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ISOLADA COMEÇANDO DO ZERO

PROCESSO CIVIL DE ACORDO COM O NOVO CPC


AULA 22

EXECUÇÃO POR QUANTIA CERTA DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL

A execução por quantia certa tem por objetivo expropriar bens do devedor a
fim de satisfazer o direito do credor, consubstanciado no título executivo judicial ou
extrajudicial.
Conforme exposto na aula 21 deste Curso Começando do Zero, os
procedimentos executivos possuem algumas diferenças, conforme se baseiem em
título judicial ou extrajudicial, especialmente quanto à forma de defesa do devedor.
O cumprimento de sentença já foi objeto de estudo nas aulas 14 e 15.
Agora, nesta aula 22, cabe-nos deter na disciplina jurídica que norteia o
procedimento executivo das obrigações para pagamento de quantia certa.
A ação de execução de título extrajudicial segue, basicamente, o seguinte
esquema procedimental:

1. Propositura da ação: dar-se-á com a apresentação da petição inicial,


preenchida com os requisitos da lei (título executivo e demonstrativo do débito
atualizado). Poderá, inclusive, o credor já indicar bens penhoráveis do devedor, a teor
do que preceitua o artigo 798, II, “c”, CPC.

2. Admissibilidade: apresentada a petição inicial, segue-se a apreciação da


sua admissibilidade pelo magistrado, o qual pode determinar a sua emenda (acaso
não possua o documento indispensável, por exemplo), indeferi-la (acaso não venha a
ser sanada a irregularidade ou título não for executivo, por exemplo), ou, finalmente,
determinar o processamento da execução, com a expedição de mandado de
pagamento da obrigação.

Ressalte-se que o exequente poderá obter certidão comprobatória da


admissão da execução, com identificação das partes e valor da causa, para fins de
averbação no registro de imóveis, registro de veículos ou registro de outros bens
sujeitos à penhora ou arresto. É a chamada averbação premonitória (artigo 828, CPC).
O objetivo é fazer presumir em fraude à execução, qualquer alienação de bens
posterior a essa data, dispensada a prova de insolvência.

Ao despachar a inicial, o juiz também fixará os honorários advocatícios de


10% (dez por cento), a serem pagos pelo executado. No caso de integral pagamento
no prazo de 3 (três) dias, a verba honorária será reduzida pela metade.

O valor dos honorários poderá ser elevado até 20% (vinte por cento), quando
rejeitados os embargos à execução, podendo a majoração, caso não opostos os
embargos, ocorrer ao final do procedimento executivo, levando-se em conta o trabalho
realizado pelo advogado do exequente.

3. Citação: o executado será citado para pagar a dívida no prazo de 3 (três)


dias, contado da citação. Do mandado de citação constarão, também, a ordem de
penhora e a avaliação a serem cumpridas pelo oficial de justiça tão logo verificado o

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não pagamento no prazo assinalado, de tudo lavrando-se auto, com intimação do


executado.

Se o oficial de justiça não encontrar o executado, arrestar-lhe-á tantos bens


quantos bastem para garantir a execução. Nos 10 (dez) dias seguintes à efetivação
do arresto, o oficial de justiça procurará o executado 2 (duas) vezes em dias distintos
e, havendo suspeita de ocultação, realizará a citação com hora certa, certificando
pormenorizadamente o ocorrido. Incumbe ao exequente requerer a citação por edital,
uma vez frustradas a pessoal e a com hora certa.

4. Posturas do devedor: recebida a inicial e realizada a citação, o credor


poderá tomar as seguintes atitudes:

a) efetuar o pagamento voluntário: haverá a extinção do processo executivo


e os honorários advocatícios serão reduzidos pela metade.

b) requerer o parcelamento (artigo 916, CPC): poderá o executado, no


prazo dos embargos, reconhecendo o débito e juntando (trinta por cento) do valor em
execução, requerer seja admitido a pagar o restante em até 6 (seis) parcelas mensais,
acrescidas de correção monetária e juros de 1% (um por cento) ao mês. Tal benefício
não constitui ato que vincula o magistrado, o qual poderá ou não deferi-lo. O
exequente será intimado para manifestar-se sobre o pedido de parcelamento e o juiz
decidirá o requerimento em 5 (cinco) dias. Enquanto não apreciado o requerimento, o
executado terá de depositar as parcelas vincendas, facultado ao exequente seu
levantamento. Indeferida a proposta, seguir-se-ão os atos executivos, mantido o
depósito, que será convertido em penhora; Deferida a proposta, o exequente levantará
a quantia depositada, e serão suspensos os atos executivos. O descumprimento de
qualquer das prestações importará o vencimento antecipado das demais e o
prosseguimento do processo, com o imediato início dos atos executivos bem como a
imposição de multa de 10% (dez por cento) sobre o valor das prestações
remanescentes.

