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Livro - Leitura e Escrita Na Era Digital
Livro - Leitura e Escrita Na Era Digital
na Era Digital
Cleide J. M. Pareja
2ª Edição
Curitiba
2018
Ficha Catalográfica elaborada pela Fael. Bibliotecária – Cassiana Souza CRB9/1501
FAEL
Direção Acadêmica Francisco Carlos Sardo
Coordenação Editorial Raquel Andrade Lorenz
Revisão Fernanda Calvetti Corrêa
Projeto Gráfico Sandro Niemicz
Capa Quieliton Camargo Batista
Shutterstock.com/Suat Gursozlu/Toria/Yura-
Imagens da Capa
laits Albert
Arte-Final Evelyn Caroline dos Santos Betim
Apresentação
Veridiana Almeida*
– 4 –
Sumário
Prefácio | 7
1. Homem e linguagem | 9
2. Leitura e escrita | 31
3. Construção do texto | 51
4. Tecendo os parágrafos | 67
Referências | 129
Prefácio
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1
Homem e linguagem
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Homem e linguagem
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Leitura e Escrita na Era Digital
Contexto
Texto
Palavra
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Homem e linguagem
Palavras
Palavras são iguais
Sendo diferentes
Palavras não são frias
Palavras não são boas
Os números pra os dias
E os nomes pra as pessoas
[...]
Palavras. Marcelo Fromer e Sérgio Britto, Titãs,
1989 © Warner Chappel Music.
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Leitura e Escrita na Era Digital
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Homem e linguagem
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Leitura e Escrita na Era Digital
Dica de filme
A língua, além de oral e escrita, pode ser, pelo uso, classificada de dois
modos: a modalidade culta ou língua-padrão e a modalidade popular, ou lín-
gua cotidiana.
A modalidade culta é aquela associada à escrita, à tradição gramatical,
é a registrada nos dicionários e, portanto, é a que traduz a tradição cultural e
a identidade de uma nação.
A modalidade popular é uma variante informal, considerada de pouco
prestígio quando comparada à linguagem padrão. Sua característica é afas-
tar-se da norma na construção sintática, usar um vocabulário comum, repe-
tições constantes, gírias.
Segundo Mattoso Câmara Jr. (1978, p. 177), “norma é um conjunto
de hábitos linguísticos vigentes no lugar ou na classe social mais pres-
tigiosa no país”. Logo, com essa classificação, podemos entender que há
várias classes que não adotam a norma e, portanto, há outras modalida-
des em uso.
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Homem e linguagem
Ingredientes
2 5 denti di ái
2 3 cuié de ói
2 1 cabessa de repôi
2 1 cuié di mastomati
2 Sár agosto
Modi fazê
2 Casca o ái, pica o ái i soca o ái cum sá;
2 Quenta o ói na cassarola;
2 Foga o ái socado no ói quenti;
2 Pica o repôi beeemmm finimm...
2 Foga o repôi no ói quenti junto cum ái fogado;
2 Põi a mastomati i mexi cum a cuié prá fazê o môi;
2 Sirva cum rôis e melete...
Pção: cumpanha filezim de pescadim beemmm fritim.
RECEITA cazêra minera de môi de repôi nu ái i ói. Disponível em:
<http://www.alapinha.com.br/Cardapio%20introducao.htm>.
Acesso em: 22 out. 2012.
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Leitura e Escrita na Era Digital
Cuitelinho
Cheguei na beira do porto
Onde as onda se espaia
As garça dá meia volta
E senta na beira da praia
E o cuitelinho não gosta
Que o botão de rosa caia, ai, ai
Ai quando eu vim
da minha terra
Despedi da parentália
Eu entrei no Mato Grosso
Dei em terras paraguaia
Lá tinha revolução
Enfrentei fortes batáia, ai, ai
A tua saudade corta
Como aço de naváia
O coração fica aflito
Bate uma, a outra faia
E os óio se enche d´água
Que até a vista se atrapáia, ai...
Autoria desconhecida.
