Š––’ǣȀȀ†šǤ†‘‹Ǥ‘”‰Ȁ͕͔Ǥ͙͔͔͛Ȁ͕͘͜͝Ǧ͖͖͖͝Ǥ͖͔͕͚˜͜͕͙’͕͘͝

A piedade e a força: o trabalho

forçado em obras de socorros
públicos nas secas da passagem do
século XIX
Tyrone Apollo Pontes Cândido*

Resumo:‡•–‡ƒ”–‹‰‘’”‘…—”‘‡ˆ”‡–ƒ”‘’”‘„Ž‡ƒ†‡…ƒ”ƒ…–‡”‹œƒ”…‘‘forçado
‘–”ƒ„ƒŽŠ‘‡š‡…—–ƒ†‘’‡Ž‘•”‡–‹”ƒ–‡•†ƒ••‡…ƒ•‘–‡””‹–×”‹‘•‡‹ž”‹†‘„”ƒ•‹Ž‡‹”‘
ȋ‡ ’ƒ”–‹…—Žƒ” ‘ ‡ƒ”žȌ †—”ƒ–‡ ƒ ’ƒ••ƒ‰‡ †‘ •±…—Ž‘  ‡ǡ …‘ „ƒ•‡ ‡••ƒ
‡š’‡”‹²…‹ƒǡ”‡ƪ‡–‹”‘•‘„”‡ƒ’‡”–‹²…‹ƒ†‡•‡…‘•‹†‡”ƒ”ƒ’”‡•‡­ƒ†‡”‡Žƒ­Ù‡•
149  ‘Ž‹˜”‡•†‡–”ƒ„ƒŽŠ‘‘…‘–‡š–‘†ƒ…Šƒƒ†ƒDz–”ƒ•‹­ ‘’ƒ”ƒ‘–”ƒ„ƒŽŠ‘Ž‹˜”‡dzǡ
ƒ‹†ƒ“—ƒ†‘‘••—Œ‡‹–‘••‘…‹ƒ‹•‡’ƒ—–ƒ ‘–‡Šƒ•‹†‘–”ƒ„ƒŽŠƒ†‘”‡•‡•…”ƒ-
vos.

Palavras-chave: –”ƒ„ƒŽŠ‘ ˆ‘”­ƒ†‘Ǣ ‘„”ƒ• †‡ •‘…‘””‘• ’ï„Ž‹…‘•Ǣ Dz–”ƒ•‹­ ‘ ’ƒ”ƒ ‘

–”ƒ„ƒŽŠ‘Ž‹˜”‡dzǤ

Abstract:Š‹•ƒ”–‹…Ž‡ƒ‹•–‘ˆƒ…‡–Š‡’”‘„Ž‡‘ˆ…Šƒ”ƒ…–‡”‹œ‹‰ƒ•forced the labor

’‡”ˆ‘”‡† „› †”‘—‰Š– ‹‰”ƒ–• ‘ˆ ”ƒœ‹Ž‹ƒ •‡‹Ǧƒ”‹† –‡””‹–‘”› ȋ’ƒ”–‹…—Žƒ”Ž› ‹
‡ƒ”žȌ†—”‹‰–Š‡Žƒ–‡‹‡–‡‡–Š…‡–—”›ƒ†ǡ„ƒ•‡†‘–Šƒ–‡š’‡”‹‡…‡ǡ”‡ƪ‡…–
ƒ„‘—––Š‡”‡Ž‡˜ƒ…‡‘ˆ…‘•‹†‡”‹‰–Š‡’”‡•‡…‡‘ˆ‘Ǧˆ”‡‡Žƒ„‘””‡Žƒ–‹‘•‹–Š‡
…‘–‡š–‘ˆDz–”ƒ•‹–‹‘–‘ˆ”‡‡Žƒ„‘”dzǡ‡˜‡™Š‡•‘…‹ƒŽƒ…–‘”•‘–Š‡ƒ‰‡†ƒ™‡”‡
not slave laborers.

Keyworkds:ˆ‘”…‡†Žƒ„‘”Ǣ”‡Ž‹‡ˆ™‘”•ǢDz–”ƒ•‹–‹‘–‘ˆ”‡‡Žƒ„‘”dzǤ

Secas e relações de trabalho no universo sertanejo

 ‘ ± †‹ˆÀ…‹Ž ‡…‘–”ƒ” …ƒ”ƒ…–‡”À•–‹…ƒ• †‡ –”ƒ„ƒŽŠ‘ ˆ‘”­ƒ†‘ ‡ †‡‰”ƒ†ƒ–‡
‘…‘–‹†‹ƒ‘†‘•”‡–‹”ƒ–‡•†ƒ••‡…ƒ•‡‰ƒŒƒ†‘•‡‘„”ƒ•†‡•‘…‘””‘•’ï„Ž‹…‘•ǡ
…‘‘ˆ‘”ƒ…‘•–”—­Ù‡•†‡‡•–”ƒ†ƒ•†‡ˆ‡””‘ǡ†‡”‘†ƒ‰‡ǡƒ­—†‡•†‡†‹ˆ‡”‡–‡•

* ‘—–‘”‡‹•–×”‹ƒ’‡Žƒ‹˜‡”•‹†ƒ†‡ ‡†‡”ƒŽ†‘‡ƒ”žȋ ȌǤ”‘ˆ‡••‘”†‘—”•‘†‡‹•–×”‹ƒ†ƒ‹˜‡”•‹-

†ƒ†‡•–ƒ†—ƒŽ†‘‡ƒ”ž (UECE), Campus†‡—‹šƒ†žǡ‡†‘‡•–”ƒ†‘–‡”†‹•…‹’Ž‹ƒ”‡‹•–×”‹ƒ‡‡–”ƒ•ƒ
‡•ƒ‹•–‹–—‹­ ‘Ǥ•–‡ƒ”–‹‰‘±ˆ”—–‘†‡’‡•“—‹•ƒ“—‡†‡•‡˜‘Ž˜‹†—”ƒ–‡‡—†‘—–‘”ƒ†‘ƒ ‡“—‡
…‘–‘—…‘Ƥƒ…‹ƒ‡–‘ƒ–”ƒ˜±•†‡„‘Ž•ƒ†ƒ Ǥ‰”ƒ†‡­‘ƒ‘•’ƒ”‡…‡”‹•–ƒ•†ƒRevista Mundos do
Trabalho’‘”’”‡…‹‘•ƒ•…‘•‹†‡”ƒ­Ù‡•“—‡‡ƒŒ—†ƒ”ƒƒ‡ŽŠ‘”ƒ”‘’”‡•‡–‡ƒ”–‹‰‘Ǥ

Revista Mundos do Trabalho | vol. 8 | n. 15 | janeiro-junho de 2016 | p. 149-164

TYRONE APOLLO PONTES CÂNDIDO

dimensões, portos, reformas urbanas de diversos tipos e um sem-número de outras

atividades organizadas no Ceará e em outras províncias (em seguida, estados da
federação) situadas no que se convencionou chamar de Nordeste durante a pas-
sagem do século XIX.1 Engenheiros autoritários, grupos de operários controlados
pela presença de feitores, o serviço executado em troca basicamente de comida
nos tempos de maior restrição, a presença de policiais armados inibindo brigas
e revoltas, a distribuição de rações estragadas, a acumulação de dívidas com os
fornecedores, a exposição dos trabalhadores a condições perigosas, episódios de
castigos corporais, além das humilhações com que os administradores subjuga-
vam os retirantes – ainda que não unicamente dessas maneiras – compunham um
cenário comum das obras públicas às quais os sertanejos pobres viam-se levados a
se engajar por força do contexto de calamidade, mas com o qual souberam apren-
der a lidar, criando formas de resistência, tornando as jornadas de trabalho um
…‘–‹†‹ƒ‘…‘ƪ‹–‹˜‘Ǥ
O foco deste artigo está voltado para as experiências de trabalho de mil-
hares de sertanejos pobres do Ceará e províncias adjacentes que, nos tempos de
‡•–‹ƒ‰‡’”‘Ž‘‰ƒ†ƒǡ‡–”‡ƒ•†±…ƒ†ƒ•Ƥƒ‹•†‘•±…—Ž‘‡ƒ•’”‹‡‹”ƒ•†‘•±…—-
lo XX, eram recrutados para obras de socorros acionadas pelos poderes públicos,
visando conter o que era visto como uma desordem crescente provocada pelos
pobres dos sertões. Esses novos operários eram homens e mulheres de todas as
idades, pessoas originadas das mais diversas ocupações características do universo
sertanejo e que, por ocasião dos tempos de estiagem, tornavam-se multidões de
retirantes concentradas em vilas, cidades e outros centros populacionais. Tratava-
•‡ƒ••‹†‡’‡••‘ƒ•Ž‹˜”‡•“—‡˜‹˜‡”ƒ‡–”‡‘•ƒ‘•Ƥƒ‹•†‘”‡‰‹‡‡•…”ƒ˜‹•–ƒ‡ 150
pós-abolição e que, durante os tempos difíceis das secas, foram levadas a contrair
relações de trabalho assalariadas, cujo regime produtivo era de tal forma pesado
e degradante que lhes parecia em muito assemelhar ao trabalho exercido pelos
escravos.
Os anos de secas tornavam-se momentos propícios à difusão de relações de
trabalho assalariadas numa ordem social em que os sertanejos mais pobres cos-
tumavam rejeitar o assalariamento como uma modalidade de trabalho indigna e
indesejada porque vinha substituir meios de vida considerados mais autônomos,
nas quais se preservava de alguma forma possibilidades de o trabalhador manter-
se, a si e a sua família, em certo patamar de segurança alimentar aceitável. Era
o caso dos agricultores que viviam de seus roçados em terras próprias ou sob a
condição de moradores de grandes propriedades. Também de vaqueiros e outros
’”‘Ƥ••‹‘ƒ‹•“—‡ ’‘†‹ƒ ‰‘œƒ” †‡ ”‡Žƒ–‹˜‘ …‘–”‘Ž‡ •‘„”‡ ‘ modus operandi na
criação do gado em face de fazendeiros absenteístas. Thomas Pompeu de Souza
Brasil, senador do Império que se dedicou a escrever em seu Ensaio estatístico da
província do Ceará (1864) sobre as formas de sustento dessas maiorias do sertão
•‡…‘ǡƒƤ”‘—‡‡ƒ†‘•†ƒ“—‡Ž‡•±…—Ž‘ǣ

A caça de animais, de tubérculos silvestres, bem como do mel de abe-

lhas é nos anos secos, e mesmo ordinariamente, o recurso poderoso
das classes pobres do interior. Numerosas famílias pelo sertão não têm
outro meio de vida. É sobretudo notável nessa indústria primitiva a ca-
çada das rolas de arribação, chamadas pombas de bando, que por todo

1 A denominação “Nordeste” para a região do semiárido brasileiro foi uma construção histórica que aparece
particularmente atrelada aos discursos sobre as secas no início da década de 1920, como mostrou ALBU-
 Ǥǡ—”˜ƒŽ—‹œ†‡ǤDz ƒŽƒ•†‡ƒ‰ï•–‹ƒ‡†‡ƒ•–ï…‹ƒǣƒ•‡…ƒ‘‹ƒ‰‹ž”‹‘‘”†‡•–‹‘Ȃ†‡’”‘„Ž‡-
ma a solução (1877-1922)”. (Dissertação de Mestrado em História, Universidade Estadual de Campinas, 1988.)

Revista Mundos do Trabalho | vol. 8 | n. 15 | janeiro-junho de 2016 | p. 149-164

 A PIEDADE E A FORÇA: O TRABALHO FORÇADO EM OBRAS DE SOCORROS PÚBLICOS NAS SECAS...

sertão apanham-se por milhões na ocasião do pouso, bebida e postura.

‡…ƒ‡…‘†—œ‡‡…ƒ”‰ƒ•’ƒ”ƒƒ••‡””ƒ•ǡ‘—˜‡†‡‘—–”‘…ƒ’‘”
ˆƒ”‹Šƒǡ”ƒ’ƒ†—”ƒǡŽ‡‰—‡•ǡ‡–…Ǥ2

 ‘ŠžƒˆƒŽƒ†‘•‡ƒ†‘”‘’‡—”‡ˆ‡”²…‹ƒ•ƒ’”‘’”‹‡–ž”‹‘•‘—’ƒ–”Ù‡•ǡ
’‘‹• ‡ˆ‘…ƒ ‡’”‡‡†‹‡–‘• …—Œƒ ‹‹…‹ƒ–‹˜ƒ ‡”ƒ ƒ–”‹„—‹­ ‘ †ƒ• ’”×’”‹ƒ• …‘—-
nidades sertanejas. Trata-se de uma gente muito pobre, decerto, mas ciosa por
’”‡•‡”˜ƒ” ‡ •‡— ‘†‘ †‡ ˜‹†ƒ ƒ“—‡Ž‡ ‡•’ƒ­‘ †‡ ƒ—–‘‘‹ƒ ‡…ƒ”ƒ†‘ …‘‘ ‘
sinal distintivo de sua liberdade.͗
—‹–‘•‡”ƒ‘„”‹‰ƒ†‘•‡˜‡–—ƒŽ‡–‡ƒ•ƒ‹”’‡Žƒ•’Žƒ—”ƒ••‡”–ƒ‡Œƒ•‘ˆ‡Ǧ
”‡…‡†‘•‡—••‡”˜‹­‘•†‡Dzˆ‘‹…‡‡ƒ…Šƒ†‘dz“—ƒ†‘ ‘‡…‘–”ƒ˜ƒ‘—–”ƒ•ƒÀ†ƒ
’ƒ”ƒ•—•–‡–ƒ”ƒˆƒÀŽ‹ƒǤƒ•—ƒ’”‘˜À…‹ƒ‡“—‡ƒ…‘Ž‘‹œƒ­ ‘•‡†‡”ƒ•‘„‘
’‡•ƒ†‘Œ—‰‘†ƒ•Dz‰—‡””ƒ•†‡…‘”•‘dzȋƒ•“—ƒ‹•–”‹„‘•‹†À‰‡ƒ•‡”ƒ†‹œ‹ƒ†ƒ•ǡ
”‡•–ƒ†‘—ŽŠ‡”‡•‡…”‹ƒ­ƒ•…ƒ–‹˜ƒ†ƒ•…‘‘’”²‹‘ƒ‘•˜‡…‡†‘”‡•Ȍǡ‡“—‡‘
–”žƤ…‘’ƒ”ƒ‘•—Ž†‘’ƒÀ•—Ž–‹’Ž‹…ƒ˜ƒ‘•…ƒ•‘•†‡ˆƒÀŽ‹ƒ•†‡‡•…”ƒ˜‹œƒ†‘••‡’ƒ”ƒ-
†ƒ•…‘’—Ž•‘”‹ƒ‡–‡ǡ‡“—‡Œ‘˜‡•†‘’‘˜‘‡”ƒ”‡…”—–ƒ†‘•ˆ‘”­ƒ‡‡Žƒ”‰ƒ
‡•…ƒŽƒ’ƒ”ƒ‘•‡”˜‹­‘‹Ž‹–ƒ”ȋ…‘‘’—‹­ ‘…‘–”ƒ•—ƒ•˜‡Ž‡‹†ƒ†‡•†‡“—‡”‡”ˆƒœ‡”
—ƒ ˜‹†ƒ ‹†‡’‡†‡–‡ †‘• ’‘†‡”‡• Ž‘…ƒ‹•Ȍǡ ‘ –”ƒ„ƒŽŠ‘ ˜‹…—Žƒ†‘  ƒ—–‘”‹†ƒ†‡
†‡’”‘’”‹‡–ž”‹‘•”—”ƒ‹•ƒ‹•”‹…‘•‡”ƒ—‹–ƒ•˜‡œ‡•‡…ƒ”ƒ†‘…‘‘—ƒˆ‘”ƒƒ
ƒ‹•†‡…ƒ–‹˜‡‹”‘ƒƒ’”‹•‹‘ƒ”ƒ•…ƒƒ†ƒ•’‘„”‡•‡•–‹­ƒ•Ǥ—•…ƒ†‘‡•–ƒ”•‘„‘
‡•‘’‘–‘†‡˜‹•–ƒ†‡••ƒ‡–ƒŽ‹†ƒ†‡’‘’—Žƒ”†‡•…‘Ƥƒ†ƒǡ‘’‘‡–ƒ —˜‡ƒŽ

ƒŽ‡‘”‡‰‹•–”‘—‡•‡—•˜‡”•‘•ǣ

151 Bem a Joana me dizia

Nas horas da privação:
– Homem, faz um roçadinho,
Planta arroz, planta feijão,
Que esta vida de alugado
Ao pobre não serve, não!4

‘Ž‘‰‘†‘•±…—Ž‘ǡ†‹˜‡”•ƒ•‡†‹†ƒ•†‡…‘–”‘Ž‡•‘…‹ƒŽȋ…‘‘ƒˆ‘”-
ƒ­ ‘†‡ƒŽ‰—ƒ•‘’ƒŠ‹ƒ•†‡”ƒ„ƒŽŠƒ†‘”‡•’‘”‹‹…‹ƒ–‹˜ƒ†‘‰‘˜‡”‘’”‘-
˜‹…‹ƒŽ ‘— ƒ ƒ­ ‘ †‘ ”‡…”—–ƒ‡–‘ ‹Ž‹–ƒ” ˆ‘”­ƒ†‘ ƒ ’‡”•‡‰—‹­ ‘ ƒ‘ Dz…”‹‡dz

͖ ‘„”‡ƒ•—†ƒ­ƒ•‘•‘†‘•†‡˜‹†ƒ†‡•‡”–ƒ‡Œ‘•’‘„”‡•ƒ‘Ž‘‰‘†‘•±…—Ž‘ǡcf.ǡ ”‡†‡”‹…‘

†‡ƒ•–”‘ǤDz‡‹†‡‡””ƒ•‡ƒ‡‹†ƒ‹†ƒǣ–”ƒ•ˆ‘”ƒ­Ù‡•‘—†‘”—”ƒŽ†‘‡ƒ”ž‘•±…—Ž‘dzǤEstu-
dos de Históriaǡ ”ƒ…ƒǦǡ˜Ǥ͜ǡǤ͖ǡ’Ǥ͗͛Ǧ͙͜ǡ͖͔͔͕Ǥǡƒ”–ŠƒǤDz‘”ƒǡ–‡””ƒ‡˜‹‘Ž²…‹ƒǣ‘—†‘
†‘•Š‘‡•’‘„”‡•Ž‹˜”‡•†‘•‡”– ‘…‡ƒ”‡•‡†‘•±…—Ž‘dzǤTrajetos – Revista de História UFCǡ ‘”–ƒŽ‡œƒǡ
˜Ǥ͚ǡǤ͕͕ǡ’Ǥ͝Ǧ͖͖ǡ͖͔͔͜Ǥǡ‘ž•‘’‡—†‡‘—œƒǤEnsaio estatístico da província do Ceará. Tomo 1.
†‹­ ‘ˆƒ…Ǧ•‹‹Žƒ”Ǥ ‘”–ƒŽ‡œƒǣ —†ƒ­ ‘ƒŽ†‡ƒ”Ž…Ÿ–ƒ”ƒǡ͕͛͝͝ǡ’Ǥ͗͛͘Ǥ
͗  ‘Š‘—˜‡‘‡ƒ”žƒ‹’Žƒ–ƒ­ ‘†‡—”‡‰‹‡‡•…”ƒ˜‹•–ƒ– ‘‹–‡•‘“—ƒ–‘‡‘—–”ƒ•†‹˜‡”•ƒ•”‡‰‹Ù‡•
†‘”ƒ•‹Žǡ‘“—‡ ‘•‹‰‹Ƥ…ƒǡ’‘”‘—–”‘Žƒ†‘ǡ“—‡ ‘–‡ŠƒŠƒ˜‹†‘—ƒ’”‡•‡­ƒ•‹‰‹Ƥ…ƒ–‹˜ƒ†‡‡•…”ƒ˜‘•
ƒˆ”‹…ƒ‘•†‹ˆ—†‹†ƒ’‘”–‘†ƒƒ•‘…‹‡†ƒ†‡Ǥ••ƒ…ƒ”ƒ…–‡”À•–‹…ƒ•‘…‹‘‡…‘Ø‹…ƒ†‡˜‡–‡”‹ƪ—‡…‹ƒ†‘†‡—
‘†‘’ƒ”–‹…—Žƒ”ƒ…‘•…‹²…‹ƒ•‘…‹ƒŽ†ƒ•…ƒƒ†ƒ•’‘„”‡•‡”‡Žƒ­ ‘ƒ‘••‹‰‹Ƥ…ƒ†‘•ƒ–”‹„—À†‘••‘­Ù‡•
†‡…ƒ–‹˜‡‹”‘‡Ž‹„‡”†ƒ†‡Ǥ‘„”‡ƒ’”‡•‡­ƒ†‡‡•…”ƒ˜‘•ƒ•‘…‹‡†ƒ†‡…‡ƒ”‡•‡ǣ ǡ—”À’‡†‡•ǤDz‡‰”‘•
‘‡ƒ”ždzǤǣǡ‹‘‡†‡ȋ”‰ǤȌǤUma nova história do Ceará. 4ª ed. ‘”–ƒŽ‡œƒǣ†‹­Ù‡•‡×…”‹–‘
‘…Šƒǡ͖͔͔͛ǡ’Ǥ͕͔͗Ǧ͕͖͗Ǥ
͘ ǡ ”ƒ…‹•…‘ ‘•±ǤDz—†‘•‡…‘ˆ”‘–‘ǣ’‘˜‘•ƒ–‹˜‘•‡‡—”‘’‡—•ƒ†‹•’—–ƒ’‡Ž‘–‡””‹–×”‹‘dzǤ
ǣǡ‹‘‡†‡ȋ”‰ǤȌǤUma nova história do Ceará. 4ª ed. ‘”–ƒŽ‡œƒǣ†‹­Ù‡•‡×…”‹–‘‘…Šƒǡ͖͔͔͛ǡ
’Ǥ͕͛Ǧ͙͙Ǥ ǡ ‘•±‹Žž”‹‘ǤDzƒ–‹”‹ƒǡ‹Šƒ²‰ƒǡ– ‘“—‡”‡†‘–‡˜‡†²dzǣ‡•…”ƒ˜‹† ‘ǡ
–”žƤ…‘‡‡‰×…‹‘•‘‡ƒ”ž†‘•±…—Ž‘Ǥ ‘”–ƒŽ‡œƒǣȀǡ͖͔͕͕Ǥǡ‹•Ž‡›†‡”ƒïŒ‘ǤDz‘”–”ž•
†‡ –‘†ƒ ˆ—‰ƒ ‡ •‡’”‡ Šž — …”‹‡ǣ ”‡…”—–ƒ‡–‘ Dzƒ Žƒ­‘dz ‡ ‘• Ž‹‹–‡• †ƒ ‘”†‡ ‘ ‡ƒ”ž ȋ͕͙͔͜Ǧ
͕͙͛͜ȌdzǤȋ‹••‡”–ƒ­ ‘†‡‡•–”ƒ†‘‡‹•–×”‹ƒ‘…‹ƒŽǤ ‘”–ƒŽ‡œƒǣ ǡ͖͔͔͗ȌǤ
ǡ —˜‡ƒŽǤLendas e
canções populares. 4ª ‡†Ǥ ‘”–ƒŽ‡œƒǣƒ•ƒ†‡ —˜‡ƒŽ
ƒŽ‡‘ǡ͕͛͜͝ǡ’Ǥ͙͛Ǥ