c) apresentar embargos à execução: os embargos qualificam-se como a


defesa com a natureza jurídica de ação incidental autônoma. Serão os embargos
distribuídos por dependência, autuados em apartado e instruídos com cópias das
peças processuais relevantes. Serão oferecidos no prazo de 15 (quinze) dias. Vale
ressaltar que, não obstante seja a execução movida em face de litisconsortes com
diferentes procuradores, o prazo dobrado do artigo 229, CPC, não lhes será aplicado.
Recebidos os embargos, será o exequente ouvido no prazo de 15 (quinze) dias. Os
embargos à execução não terão efeito suspensivo (artigo 919, CPC). O juiz poderá, a
requerimento do embargante, atribuir efeito suspensivo aos embargos quando
verificados os requisitos para a concessão da tutela provisória e desde que a
execução já esteja garantida por penhora, depósito ou caução suficientes. É o
caso, por exemplo, dos embargos versarem sobre a impenhorabilidade de bem
protegido por lei.

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5. Continuidade da execução: tendo em vista que os embargos não mais


possuem efeito suspensivo, os atos de constrição e expropriação seguirão
paralelamente ao seu rito. A expropriação apenas não se aperfeiçoará acaso seja
deferido efeito suspensivo aos embargos.

Pois bem, não efetuado o pagamento, munido da segunda via do mandado, o


oficial de justiça procederá de imediato à penhora de bens e a sua avaliação, lavrando-
se o respectivo auto e de tais atos intimando, na mesma oportunidade, o executado.
A penhora pode ser definida como o ato que individualiza bens no patrimônio
do devedor, os quais serão sujeitos a posterior expropriação.

Quanto aos limites, a penhora deverá incidir em tantos bens quantos bastem
para o pagamento do principal atualizado, juros, custas e honorários advocatícios.

A penhora recairá sobre os bens indicados pelo exequente, salvo se outros


forem indicados pelo executado e aceitos pelo juiz, mediante demonstração de que a
constrição proposta lhe será menos onerosa e não trará prejuízo ao exequente.

O ato judicial em questão deverá obedecer à ordem de prioridade


estabelecida no artigo 835, CPC, a saber: I - dinheiro, em espécie ou em depósito ou
aplicação em instituição financeira (para possibilitar a penhora de dinheiro em
depósito ou aplicação financeira, o juiz, a requerimento do exequente, requisitará à
autoridade supervisora do sistema bancário, preferencialmente por meio eletrônico,
informações sobre a existência de ativos em nome do executado, podendo no mesmo
ato determinar sua indisponibilidade, até o valor indicado na execução. As
informações limitar-se-ão à existência ou não de depósito ou aplicação até o valor
indicado na execução); II - títulos da dívida pública da União, dos Estados e do Distrito
Federal com cotação em mercado; III - títulos e valores mobiliários com cotação em
mercado; IV - veículos de via terrestre; V - bens imóveis; VI - bens móveis em geral;
VII - semoventes; VIII - navios e aeronaves; IX - ações e quotas de sociedades simples
e empresárias; X - percentual do faturamento de empresa devedora; XI - pedras e
metais preciosos; XII - direitos aquisitivos derivados de promessa de compra e venda
e de alienação fiduciária em garantia; XIII - outros direitos.

ATENÇÃO!

Três observações precisam ser feitas:

Em primeiro lugar, se não encontrar bens penhoráveis, o oficial comunicará


ao juiz, que intimará o devedor para que indique bens passíveis de expropriação.
Considera-se ato atentatório à dignidade da jurisdição a conduta do devedor que,
intimado, não indica ao juiz quais são e onde se encontram os bens sujeitos à penhora
e seus respectivos valores (artigo 774, V, CPC).

Em segundo lugar, atente-se que é prioritária a penhora em dinheiro, podendo


o juiz, nas demais hipóteses, alterar a ordem acima referida de acordo com as
circunstâncias do caso concreto (artigo 835, § 1o, CPC).

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Finalmente, quanto ao registro da penhora, será tarefa do exequente


proceder com o registro da penhora no cartório competente, tudo com o fito de dar
publicidade e conhecimento para terceiros de boa-fé. Atento ao mandamento em
questão, a Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça sumulou a questão (Súmula
375). O texto determina que o reconhecimento da fraude de execução dependa do
registro da penhora do bem alienado ou da prova de má-fé do terceiro adquirente.

 Depósito de bens: os bens penhorados serão preferencialmente


depositados:
# as quantias em dinheiro, os papéis de crédito e as pedras e os metais
preciosos, no Banco do Brasil, na Caixa Econômica Federal ou em banco do qual o
Estado ou o Distrito Federal possua mais da metade do capital social integralizado,
ou, na falta desses estabelecimentos, em qualquer instituição de crédito designada
pelo juiz;
# os móveis, os semoventes, os imóveis urbanos e os direitos aquisitivos
sobre imóveis urbanos, em poder do depositário judicial. Se não houver depositário
judicial, os bens ficarão em poder do exequente. Os bens poderão ser depositados
em poder do executado nos casos de difícil remoção ou quando anuir o exequente.
# os imóveis rurais, os direitos aquisitivos sobre imóveis rurais, as
máquinas, os utensílios e os instrumentos necessários ou úteis à atividade
agrícola, mediante caução idônea, em poder do executado.