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Homem e linguagem
“Este rrey Leyr nom ouue filho, mas ouue tres filhas muy fermosas
e amauaa-as muito. E huum dia sas rrazõoess com ellas e disse-lhess que
lhe dissessem verdade, qual d’ellas o amaua mais. Disse a mayor que nom
auia cousa no mundo que tanto amasse como elle; e disse a outra que o
amaua tanto com a ssy mesma; e disse a terçeira, que era a meor, que o
amaua tanto como deue dámar filha a padre.” (VASCONCELOS apud
FARACO, 1991, p. 11).
“Este Rei Lear não teve filhos, mas teve três filhas muito for-
mosas e amava-as muito. E um dia teve com elas uma discussão e
disse-lhes que lhe dissessem a verdade, qual delas o amava mais. Disse
a maior que não havia coisa no mundo que amasse tanto como a ele;
e disse a outra que o amava tanto como a si mesma; e disse a terceira
que o amava tanto como deve uma filha amar um pai.”
FARACO, C. A. Linguística histórica. São Paulo: Ática, 1991.
Chopis centis
Eu “di”um beijo nela
E chamei pra passear.
A gente fomos no shopping,
Prá “mode” a gente lanchar.
Comi uns bicho estranho, com um tal de gergelim
Até que tava gostoso, mas eu prefiro aipim. [...]
Chopis Centis. Dinho e Julio Rasec, Mamonas Assassinas,
1995 © Edições Musicais Tapajós Ltda.
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Leitura e Escrita na Era Digital
Prolixo?
Pro lixo.
Conciso?
Com siso.
PAES, J. P. Poesia completa. Sao Paulo:
Companhia das Letras, 2008. p. 27.
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Homem e linguagem
Dez cisões
Para um ensino de língua não (ou menos) preconceituoso
1. Conscientizar-se de que todo falante nativo de uma língua é um
usuário competente dessa língua, por isso ele sabe essa língua.
Entre os 3 e 4 anos de idade, uma criança já domina integralmente
a gramática de sua língua.
2. Aceitar a ideia de que não existe erro de português. Existem dife-
renças de uso ou alternativa de uso em relação à regra única pro-
posta pela gramática normativa.
3. Não confundir erro de português (que, afinal, não existe) com sim-
ples erro de ortografia. A ortografia é artificial, ao contrário da lín-
gua, que é natural. A ortografia é uma decisão política, é imposta por
decreto, por isso ela pode mudar, e muda de uma época para outra.
Em 1899 as pessoas estudavam psychologia e história do Egypto;
em 1999 elas estudavam psicologia e história do Egito. Línguas que
não têm escrita nem por isso deixam de ter sua gramática.
4. Reconhecer que tudo o que a Gramática Tradicional chama de
erro é na verdade um fenômeno que tem uma explicação cien-
tífica perfeitamente demonstrável. Se milhões de pessoas (cultas
inclusive) estão optando por um uso que difere das regras pres-
critas nas gramáticas normativas é porque há alguma nova regra
sobrepondo-se à antiga. Assim, o problema está com a regra tra-
dicional, e não com as pessoas, que são falantes nativos e perfeita-
mente competentes de sua língua. Nada é por acaso.
5. Conscientizar-se que toda língua muda e varia. O que hoje é visto
como “certo” já foi “erro” no passado. O que hoje é considerado
“erro” pode vir a ser perfeitamente considerado como “certo” no
futuro da língua. Um exemplo: no português medieval existia um
verbo leixar (que aparece até na carta de Pero Vaz de Caminha ao
rei D. Manuel I). Com o tempo, esse verbo foi sendo pronunciado
deixar porque [d] e [l] são consoantes aparentadas, o que permitiu
a troca de uma pela outra.
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Leitura e Escrita na Era Digital
Hoje quem pronunciar leixar vai cometer um “erro” (vai ser acu-
sado de desleixo), muito embora essa forma seja mais próxima da
origem latina, laxare (compare-se, por exemplo, o francês laisser
e o italiano lasciare). Por isso é bom evitar classificar algum fenô-
meno gramatical de “erro”: ele pode ser, na verdade, um indício do
que será a língua no futuro.