Revista Mundos do Trabalho | vol. 8 | n. 15 | janeiro-junho de 2016 | p. 149-164

TYRONE APOLLO PONTES CÂNDIDO

‡  Dz˜ƒ†‹ƒ‰‡dzȌ …‘–”‹„—À”ƒ ’ƒ”ƒ ’”‘‘˜‡” ƒ ’”‘Ž‡–ƒ”‹œƒ­ ‘ †‡ ’ƒ”…‡Žƒ•

…”‡•…‡–‡• †ƒ ’‘’—Žƒ­ ‘ •‡”–ƒ‡Œƒ ‘ ‡ƒ”žǡ ƒ• ‘ ƒŽ…ƒ…‡ †‡••ƒ• —†ƒ­ƒ•
ˆ‘‹ •‡’”‡ „ƒ•–ƒ–‡ Ž‹‹–ƒ†‘ ‡ ˆ—­ ‘ †ƒ ƒ—•²…‹ƒ †‡ — …‘”’‘ †‡ ƒ‰‡–‡•
‡•–ƒ–ƒ‹•ȋ‡‰‡Š‡‹”‘•ǡŒ—Àœ‡•ǡ†‡Ž‡‰ƒ†‘•ǡ’‘Ž‹…‹ƒ‹•Ȍ…ƒ’ƒœ†‡‹–‡”ˆ‡”‹”†‡ˆ‘”ƒ
‡Ƥ…ƒœ‘•‡–‹†‘†‡Dz‘†‡”‹œƒ”dzƒ•”‡Žƒ­Ù‡•†‡–”ƒ„ƒŽŠ‘–”ƒ†‹…‹‘ƒ‹•Ǥ•‡”– ‘
mantinha-se, a despeito das mudanças, um espaço dominado pelo arcaísmo,
‰‘˜‡”ƒ†‘’‘”’‘†‡”‘•ƒ•ˆƒÀŽ‹ƒ•†‡’”‘’”‹‡–ž”‹‘•ǡ•‡Š‘”‡•†‡–‡””ƒ•ǡ†‡ƒ‹-
mais e de pessoas.5
••‡…ƒ•‡”ƒǡ‡••‡•‡–‹†‘ǡ‘‡–‘•’”‹˜‹Ž‡‰‹ƒ†‘•’ƒ”ƒ“—‡ˆ”ƒ­Ù‡•†ƒ•
‡Ž‹–‡•ƒ‹•ƒƤƒ†ƒ•…‘‘•‹–‡”‡••‡•‘†‡”‹œƒ†‘”‡•ȋ‡‰‡”ƒŽǡ…‘‡”…‹ƒ–‡•ǡ
Ƥƒ…‹•–ƒ•ǡ ’”‘’”‹‡–ž”‹‘• ”—”ƒ‹• ‡•…Žƒ”‡…‹†‘•ǡ Œ‘”ƒŽ‹•–ƒ•ǡ ‡‰‡Š‡‹”‘• ‡ ‘—–”‘•
’”‘Ƥ••‹‘ƒ‹•Ž‹„‡”ƒ‹•ȌƤœ‡••‡‹’Žƒ–ƒ”•‡—•’”‘Œ‡–‘•”‡ˆ‘”ƒ†‘”‡•ȋ“—‡˜‹…—-
Žƒ˜ƒ‹†‡‹ƒ†‡Dz’”‘‰”‡••‘dzȌǡƒ’”‘˜‡‹–ƒ†‘ƒ’”‡•‡­ƒ†‡‹ŽŠƒ”‡•†‡’‡••‘ƒ•
†‡•‡’”‡‰ƒ†ƒ•‡…—Œƒ•’Žƒ–ƒ­Ù‡•†‡•—„•‹•–²…‹ƒ‡’‡“—‡‘•…”‹ƒ–×”‹‘•†‡ƒ‹-
ƒ‹•‡…‘–”ƒ˜ƒǦ•‡ƒ””—‹ƒ†‘•’‡ŽƒˆƒŽ–ƒ†‡ž‰—ƒǤï‡”ƒ•‘„”ƒ•‡”ƒ‡– ‘
ƒ…‹‘ƒ†ƒ•…‘˜‡”„ƒ•’”‘˜‡‹‡–‡•†‡†‘ƒ­Ù‡•’ƒ”–‹…—Žƒ”‡•‘—†‘ƒ—šÀŽ‹‘‘Ƥ…‹ƒŽ
†‘‰‘˜‡”‘ǡ’”‘‘˜‡†‘‘•ƒ••‹…Šƒƒ†‘•Dz‡ŽŠ‘”ƒ‡–‘•ƒ–‡”‹ƒ‹•dzǣˆ‡”-
”‘˜‹ƒ•ǡ ‡•–”ƒ†ƒ•ǡ ’‘”–‘•ǡ ”‡•‡”˜ƒ–×”‹‘• †‡ ž‰—ƒǡ …ƒŽ­ƒ‡–‘• †‡ ”—ƒ• ‡ ’”ƒ­ƒ•ǡ
’‘–‡•ǡ’”±†‹‘•’ƒ”ƒ‘ˆ—…‹‘ƒ‡–‘†‡‡•…‘Žƒ•ǡ‹‰”‡Œƒ•ǡ…ƒ†‡‹ƒ•ǡ‡–…Ǥ•…‘‹•-
•Ù‡•†‡•‘…‘””‘•’ï„Ž‹…‘•ȋ…‘•–‹–—À†ƒ•†—”ƒ–‡ƒ••‡…ƒ•’‘”ƒ—–‘”‹†ƒ†‡•Ž‘…ƒ‹•
†‡ ˜‹Žƒ• ‡ …‹†ƒ†‡• “—‡ ‡š‡”…‹ƒ …ƒ”‰‘• †‡ ˜‡”‡ƒ†‘”‡•ǡ ±†‹…‘•ǡ Œ—Àœ‡•ǡ ƒŽ‰—•
’ƒ†”‡•ǡ ‡–”‡ ‘—–”‘• ’”‘Ƥ••‹‘ƒ‹• †‡ ’”‡•–À‰‹‘Ȍ –”ƒ–ƒ˜ƒ †‡ ‘”‰ƒ‹œƒ” ‘• ”‡–‹-
”ƒ–‡•‘•‡–‹†‘†‡•‡Ž‡…‹‘ƒ”Dz‡‹‰”ƒ–‡•˜žŽ‹†‘•dz’ƒ”ƒ‘•–”ƒ„ƒŽŠ‘•‡š‡…—–ƒ-
dos nas localidades do sertão ou nas cidades do litoral (para onde iam a maioria 152
†‘•ƪƒ‰‡Žƒ†‘•Ȍǡ…”‹ƒ†‘ƒ‘†ƒŽ‹†ƒ†‡†‘Dz•‘…‘””‘‹†‹”‡–‘dzǡ†‡•–‹ƒ†‘“—‡Ž‡•
“—‡†‡˜‡”‹ƒ”‡–”‹„—‹”…‘ƒ’”‡•–ƒ­ ‘†‡–”ƒ„ƒŽŠ‘‘•ƒ—šÀŽ‹‘•‘ˆ‡”‡…‹†‘•’‡Ž‘•
…‘‹••ž”‹‘•Ǥ’Žƒ‘‡”ƒ†‡“—‡ƒ’‡ƒ•…”‹ƒ­ƒ•†‡–‡”ƒ‹†ƒ†‡ǡ’‡••‘ƒ•—‹–‘
˜‡ŽŠƒ•ǡ†‘‡–‡•‡ˆƒ‹–‘•‹˜ƒŽ‹†ƒ†‘•’ƒ”ƒƒ•’”‡•–ƒ­Ù‡•†‡•‡”˜‹­‘•‰ƒŠƒ•-
sem os socorros gratuitamente.6
’‘ŽÀ–‹…ƒ†‡•‘…‘””‡”‘•”‡–‹”ƒ–‡•…‘–”ƒ„ƒŽŠ‘ƒ••ƒŽƒ”‹ƒ†‘‡”ƒ‹ˆ‘”ƒ†ƒ
‡”‡ˆ‘”­ƒ†ƒ’‡Žƒ‹†‡‘Ž‘‰‹ƒŽ‹„‡”ƒŽ’”‡˜ƒŽ‡…‡–‡“—‡ƒ…”‡†‹–ƒ˜ƒ“—‡ƒ†‹•–”‹„—‹­ ‘
‰”ƒ–—‹–ƒ†‡…‘‹†ƒ‡”‘—’ƒ•–‡”‹ƒ”‹ƒ’‘”ˆ‘‡–ƒ”‘•…‘•‹†‡”ƒ†‘•Dz˜À…‹‘•†ƒ
˜ƒ†‹ƒ‰‡dzǡ‡•–‹—Žƒ†‘ƒ’”ž–‹…ƒ†ƒ‡†‹…‹†ƒ†‡‡–”‡‘••‡”–ƒ‡Œ‘•Ǥ—Ž–‹’Ž‹-
…ƒ­ ‘†‡…ƒ•‘•†‡•ƒ“—‡•ƒ†‡’ו‹–‘•†‡ƒŽ‹‡–‘•ǡƒ••ƒŽ–‘•‡‡•–”ƒ†ƒ•ǡ…‘ƪ‹–‘•
‡˜‘Ž˜‡†‘”‡–‹”ƒ–‡•‡’‘Ž‹…‹ƒ‹•ƒ•”—ƒ•†ƒ•’”‹…‹’ƒ‹•…‹†ƒ†‡•ǡƒŽ±†‘…”‡•…‹-
‡–‘ ƒ••—•–ƒ†‘” †‡ …ƒ•‘• †‡ †‘‡­ƒ• ‹ˆ‡…–‘…‘–ƒ‰‹‘•ƒ• ‡–”‡ ‘• ‹•‡”ž˜‡‹•
ȋ‰‡”ƒ†‘ ‡’‹†‡‹ƒ• “—‡ …Š‡‰ƒ˜ƒ ƒ …‘–ƒ‹ƒ” ‡„”‘• †ƒ• ‡Ž‹–‡• —”„ƒƒ•Ȍǡ
–—†‘‹••‘•‡†ƒ†‘—“—ƒ†”‘†‡ƒ‰Ž‘‡”ƒ­ ‘†‡†‡œ‡ƒ•†‡‹ŽŠƒ”‡•†‡”‡–‹-
”ƒ–‡•…‘…‡–”ƒ†‘•‡ƒ„ƒ””ƒ…ƒ‡–‘•…‘•‹†‡”ƒ†‘•ˆ±–‹†‘•‡†‡†‹ˆÀ…‹Ž˜‹‰‹ŽŸ-
…‹ƒ’‡Ž‘•ƒ‰‡–‡•†ƒ•…‘‹••Ù‡•†‡•‘…‘””‘•ǡ’ƒ”‡…‹ƒ‡†‘••ƒ”ƒ•–‡•‡•†‡“—‡‘•
•‡”–ƒ‡Œ‘•…‘•–‹–—Àƒ—ƒ‡•’±…‹‡†‡Dz…Žƒ••‡’‡”‹‰‘•ƒdzƒ•‡”—”‰‡–‡‡–‡…‘-
–”‘Žƒ†ƒ’ƒ”ƒ“—‡ ‘–‡”‹ƒ••‡’‘”•‡…‘•–‹–—‹”‡”‡ƒŽƒ‡ƒ­ƒ…‹˜‹Ž‹œƒ­ ‘Ǥ
‘„”‡‡••‡’ƒ‘†‡ˆ—†‘‡”‰—‡—Ǧ•‡ƒ‡†‹†ƒ†‡ǡ’‘”‡‹‘†‘ƒ••ƒŽƒ”‹ƒ‡–‘ǡ

͙ ‘„”‡‘’”‘…‡••‘†‡’”‘Ž‡–ƒ”‹œƒ­ ‘†‘••‡”–ƒ‡Œ‘•ǣ ǡ›”‘‡’‘ŽŽ‘‘–‡•ǤDz‡”– ‘’”‘Ž‡–ž”‹‘ǣ
’‘„”‡œƒǡ ’ƒ–‡”ƒŽ‹•‘ ‡ –”ƒ„ƒŽŠ‘ ‘ ‡ƒ”ž ‘‹–‘…‡–‹•–ƒdzǤ Saeculum Ȃ ‡˜‹•–ƒ †‡ ‹•–×”‹ƒ ȋ Ȍǡ ‘ ‘
‡••‘ƒǡǤ͗͗ǡ’Ǥ͕͚͗Ǧ͕͖͜ǡŒ—ŽǤȀ†‡œǤ͖͔͕͙Ǥ
͚ ‘†‡Ǧ•‡ƒ…‘’ƒŠƒ”ƒ†‹Ÿ‹…ƒ†ƒ’‘ŽÀ–‹…ƒ†‘Dz•‘…‘””‘‹†‹”‡–‘dzƒ‘•”‡–‹”ƒ–‡•Ž‡†‘ƒ•ˆƒŽƒ•‡”‡Žƒ–×”‹‘•
†‡’”‡•‹†‡–‡•†‡’”‘˜À…‹ƒ‡†‡•–ƒ†‘†‘•ƒ‘•†‡•‡…ƒǤ„‘‡š‡’Ž‘±ƒˆƒŽƒ†‘’”‡•‹†‡–‡ ‘•±
‘†‡Ž„—“—‡”“—‡ƒ””‘•’ƒ”ƒ‘ƒ‘†‡͕͛͜͜ǣǤFala com que o Exmo. Sr. José Júlio de Albuquerque
Barros, presidente da província do Ceará, abriu a 1ª sessão da 24ª legislatura da Assembleia Provincial no dia 1º
de novembro de 1878. ‘”–ƒŽ‡œƒǣ›’‘‰”ƒ’Š‹ƒ”ƒœ‹Ž‡‹”ƒǡ͕͛͜͝Ǥ

Revista Mundos do Trabalho | vol. 8 | n. 15 | janeiro-junho de 2016 | p. 149-164

 A PIEDADE E A FORÇA: O TRABALHO FORÇADO EM OBRAS DE SOCORROS PÚBLICOS NAS SECAS...

