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28 SÃO LUÍS: UMA LEITURA DA CIDADE

3 CARACTERÍSTICAS DA POPULAÇÃO Se a taxa média de crescimento anual do período de 2000 a A população ludovicense se distribui pelo território de forma
2005 fosse mantida (2,45% ao ano) a população de São Luís seria de desigual, em bairros, loteamentos e conjuntos habitacionais, com
Pelos dados do último censo demográfico do IBGE, 870.028 1.002.808 habitantes em julho de 2006, o que representaria mais de características e padrões distintos de ocupação.
pessoas viviam na Cidade de São Luís no ano 2000, com estimativa 80% da população de toda a Ilha. Vila Nova, Sá Viana, São Francisco, Olho D’Água, Bequimão,
de 978.824 habitantes para 2005. A população residente, considerada Quase a totalidade da população de São Luís (96%) vive na Vila Palmeira, Cohatrac, Coroadinho,Tirirical, Cidade Operária e Santa
pelo IBGE, constituiu-se de moradores que tinham seus domicílos área urbana e é representada na sua grande maioria por jovens de 10 Clara são só alguns exemplos entre os bairros com maior quantidade
como residência habitual e que, na data de referência do censo, a 19 anos e adultos da faixa etária de 20 a 29 anos (Fig. 3.1). de habitantes que compõem a Capital do Estado.
estavam presentes ou ausentes por período inferior a 12 meses Com relação ao sexo, o número de mulheres é superior ao de homens Como áreas menos povoadas destacam-se os bairros Ponta
(Tabelas 3.1 e 3.2). em 14%, o que equivale a 57.228 mulheres (Fig. 3.2). D’Areia, Renascença e Centro, este último devido a um processo de
Tabela 3.1 – População dos Municípios da Ilha de São Luís. FONTE: Faixa Etária da esvaziamento populacional característico de Centros Históricos.
IBGE/Censo 2000.
Figura 3.1 – Distribuição da população por faixa etária. FONTE: Uma intensa urbanização, verificada principalmente a partir da
Data dos População Residencial IBGE/Censo 2000.
População década de 70, acelerou a ocupação espacial da cidade, dificultando o
Recenseamentos Total Urbana Rural controle Municipal sobre o ordenamento do território. Esse fato estimulou
São Luís 23.94% o adensamento populacional ao longo de áreas concentradoras de
trabalho e áreas periféricas, em função do baixo custo dos terrenos.
1970 265.486 205.413 60.073 20.69%
19.23% 0 a 9 anos A valorização dos terrenos próximos à região das praias, e das
1980 449.432 247.288 202.144 áreas bem servidas de equipamentos urbanos, justifica o crescimento
10 a 19
1991 696.371 246.213 450.158 15.055% horizontal da cidade para além do limite do Município de São Luís e a
20 a 29
existência de baixas densidades populacionais nas áreas privilegiadas,
2000 870.028 837.584 32.444 30 a 39 pois a segregação espacial está nitidamente ligada ao poder aquisitivo
São José de Ribamar 9.86% 40 a 49 da população (Mapa “População Residente por Setor Censitário”).
1970 23.636 14.050 9.586 5.51%
50 a 59 A ocupação do “Conjunto Ambiental de São Luís” é caracterizada,
1980 32.320 18.765 13.555 5.69% 60 anos ou + portanto, por um duplo processo de assentamento populacional. De
um lado espontâneo, sem planejamento físico territorial e sem seguir
1991 70.571 26.044 44.527
as normas estabelecidas pela legislação urbanística vigente; e por
2000 107.384 27.245 80.139 outro, induzido pela implantação de infra-estrutura urbana.
Paço do Lumiar
1970 13.487 524 12.963 3.1 Densidade Demográfica
1980 17.209 588 16.621
Através do cálculo da área dos setores censitários do IBGE foi
1991 53.195 1.147 52.048
População Residente por Sexo e Idade possível identificar a densidade demográfica de São Luís por partes
2000 76.188 1.188 75.000 reduzidas do território e aproximar os dados disponíveis à realidade.
Raposa Dessa forma, entre os bairros mais populosos destacam-se:
Madre Deus, Camboa, parque Amazonas, Pindorama, Anjo da Guarda,
2000 17.088 11.370 5.718 0A9 82660
84655 Jaracaty e novamente Vila Nova, Sá Viana, São Francisco, Cohatrac,
10 a 19 110000 Coroadinho e Cidade Operária (estes já citados como bairros que
Tabela 3.2 – População Estimada da Região Metropolitana
98309
possuem grande quantidade de habitantes).
98177
20 a 29
É necessário esclarecer que os dados disponíveis referem-se
População estimada 2005 em 01/07/2005 81908
ao período do ano 2000 e que nos últimos 5 anos verificou-se um
São Luís 978.824 30 a 39 71838
59155 adensamento populacional expressivo no Bairro da Cidade Olímpica.
São José de Ribamar 130.448 45806
40 a 49 Com relação ao bairro do Turú, observa-se uma ocupação
Paço do Lumiar 97.689 40059
25953 populacional em ascensão, principalmente devido à presença de
Raposa 20.698 50 a 59
21991 Mulheres condomínios (horizontais e verticais) de padrão popular. O bairro
Alcântara 22.359 29194 Homens apresenta densidade relativamente baixa, com espaços vazios
60 ou m ais
Total Região Metropolitana 1.250.018 20323
disponíveis ao adensamento.
Os dez povoados e os dez bairros urbanos mais populosos,
Fig ura 3.2 – Pop ulação resid en t e por grup o d e id ad e e sexo. segundo a Fundação Nacional de Saúde em 1996, estão listados
1
Danielle Nogueira Magalhães, Arquiteta e Urbanista. FONTE: IBGE/Censo 2000 na Tabela 3.3.
30 SÃO LUÍS: UMA LEITURA DA CIDADE
DENSIDADE DEMOGRÁFICA
POR REGIONALIZAÇÃO DOS SETORES CENSITÁRIOS IBGE

Tabela 3.3 – Bairros e povoados mais populosos. FONTE: Fundação Nacional de Saúde (1996).