6. Dar-se conta de que a língua portuguesa não vai nem bem, nem
mal. Ela simplesmente vai, isto é, segue seu rumo, prossegue em
sua evolução, em sua transformação, que não pode ser detida (a
não ser com a eliminação física de todos os seus falantes).
7. Respeitar a variedade linguística de toda e qualquer pessoa, pois
isso equivale a respeitar a integridade física e espiritual dessa pes-
soa como ser humano.
8. A língua permeia tudo, ela nos constitui enquanto seres huma-
nos. Nós somos a língua que falamos. A língua que falamos molda
nosso modo de ver o mundo e nosso modo de ver o mundo molda
a língua que falamos. Para os falantes de português, por exemplo,
a diferença entre ser e estar é fundamental: eu estou infeliz é radi-
calmente diferente, para nós, de eu sou infeliz. Ora línguas como o
inglês, o francês e o alemão têm um único verbo para exprimir as
duas coisas. Outras, como o russo, não têm verbo nenhum, dizendo
algo assim como: Eu-infeliz (o russo, na escrita, usa mesmo um
travessão onde nós inserimos um verbo de ligação).
9. Uma vez que a língua está em tudo e tudo está na língua, o pro-
fessor de português é professor de tudo. (Alguém já me disse que
talvez por isso o professor de português devesse receber um salário
igual à soma dos salários de todos os outros professores!).
10. Ensinar bem é ensinar para o bem. Ensinar para o bem significa res-
peitar o conhecimento intuitivo do aluno, valorizar o que ele já sabe
do mundo, da vida, reconhecer na língua que ele fala a sua própria
identidade como ser humano. Ensinar para o bem é acrescentar e
não suprimir, é elevar e não rebaixar a autoestima do indivíduo.
Somente assim, no início de cada ano letivo este indivíduo poderá
comemorar a volta às aulas, em vez de lamentar a volta às jaulas!
BAGNO, M. Preconceito linguistico: o que é, como se faz.
47. ed. São Paulo: Edições Loyola, 2006.
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Homem e linguagem
Dica de filme
Para compreender melhor a relação da língua com
as diversas culturas, assista ao filme Língua, vidas em
português. Este documentário premiado de Victor
Lopes apresenta uma viagem pelo mundo com entradas
em todos os países em que há falantes da língua portu-
guesa. Sua estrutura narrativa circular prende o interlo-
cutor. São histórias de vidas de pessoas com suas dife-
renças culturais, mas que têm em comum serem usuários
da língua portuguesa. É importante ressaltar a presença
de pessoas ilustres que participam com depoimentos,
como José Saramago (escritor português), João Ubaldo
Ribeiro (escritor brasileiro), Martinho da Vila (cantor e
compositor), Teresa Salgueiro (do grupo Madredeus) e
Mia Couto (escritor moçambicano contemporâneo que
escreve o roteiro).
LÍNGUA, vidas em português. Direção de Victor Lopes.
Brasil/Portugal: Paris Filmes, 2002. 1 filme (105 min), sonoro,
legenda, color., 35 mm.
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Leitura e Escrita na Era Digital
Referente: função
referencial
Canal de comunicação:
Emissor função fática Receptor
Função Função
expressiva Mensagem: função conativa
poética
Código: função
metalinguística
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Homem e linguagem
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Leitura e Escrita na Era Digital
Acetona
Acetona: Formol
Formol: Amônia
Amônia:
removedor conservante desinfetantes para pisos,
de esmaltes de cadáver azulejos e privadas
Naftalina
Naftalina:
mata-baratas
Fósforo P4/P6
P4/P6:
Terebintina
Terebintina: componente de
diluidor de tinta a óleo veneno para ratos
Este é um exemplo muito forte da função conativa, uma vez que, após o
autor dirigir-se ao receptor com a expressão “tem gente que diz [...]”, é apre-
sentada uma série de provas que mostram os perigos do tabaco. Ao terminar,
afirma, imperativamente, “cigarro faz mal”.
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Homem e linguagem
Macabéa e Olímpico
Ele — Pois é!
Ela — Pois é o quê?
Ele — Eu só disse, pois é!
Ela — Mas, pois é o quê?
Ele — Melhor mudarmos de assunto porque você não me entende.