–”ƒ•ˆ‘”ƒ”‘•”‡–‹”ƒ–‡•Dz†‡‡†‹‰‘•‡–”ƒ„ƒŽŠƒ†‘”‡•dzǡƒ‹†ƒ“—‡Š‘—˜‡••‡
de se valer de meios coercitivos para se chegar a esse objetivo.͛
• ‰”ƒ†‡• •‡…ƒ• †ƒ ’ƒ••ƒ‰‡ †‘ •±…—Ž‘  Ȃ ‡ ͕͛͛͜Ǧ͛͝ǡ ͕͜͜͜Ǧ͜͝ǡ ͕͔͔͝ǡ
͕͕͙͝‡͕͕͝͝Ȃ†‡Ž‹‡ƒ”ƒǡ’‘”–ƒ–‘ǡ—–‡’‘†‡•‹‰‹Ƥ…ƒ–‹˜ƒ•—†ƒ­ƒ•’ƒ”ƒ—ƒ
ƒ‹‘”‹ƒ†ƒ•’‘’—Žƒ­Ù‡••‡”–ƒ‡Œƒ•Ǥ…ƒ†ƒƒ‘‡“—‡—ƒ‘˜ƒ•‡…ƒ‡”ƒ†‡…Žƒ”ƒ†ƒǡ
‹ŽŠƒ”‡•†‡ˆƒÀŽ‹ƒ•†‡‹šƒ˜ƒ•‡—•’‘˜‘ƒ†‘•†‘•‡”– ‘Ǥƒ“—ƒ–‹†ƒ†‡ƒ†ƒ‹-
•‹‰‹Ƥ…ƒ–‡ǡƒ‘…Š‡‰ƒ”ƒ‘Ž‹–‘”ƒŽǡ’”‘Ž‘‰ƒ˜ƒƒ”‡–‹”ƒ†ƒǡ‡„ƒ”…ƒ†‘‡˜ƒ’‘”‡•Ž‘-
–ƒ†‘•’”‘…—”ƒ†‡ƒŽ–‡”ƒ–‹˜ƒ•†‡˜‹†ƒ‡‘—–”ƒ•’”‘˜À…‹ƒ•ǡƒ•“—ƒ‹•‹ƒ‰‹ƒ˜ƒ
 ‘–‡”ƒ‹•†‡‡ˆ”‡–ƒ”–‡’‘•†‡•‡…ƒǤ—‹–‘•ǡ‘‡–ƒ–‘ǡ‡…‘–”ƒ˜ƒ•‡—•
‹‘•†‹ƒ•‡••ƒ‡‹‰”ƒ­ ‘Ǥ‘””‹ƒ‡ƒ••ƒ‡‡„ƒ”…ƒ­Ù‡••—’‡”Ž‘–ƒ†ƒ•ǡ
•—„ƒŽ‹‡–ƒ†‘•‡ƒ†‘‡…‹†‘•Ǥ‘”…ƒˆ‡œƒ‹•ǡ•‡”‹‰ƒ‹•ǡ…‘ŽØ‹ƒ•ƒ‰”À…‘Žƒ•ǡ…‘•–”—­Ù‡•
†‡ ‡•–”ƒ†ƒ• ‡ ˆ‡””‘˜‹ƒ•ǡ ‘— ˆ‘••‡ Žž “—ƒŽ ‘—–”‘ –‹’‘ †‡ ‡’”‡‡†‹‡–‘ ‡ “—‡
˜‹”‹ƒƒ•‡‡‰ƒŒƒ”’‡Ž‘’ƒÀ•ƒˆ‘”ƒǡƒ’‡ƒ•—ƒ‹‘”‹ƒ…‘•‡‰—‹ƒƒƒ•…‡• ‘•‘…‹ƒŽ
ƒŽ‡Œƒ†ƒǤ‘ƒ‹•†ƒ•˜‡œ‡•ǡ‡…‘–”ƒ˜ƒƒŽŠ—”‡•‘˜ƒ•…‘†‹­Ù‡•†‡–”ƒ„ƒŽŠ‘ǡ•
“—ƒ‹•‘•”‡–‹”ƒ–‡•”ƒ’‹†ƒ‡–‡ƒ••‘…‹ƒ˜ƒ velha opressão e ‹•±”‹ƒǡ†‡•’‡”–ƒ-
†‘‡– ‘‘†‡•‡Œ‘†‡˜‘Ž–ƒ”’ƒ”ƒ•—ƒ–‡””ƒǤ•†‡•†‘„”ƒ‡–‘•†‡••ƒ‰”ƒ†‡†‹ž•-
pora ultrapassaram gerações, estabelecendo rotas percorridas por trabalhadores
…‡ƒ”‡•‡•‡–‘†ƒ•ƒ•†‹”‡­Ù‡•ƒ–±‘•†‹ƒ•ƒ–—ƒ‹•ǡˆƒœ‡†‘†‘••‡”–ƒ‡Œ‘•†‘‡ƒ”ž
—ƒ†ƒ•’ƒ”…‡Žƒ•ƒ‹•×˜‡‹•†ƒ’‘’—Žƒ­ ‘„”ƒ•‹Ž‡‹”ƒǤ8
‘‡–ƒ–‘ǡƒƒ‹‘”‹ƒ†‘•”‡–‹”ƒ–‡•’‡”ƒ‡…‹ƒ‘‡ƒ”ž†—”ƒ–‡‘•‡•‡•
‡“—‡•‡ƒŽ‘‰ƒ˜ƒƒ••‡…ƒ•Ǥ’–ƒ˜ƒ’‘”Ƥ…ƒ”•‘„‘•…—‹†ƒ†‘•†ƒ•†‹˜‡”•ƒ•…‘-
‹••Ù‡•†‡•‘…‘””‘•’ï„Ž‹…‘•‡•–ƒ„‡Ž‡…‹†ƒ•‘•’‘–‘•†‡ƒ‹‘”…‘…‡–”ƒ­ ‘†‡
͕͙͗ ‹‹‰”ƒ–‡•ǤŠ‡‰ƒ˜ƒ…‘•—ƒ•ˆƒÀŽ‹ƒ•ǡ•˜‡œ‡•‡‰”—’‘•„‡ƒ‹‘”‡•ǡ‡‰”‘•-
•ƒ†‘•’‘”‘˜‘•‹†‹˜À†—‘•“—‡‹ƒƒ†‡”‹†‘ƒ‘•’‡”‡‰”‹‘•†ƒˆ‘‡Ǥ‘•–‹–—Àƒ
—ƒ—Ž–‹† ‘Š‡–‡”‘‰²‡ƒǡˆ‘”ƒ†ƒ’‘”‰‡–‡†‘•ƒ‹•†‹˜‡”•‘•”‡…ƒ–‘•†‘‹-
–‡”‹‘”ǡ†‡–‘†ƒ•ƒ•‹†ƒ†‡•ǡŽƒ˜”ƒ†‘”‡•‡…”‹ƒ†‘”‡•ǡŒ‘”ƒŽ‡‹”‘•‡ƒ”–ÀƤ…‡•ǡ‹†À‰‡ƒ•
‡…”‹ƒ†ƒ•†‘±•–‹…ƒ•ǡ…—”ƒ†‡‹”‘•‡ƒ••ƒŽ–ƒ–‡•ǡ‡˜‡–—ƒŽ‡–‡‡•…”ƒ˜‘•ˆ—‰‹†‘•
–‡–ƒ†‘•‡‡•…‘†‡”ƒƒ‰Ž‘‡”ƒ­ ‘Š—ƒƒǡŠƒ˜‡†‘–ƒ„±’‡••‘ƒ•”‡‡-
†‹ƒ†ƒ•‘—‡•‘±†‹‘•‡‰”ƒ†‡•’”‘’”‹‡–ž”‹‘•DzŠƒ„‹–—ƒ†‘•ƒ…‘‡”‡’”ƒ–‘•
†‡’‘”…‡Žƒƒ‡ƒ„‡„‡”‡…‘’‘•†‡’”ƒ–ƒǨdzǡƒ•“—‡‘•–‡’‘•†‹ˆÀ…‡‹•†ƒ••‡…ƒ•
˜‹ƒǦ•‡‹˜‡Žƒ†‘•ƒ”—Àƒƒ‘•ƒ‹•’‘„”‡•†‘•’‘„”‡•Ǥ•…‘‹••Ù‡•†‡•‘…‘””‘•
–”ƒ–ƒ˜ƒ †‡ ‘”‰ƒ‹œƒ” ƒ“—‡Ž‡• …‘•‹†‡”ƒ†‘• ˜žŽ‹†‘• ’ƒ”ƒ ‘ –”ƒ„ƒŽŠ‘ ‡ –—”ƒ•
†‡‘’‡”ž”‹‘•Ǥ‘„ƒ‰‡”²…‹ƒ†‡ˆ‡‹–‘”‡•‡…Š‡ˆ‡•†‡–—”ƒǡ–”ƒ„ƒŽŠƒ˜ƒ•‡‰—†‘
Œ‘”ƒ†ƒ•†‡Ƥ‹†ƒ•’‘”‡‰‡Š‡‹”‘•‡‡•–”‡•†‡‘ˆÀ…‹‘ǡ‡š‡…—–ƒ†‘‰‡”ƒŽ‡–‡
ƒ–‹˜‹†ƒ†‡•†ƒ•ƒ‹••‹’Ž×”‹ƒ•ǡ…‘‘‘…ƒ””‡‰ƒ‡–‘†‡’‡†”ƒ•‘—†‡•Ž‘…ƒ‡–‘
†‡–‡””ƒǤǤǤ‘…‘–‹†‹ƒ‘†ƒ•‘„”ƒ•†‡•‘…‘””‘•’ï„Ž‹…‘•ǡ‘•”‡–‹”ƒ–‡•ƒ’”‡†‹ƒ
ƒŽ‹†ƒ”…‘‘˜‘•…׆‹‰‘•†‡’”‘†—­ ‘ǡ‡ˆ”‡–ƒ†‘—…‘–”‘Ž‡ƒ‹•‡•–”‹–‘†‡
—ƒ†‹˜‹• ‘•‘…‹ƒŽ†‘–”ƒ„ƒŽŠ‘†‹˜‡”•ƒ†ƒ“—‡Žƒƒ“—‡‡•–ƒ˜ƒŠƒ„‹–—ƒ†‘•ǤŽ‰—•
ƒ’”‡†‹ƒ ‡•‘ ‘• •‡‰”‡†‘• †‘• ‘ˆÀ…‹‘• †‡ …ƒ”’‹–ƒ”‹ƒǡ •‡””ƒŽŠ‡”‹ƒǡ …ƒ–ƒ”‹ƒǤ
‘‘’ƒ••ƒ”†‘–‡’‘ǡ‡ƒ…ƒ†ƒ‘˜ƒ•‡…ƒǡ‘–”ƒ„ƒŽŠ‘ƒ•–—”ƒ•†‡‘’‡”ž”‹‘•
†ƒ•‘„”ƒ•†‡•‘…‘””‘•’ï„Ž‹…‘•’ƒ••ƒ˜ƒƒƤ‰—”ƒ”‘Š‘”‹œ‘–‡†‡‡š’‡…–ƒ–‹˜ƒ•†‡•-
•ƒ•—Ž–‹†Ù‡•†‡•‡”–ƒ‡Œ‘•Ǥ”ƒ‘…‘–‘”‘Š‹•–×”‹…‘†ƒˆ‘”ƒ­ ‘†‘•’”‘Ž‡–ž”‹‘•
†ƒ••‡…ƒ••‡†‡Ƥ‹†‘Ǥ9

͛ ǡ ”‡†‡”‹…‘†‡ƒ•–”‘ǤDzǮ‡•„”‹ƒ‡–‘ǯ‡Ǯ’‡”˜‡”• ‘ǯǣ‘ŽŠƒ”‡•‹Ž—•–”ƒ†‘••‘„”‡‘•”‡–‹”ƒ–‡•†ƒ•‡…ƒ
†‡͕͛͛͜dzǤProjeto Históriaǡ ‘ƒ—Ž‘ǡ˜Ǥ͖͛ǡ’Ǥ͕͚͛Ǧ͕͜͝ǡ͖͔͔͗Ǥǡ ‘•±Ž‹˜‡‘”‘—œƒǤDz ‘”–ƒŽ‡œƒ‡‘•
”‡–‹”ƒ–‡•†ƒ•‡…ƒ†‡͕͛͛͜Ǧ͛͝dzǤȋ‹••‡”–ƒ­ ‘†‡‡•–”ƒ†‘‡‹•–×”‹ƒǤ‡…‹ˆ‡ǣ ǡ͕͙͝͝ȌǤ
͜ ǡ‹˜‹ƒ‡‹ƒ†‡ǤDzƒœÙ‡•‡†‡•–‹‘•†ƒ‹‰”ƒ­ ‘ǣ–”ƒ„ƒŽŠƒ†‘”‡•‡‡‹‰”ƒ–‡•…‡ƒ”‡•‡•’‡Ž‘
”ƒ•‹Ž ‘ ƤƒŽ †‘ •±…—Ž‘ dzǤ ȋ‹••‡”–ƒ­ ‘ †‡ ‡•–”ƒ†‘ ‡ ‹•–×”‹ƒ ‘…‹ƒŽǤ  ‘ ƒ—Ž‘ǣ Ȁǡ ͖͔͔͗ȌǤ
ǡ†•‘‘Žƒ†ƒ‹ƒǤDzŠ‹†”ƒ…‡ƒ”‡•‡ǣ”‘–ƒ•†‡”‡–‹”ƒ–‡•‡‡•…”ƒ˜‹œƒ†‘•‡–”‡‘‡ƒ”ž‡ƒ•
ˆ”‘–‡‹”ƒ•†‘‘”–‡ȋ͕͛͛͜Ǧ͕͘͜͜ȌdzǤȋ‡•‡†‡‘—–‘”ƒ†‘‡‹•–×”‹ƒ‘…‹ƒŽǤ ‘ƒ—Ž‘ǣȀǡ͖͔͕͗ȌǤ
͝  ǡ›”‘‡’‘ŽŽ‘‘–‡•ǤDz”‘Ž‡–ž”‹‘•†ƒ••‡…ƒ•ǣƒ””ƒŒ‘•‡†‡•ƒ””ƒŒ‘•ƒ•ˆ”‘–‡‹”ƒ•†‘–”ƒ„ƒŽŠ‘

Revista Mundos do Trabalho | vol. 8 | n. 15 | janeiro-junho de 2016 | p. 149-164

TYRONE APOLLO PONTES CÂNDIDO

Tomando por base a correspondência trocada entre engenheiros,

…‘‹••ž”‹‘•†‡•‘…‘””‘•’ï„Ž‹…‘•ǡƒ—–‘”‹†ƒ†‡•Ž‘…ƒ‹•‡ƒ…‹‘ƒ‹•ǡƒŽ‰—•–À–—Ž‘•†ƒ
‹’”‡•ƒ…‡ƒ”‡•‡†‘’‡”À‘†‘ǡƒŽ±†‡’ƒ••ƒ‰‡•†‡–‡š–‘•Ž‹–‡”ž”‹‘•ǡ”‡‰‹•–”‘•
†‡ …”‘‹•–ƒ• ‡ ƒ‹†ƒ —ƒ ˆ‘–‘‰”ƒƤƒ ‡“—ƒ†”ƒ†‘ —ƒ –—”ƒ †‡ ‘’‡”ž”‹‘• ‡
ƒ–‹˜‹†ƒ†‡†‡…‘•–”—­ ‘†‡Ž‹Šƒˆ±””‡ƒǡ‡•–‡ƒ”–‹‰‘ƒ’”‡•‡–ƒƒ•’‡…–‘•†‘…‘–‹†‹-
ƒ‘†‡–”ƒ„ƒŽŠ‘†‘•”‡–‹”ƒ–‡•ƒ•‘„”ƒ•†‡•‘…‘””‘•’ï„Ž‹…‘•ǡ’”‘„Ž‡ƒ–‹œƒ†‘
‡•’‡…‹ƒŽ‡–‡‘•ƒ•’‡…–‘•…‘‡”…‹–‹˜‘•†‡••ƒ•‡š’‡”‹²…‹ƒ•Ǥ•—ƒ‹ƒ’ƒ”–‡ǡ
o artigo apresenta uma discussão a respeito de como relações de trabalho como
‡••ƒ•ǡ’”‡•‡–‡•‡‘„”ƒ•†‡•‘…‘””‘•’ï„Ž‹…‘•†‘•–‡’‘•†‡•‡…ƒǡ…‘–”ƒ†‹œ‡
—ƒ ƒ””ƒ–‹˜ƒ Š‹•–×”‹…ƒ “—‡ ˜‹ƒ ƒ• †±…ƒ†ƒ• †ƒ ’ƒ••ƒ‰‡ †‘ •±…—Ž‘  ’ƒ”ƒ ‘
—ƒDz–”ƒ•‹­ ‘’ƒ”ƒ‘–”ƒ„ƒŽŠ‘Ž‹˜”‡dz‘’ƒÀ•ǡ•—‰‡”‹†‘‡ƒŽ–‡”ƒ–‹˜ƒ—ƒ
ƒ„‘”†ƒ‰‡†ƒŠ‹•–×”‹ƒ•‘…‹ƒŽ“—‡…‘•‹†‡”‡‘—–”ƒ•‘†ƒŽ‹†ƒ†‡•†‡–”ƒ„ƒŽŠ‘…‘-
’—Ž•×”‹‘ǡ’ƒ”ƒƒŽ±†‘–”ƒ„ƒŽŠ‘‡•…”ƒ˜‘Ǥ

O uso da força
—‹–ƒ•‡˜‹†²…‹ƒ•‹†‹…ƒ“—‡‘•”‡–‹”ƒ–‡•‡•–”ƒŠƒ˜ƒǡ†‡•†‡‡•‘‘•
’”‹‡‹”‘•…‘–ƒ–‘•…‘ƒ•‘„”ƒ•†‡•‘…‘””‘•’ï„Ž‹…‘•ǡƒƒ–—”‡œƒ‡ƒ…‘†—­ ‘†‘•
–”ƒ„ƒŽŠ‘•†‡ƒ†ƒ†‘•‘•…ƒ–‡‹”‘•ǤŽ±†‡—‹–ƒ•–ƒ”‡ˆƒ•†‹˜‡”‰‹”‡†ƒ“—‡Žƒ•
“—‡…‘•–—ƒ˜ƒŠƒ˜‡”ƒŽ‹†ƒ†‹ž”‹ƒ†ƒ’Žƒ–ƒ­ ‘‘—†ƒ…”‹ƒ­ ‘†‡‰ƒ†‘ǡ‘•±-
todos racionalizados de cumprimento dos serviços (com metas de produção esta-
„‡Ž‡…‹†ƒ•‡Š‘”ž”‹‘•…”‘‘‡–”ƒ†‘•ǡ–À’‹…‘•†‘•‘†‡Ž‘•…ƒ’‹–ƒŽ‹•–ƒ•†‡–”ƒ„ƒŽŠ‘Ȍ
…‘–”ƒ•–ƒ˜ƒƒ‘•‘†‘•—•—ƒ‹•†‘••‡”–ƒ‡Œ‘•–”ƒ„ƒŽŠƒ”‡Ǥƒ•‘„”ƒ•†‡•‘…‘”-
154
”‘•’ï„Ž‹…‘•ǡ‘•”‡–‹”ƒ–‡•‡”ƒ‘”‰ƒ‹œƒ†‘•‡–—”ƒ•†‡–”ƒ„ƒŽŠƒ†‘”‡•ǡŽ‹†‡”ƒ-
†ƒ•’‘”ˆ‡‹–‘”‡•“—‡ǡ’‘”•—ƒ˜‡œǡ‡•–ƒ˜ƒ•—„‡–‹†‘••‘”†‡•†‡…Š‡ˆ‡•†‡–—”-
ƒ•‡ǡƒ…‹ƒ†‡•–‡•ǡ†‡‡‰‡Š‡‹”‘•ǡ—ƒ‘”†‡Š‹‡”ž”“—‹…ƒ‹‡š‹•–‡–‡‘Žƒ„‘”
–”ƒ†‹…‹‘ƒŽǤ‘”†‡ƒ­ ‘†‘•”‡–‹”ƒ–‡•‡–”ƒ„ƒŽŠ‘•‡š–‡—ƒ–‡•‡•‘„”‹–‘…‘-
tínuo de produção chocava-se com os hábitos laborais dos sertanejos. Uma coisa
era o indivíduo entrar na mata para cortar madeira para construir choupanas (uma
–ƒ”‡ˆƒ „‡ —•—ƒŽ ƒ Ž‹†ƒ †‹ž”‹ƒ †‘• •‡”–Ù‡•ǡ ‡ ‹–‡”…ƒŽƒ†ƒ ’‘” †‹ˆ‡”‡–‡• ‘—–”ƒ•
ƒ–‹˜‹†ƒ†‡•…‘’Ž‡‡–ƒ”‡•ȌǢ…‘‹•ƒ„‡†‹ˆ‡”‡–‡ȋ‡”‡Œ‡‹–ƒ†ƒ’‘”—‹–‘•Ȍ‡”ƒƒ
‹…—”• ‘†‡—‡š±”…‹–‘†‡…‡–‡ƒ•†‡”‡–‹”ƒ–‡•ƒ†‡–”ƒ†‘ƒ•ƒ–ƒ•†‘‘…×ǡ
‡ ‘”–ƒŽ‡œƒǡ’ƒ”ƒ†‡Žžǡ†‡ƒŠ ƒ–±‘ƒ‘‹–‡…‡”ǡ”‡–‹”ƒ”‹ŽŠƒ”‡•†‡‰ƒŽŠ‘•†‡
ƒ†‡‹”ƒǡ‡ˆ‡‹šƒ†‘•‡…ƒ””‡‰ƒ†‘•‘•‘„”‘••‘„‘•‘ŽŠƒ”‡•˜‹‰‹Žƒ–‡•†‡Ƥ•…ƒ‹•
‡ˆ‡‹–‘”‡•ȋƒ–‡–‘•„‘ƒ…‘†—­ ‘†‘••‡”˜‹­‘•Ȍǡ‡†‡ƒ’‘–ƒ†‘”‡•ȋ”‡‰‹•–”ƒ†‘ƒ
’”‡•‡­ƒ†‘•‘’‡”ž”‹‘•’ƒ”ƒ“—‡‡•–‡•‘„–‹˜‡••‡‘†‹”‡‹–‘†‡”‡…‡„‡”’‘•–‡”‹‘”-
‡–‡‘’ƒ‰ƒ‡–‘’‡Ž‘••‡”˜‹­‘•’”‡•–ƒ†‘•ȌǤ10“—‡Ƥ‰—”ƒ˜ƒ‘’”‡••‹˜‘ƒ‘•”‡-
tirantes eram as atividades das turmas de trabalhadores serem executadas como
–ƒ”‡ˆƒ•ƒ••‹Ƥ…ƒ†ƒ•ǡ’ƒ”…‡Žƒ†ƒ•ǡ”‡’‡–‹–‹˜ƒ•‡ǡ’‘”–ƒ–‘ǡ†‡•…‘…‡”–ƒ–‡•ƒ“—‡
–‹Šƒ’‘”Šž„‹–‘—…‘–‹†‹ƒ‘†‡–”ƒ„ƒŽŠ‘ƒ‹•ƒ—–ؐ‘‘‡’‘Ž‹˜ƒŽ‡–‡Ǥ‘”‡‹‘
†‡—ƒƒ–±”‹ƒ†‘Œ‘”ƒŽA Luctaǡ†‡‘„”ƒŽǡ’—„Ž‹…ƒ†ƒ†—”ƒ–‡ƒ•‡…ƒ†‡͕͕͙͝‡“—‡
†‹•…—–‹ƒƒ•…‘†‹­Ù‡•†‡–”ƒ„ƒŽŠ‘ƒ•‘„”ƒ•†‘ƒ­—†‡ƒ–‘•ǡ’‡”…‡„‡‘•‘—–”‘•
ƒ•’‡…–‘•†‘•…‘•–”ƒ‰‹‡–‘•†‡”‹˜ƒ†‘•†‘•±–‘†‘•†‡–”ƒ„ƒŽŠ‘‹’‘•–‘•ƒ‘•
‘’‡”ž”‹‘•†ƒ••‡…ƒ•ǣ

ȋ͕͛͛͜Ǧ͕͕͝͝ȌdzǤȋ‡•‡†‡‘—–‘”ƒ†‘‡‹•–×”‹ƒ‘…‹ƒŽǤ ‘”–ƒŽ‡œƒǣ ǡ͖͔͕͘ȌǤ’ƒ••ƒ‰‡…‹–ƒ†ƒ‡••‡’ƒ”ž-

‰”ƒˆ‘ˆ‘‹”‡–‹”ƒ†ƒ†‡ǣˆÀ…‹‘†‡͜Ȁ͔͛Ȁ͕͛͜͜ǡ‹•–”‹–‘•†‡ ‘”–ƒŽ‡œƒǡ…ƒ‹šƒ͖͖ǡ —†‘‘…‘””‘•‹…‘•ǡ”“—‹-
˜‘‹…‘†‘•–ƒ†‘†‘‡ƒ”žȋȌǤ
10 ˆÀ…‹‘†‡͕͖Ȁ͔͖Ȁ͕͛͜͜ǡ —†‘„”ƒ•‹…ƒ•ǡǤ

Revista Mundos do Trabalho | vol. 8 | n. 15 | janeiro-junho de 2016 | p. 149-164

 A PIEDADE E A FORÇA: O TRABALHO FORÇADO EM OBRAS DE SOCORROS PÚBLICOS NAS SECAS...