DENSIDADE

264,93
LEGENDA

262,25
BAIRROS HABITANTES
1- Anjo da Guarda 28.865 DENSIDADE DEMOGRÁFICA DE 1991

2- São Francisco 24.976 DENSIDADE DEMOGRÁFICA DE 2000

3- Vila Embratel 24.077


4- Coroadinho 19.738
5- Fátima 18.587

141,99

141,02
144,5

135,22
132,09

129,89
6- Bequimão 18.442

128,69
126,19
123,56

121,28

121,29
114,36

112,25

111,92
109,03
7- Liberdade 16.305

102,69
102,02

101,46
100,96
99,62

99,23

95,85
94,82

93,71
89,82

88,88
8- Divinéia 15.257

88,53

87,19
86,36

86,14
82,22
78,69

74,26
73,85

72,48

71,78
9- Cohab-Anil 13.939

66,41
63,62

60,31

60,31
56,25

55,93

55,72
48,79

48,53

45,38
48,4
10- Vila Mauro Fecuri 13.551

42,98
39,92

38,57
37,66

40,8
35,03

31,64
29,06

25,13
POVOADOS HABITANTES

23,34

22,67

19,63

18,52
18,32
18,9
18,9

15,17

12,56

7,97
6,84
1- Vila Sarney 5.417

4,24

2,44
1,46
2- Vila Esperança 5.417

VILA MAURO FECURY

CID. OLÍMPICA E
VILA EMBRATEL
BEQUIMÃO

BAIRRO DE FÁTIMA
RENASCENÇA

SÁ VIANA
OLHO D'ÁGUA

VINHAIS

SANTA CRUZ

FILIPINHO

COROADINHO
PONTA D'AREIA

MONTE CASTELO

COHATRAC
TURU

CENTRO

BARRETO

SANTO ANTOÔNIO

OPERÁRIA
3- Santa Clara 4.408
4- Estiva 3.947
5- Vila Maranhão 3.837
6- Nova República 3.626
7- Pedrinhas 3.307 REGIONAIS
8- Tibiri 3.139
9- Tibirizinho 3.029 Figura 3.3 – Densidades demográficas por regionalização de setores censitários. FONTE: IBGE (Censos 1991/2000).
10- Quebra Pote 2.632
Os índices baixos de adensamento populacional são justificados em parte pela presença rarefeita de principalmente se forem analisados em conjunto com o crescimento industrial estabelecido na década de 80
edificações verticais na cidade, característica de cidades de porte médio em vias de desenvolvimento. As e os atrativos que foram criados com a implantação dos grandes projetos mínero-industriais na capital
áreas mais adensadas estão localizadas no entorno do Centro e no corredor Centro-Anil, onde o processo de maranhense.
urbanização já está consolidado (Fig. 3.3) Em relação à procedência dos migrantes evidenciou-se (ainda em 1970) que a maioria (cerca de
Na Região de Praias, onde foram implantados conjuntos habitacionais de padrão mais elevado, a 82,4%) naquela década foi proveniente de zonas urbanas. Este dado isolado escondeu um caráter “escalonado”
densidade apresenta índices mais baixos, evidencia-se nesta área a ocorrência de especulação imobiliária, da migração rural/urbana: o percurso deste movimento passou por uma série de cidades menores até a
em função da valorização do local e da presença de vazios urbanos. fixação naquelas maiores e mais estruturadas, que permitiram alternativas mais variadas de vinculação
Destaca-se ainda que entre as áreas de densidades mais baixas estão incluídas a Zona de Segurança econômica e de sobrevivência para a população migrante, como foi o caso de São Luís, no contexto
do Aeroporto e as áreas onde a presença da vegetação é significativa: Zonas de Reserva Florestal, Áreas de do Maranhão.
Proteção Ambiental e áreas verdes de um modo geral. O período de 1990 a 2000 também registrou a influência de São Luís como pólo de concentração
A Zona Rural como um todo apresenta índices baixos de densidade populacional e presença significativa populacional ascendente, o avanço do processo de urbanização e a redução do espaço rural (Tabela 3.3).
de cobertura vegetal (Mapa “Densidade Demográfica”).
Tabela 3.3 – Participação da população de São Luís no Estado. FONTE: Censos do IBGE.

3.2 Crescimento Populacional População Total Incremento Participação Taxa média


ano Populacional da no Estado de cresc.
Maranhão São Luís capital (%) (%) Anual (%)
As características agrofundiárias do Estado do Maranhão representam um aspecto fundamental na
dinâmica populacional da Cidade de São Luís, sendo responsável pelo intenso incremento demográfico ante- 1960 2 492 139 158 292 32,15 6,35 -
rior aos grandes projetos industriais instalados na Capital.
1970 2 992 678 263 595 66,52 8,81 5,31
O movimento migratório interno e contínuo consolidou o Município de São Luís como eixo polarizador,
apresentando taxas de crescimento significativamente mais elevadas em relação ao Estado como um todo. 1980 3 996 444 460 320 74,63 11,52 5,41
As décadas de 70 e 80 do século 20 demonstraram a presença de um fluxo populacional contínuo e 1990 4 930 253 695 119 51,00 14,10 6,00
ascendente, desde a década de 60, que coincidiu com o avanço espacial da urbanização de São Luís. Além 2000 5 651 475 867 690 24,83 15,35 2,53
disso, constituíram indicadores seguros das tendências de um movimento populacional mais recente, 2005 6 013 828 978 824 12,81 16,27 2,45
32 SÃO LUÍS: UMA LEITURA DA CIDADE