Ela — Entende o quê?
Ele — Santa virgem Macabéa, vamos mudar de assunto e já!
LISPECTOR, C. A hora da estrela. São Paulo: Rocco, 1998. p. 45.
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Leitura e Escrita na Era Digital
Poética
1
O que é poesia?
Uma ilha
Cercada
De palavras
Por todos
Os lados.
2
O que é poeta?
Um homem
Que trabalha o poema
Com o suor do seu rosto.
Um homem
Que tem fome
Como qualquer outro
Homem.
RICARDO, C. Jeremias sem-chorar. Rio de Janeiro:
José Olympio, 1968.
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Homem e linguagem
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Leitura e Escrita na Era Digital
Síntese
No primeiro capítulo, fizemos uma introdução aos conceitos de lin-
guagem, língua e fala. Foram verificadas as diferenças entre língua oral
e escrita, as funções da linguagem e as variedades linguísticas. Estes são
conhecimentos fundamentais para a compreensão dos estudos textuais,
sua prática e produção. Portanto, as ideias aqui apresentadas, de uma
forma ou de outra, permeiam não apenas o ensino da língua, mas também
o seu uso.
A linguagem classifica-se como um processo universal, considera-se
tudo o que o homem faz para manter a comunicação ao longo de sua exis-
tência. Assim, ele preocupa-se em criar e recriar meios de comunicação
que sirvam de condutores de conhecimento que, ao possibilitar a transmis-
são do pensamento, identifiquem a condição humana.
A língua é um elemento cultural elaborado pelo homem, com um
código específico a ser aprendido pelos membros da comunidade. A fala é a
aplicação que cada sujeito faz com a língua para promover a comunicação.
Daí nasce a marca de cada sujeito no seu meio: somos iguais, falamos a
mesma língua, mas somos diferentes, pelo modo de empregá-la.
As variedades linguísticas auxiliam na compreensão do que é erro e
do que é diferença, possibilitando a aceitação social dessas diferenças cul-
turais. As funções da linguagem orientam o reconhecimento de suas carac-
terísticas, a intenção do emissor sobre o receptor da mensagem. Depen-
dendo do que eu quero do meu interlocutor farei as escolhas sintáticas,
morfológicas, lexicais e estilísticas da minha fala ou do meu texto.
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2
Leitura e escrita
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Leitura e escrita
2.2.1 Resumo
O resumo é um tipo de texto que consiste na redução fiel de outro texto,
mantendo suas ideias principais sem repetir os comentários, julgamentos e
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Leitura e Escrita na Era Digital
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Leitura e escrita
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Leitura e Escrita na Era Digital
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Leitura e escrita
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Leitura e Escrita na Era Digital
Modelo de Resenha 1
[...] este é um conto que aborda um tema oculto da alma de todo
ser humano: a crueldade. Machado de Assis cria um cenário onde
o recém-formado médico Garcia conhece o espirituoso Fortunato,
dono de uma misteriosa compaixão pelos doentes e feridos, apesar de
ser muito frio, até mesmo com sua própria esposa.
Através de uma linguagem bastante acessível, que não encon
tramos em muitas obras de Assis (*1), o texto mescla momentos de
narração – que é feita em terceira pessoa – com momentos de diálo-
gos diretos, que dão maior realidade à história.
Uma característica marcante é a tensão permanente que
ambienta cada episódio (*2). Desde as primeiras vezes em que
Garcia vê Fortunato – na Santa Casa, no teatro e quando o segue na
volta para casa, no mesmo dia – percebemos o ar de mistério que o
envolve.
Da mesma forma, quando ambos se conhecem devido ao caso
do ferido que Fortunato ajuda, a simpatia que Garcia adquire é exa-
tamente por causa de seu estranho comportamento, velando por dias
um pobre coitado que sequer conhece.
A história transcorre com Garcia e Fortunato tornando-se ami-
gos, a apresentação de Maria Luiza, esposa de Fortunato e ainda com
a abertura de uma casa de saúde em sociedade.