•–‡•’‘„”‡•Š‘‡•ǡ‹””ƒ†‘•‡‡ˆ”ƒ“—‡…‹†‘•’‘”—ƒˆ‘‡†‡†‡œ
meses, são ali obrigados diariamente, mediante o parco jornal de 1$000
ȏ‹Ž”±‹•Ȑǡƒ͕͔Š‘”ƒ•†‡–”ƒ„ƒŽŠ‘‹•ƒ‘’‹…ƒ”‡–ƒǡ•‘„‘”‹‰‘”†‡—•‘Ž
causticante e sobretudo mal comidos, mal bebidos e mal dormidos. Às
11 horas do dia uma sineta dá o sinal de suspender o serviço começa-
†‘•͚Š‘”ƒ•†ƒƒŠ ǡ’ƒ”–‹†‘ƒ’”‡••ƒ†‘‘‰”—’‘†‡–”ƒ„ƒŽŠƒ†‘”‡•ǡ
…ƒ•ƒ†‘•‡‡•„ƒˆ‘”‹†‘•ǡ…ƒ•ƒ†‘‡‰‡Š‡‹”‘ƒ‘„–‡”—…ƒ”– ‘“—‡ŽŠ‡
†ž‘†‹”‡‹–‘†‡…‘’”ƒ”‘ˆ‘”‡…‡†‘”ƒ†‘‹•“—‹ŽØ‡–”‘•†‡†‹•–Ÿ…‹ƒ‘
‡…‡••ž”‹‘’ƒ”ƒ’”‡’ƒ”ƒ”ƒ’”‹‡‹”ƒ”‡ˆ‡‹­ ‘Ǥ•–ƒǡ…‘‘ ‘Šž–‡’‘
†‡•‡”ˆ‡‹–ƒƒ‘ˆ‘‰‘ǡ…‘’Ù‡Ǧ•‡†‡ˆƒ”‹Šƒ†‡ƒ†‹‘…ƒ‡ƒ­ï…ƒ”ƒ•-
…ƒ˜‘‡ǡƒ–‡•†‡‘‹ˆ‡Ž‹œ†‡‰Ž—–‹”‘‹‘„‘…ƒ†‘†‡••ƒ…‘‹†ƒƒ‰”‡•–‡
‡’‘—…‘•ƒ—†ž˜‡Žǡƒˆƒ–À†‹…ƒ•‹‡–ƒŽž‡•–ž…Šƒƒ†‘Ǧ‘…‘‘•‹‹•–”‘
•‹ƒŽ†‡”‡…‘‡­ƒ”‘•‡”˜‹­‘ƒ‘“—ƒŽ‡Ž‡•‘„‡†‡…‡…‘ƒ‘„‡†‹²…‹ƒ
de um crente, com a resignação de um mártir e marcham sem um gesto
de desgosto, sem um movimento de repulsa.11

ˆƒ–‘”ƒ‰”ƒ˜ƒ–‡‡”ƒ‘ˆƒ–‘†‡‰‡”ƒŽ‡–‡‘•”‡–‹”ƒ–‡••‡”‡Ž‡˜ƒ†‘•ƒ
…—’”‹”–ƒ”‡ˆƒ•†‡‰”ƒ†ƒ–‡•‘—‡š–”‡ƒ‡–‡’‡”‹‰‘•ƒ•ǡ‡ˆ”‡–ƒ†‘•˜‡œ‡•
’‘†‡”‘•ƒ• ˆ‘”­ƒ• ƒ–—”ƒ‹•ǡ …‘ •‡— ‡ˆ”ƒ“—‡…‹†‘ …‘”’‘ ‹ƒ‹†‘ ’‘” –ƒ–ƒ• Œ‘”-
ƒ†ƒ•†‡•—„ƒŽ‹‡–ƒ­ ‘Ǥ‡‘„”ƒŽǡ’‘”‡š‡’Ž‘ǡƒŽ‰—ƒ•–—”ƒ•†‡”‡–‹”ƒ–‡•
ˆ‘”ƒ•‡Ž‡…‹‘ƒ†ƒ•†—”ƒ–‡ƒ•‡…ƒ†‡͕͛͛͜’ƒ”ƒǡƒƒ—•²…‹ƒ†‡ƒ‹ƒ‹•†‡–”ƒ­ ‘ǡ
Ž‡˜ƒ”‡ ‡Ž‡• ’”×’”‹‘• ‘• Dz…ƒ””‘• ’—šƒ†‘• ƒ Š‘‡•dz …ƒ””‡‰ƒ†‘• …‘ •ƒ…ƒ• †‡
‰²‡”‘•ƒŽ‹‡–À…‹‘•†‡•†‡‘’‘”–‘†‡…ƒ”ƒï’‘”—ƒ†‹•–Ÿ…‹ƒ†‡ƒ’”‘š‹ƒ†ƒ-
‡–‡͕͔͔“—‹ŽØ‡–”‘•ǡ•‘„‘•‘Ž‹…Ž‡‡–‡ǡ’‘”‡•–”ƒ†ƒ•“—‡–‡•‡ƒ”‡‘•ƒ•Ǥ
—–”ƒ•–—”ƒ•‡…ƒ”ƒï’ƒ••ƒ˜ƒ‘•†‹ƒ•‹‡”•ƒ•ƒ•ž‰—ƒ•†ƒ„ƒ””ƒˆ‘”ƒ†ƒ
155 ’‡Ž‘‡…‘–”‘†‘”‹‘…‘‘ƒ”’ƒ”ƒƒŽ‹†‡’‘•‹–ƒ”‡’‡•ƒ†‘••ƒ…‘•†‡„ƒ””‘‡Ƥ-
…ƒ”‡‡•–ƒ…ƒ•†‡–”‘…‘•†‡…ƒ”ƒï„ƒ‘•‡”˜‹­‘†‡…‘–‡­ ‘†ƒ•ƒ”±•’ƒ”ƒ˜‹ƒ-
„‹Ž‹œƒ”ƒƒ–”ƒ…ƒ­ ‘†‡‡„ƒ”…ƒ­Ù‡•†‡‰”ƒ†‡’‘”–‡Ǥ‡••‡–”ƒ„ƒŽŠ‘Šƒ˜‹ƒƒ“—‡Ž‡•
“—‡•‡ƒˆ‘‰ƒ˜ƒ’‘”–‡–ƒ”•—•–‡–ƒ”ƒ•’‡•ƒ†ƒ•…ƒ”‰ƒ•…‘ž‰—ƒ’‡Ž‘’‡•…‘­‘Ǥ
‘“—‡†‹œ‡”†‘•‡”˜‹­‘†‘•…ƒ””‡‰ƒ†‘”‡•†‡…ƒ†ž˜‡”‡•“—‡ǡ†—”ƒ–‡ƒ•Œ‘”ƒ†ƒ•
†ƒ‹–‡•ƒ‡’‹†‡‹ƒ†‡˜ƒ”À‘Žƒǡ‡͕͛͜͜ǡ–‹Šƒ†‡Ž‡˜ƒ”‘•…‘”’‘•’‡Žƒ•”—ƒ•†‡
‘”–ƒŽ‡œƒƒ–±‘…‡‹–±”‹‘‹’”‘˜‹•ƒ†‘†ƒƒ‰‘ƒ —†ƒǡ’ƒ”ƒ‘“—‡”‡…‡„‹ƒ†‘•‡•
†‡ƒ‰—ƒ”†‡–‡ǡ’‘‹•ƒ‡„”‹ƒ‰—‡œ‡”ƒ‘…‘‡•–ƒ†‘‡“—‡•—’‘”–ƒ˜ƒ‡–”ƒ”
‡…‘–ƒ–‘…‘‘•‘”–‘•‡•—ƒ•…Šƒ‰ƒ•‡š’‘•–ƒ•ǫ‡’”‡“—‡•‡‡…‡••‹–ƒ˜ƒ
ˆƒ„”‹…ƒ”…ƒŽ‘—„Ž‘…‘•…‡”Ÿ‹…‘•’ƒ”ƒƒ•‘„”ƒ•†‡•‘…‘””‘•’ï„Ž‹…‘•ƒŽ‰—ƒ•–—”-
ƒ•†‡‘’‡”ž”‹‘•‡”ƒ‘„”‹‰ƒ†ƒ•ƒ‡š’‘”•‡—•…‘”’‘••‡Ž‡˜ƒ†ƒ•–‡’‡”ƒ–—”ƒ•
†‘•ˆ‘”‘•Ǥ ‹ƒŽ‡–‡ǡ’‡”‹‰‘•‘–ƒ„±‡”ƒ‘ƒ—•‡‹‘†‡‡š’Ž‘•‹˜‘•—•ƒ†‘•‡
diversas obras, principalmente nas aberturas de estradas por trechos pedregosos
‡À‰”‡‡•Ǥƒ…”ؐ‹…ƒ’—„Ž‹…ƒ†ƒƒ”‡˜‹•–ƒŽ‹–‡”ž”‹ƒO Pão da Padaria Espiritual
”‡‰‹•–”ƒ‘…ƒ•‘†‡—‡‹‘–”ƒ—ƒ–‹œƒ†‘…‘‘ƒ’‹–‘†‘–”‡“—‡†‹ƒ”‹ƒ‡–‡
’ƒ••ƒ˜ƒ ’‡Žƒ ˆ”‡–‡ †‡ •‡— …ƒ•‡„”‡ǡ ‡ “—‡ ˜‹˜‹ƒ …‘ •—ƒ  ‡ ˜‹ï˜ƒǤ ‘†‘• ‘•
dias, segundo a narrativa, a criança de oito anos derramava lágrimas pelo rosto,
Dz‡š’ƒ• ‘†‡’‡•ƒ”‡׆‹‘†‡…‘”ƒ­ ‘‹ˆƒ–‹ŽdzǢ•‡—’ƒ‹ǡƒ–‹‰‘ˆ‡‹–‘”†ƒ–—”ƒ†‡
…ƒ˜‘—“—‡‹”‘•ǡ‘””‡”ƒ†‘‹•ƒ‘•ƒ–‡•‡…‹”…—•–Ÿ…‹ƒ•–”ž‰‹…ƒ•ǡ•‘–‡””ƒ†‘’‡Žƒ•
pedras deslocadas numa das explosões durante as jornadas de construção da es-
–”ƒ†ƒ†‡ˆ‡””‘†‡ƒ–—”‹–±Ǥ12
ˆƒ…‡ƒ‘•ˆƒ–‘”‡•†‡”‡Œ‡‹­ ‘ƒ‘–”ƒ„ƒŽŠ‘ǡƒ•‹–—ƒ­ ‘†‡’‡ï”‹ƒ’‘”“—‡
’ƒ••ƒ˜ƒ‘•”‡–‹”ƒ–‡•ˆƒ‹–‘•–‘”ƒ˜ƒǦ•‡—†‘•…‘•‘–‹˜‘•“—‡‘•ˆƒœ‹ƒ

11 A Luctaǡ‘„”ƒŽǡ͕͔‘˜Ǥ͕͕͙͝Ǥ
12 ˆÀ…‹‘†‡͙Ȁ͕͖‡͕͘Ȁ͕͖Ȁ͕͛͛͜ǡ‘„”ƒŽǡ…ƒ‹šƒ͕͙ǡ‡‘ˆÀ…‹‘†‡͖͙Ȁ͔͛Ȁ͕͜͜͝ǡ…ƒ”ƒïǡ…ƒ‹šƒ͕ǡ —†‘‘…‘””‘•‹…‘•ǡ
ǤV ǡ‘†‘Žˆ‘ǤVaríola e vacinação no CearáǤ ‘”–ƒŽ‡œƒǣƤ…‹ƒ•†‘ ‘”ƒŽ†‘‡ƒ”žǡ͕͔͘͝ǡ’Ǥ͕͗ǡ
͖͛Ǧ͖͜Ǥǡ†—ƒ”†‘ǤDz–”‡†‡ˆ‡””‘dzǤO Pão da Padaria Espiritualǡ ‘”–ƒŽ‡œƒǡƒ‘͖ǡǤ͕͖ǡ’Ǥ͘ǡ‡†‹­ ‘
†‡͕͙Ȁ͔͗Ȁ͕͙͜͝Ǥ

Revista Mundos do Trabalho | vol. 8 | n. 15 | janeiro-junho de 2016 | p. 149-164

TYRONE APOLLO PONTES CÂNDIDO

ƒ…‡‹–ƒ” ƒ–‡”‡Ǧ•‡ ƒ• ‘„”ƒ•Ǥ  ‘„‹Ž‹†ƒ†‡ †‘• ”‡–‹”ƒ–‡• ‡”ƒ — ‡Ž‡‡–‘
…‘’Ž‹…ƒ†‘”…‘‘“—ƒŽ‡‰‡Š‡‹”‘•‡…‘‹••ž”‹‘•–‹Šƒ•‡’”‡†‡Ž‹†ƒ”’ƒ”ƒ
‰ƒ”ƒ–‹”ƒ…‘–‹—‹†ƒ†‡†ƒ•‘„”ƒ•†‡•‘…‘””‘•’ï„Ž‹…‘•Ǥ…‘””‡ǡ‘‡–ƒ–‘ǡ“—‡
ƒ ˆƒŽ–ƒ †‡ …‘‹†ƒ ȋƒ †‹•–”‹„—‹­ ‘ ƒ’‡ƒ• ’ƒ”…‹ƒŽ †‡•–ƒ ‘— ‘ ‘ˆ‡”‡…‹‡–‘ †‡ ˜À-
˜‡”‡•‡•–”ƒ‰ƒ†‘•Ȍ‡”ƒ—’”‘„Ž‡ƒ‡•–”—–—”ƒŽ†‡••ƒ•‘„”ƒ•Ǥ‘•–‡’‘•†‡ƒ‹‘”
‹””‡‰—Žƒ”‹†ƒ†‡ ‘ ˆ‘”‡…‹‡–‘ †‘• •‘…‘””‘• ƒ ‡˜ƒ• ‘ –‘”ƒ˜ƒǦ•‡ — †‡•ƒƤ‘
para os administradores darem continuidade aos trabalhos. Desdobravam-se em
argumentos e promessas para contemporizar e, diante dos olhares indignados
†‘•”‡–‹”ƒ–‡•ǡ…‘˜‡…²ǦŽ‘•†‡“—‡’”‘˜‹†²…‹ƒ•‡•–ƒ˜ƒ•‡†‘–‘ƒ†ƒ•‡“—‡
•‡—‹–ƒ†‡‘”ƒ”‡…‡„‡”‹ƒ‡Ƥ•‡—•’ƒ‰ƒ‡–‘•ǤǤǤ‡ƒ’Žƒ…ƒ”‹ƒ•—ƒˆ‘‡Ǥ
‹œ‹ƒƒ‹†ƒƒ‘•”‡–‹”ƒ–‡•“—‡ ‘‡…‘–”ƒ”‹ƒ‡ŽŠ‘”‡•…‘†‹­Ù‡•‡‘—–”ƒ•
‘„”ƒ•ǡƒ‘‡•‘–‡’‘‡“—‡•‡‘–‹Ƥ…ƒ˜ƒƒ‘•‰‘˜‡”ƒ–‡••‘„”‡ƒ•‘…‘””²-
…‹ƒ•ǡ•—‰‡”‹†‘“—‡ˆ‘••‡ƒ—‡–ƒ†‘‘…‘–”‘Ž‡•‘„”‡ƒ‡‹‰”ƒ­ ‘’‘”‡•–”ƒ†ƒ•
‡’‘”–‘•‘•‡–‹†‘†‡–‡–ƒ”‹‹„‹”ƒDzˆ—‰ƒ†‡„”ƒ­‘•dzǡ’ƒ”ƒ“—‡ ‘ˆƒŽ–ƒ••‡†‡
todo a mão de obra necessária ao regular andamento dos trabalhos.͕͗
‡˜‡Žƒ˜ƒǦ•‡‡– ‘ƒ‘’‘•‹­ ‘†‡’”‘Œ‡–‘•‡‡š’‡…–ƒ–‹˜ƒ•‡”‡Žƒ­ ‘•‘„”ƒ•
†‡•‘…‘””‘•’ï„Ž‹…‘•ǣ‡“—ƒ–‘‡‰‡Š‡‹”‘•‡ƒ‡Ž‹–‡’‘ŽÀ–‹…ƒ˜‹ƒƒ“—‡Žƒ•‘„”ƒ•
—‡‹‘†‡ˆ‘”ƒ­ ‘†‡—ƒ…Žƒ••‡†‡–”ƒ„ƒŽŠƒ†‘”‡•†‹•…‹’Ž‹ƒ†‘•‡ƒˆ‡‹–‘•‘-
dalidade do trabalho assalariado, os retirantes visavam primordialmente a obten-
­ ‘†‘•‘…‘””‘Ǥ“—ƒ†‘ƒ”ƒ­ ‘ˆƒŽ–ƒ˜ƒ‘—‡•–ƒ˜ƒ‡•–”ƒ‰ƒ†ƒǡƒ”‡˜‘Ž–ƒ…‘•–—ƒ˜ƒ
‡š’Ž‘†‹”Ǥ — †‘• ‘ˆÀ…‹‘• –”‘…ƒ†‘• ‡–”‡ ‘ ’‡••‘ƒŽ ‡…ƒ””‡‰ƒ†‘ ’‡Ž‘ ˆ—…‹‘ƒ-
‡–‘ †ƒ• …‘‹••Ù‡• †‡ •‘…‘””‘• “—‡ ƒ”‰‡ƒ˜ƒ ƒ …‘•–”—­ ‘ †ƒ ‡•–”ƒ†ƒ †‡
ˆ‡””‘†‡ƒ–—”‹–±ƒ•‡…ƒ“—‡†—”‘—†‡͕͛͛͜ƒ–±͕͛͜͝ǡ—‡…ƒ””‡‰ƒ†‘†‘•†‡’ו‹-
tos de alimentos alertava as autoridades para a agitação dos operários ao saberem 156
“—‡•—ƒ•”ƒ­Ù‡••‡”‹ƒ”‡†—œ‹†ƒ•’‡Žƒ‡–ƒ†‡Ǥ•‹–—ƒ­ ‘ǡ†‹œ‹ƒǡDz–‡‘–‹˜ƒ†‘
•—”‡š…‹–ƒ­ ‘ȏ•‹…Ȑ‡–”‡‘•–”ƒ„ƒŽŠƒ†‘”‡•†‡•–ƒ•–”ƒ†ƒǡ‡ƒŽ‰—•ƒ„ƒ””ƒ…ƒ‡-
–‘•”‘’‡†‘‡Ž‡•‡ƒ‡ƒ­ƒ•dzǤ14
•–—”ƒ•†‡‘’‡”ž”‹‘•“—‡‡”ƒ…”‹ƒ†ƒ•…‘ƒ‹–‡­ ‘‘”‹‰‹ƒŽ†‡˜‹ƒ„‹Ž‹œƒ”
‘–”ƒ„ƒŽŠ‘•‡‰—†‘‘•’ƒ†”Ù‡•Š‹‡”ž”“—‹…‘•Œžƒ–‡•”‡ˆ‡”‹†‘•–”ƒ•ˆ‘”ƒ˜ƒǦ•‡
Ž‘‰‘‡ˆ‘…‘•†‡”‡•‹•–²…‹ƒǡ…‘‘•”‡–‹”ƒ–‡•ˆƒœ‡†‘†‡•‡—‰”ƒ†‡ï‡”‘—
’‘†‡”‘•‘‡‹‘†‡’”‡•• ‘•‘„”‡•‡—••—’‡”‹‘”‡•ǤŽ±†‘••ƒ“—‡•ƒ‘•†‡’ו‹–‘•
ȋ“—‡‡”ƒ—ƒ‘†ƒŽ‹†ƒ†‡„ž•‹…ƒ†ƒƒ­ ‘†‹”‡–ƒ†‘•‘’‡”ž”‹‘•†ƒ••‡…ƒ•Ȍǡ•—”‰‹ƒ
ƒ•ƒ‡ƒ­ƒ•‡‘•ƒ–ƒ“—‡•…‘–”ƒ‡‰‡Š‡‹”‘•‡…‘‹••ž”‹‘•ǡƒ•ƒ„‘–ƒ‰‡ǡ‘…‘”’‘
‘Ž‡ƒ‡š‡…—­ ‘†‘••‡”˜‹­‘•ǤǤǤ˜‹‘Ž²…‹ƒ‡”ƒ‡Ƥ‹…‘”’‘”ƒ†ƒ…‘‘‹•–”—-
‡–‘ƒ•Ž—–ƒ•†‡…Žƒ••‡†‘…‘–‹†‹ƒ‘†ƒ•‘„”ƒ•†‡•‘…‘””‘•’ï„Ž‹…‘•Ǥ15
‡—‹–ƒ•ƒŽ–‡”ƒ–‹˜ƒ•†‡…‘˜‡…‹‡–‘‘•ƒ†‹‹•–”ƒ†‘”‡•†ƒ•‘„”ƒ•ƒ”-
ƒ˜ƒŠ‘‡•’ƒ”ƒ‹’‘””‡•’‡‹–‘‡…‘–‡”Ž‡˜ƒ–‡•Ǥ‡”–ƒ˜‡œǡƒ•‡…ƒ†‡͕͕͝͝ǡ
uma delegação de operários procurou a redação do jornal A Luctaǡ†‡‘„”ƒŽǡ’ƒ”ƒ
†‡—…‹ƒ”“—‡Ƥ•…ƒ‹•†ƒ•‘„”ƒ•†‡…‘•–”—­ ‘†‘–”‘…‘ˆ‡””‘˜‹ž”‹‘‡–”‡‘„”ƒŽ‡
‘”–ƒŽ‡œƒDzƒŽ‹ƒ†ƒ‘•–‡•‹˜ƒ‡–‡ƒ”ƒ†‘•†‡”‡˜×Ž˜‡”‡•‡’‘”“—ƒŽ“—‡”…‘‹•ƒ
ƒ‡ƒ­ƒ‘‹ˆ‡Ž‹œ‘’‡”ž”‹‘ˆƒ‹–‘‡–”—…‹†ƒ†‘…‘—–”ƒ„ƒŽŠ‘ˆ‘”­ƒ†‘dzǤ‡†‘
convocado pelo delegado para prestar esclarecimentos sobre o caso, o engenhei-
”‘”‡•‹†‡–‡†ƒŽ‹ŠƒƒŽ‡‰‘—•‹’Ž‡•‡–‡“—‡•‡—•Š‘‡•DzƤ•…ƒŽ‹œƒ–”ƒ„ƒŽŠ‘
ƒ͕͔“—‹ŽØ‡–”‘•ˆ‘”ƒ†ƒ…‹†ƒ†‡dzǡ–‡–ƒ†‘ƒ••‹•‡•‹„‹Ž‹œƒ”‘†‡Ž‡‰ƒ†‘’ƒ”ƒ‘

͕͗ ‘–ƒ†‡͕͗Ȁ͔͛Ȁ͕͛͜͝ǡ —†‘•–”ƒ†ƒ†‡ ‡””‘†‡ƒ–—”‹–±ǡǤ•…‹”…—•–Ÿ…‹ƒ•†‡–‡•ƒ•‡‰‘…‹ƒ­Ù‡•

…‘‘‡••ƒ‡š’‘•–ƒ‡••‡’ƒ”ž‰”ƒˆ‘’‘†‡•‡””‡…‘•–‹–—À†ƒ•ƒ’ƒ”–‹”†‡†‹˜‡”•‘•‘ˆÀ…‹‘•†‘ —†‘•-
–”ƒ†ƒ†‡ ‡””‘†‡ƒ–—”‹–±ǡǡ‡‡…‘–”ƒǦ•‡ƒ””ƒ†ƒ…‘†‡–ƒŽŠ‡•‡ǣ ǤDz”‘Ž‡–ž”‹‘•†ƒ•
•‡…ƒ•dz, ’Ǥ͖͔͕Ǧ͖͔͛Ǥ
14 ˆÀ…‹‘†‡͕͜Ȁ͔͜Ȁ͕͛͜͝ǡ —†‘•–”ƒ†ƒ†‡ ‡””‘†‡ƒ–—”‹–±ǡǤ
15 ‘„”‡ƒ•ˆ‘”ƒ•†‡’”‘–‡•–‘•†‘•”‡–‹”ƒ–‡•†ƒ••‡…ƒ•ǡcf. ǡ ”‡†‡”‹…‘†‡ƒ•–”‘ǤŵƵůƟĚĆŽĞĂŚŝƐ-
tória: •ƒ“—‡•‡‘—–”ƒ•ƒ­Ù‡•†‡ƒ••ƒ‘‡ƒ”žǤ‹‘†‡ ƒ‡‹”‘ǣ‡Ž—‡—ƒ”žǡ͖͔͔͔Ǥ

Revista Mundos do Trabalho | vol. 8 | n. 15 | janeiro-junho de 2016 | p. 149-164

 A PIEDADE E A FORÇA: O TRABALHO FORÇADO EM OBRAS DE SOCORROS PÚBLICOS NAS SECAS...