A população de São Luís apresentou um crescimento de, aproximadamente, 326,8% nesse período, São Luís foi um dos pólos importantes de destino final do deslocamento escalonado da migração rural-
e a população rural, que em 1970, representava 22,6% do total passou para 3,7% em 2000 (ZONEAMENTO urbana, ao reunir fatores de atração relacionados com a relativa concentração industrial e, como sede
COSTEIRO DO ESTADO DO MARANHÃO, 2003). A população urbana que, em 1991, era de 246.244 habitantes, administrativa do Estado, pela expectativa de emprego no quadro do funcionalismo público. Apesar da existência
sofreu um aumento de 209,52%, e passou para 762.172 habitantes em 1996, já no período de 1996 a 2000 destes fatores favoráveis à atração populacional, o ritmo com que se processou o crescimento urbano indicou
o crescimento urbano foi de apenas 9,9%. que os fatores de expulsão rural foram decisivos neste processo (Mapa “Pessoas Residentes com Rendimento”).
Essa diminuição da população rural, e conseqüente aumento da população urbana, devem-se ao fato O setor industrial desenvolveu-se predominantemente em torno da produção de bens não duráveis, com
da Prefeitura Municipal de São Luís ter atualizado o limite entre a Zona Urbana e a Zona Rural com a implantação significativa interdependência do setor primário, beneficiamento de arroz, óleos de babaçu e amêndoas e outros
do Plano Diretor de 1992, quando algumas áreas que eram rurais passaram a ser consideradas urbanas. produtos alimentícios. Um novo revigoramento econômico teve início a partir de 1975, com o estímulo do setor
Além de concentrar a maioria da população do Estado, São Luís possui uma taxa de crescimento da construção civil, operando em paralelo ao crescimento dos ramos de produtos minerais não metálicos.
superior às verificadas para o conjunto dos municípios. Os índices de crescimento populacional são A característica de um crescimento urbano acelerado ao lado de uma industrialização dependente determinou
significativamente menores no restante do Estado do Maranhão, onde verificou-se um crescimento na população a ampliação da expressividade econômica do Setor Terciário, com um forte destaque das atividades informais.
total de 14,63% entre 1991 e 2000, e de 6,41% entre 2000 e 2005. Em São Luís, no intervalo de 1991 a 2000 Somaram-se a esta situação as tendências declinantes do Setor Primário, quer pela expansão territorial da
a população cresceu 24,83% e entreCRESCIMENTO
2000 e 2005 12,81% (Fig. 3.4).
POPULACIONAL urbanização, quer pelo processo de concentração fundiária e baixa exploração de áreas aproveitáveis.
Em relação ao Setor Primário observou-se uma redução de sua expansão territorial, onde foi determinante
HABITANTES

a urbanização de São Luís, o que afetou sua expressão econômica, já estruturalmente reduzida. Manteve,
contudo, significativo potencial social sob o prisma da vinculação da população, quer através da atividade
pesqueira, quer através do crescimento da pequena propriedade.
959.124
906.567
A atividade pesqueira possuía uma exploração artesanal, constituindo basicamente uma atividade de
subsistência. Na década de 80 esta atividade foi prejudicada pela baixa capitalização dos produtores (devido
978.824
867.690 923.526
870.028 a um expressivo número de intermediários) e pela falta de infra-estrutura.
A falta de apoio logístico foi resolvida, em parte, com a construção do Mercado do Peixe pelo Governo
696.371
do Estado, no Aterro do Bacanga (década de 90), porém o problema com os atravessadores persiste. Atualmente
o Portinho (onde foi implantado o Mercado de Peixe), comercializa cerca de 10 toneladas de pescado por dia.
O Setor Terciário é o que concentra a maior vinculação econômica da população através da expansão
das atividades de comércio e serviços e do mercado de trabalho informal. A elevação dos rendimentos
460.320
médios mensais é influenciada pela combinação entre trabalho formal e informal. Verifica-se também o
aumento da renda familiar pela intensificação do trabalho e não pela elevação do rendimento individual (um
número maior de membros colaboram para o aumento da renda familiar).
Neste contexto de acentuado crescimento urbano e de predominância das atividades do terciário, o
265.595
setor secundário manteve, historicamente, as características de uma industrialização incipiente, baseada nos
158.292
ramos “tradicionais”, com uma participação restrita na formação do PIB setorial e na geração efetiva de
85.583
119.785
empregos (Fig. 3.5).
53.484 52.929
801 26.315 29.475
13.145
Séc.. Séc. Séc. 1900 1910 1920 1940 1950 1960 1970 1980 1991 2000 2001 2002 2003 2004 2005
XVII XVIII XIX PERÍODO
Figura 3.4 – Crescimento Populacional. FONTE: IPLAM/IBGE.

3.3 Diversificação dos Setores Econômicos

A partir dos anos 50, quando ocorreu um novo padrão de desenvolvimento industrial no país (desde o
centro-sul), foi reafirmada a vocação agrária do Estado, favorecida pela existência de mais de 15.000.000 ha
de terras virgens e devolutas.
Esta circunstância atraiu um significativo contingente migratório da região nordeste, que realizou o
avanço da fronteira agrícola com o estabelecimento de pequenas unidades de produção familiar, em particu-
lar a produção de cereais e babaçu. As grandes obras viárias interestaduais intensificaram este processo, ao
mesmo tempo em que realizaram a necessária integração regional do mercado.
No final dos anos 50 a valorização imobiliária ao longo das rodovias determinou o aparecimento de
grandes propriedades, o deslocamento de parcelas significativas dos ocupantes originais e a subordinação
econômica da pequena propriedade. A baixa capacidade de retenção populacional no contexto de expansão
da fronteira agrícola fundamentou o êxodo rural, cujos reflexos podem ser observados no crescimento da
urbanização desordenada de São Luís a partir da década de 60. Figura 3.5 – Contribuição dos setores econômicos no PIB Municipal. FONTE: IBGE (Censo 2000)
34 SÃO LUÍS: UMA LEITURA DA CIDADE

