0 para a musculatura, fio não absorvível 5-0 para o tecido celular subcutâneo e fio não absorvível
4-0 para a pele.
Questão 76
Um homem de 21 anos de idade está internado no Pronto Socorro de um hospital terciário após adequada
atenção préhospitalar e remoção feita pelo SAMU local. Ele foi vítima de acidente de trânsito devido a queda de moto,
ocorrido há 15 horas, e apresenta traumatismo raquimedular cervical grave. Ao repetir o exame físico do paciente, o médico
constata o retorno do reflexo bulbocavernoso ainda nas primeiras 24 horas do evento traumático. O que sugere este último
achado clínico ?
661
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 77
Homem com 20 anos de idade, vítima de colisão motociclística em via pública, foi levado ao hospital pela equipe
de suporte básico de vida, que relatou inconsciência durante todo o atendimento. Apresenta abertura ocular à dor, emite
palavras inapropriadas e postura de decorticação ao estímulo doloroso, com anisocoria (pupila D > E). Os sinais vitais são:
frequência cardíaca = 68 bpm, pressão arterial = 160 x 100 mmHg, frequência respiratória = 20 irpm e saturação de oxigê-
nio de 98%. A tomografia computadorizada de crânio mostrou hematoma subdural com desvio importante da linha média.
As condutas tomadas para minimizar o dano cerebral, além da manutenção de vias aéreas, ventilação e controle da volemia,
devem ser:
Questão 78
- Um menino de 7 anos de idade deu entrada na Unidade de Pronto Atendimento (UPA), trazido pela ambulância
de suporte básico do SAMU, imobilizado em prancha rígida e colar cervical, vítima de traumatismo crânio-encefálico (TCE)
após queda da própria altura quando corria pela casa, há 40 minutos. Nega perda da consciência. Refere cefaleia discreta,
sem piora desde o trauma e um episódio de vômito. Ao exame clínico, apresenta-se choroso, respiração espontânea e
escore de coma de Glasgow = 15. As pupilas estão isocóricas e fotorreagentes. Não apresenta ferimento corto-contuso
em couro cabeludo, apenas pequeno hematoma subgaleal. Não foram acrescentadas novas informações após a anamnese
e o exame físico. Os pais são bem orientados e possuem veículo próprio. Qual a conduta a ser tomada diante desse
quadro?
A) Trata-se de traumatismo leve, porém não é possível estimar o risco sem que se obtenha pelo menos uma radiografia
simples de crânio para descartar possíveis fraturas.
B) Trata-se de traumatismo leve de alto risco e o paciente deve ser encaminhado para hospital de referência para realização
de tomografia computadorizada de crânio e avaliação neurocirúrgica.
C) Trata-se de traumatismo leve. Porém, como a criança apresentou cefaleia e vômito, deve ser mantida em observação na
UPA por, no mínimo, 12 horas até sua alta definitiva, caso fique assintomática.
D) Trata-se de traumatismo leve de baixo risco e o paciente deve receber alta, orientando-se a família que mantenha obser-
vação domiciliar sobre os sinais de alerta e que retorne caso a criança venha a apresentar manifestações clínicas.
662
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 79
Um homem com 26 anos de idade é atendido no Pronto-Socorro hospitalar após ter sido vítima de agressão e ter
sofrido múltiplos ferimentos corto-contusos no couro cabeludo e na face. No momento da avaliação inicial, não apresenta
abertura ocular nem mesmo à dor, localiza o estímulo doloroso e verbaliza apenas sons incompreensíveis. O médico planto-
nista solicita uma tomografia computadorizada de crânio, cuja imagem é mostrada a seguir
Considerando o quadro clínico descrito e a imagem apresentada, qual a hipótese diagnóstica mais provável para o caso?
(A) Hematoma epidural.
(B) Hematoma subdural.
(C) Hemorragia intraparenquimatosa.
(D) Contusões cerebrais coalescentes.
663
GABARITO
Clínica Cirúrgica
GABARITO
GABARITO
Questão 01 - C Questão 09 - D
Questão 02 - B Questão 10 - A
Questão 03 - A Questão 11 - E
Questão 04 - B Questão 12 - A
Questão 05 - C Questão 13 - E
Questão 06 - D Questão 14 - A
Questão 07 - C
Questão 08 - B
Questão 15 - A
Para resolução dessa questão é importante lembrar, da regra dos nove para queimaduras*. Tronco
anterior = 18 + face anterior do membro superior = 4,5. Total=22,5 (grave queimado) é um paciente
que tem indicação de internação. http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cartilha_tratamen-
to_emergencia_queimaduras.pdf
Questão 16 - C Questão 19 - A
Questão 17 - D Questão 20 - E
Questão 18 - D Questão 21 - A
665
GABARITO
GABARITO
Questão 22 - B
São diversos os fatores de risco predisponentes para o desenvolvimento de aterosclerose. Entre os
mais comuns estão: tabagismo, diabetes, pressão arterial elevada, níveis altos de colesterol no sangue,
dieta com alto teor de gordura, idade avançada, obesidade, histórico pessoal ou familiar de doença
aterosclerótica. Os sintomas são diversos e variam de acordo com o local em que a doença se mani-
festa. Doença obstrutiva arterial de membros inferiores: pode causar quadro de dor para caminhar
(claudicação intermitente), dor de repouso e até mesmo o surgimento de feridas.
Questão 23 - C Questão 26 - B
Questão 24 - B Questão 27 - D
Questão 25 - B
Questão 28 - C
Hérnia inguinal é a protrusão de uma alça intestinal, do epíploo ou, mais raramente, de outra víscera
intra-abdominal através de um orifício na parede abdominal na região da virilha. Esse quadro é muito
grave e exige cirurgia em caráter de urgência, pois a compressão dos vasos sanguíneos promove a
gangrena da alça intestinal torcida e a sua ruptura. Consequentemente, ocorre uma infecção grave que
se estende para a cavidade peritoneal, fazendo um quadro de peritonite aguda. Diante disso, a cirurgia
é emergencial, pois há risco de morte.
Questão 29 - D
Questão 30 - D
O exame de imagem “padrão ouro” para investigação da doença diverticular e classificação é a tomo-
grafia. Colonoscopia não está indicada neste caso em razão do risco de perfuração do colón e a
injeção de ar através do colonoscópio pode agravar o quadro clínico do paciente.
Questão 31 - E Questão 33 - D
Questão 32 - B Questão 34 - C
666
GABARITO
GABARITO
Questão 35 - A Questão 38 - E
Questão 36 - A Questão 39 - E
Questão 37 - D
Questão 40 - C
Para resolução desta questão vamos relembrar o ABCDE do trauma por ser vítima de trauma e com
sinais evidentes de choque hemorrágico. A – Airway: vias aéreas e coluna cervical B – Breathing:
respiração e ventilação C – Circulation: circulação com controle de hemorragia D – Disability: Exame
neurológico sumário E – Exposure: exposição com controle de hipotermia
Questão 41 - E
Questão 42 - C
O paciente encontra-se estável, se o ferimento não entrou na cavidade abdominal, peritônio está
preservado, aponeurose preservada, acometeu apenas epiderme e derme não tem necessidade de
encaminhar o paciente à cirurgia, apenas sutura. Caso, ao realizar exploração do local, adentrou o dedo
dentro da cavidade abdominal então encaminhar o paciente ao serviço de cirurgia, paciente com alto
risco de choque hemorrágico e morte.
Questão 43 - C
Para esse tipo de trauma é necessário solicitar TC abdômen para detectar lesão de vísceras sólidas e
ou líquido livre na cavidade.
Questão 44 - A
Nós temos dois diagnósticos: Pneumotórax hipertensivo e Tamponamento cardíaco. Como diferencia-
mos um do outro? Turgência de jugular, estará presente nos dois casos. 1 – Ausculta pulmonar: pneu-
motórax hipertensivo (ausente) e no tamponamento cardíaco (presente) 2 – Ausculta cardíaca: pneu-
motórax hipertensivo (normal) e no tamponamento cardíaco (abafamento de bulhas) Outra informação
importante para fechar o diagnóstico é que “pulso radial fraco, que desaparece à inspiração profunda”,
ou seja, com expansão da caixa torácica, o coração é comprimido e dificulta o seu funcionamento
normal, logo o diagnóstico é Tamponamento Cardíaco, devendo ser realizada a pericardiocente-
se.(punção 2º espaço intercostal com agulha de grosso calibre).
667
GABARITO
GABARITO
Questão 45 - C
Questão 46 - D
Identificação dos fatores de risco do paciente que interferem no risco cirúrgico: anamnese, exame
físico e exames laboratoriais. A Classificação da ASA é baseada na análise da mortalidade. No caso
dessa paciente classificada como ASA I: Sem distúrbios fisiológicos, bioquímicos ou psiquiátricos,
mesmo tratando-se de uma paciente saudável, será submetida a um procedimento anestésico e cirúr-
gico, o que a deixa exposta a riscos, por isso, há necessidade de monitoramento contínuo durante todo
intra-operatório e pós-operatório.
Questão 47 - A
Como o quadro infeccioso do paciente teve remissão completa e o paciente não se encontra em risco
eminente de morte. Por ser cardiopata, portador de marca-passo e irá ser submetido a um procedimen-
to cirúrgico, é indispensável avaliação cardiológica, assim como emissão de autorização para realiza-
ção do procedimento.
Questão 48 - B
Está indicada a profilaxia em cirurgias vasculares com uso de prótese. Está indicada também em cirur-
gias contaminadas e em pacientes com diabetes descompensada, imunodeprimidos ou portadores de
mais de 3 diagnósticos.
Questão 49 - B
Questão 50 - B
É um paciente jovem que foi vítima de um trauma que provocou uma lesão do cólon, apresentou febre,
mas não é uma febre indicativa que um quadro de infecção é esperado em um pós-operatório, a princi-
pal complicação no pós- -operatório é atelectasia, em razão do tempo acamado, movimentos limitados,
dor na incisão cirúrgica. Em relação ao pneumoperitônio, também é um achado esperado em razão da
abertura da cavidade abdominal durante a cirurgia.
Questão 51 - B
Como se trata de uma apendicite não complicada, (flegmonosa), não tem sinais de infecção, logo, não
tem necessidade de administrar antibioticoterapia, apenas a antibioticoprofilaxia da cirurgia limpa.
668
GABARITO
GABARITO
Questão 52 - C
Questão 53 - D
Todos os sinais clínicos apresentados nos levam a pensar no diagnóstico de SEPSE, um paciente que
está em estado geral de gravidade, entretanto, não sabemos o foco desta infecção. A conduta correta
é investigar a causa desse quadro infeccioso através da hemocultura, posteriormente iniciar imediata-
mente antibioticoterapia EV e exploração da ferida operatória buscando algum sinal flogístico.
Questão 54 - B
A conduta sempre será prioridade a expectação, não é indicado iniciar a antibioticoterapia ainda neste
momento. Como a ferida operatória foi limpa e drenada, segue em observação e aguardar evolução
para cicatrização por segunda intenção.
Questão 55 - B
Questão 56 - C
Questão 57 - D
Questão 58 - D
A má rotação intestinal em adultos é doença de difícil diagnóstico primário, devido a não constar entre
as hipóteses diagnósticas iniciais do cirurgião geral. A grande maioria dos casos de má rotação intesti-
nal em adultos é assintomática; dentre aqueles que desenvolvem algum sintoma, a evolução pode
ocorrer de forma aguda ou crônica. A forma aguda cursa com quadro de vômitos e dor abdominal sem
distensão (por se tratar de obstrução alta) que evolui para isquemia e necrose intestinal com peritonite.
O achado mais importante a ser observado na tomografia de abdome é a junção duodeno-jejunal, a
qual não cruza a linha média e fica localizada à direita da coluna vertebral e a rotação intestinal sobre
o eixo dos vasos mesentéricos.
669
GABARITO
GABARITO
Questão 59 - D
Os pacientes submetidos a incisão em quadrante inferior direito devem ser apendicectomizados
mesmo após excluída afecção do apêndice cecal, tendo sido encontrada e tratada outra patologia
abdominal ou não. Se esse paciente não tiver o seu apêndice ressecado e vier a ter uma apendicite no
futuro, vai causar uma dúvida durante o seu atendimento, pois haverá uma incisão de McBurney e o
médico vai julgar que ele já é apendicectomizado, levando a prejuízo para o paciente com atraso na
cirurgia.
Questão 60 - C
Questão 61- B
Questão 62 - A
A via biliar está livre, ou seja, não há obstrução, por isso, não tem indicação de CPRE. Não tem indica-
ção de da alta a esse paciente antes de resolver o problema, em tempo não é um procedimento de
emergência, mas é necessário realizar o agendamento de colecistectomia.
Questão 63 - C
O principal achado é a parede espessada, hepatocolédoco dilatado por presença de litíase, se esse
quadro evolui, acontecerá uma colangite que é um quadro clínico extremamente grave que pode
progredir para um quadro de sepse grave ou óbito. A conduta a ser adotada nesse caso é desobstru-
ção da via biliar através da colangiopancreatografia endoscópica retrógrada, após desobstrução reali-
za a colecistectomia videolaparoscópica eletiva.
Questão 64 - B Questão 68 - B
Questão 65 - B Questão 69 - C
Questão 66 - A Questão 70 - A
Questão 67 - B
670
GABARITO
GABARITO
Questão 71 - B
É um caso de diverticulite aguda. Para o tratamento das diverticulites é necessário classificá-las de
acordo com a classificação de Hinchey. O caso descrito é um Hinchey I, e o tratamento é clínico,
apenas com hidratação, jejum e antibioticoterapia.
Questão 72 - D
Classificação de Forrest. Esta classificação divide as úlceras em sangramento ativo, sinais de sangra-
mento recente e úlceras sem sinais de sangramento. Através dela é possível estimar o risco de ressan-
gramento se a lesão não for tratada e avaliar a necessidade de tratamento endoscópico. • Todas as
úlceras com sangramento ativo devem ser tratadas (Forrest IA e IB). • Todas as úlceras com vaso
visível, mesmo sem sangramento, devem ser tratadas (Forrest IIA).
Questão 73 - D
Questão 74 - B
Questão 75 - A
Ferimento superficial, fio absorvível 3-0 para a musculatura, fio absorvível 3-0 para o tecido celular sub-
cutâneo e fio não absorvível 3-0 para a pele. Jamais utiliza fio absorvível para pele, esse tipo de fio é
utilizado para cirúrgicas plásticas, suturas internas etc.
Protocolo de suturas (http://www.hu.usp.br/wp-content/uploads/sites/74/2016/03/2.pdf)
Questão 76 - B
Questão 77 - E
Questão 78 - D
Questão 79 - A
Considerando as várias agressões recebidas, associado ao quadro clínico do paciente em há rebaixa-
mento do nível de consciência com Glasgow: 8 o que caracteriza uma lesão cerebral grave. Na
imagem da tomografia há uma apresentação clássica de hematoma epidural, no formato de “lente
biconvexa” devido o sangramento permanecer entre a dura-máter e a calota craniana.
671
Ginecologia e
Obstetrícia
Revalida
MEDCS
GINECOLOGIAEOBSTETRÍCIA
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
DIAGNÓSTICO
DA GRAVIDEZ
A
suspeita de gravidez na grande maioria das 25mlU/ml já confirmam gestação.
vezes é relatada pelas pacientes como um
atraso menstrual de semanas ou dias e a O HCG está presente na circulação materna
partir deste atraso é que buscamos a confirmação da 8 a 10 dias após a concepção.
gestação.
Outro método utilizado é a ultrassonografia
O diagnóstico baseia-se na história clínica, (USG), que é um exame de imagem que nos permite
exame físico e em testes laboratoriais. a visualização do saco gestacional e do concepto.
Além de ser um método diagnóstico a ultrassonogra-
fia também é um método confirmatório do tempo de
MÉTODOS gestação.
DIAGNÓSTICOS
A partir deste método podemos determinar a
idade gestacional, peso do feto e a vitalidade do
O Primeiro teste e consequentemente o mais
feto.materna 8 a 10 dias após a concepção.
utilizado é o teste imunológico de gravidez (TIG), que -
detecta a presença de HCG na urina que surge a -
partir da 6ª semana após o atraso menstrual.
673
Através de anamnese e exame físico é possí-
vel detectar os sinais de presunção, que são sinto- Sinal de Hunter, que é o aumento pigmenta-
mas referidos pelas pacientes no momento da ção da aréola.
anamnese.
674
GINECOLOGIAEOBSTETRÍCIA
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
PRÉ-NATAL
Movimentos fetais a partir da 5ª semana; INTRODUÇÃO
675
Fazer prevenção, diagnóstico precoce e VANTAGENS DO
tratamento de doenças próprias da gesta- PRÉ-NATAL
ção;
676
GINECOLOGIAEOBSTETRÍCIA
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
CALENDÁRIO
677
Gestação atual:
• Número de partos e tipo de parto;
• Data da última menstruação – DUM
• Número de abortamento (espontâ- (anotar certeza ou dúvida);
neos, provocados);
• Peso prévio e altura;
• Números de filhos vivos;
• Sinais e sintomas na gestação em
• Idade na primeira gestação; curso;
HÁBITOS
Tabagismo:
É contraindicado na gestação
Alcoolismo:
É proibido o consumo de bebida alcoólica
pois não está estabelecido se existe uma
quantia segura para consumo de álcool
durante a gestação; o abuso pode levar a
malformações como a síndrome alcoólica
fetal.
CALENDÁRIO DE VACINAS
678
GINECOLOGIAEOBSTETRÍCIA
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
Protoparasitológico de fezes;
Grupo sanguíneo Rh;
Eletroforese de hemoglobina (quando há
Coombs indireto (caso a gestante seja Rh suspeita clinica de anemia);
negativo);
Hemograma;
EXAME FÍSICO
Glicemia em jejum (repetir com 30 sema-
nas); No 4ª passo, em todas as consultas a rotina
de exame físico será indispensável os seguintes
Vdrl / teste rápido (repetir com 30 sema- procedimentos:
nas);
Avaliação nutricional (peso e cálculo do
Vdrl / teste rápido (repetir com 30 sema- IMC);
nas);
Medida da pressão arterial;
Sorologia Anti HIV com o consentimento da
mulher (repetir com 30 semanas);
Palpação abdominal e percepção dinâmica;
Urina tipo I (parcial de urina) e urocultura
(repetir com 30 semanas); Medida da altura uterina;
679
Movimentos fetais;
Avaliação da bacia;
CONDUTAS GERAIS
680
GINECOLOGIAEOBSTETRÍCIA
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
• Obesas 5 a 9 kg.
CONSULTAS
SUBSEQUENTES
• Avaliar as varizes.
681
HIPERÊMESE GRAVÍDICA TRATAMENTO
ANTIEMÉTICOS INJETÁVEIS
Também podem estar associada a
questões como: AGENTE POSOLOGIA
50 mg
Dimenidrinato 6 em 6 horas
Há outros fatores que podem acarretar (1 ampola = 1ml)
2
vômitos com a mesma gravidade e que Ondansentrona
Ampolas Dose máxima
devem ser afastados, tais como: : de 4 e 8 mg de 32 mg/dia
Úlcera gástrica, cisto torcido de ovário, Deve-se orientar o uso de bebidas geladas
gravidez ectópica, insuficiênciarenal, para a melhoria dos sintomas, assim como se deve
infecções intestinais. evitar o uso de bebidas com gás e que contenham
cafeína.
682
GINECOLOGIAEOBSTETRÍCIA
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
ÚTERO MAMAS
Por estímulo hormonal o leva a hipertrofia e Ocorre um aumento mamário, as veias super-
hiperplasia celular, alterando peso e volume uterino, ao ficiais ficam mais dilatadas e visíveis sob a pele (rede
final da gestação o útero pesa cerca de 1 kg e tem a venosa de Haller), os tubérculos de Montgomery
capacidade de 4 a 5 litros. ficam hipertrofiados e há uma hiperpigmentação da
aréola, podendo surgir uma aréola secundária (sinal
Consistência: de Hunter).
SISTEMA
CIRCULATÓRIO
683
Há um aumento da frequência cardíaca em
repouso e do débito cardíaco. SISTEMA
RESPIRATÓRIO
Observa-se redução dos níveis da pressão
arterial, causada pelo desenvolvimento da placenta. A freqüência respiratória cresce discretamente,
Em gestantes clinicamente saudáveis, a pressão e a ventilação aumenta por minuto. Em virtude da
arterial (PA) diminui até a metade da gestação e, hiperventilação, ocorrem pequeno aumento na pO2 e
então, aumenta até o dia do parto, com valores finais diminuição da pCO2 arteriais.
similares àqueles encontrados no início da gestação.
684
GINECOLOGIAEOBSTETRÍCIA
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
PELE LIPÍDIOS
METABOLISMO
As taxas de magnésio estão diminuídas ate o FISIOLOGIA DA
terceiro mês de gestação, a concentração
GESTAÇÃO
de fósforo permanece inalterada durante toda gesta-
ção.
O ovário, mensalmente, gera um folículo con-
As demandas de ferro estão elevadas, princi- tendo um oócito. A eclosão desse folículo, chamada
palmente na segunda metade da gestação. O feto ovulação, libera o precursor do gameta feminino que
requer grande porção dos estoques de ferro da mãe, se localiza na tuba uterina na região ampular, região
por isso é necessária a suplementação durante a aonde ocorre a fecundação.
gravidez.
A fecundação é a fusão do gameta masculino
e feminino. Quando isso acontece, a estrutura celular
resultante é o zigoto.
685
O zigoto sofre uma série de divisões celulares
processo chamado segmentação. A cada divisão, são
formadas células blastômeros. O conjunto de blastô-
meros forma a mórula, que alcança a cavidade uterina
ao redor do 5º dia.
http://www.uff.br/WebQuest/downloads/
FisiolApRepFem.pdf
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_sexual_
saude_reprodutiva.pdf
686
GINECOLOGIAEOBSTETRÍCIA
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
ESTÁTICA FETAL
E RELAÇÕES UTEROFETAIS
RELAÇÕES ÚTERO-FETAIS
3. Apresentação:
É a região do feto que ocupa a área do estreito supe-
rior e que nele se insinuará. D C B A
• Cefálica
• Pélvica Atitude da cabeça fetal:
• Córmica ou situação transversa A - na apresentação flectida; B - na de bregma;
C - na de fronte; D - na de face.
687
APRESENTAÇÃO PÉLVICA • Posição esquerda ou 1a posição, quando o
dorso fetal se acha voltado para o lado esquerdo
Quando pólo pélvico encontra-se no estreito superior. materno
• Posição direita ou 2a posição, quando o
dorso se orienta para o lado direito
• Pélvica completa ou pelvipodálica
• Pélvica incompleta
PONTOS REFERÊNCIA MATERNOS
ALTURA DA APRESENTAÇÃO
S.
Durante a gravidez a apresentação se encontra afasta- D.P. E.P.
da do estreito superior, não tendo relação direta com a bacia. No 4 5 4
início do trabalho ou mesmo nos dias que o precedem, essa
relação fetopélvica é manifesta e distinguem-se os seguintes 3 3
D.T. E.T.
graus evolutivos da altura da apresentação:
2 2
D.A. 1 E.A.
• Alta e móvel quando a apresentação não
toma contato com o estreito superior;
• Ajustada quando ocupa a área desse estrei- P.
to; Pontos de referência maternos e seus símbolos.
• Fixa quando, pelo palpar, não se consegue 1 - Pube; 2 - Eminência ileopectínea;
mobilizá-la; 3 - Extremidade do diâmetro transverso;
• Insinuada quando a maior circunferência da 4 - Sinostose sacroilíaca; 5 - Sacro.
apresentação transpôs a área do estreito superior.
INSINUAÇÃO OU ENCAIXAMENTO
• Lambda nas apresentações cefálicas flecti-
Passagem da maior circunferência da apresentação das;
através do anel do estreito superior. • Extremidade anterior do bregma nas apre-
sentações cefálicas deflectidas de lo grau (bregmá-
ticas):
• Apresentação à altura das espinha ciáticas
• Glabela ou raiz do nariz nas de 2o grau
(plano “0”de DeLee). (fronte);
É a relação do dorso fetal com o lado direito ou Na situação transversa, a apresentação é córmica. A
esquerdo materno. variedade mais freqüente é a de ombro e o ponto de referência
fetal é o acrômio. Outras variedades são a de "flanco" e a de
"dorso".
688
GINECOLOGIAEOBSTETRÍCIA
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
NOMENCLATURA OBSTÉTRICA
689
PONTO DE LINHA DE
SITUAÇÃO APRESENTAÇÃO SÍMBOLO
REFERÊNCIA ORIENTAÇÃO
{ {
Vértice ou de
Flectida Lambda Sutura sagital O
{
occipital
Face Mento
Linha facil M
Fonte:
http://misodor.com/TRAJETOSOBSTETRICOS.php
https://pt.slideshare.net/Raquelamanna/
estatica-fetal-e-relaes-tero-fetais
Relações Útero-Fetais
690
GINECOLOGIAEOBSTETRÍCIA
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
PARTOGRAMA
O
partograma, é um gráfico onde são anotados a progres-
são do trabalho de parto e as condições materna e fetal,
tem sido usado desde 1970 para detectar a progressão
anormal do trabalho de parto, para indicar quando a condução do
trabalho de parto é apropriada e para reconhecer uma despro-
porção céfalopélvica muito antes do trabalho de parto tornar-se
obstruído. O partograma serve como um ”sistema precoce de
aviso” e ajuda numa decisão antecipada em transferir, conduzir e
finalizar o trabalho de parto. Ele também aumenta a qualidade e a
regularidade de todas as observações da mãe e do feto, ajudan-
do no reconhecimento precoce de problema com eles.
A FASE LATENTE
691
à direita da linha de alerta. Sugere-se que se a dilatação cervi-
cal alcançar esta linha, deverá ser feito um acompanhamento
crítico da causa da demora e tomada uma decisão apropriada
para eliminar a causa. É importante notar a descida da cabeça
fetal através da pelve e a qualidade da atividade uterina.
A CONDIÇÃO FETAL
A CONDIÇÃO MATERNA
Fonte:
http://www.saude.pr.gov.br/arquivos/File/
SPP_Arquivos/comite_mort_mat_infant/partograma/
6principios_e_estrategiaspartograma.pdf
692
GINECOLOGIAEOBSTETRÍCIA
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
DISTOCIAS
É
por definição a anormalidade no desenrolar do trabalho
de parto. Tem como causa alterações em um ou mais DISTOCIAS DE FASE ATIVA
dos fatores determinantes do processo: força, trajeto e
objeto. Assim, faz-se necessário o conhecimento de um trabalho
de parto eutócico, a saber: • Fase ativa prolongada (Distócia Funcio-
nal): Caracteriza-se por velocidade da dilatação
inferior a 1,0 cm/h no primeiro período do parto.
TRABALHO DE PARTO NORMAL (EUTÓCICO) Principal causa é a hipocontratilidade ou a inco-
ordenação das contrações.
Segundo Friedman (década de 50), a velocidade de
dilatação esperada para a mulher que entra na fase ativa do • Parada secundária de dilatação: Dilata-
trabalho de parto (após alcançar 3,0 – 4,0 cm de dilatação), é: ção cervical permanece a mesma em dois ou
mais toques sucessivos (intervalo entre os
toques de duas horas ou mais). Principal causa
é a desproporção céfalo-pélvica absoluta ou
• Nulíparas 1,2 cm/h.
relativa.
• Multíparas 1,5 cm/h.
• Parto Precipitado ou Taquitócico: Carac-
teriza-se pela curva de dilatação muito rápida e
A descida mínima na fase ativa é: excessivo padrão de contrações. Principal
causa decorre da taquissistolia e hiperssistolia.
• Nulíparas 1,0 cm/h
• Multíparas 2,0 cm/h
693
DISTÓCIAS DE PERÍODO EXPULSIVO • Distócias de partes moles: Edema de
colo, estenoses cervicais por cirurgias prévias,
câncer de colo uterino, miomas cervicais ou
vaginais, septos vaginais, cistos vaginais e con-
• Período Expulsivo Prolongado: Quando dilomas volumosos.
a descida da apresentação acontece de manei-
ra muito lenta. Principal causa é a hipocontrati-
lidade uterina.
TERMOS CORRELATOS
• Parada secundária da descida: Caracte-
riza-se pela ausência de descida da apresenta- Parada de progressão (2-4h de franco trabalho de
ção em dois toques sucessivos com intervalo
parto, sem mudanças na dilatação ou 1h de franco trabalho de
de 1hr ou mais, desde que a dilatação do colo
parto sem descida);
esteja completa.
Desproporção céfalo-pélvica;
• Oligossistolia
• Polissistolia
694
GINECOLOGIAEOBSTETRÍCIA
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
PELVIMETRIA CLÍNICA
CONJUGATA OBSTÉTRICA
695
DIÂMETRO BI-ISQUIÁTICO (BI-TUBEROSO) PELVIMETRIA
Avalia o estreito médio e seus vícios. Mede cerca de Na presença de vícios do estreito superior, o plano
11,0 cm. Considerado reduzido quando menor que 10,0 cm. ósseo da cabeça ultrapassa a borda superior da sínfise púbica
(sinal de Muller) e, à compressão cefálica, realizada pelo
abdome, não conseguimos penetrar a apresentação no estreito
ARCO PÚBICO (ÂNGULO SUB-PÚBICO)
superior (prova de Muller). Em vícios do estreito inferior, observa-
mos as espinhas ciáticas salientes e a curvatura sacral reduzida.
Avalia o estreito inferior e seus vícios. Adequado se
90 graus, largo e arredondado. Inadequado quando menor
Promontório facilmente palpável ao toque vaginal e
que 70 graus, estreito e profundo.
diâmetro bi-isquiático estreito (menor que 9,0 cm) são sinais de
vício pélvico absoluto, estando a cesariana indicada.
INCLINAÇÃO E COMPRIMENTO DO SACRO
http://www.ebserh.gov.br/documents/214336/
1109086/PRO.OBS.008+-+REV1+DIST%C3%93
CIAS.pdf/dde569ef-9f71-4ef1-8ebd-67552e92b203
696
GINECOLOGIAEOBSTETRÍCIA
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
SOFRIMENTO FETAL
SOFRIMENTO FETAL AGUDO • RCIU
Q
• Circulares, nós, procidências ou prolap-
ualquer fator que subitamente interfira nas trocas gaso-
sos de cordão (ou qualquer outra situação de
sas materno-fetais, causará sofrimento fetal agudo.
compressão funicular )
Geralmente ocorre durante o trabalho de parto, mas
pode acontecer em outras situações. O comprometimen-
• Parto prolongado
to das trocas gera hipoxemia e hipercapnia, levando a acidose
metabólica fetal, que é um dos marcadores mais fidedignos de
SFA.
697
cardia, bradicardia ou desacelerações à ausculta intermitente.
As alterações da CTG podem ser basais (da FCF O tratamento dos casos onde há evidência de SFA
basal ou da variabilidade) ou transitórias (acelerações e desa- consiste na ressuscitação fetal intraútero, seguida de finaliza-
celerações). A FCF basal deve estar entre 110 e 160 bpm. ção do parto pela via mais rápida, se a CTG persiste suspeita.
Variações acima ou abaixo desses limites que persistam por no Os casos que se encaixam nessa situação são aqueles com
mínimo 10 minutos, constituem taquicardia ou bradicardia fetal, variabilidade ausente (com desacelerações recorrentes tipo II
respectivamente. A oscilação da linha de base, por sua vez, é ou III ou com bradicardia) ou padrão sinusoidal. As principais
anormal se menor que 5 bpm. medidas são:
Fonte:
CONDUTA
Protocolos de Obstetrícia da Secretaria da Saúde do
Estado do Ceará.
A conduta visando prevenir SFA inclui: evitar amnioto-
mia desnecessária, não acelerar o parto que progride normal- www.saude.ce.gov.br/index.php/downloads/category/
mente, não induzir parto eletivamente (a menos que haja indica- 58-livros-revistas-e-folderes-?download=1562%
3Aprotocolos-de-obstetricia-da-secretaria-da-saude-do-
ção de antecipação do mesmo), monitorar todas as gestações
estado-do-ceara sofrimento fetal ministerio da saúde
de alto risco e os partos induzidos e usar a menor dose de
ocitocina possível. É necessária a avaliação adicional de fetos
com CTG não reativas, para distinguir entre os não hipoxêmi-
cos (ou hipoxêmicos compensados), dos acidóticos, devido a
alta taxa de falso positivo da CTG.
698
GINECOLOGIAEOBSTETRÍCIA
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
PÓS DATISMO
C
onceitua-se gestação prolongada, também vezes por semana. O parto deve ser realizado se
referida como pós-datismo, aquela cuja houver oligohidramnio, presença de mecônio à
idade gestacional na mulher encontra-se amnioscopia ou evidências de comprometimento
entre 40 e 42 semanas. fetal.
A dopplerfluxometria não tem nenhum benefício
Gravidez pós-termo é aquela que ultrapassa comprovado na avaliação desses fetos e não é recomendada
42 semanas. A função placentária atinge sua pleni- para esta indicação.
tude em torno da 36ª semana, declinando a partir
de então. A placenta senil apresenta calcificações e
outras alterações que são responsáveis pela dimi-
Fonte:
nuição do aporte nutricional e de oxigênio ao feto,
associando-se, dessa maneira, com o aumento da http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/
morbimortalidade perinatal. caderno_32.pdf
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/
A incidência de pós-datismo é em torno de gestacao_alto_risco.pdf
5%. O diagnóstico de certeza somente pode ser
feito com o estabelecimento precoce da idade ges-
tacional, que pode estar falseado na presença de
irregularidades menstruais, uso de anticoncepcio-
nais hormonais, lactação etc. Nessas situações, o
exame ultrassonográfico precoce é recurso eficaz
no correto estabelecimento da idade gestacional.
CONDUTA
699
ROTURA PREMATURA
DE MEMBRANAS
rotura prematura de membranas ovulares
(RPM) ou amniorrexe prematura ou rotura da
bolsa de águas é o quadro caracterizado pela
rotura espontânea das mesmas antes do começo do
trabalho de parto. Quando ocorre antes do termo, ou
seja, antes de 37 semanas, denomina-se rotura
prematura de membranas pré-termo (RPMPT) e no
termo denomina-se rotura prematura de membranas
no termo (RPMT).
DIAGNÓSTICO
700
Ética médica
GINECOLOGIAEOBSTETRÍCIA
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
Exame especular:
• Hemograma completo;
701
Cuidados gerais:
702
GINECOLOGIAEOBSTETRÍCIA
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
Aponte com seu PCR e o fluxo anormal pela cervix ao exame especular.
leitor QRCode
Doença Trofoblástica e
Descolamento Prematura
de Placenta Via e condições de assistência ao parto:
Critérios para interrupção da gestação: dependerá do estado cervical. Naquelas com escore de
Bishop ≥ 6, a indução do parto pode ser feita com ocito-
• Gestação até 20 semanas, respeitadas as limita- cina.Naquelas com escore de Bishop <6, pode-se
ções legais, e além de 34 semanas; avaliar a utilização de misoprostol para amadureci-
mento cervical, desde que o processo de indução não
• Trabalho de parto espontâneo; seja muito prolongado (<24 horas). Em situações onde
a indução poderá ser prolongada, considerar a realiza-
• Sinais de comprometimento fetal; ção de cesariana.
703
TRABALHO DE PARTO
PREMATURO
c onceitua-se gravidez pré-termo aquela cuja
idade gestacional encontra-se entre 22 (ou 154
dias) e 37 (ou 259 dias) semanas. Nesse perío-
do, o trabalho de parto é caracterizado pela presença
de contrações frequentes (uma a cada 5 a 8 minutos)
EXAME FÍSICO
DIAGNÓSTICO
• Fazer ausculta e contagem de batimentos
Na anamnese deve-se avaliar fatores de risco cardiofetais com estetoscópio de Pinard ou por inter-
(fisiológicos, comportamentais e psicossociais), médio do sonar-doppler.
problemas na gravidez atual, complicações clínicas
associadas e estado fetal.
• Se houver história de eliminação de líquido pela
vagina, avaliar a possibilidade de rotura de membranas
FATORES DE RISCO ASSOCIADOS A PREMATURIDADE
por meio de exame especular.
Rotura prematura de membra- visual pode ser utilizada para avaliar o colo. Quando
Comprimento cervical < 3cm nas pré-termo
decidido pelo toque vaginal, devem ser tomados cuida-
Baixo nível socioeconômico Descolamento de placenta dos para evitar sangramento ou infecções.
Idade materna < 15 anos Presença de DIU
ou > 40 anos
• Se não houver rotura de membranas ou suspei-
Complicações maternas Mioma (particularmente
(clínicas ou obstétricas) submucoso ou subplacentário) ta de placenta prévia, realizar exame digital cervical.
Atividade física aumentada Anomalias uterinas Sinais de maturidade cervical (escore ou índice de
Bishop elevados) são preditivos para risco de parto
Tabagismo Insuficiência istmo-cervical
prematuro.
Uso de cocaína Infecções maternas
704
GINECOLOGIAEOBSTETRÍCIA
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
705
FLUXOGRAMA PARA PROFILAXIA DA INFECÇÃO NEONATAL
CORTICOSTEROIDES PELO ESTREPTOCOCO DO GRUPO B
706
GINECOLOGIAEOBSTETRÍCIA
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
Fontes:
707
SÍNDROME DOS
OVÁRIOS POLICÍSTICOS
A
síndrome dos ovários policísticos (SOP) tem redefinidos no Consenso de Rotterdam, devendo
uma incidência alta na população de mulheres incluir pelo menos 2 dos 3 critérios seguintes, após
adultas jovens, da ordem de 8%, o que a torna exclusão de outras causas conhecidas de hiperan-
um dos distúrbios hormonais mais frequentes drogenismo:
nessa faixa etária. Pode ser clinicamente suspeitada
frente a manifestações de hiperandrogenismo (hirsutis- • Disfunção ovulatória;
mo, acne, alopecia) e ciclos menstruais irregulares.
• Evidência de hiperandrogenismo clínico (sinais
e sintomas) ou laboratorial (concentrações aumenta-
das de androgênios séricos); ou
708
GINECOLOGIAEOBSTETRÍCIA
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
uma relação cintura/quadril maior que 0,95 para lesterol acima de 160 mg/dL e/ou não HDL-colesterol
homens ou 0,85 para mulheres confere um risco signi- acima de 130 mg/dL. O objetivo seria uma redução
ficativo de anormalidades metabólicas em indivíduos do LDL-colesterol abaixo de 100 mg/dL ou 70 mg/dL,
com um índice de massa corporal entre 25,0 e 34,9 na dependência da presença de diabetes, síndrome
kg/m2 . A comparação de parâmetros clínicos e labo- metabólica ou doença vascular. Das opções existen-
ratoriais de pacientes obesas e não obesas portado- tes, a única experiência no tratamento da SOP se
ras da síndrome dos ovários policísticos evidenciam o refere às estatinas. Drogas antihipertensivas devem
impacto da obesidade sobre a síndrome, com uma ser utilizadas na presença de níveis pressóricos acima
maior prevalência de distúrbio menstrual, infertilidade, de 140/90 mmHg, quando não ocorre resposta à
hirsutismo e acantose nigricans. Da mesma maneira, mudança de estilo de vida. Deve-se dar preferência
uma redução de peso da ordem de 5 a 10% e suficien- aos inibidores de enzima de conversão e bloqueado-
te para permitir a normalização do ciclo menstrual. res do receptor da angiotensina sobre os beta-blo-
queadores e diuréticos. O objetivo do tratamento é a
Possivelmente a resistência à insulina é o elo redução dos níveis pressóricos a 120/80 mmHg. A
entre a síndrome, os distúrbios metabólicos complica- experiência com o uso de drogas antiobesidade (clo-
ções metabólicas e o aumento do risco cardiovascular. ridrato de sibutramina, orlistat e fentermina) é limitada
na SOP, não havendo consenso se devem ou não ser
utilizadas.
TRATAMENTO
Fontes:
709
MÉTODOS
CONTRACEPTIVOS
A
assistência em anticoncepção pressupõe a
oferta de todas as alternativas de métodos
anticoncepcionais aprovadas pelo Ministério
da Saúde, bem como o conhecimento de
suas indicações, contra-indicações e implicações de
uso, garantindo à mulher, ao homem ou ao casal os
elementos necessários para a opção livre e conscien-
te do método que a eles melhor se adapte.
710
GINECOLOGIAEOBSTETRÍCIA
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
Categoria 2:
711
Categoria 3:
• Método ogino-knaus (ritmo, calendário ou
Os riscos decorrentes do seu uso, em geral superam os tabelinha);
benefícios do uso do método. Quando há uma condição • Método da temperatura basal corporal;
da categoria 3 para um método, este deve ser o método • Método do muco cervical ou billings;
de última escolha e, caso seja escolhido, é necessário
• Método sinto-térmico.
um acompanhamento rigoroso da/o usuária/o.
Categoria 4:
MÉTODOS DE BARREIRA
O método não deve ser usado, pois apresenta um risco
inaceitável. Nas situações em que a usuária apresenta São métodos que colocam obstáculos
mais do que uma condição da categoria 3, o método não
mecânicos ou químicos à penetração dos
deve ser usado. Também, nas situações em que não é
espermatozóides no canal cervical. Os métodos de
possível um acompanhamento rigoroso da usuária,
barreira disponíveis em nosso meio são:
recomenda-se que as condições listadas na categoria 3
sejam consideradas como da categoria 4, ou seja, o
preservativos (condons ou camisinhas), masculinos e
método não deve ser usado. femininos; diafragma; e os espermaticidas químicos.
• Preservativo masculino
• Preservativo feminino
MÉTODOS COMPORTAMENTAIS
• Diafragma
712
GINECOLOGIAEOBSTETRÍCIA
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
receptores de estradiol no endométrio, atrofia
Tipos de pílula: endometrial e inibição da passagem do
espermatozóide através da cavidade uterina.
Classificam-se em combinadas e apenas com
progestogênio ou minipílulas; as primeiras com- A taxa de falha do MLCu 375 é de 1.4%, no
põem-se de um estrogênio associado a um proges- primeiro ano de uso. Possivelmente pela melhor
togênio, enquanto a minipílula é constituída por distribuição do cobre na cavidade uterina esta taxa
progestogênio isolado. As combinadas dividem-se com o DIU Tcu-380 é cerca de 0,6 a 0,8% no
ainda em monofásicas, bifásicas e trifásicas. Nas primeiro ano de uso.
monofásicas, a dose dos esteróides é constante nos
21 ou 22 comprimidos da cartela. As bifásicas contêm A taxa de gravidez do DIU com levonorgestrel
dois ou três tipos de comprimidos com os mesmos
é de 0,1% no primeiro ano de uso.
hormônios em proporções diferentes.
O índice de gestações, expulsão e remoção
por motivos médicos diminui a cada ano de uso. As
concentrações de cobre e de levonorgestrel no trato
genital superior caem rapidamente após a remoção
ANTICONCEPÇÃO HORMONAL INJETÁVEL do DIU e a recuperação da fertilidade é imediata.
713
• O tempo pós-parto.
Os relatos dos resultados das microcirurgias • O padrão de amamentação.
apontam para até 90% de taxa de recanalização. Vale
ressaltar que nem sempre recanalização significa A mulher que passa da amamentação exclusi-
gravidez e que uma alta proporção das gravidezes va para parcial deve iniciar o uso de outro método se
após recanalização termina sendo tubária. São poucos o parto tiver ocorrido há mais de 45 dias.
os casais que conseguem realizar esta cirurgia, por
falta de serviços especializados, desistência devido à
necessidade de múltiplos exames ou medo de nova Fontes:
cirurgia. Por estas razões, a esterilização sempre deve
ser considerada como definitiva, o que enfatiza a Manual de assistência em planejamento familiar
importância de aconselhamento muito cuidadoso e
completo dos casais que solicitam estes métodos. http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/
0102assistencia1.pdf
• Laqueadura tubária
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/
• Vasectomia
0102assistencia2.pdf
714
GINECOLOGIAEOBSTETRÍCIA
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
FISIOLOGIA
DO CICLO MENSTRUAL
duração de um ciclo menstrual típico é de 28 No final da fase luteínica do ciclo anterior, vamos
dias, podendo variar entre os 21 e os 35 dias. encontrar as concentrações plasmáticas de FSH e
O primeiro dia de menstruação é também o "dia LH nos seus níveis mais baixos. Um a dois dias antes
1" do ciclo. da menstruação, a concentração de LH começa a
subir, seguindo-se, mais tardiamente, a subida da
concentração de LH. Os estrogénios (estradiol,
O CICLO OVÁRICO produzido predominantemente pelo folículo dominan-
te e estrona, produzido perifericamente, a partir de
O ciclo ovárico divide-se, fisiologicamente, em estradiol e androstenediona) aumentam gradualmen-
3 fases sequenciais: te, estimulados pelas concentrações crescentes de
FSH na metade inicial da fase folicular. Na segunda
• Fase folicular, que se inicia com a hemorragia metade da fase folicular, a concentração de FSH cai
menstrual e se prolonga por 15 dias (variando entre moderadamente, enquanto a concentração de LH
os 9 e os 23 dias). continua a subir lentamente.
• Fase ovulatória, com 1 a 3 dias de duração, Pelo 5º-7º dias da fase folicular estabelece-se
culminando na ovulação. a dominância folicular, isto é, um folículo suplanta os
outros, em termos de velocidade de crescimento.
• Fase luteínica, com uma duração mais cons- Este folículo dominante é o melhor vascularizado,
tante de, aproximadamente, 13 dias, terminando com pelo que se encontra mais acessível à ação da FSH.
o início da hemorragia menstrual. Tem, por isso, mais receptores para o FSH e de sínte-
se de estradiol.
715
rona. As altas concentrações de progesterona exer-
• A nível hipotalámico são bloqueadas as influ-
ências inibitórias dopaminérgicas e endorfinérgicas, cem, em conjunto com o estradiol, feedback negativo
resultando em aumento dos pulsos de GnRH. sobre a secreção de LH e FSH. O corpo amarelo
produz, ainda, inibina A, que exerce a mesma função.
• A adenohipófise, sensibilizada pela exposição
prévia ao estradiol, responde lançando em circulação A supressão da secreção de FSH retarda o
as reservas de LH acumuladas. A concentração plas-
desenvolvimento de novos folículos, impossibilitando
mática de LH sobe em pico. Como o GnRH também
estimula a secreção de FSH, há também um pico de
novas ovulações nos dias seguintes do ciclo. A perda
concentração deste hormônio. do suporte gonadotrófico e a secreção, pelo útero, de
um hormônio designado por luteolisina (prostaglandi-
na) levam à involução e atresia do corpo amarelo,
caindo as concentrações de estrogénios e progeste-
MECANISMO DA OVULAÇÃO rona para níveis muito baixos. Se houver fertilização e
gravidez, a gonadotrofina coriónica (HCG) e a prolac-
Na preparação da ovulação, ocorrem no ovário tina, pelo seu efeito luteotrófico, mantêm funcionante
uma série de acontecimentos finamente regulados. o corpo amarelo.
Antes de mais, o folículo pré-ovulatório tem de sofrer
maturação, seguindo-se a expansão do cumulus
oophorus e, finalmente, a rotura da parede folicular. A Fontes:
maturação folicular deve-se às ações combinadas da
FSH, do estradiol e de vários fatores de crescimento. http://www.uff.br/WebQuest/downloads/
FisiolApRepFem.pdf
O folículo pré-ovulatório expressa hormônios
esteroidogênicos, necessários à síntese de estradiol,
que despoleta o pico de LH. O LH em altas concentra-
ções, atuando no folículo maduro, bloqueia a expres-
são dos genes associados à foliculogênese, isto é,
dos genes que controlam a proliferação da granulosa
- IGF-1, receptor da FSH.
FASE LUTEÍNICA
716
GINECOLOGIAEOBSTETRÍCIA
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
AMENORREIA
menorreia é a ausência de menstruação. Divi-
de-se em:
717
Investigação laboratorial: (dosagens de FSH, LH, TSH e
prolactina) nessas pacientes encontra-se normal.
Septo vaginal transverso:
Causa relativamente rara de amenorréia primária. Cromatina sexual de Barr: estabelece um diagnóstico
diferencial entre a síndrome de Rokitansky-Küster-Hauser
• Clínica: Dores pélvicas cíclicas, sintomas de (cromatina positiva) e a síndrome da feminização testicular
obstrução e urgência miccional pela falta de canalização (cromatina negativa). A constituição cromossômica do
718
GINECOLOGIAEOBSTETRÍCIA
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
• Clínica: Inexistem estigmas da síndrome de
ângulo do cotovelo e desenvolvimento sexual secundário Turner ou anomalias extragenitais. A única anomalia
retardado, além de amenorréia hipoestrogênica encontrada são as gônadas em fita.
hipergonadotróica. Apresentações clínicas menos
comuns: coarctação da aorta e anormalidades do
sistema coletor renal. Síndrome dos ovários resistentes:
719
Terapêutica: Nos distúrbios ovarianos se faz
COMPARTIMENTO IV: DISTÚRBIOS
necessária a substituição hormonal a partir da idade
HIPOTALÂMICOS
óssea de 11-12 anos. A substância de escolha para o
início da terapêutica é o estradiol ou valerato de
Pacientes com amenorréia hipotalâmica
estradiol (evita-se o etinilestradiol) com acréscimo da
progesterona seis meses depois. Na presença de (hipogonadismo hipogonadotróico) têm deficiência na
cromossomo Y (alguns mosaicismos e disgenesia secreção pulsátil de GnRH. É causa mais comum de
gonadal XY) é mandatória a extirpação gonadal pelo amenorréia secundária. Dentre algumas causas podemos
risco de malignização tumoral.
citar: anorexia nervosa, desnutrição, tensão emocional e
obesidade (não hipogonadotróica e sim por anovulação). A
COMPARTIMENTO III: DISTÚRBIOS DA síndrome de Kallmann (hipogonadismo hipogonadotróico
HIPÓFISE ANTERIOR
associado a anosmia por sulcos olfatórios hipoplásicos ou
ausentes) se encontra entre as causas menos comuns.
A amenorréia primária de causa hipofisária é muito
rara. As causa principais são: processos inflamatórios (síilis,
AMENORREIA SECUNDÁRIA
tuberculose, doenças autoimunes) e tumores com ou sem
atividade endócrina (craniofaringeoma). Gestação é a causa mais comum de
amenorréia secundária. Depois de excluída a
A hiperprolactinemia é a causa principal de amenorréia gestação, as causas mais comuns são: causas
ovarianas (40%), disfunção hipotalâmica (35%),
hipofisária secundária, sendo rara na amenorréia primária.
doença pituitária (19%), causas uterinas (5%) e
Esta é desencadeada principalmente por prolactinoma e outras (1%).
hipotireoidismo.
Avaliação: A avaliação diagnóstica da amenorréia
secundária inclui anamnese, exame físico, exames
• Clínica: Esta se baseia pela clínica característica da
laboratoriais e de imagem. A anamnese deve abordar
patologia de base e nos casos de grandes tumores por a prática de exercícios físicos intensos, perda de
sintomas de compressão (cefaléia, distúrbios neurológicos, peso, atividade sexual, uso de medicações
(anticoncepcionais orais, antipsicóticos,
diminuição do campo visual etc.).
antidepressivos, antihipertensivos, opióides, entre
outros), doenças prévias, antecedentes de
• Diagnóstico: A história clínica, o exame físico e o manipulação uterina, história de radiação pélvica,
exame ginecológico devem estar presentes em todas as história de quimioterapia ou irradiação do sistema
nervoso central (SNC), fatores estressores,
avaliações diagnósticas. Raio X de sela túrcica e
galactorréia, sintomas vasomotores, distúrbios
eventualmente tomografia computadorizada e ressonância visuais e cefaléia. As pacientes que suspendem o
magnética para evidenciação de tumor. Dosagens de uso de anticoncepcional hormonal, após uso
prolactina e TSH para se evidenciar hiperprolactinemia ou prolongado, podem não ter o retorno imediato da
função hipotalâmica, devido ao bloqueio do eixo
hipotireoidismo.
hipotálamo-hipófise por longo período de tempo.
Tratamento da patologia de base, tratamento cirúrgico de Nestas, pode ocorrer amenorréia fisiológica por até
acordo com a natureza do tumor. Nos casos de seis meses após o último comprimido ou doze meses
prolactinomas, somente após adequada avaliação do tumor
após a última administração da injeção de acetato de
medroxiprogesterona.
se pode decidir pela cirurgia ou tratamento com
bromocriptina. O exame físico da paciente deve incluir:
exame da pele em busca de sinais de
720
GINECOLOGIAEOBSTETRÍCIA
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
721
SÍNDROMES
HIPERTENSIVAS DA GRAVIDEZ
HIPERTENSÃO ARTERIAL
Para a medida da pressão arterial, deve-se dar Menos de 100.000/mm3, com maior gravida-
preferência aos aparelhos de coluna de mercúrio ou de quando menor que 50.000/mm3.
aneroides calibrados. Os aparelhos automáticos
(digitais) só devem ser utilizados se forem correta- ELEVAÇÃO DE ENZIMAS HEPÁTICAS
mente validados para uso em pré-eclâmpsia.
722
GINECOLOGIAEOBSTETRÍCIA
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
HIPERTENSÃO CRÔNICA
• Acidente vascular cerebral
• Sinais de insuficiência cardíaca, ou cianose
Observada antes da gravidez, ou antes de 20
• Presença de RCIU (restrição de crescimento intrau-
semanas de gestação, ou diagnosticada pela primeira
terino) e/ou oligohidrâmnio
vez durante a gravidez e não se resolve até 12 sema-
nas após o parto.
A eclâmpsia caracteriza-se pela presença de
PRÉ-ECLÂMPSIA/ECLÂMPSIA convulsões tônico-clônicas generalizadas ou coma
em mulher com qualquer quadro hipertensivo, não
Hipertensão que ocorre após 20 semanas de causadas por epilepsia ou qualquer outra doença
gestação (ou antes, em casos de doença trofoblástica convulsiva. Pode ocorrer na gravidez, no parto e no
gestacional ou hidrópsia fetal) acompanhada de puerpério imediato.
proteinúria, com desaparecimento até 12 semanas
pós-parto. Na ausência de proteinúria, a suspeita se PRÉ-ECLÂMPSIA SOBREPOSTA À HIPERTEN-
fortalece quando o aumento da pressão aparece SÃO CRÔNICA
acompanhado por cefaleia, distúrbios visuais, dor
abdominal, plaquetopenia e aumento de enzimas hepá- É o surgimento de pré-eclâmpsia em mulheres
ticas. com hipertensão crônica ou doença renal. Nessas
gestantes, essa condição agrava-se e a proteinúria
Um aumento de 30mmHg na pressão sistólica surge ou piora após a 20a semana de gravidez. Pode
ou 15mmHg na diastólica quando os valores absolutos surgir trombocitopenia (plaquetas <100.000/mm3) e
estejam abaixo de 140/90mmHg não deve ser usado ocorrer aumento nas enzimas hepáticas.
como critério diagnóstico. Na presença de um aumen-
to de 30mmHg na sistólica ou 15mmHg na diastólica, HIPERTENSÃO GESTACIONAL (SEM PRO-
deve-se fazer medidas de pressão e consultas mais TEINÚRIA)
frequentes, com observação mais amiúde, especial-
mente se houve proteinúria e hiperuricemia (ácido Como a proteinúria pode aparecer tardiamen-
úrico maior ou igual a 6mg/dL). te, o diagnóstico será retrospectivo, sendo necessá-
rio afastar pré-eclâmpsia. Deve-se seguir as condutas
A pré-eclâmpsia é classificada em leve ou clínicas e obstétricas recomendadas para pré-e-
grave, de acordo com o grau de comprometimento. clâmpsia.
Considera-se grave quando presente um ou mais dos
seguintes critérios: (1) hipertensão transitória da gravidez: a pressão
retorna ao normal até 12 semanas após o parto (diag-
• Pressão arterial diastólica igual/maior que
nóstico retrospectivo) ou
110mmHg
(2) hipertensão crônica: a elevação da pressão arte-
• Proteinúria igual/maior que 2,0g em 24 horas ou 2+
rial persiste além de 12 semanas após o parto.
em fita urinária
• Oligúria (menor que 500ml/dia, ou 25ml/hora)
• Níveis séricos de creatinina maiores que 1,2mg/dL O edema ocorre com muita frequência em
• Sinais de encefalopatia hipertensiva (cefaleia e gestantes e por isso não deve ser usado como discri-
distúrbios visuais) minador neste esquema de classificação.
• Dor epigástrica ou no hipocôndrio direito
• Evidência clínica e/ou laboratorial de coagulopatia
• Plaquetopenia (<100.000/mm3)
• Aumento de enzimas hepáticas (AST ou TGO, ALT
ou TGP, DHL) e de bilirrubinas
• Presença de esquizócitos em esfregaço de sangue
periférico
723
com ultrassonografia precoce. Deve-se realizar ainda
um exame de ultrassonografia adicional com 25 – 28
semanas para avaliação do crescimento fetal.
724
GINECOLOGIAEOBSTETRÍCIA
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
AVALIAÇÃO LABORATORIAL E SUA JUSTIFICATIVA PARA GESTANTES QUE DESENVOLVEM
HIPERTENSÃO APÓS A SEGUNDA METADE DA GRAVIDEZ OU QUE APRESENTAM
AGRAVAMENTO DE HIPERTENSÃO PRÉVIA.
EXAME JUSTIFICATIVA
725
INDICAÇÕES PARA O PARTO
AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES FETAIS
MATERNAS FETAIS
726
GINECOLOGIAEOBSTETRÍCIA
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
727
FLUXOGRAMA DE DECISÕES NA PRÉ-ECLÂMPSIA LEVE
Pré-eclâmpsia leve
Cuidados maternos:
♦ PA de 4/4h;
♦ Peso diário.
♦ Pesquisa de sintomas de iminência de eclâmpsia:
o Cefaleia frontal ou occipital persistente; FLUXOGRAMA DE DECISÕES NA
o Distúrbios visuais;
PRÉ-ECLÂMPSIA GRAVE
o Dor epigástrica ou no hipocôndrio direito.
Pré-eclâmpsia grave
♦ Proteinúria na núria de 24 horas;
♦ Hematócrito e plaquetas duas vezes/semana;
♦ Provas de função renal e hepática uma a duas < 34 semanas ≥34 semanas
vezes/semana;
♦ Corticoide se <34 semanas.
Não
Síndrome HELLP
RCF ± Oligohidrâmnio
Doppler fetal com diástole reversa em artéria umbilical Sim
Sintomas persistentes
Trombocitopenia
Trabalho de parto
Não
728
GINECOLOGIAEOBSTETRÍCIA
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
DOSE DO SULFATO DE MAGNÉSIO
ECLÂMPSIA
Dose de ataque – 4,0g (8,0ml de sulfato de
magnésio a 50% com 12,0ml de água bidestilada)
A ocorrência de convulsões em mulheres com em infusão endovenosa lenta (aproximadamente 15
pré-eclâmpsia caracteriza o quadro de eclâmpsia. A minutos) ou 5,0g (10ml de sulfato de magnésio a
conduta clínica visa ao tratamento das convulsões, da 50%) intramuscular em cada nádega.
hipertensão e dos distúrbios metabólicos, além de Dose de manutenção – 1,0g/hora (10ml de
cuidados e controles gerais. sulfato de magnésio a 50% com 490ml de solução
glicosada a 5% a 100ml/hora em bomba de infusão)
CUIDADOS GERAIS ou 2,0g/hora (20ml de sulfato de magnésio a 50%
com 480ml de solução glicosada a 5% a 100ml/ hora
• Manter o ambiente tranquilo, o mais silencioso em bomba de infusão) ou 5,0g (10ml de sulfato de
possível magnésio a 50%) intramuscular de 4 em 4 horas.
• Decúbito elevado a 30º e face lateralizada
• Cateter nasal com oxigênio (5l/min) PLACENTA SAUDÁVEL
PLACENTA PAREDE
• Punção de veia central ou periférica calibrosa
UTERINA
• Cateter vesical contínuo
TERAPIA ANTICONVULSIVANTE
PLACENTA COM PRÉ-ECLÂMPSIA
A terapia anticonvulsivante é indicada para
prevenir convulsões recorrentes em mulheres com CUIDADOS COM O USO DO SULFATO DE MAGNÉSIO:
eclâmpsia, assim como o aparecimento de convulsões
naquelas com pré-eclâmpsia. O sulfato de magnésio é • A administração da dose de manutenção deverá
ser suspensa caso a frequência respiratória tenha menos de
a droga de eleição para tal. Deve ser utilizado nas
16 incursões por minuto, os reflexos patelares estejam
seguintes situações: completamente abolidos ou a diurese seja inferior a 100ml
durante as 4 horas precedentes.
• Gestantes com eclâmpsia • Deve-se utilizar agulha longa e técnica em zigue-
• Gestantes com pré-eclâmpsia grave admitidas -zague para a administração intramuscular.
para conduta expectante nas primeiras 24 horas • O gluconato de cálcio a 10% atua como antídoto. É
• Gestantes com pré-eclâmpsia grave nas quais se indispensável manter sempre à mão uma ampola de 10ml,
para aplicação imediata no caso de eventual parada respi-
considera a interrupção da gestação
ratória, apesar desta raramente ocorrer quando são devida-
• Gestantes com pré-eclâmpsia nas quais se indica a
mente observadas as normas de aplicação e vigilância do
interrupção da gestação e existe dúvida se a terapia
sulfato de magnésio.
anticonvulsivante deve ser utilizada (a critério do médico • Na recorrência de convulsões, utiliza-se mais 2g IV
assistente) e aumenta-se a velocidade de infusão do sulfato de magné-
sio. Na persistência delas, com crises subentrantes, pode-
O sulfato de magnésio pode ser utilizado duran- -se optar pela fenil-hidantoína, segundo o esquema:
te o trabalho de parto, parto e puerpério, devendo ser
mantido por 24 horas após o parto se iniciado antes Dose de ataque: 250mg + SG 5% 250ml IV em gotejamento
até completar a dose total de 750mg.
do mesmo. Quando iniciado no puerpério, deve ser
mantido por 24 horas após a primeira dose. Dose de manutenção: 100mg 8/8h IV e, a seguir, 100mg 8/8
h VO, até a alta.
729
TRATAMENTO DA HIPERTENSÃO AGUDA
Hidralazina: Comece com 5mg (IV) ou 10mg (IM). Se a pressão não controlar (queda de 20% nos
níveis iniciais ou PAD entre 90 e 100mmHh), repita a intervalos de 20 minutos (5 a 10mg dependendo
da resposta). Assim que a pressão estiver controlada, repita se necessário (geralmente em 3 horas).
Se não houver controle após 20mg IV ou 30mg IM, considerar outra droga.
O Nitroprussiato de Sódio às vezes é necessário para a hipertensão que não responde às drogas
acima e se houver sinais de encefalopatia hipertensiva. Comece a uma taxa de 0,25 microgramas/kg/
min até uma dose máxima de 5 microgramas/kg/min. O envenenamento cianídrico fetal pode ocor-
rer se usado por mais de 4 horas. O seu uso está restrito às unidades de terapia intensiva.
Precauções:Hipotensão rápida e grave pode resultar da administração de qualquer uma das dro-
gas acima, especialmente a nifedipina de ação rápida. O objetivo do controle da pressão em situ-
ações de emergência é o controle gradual da hipertensão até os níveis normais (130/80mmHg a
150/100mmHg). Na presença de hipotensão grave manejar com a infusão rápida de cristaloides.
730
GINECOLOGIAEOBSTETRÍCIA
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
SEGUIMENTO PÓS-PARTO
731
150ml/hora. A dosagem de eletrólitos pode ser reali-
zada com os ajustes diários necessários. Na presen-
Diagnóstico diferencial da Síndrome HELLP: ça de oligúria, deve-se fazer uma ou duas infusões
rápidas de 250-500ml de fluidos.
Hepatite virótica, cólica biliar, refluxo gastroesofágico, colecis-
tite, lúpus eritematoso, úlcera gástrica, insuficiência renal
aguda pós-parto, síndrome hemolítico-urêmica, púrpura
trombocitopênica trombótica e púrpura trombocitopênica
autoimune.
732
GINECOLOGIAEOBSTETRÍCIA
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
O diabetes mellitus associado à gravidez pode
“Resgate de Dexametasona” para ser classificado como:
a Síndrome HELLP
• Diabetes gestacional (diagnosticado durante a
ANTEPARTO: 10mg IV de 12 em 12h gravidez).
Sempre que plaquetas ≤ 50.000/µL • Diabetes pré-gestacional (diabetes prévio à gravi-
dez: tipo 1, tipo 2 ou outros).
ALERTA PARA O DESENVOLVIMENTO DE
FALÊNCIA SISTÊMICA DE MÚLTIPLOS ÓRGÃOS
O diabetes pré-gestacional representa 10%
As mulheres com piora dos parâmetros da das gestantes com diabetes na gravidez e requer
síndrome HELLP apresentam risco elevado de morbi- manejo adequado antes mesmo da mulher engravi-
dade e mortalidade. As complicações que podem dar.
surgir são: rotura de hematoma hepático, insuficiência
renal aguda, lesão pulmonar aguda e síndrome de No nível da atenção básica, as equipes devem
angústia respiratória. A intubação e ventilação assisti- estar atentas para com as mulheres diabéticas que
da podem ser necessárias em algumas gestantes. planejam engravidar, já que estas devem ser referen-
, ciadas para centros de atenção secundária ou terciá-
ACONSELHAMENTO SOBRE GESTAÇÕES FUTU- ria visando: compensação metabólica, pré-concep-
RAS ção; avaliação da presença de complicações crôni-
cas da doença; e orientação especializada para a
O risco de recorrência da síndrome HELLP prevenção de malformações fetais, incluindo o uso
pode variar de 19 a 27%. Se a gestação anterior termi- rotineiro de ácido fólico. É importante que essas
nou antes de 32 semanas, o risco de pré-eclâmpsia/e- mulheres engravidem com níveis glicêmicos adequa-
clâmpsia em uma gestação subsequente pode ser de dos, com o objetivo de prevenir as malformações
até 61%. Outras populações podem apresentar um fetais associadas à hiperglicemia periconcepcional e
risco de recorrência de apenas 3-4%. as demais complicações maternas e fetais associa-
das à gravidez. Quanto mais descompensado estiver
o controle glicêmico destas mulheres no momento da
concepção, maior o risco de abortamento e de
malformações do concepto. Mulheres com diabetes
que engravidaram sem esse planejamento também
devem ser encaminhadas a serviço especializado
prontamente.
DIABETES GESTACIONAL
O diabetes gestacional é definido como a
“intolerância aos carboidratos, de graus variados de
intensidade, diagnosticada pela primeira vez durante
a gestação, podendo ou não persistir após o parto”.
No Brasil, a prevalência do diabetes gestacional em
DIABETES mulheres com mais de 20 anos, atendidas no Siste-
ma Único de Saúde, é de 7,6% (IC95% 6,9-8,4 –
O diabetes mellitus é uma doença metabólica critério da Organização Mundial da Saúde), 94% dos
crônica, caracterizada por hiperglicemia. É responsá- casos apresentando apenas tolerância diminuída à
vel por índices elevados de morbimortalidade perina- glicose e seis apresentando hiperglicemia no nível de
tal, especialmente macrossomia fetal e malformações diabetes fora da gravidez.
fetais.
733
diabetes gestacional. Na ausência de fatores de risco
e glicemia de jejum ≤ 85mg/dL, considera-se rastrea-
mento negativo e deve-se repetir a glicemia de jejum
entre a 24ª e 28ª semana de gestação.
734
GINECOLOGIAEOBSTETRÍCIA
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
ADOÇANTES
Adoçantes têm sido utilizados pelas gestan-
GANHO DE PESO RECOMENDADO DE ACORDO COM O ÍNDICE
DE MASSA CORPORAL PRÉ-GRAVÍDICO
tes, tanto por automedicação como por recomenda-
ção médica. O quadro abaixo permite orientação mais
Estado Recomendação Recomendação de Recomendação
Nutricional de ganho de ganho de peso (kg) de ganho de acurada sobre os riscos, dada a variedade disponível
inicial (IMC) peso (kg) total semanal médio no peso (kg) total
no 1º trimestre
2º e 3º semestre
na gestação
no mercado.
Baixo peso
2,3 0,5 12,5-18,0
(BP)
Adequado
1,6 0,4 11,5-16,0
(A)
735
ADOÇANTES DISPONÍVEIS NO MERCADO E SEU GRAU DE RISCO
Risco Ingestão diária
Produtos disponíveis e nomes comerciais
aceitável
Sacarina. C 5mg/kg/dia. Sacarina + ciclamato: Adocyl, Assugrin, Assugrin
Tal & Qual, Dietil, Doce Menor, Sacaryl.
Estévia + ciclamato + sacarina: Lowçucar pó
500g.
Ciclamato. C 11mg/Kg/dia. Sacarina + ciclamato.
Éstevia + ciclamato + sacarina.
Acessulfame + ciclamato: Finett.
Ciclamato + frutose + lactose: Frutak.
Aspartame. B 40mg/kg/dia. Aspartame + agente de corpo: Aspasweet,
Cristaldiet, Doce Menor Gold, Gold Adoce
C em
Fácil, Finn, Lowçucar pó, Stetic, Veado D
mulheres
Ouro, Zero Cal Branco.
com fenil-
Aspartame + açúcar: Sugar Light.
cetonúria
Sucralose. B 15mg/Kg/dia. Sucralose + acessulfame: Línea Sucralose.
Acessulfame-K. B 15mg/Kg/dia. Acessulfame + ciclamato.
Estévia + ciclamato + sacarina + carbohidratos:
Stevita, Lowçucar.Estévia + açúcar mascavo: Lowçúcar
Stévia B(?) 5,5mg/Kg/dia pó 500g.Estévia + Ciclamato + sacarina: Lowçúcar
Líquido
736
GINECOLOGIAEOBSTETRÍCIA
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
podem ser usados quando necessário, de acordo
diárias pela manhã em jejum, antes do almoço, antes
com o perfil glicêmico. O uso de insulinas humanas é
do jantar, uma ou duas horas após o almoço e uma ou
recomendado. A dose total diária deve ser dividida
duas horas após o jantar. Medições adicionais podem
em 2/3 pela manhã e 1/3 à tarde e à noite. A dose do
ser realizadas ao deitar e durante a madrugada (2–3h),
desjejum deve ser dividida em 2/3 de insulina de ação
especialmente em gestantes que apresentarem sinto-
intermediária (ex.: NPH) e 1/3 de insulina regular. A
mas de hipoglicemia noturna. Para tal, as gestantes
dose da noite deve ser dividida ao meio com insulina
devem ser orientadas na monitoração domiciliar das
regular antes do jantar e insulina NPH ao deitar.
glicemias capilares e para o uso adequado dos glicosí-
metros, devendo ser acompanhadas por pessoal de
Diabéticas pré-gestacionais em uso de insuli-
enfermagem treinado.
nas ultrarrápidas (aspart, lispro) podem ser mantidas
com o mesmo esquema.
HIPOGLICEMIANTES ORAIS
Embora já existam estudos com o emprego de EXEMPLO DE USO DE INSULINA EM GESTANTE DE 60KG
hipoglicemiantes orais na gravidez, como a gliburida, COM DOSE DE 0,3 A 0,5U/KG/DIA
os mesmos ainda não devem ser utilizados na prática Manhã Fim de tarde Noite
clínica até que mais estudos possam confirmar a sua (em jejum) (às 18h) (às 22h)
segurança. As mulheres que estiverem em uso dos
Insulina NPH 8-13 U - 3-5 U
mesmos devem interrompê-los ao engravidar.
Insulina
4-7 U 3-5 U -
Regular
INSULINOTERAPIA
Dependendo dos níveis glicêmicos, outras
Nas grávidas com diabetes gestacional, o trata- doses podem ser necessárias, principalmente de
mento com insulina deve ser indicado se após duas insulina regular, para se atingir o objetivo terapêutico.
semanas de dieta os níveis glicêmicos permanecerem As gestantes em uso de insulina e seus familiares
elevados, ou seja, glicemia de jejum maior ou igual a a devem ser orientados para o reconhecimento de
95mg/dL e 1 hora pós-prandial maior ou igual a sinais de hipoglicemia. Na ocorrência destes, deve
140mg/dL. As doses iniciais devem ser de 0,3 a ser realizada medição imediata da glicemia capilar se
0,5U/Kg/dia, preferencialmente em mais de uma dose estiver disponível o glicosímetro. Na ocorrência de
diária. Dividir o total de unidades em duas ou três hipoglicemia e/ou sinais fortemente sugestivos da
doses iguais de insulina NPH, aplicadas às 7h e 22h, mesma, a gestante deve ingerir um copo de leite com
ou às 7h, 12h e 22h. açúcar. Principalmente nas portadoras de diabetes
tipo 1, deve-se disponibilizar o glucagon para uso em
O crescimento fetal exagerado (circunferência casos mais graves (ex.: perda da consciência).
abdominal fetal maior ou igual ao percentil 75 em eco-
grafia obstétrica realizada entre 29 e 33 semanas de
gestação) também é critério para o uso de insulina. CONTROLE OBSTÉTRICO E AVALIAÇÃO FETAL
O objetivo da terapia com insulina é manter os níveis
de glicemia capilar ≤95mg/dL em jejum; ≤100mg/dL A frequência do controle obstétrico depende
antes das refeições; ≤140mg/dL uma hora pós-pran- do grau de comprometimento materno e/ou fetal.
dial; e ≤120mg/dL duas horas pós-prandial. Durante a Mulheres com diagnóstico de diabetes gestacional
noite, os níveis glicêmicos não podem ser menores podem inicialmente ser monitoradas a cada duas
que 60mg/dL. semanas. Naquelas com diabetes pré-gestacional
pode-se realizar um controle semanal ou a cada duas
Nas gestantes pré-diabéticas as necessidades semanas conforme a evolução clínica. A partir das 36
de insulina são maiores e aumentam com a progressão semanas, o controle deve ser ao menos semanal. O
da gravidez, devendo ser monitoradas de acordo com aumento na incidência de alterações hipertensivas na
o perfil glicêmico. gestação com diabetes deve promover cuidados
específicos para sua identificação e manejo.