6. Dos atos de Expropriação

Realizada a penhora e avaliação, inicia-se a fase expropriatória. A atual


sistemática executiva consagra as seguintes modalidades de expropriação:

# Adjudicação (artigos 876 a 878, CPC): é a forma preferencial de


expropriação, mediante a entrega do próprio bem penhorado ao credor. Verifica-se a
adjudicação quando o exequente, oferecendo preço não inferior ao da avaliação,
requer lhe sejam adjudicados os bens penhorados. A adjudicação considera-se
perfeita e acabada com a lavratura e assinatura do auto pelo juiz, pelo adjudicante,
pelo escrivão e, se for presente, pelo executado, expedindo-se a respectiva carta, se
bem imóvel (este documento substitui a tradicional compra e venda entre particulares).
Urge ressaltar que a carta só será emitida juntamente com a prova da quitação dos
tributos (a serem pagos pelo adquirente). Em se tratando de bem móvel, será
expedido mandado de entrega ao adjudicante.

# Alienação por iniciativa particular (artigos 879 e 880, CPC): dá-se


quando, não realizada a adjudicação dos bens penhorados, o exequente requerer
sejam eles alienados por sua própria iniciativa ou por intermédio de corretor ou
leiloeiro público credenciado perante a autoridade judiciária. A negociação do bem é
feita extrajudicialmente, devendo o juiz fixar: a) o prazo em que a alienação deve ser
efetivada; b) a forma de publicidade; c) o preço mínimo; d) as condições de pagamento
e as garantias, bem como, se for o caso, a comissão de corretagem. Concluída a
negociação, a alienação será formalizada por termo nos autos, assinado pelo juiz,
pelo exequente, pelo adquirente e, se for presente, pelo executado, expedindo-se

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carta de alienação do imóvel para o devido registro imobiliário, ou, se bem móvel,
mandado de entrega ao adquirente.

# Alienação em leilão judicial eletrônico ou presencial (artigos 881 a 903,


CPC): assemelha-se a uma espécie de licitação. Só deve ser utilizada no caso de não
ter ocorrido nem adjudicação, nem alienação por iniciativa particular.
O leilão do bem penhorado será realizado por leiloeiro público.
Ressalvados os casos de alienação a cargo de corretores de bolsa de valores,
todos os demais bens serão alienados em leilão público.
Não sendo possível a sua realização por meio eletrônico, o leilão será
presencial. A alienação judicial por meio eletrônico será realizada, observando-se as
garantias processuais das partes, de acordo com regulamentação específica do
Conselho Nacional de Justiça.
Sendo presencial, o leilão será realizado no local designado pelo juiz.
O leilão será precedido de publicação de edital, que conterá: I - a descrição
do bem penhorado, com suas características, e, tratando-se de imóvel, sua situação
e suas divisas, com remissão à matrícula e aos registros; II - o valor pelo qual o bem
foi avaliado, o preço mínimo pelo qual poderá ser alienado, as condições de
pagamento e, se for o caso, a comissão do leiloeiro designado; III - o lugar onde
estiverem os móveis, os veículos e os semoventes e, tratando-se de créditos ou
direitos, a identificação dos autos do processo em que foram penhorados; IV - o sítio,
na rede mundial de computadores, e o período em que se realizará o leilão, salvo se
este se der de modo presencial, hipótese em que serão indicados o local, o dia e a
hora de sua realização; V - a indicação de local, dia e hora de segundo leilão
presencial, para a hipótese de não haver interessado no primeiro; VI - menção da
existência de ônus, recurso ou processo pendente sobre os bens a serem leiloados.
A arrematação constará de auto que será lavrado de imediato e poderá
abranger bens penhorados em mais de uma execução, nele mencionadas as
condições nas quais foi alienado o bem.
A ordem de entrega do bem móvel ou a carta de arrematação do bem imóvel,
com o respectivo mandado de imissão na posse, será expedida depois de efetuado o
depósito ou prestadas as garantias pelo arrematante, bem como realizado o
pagamento da comissão do leiloeiro e das demais despesas da execução.
A carta de arrematação conterá a descrição do imóvel, com remissão à sua
matrícula ou individuação e aos seus registros, a cópia do auto de arrematação e a
prova de pagamento do imposto de transmissão, além da indicação da existência de
eventual ônus real ou gravame.

7. Finalização da execução: Realizada a expropriação deste, o produto da


venda será entregue ao exequente, de modo que haverá extinção da obrigação
mediante o pagamento, caso em que magistrado proferirá sentença declarando a
extinção da execução.

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