O valor estimado do Produto Interno Bruto (PIB) do município Estudos realizados sobre a situação de emprego no contexto Do total das pessoas que receberam rendimentos, a maioria
de São Luís no ano de 2002, foi de R$ 4,542 bilhões, ou 39,78% do da Ilha até a década de 80 assinalaram uma prevalência acentuada estava na faixa de até 1 salário mínimo, equivalente a uma
PIB do Estado. O PIB per capita de São Luís, a preços de mercado, foi do setor terciário como absorvedor de força de trabalho. Do ponto de percentagem de 35,41%. Acima deste nível observou-se uma parcela
estimado em R$ 4.938,04, ou 2,6 vezes o PIB per capita do Maranhão. vista setorial apontou um declínio do emprego agrícola e uma oscilação populacional decrescente que se traduziu em índices reduzidos para
do emprego industrial. A grande expansão do emprego ocorreu no os rendimentos maiores: 20,63% das pessoas recebem entre 2 a 5
O Município de São Luís con stitui u m do s pó los de
terciário: em 1960 respondia por 67,8% de todos os empregos, salários mínimos, 14,63% entre 5 a 20 salários mínimos, e apenas
desenvolvimento industrial do Estado em ascensão, principalmente
percentual que se elevou para 74,31% em 1980 e teve uma queda 2,62% acima de 20 salários mínimos (Figura 3.6).
devido a uma política econômica de canalização de investimentos
para a região, aproveitando as potencialidades energéticas de Tucuruí progressiva, passando para 67,18% em 1991 e 60,8% em 2000. Apesar da Cidade de São Luís possuir estruturas urbanas
e as reservas minerais da Serra de Carajás no Pará. consolidadas, uma concentração industrial influente e ser a sede do
Governo do Estado, na prática, todo esse potencial não se reverteu
Desde o final da década de 70, a capital maranhense assumiu 3.5 Renda em condições mais propícias para a elevação dos rendimentos
uma nova vocação econômica a partir da implantação de grandes individuais da população.
Rendimento Nominal Mensal
projetos envolvendo a exploração mineral, que se expressaram na
A renda é analisada aqui como um fator econômico, porque
construção da Estrada de Ferro Carajás e no Terminal da Companhia 35.41%
permite perceber o raio de influência dos efeitos multiplicadores da Até 1
Vale do Rio Doce (CVRD) em São Luís. Ao longo da década de 80 do
economia como um todo, que incide não apenas sobre o mercado de 26.68% Mais de 1 a 2
século 20 foram efetivadas também propostas de constituição de pólos
consumo em São Luís e nos municípios vizinhos, como também qualifica Mais de 2 a 3
de produção siderúrgica e de ferro-liga ao longo do corredor desta
as condições de vida da população. Mais de 3 a 5
estrada, em adição à implantação da Fábrica ALUMAR (Consórcio
Billiton-Alcoa) e ao projeto Usimar. Estas propostas foram reforçadas A renda per capita média da população local passou de R$189,45 9.96%
10.67%
9.81%
Mais de 5 a 10

com um protocolo assinado na década de 90 pelo Governo do Estado em 1991 para R$252,13 em 2000, tendo aumentado 33,09%. No 4.82%
Mais de 10 a 20

para a instalação de outra usina siderúrgica (DUFERCO). mesmo período, a porcentagem de pessoas com renda domiciliar per 2.62% Mais de 20
capita menor que R$75,50 (metade do salário mínimo vigente em
Porém, a especialização desta “vocação econômico-industrial”
agosto de 2000), decresceu de 43,8% (1991) para 39,9% (2000). No habitantes
esteve voltada, prioritariamente, para o mercado externo, contribuindo
entanto, o índice Gini, que mensura a desigualdade social, aumentou Figura 3.6 – Nível salarial da população com rendimento. FONTE:
parcialmente para o desenvolvimento econômico local.
de 0,61 para 0,65 em 2000 (Mapa “Rendimento Nominal Mensal”). IBGE (Censo 2000)
A industrialização de São Luís em 1980, em termos locais,
contribuiu com 19,2% para a formação do PIB da Ilha, o que
representou seis vezes mais que a geração do Setor Primário, porém,
apenas 1/4 do valor produzido no Setor Terciário. Em 2002, a
contribuição do Setor Industrial de São Luís no PIB da Ilha cresceu
para 33,3%, o Setor Agropecuário contribuiu com apenas 0,13% e o
Setor de Serviços prevaleceu como maior contribuinte representando
um percentual de 49,5% do PIB total da Ilha.

3.4 Emprego

O processo de urba niza ção acel erado da cidade, a


industrialização dependente e a proeminência do setor terciário
determinaram a tendência da vinculação, atratividade e incorporação
efetiva da população em empregos dos diferentes setores.
Os índices da PEA (População Economicamente Ativa) e da PO
(População Ocupada) constituem os indicadores privilegiados dessa
articulação. De acordo com o censo de 2000, a População
Economicamente Ativa (PEA) de São Luís, corresponde a 476 775
pessoas, 2,17 vezes maior que a PEA de 1991, que era de 219 119
pessoas. Do total da População Economicamente Ativa de São Luís,
21,9% é de desocupados.
O Setor Terciário continuou a ser responsável pela absorção da
maior parcela da população ocupada de São Luís, representando um
percentual de 60,8% de toda a PEA, seguido pelo setor secundário e
o primário em ordem de influência econômica. Figura 3.7 – Feira da Cidade.
36 SÃO LUÍS: UMA LEITURA DA CIDADE