Esquemas com doses múltiplas de insulina e
associação de insulinas de ação intermediária e rápida O bem-estar fetal se baseia fundamentalmen-
737
te em manter a euglicemia materna. A avaliação fetal
deve ser realizada dependendo da gravidade e das
condições metabólicas da gestante conforme segue:
CESARIANA PROGRAMADA
GESTANTES EM TRABALHO DE PARTO ESPONTÂNEO
PÓS-PARTO
739
após o parto e algumas já ficam diabéticas após a ges-
tação vigente. Daí a necessidade de acompanhar
estas mulheres com estudo da glicemia de jejum anual
pelo resto da vida ou até a confirmação do diagnósti-
co.
TIREOIDOPATIAS
Gravi- Gravidez +
Dosa- Hipotireoi- Hipertireoi- Gravidez +
dez -
gem dismo dismo
Normal dismo
T4 livre D D A A
T4 total A D D/N A A
TSH N A A D D
N – normal; D – diminuído; A – aumentado.
Fonte: LINHARES E. Dosagens Hormonais em Ginecologia e Obstetrícia, 1993
740
GINECOLOGIAEOBSTETRÍCIA
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
HIPOTIREOIDISMO TRATAMENTO
HIPERTIREOIDISMO
741
frequentes (erupções cutâneas, prurido, intolerância
No último trimestre de gestação pode ocorrer gástrica, leucopenia e anemia) até quadros incomuns
remissão espontânea do hipertireoidismo, permitindo a e mais graves (agranulocitose), quando a medicação
suspensão da medicação. deve ser suspensa.
742
GINECOLOGIAEOBSTETRÍCIA
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
743
BLUES DO PÓS PARTO
,DEPRESSÃO PÓS-PARTO E PSICOSE
O
puerpério traz consigo uma nova tarefa para a
mulher – a necessidade de uma rea dapta-
ção diante das mudanças ocorridas com a
chegada do bebê. Essa experiência pode ser entendi-
da como facilitadora de crescimento e desenvolvi-
mento, proporcionando vivências especiais relaciona-
das à reprodução e à perpetuação da espécie.
744
GINECOLOGIAEOBSTETRÍCIA
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
tes psiquicamente, estas mães apresentam um com- cimento dos primeiros laços afetivos. A separação da
portamento mecânico e operatório em que as trocas mãe e de seu bebê é prejudicial, devendo ser criadas
com os filhos mostram se pobres, sem expressões de alternativas de atendimento que não ocasionem sepa-
afeto e as interações lúdicas são quase inexistentes. ração, o que tem causado muitas controvérsias. Torna
Não conseguindo ajustar sua linguagem à da criança, se necessária a participação muito próxima da família,
a mãe a priva de estímulos e informações sobre o junto com a equipe de saúde para que mãe e bebê
meio, o que traz prejuízos cognitivos e emocionais possam permanecer juntos, sob intensa supervisão.
para o bebê. Suscetíveis à fadiga imposta pelos cuida- O objetivo é que a mãe possa exercer, mesmo que de
dos com o recém nascido, choram mais e suportam maneira limitada, a função materna, tendo próxima a
mal os choros dos bebês, mostram se desinteressa- avó do bebê, sua mãe, ou outra figura feminina impor-
das em conversas ou ressentem se em oferecer infor- tante da família com quem ela tenha intimidade e de
mações sobre o bebê, por exemplo, nas consultas quem receba também cuidados. A participação da
pediátricas. figura paterna nos cuidados do bebê é muito impor-
tante para o restabelecimento da saúde mental da
Na psicose puerperal, o funcionamento psíqui- mãe nesta situação, além de possibilitar que o pai
co materno mostra grave comprometimento. É mais descubra em sua mulher resquícios de sua ligação
rara, aparecendo em aproximadamente 1 a 2 mulheres com o bebê, o que trará, para o homem, a lembrança
em cada 1000. Como apresenta maior comprometi- da mãe que ela, em outros momentos anteriores ao
mento emocional, necessita intervenção cuidadosa e nascimento do bebê, já havia sugerido que almejava
criteriosa. Sintomas psicóticos como delírios, alucina- nos cuidados para com seu recém nascido. Isto
ções, agitação psicomotora e estado confusional protegerá a representação que ele criou em relação a
estão presentes. Deve ser lembrado que é possível sua esposa como mãe.
que haja recidivas em outras gestações e que pode
evoluir para quadros depressivos não puerperais ou A tabela a seguir, modificada do Canadian
mesmo outros quadros psicóticos. Requer atenção Mental Health Association (1995), oferece melhor
terapêutica em relação à mãe, à criança e ao estabele- compreensão:
745
CARACTERIZAÇÃO DAS ALTERAÇÕES EMOCIONAIS NO PUERPÉRIO
746
GINECOLOGIAEOBSTETRÍCIA
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
SÍNDROMES HEMORRÁGICAS
E
ntre 10 a 15% das gestações apresentam • Abortamento completo: quando a totalidade
hemorragias. Podem representar complicação do conteúdo uterino foi eliminada.
gestacional ou agravos ginecológicos concomi-
tantes com o período gravídico. • Abortamento incompleto: quando apenas
parte do conteúdo uterino foi eliminado.
HEMORRAGIAS DA PRIMEIRA METADE DA GESTAÇÃO
• Abortamento inevitável: quando há
As mais importantes situações hemorrágicas gestacio- sangramento e dilatação cervical mas ainda não
nais são: ocorreu eliminação de conteúdo uterino.
DIAGNÓSTICO E CONDUTA
747
tada para ficar em repouso, utilizar analgésico se apre- permitir o esvaziamento mais rápido. Quando não for
sentar dor, evitar relações sexuais durante a perda san- possível empregar essa técnica, realiza-se a cureta-
guínea, e retornar ao atendimento de pré- natal. Nos gem uterina. O tratamento alternativo, na indisponibili-
casos em que não ocorre regressão das alterações ou dade de AMIU ou curetagem, estando o colo pervio,
se surgir febre, dor pélvica localizada ou sangramento é misoprostol 400 a 600µg via sublingual. Em úteros
com odor fétido, a mulher deve retornar ao serviço de compatíveis com gestação superior a 12 semanas,
saúde para nova avaliação. Não há evidências de nos casos de abortamento inevitável, recomenda-se
benefício do uso da progesterona nesses casos, pois misoprostol 600µg dose única via oral, ou 400µg
não modifica o curso da gravidez. Os casos de insufici- dose única sublingual. Como estas apresentações
ência de corpo lúteo são raros, precisando de confir- ainda não estão disponíveis no País, sugere-se o
mação diagnóstica para essa indicação. emprego de misoprostol na dose de 200µg de 12 em
12 horas, via vaginal. Após a expulsão, caso haja
suspeita de restos ovulares ou placentários remanes-
centes, realiza-se a curetagem uterina. Em úteros
pequenos, compatíveis com menos de 12 semanas,
também pode ser utilizada a AMIU. Também é impor-
tante avaliar a perda sanguínea e, se extremamente
necessário, far-se-á transfusão sanguínea.
ABORTAMENTO RETIDO
748
GINECOLOGIAEOBSTETRÍCIA
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
749
dotrófico coriônico (βHCG) é de fundamental impor- • Pouca dor ou sangramento;
tância no diagnóstico da gravidez ectópica. Um • Confiabilidade na gestante para seguimento;
exame negativo descarta a possibilidade de gravidez • Nenhuma evidência de rotura tubária;
e um exame positivo a confirma, embora não determi-
• Nível de βHCG <1.000 mUI/ml e em queda;
ne a sua localização. A duplicação dos níveis séricos
de βHCG em 48 horas sinaliza uma gravidez com • Massa ectópica ou anexial <3 cm ou não
desenvolvimento normal. Caso tal duplicação não detectável;
ocorra, trata-se de falha no desenvolvimento da ges- • Ausência de BCF;
tação, podendo tratar-se tanto de uma prenhez ectó- • Estabilidade hemodinâmica.
pica como de um aborto.
Estes casos podem representar uma gesta-
A ultrassonografia também pode ser indispen- ção de localização desconhecida, podendo tratar-se
sável na investigação dos casos suspeitos de gravi- de um aborto ou mesmo gestação ectópica em reso-
dez ectópica. A presença de gestação intraútero lução.
praticamente afasta a possibilidade de ectópica, com
excessão para os casos de gestações heterotópicas, O tratamento clínico com metotrexato (MTX) é
com incidência de 1/30.000. A visualização do saco uma alternativa à cirurgia em mulheres selecionadas.
gestacional e embrião com BCF fora do útero confir- O mesmo deverá ser realizado em centro especializa-
ma gravidez ectópica. Tumoração anexial com presen- do e os critérios de seleção são os seguintes:
ça de líquido livre no fundo de saco posterior aumen-
ta substancialmente a suspeita diagnóstica, devendo • Sinais vitais estáveis e pouca
ser correlacionado com o exame clínico e o βHCG. sintomatologia;
Níveis séricos de βHCG ≥ 1.500 mUI/ml IRP sem • Ausência de contraindicação médica para a
visualização de saco gestacional intraútero fornecem terapia (enzimas hepáticas normais, hemograma e
alta probabilidade diagnóstica de gravidez ectópica.
plaquetas normais);
• Gravidez ectópica íntegra;
• Ausência de atividade cardíaca embrionária;
• Massa ectópica medindo 4cm ou menos;
• Níveis séricos de βHCG <5.000mUI/ml.
750
GINECOLOGIAEOBSTETRÍCIA
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
CONDUTA
O esvaziamento uterino, preferencialmente
por meio de dilatação e aspiração manual intrauterina
(AMIU), é o método mais apropriado para o tratamen-
to inicial da mola hidatiforme. Durante o esvaziamento
uterino recomenda-se o uso de ocitocina 20U em
500ml de soro glicosado a 5% após a cervicodilata-
ção, para diminuir o sangramento e o risco de perfu-
ração uterina. É importante contar com provisão de
sangue para possível necessidade de reposição.
CONTROLE PÓS-MOLAR
Ultrassonografia paciente com mola hidatiforme completa.
Todas as gestantes com mola hidatiforme
devem ter acompanhamento clínico e laboratorial
MOLA HIDATIFORME visando à detecção precoce de recorrência, assim
(NEOPLASIA TROFOBLÁSTICA GESTACIONAL BENIGNA) como a evolução para formas malignas da neoplasia
trofoblástica gestacional.
A frequência é de 1 caso para 2.000 gesta-
ções. As náuseas, vômitos e a mastalgia tendem a
desaparecer progressivamente. A involução uterina e
a suspensão do sangramento ocorrem em cerca de
DIAGNÓSTICO CLÍNICO cinco semanas.
751
HEMORRAGIAS DA SEGUNDA METADE DA GESTAÇÃO FATORES DE RISCO PARA PLACENTA PRÉVIA
• Placenta prévia.
• Descolamento prematuro da placenta. • Cesaria prévia Principal fator de risco;
• Rotura uterina. • Intervenções uterinas anteriores
• Vasa prévia. (miomectomia, curetagem);
• Multiparidade/Intervalo interpartal curto;
• Tabagismo;
• Gemelaridade.
752
GINECOLOGIAEOBSTETRÍCIA
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
EXAME FÍSICO NA SUSPEITA DE PLACENTA PRÉVIA Os exames laboratoriais que devem ser
solicitados na vigência do sangramento são:
• Hematócrito e hemoglobina;
• Sinais vitais;
• Tipagem sanguínea ABO Rh;
• Palpação abdominal;
• Coagulograma: pode ser realizado teste do
• Medida da altura uterina;
coágulo, com coleta de 10ml de sangue em tubo seco
• Ausculta dos batimentos cardíacos fetais;
– deve se formar um coágulo firme após 7–10
• Exame especular cuidadoso;
minutos;
• NÃO realizar toque vaginal até se conhecer a
• A coagulopatia é condição rara na placenta
localização exata da placenta.
prévia.
PROPEDÊUTICA AUXILIAR
CONDUTA
O melhor, mais seguro e mais simples método
para realização do diagnóstico de placenta previa é a No pré-natal: recomenda-se que a gestante
ultrassonografia abdominal. Ela irá nos mostrar exata- com placenta prévia seja encaminhada a um centro
mente a localização placentária e a sua posição em de referência. A conduta nos casos de placenta
relação ao orifício interno do colo do útero. Deve ser prévia vai depender de alguns aspectos:
realizada com bexiga semicheia para a exata localiza-
ção do bordo placentário, pois em placentas anterio- • Quantidade do sangramento e condição
res, quando o exame é realizado com bexiga muito hemodinâmica materna.
cheia, pode haver a falsa impressão de placenta
• Idade gestacional.
baixa. Em placentas posteriores, o bordo placentário
pode estar encoberto pela apresentação fetal.
Nesses casos, a visualização do bordo deve ser feita Em gestantes sem sangramento ativo e feto
por meio de um posicionamento oblíquo do transdu- prematuro, deve ser adotada conduta expectante.
tor em relação à linha média. A ultrassonografia pode Deve ser feito um acompanhamento pré-natal cuida-
ser realizada também pela via transvaginal, principal- doso em centro especializado para atender essa ges-
mente nos casos em que há dúvidas em relação à tante em caso de sangramento excessivo. Não há
posição do bordo placentário. Esse exame deve ser evidências que sugiram que essa gestante deva
realizado de maneira cuidadosa, não introduzindo permanecer hospitalizada até o parto, salvo em con-
mais do que três centímetros do transdutor na vagina dições específicas, como difícil acesso ao hospital.
e este não deve atingir o colo. O número de falsos Essa gestante deve ser orientada a não ter relações
positivos no exame realizado pela via transvaginal é sexuais. O uso de corticoterapia deve ser considera-
menor do que quando realizado pela via abdominal. do para aceleração da maturidade pulmonar. O uso
de suplementação de ferro no pré-natal é indicado
O exame de ecodoppler obstétrico deve ser para evitar anemia, com constante monitoração dos
realizado para diagnosticar acretismo placentário, ou níveis de hematócrito e hemoglobina.
753
Em gestantes Rh-negativo, deve ser feita a sutura B-Lynch, ligadura de artérias uterinas e ilíacas
prescrição de imunoglobulina anti-D quando ela internas e histerectomia. A equipe cirúrgica deve ser
apresentar sangramento. experiente e estar preparada para reverter essa situa-
ção de maneira rápida e eficaz, para não comprome-
No sangramento ativo, a gestante deve ser avaliada ter ainda mais o estado hemodinâmico materno.
principalmente em relação à sua condição hemodinâ- Atualmente os centros mais desenvolvidos têm utiliza-
mica. O sangramento geralmente não é excessivo e do com sucesso a cateterização seletiva dos vasos
não compromete a vitalidade fetal. O uso de tocolíti- uterinos para bloquear temporariamente a circulação
cos parece não aumentar a morbimortalidade nos local e/ou proceder à embolização com o objetivo de
casos de trabalho de parto prematuro, mas estes só reduzir a hemorragia e evitar procedimentos mais
devem ser utilizados se não houver comprometimento invasivos como a histerectomia. Esses procedimen-
hemodinâmico. Essas gestantes devem ser cuidado- tos são caros e exigem unidades e equipes experien-
samente monitoradas durante o seu uso. tes, não estando ainda disponíveis na maioria dos
centros públicos terciários que atendem complica-
Se a gestante estiver no termo ou próxima a ções da gestação e parto.
ele e tiver sangramento, o parto deve ser realizado. A
via de parto é baseada no julgamento clínico, auxilia-
do pela informação ultrassonográfica. Com uma
borda placentária a menos de 2cm do orifício cervical
interno, a chance do parto ser por cesariana aumenta
consideravelmente, especialmente se a placenta for
posterior e com borda espessa (>1cm). Os fatores
clínicos a serem observados na decisão pela via de
parto incluem a altura e o encaixamento da apresen-
tação. Também neste caso o USG pode ajudar na
determinação. Com uma placenta prévia marginal de
menor grau, com borda fina e apresentação cefálica
encaixada, pressionando a borda placentária, o parto
vaginal pode ser permitido. Obviamente que na DESCOLAMENTO PREMATURO DE PLACENTA
placenta prévia centro-total a cesariana é indicação
absoluta, devendo ser realizada com programação O descolamento prematuro de placenta
planejada. Em todos os casos, seja por via vaginal ou (DPP) é definido como a separação da placenta da
por via abdominal, a disponibilidade imediata de parede uterina antes do parto. Essa separação pode
sangue deve ser mandatória. O bloqueio anestésico ser parcial ou total e é classificada em três graus,
locorregional parece ser a melhor alternativa anesté- levando em conta os achados clínicos e laboratoriais,
sica no parto operatório. A incisão uterina preferen- de acordo com classificação de Sher:
cial é a segmentar transversa, mas em algumas situa-
ções, como na apresentação anômala ou placenta CLASSIFICAÇÃO DE SHER
anterior, pode ser necessária a realização de incisão
corporal.
GRAU PARÂMETRO
No acretismo placentário, em 70% dos casos Sangramento genital discreto sem hipertonia uterina significativa.
a histerectomia será realizada no momento do parto, 1
Vitalidade fetal preservada. Sem repercussões hemodinâmicas e
coagulopatia. Geralmente diagnosticado no pós-parto com a identifi-
devendo ser total, já que a invasão placentária ocorre cação do coágulo retroplacentário.
no segmento inferior e colo. Se houver a invasão de
órgãos adjacentes, mais comumente da bexiga, a Sangramento genital moderado e contrações tetânicas. Presença de
placenta não deve ser retirada para evitar sangramen- taquicardia materna e alterações posturais da pressão arterial.
to maciço, procedendo-se a ligadura do cordão próxi- 2 Alterações iniciais da coagulação com queda dos níveis de fibrinogê-
nio. Batimentos cardíacos fetais presentes, porém com sinais de
mo à implantação na placenta, com uso posterior de
comprometimento de vitalidade.
Metotrexate.
O risco de hemorragia pós-parto também Sangramento genital importante com hipertonia uterina. Hipotensão
aumenta em consequência a uma menor contratilida- 3 arterial materna e óbito fetal.
de do segmento inferior do útero devida à invasão
trofoblástica. O uso de uterotônicos associado às
manobras de compressão uterina muitas vezes pode 3A Sem coagulopatia instalada.
não ser suficiente para a resolução da hemorragia,
necessitando de intervenções cirúrgicas como a 3B Com coagulopatia instalada.
754
GINECOLOGIAEOBSTETRÍCIA
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
A hipertensão é responsável por até 50% dos Até 20% dos sangramentos no DPP são ocul-
casos de DPP não traumáticos. Tanto a pré-eclâmp- tos, com formação de coágulo retroplacentário e
sia quanto a hipertensão arterial crônica são fatores infiltração sanguínea intramiometrial. Esse sangra-
de risco importantes para o DPP. OBS.: A ausência mento é responsável pela apoplexia útero-placentária
de hipertensão no momento da chegada não exclui a ou “útero de Couvelaire” que ocasiona déficit contrá-
etiologia hipertensiva, já que a gestante pode estar til, sendo importante causa de hemorragia pós-parto.
chocada. Os procedimentos relacionados à estabili- A coagulopatia pode estar presente no momento do
zação de uma gestante com distúrbios hipertensivos diagnóstico. Esta pode se instalar devido ao consu-
devem ser considerados (como por exemplo o sulfato mo dos fatores de coagulação pelo coágulo retropla-
de magnésio). centário e pela coagulação intravascular dissemina-
da, pela liberação de tromboplastina na circulação
O acidente automobilístico é a maior causa de materna devido ao descolamento placentário.
DPP relacionada ao trauma. O descolamento pode
ocorrer pela desaceleração ou por trauma direto ao A quantidade do sangramento exteriorizado
abdome. Esse diagnóstico muitas vezes é subestima- pode não refletir a exata perda sanguínea. Sangra-
do devido ao não uso de monitoração fetal em ges- mento de coloração escurecida pode refletir a
tantes vítimas de traumas. A monitoração fetal rotinei- presença de formação de coágulo retroplacentário.
ra nessas gestantes diminuiria o número de perdas
fetais decorrentes de trauma automobilístico. O sangramento que se inicia na rotura das
membranas deve ser diferenciado da rotura de vasa
prévia.
QUADRO CLÍNICO
O quadro clínico característico do DPP é a
EXAME FÍSICO
dor abdominal, associada ou não a sangramento vagi-
O primeiro passo deve ser a aferição de sinais
nal. A dor varia de leve desconforto até dor intensa,
vitais com medidas iniciais das manobras de ressus-
associada a aumento do tônus uterino, que pode se
citação em suspeita de DPP: verificar se vias aéreas
manifestar em graus variados, desde uma taquihiper-
estão pérvias, checar respiração e circulação (dois
ssistolia até hipertonia. Em casos de placenta de
acessos venosos calibrosos com 1.000ml de solução
inserção posterior, a dor é lombar. Na gestante em
cristaloide correndo em cada um deles à velocidade
trabalho de parto, há persistência da dor entre as
inicial de 500ml nos primeiros 10 minutos e manuten-
contrações.
ção de infusão de 250ml/hora). A gestante apresenta
mais tardiamente sinais de instabilidade circulatória,
O sangramento no DPP pode se manifestar
e esta inicialmente se manifesta com alterações pos-
das seguintes maneiras:
turais da pressão e/ou taquicardia. Quando estão
presentes sinais e sintomas de choque, isso significa
perda de até 30% da volemia.
755
• No grau 1, o diagnóstico geralmente é feito
EXAME FÍSICO NO DPP
no pós-parto, portanto, não houve repercussões
maternas ou fetais.
• ABC da reanimação: vias aéreas pérvias,
padrões de respiração e circulação; • No grau 2, o parto vaginal é possível se
• Sinais vitais: observar taquicardia e iminente, desde que a vitalidade fetal esteja
alterações posturais da pressão; preservada e não haja comprometimento
• Exame obstétrico: medida de altura uterina, hemodinâmico materno.
BCF, hipertonia uterina;
• Monitoração fetal: padrão não • Em caso do feto morto, Grau 3, o parto
tranquilizador; vaginal é aconselhável. Deve-se adotar os mesmos
• Palpação abdominal: contrações tetânicas. cuidados de monitoração materna do ponto de vista
hemodinâmico e do estado de coagulação.
756
GINECOLOGIAEOBSTETRÍCIA
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
O uso de ocitocina para condução do trabalho Deve ser realizada laparotomia imediatamente
de parto não aumenta o risco de rotura quando com- com anestesia geral para não agravar ainda mais a
parado ao trabalho de parto espontâneo. Porém, vale hipotensão. Nos casos mais graves, na abertura da
ressaltar que esse uso deve ser criterioso e monitora- cavidade o feto é encontrado total ou parcialmente
do como em todo trabalho de parto conduzido com localizado no abdome materno juntamente com a
ocitócicos. Já o uso de prostaglandinas para amadure- placenta. Nesses casos o prognóstico fetal é muito
cimento cervical não é recomendado em presença de ruim, sendo causa importante de óbito perinatal.
cesárea anterior, devido ao aumento do risco de rotura
uterina. Em casos de acretismo placentário, é frequen-
te a observação do local da rotura junto à implanta-
ção placentária, mostrando uma relação entre o acre-
tismo e a rotura uterina. Nesses casos, o uso da
ultrassonografia endovaginal é útil para a medida da
espessura da parede uterina, e a ressonância magné-
tica poderá confirmar o diagnóstico de acretismo.
Em geral é necessário realizar histerectomia para
tratar a rotura uterina, pois ocorrem lesões vascula-
res, com dificuldade de conservação do útero.
VASA PRÉVIA
A vasa prévia é definida como sangramento
dos vasos sanguíneos fetais que atravessam as mem-
branas amnióticas passando pelo orifício interno do
colo. Está associada à inserção anormal dos vasos
757
fetais dentro das membranas. É uma causa rara de
hemorragia, ocorrendo geralmente em gestantes com
implantação baixa da placenta e inserção velamentosa
de cordão. A perda sanguínea é de origem fetal, fato
este que mostra a urgência do seu diagnóstico. As
taxas de mortalidade fetal são altas, ao redor de 50%.
ANAMNESE
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/gestacao_alto_risco.pdf
Cor Idade gestacional
Quantidade Coagulograma
USG
Fatores Dois acessos venosos calibrosos
USG disponível?
Avaliação
Acompanhamento do
Cesárea Dor USG, seguimento
trabalho de parto
SIM NÃO
DPP? Placenta prévia?
758
GINECOLOGIAEOBSTETRÍCIA
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
759
LESÕES PRECURSORAS RASTREAMENTO
As lesões precursoras do câncer do colo do O câncer do colo do útero inicia-se a partir de
útero são assintomáticas, podendo ser detectadas uma lesão precursora, curável na quase totalidade
por meio da realização periódica do exame citopato- dos casos. Trata-se de anormalidades epiteliais
lógico e confirmadas pela colposcopia e exame histo- conhecidas como neoplasias intraepiteliais cervicais
patológico. de graus II e III (NIC II/III), além do adenocarcinoma
in situ (AIS). Apesar de muitas dessas lesões pode-
rem regredir espontaneamente, sua probabilidade de
CÂNCER DO COLO DO ÚTERO progressão é maior, justificando seu tratamento. As
mulheres que desenvolvem infecção persistente por
No estágio invasor da doença os principais HPV do tipo 16 têm cerca de 5% de risco de desen-
sintomas são sangramento vaginal (espontâneo, após volverem NIC III ou lesão mais grave em três anos e
o coito ou esforço), leucorreia e dor pélvica, que 20% de risco em dez anos. Quando a infecção
podem estar associados com queixas urinárias ou persistente for por outros tipos de HPV oncogênico,
intestinais nos casos mais avançados. Ao exame esse risco reduz pela metade.
especular podem ser evidenciados sangramento,
tumoração, ulceração e necrose no colo do útero. O Já a NIC I, por ter maior probabilidade de
toque vaginal pode mostrar alterações na forma, regressão ou persistência do que de progressão, não
tamanho, consistência e mobilidade do colo do útero é considerada uma lesão precursora do câncer do
e estruturas subjacentes. colo do útero.
A transmissão da infecção pelo HPV ocorre No Brasil, o exame citopatológico deve ser
por via sexual, presumidamente por meio de abrasões priorizado para mulheres de 25 a 60 anos, uma vez
microscópicas na mucosa ou na pele da região ano- por ano e, após dois exames anuais consecutivos
genital. Consequentemente, o uso de preservativos negativos, a cada três anos (INCA, 1988).
durante a relação sexual com penetração protege
parcialmente do contágio pelo HPV, que também
pode ocorrer por intermédio do contato com a pele
da vulva, a região perineal, a perianal e a bolsa escro- RECOMENDAÇÕES
tal.
760
GINECOLOGIAEOBSTETRÍCIA
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
HIV positivas com CD4 abaixo de 200 células/mm³
devem ter priorizada a correção dos níveis de CD4 e,
AMOSTRA INSATISFATÓRIA PARA AVALIAÇÃO enquanto isso, devem ter o rastreamento citológico a
cada seis meses.
É considerada insatisfatória a amostra cuja
leitura esteja prejudicada pelas razões expostas
abaixo, algumas de natureza técnica e outras de EXAME CITOPATOLÓGICO
amostragem celular, podendo ser assim classificada:
Resultado normal: Seguir a rotina de rastrea-
1. Material acelular ou hipocelular (menos de 10% do mento citológico
esfregaço).
CASOS ESPECIAIS
761
GRAU DE
RESULTADOS CONDUTA
SUSPEIÇÃO
Repetição da citologia em 6 meses
Menor
(≥ 30 anos) ou 12 meses (< 30 anos)
Em células escamosas
Maior Encaminhamento para colposcopia
762
GINECOLOGIAEOBSTETRÍCIA
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
Novo resultado
normal?
NÃO SIM
Repetir citopatológico em
Colposcopia 6 meses (ou 12, se
menos de 30 anos)
2ª citologia = 2 exames
ASC-US? consecutivos
normais?
NÃO
NÃO SIM SIM
Biópsia
NÃO
Lesão
intraepitelial ou
câncer?
SIM
Conduta
específica
763
Mulheres imunodeprimidas com esse resulta- nóstico ou outro mais relevante, a paciente deve ser
do citológico devem ser encaminhadas para colpos- submetida à conização. Com o resultado negativo,
copia já no primeiro exame alterado, segundo as após dois exames consecutivos negativos, a paciente
recomendações para as demais mulheres nessa deverá retornar ao rastreio trienal. Nos casos de bióp-
situação. sia positiva para NIC II/III ou câncer, a conduta será
específica. É recomendável o preparo com estrogê-
Todas as mulheres com laudo citopatológico nio em pacientes no climatério para o seguimento
de células escamosas atípicas não podendo se citológico.
excluir lesão de alto grau (ASC-H) devem ser encami-
nhadas à unidade secundária para colposcopia. Rea-
lizada a colposcopia, deve-se considerar se é satisfa-
tória ou insatisfatória. Para as mulheres em que o
exame for satisfatório e sem alterações colposcópi-
cas, uma nova citologia deverá ser obtida em seis
meses, na unidade secundária, e deverá retornar à
unidade primária após duas citologias negativas
seguidas. No resultado de citologia, quando se
mantém o mesmo diagnóstico ou mais grave, mesmo
na ausência de achados colposcópicos, é recomen-
dável a Exérese da Zona de Transformação (EZT). Na
presença de alterações colposcópicas, deve-se
proceder à biopsia. Caso seja confirmada a presença
de NIC II/III ou câncer, deverá ser seguida recomen-
dação específica para esses diagnósticos. Caso o
diagnóstico histopatológico da biópsia seja negativo
ou compatível com NIC I, em colposcopia satisfatória,
uma nova citologia deverá ser obtida em seis meses
na unidade secundária e deverá retornar à unidade
primária após duas citologias negativas seguidas.
Nos casos em que o exame colposcópico é insatisfa-
tório e não revela alterações, deverá ser colhida nova
citologia endocervical. Se a nova citologia mantiver o
mesmo resultado ou mostrar lesão de alto grau ou
suspeita de câncer, é recomendável a conização para
diagnóstico.
764
GINECOLOGIAEOBSTETRÍCIA
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
Colposcopia
Colposcopia
satisfatória?
Alteração Alteração
colposcópica Sim Não colposcópica
presente? presente?
Repetir
citopatológico em Citologia
Biópsia Biópsia
6 meses endocervical
Não
2 exames
Não
Sim consecutivos
normais? ASC-H, AGC, HSIL
ou câncer?
Sim
Sim Não
Sim
765
produza um espécime íntegro para adequada avalia- Se a citologia colhida no mesmo momento da
ção de margens. Se a nova citologia sugerir doença colposcopia for negativa, deverá dar-se seguimento
escamosa ou for negativa, seguir recomendação espe- com citologia semestral na unidade secundária.
cífica para o diagnóstico obtido pela biópsia ou pela Após dois anos com exames semestrais normais, a
nova citologia (o que for mais grave). Caso o resultado paciente deve retornar ao rastreio trienal. Nos casos
da biópsia seja negativo, ou na ausência de lesão de persistência de AGC, em que não foi possível
colposcópica, considerar o diagnóstico da nova citolo- concluir um diagnóstico de patologia no colo, mesmo
gia para definição de conduta. Caso mantenha o diag- com ultrassonografia normal, estará indicada a
nóstico de AGC, é recomendável a conização do colo. avaliação histológica endometrial.
Observação: a investigação de
Alteração patologia extrauterina também
colposcópica estará indicada nos casos em
presente? que, ao final da investigação, não
foi possível concluir pelo
Sim
diagnóstico de doença do colo do
Não
útero, independente da idade.
Biópsia
AIS ou
câncer?
Não
Citopatológico
manteve AGC, AIS ou
Adenocarcinoma (e ausência de
anormalidade
extracervical)?
Não
Biópsia =
NIC II ou III?
Não
Sim
Nova citologia
Sim positiva?
Não
Repetir
citopatológico em
Sim
6 meses
4 exames
consecutivos
normais?
Sim Não
Não
766
GINECOLOGIAEOBSTETRÍCIA
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
Fontes:
http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/cab13.pdf
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/inca/rastreamento_cancer_
colo_utero.pdf
767
INFECÇÃO URINÁRIA
E
ste é o problema urinário mais comum durante a
gestação. Ocorre em 17 a 20% das gestações
e se associa a complicações como rotura
prematura de membranas ovulares, trabalho de parto
prematuro, corioamnionite, febre no pós-parto, sepse
materna e infecção neonatal. O quadro clínico varia
de bacteriúria assintomática, que acomete de 2 a
10% das gestantes, até o quadro de pielonefrite. Em
80% dos casos de bacteriúria assintomática, a
Escherichia coli é o agente etiológico identificado.
768
GINECOLOGIAEOBSTETRÍCIA
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
ALOIMUNIZAÇÃO MATERNO-FETAL
A aloimunização Rh consiste na sensibilização
ao antígeno D presente na superfície eritrocitária.
Durante a gestação e parto, pequenas quantidades
de hemácias fetais podem atingir a circulação mater-
na. Nos casos em que a grávida é Rh negativo (des-
provida do antígeno D) e a criança, Rh positivo, a mãe
pode ser sensibilizada e passa a produzir anticorpos
anti-D. Estes atravessam a barreira placentária e acar-
retam doença hemolítica perinatal, a qual pode cursar
com repercussões graves, determinando morbidade
e mortalidade fetal e perinatal aumentadas.
769
ções. Embora a principal causa seja falha na adminis- CONDUTA
tração da imunoglobulina, alguns casos ocorrem por
dosagem inadequada, uso de drogas endovenosas e A profilaxia é dever de todos os médicos para
transfusões de sangue. Ao redor de 98% dos casos que esta doença seja erradicada. Na eventualidade
são devidos a antígeno D do fator Rh e 2% a antíge- do diagnóstico de aloimunização, a gestante deve ser
nos atípicos como Kell, E ou C. encaminhada para centros de referência para o
acompanhamento da gravidez.
A aloimunização Rh pode levar à hidropsia e
ao óbito fetal ou neonatal, e costuma ser mais grave Todo feto anêmico deve ser transfundido para
com os antígenos D e Kell. prevenir a hidropsia, que aumenta o risco de óbito e
sequelas neurológicas. Para tanto é necessária
Toda gestante com história de hidropsia fetal cordocentese e bolsa de sangue específica para
ou neonatal deve ter solicitado o teste de Coombs esse procedimento, que deve seR realizado em
Indireto, independentemente da tipagem Rh (positivo centro de Medicina Fetal.
ou negativo).
A prevenção da sensibilização pelo fator Rh
Na avaliação da gestante com aloimunização é deve ser realizada pela administração de imunoglobu-
importante a caracterização da história obstétrica lina anti-D nas seguintes situações em mães Rh nega-
(antecedente de óbito fetal ou neonatal por hidropsia, tivo:
exsanguíneo transfusão neonatal, idade gestacional
dos eventos), pois a conduta depende do anteceden- • Após procedimentos invasivos:
te de acometimento fetal ou neonatal. amniocentese, cordocentese, biópsia de vilo corial;
• Após aborto, gravidez ectópica ou mola
hidatiforme;
DIAGNÓSTICO • Após o parto de mães com Coombs indireto
negativo e recém-nascidos Rh positivo;
• Entre a 28ª e a 34ª semana de gestação de
• Teste de Coombs indireto (pesquisa de anti- todas as mulheres com Coombs indireto negativo e
corpos irregulares) positivo com título >1/16 para com parceiros Rh positivos;
anti-D e qualquer título para outros antígenos, espe- • Após sangramento obstétrico (placenta
prévia, por exemplo) com risco de hemorragia
cialmente Kell. feto-materna significativa.
770
GINECOLOGIAEOBSTETRÍCIA
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
CÂNCER DE OVÁRIO
primeiro grau com câncer de ovário, incluindo aquelas
com genótipo ovário, incluindo comprovado BRCA 1
e dois ou mais parentes de primeiro grau com câncer
ou 2 famílias afetadas pela síndrome de Lynch. Em
pacientes de alto risco, com mutações de BRCA 1 ou
2, a ooforectomia pode reduzir o risco
O
carcinoma de ovário é a neoplasia maligna gine- alto nos estágios clínicos (EC) III e IV com volume
cológica mais letal, com incidência mundial de residual de doença pós-operatório superior a 2 cm,
200.000 novos casos ao ano. No Brasil, a situação em que a estimativa varia de 80% a 85%
estimativa é de 6.190 novos casos para 2012 e de dos casos.
2.963 mortes por esta doença. Dados internacionais
estimam que cerca de 75% dos novos diagnósticos Além do estadiamento da doença e do volume
são realizados em estágios avançados, o que é residual pós-operatório, fatores de risco associados à
responsável, em parte, pela alta mortalidade associa- recidiva são idade inferior a 40 anos, histologia muci-
da. nosa ou de células claras, grau histológico pouco
diferenciado, performance status comprometido,
Cerca de 90% dos carcinomas de ovário são tratamento inicial sem composto de platina, presença
de origem epitelial, da superfície epitelial ovariana ou de ascite no momento da citorredução cirúrgica e
derivados mullerianos, como as tubas uterinas (trom- persistência de níveis elevados do marcador CA 125
pas de Falópio). Os adenocarcinomas primários perito- após quimioterapia de primeira linha.
neais são classificados e tratados como carcinomas
ovarianos epiteliais. Os demais tumores ovarianos deri-
vam de outras células, como as germinativas, estro- DIAGNÓSTICO E ESTADIAMENTO
mais ou mistas, e não serão abordados, por apresenta-
rem comportamento e tratamentos distintos. Entre os O câncer de ovário frequentemente se mani-
principais fatores de risco a considerar no diagnóstico festa em estágios avançados, com a ocorrência de
de neoplasia maligna epitelial de ovário, incluem-se sintomas vagos, como distensão abdominal, dor
história de câncer de ovário em familiar (es) de primeiro abdominal ou pélvica, sintomas urinários, surgimento
grau, nuliparidade, infertilidade, obesidade e possivel- de massa abdominal, flatulência ou saciedade preco-
mente uso de reposição hormonal (em especial estro- ce relacionada a metástases peritoneais. Em alguns
gênica). Fatores aparentemente protetores são gesta- casos, pode ocorrer dispneia devido à ascite ou a
ção prévia, amamentação, uso de contraceptivos orais derrame pleural associado. Os sintomas inicialmente
e ligadura tubária. não levam de imediato à suspeita de câncer. Sua
evolução e persistência em mulheres entre 40 e 65
Apenas 5% dos casos são considerados de anos, faixa etária na qual a incidência torna-se mais
origem familiar. A definição de história familiar positiva frequente, pode levar o médico a suspeitar e diagnos-
refere-se às pacientes com dois ou mais parentes de ticar esta neoplasia.
771
Mesmo com os exames e tratamentos disponí-
veis atualmente, não foi possível estabelecer um DIAGNÓSTICO POR IMAGEM
programa de triagem eficaz em mulheres assintomáti-
cas. Em estudo recente, com triagem por dosagens Os exames de imagem são úteis na investiga-
seriadas do marcador tumoral sérico CA 125 e eco- ção inicial de sintomas abdominais persistentes,
grafia transvaginal, não foi observada redução da achados frequentes nas neoplasias ovarianas.
mortalidade por carcinoma de ovário. À ecografia, a presença de massa pélvica fixa é muito
sugestiva de carcinoma ovariano, especialmente se
A avaliação da extensão tumoral (estadiamen- acompanhada de ascite. Na presença de ascite sem
to) é basicamente cirúrgica. A cavidade pélvica e a lesão expansiva associada, a citologia positiva para
abdominal devem ser exploradas meticulosamente células malignas no líquido de ascite permite o diag-
em busca de implantes peritoneais e omentais, sendo nóstico de neoplasia ovariana ou primária peritoneal,
necessário realizar pan-histerectomia na maioria dos cujos tratamentos seguem a mesma indicação.
casos. Mais detalhes sobre as intervenções cirúrgi-
cas estão descritos a seguir. Todo o material cirúrgico O estadiamento do câncer de ovário é depen-
obtido deve ser encaminhado para exames citológico dente de intervenção cirúrgica. Os exames de
e histopatológico. imagem complementam o estadiamento sistêmico e
podem incluir ecografia abdominal ou pélvica e tomo-
grafias computadorizadas de abdômen, pelve e tórax.
Entretanto, cirurgia é o principal método para diag-
nóstico, estadiamento e tratamento nos casos de
doença restrita à cavidade abdominal.
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
772
GINECOLOGIAEOBSTETRÍCIA
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
Estágio I (EC I)
O tumor é limitado ao(s) ovário(s)
773
omentectomia, avaliação e biópsia do peritônio
diafragmático, goteiras parietocólicas, peritônio pélvi- com o mesmo esquema, no caso de resposta à
co, amostragem de linfonodos pélvicos e para-aórti- quimioterapia neoadjuvante. Ou seja, o número
cos, além de lavagem peritoneal para pesquisa de mínimo total é de 6 ciclos.
células malignas (quatro lavados: diafragmático, dos
lados direito e esquerdo do abdômen e da pelve).
Para pacientes com histologia mucinosa, também é
recomendada apendicectomia.
QUIMIOTERAPIA
774
GINECOLOGIAEOBSTETRÍCIA
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
NÓDULOS BENIGNOS
DA MAMA
O
achado de nódulo palpável na mama ou no
rastreamento mamográfico é fator de impacto
emocional para a maioria das pacientes, em
parte pelo maior acesso às informações e campanhas
de conscientização sobre o câncer de mama, afecção
de alta freqüência, e cujo tratamento apresenta efeitos
negativos na imagem pessoal e na sexualidade.
775
ductos e dútulos mamários, induziria à formação de
Por isto, uma pergunta importante para a microcistos e depois de macrocistos. Assim, fatores
paciente é a data da última menstruação e, em caso como menarca precoce, menopausa tardia, nulipari-
de dúvida clínica, repetir o exame na primeira fase do dade, oligoparidade ou primiparidade tardia e ama-
ciclo. Estes nódulos geralmente apresentam-se com mentação curta ou ausente são fatores agravantes na
limites indistintos, podem ser uni ou bilaterais e são sua gênese.
mais freqüentes nos quadrantes laterais, muitas vezes
dolorosos. O médico deve estar especialmente Vale a pena ressaltar que, durante a lactação,
atento às nodularidades isoladas que persistem após os cistos podem ser formados por conteúdo lácteo,
dois a três fluxos menstruais, caracterizando os nódu- sendo denominados galactoceles, ou ainda apresen-
los dominantes, os quais fazem parte do diagnóstico tar conteúdo purulento nos casos de abscessos
diferencial do câncer de mama, além do fibroadeno- organizados. A mamografia é obrigatória nas pacien-
ma. tes com mais de 50 anos, podendo dignosticar distin-
tas alterações não palpáveis. A ultra-sonografia é o
CISTOS MAMÁRIOS método mais sensível para o diagnóstico dos cistos
mamários, com precisão de até 100%, detectando
Frente a uma massa palpável em exame gine- lesões a partir de 2 mm. Distingue ainda os cistos
cológico de rotina, deve-se considerar como primeira complicados (cistos com conteúdo espesso ou
opção, por sua fácil execução, desconforto mínimo e “debris” – pontos ecogênicos em suspensão) e os
baixo custo, a punção aspirativa com agulha fina. Este complexos (com septações espessas e/ou vegeta-
procedimento será diagnóstico e terapêutico, em ções intracísticas).
caso de cistos mamários.
A biópsia excisional pode ser indicada em
A faixa etária em que mais comumente os caso de recidivas locais (mais de três) e deve ser
cistos ocorrem é de 35 a 50 anos, coincidindo, pois, realizada quando o conteúdo do aspirado for sangui-
com a fase involutiva dos lóbulos mamários. Os cistos nolento (afastar sempre acidente de punção) ou
incidem em 7 a 10% da população feminina, poden- quando persistir massa palpável ou densidade mamo-
do ser únicos ou múltiplos, uni ou bilaterais. Manifes- gráfica após remoção de todo o líquido.
tam-se clinicamente como nódulos de aparecimento
súbito, de contornos regulares, móveis e dolorosos. A
consistência pode ser amolecida ou, quando o líquido
intracístico encontra-se sob tensão, a sensação
palpatória é fibroelástica. A maior parte dos cistos
decorrem de processos involutivos da mama. Em
alguns casos, entretanto, a parede do cisto pode
sofrer metaplasia apócrina, com produção ativa de
fluido, o que causa recidivas freqüentes.
Os cistos são originados no ducto terminal da Aspecto ultra-sonográfico dos cistos mamários. A) cisto simples: imagem
unidade lobular, definidos como estruturas com anecóica, com reforço acústico posterior; B) cisto complexo: no interior do
cisto, observa-se imagem nodular sólida (seta).
diâmetro maior que 3 mm, com comportamento bioló-
gico lábil, podendo aumentar ou desaparecer, inde-
pendente de medidas terapêuticas. Provavelmente BI-RADS® ULTRASSONOGRÁFICO
decorrem dos ciclos ovulatórios sucessivos, tão
freqüentes nos dias de hoje pelo padrão de estilo de O BI-RADS® (Breast Imaging and Reporting
vida da mulher moderna, o que leva à manutenção do Data System) é um protocolo de classificação e padro-
estímulo estroprogestativo sobre o lóbulo, resultando nização dos laudos de exames de imagem de mama.
em doenças proliferativas, fibrose e formação de Foi desenvolvido pelo colégio americano de radiologia
cistos mamários. De fato, a ativação constante do (ACR) em 1992, apenas para mamografia e depois de
estroma pelos esteróides sexuais levaria à síntese 4 atualizações foi adaptado à ecografia e à ressonân-
crônica de colágeno e fibrose, que, ao obstruir os
776
GINECOLOGIAEOBSTETRÍCIA
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
cia nuclear magnética em 2003. Após a adoção do é mais comum entre 20 e 30 anos de idade. Embora
BI-RADS® pela maioria dos serviços em todo o os esteróides sexuais sejam apontados como agen-
mundo, houve uma melhora na qualidade da interpre- tes promotores, fatores parácrinos entre o epitélio e o
tação dos exames e das condutas na propedêutica estroma parecem ser mais importantes no controle
mamária, possibilitando o desenvolvimento de mais de seu crescimento, que é em geral autolimitado, não
pesquisas envolvendo os exames de mama. O Léxico ultrapassando 3 a 4 cm de diâmetro.
do BI-RADS® ultrassonográfico descreve todas as
alterações mamárias encontradas e estão classifica- O diagnóstico é essencialmente clínico. Apre-
das em categorias, as quais contêm a faixa de risco de senta-se como tumor único ou múltiplo, móvel, bem
malignidade e a orientação da conduta a ser realizada delimitado, não fixo ao tecido adjacente, lobulado, de
pelo mastologista. crescimento lento, com maior ocorrência no quadran-
te súpero-lateral. Em geral é indolor, exceto durante a
As categorias de avaliação são: gravidez e lactação, condições que podem estimular
seu crescimento rápido e produzir dor por infarto. A
Categoria 0: Avaliação incompleta. Conduta – consistência é fibroelástica, mas, nas pacientes de
avaliação adicional com outro exame de imagem; maior faixa etária, pode haver deposição de calcifica-
Categoria 1: Negativo. Conduta – rotina. ção distrófica no nódulo (“calcificação em pipoca”), e
Categoria 2: Achados benignos. Conduta – Rotina. o nódulo passa a ter consistência endurecida. É mais
Compreende os cistos simples, linfonodos freqüente na terceira década e em mulheres negras,
intramamários, implantes, alterações arquiteturais
após procedimentos cirúrgicos, nódulos sólidos de situação em que tendem à recorrência. O tamanho
características benignas e estáveis por 2 anos.
médio é de 2 a 3 cm, mas pode alcançar até 6 a 7 cm,
Categoria 3: Achados provavelmente benignos. caracterizando o fibroadenoma gigante. A bilaterali-
Conduta – controle em curto intervalo de tempo –
inicialmente em 6 meses e depois, 12, 24 e 36 meses dade é da ordem de 10 a 15% e focos múltiplos na
em relação ao primeiro exame que gerou o controle.
Compreendem os nódulos circunscritos, forma oval mesma mama, de 5 a 10% dos casos. A freqüência
e orientação horizontal, sugestivo de fibroadenoma, de transformação maligna é muito baixa (0,1 a 0,3%
cistos complexos e agrupados. Risco de malignidade
até 2%. dos casos), ocorrendo em faixa etária dos 40 aos 45
Categoria 4: Achados suspeitos. Conduta – anos, isto é, 15 a 20 anos após a média de idade de
diagnóstico cito ou histopatológico. Estão incluídos ocorrência do fibroadenoma, sendo que o tipo histo-
nesta categoria os nódulos sólidos sem as
características sugestivas de benignidade. Poderá lógico mais comumente envolvido é o lobular (65%
ser dividida em 4A - baixa suspeição, 4B - suspeita
intermediária e 4C suspeita moderada. Risco de dos casos).
malignidade 3% a 94%.
Categoria 5: Achados altamente sugestivos de Quando o aspecto palpatório não é típico,
malignidade. Conduta – Confirmação
histopatológica e tratamento definitivo. recorrese à ultra-sonografi a (Figura 2), que evidencia
Compreende os nódulos com todas as imagem nodular circunscrita, ovalada, hipoecóide,
características ecográficas de suspeição, como
forma irregular, margens não circunscritas, com margens bem defi nidas e com maior eixo parale-
orientação vertical, presença de halo ecogênico e
sombra acústica posterior, entre outras. Risco de lo à pele (diâmetro anti-radial – largura, maior que o
malignidade superior a 95%. radial – altura). Pode ocorrer reforço posterior e som-
Categoria 6: Câncer mamário confirmado por exame bras laterais, características sugestivas de benignida-
histopatológico, aguardando tratamento indicado,
podendo ser quimioterapia neoadjuvante ou de, classificadas como BI-RADS.
tratamento cirúrgico.
FIBROADENOMA
777
Por incidirem em mulheres na segunda e tercei- donódulos das alterações funcionais benignas, com o
ra décadas de vida, a mamografia não está indicada, cisto mamário e com o carcinoma circunscrito. O cisto
pois o fibroadenoma apresenta a mesma textura radio- mamário em geral apresenta início súbito e dor, em
lógica do tecido mamário normal, que é exuberante mulheres com idade mais elevada. O termo carcinoma
nesta idade. Em faixas etárias mais elevadas, quando circunscrito é clínico e diz respeito a alguns tipos
se indica a mamografia, apresenta-se como imagem histológicos especiais (como o carcinoma mucinoso
nodular circunscrita, ovalada, de média densidade e ou o medular), que apresentam comportamento bioló-
eventualmente com calcificações grosseiras, com gico pouco infiltrativo, simulando no exame clínico e
aspecto de “pipoca”, aspecto que tipifica o achado de imagem e o fibroadenoma. Além disto, a faixa etária
mamográfico como BIRADS 2. A punção aspirativa é maior e a punção aspirativa com agulha fina ou
com agulha fina é método diagnóstico importante, grossa fecha o diagnóstico.
pois trata-se de uma das poucas lesões benignas da
mama que está associada a diagnóstico citológico A indicação cirúrgica é baseada na idade da
específi co. Observam-se nos esfregaços grupos paciente e nas dimensões do nódulo. O tratamento é
celulares epiteliais em dedo de luva, formando agrupa- cirúrgico em tumores com diâmetros maiores que 2
mentos arborescentes e numerosos núcleos desnu- cm e consiste na exérese simples. O objetivo principal
dos, muitas células ductais coesas em monocamadas é evitar deformidade futura, pois embora o crescimen-
e fragmentos de células estromais. to do fibroadenoma seja lento, é progressivo. Neste
sentido, o nódulo é abordado por incisões estéticas
A citologia, considerada isoladamente, tem segundo as linhas de força da mama, dando-se prefe-
valor elevado (70 a 90%). Já o tríplice diagnóstico rência às periareolares ou no sulco inframamário.
(clínica, imagem e citologia) tem sensibilidade de Quando os nódulos localizarem-se longe da aréola e
99,6%, com chance de falso negativo menor que 1%, se utilizar anestesia local, é melhor praticar incisão
que aumenta em mulheres com mais de 35 anos. A circumareolar sobre o nódulo, evitando tunelizações,
punção aspirativa com agulha fina está especialmente que, além de produzirem dor, podem provocar hema-
indicada em faixas etárias mais elevadas ou quando se tomas.
adota conduta expectante (não cirúrgica).
Em tumores menores, nas pacientes com
Além da forma clássica, o fibroadenoma pode menos de 25 anos, pode ser feito o acompanhamento
se apresentar, mais raramente, nas formas juvenil, clínico, com controle clínico e/ou ecográfico semes-
gigante, complexa e extramamária (localizações na tral, sendo indicada exérese nos casos de crescimen-
bexiga, próstata, braço e pálpebra já foram descritos). to progressivo e ansiedade da paciente. Nos fibroade-
Alguns estudos indicam o fibroadenoma como fator nomas múltiplos e pequenos, optamos, da mesma
de risco para o desenvolvimento do carcinoma mamá- forma, pelo controle, evitando-se assim múltiplas
rio, principalmente o fibroadenoma complexo, que é incisões sobre o tegumento cutâneo. Já nas mulheres
conceituado como aquele que possui alterações císti- com mais de 35 anos, a conduta deverá ser sempre
cas, papilares, adenose esclerosante ou calcificações cirúrgica.
epiteliais no seu interior.
O rastreamento mamográfico vem detectando
Do ponto de vista etiopatogênico, acredita-se grande número de nódulos assintomáticos sugestivos
que o fibroadenoma seja originado do lóbulo mamário de fibroadenomas. O diagnóstico mamográfico con-
apresentando estreita dependência hormonal, aumen- clusivo só é feito em caso de macrocalcificações no
tando na lactação e regredindo na pós-menopausa, e interior da lesão (“calcificações em pipoca” –
não sofrendo transformação maligna. Apesar da sua BI-RADS 2). Nos demais casos, a chance de maligni-
estrogênio-dependência, não responde a terapêutica dade é de 2%, devendo ser realizado acompanha-
hormonal. Os anticoncepcionais hormonais orais mento destes nódulos, categorizados como BI-RADS
podem ser empregados, descrevendo-se inclusive 3. O seguimento pode ser precedido pela punção
efeito protetor com diminuição do risco relativo de aspirativa com agulha fina e é realizado por 6, 12 e 24
aparecimento desta afecção. meses, para confirmar a estabilidade da lesão. Após
este período, preconiza-se a conduta expectante,
O diagnóstico diferencial é feito com os pseu- independente da faixa etária.
778
GINECOLOGIAEOBSTETRÍCIA
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
779
OUTROS TUMORES
780
GINECOLOGIAEOBSTETRÍCIA
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
CÂNCER DE MAMA
Outros fatores de risco estabelecidos incluem aque-
les relacionados à vida reprodutiva da mulher (menar-
ca precoce, nuliparidade, idade da primeira gestação
a termo acima dos 30 anos, uso de anticoncepcionais
orais, menopausa tardia e terapia de reposição
hormonal), história familiar de câncer da mama, alta
densidade do tecido mamário, obesidade, urbaniza-
ção e elevação do status socioeconômico, entre
outros.
O
câncer da mama é o tipo de câncer mais genéticos.
incidente entre as mulheres em todo o mundo, As estratégias adotadas para rastreamento e diag-
seja em países em desenvolvimento ou em nóstico precoce são: o rastreamento mamográfico
países desenvolvidos. Sem considerar os tumores não entre mulheres de 50 a 69 anos, a cada dois anos, e
melanóticos da pele, esse tipo de câncer é o mais a conscientização sobre os sinais e sintomas suspei-
frequente entre as mulheres das regiões Sul tos e encaminhamento para serviço de diagnóstico
(74,30/100 mil), Sudeste (68,08/100 mil), Centro-O- de câncer mamário. O exame clínico das mamas
este (5587/100 mil) e Nordeste (38,74/100 mil). Na como estratégia de rastreamento não é recomenda-
região Norte, é o segundo tumor mais incidente do, em função de ser incerto o balanço entre possí-
(22,26/100 mil) entre elas. veis danos e benefícios. Estima-se que para se preve-
nir uma morte é necessário o rastreamento de 400
É considerado um câncer de relativo bom prog- mulheres na idade entre 50-70 anos por um período
nóstico, quando diagnosticado e tratado precocemen- de dez anos. Por questões metodológicas, os resulta-
te. No entanto, quando diagnosticado em estágios dos positivos do rastreamento mamográfico passa-
avançados, com metástases sistêmicas, a cura não é ram a ser questionados.
possível. A sobrevida média após cinco anos do diag-
nóstico, na população de países desenvolvidos, tem O Relatório de Recomendação N o 178 da
aumentado, ficando em cerca de 85%. No Brasil a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias
sobrevida aproximada é de 80%. Os melhores resulta- em Saúde (CONITEC), de outubro de 2015, mostra
dos em sobrevida em países desenvolvidos estão rela- que, com base nas evidências científicas e diante da
cionados principalmente ao diagnóstico precoce por incerteza sobre os benefícios, aliada ao sobrediag-
mamografia (MMG), sendo este exame um método nóstico, benefícios pequenos e aumento do risco por
eficaz de rastreamento populacional, quando indicado resultados falsos positivos, levando a biopsias e trata-
nas faixa etária e periodicidade adequadas, e à evolu- mentos desnecessários, além do aumento do risco
ção dos tratamentos adjuvantes. radiológico por exposições repetidas, não se pode
preconizar a ampliação do uso da mamografia para o
A idade é o principal fator de risco para o rastreamento do câncer de mama em mulheres assin-
câncer de mama feminino. As taxas de incidência tomáticas com risco habitual fora da faixa etária atual-
aumentam rapidamente até os 50 anos e, posterior- mente preconizada (50 a 69 anos).
mente, esse aumento ocorre de forma mais lenta.
781
entre esta porcentagem e a intensidade de coloração
DIAGNÓSTICO (sistema de Allred), ou, ainda, associando a avaliação
de possível heterogeneidade tumoral, incluindo o
Quando há suspeita de câncer por métodos exame das diferentes áreas do tumor com diferentes
detecção precoce ou do exame físico (nódulo mamá- padrões de expressão (escore H).
rio geralmente único, isolado, endurecido e, frequente-
mente, aderido ao tecido adjacente, podendo apre-
ESTADIAMENTO
sentar assimetria ou retração), a lesão deverá ser
biopsiada. O objetivo do estadiamento é classificar a
doença de acordo com sua extensão locorregional e
Após o diagnóstico ser confirmado por exame a distância, estabelecendo padrões que orientam o
histopatológico, nova anamnese deve focar principal- tratamento e o prognóstico dos casos. O mais aceito
mente a história familiar, comorbidades e fatores de sistema de estadiamento do câncer de mama é o da
risco e a evolução cronológica da doença. Deve-se União Internacional Contra o Câncer (UICC), a Clas-
voltar a realizar exame físico completo à procura de sificação de Tumores Malignos, que utiliza as catego-
outros potenciais sítios de doença, mormente o exame rias T (tumor), N (acometimento linfonodal) e M (me-
das axilas, da região cervical e das fossas supraclavi- tástase a distância), chamada simplificadamente de
culares. O objetivo da biopsia inicial é a obtenção de TNM, cuja 7ª edição é de 2010. Porém, cada vez
material suficiente para o diagnóstico, sempre utilizan- mais vem sendo utilizado o manual da AJCC, que
do a conduta menos invasiva, para evitar a desneces- adota o mesmo sistema TNM e teve em sua 8ª edição
sária excisão cirúrgica de lesões benignas. publicada em 2017, atualizando, como as definições
de T4, excluindo o Tis (CLIS): carcinoma intralobular
O tipo histopatológico invasivo mais comum in situ da classificação e incluindo outros fatores
(observado em mais de 90% dos casos) é o carcino- prognósticos.
ma ductal infiltrante (CDI) e o segundo mais comum
(em 5% a 10% dos casos), o carcinoma lobular Para a decisão terapêutica, deve-se conside-
infiltrante (CLI). Estas Diretrizes referem-se a estes rar os estadiamento pela classificação TNM, laudo
dois tipos, sendo o termo Câncer de Mama utilizado histopatológico, resultado do exame de IHQ, quadro
como seus sinônimos. clínico e tratamento local porventura já realizado.
782
GINECOLOGIAEOBSTETRÍCIA
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
783
Tectomia total ou radical. A reconstrução pode maiores para sobrevida livre de doença (SLD), em
ser imediata, desde que seja em caso de doença inicial comparação aos dados de mortalidade, sendo obser-
e que não tenha indicação de radioterapia adjuvante, vado benefício tanto para sobrevida em 5 anos como
pós-operatória, estando relacionada com maior satisfa- em 15 anos, e espera-se que maiores benefícios
ção da paciente, ou pode ser tardia, geralmente reser- sejam alcançados no futuro com o desenvolvimento
vada para pacientes com doença inicialmente avança- de novos fármacos.
da, que tenham indicação de radioterapia ou pacientes
com risco cirúrgico maior. A cirurgia da mama contrala- De forma geral, devem ser consideradas, para
teral pode ser necessária para “simetrização”. Sempre seleção de quimioterapia adjuvante, as característi-
deve ser levada em consideração a indicação de deter- cas clínicas do paciente e as características do
minada técnica de reconstrução e a necessidade de tumor. Pacientes com risco intermediário ou alto
radioterapia adjuvante. devem inicialmente ser considerados para tratamen-
to, desde que não haja contraindicação clínica. A
hormonioterapia adjuvante está indicada em todas as
RADIOTERAPIA pacientes com receptores hormonais positivos, em
virtude de apresentar poucos efeitos colaterais ou
A radioterapia é utilizada para tratamento adju- contraindicações e eficácia comprovada.
vante, após a cirurgia, e está indicada em pacientes
com pelo menos uma das seguintes situações: quatro
ou mais linfonodos positivos; segmentectomia (cirurgia ACOMPANHAMENTO PÓS-TRATAMENTO
conservadora de mama); margem positiva, quando não
for possível nova intervenção cirúrgica; e tumores Pacientes devem ser acompanhados ao térmi-
maiores ou iguais a 5 cm. Em casos de pacientes com no da adjuvância por 5 anos. O exame físico deve ser
um a três linfonodos positivos, deve-se analisar o risco- realizado a cada 3 a 6 meses para os primeiros três
-benefício da radioterapia. anos, a cada 6 a 12 meses para os seguintes 4 e 5
anos, e depois, anualmente. Para as mulheres que se
submeteram à cirurgia conservadora da mama, a
mamografia pós-tratamento deve ser obtida um ano
após a mamografia inicial e pelo menos 6 meses após
a conclusão da radioterapia. O uso de hemograma
completo, dosagens bioquímicas séricas, cintilografia
óssea, radiografia de tórax, US abdominal, TC, RM,
PET-CT ou marcadores tumorais não é preconizado
para acompanhamento de rotina em um paciente
assintomático, sem achados específicos no exame
clínico. Pacientes com doença metastática devem ser
acompanhados por exame de imagem nos sítios de
doença a cada 3-6 meses, ou conforme necessidade
clínica ou evidência de progressão.
Fontes:
TERAPIA MEDICAMENTOSA SISTÊMICA http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2018/julho/16/Portaria-
(QUIMIOTERAPIA) Conjunta-n-19--PCDT-Carcinoma-de-Mama.pdf
784
GINECOLOGIAEOBSTETRÍCIA
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
CÂNCER DE ENDOMÉTRIO
O
Câncer de endométrio, nos Estados Unidos, é o
câncer pélvico feminino mais comum. No Brasil,
o câncer de corpo de útero perde em número
de casos apenas para o câncer de colo uterino, sendo
o segundo tumor pélvico mais comum. A incidência
aproximada do câncer endometrial é de aproximada-
mente 6 a 8 casos por 100.000 mulheres por ano, com
pico de incidência em mulheres na década de 55 a 65
anos. Embora, possa ocorrer em mulheres pré-meno-
pausa, ou seja, com menos de 50 anos, em 25% dos
casos e em 5% dos casos em mulheres com idade
inferior a 40 anos.
Existem casos de cânceres de endométrio
que não possuem receptores hormonais, não tendo,
portanto, fenômenos hiperplásicos. Este tipo de
FATORES DE RISCO tumor ocorre em idosas sem hiperestrogenismo,
relacionando-se com a baixa imunidade da faixa
O Câncer de endométrio possui uma relação
etária.
com a alta exposição isolada ao estrogênio. Acredita-
-se que o estímulo hormonal de estrogênio sem oposi-
ção (da progesterona), seja endógeno ou exógeno, PREVENÇÃO
cause alterações proliferativas no tecido endometrial,
provocando uma hiperplasia que pode evoluir para Há evidências de que a terapia com proges-
uma neoplasia maligna. terona possa reduzir a possibilidade de carcinoma
endometrial em mulheres com ciclos anovulatórios,
FATORES DE RISCO PARA O CÂNCER DE ENDOMÉTRIO assim como em pacientes pós-menopausa que rece-
bem terapia de reposição estrogênica. A detecção e
Hiperestrogenismo Estados anovulatórios (Ex: a terapia adequada dos precursores da doença
(endógeno ou exógeno) Síndrome dos ovários policís-
ticos) (hiperplasia com atipia e carcinoma in situ de endo-
métrio) impedem o desenvolvimento subsequente
Obesidade Hiperadrenocortisolismo do carcinoma endometrial.
785
ADENOCARCINOMA NÃO-ENDOMETRIÓIDE
CLASSIFICAÇÃO HISTOLÓGICA
Os tumores não-endometrióides são de pior
A maioria dos carcinomas endometriais são prognóstico do que os endometrióides e são menos
adenocarcinomas. Eles podem ser classificados comuns. O Carcinoma Mucinoso corresponde a
como endometrióides e não-endometrióides. cerca de 5% dos carcinomas endometriais. As células
com mucina intracitoplasmática compõem mais de
CLASSIFICAÇÃO HISTOLÓGICA DOS TUMORES ENDOMETRIAIS 50% do tumor. Esse tipo apresenta bom prognóstico,
semelhante ao do carcinoma endometrióide. O Carci-
Adenocarcinoma endometriói- Adenocarcinoma não-endo-
metrióide noma Papilar Seroso representa 3 a 4% das neopla-
de
sias malignas do endométrio. É composto por células
de padrão tubário, com alto grau de atipia nuclear,
Endometrióide típico Carcinoma mucinoso
arquitetura complexa e necrose proeminente. Com-
porta-se agressivamente, promovendo metástases via
Adenoacantoma Carcinoma papilar seroso linfática e hematogênica já no momento do diagnósti-
co, comprometendo precocemente o miométrio.
ACHADOS CLÍNICOS
Cerca de 40% das mulheres com sangramen-
to vaginal anormal pós-menopausa terão um câncer
do trato reprodutivo e na grande maioria é o câncer
Amostra de células de Endometrial adenocarcinoma endometrial. Portanto, diante de um quadro de san-
gramento anormal deve ser considerado que ele é
ADENOCARCINOMA ENDOMETRIÓIDE causado por um câncer, até que se prove o contrário.
A estenose cervical pode provocar a formação de
O adenocarcinoma endometrióide típico é o hematometra (acúmulo de sangue na cavidade endo-
mais comum (57 a 80% dos casos). As células são metrial) ou piometra (secreção purulenta), que são
geralmente cilíndricas com núcleos mantendo a bastante sugestivos de carcinoma endometrial. A dor
orientação basal, portanto, semelhantes a glândulas não é um sintoma comum, mas pode haver leves
normais. A agressividade do tumor é influenciada pelo cólicas uterinas. O exame abdominal pode revelar
padrão de crescimento de áreas sólidas, pela presen- massa amolecida na região hipogástrica, devido a um
ça de atipia nuclear e pela presença de diferenciação aumento do volume uterino. Em doença avançada,
escamosa. O grau histológico é considerado um bom pode ocorrer distensão abdominal secundária à
ascite e linfonodos palpáveis na região ilíaca, decor-
indicador de agressividade em relação à invasão do
rentes de metástases. A citologia vaginal é positiva
miométrio, metástases e resposta à terapêutica. De
em 40-80% dos casos, devido a extensão do tumor
forma geral, os endometrióides apresentam prognós- do endométrio até o colo do útero.
tico melhor.
786
GINECOLOGIAEOBSTETRÍCIA
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
ESTADIAMENTO
Fontes:
http://ebserh.gov.br/documents/214336/1106177/PRO.GIN.003+-+C%C3%
82NCER+DE+ENDOM%C3%89TRIO.pdf/7810a1d9-39f8-4c38-b039-9e9dc
e2dea35
TRATAMENTO
787
LEIOMIOMA DE ÚTERO
O
s leiomiomas, miomas ou fibromas uterinos são
tumores benignos originados de células muscu-
lares lisas do miométrio. São costumeiramente
descritos de acordo com sua localização:
Os miomas são uma causa comum de morbi- A patogênese dos miomas não está esclareci-
dade em mulheres em idade reprodutiva; no entanto a da. Embora o crescimento desses tumores seja
maioria apresenta-se assintomática não necessitando responsivo a esteroides gonadais, esses hormônios
de nenhuma intervenção. A maioria das mulheres não são necessariamente responsáveis pela gênese
sintomáticas apresenta mioma na 4ª e 5ª décadas de dos tumores. Outras influências que não os hormô-
vida. A incidência varia grandemente – de 5% a 80% nios gonadais ficam claras ao se avaliar o fato de que
–, de acordo com o método diagnóstico utilizado. Em paridade e o de ACO são fatores protetores para o
uma amostra aleatória de mulheres entre 25-40 anos desenvolvimento de miomas.
de idade, a ultrassonografia (US) transvaginal detec-
tou uma prevalência de 5,4%, com uma relação direta
DIAGNÓSTICO CLÍNICO
entre prevalência e idade das pacientes – 3,3% para
mulheres entre 25 e 32 anos e 7,8% para mulheres Embora a maioria dos miomas não produza
entre 33 e 40 anos. Uma prevalência de 6% a 34% qualquer sintoma, quando eles existem se relacionam
de miomas submucosos foi observada em mulheres com o seu número, tamanho e localização. As princi-
que se submeteram à histeroscopia como parte da pais manifestações clínicas envolvem alterações
investigação de hemorragia anormal e de 2% a 7% menstruais (sangramento uterino aumentado ou
nas mulheres sob investigação de infertilidade. prolongado), anemia por deficiência de ferro, sinto-
Miomas não têm sido descritos em meninas prépube- mas devido ao volume (dor ou pressão em pelve,
rais, embora já o tenham sido em adolescentes. sintomas obstrutivos) e disfunção reprodutiva.
788
GINECOLOGIAEOBSTETRÍCIA
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
pleta, sintomas significativos, múltiplos miomas e
com a localização, o formato e o tamanho dos miomas. desejo de um tratamento definitivo, é o tratamento
Miomas localizados anteriormente podem comprimir a recomendado, pois foi demonstrada redução da
bexiga e causar urgência miccional. Raramente dor intensidade dos sintomas, de depressão e de ansie-
aguda pode ocorrer por degeneração ou torsão de dade, além de melhora da qualidade de vida. O
pedúnculo de um tumor. Nestas situações, pode haver procedimento pode ser realizado por via abdominal,
a concomitância de febre, sensibilidade abdominal, por via vaginal ou por via vaginal com assistência
leucocitose e sinais de irritação peritoneal. laparoscópica. A cirurgia vaginal com assistência
laparoscópica em relação à cirurgia transabdominal
Disfunção reprodutiva tem sido relatada em apresentou em alguns estudos menor tempo opera-
alguns, mas não em todos os estudos. A ovulação não tório, menor tempo de internação e menor quantida-
é afetada, mas alterações como implantação prévia da de de analgesia necessária no pós-operatório e
placenta, sangramento de terceiro trimestre, trabalho menor taxa de complicações em relação à cirurgia
de parto disfuncional, apresentação pélvica, trabalho transabdominal.
de parto pré-termo, retenção da placenta, ruptura
prematura das membranas, abortamento e parto cesá- Na comparação da histerectomia vaginal com
reo já foram relatadas. a histerectomia vaginal laparoscopicamente assisti-
da, os melhores resultados ocorreram com a primei-
ra, como tempo cirúrgico mais curto, menor perda de
DIAGNÓSTICO POR EXAME COMPLEMENTAR sangue transoperatório, menor tempo de íleo paralíti-
co pós-operatório e menor período de internação
O diagnóstico de miomas uterinos é usualmen- hospitalar de maneira significativa. A histerectomia
te baseado no achado de um útero aumentado, móvel vaginal se mostrou melhor também que a histerecto-
e com contornos irregulares ao exame bimanual ou um mia abdominal, com menor tempo cirúrgico, menor
achado ultrassonográfico, por vezes casuais. Exames
de imagem são necessários para confirmação diag-
nóstica e definição da localização do tumor. Avaliação
radiológica rotineira não é necessária e nem melhora
desfechos.
789
toneais, risco de ruptura uterina em gestações subse-
quentes e risco de recorrência, de maneira que a
utilização desta técnica tem sido questionada por
alguns autores em mulheres que planejem gestar.
TERAPIA MEDICAMENTOSA
Fontes:
http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2017/novembro/14/Port
aria-Conjunta-PCDT-Leiomioma.pdf
790
GINECOLOGIAEOBSTETRÍCIA
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
A
s infecções, como a sífilis (em especial, a laten- Na ausência de testagem de rotina, a conduta
te), a gonorreia e a clamídia em mulheres, as a ser adotada antes do surgimento de complicações
hepatites virais B e C e a infecção pelo HIV, são é, tratar as parcerias sexuais com os mesmos medi-
frequentemente assintomáticas. Quando não detecta- camentos utilizados para o caso-índice, mesmo que
das, levam a complicações mais graves, como sífilis estes não apresentem nenhum sinal ou sintoma.
congênita, DIP, infertilidade, cirrose hepática e aids.