O clímax então acontece quando Maria Luiza e Garcia flagram
Fortunato torturando um pequeno rato, cortando-lhe pata por pata
com uma tesoura e levando-lhe ao fogo, sem deixar que morresse. É
assim que se percebe a causa secreta dos atos daquele homem: o sofri-
mento alheio lhe é prazeroso. Isso ocorre ainda quando sua esposa
morre por uma doença aguda e quando vê Garcia beijando o cadáver
daquela que amava secretamente. Fortunato aprecia até mesmo seu
próprio sofrimento.
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Leitura e escrita
Modelo de Resenha 2
Resenha de Maria Auxiliadora Versiani Cunha,
citada por Eduardo Kenedy.
*1 (Apresentação)
BETTELHEIM, Bruno. A psicanálise dos contos de fadas.
Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1978.
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Leitura e Escrita na Era Digital
*2 (Resumo da obra)
Tais conflitos são universais, constituídos pelos dilemas eternos
que o homem enfrenta ao longo de seu amadurecimento emocional: a
conquista da independência em relação aos pais, a rivalidade fraterna,
a construção da identidade e da afirmação e a relação heterossexual
adulta. A dicotomização dos personagens em bons e maus, em boni-
tos e feios, facilita à criança a apreensão desses traços. Ela é levada a se
identificar com o herói bom; não por sua bondade, mas por ser ele a
própria personificação de sua problemática infantil.
Inspirada pelo herói, a criança vai ser conduzida a resolver sua
própria situação, sobrepondo-se ao medo que a inibe e enfrentando
os perigos e ameaças até alcançar o equilíbrio adulto. Assim, o efeito
terapêutico dos contos de fadas está em provocar a mobilização das
ansiedades básicas da criança, tais como o medo de abandono, o de
crescer, o de se lançar sozinha no mundo etc., para depois conduzi-la
à resolução dessas mesmas ansiedades. Bettelheim faz cuidadosa sele-
ção de contos clássicos, tratando-os na ordem aproximada do apare-
cimento na criança dos conflitos neles implícitos.
Dessa maneira, a luta do princípio de realidade contra o princípio
de prazer é vista em “Os três porquinhos”. O problema da rivalidade
entre irmãos, em “Cinderela”. O medo de ser abandonado, em “João e
Maria”. A resolução do complexo de Édipo, em “Branca de Neve”, em
“a Bela e a Fera” e em “João e o pé de feijão”.
Tais conflitos, afirma o autor, concernem unicamente o mundo
interno (ou psicológico) da criança. Não obstante, é apresentado ao
leitor como, ao ajudar uma criança a resolver esses problemas, os con-
tos reforçam sua personalidade, proporcionando maior capacidade de
adaptação ao mundo exterior.
Enquanto as histórias da moderna literatura infantil procu-
ram pintar a vida, ou “cor-de-rosa”, ou exageradamente “tecnológica”,
Bettelheim demonstra como a mensagem dos contos de fadas é radi-
calmente outra, ensinando que, na vida real, é inevitável estar sempre
preparado para enfrentar dificuldades graves. Portanto, a criança é
levada a encontrar no conto a coragem e o otimismo necessários a
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Leitura e escrita
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Leitura e Escrita na Era Digital
2.2.3 Fichamento
O fichamento é o ato de registrar os estudos de um livro e/ou um texto.
O trabalho de fichamento possibilita ao estudante, além da facilidade na exe-
cução dos trabalhos acadêmicos, a assimilação do conhecimento. De acordo
com diversos autores, o fichamento deve apresentar a seguinte estrutura:
cabeçalho indicando o assunto, a referência completa da obra, isto é, a auto-
ria, o título, o local de publicação, a editora e o ano da publicação. Existem
três tipos básicos de fichamento: o fichamento bibliográfico, o fichamento
temático e o fichamento textual.
O fichamento bibliográfico, como o próprio nome esclarece, caracte-
riza-se como o resumo, resenha ou comentário no qual o autor registra a
ideia tratada no livro. É fundamental a referência completa da obra. Usa-se,
também, para coletânea de artigos ou capítulos de livros, preferencialmente
agrupando-se por área.
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Leitura e escrita
Ficha de leitura
T. Simb
MARITAIN, Jacques.