3.6 Educação O nível de escolaridade predominante em São Luís é o fundamental (1ª a 8ª série) e a população com
nível superior representa 3,36% do total de habitantes (Figs. 3.8 e 3.9). Dos 870.028 habitantes
Através do mapeamento dos dados do IBGE foi possível identificar áreas da cidade com menor e maior registrados pelo Censo de 2000, 4,25% (37.000) nunca freqüentou escola ou não completou a 1ª série do
número de pessoas alfabetizadas e o nível de escolaridade da população. primeiro grau.
Foram consideradas alfabetizadas as pessoas capazes de ler e escrever um bilhete simples e analfabetas Albabetização/Zona Urbana
aquelas que não sabiam escrever ou apenas assinavam o próprio nome. Para identificar as pessoas alfabetizadas
ou não o universo pesquisado foi a população residente acima de 5 anos de idade.
Em São Luís, a taxa de analfabetismo caiu de 3,64% no período de 1991 a 2000 e a freqüência à escola 24.69%
aumentou em 9,57%. No mesmo período a Taxa de freqüência ao ensino médio cresceu 36,09%, quase quatro 13.69%
vezes o valor acrescido à taxa de freqüência do fundamental e do nível superior (Tablea 3.4). 7.82%
Não alfabetizada 5.34% 60 ou mais
3.36%
Tabela 3.4 – Taxa de alfabetização e de freqüência a escola 1991/2000. FONTE: Atlas de Desenvolv. Humano no Brasil, 2000 50 a 59
3.37%
43.85% 40 a 49
1991
30 a 39
75.30% 20 a 29
Taxa de Taxa bruta de Taxa bruta de Taxa bruta de Taxa bruta de 86.30%
10 a 19
alfabetização freqüência à freqüência ao freqüência ao freqüência ao 92.17%
(%) escola (%) fundamental ensino médio superior (%) Alfabetizada 94.65% 5a9
(%) (%) 96.63%
96.62%
56.14%
89,05 75,38 120,9 57,15 8,34

Figura 3.8 - Alfabetização na Zona Urbana. FONTE: IBGE/Censo 2000


2000 Alfabetização/Zona Rural

Taxa de Taxa bruta de Taxa bruta de Taxa bruta de Taxa bruta de 61.97%
alfabetização freqüência à freqüência ao freqüência ao freqüência ao 2.37%
(%) escola (%) fundamental ensino médio superior (%) 31.27%
(%) (%) Não alfabetizada 19.01% 60 ou mais
11.13% 50 a 59
7.66%
92,69 84,95 130,29 93,24 17,92 64.14% 40 a 49
30 a 39
38.02%
Com relação ao nível de escolaridade foram consideradas as pessoas com 10 anos ou mais de idade 20 a 29
2.47%
responsáveis pelos domicílios particulares permanentes. Uma classificação em anos de estudo foi estabelecida
68.72% 10 a 19
com o objetivo de compatibilizar os sistemas de ensino anteriores e atual. Neste caso o universo pesquisado
Alfabetizada 80.98% 5a9
abrangeu todas as pessoas com 10 anos ou mais de idade.
88.86%
O primeiro ao oitavo ano de estudo correspondem ao ensino fundamental, 1ª a 8ª série do primeiro 92.33%
grau e inclui ainda 1ª a 5ª série do ensino médio primeiro ciclo. O período de nove a onze anos de estudo 35.85%
equivale a 1ª, 2ª e 3ª série do segundo grau, ou do ensino médio segundo ciclo. De doze a dezesseis anos de
estudo estão os 5 anos do nível superior. Dezessete anos de estudo ou mais significa que a pessoa concluiu
o nível superior, fez mestrado ou doutorado (Mapa “Nivel de Escolaridade”). Figura 3.9 – Alfabetização na Zona Rural. FONTE: IBGE/Censo 2000
38 SÃO LUÍS: UMA LEITURA DA CIDADE

A Secretaria Municipal de Educação, para a realização de suas ações, dividiu a cidade em áreas geográficas Tabela 3.6 – Alunos matriculados na Rede de Ensino Municipal. FONTE: SEMED/2006.
onde estão distribuídas as 162 escolas, 76 unidades de educação infantil e 86 do ensino fundamental do ALUNOS QUANTIDADE
município. São sete núcleos de atendimento da rede escolar, seis deles fazem parte da área urbana (Centro/ Creche 920
São Francisco, Itaqui–Bacanga, Anil, Coroadinho, Turu/Bequimão e Cidade Operária) e um núcleo abrange Educação Especial 426
Nivel de Escolaridade do Responsável pelo Domicílio
toda a área rural (Mapa “Pessoas Residentes Alfabetizadas - 5 anos de idade ou mais”). Educação Infantil 11.124
Ensino Fundamental 74.219
Educação de Jovens e Adultos 10.495
TOTAL 97.184
32.77% Tabela 3.7 – Matrícula em todos os níveis de ensino. FONTE: Censo Escolar SINEST/SEDUC. Nota: Os alunos da
Antigo prim ário Educação Especial que frequentam clsses comuns, estão incluídos no nível/modalidade de ensino correspondente
28.83%
Ensino Fundam ental INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE MATRÍCULA EM TODOS OS NÍVEIS DE ENSINO - 2005
Matrícula Inicial por Nível e Modalidade de Ensino

ADM. ZONA Ensino Médio Educação de Jovens e Adultos


Ensino Médio Educ. Educ. Prof.
Creche Pré- Ñ Nível Técnico
Escolar 1ª Série 2ª Série 3ª Série 4ª Série Seriada Total Especial 1ª a 4ª 5ª a 8ª Médio Semi Total
16.32% presencial
Ensino superior
Estadual Rural 0 0 1610 1209 514 0 0 3333 0 442 806 594 0 1842 0
11.61%
9.95% Mestrado ou Urbana 0 431 24090 19682 15009 0 0 58781 1194 2782 9200 4352 1449 17783 67

doutorado Total: 0 431 25700 20891 15523 0 0 62114 1194 3224 10006 4946 1449 19625 67
Sem instrução e com Federal Rural 0 0 175 127 89 0 0 391 0 0 0 0 0 0 491