A sífilis é, na maioria das vezes, diagnosticada por GONORREIA E CLAMÍDIA EM
triagem de gestantes ou de pessoas com IST. Já a MULHERES: CERVICITES
cervicite por gonorreia e por clamídia não é diagnosti-
cada com frequência. De maneira geral, as seguintes A cervicite mucopurulenta ou endocervicite é
ações devem ser tomadas durante as consultas ambu- a inflamação da mucosa endocervical (epitélio colu-
latoriais nos serviços de saúde: nar do colo uterino). Os agentes etiológicos mais
frequentes são C. trachomatis e N. gonorrhoeae. Há
evidências científicas da associação de C. trachoma-
tis e N. gonorrhoeae aos seguintes fatores: mulheres
sexualmente ativas com idade inferior a 25 anos,
novas ou múltiplas parcerias sexuais, parcerias com
IST, história prévia ou presença de outra IST e uso
irregular de preservativo.
791
tada nesse grupo no Brasil. No entanto, os critérios
zação do colo uterino, material mucopurulento no de risco para a identificação de C. trachomatis e N.
orifício externo do colo e sangramento ao toque da gonorrhoeae em mulheres com queixa de corrimento
espátula ou swab. As principais complicações da vaginal têm sensibilidade e especificidade muito
baixas para serem recomendados.
cervicite por clamídia e gonorreia, quando não trata-
das, incluem: dor pélvica, DIP, gravidez ectópica e
Na mulher, diferentemente do homem, a colo-
infertilidade. ração pelo método de Gram tem uma sensibilidade
de apenas 30%, não sendo indicada. A cervicite
A infecção gonocócica na gestante poderá gonocócica pode ser diagnosticada pela cultura do
estar associada a um maior risco de prematuridade, gonococo em meio seletivo (Thayer-Martin modifica-
ruptura prematura de membrana, perdas fetais, retar- do), a partir de amostras endocervicais. O diagnósti-
do de crescimento intrauterino e febre puerperal. No co laboratorial da cervicite causada por C. trachoma-
RN, a principal manifestação clínica é a conjuntivite, tis e N. gonorrhoeae pode ser feito por um método de
podendo ocorrer septicemia, artrite, abcessos de biologia molecular (NAAT).
couro cabeludo, pneumonia, meningite, endocardite e
estomatite. A captura híbrida é outro método de biologia
molecular; embora menos sensível que os NAAT,
A oftalmia neonatal, definida como conjuntivite avalia qualitativamente a presença do patógeno. Se o
resultado mostrar infecção por algum desses patóge-
purulenta do RN, ocorre no primeiro mês de vida e
nos, o tratamento apropriado deve ser instituído, refe-
pode levar à cegueira, especialmente, quando causa-
rindo-se as parcerias sexuais para avaliação e trata-
da pela N. gonohrroeae. Por isso a doença deve ser mento. A imunofluorescência direta tem leitura subje-
tratada imediatamente, para prevenir dano ocular. tiva, exigindo microscópio e profissionais bem treina-
Geralmente, o RN é levado ao serviço de saúde por dos, sendo que a sensibilidade está aquém do espe-
causa de eritema e edema de pálpebras e conjuntiva rado.
e/ou presença de material mucopurulento nos olhos.
Na ausência de laboratório, a principal estraté-
A infecção por clamídia durante a gravidez gia de manejo das cervicites por clamídia e gonorreia
poderá estar relacionada a partos pré-termo, ruptura é o tratamento das parcerias sexuais de homens
prematura de membrana e endometrite puerperal, portadores de uretrite.
além de conjuntivite e pneumonia do RN. A conjuntivi-
te por clamídia é bem menos severa e seu período de Quanto à oftalmia neonatal gonocócica, o uso
incubação varia de cinco a 14 dias. do esfregaço corado de exsudato conjuntival pelo
método de Gram é altamente sensível e específico. A
utilização do corante Giemsa em células epiteliais da
A frequência relativa da infecção pelos dois
conjuntiva pode permitir o reconhecimento de inclu-
agentes etiológicos depende da prevalência dessas sões intracitoplasmáticas de C. trachomatis; porém,
IST em gestantes e do uso da profilaxia ocular na essa técnica é de difícil aplicação na atenção básica.
primeira hora após o nascimento, a qual é efetiva Outra opção diagnóstica é a imunofluorescência
contra N. gonorrhoeae, mas frequentemente não o é direta (IFD), exame útil para a elucidação diagnóstica
contra C. trachomatis. Na ocasião do parto vaginal, o de C. trachomatis no RN. Em alguns serviços de
risco de transmissão vertical situa-se entre 30% e saúde, é o exame disponível para testagem em larga
50%, tanto para N. gonorrhoeae como para C. escala. Estando disponível apenas o diagnóstico
trachomatis. clínico, toda criança com oftalmia neonatal deve rece-
ber tratamento para gonococo (principalmente) e
clamídia. A conjuntivite pode ser também um marca-
MÉTODOS DIAGNÓSTICOS PARA dor de uma infecção neonatal generalizada. Deve ser
GONORREIA E CLAMÍDIA EM MULHERES excluída infecção sistêmica, instituindo-se medidas
para prevenção de infecção hospitalar. A mãe e a
Estudo multicêntrico nacional de 2011 obser- parceria sexual devem ser tratadas para gonorreia e
vou elevada prevalência (9,8%; IC 95% 8,5-11,1), infecção por clamídia, submetidas a exame genital e
com diferenças regionais, de infecção por clamídia testadas para sífilis, HIV e HBV.
em parturientes jovens entre 15 e 24 anos de idade,
e recomendou que a triagem no pré-natal fosse ado-
792
GINECOLOGIAEOBSTETRÍCIA
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
TRATAMENTO DE ESCOLHA
a 500 mg, VO, dose única,
MAIS
Azitromicina 500 mg, 2 comprimidos, VO, dose única;
OU
Infecção anogenital não
complicada (uretra, colo Ceftriaxona b,c500 mg, IM, dose única,
do útero e reto)
MAIS
Azitromicina 500 mg, 2 comprimidos, VO, dose única
Em menores de 18 anos e gestantes:
Conjuntivite gonocócica
Ceftriaxona c1g, IM, dose única
no adulto
Fonte: DDAHV/SVS/MS.
Notas:
a
considerando estudos realizados nos últimos anos, os quais demonstraram a circulação de cepas de gonococos
com taxas de resistência antimicrobiana igual ou maior que 5%, limite determinado internacionalmente para
aceitação do uso de um antibiótico.
b
ceftriaxona, opção terapêutica disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais 2013 (Rename,
793
PREVENÇÃO E TRATAMENTO DE OFTALMIA NEONATAL
CONDIÇÃO CLÍNICA TRATAMENTO
Nitrato de prata a 1% (método de Crede), aplicação
única, na 1ª hora após o nascimento;
HEPATITES VIRAIS
794
GINECOLOGIAEOBSTETRÍCIA
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
795
Como consequência do desenvolvimento e da dispo-
HIV envolve várias fases, com durações variáveis, que nibilidade de TR, o diagnóstico do HIV foi ampliado,
dependem da resposta imunológica do indivíduo e da podendo ser realizado em ambientes laboratoriais e
carga viral. A primeira fase da infecção (infecção não laboratoriais. Existem também situações e locais
aguda) é o tempo para o surgimento de sinais e sinto- nos quais o DDAHV/SVS/MS recomenda a utilização
mas inespecíficos da doença, que ocorrem entre a de TR.
primeira e terceira semana após a infecção. A fase
seguinte (infecção assintomática) pode durar anos, TRIAGEM DE IST NA GESTAÇÃO
até o aparecimento de infecções oportunistas (tuber-
culose, neurotoxoplasmose, neurocriptococose) e A presença de IST na gestação, além do sofri-
algumas neoplasias (linfomas não Hodgkin e sarcoma mento materno, pode causar aborto, parto prematuro,
de Kaposi). A presença desses eventos define a aids. morte fetal, doenças congênitas ou morte do RN.
Todas as gestantes e suas parcerias sexuais devem
ser investigadas para IST e informadas sobre a possi-
bilidade de infecções perinatais. A triagem de IST
durante a gravidez é uma intervenção eficaz, mas cuja
efetividade depende de vários fatores (ex.: agravo/do-
ença, acesso ao serviço de saúde, ampliação da
cobertura de testagem e tratamento, entre outros).
Informações relevantes sobre a triagem de IST na
gestação:
796
GINECOLOGIAEOBSTETRÍCIA
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
Neisseria gonorrhoeae Gonorreia implicações que estão ausentes nas infecções endó-
Trichomonas vaginalis Tricomoníase genas ou iatrogênicas, como, por exemplo, a necessi-
Múltiplos agentes Vaginose bacteriana b
Chlamydia trachomatis
dade de tratamento de parcerias sexuais. Casos de
Endometrite, anexite, salpingite,
Neisseria gonorrhoeae
Bactérias facultativas anaeróbicas (ex: Gardnerella miometrite, ooforite, parametrite, violência doméstica e outros impactos sobre o rela-
DIP
CORRIMENTO VAGINAL
O corrimento vaginal é uma síndrome comum,
que ocorre principalmente na idade reprodutiva,
podendo ser acompanhado de prurido, irritação local
e/ou alteração de odor.
797
• Prurido vulvovaginal (principal sintoma, e de
ETIOLOGIA DO CORRIMENTO VAGINAL intensidade variável);
• Disúria;
O corrimento vaginal ocorre por múltiplos
• Dispareunia;
agentes etiológicos, que incluem:
• Corrimento branco, grumoso e com aspecto
caseoso (“leite coalhado”);
798
GINECOLOGIAEOBSTETRÍCIA
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
Não é uma infecção de transmissão sexual,
casos, devem-se investigar causas sistêmicas predis-
mas pode ser desencadeada pela relação sexual em
ponentes, tais como diabetes mellitus, infecção pelo
mulheres predispostas (o contato com o esperma,
HIV, uso de corticoide sistêmico e imunossupressão.
que apresenta pH elevado, contribui para o desequilí-
Entre mulheres vivendo com HIV, baixas contagens de
brio da microbiota vaginal). O uso de preservativo
linfócitos T-CD4+ e altas cargas virais estão associa-
pode ter algum benefício nos casos recidivantes.
das com incidência aumentada de vulvovaginite por
Candida spp. O tratamento é o mesmo recomendado
A vaginose bacteriana aumenta o risco de
para pacientes não infectados pelo HIV.
aquisição das IST (incluindo o HIV), e pode trazer
complicações às cirurgias ginecológicas e à gravidez
Os episódios respondem bem ao tratamento
(associada com ruptura prematura de membranas,
oral de curta duração ou terapia tópica. No entanto,
corioamnionite, prematuridade e endometrite pós-ce-
para evitar os episódios de recorrência, recomenda-se
sárea). Quando presente nos procedimentos invasi-
terapia de manutenção, conforme esquema apresenta-
vos, como curetagem uterina, biópsia de endométrio
do no Quadro de tratamento para corrimento vaginal.
e inserção de dispositivo intrauterino (DIU), aumenta
o risco de doença inflamatória pélvica (DIP).
O diagnóstico do corrimento vaginal pode ser
realizado por teste do pH vaginal, em que são mais
O tratamento deve ser recomendado para
comuns valores < 4,5 , e/ou por bacterioscopia, com a
mulheres sintomáticas, grávidas, que apresentem
visualização de leveduras e/ou pseudo-hifas.
comorbidades ou potencial risco de complicações
(previamente à inserção de DIU, cirurgias ginecológi-
VAGINOSE BACTERIANA
cas e exames invasivos no trato genital).
É caracterizada por um desequilíbrio da micro-
O diagnóstico clínico-laboratorial de vaginose
biota vaginal normal, com diminuição acentuada ou bacteriana se confirma quando estiverem
desaparecimento de lactobacilos acidófilos (Lactoba- presentes três dos critérios de Amsel):
cillus spp) e aumento de bactérias anaeróbias (Prevo- • Corrimento vaginal homogêneo, geralmente
acinzentado e de quantidade variável;
tella sp. e Mobiluncus sp.), G. vaginalis, Ureaplasma
• pH vaginal > 4,5;
sp., Mycoplasma sp., e outros. É a causa mais comum
de corrimento vaginal, afetando cerca de 10% a 30% • Teste de Whiff ou teste da amina (KOH 10%)
positivo;
das gestantes e 10% das mulheres atendidas na aten-
• Presença de clue cells na bacterioscopia
ção básica. Em alguns casos, pode ser assintomática. corada por Gram
799
O diagnóstico da tricomoníase é feito por
meio da visualização dos protozoários móveis em
material do ectocérvice, por exame bacterioscópico a
fresco ou pela coloração de Gram, Giemsa, Papani-
colaou, entre outras.
800
GINECOLOGIAEOBSTETRÍCIA
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
Corrimento vaginal
Presença de Presença de
pH > 4,5 e/ou KOH (+) pH < 4,5 e/ou KOH (-) Presença de hifas clue cells Tricomonas sp.
Informação/Educação em saúde
Oferta de preservativos e gel lubrificante
Oferta de testes para HIV e demais IST (sífilis, hepatite B, gonorreia e clamídia), quando disponíveis
Ênfase na adesão ao tratamento
Vacinação para HBV e HPV, conforme estabelecido
Oferta de profilaxia pós-exposição para o HIV, quando indicado
Oferta de profilaxia pós-exposição às IST em violência sexual
Notificação do caso, conforme estabelecido
Comunicação, diagnóstico e tratamento das parcerias sexuais (mesmo que assintomáticas)
Fonte: DDAHV/SVS/MS.
801
QUADRO DE TRATAMENTO PARA CORRIMENTO VAGINAL
TRATAMENTO CASOS
PRIMEIRA OPÇÃO SEGUNDA OPÇÃO COMENTÁRIOS
EM GESTANTES RECORRENTES
Mesmas opções
Miconazol a do tratamento As parcerias
creme a 2%, da candidíase sexuais não
via vaginal, um Durante a vaginal, por 14 precisam ser
aplicador cheio, Fluconazol 150 gravidez, o tratadas, exceto as
dias
à noite ao mg, VO, dose tratamento deve sintomáticas
deitar-se, por única ser realizado OU
somente por via É comum durante
7 dias OU Fluconazol
Candidíase vaginal a gestação,
vulvovaginal 150 mg, VO, podendo
OU Itraconazol
O tratamento 1xdia, dias 1, apresentar
100 mg, 2
Nistatina oral está 4 e 7, seguido recidivas pelas
comprimidos,
100.000 UI, contraindicado de terapia de condições
VO, 2xdia, por
uma aplicação, na gestação e manutenção: propícias do pH
1 dia
via vaginal, à lactação vaginal que se
noite ao deitar- 150mg, VO, estabelecem nesse
se, por 14 dias 1xsemana, por período
6 meses
Metronidazol
250 mg, 2
comprimidos
Metronidazol b
Primeiro VO, 2xdia, por
250 mg, 2
trimestre: 10 a 14 dias
comprimidos O tratamento
VO, 2xdia, por Clindamicina 300 OU das parcerias
7 dias mg, VO, 2xdia, sexuais não está
Clindamicina Metronidazol
OU por 7 diasc gel vaginal recomendado
Vaginose 300 mg, VO,
bacteriana 2xdia, por 7 Após primeiro 100 mg/g, um Para as puérperas,
Metronidazol
diasc trimestre: aplicador cheio, recomenda-
gel vaginal
via intravaginal, se o mesmo
100 mg/g, um Metronidazol 250 1xdia por 10 tratamento das
aplicador cheio mg, 1 comprimido dias, seguido gestantes
via vaginal, à VO, 3xdia, por 7 de tratamento
noite ao deitar- dias supressivo com
se, por 5 diasc
duas aplicações
semanais, por 4
a 6 meses
As parcerias
Metronidazol d sexuais devem ser
400 mg, 5 tratadas com o
Metronidazol b comprimidos, mesmo esquema
400 mg, 5 VO, dose única terapêutico
comprimidos, (dose total de
VO, dose única tratamento 2 g) O tratamento
(dose total de pode aliviar
OU os sintomas
tratamento 2g),
VO, dose única de corrimento
Metronidazol d
Tricomoníase vaginal em
400 mg, 1
OU gestantes, além de
comprimido, VO,
prevenir infecção
Metronidazol 2xdia, por 7 dias
respiratória ou
250 mg, 2 genital em RN
OU
comprimidos,
VO, 2xdia, por Metronidazol d Para as puérperas,
7 dias 250 mg, 1 recomenda-
comprimido, VO, se o mesmo
3xdia, por 7 dias tratamento das
gestantes
Fonte: DDAHV/SVS/MS.
Notas:
• PVHA devem ser tratadas com os mesmos esquemas terapêuticos recomendados acima;
• Durante o tratamento com metronidazol, deve-se evitar a ingestão de álcool, pelo “efeito antabuse”,
caracterizado por mal-estar, náuseas, tonturas e gosto metálico na boca;
•
• Durante o tratamento, devem ser suspensas as relações sexuais;
• Manter o tratamento se a paciente menstruar.
a
Outros derivados imidazólicos em creme ou óvulos (ex.: clotrimazol creme vaginal a 1% ou óvulos 100 mg,
semelhante quando comparados ao metronidazol comprimido, opção terapêutica disponível na Rename (2013).
c
A clindamicina creme vaginal, alternativa ao metronidazol gel vaginal, não se encontra disponível na Rename
(2013).
d
As gestantes com infecção por T. vaginalis deverão ser tratadas independentemente de sua idade gestacional, já que
essa IST está associada com rotura prematura de membranas, parto pré-termo e RN de baixo peso ao nascimento.
802
GINECOLOGIAEOBSTETRÍCIA
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
menos de 10% dos casos. Nos casos sintomáticos,
CORRIMENTO URETRAL há presença de corrimento em mais de 80% e/ou
disúria (> 50%). O período de incubação é cerca de
As uretrites são IST caracterizadas por inflama- dois a cinco dias após a infecção.
ção da uretra acompanhada de corrimento. Os agen-
tes microbianos das uretrites podem ser transmitidos
O corrimento mucopurulento ou purulento é
por relação sexual vaginal, anal e oral. O corrimento
frequente. Raramente, há queixa de sensibilidade
uretral pode ter aspecto que varia de mucoide a puru-
aumentada no epidídimo e queixas compatíveis com
lento, com volume variável, estando associado a dor
uretral (independentemente da micção), disúria, balanite (dor, prurido, hiperemia da região prepucial,
estrangúria (micção lenta e dolorosa), prurido uretral e descamação da mucosa e, em alguns casos, material
eritema de meato uretral. purulento e de odor desagradável no prepúcio). As
complicações no homem ocorrem por infecção
Entre os fatores associados às uretrites, foram
encontrados: idade jovem, baixo nível socioeconômi-
co, múltiplas parcerias ou nova parceria sexual, históri-
co de IST e uso irregular de preservativos.
803
URETRITES PERSISTENTES
URETRITE GONOCÓCICA
Os pacientes com diagnóstico de uretrite
É a uretrite sintomática cuja bacterioscopia devem retornar ao serviço de saúde entre sete e dez
pela coloração de Gram e/ou cultura são negativas dias após o término do tratamento. Os sinais e sinto-
para o gonococo. Vários agentes têm sido responsa- mas persistentes ou recorrentes de uretrite podem
bilizados por essas infecções, como C. trachomatis, resultar de resistência bacteriana, tratamento inade-
U. urealyticum, M. hominis e T. vaginalis, entre outros. quado, não adesão ao tratamento e reinfecção.
Nesses casos, deve-se realizar a avaliação, principal-
A infecção por clamídia no homem é respon- mente, por meio da história clínica. Descartadas tais
sável por aproximadamente 50% dos casos de uretri- situações, devem-se pesquisar agentes não suscetí-
te não gonocócica. A transmissão ocorre pelo conta- veis ao tratamento anterior (ex.: T. vaginalis, M. genita-
to sexual (risco de 20% por ato), sendo o período de lium e U. urealyticum).
incubação, no homem, de 14 a 21 dias. Estima-se
que dois terços das parceiras estáveis de homens Outras causas não infecciosas de uretrites,
com uretrite não gonocócica hospedem a C. tracho- como trauma (ordenha continuada), instrumentaliza-
matis na endocérvice. Podem reinfectar seu parceiro ção e inserção de corpos estranhos intrauretrais ou
sexual e desenvolver quadro de DIP se permanece- parauretrais (piercings), e irritação química (uso de
rem sem tratamento. A uretrite não gonocócica carac- certos produtos lubrificantes e espermicidas) devem
teriza-se, habitualmente, pela presença de corrimen- ser consideradas no diagnóstico diferencial de uretri-
tos mucoides, discretos, com disúria leve e intermi- tes persistentes.
tente.
MÉTODOS DIAGNÓSTICOS
A uretrite subaguda é a forma de apresenta- PARA URETRITES
ção de cerca de 50% dos pacientes com uretrite cau-
sada por C. trachomatis. Entretanto, em alguns
casos, os corrimentos das uretrites não gonocócicas O diagnóstico das uretrites pode ser realizado com
base em um dos seguintes sinais e sintomas ou
podem simular, clinicamente, os da gonorreia. As achados laboratoriais:
uretrites causadas por C. trachomatis podem evoluir • Drenagem purulenta ou mucopurulenta ao
exame físico;
para: prostatite, epididimite, balanite, conjuntivite (por
• Bacterioscopia pela coloração Gram de
autoinoculação) e síndrome uretro-conjuntivo-sinovial secreção uretral, apresentando > 5
ou síndrome de Reiter. polimorfonucleares (PMN) em lâmina de imersão. A
coloração de Gram é preferível por se tratar de
método rápido para o diagnóstico de gonorreia em
homens sintomáticos com corrimento uretral. A
infecção gonocócica é estabelecida pela presença de
diplococos Gram-negativos intracelulares em
leucócitos polimorfonucleares;
• Teste positivo de esterase leucocitária na
urina de primeiro jato ou exame microscópico de
sedimento urinário de primeiro jato, apresentando >
10 PMN por campo.
804
GINECOLOGIAEOBSTETRÍCIA
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
TRATAMENTO DE ESCOLHA
a
500 mg, 1 comprimido, VO, dose única,
MAIS
Azitromicina 500 mg, 2 comprimidos, VO, dose única
Uretrite gonocócica OU
e por clamídia não
Ceftriaxona b,c
500 mg, IM, dose única
complicada (uretrite
e proctite) MAIS
Azitromicina 500 mg, 2 comprimidos, VO, dose única
Em menores de 18 anos e gestantes:
c
o medicamento de escolha
Uretrite por
Mycoplasma Azitromicina 500 mg, 2 comprimidos, VO, dose única
genitalium
Fonte: DDAHV/SVS/MS.
a
considerando estudos realizados nos últimos anos, os quais demonstraram a circulação de cepas de gonococos
com taxas de resistência antimicrobiana igual ou maior que 5%, limite determinado internacionalmente para
aceitação do uso de um antibiótico.
b
ceftriaxona, opção terapêutica disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais 2013 (Rename,
805
ÚLCERA GENITAL A sífilis secundária surge em média entre seis semanas
e seis meses após a infecção. Podem ocorrer erup-
As úlceras genitais representam síndrome ções cutâneas em forma de máculas (roséola) e/ou
clínica produzida por agentes infecciosos sexualmen- pápulas, principalmente no tronco; eritemata palmo-
te transmissíveis e que se manifestam como lesões -plantares; placas eritematosas branco-acinzentadas
ulcerativas erosivas, precedidas ou não por pústulas nas mucosas; lesões pápulo-hipertróficas nas muco-
e/ou vesículas, acompanhadas ou não de dor, ardor, sas ou pregas cutâneas (condiloma plano ou condilo-
prurido, drenagem de material mucopurulento, san- ma lata); alopécia em clareira e madarose. A sintoma-
gramento e linfadenopatia regional. tologia pode desaparecer espontaneamente em
poucas semanas. Mais raramente, observa-se compro-
ETIOLOGIA DA ÚLCERA GENITAL metimento hepático, quadros meníngeos e/ou até ocu-
lares, em geral uveítes.
Os agentes etiológicos infecciosos mais comuns
nas úlceras genitais são:
• T. pallidum (sífilis primária e secundária);
• HSV-1 e HSV-2 (herpes perioral e genital,
respectivamente);
• H. ducreyi (cancroide);
• C. trachomatis, sorotipos L1, L2 e L3 (LGV);
• K. granulomatis (donovanose).
806
GINECOLOGIAEOBSTETRÍCIA
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
807
CANCROIDE
O cancroide é uma afecção de transmissão
exclusivamente sexual, provocada pelo H. ducreyi,
mais frequente nas regiões tropicais. Caracteriza-se
por lesões múltiplas (podendo, no entanto, haver uma
única lesão) e habitualmente dolorosas, mais frequen-
tes no sexo masculino. Denomina-se também cancro
mole, cancro venéreo ou cancro de Ducrey. O perío-
do de incubação é geralmente de três a cinco dias,
podendo se estender por até duas semanas. O risco
de infecção em uma relação sexual é de 80%.
808
GINECOLOGIAEOBSTETRÍCIA
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
possam se formar pseudobubões (granulações sub-
cutâneas) na região inguinal, quase sempre unilate-
rais. Na mulher, a forma elefantiásica é uma sequela
tardia, sendo observada quando há predomínio de
fenômenos obstrutivos linfáticos. A localização extra-
genital é rara e, quase sempre, ocorre a partir de
lesões genitais ou perigenitais primárias.
809
TRATAMENTO PARA HERPES GENITAL
TRATAMENTO COMENTÁRIOS
Fonte: DDAHV/SVS/MS.
Notas:
precocemente;
É importante mencionar que não há associação entre herpes simples genital e câncer.
PVHA com herpes genital devem ser monitoradas cuidadosamente, visto que podem necessitar de maior
tempo de tratamento.
a
810
GINECOLOGIAEOBSTETRÍCIA
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
Azitromicina
500 mg, 2 O tratamento sistêmico deve ser
comprimidos, VO, acompanhado de medidas locais de higiene
a
500
dose única
Cancroide mg, 1 comprimido, VO, O tratamento das parcerias sexuais
OU 2xdia, por três dias é recomendado, mesmo quando
Ceftriaxona 500 assintomáticas
mg, IM, dose única
Fonte: DDAHV/SVS/MS.
Notas:
PVHA com cancroide e LGV devem ser monitoradas cuidadosamente, visto que podem necessitar de maior
tempo de tratamento, além do que a cura pode ser retardada e a falha terapêutica pode ocorrer em
qualquer dos esquemas recomendados.
811
TRATAMENTO DA SÍFILIS
812
GINECOLOGIAEOBSTETRÍCIA
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
813
CRITÉRIOS PARA INDICAÇÃO DE TRATAMENTO HOSPITALAR DE DIP
Abscesso tubo-ovariano
Gravidez
Ausência de resposta clínica após 72h do início do tratamento com antibioticoterapia oral
Fonte: DDAHV/SVS/MS.
Fonte: DDAHV/SVS/MS.
814
GINECOLOGIAEOBSTETRÍCIA
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
pode evoluir para formas mais graves, costumando
comprometer especialmente os sistemas nervoso e
SÍFILIS ADQUIRIDA E SÍFILIS NA GESTAÇÃO
cardiovascular.
A sífilis é uma infecção bacteriana de caráter
sistêmico, curável e exclusiva do ser humano. É cau- A transmissão por transfusão de sangue ou
sada pelo T. pallidum, uma bactéria Gram-negativa do derivados pode ocorrer, mas tornou-se rara, devido
grupo das espiroquetas, descoberta em 1905. ao controle realizado pelos hemocentros.
Todos os profissionais de saúde devem estar Em gestantes não tratadas ou tratadas inade-
aptos a reconhecer as manifestações clínicas da quadamente, a sífilis pode ser transmitida para o feto
sífilis, assim como a interpretar os resultados dos (transmissão vertical), mais frequentemente intraútero
exames laboratoriais, que desempenham papel funda- (com taxa de transmissão de até 80%), embora a
mental no controle da infecção e permitem a confirma- transmissão também possa ocorrer na passagem do
ção do diagnóstico e o monitoramento da resposta ao feto pelo canal do parto. A probabilidade da infecção
tratamento. fetal é influenciada pelo estágio da sífilis na mãe e
pela duração da exposição fetal. Dessa forma, a
transmissão é maior quando a mulher apresenta sífilis
primária ou secundária durante a gestação. Pode
haver consequências severas, como abortamento,
parto pré-termo, manifestações congênitas precoces
ou tardias e/ou morte do RN. A seguir, serão aborda-
das as manifestações clínicas, o diagnóstico e o
tratamento da sífilis adquirida e sífilis na gestação.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DA
SÍFILIS ADQUIRIDA E SÍFILIS NA GESTAÇÃO
Existem duas classificações para as formas
clínicas da sífilis adquirida, a saber, pelo tempo de
infecção e por suas manifestações clínicas, conforme
a descrição:
815
semanas; porém, as lesões podem recrudescer em
surtos subentrantes por até dois anos. No entanto, a
sintomatologia pode desaparecer de forma
espontânea em poucas semanas, independentemente
de tratamento. As lesões secundárias são ricas em
treponemas. Podem ocorrer erupções cutâneas em
forma de máculas (roséola) e/ou pápulas,
principalmente no tronco; lesões
eritemato-escamosas palmo-plantares (essa
localização sugere fortemente o diagnóstico de sífilis
no estágio secundário); placas eritematosas
branco-acinzentadas nas mucosas; lesões
pápulo-hipertróficas nas mucosas ou pregas cutâneas
(condiloma plano ou condiloma lata); alopecia em
clareira e madarose (perda da sobrancelha, em
especial do terço distal), febre, mal-estar, cefaleia,
adinamia e linfadenopatia generalizada. Mais
raramente, observam-se comprometimento hepático
e quadros meníngeos e/ou até oculares, em geral
como uveíte. Merece destaque o fato de as lesões de
pele do secundarismo não serem pruriginosas, o que
auxilia no diagnóstico clínico. Nesse estágio, há
presença significativa de resposta imune, com intensa
produção de anticorpos contra o treponema. Os
anticorpos circulantes resultam em maiores títulos
nos testes não treponêmicos e também implicam
resultado reagente nos testes treponêmicos.
• Sífilis latente: período em que não se observa
sinal ou sintoma clínico de sífilis, verificando- -se,
porém, reatividade nos testes imunológicos que
detectam anticorpos. A maioria dos diagnósticos
ocorre nesse estágio. A sífilis latente é dividida em
latente recente (menos de um ano de infecção) e
latente tardia (mais de um ano de infecção).
Aproximadamente 25% dos pacientes intercalam
lesões de secundarismo com os períodos de latência,
durante o primeiro ano da infecção. Diante de um
indivíduo com diagnóstico confirmado, em que não é
possível inferir a duração da infecção (sífilis de
duração ignorada), trata-se como sífilis latente tardia.
• Sífilis terciária: ocorre aproximadamente em
30% das infecções não tratadas, após um longo
período de latência, podendo surgir entre dois a 40
anos depois do início da infecção. A sífilis terciária é
considerada rara, devido ao fato de que a maioria da
população recebe indiretamente, ao longo da vida,
antibióticos com ação sobre o T. pallidum e que levam
à cura da infecção. Quando presente, a sífilis nesse
estágio manifesta-se na forma de inflamação e
destruição tecidual. É comum o acometimento do
sistema nervoso e cardiovascular. Além disso,
verifica-se a formação de gomas sifilíticas
(tumorações com tendência a liquefação) na pele,
mucosas, ossos ou qualquer tecido. As lesões causam
desfiguração e incapacidade, podendo ser fatais. Para
o diagnóstico, devem-se considerar as seguintes
lesões:
› Cutâneas: gomosas e nodulares, de caráter
destrutivo;
› Ósseas: periostite, osteíte gomosa ou
esclerosante, artrites, sinovites e nódulos
justa-articulares;
› Cardiovasculares: aortite sifilítica, aneurisma
e estenose de coronárias;
› Neurológicas: meningite aguda, goma do
cérebro ou da medula, atrofia do nervo óptico, lesão do
sétimo par craniano, paralisia geral, tabes dorsalis e
demência.
816
GINECOLOGIAEOBSTETRÍCIA
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
(menos de um
ano de duração) - Seis semanas a seis meses após o contato - Sintomas gerais, micropoliadenopatia
- As lesões desaparecem sem cicatrizes em - Pode haver envolvimento ocular
quatro a 12 semanas (ex: uveíte), hepático e neurológico
(ex: alterações nos pares cranianos,
- Pode haver novos surtos meningismo)
Latente recente b
- Assintomática, com testes imunológicos
reagentes
Latente tardia b
- Assintomática, com testes imunológicos
reagentes
Terciária c
- Quadro cutâneo destrutivo e formação de
(mais de um ano
de duração) - Dois a 40 anos após contato qualquer órgão
- Acometimento cardiovascular, neurológico
e ósseo
a
Erupção maculosa (roséola) ou papulosa, lesões palmo-plantares com escamação em colarinho, placas mucosas
coronárias), neurológicas (meningite, gomas do cérebro ou da medula, paralisia geral, tabes dorsalis e demência).
Fonte: DDAHV/SVS/MS.
• Exames diretos: a pesquisa direta de T.
pallidum na sífilis recente primária e secundária
pode ser feita pela microscopia de campo escuro
MÉTODOS PARA O DIAGNÓSTICO (sensibilidade de 74% a 86%). Quando isso não é
possível, a pesquisa do treponema pode ser
DA SÍFILIS ADQUIRIDA E SÍFILIS NA GESTAÇÃO realizada por imunofluorescência direta, exame de
material corado e biópsias.
Os testes utilizados para o diagnóstico da sífilis • Testes imunológicos: na prática são os mais
utilizados. Dividem-se em treponêmicos e não
são divididos em duas categorias: exames diretos e treponêmicos.
testes imunológicos. No momento da escolha dos • Testes treponêmicos: Detectam anticorpos
testes, é importante considerar não somente os testes específicos produzidos contra os antígenos do T.
pallidum. São os primeiros a se tornarem reagentes,
disponíveis, mas também o provável estágio da sífilis a sendo importantes para a confirmação do
ser diagnosticado. Por exemplo, no início da infecção, diagnóstico. Na maioria das vezes, permanecem
positivos mesmo após o tratamento pelo resto da
quando ainda não houve tempo suficiente para a vida do paciente; por isso, não são indicados para o
monitoramento da resposta ao tratamento.
produção de anticorpos anti-T. pallidum, o ideal é que
seja realizada a pesquisa direta do T. pallidum. Exemplos de testes treponêmicos: testes de
hemaglutinação e aglutinação passiva (TPHA, do
inglês T. pallidum Haemagglutination Test); teste de
imunofluorescência indireta (FTA- -Abs, do inglês
817
Fluorescent Treponemal Antibody-Absorption); Para o diagnóstico da sífilis, devem ser utilizados:
quimioluminescência (EQL, do inglês
Electrochemiluminescence); ensaio imunoenzimático • Um dos testes treponêmicos (ex: teste
indireto (ELISA, do inglês Enzyme-Linked rápido ou FTA-Abs ou TPHA ou EQL ou ELISA)
Immunosorbent Assay); testes rápidos
(imunocromatográficos). Os testes rápidos são práticos MAIS
e de fácil execução, com leitura do resultado em, no
máximo, 30 minutos. Podem ser realizados com • Um dos testes não treponêmicos (ex: VDRL
amostras de sangue total colhidas por punção venosa ou RPR ou TRUST).
ou por punção digital.
A ordem de realização fica a critério do
• Testes não treponêmicos: Detectam anticorpos serviço de saúde. Quando o teste rápido for utilizado
não específicos anticardiolipina para os antígenos do T. como triagem, nos casos reagentes, uma amostra de
pallidum, e podem ser qualitativos ou quantitativos. sangue deverá ser coletada e encaminhada para
Tornam-se reagentes cerca de uma a três semanas realização de um teste não treponêmico. Em caso de
após o aparecimento do cancro duro. O teste qualitativo gestante, o tratamento deve ser iniciado com apenas
indica a presença ou ausência de anticorpo na amostra. um teste reagente, treponênico ou não treponêmico,
O teste quantitativo permite a titulação de anticorpos. O sem aguardar o resultado do segundo teste.
resultado deve ser expresso em títulos (1:2, 1:4, 1:64,
entre outros), sendo importante para o diagnóstico e
monitoramento da resposta ao tratamento, porquanto
a queda do título é indicação de sucesso terapêutico. TRATAMENTO DA SÍFILIS ADQUIRIDA
E SÍFILIS NA GESTAÇÃO
Exemplos de testes não treponêmicos com
metodologia de floculação: VDRL (do inglês Venereal A penicilina é o medicamento de escolha para o
Disease Research Laboratory), RPR (do inglês Rapid tratamento da sífilis. Níveis de penicilina superiores a
Test Reagin) e TRUST (do inglês Toluidine Red Unhe- 0,018 mg por litro são considerados suficientes e
ated Serum Test). O VDRL baseia-se em uma suspen- devem ser mantidos por pelo menos sete a 10 dias na
são antigênica composta por uma solução alcoólica sífilis recente, e por duração mais longa na sífilis tardia.
contendo cardiolipina, colesterol e lecitina purificada
e utiliza soro inativado como amostra. O RPR e o
TRUST são modificações do VDRL que visam a
aumentar a estabilidade da suspensão antigênica e
permitir a leitura do resultado a olho nu.
818
GINECOLOGIAEOBSTETRÍCIA
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
tratar a gestante e o feto, impõe-se a dessensibilização e o tratamento com penicilina benzatina. Na impossibilidade
de realizar a dessensibilização durante a gestação, a gestante deverá ser tratada com ceftriaxona. No entanto,
da mãe, e o RN deverá ser avaliado clínica e laboratorialmente, conforme este PCDT. As situações de tratamento
819
• Receber atendimento clínico-laboratorial,
VIOLÊNCIA SEXUAL E IST psicológico e social imediato;
• Buscar providências policiais e judiciais
Em âmbito nacional, destaca-se a Lei nº cabíveis (mas caso a vítima não o faça, não lhe pode
12.845/2013, que dispõe sobre o atendimento obri- ser negado atendimento);
gatório e integral de pessoas em situação de violên- • Receber profilaxia da gravidez, das IST não
virais e do HIV;
cia sexual, e ainda as Leis de Notificação Compulsó-
ria no caso de violência contra mulheres, crianças, • Receber vacinação e imunização passiva
para HBV;
adolescentes e pessoas idosas atendidas em servi-
• Colher imediatamente material para
ços de saúde públicos ou privados (Lei nº avaliação do status sorológico de sífilis, HIV, HBV e
10.778/2003, Lei nº 8.069/1990, Lei nº HCV, para seguimento e conduta específica;
10.741/2003), a Lei Maria da Penha (Lei nº • Agendar retorno para seguimento
sorológico após 30 dias e acompanhamento
11.340/2006), entre outros. clínico-laboratorial, psicológico e social, se
necessário.
O estupro é definido como o ato de constran-
ger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a A prevalência de IST em situações de violên-
ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com cia sexual é elevada, e o risco de infecção depende
ele se pratique outro ato libidinoso, sendo crime de diversas variáveis, como o tipo de violência sofrida
previsto no artigo 213 do Código Penal Brasileiro. A (vaginal, anal ou oral), o número de agressores, o
real frequência desse ato criminoso é desconhecida, tempo de exposição (única, múltipla ou crônica), a
uma vez que as vítimas hesitam em informá-lo, devido ocorrência de traumatismos genitais, a idade e a
à humilhação, medo, sentimento de culpa e desco- susceptibilidade da mulher, a condição himenal e a
nhecimento das leis. presença de IST ou úlcera genital prévia.
820
GINECOLOGIAEOBSTETRÍCIA
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
cida eficácia. Algumas IST virais, como as infecções PROFILAXIA DAS IST NÃO VIRAIS EM
por HSV e HPV, ainda não possuem profilaxias especí-
VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA SEXUAL
ficas.
POSOLOGIA
Penicilina G 2,4 milhões UI, IM, (1,2 milhão UI 50 mil UI/kg, IM, dose única (dose
benzatina em cada glúteo), dose única máxima total: 2,4 milhões UI)
Infecção por 500 mg, 2 comprimidos, VO, 20 mg/kg peso, VO, dose única
Azitromicina
clamídia dose única (dose total 1g) (dose máxima total 1 g)
Fonte: DDAHV/SVS/MS.
Notas:
• Em pessoas com história comprovada de hipersensibilidade aos medicamentos acima, devem-se utilizar fármacos
•
intolerância gastrintestinal conhecida ao medicamento. Também deve ser postergada nos casos em que houver
821
PROFILAXIA DA HEPATITE B EM VÍTIMAS PREVENÇÃO DA GRAVIDEZ NÃO
DE VIOLÊNCIA SEXUAL PLANEJADA
822
GINECOLOGIAEOBSTETRÍCIA
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
Fonte: DIAHV/SVS/MS.
SIM
Tempo de exposição
SIM
Pessoa exposta
Pessoa-fonte:
Exame de HIV positivo
ou reagente ou
desconhecido?
Iniciar PEP.
SIM Acompanhamento
sorológico indicado
Fonte: DIAHV/SVS/MS.
*PEP poderá ser indicada se a pessoa fonte tiver exposição de risco nos últimos 30 dias, devido à janela imunológica
823
QUESTÕES
Ginegolocia & Obstetrícia
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 01
Uma mulher com 39 anos de idade, primigesta, com história de atraso menstrual de dois meses,
deu entrada no Serviço de Urgência com queixa de sangramento vaginal há um dia e cólica em baixo
ventre. Ao exame especular observa-se pequena quantidade de sangue em fundo de saco vaginal. Ao
toque vaginal nota-se útero aumentado de volume, amolecido, indolor, com colo uterino fechado. A
ultrassonografia é compatível com gestação tópica de nove semanas e pequeno hematoma subcoriô-
nico. A conduta indicada para essa paciente é
Questão 02
Paciente com 30 anos de idade, primigesta, ao fazer sua ultrassonografia para avaliar a espes-
sura da prega nucal, recebeu o exame com duas fotografias, identificadas e datadas. Uma das fotogra-
fias apresenta a face do feto em posição sagital e a outra com a visualização do polo cefálico no corte
transversal, demonstrando a ausência da calota craniana e ausência de parênquima cerebral identificá-
vel. Considerando que a paciente não deseja prosseguir com a gravidez, a orientação correta a ser
fornecida é que a interrupção da gravidez
A não pode ser realizada em hipótese alguma, devendo a gravidez ser mantida até o termo.
B pode ser realizada, somente após obtenção de autorização judicial e assinatura de termo de consen-
timento informado pela paciente e seu esposo.
C somente pode ser realizada se a gravidez incorrer em risco de vida para a gestante, devendo esse
laudo ser assinado por dois médicos capacitados.
D é permitida somente se o achado ultrassonográfico for confirmado definitivamente por ultrassono-
grafia morfológica realizada entre 20-24 semanas de gestação.
E é permitida com base em laudo ultrassonográfico assinado por dois médicos capacitados, contendo
as fotos do exame, e após assinatura pela paciente de termo de consentimento informado para subme-
ter-se ao procedimento.
825
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 03
O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) foi encaminhado para atendimento de
uma gestante de 19 anos de idade, com idade gestacional de 9 semanas (confirmada por ultrassono-
grafia precoce) e queixa de sangramento vaginal intenso. A paciente nega comorbidades ou trauma.
Ao exame físico, revela-se hipocorada (++/4+); PA = 90 X 60 mmHg; FC = 110 bpm. O exame gine-
cológico evidenciou útero intrapélvico e aumentado de volume, colo amolecido com 1 cm de dilatação,
presença de sangramento vaginal ativo e saída de restos ovulares. A paciente foi encaminhada para
atendimento hospitalar. Quais seriam, respectivamente, o diagnóstico e a conduta corretos nesse
caso?
Questão 04
Uma mulher com 32 anos de idade, solteira, sem vida sexual ativa, refere ter sido vítima de
violência sexual. Por ocasião do estupro, a paciente não contou nada a ninguém e, posteriormente,
descobriu que estava grávida. No momento atual, a gestante manifesta para o seu médico o desejo de
interromper a gravidez. O profissional médico recusa-se a fazer o aborto nessas condições e argumen-
ta que há necessidade da verificação da denúncia de estupro pelo médico do Instituto Médico Legal
(IML). O médico aciona o Serviço Social da instituição e a polícia local, para que a gestante possa
lavrar o Boletim de Ocorrência do estupro, esclarecendo que esse documento servirá como consenti-
mento para o procedimento. Nessa situação, a conduta médica foi
A adequada, pois para a prática do abortamento legal há necessidade de decisão judicial afirmando o
estupro.
B inadequada, pois o laudo do IML não é exigido legalmente para realização do abortamento em casos
de estupro.
C adequada, pois a vítima de um crime contra a dignidade sexual deve imediatamente comunicar a
ocorrência à polícia para início de ação penal pública incondicionada.
D inadequada, pois o consentimento da mulher é feito por documento próprio, devendo ser assinado
pela vítima que deseja o abortamento e por um familiar.
826
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 05
Uma mulher, com 25 anos de idade e seis semanas de atraso menstrual, compareceu ao Pronto
Atendimento com queixa de dor em abdome inferior há quatro horas. A dor se irradia para o ombro
esquerdo, acompanhada de sangramento vaginal de leve intensidade, há dois dias. A paciente fez
teste de gravidez em urina, que revelou resultado positivo. Ao exame físico apresentou estado geral
regular, mucosas hipocoradas ++/4+, pulso = 110 bpm, pressão arterial = 80 x 60 mmHg, abdome
distendido e doloroso. O exame especular revelou sangramento em pequena quantidade pelo colo
uterino. Ao toque vaginal apresentou útero aumentado em duas vezes o seu volume, globoso, com
amolecimento do colo uterino, fundo de saco doloroso e abaulado. A conduta indicada é
A realizar punção e aspiração de fundo de saco para excluir diagnóstico de cisto ovariano roto.
B solicitar beta-hCG sérico para avaliar possibilidade de tratamento clínico com metotrexato.
C encaminhar para tratamento cirúrgico imediato por laparoscopia.
D encaminhar para tratamento cirúrgico imediato por laparotomia.
Questão 06
Uma paciente de 25 anos de idade, gesta = 2, para = 1 (1 cesariana há 3 anos), com 32 sema-
nas de gestação, chega à emergência de um hospital referindo sangramento vaginal há 2 horas. Ao
exame, apresenta sinais vitais estáveis, pressão arterial = 130 x 80 mmHg, ausência de dinâmica uteri-
na, batimentos cardiofetais de 150 bpm e útero indolor à palpação. Ao exame especular, foi observado
sangramento de moderada quantidade fluindo pelo colo. Nessa situação qual o diagnóstico mais
provável e qual a conduta a seguir?
827
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 07
Uma paciente com 27 anos de idade, primigesta, com gestação de 34 semanas, queixa-se de
sangramento genital há cerca de uma hora. Nega dor abdominal ou outros sintomas. Ao exame clínico,
constata-se bom estado geral e PA = 110 x 70 mmHg. O feto está em situação transversa, com bati-
mentos cardiofetais de 144 bpm. A dinâmica uterina é de uma contração de leve intensidade, com 30
segundos de duração, em 10 minutos de observação. O exame especular revelou colo uterino com
orifício puntiforme e presença de sangramento discreto, cor vermelho-vivo, de origem uterina, contínuo
e de leve intensidade. Qual o provável diagnóstico diante desse quadro?
A Placenta prévia.
B Abortamento tardio.
C Trabalho de parto pré-termo.
D Descolamento prematuro de placenta.
Questão 08
Uma mulher com 34 anos de idade, Gesta 3 Para 2 Cesáreas 2, com idade gestacional de 37
semanas e diagnóstico de placenta prévia centro parcial, chega à maternidade com queixa de sangra-
mento vaginal vermelho vivo, em moderada quantidade. Ao exame físico, apresenta: pressão arterial =
110 x 70 mmHg, frequência cardíaca = 80 bpm, batimentos cardiofetais = 132 bpm, dinâmica uterina
de 2 contrações de 30 segundos em 10 minutos de observação. Nesse caso, a principal complicação
e o exame indicado são
828
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 09
Uma mulher com 25 anos de idade procura a Unidade Básica de Saúde com queixa de corri-
mento vaginal fluido, de coloração esbranquiçada e odor forte, há 15 dias. Ao exame especular, obser-
va-se conteúdo vaginal esbranquiçado e bolhoso. Ao realizar a avaliação do pH vaginal com fita, obte-
ve-se valor de 6,5. O teste das aminas apresentou resultado positivo. Pelos achados evidenciados,
conclui-se que o diagnóstico correto é
Questão 10
Uma mulher com 27 anos de idade comparece à Unidade Básica de Saúde para apresentar
resultado de seu primeiro exame preventivo, cujo laudo citopatológico do colo uterino demonstra “célu-
las escamosas atípicas de significado indeterminado, possivelmente não neoplásicas”. Para o caso
descrito, a conduta médica adequada, de acordo com as Diretrizes do Ministério da Saúde, é
829
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 11
Uma mulher de 30 anos de idade, secundípara, procura atendimento médico na Unidade de
Saúde da Família, referindo que, há mais ou menos três meses, notou a presença de um nódulo na
mama direita. Nega aumento do volume do nódulo, alterações na cor e textura da pele das mamas ou
descarga mamilar. Está em uso de anticoncepcional hormonal oral combinado há 6 anos. A avó mater-
na teve câncer de mama aos 60 anos de idade. Ao exame, observa-se nódulo indolor, com 2,0 cm de
diâmetro, bem delimitado, consistência fibroelástica, móvel, no quadrante superior externo da mama
direita. Nota-se a ausência de linfonodos palpáveis em axilas e expressão mamária negativa bilateral-
mente. Diante desse quadro, qual a conduta mais adequada a ser adotada pelo médico?
A Solicitar mamografia.
B Solicitar mamografia e ultrassonografia de mamas.
C Referenciar a paciente ao serviço de saúde especializado.
D Orientar a paciente a retornar em 6 meses para repetir o exame clínico das mamas.
E Orientar a paciente a retornar em 12 meses para repetir o exame clínico das mamas.
Questão 12
Uma mulher com 53 anos de idade havia apresentado sangramento genital há dois anos e foi
admitida em Unidade de Pronto Atendimento com queixa de sangramento genital de grande volume,
iniciado há três horas, após intercurso sexual. Desde o último parto, há 16 anos, não faz acompanha-
mento médico. Ao exame físico, apresenta-se em regular estado geral, ansiosa, pele e mucosas desco-
radas ++/4+, pressão arterial = 120 × 90 mmHg, frequência cardíaca = 110 bpm. Ao exame especu-
lar, o colo uterino apresenta lesão vegetante, friável e sangrante em toda a sua extensão, secreção
vaginal sanguinolenta e fétida em grande quantidade. Ao toque vaginal, percebe-se colo de superfície
irregular, endurecido e bastante volumoso. Ao toque retal evidencia-se paramétrios aparentemente
livres, mucosa retal lisa, sem lesões, abaulada por tumor anterior. Após estabilização hemodinâmica, a
propedêutica imediata para esclarecimento diagnóstico é
A conização.
B colposcopia.
C biópsia do colo uterino.
D coleta de colpocitologia.
830
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 13
Mulher com 25 anos de idade procura Unidade Básica de Saúde para exame ginecológico de
rotina. Relata ter iniciado atividade sexual há seis anos e já ter tido quatro parceiros sexuais. Não há
alterações visíveis ao exame especular. Nessa oportunidade a paciente é submetida pela primeira vez
ao exame de colpocitologia oncológica. Após um mês, retorna com resultado da citologia, que revela
a presença de lesão intraepitelial escamosa de baixo grau (HPV e NIC I).
A conduta mais apropriada para essa paciente é a realização de: A conização cervical.
B colpocitologia oncológica em seis meses.
C colposcopia e biópsia dirigida.
D eletrocauterização do colo uterino.
E pesquisa de HPV por método de biologia molecular.
Questão 14
Paciente, com 25 anos de idade, sem queixas, retorna para consulta de rotina na Unidade
Básica de Saúde trazendo o resultado do exame citopatológico do colo uterino que apresentou amos-
tra satisfatória, com atipia de células escamosas de signifi cado indeterminado (ASCUS). O exame
especular vaginal feito na consulta em que o material colhido era normal. O citopatológico anterior da
paciente havia sido colhido dois anos antes e não apresentava sinais de malignidade. Qual a conduta
a ser adotada?
831
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 15
Uma mulher com 25 anos de idade, assintomática, com início da vida sexual aos 16 anos, reali-
zou exame de colpocitologia pela primeira vez na Unidade Básica de Saúde do seu bairro. O resultado
evidenciou células escamosas atípicas de significado indeterminado, não se podendo afastar lesão de
alto grau. A paciente foi encaminhada para realizar colposcopia, que não evidenciou a junção escamo-
colunar ou qualquer lesão. Considerando essa situação, qual a conduta indicada para essa paciente?
Questão 16
Uma mulher de 35 anos de idade, tabagista, assintomática, retorna à Unidade Básica de Saúde
para apresentar exame citopatológico de colo uterino. O resultado indica lesão intraepitelial escamosa
de baixo grau. Considerando que, na maioria das vezes, a infecção é pelo HPV, conclui-se corretamen-
te que se trata de infecção
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QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 17
Uma mulher com 32 anos de idade, solteira, sem vida sexual ativa, refere ter sido vítima de
violência sexual. Por ocasião do estupro, a paciente não contou nada a ninguém e, posteriormente,
descobriu que estava grávida. No momento atual, a gestante manifesta para o seu médico o desejo de
interromper a gravidez. O profissional médico recusa-se a fazer o aborto nessas condições e argumen-
ta que há necessidade da verificação da denúncia de estupro pelo médico do Instituto Médico Legal
(IML). O médico aciona o Serviço Social da instituição e a polícia local, para que a gestante possa
lavrar o Boletim de Ocorrência do estupro, esclarecendo que esse documento servirá como consenti-
mento para o procedimento. Nessa situação, a conduta médica foi
A adequada, pois para a prática do abortamento legal há necessidade de decisão judicial afirmando o
estupro.
B inadequada, pois o laudo do IML não é exigido legalmente para realização do abortamento em casos
de estupro.
C adequada, pois a vítima de um crime contra a dignidade sexual deve imediatamente comunicar a
ocorrência à polícia para início de ação penal pública incondicionada.
D inadequada, pois o consentimento da mulher é feito por documento próprio, devendo ser assinado
pela vítima que deseja o abortamento e por um familiar.
Questão 18
Uma puérpera (Gesta 3, Para 2, Aborto 1) teve parto pré-termo com 36 semanas, sem intercor-
rências. A tipagem sanguínea materna resultou grupo A com fator Rh negativo e o teste de Coombs
indireto foi positivo (título 1:4). O recém-nascido apresentou tipagem sanguínea grupo O fator Rh posi-
tivo e o Coombs direto negativo. A paciente recebeu imunoglobulina anti-D na 28ª semana de gesta-
ção. Arespeito da imunoprofilaxia no pós-parto dessa paciente, conclui-se corretamente que
A a imunoprofilaxia na 28ª semana foi eficaz e a paciente não necessita de nova dose.
B a paciente desenvolveu aloimunização ao antígeno D e a imunoprofilaxia não será eficaz.
C o Coombs direto negativo indica que a imunoglobulina anti-D deve ser administrada em dose dupla.
D o teste de Coombs indireto positivo é esperado e a imunoglobulina anti-D deve ser administrada.
833
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 19
Uma secundigesta com 35 anos de idade, parto vaginal há 2 anos, sem intercorrências, é aten-
dida em sua primeira consulta pré-natal na 12a semana de gestação. Apresenta classificação sanguí-
nea “O” Rh negativo e a tipagem do marido é “B” Rh positivo. A paciente não lembra se fez uso de
imunoglobulina anti-Rh no parto anterior. Nesse caso, a conduta correta é
(A) dar seguimento mensal ao pré-natal da paciente, com teste de Coombs indireto até a 28a semana
de gestação e, se o teste permanecer negativo, administrar imunoglobulina anti-Rh na paciente.
(B) dar seguimento mensal ao pré-natal da paciente, com teste de Coombs indireto até a 28a semana
de gestação e, sendo o resultado positivo maior que 1:16, administrar imunoglobulina anti-Rh na
paciente.
(C) solicitar teste de Coombs indireto se o primeiro filho for Rh negativo e, sendo o resultado negativo,
administrar imunoglobulina anti-Rh na paciente.
(D) solicitar teste de Coombs indireto se o primeiro filho for Rh positivo e, sendo o resultado positivo
maior que 1:16, administrar imunoglobulina anti-Rh na paciente.
Questão 20
Paciente, com 35 anos de idade, nuligesta, procura médico para realizar exames de mama.
Relata ter muito medo, pois sua mãe teve câncer de mama bilateral, diagnosticado aos 49 anos. O
exame clínico das mamas é normal, bem como o restante do exame físico da paciente. Qual a conduta
a ser adotada pelo médico no rastreamento do câncer de mama para esta paciente?
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QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 21
Mulher com 25 anos de idade, nuligesta, procura o Ambulatório de Mastologia relatando ter
notado a presença de nódulo na mama esquerda há dois meses. Faz uso de anticoncepcional combi-
nado oral. Nega história familiar de câncer de mama. Ao exame, palpa-se nódulo de consistência fibro-
elástica, de contornos regulares, móvel, indolor, medindo cerca de 3,0 cm, em quadrante superoexter-
no da mama esquerda. A conduta imediata indicada é:
A solicitar mamografia.
B realizar exérese do nódulo.
C realizar controle clínico a cada seis meses.
D solicitar mamografia e ultrassonografia mamária.
E realizar punção aspirativa com agulha fina (PAAF).
Questão 22
Uma mulher com 52 anos de idade, Gesta 3 Para 2 Aborto 1, foi encaminhada ao ambulatório
de mastologia para avaliação. A paciente não apresentava queixas mamárias e não possuía história
familiar de câncer. Ao exame físico, não foram encontradas alterações na mama direita da paciente e,
na mama esquerda, foi identificado espessamento sem nódulos palpáveis. O resultado da mamografia
de rotina, realizada recentemente pela paciente, é de BIRADS 3. Diante desse quadro clínico, a condu-
ta indicada é
(A) informar que o resultado do exame é provavelmente benigno e que o acompanhamento pode conti-
nuar a ser feito no serviço de atenção primária, com repetição da mamografia em 6 meses.
(B) informar que o resultado do exame é normal e que o atendimento pode continuar a ser feito no
serviço de atenção primária, com avaliação clínica anual e repetição da mamografia em 2 anos.
(C) informar que o resultado do exame é inconclusivo e solicitar a realização de ultrassonografia mamá-
ria complementar, mantendo o acompanhamento no serviço de atenção secundária.
(D) informar que o resultado do exame é sugestivo de malignidade e indicar biópsia mamária imediata
no serviço de atenção secundária.
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QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 23
Uma mulher de 42 anos de idade realizou autoexame das mamas e detectou nodulação na
mama direita, com aumento da sensibilidade local. Na consulta com o médico foi realizado exame das
mamas, que revelou mamas difusamente densas à palpação, sem nódulos palpáveis, descarga papilar
ou linfonodomegalia. Foi solicitada mamografia, com o seguinte resultado: mamas densas difusamen-
te, BI-RADS 0 (resultado inconclusivo). Para elucidação diagnóstica, nesse caso, indica-se
A repetir a mamografia.
B encaminhar para biópsia.
C solicitar ultrasonografia mamária.
D solicitar dosagem de marcadores tumorais.
Questão 24
Uma mulher, com 34 anos de idade, comparece à consulta em Ambulatório de Mastologia. Está
assintomática e sem anormalidades ao exame clínico. Antecedentes familiares: prima diagnosticada
com câncer de mama unilateral aos 60 anos de idade. De acordo com as recomendações do Ministé-
rio da Saúde para rastreamento do câncer de mama, essa paciente deverá realizar mamografia
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QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 25
Ao atender uma mulher, com 24 anos de idade, você observa grande resistência dela para con-
tinuar o aleitamento materno de seu fi lho de dois meses. Além dos inquestionáveis benefícios para a
criança, você orienta a paciente sobre os benefícios que o aleitamento materno traz para a mulher que
amamenta, entre os quais fi guram, a proteção contra o câncer de mama e contra
Questão 26
Mulher com 45 anos de idade, cor branca, multípara, proveniente de zona rural, procura consul-
ta ginecológica com queixa de peso na região pélvica há cerca de 60 dias, perda de peso corporal e
distensão abdominal. A paciente não faz uso de método contraceptivo oral e não apresenta dismenor-
reia. A paciente tem antecedente de neoplasia maligna de mama e a mãe, história de câncer de ovário.
Ao exame, observou-se massa palpável em anexo esquerdo. De acordo com o exame clínico e com os
antecedentes pessoais e familiares informados pela paciente, qual a principal hipótese diagnóstica?
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QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 27
Uma mulher de 54 anos de idade, sem queixas, vem à consulta para revisão preventiva. Ela
refere ter dois filhos e ter amamentado ambos. É tabagista, nega outras doenças e afirma que não faz
uso de medicações. Ela se mostra preocupada com neoplasia, pois tem uma prima que teve câncer de
colo uterino, mas nega história familiar de câncer de mama. Considerando as evidências científicas de
rastreamento de neoplasias, quais exames deverão ser solicitados nesse momento?
Questão 28
Uma mulher com 40 anos de idade comparece ao hospital com queixa de caroço na mama
esquerda, surgido 3 meses após trauma no local. Ao exame físico, palpa-se nódulo de 3 cm no qua-
drante superior externo da mama esquerda, de consistência endurecida, acompanhado de retração de
pele e equimose, sem sinais flogísticos. Nesse caso, o diagnóstico diferencial do carcinoma mamário
é
(A) fibroadenoma.
(B) necrose gordurosa.
(C) abscesso mamário.
(D) tumor Phylodes de mama.
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QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 29
Puérpera, no quinto dia após parto normal, retorna à Unidade Básica de Saúde para reavalia-
ção. Na consulta, paciente e recém-nascido apresentam-se em bom estado geral. No exame físico
materno, mamas ingurgitadas, dolorosas à palpação, edemaciadas, com saída de leite à expressão. No
decorrer da consulta, a paciente queixa-se de que o bebê "chora muito" e acredita que seu leite é
"fraco" para ele. A puérpera demonstra preocupação e dúvidas sobre os benefícios da amamentação.
A conduta nessa situação deve ser
A substituir o leite materno pelo leite artificial, para satisfação do bebê e melhora da ansiedade mater-
na.
B encorajar a amamentação e orientar a expressão manual do leite, para evitar o ingurgitamento.
C suspender a amamentação pelo quadro clínico de mastite e prescrever antibióticos via oral.
D alternar o leite artificial com o leite materno, para a complementação nutricional do bebê.
Questão 30
Uma mulher com 45 anos de idade comparece ao ambulatório de Ginecologia com queixas de
aumento do volume abdominal e irregularidade menstrual. Realiza ultrassonografia transvaginal que
evidencia, no ovário direito, imagem anecoica, arredondada, com paredes finas, contornos regulares,
limites bem definidos e com septações grosseiras em seu interior, medindo 14 x 12 cm em seus maio-
res diâmetros. Nesse caso, a conduta adequada é
(A) iniciar tratamento clínico com anticoncepcional combinado e controle trimestral com ultrassonogra-
fia.
(B) realizar marcadores tumorais e proceder a laparotomia com exame de congelação no intraoperató-
rio.
(C) acompanhar de forma expectante e reavaliar resultado de ultrassonografia após 2 meses.
(D) realizar punção e drenagem do cisto, guiadas por ultrassonografia.
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QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 31
Uma mulher de 35 anos de idade, multípara, com 60 dias pósparto normal sem epsiotomia, foi
admitida numa Emergência Obstétrica com queixa de sangramento vaginal persistente e intermitente
desde o parto, com episódios de hemorragia intensa acompanhados de falta de ar. A paciente informa
que seu bebê nasceu muito malformado e morreu após 48h de nascido. Ao exame físico, apresenta PA
= 110 x 70 mmHg, descorada ++/4+ e abdome com tumoração pélvica em andar inferior. O exame
especular demonstrou vagina com trofismo diminuído, colo aparentemente entreaberto, com sangra-
mento moderado pelo orifício externo. Revelou ainda, presença de tumoração vinhosa de 3 cm de
diâmetro em fundo de saco lateral esquerdo. Ao toque vaginal, a paciente apresentou colo entreaberto
e útero aumentado de volume. A ausculta pulmonar mostrou redução do murmúrio em base esquerda,
e uma radiografia do tórax indicou a presença de múltiplas imagens nodulares em pulmão direito. A
hipótese diagnóstica mais provável para esse caso é
A mioma parido.
B inversão uterina.
C coriocarcinoma.
D laceração de canal de parto.
E carcinoma de células claras de vagina.
Questão 32
Uma mulher com 45 anos de idade, Gesta 3 Para 3, comparece em consulta no ambulatório de
ginecologia. Relata aumento do fluxo menstrual e episódios de sangramento vaginal fora do período
menstrual, que vêm ocorrendo há 6 meses. A paciente refere laqueadura tubária realizada há 5 anos.
O exame especular não apresenta anormalidades. Ao toque vaginal, detecta-se útero aumentado de
volume e de consistência endurecida. O exame de citologia cervicovaginal realizado há dois meses
apresenta resultado satisfatório e normal. No resultado da ultrassonografia transvaginal realizada há
um mês, constata-se volume uterino = 488 cm3 , contendo diversos nódulos hipoecoicos compatíveis
com leiomiomas uterinos submucosos, intramurais e subserosos. Nesse caso, a conduta indicada é
840
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 33
Paciente com 65 anos de idade, menopausa ocorrida há doze anos, comparece ao Pronto-So-
corro com história de sangramento vaginal esporádico e leve há sete meses, com piora do sangramen-
to há dois dias, acompanhado de fraqueza e mal-estar. Nega dor pélvica ou outros sintomas. Tem hiper-
tensão arterial sistêmica controlada e obesidade (IMC = 38 kg/m2 ). Ao exame ginecológico verifica-
-se saída de sangue pelo orifício externo do colo uterino. Traz resultado de colpocitologia oncológica
que está normal. Ultrassonografia transvaginal mostra útero de 30 cm3 com eco endometrial de 2 mm
de espessura, ovários não visualizados. A causa mais provável para o sangramento apresentado pela
paciente é:
A adenomiose.
B pólipo endometrial.
C atrofia do endométrio.
D câncer de endométrio.
E hiperplasia endometrial.
Questão 34
Uma mulher com 25 anos de idade, no curso de 20 semanas de gestação, é atendida em con-
sulta pré-natal e apresenta resultado de VDRL de 1:16. Diz ter realizado tratamento adequado para
sífilis há dois anos e que, desde então, não apresentou lesões na região genital ou erupções cutâneas.
Diante dessa situação, a conduta indicada é
(A) solicitar VDRL em 1 mês e proceder a novo tratamento se houver elevação dos títulos do VDRL.
(B) prescrever penicilina benzatina 2,4 milhões UI, por via intramuscular, em dose única, para a pacien-
te e seu parceiro.
(C) prescrever penicilina benzatina 2,4 milhões UI, por via intramuscular, uma dose semanal por 3
semanas (total de 7,2 milhões de UI), para a paciente e seu parceiro.
(D) prescrever penicilina G cristalina aquosa 3 milhões UI por via endovenosa, a cada 4 horas por 14
dias, para a paciente, e penicilina benzatina 2,4 milhões UI, por via intramuscular, em dose única, para
o parceiro.
841
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 35
Uma paciente realizou tratamento correto de sífilis com seis semanas de gestação, quando
apresentou titulação do VDRL igual a 1:16. Novos testes de VDRL na 22a , 29a e 37a semanas gesta-
cionais revelaram titulações abaixo de 1:8. A paciente encontra-se assintomática, com exame clínico
obstétrico e demais exames laboratoriais dentro da normalidade. O teste de imunofluorescência indire-
ta (FTA-Abs) realizado na 37a semana mostrou-se positivo.
A interpretação correta para os achados laboratoriais dessa paciente é
A reinfecção sifilítica.
B cicatriz sorológica.
C sífilis latente tardia.
D resistência do Treponema.
Questão 36
Em consulta médica no posto de saúde, paciente jovem relata “ferida” na genitália externa que
surgiu há cerca de 30 dias. Ao exame, nota-se úlcera vulvar, única, de contornos imprecisos, fundo
purulento e dolorosa ao toque, associada a linfadenopatia homolateral. O esfregaço do material da
borda da úlcera, corado pelo método de GRAM, revelou bacilos Gram negativos intracelulares. A hipó-
tese diagnóstica principal é
842
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 37
Uma mulher com 30 anos de idade, Gesta 2 Para 1 (parto pré-termo há 2 anos), na 28a semana
de gestação, procura a Unidade Básica de Saúde com queixa de corrimento vaginal há uma semana.
Nega problemas urinários e cólicas em baixo-ventre. Ao exame especular, observa-se vagina de aspec-
to normal, com conteúdo acinzentado em pequena quantidade; pH vaginal = 7,0; resultado do teste de
Whiff (hidróxido de potássio) positivo. Diante desse quadro, o tratamento indicado é
Questão 38
Uma mulher com 22 anos de idade, sexualmente ativa, apresenta, há um mês, leucorreia amare-
lo-esverdeada, de odor fétido. Refere novo parceiro sexual há três meses. Faz uso regular de anticon-
cepcional combinado oral. Ao exame ginecológico observam-se as imagens mostradas abaxo.
A Trichomonas vaginalis.
B Chlamydia tracomatis.
C Neisseria gonorrehae.
D Candida albicans
843
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 39
Uma mulher de 27 anos de idade, solteira, nulípara, chega à Unidade Básica de Saúde queixan-
do-se de que há dois ou três dias vem sentindo mal-estar geral, sensação de febre e ardor ao urinar.
Ontem à noite notou “feridas na vagina”. O exame da vulva demonstrou lesões ulcerosas bilaterais
dolorosas, de pequenas dimensões. Diante desse quadro, quais são, respectivamente, a hipótese
diagnóstica mais provável e o tratamento indicado?
Questão 40
Uma mulher de 21 anos, nuligesta, casada, em uso de método contraceptivo oral, procurou
atendimento ginecológico com queixa de corrimento vaginal branco-acinzentado, de pequena intensi-
dade e odor fétido, que se iniciou há 5 dias. A paciente relata ter feito uso de fluconazol oral sem
melhora. Nesse caso, qual o principal agente etiológico e a conduta terapêutica a ser adotada?
844
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 41
Uma mulher solteira, de 20 anos de idade, procurou atendimento médico em um Centro de
Atenção Especializada por apresentar, há três semanas, o que chamou de “ferida” na região genital
externa. Ao exame, observa-se lesão ulcerada, não dolorosa, com bordos endurecidos, fundo liso e
brilhante, medindo 0,8 cm de diâmetro, localizada em pequeno lábio direito. Foram solicitados exames
que evidenciaram VDRL = 1:32, FTA - Abs (+), Elisa - HIV = (-), HBsAg = (-). Diante desse quadro,
qual o medicamento mais adequado?
A Ceftriaxona.
B Norfloxacina.
C Ciprofloxaxina.
D Penicilina benzatina.
E Sulfametoxazol/Trimpetropim.
Questão 42
Mulher com 19 anos de idade, primigesta, com gestação de 22 semanas, procura serviço de
Pronto Atendimento obstétrico por apresentar lesões ulceradas, rasas e dolorosas em vulva, iniciadas
há um dia, acompanhada de febre não aferida e mal-estar geral. Relata que o quadro se iniciou há três
dias, precedido por sensação de queimação no local. Nega qualquer lesão semelhante anterior. Não
se observam alterações em gânglios inguinais. A hipótese diagnóstica e a conduta corretas para a
paciente são, respectivamente:
845
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 43
Uma mulher com 25 anos de idade comparece ao Ambulatório e refere o aparecimento, há 10
dias, de ferida não dolorosa na vulva, mostrada na foto abaixo. Relata relação sexual desprotegida há
30 dias. Nega dor ou febre. Ao exame, observa-se lesão única, ulcerada, de bordas endurecidas.
Considerando a etiologia mais provável, o exame que deve ser solicitado para confirmação diagnóstica
é
A bacterioscopia de esfregaço da lesão corado pelo método de Gram.
B pesquisa em campo escuro do agente etiológico.
C pesquisa bacteriológica a fresco.
D cultura de secreção da lesão.
Questão 44
Uma mulher, com 23 anos de idade, primigesta, com idade gestacional de 23 semanas, em
consulta de retorno Pré-Natal na Unidade Básica de Saúde, queixa-se de corrimento vaginal branco,
pastoso, associado a prurido vulvar e disúria terminal. Inspeção vulvar: edema e eritema de grandes
lábios. Ao exame especular: secreção vaginal branco-esverdeada, em placas, aderida à parede vaginal.
Após a aplicação de KOH 10% identifica-se a presença de hifas no exame a fresco do conteúdo vagi-
nal. A conduta indicada é tratamento com
846
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 45
Secundigesta, com 18 semanas de idade gestacional, comparece à segunda consulta de
pré-natal em Unidade Básica de Saúde. Traz resultado de exame de urocultura com mais de 100 mil
unidades formadoras de colônias bacterianas por mL. Nega queixas urinárias e febre. Ao exame físico:
bom estado geral, corada, hidratada, eupneica, pressão arterial = 120 x 80 mmHg. Exame obstétrico:
altura uterina de 17 cm, batimentos cardíacos fetais presentes, rítmicos, 136 batimentos por minutos.