Revue Thomiste, abril 1938, p. 299.
Na expectativa de uma pesquisa profunda sobre o tema
(da Idade Média até hoje), propõe-se chegar a uma teoria filosófica do
signo e a reflexões sobre o signo mágico.
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Leitura e Escrita na Era Digital
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Leitura e escrita
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Leitura e Escrita na Era Digital
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Leitura e escrita
Questão 20 – específica
De ordinário, quando se diz que certo termo deve concordar
com outro, tem-se em vista a forma gramatical do termo de refe-
rência. Dúzia, povo, embora exprimam pluralidade e multidão de
seres, consideram-se, por causa da forma, como nomes no singular.
Há, contudo, condições em que se despreza o critério da forma e,
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Leitura e Escrita na Era Digital
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Leitura e escrita
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Leitura e Escrita na Era Digital
Síntese
Neste capítulo, discutimos a relação dos procedimentos de leitura e
escrita. Chegamos à conclusão de que as duas são interdependentes, ou seja,
uma boa leitura necessita de boas anotações escritas para auxiliar no domí-
nio do conhecimento que se busca.
Foram trabalhados quatro tipos de estruturas textuais de grande utili-
zação no meio acadêmico: o resumo, o esquema, a resenha e o fichamento.
De modo geral, todos podem ser classificados como resumos, cada um pos-
suindo seus próprios objetivos. Enquanto o resumo tem como meta desta-
car todas as ideias essenciais do texto, o esquema destaca somente as pala-
vras‑chave e a resenha é usada para apresentar e avaliar um determinado
texto. Já o fichamento é um texto de controle pessoal das leituras realizadas
para futuras pesquisas a respeito dos conceitos encontrados e para produção
de novos conhecimentos.
Em determinados momentos, é possível produzir um fichamento com-
pleto, no qual o leitor fará um resumo das ideias essenciais, colocará algu-
mas citações diretas e, ainda, deverá fazer uma análise pessoal dos conteúdos
estudados, no estilo de resenha.
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Construção do texto
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Construção do texto
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Leitura e Escrita na Era Digital
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Construção do texto
Homo connectus
Uma charge em recente número da revista The New Yorker mos-
trava uma animada mulher, ao telefone, convidando os amigos para
uma festinha em sua casa. “Vai ser daquelas reuniões com todo mundo
olhando para seu iPhone”, ela diz.
O leitor captou? A leitora achou graça? Cartunistas são mais
rápidos do que antropólogos e mais diretos do que romancistas.
Captam o fenômeno quase no momento mesmo em que vem à luz.
O fenômeno em questão é o poder magnético dos iPhones,
lackBerries e similares. O ato de compra desses aparelhinhos é um
B
contrato que vincula mais que casamento. As pessoas se obrigam a
partilhar a vida com eles.
Na charge da New Yorker, a mulher estava convidando para uma
festa em que, ela sabia – e até se entusiasmava com isso –, as pessoas
ficariam olhando para seus iPhones ainda mais do que umas para as
outras. É assim, desde a sensacional erupção dos tais aparelhinhos, e
não só nas ocasiões sociais.
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Leitura e Escrita na Era Digital
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Construção do texto
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Leitura e Escrita na Era Digital
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Construção do texto
ao texto. Algumas palavras que evidenciam o contraste são: aqui, lá, ao con-
trário, mas e no entanto.
No exemplo a seguir, temos uma contradição de ideias em torno do
mesmo objeto:
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Leitura e Escrita na Era Digital
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Construção do texto
“‘Vai ser daquelas reuniões com todo mundo olhando para seu
iPhone’, ela diz” (TOLEDO, 2012, grifo nosso).
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Leitura e Escrita na Era Digital
Reflita
A arte de escrever
Há, portanto, uma arte de escrever – que é a redação.
Não é uma prerrogativa dos literatos, senão uma ativi-
dade social indispensável, para a qual falta, não obstante,
muitas vezes, uma preparação preliminar.
A arte de falar, necessária à exposição oral, é mais fácil,
na medida em que se beneficia da prática da fala coti-
diana, de cujos elementos partem em princípio.