0.48% até 1 ano de es tudo Urbana 0 0 465 369 293 0 0 1127 0 0 0 0 0 0 1088
Total: 0 0 640 496 382 0 0 1518 0 0 0 0 0 0 1579
Municipal Rural 121 3191 0 0 0 0 0 0 48 1424 1347 0 0 2771 0
Urbana 799 7933 0 0 0 0 0 0 378 4353 3371 0 0 7724 0
Figura 3.10 – Nível de escolaridade. FONTE: IBGE/Censo 2000 Total: 920 11124 0 0 0 0 0 0 426 5777 4718 0 0 10495 0
Particular Rural 1449 3174 0 0 0 0 0 0 0 100 0 0 0 100 0
Urbana 10333 34440 3710 3658 3411 89 0 10868 515 1177 634 774 0 2585 899
Tabela 3.5 – Anos de estudo da população residente com 10 anos ou mais de idade. FONTE: IBGE Total: 11782 37614 3710 3658 3411 89 0 10868 515 1277 634 774 0 2685 899
Total: 12702 49169 30050 25045 19316 89 0 74500 2135 10278 15358 5720 1449 32805 2545

Instrução das pessoas residentes - 10 anos ou mais de idade Tabela 3.8 – Matrícula em todos os níveis de ensino fundamental. FONTE: Censo Escolar SINEST/SEDUC. Nota: Os Anos
Iniciais correspondem do 1° ao 5° Ano e os Anos Finais correspondem do 6° ao 9° ano.
Sem
INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE MATRÍCULA EM TODOS OS NÍVEIS DO ENSINO FUNDAMENTAL - 2005
instrução 11 a 14 15 anos ou Matrícula Inicial do Ensino Fundamental
1 a 3 anos 4 a 7 anos 8 a 10 anos
e menos anos mais
de estudo de estudo de estudo ADM. ZONA Ensino Fundamental em 8 Anos
Ensino Fundamental em
de 1 ano de estudo de estudo 9 Anos TOTAL
1ª 2ª 3ª 4ª 1ª a 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª 5ª a 8ª Anos Anos GERAL
de estudo Série Série Série Série Série Série Série Série Série Série
Total
Iniciais Finais
Total

Estadual Rural 306 366 400 394 1466 980 852 776 739 3347 4813 0 0 0 4813

37088 hab. 94571 hab. 212547 hab. 136678 hab. 189068 hab. 29208 hab. Urbana 6066 6578 6968 6895 26507 8721 8956 8714 7980 34371 60878 0 0 0 60878

Total: 6372 6944 7368 7289 27973 9701 9808 9490 8719 37718 65691 0 0 0 65691
Federal Rural 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Urbana 83 79 101 103 366 157 144 151 157 609 975 0 0 0 975
A Secretaria atende quase 100.000 pessoas, distribuídas entre Educação Infantil, Ensino Fundamen-
Total: 83 79 101 103 366 157 144 151 157 609 975 0 0 0 975
tal, Educação Especial, Educação de Joves e Adultos e Creches, perfazendo um total de 97.184 alunos
Municipal Rural 774 841 698 605 2918 697 585 474 332 2088 5006 7792 3502 11294 16300
matriculados (Tabelas 3.6, 3.7 e 3.8).
Urbana 3879 4154 3870 3770 15673 5082 3353 3962 2407 14804 30477 16556 10886 27442 57919
A Educação Especial promove a instrução dos alunos com necessidades especiais utilizando as escolas da Total: 4653 4995 4568 4375 18591 5779 3938 4436 2739 16892 35483 24348 14388 38736 74219
própria comunidade (são 90 escolas inclusivas), sem exigência de seleção. Antes da inserção nas classes regulares Particular Rural 873 624 495 395 2387 66 75 73 62 276 2663 0 0 0 2663
existe um trabalho de apoio pedagógico para preparação dos estudantes. Este programa de inclusão dos alunos Urbana 8923 8042 7376 6961 31302 4068 4041 3993 4098 16200 47502 0 0 0 47502
portadores de necessidades especiais está implantado desde 1999, e em 2004 contava com 1090 crianças Total: 9796 8666 7871 7356 33689 4134 4116 4066 4160 16476 50165 0 0 0 50165
matriculadas. Mais de 14% da população da capital possui necessidades educacionais especiais. Total: 20904 20684 19908 19123 80619 19771 18006 18143 15775 71695 152314 24348 14388 38736 191050
40 SÃO LUÍS: UMA LEITURA DA CIDADE

4 DOMICÍLIOS 1
Em São Luís, a média de moradores por domicílios particulares permanentes passou de 6,1 em 1970
para 5,5 em 1980 e para 4,3 no ano 2000, o que demonstrou um aumento proporcional maior de habitações
Até a década de 80 a forma de aquisição da moradia na ilha de São Luís esteve vinculada a três fatores: do que da população, significando uma melhoria, ainda que relativa, no atendimento às necessidades
o desmembramento do solo urbano, através da implantação de loteamentos de iniciativa privada; os conjuntos habitacionais da população.
habitacionais de iniciativa do poder público (COHAB-MA, IPEM, PROMORAR e as entidades de classe Os domicílios particulares (permanentes e improvisados) constituem cerca de 99,86% da totalidade
cooperativadas) e o fenômeno das invasões, que tornou-se uma alternativa a medida que as áreas dos domicílios no município de São Luís de acordo com o Censo Demográfico do IBGE (2000). A população
foram sendo regularizadas. Apesar desses investimentos realizados no setor habitacional, marcadamente residente nesses domicílios atingiu cerca de 868.137 pessoas (Tabela 4.3) ou 230.878 famílias,
de iniciativa estatal, detectou-se uma considerável parcela da população excluída do sistema de aquisição considerando uma média de 3,76 pessoas por família (Tabela 4.4).
da moradia.
Das 230.878 famílias residentes em domicílios particulares, 22.29% delas dividem com outras famílias
O déficit habitacional dessa época chegou à cerca de 7.624 famílias vivendo em condições de coabitação
a mesma unidade residencial. Isso nos mostra que mesmo com um elevado índice de domicílios particulares
em unidades residenciais, enquanto que na Ilha totalizavam 8.059 famílias vivendo na mesma situação,
conforme tabela abaixo. no município, ainda há um desafio de um grande déficit habitacional a ser superado (Mapa “Domicílios
Particulares Permanentes”).
Tabela 4.1 – Déficit habitacional da Ilha de São Luís na década de 1980. FONTE: GOVERNO DO ESTADO (1988).