A conduta indicada é:
Questão 46
Primigesta, com 23 anos de idade, 27 semanas de gestação, procura serviço de urgência rela-
tando que, há dois dias, apresenta dor na região lombar à direita. Relata, ainda, que há um dia vem se
sentindo muito mal, com calafrios e náuseas. Hoje, pela manhã, apresentou febre de 38,5 ºC, tendo
feito uso de antitérmico. Ao exame físico: estado geral regular; descorada +/4+; levemente desidrata-
da; afebril, eupneica; frequência cardíaca de 104 bpm; Pressão arterial = 110 x 70 mmHg. Relatou dor
intensa à punho percussão na região lombar direita. Ao exame obstétrico: altura uterina de 28 cm, 156
batimentos cardíacos fetais por minuto, movimentos fetais presentes, ausência de contrações uterinas.
Qual a conduta a ser tomada?
A Solicitar exame sumário de urina e de urocultura e retorno em 24 horas para resultado de exames.
B Hemograma, urocultura, antibioticoterapia e retorno em 24 horas para resultado de urocultura.
C Internação hospitalar, hidratação e antibioticoterapia, após resultado da cultura de urina.
D Hemograma, ultrassonografi a de abdome e de vias urinárias e antibioticoterapia por via oral.
E Internação hospitalar, hemograma, eletrólitos, cultura de urina e antibioticoterapia endovenosa.
847
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 47
Uma mãe de lactente com 14 dias de nascido chega à Emergência com queixa de febre baixa
e tumoração avermelhada e dolorosa em sua mama esquerda, iniciadas há um dia. Ao exame físico o
médico observou bom estado geral e mama esquerda túrgida, dolorosa, avermelhada e com pequena
tumoração sem flutuação. A mãe ainda informa que nesse período o neonato está rejeitando parcial-
mente as mamadas. A conduta correta a ser tomada para essa paciente é
A esvaziamento da mama, preferencialmente pelo lactente, ou por retirada manual; suporte emocional;
repouso e analgésicos.
B esvaziamento manual da mama; suspensão temporária do aleitamento materno; analgésicos e líqui-
dos; compressas locais.
C esvaziamento da mama preferencialmente pelo lactente; uso do sutiã bem firme; antibiótico oral;
repouso e analgésicos.
D esvaziamento manual da mama; suspensão da amamentação; anti-inflamatórios não esteroides;
suporte emocional.
Questão 48
Uma mulher com 20 anos de idade, primigesta na 19a semana de gestação, procura o Pronto-
-Socorro com história de febre não medida há 24 horas e queixa de disúria, polaciúria, urgência miccio-
nal, dor lombar e náuseas. Ao exame físico, apresenta-se em regular estado geral, afebril, frequência
cardíaca = 98 bpm, frequência respiratória = 25 irpm, pressão arterial = 90 x 60 mmHg, desidratada
++/4+ e com dor à punho-percussão da região lombar direita. Diante desse quadro clínico, a conduta
adequada é
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QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 49
Uma adolescente, com 19 anos de idade, comparece ao plantão da Unidade de Emergência
relatando ter sofrido violência sexual há cerca de 48 horas. Afirma que não procurou o atendimento
antes por ter recebido ameaças anônimas por telefone. Afirma que sofreu penetração vaginal com
ejaculação. A profilaxia da infecção por HIV com antirretrovirais para a paciente deve ser
Questão 50
Uma mulher de 27 anos de idade é atendida em Unidade de Pronto Atendimento e relata ter
sido estuprada por homem desconhecido 1 hora antes. Qual a conduta mais adequada nessa situa-
ção?
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QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 51
Mulher, com 21 anos de idade, estava próxima ao ponto de ônibus, quando foi abordada por um
indivíduo estranho, que mediante ameaça com uma faca a obrigou entrar em uma casa abandonada,
próxima àquele local, onde a agrediu fi sicamente e obrigou-a a manter relação sexual vaginal e anal.
Em seguida o agressor evadiu-se. A mulher procurou, imediatamente um posto policial onde foi orien-
tada a buscar auxílio médico e foi encaminhada à Unidade de Atendimento de Emergência.
Analise os itens abaixo:
A I, IV, VI e VII.
B I, II, IV e VII.
C I, III, V e VI.
D II, III, IV e VI.
E III, V, VI e VII.
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QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 52
Uma paciente de 24 anos, solteira, primigesta, comparece à Unidade Básica de Saúde para
sua primeira consulta de pré-natal. O tempo de amenorreia é de 14 semanas. Queixa-se de náuseas e
vômitos frequentes, principalmente no período da manhã. Refere que os sintomas vêm piorando desde
que soube estar grávida. O exame físico geral está normal e o exame obstétrico é compatível com os
de uma gestação de 14 semanas. As náuseas e os vômitos na forma descrita pela paciente
A) constituem sintomas precoce de gravidez múltipla, de modo que a principal medida no momento é
aguardar o resultado da ultrassonografia para verificar gemelaridade.
B) são sinais de alerta para problemas como a neoplasia trofoblástica gestacional, sendo recomenda-
da a utilização de antieméticos e monitorização dos níveis de gonadotrofina coriônica.
C) ocorrem em razão do aumento do volume uterino e os sintomas são progressivos na gestação.
Deve-se evitar alimentos no período da manhã e recomendar repouso após as refeições.
D) constituem manifestações frequentes no início da gravidez, que se dá em razão de alterações
hormonais, de forma que os sintomas reduzirão com o tempo. A alimentação deve ser em pequenas
quantidades e várias vezes ao dia.
Questão 53
Paciente, com 23 anos de idade, encontra-se na nona semana de gestação e comparece à
Unidade Básica de Saúde para sua primeira consulta de pré-natal. Dentre os exames de rotina para
essa idade gestacional, o médico solicita
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QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 54
Gestante, primigesta, 18 anos de idade, com dezessete semanas de gestação, traz cartão de
vacinação para a consulta de pré-natal, mostrando esquema vacinal completo para tétano aos 10 anos
de idade. Em relação à recomendação do esquema vacinal da dupla adulto (difteria e tétano), durante
a gravidez, qual a conduta correta para essa gestante?
Questão 55
Uma paciente de 25 anos de idade, secundigesta, com 39 semanas de gestação, relata cólicas
abdominais há cerca de 12 horas. Ela foi admitida na maternidade com contrações regulares (3 contra-
ções de 40 segundos em 10 minutos de observação), dilatação cervical de 4 cm e apresentação cefá-
lica fletida. Apresentou corioamniorrexe oportuna, evidenciando-se líquido amniótico claro. Cerca de 4
horas após a admissão, foi encaminhada à sala de parto com dilatação completa e polo cefálico no
plano + 1 de De Lee. Após trinta minutos, apresenta contrações regulares (5/60 seg/10 min) e frequ-
ência cardíaca fetal de 126bpm, semdesacelerações.Aotoquevaginal, verifica-se polo cefálico no
plano + 2 de De Lee, formação de pequena bossa serossanguínea e variedade de posição OEA (occí-
pito-esquerda-anterior). Diante desse quadro, que conduta deve ser adotada?
852
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 56
Mulher com 35 anos de idade, G2 P1 (parto vaginal há 4 anos), 41 semanas e 2 dias de idade
gestacional (corrigida por ultrassonografia realizada no primeiro trimestre), vem à Unidade Básica de
Saúde para mais uma consulta de pré-natal. Refere dor nas costas e cansaço. Nega contrações, disú-
ria, perda líquida ou sangramento vaginal. Relata boa movimentação fetal. Ao exame: pressão arterial
= 100x60 mmHg, peso = 68 kg, altura uterina = 34 cm, batimentos cardiofetais = 140 bpm, ausência
de dinâmica uterina. Toque vaginal = colo grosso, centrado, 2 cm de dilatação, apresentação cefálica.
A conduta indicada é:
A) dar alta do pré-natal e orientar a paciente a procurar a Maternidade quando apresentar sintomas do
trabalho de parto.
B) encaminhar para a Maternidade para avaliação da vitalidade fetal e indução do parto.
C) orientar controle da movimentação fetal e aguardar o trabalho de parto espontâneo.
D) agendar nova consulta em 7 dias e orientar sinais e sintomas do trabalho de parto. E solicitar ultras-
sonografia obstétrica e agendar nova consulta em 7 dias.
Questão 57
Uma gestante de 28 anos de idade, primigesta, comparece à Unidade Básica de Saúde no dia
25 de junho de 2015, relatando que “seu bebê passou da data de nascer”. Ao verificar o cartão da ges-
tante, o médico encontrou anotação de data da última menstruação de 06/09/2014 e realização de
ultrassonografia em 01/11/2014, mostrando idade gestacional de 08 semanas pela biometria fetal. Ao
exame obstétrico: altura uterina = 34 cm, feto único, cefálico, insinuado, frequência cardíaca fetal =
140 bpm sem desacelerações, colo apagado 50%, fechado e pressão arterial = 100 x 60 mmHg.
Após essa avaliação, qual seria a conduta apropriada?
A) Tranquilizar a gestante e, de comum acordo com ela, encaminhá-la a uma maternidade para provável
indução do parto.
B) Encaminhar a gestante para a maternidade para realização de cesárea segmentar, pois se trata de
uma gravidez com mais de 41 semanas.
C) Encaminhar a gestante a uma maternidade de alto risco, devido à desproporção feto-pélvica, pois
o feto está encaixado e o trabalho de parto não se iniciou espontaneamente.
D) Liberar a gestante para casa, informando que o concepto está bem e orientá-la a procurar uma
maternidade, caso apresente perda de líquido ou contrações rítmicas dolorosas.
853
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 58
Uma gestante com 27 anos de idade, tercigesta, com antecedentes de um parto cesáreo há
sete anos e um parto normal há três anos, realizou pré-natal na gestação atual, com sete consultas,
sem intercorrências. Internou-se em trabalho de parto e apresenta evolução de acordo com o partogra-
ma abaixo:
Questão 59
Gestante de 39 semanas, com quatro gestações e três partos, foi internada no pré-parto com
dinâmica uterina de três contrações fortes em 10 minutos, cervicodilatação de 5 cm, bolsa íntegra e
cardiotocografi a com padrão ativo. Em uma hora evoluiu para 7 cm de dilatação, apresentando quatro
contrações fortes em 10 minutos. Qual deve ser a indicação de analgesia obstétrica para essa pacien-
te?
854
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 60
Paciente, com 25 anos de idade, secundigesta, com parto cesáreo anterior (G2P1C1), pré-na-
tal sem intercorrências, foi internada em trabalho de parto e apresenta evolução de acordo com parto-
grama, apresentado abaixo. Na décima hora de evolução, apresenta atividade uterina regular de 5 con-
trações/45 segundos/10 minutos/fortes e batimentos cardiofetais de 150 bpm
Questão 61
Uma mulher com 32 anos de idade, primigesta, na 38a semana de gestação, deu entrada na
maternidade com queixa de dores em baixo ventre e perda de líquido pela vagina, em grande quantida-
de, há cerca de uma hora. Ao exame físico, apresentava temperatura de 36,5 ºC, dinâmica uterina de
uma contração de 30 segundos em 10 minutos, saída de líquido claro pelo orifício cervical externo do
colo uterino, batimentos cardíacos fetais de 148 bpm, colo uterino pérvio para 3 cm e com esvaeci-
mento de 40%. O resultado da cardiotocografia apresentou padrão tranquilizador. O exame de ultras-
sonografia realizado na sua admissão evidenciou feto único, com apresentação cefálica, índice de líqui-
do amniótico = 7 cm, tônus fetal preservado, com movimentos respiratórios e corpóreos presentes. A
imagem a seguir apresenta partograma com a evolução do quadro da parturiente nas primeiras 5 horas
de internamento.
855
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 62
Uma mulher no 10.° dia pós-parto vaginal sem episiotomia, comparece à Unidade de Emergên-
cia referindo febre de até 38,5°C, dor abdominal e sangramento vaginal aumentado, de odor fétido. Ao
exame, apresentou pressão arterial = 100 x 60 mmHg, temperatura axilar = 38°C, frequência cardíaca
= 105 bpm, dor à palpação do abdome em hipogástrio, sem sinais de irritação peritoneal, e útero
palpável ao nível da cicatriz umbilical. Ao exame especular, foram observados sangue coletado em
fundo vaginal e pequena quantidade de membranas em orifício cervical externo. Ao toque vaginal, a
paciente apresentou colo pérvio e dor à mobilização do colo uterino. Qual a conduta mais adequada
para o caso?
Questão 63
Primigesta de 25 anos de idade procura a Maternidade pelo início do trabalho de parto às 13
horas e sua evolução está registrada no partograma abaixo.
A paciente completa o primeiro período do parto às 18h30min. O segundo período já durava 45 minu-
tos, quando o feto começou a apresentar desacelerações tipo II. Qual o diagnóstico desse caso e a
conduta obstétrica mais apropriada?
856
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 64
Secundigesta com 27 anos de idade, na 35a semana de gestação, comparece à Unidade de
Pronto Atendimento com queixas de dor em baixo ventre e perda de líquido pela vagina. O exame físico
evidencia: batimento cardíaco fetal de 145 bpm; dinâmica uterina de três contrações de 35 segundos
em 10 minutos; amniorrexe confirmada pelo exame especular. Ao toque, observa-se colo esvaecido e
dilatado para 4 cm. Nesse caso, a conduta médica adequada é
A) realizar tocólise e profilaxia antimicrobiana para Streptococcus beta hemolítico por 48 horas.
B) colher cultura para Streptococcus beta hemolítico e aguardar resultado para instituir profilaxia.
C) colher cultura para Streptococcus beta hemolítico e realizar profilaxia antimicrobiana por 48 horas.
D) realizar a profilaxia antimicrobiana para Streptococcus beta hemolítico até o nascimento da criança.
Questão 65
Uma mulher com 30 anos de idade, Gesta 2 Para 1 (parto vaginal), com 35 semanas de gesta-
ção, está internada em unidade materno-infantil há dois dias com queixa de perda de líquido por via
vaginal. O pré-natal vinha sendo realizado, até então, sem anormalidades. Ao exame físico atual, cons-
tata-se: temperatura = 38,7 ºC; pressão arterial = 100 x 60 mmHg; frequência cardíaca = 110 bpm;
ausculta cardiopulmonar normal; sinal de Giordano negativo. Ao exame obstétrico, observa-se: altura
uterina = 30 cm; dinâmica uterina ausente; apresentação cefálica; batimentos cardíacos fetais = 170
bpm, sem desacelerações. O exame especular revela saída de líquido pelo orifício do colo uterino.
Nessa situação, a conduta indicada é
A) manejo expectante de avaliação de sinais de infecção; controle diário da vitalidade fetal com cardio-
tocografia.
B) corticoterapia para maturação pulmonar fetal; resolução da gestação por via alta, após 48 horas,
com antibioticoprofilaxia.
C) corticoterapia para maturação pulmonar fetal; profilaxia para sepse neonatal por estreptococo beta-
-hemolítico; aguardo do trabalho de parto.
D) indução do trabalho de parto; profilaxia para sepse neonatal por estreptococo beta-hemolítico; anti-
bioticoterapia de largo espectro.
857
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 66
Mulher multípara, com gestação de 34 semanas e um dia, chega à maternidade com queixa de
dor em cólica e endurecimento do abdome. Ao exame: presença de contrações uterinas frequentes
(uma a cada cinco minutos), colo uterino com 50% de esvaecimento e 1cm de dilatação, vitalidade
fetal preservada. A conduta correta a ser adotada para a paciente é
Questão 67
Primigesta, tabagista, na 36a semana de gestação, procura a emergência da maternidade com
sangramento vaginal de moderada quantidade, há 20 minutos, associado a dor abdominal, de forte
intensidade. Ao exame: Pressão arterial = 80 x 50 mmHg, pulso = 120 bpm e mucosas descoradas.
Frequência Cardíaca Fetal = 180 bpm. Útero hipertônico, colo com dilatação cervical de 4,0 cm. A
conduta médica deve incluir
Questão 68
Paciente secundigesta, na 35.ª semana de gestação, relata diminuição de movimentos fetais.
Informa ainda gestação anterior interrompida na 36.a semana por pré-eclâmpsia. Ao exame, PA = 120
x 80 mmHg, altura uterina = 30 cm, batimentos cardiofetais =140 bpm, dinâmica uterina ausente. Feto
em apresentação cefálica, com dorso à esquerda. Toque vaginal = colo longo, posterior e impérvio.
Diante destes dados, a conduta a ser tomada é:
858
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 69
Mulher, com 25 anos de idade, vem ao Ambulatório de Ginecologia para fazer o seu "preventi-
vo" (sic). Relata ciclos menstruais regulares a cada 28 - 30 dias. Refere que nos dias que antecedem
a menstruação sente-se mais inchada, com mastalgia e que, nos dois primeiros dias de fluxo menstrual,
sente cólicas.
Questão 70
Uma paciente de 27 anos de idade é encaminhada ao Ambulatório de Ginecologia com história
de parto vaginal há sete meses, complicado com hemorragia intensa devido a descolamento prematu-
ro de placenta. Após o parto, suspeitou-se de restos placentários e realizou-se curetagem uterina. A
paciente recebeu três unidades de concentrado de hemácias devido ao sangramento intenso. A
paciente refere que não menstrua desde o parto e que não amamentou seu filho, referindo não ter
produzido leite materno. Não refere uso de medicamentos, cefaleia e anormalidades visuais. Traz teste
de fração beta do hormônio gonadotrófico coriônico (Beta - HCG) não reagente. Diante desse quadro
clínico, qual a melhor hipótese diagnóstica e as complicações prováveis secundárias ao diagnóstico?
859
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 71
Uma mulher com 47 anos de idade, com antecedente de quatro partos normais, comparece à
consulta na Unidade Básica de Saúde com queixa de ciclos menstruais irregulares há cerca de dois
anos, sem outras queixas. Relata que os intervalos entre as menstruações foram progressivamente
aumentando e que atualmente está menstruando a cada 60-90 dias. Quando era mais jovem tinha
dismenorreia, mas atualmente não sente cólicas durante o fluxo menstrual. Nega comorbidades e uso
de medicações. O exame ginecológico da paciente é normal. Diante das informações disponíveis o
quadro clínico dessa paciente sugere
A) anovulação.
B) endometriose.
C) sinéquia uterina.
D) falência ovariana precoce.
Questão 72
Uma adolescente com 15 anos de idade vem à Unidade Básica de Saúde trazida pela mãe. A
adolescente está bastante ansiosa, pois refere ser a única de seu grupo de amigas que ainda não
menstruou. Nega comorbidades. Ao exame: estatura = 162 cm, peso = 58 kg, mamas normodesenvol-
vidas e pelos axilares e pubianos presentes. Hímen íntegro. Traz resultados de exames de rotina: hemo-
grama, sumário de urina e parasitológico de fezes, todos sem anormalidades. Para essa paciente é
indicado
A) conduta expectante.
B) encaminhamento para especialista.
C) solicitação de ultrassonografia pélvica.
D) solicitação de dosagens de estradiol, LH e FSH.
Questão 73
Uma paciente de 17 anos de idade, que teve menarca aos 11 anos, vem à Unidade Básica de
Saúde (UBS), acompanhada da mãe, referindo amenorréia há 1 ano. A adolescente relata ainda perda
de peso de 15 kg no último ano devido a dietas feitas por conta própria, pois deseja ser modelo. Nega
comorbidades, uso de medicações e início de atividade sexual. Ao exame, apresenta altura de 1,75 m
e peso de 50 kg. Nesse caso, qual o diagnóstico mais provável?
A) Amenorréia hipotalâmica.
B) Falência ovariana prematura.
C) Amenorréia de causa hipofisária.
D) Síndrome dos ovários policísticos.
E) Sinéquias uterinas decorrentes de endometrite.
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QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 74
Uma adolescente com 14 anos de idade é levada por sua genitora a uma Unidade Básica de
Saúde. A mãe refere que a filha ainda não apresentou desenvolvimento das mamas, nunca menstruou,
nem se observou crescimento de pelos pubianos ou axilares. Qual o diagnóstico provável para o caso?
A) Síndrome de Morris.
B) Síndrome de Asherman.
C) Síndrome dos Ovários Policísticos.
D) Síndrome de Rokitansky-Kuster-Hauser.
Questão 75
Uma adolescente de 17 anos de idade comparece à Unidade Básica de Saúde com queixa de
nunca ter tido menstruação. Ela informa que sente dores abdominais, aumento da sensibilidade nas
mamas e mudanças no estado de humor, e que esses sintomas se repetem ciclicamente. Apresenta
distribuição pilosa e desenvolvimento mamário compatíveis com a idade. Nega atividade sexual. Para
confirmação da provável hipótese diagnóstica devese realizar
A) ultrassonografia pélvica.
B) dosagem dos hormônios FSH e LH.
C) exame para avaliar permeabilidade vaginal.
D) teste terapêutico com anticoncepcional, aguardando-se a menstruação.
Questão 76
Mulher, com 25 anos de idade, apresenta ciclos menstruais irregulares, com atrasos menstruais
frequentes, oleosidade da pele, Acantose nigrans e hirsutismo leve em região mentoniana. Exame eco-
gráfi co demonstra características compatíveis com ovários micropolicísticos bilateralmente. Assinale
a alternativa em que as observações, em relação ao seguimento e tratamento desta paciente, são
corretas.
A) A recomendação de perda de peso, atividade física e alimentação rica em fi bra, deve ser restrita
aos casos de ganho de peso recente.
B) Deve ser alertada para a possibilidade de maior risco cardiovascular por alterações no perfi l lipídico
e maior risco oncogênico, principalmente para endométrio.
C) A utilização de anticoncepcional hormonal oral não é indicada, pois não melhora o hirsutismo, a
acne e não regulariza o intervalo menstrual.
D) Caso a paciente tenha desejo de engravidar, a regularização do ciclo e o uso de citrato de clomifeno
são as escolhas iniciais preferenciais.
E) Em se tratando de paciente com infertilidade caracterizada, a ressecção em cunha dos ovários é o
tratamento preferencial.
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QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 77
Mulher com 32 anos de idade procura ginecologista, queixando-se de irregularidade menstrual
e dificuldade para engravidar. As menstruações frequentemente atrasam, chegando a ficar 120 dias
sem menstruar. Gesta 1, Para 1, com antecedente de diabetes gestacional na primeira gestação, há
oito anos. É sedentária, nega tabagismo e etilismo. Refere ter aumentado cerca de 15 Kg desde o
parto. Exame físico: presença de acne facial e hirsutismo, além de Acantose nigricans nas axilas e
região nucal. Trouxe resultado de ultrassonografia transvaginal mostrando ovários com volume aumen-
tado e presença de mais de doze folículos, medindo 9 mm em ambos os ovários. Com base nos dados
apresentados, é correto afirmar que a paciente apresenta risco aumentado para:
A) adenomiose.
B) endometriose pélvica.
C) teratoma maduro de ovário.
D) hiperplasia endometrial.
E) adenocarcinoma do colo uterino.
Questão 78
Uma mulher com 24 anos de idade comparece a uma Unidade Básica de Saúde e relata que
apresenta ciclos menstruais irregulares e alguns episódios de fluxo menstrual aumentado. Refere que
a menarca ocorreu aos 14 anos, com ciclos oligomenorreicos até os 22 anos. A paciente apresenta-se
em bom estado geral, corada, com acne leve na face e tronco e hirsutismo leve. Seu índice de massa
corporal é 29,8 kg/m2 e, ao exame ginecológico, não se constatam alterações. A partir do quadro clíni-
co descrito, qual a hipótese diagnóstica mais provável?
Questão 79
Uma mulher puérpera de 29 anos, gesta = 5, para = 5, último parto há 2 meses, procura o
Posto de Saúde para fazer planejamento familiar. A paciente é casada e informa ter apenas um parceiro
sexual. Além disso, nega história de hipertensão, diabetes ou doenças sexualmente transmissíveis. A
paciente está assintomática por ocasião dessa consulta. Após as reuniões de orientação reprodutiva,
a paciente optou pela inserção do dispositivo intrauterino. Nesse caso, que procedimento deve ser
realizado antes do início do uso desse método?
A) Colposcopia.
B) Ultrassonografia transvaginal.
C) Exame pélvico especular e toque bimanual.
D) Coleta de citologia cérvico-vaginal preventiva.
E) Triagem para doenças sexualmente transmissíveis: anti HIV e VDRL.
862
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 80
Uma mulher com 26 anos de idade, profissional do sexo, é usuária de DIU de cobre há um ano.
Ela procura uma Unidade Básica de Saúde com queixa de dor abdominal em hipogástrio associada a
corrimento de odor fétido; nega febre. Relata que sua última menstruação ocorreu há sete dias. Ao
exame físico, verifica-se abdome doloroso à palpação profunda em hipogástrio e ruídos hidroaéreos
preservados; observa-se presença de conteúdo vaginal bolhoso, amarelado, com odor fétido, útero de
tamanho normal e anexos de tamanho normal, dolorosos à palpação bilateralmente. De acordo com
esse quadro clínico, a conduta indicada é
Questão 81
Uma mulher com 36 anos de idade, Gesta 2 Para 2, procura a Unidade Básica de Saúde solici-
tando informações para utilização de método contraceptivo. Está assintomática, faz acompanhamento
médico regular e apresenta resultado normal de citologia cervicovaginal colhida há 2 meses. Registra-
-se, como antecedente, colecistectomia há 2 anos, que cursou com trombose venosa profunda no
membro inferior direito no pós-operatório. A paciente relata que, atualmente, não faz uso de qualquer
medicação e nega tabagismo e outras doenças. Uma opção contraceptiva adequada para essa
paciente é o uso de anticoncepcional à base de
Questão 82
Uma paciente de 20 anos de idade, Gesta 2 Para 1 Aborto 1, procura atendimento médico para
orientação quanto à contracepção. Desde os 8 anos de idade tem diagnóstico de epilepsia de difícil
controle, estando atualmente em uso de carbamazepina (1.000 mg/dia) e ácido valpróico (1.500
mg/dia). Diante desse quadro, seria mais recomendado
A) o dispositivo intrauterino.
B) a laqueadura tubária bilateral.
C) o diafragma com geleia espermicida.
D) a anticoncepção hormonal combinado de baixa dosagem
863
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 83
Uma mulher com 29 anos de idade, Gesta 4 Para 3 Aborto 1, teve seu último parto, vaginal, há
30 dias e encontra-se em regime de amamentação exclusiva sem intercorrências relacionadas. Ela
procura a Unidade Básica de Saúde para consulta de puerpério trazendo resultado de exame de cito-
logia cervicovaginal, realizado durante a gravidez, cujo laudo indica “lesão intraepitelial de alto grau”. A
paciente nega hipertensão arterial, diabete melito e tabagismo e manifesta desejo de receber orienta-
ção contraceptiva, além de demonstrar interesse pela contracepção cirúrgica. Nesse caso, a conduta
indicada é
Questão 84
Acerca de distúrbios hipertensivos na gestação, é correto afirmar que uma paciente gestante
com
A) hipertensão acima de 140 x 90 mmHg, sem edema e sem proteinúria, apresenta característica de
pré-eclâmpsia grave.
B) hipertesão leve ou moderada, sem edema e sem proteinúria, apresenta característica de hiperten-
são transitória.
C) hipertensão, edema e proteinúria antes das 20 semanas de gestação, apresenta características de
doença hipertensiva específica da gestação.
D) hipertensão antes das 20 semanas de gestação com proteinúria de 24 horas com mais de 300
mg/L, apresenta característica de hipertensão crônica.
E) acréscimo na pressão diastólica de 15 mmHg e na sistólica de 30 mmHg, com edema, apresenta
características de doença hipertensiva específica da gestação.
Questão 85
Mulher com 23 anos de idade, primigesta, idade gestacional de 30 semanas, vem à quarta con-
sulta de prénatal. Não relata nenhuma queixa. Ao exame clínico, apresenta pressão arterial = 140x90
mmHg (em decúbito lateral esquerdo), pulso = 80 bpm, altura uterina = 31 cm e frequência cardíaca
fetal = 140 bpm. Traz exame de proteinúria de 24 horas com valor de 412 mg/24h. Hemograma apre-
sentando contagem de plaquetas de 220.000/mm³. No cartão da gestante, estão anotadas as seguin-
tes medidas da pressão arterial registradas nas consultas anteriores: 110x70 mmHg, 120x70 mmHg e
140x100 mmHg. O diagnóstico correto é:
A) pré-eclâmpsia leve.
B) pré-eclâmpsia grave.
C) iminência de eclâmpsia.
D) hipertensão gestacional.
E) hipertensão arterial crônica.
864
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 86
Paciente, com 27 anos de idade, segunda gestação (um parto normal anterior), com idade ges-
tacional de 38 semanas, confi rmada por ultrassonografi a de 10 semanas, apresenta dinâmica uterina
positiva e forte cefaléia. Refere uso de metildopa - 750mg/dia em três tomadas. Foi admitida com esse
quadro na emergência de um hospital, queixando-se também de visão turva e de grande mal-estar. A
anamnese e exame físico indicam paciente inquieta, poliqueixosa, referindo medo de morrer. Pressão
arterial = 190x120mmhg, colo uterino fi no e dilatado para 8 cm, apresentação cefálica, dorso à
esquerda, contrações uterinas presentes - três em 10 minutos, de 45 segundos. Com base no quadro
acima, qual o diagnóstico correto e a conduta a ser adotada?
A) Pré-eclâmpsia grave. Paciente com indicação de parto cesáreo após normalização pressórica com
nifedipina ou hidralazina.
B) Eclâmpsia eminente. Indicação de sulfato de magnésio e hidralazina para correção dos níveis pres-
sóricos e resolução do parto por via alta.
C) Pré-eclâmpsia grave. Indicação de sulfato de magnésio e nifedipina para correção dos níveis pres-
sóricos e resolução por parto abdominal.
D) Crise hipertensiva na gestação e pré eclâmpsia. Indicação de cesárea pela necessidade de remo-
ção da placenta e introdução de nifedipina para correção dos níveis pressóricos.
E) Eminência de eclâmpsia. Indicação de sulfato de magnésio e hidralazina para correção dos níveis
pressóricos e resolução por parto vaginal.
Questão 87
Uma paciente primigesta, negra, com 17 anos de idade e no terceiro trimestre de gestação, é
trazida à Emergência Obstétrica devido a história de cefaleia intensa, seguida de epigastralgia há 40
minutos. Familiares informam que a paciente referiu turvação visual e que, após esses sintomas, apre-
senta-se meio "aérea", motivo pelo qual a trouxeram ao hospital. A gestante apresenta-se consciente,
ainda referindo turvação visual e epigastralgia. Refere melhora da cefaleia. Ao exame apresenta:
palidez cutâneo-mucosa (+++/4+), pressão arterial = 180 × 120 mmHg, edema em membros inferio-
res (++++/4+), batimentos cardiofetais (feto 1 = 120 bpm; feto 2 = 105 bpm). Com base nos dados
clínico-obstétricos expostos, o diagnóstico e a conduta imediata a ser tomada são
865
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 88
Uma paciente com 32 anos de idade, previamente hígida e assintomática, teve parto vaginal a
termo sem intercorrências. Nos três dias que antecederam o parto, realizou medidas diárias da pressão
arterial (PA), com os seguintes resultados: 148 × 95 mmHg, 135 × 88 mmHg e 125 × 86 mmHg.
Resultados de exames realizados nessa época: proteinúria de 24 horas = 295 mg/24h (Valor de refe-
rência = 300 mg/24h), hemograma normal, enzimas hepáticas normais. Durante o trabalho de parto, a
PA sistólica manteve-se entre 125 a 130 mmHg e a PA diastólica entre 90 a 95 mmHg. A paciente
manteve-se assintomática, sem nenhuma queixa de cefaleia, vômitos, náuseas, epigastralgia ou altera-
ções visuais. A pressão arterial retornou a níveis normais ao longo das primeiras semanas do puerpério.
Considerando a síndrome hipertensiva apresentada pela paciente, o diagnóstico é
A) pré-eclâmpsia leve.
B) hipertensão gestacional transitória.
C) hipertensão arterial sistêmica crônica.
D) pré-eclâmpsia leve superposta à hipertensão arterial crônica.
Questão 89
Uma primigesta, com 37 semanas de gestação, queixa-se de edema de membros inferiores há
uma semana. O cartão de pré-natal apresenta anotações conforme demonstrado na figura a seguir. Ao
exame físico apresenta bom estado geral, pressão arterial = 150 × 90 mmHg, altura uterina = 34 cm,
dinâmica uterina ausente, ausculta fetal = 140 bpm, sem desacelerações, edema de membros inferio-
res ++/4+. Toque vaginal: colo grosso e impérvio. Proteinúria de fita +/4+.
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QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 90
Uma paciente primigesta de 27 anos de idade e com 36 semanas de gestação chega à Emer-
gência Obstétrica queixando-se de cefaleia, visão turva, diplopia e dor epigástrica. Ao exame físico,
constatou-se: PA = 170 x 110 mmHg, dinâmica uterina ausente, frequência cardíaca fetal de 140 bpm,
reflexos patelares hiperativos. Nessa situação, qual a conduta imediata indicada?
Questão 91
Uma primigesta com 27 anos de idade, na 31a semana de gestação, procura a emergência obstétrica,
queixando-se de cefaleia occipital moderada e persistente há 12 horas. O exame físico revela: palidez
cutâneomucosa ++/4+; edema de membros inferiores +++/4+; pressão arterial = 145 x 95 mmHg;
altura uterina = 30 cm; batimentos cardíacos fetais = 140 bpm, com aceleração transitória presente.
Dinâmica: duas contrações de 30 segundos em 10 minutos. Toque vaginal: colo grosso, posterior, uma
polpa digital, bolsa íntegra. Cardiotocografia com padrão tranquilizador. Os resultados dos exames
laboratoriais demonstram: hematócrito = 39% (valor de referência: 36 a 54%); hemoglobina = 13 g/dL
(valor de referência: 13,0 a 16,5 g/dL); plaquetas = 65.000/mL (valor de referência: 130.000 a
450.000/mm3 ); desidrogenase láctica = 1.500 UI/L (valor de referência: 240 a 480 U/L); aspartato
aminotransferase = 105 UI/L (valor de referência: < 34 U/L); proteinúria em fita +++/4+. Em face
desse quadro clínico, a conduta adequada é
A) administrar sulfato de magnésio e corticoterapia para a maturação pulmonar fetal e iniciar a indução
do parto vaginal, após 24 horas da segunda dose do corticoide.
B) prescrever corticoterapia para a maturação pulmonar fetal e iniciar a indução do parto vaginal, após
24 horas da segunda dose do corticoide.
C) administrar sulfato de magnésio, estabilizar clinicamente a paciente e proceder à resolução da ges-
tação por parto cesáreo.
D) iniciar tocólise com nifedipina via oral e prescrever corticoterapia para maturação pulmonar fetal.
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QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 92
Uma gestante com 37 anos de idade, com gravidez de 8 semanas confirmada por ultrassono-
grafia realizada há uma semana, comparece à Unidade Básica de Saúde para iniciar acompanhamento
pré-natal. Como antecedentes familiares, cita o pai e a mãe como portadores de diabetes melito,
ambos em tratamento com hipoglicemiantes orais. A paciente apresenta resultados de glicemia de
jejum de 180 mg/dL em duas dosagens realizadas em dias diferentes. Nesse caso clínico, a conduta
indicada é
Questão 93
Mulher, com 35 anos de idade, obesa. Teve duas gestações, um parto e zero abortos. Atualmen-
te, gestante de 14 semanas, vem à consulta de pré-natal trazendo seus exames, nos quais a glicemia
de jejum tem valor de 90 mg/dL. Tem histórico obstétrico com fi lho anterior pesando 4.200 g, nascido
com 37 semanas e cinco dias. Nesse caso, além da orientação dietética para prevenção de ganho de
peso anormal, a conduta apropriada é
A) internação para realizar perfi l glicêmico e realização de ecografi a pelo alto risco de más formações
fetais, especialmente cardíacas e de tubo neural.
B) realização de teste de sobrecarga da glicose e, se normal, reavaliação em idade gestacional poste-
rior.
C) realização de teste de sobrecarga da glicose e, se alterado, introdução de insulina.
D) realização de teste oral de sobrecarga da glicose e, se normal, afastada a possibilidade de desen-
volvimento de diabetes gestacional durante a gravidez atual.
E) Internação para realizar perfi l glicêmico e introdução de insulina para prevenir macrossomia fetal.
Questão 94
Quanto ao desenvolvimento de diabetes gestacional em paciente primigesta, com 29 anos de
idade, estatura de 1,50 m , peso pré-gravídico de 70Kg, peso atual de 75Kg na 24ª semana de gesta-
ção e glicemia em jejum de 90mg/dl, pode-se afi rmar
868
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 95
Uma gestante de 35 anos de idade, Gesta 3 Para 2, com idade gestacional de 12 semanas,
comparece à Unidade Básica de Saúde para primeira consulta médica da gestação atual, trazendo os
exames de rotina solicitados pela enfermeira. Nega intercorrências nas gestações anteriores, termina-
das em partos vaginais a termo, sendo o último muito trabalhoso, pois o recém-nascido pesava 4.450g.
Nega antecedentes familiares de hipertensão, diabetes ou outras doenças crônicas. Ao exame físico:
bom estado geral, corada, hidratada, afebril, eupneica, altura = 160 cm, peso = 75 kg, PA = 110 x 60
mmHg. O exame obstétrico revela útero de tamanho compatível com 12 semanas. Em relação aos
exames laboratoriais, a glicemia de jejum resultou 82 mg/dL (valor de referência: abaixo de 85 mg/dL).
Diante desse quadro, qual a conduta correta em relação ao risco para desenvolvimento de diabetes
gestacional?
Questão 96
Uma paciente de 38 anos de idade, obesa, multípara, descobriu-se grávida aos 4 meses. Como
era uma gravidez não desejada, demorou para iniciar seu pré-natal. Em sua primeira consulta pré-natal,
apresentava idade gestacional pela última menstruação de 26 semanas, com fundo do útero medindo
27 centímetros. O médico, além dos exames da rotina pré-natal normal, solicitou o teste oral de tolerân-
cia à glicose, com sobrecarga de 75 mg de dextrosol. Os seguintes resultados foram encontrados:
glicemia de jejum: 100 mg/dL; 1 hora pós-sobrecarga: 190 mg/dL; 2 horas póssobrecarga: 143
mg/dL. Durante o resto do pré-natal, e a despeito das orientações médicas, a paciente não aderiu a
uma dieta equilibrada, ainda que o doppler da artéria umbilical não tenha apresentado alterações signi-
ficativas. Considerando esses resultados, a que risco o feto dessa paciente está sujeito?
A) Macrossomia.
B) Espinha bífida.
C) Agenesia sacral.
D) Malformação do tubo neural.
E) Restrição de crescimento intrauterino.
869
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 97
Mulher com 36 anos de idade, secundigesta, na 27.ª semana de gestação, está realizando
pré-natal em Unidade Básica de Saúde. Relata que sua primeira gestação transcorreu de forma tran-
quila e que seu filho nasceu bem, de parto vaginal, pesando 4.200 gramas. Ao exame físico, nota-se
pressão arterial = 120 x 80 mmHg, ausência de edemas. Ao exame obstétrico: altura uterina = 28 cm,
batimentos cardíacos fetais = 144 bpm, movimentação fetal presente. Realizou glicemia de jejum na
primeira consulta com resultado de 83 mg/dL. Em relação ao rastreamento do diabetes gestacional, é
indicado para esta gestante:
A) realizar manejo expectante, já que apresentou glicemia normal na primeira consulta e, portanto, não
tem risco de desenvolver diabetes gestacional.
B) repetir a glicemia de jejum com 28 semanas e caso seja normal, refazer o exame com 34 semanas.
C) realizar exame de hemoglobina glicada com 34 semanas, para diagnóstico de diabetes gestacional.
D) solicitar teste oral de tolerância à glicose com 75g, com 28 semanas de gestação.
E) solicitar dosagem de glicemia pós-prandial, com 34 semanas de gestação.
Questão 98
Mulher com 41 anos de idade procurou a Unidade de Pronto Atendimento com relato de dor
anal há três dias e, há cerca de seis horas, notou sangramento anal vermelho vivo entremeado com
coágulos. Nega alteração de hábito intestinal e história familiar de neoplasia colorretal. Ao exame
observa-se uma nodulação perianal com cerca de 1 cm de diâmetro, arroxeada e com laceração cen-
tral por onde se extrui um coágulo sanguíneo. O toque retal foi muito doloroso e não evidenciou tumo-
res ou presença de sangue nas fezes. Com base nessas informações, a conduta correta é:
870
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 99
Uma mulher com 25 anos de idade, em uso de fluoxetina 40 mg ao dia há 16 meses devido a
transtorno de ansiedade generalizada leve, documentado em prontuário, procura a Unidade Básica de
Saúde (UBS) porque acabou de descobrir que está grávida e deseja iniciar o pré-natal. Diz que a
ansiedade está bem melhor há quase um ano e que não sente mais os sintomas que eram comuns
quando começou o tratamento. Relata ter muito medo de que algo ruim aconteça com o bebê, pois
sabe que o uso de alguns medicamentos pode prejudicar o desenvolvimento do feto e gostaria de
saber se o uso de fluoxetina é seguro. Diante dessa situação, a conduta indicada é
A) trocar o uso de fluoxetina pelo de amitriptilina, um antidepressivo tricíclico, para maior segurança do
feto e da mãe durante a gestação.
B) suspender gradualmente o uso de fluoxetina e substituí-la por benzodiazepínico, dado o menor risco
de efeitos colaterais destes sobre o feto.
C) aumentar a dose de fluoxetina, já que essa substância não apresenta quaisquer riscos durante a
gestação que cursa com descompensação de problemas psiquiátricos prévios.
D) suspender o uso da fluoxetina e incentivar a paciente a retornos frequentes à UBS, com posterior
reavaliação do caso e da necessidade de reiniciar a medicação ou proceder à intervenção não farma-
cológica.
Questão 100
Uma mulher com 30 anos de idade, primigesta, com gestação a termo, internada em um hospi-
tal, apresenta pré-eclâmpsia com sinais de sofrimento fetal, tendo-se optado por interrupção da gesta-
ção. Em seu prontuário, registra-se que, no segundo trimestre da gestação, a paciente havia apresen-
tado dosagens de TSH = 5,0 mcU/L (valor de referência: 0,3 a 4,0 mcU/L) e de T4 livre = 0,7 ng/L
(valor de referência: 0,9 a 1,7 ng/L), tendo sido aumentada a dose da levotiroxina que a paciente usava
algum tempo antes de iniciada a gravidez, de 50 mcg para 100 mcg. No puerpério imediato, ainda
durante a sua internação hospitalar, qual deve ser a indicação adequada para a paciente quanto à dose
diária de levotiroxina?
871
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 101
Uma gestante de 32 anos de idade, gesta = 2, para = 1, hoje com 15 semanas de gestação,
comparece a sua segunda consulta de pré-natal. Encontra-se assintomática. Tem histórico de parto
prétermo há 4 anos devido a descolamento prematuro de placenta, com complicação de hemorragia
pós-parto. Nega história de hipertensão, pré-eclâmpsia e diabetes gestacional anterior. O filho anterior
nasceu com 36 semanas, pesou 2 050 g e mediu 40 cm. A gestante nega o uso, na gravidez anterior,
de quaisquer medicações, exceto sulfato ferroso e ácido fólico. Ao exame clínico apresentou: PA =
110 x 60 mmHg; FC = 80 bpm; altura uterina = 15 cm; batimentos cardiofetais = 152 bpm; toque:
colo fechado, grosso e posterior. A paciente traz os resultados dos seguintes exames laboratoriais:
glicemia de jejum = 65 mg/dL (valor de referência < 99 mg/dL); sorologia para toxoplasma gondii =
IgM não reagente/IgG reagente; sorologia rubéola = IgG reagente/IgM não reagente; VDRL não
reagente; TSH = 15 UI/ml (valor de referência = 0,4 a 5,0 UI/ml), hemograma com Hb = 12,0 g/dL
(valor de referência = 11,3 a 16,3 g/dL), leucócitos e plaquetas normais. Com base na história clínica
e nos resultados dos exames acima apresentados é correto afirmar que
872
GABARITO
Ginegolocia & Obstetrícia
GABARITO
GABARITO
Questão 01 - D Questão 14 - B
Questão 02 - E Questão 15 - C
Questão 03 - C Questão 16 - C
Questão 04 - B Questão 17 - B
Questão 05 -D Questão 18 - D
Questão 06 - E Questão 19 - A
Questão 07 - A Questão 20 - B
Questão 08 - C Questão 21 - E
Questão 09 - C Questão 22 - A
Questão 10 - B Questão 23 - C
Questão 11 - C Questão 24 - D
Questão 12 - C Questão 25 - E
Questão 13 - B
874
GABARITO
GABARITO
Questão 26 - B Questão 39 - E
Questão 27 - D Questão 40 - D
Questão 28 - B Questão 41 - B
Questão 29 - B Questão 42 - D
Questão 30 -B Questão 43 - B
Questão 31 - C Questão 44 - A
Questão 32 - A Questão 45 - B
Questão 33 - C Questão 46 - E
Questão 34 - C Questão 47 - A
Questão 35 - B Questão 48 - D
Questão 36 - C Questão 49 - C
Questão 37 - C Questão 50 - E
Questão 38 - A Questão 51 - C
875
GABARITO
GABARITO
Questão 52 - D
Essas manifestações reduzirão com o tempo, esse são sintomas relacionados a ação do BhcG que
chega ao seu pico 14ª semana. Depois de 20 semanas é raro que a gestante tenha sintomas desse
tipo.
Questão 53 - C Questão 58 - B
Questão 54 - C Questão 59 - B
Questão 55 - C Questão 60 - D
Questão 56 - E Questão 61 - A
Questão 57 - A
Questão 62 - E
Devido às complicações, febre e sangramento não se pode realizar antibiótico por via oral. Observar
involução uterina no pós-parto. Nas alterações placentárias (placenta pécreta, ácreta) útero não involui
e placenta não sai. Realizar esquema tríplice de antibiótico por infecção. (gram+ gram- e anaeróbios)
Questão 63 - A
Questão 64 - D
Não há indicação para se realizar tocólise em gestação > 34 semanas. Deve ser realizado a profilaxia
para Streptococcus imediatamente até o nascimento da criança, e não aguardar o resultado da cultura
para depois instituir a profilaxia pelo pouco tempo que haverá até o nascimento
Questão 65 - D
Trata-se de uma gestante com amniorrex e sinal de coreoamnionite. A conduta correta é: induzir ao
parto normal. Quanto a conduta de profilaxia para sepse neonatal por estreptococo beta-hemolítico a
antibioticoterapia de largo espectro é necessária em razão da prematuridade do neonato, a corticotera-
pia é indicada para maturação pulmonar fetal e é administrada da 24 a 34 semanas.
876
GABARITO
GABARITO
Questão 66 - D Questão 69 - C
Questão 67 - A Questão 70 - D
Questão 68 - A
Devido ao sangramento de causa obstétrica, faz-se uma hipoperfusão da hipófise anterior, causando
necrose, que é a síndrome de Sheehan. Com a necrose da hipófise anterior, ocorre um pan hipopituita-
rismo, que é diminuição de todos os hormônios que nela são produzidos.
Questão 71 - A
Questão 72 - A
Questão 73 - A
Pacientes que sofrem de anorexia, bulimia ou que realizam exercícios físicos de forma extenuante,
produzem muito cortisol e beta endorfinas. Essas substâncias bloqueiam a pulsatilidade do GNRH no
hipotálamo. A liberação das gonadotrofinas (LH, FSH) pela hipófise depende dos pulsos de GNRH.
Se isso não ocorrer, a liberação das gonadotrofinas será sempre baixa, ocasionando a amenorreia, que
é de origem hipotalâmica.
Questão 74 - A
Essa paciente aos 14 com amenorreia primária e sem nenhum caractere secundário, o que é um crité-
rio para iniciar a investigação das possíveis causas, caso ela apresente alguma característica secundá-
ria, deve aguardar até os 16 anos. O diagnóstico provável é a Síndrome de Morris que é uma condição
caracterizada pela incapacidade parcial ou total da célula para responder aos andrógenos como a
testosterona.
Questão 75 - C
Questão 76 - D
Questão 77 - D
877
GABARITO
GABARITO
Questão 78 - D Questão 80 - C
Questão 79 - A Questão 81 - D
Questão 82 - A
Devido ao sangramento de causa obstétrica, faz-se uma hipoperfusão da hipófise anterior, causando
necrose, que é a síndrome de Sheehan. Com a necrose da hipófise anterior, ocorre um pan hipopituita-
rismo, que é diminuição de todos os hormônios que nela são produzidos.
Questão 83 - A
Questão 84- A
Questão 85 - A
Pacientes que sofrem de anorexia, bulimia ou que realizam exercícios físicos de forma extenuante,
produzem muito cortisol e beta endorfinas. Essas substâncias bloqueiam a pulsatilidade do GNRH no
hipotálamo. A liberação das gonadotrofinas (LH, FSH) pela hipófise depende dos pulsos de GNRH.
Se isso não ocorrer, a liberação das gonadotrofinas será sempre baixa, ocasionando a amenorreia, que
é de origem hipotalâmica.
Questão 86 - A
Essa paciente aos 14 com amenorreia primária e sem nenhum caractere secundário, o que é um crité-
rio para iniciar a investigação das possíveis causas, caso ela apresente alguma característica secundá-
ria, deve aguardar até os 16 anos. O diagnóstico provável é a Síndrome de Morris que é uma condição
caracterizada pela incapacidade parcial ou total da célula para responder aos andrógenos como a
testosterona.
Questão 87 - C
Questão 88 - D
Questão 89 - D
878
GABARITO
GABARITO
Questão 90 - B
Esse quadro clínico é totalmente compatível com Síndrome dos ovários policísticos. Oligomenorreicos
significa pouca menstruação ou atraso (1-3 meses), amenorreico significa ausência de menstruação
após 3 meses. Os critérios diagnósticos de SOP foram definidos em conferência do Instituto Nacional
da Saúde dos Estados Unidos (National Institute of Health - NIH). São eles: • irregularidade menstrual
devido a oligo ou anovulação; • evidência de hiperandrogenismo quer clinicamente (hirsutismo, acne,
alopecia androgênica) quer laboratorialmente (níveis elevados de androgênios séricos); • Ovários
policísticos caracterizados pelo exame ultrassonográfico padronizado.
Questão 91 - C
Questão 92 - B
Trata-se de uma Doença Inflamatória Pélvica (DIP), no momento, uma cervicite. Essa paciente não tem
sinal de peritonite, abcesso ou algo de maior complexidade. Uma cervicite, pode ser tratada com o DIU
ainda implantado e como ela não tem sinais de alterações sistêmicas o tratamento pode ser a nível
ambulatorial.
Questão 93 - B
Essa paciente com contraindicação do uso de estrogênio, nesse caso a conduta a seguir é orientar um
anticonceptivo a base de progesterona: noretisterona 0,35 mg, por via oral, de uso contínuo (minipílu-
la).
Questão 94 - A
Questão 95- C
Questão 96 - B
A ausência de proteinúria descarta doença hipertensiva específica da gestação
879
GABARITO
GABARITO
Questão 103 - C
O quadro é sugestivo de síndrome Hellp. O tratamento para a síndrome Hellp é a resolução da gesta-
ção. Pela gravidade do quadro materno, não se pode esperar 48h para realizar corticoterapia para
maturação pulmonar.
Questão 104 - D
A recomendação do ministério da saúde, de acordo com o Manual de gestação de alto risco (http://b-
vsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/gestacao_alto_risco.pdf) é que se inicie o tratamento com dieta e
atividade física para controle do diabetes, e em uma seguinte avaliação, se não apresentar melhora,
iniciar insulinoterapia.
Questão 105 - B
Questão 106 - D
Questão 107 - A
Questão 108 - A
A gestante apresenta rastreamento positivo com risco elevado para diabetes gestacional, pois apre-
senta glicemia de jejum >85 mg/dl, obesidade, e idade> 35 anos. O feto está sujeito ao risco de
macrossomia pelo risco elevado de diabetes na mãe.
Questão 109 - D
Questão 110 - E
880
GABARITO
GABARITO
Questão 111 - D
A paciente apresenta melhora dos sintomas psiquiátricos há quase um ano, por isso podese suspen-
der a medicação e fazer acompanhamento da gestante pelos profissionais de saúde, observando se o
quadro mantem estável.
Questão 112 - b
Mulheres com diagnóstico de hipotireoidismo antes da gestação devem ter seu TSH avaliado na
primeira consulta pré-natal e depois a cada novo trimestre. Quase metade destas gestantes necessita-
rá aumento da dosagem de reposição de tireoxina durante a gravidez. Depois do parto, a dosagem de
tireoxina deve retornar aos níveis pré-gravídicos. Deve-se avaliar os níveis de TSH em seis a oito sema-
nas pós-parto.
Questão 113 - A
A paciente apresenta hipotireoidismo de acordo com o laboratório apresentado (TSH aumentado), e
já apresentou as complicações do hipotireoidismo na gestação anterior (feto prematuro, baixo peso)
por isso deve-se iniciar a reposição hormonal
881
Pediatria
Revalida
MEDCS
Revalida
MEDCS
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EDUCAÇÃO MÉDICA
PEDIATRIA
PEDIATRIA
INFECÇÕES
CONGÊNITAS
miológica criteriosa da situação materna e da
SÍFILIS
avaliação clínico-laboratorial e estudos de
imagem na criança. Mais da metade das crian-
A
sífilis congênita ocorre pela disseminação
ças são assintomáticas ao nascimento, e,
hematogênica do T. pallidum da mãe para o
feto, predominantemente por via transpla- naquelas com expressão clínica, os sinais e
centária. A sífilis congênita é evitável quando se sintomas são discretos ou pouco específicos.
identificam e se tratam adequada e oportunamente Não existe uma avaliação complementar para
a gestante infectada e suas parcerias sexuais.
determinar com precisão o diagnóstico da
infecção na criança, então deve ser feito base-
MANIFESTAÇÕES ado nos critérios clínicos, epidemiológicos e
CLÍNICAS DA SÍFILIS laboratoriais.
CONGÊNITA
Além da prematuridade e do baixo peso ao
nascimento, as principais manifestações
clínicas são: hepatoesplenomegalia, lesões
SÍFILIS CONGÊNITA
cutâneas (como por exemplo, pênfigo palmo-
PRECOCE
-plantar, condiloma plano), periostite ou oste-
íte ou osteocondrite (com alterações caracte-
A sífilis congênita precoce se manifesta até
rísticas ao estudo radiológico),
o segundo ano de vida, e deve ser diagnosti-
cada por meio de uma avaliação epide-
884
pseudoparalisia dos membros, sofrimento A sífilis congênita tardia surge após o
respiratório com ou sem pneumonia, rinite segundo ano de vida, as principais manifes-
sero-sanguinolenta, icterícia, anemia e tações clínicas incluem: tíbia em “lâmina de
linfadenopatia generalizada (principalmen- sabre”, articulações de Clutton, fronte “olím-
te epitroclear). Outras características clíni- pica”, nariz “em sela”, dentes incisivos
cas incluem: petéquias, púrpura, fissura
peribucal, síndrome nefrótica, hidropsia,
edema, convulsão e meningite. Entre as
alterações laboratoriais, incluem-se:
anemia, trombocitopenia, leucocitose (po-
dendo ocorrer reação leucemoide, linfocito-
se e monocitose) e leucopenia
SÍFILIS CONGÊNITA
TARDIA
885
PEDIATRIA
PEDIATRIA
-
-
886
B – Para todos os RN de mães adequadamente tratadas, reali-
zar o teste não treponêmico (ex.: VDRL) em amostra de
sangue periférico do RN. Se reagente e com titulação maior do
VALORES DE EXAME LIQUÓRICO EM RN que a materna, e/ou na presença de alterações clínicas, reali-
zar hemograma, radiografia de ossos longos e análise do LCR.
COM SUSPEITA DE NEUROSSÍFILIS
B1 – Presença de alterações
Leucócitos >25 células mm3 > 5 células/mm3
clínicas e/ou radiológicas e/ou
Esquema A1
hematológicas, sem altera-
ções liquóricas.
Proteínas >150 mg/dL >40 mg/dL
B2 – Presença de alteração Esquema A2
liquórica.
VDRL Reagente Reagente
C – Para RN de mães adequadamente tratadas, realizar o
teste não treponêmico em amostra de sangue periférico do
RN.
C1 – Se o RN for assintomático
Todos os RN nascidos de mães com diag-
e o teste não treponêmico for
nóstico de sífilis na gestação ou no parto, ou na não reagente, proceder apenas
suspeita clínica de sífilis congênita, devem realizar ao seguimento clínico-labora- Penicilina G benzatina, IM, na
torial. Na impossibilidade de dose única de 50.000 UI/kg.
a investigação para sífilis congênita, mesmo nos garantir o seguimento, deve-
casos de mães adequadamente tratadas, devido à -se proceder ao tratamento do
possibilidade de falha terapêutica durante a gesta- RN.
ção. C2 – Se o RN for assintomático
Esquema A1 (sem alterações
e o teste não treponêmico for
de LCR).
reagente, com título igual ou
A – Para todos os RN de mães com sífilis não tratada ou inade- menor que o materno, acom- Esquema A2 (com alterações
quadamente tratada, independentemente do resultado do teste panhar clinicamente. Na no LCR).
não treponêmico (ex.: VDRL) do RN, realizar: hemograma, radio-
impossibilidade do seguimento Esquema A3 (penicilina G
grafia de ossos longos e punção lombar*, além de outros
clínico, investigar e tratar de benzatina + seguimento
exames, quando houver indicação clínica.
acordo com alterações liquóri- obrigatório, se exames
cas.
SITUAÇÃO ESQUEMA PROPOSTO
Fonte: DDAHV/SVS/MS.
Penicilina cristalina, na dose de
50.000 UI/kg/dose, IV, a cada * Na impossibilidade de realização de punção lombar, tratar o
A1 – Presença de alterações 12 horas (nos primeiros 7 dias caso como neurossífilis.
clínicas e/ ou imunológicas de vida) e a cada 8 horas (após
e/ou radiológicas e/ou hema- 7 dias de vida), durante 10 dias; A - Níveis liquóricos treponemicidas de penicilina não são
tológicas OU Penicilina G procaína 50.000 alcançados em 100% dos casos quando utilizada a penicilina
UI/kg, dose única diária, IM,
G procaína, justificando o uso da penicilina cristalina.
durante 10 dias.
887
PEDIATRIA
PEDIATRIA
SEGUIMENTO
888
No entanto, não é comum. Podem ser encon-
trados nos primeiros meses de vida, ou haver surgi- DIAGNÓSTICO
mento de sequelas da doença previamente não diag-
nosticada apenas na adolescência ou na idade
Anticorpos de classe IgM não atravessam a
adulta.
barreira placentária e, portanto, são indicativos de
toxoplasmose congênita quando encontrados no RN,
As alterações mais encontradas são: no entanto os testes sorológicos para detecção de
IgM antitoxoplasma, que idealmente devem ser confir-
• Retinocoroidite
mados em sangue periférico em torno de 2 a 5 dias de
• Hepatoesplenomegalia. vida, podem detectar no máximo 75% dos RNs infec-
tados, independentemente da presença de sinais ou
• Linfadenopatia. sintomas.
• Estrabismo.
• Crises convulsivas.
• Hidrocefalia.
• Calcificações cerebrais.
• Macro ou microcefalia.
• Prematuridade.
• Distermias.
• Sangramentos.
• Erupção cutânea.
Na ausência de IgM e/ou IgA ao nascimento, o
diagnóstico de toxoplasmose congênita pode ser feito
Sequelas tardias são muito frequentes na por meio do acompanhamento periódico dos títulos de
toxoplasmose congênita não tratada. Mesmo entre IgG antitoxoplasma ao longo do primeiro ano de vida,
RNs assintomáticos ao nascimento, estima-se que observando-se a persistência da positividade da IgG
85% apresentarão cicatrizes de retinocoroidite nas após o desaparecimento da IgG materna.
primeiras décadas de vida, e 50% evoluirão com
anormalidades neuroló- gicas. As sequelas são ainda Nas crianças não infectadas, o título dos anti-
mais frequentes e mais graves nos RNs que já apre- corpos IgG diminui gradativamente, até que ocorra
sentam sinais ao nascer, com acometimento visual negativação em torno de 1 ano de vida.
em graus variados, retardo mental, crises convulsi-
vas, anormalidades motora e surdez.
889
PEDIATRIA
PEDIATRIA
TRATAMENTO
890
FLUXOGRAMA GERAL DE DECISÃO SOBRE A ABORDAGEM INICIAL
DE RN ASSINTOMÁTICO COM SUSPEITA DE TOXOPLASMOSE CONGÊNITA:
FN Assintomático
Toxoplasmose materna
Toxoplasmose materna possível
comprovada ou provável Sorologias maternas
inconclusivas
CRIANÇA INFECTADA
Tratamento duarante
1 ano
CRIANÇA INFECTADA
Tratamento duarante
1 ano
Na descontinuidade do tratamento
pela negativação dos anticorpos IgG,
2 Sorologias subsequentes repetir a sorologia em 1 mês.
CRIANÇA NÃO INFECTADA Repetir sorologias a cada 2 meses
negativas
891
PEDIATRIA
PEDIATRIA
CITOMEGALOVÍRUS
O citomegalovírus (CMV) é um vírus da família
Herpesviridae, do grupo do Herpes vírus, o qual
fazem parte o vírus herpes simples tipo 1 e 2; o vírus
Epstein-Bar; varicela zoster e herpesvírus humano
tipo 6 e 7.
Perinatal:
Intraparto ou Perinatal precoce
DIAGNÓSTICO
892
gestação que previna ou reduza a chance de ocor- EXAMES COMPLEMENTARES
rência da doença no feto. Além disso, em aproxima- PARA RECÉM-NASCIDOS COM
damente 90 a 95% das gestantes brasileiras são
INFECÇÃO CONGÊNITA
detectados anticorpos IgG anti-CMV.
• Calcificações periventriculares.
• Trombocitopenia. Outros exames:
• Aminotransferases séricas aumen- Hemograma completo com contagem de
tadas. plaquetas, bilirrubina total e frações,
• Perda auditiva neurossensorial. transaminases séricas, exame liquórico:
celularidade, proteinorraquia, glicorra-
RN sintomáticos ao nascer usualmente apre-
quia e pesquisa do DNA do CMV.
sentam mau prognóstico. Cerca de 90% podem
evoluir com sequelas neurológicas e 50 a 70% com
surdez neurossensorial bilateral e profunda. Dentre
os RN com infecção sintomática leve a moderada, 25
a 35% poderão ter algum grau de comprometimento
neurológico. Embora a grande maioria dos RN seja
assintomática ao nascimento, entre 5 e 15% podem
ter anormalidades tardias, meses a anos após o
nascimento, principalmente surdez neurossensorial,
que pode ser bilateral em até 50% dos casos.
893
PEDIATRIA
PEDIATRIA
894
Isolamento do vírus :
Pode ser realizado a partir de secreções
nasais, sangue, urina e líquor com inocula-
ção em cultura celular.
TRATAMENTO
PREVENÇÃO
Fontes:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/atencao_recem_
nascido_%20guia_profissionais_saude_v2.pdf
http://www.saude.pr.gov.br/modules/conteudo/
conteudo.php?conteudo=526
http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:BiV
N-zMS4J4J:www.aids.gov.br/pt-br/pub/2015/protocolo-
clinico-e-diretrizes-terapeuticas-para-atencao-integral-
pessoas-com-infeccoes+&cd=3&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br)
895
PEDIATRIA
PEDIATRIA
HIPOGLICEMIA
A
hipoglicemia pode ser definida como
níveis de glicose plasmática inferiores a Aumento da utilização de glicose :
45mg/dL ou do sangue total abaixo de Por exemplo: macrossomia, portadores de
40mg/dL em RN a termo ou RN prematuros.
eritroblastose fetal, hiperinsulinismo con-
A glicemia fetal corresponde a 2/3 dos gênito.
níveis maternos. Atinge seu valor mais baixo ao
redor de 2h após o nascimento. Usualmente a
glicemia com 3 a 4h de vida encontra-se em 60 –
Diminuição de reservas :
70mg/dL. O distúrbio do metabolismo da glicose Quando os níveis de insulina são normais e
é uma das intercorrências mais frequentes em
as reservas de glicose diminuídas. É
neonatologia. Recém-nascidos apresentam risco
aumentado de hipoglicemia em relação aos adul- frequente no RN prematuro e no pequeno
tos, devido à elevada taxa de utilização de glicose para a idade gestacional (PIG). Quando o RN
em função de possuírem uma massa cerebral
é pré-termo e PIG, a incidência de hipoglice-
proporcionalmente maior com relação ao tama-
nho corporal. mia chega a 67%.
896
MANIFESTAÇÕES MANEJO
CLÍNICAS
Nos RNs assintomáticos com glicemia baixa
(entre 25 e 45mg/dL), alimentar a criança, preferen-
As manifestações clínicas são inespecíficas. cialmente com leite materno. Repetir a dosagem da
Em muitos casos a hipoglicemia é assintomática. glicemia em 30 – 60 minutos.
Quando é sintomática, pode se manifestar por
tremores, hipotonia, irritabilidade, letargia, torpor, Nos RNs sintomáticos ou com glicemia inferior
crises de apneia, cianose, bradicardia, taquipneia, a 25mg/dL, infundir solução de 2mL/ kg de soro glico-
sucção ausente ou débil, hipotermia, crises convulsi- sado a 10% a uma velocidade de 1mL/min, por via
vas. endovenosa, o que corresponde a 200mg/kg de glico-
se. Após a infusão, manter oferta endovenosa contí-
nua de glicose a uma velocidade de 6 – 8mg/kg/min.
A glicemia deve ser avaliada novamente 30 minutos
após a infusão do bolus de glicose, e depois a cada
hora com glicofita, até que os níveis se mantenham
estáveis e adequados.
897
PEDIATRIA
PEDIATRIA
HIPERGLICEMIA
A
hiperglicemia pode ser definida como valores
de glicemia plasmática superiores a 145mg/Dl. TRATAMENTO
É frequentemente encontrada em RNs prematu-
ros com extremo baixo peso (< 1.000g), os quais cos- Deve-se diminuir gradualmente a oferta de
tumam apresentar intolerância a infusões endoveno- glicose, com reduções em torno de 2mg/kg/ min
sas de glicose. (3g/kg/dia) até a normalização da glicemia ou
quando se atingir 4mg/kg/min (5 a 6g/ kg/dia).
A situações clínicas com risco de desenvolver
hiperglicemia são: Iatrogenia, (excesso de oferta), Quando a redução da oferta de glicose e o
estresse (comum nas infecções), hipóxia, uso de aumento da oferta de proteína não são suficientes
drogas hiperglicemiantes, diabetes mellitus neonatal para a correção da hiperglicemia, pode-se utilizar
transitório. infusão de baixas doses de insulina regular. A infusão
deve ser muito cuidadosa, com doses sugeridas de
0,01 a 0,03UI/kg/hora.
DIAGNÓSTICO
898
899
PEDIATRIA
PEDIATRIA
ALEITAMENTO
MATERNO
A
amamentação além de nutrir, contribui para o
desenvolvimento cognitivo e emocional, promo-
ve o vínculo afetivo entre mãe e filho, e auxilia na Aleitamento Materno :
defesa da criança diante de infecções.
Quando a criança recebe leite materno
O ministério da saúde adota as seguintes definições (direto da mama ou ordenhado), indepen-
de aleitamento materno (AM), preconizadas pela
OMS, e reconhecidas em todo o mundo: dentemente de estar recebendo ou não
outros alimentos.
900
MANEJO
901
PEDIATRIA
PEDIATRIA
902
Pontos-chave da pega adequada :
ORDENHA DO LEITE
903
PEDIATRIA
PEDIATRIA
904
Além disso, no sexto mês de vida a criança já
ESQUEMA ALIMENTAR PARA CRIANÇAS
tem desenvolvidos os reflexos necessários para a MENORES DE 2 ANOS QUE ESTÃO EM
deglutição, como o reflexo lingual, já manifesta excita- ALEITAMENTO MATERNO
ção à visão do alimento, já sustenta a cabeça, facili-
tando a alimentação oferecida por colher, e tem-se o De 6 a 7 meses De 8 a 12 meses A partir de 12 meses
início da erupção dos primeiros dentes, o que facilita
•Aleitamento mater- • Aleitamento mater- •Aleitamento mater-
na mastigação. no sob livre deman- no sob livre demanda no sob livre deman-
da da
• 1 papa de frutas no
A alimentação complementar deve prover • 1 papa de frutas no meio da manhã •1 refeição pela
suficientes quantidades de água, energia, proteínas, meio da manhã manhã (mingau ou
• 1 papa salgada no leite batido com
gorduras, vitaminas e minerais, por meio de alimentos • 1 papa salgada no final da manhã fruta)
final da manhã
seguros, culturalmente aceitos, economicamente • 1 papa de frutas no • 1 fruta
acessíveis e que sejam agradáveis à criança. • 1 papa de frutas no meio da tarde
meio da tarde • 1 refeição básica da
• 1 papa salgada no família no final da
A Organização Mundial da Saúde (OMS) final da tarde manhã
MANEJO Fontes:
905
PEDIATRIA
PEDIATRIA
CRESCIMENTO E
DESENVOLVIMENTO
O
crescimento é um processo dinâmico e contí-
nuo, expresso pela alteração da forma e tama- PESO AO NASCER
nho. Deve ser estudado desde o crescimento
intrauterino, pois estudos atestam que alterações no O peso ao nascer é o indicador que melhor
crescimento fetal e infantil podem ter efeitos perma- retrata o que ocorre durante a fase fetal. O recém-
nentes na saúde do adulto. O processo de crescimen- -nascido (RN) com peso ao nascer menor que
to é influenciado por fatores intrínsecos (genéticos) e 2,500g é classificado genericamente de baixo peso
extrínsecos (ambientais), entre os quais se destacam a ao nascer (BPN). O BPN pode ser decorrente de
alimentação, a saúde, a higiene, a habitação e os prematuridade (<37 semanas completas de gesta-
cuidados gerais com a criança, que atuam acelerando ção) e/ou déficit de crescimento intrauterino (RCIU).
ou restringindo tal processo.
O CRESCIMENTO
O CRESCIMENTO
INTRAUTERINO
PÓS-NATAL
O período de crescimento intrauterino é de vital
A velocidade de crescimento pós-natal é
importância para o ser humano. É o período de maior
especialmente elevada nos dois primeiros anos de
velocidade de crescimento, principalmente até a 12ª
vida, com declínio acentuado até o final da fase
semana de gestação, quando os principais órgãos
pré-escolar (5-6 anos de idade). No 1º ano a criança
estão sendo formados. E é quando os riscos externos
cresce em torno de 24 cm e ganha em torno de 6 kg,
de agressão são maiores, mais graves e com repercus-
e no 2º ano, cresce em torno de 12 cm e ganha mais
sões mais generalizadas. Podemos citar os agentes
ou menos 2,5 kg. Este é o período mais vulnerável
infecciosos, a mal nutrição materna, o tabagismo e o
aos distúrbios de crescimento. Nesse período, frente
uso de outras drogas, a insuficiente irrigação placentá-
a situações adversas, a velocidade de crescimento
ria, as enfermidades maternas, entre outros.
pode diminuir ou até mesmo ser interrompida. Porém,
a capacidade de recuperação é grande também. Até
por isso, a vigilância em relação à saúde da criança
no período que vai do nascimento até os cinco anos
de idade deve ser constante e englobar questões
que dizem respeito às condições e qualidade de vida
às quais a criança esteja submetida.
906
A partir da fase escolar, a velocidade de cres-
cimento é praticamente constante, de 5 a 6 cm/ ano,
até o início do estirão da adolescência, que nas meni-
nas ocorre em torno dos 11 anos e nos meninos, em
torno dos 13 anos.
AVALIAÇÃO DO
CRESCIMENTO
907
PEDIATRIA
PEDIATRIA
908
COMPRIMENTO/ALTURA PARA A IDADE PARA
CRIANÇAS MENORES DE 10 ANOS RECOMENDAÇÕES PARA
SITUAÇOES DE DESVIO NO
DIAGNÓSTICO
VALORES CRÍTICOS
NUTRICIONAL CRESCIMENTO
Escore z > +2 Comprimento/altura
Percentil ≥ 3 adequado para
Escore z ≥ -2 e +2
a idade Sobrepeso ou obesidade:
Comprimento/altura
Percentil ≥ 0.1 e < 3 Escore z ≥ -3 e < -2 baixo para • Verificar a existência de erros alimen-
a idade
tares, identificar a dieta da família e orientar
Comprimento/altura
Percentil < 0,1 Escore z < -3 muito baixo para a mãe ou o cuidador a administrar à criança
a idade
uma alimentação mais adequada.
Fonte: BRASIL, 2008a.
• Verificar as atividades de lazer das
PESO PARA A IDADE PARA CRIANÇAS crianças, como o tempo em frente à televi-
MENORES DE 10 ANOS são e ao videogame, estimulando-as a reali-
VALORES CRÍTICOS
DIAGNÓSTICO zar passeios, caminhadas, andar de bicicleta,
NUTRICIONAL
praticar jogos com bola e outras brincadei-
Obesidade grave
Percentil > 99,9 Escore z > +3
(acima de 5 anos) e ras que aumentem a atividade física.
obesidade (de 0 a
5 anos)
• Encaminhar a criança para o NASF, se
Obesidade
(acima de 5 anos) e tal possibilidade estiver disponível.