’‡”‹‰‘ “—‡ ‘• •—’‡”˜‹•‘”‡• …‘””‹ƒ ‡ •‡ ‡…‘–”ƒ”‡ ƒ •×• …‘ ‘• ‘’‡”ž”‹‘•
†‡•…‘–‡–‡•Ǥ—ƒ‘—–”ƒ†‡ï…‹ƒǡ†‹œ‹ƒǦ•‡“—‡‘•‡‰‡Š‡‹”‘•†ƒˆ‡””‘˜‹ƒ†‡
ƒ–—”‹–±–”ƒ–ƒ˜ƒ‘•‘’‡”ž”‹‘•Dz…‘‘‡•…”ƒ˜‘•dzǡ‡š‹‰‹†‘“—‡„ƒ‹šƒ••‡‘‘ŽŠƒ”
‡†‡•…‘„”‹••‡ƒ…ƒ„‡­ƒƒ‘’ƒ••ƒ”‡ǡ‡•‹ƒŽ†‡”‡•’‡‹–‘ǡ‡“—‡—•ƒ˜ƒ…ƒ•–‹‰žǦ
Ž‘•…‘…Š‹„ƒ–‡ƒ‡–‘•ǡ†‡’‡†‡†‘†ƒ‰”ƒ˜‹†ƒ†‡†ƒˆƒŽ–ƒ…‘‡–‹†ƒǤ16
 ”‡‰‹•–”‘ ˆ‘–‘‰”žƤ…‘ ’‡”–‡…‡–‡ ƒ‘ ƒ…‡”˜‘ †‘ —•‡— †ƒ ƒ‰‡ ‡ †‘
‘ †‡ ‘”–ƒŽ‡œƒ ‘•–”ƒ —ƒ –—”ƒ †‡ ƒ••‡–ƒ†‘”‡• †‡ †‘”‡–‡• ‡ ’Ž‡ƒ
ƒ–‹˜‹†ƒ†‡Ǥˆ‡Ž‹œ‡–‡ ‘•‡’؆‡ƒ’—”ƒ”†‡“—ƒŽ–”‡…Š‘†ƒˆ‡””‘˜‹ƒˆ‘‹…ƒ’–—”ƒ†‘
‘‹•–ƒ–Ÿ‡‘Ǥ‹ƒ‰‡‘•–”ƒ‘•‘’‡”ž”‹‘•–”ƒ„ƒŽŠƒ†‘•‘„‘‘ŽŠƒ”ƒ–‡–‘†‡—
•—’‡”˜‹•‘”ȋ†‡…‡”–‘—‡‰‡Š‡‹”‘ǡ•‹–—ƒ†‘†‹”‡‹–ƒƒˆ‘–‘ǡ‡’”‹‡‹”‘’Žƒ‘ǡ†‡
–‡”‘„”ƒ…‘Ȍ‡—ƒ‰”ƒ†‡“—ƒ–‹†ƒ†‡†‡…—”‹‘•‘•ǡƒƒ‹‘”‹ƒ—ŽŠ‡”‡•‡…”‹ƒ­ƒ•
„‡˜‡•–‹†ƒ•ǡ’”‘–‡‰‹†ƒ•†ƒ‹•‘Žƒ­ ‘’‘”•—ƒ••‘„”‹Šƒ•Ǥ“—ƒ–‘ƒƒ‹‘”‹ƒ†‘•
operários aparece carregando dormentes nos ombros ou debruçados, ajustando o
assentamento dos mesmos, alguns homens circulam pelo perímetro entre os tra-
„ƒŽŠƒ†‘”‡•‡‘’ï„Ž‹…‘ǤŽ‰—•†‡••‡•ƒ’ƒ”‡–‡‡–‡…ƒ””‡‰ƒƒŽ‰—‘„Œ‡–‘ƒ–‹-
”ƒ…‘Ž‘ǡ–ƒŽ˜‡œ—ƒƒ”ƒ†‡ˆ‘‰‘Ǥ‹–—ƒ†‘‡•“—‡”†ƒƒˆ‘–‘ǡ‡’”‹‡‹”‘’Žƒ‘ǡ
…ƒ‹Šƒ†‘ǡ’‘”–ƒ†‘…Šƒ’±—’”‡–‘‡†‡…ƒ„‡­ƒƒ„ƒ‹šƒ†ƒǡƒŽ‹‡•–ž—†‡Ž‡•Ǥ

͕͙͛

Fonte:—•‡—†ƒƒ‰‡‡†‘‘ǡ ‘”–ƒŽ‡œƒǤ‡†ƒ–ƒ†‡Ƥ‹†ƒǤ

Uma ordem disciplinar imposta de modo rígido e severo era, já por sua vez,
ˆ”—–‘ †‡ —ƒ †‡–‡”‹ƒ†ƒ ’‡”…‡’­ ‘ “—‡ ‡‰‡Š‡‹”‘• ‡ •—’‡”˜‹•‘”‡• –‹Šƒ
a respeito dos padrões comportamentais dos sertanejos nas obras de socorros
’ï„Ž‹…‘•Ǥ —Ž‰ƒ†‘•…‘‘’”‘’‡•‘•’”‡‰—‹­ƒǡ•—•’‡‹–‘•†‡‹…‘””‡”‡‡•—„-
–‡”ˆï‰‹‘•’ƒ”ƒ†”‹„Žƒ”ƒ•”‡‰”ƒ•“—ƒ–‘ƒŠ‘”ž”‹‘•‡’‘•–—”ƒ‘”†‡ƒ†ƒǡ‘•‘’‡”ž”‹‘•
–‡”‹ƒ†‡•‡–‹”‘’‡•‘†ƒ•’—‹­Ù‡•’ƒ”ƒ“—‡ƒ’”‡†‡••‡ƒ–”ƒ„ƒŽŠƒ”†‡‘†‘
regular.
—–”‘‡…ƒ‹•‘—–ƒ–‘‡‘•‘•–‡•‹˜‘“—‡ƒ‡š‹„‹­ ‘†ƒ•ƒ”ƒ•†‡
ˆ‘‰‘ǡƒ•…‡”–ƒ‡–‡–‘ƒ†‘’‡Ž‘•ƒ†‹‹•–”ƒ†‘”‡•…‘‘„ƒ•–ƒ–‡‡Ƥ…ƒœ’ƒ”ƒ

16 A Luctaǡ‘„”ƒŽǡ͗ dez. e 10 dez. 1919. Echo do Povo, ‘”–ƒŽ‡œƒǡ 9 jul. ͕͛͜͝Ǥ

Revista Mundos do Trabalho | vol. 8 | n. 15 | janeiro-junho de 2016 | p. 149-164

TYRONE APOLLO PONTES CÂNDIDO

convencer os operários das secas a trabalhar em ordem era a retenção de paga-

‡–‘• ˜‹•ƒ†‘ …‘–‡” ‡˜ƒ•Ù‡• ‡ ƒ–‘• †‡ ‹•—„‘”†‹ƒ­ ‘Ǥ ‡ï…‹ƒ• ‹ˆ‘”ƒ
“—‡—Ž–ƒ•’‡•ƒ†ƒ•”‡…ƒÀƒ•‘„”‡”‡–‹”ƒ–‡•’‘”‘–‹˜‘•‘•ƒ‹•„ƒƒ‹•ǣƒ—•²…‹ƒ
ao trabalho motivada por doenças, pausas para o descanso durante um ou dois
‹—–‘• ‘— ƒ‹†ƒ “—ƒ†‘ ‘• –”ƒ„ƒŽŠƒ†‘”‡• ‡”ƒ ƪƒ‰”ƒ†‘• ‡ „”‹‰ƒ•Ǥ ‡‰—†‘
o jornal Echo do Povo,†‡ ‘”–ƒŽ‡œƒǡ”‡ˆ‡”‹†‘Ǧ•‡ƒ‘•–”ƒ„ƒŽŠ‘•†‡…‘•–”—­ ‘†ƒ
‡•–”ƒ†ƒ†‡ˆ‡””‘†‡ƒ–—”‹–±‡͕͛͜͝ǣ

“—‡Ž‡• “—‡ǡ –”ƒ„ƒŽŠƒ†‘ ͖͚ †‹ƒ•ǡ ’‡”†‡ — ’‘” ‘Ž±•–‹ƒ ‘— ‘—–”‘
‘–‹˜‘’‡”†‡‡–ƒ†‡†‘•ƒŽž”‹‘†‡–‘†‘‘²•Ǣ‘—–”‘•“—‡ǡˆƒ–‹‰ƒ-
dos, sentam-se para descansar um ou dois minutos são multados em
‡–ƒ†‡†‘••ƒŽž”‹‘•‡•˜‡œ‡•‡–‘†‘Ǣ‘—–”‘•ǡƤƒŽ‡–‡ǡ’‘”–‘Žƒ•
ƒŽ–‡”…ƒ­Ù‡•“—‡–²‡–”‡•‹ǡ‹…‘””‡ƒ‡•ƒ—Ž–ƒǤ͕͛

‡˜‘Ž˜‹‡–‘†‘•‘’‡”ž”‹‘•‡†À˜‹†ƒ•…‘ˆ‘”‡…‡†‘”‡•„—•…ƒ˜ƒ…‘–‡”
ƒ‡˜ƒ• ‘‡•‡…‘•–‹–—‹—‡ƒ–±”‹ƒ†‡…‘–‡•–ƒ­ ‘†—”ƒ–‡‘•–‡’‘•†‡•‡…ƒǤ
ƒ”ƒ‘•‘’‡”ž”‹‘•ǡ—Ž–ƒ•‡’”‹•Ù‡•’‘”†À˜‹†ƒ• ‘…‘„‹ƒ˜ƒ…‘‘“—‡’‡•ƒ-
˜ƒ•‡”ƒ’”‘’”‹ƒ†‘’ƒ”ƒ—•‡”˜‹­‘ƒ…‹‘ƒ†‘…‘‘”‡…—”•‘†‡•‘…‘””‘Ǥ‡ŽƒˆƒŽƒ
†‡—’‡“—‡‘‰”—’‘†‡‘’‡”ž”‹‘•“—‡’”‘…—”‘—ƒ”‡†ƒ­ ‘†‘Œ‘”ƒŽA Lucta na
seca de 1915 pode-se captar alguns elementos dessa subjetividade de uma gente
‹†‹‰ƒ†ƒ…‘ƒ•…‘†‹­Ù‡•†‡–”ƒ„ƒŽŠ‘ǣ

ו˜‡†‘­—†‡—…—†—„ƒǡ‘†‡ˆ—‘•–”ƒ–ƒ†‘•…—ƒ„‹…Š‘„”—-
–‘Ǥ“—‹Ž‘ ‘±Žž‘šÀŽ‹‘’—•ˆƒ‹–‘•ǡ±—–”—‡–‘Ǥ‰‡–‡‰ƒŠƒ
͕͖͔͔͂ȏ‹Ž‡†—œ‡–‘•”±‹•Ȑ’—”†‹ƒǡ‘•† ‘—˜ƒŽ‡†‡͙͔͂͝ȏ‘˜‡…‡- 158
–‘• ‡ …‹“—‡–ƒ ”±‹•Ȑ ’”ƒ …‘’”ž ‰²‡”‘• ‘ ˆ‘”‡…‡†‘” ‡ ‘• …Š‡ˆ‡•
†‘••‡”˜‹­‘•ˆ‹…ƒ…‘‘”‡•–‘’”ƒmode†ž‘ˆ‹†‘²•Ǥ‡ƒ‰‡–‡
não arrisiste o trabaio cuma num arrisistimos e larga o serviço antes do
Ƥ†‘²•—ƒ””‡…‡„‡‡Š—˜‹–±†ƒ“—‡Ž‡†‹Š‡‹”‘“—‡–ƒ˜ƒƒ
 ‘†‘†”Ǥǡ…—ƒ…ƒ†ƒ—†‡×•†‡‹š‘—Žž—„‘…ƒ† ‘Ǥ18

• ‡š’‡”‹²…‹ƒ• †‘ –”ƒ„ƒŽŠ‘ ˆ‘”­ƒ†‘ ƒ”…ƒ”ƒ ƒ ˜‹†ƒ †‡ ‰‡”ƒ­Ù‡• †‡
–”ƒ„ƒŽŠƒ†‘”‡•’‘„”‡•†‘•‡”– ‘•‡…‘‘‘”–‡„”ƒ•‹Ž‡‹”‘Ǥ—ƒ”‡‰‹ ‘†‡‹†—•-
trialização e urbanização incipientes, os contingentes de sertanejos ocupados
ƒ• ‘„”ƒ• †‡ •‘…‘””‘• ’ï„Ž‹…‘• ƒ••—‹ƒ †‹‡•Ù‡•ǡ †‹‰ƒ‘• ƒ••‹ǡ ˆƒ”ƒØ‹-
…ƒ•Ǥƒ•‡…ƒ†‡͕͛͛͜Ǧ͛͝ǡ’‡Ž‘•…ƒ–‡‹”‘•†‡‘„”ƒ•†ƒ‡•–”ƒ†ƒ†‡ˆ‡””‘†‡ƒ–—”‹–±ǡ
–”ƒ„ƒŽŠƒ”ƒ ƒŽ‰‘ ‡ –‘”‘ †‡ …‹“—‡–ƒ ‹Ž ’‡••‘ƒ•Ǥ ”‘ ƒ’”‘š‹ƒ†‘
–ƒ„±†‘’‡••‘ƒŽ‘…—’ƒ†‘ƒ‡•–”ƒ†ƒ†‡ˆ‡””‘†‡‘„”ƒŽƒ“—‡Žƒ‡•ƒ•‡…ƒǤ
ƒ”ƒ—‹šƒ†žǡ’ƒŽ…‘†ƒ…‘•–”—­ ‘†‘‰”ƒ†‡ƒ­—†‡†‘‡†”‘ǡ‡͕͜͜͝ǡ…‘ƪ—‹—
—ƒƒ••ƒ†‡‘˜‡–ƒ‹Ž’‡••‘ƒ•Ǥ…ƒ†ƒ•‡…ƒ†‘’‡”À‘†‘ǡ…‡–‡ƒ•†‡‘„”ƒ•
†‡ ˜ƒ”‹ƒ†ƒ• †‹‡•Ù‡• ƒ„•‘”˜‹ƒ …‘‘  ‘ †‡ ‘„”ƒ ƒ“—‡Žƒ• ƒ‰Ž‘‡”ƒ­Ù‡• †‡
”‡–‹”ƒ–‡•– ‘–‡‹†ƒ•‡”‡Œ‡‹–ƒ†ƒ•’‡Žƒ•…‹†ƒ†‡••‘„”‡••ƒŽ–ƒ†ƒ•Ǥ‘‘’”‘…—”‡‹
†‡‘•–”ƒ”‡‹Šƒ–‡•‡†‡†‘—–‘”ƒ†‘ǡƒ’‡•ƒ”†‡’”‘˜‹•×”‹‘•ǡ”‡•–”‹–‘•ƒ‘•‡-
ses de estiagem, os serviços desenvolvidos durante os anos de escassez prolonga-
†ƒˆ‘”ƒ…ƒ’ƒœ‡•†‡ˆ‘”ƒ”—ƒ‡•’±…‹‡†‡proletariado das secasǡ’‡••‘ƒ•“—‡ǡ
ƒ‹†ƒ“—‡˜‘Ž–ƒ†‘ƒ•—ƒ…‘†‹­ ‘‘”‹‰‹ƒŽ†‡–”ƒ„ƒŽŠƒ†‘”‡•”—”ƒ‹•‡–‡’‘•†‡
chuvas regulares, passavam a incluir em seu horizonte de expectativas a possibi-
Ž‹†ƒ†‡†‡–‡”†‡–”ƒ„ƒŽŠƒ”‡ƒŽ‰—ƒ‘„”ƒ†‡•‘…‘””‘’ï„Ž‹…‘’ƒ”ƒ‡ˆ”‡–ƒ”‘•
–‡’‘•ƒ‹•†‹ˆÀ…‡‹•†ƒ••‡…ƒ•Ǥ19

͕͛ Echo do ‘˜‘ǡ ‘”–ƒŽ‡œƒǡ͛ ago. 18͛͝

18 A Luctaǡ‘„”ƒŽǡ12 jan. 1916.
19  ǤDz”‘Ž‡–ž”‹‘•†ƒ••‡…ƒ•dzǡ’Ǥ͜͜Ǧ͘͝ǡ͕͚͖‡͕͕͛Ǥ

Revista Mundos do Trabalho | vol. 8 | n. 15 | janeiro-junho de 2016 | p. 149-164

 A PIEDADE E A FORÇA: O TRABALHO FORÇADO EM OBRAS DE SOCORROS PÚBLICOS NAS SECAS...