Municípios Domicílios Famílias Déficit


Tabela 4.3 – População residente por espécie de domicílios. FONTE: Censo Demográfico IBGE, 2000.
São Luís 81 740 89 364 7 624
São J. de Ribamar 5 686 6 373 687
Município de São Luís Total
Paço do Lumiar 3 389 3 137 252
Total Ilha 90 815 98 874 8 059
População Residente 870028
Essa situação tornou-se mais agravante ainda, quando considerado o alto grau de ocorrência de domicílios
rústicos e improvisados. Só em São Luís, ainda na década de 1980, 34% dos domicílios foram considerados Domicílio particular Permanente 866083
pelo IBGE como rústicos ou improvisados. Enquanto que São José de Ribamar atingiu um percentual de 51%
e Paço do Lumiar 72% dos domicílios. Espécie do 868137
Improvisado 2054
As maiores ocorrências de déficit habitacional no município, nesse período, foram nos bairros do Anjo da domicílio
Guarda, na margem esquerda do Rio Anil, no Alto do Anil (nascente) e no Bacanga, próximo ao Rio das Bicas. Unidade de habitação em
1891
De acordo com o Censo Demográfico do IBGE (2000), a situação da moradia na aglomeração urbana domicílio coletivo
de São Luís, quanto a sua situação, era de 82,30% dos domicílios particulares permanentes localizados na
área urbana. A área rural contava apenas com 17,70% da totalidade desses domicílios, conforme tabela 4.2.

Tabela 4.2 – Domicílios Particulares Permanentes quanto a sua situação. FONTE: Censo Demográfico
IBGE, 2000. Tabela 4.4 - Famílias residentes em domicílios particulares e Número médio de pessoas por família residentes em
domicílios particulares. FONTE: Censo Demográfico IBGE, 2000.
Microrregião
Total
Aglomeração Urbana de São Luís Famílias residentes em domicílios particulares Número
Número de componentes (pessoas) médio
Domicílios particulares permanentes 246862 de
Pessoas
pessoas
Urbana 203174 Residen-
Situação do por
Total tes em
domicílio Rural 43688 família
De 01 a 04 De 05 a 10 Mais de 10 dom.
residen-
part.
Moradores em domicílios particulares permanentes 1065218 tes em
dom.
Situação do Urbana 874080 part.
domicílio Rural 191138
Aglomeração Urbana de São Luís
Média de moradores por domicílio particular permanente 4,32
Situação do Urbana 4,3 280.76
195.247 84.703 817 1.068.531 3,81
domicílio 8
Rural 4,38
Município de São Luís
230.87
162.575 67.791 512 867.954 3,76
1
Cíntia Maria de Aguiar Moraes, Arquiteta e Urbanista. 8
42 SÃO LUÍS: UMA LEITURA DA CIDADE
Domicílios
A ocorrência de domicílios particulares improvisados, foi de 0.23% para 2.054 moradores e de domicílios Atualmente, a Prefeitura de São Luís, juntamente com a Caixa Econômica Federal, vem realizando uma
coletivos foi de apenas 0.12%, para 1.891 pessoas residentes (Fig. 4.1). série de investimentos e elaborando projetos no setor de habitação. Através do programa de Arrendamento
Residencial – PAR, que permite a aquisição de imóveis pelos servidores. Foram contemplados, ao total 450
99.63% servidores nesse programa, sendo que destes 296 com apartamentos e 154 com casas. Em 2004 a Prefeitura
Particulares a partir de financiamento com a Caixa Econômica Federal, deu início ao programa Pró-Moradia, projeto que
beneficiará no residencial Canudos, localizado próximo ao Parque Vitória, 1.100 famílias das cerca de 4.400
Permanentes que nele habitam. Na Vila Vitória, dos 5.600 habitantes que ocupam uma área de assentamento serão
beneficiadas 1400 famílias com o mesmo programa. Além de casas, serão construídas creches e bibliotecas,
Particulares além de melhorias no abastecimento de água, esgoto e drenagem da região.
Improvisados
Coletivos
0.23% 0.12%

Figura 4.1 – Percentual de Domicílios quanto à sua espécie. FONTE: Censo Demográfico IBGE, 2000

Quanto à situação de adequação da moradia, apenas 33.20% dos domicílios foram considerados
adequados para moradia, ou seja são domicílios providos de boas instalações de abastecimento de água por
rede geral, esgotamento sanitário por rede geral ou fossa séptica, coleta de lixo realizada por serviço de
limpeza e até 02 moradores por dormitório. A maioria dos domicílios do município pesquisados pelo IBGE,
apresentaram condições de semi-adequação para a moradia, 60% desses domicílios tem pelo menos um
desses serviços de infra-estrutura considerado inadequado. Dos domicílios registrados, 6.09% foram
considerados inadequados por apresentarem precárias condições de abastecimento de água, geralmente
proveniente de poço, nascente ou outra forma (Tabela 4.5). O esgotamento sanitário, realizado por fossa
rudimentar, vala, ou jogado diretamente no rio, lago ou mar. O lixo recolhido é queimado, enterrado ou
jogado em terreno baldio, rio, lago ou logradouro público (Mapa “Espécies de Domicilios”). Figura 4.2 – Ocupação espontânea próxima à Ponte do Caratatiua.

Tabela 4.5 - Domicílios particulares permanentes, por adequação da moradia. FONTE: Censo Demográfico IBGE, 2000.