Percentil > 97 e 99,9 Escore z +2 e +3
sobrepeso (de 0 a
5 anos) • Realizar a avaliação clínica da criança
Sobrepeso (acima
de 5 anos) e risco de
Percentil > 85 e 97 Escore z > +1 e < +2
sobrepeso (de 0 a
5 anos) Magreza ou peso baixo para a idade:
• Investigue possíveis causas, com
Percentil ≥ 3 e 85 Escore z ≥ -2 e +1 IMC adequado
- atenção especial para a alimentação, para as
-
intercorrências infecciosas, os cuidados com
Percentil ≥ 0,1 e < 3 Escore z ≥ -3 e < -2 Magreza
- a criança, o afeto e a higiene.
909
PEDIATRIA
PEDIATRIA
ASPECTOS DO DESENVOLVIMENTO DA
DESENVOLVIMENTO CRIANÇA DE 0 A 10 ANOS
Reflexos:
Crescimento e desenvolvimento fazem parte do
mesmo processo, porém exigem abordagens diferen- • Apoio plantar, sucção e preensão
palmar: desaparecem até o 6º mês.
tes e específicas para sua percepção, descrição e
avaliação. • Preensão dos artelhos (tornozelo):
desaparece até o 11º mês.
Na estrutura fisiológica humana, o que é inato • Reflexo cutâneo plantar: obtido pelo
estímulo da porção lateral do pé. No
não é suficiente para produzir um indivíduo sem a parti- recém-nascido, desencadeia extensão
cipação do meio ambiente. Tudo em um ser humano do dedo grande do pé. A partir do 13º
mês, ocorre flexão do dedo grande do
(suas características, seus modos de agir, pensar, pé. A partir desta idade, a extensão é
15 dias
sentir, seus valores, etc.) depende da sua interação patológica.
com o meio social em que vive. Portanto, o desenvolvi-
• Reflexo de Moro: medido pelo
mento da criança será sempre mediado por outras procedimento de segurar a criança
pessoas, pelas famílias, pelos profissionais de saúde, pelas mãos e liberar bruscamente os
seus braços. Deve ser sempre
da educação, entre outros, que delimitam e atribuem simétrico. É incompleto a partir do 3º
significados à sua realidade. mês e não deve existir a partir do 6º
mês.
A criança deve atravessar cada estádio segun- • Entre o 2º e o 4º mês: fica de bruços,
levanta a cabeça e os ombros.
do uma sequência regular, ou seja, os estádios de 2 meses
desenvolvimento cognitivo são sequenciais. Se a crian- • Em torno dos 2 meses: início da
ampliação do campo de visão
ça não for estimulada ou motivada no devido momento, (visualiza e segue objetos com o
ela não conseguirá superar o atraso do seu desenvolvi- olhar).
mento. Afinal, o desenvolvimento infantil se dá à • Aos 4 meses: preensão voluntária
medida que a criança vai crescendo e vai se desenvol- das mãos.
vendo de acordo com os meios onde vive e os estímu- • Entre o 4º e o 6º mês: vira a cabeça
los deles recebido. 4 meses na direção da voz/som.
910
• Em torno dos 6 meses: inicia-se a • A partir dos 10 anos ocorrem
noção de “permanência do objeto”.* mudanças relacionadas com a
10 anos puberdade e há um “esticão” no
• A partir do 7º mês: senta-se sem crescimento (nas meninas, por volta
6 meses
apoio. dos 11 anos, nos meninos, por volta
dos 13).
• Entre o 6º e o 9º mês: arrasta-se,
gatinha. Fonte: COLL; PALÁCIOS; MARCHESI, 1995; REGO, 1999; ZAVASCHI
et al., apud DUNCAN et al., 2004; REESE, 2000; NEWCOMBE, 1999;
• Entre 9 meses e 1 ano: gatinha ou PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2000 (com adaptações)
anda com apoio.
9 meses
• Por volta do 10º mês: fica de pé sem * Noção de permanência do objeto: capacidade de perceber que os
apoio. objetos que estão fora do campo visual continuam a existir. Por
volta dos 12 meses de idade, esta habilidade está completamente
• Por volta dos 12 meses: possui a desenvolvida na maioria dos bebés.
acuidade visual de um adulto.
12 meses
• Entre 1 ano e 1 ano e 6 meses: anda AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO:
sozinho. ORIENTAÇÃO PARA A TOMADA DE DECISÃO
• Entre 1 ano e 6 meses a 2 anos: corre
15 meses ou sobe degraus baixos. Impressão
Dados de avaliação diagnóstico Conduta
911
PEDIATRIA
PEDIATRIA
NEONATOLOGIA
SÍNDROME DA ASPIRAÇÃO MECONIAL
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
O RN apresenta-se com taquidispnéia, cianose,
retração costal, hiperinsuflação do tórax. A ausculta TRATAMENTO
revela roncos e estertores em todo o tórax.
Cuidados gerais: prover calor, líquidos, corrigir
hipoglicemia, hipercapnia e hipoxemia. No RN com
DIAGNÓSTICO
líquido amniótico meconial que apresenta apneia,
respiração irregular e/ou FC <100 bpm, iniciar a VPP
O diagnóstico é feito com o quadro clínico
com máscara facial e ar ambiente nos primeiros 60
respiratório sugestivo na presença de líquido amniótico
segundos de vida. Se após 30 segundos de ventila-
meconial e a radiografia de tórax que apoia o diagnósti-
ção efetiva, o neonato não melhora e há forte suspeita
co pode revelar infiltrados em placas não uniformes,
de obstrução de vias aéreas, pode-se indicar a retira-
com zonas de atelectasias e consolidação e aumento
da do mecônio residual da hipofaringe e da traqueia
do diâmetro antero-posterior.
sob visualização direta. A aspiração traqueal propria-
mente dita é feita através da cânula traqueal conecta-
da a um dispositivo para aspiração de mecônio e ao
aspirador a vácuo, com uma pressão máxima de 100
mmHg. Nessa situação, aspirar o excesso de mecônio
uma única vez. Durante a aspiração da traqueia deve
se oferecer oxigênio ao RN através de um cateter
posicionado próximo ao nariz do RN.
Fonte:
Sindrome de aspiração meconial- Faculdade de
medicina do Pará.
http://www.faculdademedicina.ufpa.br/doc/
Aspiracao%20de%20Meconio.pdf
Sociedade Brasileira de Pediatria.
http://wwws.sbp.com.br//reanimacao/
wp-content/uploads/2016/01/
Fonte: https://radiopaedia.org/cases/severe-meconium-aspiration-syndrome DiretrizesSBPReanimacaoRNMaior34semanas
26jan2016.pdf)
912
TAQUIPNEIA TRANSITÓRIA DO
DOENÇA DA MEMBRANA HIALINA
RECEM-NASCIDO
É caracterizado pela deficiência do surfactante Durante o processo de nascimento ocorrem
pulmonar. É comum em recém-nascidos prematuros, alterações cardiopulmonares importantes. Cessa a
geralmente antes de 28 semanas, mais prevalente no produção e secreção do líquido pulmonar, que é subs-
sexo masculino e filhos de mãe diabéticas. tituído por ar. A absorção do líquido pulmonar inicia-se
antes do nascimento, com o início do trabalho de
QUADRO CLÍNICO parto, por mecanismos ainda pouco conhecidos. Esti-
ma-se que cerca de 70% do líquido seja reabsorvido
A deficiência do surfactante pulmonar gera o antes do nascimento. Durante a passagem pelo canal
colabamento dos alvéolos na expiração, necessitando de parto, são eliminados cerca de 5% a 10% do líqui-
de um grande esforço respiratório para “abrir” esses do pulmonar e o restante é absorvido nas primeiras
alvéolos na inspiração, o que gera um rápido esgota- horas de vida pelos vasos linfáticos e capilares pulmo-
mento físico no RN. nares. Existem algumas situações em que atrasa a
absorção do líquido, como por exemplo as cesáreas
sem trabalho de parto, asfixia perinatal, diabetes e
asma.
QUADRO CLÍNICO
O sinal mais característico é a taquipneia. O
desconforto inicia-se nas primeiras horas do nasci-
mento, melhorando a partir de 24 a 48 horas. A radio-
grafia de tórax permite fazer o diagnóstico através do
achados de congestão peri-hilar radiada e simétrica,
espessamento de cisuras interlobares, hiperinsuflação
pulmonar leve ou moderada e, ocasionalmente, discre-
Neonato pré termo com opacificação completa em ambos os pulmões.
ta cardiomegalia e/ou derrame pleural.
Fonte: https://radiopaedia.org/cases/hyaline-membrane-disease-1
CRITÉRIOS DIAGNÓSTICO
Evidências de prematuridade e imaturidade
pulmonar. Início do desconforto respiratório nas
primeiras 3 horas de vida. Evidências de complacên-
cia pulmonar reduzida, CRF diminuída e trabalho
respiratório aumentado.
913
PEDIATRIA
PEDIATRIA
REANIMAÇÃO NEONATAL
D
iante de um recém-nascido (RN), realiza-se três Após realizar os primeiros passos para esta-
perguntas: gestação a termo? Respiração ou bilizar o RN, se apresentar FC >100 e respiração
choro presente? Tônus muscular em flexão? Se espontânea regular, avaliar as condições clínicas
ao menos uma das perguntas a resposta for negativa, gerais, e assim que possível deixa-lo junto da mãe,
deve-se conduzir o RN a mesa de reanimação, inician- ainda na sala de parto. Se não houver melhora dos
parâmetros respiratório e de frequência cardíaca
do a estabilização da seguinte forma: prover calor,
após a VPP com máscara, está indicada a intuba-
posicionar a cabeça em leve extensão, aspirar boca e ção. Quando a intubação não for possível, a másca-
narinas e secar. Esses passos devem ser executados ra laríngea é uma alternativa para manter a via aérea.
em até 30 segundos.
A massagem cardíaca está indicada se após
30 segundos de VPP com técnica adequada, a FC
estiver <60bpm. A massagem cardíaca diminui a
eficácia da VPP, e só deve ser iniciada quando
houver boa expansão e ventilação pulmonar. A com-
pressão cardíaca é realizada no terço inferior do
externo, onde se situa a maior parte do ventrículo
esquerdo.
914
SEPSE NEONATAL
A
sepse é uma síndrome caracterizada por
manifestações sistêmicas, devido a invasão Os principais fatores de risco relacionados à
de bactérias na corrente sanguínea. Em se sepse precoce são:
tratando de recém-nascido, a sepse se manifesta • Parto prematuro;
com choque frio, caracterizado por palidez, hipoter-
• Ruptura prolongada de membranas ovulares ( > 18
mia, moteamento da pele, vasoconstricção periféri-
h);
ca, oligúria e evidência de isquemia orgânica.
• Ruptura prematura de membranas ovulares;
Os critérios clínicos para sepse é um dos • Corioamnionite;
seguintes sinais sem outras causas reconhecíveis: • Bacteriúria;
febre (Tax > 38 °C), hipotermia (Tax < 36 °C), apnéia
• Colonização por Streptococcus do grupo Β (SGB);
e/ou bradicardia, além do não reconhecimento de
• Baixa idade materna ( < 20 anos);
infecção em outros sítios, concomitante ao uso de
antibióticos apropriados para sepse. • RN prévio com infecção por SGB.
915
PEDIATRIA
PEDIATRIA
Apnéias repetidas ( > 2 em 24h ), bradpnéia (Fr < 30), • Infecção do trato urinário (suspeita ou com-
taquipnéia (FR > 60), retrações esternais e subcos- provada) que não tenha sido tratada adequadamen-
tais, batimento de asa de nariz, cianose, aumento da te antes do início do trabalho de parto;
necessidade oxigênio e dos parâmetros do respira-
dor em RN previamente estável. • Infecções do trato genital no período
periparto;
TRATAMENTO
Geralmente se inicia com antibioticoterapia
empírica, devido a lentidão para o resultado das cultu-
ras, se baseia nos germes mais frequentes para o
período de acometimento. Em casos de sepse preco-
ce, há consenso no uso de Ampicilina associado a um
aminoglicosídio, pois os SGB e os demais germes
comuns neste período respondem bem a esse esque-
ma de amplo espectro. Na sepse tardia, a Oxacilina é
QUADRO CARDIOVASCULAR: uma opção terapêutica. A duração do tratamento
depende da evolução clínica. É importante atentar
Palidez cutânea, pele fria e sudoreica, hipotensão
(PA < 30 mmHg ou necessidade de uso de aminas para a infecção fúngica em RN prematuro de muito
para mantê-la acima deste nível), tempo de enchi- baixo peso, com o uso de cateter venoso, de bloquea-
mento capilar lentificado (> 2seg). dor H 2 , de antibioticoterapia prévia, de nutrição
parenteral prolongada, de ventilação mecânica,
quando apresentarem tempo prolongado de interna-
SINAIS DE SANGRAMENTO: ção e colonização no trato respiratório e gastrointesti-
Quadro sugestivo de coagulação intravascular nal por Cândida sp. O tratamento habitual com
disseminada. antifúngicos inclui o uso de anfotericina Β.
Fonte: http://www.sprs.com.br/sprs2013/bancoimg/
AVALIAÇÃO SUBJETIVA: 131210152124bcped_12_01_06.pdf
RN parece não estar bem. Sepse no período Neonatal -
http://books.scielo.org/id/wcgvd/pdf/moreira-97885
75412374-12.pdf
916
TRIAGEM NEONATAL
A
Triagem neonatal é um programa de rastrea-
mento populacional que tem como objetivo É um exame simples e rápido, que consiste em uma
geral identificar distúrbios e doenças no luz direcionada ao olho da criança a uma distância
recém-nascido, em tempo oportuno, para intervenção de 20 cm, e deve haver um reflexo vermelho, fenô-
adequada, garantindo tratamento e acompanhamento meno semelhante ao observado nas fotografias.
contínuo às pessoas com diagnóstico positivo, com Para que este reflexo possa ser visto, é necessário
que o eixo óptico esteja livre, isto é, sem nenhum
vistas a reduzir a morbimortalidade e melhorar a quali-
obstáculo à entrada e à saída de luz pela pupila,
dade de vida das pessoas. como por exemplo catarata, glaucoma congênito e
outros problemas. Isso significa que a criança não
tem nenhum obstáculo ao desenvolvimento da sua
visão. A recomendação é que o Teste do Olhinho seja
feito pelo pediatra logo que o bebê nasce.
TESTE DA ORELHINHA:
O Teste da Orelhinha ou “exame de emissões otoa-
cústicas evocadas” é o método mais moderno para
constatar problemas auditivos nos recém-nascidos.
O exame consiste na produção de um estímulo
sonoro e na captação do seu retorno através de uma
delicada sonda introduzida na orelhinha do bebê.
Este exame é feito ainda no hospital, com o bebê
dormindo, a partir de 48 horas de vida, e leva de 5 a
10 minutos. No caso de suspeita de alguma anorma-
lidade, o bebê será encaminhado para uma avalia-
ção otológica e audiológica completa.
TESTE DO CORAÇÃOZINHO:
O exame é capaz de detectar precocemente cardio-
OS 4 EXAMES DA TRIAGEM NEONATAL patias graves e diminui o percentual de recém-nas-
cidos que recebem alta sem o diagnóstico de proble-
mas que podem levar ao óbito ainda no primeiro
TESTE DO PEZINHO: mês de vida. Deve ser realizado entre 24 e 48h de
vida do recém-nascido, antes da alta hospitalar.
É o exame feito para identificar precocemente Realizar a oximetria de pulso em membro superior
indivíduos com doenças metabólicas, genéticas, direito e um dos membros inferiores. O resultado
enzimáticas e endocrinológicas, para que estes normal é uma saturação maior que 95% em ambos
possam ser tratados em tempo oportuno, evitando os membros verificados, e uma diferença menor que
as sequelas e até mesmo a morte. Deve ser realiza- 3% entre as medidas do membro superior direito e
do entre o 3º e o 5º dia de vida do bebê. O Programa membro inferior.
Nacional de Triagem Neonatal tem em seu escopo
seis doenças: Fenilcetonúria, Hipotireoidismo
Congênito, Doença Falciforme e outras hemoglobi-
nopatias, Fibrose Cística, Hiperplasia Adrenal Fonte: Manual técnico de Triagem Neonatal
Congênita e Deficiência de Biotinidase. http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/triagem_
neonatal_biologica_manual_tecnico.pdf
http://www.sbp.com.br/
TESTE DO OLHINHO:
http://portalms.saude.gov.br/saude-para-voce/
Este exame ainda não é obrigatório no SUS, e está saude-da-crianca/pre-natal-e-parto/exames-de-
disponível em algumas maternidades e hospitais. triagem-neonatal
917
PEDIATRIA
PEDIATRIA
A
ICTERÍCIA
icterícia é um dos problemas mais comuns
no período neonatal e é secundária a níveis
de bilirrubina indireta (BI) superiores a 1,5m-
g/dL ou de bilirrubina direta (BD) maior que 1,5mg/-
dL, desde que esta represente mais que 10% do
valor de bilirrubina total (BT). Clinicamente se
expressa como uma coloração amarelada da pele
quando os níveis sanguíneos do pigmento excedem
de 5 a 7 mg/dL.
HIPERBILIRRUBINEMIA INDIRETA
NEONATAL
• Hipotiroidismo congênito
• Hereditárias Imunes: incompatibilidade Rh
• Síndrome da icterícia pelo leite materno
(antígeno D), ABO, antígenos irregulares (c, e, E, Kell, outros)
Deficiências enzimáticas: deficiência de G-6-PD, piruvato- • Síndrome de Gilbert
-quinase, hexoquinase Distúrbios na membrana eritrocitária: • Síndrome de Crigler Najjar tipos 1 e 2
esferocitose, eliptocitose. Hemoglobinopatias: alfa-talasse-
mia.
DIAGNÓSTICO
• Adquiridas: Infecções bacterianas (sepse, infecção
urinária) ou virais. ´ Do ponto de vista laboratorial para a elucida-
ção diagnóstica devem-se obter:
• Coleções sanguíneas extravasculares: Hemor- • Bilirrubina total e frações indireta e direta
ragia intracraniana, pulmonar, gastrintestinal Cefalo-hemato- • Hemoglobina, hematócrito, morfologia de
ma, hematomas, equimoses.
hemácias, reticulócitos e esferócitos
• Policitemia: RN pequeno para a idade gestacional
• Tipagem sanguínea da mãe e RN – siste-
RN de mãe diabética Transfusão feto-fetal ou materno-fetal. mas ABO e Rh (antígeno D)
• Coombs direto no sangue de cordão ou
do RN
918
• Pesquisa de anticorpos anti-D (Coombs • Zona 1: Icterícia somente na face está associada a
valores de BI inferiores a 5mg/dL;
indireto) se mãe Rh (D ou Du) negativo .
• Pesquisa de anticorpos maternos para • Zona 2: Icterícia desde a cabeça até a cicatriz umbilical
corresponde a valores desde 5 até 12mg/dL.
antígenos irregulares (anti-c, anti-e, anti-E,
• Zona 3: Icterícia até os joelhos e cotovelos podem
anti-Kell, -outros) se mãe multigesta/transfusão
apresentar valores de 8 a 16mg/dL.
sanguínea anterior e RN com Coombs direto
• Zona 4: Icterícia em pernas e braços corresponde a
positivo.
valores de 10 a18 mg/dL.
• Dosagem sanguínea quantitativa de
• Zona 5: Icterícia em planta de pés e palma das mãos
glicose-6-fosfato desidrogenase.
apresentam valores acima de 15 mg/dL.
• Dosagem sanguínea de hormônio tireoi-
diano e TSH (teste do pezinho). TRATAMENTO
EXSANGUINEOTRANSFUSÃO
919
PEDIATRIA
PEDIATRIA
920
PARASITOSE INTESTINAL
A
s infecções por parasitas intestinais represen- A sintomatologia é bastante variável. Os qua-
tam um problema de saúde pública mundial, dros graves são mais comuns em pacientes desnutri-
de difícil solução. Têm alta prevalência em dos; imunodeprimidos; com neoplasias, portadores de
nosso país, principalmente na população pobre e em doenças do colágeno, anemia falciforme, tuberculose,
crianças, devido às precárias condições de sanea- esplenectomia prévia; ou naqueles em uso prolongado
mento básico, habitação e educação. de corticoides ou imunossupressores. Nos quadros
leves as manifestações são inespecíficas: anorexia,
Estudo realizado no Brasil (1988) revelou irritabilidade, distúrbios do sono, vômitos ocasionais,
prevalência de 55,3% em crianças, sendo que a náuseas, diarréia. “Manchas de pele” e “ranger de
maior parte era poliparasitada. A OMS estimou, em dentes” são relacionados popularmente com parasito-
1987, que mais de 900 milhões de pessoas no ses intestinais, sem no entanto, haver confirmação
mundo estavam parasitadas pelo Ascaris lumbricoi- científica.
des, 900 milhões por Ancilostomideos e 500 milhões
por Trichuris trichiura. Levantamento sobre prevalên- Crianças desnutridas podem apresentar
cia de parasitose intestinal em 18973 escolares (7 a anemia (ancilostomíase), hepatoesplenomegalia
14 anos) realizado em 2002 em algumas regiões de (esquistossomose), prolapso retal (tricocefalíase),
Minas Gerais (Triângulo Mineiro, Alto Paranaíba, enterorragia (esquistossomose, amebíase) e obstru-
Noroeste de Minas e Sul/Sudoeste) mostrou que ção intestinal (ascaridíase). As parasitoses podem
82% dos escolares apresentavam exame parasitoló- favorecer o aparecimento ou agravamento da desnutri-
gico de fezes negativo, 15% eram monoparasitários e ção. Os mecanismos são:
3% poliparasitários. A prevalência de A. lumbricoides
foi de 10,3%, de T. trichiura 4,7%, de ancilostomídeos 1. lesão de mucosa (giárdia, necator,
2,9%, de Enterobius vermicularis 1,2%, de H. nana estrongilóides, coccidios);
0,4% e de Taenia sp de 0,2%. As maiores prevalên- 2. alteração do metabolismo dos sais biliares
(giárdia);
cias por regiões foram de 24,2% de T. trichiurus,
18,7% de A. lumbricoides e 12,1% para ancilostomí- 3. competição alimentar (áscaris);
deos. 4. exsudação intestinal (giárdia,
estrongilóides, necator, tricocéfalos);
5. favorecimento de proliferação bacteriana
(ameba);
6. sangramento (necator, tricocéfalos).
921
PEDIATRIA
PEDIATRIA
922
MÉTODOS PARA EXAME PARASITOLÓGICO DE FEZES
Faust Cistos
923
PEDIATRIA
PEDIATRIA
924
causando danos na arquitetura das vilosidades e
levando a um processo inflamatório. Na maioria dos
casos a infecção é assintomática, ou provoca diarréia
autolimitada. Nos imunodeprimidos o quadro é mais
grave e arrastado, cursando com síndrome de
má-absorção, adenite mesentérica, invasão do baço
e fígado e colecistite acalculosa.
O diagnóstico é feito pelo exame parasitológico de
fezes através da coloração de Ziehl-Neelsen ou de
Kinyoun modificada, ou pela análise de material
coletado pela biópsia de intestino delgado.
O tratamento é feito com
sulfametoxazol-trimetoprim por 10 dias, seguidos de
mais 20 dias com dose única profilática (metade da
dose). Outras opções: roxitromicina ou metronidazol,
ou pirimetamina associada a sulfadiazina.
CRIPTOSPORIDIOSE
O Cryptosporidium sp é um protozoário que pertence
à subclasse Coccidae, encontrado no intestino de
diversos animais. Foi considerado enteropatógeno
para o homem a partir de 1976, principalmente por
causar diarréias fatais em pacientes com a síndrome
de imunodeficiência adquirida (AIDS). Pode provocar
também infecções em pessoas imunocompetentes.
A transmissão é através da ingestão de água e
alimentos contaminados por oocistos. Localizam-se
no intestino delgado, os parasitas invadem os
enterócitos, onde se multiplicam, gerando danos à
morfologia dos mesmos, atrofia vilositária intestinal
e intenso infiltrado inflamatório na mucosa.
Na maioria dos infectados imunocompetentes a
infecção é assintomática, mas alguns podem ter
diarréia autolimitada. Em lactentes e pré-escolares
a diarréia persistente é uma manifestação possível.
Em imunodeprimidos, ocorre diarréia grave,
prolongada e recidivante, que pode cursar com
síndrome de má-absorção, perda de peso e evoluir
para o óbito. Pode cursar com colecistite, colangite
esclerosante, estenose de colédoco distal, hepatite
ou pancreatite. Para o diagnóstico utiliza-se
pesquisa de oocistos nas fezes pela coloração de MICROSPORIDIOSE
Ziehl-Neelsen ou da carbolfuccina de Kinyoun. A
biópsia da mucosa do intestino permite visibilização Os microsporídios são protozoários intracelulares
do protozoário no material coletado. O tratamento obrigatórios. A ordem dos microporídeos envolve
em imunocompetentes é a reidratação e medidas 100 gêneros já descritos, seis dos quais foram
gerais. Em imunodeficientes deve-se tentar encontrados parasitando o homem. O gênero
melhorar as condições imunológicas do paciente Enterocytozoon bieneusi é o mais encontrado em
(por exemplo, com o emprego de antiviral em todo o mundo. Localiza-se no intestino delgado,
pacientes com AIDS). Para tratamento da infecção os principalmente em portadores de imunodeficiência
melhores resultados estão sendo obtidos com (AIDS ou em indivíduos com transplante de órgãos),
azitromicina ou nitazoxanida ou paromomicina. porém pode ser encontrado em imunocompetentes.
Na maioria das vezes a infecção é assintomática ou
provoca uma diarréia autolimitada. Pode causar
infecção hepática, pancreática, renal, ocular e do
ISOSPORÍASE SNC. Em 2001, na cidade portuária de Antonina, no
Paraná, houve uma epidemia de diarréia aguda pelo
É causada pelo protozoário Isospora belli da parasita envolvendo mais de 600 casos. O
subclasse dos coccídeos. No Brasil têm sido diagnóstico pode ser feito com microscopia de luz e
descritos casos em Goiás, Espírito Santo e outros coloração pelo método tricrômio em fezes e outras
estados. Em portadores de AIDS a prevalência é de secreções humanas. Quando o quadro não é
2% e chega a 7% entre esses pacientes na presença autolimitado pode-se usar Albendazol. Nos
de diarréia. pacientes com AIDS o tratamento com
antiretrovirais melhora os sintomas causados pelo
A transmissão é através de água e alimentos parasita.
contaminados. O parasita se localiza no intestino
delgado, onde invade o enterócito e multiplica-se,
925
PEDIATRIA
PEDIATRIA
ASCARIDÍASE
BLASTOCISTOSE É causada pelo Ascaris lumbricoides. É a helmintíase
de maior prevalência no mundo acometendo cerca
A blastocitose é causada pelo Blastocystis hominis, de 30% da população mundial. A fêmea mede de 35 a
um comensal, mas que em indivíduos 40 cm, e o macho 15 a 30 cm de comprimento. O
imunodeprimidos pode provocar diarréia ou verme adulto vive no lúmen do intestino delgado do
sintomas gastrointestinais inespecíficos. Os homem. É um geo-parasita (possui fases de seu
métodos parasitológicos habituais não são desenvolvimento que são realizadas no solo). A
adequados para detectá-lo. Nos casos que não são fêmea elimina ovos fecundados com as fezes
autolimitados, têm sido usados o Metronidazol ou o (200.000/dia) que, em condições favoráveis sofrem
Iodoquinol. duas transformações larvárias em 20 dias. A
segunda delas é a forma infectante.
A principal forma de transmissão é a ingestão de
ovos através de água e alimentos contaminados,
hábito de levar as mãos e objetos sujos à boca,
ou a pratica de geofagia. Os ovos estão presentes no
ar em regiões de clima seco e quente, podendo ser
inalados ou deglutidos.
A maioria das crianças é assintomática. Os sintomas
geralmente ocorrem quando há uma infecção mais
numerosa de vermes ou larvas, ou localizações
migratórias anômalas. A passagem de larvas pelos
pulmões pode induzir um quadro de pneumonite
larvária, como a síndrome de Löeffler, na qual o
paciente apresenta-se com tosse seca ou produtiva,
sibilância, dispnéia, febre, eosinofilia, e infiltrado
parenquimatoso grosseiro e esparso à radiografia
do tórax. Sugere o diagnóstico o achado de larvas no
aspirado gástrico ou presença de ovos nas fezes 2 ou
3 meses após o quadro pulmonar.
ANCILOSTOMÍASE
CICLOSPORÍASE É uma parasitose intestinal causada pelo Ancylosto-
ma duodenale e Necator americanus, esse último
É causada pelo Cyclospora cayetanensis, um mais comum em nosso país.
coccídio intracelular, muito semelhante ao
Criptosporidium sp. Provoca diarréia e má-absorção São geo-helmintos, cujas fêmeas produzem 10 a 20
intestinal em pacientes imunodeprimidos. Em mil ovos por dia, os quais são eliminados nas fezes.
pessoas imunocompetentes os sintomas são leves e No solo, a evolução das larvas ocorre em estágios,
autolimitados ou ausentes. A transmissão é sendo a larva filarióide (terceiro estágio) a infectan-
fecal-oral. A detecção nas fezes é feita pela te. Ela penetra na pele do hospedeiro, e por via infá-
microscopia óptica e coloração de Ziehl-Neelsen tica ou venosa chega até os pulmões. Nos alvéolos,
modificada ou Kinyoun. O aspirado duodenal e a ascende na arvore respiratória, e é então
biópsia intestinal são também utilizados no deglutida. No caminho para o intestino delgado
diagnóstico. O tratamento preconizado é com transforma-se no verme adulto. Na espécie A.
sulfametoxazol-trimetoprim, por 7 dias. duodenale, a transmissão pode ocorrer também por
ingestão da larva filarióide, sem necessidade de
penetração pela pele ou ciclo pulmonar.
Os ancilostomídeos adultos se fixam na mucosa do
duodeno e jejuno. Cada exemplar adulto, ocasiona
para o hospedeiro a perda diária de 0,05 a 0,3 ml de
sangue. Na espécie do N. americanus esta perda de
926
0,01 a 0,04 ml por dia. A perda de sangue ocorre
porque o verme suga o sangue da mucosa e muda de PROTOCOLO PARA TRATAMENTO DE SEMI-OCLUSÃO
lugar 4 ou 5 vezes por dia, deixando também superfí- INTESTINAL POR ÁSCARIS LUMBRICÓIDES
cie cruenta que sangra.
Transcorrem geralmente 35 a 60 dias desde a infecção PASSOS PARA O TRATAMENTO
até início da eliminação de ovos pelas fezes.
A ancilostomíase ocorre em 20% a 25% de toda a Hospitalização
população mundial. No Brasil a prevalência é variável,
sendo mais comum na zona rural, acometendo mais
adolescentes e adultos. Na maioria das vezes a infec- Jejum
ção é assintomática. O quadro clínico dependerá do
número de vermes, da espécie do ancilostomídeo ou Sonda nasogástrica para descompressão gástrica e adminis-
das condições do hospedeiro. tração de medicamentos
Pode ocorrer dermatite larvária, com a presença de
prurido, eritema, edema e erupção papulovesicular. Hidratação por via parenteral (manutenção mais perdas)
Na fase aguda do parasitismo intestinal pode ocorrer
epigastralgia, náuseas,vômitos, bulimia, flatulência e Óleo mineral via SNG, 10 a 30ml a cada 3 horas, durante 24
diarréia. E na fase crônica: anemia ferropriva, horas, ou até eliminação do óleo pelo ânus
anorexia, fraqueza, cefaléia, sopro cardíaco, palpita-
ções, hipoproteinemia e edema por enteropatia
perdedora de proteínas. Piperazina, 75 a 100mg/kg/dia, durante 5 dias
O diagnóstico é feito por meio de achado de ovos de Avaliação pela cirurgia pediátrica durante o período da
ancilostomídeos no exame parasitológico de fezes. internação
Exames (solicitação conforme necessidade do paciente):
Radiografia de Abdome em ortostatismo para o diagnóstico,
ultra-som abdominal, dosagem de íons séricos, gasometria
arterial
ANCILOSTOMOSE
927
PEDIATRIA
PEDIATRIA
O diagnóstico pode ser feito pelo achado de larvas
pelo método de Baermann-Moraes ou Rugai
modificado, em fezes, material de tubagem duodenal,
escarro ou lavado broncoalveolar (ótima opção em
estrongiloidíase disseminada). Na endoscopia
digestiva alta podem ser visibilizadas alterações
inflamatórias inespecíficas, vistas
macroscopicamente, no duodeno. Na biópsia é
possível detectar os parasitos no interior das criptas.
Existem testes imunológicos do tipo ELISA e
imunofluorescência indireta ainda não disponível em
nosso meio.
O tratamento é feito com o tiabendazol. Estudos
mostram que o albendazol é pouco efetivo na
estrongiloidíase (45% de eficácia em um estudo, e
38% em outro). A ivermectina em dose única tem sido
tão eficaz quanto o tiabendazol e apresenta poucos
efeitos colaterais. O tratamento deve ser repetido 15 a
21 dias após.
epigastralgia, náuseas, vômitos, bulimia, flatulência e
diarréia. E na fase crônica: anemia ferropriva, anorexia,
fraqueza, cefaléia, sopro cardíaco, palpitações,
hipoproteinemia e edema por enteropatia perdedora de
proteínas. O diagnóstico é feito por meio de achado de
ovos de ancilostomídeos no exame parasitológico de
fezes. O tratamento é feito com mebendazol ou
pamoato de pirantel ou albendazol (crianças acima de 2
anos de idade), e as doses as mesmas usadas para o
tratamento da ascaridíase. Estudos mostram que a
ivermectina é ineficaz no tratamento de
ancilostomídeos. O tratamento deve ser repetido após
15 a 21 dias.
ESTRONGILOIDÍASE
TENÍASE
É causada pelo Strongylóides stercoralis. Este
geo-helmíntico é responsável por incidência elevada É causada pela Taenia solium ou por Taenia saginata.
de infecções em regiões de clima tropical ou com A prevalência maior é em adultos jovens e nas
saneamento básico precário. As formas de regiões rurais. A T. solium é adquirida pela ingestão
transmissão descritas são: de carne de porco mal cozida, contaminada pelo
cisticerco, popularmente conhecido por “canjiqui-
1) heteroinfecção: larvas presentes no solo nha”. A T. saginata origina-se da ingestão de carne de
penetram no homem pela pele; boi contaminada. A OMS estimou a existência de 50
milhões de pessoas contaminadas, com 50 mil
2) auto-infecção interna: os ovos eclodem no mortes anuais, geralmente pelas complicações da
intestino e rapidamente evoluem para a forma neurocisticercose.
infectante e penetram a mucosa no íleo ou nos
cólons; As tênias são achatadas dorsoventralmente e
chegam ao comprimento de 3 a 10 metros, sendo a T.
3) auto-infecção externa (as larvas penetram na saginata mais longa. A cabeça ou escólex se fixa à
pele pela região perianal). mucosa do jejuno ou duodeno, é hermafrodita, e vive
solitária no intestino do homem. O corpo é formado
A estrongiloidíase pode ocorrer de forma por anéis ou proglotes, os distais são maduros e
assintomática, oligossintomática ou grave. A repletos de ovos (30 a 80 mil). Os proglotes podem
dermatite larvária pode ocorrer nos pés, mãos, nas ser eliminados íntegros ou se rompem eliminando os
nádegas ou na região anogenital, locais onde as ovos nas fezes. Esses ovos contaminam as pasta-
larvas penetram. A pneumonite larvária é menos gens, são ingeridos pelos animais hospedeiros inter-
freqüente que na ascaridíase. Outras manifestações mediários, e migram para o tecido conjuntivo dos
são descritas, como: anorexia, náuseas, vômitos, músculos, onde formam os cisticercos (2 a 5mm de
distensão abdominal, dor em cólica ou queimação, diâmetro). O homem se contamina pela ingestão de
muitas vezes no epigástrio (síndrome carne contendo esses cisticercos. São necessários
pseudo-ulcerosa), diarréia secretora ou mais de 3 meses para que tenha início a liberação
esteatorréia, desnutrição protéico-calórica. anal das proglotes maduras.
A estrongiloidíase disseminada ocorre em paciente O grande problema da T. solium é quando o homem
imunodeprimido, e é um quadro grave e com alta se torna o hospedeiro intermediário. Isto ocorre pela
mortalidade. Os vermes infectam todo o intestino e a ingestão de ovos do meio externo ou pela auto-in-
auto-infecção interna ocorre maciçamente. As fecção, na qual os proglotes liberam os ovos no
larvas filarióides migram para o fígado, pulmões e lúmem intestinal e estes liberam o embrião, ocor-
inúmeras outras vísceras e glândulas, geralmente rendo, então, a migração por via circulatória até os
originando bacteremia, pois carregam consigo as tecidos, levando à neurocisticercose, conseqüente
enterobactérias intestinais. Os pacientes apenas à infecção pela T. solium.
apresentam sintomas intestinais, respiratórios e de
sepse ou meningite por coliformes. A teníase é na maioria dos casos assintomática.
Alguns sintomas são atribuídos a essa parasitose
928
intestinal: fadiga, irritação, cefaléia, tontura, bulimia,
anorexia, náuseas, dor abdominal, perda de peso, diar-
réia e/ou constipação, urticária e eosinofilia. Raramen-
te ocorre semi-oclusão intestinal, apendicite, colangite
ou pancreatite.
O diagnóstico da teníase se faz pelo achado de proglo-
tes nas fezes ou nas roupas íntimas ou lençóis. A
pesquisa de antígenos específicos de Taenia nas fezes
(coproantígenos) aumenta em 2,5 vezes a capacidade
de detecção de casos de teníase. Na neurocisticercose
utilizam-se métodos de imunoensaio (ELISA), técnicas
radiológicas incluindo tomografia computadorizada. O
tratamento pode ser feito com niclosamida ou prazin-
quantel ou mebendazol ou albendazol.
TRICOCEFALÍASE OU TRICURÍASE
É causada pelo nematóide Trichocephalus trichiurus,
ou Trichuris trichiura, o qual mede de 3 a 5 cm de
comprimento. Os vermes se localizam principalmen-
te no ceco. Os ovos são eliminados nas fezes e
tornam-se infectantes após 15 dias. O homem ingere
os ovos, que sofrem ação dos sucos digestivos e
libertam as larvas. O verme adulto se fixa à mucosa
intestinal, provocando erosões e ulcerações múlti-
plas. Cada verme ingere até 0,005 ml de sangue por
dia. É comum em regiões tropicais. No Brasil foi
encontrada em 80,4% dos escolares na região de
Alagoas e 37,3% dos escolares em São Paulo.
Geralmente, a infecção é assintomática ou acompa-
nhada de manifestações leves. Nas crianças desnu-
tridas, especialmente pré-escolares, que vivem em
HIMENOLEPÍASE comunidades aglomeradas e com ausência de sane-
amento básico, pode instalar-se a trichiuríase
maciça, comprometendo o intestino grosso, do ceco
É causada pelo cestóide Hymenolepis nana, parasita ao reto. Os sintomas são distensão abdominal,
habitual do homem e sem hospedeiro intermediário, disenteria crônica, anemia ferropriva e desnutrição
ou eventualmente pelo Hymenolepis diminuta, para- protéico-energética. O prolapso retal pode ocorrer
sita habitual do rato. No Brasil predomina nos esta- até em 60% dos casos.
dos do sul, com prevalência estimada de 3% a 10%. O O diagnóstico é feito pelo achado de ovos nas fezes,
H. nana atinge 2 a 10 cm de comprimento e se fixa na pesquisados pelos métodos de Faust, Lutz ou Kato-
região do íleo. A transmissão se dá por ingestão dos -Katz. Na trichiuríase maciça, o diagnóstico é feito
ovos do meio externo ou por auto-infecção a partir pela retossigmoidoscopia, que permite visualizar
da liberação intraluminal de ovos. As larvas cisticer- inúmeros vermes fixados à mucosa hiperemiada e
friável, que sangra facilmente ao toque.
cóides se alojam nos linfáticos das vilosidadades
intestinais, depois retornam ao lúmem e se tornam O tratamento pode ser feito com Mebendazol. O
adultas. O ciclo é de 20 a 30 dias. Albendazol usado isoladamente é pouco eficaz
(42,6% de eficácia), mas quando associado com a
ivermectina tem taxa mais alta de cura (79,3%). O
Geralmente a infecção é assintomática, mas nas tratamento deve ser repetido 15 dias após.
crianças que sofrem grande contaminação, ou que
são desnutridas ou imunodeficientes, pode ocorrer
infecção maciça, manifestando-se com cólicas
abdominais e diarréia crônica.
929
PEDIATRIA
PEDIATRIA
OXIURÍASE OU ENTEROBÍASE
PROFILAXIA
É causada pelo Enterobius vermiculares ou Oxiurus
vermiculares. O macho tem menos de 5 mm e a
fêmea perto de 10mm de comprimento. Suas locali- O objetivo é interromper a transmissão desses
zações principais são o ceco e o reto. A fêmea fecun- parasitas por meio de várias condutas, tais como:
dada migra para a região anal onde faz a postura.
Sua presença nesta região causa intenso prurido. O
homem é o único hospedeiro e sua transmissão • Preparo e manipulação adequados dos alimentos;
ocorre pessoa a pessoa ou por fômites. A transmis-
são indireta é possível com a inalação de ovos • Tratamento e conservação da água;
presentes na poeira e nos utensílios domésticos. A
auto-infecção pode acontecer, o que reforça a • Uso de calçados;
necessidade de repetição do tratamento.
• Construção de vasos sanitários e fossas sépticas;
Os ovos ingeridos liberam as larvas no intestino e
estas se fixam no colo. O ciclo é de 30 a 50 dias até a • Destino apropriado das fezes;
evolução para a forma adulta. Ocorre no mundo
• Programas educacionais relacionados à higiene,
inteiro e é a helmintíase de maior prevalência nos condutas que devem ser tomadas para diminuir a
países desenvolvidos. O sintoma mais freqüente é o freqüência das parasitoses;
prurido anal noturno. Em meninas pode ocorrer a
migração dos vermes para a genitália, levando a • Emprego de medicamentos.
vulvovaginite secundária, com corrimento amarela-
do e fétido. Outros sintomas descritos são cólicas
abdominais, náuseas e tenesmo.
930
DOSES E INDICAÇÕES DE ANTIPARASITÁRIOS
Microsporíase (não auto-limitada) Albendazol 400mg/dose (2 vezes/dia) por várias semanas até melhora do
quadro
* No tratamento de cisticercose cerebral a dose é de 15-20 mg/Kg, 3 vezes ao dia, por 14 a 21, associada com dexametasona.
FONTE: Modificado de Mota JAC et al., In: Pediatria Ambulatorial 5 ed. Ed. COOPMED, 2004 (no prelo)
Fontes:
Parasitoses intestinais (Rev Med Minas Gerais 2004; 14 (1 Supl. 1): S3-S12)
931
PEDIATRIA
PEDIATRIA
CRESCIMENTO E
DESENVOLVIMENTO PUBERAL
adolescência é uma fase dinâmica e complexa
merecedora de atenção especial no sistema de
saúde, uma vez que esta etapa do desenvolvi-
mento define padrões biológicos e de comportamen-
tos que irão se manifestar durante o resto da vida do
indivíduo.
932
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA PUBERDADE PUBERDADE FEMININA
O primeiro sinal da puberdade da menina con-
1. Crescimento: aceleração da velocidade de cres- siste no aparecimento do broto mamário – este
cimento em altura e peso ou o estirão puberal (eixo momento é chamado de telarca – podendo iniciar-se
GH e IGF-I). de modo unilateral, resultando numa assimetria
mamária temporária. Geralmente seis meses após a
telarca ocorre a pubarca ou adrenarca (surgimento
2. Mudanças das características sexuais dos pelos pubianos). A menarca (primeira menstrua-
secundárias e maturação sexual: Eixo hipotalâ- ção), fato marcante da puberdade feminina, ocorre
mico-gonadotrópico-gonadal. em média aos 12 anos e seis meses no Brasil, poden-
do variar de nove a 15 anos. A puberdade feminina
envolve toda uma transformação nos órgãos sexuais.
Gonadarca: aumento de mamas, útero e O útero, por exemplo, também cresce, para aconche-
ovários nas meninas; e aumento da genitália, pênis gar o feto durante a futura gravidez. A composição
e testículos nos meninos, devido ao aumento dos dos tecidos também sofre profunda mudança, espe-
esteróides sexuais, estrogênios nas meninas e cialmente com a deposição de tecido adiposo nos
quadris e no abdome. Alterações no esqueleto, como
androgênios nos meninos. o alargamento da bacia, completam o quadro da
formação do contorno feminino característico.
Adrenarca: surgimento de pelos pubianos,
pelos axilares e faciais devido ao aumento dos
androgênios produzidos pelas suprarrenais, e em
maior quantidade nos meninos. Estes fenômenos
são interdependentes e mantêm uma associação
temporal entre si.
933
PEDIATRIA
PEDIATRIA
PÊLOS PUBIANO S
maturação sexual pode ser realizada durante o exame
físico ou através de pranchas ilustrativas, onde o ado- GENITÁL IA
lescente identifica o estágio de desenvolvimento de
seus caracteres sexuais secundários. A auto-avaliação
é uma alternativa já reconhecida em estudos brasilei-
ros, mostrando uma boa correlação (r=0,80) entre a
auto avaliação e aquela realizada por profissional espe-
cializado.
934
mento em relação à população de referência.
VELOCIDADE DE CRESCIMENTO 3. Investigar as principais causas de atraso, caso o
crescimento pré-puberal seja menor que 4 cm/ano ou
O grande incremento do crescimento físico na menor que 6 cm/ano em adolescentes na fase pube-
puberdade recebe o nome de estirão puberal. Trata-se ral.
da fase da vida, excetuando o primeiro ano, em que o
indivíduo mais cresce. O crescimento máximo pode 4. Avaliar a perda de peso em adolescentes.
alcançar em média de 9,5 cm/ano no sexo masculino,
e 8,3 cm/ano no sexo feminino. Geralmente, a acelera- 5. Acompanhar semestralmente os adolescentes, e
ção do crescimento no sexo feminino acontece nas em caso de rastreamento de riscos a cada 2-3
fases iniciais da puberdade, entre os estágios 2 e 3 de meses.
Tanner para mamas e pelos pubianos. Sempre prece-
de a menarca, que geralmente coincide com a fase de
desaceleração do crescimento e com o estágio 4 de
Tanner. No sexo masculino, usualmente a aceleração
de crescimento ocorre nos estágios 3 e 4 de genitais.
A maioria atinge a velocidade máxima do crescimento
no estágio 5.
AVALIAÇÃO DO CRESCIMENTO
935
PEDIATRIA
PEDIATRIA
Para meninos:
Padrão de Referência NCHS – Indicador: Altura / AP + (AM – 12cm) Limite +- 10
Idade.
2
Utilizar percentis para Altura / Idade (P3 a P97).
Para meninas:
Avaliar em seguimento de 3 a 6 meses AM + (AP- 12cm) Limite +- 9
Normal – entre o P3 e P97
2
Baixa estatura – abaixo do P3
Alta estatura – acima do P97
e de cresci
DIAGRAMA AVALIAÇÃO DA BAIXA ESTATURA OU
ATRASO DO CRESCIMENTO
Meninas:
Puberdade Normal – Broto mamário e pêlos pubianos
entre 8 a 13 anos.
Puberdade Precoce – Presença de caracteres sexuais
secundários antes dos 7 anos.
Puberdade Tardia – Ausência de caracteres sexuais
acima de 13 anos ou ausência da menarca após os 15
anos.
Meninos:
Puberdade Normal – Aumento do volume testicular
(diâmetro igual ou superior a 3 cm) e pelos pubianos
entre 9 a 14 anos.
Puberdade Precoce – Presença de caracteres sexuais
secundários com menos de 9 anos. Puberdade Tardia
– Ausência de caracteres sexuais secundários acima
de 14 anos.
ABREVIATURAS:
T3 – Triiodotironina
T4 – Tiroxina
TSH – Hormônio estimulador da tireóide
FSH – Hormônio folículo-estimulante
LH – Hormônio luteinizante
GH – Hormônio do crescimento
GHRH – Hormônio de liberação do hormônio do crescimento
L-dopa – Dopamina.
SDHEA – Deidroepiandrosterona-Sulfato
IGF-I – Fatores do crescimento semelhantes à insulina ou somatomedina-C
IGFBP – 3 – Proteína de ligação – fator de crescimento
936
DIAGRAMA AVALIAÇÃO DO ATRASO PUBERAL
ATRASO PUBERAL
Fontes:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_adolescente_compet
encias_habilidades.pdf
http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/saude_adolecent
es.pdf
937
PEDIATRIA
PEDIATRIA
938
esses pacientes alcançam altura final normal, mesmo EXAMES DE IMAGEM
sem tratamento medicamentoso. Do contrário,
progressão rápida, ou seja, mudança do estádio
Exames de imagem necessários ao diagnóstico de
puberal (Estágios de Tanner) num período menor que PPC :
3 meses, caracteriza quadros de puberdade rapida-
mente progressiva, acompanhados, geralmente, de • Radiografia de mãos e punhos: para
um crescimento acelerado (velocidade de crescimen- avaliação da idade óssea segundo método de
GreulichPyle, considerando-se avanço de pelo
to > 6 cm/ano).
menos 1 ano ou 2 desvios-padrão acima da idade
Dependendo da etapa do desenvolvimento cronológica;
puberal em que a criança se encontra, observa-se
aceleração do crescimento. • Ultrassonografia pélvica: tamanho uterino
maior que 35 mm de comprimento, volume maior
que 2 mL, aspecto piriforme e aumento da espessura
endometrial sugerem estímulo estrogênico
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL persistente. Ovários com volume maior que 1 cm3
sugerem fortemente estimulação gonadotrófica
O diagnóstico laboratorial confirma a suspeita persistente. Esse dado é especialmente útil em
meninas menores de 3 anos, quando os valores
clínica de puberdade precoce. Utiliza-se a dosagem basais de LH e mesmo o teste de GnRH são menos
de LH, com limite de detecção de no mínimo 0,1 confiáveis;
unidades internacionais (UI)/L.
Em ambos os sexos, valores basais de LH • Ressonância magnética de SNC: pelo risco de
lesões tumorais ou malformações de SNC,é
maiores que 0,3 UI/L por ensaio imunoquiminulomé-
recomendado em todos os meninos e as meninas
trico (ICMA) e maior que 0,6 UI/L por ensaio imuno- menores de 6 anos com diagnóstico clínico e
fluorométrico (IFMA) confirma o diagnóstico de PPC. laboratorial de PPC. Em meninas entre 6-8 anos
Contudo, em meninas pode existir sobreposição também deve ser realizado quando houver suspeita
clínica de alteração do SNC.
importante de valores de LH basal pré-puberal e
puberal inicial. É indicado para diagnóstico o teste de
estímulo com GnRH, 100 mcg endovenoso, com
3 anos 6 anos
aferições 0, 30 e 60 minutos após, tanto em meninos
quanto em meninas acima de 3 anos de idade. Valo-
res de pico do LH maior que 5 UI/L confirmam o diag-
nóstico em ambos os sexos com os ensaios laborato-
riais acima referidos. Na impossibilidade do teste do
GnRH, o teste com um agonista do GnRH (leuprorre-
lina), 2 a 3 h após estímulo com 3,75 mg, com respos-
4 anos 7 anos
ta puberal sugerida maior que 10,0 UI/L por IFMA ou
maior que 8,0 UI/L por quimio- e eletroquimiolumines-
cencia pode ser realizado.
A relação LH/FSH maior que 1 também é
mais frequente em indivíduos púberes e pode auxiliar
na diferenciação entre PPC progressiva e não
progressiva. 5 anos 8 anos
939
PEDIATRIA
PEDIATRIA
940
OBESIDADE NA ADOLESCÊNCIA
É
uma consequência do aumento da gordura
corporal em relação à massa muscular. É uma
doença multicausal, em que ocorre a interação
de fatores genético-metabólicos e do meio ambiente.
Representa um importante problema de saúde pública.
• Acompanhar sistematicamente,
estabelecendo o vínculo entre o profi ssional de
saúde e o adolescente.
941
PEDIATRIA
PEDIATRIA
nais da área de educação física em academias ou
clubes devem ser incentivados a continuar, desde
que haja integração com o tratamento proposto pela
equipe de saúde. Aqueles que não desfrutam deste
acesso devem ser encorajados à prática de exercí-
cios dentro de seu ambiente, como caminhar de
forma rotineira. É muito frequente em nosso meio a
prática de esportes nos campos de rua. Nestas con-
dições devemos lembrar que o exercício não deve ser
praticado em excesso e que se recomenda um aque-
cimento prévio.
942
DIARREIA
A
diarreia pode ser definida pela ocorrência de
três ou mais evacuações amolecidas ou líqui-
das nas últimas 24 horas. A diminuição da
consistência habitual das fezes é um dos parâmetros
mais considerados. Na diarreia aguda ocorre dese-
quilíbrio entre a absorção e a secreção de líquidos e
eletrólitos e é um quadro autolimitado.
943
PEDIATRIA
PEDIATRIA
também adotada pelo MS deve continuar sendo
AVALIAÇÃO CLÍNICA utilizada. A avaliação do estado de hidratação do
paciente com diarreia deve ser criteriosa e inclui o
De acordo com a OMS, a anamnese da criança exame do estado geral do paciente, dos olhos, se há
com doença diarreica deve contemplar os seguintes lágrimas ou não, se o paciente tem sede, o nível de
dados: duração da diarreia, número diário de evacua- consciência, presença do sinal da prega cutânea, e
ções, presença de sangue nas fezes, número de episó- como se encontra o pulso e o enchimento capilar.
dios de vômitos, presença de febre ou outra manifesta- Outros achados podem ser importantes quando
ção clínica, práticas alimentares prévias e vigentes, presentes, traduzindo a gravidade do quadro, tais
outros casos de diarreia em casa ou na escola. Deve como nível de alerta, fontanela baixa, saliva espessa,
ser avaliado, também, a oferta e o consumo de líqui- padrão respiratório alterado, ritmo cardíaco acelera-
dos, além do uso de medicamentos e o histórico de do, pulso débil, aumento do tempo de enchimento
imunizações. É importante, também, obter informação capilar, extremidades frias, perda de peso, turgência
sobre a diurese e peso recente, se conhecido. da pele e sede.
944
AVALIAÇÃO DO ESTADO DE HIDRATAÇÃO PARA CRIANÇAS COM DOENÇA DIARREIA
OBSERVAR A B C
Sede Bebe normalmente Sedento, bebe rápido e Bebe mal ou não é capaz
avidamente de beber*
EXAMINAR
Enchimento capilar 1
Normal Prejudicado Muito prejudicado
(até 3 segundos) (3 a 5 segundos) (mais de 5 segundos)*
945
PEDIATRIA
PEDIATRIA
PLANO A PLANO B
Explique ao paciente ou acompanhante para 1) Administrar solução de reidratação oral (SRO):
fazer no domicílio: • A quantidade de solução ingerida dependerá da
sede do paciente.
1) Oferecer ou ingerir mais líquido que o habitual
• A SRO deverá ser administrada continuamente,
para prevenir a desidratação:
até que desapareçam os sinais de desidratação.
• O paciente deve tomar líquidos caseiros (água de • Apenas como orientação inicial, o paciente deve -
arroz, soro caseiro, chá, suco e sopas) ou solução rá receber de 50 a 100mL/kg para ser administra-
de reidratação oral (SRO) após cada evacuação do no período de 4-6 horas.
diarreica. 2) Durante a reidratação reavaliar o paciente
• Não utilizar refrigerantes e não adoçar o chá ou -
seguindo os sinais indicados no quadro 1 (ava
suco. liação do estado de hidratação)
• Se desaparecerem os sinais de desidratação, uti-
2) Manter a alimentação habitual para prevenir a
lize o PLANO A.
desnutrição:
• Se continuar desidratado, indicar a sonda naso
• Continuar o aleitamento materno.
gástrica (gastróclise).
• Manter a alimentação habitual para as crianças e
• Se o paciente evoluir para desidratação grave, se
os adultos. guir o PLANO C.
3) Se o paciente não melhorar em dois dias ou se
3) Durante a permanência do paciente ou acom
apresentar qualquer um dos sinais abaixo levá-lo panhante no serviço de saúde, orientar a:
imediatamente ao serviço de saúde: • Reconhecer os sinais de desidratação.
• Preparar e administrar a Solução de Reidratação
SINAIS DE PERIGO
Oral.
• Piora na diarreia • Recusa de alimentos • Praticar medidas de higiene pessoal e domici
• Vômitos repetidos • Sangue nas fezes liar (lavagem adequada das mãos, tratamento da
• Muita sede • Diminuição da diurese água e higienização dos alimentos).
4) Orientar o paciente ou acompanhante para: O PLANO B DEVE SER REALIZADO NA UNIDADE DE SAÚDE
• Reconhecer os sinais de desidratação.
OS PACIENTES DEVERÃO PERMANECER NA UNIDADE DE SAÚDE
• Preparar e administrar a solução de reidratação oral.
ATÉ A REIDRATAÇÃO COMPLETA E REINÍCIO DA ALIMENTAÇÃO
• Praticar medidas de higiene pessoal e domici
liar (lavagem adequada das mãos, tratamento da
água e higienização dos alimentos).
5) Administrar zinco uma vez ao dia, durante 10 a
14 dias:
• Até seis meses de idade: 10 mg/dia.
• Maiores de seis meses de idade: 20 mg/dia.
946
PLANO C
O PLANO C CONTEMPLA DUAS FASES PARA TODAS AS FAIXAS ETÁRIAS: A FASE RÁPIDA E A
FASE DE MANUTENÇÃO E REPOSIÇÃO
FASE RÁPIDA (EXPANSÃO) – MENORES DE 5 ANOS
SOLUÇÃO VOLUME TEMPO DE ADMINISTRAÇÃO
Iniciar com 20mL/kg de peso.
Repetir essa quantidade até
que a criança esteja hidratada,
reavaliando os sinais clínicos
Soro Fisiológico a 0,9% após cada fase de expansão 30 minutos
administrada.
Para recém-nascidos e cardi -
opatas graves começar com
10mL/kg de peso.
OS PACIENTES QUE ESTIVEREM SENDO REIDRATADOS POR VIA ENDOVENOSA DEVEM PERMANECER NA
UNIDADE DE SAÚDE ATÉ QUE ESTEJAM HIDRATADOS E CONSEGUINDO MANTER A HIDRATAÇÃO POR VIA ORAL.
947
PEDIATRIA
PEDIATRIA
948
Deve-se cuidar para que as necessidades
energéticas sejam plenamente atendidas. Na diarreia
aguda, não há recomendação de fórmula sem lactose
para lactentes tratados ambulatorialmente com diar-
reia aguda. Entretanto, para os pacientes hospitaliza-
dos com diarreia aguda e nos com diarreia persisten-
te tratados no hospital ou ambulatorialmente, há
vantagens na prescrição de fórmula sem lactose. A
OMS aponta a alternativa de iogurtes, entretanto,
esse alimento não faz parte da cultura alimentar brasi-
leira para esta faixa etária e não atende adequada-
mente às necessidades nutricionais do lactente como
pode ser conseguido com as fórmulas infantis.
Os pacientes hospitalizados com diarreia reiniciada logo que essa etapa for concluída (em
persistente devem receber, de acordo com a OMS, geral, no máximo, 4 a 6 horas). Vale destacar que, de
110 calorias/kg/dia. São critérios fundamentais para acordo com a OMS, cerca de um terço das crianças
avaliar a evolução clínica: a redução das perdas diar- com diarreia aguda, nos países em desenvolvimento,
reicas e a recuperação nutricional ou retomada do infelizmente continuam sendo mantidas em jejum ou
ganho de peso esperado para a idade. Ainda, de com uma quantidade muito reduzida de alimentos
acordo com a OMS deve-se cuidar para que o durante a diarreia. A alimentação deve ser reiniciada
paciente com diarreia persistente receba diariamente de acordo com o esquema habitual do paciente,
as quantidades de micronutrientes: 50ug de folato, sendo uma oportunidade para a correção de erros
10mg de zinco, 400µg de vitamina A, 1mg de cobre alimentares. A fórmula infantil ou preparação láctea
e 80mg de magnésio. Apesar das diretrizes não abor- oferecidas para crianças não devem ser diluídas.
darem esse tema, para os pacientes com diarreia
persistente que não respondem adequadamente à
TERAPIA DE REIDRATAÇÃO PARENTERAL
dieta sem lactose, deve ser considerada a possibili-
dade do desenvolvimento de intolerância às proteínas
do leite de vaca. Nessa situação, deve ser prescrita Indicada para pacientes com desidratação
dieta isenta das proteínas do leite de vaca, ou seja, grave ou que não apresentam reversão da desidrata-
pode-se empregar fórmula hipoalergênica para sua ção após 2 horas de TRO.
substituição, no caso dos lactentes, (por exemplo,
fórmula com proteína extensamente hidrolisada ou No passado, no Brasil, era recomendada solu-
fórmula de aminoácidos, dependendo da gravidade ção de soro fisiológico e soro glicosado 5%, em partes
do paciente; nas crianças maiores em algumas situa- iguais. Esta modalidade terapêutica prevaleceu no
ções tenta-se a proteína de soja ou a dieta isenta de Brasil, principalmente, entre as décadas de 1970 e
leite e derivados). Deve ser destacado que estas 1990. Nos dias atuais as soluções mais empregadas
mudanças dietéticas não são necessárias em pacien- são soro fisiológico ou Ringer lactato.
tes com diarreia aguda.
Após a correção da desidratação pela via
parenteral, os pacientes devem ser realimentados.
TERAPIA DE REIDRATAÇÃO ORAL
Nesta fase, em geral, são mantidos com terapia de
A manutenção da alimentação com oferta reidratação de manutenção por via parenteral. O
energética apropriada é um dos pilares mais impor- volume diário do soro de manutenção pode ser calcu-
tantes no tratamento da diarreia aguda. Todas as dire- lado pela regra de Holiday & Segar:
trizes são unânimes que o aleitamento materno deve
ser mantido e incentivado durante o episódio diarrei- - peso corporal de até 10 kg: 100 mL/kg;
co. Quando necessário, deve-se recomendar jejum - peso corporal entre 10 e 20 kg: 1000 mL + 50mL
durante o período de reversão da desidratação (etapa por quilo acima dos 10 kg;
de expansão ou reparação). A alimentação deve ser - peso corporal superior a 20 kg: 1500 mL + 20mL por
949
PEDIATRIA
PEDIATRIA
ANTIBIÓTICOS
Na grande maioria das vezes os antibióticos
não são Aempregados no tratamento da diar-
reia aguda, pois os episódios são autolimitados e
grande parte se deve a agentes virais. O uso de anti-
bióticos na diarreia aguda está restrito aos pacientes
que apresentam diarreia com sangue nas fezes
(disenteria), na cólera, na infecção aguda comprova-
da por Giardia lamblia ou Entamoeba hystolitica, em
imunossuprimidos, nos pacientes com anemia falci-
mas. Tem importante papel na função e no crescimen- forme, nos portadores de prótese e nas crianças com
to celular. Atua também no sistema imunológico. Pode sinais de disseminação bacteriana extraintestinal. Nos
reduzir a duração do quadro de diarreia, a probabilida- casos de disenteria, a antibioticoterapia está indica-
de da diarreia persistir por mais de sete dias e a ocor- da, especialmente quando o paciente apresenta
rência de novos episódios de diarreia aguda nos três febre e comprometimento do estado geral. Se possí-
meses subsequentes. O racional para seu emprego é vel, deve ser coletada amostra de fezes para realiza-
a prevalência elevada de deficiência de zinco nos ção de coprocultura e antibiograma. Inicialmente,
países não desenvolvidos. mesmo que não comprovada laboratorialmente,
prevalece a hipótese de infecção por Shigella. Outros
De acordo com a OMS deve ser usado em agentes que podem necessitar antibióticos quando
menores de cinco anos, durante 10 a 14 dias, sendo causam casos graves: E.coli enteroinvasiva, Yersinia,
iniciado a partir do momento da caracterização da diar- V. chorelae, C. difficille, Salmonela não tifoide.
reia. A dose para maiores de seis meses é de 20mg
por dia e 10mg para os primeiros 6 meses de vida. No De acordo com o MS e a OMS devem ser prescritos,
Brasil, é comercializado um soro de reidratação oral
950
apresentações: comprimidos com 4 mg e ampola com
4mg/2 mL.
PROBIÓTICOS
Os probióticos são microorganismos vivos que,
quando consumidos em quantidades adequadas,
proporcionam efeito benéfico para a saúde do indiví-
duo. Os probióticos interagem com a microbiota intes-
tinal. A microbiota intestinal exerce várias ações no
intestino, que repercutem em vários órgãos do indiví-
duo. O emprego de probióticos no tratamento e na
prevenção da diarreia aguda tem sido ultimamente bem
estudado. A OMS e o MS não mencionam a possibili-
dade de uso de probióticos no tratamento da diarreia
aguda. Por outro lado, A ESPGHAN e a diretriz Íbero-
-Latinoamericana, com base em evidências científicas,
consideram que determinados probióticos podem ser
utilizados como coadjuvantes no tratamento da diarreia
aguda. Ou seja, devem ser utilizados em conjunto com
nos quadros disentéricos, os seguintes antibióticos, outras medidas terapêuticas básicas, ou seja, terapia
considerando a possibilidade de infecção por de reidratação e manutenção da alimentação.
Shigella:
Não há demonstração de que os probióticos
1. ciprofloxacino (primeira escolha): crianças, diminuam as perdas diarreicas. No entanto, determina-
15mg/kg, duas vezes ao dia, por 3 dias; adultos, das cepas, conforme demonstrado em ensaios clínicos
500mg duas vezes por dia por 3 dias. duplo-cego, controlados por placebo e metanálises,
2. ceftriaxona, 50-100mg/kg EV por dia por 3 a 5 proporcionam redução de aproximadamente 24 horas
dias nos casos graves que requerem hospitalização. na média da duração da diarreia aguda. As cepas con-
Outra opção é a cefotaxima, 100mg/kg dividida em sideradas como tendo evidências suficientes e que
quatro doses. foram recomendadas tanto pela ESPGHAN (Socieda-
de Europeia de Gastroenterologia, Hepatologia e Nutri-
Até recentemente, era recomendado no Brasil ção em Pediatria) como pela diretriz Íbero-Latinoameri-
o uso de sulfametoxazol-trimetropim ou ácido nalidíxi- cana para o tratamento coadjuvante da diarreia aguda
co. Levantamento da literatura mostrou que, no Brasil, são: Lactobacillus GG, Saccharomyces boulardii e
as amostras de Shigella testadas apresentam alta Lacotobacillus reuteri DSM 17938. Vale lembrar que o
taxa de resistência ao sulfametoxazol-trimetropim. Por Lactobacillus GG não é comercializado no Brasil.
sua vez, apresentam boa sensibilidade ao ciprofloxa- Abaixo são apresentadas as doses dos principais
cino e ao ceftriaxone. Deve ser lembrado que no probióticos que tem efeito comprovado para reduzir a
Brasil não existe ciprofloxacino na apresentação em duração da diarreia aguda.
suspensão ou solução para uso oral. Quando a diar-
reia aguda é causada por giardíase ou amebíase com-
provada, o tratamento deve ser feito com metronida-
zol ou análogos.
ANTIEMÉTICOS
Segundo a OMS, os antieméticos não devem ser
utilizados no tratamento da diarreia aguda. Conside-
ra-se que os vômitos tendem a desaparecer concomi-
tantemente à correção da desidratação. O MS não
faz menção ao emprego de antieméticos. No entanto,
há algumas situações onde são necessários. A dire-
triz Íbero- -Latinoamericana recomenda o emprego da
ondansetrona para os pacientes com diarreia aguda
com vômitos frequentes. A dose de ondasentrona é
de 0,1mg/kg (0,15-0,3/kg), até o máximo de 4 mg por
via oral ou intravenosa. Pode ser encontrada em duas
951
PEDIATRIA
PEDIATRIA
952
INTUSSUSCEPÇÃO INTESTINAL
menores é o vômito, ao contrário das crianças maio-
A
Intussuscepção é uma das mais comuns
causas de abdome agudo na infância. Depois res, que é a dor abdominal. O primeiro sintoma não se
da apendicite, é a segunda mais comum emer- deve ao fator obstrutivo, mas a mecanismo reflexo da
gência abdominal na criança e consiste em uma invagi- dor, que é muito intensa.
nação do intestino proximal para dentro da luz intesti-
nal distal. A porção invaginada é denominada intussus- Ao exame físico, o sinal mais consistente é a
cepto e o intestino que o recebe é denominado intus- presença de massa palpável, de aspecto tubular, no
suscepiente. quadrante superior direito do abdome, podendo ser
subcostal. Esta pode ser mal definida e de consistên-
cia amolecida. Um achado deste tipo em crianças
associado a outros sinais clínicos de intussuscepção
praticamente confirmam o diagnóstico.
953
PEDIATRIA
PEDIATRIA
954
vel. Em pacientes com lesões nesta topografia e prati-
camente assintomáticos, os autores recomendam uma
abordagem conservadora.
955
PEDIATRIA
PEDIATRIA
Fontes:
http://www.scielo.br/pdf/ramb/v58n4/v58n4a06.pdf
http://www.scielo.br/pdf/rb/v38n3/24853.pdf
956
CETOACIDOSE DIABÉTICA
A
cetoacidose diabética (CAD) é definida pela
presença em pacientes com diabetes melli-
tus (DM) de acidose metabólica, cetose (pH
arterial < 7,3 ou venoso < 7,25 e/ou HCO3- < 15
mEq/L), hiperglicemia (> 200 mg/dL)) e graus varia-
dos de desidratação. Sua incidência possui variação
geográfica e está inversamente associada à incidên-
cia de DM tipo 1 (DM1) e à organização do sistema
de saúde. É frequente na admissão em emergência
ou na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) pediátrica,
constituindo a principal causa de morte em crianças
e adolescentes com DM1. O risco de CAD entre
esses pacientes é de 1 a 10 por 100 pessoas/ano. O
diagnóstico de DM é feito em 25% desses pacientes
pela primeira vez em sua descompensação aguda, na
forma de CAD, principalmente, em paciente lactente
ou pré-escolar.
957
PEDIATRIA
PEDIATRIA
A CAD surge com a descompensação do DM, Pacientes com CA grave (pH < 7,1), longa
caracterizado pela poliúria, polidipsia e emagrecimen- duração da sintomatologia, sinais de choque ou insta-
to, que evolui com desidratação, náuseas, vômitos, bilidade hemodinâmica, alteração do nível de consci-
hiperventilação (respiração de Kussmaul) e hálito cetô- ência, ou que possuam risco aumentado de desenvol-
nico. Podem ser observados também dor abdominal ver edema cerebral (crianças < 5 anos, acidose
(simulando abdome agudo), anorexia progressiva, grave, pCO2 baixa, ureia plasmática elevada) devem
letargia, alteração da consciência e síndrome febril ser encaminhados para internação em CTI. Nessa
associada ou não a infecção. eventualidade, outros critérios a serem analisados
são hiperglicemia grave (> 600mg/dL), alterações
eletrolíticas graves com alterações no ECG e existên-
DIAGNÓSTICO
cia de condições inadequadas de tratamento e/ou
monitorização nas unidades de urgência.
CONSISTEM EM CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS DA CAD A
PRESENÇA DE:
• Hiperglicemia > 200mg/dL*
• pH venoso < 7,25 ou arterial < 7,3 e/ou
bicarbonato < 15mmol/L;
• Cetonemia > 3mmol/L e cetonúria.
*A hiperglicemia é usualmente elevada, mas não
obrigatória. Crianças pequenas, parcialmente tratadas
ou com baixa ingestão de carboidratos, assim como
adolescentes grávidas, podem apresentar CAD com
níveis de glicemia quase normais (cetoacidose
euglicêmica).