Repensando sobre a “transição para o trabalho livre”

••‘ …‘Ž‘…ƒ — ’”‘„Ž‡ƒ Š‹•–‘”‹‘‰”žƤ…‘ †‡ ˆ—†‘Ǥ ƒ”ƒ ‘ …ƒ•‘ †‘• ’”‘Ž‡-
tários das secas, a inserção das relações de trabalho assalariadas não corresponde
ƒ””ƒ–‹˜ƒ†‡—ƒDz–”ƒ•‹­ ‘’ƒ”ƒ‘–”ƒ„ƒŽŠ‘Ž‹˜”‡dzǤ ‘’‘”“—‡ ‘•‡‡•–ƒ”‹ƒ
ƒ“—‡Žƒ±’‘…ƒ˜‹˜‡†‘—‘‡–‘†‡–”ƒ•‹­ ‘‘•‡–‹†‘†‡Šƒ˜‡”–”ƒ•ˆ‘”-
ƒ­Ù‡•‡•–”—–—”ƒ‹•‡…—”•‘ǡƒ•’‘”“—‡ƒ•‘˜ƒ•”‡Žƒ­Ù‡•†‡–”ƒ„ƒŽŠ‘“—‡•—”-
‰‹ƒ  ‘ ‡”ƒ ’”‘’”‹ƒ‡–‡ Ž‹˜”‡•ǡ ƒ’‡•ƒ” †‡ ‘• ‘’‡”ž”‹‘• ‡ ˆ‘…‘  ‘ •‡”‡
–ƒ’‘—…‘…Žƒ••‹Ƥ…ž˜‡‹•…‘‘‡•…”ƒ˜‘•Ǥ
Dz”ƒ„ƒŽŠ‘‡•…”ƒ˜‘dz‡Dz–”ƒ„ƒŽŠ‘Ž‹˜”‡dz ‘• ‘ǡ†‡••‡‘†‘ǡƒ•…ƒ•…ƒ–‡‰‘-
”‹ƒ•†‡ƒžŽ‹•‡‡…‘–”ž˜‡‹•’ƒ”ƒ‘•”‡ˆ‡”‹”‘••‡š’‡”‹²…‹ƒ•†‘•–”ƒ„ƒŽŠƒ†‘”‡•
“—‡˜‹˜‡”ƒƒ“—‡Ž‡…‘–‡š–‘†‡–”ƒ•ˆ‘”ƒ­Ù‡•Ǥ–”‡‡••ƒ•‘†ƒŽ‹†ƒ†‡•ǦŽ‹‹–‡•
de relações de produção havia diversos outros tipos de trabalho não livre, uns mais
Dz†‡‰”ƒ†ƒ–‡•dzǡ‘—–”‘•‡‘•ǡ—•ƒ‹•Dzˆ‘”­ƒ†‘•dz“—‡‘—–”‘•Ǥ•”‡Žƒ­Ù‡•‡•–”—-
–—”ƒ†ƒ•ƒ•‘„”ƒ•†‡•‘…‘””‘•’ï„Ž‹…‘•†—”ƒ–‡ƒ••‡…ƒ•†ƒ’ƒ••ƒ‰‡†‘•±…—Ž‘
”‡˜‡Žƒ†‹˜‡”•‘•ƒ•’‡…–‘•’ƒ”–‹…—Žƒ”‡•“—‡ ‘†‡˜‡•‡”‰‡‡”ƒŽ‹œž˜‡‹•’ƒ”ƒ
outros contextos, mas se constituem em índice importante a mostrar como a tra-
Œ‡–×”‹ƒŠ‹•–×”‹…ƒ’ƒ”ƒƒ‹’Žƒ–ƒ­ ‘†‡”‡Žƒ­Ù‡•ƒ••ƒŽƒ”‹ƒ†ƒ•±ƒ–±”‹ƒ—‹–‘ƒ‹•
…‘’Ž‡šƒ‡’”‘„Ž‡ž–‹…ƒ†‘“—‡•‡’‡•ƒ˜ƒǤ
‰‡”ƒŽǡ‘•‡•–—†‘•Š‹•–×”‹…‘•‘”ƒ•‹Ž•‘„”‡ƒ•—†ƒ­ƒ•ƒ•”‡Žƒ­Ù‡•†‡
–”ƒ„ƒŽŠ‘‘…‘–‡š–‘†‘Ƥ†ƒ‡•…”ƒ˜‹† ‘ƒ„‘”†ƒ”ƒ‘’”‘…‡••‘†‡‹’Žƒ–ƒ­ ‘

159 †‡”‡Žƒ­Ù‡•…ƒ’‹–ƒŽ‹•–ƒ•‘’ƒÀ•ƒ’ƒ”–‹”†‡‘­Ù‡•†‡Dz–”ƒ„ƒŽŠ‘Ž‹˜”‡dz‡Dz–”ƒ„ƒŽŠ‘
‡•…”ƒ˜‘dz…‘‘”‡ƒŽ‹†ƒ†‡•’Ž‡ƒ‡–‡†‹•–‹–ƒ•‡‡š…Ž—†‡–‡•Ǥƒ‹•’”‡‘…—’ƒ†‘•
‡‡•–ƒ„‡Ž‡…‡”—ƒ‘”†‡…Žƒ••‹Ƥ…ƒ–×”‹ƒ“—‡‘„•‡”˜ƒ”‘’”‘…‡••‘ƒ’ƒ”–‹”†ƒ•‡š-
periências mesmas vivenciadas por patrões e trabalhadores, historiadores e cien-
–‹•–ƒ••‘…‹ƒ‹•ƒ„‘”†ƒ”ƒ‘’”‘…‡••‘†ƒDz–”ƒ•‹­ ‘’ƒ”ƒ‘–”ƒ„ƒŽŠ‘Ž‹˜”‡dz„ƒŽ‹œƒ†‘•
’‘”—ƒ˜‹• ‘†ƒ‡š’ƒ• ‘†‘…ƒ’‹–ƒŽ‹•‘…‘‘…‘•–‹–—‹†‘—ƒ‡•’±…‹‡†‡˜‹ƒ
†‡ ‘…ƒǡ˜‹• ‘‡••ƒ—‹–‘’‘—…‘ƒ„‡”–ƒ’ƒ”ƒ‹…‘”’‘”ƒ””‡–”‘…‡••‘•ǡƒ„‹-
‰—‹†ƒ†‡•‘—…‘–”ƒ†‹­Ù‡•Ǥ’‡•ƒ”†‘•˜ƒ”‹ƒ†‘•’‘–‘•†‡˜‹•–ƒ‡’”‘…‡†‹‡–‘•
†‡ƒžŽ‹•‡ǡ‘‡•‹’‘”–ƒ–‡•†‘’‡•ƒ‡–‘•‘…‹ƒŽ„”ƒ•‹Ž‡‹”‘…‘ƪ—Àƒ’ƒ”ƒƒ
–‡•‡†‡–‡”Šƒ˜‹†‘†—”ƒ–‡ƒ’ƒ••ƒ‰‡†‘•±…—Ž‘—ƒ‰”ƒ†‡–”ƒ•ˆ‘”ƒ­ ‘
‡ “—‡ ‘ –”ƒ„ƒŽŠ‘ Ž‹˜”‡ –‡”‹ƒ ‘…—’ƒ†‘ ‘ Ž—‰ƒ” †‡‹šƒ†‘ ’‡Ž‘ –”ƒ„ƒŽŠ‘ …ƒ–‹˜‘ǡ ‡š-
–‹–‘ …‘ ƒ „‘Ž‹­ ‘ ‡ ͕͜͜͜Ǥ ‡•‘ ‘•± †‡ ‘—œƒ ƒ”–‹•ǡ “—‡ ”‡••ƒŽ–ƒ˜ƒ ƒ
’‡”•‹•–²…‹ƒ ȋ‡ ƒ‹†ƒ ƒ ‹–‡•‹Ƥ…ƒ­ ‘Ȍ †‡ ˆ‘”ƒ• †‡ ƒ…——Žƒ­ ‘ ’”±Ǧ…ƒ’‹–ƒŽ‹•–ƒ•
no processo de declínio do escravismo e implantação do regime de colonato nas
œ‘ƒ•…ƒˆ‡‹…—Ž–‘”ƒ•†‘’ƒÀ•ǡƒ‹†ƒˆƒŽƒ˜ƒ‡–‡”‘•†‡—ƒDz•—„•–‹–—‹­ ‘†‘–”ƒ-
„ƒŽŠ‘‡•…”ƒ˜‘’‡Ž‘Ž‹˜”‡dzǤ20
‡…‡”–‘ǡ—ƒ†ƒ•†‹Ƥ…—Ž†ƒ†‡•†‘•‘†‡Ž‘•‡š’Ž‹…ƒ–‹˜‘••‘„”‡‘ƒ••—–‘‡•–ž
”‡Žƒ…‹‘ƒ†ƒ  –‡•‡ ƒ”š‹ƒƒ †‡ “—‡ Šƒ˜‹ƒ uma única ƒ‡‹”ƒ Dz˜‡”†ƒ†‡‹”ƒ‡–‡dz
…ƒ’‹–ƒŽ‹•–ƒ †‡ –‘”ƒ” ƒ ˆ‘”­ƒ †‡ –”ƒ„ƒŽŠ‘ —ƒ ‡”…ƒ†‘”‹ƒ ˜‡†ž˜‡Žǡ ƒ••ƒŽƒ”‹ž˜‡Žǣ
ƒ“—‡Žƒ‡“—‡‘–”ƒ„ƒŽŠƒ†‘”ǡDz…‘‘‹†‹˜À†—‘Ž‹˜”‡ǡ’‘†‡†‹•’‘”†‡•—ƒˆ‘”­ƒ†‡–”ƒ-
„ƒŽŠ‘…‘‘—ƒ‡”…ƒ†‘”‹ƒ“—‡ŽŠ‡’‡”–‡…‡dzǤƒ”šˆ‘‹‡•‘…‘˜‹…‡–‡“—ƒ-
†‘ †‡‘•–”‘— ‘ “—‹’”‘“—× “—‡ ‡••ƒ –ƒŽ DzŽ‹„‡”†ƒ†‡dz †‘ –”ƒ„ƒŽŠƒ†‘” ƒ••ƒŽƒ”‹ƒ†‘

20 ’‡•ƒ”†‡†‹ˆ‡”‡–‡•‡–‡”‘•†‡ƒ„‘”†ƒ‰‡†‘’”‘„Ž‡ƒ’‘†‡Ǧ•‡”‡Žƒ…‹‘ƒ”…‘‘–”ƒ„ƒŽŠ‘•“—‡…‘-
’ƒ”–‹ŽŠƒ†ƒ‹†‡‹ƒ†‡“—‡ƒ–”ƒ•‹­ ‘”‡’”‡•‡–‘—ƒ•—„•–‹–—‹­ ‘†‘–”ƒ„ƒŽŠ‘‡•…”ƒ˜‘’‡Ž‘–”ƒ„ƒŽŠ‘Ž‹˜”‡ǣ
 Ǥƒ‹‘ǤHistória econômica do Brasil. ͕͛ª ‡†Ǥ ‘ƒ—Ž‘ǣ”ƒ•‹Ž‹‡•‡ǡ͕͛͘͝Ǥ ǡ‡Ž•‘ǤForma-
ção econômica do Brasil. ‘ƒ—Ž‘ǣ‘’ƒŠ‹ƒ†ƒ•‡–”ƒ•ǡ͖͔͔͛Ǥ ǡ Ž‘”‡•–ƒǤA integração do
negro na sociedade de classes. 2ª ‡†Ǥ ‘ƒ—Ž‘ǣ–‹…ƒǡ͕͛͜͝Ǥǡ‹Ž‹ƒ‹‘––‹†ƒǤDa monarquia à repúbli-
caǣ‘‡–‘•†‡…‹•‹˜‘•Ǥ͗ª ‡†Ǥ ‘ƒ—Ž‘ǣ†‹–‘”ƒ”ƒ•‹Ž‹‡•‡ǡ͕͙͜͝Ǥǡ ‘•±†‡‘—œƒǤO cativeiro
da terraǤ ‘ƒ—Ž‘ǣ‹˜Ǥ†Ǥ‹²…‹ƒ•—ƒƒ•ǡ͕͛͝͝Ǥ

Revista Mundos do Trabalho | vol. 8 | n. 15 | janeiro-junho de 2016 | p. 149-164

TYRONE APOLLO PONTES CÂNDIDO

”‡’”‡•‡–ƒǡ’‘‹••‡†‘DzŽ‹˜”‡—†—’Ž‘•‡–‹†‘dzǡ‰‘œƒ˜ƒ†ƒŽ‹„‡”†ƒ†‡†‡–‘†‘…‹-
†ƒ† ‘Œ—”‹†‹…ƒ‡–‡‡ƒ…‹’ƒ†‘ƒ‘‡•‘–‡’‘‡“—‡‡”ƒDzŽ‹˜”‡†‘•‡‹‘•†‡
’”‘†—­ ‘dzǡ‘—•‡Œƒǡ ‘’‘†‹ƒ†‹•’‘”†‘•‡‹‘•†‡˜‹†ƒǡ•‡†‘‘„”‹‰ƒ†‘ƒ•‡ƒ••ƒŽƒ-
”‹ƒ”’ƒ”ƒ•‘„”‡˜‹˜‡”Ǥ‘„”‡‡••ƒƒ–—”‡œƒ…‘–”ƒ†‹–×”‹ƒ†‡—‘†‘†‡’”‘†—­ ‘
“—‡ ƒ•…ƒ”ƒ ƒ •‡”˜‹† ‘ ‘†‡”ƒ •‘„ ‘ ƒ–‘ †‘ Ž‹˜”‡ …‘±”…‹‘ †‡ ‡”…ƒ†‘”‹ƒ•
Ȃ’‘‹•ƒƤƒŽ‘ƒ••ƒŽƒ”‹ƒ†‘±‡•‘Ž‹˜”‡’ƒ”ƒ˜‡†‡”•—ƒ…ƒ’ƒ…‹†ƒ†‡†‡–”ƒ„ƒŽŠ‘ƒ
“—‡“—‡”“—‡•‡†‹•’‘Šƒƒ…‘’”žǦŽƒȂƒ”Žƒ”š…‘…‡–”‘—ƒƒ‹‘”’ƒ”–‡†‡
•—ƒ‘„”ƒǤƒ”ƒ…Šƒƒ”ƒƒ–‡­ ‘ƒ‡••ƒƒ„‹‰—‹†ƒ†‡†ƒŽ‹„‡”†ƒ†‡•‘„ƒ•”‡Žƒ­Ù‡•ƒ•-
•ƒŽƒ”‹ƒ†ƒ•ǡ ”‹‡†”‹…Š‰‡Ž•ǡ“—‡„—•…ƒ˜ƒ•‡”•‡’”‡ƒ‹•†‹†ž–‹…‘“—‡ƒ”šȋ•‡†‘
ƒŽ‰—ƒ•˜‡œ‡•‡‘•…”‹–‡”‹‘•‘Ȍǡ—•ƒ˜ƒƒ‡š’”‡•• ‘Dz‡•…”ƒ˜‹† ‘ƒ••ƒŽƒ”‹ƒ†ƒdzǤ21
“—‡–‘”ƒ’”‘„Ž‡ž–‹…ƒƒ–‡•‡†‡ƒ”š†‡Šƒ˜‡”—ƒ…ƒ˜‹ƒ˜‡”†ƒ†‡‹”ƒ-
‡–‡…ƒ’‹–ƒŽ‹•–ƒ†‡‹’Žƒ–ƒ­ ‘†‘–”ƒ„ƒŽŠ‘ƒ••ƒŽƒ”‹ƒ†‘±ƒ’”‡†‹•’‘•‹­ ‘“—‡
–ƒŽ ’‘•–—”ƒ –‡×”‹…ƒ …‘’‘”–ƒ †‡ ‡š…Ž—‹” †‘ Š‘”‹œ‘–‡ Š‹•–×”‹…‘ ˆ‘”ƒ• ƒŽ–‡”ƒ–‹-
˜ƒ•†‡–”ƒ„ƒŽŠ‘…‘’—Ž•×”‹‘“—‡ ‘•‡‡“—ƒ†”‡ƒ•…ƒ”ƒ…–‡”À•–‹…ƒ•†‘•‘Ǧ
delos clássicos de trabalho escravo ou trabalho livre. Decerto, Marx mostrou com
toda a propriedade o caráter opressivo do trabalho livre e revelou, em O capital,
‘••‡‰”‡†‘•‹–‡”‘•†ƒ‡š’Ž‘”ƒ­ ‘ƒ••ƒŽƒ”‹ƒ†ƒǤ‘‡–ƒ–‘ǡ•—ƒ‘’­ ‘†‡…Žƒ”ƒ†ƒ
’‘”’”‹˜‹Ž‡‰‹ƒ”‡š‡’Ž‘•†ƒ•‘…‹‡†ƒ†‡‹‰Ž‡•ƒǡ’‘”•‡”‡••‡’ƒÀ•ƒDzŽ‘…ƒŽ‹œƒ­ ‘…Žž•-
•‹…ƒdzƒ•‡”˜‹”Dz†‡‹Ž—•–”ƒ­ ‘’”‹…‹’ƒŽ‹Šƒ‡š’Žƒƒ­ ‘–‡×”‹…ƒdzǡ22 levou Marx a
desconsiderar outros modos de expansão do capitalismo.
 ‘•‡–”ƒ–ƒƒ“—‹– ‘•‘‡–‡†‡—’”‡Œ—Àœ‘†‡‘”†‡–‡×”‹…ƒǤ‘ˆƒŽƒ”
‘Dz†‡•‡˜‘Ž˜‹‡–‘†‘•ƒ–ƒ‰‘‹•‘••‘…‹ƒ‹•“—‡†‡…‘””‡†ƒ•Ž‡‹•ƒ–—”ƒ‹•†ƒ
’”‘†—­ ‘ …ƒ’‹–ƒŽ‹•–ƒdz …‘‘ —ƒ Dz‡…‡••‹†ƒ†‡ ˆ±””‡ƒdzǡ ƒ”š ’‡”‹–‹— †‡ …‡”–ƒ
ƒ‡‹”ƒ“—‡•—ƒ‡š’‘•‹­ ‘Š‹•–×”‹…ƒ•‡ƒ’”‘š‹ƒ••‡†‘•†‹•…—”•‘•Ž‹„‡”ƒ‹•’”‡˜ƒ-
160
Ž‡…‡–‡•‡•—ƒ±’‘…ƒ“—‡ǡƒ‘‡šƒŽ–ƒ”‘•˜ƒŽ‘”‡•’‘•‹–‹˜‘•†‘–”ƒ„ƒŽŠ‘Ž‹˜”‡ǡ„—•-
cavam ao mesmo tempo naturalizar o surgimento da sociedade de mercado e,
…‘‡Žƒǡƒ’”×’”‹ƒˆ‘”ƒ­ ‘†‘‡”…ƒ†‘†‡–”ƒ„ƒŽŠ‘Ǥ‡••ƒ˜‹• ‘–”‹—ˆƒŽ‹•–ƒ†ƒ
•‘…‹‡†ƒ†‡…ƒ’‹–ƒŽ‹•–ƒǡ‘ƒ••ƒŽƒ”‹ƒ‡–‘Ƥ‰—”ƒ˜ƒƒ–‡•…‘‘—ƒ“—‡•– ‘†‡op-
ção†‹•’‘À˜‡Ž’ƒ”ƒ‘–”ƒ„ƒŽŠƒ†‘”“—‡—ƒ‘„”‹‰ƒ­ ‘compulsória de dispêndio de
•—ƒˆ‘”­ƒ†‡–”ƒ„ƒŽŠ‘Ǥ͖͗
’ƒ••ƒ‰‡†‘•±…—Ž‘ǡ‘‡–ƒ–‘ǡ–‡•–‡—Šƒ˜ƒƒ‘•“—ƒ–”‘…ƒ–‘•†‘
—†‘‘•—”‰‹‡–‘†‡‘˜ƒ•”‡Žƒ­Ù‡•†‡–”ƒ„ƒŽŠ‘ˆ‘”­ƒ†‘ǡ…‘‘“—‡ƒ†‡•‡–‹”
de facto ƒ• ‹Ž—•Ù‡• –”‹—ˆƒŽ‹•–ƒ• Ž‹„‡”ƒ‹•Ǥ  ‡–”ƒ†ƒ †‘ …ƒ’‹–ƒŽ‹•‘ ‡ —ƒ ‘˜ƒ
ˆƒ•‡†‡‡š’ƒ• ‘’‘”˜‘Ž–ƒ†‡‡ƒ†‘•†‘•±…—Ž‘‰‡”‘——”‡‘”†‡ƒ‡–‘
†‘ …‘–”‘Ž‡ ‡…‘Ø‹…‘•‘„”‡ ‘˜‘•–‡””‹–×”‹‘• ƒ–± ‡– ‘ƒ’‡ƒ•‹†‹”‡–ƒ‡–‡
…‘‡…–ƒ†‘•…‘ƒ•„ƒ•‡•‹†—•–”‹ƒ‹•†‘•‹•–‡ƒǤ‡‰—†‘”‹…‘ŽˆǡDz”‡‰‹Ù‡•“—‡
se situavam ao longo da orla da expansão capitalista ou entre seus postos mais
ƒ˜ƒ­ƒ†‘•dz…‘‡­ƒ”ƒƒ•‡”‡‹…‘”’‘”ƒ†ƒ•ƒ‹•†‹”‡–ƒ‡–‡’‡Žƒ’”‘†—­ ‘ˆƒ-
„”‹Ž†ƒ•œ‘ƒ•‹†—•–”‹ƒ‹•‡—”‘’‡‹ƒ•…‘‘‘˜‘•ˆ‘”‡…‡†‘”‡•†‡ƒ–±”‹ƒ•Ǧ’”‹ƒ•
‡ †‡  ‘ †‡ ‘„”ƒǤ ‘•ƒ —š‡„—”‰‘ǡ “—‡ ’‘” ‡••ƒ ±’‘…ƒ ƒ„‘”†‘— Dzƒ “—‡•– ‘

21 ǡƒ”ŽǤO capitalǣ…”À–‹…ƒ†ƒ‡…‘‘‹ƒ’‘ŽÀ–‹…ƒ, ˜Ǥ͕ǡ–Ǥ͖Ǥ ‘ƒ—Ž‘ǣ„”‹Ž—Ž–—”ƒŽǡ͕͘͜͝ǡ’”‹…‹’ƒŽ‡–‡‘

…ƒ’À–—Ž‘ǣDz’”‘…‡••‘†‡–”ƒ„ƒŽŠ‘‡‘’”‘…‡••‘†‡˜ƒŽ‘”‹œƒ­ ‘dzǡ’Ǥ ͕͘͝Ǧ͕͚͗Ǥ²Ǧ•‡‡ǣ
ǡ ”‹‡†”‹…ŠǤ
A situação da classe trabalhadora na InglaterraǤ ‘ƒ—Ž‘ǣ‘‹–‡’‘ǡ͖͔͕͔ǡ’Ǥ ͕͕͜ǣDz‹•’‘”“—‡‘’”‘Ž‡–ƒ”‹ƒ-
†‘ǡ†‡†‹”‡‹–‘‡†‡ˆƒ–‘ǡ±‡•…”ƒ˜‘†ƒ„—”‰—‡•‹ƒǡ“—‡†‹•’Ù‡•‘„”‡‡Ž‡†‡—’‘†‡”†‡˜‹†ƒ‡†‡‘”–‡ǤŽƒ
ŽŠ‡‘ˆ‡”‡…‡‘•‡‹‘•†‡•—„•‹•–²…‹ƒǡƒ•‡–”‘…ƒ†‡—Ǯ‡“—‹˜ƒŽ‡–‡ǯȂ•‡—–”ƒ„ƒŽŠ‘Ǣ‡…Š‡‰ƒƒ‘’‘–‘
†‡ŽŠ‡†ƒ”ƒƒ’ƒ”²…‹ƒ†‡ƒ‰‹”•‡‰—†‘•—ƒ’”×’”‹ƒ˜‘–ƒ†‡ǡ†‡‡•–ƒ„‡Ž‡…‡”Ž‹˜”‡‡–‡…‘‡Žƒ—…‘–”ƒ-
–‘ǡ•‡…‘•–”ƒ‰‹‡–‘•ǡ…‘‘•‡‘’”‘Ž‡–ƒ”‹ƒ†‘ˆ‘••‡‘ƒ—–‘”†‡•‡—’”×’”‹‘†‡•–‹‘Ǥ‡ŽƒŽ‹„‡”†ƒ†‡ǡ
“—‡†‡‹šƒƒ‘’”‘Ž‡–ƒ”‹ƒ†‘ǡ…‘‘ƒŽ–‡”ƒ–‹˜ƒƒ…‡‹–ƒ­ ‘†ƒ•…‘†‹­Ù‡•‹’‘•–ƒ•’‡Žƒ„—”‰—‡•‹ƒǡƒ…Šƒ…‡
†‡‘””‡”†‡ˆ‘‡ǡ†‡ˆ”‹‘ǡ†‡†‡‹–ƒ”Ǧ•‡—‡†‘”‹”…‘‘ƒ‹ƒŽ•‡Ž˜ƒ‰‡Ǩdz
22 ǤO capital, p.12.
͖͗  ‘‡••ƒ†‹”‡­ ‘ƒ•‘„Œ‡­Ù‡•Ž‡˜ƒ–ƒ†ƒ•’‘”ǡŽŽ‡‡‹•‹•ǤA origem do capitalismo.‹‘†‡ ƒ-
‡‹”‘ǣ ‘”‰‡ƒŠƒ”†Ǥǡ͖͔͔͕Ǥ

Revista Mundos do Trabalho | vol. 8 | n. 15 | janeiro-junho de 2016 | p. 149-164

 A PIEDADE E A FORÇA: O TRABALHO FORÇADO EM OBRAS DE SOCORROS PÚBLICOS NAS SECAS...