Domicílios particulares permanentes

Adequação da moradia
Total

Adequada Semi-adequada Inadequada

Microrregião
Aglomeração Urbana de São Luís
246775
73792 155059 17923

Município de São Luís


202144
67127 122688 12328
Figura 4.3 – Sítio São Benedito e Lasquim e Conjunto Vinhais.
44 SÃO LUÍS: UMA LEITURA DA CIDADE

4.1 Abastecimento de Água As deficiências do sistema de abastecimento de água podem estar relacionadas a fatores como perdas
no sistema de distribuição associado ao precário estado de conservação das redes e à baixa qualidade da
água (baixo ph 4,5-5,0), provocando corrosão nos sistemas de distribuição.
No município de São Luís, o sistema de abastecimento de água é feito por captação na sua grande
maioria superficial, realizada pelos sistemas Sacavém e Itapecuru e totalizando 2.640 l/s. A forma de captação De acordo com os dados do IBGE, baseados no Censo Demográfico de 2000, no município de São Luís,
82,03% dos domicílios particulares permanentes são abastecidos por rede geral, canalizada em pelo menos
subterrânea é realizada, através do sistema Paciência, atingindo 460 l/s. A captação superficial é do tipo
um cômodo ou canalizada só na propriedade ou terreno. Dos domicílios pesquisados, 7,66% são abastecidos
convencional ETA-Estação de Tratamento de Água, enquanto que a captação subterrânea é realizada apenas
por poço ou nascente e 12,38% apresentam outras formas de abastecimento (Tabela 4.7), identificadas pelo
com cloração.
IBGE, como abastecimento por água de reservatório (ou caixa), por carro-pipa, por água de chuva ou ainda
A Companhia de Água e Esgotos do Maranhão – CAEMA, criada em 1966 detém o monopólio do por poço ou nascente, localizados fora do terreno ou da propriedade onde estava construído (Fig. 4.4).
abastecimento de água em São Luís, e a nível Estadual, é a principal responsável pelas ações de abastecimento
de água em 133 sedes municipais e 52 distritos, atendendo cerca de 30% da população total do Maranhão. Tabela 4.7 – Formas de Abastecimento de Água em São Luís. FONTE: IBGE, Censo Demográfico 2000.
De acordo com análises do GERCO-MA (Gerenciamento Costeiro do Maranhão), de 1990 a 1995, a
expansão do atendimento de água em São Luís, foi de 8,34%. Nesse período, foram atendidos 8.866 novos Domicílios particulares permanentes
usuários residenciais aumentando em 6,34% o número de ligações dessa categoria. Em 1995, o sistema de
abastecimento de água de São Luís, composto pelos subsistemas: Italuis, Paciência e Sacavém, Forma de abastecimento de água
manteve uma produção média de 260 mil m3/dia, o que representa cerca de 59% de sua capacidade
Total
nominal de operação.
Poço ou nascente
Rede geral Outra
Nessa mesma época, houve um crescimento de 50% da capacidade nominal do sistema e de apenas (na propriedade)

5,75% da produção efetiva não acompanhou o rítimo de crescimento do volume faturado no mesmo período,
da ordem de 16,03% (Mapa “Abastecimento de Água em Domicílios Particulares Permanentes - Rede Geral”). Canali- Canali- Canali- Canali- Não Canali- Canali- Não
zada em zada só zada zada Canali- zada zada Canali-
Tal aumento não foi suficiente para modificar o perfil do atendimento requerido pelo mercado de São Luís, pelo na em só zada em só zada
menos proprieda pelo na pelo na
cuja cobertura seria de 85,3% em 1995 acumulando um déficit de 14,7% em relação ao atendimento
Total um de Total menos proprie Total menos proprie
registrado em 1990 (Tabela 4.6). cômodo ou um -dade um -dade
terreno como- ou como- ou
do terre- do terre-
no no
Tabela 4.6 – Capacidade de atendimento do Sistema de abastecimento de Água em São Luís. 1900-2005. FONTES:
GERCO - Gerenciamento Costeiro do Maranhão, 1998; CAEMA - Companhia de Água e Esgoto do Maranhão, 2005.
246862 188415 138821 49594 22746 8867 5270 8609 35701 6065 10748 18888

Sistema de Abastecimento de Água


202231 159282 Formas de Abastecimento de Água
122316 36966 16669 7086 3725 5858 26280 4326 8164 13790

anos

Discriminação 82.03%
1990 1995 2005 rede geral

Capacidade Nominal (m 3/dia) 295,0 442,5 303.683 poço ou


nascente
Extensão da Rede (m) 1.209.469 1.560.000 1.940.037 outras formas
7.66% 12.38%
Volume Produzido (1.000 m 3) 89.732,8 94.900,0 9.110.510

Volume Faturado (1.000 m3) 33.484,4 38.853,2 2.950.083


Figura 4.4 - Formas de Abastecimento de Água em São Luís. FONTE: IBGE, Censo Demográfico 2000.
46 SÃO LUÍS: UMA LEITURA DA CIDADE

Na área urbana de São Luís, quase a totalidade dos seus domicílios atendidos são abastecidos por
rede geral. Os bairros que apresentam piores índices dessa forma de abastecimento foram parte do Calhau,
Olho D’ água, Cohama, Turu e Vila dos Frades. Esses bairros possuem na sua predominância, poço ou
nascente na propriedade como forma de abastecimento de água (Figs. 4.5 e 4.6). Bairros como Cidade
Olímpica, Santa Clara, Tirirical, Vila Embratel, Conjunto São Raimundo, Gancharia, Vila Mauro Fecury I,
conjunto São Raimundo e Maiobinha, também apresenta índices muito baixos de abastecimento de água
por rede geral, havendo predominância de outras formas de abastecimento (Mapa “Formas de Abastecimento
de Água em Domicílios Particulares Permanentes”).
Atualmente, o Sistema Itapecuru constitui a principal fonte de abastecimento de água da região. O
seu manancial está localizado a 70 km ao sul de São Luís, apresentando uma vazão mínima de
60 m3/s e qualidade da água adequada para tal fim. A interligação do Itapecuru com os demais sistemas de
abastecimento de água de São Luís será a responsável pelo abastecimento das futuras demandas de
água da região.

Figura 4.5 - Poço artesiano e reservatórios da Caema. Figura 4.6 - Reservatórios da Caema.

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