CLASSIFICAÇÃO
958
2. Observação neurológica de 1/1 hora: Escala de
Coma de Glasgow, sinais de edema cerebral (cefa-
leia, bradicardia, vômitos, redução do nível de consci-
ência ou sinais focais, aumento da PA, redução da
saturação de oxigênio);
959
PEDIATRIA
PEDIATRIA
0,45% com adição de potássio durante 48 h para de 0,3 UI/ kg seguida de 0,1 U/kg de 1/1 hora, ou
repor as deficiências. A reposição não deve ultrapas- 0,15 a 0,2 U/ kg de 2/2 horas. Deve ser iniciada a
sar 1,5 a 2 vezes a dose de manutenção. O cálculo da administração de solução de glicose a 5% se a glice-
osmolalidade efetiva pode ser útil para determinar a mia reduzir de 250 mg/dL antes de o pH tornar-se
terapia de reposição, e as perdas urinárias não devem acima de 7,3. A dose de insulina deve ser reduzida
ser incluídas no cálculo. Pode ser necessário o aumen- para 0,05 U/ kg/h até resolução da CA, quando a
to da oferta de sódio se não houver sua elevação com glicemia estiver abaixo de 250 mg/dL.
a redução da glicemia. A hiper-hidratação associa-se
REPOSIÇÃO DE POTÁSSIO
ao desenvolvimento de edema cerebral, e o uso de
NaCl 0,9% em grande quantidade pode desencadear
A deficiência de potássio na CAD é de 3 a 6
acidose metabólica hiperclorêmica.
mmol/ kg. A perda ocorre principalmente no meio
INSULINOTERAPIA intracelular e deve-se ao efluxo em troca de íons
hidrogênio, e por vômitos, diurese osmótica e hiperal-
A re-hidratação reduz a glicemia, entretanto, é dosteronismo secundário. A administração de insuli-
essencial a administração de insulina para normalizar a na e a correção da acidose favorecem o influxo de
glicose plasmática e suprimir a lipólise e cetogênese. potássio para as células, agravando a hipocalemia e
Deve ser iniciada na dose de 0,1 UI/kg/h (50 UI de podendo predispor a arritmias cardíacas. A depleção
insulina regular diluídas em 50 mL de NaCl 0,9%) uma de potássio ocorre mesmo que seus níveis sanguíne-
a duas horas após o início da re-hidratação, IV, em os sejam normais. A potassemia é favorecida pela
bomba de infusão contínua, sendo desnecessária e redução do pH. A diminuição de 0,1 no valor do pH
contraindicada sua administração em bolus. Essa aumenta em torno de 0,6 mEq/L de potássio. Assim,
dose deve ser mantida até o pH atingir 7,3 e o bicarbo- deve-se iniciar a reposição deste de forma simultânea
nato ultrapassar 15 mEq/L, ou até a normalização do à infusão de volume, se o paciente estiver hipocalêmi-
ânion gap. Este período pode demorar mais do que a co, ou com a insulinoterapia, se estiver normocalêmi-
normalização da glicemia. A dose pode ser reduzida à co. Essa reposição pode ser adiada se houver hiper-
metade se houver sensibilidade elevada à insulina, calemia, até que haja a ocorrência de diurese. A infu-
desde que a acidose permaneça em resolução. A são de potássio deve ser iniciada na dose de 40
glicemia tende a reduzir a 54-90 mg/dL/h. Deve ser mmol/L, seguida de ajustes conforme as dosagens
administrada glicose a 5% assim que a glicemia atingir séricas, deve ser mantida até o fim da terapia intrave-
250 a 300 mg/dL ou antes, se a taxa de redução supe- nosa e não deve ultrapassar 0,5 mmol/kg/h. A dose
rar 54-90 mg/dL/h, para prevenir sua redução abrupta de insulina pode ser reduzida se a hipocalemia persis-
e a hipoglicemia. A insulina IV, se não estiver disponí- tir, apesar da sua dose máxima.
vel, pode ser substituída pela formulação lispro ou
aspart, administrada de 1/1 hora ou 2/2 horas, na dose REPOSIÇÃO DE FOSFATO
960
altos níveis de uremia e tratamento com bicarbonato. A
ACIDOSE
identificação de edema cerebral em paciente com
CAD associa-se à gravidade da doença. Sugere que a
A acidose é revertida com a administração de
prevenção da CAD é essencial para evitar a ocorrência
fluidos e insulina. Ocorre interrupção da produção e
de edema cerebral.
excreção renal de cetoácidos, que são metaboliza-
dos, gerando bicarbonato. Não há evidências de
Fontes:
benefício da reposição de bicarbonato, e a correção
Cetoacidose diabética em crianças e adolescentes
rápida da acidose por meio da mesma pode resultar
Rev Med Minas Gerais 2009; 19(4 Supl 3): S10-S15
em hipocalemia e edema cerebral. A reposição de
bicarbonato está indicada somente se houver acido-
se grave (pH <6,9) e hipercalemia grave. Deve ser
usado na dose de 1 a 2 mmol/kg em 60 minutos.
COMPLICAÇÕES
As complicações da CAD mais temidas por
suas altas mortalidades são edema cerebral, hiper ou
hipocalemia, hipoglicemia, trombose, sepse, infec-
ções e pneumonias aspirativas. O edema cerebral é o
maior responsável pela mortalidade (57 a 87%). A
importância do diagnóstico precoce do edema cere-
bral se deve ao fato de este ter início súbito e
progressão rápida, com a melhora dependendo da
pronta redução da pressão intracraniana. Não é fácil
reconhecer sua sintomatologia inicial, além de a
Escala de Coma de Glasgow não ser útil para este
fim, uma vez que ela não leva em conta cefaleia, vômi-
tos, bradicardia e outros sintomas do edema cerebral.
Os fatores de risco identificados para o edema cere-
bral são: baixa idade, duração e gravidade dos sinto-
mas antes do tratamento, ausência do aumento do
sódio durante o tratamento, baixos níveis de pCO2,
961
PEDIATRIA
PEDIATRIA
PNEUMONIA COMUNITÁRIA
A
pneumonia adquirida na comunidade é uma
das infecções do trato respiratório inferior. A
história relatada pela mãe ou cuidador é seme-
lhante ao da bronquite aguda, bronquiolite e
outras afecções respiratórias. Há um processo infla-
matório que é a resposta do hospedeiro ao agente
agressor. O quadro clínico é semelhante, independen-
te do agente etiológico – tosse, febre e dificuldade
respiratória.
EPIDEMIOLOGIA
962
Até três dias após o nascimento provavelmen- Na PAC, o quadro clínico pode ser mais grave, a febre
te se trata de pneumonia adquirida intra-útero, sendo mais elevada, a prostração mais evidente e a tosse
os agentes etiológicos mais prováveis Streptococcus mais produtiva.
do Grupo B, organismos Gram negativos e Listeria
monocytogenes. A pneumonia afebril não é freqüente e é mais
encontrada em crianças até os 3 meses de idade. A
A partir do terceiro dia, devemos considerar S. intensidade da febre e o comportamento do quadro
Aureus e Staphylococcus epidermidis, além dos febril podem nos ajudar na distinção clínica. Os qua-
gram-negativos. dros virais podem apresentar febre superior a 39 °C,
mas após a diminuição da temperatura com anti-tér-
Entre um e três meses de vida, além dos agen- micos ou banhos térmicos, apresenta uma grande
tes bacterianos, os agentes da "pneumonia afebril do melhora do estado geral, ao passo que nas infecções
lactente" devem ser lembrados: Chlamydia trachoma- bacterianas a prostração se mantêm. Toxemia, palidez
tis, Ureaplasma urealyticum e o vírus respiratório e cianose acompanham a prostração e mostram rela-
sincicial ção com a gravidade do caso.
963
PEDIATRIA
PEDIATRIA
dos na prática para avaliação da gravidade da pneu- padrão anatômico e a extensão da pneumonia. Deve
monia. ser realizada após a inspeção torácica. O choro pode
prejudicar a ausculta. Em crianças, é freqüente o
A taquipnéia com ou sem dispnéia é mais comprometimento brônquico com estertores finos
encontrada nos casos de PAC, sendo este o sintoma médios e grossos. À ausculta, o murmúrio vesicular
mais importante no seu diagnóstico. Quanto menor for poderá estar diminuído na condensação por pneumo-
a criança, mais perceptível será a dificuldade ventilató- nia, como também nas grandes atelectasias e nos
ria. A taquipnéia, na presença de febre, deve ser reava- derrames pleurais.
liada após a diminuição da temperatura.
964
INDICAÇÕES DE TRANSFERÊNCIA CONDUTA GERAL
PARA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA
Recomenda-se a transferência para uma
Recomenda-se a transferência para uma unida- unidade de terapia intensiva o paciente que apresen-
de de terapia intensiva o paciente que apresente: te:
A transferência para a unidade de terapia inten- A administração de líquidos por via intravenosa
siva deve ocorrer na presença de hipoxemia não (IV) deve ser vigiada atentamente pelo risco de
responsiva, na presença de instabilidade hemodinâmi-
sobrecarga hídrica. Isso inclui a antibioticoterapia, que
ca e na falência respiratória
pode ser via intramuscular ou preferencialmente oral,
sempre que possível A utilização da via intravenosa
INVESTIGAÇÃO RADIOLÓGICA E LABORATORIAL (IV), para a reposição de líquidos é recomendada
apenas em casos de desidratação grave, choque
A radiografia de tórax é utilizada no diagnóstico séptico e situações em que a via oral não possa ser
de pacientes com suspeita de pneumonia. A utilidade utilizada. Nestas circunstâncias, uma vez que a
clínica do diagnóstico da radiografia deve ser acopla-
hipovolemia tenha sido corrigida, os líquidos devem ser
da ao diagnóstico clínico com exame físico, que
sempre deve anteceder qualquer exame laboratorial ou administrados em cerca de 80% das necessidades
radiológico. básicas para a criança.
• Leucograma
• PCR
• Hemocultura
• Pesquisa de vírus respiratórios
965
PEDIATRIA
PEDIATRIA
ANTIBIOTICOTERAPIA RECOMENDADA
MEDICAMENTO DOSE
966
TUBERCULOSE
A
tuberculose (TB), no Brasil, representa um
grande desafio à saúde pública. Apesar dos
atuais esforços para seu controle, dados da
Organização Mundial de Saúde (OMS)
indicam que o Brasil está entre os 22 países com
maior número de casos de TB, sendo responsável por
82% dos casos mundiais e 75% dos casos envolven-
do crianças.1 Há aproximadamente 1 milhão de casos
de TB na população infantil mundial, e a doença é
responsável por 130 mil mortes por ano, o que faz
com que a TB seja uma das 10 principais causas de
morte em crianças no mundo.
967
PEDIATRIA
PEDIATRIA
• < 30 pontos – a criança deverá continuar a ser
em crianças com diagnóstico de pneumonia sem
investigada. Deverá ser feito diagnóstico diferencial
melhora com o uso de antimicrobianos para germes
comuns. Há predomínio da localização pulmonar com outras doenças pulmonares e podem ser empre-
sobre as demais formas de tuberculose, isto é, as gados métodos complementares de diagnóstico nesse
formas extrapulmonares. Os achados radiográficos sentido como lavado gástrico, broncoscopia, escarro
mais sugestivos da tuberculose pulmonar em crian-
induzido, punções e métodos rápidos.
ças são: adenomegalias hilares e/ou paratraqueais
(gânglios mediastínicos aumentados de volume);
pneumonias com qualquer aspecto radiológico, de A prova tuberculínica pode ser interpretada
evolução lenta, às vezes associadas a adenomegalias como sugestiva de infecção por M. tuberculosis
mediastínicas, ou que cavitam durante a evolução; quando igual ou superior a 5mm em crianças não
infiltrado nodular difuso (padrão miliar). vacinadas com BCG, crianças vacinadas há mais de
dois anos ou com qualquer condição imunodepresso-
O diagnóstico de tuberculose pulmonar, na ra. Em crianças vacinadas há menos de dois anos,
prática, segundo o sistema de escore validado em considera-se sugestivo de infecção PT igual ou supe-
nosso meio, pelo sistema de pontuação: rior a 10mm.
CONTATO
TESTE
QUADRO CLÍNICO - RADIOLÓGICO COM ADULTO ESTADO NUTRICIONAL
TUBERCULÍNICO*
TUBERCULOSO
Adenomegalia hilar ou
Febre ou sintomas como: padrão miliar ≥ 5mm em não vacinados
tosse, adinamia, expecto- Condensação ou infiltrado com BCG;
(com ou sem escavação)
ração, emagrecimento, inalterado >2 semanas Próximo, nos últimos dois vacinados ≥ 2 anos; Desnutrição grave
sudorese > 2 semanas Condensação ou infiltrado anos imunossuprimidos ou ≥
(com ou sem escavação) > 10mm em vacinados < 2
2 semanas evoluindo com anos
piora ou sem melhora
com antibióticos para
germes comuns
15 pts 15 pts 10 pts 15 pts 5 pts
Condensação ou infiltrado
Assintomático ou com de qualquer tipo < 2
sintomas < 2 semanas semanas
5 pts Ocasional ou negativo 0 - 4mm
968
O lavado gástrico somente é indicado quando
TRATAMENTO
for possível a realização de cultura para M. tuberculo-
sis. O exame de escarro (baciloscopia e cultura), em
Em crianças menores de 5 anos que apresen-
geral, somente é possível a partir dos 5 ou 6 anos de
tem dificuldade para ingerir os comprimidos, reco-
idade.
menda-se o uso dos medicamentos em forma de
xarope ou suspensão.
TUBERCULOSE EXTRAPULMONAR NA CRIANÇA
Cerca de 20% dos casos de TB em crianças Esquema básico 2RHZ/4RH para criança (EB)
têm apresentação extrapulmonar. As formas mais (2RHZ /4RH)
frequentes são: ganglionar periférica, pleural, óssea e Indicação:
a meningoencefálica.
A. Casos novos de crianças (< 10 anos), de todas
as formas de tuberculose pulmonar e extrapulmonar
TUBERCULOSE PERINATAL (exceto a forma meningoencefálica), infectados ou não
pelo HIV; e
É a forma de TB do recém-nascido, cuja trans-
missão pode ocorrer durante a gravidez (TB congêni- B. Retratamento: recidiva (independentemente
ta) ou no período neonatal. Na TB congênita, a trans- do tempo decorrido do primeiro episódio) ou retorno
missão ocorre por disseminação hematogênica da TB
após abandono com doença ativa em crianças (< 10
materna, da tuberculose genital (endometrite, cervici-
anos), exceto a forma meningoencefálica.
te) e por aspiração ou ingestão do líquido amniótico
infectado ou das secreções genitais ou do colostro. É
uma forma rara. No período pós-natal, a transmissão
pode ocorrer por meio do contato intradomiciliar do
ESQUEMA BÁSICO PARA O TRATAMENTO
recém-nascido com indivíduos com TB pulmonar
DA TB EM CRIANÇAS (< 10 ANOS)
bacilífera.
PESO DO DOENTE
Na TB congênita, o parto prematuro ocorre em FASES DO Até 20kg
> 21 kg a > 36 kg a
> 45kg
35kg 45kg
cerca de 50% dos casos. O recém-nascido cursa TRATAMENTO FÁRMACOS
com quadro de infecção congênita ou sepse bacte- mg/kg/dia mg/dia mg/dia mg/dia
969
PEDIATRIA
PEDIATRIA
IMUNIZAÇÃO
CALENDÁRIO NACIONAL DE VACINAÇÃO CONTRAINDICAÇÕES, SITUAÇÕES ESPECIAIS,
ADIAMENTO, VACINAÇÃO SIMULTÂNEA E
As vacinas ofertadas na rotina dos serviços de FALSAS CONTRAINDICAÇÕES
saúde são definidas nos calendários de vacinação,
nos quais estão estabelecidos: Alguns fatores, situações e condições podem
ser considerados como possíveis contraindicações
gerais à administração de todo imunobiológico e
• Os tipos de vacina;
devem ser objeto de avaliação, podendo apontar a
• O número de doses do esquema básico e dos necessidade do adiamento ou da suspensão da vaci-
reforços; nação. Especial atenção deve ser dada às falsas con-
traindicações, que interferem de forma importante
• A idade para a administração de cada dose; e
para o alcance das metas e dos percentuais de
• O intervalo entre uma dose e outra no caso do cobertura dos grupos-alvo. Em geral, as vacinas bac-
imunobiológico cuja proteção exija mais de uma dose. terianas e virais atenuadas não devem ser administra-
• Saturação periférica de oxigênio (SpO2) menor das a usuários com imunodeficiência congênita ou
adquirida, portadores de neoplasia maligna, em trata-
que 92%
mento com corticosteroides em dose imunossupres-
• evidência epidemiológica;
• eficácia e segurança da vacina; e
sora e em outras terapêuticas imunodepressoras
• garantia da sustentabilidade da estratégia, (quimioterapia, radioterapia etc.), bem como gestan-
como, por exemplo, pela capacidade de produção dos tes, exceto em situações de alto risco de exposição a
algumas doenças virais preveníveis por vacinas,
laboratórios públicos nacionais e capacidade institu-
como, por exemplo, a febre amarela.
cional de armazenamento e distribuição.
970
res de 18 meses de idade, mas que não apresentam
alterações imunológicas e não registram sinais ou
CONTRAINDICAÇÕES COMUNS A TODO sintomas clínicos indicativos de imunodeficiência,
IMUNOBIOLÓGICO podem receber todas as vacinas dos calendários de
vacinação e as disponíveis no Centro de Referência
A contraindicação é entendida como uma con- para Imunobiológicos Especiais (CRIE) o mais preco-
dição do usuário a ser vacinado que aumenta, em cemente possível.
muito, o risco de um evento adverso grave ou faz com
que o risco de complicações da vacina seja maior do • Usuários com imunodeficiência clínica ou
que o risco da doença contra a qual se deseja prote- laboratorial grave não devem receber vacinas de
ger. Para todo imunobiológico, consideram-se como agentes vivos atenuados.
contraindicações:
• O usuário que fez transplante de medula
• A ocorrência de hipersensibilidade (reação óssea (pós-transplantado) deve ser encaminhado ao
anafilática) confirmada após o recebimento de dose CRIE de seis a doze meses após o transplante, para
revacinação conforme indicação.
anterior; e
• História de hipersensibilidade a qualquer com-
ponente dos imunobiológicos.
• É considerada imunossupressora a dose superior a 2
mg/kg/dia de prednisona ou equivalente para crianças e acima
de 20 mg/kg/dia para adultos por tempo superior a 14 dias.
NOTAS:
• Doses inferiores às citadas, mesmo por período
• A ocorrência de febre acima de 38,5ºC, após a administração
prolongado, não constituem contraindicação.
de uma vacina, não constitui contraindicação à dose subse-
quente.
• O uso de corticoides por via inalatória ou tópicos ou em
• Quando ocorrer febre, administre antitérmico de acordo com esquemas de altas doses em curta duração (menor do que 14
a prescrição médica. dias) não constitui contraindicação de vacinação.
971
PEDIATRIA
PEDIATRIA
provada).
Contraindicação: A vacina é contraindicada nas
• História de alergia não específica, individual ou situações gerais já citadas anteriormente, bem como
familiar. para os usuários a partir dos 5 anos de idade portadores
• História familiar de evento adverso à vacinação de HIV, mesmo que assintomáticos e sem sinais de
imunodeficiência. A administração da vacina BCG deve
(exemplo: convulsão).
ser adiada quando a criança apresentar peso inferior a 2
972
kg, devido à escassez do tecido cutâneo (panículo
adiposo), e quando apresentar lesões graves de pele.
973
PEDIATRIA
PEDIATRIA
974
Vacina adsorvida difteria, tétano, pertussis,
hepatite b (recombinante) e haemophilus
influenzae b (conjugada) (penta)
975
PEDIATRIA
PEDIATRIA
• poliovírus tipo 1: 1.000.000 DICT50; 1
• poliovírus tipo 2: 100.000 DICT50;
• poliovírus tipo 3: 600.000 DICT50.
976
e otite média aguda (OMA) causadas pelos 10 sorotipos de
Streptococus pneumonia, contidos na vacina, em crianças Vacina meningocócica c (conjugada)
menores de 2 anos de idade. (meningo c)
977
PEDIATRIA
PEDIATRIA
Contraindicação: A vacina FA está contraindicada nas Indicação: A vacina protege contra o sarampo, a caxumba
situações gerais já citadas e também: e a rubéola. É indicada para vacinação de usuários a partir
de 12 meses de idade.
• para crianças menores de 6 meses de idade;
• para o imunodeprimido grave, Contraindicação: A vacina está contraindicada nas
independentemente do risco de exposição; situações de:
• portadores de doenças autoimunes.
• registro de anafilaxia após recebimento de dose
Precauções: anterior;
• usuários com imunodeficiência clínica ou
• A vacina febre amarela não está indicada para laboratorial grave;
gestantes e mulheres que estejam amamentando, • gestação.
devendo a vacinação ser adiada até a criança completar 6
meses de idade. Na impossibilidade de se adiar a Esquema, dose e volume: O esquema básico da vacina é
vacinação, deve-se avaliar o benefício pelo risco. Em caso de duas doses nas seguintes situações:
de mulheres que estejam amamentando e receberam a
vacina, o aleitamento materno deve ser suspenso • Para indivíduos de 12 meses a 19 anos de idade:
preferencialmente por 28 dias após a vacinação (com um administre duas doses conforme a situação vacinal
mínimo de 15 dias). encontrada. A primeira dose (aos 12 meses de idade) deve
• Esta vacina também não está indicada para ser com a vacina tríplice viral e a segunda dose (aos 15
indivíduos com doenças autoimunes ou doença meses de idade) deve ser com a vacina tetra viral, para as
neurológica ou com 60 anos ou mais que serão vacinados crianças que já tenham recebido a 1ª dose da vacina
pela primeira vez. No entanto, em situação de risco de se tríplice viral.
contrair a doença, deve-se avaliar o benefício da • Para as crianças acima de 15 meses de idade não
vacinação. vacinadas, administre a vacina tríplice viral observando o
• Existe reação anafilática após a ingestão de ovo intervalo mínimo de 30 dias entre as doses. Considere
de galinha. A vacinação deve ser feita em ambiente vacinada a pessoa que comprovar duas doses de vacina
hospitalar após avaliação médica. com componente de sarampo, caxumba e rubéola.
• Para indivíduos de 20 a 49 anos de idade:
Esquema, dose e volume: O esquema vacinal com a administre uma dose conforme a situação vacinal
vacina febre amarela corresponde à administração de encontrada. Considere vacinada a pessoa que comprovar
uma única dose a partir dos 9 meses de idade. O volume uma dose de vacina com componente de sarampo,
da dose a ser administrada é de 0,5 mL. caxumba e rubéola ou sarampo e rubéola.
978
Vacina hepatite a Esquema, dose e volume: O esquema corresponde a
uma dose aos 15 meses de idade em crianças que
A vacina hepatite A é apresentada sob a forma tenham recebido a primeira dose da vacina tríplice
líquida em frasco monodose. viral. O volume da vacina tetra viral a ser administrado
é de 0,5 mL.
Composição: Contém antígeno do vírus da hepatite A.
Indicação: É indicada para a prevenção da infecção Vacina adsorvida difteria e tétano adulto –
causada pelo vírus da hepatite A. O PNI recomenda a dt (dupla adulto)
vacinação de crianças de 12 meses até menores de 2
anos de idade. A vacina adsorvida difteria e tétano adulto (dT)
é apresentada sob a forma líquida em frasco unidose
Contraindicação: Na presença de história de reação ou multidose. 3.14.2
anafilática a algum dos componentes da vacina.
Composição: A vacina dT é uma associação dos
Esquema, dose e volume: O PNI recomenda uma dose toxoides diftérico e tetânico, tendo o hidróxido ou o
aos 12 meses de idade na rotina de vacinação. fosfato de alumínio como adjuvante e o timerosal como
Situações individuais específicas podem exigir a conservante.
adoção de esquema e dosagem diferenciados nos CRIE.
O volume da vacina a ser administrado é de 0,5 mL. A Indicação: É indicada para prevenir contra o tétano e a
vacina pode ser administrada simultaneamente com as difteria. A vacinação de mulheres em idade fértil (MIF)
demais vacinas dos calendários de vacinação do (dos 10 aos 49 anos), gestantes e não gestantes é feita
Ministério da Saúde. também para a prevenção contra o tétano neonatal.
979
PEDIATRIA
PEDIATRIA
imediata (reação anafilática).
980
Vacina raiva (inativada)
A vacina é apresentada sob a forma liofilizada,
acompanhada do diluente para reconstituição.
981
PEDIATRIA
PEDIATRIA
Notas:
• Não considere como válida a dose administra-
da a menores de 12 meses de idade na vigência de
surto. Neste caso, mantenha o esquema vacinal.
• Não administre tal vacina simultaneamente
com a vacina febre amarela, estabelecendo o intervalo
mínimo de 30 dias, salvo em situações especiais que
impossibilitem manter o intervalo indicado.
Fontes:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_pro
cedimentos_vacinacao.pdf
982
FIBROSE CÍSTICA
A
pele, quando lesada, inicia imediatamente o • Prolapso retal.
processo de cicatrização. A restauração da • Íleo meconial;
pele ocorre por meio de um processo dinâmi- • Diarréia crônica;
co, contínuo, complexo e interdependente, • Tosse crônica;
composto por uma série de fases sobrepostas, deno- • Desnutrição;
minadas de cicatrização. Para melhor entender esse • Suor salgado;
processo, a seguir serão abordadas as suas diversas • Desidratação frequente;
• Esteatorréia (fezes gordurosas);
fases.
ETIOLOGIA
DIAGNÓSTICO
O gene da doença (CFTR) produz uma altera-
ção da função da proteína que regula o transporte de
cloro nas células epiteliais. Como consequência, as Triagem neonatal:
secreções são mais viscosas, obstruindo os canais
das glândulas exócrinas no pâncreas, pulmões, intesti- • Dosagem da tripsina imunorreativa (TIR) no sangue
no, fígado e testículos. Além disso, as glândulas sudo- do recém-nascido.
ríparas não absorvem normalmente o sódio e o cloro,
Resultado alterado:
produzindo um suor muito salgado.
• 1ª amostra ≥ 70 ng/ml. Solicitar 2ª amostra.
Fontes:
http://www.nupad.medicina.ufmg.br/wp-content/upload
s/2016/12/FOLDER_FIBROSE-CISTICA.pdf
983
PEDIATRIA
PEDIATRIA
FARINGOAMIGDALITE
A
maioria dos casos de faringite e amigdalite na
criança são de causa viral. O predomínio da
infecção viral é ainda maior abaixo dos 3 anos
de idade, um grupo onde a infecção faríngea
de causa bacteriana é pouco frequente. Adenovirus,
enterovírus, Epstein-Barr, influenza e parainfluenza são
os vírus mais frequentemente envolvidos nesta infec-
ção. A etiologia bacteriana mais comum é por Strepto-
coccus pyogenes. Esta apresenta uma distribuição
etária bimodal, com um primeiro pico de incidência
entre os 5 e os 7 anos e um segundo pico entre os 12
e os 13 anos.
984
O diagnóstico de certeza de FAE é realizado
somente através do exame laboratorial de esfregaço
Penicilina G benzatina: garante o tratamento em casos
da orofaringe. O pediatra, durante o exame físico, ao
de suspeita de má adesão ao tratamento.
encontrar congestão faríngea, aumento significativo
do volume amigdaliano (com ou sem exsudato), linfo- Doses:
nodomegalia cervical dolorosa e ausência de coriza < 27kg: 600.000 U, IM, dose única.
está autorizado a realizar o diagnóstico presuntivo de > 27kg: 1.200.000 U, IM, dose única.
FAE e a dar prosseguimento à conduta adequada.
A injeção torna-se menos dolorosa se o frasco
for previamente aquecido à temperatura corporal.
COMPLICAÇÕES Observação: a penicilina G benzatina deve ser conside-
rada como primeira escolha no tratamento da FAE, em
A faringoamigdalite estreptocócica pode com- casos de potencial não adesão ao tratamento.
plicar-se com abcesso amigdalino ou faringeo, adenite
cervical ou, raramente, bacteriemia ou síndrome de Amoxicilina:
choque tóxico. Pode também causar complicações
Dose: 40-50 mg/kg/dia, VO, 8/8 horas ou 12/12
não supurativas, como febre reumática ou glomerulo-
horas, por 10 dias.
nefrite aguda pós-estreptocócica.
Eritromicina estolato (alérgicos a penicilina):
Doses:
< 27 kg: 400.000 U (250 mg), 8/8 horas, por 10
dias.
> 27 kg: 800.000 U (500 mg), 8/8 horas, por 10
dias.
985
PEDIATRIA
PEDIATRIA
SINUSITE AGUDA
Alguns outros fatores estão associados à sinu-
site, como: outro tipo de obstrução do óstio sinusal
(não viral), rinite alérgica, rinofaringite viral, adenoidi-
te, tabagismo (ativo ou passivo), desvio de septo,
corpo estranho e tumores nasais, imunodeficiências,
asma e fibrose cística, atividades de mergulho.
SINAIS E SINTOMAS
P
ode ser definida como infecção bacteriana dos leves de sinusite, as manifestações iniciais de IVAS
seios paranasais, com duração menor de 30 passam a se prolongar por mais de 10 dias ou, após
dias, no qual os sintomas desaparecem com- período de melhora clínica, há persistência ou retorno
pletamente. dos sintomas nasais (obstrução e secreção nasal
purulenta). Esse quadro pode ser acompanhado de
Os seios paranasais são constituídos por cavi- halitose. Costuma haver tosse diurna, com piora à
dades pertencentes a quatro estruturas ósseas: maxi- noite. Em alguns casos, pode ocorrer febre. Nas
lar, etmoidal, frontal e esfenoidal. Estas cavidades formas moderadas a graves, ou em crianças maiores,
comunicam-se com as fossas nasais através de as manifestações citadas podem ser mais intensas,
pequenos orifícios (óstios). Os seios maxilares e etmoi- acompanhando-se, eventualmente, de edema palpe-
dais já estão presentes no recém-nascido, mas são de bral, cefaléia, prostração, desconforto ou dor, espon-
tamanho muito reduzido durante os primeiros dois tâneos ou provocados, no local do(s) seio(s) afeta-
anos de vida, o que torna discutível a indicação de do(s) ou nos dentes. A celulite periorbitária é um sinal
estudo radiológico antes desta idade. Os seios fron- de etmoidite.
tais e esfenoidais desenvolvem-se após os quatro
anos de idade, atingindo seu tamanho adulto somente Ao exame do nariz, pode constatar-se conges-
na puberdade. tão da mucosa e presença de secreção purulenta no
meato médio. Na orofaringe pode se observar gota
Os seios mais freqüentemente comprometidos purulenta pós-nasal.
são o maxilar e etmoidal. A etmoidite costuma aparecer
após os seis meses de idade. A infecção maxilar
produz manifestações clínicas após o primeiro ano de COMPLICAÇÕES
vida. A sinusite frontal é rara antes dos 10 anos de
idade. Dentre as possíveis complicações, podem ser
citadas as seguintes: sinusite crônica, osteíte frontal,
Os agentes bacterianos mais comuns são o osteomielite maxilar, celulite periorbitária, abscesso
Streptococcus pneumoniae, o Haemophilus influenzae orbitário e subperiosteal, meningite, trombose de seio
não-tipável e a Moraxella catarrhalis. Agentes infeccio- cavernoso e sagital superior, abscesso epidural,
sos virais podem estar associados a quadros de sinu- empiema subdural e abscesso cerebral.
site. Sua relação como causa isolada em alguns casos,
ou mesmo como fator predisponente, ainda não é
clara.
986
DIAGNÓSTICO TERAPÊUTICA
987
PEDIATRIA
PEDIATRIA
Tratamento cirúrgico:
PROGNÓSTICO
Fontes:
Jornal de pediatria:
http://www.jped.com.br/conteudo/03-79-S77/port.asp
988
OTITE MÉDIA AGUDA
A
s infecções da orelha média são as doenças
mais diagnosticadas pelos pediatras. É uma FISIOPATOLOGIA E PATOGÊNESE
infecção que afeta primariamente lactentes e
crianças pequenas, sendo menos freqüente
em crianças maiores e adolescentes e relativamente A otite média é resultado da interação de
infreqüente nos adultos. múltiplos fatores de risco como os seguintes:
INFECÇÃO
• Secreção ou efusão da orelha média: É o líquido
resultante da otite média. Essa secreção pode ser
serosa (fina e líquida), mucóide (espessa e viscosa) ou Vinte e cinco a trinta por cento das crianças
purulenta (secreção purulenta). Essa efusão pode menores de três anos de idade apresentam otite
resultar de uma otite média aguda ou de uma otite média aguda como complicação de uma IVAS. Na
média secretora. patogênese da otite média há, na maioria das vezes,
uma seqüência de eventos. A infecção das vias
aéreas superiores provoca congestão da mucosa do
nariz, nasofaringe, tuba auditiva e orelha média, que
resulta na obstrução da tuba, levando a uma pressão
negativa e produção de secreção na orelha média.
Essa secreção pode permanecer sem causar sinais
ou sintomas de infecção aguda (otite média viral).
Entretanto, bactérias patogênicas que colonizam a
faringe podem entrar na orelha média através da tuba
auditiva e causar otite média aguda.
MICROBIOLOGIA
989
PEDIATRIA
PEDIATRIA
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Crianças com otite média aguda podem apre- EXAMES COMPLEMENTARES E DIAGNÓSTICO
sentar sinais e sintomas não específicos, incluindo
febre, irritabilidade, cefaléia, anorexia, vômitos e diar- Na otoscopia, a membrana timpânica normal
réia. Febre ocorre em um terço das vezes, mas febre está em posição neutra, é transparente, de cor péro-
alta (>39,5oC) é incomum, a não ser quando acompa- la-acinzentada, podendo ficar hiperemiada com o
nhada de bacteremia. Otalgia é o sintoma mais choro da criança. Na otite média aguda, a membrana
comum. Em crianças menores, a irritabilidade ou o timpânica está abaulada, hiperemiada, opaca, com
“puxar a orelha”, especialmente quando associados à aumento da vascularização e, na pneumotoscopia,
febre e IVAS, podem ser os únicos indicativos de dor. com diminuição da mobilidade. De todos estes sinais,
A otorréia pode ocorrer em otite média aguda supura- o abaulamento é o mais importante. A perfuração da
da ou em crianças com perfuração ou tubo de ventila- membrana timpânica, quando presente, é pequena e
ção. de difícil visualização devido ao edema e à presença
de secreção, que ocorre na otite média aguda supu-
rada. O reflexo luminoso não é de valor para o diag-
nóstico de otite média. Na otite média secretora, a
membrana timpânica está retraída, com protusão do
cabo do martelo, de coloração azulada ou amarelada
990
e com mobilidade diminuída. A visualização de nível devem ser utilizadas no tratamento da otite média, pois
hidroaéreo, ou bolhas de ar através da membrana não são eficazes contra germens gram-negativos tais
timpânica, indica resolução da otite média secretora, como o H. influenzae. As cefalosporinas de segunda
pois revela permeabilidade da tuba auditiva. Nos geração (axetil-cefurexima e cefprozil) são eficazes
casos de otite média secretora persistente podemos contra o S. pneumoniae e também contra o Haemo-
encontrar atelectasia da membrana com retração philus influenzae e a Moraxella catarrhalis, inclusive os
importante. produtores de ß-lactamase. A cefixima é uma cefalos-
porina de terceira geração e, portanto, é extremamente
Exames audiométricos e impedanciometria eficaz contra germens gram negativos, inclusive os
são utilizados para avaliação auditiva na otite média produtores de ß-lactamase, mas é pouco eficaz contra
secretora. Na audiometria tonal encontram-se perdas os germens gram-positivos como o S. pneumoniae e o
auditivas condutivas que podem variar de acordo S. aureus.
com a gravidade da otite média secretora. A impe-
danciometria avalia o grau de resistência da membra- Há trabalhos comprovando que a utilização de
na timpânica. Ela confirma a presença de secreção uma única dose injetável de ceftriaxone tem eficácia
na orelha média ou a existência de pressão negativa igual a 10 dias de amoxicilina. Atualmente, o ceftriaxo-
na otite média secretora. Os métodos de avaliação ne é indicado quando há complicação de otite média.
utilizados para determinar acuidade auditiva variam
dependendo da capacidade da criança em participar
dos testes. A miringotomia pode ser necessária para
o diagnóstico etiológico naqueles casos de otite Fontes:
média aguda refratária ao tratamento com os antimi-
crobianos usuais. http://www.jped.com.br/conteudo/98-74-s21/port.pdf
TRATAMENTO
991
PEDIATRIA
PEDIATRIA
PÚRPURA DE HENOCH-SCHÖNLEIN
A
púrpura de Henoch-Schönlein (PHS), também
podendo ocorrer também em: face, couro cabeludo,
conhecida como púrpura anafilactóide ou púrpu-
braços e raramente tronco. Em geral, as lesões apare-
ra reumática, é a vasculite (inflamação dos vasos
cem em surtos com intervalos de uma semana ou
da pele, podendo também acometer os vasos
mais e com duração total do quadro ativo entre três e
do intestino, articulações e rins) mais freqüente nas
12 semanas. O inchaço (edema subcutâneo), com
crianças e nos adolescentes. O seu diagnóstico é
localização predominante em mãos e pés, pode ser
essencialmente clínico, baseado na presença de dois
evidenciado em até 30% dos pacientes.
ou mais dos critérios propostos pelo Colégio America-
no de Reumatologia, em crianças com manchas eleva-
das na pele que não desaparecem com a pressão digi-
tal (púrpura palpável).
CRITÉRIOS DEFINIÇÕES
2. Idade de início Idade de início dos sintomas antes Lesões púrpuricas palpáveis em perna e coxa direita em
inferior a 20 anos dos 20 anos uma paciente com púrpura de Henoch-Schönlein
992
TRATAMENTO
O tratamento da PHS deve individualizado
para cada paciente e conduzido, preferencialmente,
pelo reumatologista ou nefrologista pediátrico. Este
deve ser dirigido para identificação e remoção dos
possíveis agentes envolvidos: infecções, alimentos,
drogas, vacinas, etc. As púrpuras habitualmente
melhoram sem necessidade de tratamento, não
respondem aos antiinflamatórios não hormonais e
anti-alérgicos. Geralmente, os analgésicos (paraceta-
mol) são indicados para artralgia; antiinflamatórios
não hormonais (como o naproxeno) para controle das
artrites; corticosteróides (prednisona, prednisolona
e/ou pulsoterapia com metilprednisolona) para dor
abdominal importante, nefrites graves, inflamação dos
testículos (orquite), assim como em outras alterações
graves e raras (envolvimento neurológico e hemorra-
gia dos pulmões). A ranitidina é usada geralmente em
todos os casos com dor abdominal, podendo ser
associada aos corticosteróides. Os imunossupresso-
res (tais como: ciclofosfamida, ciclosporina A, azatio-
prina, entre outros), gamaglobulina endovenosa ou
plasmaferese são usados raramente e geralmente
nos pacientes com nefrites ou outras manifestações
graves e que não melhoraram aos corticosteróides.
Fontes:
http://www.sbp.com.br/imprensa/detalhe/nid/purpura-de-henoch-scho
enlein/
993
PEDIATRIA
PEDIATRIA
DOENÇA DE KAWASAKI
A
doença de Kawasaki (DK) é a segunda vascu-
lite mais frequente na faixa etária pediátrica, CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS DA DOENÇA DE KAWASAKI
sendo considerada a principal causa de
cardiopatia adquirida e infarto agudo do mio-
cárdio em países como Estados Unidos e Japão. Em
85% dos casos a doença acomete crianças abaixo de Critérios diagnósticos*
cinco anos de idade e, em 50%, abaixo de dois anos Febre** de duração maior do que cinco dias
de idade, com discreto predomínio no sexo masculi- acompanhada de quatro dos seguintes
no. A doença pode ocorrer em qualquer raça, sendo sinais:
prevalente em crianças asiáticas. • Hiperemia conjuntival bilateral
A etiologia da doença é desconhecida. Acredi- • Alterações orais (eritema labial e/ou fissura
ta-se que ocorra uma resposta imune patológica labial e/ou eritema difuso em orofaringe e/ou lingua
desencadeada por agentes ambientais ou infeccio- em framboesa)
sos em indivíduos geneticamente predispostos.
Vários fatores sugerem etiologia infecciosa, inúmeros • Alterações de extremidades (edema de
relatos têm sido realizados associando a doença a mãos e pés e/ou eritema palmo-plantar e/ou
agentes virais e bacterianos. Entretanto, até o descamação periungueal)
momento nenhum agente causal foi identificado.
• Exantema polimorfo
A complicação mais temida da DK é o com- • Adenomegalia cervical com diâmetro
prometimento coronariano, com aparecimento de superior a 1,5 cm
aneurismas em 15 a 25% dos casos não tratados,
podendo evoluir para complicações graves, como * Na presença de quatro ou mais critérios pode ser feito
doença cardíaca isquêmica, infarto agudo do miocár- no 4º dia de doença, podendo ser estabelecido o
dio e morte súbita. Porém, quando o diagnóstico é tratamento.
feito precocemente, e o tratamento estabelecido até ** Caso haja doença coronariana pelo ecocardiograma,
o décimo dia de doença, o risco dessas complica- não são necessários 5 dias da febre par se estabelecer o
ções diminui em 80%. diagnóstico.
994
A linfadenopatia é o sinal clínico menos
comum (50%), habitualmente é unilateral e com TRATAMENTO
regressão em três a quatro dias de doença, muitas
vezes passando despercebida. Um achado bastante
característico da DK é a irritabilidade, que pode ser Apesar da etiologia ainda ser desconhecida, a
decorrente de quadro de cefaleia por meningite DK possui terapêutica estabelecida com o uso da
asséptica. gamaglobulina intravenosa (2 g/kg em infusão contí-
nua de 10 horas) e ácido acetilsalicílico. A terapia
Em relação ao comprometimento cardíaco, a precoce (nos primeiros 10 dias de doença, preferen-
maioria dos pacientes cursa com miocardite em dife- cialmente entre o 5° e o 7° dia) reduz a incidência dos
rentes graus, acompanhada de taquicardia no perío- aneurismas coronarianos de 20 a 30% para 4 a 5%. O
do febril, podendo ocorrer arritmias e, mais raramen- ácido acetilsalicílico deve ser utilizado em dose anti-in-
te, pericardite e endocardite com insuficiência valvar. flamatória (80-100 mg/kg/ dia, fracionado em quatro
Os aneurismas coronarianos são complicações que tomadas, com dose máxima de 500 mg a cada seis
ocorrem precocemente, raramente são observados horas). Utiliza-se dose anti-inflamatória até que o
novos aneurismas após as duas primeiras semanas paciente esteja afebril, habitualmente até 24 a 72
de doença. Quando ocorrem, cerca de 50% dos horas após administração da gamaglobulina. Neste
aneurismas pequenos regridem ao ecocardiograma, momento, deve-se diminuir a dose para 3-5 mg/kg/dia
mas podem ainda persistir alterações funcionais (dose antiagregante plaquetária), com posterior manu-
devido ao processo de cicatrização vascular. Os tenção até que se comprove a ausência de anormali-
aneurismas gigantes (> 8 mm de diâmetro) são bas- dades coronarianas, habitualmente entre seis e oito
tante temidos, pois têm maior chance de obstrução e semanas de seguimento. Nos casos com alterações
isquemia. coronarianas, esta dose deve ser mantida indefinida-
Outras manifestações clínicas associadas à DK mente.
podem ser observadas, tais como: artralgia, artrite,
miosite, diarreia, dor abdominal, icterícia obstrutiva, Apesar do tratamento, 5% dos casos irão
vesícula hidrópica, miocardite, pericardite, insuficiên- desenvolver ao menos dilatações coronarianas transi-
cia mitral aguda, uretrite, induração do local da aplica- tórias, e cerca de 1% dos pacientes apresentarão
ção da vacina BCG etc. aneurismas gigantes (acima de 8 mm de diâmetro).
Aproximadamente 10% dos casos são refratários ao
Na maioria das vezes a diferenciação entre a esquema habitual de gamaglobulina e ácido acetil
DK e as doenças exantemáticas da infância é difícil, salicílico. A falha terapêutica é definida pela manuten-
em particular nos primeiros dias de doença e nas ção ou recorrência da febre após 36 horas do término
crianças com quadro clínico incompleto. O diagnósti- da infusão. Nesses casos, pode-se repetir uma ou
co diferencial inclui infecções virais (adenovirose, duas vezes a infusão da gamaglobulina. Nos casos
enterovirose, sarampo, mononucleose), estreptococ- persistentemente refratários, indica-se a pulsoterapia
cias, estafilococcias, reações de hipersensibilidade a com metilprednisolona na dose de 30 mg/ kg/dia,
drogas, entre outras. administrada por via intravenosa em duas horas, uma
vez ao dia, por três dias consecutivos. Outros trata-
Alterações laboratoriais da DK são inespecífi- mentos propostos nos casos refratários são a utiliza-
cas, ocorrendo elevação das provas de atividade ção de anticorpos monoclonais anti-TNFα (infliximabe,
inflamatória, (como a velocidade de hemossedimenta- 5,0 mg/kg/dose) e/ou agentes citotóxicos como meto-
ção e proteína C reativa), em mais de 90% dos casos, trexate ou pulsoterapia intravenosa com ciclofosfami-
com retorno à normalidade em seis a 10 semanas. da.
Pode ocorrer anemia aguda, leucocitose com desvio
à esquerda. A plaquetose (plaquetas entre 400.000 e Nos pacientes com alterações coronarianas, os
3.000.000/mm3 ) é um achado bastante característi- esquemas terapêuticos para prevenção de tromboses
co, especialmente a partir da segunda semana da dependem da gravidade do comprometimento corona-
doença, com normalização em quatro a oito semanas riano e incluem: terapia com ácido acetilsalicílico (3-5
nos casos não complicados. Podem ser encontradas mg/ kg/dia, uma vez ao dia) associado ou não a dipiri-
alterações urinárias, lipídicas e elevação das transa- damol (2-6 mg/kg/dia, dividido em três vezes ao dia)
minases. A hipoalbuminemia é comum, estando asso- ou clopidogrel (1 mg/kg/dia, uma vez ao dia); terapia
ciada à doença mais grave e prolongada. anticoagulante com dicumarínico (0,05- 0,34 mg/kg/-
dia, uma vez ao dia, ajustando-se a dose com o objeti-
É importante ressaltar, entretanto, que vo de manter o INR entre 2 e 2,5) ou heparina de baixo
10-36% dos pacientes não preenchem todos os peso molecular (1-1,5 mg/kg/dia, fracionado em duas
critérios diagnósticos, principalmente no grupo mais doses ao dia, via subcutânea) ou ainda a combinação
jovem, muitas vezes cursando com alterações coro- de antiplaquetários e anticoagulantes.
narianas. Portanto, é recomendada a realização de
ecocardiograma em todas as crianças menores de
seis meses que cursarem com febre de mais de uma
semana de duração, com evidência laboratorial de
inflamação e sem outra causa conhecida.
995
PEDIATRIA
PEDIATRIA
Fontes:
http://www.spsp.org.br/site/asp/recomendacoes/Rec_44_Kawasaki.pdf
996
ARTRITE IDIOPÁTICA JUVENIL
A
artrite idiopática juvenil (AIJ) não é uma única
doença, e sim um termo que engloba todas as
formas de artrite que se iniciam antes dos 16
anos, com duração maior que seis semanas e
de causa desconhecida. Em 1997, com o objetivo de
unificar a classificação entre Europa e EUA dos dife-
rentes subtipos de AIJ, o International League of
Associations for Rheumatology (ILAR), propôs uma
nova forma de classificação, que desde então passou
a ser utilizada mundialmente no lugar de Artrite Reu- CRITÉRIOS PARA CLASSIFICAÇÃO DA AIJ: DURBAN, 1997
matoide Juvenil, termo mais utilizado nos Estados
Unidos da América (EUA), e de Artrite Crônica Juve-
nil, termo mais utilizado nos países europeus. Normal
1. Sistêmica
Este grupo heterogêneo de doenças pode ser
dividido em subtipos de acordo com os sintomas 2. Oligoartrite
clínicos, história médica e anormalidades laboratoriais
que são distintos entre si. Devido às diferenças nos A) Persistente
mecanismos fisiopatológicos, o tratamento pode B) Estendida
variar de forma significativa de acordo com a forma de
apresentação. 3. Poliartrite (fator reumatóide negativo)
997
PEDIATRIA
PEDIATRIA
998
A artrite geralmente é de membros inferiores,
POLIARTRITE COM FR NEGATIVO e o quadril pode ser envolvido precocemente. Em
alguns pacientes a artrite axial pode ser grave e afetar
Tem características semelhantes à forma articulação sacroilíaca e coluna vertebral, levando a
oligoarticular, além de ausência de FR. Corresponde espondilite anquilosante.
a 20% dos casos, com predominância no sexo femi-
nino e pode acometer qualquer faixa etária, inclusive Os critérios de exclusão são psoríase ou
antes do 1° ano de vida. Critérios de exclusão são os história de psoríase em parente de primeiro grau;
mesmos da oligoartrite. A artrite é assimétrica, com presença de FR em duas ocasiões com intervalo
alta frequência de FAN e risco aumentado de iridoci- mínimo de 3 meses; e presença de forma sistêmica.
clite. Este é o subtipo mais heterogêneo, com 3 tipos
de apresentação:
ARTRITE PSORIÁSICA
1) Doença é semelhante à forma oligoarticular, exceto
pelo número de articulações acometidas nos
pirmeiros 6 meses, que é maior do que cinco. Também É uma forma pouco frequente, com idade de
é caracterizada por artrite assimétrica, início precoce, início média da artrite entre 7 e 10 anos, e psoríase
predominância do sexo feminino, aumento da um pouco mais tarde, entre 9 e 13 anos. Há leve
frequência de FAN e maior risco de iridociclite.
predomínio do sexo feminino. É definida por artrite e
2) Similaridade com a artrite reumatoide FR negativo psoríase ou artrite e pelo menos dois dos seguintes:
do adulto, com sinovite simétrica de pequenas e
grandes articulações, início na idade escolar, aumento
de VHS, negatividade para FAN, e prognóstico 1) Dactilite;
variável.
2) Depressões puntiformes nas unhas;
3) Ocorre sinovite com edema insignificante, porém
com contraturas, rigidez articular e VHS normal ou 3) Psoríase em parente de primeiro grau.
levemente aumentado. Esta forma tem curso
destrutivo e é pouco responsiva ao tratamento.
Os critérios para exclusão são os já menciona-
dos acima, exceto pela presença de psoríase, que é
critério de inclusão.
ARTRITE INDIFERENCIADA
FORMAS ATÍPICAS
999
PEDIATRIA
PEDIATRIA
1000
mica, o corticosteroide é usado na forma oral ou intra-
venosa em altas doses, principalmente para controle
das manifestações sistêmicas.
Fontes:
http://revista.hupe.uerj.br/detalhe_artigo.asp?id=610
1001
PEDIATRIA
PEDIATRIA
FEBRE REUMÁTICA
A
Febre Reumática (FR) é uma complicação não
supurativa da faringoamigdalite aguda provoca-
da pelo estreptococo beta-hemolítico do grupo
A (EBGA), decorrente de resposta imunológi-
ca tardia a essa infecção em populações genetica-
mente predispostas. A doença acomete principalmen-
te crianças e jovens, estando frequentemente associa-
da à pobreza e a condições de vida adversas.
DIAGNÓSTICO
dosagens elevadas de exames sorológicos, como a
O diagnóstico da FR é clínico, não existindo antiestreptolisina O (ASLO). Manifestações clínicas
dado físico ou exame complementar específico para a atípicas podem estar presentes e devem ser avalia-
doença. Os critérios de Jones, criados em 1944 e das quanto à possibilidade de “febre reumática prová-
modificados ultimamente em 1992, se constituem vel”, na ausência de outros diagnósticos alternativos.
ainda no pilar para o diagnóstico do primeiro surto de
FR. Para recorrências de FR e diagnóstico de cardio-
patia reumática, recomendamos o uso dos critérios
CRITÉRIOS DE JONES MODIFICADOS REVISADOS PELA OMS
de Jones modificados e revistos pela OMS em 2004,
(2004) PARA DIAGNÓSTICO DE FEBRE REUMÁTICA, PRIMEIRO
os quais também se aplicam ao primeiro surto da
SURTO E RECORRÊNCIAS
doença.
1002
Existem situações para as quais os critérios derada após julgamento clínico criterioso, principal-
modificados de Jones não se aplicam adequadamente mente diante do fato de que resistência do EBGA à
e, portanto, não devem ser usados para diagnosticar penicilina nunca foi documentada até então.
FR de modo restrito. São exemplos a coréia, a cardite
indolente e as recorrências de FR, desde que outros O tratamento antimicrobiano da faringoamig-
diagnósticos alternativos também tenham sido excluí- dalite estreptocócica constitui a ação de prevenção
dos. No caso da coreia, a raridade de outras etiolo- primária da FR. O antibiótico de escolha é a penicili-
gias, em especial na faixa etária jovem acometida pela na, baseado em sua elevada eficácia e segurança
coreia reumática, sugere muito o diagnóstico de FR, para erradicar o EBGA. A indicação principal é a
mesmo na ausência dos outros critérios ou da com- penicilina G benzatina pela dose única eficaz e baixo
provação da infecção estreptocócica anterior. custo. Esquemas baseados em outras penicilinas,
macrolídeos ou cefalosporinas devem ser usados
durante 10 dias.
FARINGOAMIGDALITE ESTREPTOCÓCICA
CARDITE:
A cardite representa a manifestação clínica
mais importante da FR, pois é a única que pode
provocar sequela crônica, representada pela cardio-
patia reumática. Caracteriza-se por uma pancardite,
embora a endocardite (valvulite) reumática seja a
anormalidade mais associada ao prognóstico da FR.
1003
PEDIATRIA
PEDIATRIA
1004
ausência de artrite) é mais compatível com FR. O prolongamento
desencadeadas por outros estímulos, como gravidez ou terapia do intervalo PR ao ECG ocorre em indivíduos com e sem cardite,
com hormônios estrogênicos. Isso, no entanto, ainda é pouco bem como nas pessoas normais. O ECG deve ser seriado para
compreendido. A duração do surto de coreia é também variá- acompanhar o retorno dessa alteração à normalidade. A febre
vel, podendo terminar em algumas semanas ou se estender ocorre frequentemente no início da doença, não apresenta carac-
por até 2 anos. Sequelas neurológicas e psiquiátricas têm terísticas típicas e, em geral, cede facilmente ao uso de anti-infla-
sido sugeridas para a coreia de Sydenham, como convulsões,
matórios não esteróides.
ERITEMA MARGINATUM
Os reagentes de fase aguda são exames inespecíficos
Essa é uma manifestação rara de FR, ocorrendo em para FR, entretanto auxiliam na definição do quadro inflamatório e
menos de 5% dos casos. Caracteriza-se por lesões macula- no monitoramento de sua remissão. São eles: velocidade de
res de bordos nítidos e centro claro, com aspecto serpigino- hemossedimentação (VHS), proteína C reativa (PCR), alfa-1-gli-
so; são fugazes, indolores não pruriginosas, às vezes, de coproteína ácida e, à eletroforese de proteína, a alfa-2- globulina.
difícil percepção, principalmente em pessoas de pele escura. A VHS eleva-se nas semanas iniciais da FR, mantendo-se alta
As lesões são múltiplas, ocorrendo preferencialmente no durante o curso da doença e podendo ainda estar elevada meses
tronco e extremidades superiores; poupam a face. Aparecem após o fim do processo inflamatório. Quando existe insuficiência
no início da FR, podendo durar de semanas a meses, havendo cardíaca, a VHS tende a ser subestimada. A PCR eleva-se na fase
mudança frequente em seu aspecto. Associam-se à cardite,
aguda da FR e mantém-se aumentada até o final da segunda ou
porém não necessariamente à cardite grave.
terceira semana de doença. É mais útil no seguimento da remis-
são da inflamação do que a VHS. A alfa-1- glicoproteína ácida e
a alfa-2-globulina também se elevam na fase aguda da doença e
podem ser usadas no monitoramento do processo inflamatório.
ECG:
Deve ser realizado em todo paciente com FR, havendo
ou não suspeita da presença de cardite.
Prolongamento de intervalo PR ocorre em crianças e
adolescentes com ou sem cardite, sendo um critério
menor de Jones. Outros achados são inespecíficos,
NÓDULOS SUBCUTÂNEOS envolvendo alterações do segmento ST-T, distúrbios
da condução, alteração do intervalo QT e baixa
voltagem do complexo QRS. Arritmias podem ocorrer,
Os nódulos subcutâneos ocorrem geralmente em asso- porém raramente são complexas.
ciação a formas graves de cardite, com frequência bastante Raio X do tórax:
variável. Descreve-se ocorrência de até 20%, porém, na maioria Deve ser realizado em pacientes com FR e suspeita de
das séries, os nódulos aparecem em 2-5% dos pacientes com cardite, a fim de avaliar cardiomegalia ou sinais de
congestão pulmonar.
FR. Ocorrem nas proeminências ósseas ou superfícies de
tendões extensores, como cotovelos, punhos, joelhos, tornoze- Ecocardiograma:
los, tendão de Aquiles e até na coluna vertebral. São móveis, É de extrema importância na avaliação de pacientes
com cardite, especialmente naqueles com sinais de
indolores, sem sinais flogísticos, medindo entre 0,5-2,0cm, às insuficiência cardíaca, em sujeitos com novos sopros
vezes, apenas perceptíveis à palpação. Tem duração de dias, cardíacos ou apresentando mudança em sopros
prévios, para cardite subclínica e na avaliação de
não mais do que um mês, e regridem com o tratamento para recorrências. Estudos mostraram que a realização de
rastreamento com ecocardiograma foi capaz de
cardite. Podem ocorrer, assim como o eritema marginatum, em identificar maior número de casos de cardite e
outras enfermidades que não a FR, como as doenças do coláge- valvopatia reumática crônica em escolares do que a
avaliação clínica isolada. A OMS recomenda que, em
no. áreas endêmicas de doença reumática (como na
Bahia), o ecocardiograma seja usado para pesquisa de
CRITÉRIOS MENORES DE JONES cardite subclínica. Na fase aguda, as alterações
ecocardiográficas mais frequentes são decorrentes
da valvulite reumática. Espessamento de folhetos
As manifestações clínicas menores ajudam no diagnós- mitrais com refluxo patológico, prolapso do folheto
anterior da valva mitral, refluxo aórtico, nódulos
tico da FR, porém não apresentam especificidade para a valvares que desaparecem com a remissão da cardite,
doença. A artralgia caracteriza-se pela dor articular, mas sem dentre outros, podem estar presentes. Mais
raramente, ruptura de cordoalha mitral pode ocorrer.
limitação funcional. Quando ocorre em grandes articulações e Derrame pericárdico pequeno é comum e pode
auxiliar o diagnóstico de FR.
tem caráter migratório e assimétrico, o quadro de artralgia (na
1005
PEDIATRIA
PEDIATRIA
benzatina devem ser observadas, objetivando uma
melhor aderência à profilaxia: usar agulha 30x8 mm
OUTROS EXAMES COMPLEMENTARES ou 25x8 mm para aplicar a medicação, injetar o líqui-
do lenta e progressivamente (2-3 min.) e evitar friccio-
Hemograma, perfil renal e eletrólitos, glicemia, nar o local. O uso de 0,5 ml de lidocaína 2% sem
provas de coagulação, sumário de urina e parasitológi- vasoconstrictor reduz a dor durante a aplicação e nas
co de fezes devem ser solicitados a fim de se ter uma primeiras 24 horas, além de não interferir significativa-
avaliação global do estado de saúde/doença do mente nos níveis séricos da penicilina, podendo ser
paciente, bem como definir com segurança o uso de uma medida a ser usada naqueles pacientes que relu-
algumas opções terapêuticas para FR, como corticos- tam em fazer uso da penicilina benzatina por queixa
teroides. de dor.
1006
SARAMPO
O
sarampo é uma doença infecciosa aguda, de
natureza viral, grave, transmissível e extrema-
mente contagiosa. A viremia causada pela infec-
PERÍODO DE TRANSMISSIBILIDADE
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
1007
PEDIATRIA
PEDIATRIA
1008
CRITÉRIOS PARA A COLETA DE ESPÉCIMES Para os casos não complicados, manter a hidra-
tação, o suporte nutricional e diminuir a hipertermia.
PARA ISOLAMENTO
Muitas crianças necessitam de quatro a oito semanas
para recuperar o estado nutricional que apresentavam
• Em presença de surto de sarampo, antes da doença. Complicações como diarréia, pneu-
independente da distância do laboratório central.
monia e otite média devem ser tratadas de acordo com
• Casos importados, independente do país de normas e procedimentos estabelecidos pelo Ministério
origem. da Saúde.
• Em todos os casos com resultado laboratorial
IgM positivo ou indeterminado para o sarampo, NOTIFICAÇÃO
independente da suspeita clínica inicial,
observando-se o período de coleta adequado
A notificação do sarampo é obrigatória e
imediata. Deve ser realizada por telefone à secretaria
municipal de saúde, dentro das primeiras 24 horas a
partir do atendimento do paciente. O caso deve ser
notificado à secretaria estadual de saúde por telefone,
fax ou e-mail, para acompanhamento junto ao municí-
pio. Considerando a alta infectividade e contagiosida-
de da doença, todos os profissionais dos serviços
públicos e privados, principalmente os médicos pedia-
tras, clínicos, infectologistas, enfermeiros e laboratoris-
tas, devem notificar, de imediato, todo caso suspeito
de sarampo.
Fontes:
Secretaria de Vigilância em Saúde/MS -
https://pt.scribd.com/document/20918199/Sarampo-Ministerio-Da-Saude
TRATAMENTO
1009
PEDIATRIA
PEDIATRIA
RUBÉOLA
A
rubéola é uma doença exantemática aguda, de
etiologia viral, que apresenta alta contagiosida-
de. A rubéola pós-natal geralmente tem apre-
sentação benigna, muitas vezes é subclínica e
tem baixa letalidade. A importância epidemiológica
está representada pela possibilidade de ocorrência
da síndrome da rubéola congênita (SRC) que atinge o
feto ou o recém-nascido cujas mães se infectaram
durante a gestação. A infecção na gravidez acarreta
inúmeras complicações para a mãe (aborto, natimor-
to) e malformações congênitas na criança (surdez,
problemas cardíacos, lesões oculares e outras).
O diagnóstico diferencial deve ser feito com O vírus da rubéola pode ser isolado das
outras doenças febris exantemáticas como sarampo, seguintes amostras biológicas: sangue total, secre-
escarlatina, dengue, exantema súbito (crianças até 2 ção nasofaríngea, urina, saliva, líquor - líquido céfalo-
anos), eritema infeccioso, enteroviroses (coxsackie e -raquidiano (LCR), biopsias e necrópsias.
echo) e, também, com outras doenças que podem
causar síndromes congênitas, como mononucleose A norma nacional vigente preconiza o isola-
infecciosa, toxoplasmose e infecção por citomegaloví- mento nas seguintes amostras biológicas: sangue
rus. total, urina e secreção nasofaríngea, que devem ser
coletadas até o 7° dia a partir do início do exantema e,
preferencialmente, nos primeiros cinco dias.
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
As amostras devem ser encaminhadas ao labo-
Os exames laboratoriais - sorologia e/ou isola- ratório de referência para o processamento dos
mento viral e Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) exames.
- são imprescindíveis para o estabelecimento do diag-
nóstico. Os exames devem ser processados pelo TRATAMENTO
Laboratório de Referência para a Eliminação do
Sarampo, Rubéola/SRC.
Não há tratamento específico para a rubéola.
O diagnóstico dos casos de rubéola é realiza- Os sinais e sintomas apresentados devem ser trata-
do mediante o isolamento viral positivo, a detecção de dos de acordo com a sintomatologia e terapêutica
anticorpos IgM no sangue, na fase aguda da doença, adequada.
desde os primeiros dias até 4 semanas após o apare-
cimento do exantema. Da mesma maneira a confirma- AÇÕES DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
ção laboratorial se faz pela observação de aumento
nos títulos de anticorpos específicos da classe IgG na A Vigilância Epidemiológica busca: identificar
fase de convalescência em relação a fase aguda. e realizar a notificação imediata de todo e qualquer
caso suspeito de rubéola na população; adotar as
TÉCNICAS DE DIAGNÓSTICO LABORATORIAL medidas de controle pertinentes - vacinação de rotina
e de grupos de risco, vacinação de bloqueio e outras;
Para detecção de anticorpos podem ser utiliza- assegurar o diagnóstico laboratorial; e assim como
das as seguintes técnicas: possibilitar o monitoramento das demais condições
de risco para a doença.
• ensaio imunoenzimático (EIE/ELISA) para Notificação - Doença de notificação compulsória
dosagem de IgM e IgG; e investigação obrigatória.
• inibição de hemoaglutinação (HI) para
dosagem de anticorpos totais; MEDIDA DE CONTROLE
1011
PEDIATRIA
PEDIATRIA
VARICELA DIAGNÓSTICO
1012
expostos à Varicela grave, cuja letalidade pode atingir
TRATAMENTO 30%. A infecção intra-uterina e a ocorrência de Vari-
cela antes dos 2 anos de idade estão relacionadas à
Sintomático - Antihistamínicos sistêmicos, para ocorrência de zoster em idades mais jovens.
atenuar o prurido, e banhos de permanganato de
potássio, na diluição de 1:40.000. Havendo infecção Notificação - Não é doença de notificação com-
secundária, recomenda-se o uso de antibióticos pulsória.
sistêmicos. Varicela em crianças é uma doença
benigna, que em geral não necessita de tratamento
específico.
Específico – Antivirais
1013
PEDIATRIA
PEDIATRIA
ESCARLATINA
A
escarlatina é uma doença infecciosa aguda cau-
sada pelo estreptococo ß hemolítico do grupo AGENTE ETIOLÓGICO
A, produtor de toxina pirogênica (eritrogênica),
que raramente pode ser devida à infecção pelo É o Streptococcus ß hemolítico do grupo A
estreptococo dos grupos C e G. A doença ocorre (Streptococcus pyogenes), eventualmente dos
mais freqüentemente associada à faringite e, ocasio- grupos C,D e G.
nalmente, aos impetigos. Atualmente, a forma toxêmi-
ca grave é pouco comum. A importância das infec-
ções estreptocócicas do grupo A está relacionada, MODO DE TRANSMISSÃO
principalmente, às suas manifestações supurativas,
como fasciíte necrotizante, síndrome do choque A transmissão da escarlatina dá-se por conta-
tóxico estreptocóccico, linfadenite cervical, abscesso to direto e próximo com paciente que apresenta a
retrofaríngeo ou peritonsilar, mastoidite, bacteremia faringoamigdalite estreptocóccica aguda, por inter-
endocardite, pneumonia e otite média. No caso da médio de gotículas de saliva ou secreções nasofarín-
escarlatina, sua importância está diretamente relacio- geas. Aglomerações em ambientes fechados, como
nada com as seqüelas não supurativas: a febre reumá- creches e escolas, principalmente nos meses frios, e
tica e glomerulonefrite difusa aguda. A glomerulonefri- após ou concomitante a quadros de varicela e feridas
te pós-estreptocócica pode ocorrer após quadro de cirúrgicas infectadas favorecem a transmissão,
impetigo ou outras lesões de pele. podendo levar ao aparecimento de surtos.
1014
Suscetibilidade e imunidade: para que ocorra a
doença é necessário que o indivíduo infectado não COMPLICAÇÕES
tenha imunidade contra o estreptococo (imunidade
tipo-específica), nem imunidade antitóxica contra a Podem ser de dois tipos:
exotoxina pirogênica (toxina eritrogênica). Em pacien-
tes que não são tratados especificamente para faringi- Supurativas: abscessos, fasciíte
te estreptocócica, anticorpos tipo-específicos são necrotizante, bacteremia, síndrome do choque tóxico
freqüentemente detectáveis no soro entre 4 a 8 sema- estreptocóccico, meningite, pioartrite, endocardite,
nas após a infecção. osteomielite, peritonite, sinusite e até meningite e
abscesso cerebral, devido à infecção por contiguidade
via mastóide ou disseminação hematogênica;
Aspectos clínicos: na escarlatina ocorre um curto
período prodrômico, geralmente de 12 a 24 horas, no Não-supurativas: glomerulonefrite difusa
qual pode ocorrer febre alta, dor à deglutição, mal-es- aguda, febre reumática, eritema nodoso, eritema
tar geral, anorexia e astenia; sintomas estes que multiforme, poliarterite nodosa, artrite reativa. A
letalidade é alta nos casos de bacteriemia
podem estar acompanhados de náuseas, vômitos e estreptocóccica e choque séptico estreptocóccico.
dor abdominal, especialmente em crianças. Após esse
período, o paciente pode apresentar faringoamigdalite
com exsudato purulento, adenomegalia cervical, enan- DIAGNÓSTICO
tema em mucosa oral acompanhado de alteração na
língua. Nos primeiros dias, a língua se reveste de uma
camada branca, com papilas protuberantes que se Laboratorial: a cultura de orofaringe é o princi-
pal exame (padrão ouro) para a identificação do
tornam edemaciadas e avermelhadas. Após um ou estreptococo ß hemolítico do grupo A. Deve-se utilizar
dois dias a camada branca se descama, ressaltando swab adequado (Dracon ou Rayon), flexível, estéril,
as papilas hipertrofiadas e avermelhadas (língua em com haste de plástico (não usar swab de algodão ou
framboesa). A erupção de pele surge tipicamente alginato de cálcio) para a coleta de material da orofa-
após 12 a 48 horas, manifestando-se como um exan- ringe, que deverá ser colocado em tubo estéril para
encaminhamento imediato ao laboratório, em tempera-
tema micropapular, iniciando-se no peito e expandin- tura ambiente.
do-se para o tronco, pescoço e membros, poupando
as palmas das mãos e as plantas dos pés; caracteristi- Os testes para anticorpos no soro da fase
camente, confere à pele o aspecto de lixa e desapare- aguda e de convalescença, como a antiestreptolisina
ce à digitopressão. Na face são encontradas lesões O (ASLO); são úteis e contribuem como mais um dado
puntiformes, com a testa e bochechas hiperemiadas, presuntivo de infecção por estreptococo do grupo A,
porém não têm valor para o diagnóstico imediato ou
contrastando com a palidez da região perioral (sinal de tratamento da infecção aguda, pois a elevação do
Filatov). O exantema apresenta-se mais intenso nas título obtido após 2 a 4 semanas do início do quadro
dobras cutâneas e nas áreas de pressão, como náde- clínico é muito mais confiável do que um único título
gas; surgem nesses locais áreas de hiperpigmentação alto.
e nas dobras de flexão há formação de linhas transver-
Os testes rápidos de detecção de antígeno
sais (sinal de Pastia). A faringoamigdalite, a erupção e como o látex, se disponíveis, podem ser usados; entre-
a febre, assim como as outras manifestações clínicas, tanto, apesar da alta especificidade (95%), sua sensi-
desaparecem em torno de uma semana, seguindo-se bilidade é baixa (76% a 87%). Assim, quando o látex
um período de descamação, característico da escarla- estiver disponível será utilizado. No entanto, também
tina. A descamação começa na face e pescoço, em deverá ser feita coleta para cultura.
finas escamas, desce para o tronco e por último para O hemograma apresenta-se com leucocitose,
as extremidades na segunda e terceira semana. As neutrofilia e desvio à esquerda, e eosinofilia (5% a
mãos e os pés são os últimos que descamam, e de 10%), principalmente nos primeiros dias de infecção.
forma mais intensa.
1015
PEDIATRIA
PEDIATRIA
TRATAMENTO
1016
ERITEMA INFECCIOSO
É
causado pelo parvovírus B19 e transmitido por
via respiratória ou por meio da placenta de mães EXANTEMA SÚBITO – roséola
infectadas, podendo levar à hidropsia fetal. Tem
período de incubação de aproximadamente 14 a É causado pelo herpes vírus 6 e 7 e a transmis-
21 dias. Pode evoluir com sintomas prodrômicos são ocorre pelo contato com secreções de um porta-
leves, como febre, cefaleia, mialgia. O exantema inicia dor assintomático. O período de incubação é de 10
na face, nas bochechas, acompanhado de palidez dias e o quadro clínico prodrômico é de febre e irritabi-
perioral, configurando a chamada “face esbofeteada”. lidade, e dura de três a quatro dias. Após a normaliza-
Tronco e membros são comprometidos na sequência ção da temperatura, há início de exantema maculopa-
por um eritema maculopapular, após ocorre clarea- pular, no tronco, que progride para região cervical e
mento central, dando aspecto rendilhado às lesões. raiz dos membros, com duração de dois dias. Pode
Pode reaparecer ou intensificar-se com exposição também apresentar edema periorbitário e geralmente
solar, exercício físico e tensões emocionais por sema- não ocorre descamação da pele.
nas após a infecção. Em adultos, mialgia e artralgia de
intensidade variável podem ser observadas. Aparente-
mente a transmissão ocorre apenas anteriormente ao
aparecimento do exantema.
DIAGNÓSTICO
“Face esbofeteada” – eritema infeccioso
O diagnóstico é clínico
DIAGNÓSTICO TRATAMENTO
O diagnóstico é clínico Sintomático.
TRATAMENTO
Fontes:
Sintomático. http://189.28.128.100/dab/docs/publicacoes/cadernos_ab/abcad28.pdf
1017
PEDIATRIA
PEDIATRIA
Tipos de violência
Física
Sexual
Psicológica
Negligência/
Abandono
Fonte: (KRUGet al., 2002).
1018
A violência autoprovocada ou contra si mesmo A seguir, são apresentadas as violências
envolve o comportamento suicida e o suicídio segundo sua natureza:
propriamente dito. O comportamento suicida inclui
ideias de acabar com a vida e a automutilação (des-
truição direta e deliberada de partes do corpo sem a VIOLÊNCIA FÍSICA
intenção suicida consciente), que pode ser grave
(amputação dos próprios dedos, por exemplo), este-
reotipada (tal como bater a cabeça, morder-se ou Caracterizada como todo ato violento com uso
da força física de forma intencional, não acidental,
arrancar os cabelos) ou superficial (cortar-se, arra- praticada por pais, responsáveis, familiares ou pesso-
nhar-se ou introduzir agulhas na pele). O suicídio as próximas da criança ou adolescente, que pode ferir,
caracteriza-se pelo desenvolvimento de um plano lesar, provocar dor e sofrimento ou destruir a pessoa,
para cometer o ato, conseguir os meios de realizá-lo deixando ou não marcas evidentes no corpo, e poden-
e concretizá-lo, dando fim à própria vida. do provocar inclusive a morte. Pode ser praticada por
meio de tapas, beliscões, chutes e arremessos de
A violência interpessoal ocorre na interação objetos, o que causa lesões, traumas, queimaduras e
entre as pessoas, que demonstram dificuldade de mutilações. Apesar de subnotificada, é a mais identifi-
resolver conflitos por meio da conversa, como cada pelos serviços de saúde.
também nas relações entre pais e filhos, homens e
mulheres, irmãos, entre outras, nas quais estão carac-
terizadas as relações de poder . É dividida em violên- Síndrome do bebê Sacudido
cia intrafamiliar e comunitária.