†ƒ’”‘˜‡‹²…‹ƒ†‡••‡’”‘Ž‡–ƒ”‹ƒ†‘—”„ƒ‘‡”—”ƒŽ“—‡ƒƪ—‹…‘•–ƒ–‡‡–‡dz†‘•
’ƒÀ•‡• ‘‡—”‘’‡—•ǡDz’ƒ••ƒ†‘†‡…‘†‹­Ù‡• ‘…ƒ’‹–ƒŽ‹•–ƒ•’ƒ”ƒ…ƒ’‹–ƒŽ‹•–ƒ•dzǡ
‡š’Ž‹…‘—†ƒ•‡‰—‹–‡ˆ‘”ƒ‘’”‘„Ž‡ƒǣ

••‹…‘‘ƒ’”‘†—­ ‘…ƒ’‹–ƒŽ‹•–ƒ ‘’‘†‡Ž‹‹–ƒ”Ǧ•‡•”‹“—‡œƒ•ƒ-
–—”ƒ‹•‡•ˆ‘”­ƒ•’”‘†—–‹˜ƒ•†ƒ•œ‘ƒ•–‡’‡”ƒ†ƒ•ǡ‡…‡••‹–ƒ†‘’ƒ”ƒ
seu desenvolvimento, pelo contrário, de todos os tipos de terra e de
…Ž‹ƒǡ†ƒ‡•ƒˆ‘”ƒ•×ƒˆ‘”­ƒ†‡–”ƒ„ƒŽŠ‘†ƒ”ƒ­ƒ„”ƒ…ƒ ‘ŽŠ‡
„ƒ•–ƒǤƒ”ƒ‘ƒ’”‘˜‡‹–ƒ‡–‘†‡”‡‰‹Ù‡•‡“—‡ƒ”ƒ­ƒ„”ƒ…ƒ ‘–‡
condições de trabalhar, o capital necessita de outras raças. Tem de po-
†‡”†‹•’‘”†‡ˆ‘”ƒ‹Ž‹‹–ƒ†ƒ†‡–‘†ƒƒˆ‘”­ƒ†‡–”ƒ„ƒŽŠ‘†‘‰Ž‘„‘‹-
–‡‹”‘ǡ ’ƒ”ƒ …‘ ‡Žƒ ’Ø” ‡ ‘˜‹‡–‘ –‘†ƒ• ƒ• ˆ‘”­ƒ• ’”‘†—–‹˜ƒ• †ƒ
ˆƒ…‡†ƒ‡””ƒǡƒ‡†‹†ƒ‡“—‡‘•Ž‹‹–‡•†ƒ’”‘†—­ ‘†ƒƒ‹•˜ƒŽ‹ƒ
‘’‡”‹–ƒǤ••ƒˆ‘”­ƒ†‡–”ƒ„ƒŽŠ‘‘…ƒ’‹–ƒŽ‡…‘–”ƒǡ‘‡–ƒ–‘ǡ‰‡-
”ƒŽ‡–‡’”‡•ƒƒ…‘†‹­Ù‡•†‡’”‘†—­ ‘ƒ”…ƒ‹…ƒ•ǡ’”±Ǧ…ƒ’‹–ƒŽ‹•–ƒ•ǡ†ƒ•
“—ƒ‹•’”‡…‹•ƒ•‡”’”‡˜‹ƒ‡–‡DzŽ‹„‡”–ƒ†ƒdzǡ’ƒ”ƒ“—‡’‘••ƒ‡‰ƒŒƒ”Ǧ•‡‘
‡š±”…‹–‘ƒ–‹˜‘†‘…ƒ’‹–ƒŽǤ24

••ƒ DzŽ‹„‡”–ƒ­ ‘dz †ƒ• Dz…‘†‹­Ù‡• †‡ ’”‘†—­ ‘ ƒ”…ƒ‹…ƒ• ‡ ’”±Ǧ…ƒ’‹–ƒŽ‹•–ƒ•dz

•‹‰‹Ƥ…ƒ˜ƒ …‘…”‡–ƒ‡–‡ “—‡ ‰‘˜‡”‘• ‡ ‡’”‡•ž”‹‘• ’‘” –‘†‘ ‘ ’Žƒ‡–ƒ Žƒ-
­ƒ˜ƒ ‘†‡±–‘†‘•…‘’—Ž•×”‹‘•’ƒ”ƒ‘„”‹‰ƒ”’‡••‘ƒ•‹ˆ‡•ƒ•ƒ‘–”ƒ„ƒŽŠ‘
ƒ••ƒŽƒ”‹ƒ†‘ƒDz‡‰ƒŒƒ”Ǧ•‡‘‡š±”…‹–‘ƒ–‹˜‘†‘…ƒ’‹–ƒŽdzǤ‹†ƒ•‡–‹ƒǦ•‡‘•‡ˆ‡‹–‘•
†ƒ”‡••ƒ…ƒ†‡‹šƒ†ƒ’‡Žƒ•…‘‡‘”ƒ­Ù‡•’‡Žƒƒ„‘Ž‹­ ‘‘Ƥ…‹ƒŽ†‘–”ƒ„ƒŽŠ‘‡•…”ƒ˜‘
‘•’ƒÀ•‡•‘…‹†‡–ƒ‹•†—”ƒ–‡‘•‹–‘…‡–‘•ǡ‡Œž—ƒ‘˜ƒ‘†ƒ†‡–”ƒ„ƒŽŠ‘…‘-
’—Ž•×”‹‘ƒŽƒ•–”ƒ˜ƒǦ•‡’‡Ž‘—†‘Ǥ
161 ƒ’Šƒ‡Žƒ—‡Žǡ†‡†‹…ƒ†‘Ǧ•‡ƒ‘•–”ƒ”‘•‹’ƒ…–‘•–”ƒœ‹†‘•’‡Žƒ•ž“—‹-
ƒ•ƒ˜ƒ’‘”•‘„”‡ƒ•…‘†‹­Ù‡•†‡–”ƒ„ƒŽŠ‘ƒ‰Žƒ–‡””ƒ˜‹–‘”‹ƒƒǡ…‘•–ƒ–‘—“—‡ǡ
longe de terem sido instrumentos para a libertação da energia humana, as moder-
ƒ•‹†ï•–”‹ƒ•‡…ƒ‹œƒ†ƒ•‰‡”ƒ”ƒ‘˜‘•’ƒ–ƒƒ”‡•†‡’”‘†—­ ‘“—‡‹’Ž‹…ƒ”ƒ
‡ƒ‹†ƒƒ‹‘”‹–‡•‹Ƥ…ƒ­ ‘†ƒ‡š’Ž‘”ƒ­ ‘•‘„”‡ƒƒ‹‘”‹ƒ†‘•–”ƒ„ƒŽŠƒ†‘”‡•ǡ‡
‹••‘ ‘•×‘•‡‹‘†ƒDz‰”ƒ†‡‘Ƥ…‹ƒ†‘—†‘dzǤ•—ƒ•’ƒŽƒ˜”ƒ•ǣDz”‡˜‘Ž—­ ‘
industrial, longe de reduzir o trabalho humano, criou todo um novo mundo de em-
’”‡‰‘•†‡–”ƒ„ƒŽŠ‘’‡•ƒ†‘ǣƒ…‘•–”—­ ‘†‡ˆ‡””‘˜‹ƒ•±—’”‹‡‹”‘‡š‡’Ž‘dzǤ
•±…—Ž‘–‡”‹ƒǡ†‡••‡‘†‘ǡ–‡•–‡—Šƒ†‘Dz—ƒ‡‘”‡†‡–‡”‹‘”ƒ­ ‘ƒ•…‘-
†‹­Ù‡•†‡–”ƒ„ƒŽŠ‘dzǤ••ƒ”‡Žƒ­ ‘‡–”‡‡…ƒ‹œƒ­ ‘‡ƒ‹–‡•‹Ƥ…ƒ­ ‘†‘–”ƒ„ƒŽŠ‘
 ‘•‡†‡—†‡‘†‘Š‘‘‰²‡‘‡‡–‘†‘‘Ž—‰ƒ”Ǥ‡’‡Ž‘…‘–”ž”‹‘ǣ

…ƒ’‹–ƒŽ‹•‘‘•±…—Ž‘†‡•‡˜‘Ž˜‡—Ǧ•‡‡˜ž”‹‘••‡–‹†‘•Ǥ‡-
…ƒ‹œƒ­ ‘—†‡’ƒ”–ƒ‡–‘†‡’”‘†—­ ‘ˆ‘‹•‡’”‡…‘’Ž‡‡–ƒ†ƒ
por um incremento de trabalho pesado em outros; o crescimento de
‰”ƒ†‡•Ƥ”ƒ•’‡Žƒ’”‘Ž‹ˆ‡”ƒ­ ‘†‡’‡“—‡ƒ•—‹†ƒ†‡•†‡’”‘†—­ ‘Ǣƒ
…‘…‡–”ƒ­ ‘†‡’”‘†—­ ‘‡ˆž„”‹…ƒ•’‡Žƒ†‹ˆ—• ‘†‘–”ƒ„ƒŽŠ‘†‘±•-
tico por encomenda.25

‘ ‡‹‘ †‡••ƒ• …‘‡šÙ‡• …‘–”ƒ•–ƒ–‡•ǡ —‹–‘• …‘•–”—–‘”‡• †‡ ‡•–”ƒ-

†ƒ•ǡ …ƒƒ‹• ‡ ˆ‡””‘˜‹ƒ• ’‡Ž‘ —†‘ …‘–‹—ƒ˜ƒ ƒ ‡š‡”…‡” •‡— –”ƒ„ƒŽŠ‘ —•ƒ†‘
suas convencionais picaretas e pás (pick-and-shovel worksȌǡƒ†‡•’‡‹–‘†‡–‘†‘•
‘•ƒ˜ƒ­‘•˜‡”‹Ƥ…ƒ†‘•ƒ‡‰‡Šƒ”‹ƒ…‹˜‹ŽǤƒ•ƒ‡š–‡• ‘…”‡•…‡–‡†‡˜‹ƒ•†‡

24  ǡ”‹…ǤA Europa e os povos sem históriaǤ ‘ƒ—Ž‘ǣ†‹–‘”ƒ†ƒ‹˜‡”•‹†ƒ†‡†‡ ‘ƒ—Ž‘ǡ͖͔͔͙ǡ

’Ǥ͚͗͝Ǥ
ǡ‘•ƒǤA acumulação do capitalǣ…‘–”‹„—‹­Ù‡•ƒ‘‡•–—†‘‡…‘Ø‹…‘†‘‹’‡”‹ƒŽ‹•-
mo. 2ª ‡†Ǥ ‘ƒ—Ž‘ǣ‘˜ƒ—Ž–—”ƒǡ…‘ŽǤ•…‘‘‹•–ƒ•ǡ͕͙͜͝ǡ’Ǥ248-249.
25 ǡƒ’Šƒ‡ŽǤ‘”•Š‘’‘ˆ–Š‡™‘”Ž†ǣ•–‡ƒ’‘™‡”ƒ†Šƒ†–‡…Š‘Ž‘‰›‹‹†Ǧ‹…–‘”‹ƒ”‹–ƒ‹Ǥ
History Workshop Reviewǡ‘†‘ǡǤ͗ǡ’Ǥ͜ǡ͕͗‡͕͛ǡ•’”‹‰͕͛͛͝Ǥ

Revista Mundos do Trabalho | vol. 8 | n. 15 | janeiro-junho de 2016 | p. 149-164

TYRONE APOLLO PONTES CÂNDIDO

…‘—‹…ƒ­ ‘’‡Ž‘’Žƒ‡–ƒˆƒœ‹ƒ…‘“—‡—ï‡”‘—‹–‘ƒ‹‘”†‡’‡••‘ƒ•‡-
‰”‘••ƒ••‡‘•‡š±”…‹–‘•†‡••‡”ƒ‘†‡–”ƒ„ƒŽŠ‘’‡•ƒ†‘Ǥ‘…‘–”ž”‹‘†‘“—‡‡”ƒ
ˆ‡•–‡Œƒ†‘ƒ•š’‘•‹­Ù‡•‹˜‡”•ƒ‹•†ƒ±’‘…ƒǡ‘’”‘‰”‡••‘†ƒ‰”ƒ†‡‹†ï•–”‹ƒ‡
das relações comerciais pelo mundo não apenas não implicava na emancipação
das maiorias pelo planeta como contribuía para agrilhoar os trabalhadores com
ainda mais servidão e trabalho pesado.
‡”‹Ƥ…ƒǦ•‡†‡••‡‘†‘ƒ‹’‘”–Ÿ…‹ƒ†‡•‡‘„•‡”˜ƒ”…‘ƒ‹‘”…—‹†ƒ†‘ƒ•
”‡Žƒ­Ù‡•†‡–”ƒ„ƒŽŠ‘…‘’—Ž•×”‹‘ǡˆ‘”­ƒ†‘ǡ’‘”± ‘Dz‡•…”ƒ˜‘dz‘…‘–‡š–‘†‡
‡š’ƒ• ‘†‘…ƒ’‹–ƒŽ‹•‘Ǥ‡‡”‰²…‹ƒ†‡—ƒ’‡”•’‡…–‹˜ƒ‰Ž‘„ƒŽƒŠ‹•–×”‹ƒ•‘-
…‹ƒŽ†‘–”ƒ„ƒŽŠ‘…‘–”‹„—‹•‘„”‡ƒ‡‹”ƒ‡••‡•‡–‹†‘ǡƒ‡†‹†ƒ‡“—‡ƒ’”‡•‡-
–ƒïŽ–‹’Ž‘•‡š‡’Ž‘•†‡±–‘†‘•…‘‡”…‹–‹˜‘•†‡–”ƒ„ƒŽŠ‘‡…‘–‡š–‘•‡“—‡
os trabalhadores não eram eles mesmos uma propriedade de seus senhores (ou
•‡Œƒǡ ‘‡”ƒ‡•…”ƒ˜‘•ȌǤƒ”…‡Ž˜ƒ†‡”‹†‡ǡ‡‘„”ƒ”‡…‡–‡‡–‡’—„Ž‹…ƒ†ƒ
‘”ƒ•‹Žǡ’”‘’Ù‡ƒŽ–‡”ƒ–‹˜ƒ•†‡ƒžŽ‹•‡ƒ—ƒ˜‹• ‘‡—”‘…²–”‹…ƒ‡ƒ••‡‰—”ƒ“—‡ǡ
Dzƒ”‡ƒŽ‹†ƒ†‡ǡƒ‡”…ƒ–‹Ž‹œƒ­ ‘†ƒ ‘†‡‘„”ƒ–‘ƒmuitas formas diferentes,
‡–”‡ƒ•“—ƒ‹•ƒˆ‘”ƒ‡“—‡‘–”ƒ„ƒŽŠƒ†‘”Ž‹˜”‡˜‡†‡—‹…ƒ‡–‡•—ƒˆ‘”­ƒ†‡
–”ƒ„ƒŽŠ‘±ƒ’‡ƒ•um ‡š‡’Ž‘dzǤ26’”‡•‡–ƒ‡••‡•‡–‹†‘ƒ„—†ƒ–‡•…ƒ•‘•‡
“—‡‘–”ƒ„ƒŽŠ‘ƒ••ƒŽƒ”‹ƒ†‘‡•–‡˜‡ƒ••‘…‹ƒ†‘ƒ±–‘†‘•…‘‡”…‹–‹˜‘•…‘‘ƒservidão
por dívidaȋDz‘…‘””‡—‡–‘†‘•‘•…‘–‹‡–‡•ǡ†ƒ•‹ƒ•†‡…ƒ”˜ ‘†ƒ•…×…‹ƒ†‘
•±…—Ž‘ƒ‘•‡–‘”ƒ‰”À…‘Žƒ…‘–‡’‘”Ÿ‡‘†ƒ±”‹…ƒƒ–‹ƒ‡†‘•—Ž†ƒ•‹ƒdzȌǡ
a servidão por contrato ȋ‘•Dzcoolies‹†‹ƒ‘•ǡ‹†‘±•‹‘•‡…Š‹‡•‡•‡’”‡‰ƒ†‘•
ƒˆ”‹…ƒ†‘—Žǡƒ±”‹…ƒƒ–‹ƒ‡‡‘—–”ƒ•’ƒ”–‡•†ƒ•‹ƒdzȌǡƒcompulsão física
’ƒ”ƒ‹’‡†‹”ƒ•ƒÀ†ƒ†‘•–”ƒ„ƒŽŠƒ†‘”‡•ȋƒDz‹†ï•–”‹ƒ–²š–‹ŽŒƒ’‘‡•ƒ†ƒ†±…ƒ†ƒ
†‡͕͖͔͝ǡ–”ƒ„ƒŽŠƒ†‘”ƒ•‡”ƒ–”ƒ…ƒ†ƒ•‡†‘”‹–×”‹‘•’‘”‡••ƒ‡šƒ–ƒ”ƒœ ‘dzȌǡƒ 162
dependência programada…‘ƒ…”‹ƒ­ ‘†‡ˆ—†‘•†‡ƒŒ—†ƒï–—ƒ‘—Š‘”–ƒ•…‘Ž‡-
–‹˜ƒ•‘ˆ‡”‡…‹†ƒ•’‡Žƒ‡’”‡•ƒǤ͖͛
••‹•‡†‘ǡ‘’‘•–—Žƒ†‘†‡—ƒDz–”ƒ•‹­ ‘’ƒ”ƒ‘–”ƒ„ƒŽŠ‘Ž‹˜”‡dz–‡†‡ƒ
•‡”…”‡•…‡–‡‡–‡…‘–‡•–ƒ†‘’‘”Š‹•–‘”‹ƒ†‘”‡••‘…‹ƒ‹•†‘–”ƒ„ƒŽŠ‘Ǥ‘”ƒ•‹Žǡƒ
ƒ’”‘š‹ƒ­ ‘’”‘‰”‡••‹˜ƒ‡–”‡‘•‡•–—†‘•†ƒ‡•…”ƒ˜‹† ‘‡†ƒŠ‹•–×”‹ƒ†‘–”ƒ„ƒŽŠ‘
ȋƒ–±—–‡’‘ƒ–”ž•˜‹•–‘…‘‘…ƒ’‘•†‡‹˜‡•–‹‰ƒ­ ‘•‡’ƒ”ƒ†‘•Ȍ–‡•‡†ƒ†‘
ƒ–”ƒ˜±•†ƒ‡˜‹†‡…‹ƒ­ ‘†‡‡š’‡”‹²…‹ƒ•…‘’ƒ”–‹ŽŠƒ†ƒ•–ƒ–‘’‘”‡•…”ƒ˜‘•“—ƒ-
–‘ ’‘” –”ƒ„ƒŽŠƒ†‘”‡• Ž‹˜”‡•Ǥ ‘˜ƒ• ’‡•“—‹•ƒ• ”‡˜‡Žƒ “—‡ ‡ ƒ ‡•…”ƒ˜‹† ‘ ˆ‘‹
—’”‘„Ž‡ƒ‡š…Ž—•‹˜‘†‡ƒˆ”‹…ƒ‘•–”ƒœ‹†‘•…‘‘…ƒ–‹˜‘•‡•‡—•†‡•…‡†‡–‡•ǡ
…‘‘–ƒ„±ƒ‘”‰ƒ‹œƒ­ ‘†‡…Žƒ••‡ǡ…‘•—ƒ•‰”‡˜‡•‡‘—–”‘•±–‘†‘•†‡Ž—–ƒǡ
 ‘ˆ‘”ƒˆ”—–‘•‡š…Ž—•‹˜‘•†ƒ•ƒ­Ù‡•†‡–”ƒ„ƒŽŠƒ†‘”‡•Ž‹˜”‡•Ǥ28
’‡”•‹•–²…‹ƒ†‡…ƒ”ƒ…–‡”À•–‹…ƒ•†‡–”ƒ„ƒŽŠ‘ ‘Ž‹˜”‡‘…‘–‡š–‘†ƒ’וǦ
ƒ„‘Ž‹­ ‘‘—ǡ“—ƒ†‘ƒ‹†ƒ‘•–‡’‘•†‘…ƒ–‹˜‡‹”‘ǡƒ•‡š’‡”‹²…‹ƒ•†‡Ž‹„‡”–‘•
‘—’‘„”‡•Ž‹˜”‡•ȋ•—Œ‡‹–‘••‘…‹ƒ‹•ǡ‡••‡•‡–‹†‘ǡŒ—”‹†‹…ƒ‡–‡‡ƒ…‹’ƒ†‘•Ȍ–‘”-
‘—Ǧ•‡—–‡ƒŠ‹•–‘”‹‘‰”žƤ…‘†‡…”‡•…‡–‡‹–‡”‡••‡‡–”‡‘•Š‹•–‘”‹ƒ†‘”‡••‘…‹-
ais. Discute-se cada vez mais sobre a precariedade da liberdade na vida dos pobres
“—‡˜‹˜‡”ƒƒ’ƒ••ƒ‰‡†‘•±…—Ž‘‡—‘˜‘ˆ‘…‘…‘…‡–”ƒǦ•‡ƒ•…Šƒƒ†ƒ•
”‡Žƒ­Ù‡•†‡Dz–”ƒ„ƒŽŠ‘ƒžŽ‘‰‘ƒ‘†‡‡•…”ƒ˜‘dz‡…‘–‡š–‘•ƒ‹•”‡…‡–‡•Ǥ29