É causada por violenta movimentação da criança,
A violência intrafamiliar ocorre nas relações segurada pelos braços ou tronco. Esta ação provoca o
choque entre a calota craniana e o tecido encefálico
hierárquicas e intergeracionais. Atinge mais as crian-
deslocado, ocorrendo desde micro hemorragias, por
ças do que os adolescentes, em função de sua maior rupturas de artérias e veias, até hemorragias maciças
fragilidade física e emocional. Consiste em formas e rompimento de fibras do tecido nervoso.
agressivas de a família se relacionar, por meio do uso
da violência como solução de conflito e como estraté-
gia de educação. Inclui, ainda, a falta de cuidados Síndrome de Munchausen por procuração
básicos com seus filhos.
É caracterizada pela simulação ou criação, por um
Quando se identifica uma criança sofrendo dos responsáveis ou cuidador (com grande
frequência a mãe), de sinais ou sintomas que
violência em casa, é quase certo que outras pessoas
caracterizam doenças em seus filhos. É considerada
de sua família também sofram. No espaço de convi- uma forma de violência física por exigir dos
vência familiar, a violência entre os irmãos também profissionais da área da saúde a execução de uma
merece a atenção dos profissionais. É comum a exis- série de exames e investigações extremamente
tência de xingamentos, humilhações e agressões penosos para a criança. Esses responsáveis chegam a
físicas entre eles. Apesar de aceita socialmente, a falsificar o material colhido para exames, induzindo o
violência entre os irmãos pode sinalizar para o profis- médico a tratamentos desnecessários ou
sional o tipo de relacionamento que a criança ou o investigações cada vez mais complexas e agressivas.
adolescente tem dentro e fora de casa.
1019
PEDIATRIA
PEDIATRIA
VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA
1020
Como diferenciar a violência sexual dos ALERTA PARA OS SINAIS E SINTOMAS DE VIOLÊNCIAS
jogos sexuais infantis? CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES
Caracteriza-se pelas omissões dos adultos Todo profissional de saúde tem momentos
(pais ou outros responsáveis pela criança ou adoles- especiais de contato com as crianças, os adolescen-
cente, inclusive institucionais), ao deixarem de prover tes e suas famílias – recepção, vacina, curativos,
as necessidades básicas para o desenvolvimento farmácia, grupos de educação em saúde, consulta
físico, emocional e social de crianças e adolescentes. médica, odontológica, de enfermagem e psicológica,
Inclui a privação de medicamentos; a falta de atendi- visita domiciliar, dentre outros. Esses momentos são
mento à saúde e à educação; o descuido com a higie- oportunos e criam condições favoráveis para que se
ne; a falta de estímulo, de proteção de condições observe a existência de sinais e sintomas que possam
climáticas (frio, calor), de condições para a frequên- ser resultantes de uma situação de violência. Possibili-
cia à escola e a falta de atenção necessária para o tam também a promoção dos cuidados necessários
desenvolvimento físico, moral e espiritual. O abando- para a proteção e bem-estar da criança ou do adoles-
no é a forma mais grave de negligência. A negligência cente e orientação às famílias para a prevenção e
não está vinculada às circunstâncias de pobreza, superação da violência.
podendo ocorrer em casos em que recursos razoá-
veis estão disponíveis para a família ou o responsável.
1021
PEDIATRIA
PEDIATRIA
CRIANÇA
ADOLESCENTE
SINAIS DA VIOLÊNCIA Até 11 1a4 5a9
10 a 19 anos
meses anos anos
Choros sem motivo aparente
Irritabilidade frequente, sem causa aparente
Olhar indiferente e apatia
Tristeza constante
Demonstrações de desconforto no colo
Reações negativas exageradas a estímulos comuns ou
imposição de limites
Atraso no desenvolvimento; perdas ou regressão de
etapas atingidas
Dificuldades na amamentação, podendo chegar à
recusa alimentar; vômitos persistentes
Distúrbios de alimentação
Enurese e encoprese
Atraso e dificuldades no desenvolvimento da fala
Distúrbios do sono
Dificuldades de socialização e tendência ao isolamento
Aumento da incidência de doenças, injustificável por
causas orgânicas, especialmente as de fundo alérgico
Afecções de pele frequentes, sem causa aparente
Distúrbios de aprendizagem até o fracasso na escola
Comportamentos extremos de agressividade ou
destrutividade
Ansiedade ou medo ligado a determinadas pessoas,
sexo, objetos ou situações
Pesadelos frequentes, terror noturno
Tiques ou manias
Comportamentos obsessivos ou atitudes compulsivas
Baixa autoestima e autoconfiança
Automutilação, escarificações, desejo de morte e
tentativa de suicídio
Problemas ou déficit de atenção
Sintomas de hiperatividade
Comportamento de risco, levando a traumas
frequentes ou acidentes
Uso abusivo de drogas
* Os espaços coloridos indicam a presença do sinal da violência na respectiva faixa etária.
1022
tadas pela criança sejam consequentes de traumatis-
VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA mos não intencionais. São mais propensas ao risco
de lesões não intencionais as áreas de extensão e de
A violência psicológica na infância pode maior proeminência (que primeiro chegam ao chão ou
desencadear sintomas agudos de sofrimento e, são atingidas por qualquer objeto acidentalmente),
progressivamente, vir a bloquear ou a impedir o curso como fronte, nariz e queixo, palma de mãos, área de
normal do desenvolvimento, num processo crônico extensão de braço e cotovelo, região anterior de
que deixará sequelas em vários níveis de gravidade. perna, ponta do pé.
Surgem como sinais de angústia e ansiedade que
acabam por determinar problemas comportamentais, O atraso na procura de atendimento ao trauma
que fogem ao padrão habitual e motivam a procura deve ser interpretado como um sinal, no mínimo, de
dos serviços de saúde. negligência e/ou de tentativa de ocultação da violên-
cia ou, ainda, de manter a lesão sem tratamento para
Há que se considerar, no entanto, que as provocar maior dor.
outras formas de violência, seja ela física, sexual ou
negligência, habitualmente, também desencadeiam Histórias inconsistentes ou conflitantes entre
sofrimento, determinando sinais gerais comuns a os responsáveis, ou entre eles e a criança, para expli-
todas elas. Os sinais deste sofrimento podem ser car o trauma, ou mesmo que vão sendo contadas de
notados mesmo quando ainda não existe o controle formas diferentes com o decorrer do tempo, devem
da linguagem pela criança, que reage de acordo com sempre indicar necessidade de maior investigação da
as suas possibilidades de entendimento, absorção e situação.
elaboração da situação. Mais precisamente a partir
dos 5 anos de idade, os sinais gerais de violência e, Além dos sinais gerais de danos emocionais
mais especificamente, da violência psicológica, vão citados anteriormente, há que se suspeitar de violên-
depender se as agressões iniciaram nessa idade ou cia física quando a criança ou adolescente apresentar
se representam uma continuidade de situações de os seguintes sinais gerais físicos:
violência sofridas anteriormente ou, ainda, se decor-
rem de sequelas de violências anteriores não trata- • Lesões ditas como “acidentais” não com-
das. Nas duas últimas situações, os sintomas apre- patíveis com a idade ou desenvolvimento psico-
sentados serão crescentes e cumulativos, levando ao motor da criança: fraturas de crânio em crianças
maior prejuízo pela ação negativa que desvia,
abaixo de 4 meses, que ainda não têm capacidade de
bloqueia ou impossibilita o desenvolvimento atual,
tanto pela agressão em si como também pelas faltas rolar ou se arrastar, com história de queda acidental
ou falhas das etapas evolutivas anteriores. do trocador ou berço.
Sintomas de depressão, ansiedade e agressi- • Lesões que não podem ser explicadas
vidade são muito comuns em crianças e adolescen- pelo acidente relatado: fraturas de fêmur em crian-
tes que vivem situações de violência. Esses sintomas ças abaixo de 4 anos, referidas como consequência
são mais facilmente identificados na adolescência, de queda de bicicleta quando ela não teria capacidade
embora ocorram com frequência na infância, sendo de andar em bicicleta tão alta da qual a queda poderia
importante que os profissionais de saúde estejam provocar um trauma tão intenso a ponto de provocar
atentos para sua ocorrência. uma fratura.
Dentre os problemas de saúde mental decor-
• Lesões em vários estágios de cicatriza-
rentes da violência, destaca-se também o transtorno
de estresse pós-traumático, o qual comumente é ção ou cura: evidências de traumas sucessivos,
desencadeado por uma situação violenta. Esse trans- como a presença de hematomas em áreas diversas e
torno envolve intenso medo, impotência ou horror, com colorações diferentes, ou o encontro de fraturas
com revivência do episódio violento através de recor- recentes e antigas.
dações e sonhos aflitivos, sofrimento intenso e fuga
de situações relacionadas àquele evento. • Lesões bilaterais ou simétricas: indicação
de menos dois traumas sucessivos ou um planeja-
mento para provocar a lesão. É o caso de lesões
VIOLÊNCIA FÍSICA bioculares, fraturas de crânio bilaterais, fraturas
simétricas de costelas, sem acontecimento de gran-
De acordo com o tipo de instrumento utilizado, des traumatismos, como acidentes de trânsito.
intensidade, local do trauma e distribuição da lesão, é
possível identificar sinais gerais e específicos dos • Lesões em áreas habitualmente cobertas
traumas secundários à violência física. ou protegidas do corpo: regiões laterais de tronco,
interna de braços ou coxas, região perineal ou genital,
Contudo, é preciso, inicialmente, afastar a pescoço, axilas.
possibilidade de que as lesões ou cicatrizes apresen-
1023
PEDIATRIA
PEDIATRIA
Lesões cranioencefálicas
Podem deixar sequelas permanentes no
sistema nervoso central e comumente levam à morte,
por contusões, lacerações, micro-hemorragias,
hematomas e grandes sangramentos.
Especialmente na criança abaixo de 2 anos é possível
encontrar a Síndrome do Bebê Sacudido, causada por
violenta movimentação da criança, segurada pelos
braços ou tronco. Esta ação, em face à fragilidade da
musculatura do pescoço e ao grande volume
cerebral, provoca o choque entre a calota craniana e o
tecido encefálico deslocado, ocorrendo desde
micro-hemorragias por rupturas de artérias e veias
até hemorragias maciças e rompimento de fibras e
tecido nervoso.
Há comprometimento grave do sistema nervoso
central, com convulsões ou paralisias, sem sinais
infecciosos ou inflamatórios que os justifiquem,
acompanhado de hemorragia de retina (essa última
está presente em apenas 3% dos traumas cranianos
consequentes a outros tipos de lesões).
1024
O profissional de saúde deve dar especial
atenção aos quadros de crises convulsivas, especial- NEGLIGÊNCIA
mente quando nunca foram presenciados por mais de
um familiar ou pessoa da convivência diária, ou ainda A negligência e a omissão de cuidados é mais
perante uma evolução não esperada para o quadro comum em crianças, mas também pode ocorrer na
apresentado. Essas situações podem ser indícios de adolescência e caracteriza-se:
Síndrome de Munchausen por Procuração.
A. pelo descaso com o bem-estar e a segurança
da criança ou do adolescente, com a afetividade, a
Quando ocorre a Síndrome de Munchausen educação ou a detecção de atrasos de desenvolvi-
por Procuração mento sem causa orgânica aparente. São indícios de
que se deve realizar uma investigação detalhada da
• Queixas de doença recidivante, de situação familiar.
diagnóstico obscuro, que não responde aos
tratamentos habituais. B. pela recusa dos pais em aceitar as orienta-
ções do calendário vacinal, tratamentos medicamen-
• Discordância entre os achados de exame tosos, orientação educacional e preventiva.
físico e as queixas dos responsáveis.
1025
PEDIATRIA
PEDIATRIA
VIOLÊNCIA SEXUAL
1026
Para o profissional de saúde, apesar de, na
maioria das vezes, não existir evidências físicas diretas CUIDADOS PROFILÁTICOS E TRATAMENTO PARA
da violência sexual, alguns sinais são relevantes: A VIOLÊNCIA SEXUAL
Sinais da violência sexual em crianças e ado- Avaliação de risco para os cuidados profiláti-
lescentes cos e de tratamento decorrentes da violência sexual:
• Edema ou lesões em área genital, sem outras
a primeira menstruação e
GRAVIDEZ
estranho.
método
• Sangramento, fissuras ou cicatrizes anais,
dilatação ou flacidez de esfíncter anal sem presença
de doença que o justifique, como constipação
intestinal grave e crônica.
• Interpretar os marcadores
• Realizar a imunoprofilaxia
• Rompimento himenal.
repetição da violência
• Doenças sexualmente transmissíveis.
vítima (3 doses)
• Gravidez. anal e vaginal)
HEPATITE B
• Aborto.
• Escolha da associação do
ejaculação (ver Quadro 5).
situação.
e/ou anal) e oral com
• Intolerância gástrica
Como consequências prováveis no desenvolvi-
mento das relações afetivo sexuais de crianças e ado-
lescentes que sofreram violência sexual é possível
medicamento
• Intolerância gástrica
medicamento
DST/não virais
parafilias – pedofilia.
corporais
Riscos Cuidados
1027
PEDIATRIA
PEDIATRIA
O esquema de escolha para profilaxia das DST PROFILAXIA DA TRANSMISSÃO DO HIV PARA CRIANÇAS
não virais em crianças inclui os mesmos medicamen- Via de
Medicamento Apresentação Posologia
tos do esquema para adultos (penicilina benzatina + administração
ZIDOVUDINA Solução oral 10mg/ml 180mg/m2/dose, de 12/12h
ceftriaxona + azitromicina) (ZDV) Cápsula 100mg
Oral
Dose máxima: 300mg/dose
4mg/kg – dose – 12/12h
1028
RECOMENDAÇÕES PARA PROFILAXIA DE HEPATITE B PÓS-VIOLÊNCIA SEXUAL
ACOMPANHAMENTO LABORATORIAL
1029
PEDIATRIA
PEDIATRIA
brasileira se posiciona favorável ao aborto no artigo
Os Centros de Testagens e Aconselhamentos 128 do Código Penal:
(CTAS) são os serviços que realizam testes para HIV,
sífilis e hepatites B e C gratuitamente. As profilaxias e 1. se não há outro meio de salvar a gestante;
o tratamento em decorrência de violência sexual são 2. se a gravidez resulta de estupro e o aborto é prece-
realizados nesses serviços e, na ausência deste, em dido de consentimento da gestante ou, quando inca-
outro serviço especializado. paz, de seu representante legal.
Prevenção da gravidez em decorrência da Ainda, o Estatuto da Criança e do Adolescen-
violência sexual Uma das grandes consequências da te, Lei nº 8.069/1990, determina o atendimento inte-
violência sexual é a gravidez que se destaca pela com- gral em saúde como um direito fundamental, não obs-
plexidade das relações psicológicas e sociais que a tante nos casos de violência.
determinam. Esta realidade é ainda mais delicada
quando as vítimas são adolescentes, pois trazem ques- Para o atendimento às solicitantes de aborto
tões éticas e legais, e os serviços e os profissionais de legal devem ser seguidas as orientações da Portaria
saúde devem estar preparados para atuar diante nº 1.508, de 2005, sobre o Procedimento de Justifi-
dessas situações. cação e Autorização da Interrupção da Gravidez:
O uso da anticoncepção de emergência (AE) • adolescentes com idade menor de 18 anos
deve ser prescrito para todas as mulheres, adolescen- grávidas, com direito ao aborto legal, devem ser aco-
tes, jovens e adultas expostas à gravidez, por meio de lhidas e esclarecidas sobre o seu direito à escolha da
contato certo ou duvidoso com sêmen, independente- opção do abortamento, sendo necessária a autoriza-
mente do período do ciclo menstrual em que se encon- ção de responsáveis ou tutores para a solicitação do
trem. A AE hormonal é o método de eleição devido a procedimento;
seu baixo custo, tolerabilidade, eficácia e ausência de
contraindicações absolutas. As duas formas de AE • adolescentes com idade menor de 14 anos,
hormonal devem ser administradas o mais rápido pos- necessitam adicionalmente de uma comunicação ao
sível após o contato sexual, com a primeira dose inicia- Conselho Tutelar e do acompanhamento do proces-
da, no máximo, em 72 horas. A OMS evidenciou efei- so, com solicitação de agilização do mesmo.
tos protetores até cinco dias após a relação sexual
desprotegida, embora com taxas de falhas maiores. Dentre os aspectos a serem valorizados e
levados em consideração na decisão de realizar ou
ANTICONCEPÇÃO DE EMERGÊNCIA HORMONAL não a interrupção da gravidez está o desejo manifesto
da adolescente vítima de violência. Se uma gestante
adolescente menor de 18 anos não consentir com o
Primeira escolha: LEVONORGESTREL abortamento, o ato não deve ser realizado. Em casos
Apresentação: 0,75mg de levonorgestrel/comprimido contrários e conflitantes, em que a adolescente
Administração: 2 comprimidos, via oral, dose única OU deseja a interrupção da gravidez e a família não con-
1 comprimido, via oral, a cada 12 horas corda, o direito da adolescente deve prevalecer. O
serviço de saúde e seus profissionais devem orientar
Segunda escolha: MÉTODO DE YUZPE a família e a adolescente sobre esse direito. No entan-
Apresentação: AHOC* com 50µg de etinil-estradiol e to, persistindo o impasse entre ambos, a decisão se
250µg de levonorgestrel/comprimido dará por via judicial. O caso deverá ser encaminhado
Administração: 2 comprimidos, via oral, a cada 12 ao Ministério Público que promoverá a medida judicial
horas OU 4 comprimidos, via oral, dose
cabível para a decisão final do Juiz Cível. Para todos
os casos, deve ser realizado o acompanhamento clíni-
única co e psicossocial da adolescente e, após o aborta-
Apresentação: AHOC* com 30µg de etinil-estradiol e mento, o seu acompanhamento pela UBS mais próxi-
150µg de levonorgestrel/ comprimido ma de sua residência ou à qual está vinculada.
Administração: 4 comprimidos, via oral, a cada 12
horas OU 8 comprimidos, via oral, dose É importante, no atendimento das situações
única de abortamentos previstos em lei, em especial nos
casos que envolvem crianças e adolescentes, que o
sigilo profissional seja recomendado para toda a
*AHOC: anticonceptivos hormonais orais combinados. equipe de saúde. A exposição desses casos prejudi-
ca, em muito, a relação de humanização do atendi-
mento em saúde, fazendo com que a criança ou ado-
GRAVIDEZ EM DECORRÊNCIA DA VIOLÊNCIA SEXUAL lescente não tenha a sensação de proteção (Art. 154
do Código Penal Brasileiro e no Art. 103 do Código
Outra questão que deve ser considerada nos de Ética Médica).
serviços é quando a gravidez já está confirmada e a
paciente é uma adolescente entre 10 e 19 anos. Como Fontes:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/linha_cuidado_criancas_fa
proceder? Que medidas tomar? Neste caso, a lei milias_violencias.pdf
1030
SÍNDROME NEFRÓTICA
A
síndrome nefrótica (SN) é caracterizada por
proteinúria maciça, hipoalbuminemia, edema e DIAGNÓSTICO
hiperlipidemia e ocorre pelo aumento da perme-
abilidade da membrana basal glomerular. Pode O diagnóstico de SNI em crianças e adoles-
ser dividida em secundária, quando causada por centes é baseado nos seguintes critérios clínicos e
alguma outra doença, ou idiopática. Em crianças, a laboratoriais. O paciente deverá apresentar todos os
síndrome nefrótica primária ou idiopática (SNI) repre- critérios abaixo:
senta 90% dos casos diagnosticados antes dos 10 - Edema; e
anos de idade e 50% dos que se apresentam após - Proteinúria nefrótica - proteinúria acima de 50
essa idade. Apesar de menos frequente, a avaliação mg/kg/dia ou acima de 40 mg/m2/h ou acima de 3,5
inicial deve afastar a presença de causas secundárias, g/24 h/1,73 m2 ou índice proteinúria/creatininúria
como doenças sistêmicas, infecções, neoplasias e (IPC) acima de 2,0; e
uso de medicamentos. - Hipoalbuminemia - albumina sérica abaixo de 2,5
g/dl; e
Histologicamente, a SNI revela apagamento - Hiperlipidemia (colesterol total igual ou acima de
difuso dos podócitos à microscopia eletrônica e alte- 240 mg/dl ou triglicerídios igual ou acima 200 mg/dl.
rações mínimas à microscopia ótica, sendo então dife-
renciada em síndrome nefrótica por lesões mínimas Além destes critérios, causas secundárias
(SNLM) ou glomeruloesclerose segmentar e focal. devem ser afastadas e, para isso, as sorologias para
doenças infecciosas (HBsAg, anti-HCV e anti-HIV) e
o fator antinuclear (FAN) devem ser negativos.
Até 1940, a taxa de mortalidade de crianças Também deve ser excluído o uso de medicamentos
com SN era cerca de 40%, principalmente devido à (por exemplo, anti-inflamatórios não esteroides, ouro,
ocorrência de infecções, mas foi significativamente penicilamina e captopril).
reduzida com a introdução do tratamento com glico-
corticoides e antibióticos. O prognóstico a longo
prazo tem melhor correlação com a resposta à terapia A BIÓPSIA RENAL ESTÁ INDICADA NOS
com corticosteroide do que com os achados histoló- SEGUINTES CASOS:
gicos. Os pacientes que respondem à terapia com
glicocorticoide têm excelente prognóstico e raramen- • Em pacientes com hematúria macroscópi-
te evoluem para insuficiência renal. ca ou hipertensão sustentada, ou complemento
sérico diminuído;
Os pacientes com SN podem ser definidos
por sua resposta à terapia inicial em sensíveis • Em pacientes com SNRC, isto é, com
(SNSC) ou resistentes ao corticosteroide (SNRC). ausência de resposta a prednisona oral por 8
Entre os sensíveis, a maior parte apresenta SNLM, semanas ou a prednisona oral por 4 semanas mais
embora GESF possa ocorrer. Entre os resistentes, a pulsoterapia com metilprednisona intravenosa (3 a
maioria apresenta GESF, e a minoria, SNLM. Os que 6 pulsos em dias alternados);
não respondem ao curso inicial de glicocorticoide
devem ser submetidos à biópsia renal para determinar • Em pacientes com menos de 1 ano de
o diagnóstico histológico e orientar novas escolhas idade, nos quais a incidência de SN congênita
terapêuticas. com lesão histológica de tipo finlandês e esclero-
se mesangial difusa predomina. Pacientes com
Dados epidemiológicos mostram que a estes achados não respondem a nenhuma terapia;
incidência anual de SN é estimada em 2-7 novos
casos por 100.000 crianças e a prevalênciaé de 16 • Em pacientes com mais de 8 anos, quando
casos por 100.000 crianças. O pico de apresentação a possibilidade de SNLM é menor, podendo-se
da SN é aos 2 anos de idade e 70%-80% dos casos optar pelo tratamento inicial para avaliar sensibili-
ocorrem em crianças com menos de 6 anos dade ao corticosteroide ou biopsiá-los já inicial-
mente. Adolescentes devem ser biopsiados
precocemente, já que a possibilidade de outro
diagnóstico que não SNLM aumenta com a idade.
1031
PEDIATRIA
PEDIATRIA
TRATAMENTO INICIAL
1032
mente. Biópsias de rim seriadas demonstraram o apa-
CICLOFOSFAMIDA recimento de lesões histológicas decorrentes da
nefrotoxicidade sem evidências clínicas de compro-
A ciclofosfamida é um agente alquilante que metimento da função renal. Assim, alguns autores
pode induzir remissões mais duradouras do que sugerem biopsiar pacientes assintomáticos após 18
prednisona em pacientes com recidivas frequentes meses de tratamento, independentemente da eleva-
ou dependentes de corticosteroides. ção da creatinina sérica, para afastar lesões causa-
das pelo uso prolongado do medicamento. A tendên-
Dados da literatura sugerem que a terapia cia atual é biopsiar cada vez menos. Biópsias de
com ciclofosfamida aumenta a remissão sustentada monitoramento justificam-se apenas se o paciente
nos pacientes com recidivas frequentes ou depen- vem apresentando aumentos de creatinina não
dentes de corticosteroide em 67%-93% em 1 ano, responsivos à redução da dose de ciclosporina.
em 36%-66% em 5 anos e em aproximadamente
25% em 10 anos. Pacientes que recidivam após a retirada de
ciclosporina frequentemente respondem mal a um
A resposta a ciclofosfamida é maior nos segundo ou terceiro curso de tratamento. O uso de
pacientes com recidivas frequentes do que nos uma baixa dose de prednisona em dias alternados,
dependentes de corticosteroide. Setenta por cento em combinação com ciclosporina pode ser uma
daqueles com recidivas frequentes tiveram remissão melhor opção para estes pacientes.
prolongada após um curso de ciclofosfamida oral por
8 semanas enquanto a remissão ocorreu em apenas
30% dos dependentes de corticosteroide. SÍNDROME NEFRÓTICA RESISTENTE AO
CORTICOSTEROIDE - SNRCSÍNDROME NEFRÓTICA
Em pacientes com sinais de toxicidade pelo RESISTENTE AO CORTICOSTEROIDE - SNRC
uso de corticosteroide, um curso de 12 semanas de
ciclofosfamida oral na dose de 2 mg/kg/dia é indica- A SNRC é definida pela ausência de resposta
do, por ter menos risco de efeitos adversos e facilida- ao tratamento inicial com prednisona oral na dose de
de de administração. 60 mg/m2/dia ou 2 mg/kg/dia por 8 semanas ou
prednisona durante 4 semanas, seguido de pulsote-
rapia com metilprednisolona em 3 doses de 1.000
mg/1,73 m2 ou 20-30 mg/kg em dias alternados por
3-6 doses. Nestes casos, a biópsia renal está indica-
da.
CICLOSPORINA
CICLOFOSFAMIDA
A ciclosporina é eficaz em induzir ou manter a
remissão em pacientes com recidivas frequentes ou Inexistem dados que demonstrem um efeito
dependentes de corticosteroides. Hipercolesterole- benéfico de agentes alquilantes em crianças com
mia pode inibir a eficácia do medicamento, requeren- SNRC. Remissões parciais ou completas foram rela-
do doses mais elevadas para atingir resultados tadas em 20% dos casos após um curso de ciclofos-
semelhantes. famida, o que é semelhante à taxa de remissão
espontânea em pacientes não tratados ou naqueles
A remissão induzida por ciclosporina, entre- que continuam a receber tratamento com corticoste-
tanto, não é duradoura e a maioria dos pacientes terá roide isoladamente.
uma recidiva dentro dos primeiros meses após a
interrupção do tratamento. Assim, seu uso pode ser Um estudo randomizado do International
necessário durante longos períodos, expondo os Study of Kidney Disease in Children (ISKDC) compa-
pacientes a uma potencial nefrotoxicidade. Os níveis rou ciclofosfamida mais prednisona versus predniso-
séricos de creatinina devem ser monitorados regular- na isoladamente em pacientes com SNRC e GESF.
1033
PEDIATRIA
PEDIATRIA
1034
ACOMPANHAMENTO PÓS-TRATAMENTO
Fontes:
Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas - Síndrome Nefrótica Primária em Crianças
e Adolescentes
1035
PEDIATRIA
PEDIATRIA
SÍNDROME NEFRÍTICA
A
glomerulonefrite difusa aguda (GNDA) ou
glomerulonefrite pósestreptocócica (GNPE) é o
3- Hematúria macroscópica: presente em
exemplo clássico da síndrome nefrítica aguda. É aproximadamente 25 a 35% dos casos e microscópica
uma doença aguda de base imunológica, carac- observada em praticamente todos os casos na forma
terizada pelo processo inflamatório que acomete persistente ou intermitente.
todos os glomérulos de ambos os rins. Juntamente
com a febre reumática, é considerada uma sequela
tardia, e não supurativa, de uma infecção estreptocó-
cica prévia. Clinicamente é caracterizada pela tríade DIAGNÓSTICO
clássica: edema, hipertensão e hematúria. O quadro
clínico completo inclui oligúria, queda do ritmo de Diante de um paciente com síndrome nefrítica,
filtração glomerular e proteinúria. a primeira ação diagnóstica deve ser tentar encontrar,
pela anamnese e exame físico, a presença de manifes-
A GNPE pode ocorrer de forma esporádica ou tações extrarrenais que possam indicar uma etiologia
durante epidemia pelos estreptococos beta-hemolíti- específica (p.ex.,rash malar e artrite para o lúpus erite-
co do grupo “A”.O sexo masculino, em geral, é mais matoso). Caso a síndrome nefrítica seja a única condi-
acometido, na proporção 2:1, embora alguns autores ção do paciente, o médico deve perguntar a ele sobre
relatam que quando o processo é secundário à faringite ou piodermite prévias recentes, verificar se o
estreptococcia cutânea, não há predomínio de sexo. É período entre as infecções estreptocócicas prévias e
rara em menor de 2 anos, cerca de 5%, atingindo o o início dos sintomas da GNDA é compatível.
pico ao redor dos 7 anos
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Alterações urinárias: Densidade urinaria é con-
servada ou mesmo elevada. A proteinúria é discreta a
A história típica é precedida de infecção moderada. No sedimento existe hematúria, leucocitú-
estreptocócica e o intervalo entre a ocorrência da ria e cilindrúria (hemáticos e granulosos).
estreptococcia e a glomerulonefrite é, geralmente, de
10 a 20 dias (no máximo seis semanas) após o quadro Bioquímica sérica: Os níveis de ureia e creati-
inicial. nina podem estar elevados. A função tubular costuma
estar preservada.
Os sinais e sintomas na GNDA são bastante
diversos, podendo incluir casos assintomáticos com Hiponatremia, acidose metabólica e hipercale-
evidência subclínica (edema subclínico, hipertensão e mia podem ocorrer quando a queda no ritmo de filtra-
complemento diminuído) ou laboratorial de envolvi- ção glomerular for importante, causando insuficiência
mento renal (hematúria microscópica). Na maioria das renal aguda.
vezes, o paciente encontra-se em bom estado geral,
com queixas vagas como indisposição, inapetência, Hemograma e Perfil de Coagulação: Anemia
cefaleia e edema periorbital. Outros sintomas, menos decorrente da expansão do volume, que gera leve
diluição da concentração de hemoglobina.
frequentes, podem acompanhar o quadro, como
mal-estar, letargia, cólicas abdominais ou dor nos Plaquetopenia transitória pela diminuição da
flancos, hipertermia e vômitos. meia-vida plaquetária. Fatores de coagulação possi-
velmente alterados, com diminuição do fator XIII e
O quadro clínico clássico constitui-se de: alfamacroglobulina, diminuição do nível e da atividade
da antitrombina III e aumento discreto da alfa-1-anti-
1- Edema: aparece em 85% dos casos com
intensidade variável, geralmente leve, frio, mole e
tripsina.
gravitacional, sendo mais evidente em região
periorbitária e no período matutino, mas pode atingir
as extremidades inferiores e as regiões lombar ou
genital;
1036
Diuréticos: Estão indicados nos pacientes com
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL hipervolemia com sintomas congestivos ou repercus-
são hemodinâmica (taquicardia, B3, taquidispnéia,
creptações pulmonares, hepatomegalia, ingurgita-
• Glomerulonefrite membranoproliferativa mentos venosos). Nos casos graves, usa-se 1 a 2
(GNMP); mg/kg/dose por via endovenosa, quanto for necessá-
• outras glomerulonefrites pós-infecciosas rio.
(p.ex., endocardite bacteriana aguda);
• Glomerulonefrite lúpica; Hipotensores: Nas hipertensões mais graves, com
• Glomerulonefrite rapidamente progressiva; níveis pressóricos mais de 20mmHg acima do
• Púrpura de Henoch-Schönlein (PHS); percentil 95 para a idade e estatura, iniciar nifedipina-
• Doença de Berger (Nefropatia por IgA). retard na dose de 1 a 2 mg/Kg/dose, VO, a cada 12
horas. A anlodipina, em dose única ou fracionada em
Todas essas condições podem ser facilmente duas doses, é uma boa alternativa à nifedipina. Os
excluídas por critérios clínicos e laboratoriais, com IECAs (captopril ou enalapril) são a terapêutica de
exceção da GNMP, que pode ocorrer após infecções segunda escolha para controle da hipertensão.
estreptocócicas em crianças e ainda apresentar um
padrão semelhante de ativação da via alternada do Insuficiência renal: A insuficiência renal na GNPE,
complemento. A GNMP pode ser suspeitada caso em geral, é transitória e de curta duração. No entanto,
haja proteinúria nefrótica, ou caso a hipocomplemen- quando severa e duradoura, podem ocorrer hiperca-
temia persista por mais de oito semanas. lemia, hipocalcemia, hiperfosfatemia e acidose meta-
bólica.A hipercalemia leve, sem alterações ecocardio-
gráficas, pode ser conduzida com restrição dietética
TRATAMENTO de potássio e uso de furosemida. Podem ser utiliza-
das também a resina trocadora de cálcio pelo potás-
O tratamento da GNDA é geralmente sintomá- sio (Sorcal 0,5 a 1 mg/kg até 4 a 6 horas), a glicose
tico e ambulatorial. A hospitalização do paciente nem hipertônica a 25% (1 a 3 mL/kg/h), junto com a insuli-
sempre é obrigatória, tornando-se necessária em na (3 U/3 a 5 g de glicose), e o bicarbonato de sódio
casos de complicações. É indicada a avaliação diária a 3% (2 mEq/kg IV em 10 a 15 minutos). Na presença
do paciente, visando reconhecer a evolução do de hipercalemia severa, com alterações eletrocardio-
edema e o peso, com controle da pressão arterial e do
débito urinário. gráficas graves, como ausência de onda P, alarga-
mento de complexo QRS e arritmias, deve-se acres-
Repouso: Deve ser limitado pelo próprio paciente. É centar o gluconato de cálcio a 10% (0,5 a 1 mL/kg IV,
recomendado enquanto persistirem a hematúria 5 a 10 minutos, com monitoração eletrocardiográfica)
macroscópica, a hipertensão e o edema. e indicar a diálise. A diálise peritoneal remove efetiva-
mente o potássio corpóreo e está indicada nas
Dieta: A restrição dietética é importante durante a seguintes situações clínicas: anúria com duração de
fase de oligúria, edema e hipertensão. Superada a 48 horas, sobrecarga de volume (resultando em insu-
fase aguda, a dieta é gradativamente transicionada ficiência cardíaca congestiva), acidose metabólica
para a dieta comum. intratável, hipercalemia refratária ao tratamento,
A restrição hídrica está indicada e o volume hídrico uremia sintomática, pericardite urêmica e hiponatre-
prescrito depende da gravidade do quadro clínico, mia grave.
oferecendo-se inicialmente 400 mL/m2 /dia (ou 20
mL/kg/dia) para cobrir as perdas insensíveis. Adicio- INDICAÇÕES DE BIÓPSIA RENAL
na-se a esse volume inicial uma fração gradualmente
maior de volume, dependendo do débito urinário de • Oligoanúria com duração maior que 48 a 72
24 horas e da melhora do edema e da hipertensão horas;
arterial. A ingestão de sódio deve ser diminuída • Oligúria e/ou azotemia persistente por mais
(menos que 2g de NaCl/m²/dia). A restrição proteica de 4 semanas;
está indicada quando a filtração glomerular permane- • Hipertensão arterial persistente por mais de
4 semanas;
cer muito diminuída (ureia maior que 150mg/dL ou • Hematúria macroscópica por mais de 4
sintomas urêmicos). Devem ser prescritas dietas com semanas;
baixo teor proteico (0,5 g/kg/dia) e a restrição de • Complemento total e frações
potássio deve ser iniciada apenas em presença de persistentemente baixas por mais de 8 semanas;
oligúria importante (diurese < 240 mL/m2 /dia), isto é, • Proteinúria nefrótica (> 50 mg/kg/dia)
nos primeiros 2 a 3 dias de doença. presente por mais de 4 semanas.
Antibióticos: Utiliza-se penicilina benzatina nas Pacientes com história anterior sugestiva de
doses de 600.000 UI para crianças menores de 25 kg nefropatia ou antecedentes familiares sugestivos de
e 1.200.000 UI para maiores de 25 kg dose única ou,
Amoxacilina 50 mg/Kg/dia, VO, por 10 dias, ou, nos afecções renais hereditárias devem ser observados
alérgicos à penicilina, usase eritromicina na dose de com atenção e eventualmente biopsiados, se apre-
30 a 40 mg/kg/dia, VO, por 10 dias. A antibioticotera- sentarem evolução atípica.
pia não altera a evolução da doença, mas evita a
disseminação da cepa nefritogênica para outras crian- Fontes:
http://www.sociedadepediatriato.com.br/wp-content/uploads/2016/0
ças. 7/PROTOCOLO-DE-SINDROME-NEFRITICA-final.pdf
1037
PEDIATRIA
PEDIATRIA
DESNUTRIÇÃO
A
Desnutrição é uma doença de natureza clínico- Desenvolve-se a desnutrição proteico-calórica
-social multifatorial cujas raízes se encontram quando a criança não obtém de seus alimentos
na pobreza. A desnutrição grave acomete suficiente energia ou proteínas para satisfazer suas
todos os órgãos da criança, tornando-se crônica e necessidades nutricionais. Uma criança com antece-
levando a óbito, caso não seja tratada adequadamen- dentes de doenças agudas frequentes também pode
te. Pode começar precocemente na vida intra-uterina desenvolver desnutrição proteico-calórica. O apetite
(baixo peso ao nascer) e frequentemente cedo na da criança diminui e o alimento que consome não é
infância, em decorrência da interrupção precoce do utilizado eficazmente. Neste tipo de desnutrição:
aleitamento materno exclusivo e da alimentação com-
plementar inadequada nos primeiros 2 anos de vida, • A criança pode sofrer emagrecimento acentuado
associada, muitas vezes, à privação alimentar ao longo (marasmo).
da vida e à ocorrência de repetidos episódios de doen- • A criança pode desenvolver edema (kwashiorkor).
ças infecciosas (diarréias e respiratórias). Isso gera a • A criança pode associar o edema com o emagreci-
mento acentuado (kwashiorkor-marasmático).
1038
secundários, pode-se encontrar: cegueira e cicatrizes meses de idade. As crianças apresentam maior risco
córneas. de deficiência de ferro entre 9 e 18 meses de idade,
A instalação da deficiência de ferro ocorre de maneira um período de crescimento rápido, quando os esto-
gradual. Os sinais e sintomas surgem lentamente, ques de ferro estão reduzidos e a ingestão de ferro na
guardando relação com os estágios de depleção de dieta é frequentemente inadequada. Esta também é
ferro corporal. De um modo geral, quando as primeiras uma fase de crescimento rápido do cérebro, desen-
manifestações surgem, a anemia já é moderada. Os volvimento de conexões neuronais e realização de
sinais e sintomas mais frequentes encontrados nas importantes passos do desenvolvimento.
crianças são: palidez cutaneomucosa, anorexia, apatia,
irritabilidade, perversão do apetite, redução da capaci-
dade de atenção, dispneia aos esforços, além do
prejuízo do desenvolvimento físico e maior susceptibili-
dade para as infecções respiratórias e gastrointesti-
nais.
1039
PEDIATRIA
PEDIATRIA
1040
Dar o diagnóstico antropométrico, que consiste em:
DESNUTRIÇÃO GRAVE
• Interpretar os pontos registrados para os indicado- Caso a criança tenha emagrecimento acentua-
res de crescimento, e identificar um crescimento adequado do visível, edema em ambos os pés, ou apresente
e problemas de crescimento, comparando essas medidas sinais clínicos de marasmo ou kwashiorkor, classifi-
com curvas de referência apropriadas.
que como DESNUTRIÇÃO GRAVE. As crianças
classificadas como desnutrição grave correm o risco
• Interpretar a tendência das curvas e determinar se a crian-
de morte por pneumonia, diarreia e outras doenças
ça:
- Está crescendo adequadamente.
graves. Dar megadose de vitamina A, tratar a hipogli-
- Tem um problema de crescimento. cemia, recomendar à mãe que mantenha a criança
- Está em risco de ter um problema de agasalhada e referir urgentemente ao hospital.
crescimento.
TRATAMENTO HOSPITALAR DA CRIANÇA
COM DESNUTRIÇÃO GRAVE
FASE I – INICIAL/ESTABILIZAÇÃO
FASE II – REABILITAÇÃO
1041
PEDIATRIA
PEDIATRIA
ANEMIA CARENCIAL
FERROPRIVA
A
anemia ferropriva é a carência nutricional mais
prevalente no mundo, acarretando prejuízos a
curto e longo prazo no desenvolvimento neu-
ropsicomotor e na aprendizagem, além de comprome-
timento na resposta do sistema imunológico.
1042
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DA ANEMIA DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DA
CARENCIAL FERROPRIVA DEFICIÊNCIA DE FERRO
Segundo a Organização Mundial da Saúde, O estado nutricional de ferro pode ser avalia-
define-se anemia, para crianças menores de cinco do por outros exames laboratoriais, em acréscimo ao
anos e gestantes, como níveis de hemoglobina inferio- hemograma. Os vários testes disponíveis frequente-
res a 11 g/dl. Para as crianças de 5 a 11 anos, o diag- mente refletem diferentes aspectos do metabolismo
nóstico de anemia é feito quando a hemoglobina é do ferro: deficiência de ferro armazenado (ferritina);
menor que 11,5 g/dl; para adolescentes de 12 a 14 deficiência de ferro em transporte (dosagens de
anos e para mulheres não-grávidas, abaixo de 12 g/dl; transferrina, índice de saturação da transferrina,
e, finalmente, para adultos do sexo masculino acima protoporfirina eritrocitária livre e do receptor de trans-
de 15 anos, abaixo de 13 g/dl. ferrina). O alto custo destes exames e a dificuldade
de laboratórios em realizá-los restringem seu uso
Para avaliação da anemia associada à deficiên- rotineiro.
cia de ferro, a análise qualitativa e quantitativa dos
glóbulos vermelhos, assim como a microcitose (avalia-
da pelo volume corpuscular médio – VCM) e a hipo- FERRITINA
cromia (avaliada pela hemoglobina corpuscular média
A ferritina é o parâmetro bioquímico mais
– HCM) são indicadores úteis.
específico, pois se correlaciona com o ferro corporal
total. As baixas concentrações indicam depleção do
A amplitude de variação do tamanho dos eritró-
depósito de ferro na ausência de processos infeccio-
citos (red-cell distribution width – RDW) consiste em
sos vigentes. Cada µg/l de ferritina sérica representa
índice de variação do tamanho dos glóbulos verme-
cerca de 8 a 10 µg de ferro armazenado. Os valores
lhos e pode ser utilizada para identificar anisocitose.
de referência de ferritina para identificação de defici-
Os valores de RDW, fornecidos por equipamentos
ência nos estoques de ferro variam de 10 a 16
automatizados, oscilam entre 11,5 e 14,5%. Valores
µg/l12.
superiores a 14,5% podem ser encontrados em indiví-
duos com deficiência de ferro, sendo úteis para diag-
nóstico de anemia ferropriva. CAPACIDADE TOTAL DE LIGAÇÃO DO FERRO
A capacidade total de ligação do ferro (CTLF)
A redução percentual de reticulócitos indica
aumenta na deficiência de ferro, mas diminui na infla-
produção deficiente de eritrócitos. Na vigência de
mação. Entretanto, pode se encontrar na faixa de
processos infecciosos a redução de hemoglobina,
normalidade quando a inflamação e a deficiência de
comumente observada, não reflete deficiência de
ferro coexistem. A CTLF pode aumentar antes mesmo
ferro.
de as reservas de ferro estarem completamente
depletadas. Consiste em exame bioquímico menos
sensível que a ferritina. A faixa normal de CTLF con-
siste em 45 a 70 µmol/l, ou 250 a 390 µg/dl15.
1043
PEDIATRIA
PEDIATRIA
RECEPTOR DE TRANSFERRINA
1044
Em crianças com manifestações gastrointesti- programa. Esse fato explica por que os índices de
nais associadas a preparações com ferro na forma de anemia continuam em ascensão, apesar de sucessi-
sais (sulfato, fumarato e gluconato) podem ser utiliza- vos programas de combate à doença.
dos medicamentos que contêm ferro aminoácido
quelato ou hidróxido de ferro polimaltosado. A prevenção da anemia carencial ferropriva é
extremamente importante, visto que representa a
A absorção do ferro eleva-se nas primeiras carência nutricional mais prevalente em nosso meio e
semanas de tratamento. Estima-se absorção de 14%, que a instalação da doença determina a ocorrência
7% e 2% na primeira semana, terceira semana e após de efeitos deletérios a curto e longo prazo.
quatro meses de tratamento, respectivamente. Asso-
ciado ao tratamento medicamentoso, deve-se orien- Fontes:
tar o consumo de alimentos com quantidade e biodis- http://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/img/documentos/do-
ponibilidade elevadas de ferro, garantindo educação c_anemia_carencial_ferropriva.pdf
PREVENÇÃO
1045
PEDIATRIA
PEDIATRIA
DISTÚRBIOS DE RITMO
EM PEDIATRIA
O
Os distúrbios do ritmo cardíaco ocorrem como mias, em que a amplitude pode estar diminuída,
resultado de anormalidades ou lesões do siste- mesmo na ausência de baixo débito cardíaco, devido
ma de formação e condução intracardíacos ou à restrição ao enchimento diastólico (redução do
do miocárdio contrátil. A identificação das arritmias tempo de diástole) e consequente diminuição do
que se apresentam como urgência ou emergência em volume sistólico ventricular. É, portanto, arriscado
Pediatria não requer conhecimentos significativos de tomar a baixa amplitude de pulso como indicativo
eletrocardiografia. Para definir uma conduta terapêuti- isolado de instabilidade hemodinâmica nas taquicar-
ca inicial, basta saber diferenciar, pela avaliação clínica dias.
rápida, entre bradiarritmias, taquiarritmias e ritmos sem
pulso ou de parada. No caso das taquicardias, impor- Em pacientes graves ou que apresentem fato-
tantes informações adicionais serão extraídas do res de risco para arritmias, é mandatória a monitoriza-
ção eletrocardiográfica contínua. Nesse grupo estão
incluídos todos os pacientes em tratamento intensivo
por choque, insuficiência respiratória ou outras
disfunções vitais, pós-reanimação, depressão do sen-
sório ou durante anestesia geral e sedação profunda.
É importante destacar que, nesses casos, a monitori-
zação com um saturímetro não dispensa o uso da
monitorização eletrocardiográfica e que esta não
elimina a necessidade da avaliação clínica intermiten-
te e frequente.
1046
ma de formação ou condução do estímulo elétrico.
Nesses casos, o emprego de cronotrópicos em infu-
são contínua (dopamina, adrenalina, isoproterenol) é
uma tentativa de estabilização do paciente, permitindo
algum tempo para discussão e obtenção de alternati-
vas terapêuticas mais definitivas. O marca-passo tem-
porário (transcutâneo, transesofágico, transvenoso) é
uma opção de estabilização viável nos casos em que a
terapia medicamentosa falhar. Nesses casos, é eleva-
do o risco da necessidade do marca-passo definitivo.
A experiência em Pediatria é, entretanto, limitada e o
emprego de marca-passo temporário não mostra
utilidade nos casos de bradicardia associada a sofri-
beta-bloqueador. mento cardíaco por hipóxia, acidose ou choque.
1047
PEDIATRIA
PEDIATRIA
- acesso venoso ou IO
- ECG de 12 derivações, desde que não atrase o tratamento
Comprometimento
Não Comprometimento cardiorrespiratório:
cardiorrespiratório persiste? - hipotensão
Sim - confusão mental
- sinais de choque
1048
Merecem destaque as situações de taquicar-
dia sinusal desenvolvidas no paciente grave em hipó-
TAQUIARRITMIAS
xia, acidose, insuficiência cardíaca e estado de
Ao se identificar um ritmo rápido para a idade choque. Nesses casos, a instabilidade existente e os
(taquiarritmia), será necessário identificar ao ECG o altos valores de frequência cardíaca alcançados
tipo de QRS encontrado, que com duração < 0,09s podem tornar mais difícil o diagnóstico diferencial
é classificado como estreito, enquanto aquele com com a taquicardia supraventricular (identificação mais
duração > 0,09s é considerado alargado. difícil de P no traçado). O tratamento é voltado para a
reversão da causa, não tendo algum sentido o empre-
go de drogas para redução da FC.
TAQUIARRITMIAS DE COMPLEXO ESTREITO:
TAQUICARDIA SINUSAL TAQUIARRITMIAS DE COMPLEXO ESTREITO:
É uma resposta fisiológica a várias situações, TAQUICARDIA SUPRAVENTRICULAR (TSV)
normais ou patológicas, vividas pelo organismo. Entre
Sob essa denominação, poderíamos incluir
as causas possíveis, destacam-se: ansiedade, irritabi-
grande variedade de taquiarritmias, com diferentes
lidade, dor, choro, esforço físico, febre, hipertermia,
mecanismos eletropatológicos. Interessa-nos, entre-
anemia, hipervolemia, infecção, insuficiência cardíaca
tanto, a TSV por reentrada envolvendo o nodo A-V, que
congestiva (ICC), hipóxia, acidose, choque, uso de
é a mais relevante em Pediatria, tanto pela sua frequên-
drogas adrenérgicas, hipertireoidismo e feocromoci-
cia quanto pela potencial gravidade. Essa forma de
toma, entre outras.
taquicardia representa cerca de 95% das TSVs em
qualquer faixa etária pediátrica. Na maioria dos casos,
As características eletrocardiográficas
não existem alterações estruturais nas condições
incluem uma variabilidade de batimento para batimen-
associadas à TSV por reentrada em nodo A-V, sendo
possível, entretanto, a associação com anomalia de
Ebstein, L-Transposição dos grandes vasos da base,
CIV, CIA, estenose aórtica, fibroelastose endocárdica,
coarctação de aorta, tetralogia de Fallot, atresia tricús-
pide, etc.
1049
PEDIATRIA
PEDIATRIA
1050
sendo a sua eficácia diminuída em hipóxia, choque,
PACIENTES INSTÁVEIS hipoglicemia, hipotermia e acidose. O sincronismo
significa que a energia ou corrente está sendo libera-
O tratamento do paciente instável deve ser da durante a ativação ventricular (QRS), fugindo
realizado por CES ou pelo bolus de adenosina. A propositalmente do período refratário relativo do mio-
opção será feita pela alternativa que permitir o trata- cárdio (descendente da onda T). Nesse período, a
mento mais rápido. Não se deve retardar além de 30 estimulação elétrica externa pode provocar taquicar-
segundos o procedimento da CES para tentativa de dia ou mesmo fibrilação ventricular. Todo cuidado
deve ser, assim, tomado na seleção do modo sincro-
punção venosa, sedação, intubação ou preparação
nizado, durante o preparo do aparelho. As manobras
do bolus de adenosina.
vagais podem ser realizadas até que o tratamento
escolhido esteja disponível para uso, não retardando
A CES consiste na despolarização sincroniza- assim o seu início.
da de uma massa crítica de miocárdio, o que inter-
rompe os mecanismos das taquiarritmias e permite ao A amiodarona e a procainamida estão indica-
nodo sinusal reassumir, na sequência, o controle do das nos casos refratários à CES e/ou à adenosina e
ritmo cardíaco. Quanto maior a corrente que atraves- naqueles que recorrem a curtos intervalos. Mesmo
sa o miocárdio, maiores as chances de sucesso da sem o diagnóstico exato da taquiarritmia, é importan-
cardioversão. Logo, os esforços para redução da te destacar que a CES sempre constituirá a primeira
impedância do sistema pás-parede torácica são escolha de tratamento nos pacientes instáveis, sendo
importantes para otimizar o procedimento. Assim realizada da maneira habitual.
sendo, a escolha do tamanho adequado das pás, o
uso de meio condutor em sua superfície e a firme 1. Monitorizar ritmo pelo sistema de eletrodos, conectando o monitor ao
aplicação das pás à superfície torácica propiciam desfibrilador. Alguns aparelhos detectam o ritmo por meio das próprias pás.
mais chances de sucesso. O “meio-ambiente” mio- 2. Aplicar pasta ou substância condutora nas pás (usar pás de 4,5 cm para
menores de um ano e pás de 8 ou 13 cm para maiores de um ano). Não
cárdico também interfere no êxito da intervenção, permitir que o meio condutor escorra entre as pás (risco de curto-circuito com
perda de corrente).
3. Ligar o equipamento (monitor e defibrilador).
4. Ligar o modo sincronizado na cardioversão sincronizada. Não ligar o modo
sincronizado na desfibrilação.
5. Checar pelo piscar do “LED” (ou equivalente) que os QRS estão sendo
detectados corretamente pelo equipamento – importante na cardioversão
sincronizada.
6. Selecionar e carregar a energia a ser dada: 0,5 a 1,0 J/kg para cardioversão
sincronizada e 2-4 J/kg para desfibrilação. Deve-se dobrar a dose na segunda
tentativa (até 2 J/kg na cardioversão sincronizada e 10 J/kg na desfibrilação).
7. Colocar as pás na posição adequada (região infraclavicular direita; linha
axilar anterior, à esquerda do mamilo esquerdo). Não permitir contato entre as
pás (risco de circuito com perda de corrente); rechecar o ritmo ao monitor
antes do disparo.
11. Se a arritmia persiste, repetir o procedimento com dose dobrada ou, se for
o caso, após medicação específica.
Obs:
. O meio de interface entre pás e superfície torácica deve ser o gel condutor. gel
de ultrassom e gaze embebida em álcool são maus condutores; o
álcool aumenta o risco de queimadura da pele. gaze embebida em soro fisiológi-
co pode ser usada, desde que o soro não escorra entre as pás, o que
fecha um curto-circuito e diminui a eficiência da cardioversão.
. caso as pás pediátricas não estejam disponíveis, ainda assim é possível a
cardioversão de crianças menores com as pás de adulto posicionadas de
maneira alternativa: tórax anterior (borda esternal esquerda média) e dorso
(região paravertebral esquerda).
1051
PEDIATRIA
PEDIATRIA
ondas P não são usualmente visíveis; quando presen-
TAQUIARRITMIAS COM QRS ALARGADO tes, nota-se nítida dissociação em relação ao QRS.
(DURAÇÃO > 0,09S) Irregularidade no espaçamento do QRS e outros
acidentes na linha de base do traçado, como as
Diante de taquiarritmia com QRS alargado, ondas “em dente de serra” do flutter atrial, eliminam a
está- -se lidando, muito provavelmente, com a taqui- TV como possibilidade de diagnóstico.
cardia ventricular (TV) que, por conceito, envolve
Uma morfologia específica de TV merece des-
estruturas cardíacas abaixo da bifurcação do feixe de
taque, a que caracteriza a “torsades de pointes” –
His. Numa abordagem prática, serão tratadas todas as
típica da síndrome do QT longo: QRS bizarro com
taquiarritmias regulares de QRS alargado como sendo amplitude e polaridade variáveis como se as ondas se
uma TV, desde que não existam outros acidentes na torcessem em torno da linha de base. No ECG de
linha de base do traçado, como as ondas “em dente base, observa-se alargamento do intervalo QTc
de serra” do flutter atrial. Tal procedimento, num con- (acima de 0,44-0,46s). A TV apresenta duração variá-
texto emergencial, não implica risco adicional para o vel, denominando- -se sustentada a que ultrapassa
paciente. É importante lembrar que o limite superior de 30 segundos de duração. Pode reverter-se esponta-
0,09s para o QRS em crianças é uma simplificação neamente e recorrer mais à frente. O caráter é,
prática e que nem sempre se tem a nítida extrapolação frequentemente, paroxístico e o quadro clínico varia
desse valor na TV, particularmente nos lactentes; o dentro de um espectro de gravidade de maneira simi-
lar ao já descrito na TSV. A forma de tratamento
depende da condição clínica do paciente.
CONDIÇÕES AGUDAS
- hipóxia, acidose, hipercalemia, hipermagnesemia, hipocalcemia, hipoglicemia;
hipotermia;
1052
(amiodarona, procainamida ou lidocaína), diminuindo a
ABORDAGEM DO PACIENTE SINTOMÁTICO chance de recorrência da arritmia após a cardioversão.
ESTÁVEL Não se deve retardar o procedimento da CES para
tentativa de punção venosa, sedação, intubação ou
Como algumas variedades de TV funcionam preparação do bolus das medicações. Respondendo o
como marcadores para cardiopatias estruturais paciente à cardioversão, será mantida infusão contínua
graves ou podem deteriorar para frequências perigo- de alguma das medicações citadas. A duração da infu-
samente altas, até mesmo para fibrilação ventricular, são dependerá de cada caso (tanto mais longa, quanto
deve ser tomado cuidado especial na abordagem maior a gravidade e a chance de recorrência da arrit-
desses pacientes, ainda que se apresentem estáveis mia). No caso da TV do tipo “torsades de pointes”, o
hemodinamicamente. As mesmas medidas gerais tratamento será feito da forma já descrita.
descritas na TSV serão aqui adotadas: monitorização,
realização de ECG e contato com o cardiologista. As
manobras vagais não têm utilidade terapêutica nessa
situação.
Nos casos associados a condições reversíveis,
devem ser feitos identificação e tratamento específi-
co da causa. A cardioversão será tentada a partir da
administração de medicamentos, em que, além da
amiodarona e da procainamida (classe IIb), inclui-se a
lidocaína como opção terapêutica, embora de menos
eficácia. Sua maior indicação seria na TV associada à
isquemia miocárdica focal. No caso específico da TV
do tipo “torsades de pointes”, o tratamento deve ser
feito com sulfato de magnésio em bolus – 25 mg/kg
(máximo de 2 g), lento, em 10 a 20 minutos.
PACIENTE INSTÁVEL
1053
PEDIATRIA
PEDIATRIA
- acesso venoso ou IO
- ECG de 12 derivações, desde que não atrase o tratamento
Fontes:
Abordagem prática dos distúrbios de ritmo em pediatria - Hospital das
Clínicas da UFMG – Unidade Funcional Pediatria.
1054
NEOPLASIAS COMUNS
NA INFÂNCIA
D
ados da Organização Mundial da Saúde mutações e rearranjos que se acumulam, secundários
(OMS) apontam que, a cada ano, mais de 150 a dano no DNA que não foram corretamente repara-
mil crianças são diagnosticadas com câncer dos, podem ser resultantes da ativação de um proto-
em todas as regiões do mundo. Estima-se, segundo o -oncogene ou da inativação dos dois alelos de um
Instituto Nacional do Câncer (INCA), que cerca de gene supressor de tumor.
12.600 casos novos de câncer pediátrico sejam diag-
nosticados no Brasil para o ano 2017, com pico de No Brasil, assim como nos países desenvolvi-
incidência na faixa de quatro a cinco anos, e um segun- dos, com o controle das doenças infectocontagiosas
do pico entre 16 e 18 anos. e consequente diminuição da mortalidade por causas
evitáveis na faixa etária pediátrica, o câncer represen-
O câncer pediátrico, comparativamente com o ta a primeira causa de óbito por doença, entre as
do adulto, tende a apresentar menores períodos de crianças e adolescentes de 1 a 19 anos de idade.
latência, crescer quase sempre rapidamente, ser geral- É importante que a detecção do câncer seja realizada
mente invasivo e responder melhor à quimioterapia. em estadiamentos mais localizados, reduzindo assim,
Os tipos de câncer mais comuns na criança e no ado- consideravelmente, as complicações agudas e
lescente são as leucemias, os tumores do sistema tardias do tratamento, além de contribuir para maior
nervoso central e os linfomas. percentagem de cura. Portanto, a taxa de sobrevida,
a qualidade de vida, bem como a relação efetividade/-
custo da doença é maior quanto mais precoce for o
diagnóstico do câncer.
1055
PEDIATRIA
PEDIATRIA
1056
estar presentes, além de sinais de compressão da
veia cava superior.
TUMOR DE WILMS
1057
PEDIATRIA
PEDIATRIA
mesma faixa etária do osteossarcoma, mas não tem
relação com o estirão do crescimento. Geralmente
envolve a diáfise dos ossos longos (fêmur, fíbula, tíbia
e úmero), mas pode acometer também ossos chatos.
Os sinais e sintomas iniciais da doença podem estar
presentes por longo período antes do diagnóstico. O
paciente apresenta dor, aumento de volume, calor e
rubor local. A febre pode estar presente (30%), fazen-
do diagnóstico diferencial com quadros infecciosos
(osteomielite).
1058
TUMORES HEPÁTICOS
Questão 01
Um lactente com 2 anos de idade encontra-se em atendimento no ambulatório de pediatria por
estar apresentando há dois dias, dor a manipulação do ouvido direito e febre (38 graus C). A mãe
relata que a criança frequenta creche desde os 4 meses de idade, quando deixou de ser amamentado
e teve o primeiro episódio de otite média aguda. Este é o quinto episódio em um ano e o último ocorreu
há pouco mais de um mês. Entre os episódios agudos não se observou efusão. As vacinas do paciente
estão em dia. Ao exame físico, apresenta membrana timpânica amarelada e opacificada, com efusão
em ouvido médio direito. De acordo com o quadro clínico descrito, a principal hipótese diagnóstica é:
Questão 02
Uma criança, com dois anos de idade, sexo masculino, é atendida no serviço de Pronto Atendi-
mento. A mãe relata que a criança vem apresentando sintomas de obstrução nasal e secreção hialina
há seis dias, evoluindo com febre (dois picos diários de 38,8 ºC) nos últimos dois dias, irritabilidade,
dificuldade de aceitação da alimentação, sobretudo da mamadeira que é oferecida à noite, após deitar.
O exame físico mostra abaulamento da membrana timpânica esquerda. Qual a principal hipótese diag-
nóstica e a conduta terapêutica?
A) Trata-se de otite média aguda. O uso de antibioticoterapia está indicado, pois o quadro clínico é
compatível com otite média, cuja principal etiologia, nessa idade, é bacteriana. Além disso, a presença
de abaulamento da membrana timpânica sugere a etiologia bacteriana.
B) Trata-se de otite média aguda. O uso de antibioticoterapia está indicado, pois, apesar do abaula-
mento da membrana timpânica ser visto nas otites de etiologia viral e nas de etiologia bacteriana, a anti-
bioticoterapia reduz o tempo de doença.
C) Trata-se de otite média aguda. O uso de medicação sintomática está indicado, pois o quadro clínico
é compatível com otite viral, sendo o abaulamento da membrana timpânica um forte elemento de dife-
renciação a favor da etiologia viral.
D) Trata-se de otite serosa. É indicado, portanto, o uso de antibioticoterapia nessa faixa etária, já que
a presença de abaulamento da membrana timpânica sugere o diagnóstico de otite serosa.
E) Trata-se de otite serosa. É indicado, portanto, o uso de sintomáticos, pois o abaulamento da mem-
brana timpânica, patognomônico da otite serrosa, deverá regridir com essa medida
1061
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 03
Menino com 8 meses de idade é levado à Emergência com quadro de febre alta (39 ºC) há dois
dias. Não aceita alimentação e está irritado. Ao exame, criança em regular estado geral, hidratada, eup-
neica, apresentando temperatura = 39 ºC. Há hiperemia em orofaringe posterior e tonsilas, sendo
observados pontos brancos bilateralmente. Otoscopia mostra, bilateralmente, hiperemia da membrana
timpânica. A ausculta dos campos pulmonares mostra roncos de transmissão. O exame físico não
mostra outros achados anormais. Com base na principal hipótese diagnóstica, a conduta para este
caso é o uso de:
Questão 04
Uma criança do sexo masculino, com 10 anos de idade, previamente hígida, é levada pelos pais
para consulta em Unidade Básica de Saúde. Eles relatam aparecimento de tumoração em região direi-
ta do pescoço da criança há 5 dias, de crescimento progressivo, associado a febre (até 38,5 ºC) e a
dor local. Informam que, há dois dias, a criança reclamou de piora da dor e de aparecimento de calor
e rubor na região, com dificuldade na lateralização do pescoço. Desde o início do quadro, a criança
apresenta mal-estar generalizado e hiporexia. Ao exame físico, apresenta-se em regular estado geral,
febril (38 ºC), corada, hidratada e eupneica, sem alterações ao exame de orofaringe. Identifica-se
presença de tumoração única com 8 cm de diâmetro em região cervical direita, consistência fibroelásti-
ca, móvel, dolorosa à palpação, não aderida a tecido profundo, com hiperemia e calor local. Diante
desse quadro, a hipótese diagnóstica é:
A) Neoplasia.
B) Linfadenite viral.
C) Adenite bacteriana.
D) Mononucleose infecciosa.
1062
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 05
Um bebê com dois meses de vida, com quadro de coriza, obstrução nasal, febre e tosse há 4
dias, é trazido ao Serviço Médico devido à piora dos sintomas há um dia. Ao exame físico, apresenta-se
gemente e com retrações inter e subcostais, e tem murmúrio vesicular diminuído difusamente, com
aumento de tempo expiratório e sibilos esparsos; frequência respiratória = 70 irpm; saturação de O2
= 88% em ar ambiente e frequência cardíaca = 150 bpm. Antecedentes: nascido de parto normal, a
termo, sem história de sibilância prévia. Com base no quadro clínico apresentado, a conduta adequada
é:
A) Monitorização da saturação de oxigênio, oxigenoterapia e hidratação venosa.
B) Administração de beta-2 agonista e brometo de ipatrópio, e penicilina cristalina.
C) Administração de beta-2 agonista, macrolídeo e cultura de secreção da nasofaringe.
D) Monitorização da saturação de oxigênio, fisioterapia respiratória e nebulização com brometo de
ipatrópio.
Questão 06
Uma lactente de 8 meses de idade nascida prematuramente com 32 semanas de gestação, é
atendida no Pronto Socorro com história de tosse há três dias. A mãe relata que, hoje, a criança está
mais pálida, sonolenta e com dificuldades para respirar, a ponto de impedir a ingestão de alimentos. Ao
exame físico, a lactente apresenta-se irritada, em regular estado geral, cianótica, afebril, com sibilância
e frequência respiratória aumentada para a idade, com tiragem intercostal e subcostal. A radiografia de
tórax na posição anteroposterior está reproduzida a seguir
1063
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 07
Um menino com 4 anos de idade é atendido na Unidade Básica de Saúde (UBS), com história
de febre e tosse produtiva há 3 dias. Ao exame físico, apresenta temperatura axilar = 38,5 ºC, frequên-
cia respiratória = 45 irpm, sem tiragem intercostal ou sibilância expiratória e com estertores crepitantes
em base pulmonar direita. É medicado com amoxacilina 50 mg/kg/dia, dividida em três doses (a cada
8 horas). Retorna 72 horas após o atendimento inicial, sem melhora do quadro, com exame físico inalte-
rado em relação à primeira avaliação. A mãe informa ter utilizado a medicação conforme a prescrição.
A radiografia simples de tórax evidencia um padrão de consolidação em lobo médio sem derrame pleu-
ral. Diante desse quadro clínico, a conduta adequada é:
A) Internar o paciente, iniciar ceftriaxona com dose 50 mg/kg/dia e reavaliar após 48 horas.
B) Manter amoxacilina com dose de 50 mg/kg/dia e reavaliar o paciente após 48 horas na UBS.
C) Internar o paciente, iniciar penicilina cristalina com dose de 100.000 UI/kg/dia e reavaliar o paciente
após 48 horas.
D) Aumentar a dose da amoxacilina para 80 mg/kg/dia, associar clavulanato e reavaliar o paciente após
48 horas na UBS.
Questão 08
Criança do sexo masculino, com quatro anos de idade, é atendido na Unidade Básica de Saúde
com história de febre há três dias, cansaço, tosse seca frequente, às vezes seguida de vômitos, aste-
nia, anorexia e dor abdominal. Há dez dias apresentou “resfriado febril” com duração de cinco dias,
tendo usado Ampicilina por dois dias. No momento o estado geral é regular, apresenta dispneia leve,
palidez e hipoatividade. A ausculta pulmonar revela diminuição do murmúrio vesicular em terço inferior
do hemitórax dorsal direito. Peso e estatura adequados para a idade. Não informa doenças anteriores.-
Tem mais dois irmãos saudáveis. Está em uso de salbutamol, de 6/6 horas, há três dias. A conduta
apropriada para a criança é
1064
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 09
Lactente com um ano de idade passou a frequentar creche há dois meses e, nesse período, já
apresentou dois episódios de infecção de vias aéreas superiores (IVAS). Há três dias passou a apre-
sentar quadro de febre, coriza hialina e tosse, inicialmente seca, que evoluiu para tosse produtiva. Há
24h foi levado pela mãe ao Pronto Atendimento e foi medicado com paracetamol e solução fisiológica
nasal. Como não houve melhora do quadro, a mãe retornou ao Pronto Atendimento para nova consulta.
Ao exame físico, a criança encontra-se afebril, gemente, FR = 50 irpm, ausculta pulmonar com roncos
difusos e tiragem subcostal. À otoscopia observa-se hiperemia de membrana timpânica bilateral e
oroscopia com leve hiperemia de pilares amigdalianos. Com base no quadro clínico e exame físico, o
diagnóstico e a conduta imediata são, respectivamente:
Questão 10
Uma criança do sexo masculino com dois anos de idade chega à Emergência apresentando
febre alta, salivação profusa, voz abafada, desconforto respiratório, agitação e ansiedade. O quadro
iniciou-se há cerca de 8 horas, com dificuldade para deglutir, que piorou muito na última hora. A criança
nunca foi à Unidade Básica de Saúde para vacinação. Ao exame físico o médico observou temperatura
axilar de 39,8 ºC, aparência toxêmica, corpo inclinado para frente, com hiperextensão do pescoço,
protusão do queixo e posicionamento da língua para fora, fazendo a saliva escorrer pela boca, além de
estridor inspiratório. A conduta neste momento é
1065
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 11
Uma criança com três anos de idade, desnutrida, com internação prévia há dez dias, é levada a
atendimento na Emergência Médica. A criança apresenta há dois dias quadro de febre não aferida,
tosse e dificuldade para respirar. A mãe refere que o paciente não está conseguindo ingerir líquidos e
que vomitou várias vezes nas últimas 24h. Ao exame físico, o médico observou que a criança apresenta
regular estado geral, febre de 38,5 ºC, desidratação leve, taquidispneia, com tiragem intercostal,
presença de estertores crepitantes e diminuição do murmúrio vesicular em hemitórax esquerdo; frequ-
ência cardíaca = 130 bpm, frequência respiratória = 64 irpm e saturação de oxigênio = 91%. A radio-
grafia de tórax é mostrada abaixo. O agente etiológico e o tratamento da pneumonia apresentada pela
criança são
Questão 12
Um médico de uma Emergência Pediátrica recebe um lactente com quatro meses de idade que
apresenta dificuldade respiratória. A mãe refere que a criança vinha apresentando coriza há três dias e
que há um dia surgiu cansaço progressivo e dificuldade para mamar. Não houve febre no período. Não
há relato de internações anteriores. Gestação e parto sem intercorrências. Ao exame físico lactente
apresenta-se eutrófico e em bom estado geral, corado e hidratado. Frequência respiratória de 43 incur-
sões por minuto com leve tiragem intercostal. A ausculta respiratória demonstra a presença de sibilos
difusos e aumento do tempo expiratório. A ausculta cardíaca é normal e o abdome, plano, flácido, indo-
lor e sem visceromegalias. Uma radiografia de tórax evidencia bilateralmente: hiperinsuflação pulmonar,
retificação das cúpulas diafragmáticas e infiltrado intersticial discreto. A gasometria arterial mostra os
seguintes resultados: PH = 7,41; PO2 = 58; PCO2 = 38; BE = 0,4; HCO3 = 24; SaO2 = 89%. Con-
siderando a principal hipótese diagnóstica e as condições clínicas da criança, o tratamento indicado é
A) hidratação e oxigenioterapia.
B) cabeceira elevada e corticoide.
C) aspiração nasal e broncodilatador.
D )mínimo manuseio e medicação antiviral
1066
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 13
Uma criança com 5 anos de idade, com diagnóstico de asma brônquica há um ano, foi internada
por um dia, há dois meses. Recebeu alta com prescrição de salbutamol inalatório de 4/4 horas e pred-
nisolona 1 mg/kg/dia, durante 5 dias. Após esse período, foi prescrito corticoide inalatório em baixa
dose. Retornou à Unidade Básica de Saúde para seguimento, quando se verificou que ela mantinha
sintomas diurnos 4 vezes por semana, apresentando despertares noturnos, limitação de atividades e
requerendo medicação de alívio, apesar do uso correto do dispositivo inalatório. De acordo com o
quadro clínico descrito, assinale a alternativa em que são apresentadas, respectivamente, a classifica-
ção do nível de controle da asma e a conduta adequada ao caso.
A) Asma não controlada; aumento do corticoide inalatório para dose alta e observar resposta.
B) Asma parcialmente controlada; aumento do corticoide inalatório para dose média, associado a anti-
leucotrieno.
C) Asma não controlada; aumento do corticoide inalatório para dose média e tratamento de exacerba-
ções com beta-2 agonista de ação rápida e curta.
D) Asma parcialmente controlada; aumento do corticoide inalatório para dose alta, associado a um
beta-2 agonista de ação prolongada e um antileucotrieno.
Questão 14
Criança, com seis anos de idade, é atendida em Serviço de Urgência. A mãe informa que a
criança apresenta “chiado no peito, tosse e falta de ar”. Ao exame, você constata Frequência cardíaca
= 125 bpm, Frequência respiratória = 50 irpm, síbilos expiratórios, tiragem intercostal e batimento de
asas do nariz. Qual deve ser a conduta clínica para iniciar o tratamento da criança?
1067
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 15
Um adolescente com 12 anos de idade é admitido na Emergência com quadro de asma brôn-
quica. A mãe refere que seu filho apresenta quadro de asma desde os 4 anos de idade e que, diaria-
mente, costuma ter sintomas respiratórios e, semanalmente, despertar noturno. Refere necessidade de
ministrar beta -2- agonista quase diariamente e que a criança tem limitações das atividades físicas por
haver exacerbação do quadro asmático. Ao exame físico, a criança está consciente, orientada, com
desconforto respiratório moderado, saturação de oxigênio (94%), perfusão capilar periférica de 2
segundos. A frequência cardíaca é de 110 bpm. Pressão arterial = 100 x 70 mmHg, pulsos periféricos
e centrais simetricamente palpáveis. De acordo com o IV Consenso Brasileiro para o Manejo da Asma,
o quadro relatado classifica-se como
Questão 16
Menino com 12 anos de idade comparece para consulta em Unidade Básica de Saúde acom-
panhado pela mãe. Tem história de asma brônquica. Há dois meses vem apresentando tosse noturna
diária, incapacidade de jogar bola e crises de falta de ar pelo menos uma vez ao mês. No exame físico
não apresenta alterações na ausculta pulmonar. Atualmente está sem medicação. Qual o tratamento
preconizado para esse paciente?
A) Prescrever medicação de alívio, do tipo beta agonista de ação longa, e acompanhar o paciente
semanalmente.
B) Prescrever medicação de alívio, do tipo beta agonista de ação longa, e encaminhar para o pneumo-
logista e fisioterapia.
C) Orientar sobre cuidados ambientais e prescrever corticoide inalatório associado a beta agonista de
ação longa por quatro semanas.
D) Prescrever corticoide inalatório de uso contínuo e um beta agonista de ação curta, conforme neces-
sidade de alívio dos sintomas.
E) Prescrever corticoide inalatório associado a montelucaste diário por doze semanas e indicar fisiote-
rapia respiratória.
1068
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 17
Menina com 12 anos de idade tem diagnóstico de asma desde os três anos de idade, sem
acompanhamento adequado há seis meses. Comparece à Unidade Básica de Saúde por apresentar,
nas últimas quatro semanas, dificuldade para realizar atividades físicas, com necessidade de uso de
medicação três ou mais vezes por semana, e vários despertares noturnos devido à tosse. Ao exame
físico, apresenta sibilos inspiratórios ao esforço. A classificação e o tratamento para o controle clínico
desse quadro são, respectivamente:
Questão 18
Lactente com dois meses de idade foi levado pela mãe à Unidade Básica de Saúde com história
de estar muito apático nas últimas horas. Ao exame físico o médico observa que a criança está hipotô-
nica, hiporresponsiva, apresentando livedo reticular, palidez e cianose de extremidades. Ao ser ques-
tionada pelo médico sobre os últimos acontecimentos na vida da criança, a mãe informa à equipe de
saúde que a criança havia recebido a vacina Pentavalente há aproximadamente seis horas. Conside-
rando a suspeita de evento adverso pósvacinação, as manifestações clínicas desta criança sugerem
evento relacionado a qual dos componentes vacinais citados nas alternativas abaixo?
1069
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 19
Um lactente de 2 meses de idade é levado ao Pronto-Socorro com história de febre, recusa
alimentar e hipoatividade. Exame físico: hipotônico-hiporresponsivo. A mãe refere que a criança rece-
beu, na véspera, as vacinas DPT (difteria, pertussis e tétano), OPV (pólio oral) e rotavírus. Nessa situa-
ção, que conduta deve ser adotada em relação ao esquema vacinal?
Questão 20
Um recém-nascido com três semanas de vida é levado à Unidade Básica de Saúde, pois a mãe
observou ferida no local da aplicação da BCG. Ao exame físico observa-se lesão pustulocrostosa no
braço direito e presença de gânglio satélite em axila direita, não supurado, medindo 1 cm de diâmetro.
Considerando o diagnóstico, a conduta adequada a ser tomada para esse recém-nascido é
1070
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 21
Criança, com 5 anos de idade, mora com os pais em bairro de periferia. Seu pai é fumante, há
três meses apresenta tosse crônica, produtiva, sudorese noturna e febre diária e não procura cuidados
médicos. Sua mãe é aparentemente saudável. Há três semanas, a criança iniciou tosse produtiva com
escarro purulento, febre ao final da tarde e emagrecimento. O cartão de vacinas demonstra que ele foi
vacinado com BCG ID no primeiro ano de vida. No atendimento é constatada temperatura oral de 37,5
°C, taquipneia e redução de murmúrio vesicular em terço médio do hemitórax direito. O exame radioló-
gico do tórax mostra condensação homogênea em ápice de pulmão direito. O PPD é de 10 mm. Qual
a conduta terapêutica para essa criança?
A) quimioprofilaxia primária.
B) quimioprofilaxia secundária e controle com exames a cada 2 meses.
C) revacinar com BCG e controle com exames a cada 2 meses.
D) esquema tríplice (2HRZ ) e duplo (4HR) e controle com exames a cada 2 meses.
E) esquema quádruplo 2(HRZ
Questão 22
Na Unidade Básica de Saúde (UBS), após o diagnóstico de tuberculose (BAAR+++), a mãe
de uma criança com sete anos de idade, iniciou o tratamento. A criança não apresenta sintomatologia
e foi vacinada com BCG ao nascer. Qual a conduta mais adequada a ser seguida em relação à crian-
ça?
A) Solicitar baciloscopia de escarro e, se o exame for negativo, recomendar reavaliação em seis meses.
B) Solicitar baciloscopia de escarro, exame radiológico do tórax e prova tuberculínica e, se todos forem
negativos ou normais, dar alta para a criança.
C) Solicitar prova tuberculínica e, se superior a 10 mm, iniciar o tratamento completo com os medica-
mentos da primeira e segunda fases, conforme norma vigente no país.
D) Solicitar prova tuberculínica e, se superior a 5 mm, sem achados radiológicos, indicar tratamento da
infecção latente.
E) Iniciar tratamento profilático com hidrazida até 3 meses após a negativação do escarro da mãe.
1071
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 23
Uma criança que nasceu prematura, com 32 semanas de idade gestacional e peso de 1850g,
foi encaminhada à Unidade de Saúde para iniciar as imunizações. Atualmente, com um mês de vida,
pesa 1900g e recebe aleitamento materno exclusivo. Para essa situação, qual a alternativa que indica
o esquema inicial de vacinação recomendado?
A) Iniciar o esquema vacinal aplicando a vacina BCG e a primeira dose da vacina contra a Hepatite B.
B) Aplicar a primeira dose da vacina contra a Hepatite B e aguardar a criança atingir 2000g para
programar a vacina BCG.
C) Aguardar a criança atingir 2500g para aplicar a vacina BCG e contra a Hepatite B
(primeira dose ).
D) Aguardar a criança atingir 2000g para aplicar a vacina contra a Hepatite B (primeira dose) e 2500g
para aplicar a vacina BCG.
E) Aplicar as vacinas BCG e contra a Hepatite B (primeira dose) e programar a segunda dose desta
última para 15 dias depois.
Questão 24
Um recém nascido (RN) de 10 dias de vida, do sexo masculino, é levado ao Posto de Saúde
para avaliação, uma vez que seu pai acabou de receber o diagnóstico de tuberculose pulmonar, não
tendo ainda iniciado o tratamento. A mãe não possui queixas específicas em relação à criança. A ges-
tação e o parto não apresentaram intercorrências e o aleitamento materno segue sem dificuldades. O
RN mostra-se em bom estado geral, ativo, corado, hidratado, e o restante do exame físico é normal.
Nessa situação, qual das condutas seguintes é a mais adequada?
A )Não vacinar o RN com a BCG, iniciar isoniazida e mantê-la por 3 meses. Após esse período, o
recém- nascido deverá realizar PPD. Se o resultado for maior que 5 mm, manter a medicação por mais
3 meses. Se for menor que 5 mm, suspender a medicação e vacinar com BCG.
B) Não vacinar o RN com a BCG, iniciar isoniazida, rifampicina, pirazinamida e etambutol, e mantê-los
por 3 meses. Após esse período, realizar PPD. Se o resultado for maior que 5 mm, manter as medica-
ções por mais 3 meses. Se for menor que 5 mm, suspendê-las e vacinar com BCG.
C) Vacinar o RN com a BCG, iniciar isoniazida, rifampicina, pirazinamida e etambutol, e mantê-los por
3 meses. Após este período, realizar PPD. Se o resultado for maior que 5 mm, manter as medicações
por mais 3 meses. Se for menor que 5 mm, suspendê-las e vacinar com BCG.
D) Vacinar o RN com a BCG, iniciar isoniazida e mantê- la por 3 meses. Após esse período, realizar
PPD e radiografia de tórax. Se o resultado for maior que 5 mm e a radiografia suspeita, manter a medi-
cação por mais 3 meses. Se for menor que 5 mm, suspender a medicação e vacinar com BCG.
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QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 25
Uma criança com 4 anos de idade, cujos pais são diagnosticados com tuberculose pulmonar,
está em acompanhamento em Unidade Básica de Saúde. Ela apresenta cartão vacinal completo, cres-
cimento e desenvolvimento adequados e está assintomática. Realizou radiografia de tórax, que não
apresentou alteração e o teste tuberculínico (PPD) que apresentou enduração de 5mm. Consideran-
do-se o quadro clínico dessa criança, o tratamento da tuberculose latente (quimioprofilaxia).
A) Deverá ser realizado, pois ela apresenta enduração do PPD de 5mm e ausência de tuberculose
B) Não deverá ser realizado, pois a presença dessa enduração está relacionada a vacina BCG
C) Deverá ser realizado, pois os pais são bacilíferos e estão em tratamento para tuberculose
D) Não deverá ser realizado, pois, para isso, a enduração deveria ser de pelo menos 10mm
Questão 26
Menina com cinco anos de idade, acometida de leucemia linfóide aguda (LLA), internada em
enfermaria pediátrica, está sendo submetida à quimioterapia para tratamento da leucemia. Em outra ala
da enfermaria, uma criança apresentou febre e desenvolveu lesões eritematobolhosas sugestivas de
varicela. Nesse contexto, a conduta ideal a ser tomada em relação a criança com leucemia é
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QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 27
Um lactente com nove meses de idade vem à consulta na Unidade Básica de Saúde (UBS)
com febre há seis dias, acompanhada de tosse, secreção seromucosa nasal, hiperemia e secreção
conjuntival intensa. Procurou a UBS no início dos sintomas, sendo diagnosticado um quadro gripal. A
mãe retorna para reavaliação, pois a febre não cessou e os sintomas pioraram com o surgimento de
manchas avermelhadas no rosto, que progrediram para o tronco há um dia. Ao exame físico: bom
estado geral, ativo, afebril, frequência cardíaca = 120 bpm, frequência respiratória = 40 irpm, auscul-
tas pulmonar e cardíaca sem alterações. Boa perfusão periférica. Otoscopia normal. Oroscopia com
mucosa hiperemiada e pequenas manchas brancas com halo eritematoso próximo aos pré-molares.
Pele: exantema maculopapular em tronco e face. O diagnóstico desse lactente é
A) rubéola.
B) sarampo.
C) exantema súbito.
D) eritema infeccioso.
Questão 28
O médico de uma Unidade Básica de Saúde (UBS) recebe várias crianças de uma mesma
escola da região, todas com idade entre 9 e 10 anos. A queixa é semelhante: houve surgimento, há
cerca de 10 dias, de lesões vesico-papulosas associadas a prurido intenso, principalmente no horário
noturno, em região interdigital, punhos, nádegas, axila e periumbilical. Observa-se, também, a presença
de pústulas friáveis e crostas facilmente removíveis sobre algumas das áreas pruriginosas. Além das
medidas gerais de controle, qual o tratamento indicado?
A) Nistatina e amoxicilina.
B) Permetrina e cefalexina.
C) Ivermectina e cloranfenicol.
D) Aciclovir e penicilina benzatina.
E) Hexaclorobenzeno e ácido nalidíxico
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QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 29
Uma menina de 4 anos de idade é trazida à Unidade Básica de Saúde, pois apresentou há dez
dias manchas eritematopapulares coalescentes em face e palidez perioral, associadas a episódio de
febre de 37,9 oC. O quadro evoluiu nos cinco dias seguintes com manchas eritematopapulares em
braços, tronco e nádegas, que esvaneceram com aparência reticulada. Oito dias depois, após exposi-
ção solar, as manchas retornaram na face e no tronco. O estado geral é bom, sem outras alterações no
exame físico.
A hipótese diagnóstica é de
A) sarampo.
B) escarlatina.
C) exantema súbito.
D) eritema infeccioso
Questão 30
Na Unidade de Saúde da Família, uma criança com 4 anos de idade é atendida com febre e
exantema pruriginoso com vesículas, pústulas e crostas na região do pescoço e tronco, verificadas ao
exame físico. Segundo a mãe, as lesões surgiram há dois dias. Na creche frequentada pela paciente,
outras crianças apresentam quadro semelhante há 4 dias. Ao visitar a creche, o médico da Unidade
percebe que três crianças ainda apresentam lesões. Uma das cuidadoras está grávida, com 5 meses
de gestação, e refere não ter tido a doença previamente.
Além do afastamento das crianças com lesões, até que todas, estejam em crostas, quais são as outras
medidas profiláticas necessárias?
1075
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 31
Lactente com 6 meses de idade, chega ao Pronto- Socorro com história de irritabilidade e febre
de 38oC há dois dias. A mãe refere que hoje notou lesões avermelhadas e vesiculares em toda a
região de cabeça e orofaringe. Ao investigar a história familiar, a mãe conta que a avó, que mora com
a família, estava com lesões em região de face esquerda iguais às que são mostradas na figura abaixo
Questão 32
Uma adolescente de 12 anos de idade é levada pela mãe ao Ambulatório de Pediatria, apresen-
tando quadro de dor nas articulações há cerca de 1 semana. Inicialmente, as dores se concentravam
no joelho esquerdo, passando, em seguida, para o direito, cotovelos e punhos. Relata ter apresentado
quadro de amigdalite bacteriana há cerca de três semanas, porém sem uso de antibióticos para trata-
mento. Ao exame, apresentava-se em regular estado geral, com facies de dor, hipocorada 1+/4+,
hidratada, anictérica e acianótica. O exame do aparelho cardiovascular evidenciou sopro sistólico
4+/6+ em bordo esternal esquerdo, com irradiação para todo o precórdio. Ausculta pulmonar sem
anormalidades. Abdome indolor à palpação e sem visceromegalias. O exame articular evidencia dor,
calor, rubor e limitação do arco de movimento em punhos e joelhos, principalmente à direita. Conside-
rando o diagnóstico mais provável, a patologia cardíaca mais frequentemente associada e a medicação
de escolha para o tratamento do processo inflamatório cardíaco são, respectivamente
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QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 33
Uma criança do sexo masculino com 6 anos de idade é internada em hospital para investigação
de púrpura palpável, não pruriginosa, com lesões de tamanhos variados, acometendo, bilateralmente a
região glútea e membros inferiores, incluindo planta dos pés. Há um mês, as lesões cutâneas vem apa-
recendo em surtos, com intervalos de uma semana. A mão nega rigidez matinal e relata que o quadro
iniciou com dor abdominal difusa, ás vezes definida como periumbilical, em cólicas com pesquisa de
sangue oculto positiva nas fezes. A criança não apresenta febre, lesões de face ou mucosas, nem ade-
nomegalias. Não houve uso de medicações antes do aparecimento dos sintomas. Ao exame, além da
púrpura, apresenta edema e dor em joelhos e tornozelos. Entre os exames laboratoriais, foram eviden-
ciados leucocitose discreta sem desvio á esquerda: anemia normocítica e normocrômica, sem reticulo-
citose; número de plaquetas levemente aumentado; velocidade de hemossedimentação e proteína C
reativa levemente elevadas, além de pesquisa de antinuclear (FAN) negativo. Exame simples de urina
apresentou hematúria microscópica e proteinúria (+), anterior à internação, mas, no momento, o sedi-
mento urinário está normal. O diagnóstico e o tratamento adequados são:
Questão 34
Menino com 12 anos de idade é trazido pelo pai ao Ambulatório de Pediatria. Na história apre-
senta febre e dor intensa nas articulações do joelho há uma semana, a qual passou a acometer cotove-
los e punhos. Há três semanas apresentou infecção de garganta (sic) tratada com amoxicilina. Ao
exame, apresenta temperatura axilar = 38.4 ºC; frequência cardíaca = 132 bpm; estado geral compro-
metido; dispneia leve que piora com o decúbito. A ausculta cardíaca mostra sopro holossistólico, de
média intensidade, mais audível em ápice, irradiando-se para a axila; 3.ª bulha audível. Diante do
quadro de alta suspeita diagnóstica de febre reumática, qual a medicação a ser prescrita nesse
momento?
A) Ibuprofeno.
B) Diclofenaco.
C) Naproxeno.
D) Prednisona.
E) Ácido Acetil Salicílico
1077
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 35
Um pai vai à consulta na Unidade Básica Saúde (UBS) queixando-se de que, há uma semana,
seu filho de 4 anos de idade iniciou quadro súbito de edema periorbitário bilateral e matutino. Refere
ter procurado outra unidade de saúde duas semanas antes, quando foi feito o diagnóstico de faringoa-
migdalite e prescrito penicilina G benzatina. O pai relata que, nos últimos três dias, houve aumento do
edema periorbitário e início de quadro de distensão abdominal, associado a dois episódios de vômitos,
além de oligúria com escurecimento da urina. O pediatra aferiu e encontrou PA = 110 x 80 mmHg. No
caso clínico descrito, o dado laboratorial que, isoladamente, é considerado o mais fidedigno para con-
firmar o diagnóstico é
Questão 36
Uma criança de 8 anos de idade é admitida na Emergência com quadro de edema generalizado
e diminuição do volume urinário com 4 dias de evolução. Ao exame físico: PA = 100 X 60 mmHg;
edema bipalpebral, abdominal e de membros inferiores. Presença de ascite discreta. Ausculta cardíaca
e pulmonar sem anormalidades. O exame de urina mostrou: leucócitos: 10 000/mL, hemácias 8
000/mL, proteinúria 3+/4; relação proteína/creatinina urinária = 3,5; perfil lipídico: colesterol total =
450 mg/dL (valor de referência < 200 mg/dL) e triglicérides = 700 mg/dL (valor de referência < 150
mg/dL), albuminemia = 2,4 g/dL (valor de referência > 4 g/dL). Considerando a principal hipótese
diagnóstica, a conduta inicial indicada é
1078
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 37
Um menino de 1 ano e 8 meses de idade é atendido em Pronto Socorro, com história de febre
que já dura dois dias. A mãe da criança relata que a temperatura máxima atingida foi de 38,5 °C. O
exame físico não mostra de alterações. A criança apresenta-se ativa e consegue ingerir líquidos
normalmente. A pediatra solicita exame de urina, que evidencia: 10 piócitos por campo, nitrito (+) e
estearase (+). Solicita também urocultura qualitativa e quantitativa com antibiograma, embora não haja
antecedente de infecção do trato urinário.
Considerando o quadro acima, qual a conduta apropriada nesse caso?
Questão 38
Criança do sexo feminino, com sete anos de idade, é trazida pela mãe à Unidade Básica de
Saúde, porque há três dias apresenta-se com adinamia, urina escura (cor de “coca-cola”) e inchaço
nos olhos pela manhã. A mãe informa que há 15 dias a criança apresentou febre elevada e “dor de
garganta” que regrediram com o uso de antitérmico e de anti-infl amatório não hormonal (ibuprofeno).
Na consulta o médico observa que a criança encontra-se em regular estado geral, afebril, eupneica,
hipocorada (+/4), com frequência cardíaca de 116 bpm, Pressão arterial=118x82 mmHg, edema de
face (+/4) e de membros inferiores (++/4). Os demais aspectos do exame físico são normais. Na
síndrome que a criança apresenta, a resposta inflamatória responsável pela instalação da lesão nefríti-
ca
1079
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 39
Menino com 8 anos de idade é trazido ao Ambulatório de Pediatria com queixa de oligúria e
urina espumosa, bem como quadro de edema, iniciado há 7 dias. A mãe nega outras alterações ou
patologias prévias. Ao exame físico: PA = 99 X 56 mmHg, edema palpebral e de membros inferiores,
sem ascite. Exame de urina: densidade urinária: 1.015, hemácias: 2/campo, leucócitos: 3/campo,
proteinuria +++/++++. Considerando a principal hipótese diagnóstica, é indicado para tratamento da
doença de base:
A) diurético.
B) antibiótico.
C) anti-hipertensivo.
D) corticosteroide.
E) anti-inflamatório não hormonal.
Questão 40
Um lactente com 12 meses de idade é levado ao Pronto-Socorro por sua genitora com relato
de choro intenso, edema na perna e queda do berço há 8 horas aproximadamente. Tem antecedente
de TCE há dois meses, também por queda do berço, segundo a mãe. Foi realizada uma radiografia,
cuja imagem está reproduzida abaixo
A) síndrome de Munchausen.
B) doença de Legg-Perthes.
C) osteogênese imperfeita.
D) hiperostose cortical.
E) injúria intencional.
1080
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 41
Uma lactente com 15 meses de idade é levada pela mãe ao Pronto-Socorro. A mãe relata que
o coração do bebê está muito acelerado. A mãe nega outras queixas e informa que realiza acompanha-
mento regularmente na Unidade Básica de Saúde, não tendo ocorrido, até então, intercorrências. Ao
exame físico, a lactente apresenta-se em bom estado geral, corada, hidratada, afebril, consciente, com
boa perfusão periférica, saturação de oxigênio de 98% em ar ambiente, BNFT= 2T sem sopro audível,
frequência cardíaca = 230 bpm, ausência de edema e pulsos de boa amplitude. O eletrocardiograma
apresenta: Onda P não visível; Intervalo RR fixo; QRS estreito (menor que 0,09 segundos). Diante
desse quadro, além da manobra vagal, a conduta adequada é:
A) Administrar lidocaína
B) Administrar adenosina
C) Administrar amiodarona
D) Realizar cardioversão elétrica sincronizada
Questão 42
Criança do sexo masculino, com três anos de idade e que apresenta anemia falciforme, é levado
pela mãe à consulta na Unidade Básica de Saúde porque está tendo febre há quatro dias, chegando
a 39°C. Apresenta tosse produtiva que aumentou de intensidade. Encontra-se em estado geral de
prostração e a mãe notou que a criança está mais pálida e ictérica nos últimos dias. O pediatra encami-
nhou a criança de imediato para o hospital de referência, considerando que
1081
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 43
Criança com um ano de idade foi amamentada com leite materno exclusivamente até os seis
meses, quando passou a receber alimentação complementar com frutas, papa salgada composta de
vegetais, cereais e, às vezes, carne. Na ocasião da consulta de puericultura, por apresentar palidez, o
médico solicitou eritrograma que apresentou os seguintes resultados : Hemoglobina = 10,2 mg/dL
(valor normal = 11 - 13 mg/dL); Hematócrito = 30,8 % (valor normal = 36-44 %); Volume Corpuscular
Médio = 75 fL (valor normal = 77- 101 fL); Hemoglobina Corpuscular Média = 21 pg (valor normal =
23-31 pg); Concentração de Hemoglobina Corpuscular Média = 26 g/dL (valor normal = 28-33 g/dL)
e RDW = 15,5 % (valor normal <14 %). A hipótese diagnóstica elaborada pelo médico e o exame com-
plementar que melhor confirma esse diagnóstico são, respectivamente
Questão 44
Uma criança com 6 anos de idade, moradora em zona rural, é trazida por sua mãe à Unidade
Básica de Saúde (UBS) por apresentar palidez, falta de apetite, perda de peso e rendimento escolar
insatisfatório observados há dois meses. Além da dosagem de hemoglobina e hematimetria, que
outros exames, com seus respectivos resultados, servirão para o diagnóstico de uma anemia caren-
cial?
A) Morfologia das hemácias: normocítica e normocrômica; ferritina baixa; ferro sérico normal; capaci-
dade de ligação do ferro baixa; saturação de transferrina normal.
B) Morfologia das hemácias: microcítica e hipocrômica; ferritina baixa; ferro sérico baixo; capacidade
de ligação do ferro elevada; saturação de transferrina baixa.
C) Morfologia das hemácias: normocítica e normocrômica; ferritina normal; ferro sérico baixo; capaci-
dade de ligação do ferro baixa; saturação de transferrina normal.
D) Morfologia das hemácias: microcítica e normocrômica; ferritina baixa; ferro sérico baixo; capacidade
de ligação do ferro elevada; saturação de transferrina baixa.
E) Morfologia das hemácias: normocítica e hipocrômica; ferritina normal; ferro sérico normal; capacida-
de de ligação do ferro baixa; saturação de transferrina normal.
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QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 45
Um menino de 9 anos de idade vem à Unidade Básica de Saúde, trazido pela mãe, para consul-
ta de rotina, sem queixas. Ao exame físico, encontra-se descorado (+/4+), sem outras alterações. A
mãe traz os seguintes resultados de hemograma solicitado na última consulta:
Questão 46
Um lactente, negro, com um ano de idade, foi encaminhado ao Ambulatório de Pediatria pelo
surgimento de quadro recente de febre e palidez acompanhadas de dor e inchaço nos dedos das
mãos e pés. Na ocasião foi colhido hemograma e prescrito analgésico. O lactente, nascido com 38
semanas de gestação, foi amamentado exclusivamente até quatro meses de vida, quando foi introduzi-
da alimentação complementar. A mãe acha que a criança não aceita bem a refeição salgada e toma
quatro mamadeiras por dia. Nega doenças anteriores. Ao exame físico, a criança encontra-se descora-
da ++/4+, sem outras alterações. A mãe traz hemograma anterior: Hemoglobina = 8,5 g/dL (Valor de
referência= 10,5 - 13,5 g/dL); Hematócrito = 25% (Valor de referência = 33% - 39%); VCM = 85fl
(Valor de referência = 70 - 86 fl); RDW normal; reticulócitos = 4% CVSs (Valor de referência = 0,5%
- 2,5% CVSs); leucócitos = 14.400/mm3 (Valor de referência = 6.000 - 17.000/mm3 ); plaquetas =
323.000/mm3(Valor de referência = 150.000 - 350.00/mm3 ). Com base no quadro clínico e no
hemograma apresentados, qual o diagnóstico correto e qual exame laboratorial deve(m) ser solicita-
do(s) para confirmação do diagnóstico?
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QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 47
Um lactente de um ano de idade apresenta inapetência, apatia, palidez cutâneo-mucosa acen-
tuada, lesões cutâneas hipocrômicas e hipercrômicas com descamação em membros, facies de lua
cheia, hepatomegalia, edema em membros e despigmentação de cabelos. A temperatura axilar é de
35,7°C. Foi identificado pelo agente comunitário de saúde em seu domicílio, onde mora com a mãe e
mais cinco irmãos, e encaminhado para avaliação na Unidade Básica de Saúde (UBS). Peso = 7 kg e
comprimento = 65 cm. Com essas informações, o diagnóstico nutricional e a conduta médica mais
adequados são, respectivamente,
Questão 48
Menina com 3 anos de idade é admitida na Enfermaria de um hospital regional, no interior do
estado, por apresentar, há três semanas, dor na região lateral do pescoço, com adenomegalia cervical
bilateral, febre e queda do estado geral. Fez uso de anti-inflamatório não hormonal, tendo diminuído o
desconforto, mas persistido a adenomegalia à direita, a febrícula e a inapetência. O exame físico
mostra cadeias ganglionares cervicais bilaterialmente palpáveis, sendo que, à direita, palpa-se massa
de consistência elástica, com aproximadamente 1 cm em seu maior diâmetro, levemente dolorosa. Há,
neste mesmo lado, nodulação em região supraclavicular, indolor, com aproximadamente 0,8 cm em seu
maior diâmetro. Hemograma: hemácias = 3.5x1012/mm3 ; hematócrito = 32%; hemoglobina =
10,4g%; leucograma:16.000 leucócitos/mm3 - linfócitos: 65%; linfócitos atípicos: 32%. A principal
justificativa de transferência dessa criança para avaliação imediata com especialista é:
1084
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 49
Um pré-escolar do sexo masculino, com quatro anos de idade, apresentou massa palpável em
mesogástrio esquerdo durante exame médico de rotina. A mãe nega história de dor abdominal, febre,
constipação, porém refere que há quatro meses a criança vem apresentando distensão abdominal e
urina escura. O diagnóstico dessa criança é
A) tumor de Wilms.
B) glomerulonefrite.
C) infecção urinária.
D) parasitose intestinal
Questão 50
Uma menina com 4 anos de idade, pesando 18 kg, é trazida pelos pais ao Pronto Atendimento
após detectarem que ela ingeriu 6 comprimidos de 750 mg de paracetamol há aproximadamente 3
horas. No momento da consulta, a criança apresenta náuseas e dor abdominal. Diante desse quadro,
a conduta imediata é:
A) Administrar piridoxina.
B) Administrar N-acetilcisteína.
C) Administrar xarope de ipeca.
D) Realizar lavagem gástrica.
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QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 51
Uma lactente com 6 meses de idade é levada à consulta de Puericultura na Unidade Básica de
Saúde. A mãe relata ter feito 9 consultas pré-natais e não ter apresentado intercorrências em sua ges-
tação. Informa que a criança nasceu a termo, com peso de 3 kg e sem intercorrências. Não há relato
de doenças na história patológica pregressa. A mãe refere que a criança está saudável e em aleitamen-
to materno exclusivo. Na avaliação do desenvolvimento neuropsicomotor, o profissional observa que
ela troca objetos de uma mão para a outra, sustenta bem a cabeça, rola com facilidade e fica sentada
apenas quando se apoia nas mãos. Nessa situação, o médico deve comunicar à mãe que a criança
apresenta:
A) Desenvolvimento neuropsicomotor adequado, devendo retornar segundo calendário de Puericultu-
ra.
B) Desenvolvimento neuropsicomotor adequado, devendo ser estimulada e reavaliada em 30 dias.
C) Um provável atraso no desenvolvimento neuropsicomotor, devendo ser estimulada e reavaliada em
7 dias.
D) Um provável atraso no desenvolvimento neuropsicomotor, sendo necessário encaminhá-la para
avaliação pelo neurologista.
Questão 52
Uma equipe de Saúde da Família está em visita domiciliar e avalia uma criança de oito meses.
O menino está corado, com peso e estatura adequados para a idade, fixa e acompanha objetos em seu
campo visual, balbucia e, colocado de bruços, levanta a cabeça momentaneamente. Ainda não passa
da posição lateral para a linha média, nem rola da posição supina para a prona. Levantado pelos
braços, permanece passivo e não ajuda com o corpo. A mãe expressa preocupação porque o irmão
mais velho, com a mesma idade, já sentava sem apoio. A conduta correta no caso é
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QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 53
Menino com 7 meses de idade é levado pela mãe à Unidade Básica de Saúde em consulta de
Puericultura. A mãe está preocupada, pois acha que ele é mais lento que os irmãos. Após anamnese
detalhada, o pediatra realizou o exame físico e afirmou que o exame neurológico e o desenvolvimento
neuropsicomotor estavam condizentes com a idade. O que o pediatra observou em relação a lingua-
gem, motricidade, comportamento adaptativo e reflexos arcaicos, respectivamente, para fazer tal
afirmação?
A) Emissão espontânea sem intenção imitativa; sustentação cefálica; dirige a mão para objetos; reflexo
de Moro.
B) Emissão bissilábica significante; engatinha durante a consulta; preensão palmar em pinça; reflexo
de Landau II.
C) Emissão espontânea sem intenção imitativa; senta-se com apoio; preensão palmar voluntária; refle-
xo de Moro incompleto.
D) Ecolalia; senta-se sem apoio; muda objeto de uma mão para outra; reflexo de preensão plantar.
E) Emissão de palavras-frase; capacidade de andar com apoio observada na consulta; bate palmas;
reflexo do paraquedista.
Questão 54
Recém-nascido com 36 semanas de idade gestacional, parto cesariano, Apgar 6 e 8, peso de
nascimento= 2.100 g, evoluiu com sintomas precoces e graves nas primeiras 24 horas de vida (icterí-
cia, hepatoesplenomegalia, elevação das enzimas hepáticas, anemia, trombocitopenia e hemorragia),
associados ao quadro de microcefalia com calcificações cerebrais periventriculares, microftalmia,
corriorretinite e surdez. A principal hipótese diagnóstica para esta infecção congênita e o tratamento
de escolha são, respectivamente:
1087
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 55
Um lactente com seis meses de idade é trazido à consulta médica em Unidade Básica de
Saúde para avaliação de atraso do desenvolvimento. A mãe relata que compareceu a somente duas
consultas de pré-natal e que a criança nasceu de parto vaginal e a termo, pesando 3.240 g, com Apgar
9/10. A alta se deu em dois dias. O sorriso social surgiu com um mês e sustentou o pescoço com dois
meses. Entretanto, hoje não segura objetos, nem rola. Não consegue sentar com apoio. História fami-
liar não revela casos semelhantes. Ao exame o lactente mostra-se em regular estado geral, interagindo
pouco com o observador; corado, hidratado, anictérico e acianótico; ausência de estigmas cutâneos.
Auscultas cardíaca e respiratória sem anormalidades. Exame neurológico evidencia perímetro cefálico
acima do percentil 90 para a idade, aumento de tônus e de reflexos profundos nos quatro membros,
associado com redução da força proximal. Coordenação preservada. Exame dos pares cranianos
demonstra dificuldade em acompanhar os objetos apresentados. Fundo de olho evidencia cicatriz de
coriorretinite bilateralmente. Tomografia computadorizada do crânio evidencia múltiplas calcificações
difusamente distribuídas no parênquima, associadas a aumento do volume dos ventrículos laterais,
terceiro e quarto ventrículos. O agente etiológico mais provável para o quadro clínico descrito é
A) vírus da rubéola.
B) Toxoplasma gondii.
C) Treponema pallidum.
D) vírus do herpes simples.
Questão 56
Um recém-nascido de 20 dias de vida é encaminhado para consulta em ambulatório de espe-
cialidade com história de icterícia e baixo peso. A genitora não fez exames de pré-natal e informa que
seu filho nasceu "de sete meses” e “pequeno para a idade”, ficando internado na UTI após o nascimen-
to. Ao exame físico, o recém-nascido encontrava-se ictérico, com peso abaixo do percentil 3 , apresen-
tando microcefalia e hepatoesplenomegalia. Exames: hemograma com plaquetopenia; transaminases
elevadas; bilirrubina total de 15 mg/dL (valor de referência < 1,3 mg/dL) e bilirrubina direta de 8 mg/dL
(valor de referência < 0,4 mg/dL), sorologia para CMV (citomegalovírus): IgM e IgG positivas. Qual das
assertivas abaixo mais contribui com a elucidação diagnóstica da infecção congênita pelo CMV?
A) A pesquisa do CMV na urina e/ou saliva será útil para o diagnóstico de infecção congênita após 2
meses.
B) Caso a confirmação diagnóstica não ocorra até a terceira semana de vida, não será possível ser
estabelecida.
C) A sorologia IgM e IgG para CVM tem papel limitado no diagnóstico da infecção congênita, devido
à baixa especificidade.
D) A microcefalia, o crescimento intrauterino restrito e a prematuridade são altamente específicos para
o diagnóstico de infecção por CMV.
E )Uma tomografia computadorizada revelando calcificações difusas pelo córtex sugeriria fortemente
o diagnóstico de infecção por CMV em detrimento das outras infecções congênitas.
1088
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 57
Um paciente com dois meses de idade foi atendido no Hospital apresentando há um mês coriza
mucossanguinolenta e choro à mobilização do braço esquerdo. Nasceu a termo, com peso de 2 Kg,
comprimento de 47 cm e perímetro cefálico de 34 cm. Ao exame físico a criança mostrava-se ativa e
hidratada, chorava à manipulação do braço esquerdo e apresentava edema em porção proximal de
úmero. Na ausculta cardiopulmonar, o murmúrio vesicular estava bem distribuído e as bulhas cardíacas
eram rítmicas. No abdome palpava-se o fígado a 4 cm do rebordo costal direito e 4 cm do apêndice
xifoide e o baço a 4 cm do rebordo costal esquerdo. Resultados de exames: Hemoglobina = 9,5 g/dL
(Valor de referência: 11,5 - 13,5 g/dL); Hematócrito = 28% (Valor de referência: 34% - 40%); Leucóci-
tos = 8.000/ mm3 (Valor de referência: 5.500 - 14.500/mm3 ); Segmentados = 43 %; Linfócitos =
55%; Monócitos = 2%; Plaquetas = 155.000/mm3 (Valor de referência: 150.000 - 350.000/mm3 );
Bilirrubina total = 1,5 mg/dL (Valor de referência: 0,3-1,2 mg/dL); AST (TGO) = 11 U/L (Valor de refe-
rência: <35 U/L) e ALT (TGP) = 58 U/L (Valor de referência: <31 U/L). É solicitado internamento para
investigação. A conduta adequada após a admissão é
A) pesquisa de treponemas no sangue, estudo do líquor, radiografia de ossos longos; iniciar penicilina
cristalina endovenosa.
B) ultrassonografia de abdome total, radiografia de úmero, fundoscopia; iniciar ganciclovir endoveno-
so.
C) radiografia de crânio e úmero; iniciar sulfadiazina e pirimetamina por via oral.
D) avaliação de função hepática e radiografia de ossos longos; iniciar aciclovir endovenoso
Questão 58
Uma criança com 3 meses de idade é atendida na Unidade Básica de Saúde com quadro de
obstrução nasal, coriza serossanguinolenta, inapetência e choro contínuo. Ao exame físico, apresenta-
-se hipocorada +/4+, ictérica +/4+, com aumento de volume abdominal devido a hepatoesplenomega-
lia. A criança ganhou apenas 700 g desde o nascimento. Constatam-se pequenos condilomas em perí-
neo. A mãe relata não ter realizado nenhuma consulta pré-natal, tendo sido o parto normal conduzido
por uma parteira, em casa. Assinale a opção em que são apresentadas a hipótese diagnóstica e a con-
duta terapêutica adequada ao caso.
A) Sífilis congênita tardia; prescrição de claritromicina por via oral durante 10 dias.
B) Sífilis congênita precoce; prescrição de claritromicina por via intravenosa durante 14 dias.
C) Sífilis congênita tardia; prescrição de penicilina por via intravenosa ou intramuscular durante 14
dias.
D) Sífilis congênita precoce; prescrição de penicilina por via intravenosa ou intramuscular durante 10
dias.
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QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 59
Lactente masculino de três meses de idade é trazido pela mãe ao ambulatório de Pediatria. A
mãe refere que há um mês a criança iniciou com coriza mucossanguinolenta e irritabilidade com choro
fácil. Ao nascimento: peso = 2,2 Kg; perímetro cefálico = 35 cm; comprimento = 48 cm. Ao exame
físico verifica-se dor à mobilização de braço esquerdo com choro intenso, coriza mucossanguinolenta
bilateral e erosões em lábio superior; palidez cutâneo-mucosa ++/4+; fígado a 3,5 cm do rebordo
costal direito e 3,5 cm do apêndice xifoide; baço a 4 cm do rebordo costal esquerdo.
Considerando a principal hipótese diagnóstica, quais são, respectivamente, o exame a ser solicitado e
o resultado mais provável?
Questão 60
Uma mulher de 19 anos de idade não fez pré- natal e foi internada na maternidade em trabalho
de parto. Nasceu uma criança do sexo masculino em boas condições. Os exames realizados na admis-
são da paciente revelaram sorologia positiva para HIV.
Em relação à amamentação, assinale a orientação correta:
Questão 61
Um lactente com quatro meses de idade nasceu a termo com peso de 3 Kg. Desde o nascimen-
to, faz uso de leite materno complementado com fórmula láctea. Atualmente pesa 5,5 kg. Há um mês
iniciou quadro de diarreia, com seis evacuações ao dia e raios de sangue e fezes não explosivas. No
exame físico foi observado que a criança estava em bom estado geral, bem nutrida, hidratada e que
não havia hiperemia perianal. Nesse caso, a conduta indicada é
1090
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 62
Um recém-nascido a termo apresentou hipotonia e movimentos respiratórios irregulares logo
após o parto, cujo período expulsivo foi prolongado. O líquido amniótico apresentou mecônio. Ele foi
levado à mesa de reanimação e foram realizados os passos iniciais. A frequência cardíaca do recém-
-nascido, auscultada com estetoscópio, foi de 80 bpm no primeiro minuto. Nessa situação, qual o
próximo procedimento a ser realizado?
Questão 63
Um recém-nascido a termo, com 18 horas de vida, apresenta icterícia em face e pescoço. O
parto foi normal sem intecorrências. A mãe relata ter realizado o pré-natal corretamente, mas não apre-
sentou o cartão da gestante. Nesse caso, a conduta indicada é:
A) Realizar exsanguineotransfusão.
B) Suspender o aleitamento materno.
C) Reavaliar o recém-nascido após 24 horas.
D) Solicitar dosagem de bilirrubina total e frações.
Questão 64
Uma puérpera vem à Unidade Básica de Saúde com seu recém-nascido (RN) de 4 dias de vida.
Segundo ela, o bebê está “muito amarelo”. Ela refere ainda que na alta do hospital, há 2 dias, o RN já
estava amarelo, mas que houve aumento progressivo da amarelidão. O exame físico revela pele ictérica
até região umbilical, sem outras alterações. A carteira de saúde do RN mostra os seguintes dados:
Idade gestacional = 38 semanas;
Peso do RN = 2.900 g;
Comprimento = 49 cm;
Apgar = 8/9;
Tipagem sanguínea do RN = O positivo;
Tipagem sanguínea da mãe = O positivo;
Ausência de intercorrências no nascimento.
Quais são, respectivamente, a hipótese diagnóstica mais provável e a conduta adequada nesse caso?
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QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 65
Uma mãe de lactente do sexo masculino, de cor parda, com 45 dias de vida, em aleitamento
materno exclusivo, relata que o filho começou a ficar "amarelo" (sic) com cerca de três semanas de
vida e que, agora, ela está muito assustada, pois a criança "está mais amarela, a urina está escura e as
fezes estão esbranquiçadas" (sic). Ao exame físico, o fígado é palpável a 3 cm do rebordo costal direi-
to. Exame solicitado por outro médico mostra bilirrubina direta muito aumentada: 21 mg/dL (valor de
referência: inferior a 12 mg/dL) . O quadro clínico descrito é fortemente sugestivo de
A) doença de Gilbert.
B) anemia hemolítica.
C) atresia de vias biliares.
D) cisto congênito de colédoco.
E) hepatite neonatal provavelmente por citomegalovírus.
Questão 66
O Agente Comunitário de Saúde lhe solicita explicações sobre um recém-nascido que apresen-
ta coloração amarelada da pele. Você colhe, junto ao Agente Comunitário de Saúde, informações
sobre a duração da gestação, as condições do parto e da criança ao nascer, o tempo de aparecimento
do sintoma específico e verifica também resultados de exames do recém nascido , realizados na mater-
nidade: hemograma, dosagem de bilirrubinas e teste de Coombs. Diante dos dados clínicos e do resul-
tado de exames, você conclui que trata-se de Icterícia Fisiológica do Recém-Nascido. O que seria
correto você informar ao Agente Comunitário de Saúde sobre a Icterícia Fisiológica do Recém-Nasci-
do?
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Questão 67
Criança com 4 anos de idade foi levada pela mãe à Unidade Básica de Saúde com queixa de
distensão abdominal, hiporexia, palidez cutânea e referência ao "hábito de comer terra" (sic). Foram
realizados exames laboratoriais e observados os seguintes resultados: Hb - 8,4 g/dL; Htc - 28%; VCM
– 64 fL; HCM – 17 pg; Leucócitos totais - 6.400/mm3 ; Eosinófilos - 13%; Ferro sérico - 18µg/dL.
Tendo por base a prevalência das doenças parasitárias em nosso meio, os sintomas apresentados pela
criança e os resultados de exames registrados, deve-se considerar o diagnóstico de:
A) teníase.
B) giardíase.
C) amebíase.
D) enterobíase.
E) ancilostomíase
Questão 68
Um menino de dois anos de idade é levado à Unidade Básica de Saúde (UBS) próxima ao
assentamento onde sua família reside, com queixa de diarreia intermitente, com restos alimentares em
alguns episódios, sem sangue ou muco, associada a dor epigástrica e hiporexia, iniciada há 15 dias.
No último ano, a criança foi levada à UBS duas vezes pelo mesmo motivo. A genitora relata que, há
dois meses, a criança também apresentou lesões de pele muito pruriginososas, seguidas de tosse,
com resolução espontânea em 3 dias. O padrão alimentar inclui alimentos da família e leite de vaca
engrossado com farináceos desde que foi suspenso o aleitamento materno aos 3 meses de vida. A
situação vacinal está adequada à idade. O médico observou: peso = 11 kg (percentil 15); turgor e
elasticidade da pele um pouco diminuídos, mucosas hipocoradas, distensão abdominal moderada,
com dolorimento discreto e difuso e ausência de edema, de lesões de pele significativas ou de sinais
de instabilidade respiratória ou hemodinâmica. Para esse paciente, foram prescritas reidratação oral e
orientação higiênico-sanitária. Qual a hipótese diagnóstica que melhor explica o quadro descrito acima
e qual a conduta que deve ser aplicada?
1093
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 69
Uma menina de 7 anos de idade é trazida pela mãe à Unidade Básica de Saúde com queixa de
prurido na região genital há duas semanas que se mostra mais intenso à noite. A mãe relata que uma
menina da mesma idade, que mora na casa ao lado, tem apresentado sintomas semelhantes. Ao
exame, detectou-se ausência de sangramento ou corrimento e que a membrana himenal está íntegra.
Nota-se apenas a presença de eritema na região vulvar e perianal.
Quais são, respectivamente, a hipótese diagnóstica e a conduta a ser adotada nesse caso?
Questão 70
Um menino com 7 anos de idade é trazido por sua mãe à Unidade Básica de Saúde, apresen-
tando dor abdominal em cólica e diarreia intermitente há 2 meses. A mãe relata que o filho está apático,
pálido, sem vontade de brincar e que apresenta, ainda, episódios de tosse e sibilância, sem anteceden-
tes de atopia. Informa, ainda, que foi realizado um hemograma na semana anterior, cujo resultado
demonstra hemoglobina = 8 g/dL (valor de referência: 10,5 a 14,0 g/dL).
Nesse caso, a conduta adequada é
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QUESTÕES
QUESTÕES
Questão71
Uma criança com seis anos de idade, natural e procedente da região Norte do Brasil, é interna-
da em hospital com história de febre há seis meses, de caráter intermitente. Não apresenta diarreia.
Perda de 3 Kg de peso desde o início do quadro. Ao exame físico apresenta-se eupneica, hidratada;
murmúrio vesicular presente bilateralmente, com sibilos esparsos; bulhas cardíacas rítmicas e normo-
fonéticas; fígado a 4 cm do rebordo costal direito e a 4 cm do apêndice xifoide; baço a 3 cm do rebor-
do costal esquerdo; sem edemas. Exames laboratoriais: hemoglobina = 10 g/dL (Valor de referência:
11,5 - 13,5 g/dL); hematócrito = 36% (Valor de referência: 34% - 40%); leucócitos = 15.000/mm3
(Valor de referência: 5.500 - 14.500/mm3 ); neutrófilos = 38%, eosinófilos = 42%, monócitos = 1%,
linfócitos = 19%, plaquetas = 160.000/mm3 (Valor de referência: 150.000 - 350.000/mm3 ); proteí-
nas totais = 6,2 g/dL (Valor de referência: 6,0 - 8g/dL), albumina = 2,5 g/dL (Valor de referência: 2,9 -
4,7 g/dL), globulina = 3,7 g/dL (Valor de referência: 1,4 - 3,2 g/dL). A hipótese diagnóstica e a investi-
gação complementar necessária para confirmação diagnóstica são
Questão 72
Um menino com cinco anos e oito meses foi levado pela mãe à Unidade Básica de Saúde. Há
três semanas vem apresentando dor abdominal inespecífica, tosse, febre e hábito de comer terra. Ao
exame físico, o médico encontrou palidez cutânea moderada e hepatomegalia. Foram solicitados
alguns exames: 1) hemograma: hemoglobina 10 g/dL, hematócrito 30 %. leucocitose (16.000 /mm3),
eosinofilia (12 %), plaquetas normais; 2) exame parasitológico das fezes (em andamento) e 3) exame
ultrassonográfico do abdome que revelou imagens hipoecogênicas micronodulares no fígado. Com
base na história clínica e nos exames complementares, o diagnóstico principal e o tratamento são
A) ancilostomíase; utilizar mebendazol, 100 mg, duas vezes ao dia, durante três dias.
B) giardíase; utilizar secnidazol, 30 mg/Kg, dose única.
C) toxocaríase; utilizar albendazol, 10 mg/Kg, uma vez ao dia, durante cinco dias.
D) estrongiloidíase; utilizar secnidazol, 25 mg/Kg, uma vez ao dia, de cinco a sete dias.
E) amebíase; utilizar secnidazol, 30 mg/Kg, dose única
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QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 73
Um pré-escolar, com dois anos e nove meses de idade, é trazido à Unidade Básica de Saúde
de sua cidade com os resultados dos exames anteriormente solicitados. Naquela ocasião, a mãe rela-
tou que a criança apresentava cansaço e falta de apetite, além de dor abdominal e episódios de diar-
reia e vômitos esporádicos. Há algumas semanas apresentou vesículas e prurido intenso nos pés.
Exame físico: regular estado geral, emagrecido e pálido; com distensão abdominal. Hemograma:
hemoglobina = 9,9 g/dL (Valor de referência = 11,5 - 13,5 g/dL); hematócrito = 33% (Valor de referên-
cia = 34%-40%); volume corpuscular médio = 72 fl; (Valor de referência = 70-86 fl); hemoglobina
corpuscular média = 22 pg/célula (Valor de referência = 22-31 pg/célula); leucócitos = 9.200/mm3
(Valor de referência = 5.500 - 14.500/mm3 ), basófilos = 0%, eosinófilos = 10 %, bastões = 1%, seg-
mentados = 40%, linfócitos = 50%, monócitos = 0%. O diagnóstico correto e tratamento indicado
para essa criança são
A) giardíase; metronidazol.
B) ascaridíase; cambendazol.
C) ancilostomíase; mebendazol.
D) larva migrans cutânea; tiabendazol.
Questão 74
Um escolar com 7 anos de idade, peso = 14 kg, proveniente de uma instituição para menores
abandonados, apresenta dor abdominal difusa, tipo cólica, recusa à alimentação e também palidez,
náuseas e vômitos. A informante nega a ocorrência de febre. Ao exame físico apresenta fácies de dor,
afebril, hidratado, pálido (++/4+), frequência respiratória = 34 irpm, frequência cardíaca = 115 bpm,
auscultas pulmonar e cardíaca normais. Pulsos cheios. Tempo de enchimento capilar <2 segundos,
pressão arterial = 100 × 60 mmHg. Abdome globoso, com peristalse aumentada, palpando-se massas
arredondadas, móveis, de consistência elástica, em flanco e fossa ilíaca, à esquerda. Ausência de
sinais de dor à descompressão brusca do abdome. Observaram-se formações esféricas na radiografia
de abdome em anteroposterior, com densidade de líquido, projetando-se em meio ao conteúdo gasoso
de cólon e reto ("imagem em miolo de pão") e distensão difusa de alças intestinais. Baseando-se no
diagnóstico desse paciente, além da analgesia e da hidratação venosa, a medicação específica de
escolha é
1096
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 75
Adolescente do sexo masculino, com 14 anos de idade, busca atendimento em Unidade Básica
de Saúde por considerar sua estatura muito baixa. O seu peso ao nascer foi de 3 Kg e o comprimento,
de 50 cm. Mantevese com velocidade de crescimento adequada até os dois anos de vida. Depois
desse período, o pediatra constatou desaceleração no padrão de crescimento. Atualmente, apresenta
velocidade de crescimento e estatura compatíveis com a idade óssea. Estágio de Tanner = 1; idade
óssea = 13,5 anos; radiografia de crânio normal. Qual a conduta adequada para essa situação?
A) Encaminhar o paciente para endocrinologista para indução puberal imediata com testosterona.
B) Referenciar o paciente para endocrinologista para indução imediata do crescimento com sulfato de
zinco.
C) Acompanhar a evolução e não referenciar o paciente nesse momento, pois trata-se de atraso pube-
ral constitucional.
D) Referenciar o paciente para endocrinologista para investigação imediata de hipogonadismo hipogo-
nadotrófico.
E) Não referenciar o paciente e tranquilizá-lo, pois não há evidência de atraso puberal.
Questão 76
Menina com 7 anos de idade foi levada para consulta em Unidade Básica de Saúde pela mãe.
Apresenta queixa de ganho de peso excessivo nos últimos meses. Após a realização do exame físico,
foram registrados os seguintes dados: Peso = 35 kg; Altura = 1,25 m; Pressão Arterial (membro supe-
rior direito) = 118x80 mmHg. Após a análise das curvas de crescimento (peso, altura e índice de
massa corporal – IMC) e da tabela de pressão arterial, é correto afirmar que os diagnósticos e a con-
duta inicial recomendada nessa situação são, respectivamente:
1097
QUESTÕES
QUESTÕES
A) obesidade grave e hipertensão; recomenda-se incentivar hábitos de vida saudáveis (atividade física
regular e alimentação balanceada) e realizar tratamento farmacológico.
B) sobrepeso e pressão arterial limítrofe; recomenda-se incentivar hábitos de vida saudáveis (atividade
física regular e alimentação balanceada) e rastrear outras comorbidades.
C) obesidade e hipertensão; recomenda-se seguir plano alimentar com dieta balanceada, atividade
física regular e acompanhamento semanal com a equipe de saúde.
D) sobrepeso e hipertensão; recomenda-se seguir plano alimentar com dieta balanceada, atividade
física regular, bem como restrições de tempo na frente da televisão.
E) obesidade e pressão arterial limítrofe; recomenda-se seguir plano alimentar com dieta balanceada,
atividade física regular e rastrear outras comorbidades.
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QUESTÕES
QUESTÕES
Criança, com três anos de idade, é atendida no Pronto Atendimento, com história de diarreia
nos últimos sete dias. A mãe relata aumento da frequência das evacuações, estando as fezes líquidas,
sem sangue ou muco. A criança mantém-se afebril e nas últimas 24 horas apresentou dois episódios
de vômitos. O exame físico revela peso atual de 13.300g e anterior de 14.800g; criança irritada, cho-
rando sem lágrimas, mucosas secas, olhos fundos e elasticidade cutânea diminuída. Com base na
história e no exame físico, o diagnóstico e conduta imediatos são, respectivamente
A) diarreia aguda com sinais de desidratação grave; hidratação venosa e suspensão da alimentação
até melhora dos vômitos.
B) diarreia aguda com sinais de desidratação; solução de reidratação oral e drogas antimotilidade.
C) diarreia aguda com sinais de desidratação; solução de reidratação oral e suspensão da alimentação
(nas primeiras quatro horas), exceto se for leite materno.
D) diarreia persistente com sinais de desidratação grave; hidratação venosa e suspensão da alimenta-
ção até melhora dos vômitos.
E) diarreia persistente com sinais de desidratação; solução de reidratação oral e suspensão da alimen-
tação (nas primeiras quatro horas), exceto se for leite materno.
Questão 78
Criança em idade pré-escolar foi atendida na Unidade Básica de Saúde, por diversas vezes,
com quadro diarreico semelhante: diarreia importante e evacuações explosivas logo após a ingestão
de alimentos. No atendimento atual a criança encontra-se desidratada, apresenta assadura perianal e
distensão abdominal. Os exames laboratoriais evidenciaram a presença de substâncias redutoras nas
fezes e pH fecal menor do que 5,5. Qual a suspeita diagnóstica principal?
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QUESTÕES
QUESTÕES
A) Manter o estado de hidratação com uso frequente, no domicílio, de soro de reidratação oral; manter
o aleitamento materno.
B) Após 2 horas de instituída a terapia com soro de reidratação oral, percebendo-se boa hidratação e
recuperação do peso, manter a criança internada e em jejum até completar as 4 horas preconizadas
para observação.
C )Manter a criança em observação, prescrever soro de reidratação oral, 50 a 100 mL/kg, fracionado
durante 4 horas; suspender a alimentação durante o período de observação.
D) Iniciar o tratamento com infusão lenta de soro de reidratação oral por sonda nasogástrica, 30 mL/k-
g/hora; suspender a alimentação.
E) Após 2 horas de instituída a terapia com soro de reidratação oral, se o peso da criança for estável
e o sinal da prega desaparecer muito lentamente, iniciar hidratação venosa; manter o aleitamento
materno.
Questão 80
Lactente com seis meses de idade é trazido à Unidade Básica de Saúde pela mãe porque há
um dia apresentava diarreia com seis a sete evacuações, com fezes líquidas, acompanhada de redu-
ção da diurese e inapetência; mantendo, porém, a ingestão de líquidos satisfatória. Não apresenta
febre ou vômitos e sintomas respiratórios. Ao exame físico, o médico observa que a criança apresenta-
-se irritada, chorando sem lágrimas, com olhos fundos e saliva espessa. A pesquisa de turgor da pele
mostra prega cutânea desaparecendo lentamente. Observa-se também aumento da frequência cardía-
ca com pulso débil. Com base nos dados observados e no grau de desidratação estimado, a conduta
terapêutica adequada nesta situação é realizar:
1100
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 81
Mãe comparece à Unidade Básica de Saúde com filha de 7 meses, previamente hígida, com
quadro de diarreia há 12 dias, com fezes líquidas desde o início do quadro. Nega cirurgias prévias,
vômitos, febre ou presença de sangue nas fezes. Atualmente apresenta dermatite em região de fraldas
e evacuações explosivas. Alimentada exclusivamente com leite materno até completar 4 meses de
idade, sua alimentação consiste em leite em pó integral, suco e papa de frutas. Não apresenta perda
de peso significante. Com base no quadro clínico apresentado, o diagnóstico e a conduta adequada
para esta lactente são, respectivamente:
Questão 82
Um lactente, com 9 meses de idade, procedente da zona rural, chega à Unidade Básica de
Saúde (UBS) com quadro de diarreia líquido-pastosa, sem muco e/ou sangue, com 4-5 evacuações
ao dia, acompanhada de febre baixa (37,5 ºC), que iniciou-se há 2 dias. A alimentação é feita com leite
materno e complementação adequada. O calendário vacinal encontra-se em dia e a curva de cresci-
mento dentro dos parâmetros da normalidade. A mãe estava fazendo uso de soro caseiro e observou
que o lactente vinha recusando a alimentação nas últimas 24 horas. Ao exame físico o lactente apre-
sentava letargia, olhos fundos e sinal da prega com retorno lento ao estado anterior. De acordo com as
diretrizes do Programa de Atenção Integrada às Doenças Prevalentes na Infância (AIDPI), do Ministério
da Saúde do Brasil, qual a classificação do quadro diarreico e a conduta terapêutica?
A) Diarreia moderada com desidratação; iniciar a hidratação oral na UBS e liberar conforme melhora
clínica.
B) Diarreia com desidratação leve; iniciar a hidratação oral na UBS e liberar conforme melhora clínica.
C) Diarreia grave com desidratação grave ou muito grave; referir urgentemente para o hospital.
D) Diarreia moderada com desidratação; referir urgentemente para o hospital
1101
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 83
Um lactente, com oito meses e meio de idade, é atendido na Unidade Básica de Saúde com
diarreia líquida, com média de sete evacuações ao dia, vômitos e febre. Os sintomas iniciaram-se há
dois dias, juntamente com coriza e tosse. Desde os quatro meses de idade, o lactente alimenta-se com
leite materno, mamadeira (leite de vaca diluído ao meio e farinha) e papa de vegetais (cada uma dessas
refeições, duas vezes ao dia). Ao exame físico, o médico observou choro intenso e sem lágrimas, olhos
fundos, boca seca, enchimento capilar prejudicado e sinal da prega desaparecendo lentamente. O
lactente está recusando a alimentação, exceto leite materno, que mama avidamente. A conduta indica-
da para esse lactente é hidratação
A) oral (70 mL/kg em até 4 horas) e manutenção do aleitamento materno. Após a melhora, alimentação
normal, sem utilização de leite de vaca e derivados.
B) oral (100 mL/kg em 4 horas) e manutenção do aleitamento materno. Após a melhora, readequação
alimentar, corrigindo-se o preparo das mamadeiras.
C) venosa (100 mL/kg de soro glicofisiológico em 2 horas) e suspensão da amamentação. Após a
melhora, readequação alimentar, corrigindo-se o preparo das mamadeiras.
D) venosa (100 mL/kg de Ringer lactato em 2 horas) e suspensão da amamentação. Após a melhora,
retomada da alimentação normal, sem leite de vaca e derivados.
Questão 84
Criança com 9 anos de idade, previamente hígida, desenvolveu quadro de astenia há dois dias.
Há seis horas passou a apresentar alguns episódios de vômito, dor abdominal, poliúria e polidipsia. Foi
levada pela mãe ao Pronto-Socorro, onde chegou com quadro de desidratação e confusão mental. O
plantonista solicitou gasometria arterial, que apresentou o seguinte resultado: pH = 7,2; pO2 = 75
mmHg; pCO2 = 30 mmHg; HCO3- = 12 mEq/L e Excesso de base (BE) = -18 mEq/L. Com base no
quadro clínico e exames laboratoriais, o diagnóstico e a conduta imediata são, respectivamente:
1102
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 85
Uma criança de sexo feminino, com quatro anos de idade, é atendida no Pronto Atendimento
com queixa de poliúria, polidipsia e emagrecimento nos últimos dois meses. Apesar de ter havido um
atendimento anterior por esta queixa, não houve uma definição diagnóstica. A mãe decidiu retornar ao
serviço porque nos últimos dois dias, a criança começou a apresentar sonolência, acompanhada de
febre (dois picos de 38,6 °C), vômitos, fadiga, sinais de desidratação e taquipneia. Imediatamente,
você decidiu encaminhar a paciente para um Serviço de Emergência, devido à hipótese diagnóstica de
cetoacidose diabética. A decisão de encaminhamento imediato foi determinada
A) pela preocupação com a hipotensão, achado bastante comum nas crianças que desenvolvem ceto-
acidose diabética.
B) para reposição volêmica e controle da glicemia. A hipotensão, na criança em cetoacidose diabética,
é evento raro e tardio.
C) pela alta mortalidade, característica da doença, cuja principal causa de morte está relacionada à
hipotensão.
D) pela hipertermia da criança, que requer imediata investigação diagnóstica.
E) porque, em crianças lactentes e pré-escolares, além de adolescentes grávidas, a cetoacidose
ocorre com níveis de glicemia sempre muito elevados
Questão 86
Uma criança de 9 anos de idade é levada ao serviço médico de urgência com quadro de confu-
são mental e desidratação. Os pais relatam perda de 2 kg nos últimos 15 dias, apesar do aumento da
ingestão alimentar e sede constante. Ao exame físico: paciente desidratado +++/4, com hálito cetôni-
co. Exames laboratoriais: glicemia = 560 mg/dL (valor de referência < 100 mg/dL), gasometria: pH =
7,2 e bicarbonato = 12 mEq/L, sódio = 140 mEq/L, potássio = 5,7 mEq/L; exame de urina: glicose =
++, proteínas = ausentes, corpos cetônicos = ++, leucócitos = 2 000/mL e eritrócitos = 3 000/mL.
Qual a conduta mais adequada no caso?
1103
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 87
Uma paciente de 11 anos de idade dá entrada no Pronto Socorro com história de dor abdomi-
nal e oito episódios de vômitos nas últimas quatro horas. A mãe relata que a criança perdeu 4 kg no
último mês e está urinando excessivamente. A menina passou por vários exames, com os seguintes
resultados: frequência cardíaca = 150 bpm; frequência respiratória = 60 irpm. Mostrou-se sonolenta,
olhos fundos, boca seca, com enchimento capilar de cinco segundos, murmúrio vesicular bem distribu-
ído, bulhas rítmicas normofonéticas, abdome flácido e indolor, sem visceromegalias. Não foram eviden-
ciados sinais de irritação meníngea.
Os resultados dos exames laboratoriais estão apresentados a seguir, denotando-se por VR os valores
de referência.
Hemogasometria arterial:
pH = 7,1 (VR = 7,35 - 7,45); HCO3 = 8 mEq/L (VR = 21 - 28 mEq/L); PCO2 = 22 mmHg (VR = 35 - 48 mmHg); PO2 =
89 mmHg (VR = 83 - 108 mm Hg); glicemia = 450 mg/dL (VR = 65-99mg/dL); sumário de urina: cetonúria; K = 3,8 mEq/L
(VR = 3,5 - 5 mEq/L); Na = 140 mEq/L (VR = 135 - 145 mEq/L); fósforo = 3,5 mg/dL (VR = 3,5 - 5,5 mg/dL); ureia = 35
mg/dL (VR = 15 - 40 mg/dL); creatinina = 1 mg/ dL (VR = 0,6 - 1,3 mg/dL). Hemograma: Hb = 15 g/dL (VR = 11,5 - 15,5
g/dL); Ht = 45% ( VR = 35 - 45%); leucócitos = 4.800 /mm3 (VR = 5.500 - 15.500/mm3).
Qual deveria ser a conduta imediata para esse caso?
A) Iniciar insulina subcutânea após controle da desidratação, com expansão volumétrica com soro
fisiológico a 0,45%.
B) Iniciar insulina endovenosa contínua em bomba de infusão em Y e a expansão volumétrica com soro
fisiológico a 0,45%.
C) Iniciar solução de manutenção com potássio após controle da desidratação, com expansão volumé-
trica com soro fisiológico a 0,9%.
D) Iniciar reposição em Y de bicarbonato endovenoso e a expansão volumétrica com soro fisiológico a
0,9% para controle da desidratação
Questão 88
Um bebê com 4 meses de idade é levado ao serviço de Pronto Atendimento com quadro clínico
de diarreia iniciado no dia anterior. A mãe refere que a criança apresenta cerca de 8 evacuações
diárias, líquidas, volumosas, sem sangue ou muco. Ao exame físico, encontra-se letárgico, com pulsos
finos e tempo de enchimento capilar de 5 segundos. Após receber 2 expansões com soro fisiológico,
20 ml/kg, o bebê apresenta melhora parcial do quadro clínico. O resultado da gasometria arterial
evidencia pH = 7,3 (valor de referência: 7,35 a 7,45); pO2 = 150 mmHg (valor de referência: 83 a 108
mmHg); pCO2 = 21 mmHg (valores de referência: 32 a 48 mmHg); HCO3 – = 14 mEq/L (valores de
referência: 21 a 28 mEq/L); BE = –3,5 (valor de referência: –3 a +3).
Diante desse quadro, a interpretação da gasometria e a conduta médica imediata são
1104
QUESTÕES
QUESTÕES
Questão 89
Um lactente, com nove meses de idade, foi levado ao Pronto Atendimento porque, há 5 horas
vem apresentando choro inconsolável, vômitos, fezes com sangue e distensão abdominal. A mãe refere
que a criança ficou gripada há uma semana. Durante o exame físico, o pediatra palpou massa abdomi-
nal e solicitou radiografia simples de abdome que foi inespecífica e ultrassonografia de abdome total
que mostrou anéis concêntricos de camadas hipoecóicas e hiperecóicas alternantes, com porção cen-
tral hiperecóica (sinal da “rosquinha/alvo/olho de boi”). Foi encaminhado ao centro cirúrgico para lapa-
rotomia. Baseado nos sintomas apresentados, o quadro descrito é compatível com abdome agudo,
tendo como causa
Questão 90
Criança do sexo masculino, com 7 meses de idade, começou a apresentar crises de choro
injustificado intercaladas com períodos de acalmia. Tem leve distensão abdominal, principalmente em
quadrante superior direito, e vômitos de conteúdo alimentar há cerca de dois dias. Hoje pela manhã, a
mãe notou fezes contendo substância gelatinosa e de cor róseo-avermelhada, o que a motivou a procu-
rar serviço de Pronto Atendimento. Ao exame, a criança se apresenta inquieta e chorosa, os ruídos
abdominais estão presentes, levemente aumentados e com timbre metálico. Na palpação abdominal
evidencia-se uma tumoração fusiforme em hipocôndrio direito, sem sinais de irritação peritonial. Com
base nessas informações, pode-se afirmar que, na investigação por imagem:
1105
GABARITO
Clínica Cirúrgica
GABARITO
GABARITO
Questão 01 - C Questão 14 - E
Questão 02 - A Questão 15 - E
Questão 03 - A Questão 16 - D
Questão 04 - C Questão 17 - E
Questão 05 -A Questão 18 - C
Questão 06 - A Questão 19 - C
Questão 07 - D Questão 20 - B
Questão 08 - D Questão 21 - D
Questão 09 - B Questão 22 - D
Questão 10 - A Questão 23 - B
Questão 11 - C Questão 24 - A
Questão 12 - A Questão 25 - A
Questão 13 - C
1107 QUALITY
EDUCAÇÃO MÉDICA
GABARITO
GABARITO
Questão 26 - B Questão 39 - D
Questão 27 - B Questão 40 - A
Questão 28 - B Questão 41 - B
Questão 29 - D Questão 42 - C
Questão 30 -B Questão 43 - D
Questão 31 - D Questão 44 - B
Questão 32 - C Questão 45 - C
Questão 33 - C Questão 46 - C
Questão 34 - D Questão 47 - A
Questão 35 - C Questão 48 - B
Questão 36 - A Questão 49 - A
Questão 37 - D Questão 50 - B
Questão 38 - E
QUALITY 1108
EDUCAÇÃO MÉDICA
GABARITO
GABARITO
Questão 51 - A
O quadro descrito corresponde a um desenvolvimento infantil normal, os sinais mais importantes,
nessa idade são: rola com facilidade e fica sentada apenas quando se apoia nas mãos.
Questão 52 - B Questão 55 - B
Questão 53 - D Questão 56 - C
Questão 54 - B Questão 57 - A
Questão 58 - D
A primeira coisa é saber diferenciar uma sífilis congênita precoce da sífilis congênita tardia. A sífilis
congênita precoce surge até o 2o ano de vida. Além da prematuridade e do baixo peso ao nascimento,
as principais características dessa síndrome são, excluídas outras causas: hepatomegalia com ou sem
esplenomegalia, lesões cutâneas (como por exemplo, pênfigo palmo-plantar, periostite ou osteíte ou
osteocondrite (com alterações características ao estudo radiológico), pseudoparalisia dos membros,
sofrimento respiratório com ou sem pneumonia, rinite sero-sanguinolenta, icterícia, anemia e linfadeno-
patia generalizada (principalmente epitroclear). Outras características clínicas incluem: petéquias,
púrpura, fissura peribucal, síndrome nefrótica, hidropsia, edema, convulsão e meningite. A síndrome
clínica da sífilis congênita tardia surge após o 2o ano de vida. As principais características dessa
síndrome incluem: tíbia em “Lâmina de Sabre”, articulações de Clutton, fronte “olímpica”, nariz “em
sela”, dentes incisivos medianos superiores deformados (dentes de Hutchinson), molares em “amora”,
rágades periorais, mandíbula curta, arco palatino elevado, ceratite intersticial, surdez neurológica e
dificuldade no aprendizado. O tratamento da sífilis sempre penicilina G cristalina IV ou penicilina G
procaína durante 10 dias.
Questão 59 - D
Esse caso clínico é Sífilis Congênita, pode ser classificada em precoce (diagnosticada até os dois
anos de vida) e tardia (após esse período). Entre as alterações que a criança pode apresentar desta-
cam‐se também periostite, osteíte e osteocondrite, as quais apresentam lesões características no
estudo radiológico.
1109 QUALITY
EDUCAÇÃO MÉDICA
GABARITO
GABARITO
Questão 60 - B
A amamentação é contra-indicada em apenas duas situações: HIV e fenilcetonúria.
Questão 61 - A
Questão 62 - A
Questão 63 - D
A icterícia é causada pelo aumento da quantidade do pigmento bilirrubina. Zonas dérmicas de progres-
são da icterícia, segundo Kramer: de Zona 1- cabeça e pescoço BI até 5mg/dL.
Questão 64 - A Questão 67 - E
Questão 65 - C Questão 68 - A
Questão 66 - B
Questão 69 - A
O prurido genital é característico da enterobiose. Na questão diz que “Ao exame, detectou-se ausência
de sangramento ou corrimento e que a membrana himenal está íntegra.”, candidíase apresenta corri-
mento e a genitora não relata. Herpes e vulvovaginite são doenças sexuais.
Questão 70 - C
A sibilância e a tosse, são causadas pela síndrome de Loeffler. Juntamente com os outros sinais e
sintomas apresentados são característicos de infecção por helmintos ou áscaris. Outro fato importante
é o valor da hemoglobina: 8g/dL.
QUALITY 1110
EDUCAÇÃO MÉDICA
GABARITO
GABARITO
Questão 71 - C Questão 79 - E
Questão 72 - C Questão 80 - A
Questão 73 - C Questão 81 - B
Questão 74 - D Questão 82 - C
Questão 75 - C Questão 83 - B
Questão 76 - C Questão 84 - A
Questão 77 - C Questão 85 - B
Questão 78 - D Questão 86 - C
Questão 87 - C
É uma cetoacidose diabética, em distúrbio metabólico com este não é indicada a administração de
bicarbonato de sódio. A recomendação é que inicie o tratamento dom expansão volumétrica com SF
0,9% (20ml/kg) e logo após administrar manutenção com o potássio. Lembrando que nesse caso
também é recomendado a administração da insulina EV.
Questão 88 - A
Em razão dos resultados apresentados na gasometria arterial, podemos constatar que se trata de uma
acidose metabólica. Em relação à conduta: não é correto administrar bicarbonato de sódio em diarreia,
com exceção quando pH < 6.9, nesse quadro clínico está indicado expansão volêmica (3 x 20ml/kg)
20/20 mim.
Questão 89 - D
Questão 90 - D
1111 QUALITY
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