26 ǡƒ”…‡Ž˜ƒ†‡”ǤTrabalhadores do mundoǣ‡•ƒ‹‘•’ƒ”ƒ—ƒŠ‹•–×”‹ƒ‰Ž‘„ƒŽ†‘–”ƒ„ƒŽŠ‘Ǥƒ’‹ƒ•ǣ
‹…ƒ’ǡ͖͔͕͗ǡ’Ǥ 29.
͖͛ ǤTrabalhadores do mundo, p. ͖͗Ǧ͗͗Ǥ
28 †‹•…—•• ‘•‡ƒ’”‡•‡–ƒ‡ǣǡ‹Ž˜‹ƒ—„‘Ž†ǤDz•…”ƒ˜‹† ‘ǡ…‹†ƒ†ƒ‹ƒ‡Š‹•–×”‹ƒ†‘–”ƒ„ƒŽŠ‘‘”ƒ-
sil. Revista Projeto Históriaǡ ‘ƒ—Ž‘ǡǤ 16, p. ͖͙Ǧ͗͜ǡˆ‡˜Ǥ͕͜͝͝Ǥǡƒ”…‡Ž‘ƒ†ƒ”×ǤDz”ƒ„ƒŽŠƒ†‘”‡•
‡•…”ƒ˜‹œƒ†‘•‡Ž‹˜”‡•ƒ…‹†ƒ†‡†‘‹‘†‡ ƒ‡‹”‘ƒ•‡‰—†ƒ‡–ƒ†‡†‘•±…—Ž‘dzǤRevista Rio de Janeiro,
n. 12, p. ͖͖͝Ǧ͖͙͕ǡ͖͔͔͘Ǥ
ǡ–‘‹‘—‹‰‹Ƭ
ǡ Žž˜‹‘†‘•ƒ–‘•ǤDzŽ±†ƒ••‡œƒŽƒ•‡†ƒ•ˆž„”‹-
…ƒ•ǣ—ƒŠ‹•–×”‹ƒ•‘…‹ƒŽ†‘–”ƒ„ƒŽŠ‘dzǤRevista Tempo Social, v. 18, n. 1, p. ͖͕͛Ǧ͖͔͘ǡ͖͔͔͚Ǥ
29 ǡ‡”‹“—‡•’ƒ†ƒǤDz‘„‘†‘À‹‘†ƒ’”‡…ƒ”‹‡†ƒ†‡ǣ‡•…”ƒ˜‹† ‘‡‘••‹‰‹Ƥ…ƒ†‘•†ƒŽ‹„‡”†ƒ†‡‘

Revista Mundos do Trabalho | vol. 8 | n. 15 | janeiro-junho de 2016 | p. 149-164

 A PIEDADE E A FORÇA: O TRABALHO FORÇADO EM OBRAS DE SOCORROS PÚBLICOS NAS SECAS...

‹†ƒ ± †‡•ƒƤƒ–‡ ƒ †‡•’”‘’‘”­ ‘ ƒ Š‹•–×”‹ƒ •‘…‹ƒŽ †‘ –”ƒ„ƒŽŠ‘ ‡–”‡ ƒ•
‹˜‡•–‹‰ƒ­Ù‡•“—‡ƒ„‘”†ƒƒ•…‘’‘•‹­Ù‡•†‡–”ƒ„ƒŽŠƒ†‘”‡••‹–—ƒ†‘•‘•’”‹-
…‹’ƒ‹• …‡–”‘• —”„ƒ‘• ‡ ‹†—•–”‹ƒ‹• †‘ ’ƒÀ• ȋ•‡ •‘„”ƒ †‡ †ï˜‹†ƒǡ —ƒ ’ƒ”–‡
‹’‘”–ƒ–‡†‘•–”ƒ„ƒŽŠƒ†‘”‡•ǡ–ƒ–‘’‡Ž‘Ž—‰ƒ”•‘…‹ƒŽ“—‡‘…—’ƒ˜ƒ“—ƒ–‘’‡Žƒ
˜‹•‹„‹Ž‹†ƒ†‡“—‡•‡—ˆƒœ‡”Ǧ•‡†‡…Žƒ••‡ŽŠ‡•’”‘’‘”…‹‘‘—ǡƒ•ƒ‹†ƒƒ••‹—ƒ‹-
‘”‹ƒ†ƒ’‘’—Žƒ­ ‘Žƒ„‘”‹‘•ƒ†—”ƒ–‡‘’‡”À‘†‘ƒ“—‹†‹•…—–‹†‘Ȍ‡”‡Žƒ­ ‘•’‡•-
“—‹•ƒ•“—‡‡Ž‡‰‡”ƒ–”ƒ–ƒ”†‘•‰”—’‘•†‡–”ƒ„ƒŽŠƒ†‘”‡•†‹•’‡”•‘•’‡Žƒ•‡š–‡•ƒ•
”‡‰‹Ù‡•†‘‹–‡”‹‘”†‘’ƒÀ•ǡ–‡””‹–×”‹‘•Š‡–‡”‘‰²‡‘•†‡…‘—‹†ƒ†‡•‹†À‰‡ƒ•ǡ
“—‹Ž‘„‘Žƒ•ǡ…ƒ„‘…Žƒ•ǡ†‡•‡”–ƒ‡Œ‘•‘—†‡‡•–”ƒ‰‡‹”‘•”‡…±Ǧ…Š‡‰ƒ†‘•ȋ•‡†‘
‡••ƒ•ˆ”‘–‡‹”ƒ•‡…‘Ø‹…ƒ•†‘’ƒÀ•ƒ•œ‘ƒ•‡“—‡ƒ‹••‡ƒ’”‡•‡–ƒ…ƒ•‘•†‡
–”ƒ„ƒŽŠ‘ˆ‘”­ƒ†‘ȌǤ“—‡•– ‘†ƒ‹˜‹•‹„‹Ž‹†ƒ†‡Š‹•–‘”‹‘‰”žƤ…ƒ…‘–‹—ƒ•‡†‘—
’”‘„Ž‡ƒ’ƒ”ƒ‡••ƒ•ƒ‹‘”‹ƒ•–”ƒ„ƒŽŠƒ†‘”ƒ•“—‡˜‹˜‡”ƒ‘”‡Žƒ–‹˜‘‹•‘Žƒ‡–‘
†ƒ• ƒ–ƒ•ǡ ˆƒœ‡†ƒ• ‡ ‹ƒ•ǡ ‡ ‹••‘ ƒ †‡•’‡‹–‘ †‘ …”‡•…‡–‡ ‹–‡”‡••‡ †‡ Š‹•–‘-
riadores por esses sujeitos.͔͗2„‡’‘••À˜‡Ž“—‡ǡƒ‡†‹†ƒ‡“—‡‘˜‘•‡•–—-
dos venham a produzir maiores evidências sobre as características das atividades
‡š‡”…‹†ƒ• ’‘” •‡”‹‰—‡‹”‘•ǡ …ƒ•–ƒŠ‡‹”‘•ǡ …‘ŽŠ‡†‘”‡• †‡ ‡”˜ƒǦƒ–‡ǡ …ƒˆ±ǡ …ƒ…ƒ—ǡ
–”ƒ„ƒŽŠƒ†‘”‡•†‡…‘ŽØ‹ƒ•ƒ‰”À…‘Žƒ•‡‹Ž‹–ƒ”‡•ǡ•‘Ž†ƒ†‘•ƒ“—ƒ”–‡Žƒ†‘•‡œ‘ƒ•
†‡ ˆ”‘–‡‹”ƒ•ǡ …ƒ””‡–‡‹”‘•ǡ ”‡‰ƒ–Ù‡•ǡ ‡–”‡ –ƒ–‘• ‘—–”‘• ’‡”•‘ƒ‰‡• …‘Ž‡–‹˜‘•ǡ
—“—ƒ†”‘„‡†‹˜‡”•‘•‘„”‡ƒ•…‘†‹­Ù‡•†‡–”ƒ„ƒŽŠ‘‘”ƒ•‹Ž†ƒ’ƒ••ƒ‰‡†‘
•±…—Ž‘•‡”‡˜‡Ž‡Ǥ
Ƥǡ”‡•–ƒƒ‹†ƒ‘‡„ƒ”ƒ­‘†‡ ‘Šƒ˜‡”“—ƒŽ“—‡”…‘•‡•‘ƒ…‡”…ƒ†ƒ
†‡Ƥ‹­ ‘†‘“—‡•‡‡–‡†‡’‘”Dz–”ƒ„ƒŽŠ‘ˆ‘”­ƒ†‘dzǤ‡“—‡”—ƒ†‡‘‹ƒ­ ‘
͕͚͗ …‘—±Š‘Œ‡…ƒ’ƒœ†‡…‘–‡’Žƒ”ƒ•—‹–ƒ•‡†‹˜‡”•‹Ƥ…ƒ†ƒ•’”‘„Ž‡ž–‹…ƒ•Ž‡-
˜ƒ–ƒ†ƒ• ’‘” Š‹•–‘”‹ƒ†‘”‡•ǡ •‘…‹×Ž‘‰‘•ǡ ‰‡×‰”ƒˆ‘•ǡ Œ—”‹•–ƒ•ǡ ƒ••‹•–‡–‡• •‘…‹ƒ‹•ǡ
‹Ž‹–ƒ–‡•Ǥ ƒŽƒǦ•‡…‘‘–‡”‘•ƒ‹•‘—‡‘•‹–‡”…ƒ„‹ž˜‡‹•‡–”ƒ„ƒŽŠ‘…‘-
’—Ž•×”‹‘ǡ–”ƒ„ƒŽŠ‘ˆ‘”­ƒ†‘ǡ–”ƒ„ƒŽŠ‘†‡‰”ƒ†ƒ–‡ǡ‡•…”ƒ˜‹† ‘…‘–‡’‘”Ÿ‡ƒǡ–”ƒ-
balho análogo ao de escravo..., mas uma aproximação decisiva a respeito de uma
…ƒ–‡‰‘”‹ƒ‡‡–‡†‹‡–‘…‘’ƒ”–‹ŽŠƒ†‘•’ƒ”‡…‡•‡”—ƒ•‹–—ƒ­ ‘“—‡ƒ‹†ƒ‡•–ž
longe de ser alcançada.͕͗
‡”–ƒ‡–‡ƒ†‹Ƥ…—Ž†ƒ†‡†‡”‹˜ƒ†‡ƒŽ‰—ƒƒ‡‹”ƒ†‘ƒŽǦ‡•–ƒ”“—‡‘•ƒ•-
’‡…–‘•†‡‰”ƒ†ƒ–‡•†‘–”ƒ„ƒŽŠ‘ˆ‘”­ƒ†‘’”‘˜‘…ƒƒ•…‘•…‹²…‹ƒ•†‘•“—‡ˆƒœ‡
ƒ…‹˜‹Ž‹œƒ­ ‘ǡ’‘‹•ƒÀ•‡”‡˜‡Žƒ—ƒ…‘–”ƒ†‹­ ‘‡„ƒ”ƒ­‘•ƒ†‡‘••ƒ’”×’”‹ƒ…‘-
†‹­ ‘Š—ƒƒǤ…ƒ†ƒ‘–À…‹ƒ’—„Ž‹…ƒ†ƒ’‡Ž‘•Œ‘”ƒ‹•ǡ‹ˆ‘”ƒ†‘•‘„”‡’‡••‘ƒ•
mantidas em condições indignas, sem acesso ƒŽ‹‡–ƒ­ ‘ƒ†‡“—ƒ†ƒǡ†‘”‹†‘

•±…—Ž‘dzǤTopoi, ‹‘†‡ ƒ‡‹”‘ǡ˜‘ŽǤ 6, n. 11, p. ͖͜͝Ǧ͖͙͗ǡ͖͔͔͙Ǥǡ‹†‡›ǤA força da escravidãoǣ

‹Ž‡‰ƒŽ‹†ƒ†‡‡…‘•–—‡‘”ƒ•‹Ž‘‹–‘…‡–‹•–ƒǤ ‘ƒ—Ž‘ǣ‘’ƒŠ‹ƒ†ƒ•‡–”ƒ•ǡ͖͔͕͖Ǥ
ǡ ‰‡Žƒ†‡
ƒ•–”‘ǤDz‡’”‡•• ‘‡—†ƒ­ƒ•‘–”ƒ„ƒŽŠ‘ƒžŽ‘‰‘ƒ‘†‡‡•…”ƒ˜‘‘”ƒ•‹Žǣ–‡’‘’”‡•‡–‡‡—•‘•†‘
’ƒ••ƒ†‘dzǤRevista Brasileira de Históriaǡ‹‘†‡ ƒ‡‹”‘ǡ˜Ǥ ͖͗ǡ’Ǥ ͕͚͛Ǧ͕͘͜ǡ͖͔͕͖Ǥ
!ǡ‡‰‹ƒ
‡ƒ–”‹œǤDz‹‘Ž²…‹ƒ‡–”ƒ„ƒŽŠ‘ƒƒœØ‹ƒǣƒ””ƒ–‹˜ƒŠ‹•–‘”‹‘‰”žƤ…ƒdzǤRevista Territórios e Fronteirasǡ—‹ƒ-
„žǡ˜Ǥ͛ǡǤ͕ǡ’Ǥ͖͛Ǧ͚͘ǡƒ„”Ǥ͖͔͔͘Ǥ
͔͗  ‘†‡‡—…‘Š‡…‹‡–‘ǣǡŽ‹˜‹ƒǤDz‡”…‡’­Ù‡•†‘–‡’‘‡–”ƒ„ƒŽŠ‘ǣƒ•†‹•’—–ƒ•†‘••‡”-
–ƒ‡Œ‘•’‘„”‡•‘‡š–”‡‘‘”–‡†‡
‘‹ž•‡–‘”‘†‡•‡—•‘†‘•†‡˜‹˜‡”Ȃ͕͚͔͜Ǧ͕͖͔͝dzǤRevista Mundos
do Trabalhoǡ˜Ǥ͕ǡǤ͖ǡ’Ǥ͕͕͛Ǧ͕͘͝ǡ͖͔͔͝Ǥ
ǡƒƒ”‘Ž‹ƒ†ƒ‹Ž˜ƒǤDz•Ǯ”‹„‡‹”‹Š‘•ǯ†‘ƒ–ƒƒŽ‘”–‡ǣ
temporalidades, práticas rurais e cotidiano. Revista Mundos do Trabalhoǡ˜Ǥ͖ǡǤ͘ǡ’Ǥ͔͙͗Ǧ͙͗͗ǡ͖͔͕͔Ǥ ǡ
Žž—†‹ƒƒ”‹ƒǤDz•‘”’‘•†‡”ƒ„ƒŽŠƒ†‘”‡•‡ƒ‘”‰ƒ‹œƒ­ ‘†‘–”ƒ„ƒŽŠ‘Ž‹˜”‡ƒ’”‘˜À…‹ƒ†‘ƒ”žȋ͕͗͜͜Ǧ
͕͙͜͝ȌǤRevista Mundos do Trabalho,˜Ǥ͗ǡǤ͚ǡ’Ǥ͙͖Ǧ͚͚ǡ͖͔͕͕Ǥ ǡ”‹•–‹ƒ…Š‡‹„‡ǤDz—ŽŠ‡”‡•†ƒ Ž‘”‡•–ƒǣ
‘—–”ƒ•–ƒ–ƒ•Š‹•–×”‹ƒ•dzǤRevista Estudos Amazônicosǡ˜ǤǡǤ͕ǡ’Ǥ͖͕Ǧ͔͘ǡ͖͔͕͕Ǥǡ†ƒŽ„‡”–‘ǤDzƒ„‘…Ž‘•ǡ‡š-
–”ƒ–‹˜‹•–ƒ•‡‘’‡”ž”‹‘•ǣƒˆ‘”ƒ­ ‘†ƒ ‘†‡‘„”ƒ‹†—•–”‹ƒŽƒƒœØ‹ƒ‘•ƒ‘•͕͔͘͝dzǤRevista Mundos
do Trabalhoǡ˜Ǥ͙ǡǤ͝ǡ’Ǥ͕͕͛Ǧ͕͛͜ǡ͖͔͕͗ǤǡŽÀ˜‹ƒǤƬǡ—…Ž‹†‡•–—‡•ǤDz—‹˜‡”•‘
†‘•–”ƒ„ƒŽŠƒ†‘”‡•†‘•…ƒ•–ƒŠƒ‹•ǣ…‘–‹†‹ƒ‘‡‡š’Ž‘”ƒ­ ‘‘ƒŽ‡†‘‘…ƒ–‹•ȋ͕͔͜͝Ǧ͕͔͘͝ȌdzǤRevista Mun-
dos do Trabalhoǡ˜Ǥ͙ǡǤ͝ǡ’Ǥ͖͗͜Ǧ͔͙͗ǡ͖͔͕͗Ǥǡ ”‡†‡”‹…‘†‡Ž‹˜‡‹”ƒǤDz‡”‹‰×ƒ‘Ž†ƒ†‘†ƒ‘””ƒ…Šƒ‡
‘ˆƒœ‡”Ǧ•‡†‘•‡”‹‰—‡‹”‘ƒƒœØ‹ƒdzǤRevista Tempo Amazônicoǡ˜Ǥ͖ǡǤ͕ǡ’Ǥ͘Ǧ͖͘ǡŒ—ǤȀdez. 2014.
͕͗ ǡ‘”„‡”–‘ǤƬǡƒ”Àƒ‡”א‹…ƒǤOs pobres e a políticaǣŠ‹•–×”‹ƒ‡‘˜‹‡–‘••‘…‹ƒ‹•
ƒ±”‹…ƒƒ–‹ƒǤ‹‘†‡ ƒ‡‹”‘ǣƒ—ƒ†Ȁ  ǡ͖͔͕͗ǡ’Ǥ͚͝Ǧ͘͝Ǥ

Revista Mundos do Trabalho | vol. 8 | n. 15 | janeiro-junho de 2016 | p. 149-164

TYRONE APOLLO PONTES CÂNDIDO

•‡ƒ•À‹ƒ•…‘†‹­Ù‡•†‡…‘ˆ‘”–‘‘—Š‹‰‹‡‡ǡ…‘””‡†‘”‹•…‘†‡’‡”†‡”•—ƒ
’”×’”‹ƒ‡š‹•–²…‹ƒ’‘”‡š‡…—–ƒ”—–”ƒ„ƒŽŠ‘’‡••‹ƒ‡–‡”‡—‡”ƒ†‘ȋ“—ƒ†‘
–ƒ–‘Ȍǡ–‡†‘•‹†‘—•—”’ƒ†‘†‘’”×’”‹‘†‹”‡‹–‘†‡’‘†‡”’”‘…—”ƒ”‡ƒŽ‰—‘—–”‘
Ž—‰ƒ”—ƒƒŽ–‡”ƒ–‹˜ƒ†‡˜‹†ƒ‡ŽŠ‘”ǡ•‘‘•Ž‡˜ƒ†‘•ƒ‘•“—‡•–‹‘ƒ”ȋ—ƒ˜‡œ
ƒ‹•Ȍ•‘„”‡‘•‹‰‹Ƥ…ƒ†‘†‡‘••ƒ’”×’”‹ƒŽ‹„‡”†ƒ†‡Ǥƒ•ǡƒ‹†ƒ“—‡‡„ƒ”ƒ­‘•‘ǡ
o problema não deixa de ser real. Retirantes das secas,Šžƒ‹•†‡—•±…—Ž‘, já
ˆƒœ‹ƒƒ†‡ï…‹ƒǤ

‡…‡„‹†‘‡͖͖Ȁ͕͖Ȁ͖͔͕͙
’”‘˜ƒ†‘‡͔͗Ȁ͕͕Ȁ͖͔͕͚

164

Revista Mundos do Trabalho | vol. 8 | n. 15 | janeiro-junho de 2016 | p. 149-164