O que há de comum, antes de tudo, entre a exposição
oral e a escrita, é a necessidade da boa composição, isto
é, uma distribuição metódica e compreensível de ideias.
Impõe-se igualmente a visualização de um objetivo defi-
nido. Ninguém é capaz de escrever bem se não sabe
bem o que vai escrever.
Justamente por causa disso, as condições para a reda-
ção, no exercício da vida profissional ou no intercâm-
bio amplo dentro da sociedade, são muito diversas das
da redação escolar. A convicção do que vamos dizer,
a importância que há em dizê-lo e o domínio de um
assunto da nossa especialidade destituem a redação do
caráter negativo de mero exercício formal, como tem na
escola. Qualquer um de nós, senhor de um assunto,
é, em princípio, capaz de escrever sobre ele. Não há
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Construção do texto
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Leitura e Escrita na Era Digital
Dica de filme
O filme Escritores da liberdade traz essa concepção na
prática. A professora assume uma escola totalmente
adversa, composta por alunos de diferentes culturas, eco-
nomicamente carentes e vivendo em locais extremamente
violentos, dominados pela droga. É uma história real e a
personagem principal adota a metodologia dos gêneros
textuais para resgatar a vida e a atenção dos adolescentes.
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Construção do texto
Síntese
Neste capítulo, estudamos a estrutura do parágrafo. Percebemos que se
trata de uma unidade de comunicação composta por introdução, desenvolvi-
mento e conclusão. Quanto maior for a nossa intenção comunicativa, a fina-
lidade de nossa interlocução, mais ideias precisamos apresentar e, portanto,
mais parágrafos, uma vez que cada parágrafo é responsável pelo transporte
de uma ideia. Ideias novas, novos parágrafos.
A introdução do parágrafo – o tópico frasal – e a do texto deve ser obje-
tiva, concisa e precisa, para que o leitor entenda o que queremos transmitir e
como iremos defender nossas ideias nos outros parágrafos, que serão escritos
com uma relação de interdependência.
Para desenvolver os parágrafos, podemos usar vários formatos. Entre
eles destacamos o uso de tempos e espaços, causas e consequências, exem-
plos, definições, enumerações, contrastes e analogias e interrogações. Não se
pode esquecer que o último parágrafo é o fecho e deve retomar a tese apre-
sentada no tópico frasal. Quanto maior o número de estratégias utilizadas,
mais claro e convincente será o nosso diálogo com o leitor.
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Tecendo os parágrafos
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Tecendo os parágrafos
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Leitura e Escrita na Era Digital
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Tecendo os parágrafos
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Leitura e Escrita na Era Digital
Essa é uma reflexão pertinente para todos os usuários da língua uma vez
que, se não houver tempo e espaço para a leitura em nosso cotidiano, haverá
um apagão da leitura. Para que isso não ocorra, é importante a presença de
políticas públicas de incentivo à leitura, o que responde a pergunta feita por
Sonia Kramer.
Seis são os tipos de coerência, segundo Koch e Elias (2006, p. 23): sintá-
tica, semântica, temática, pragmática, estilística e genérica.
1. Coerência sintática: depende do conhecimento linguístico dos
usuários da língua. Exige o domínio do léxico, do uso dos conecti-
vos, o respeito à ordem dos elementos da frase.
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Tecendo os parágrafos
— Que pão!
Doce? de mel? de açúcar? de ló? de mico? de trigo? de mistura?
de rapa? de saruga? de soborralho? do céu? dos anjos? brasileiro? fran-
cês? italiano? alemão? do Chile? de forma? de bugio? de porco? de gali-
nha? de pássaros? de minuto? ázimo? bento? branco? dormindo? duro?
sabido? saloio? seco? segundo? nosso de cada dia? ganho com o suor do
rosto? que o diabo amassou?
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Leitura e Escrita na Era Digital
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Tecendo os parágrafos
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Leitura e Escrita na Era Digital
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Tecendo os parágrafos
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Leitura e Escrita na Era Digital
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Tecendo os parágrafos
Dica de leitura
Para recordar o que é artigo, numeral, pronome, advér-
bio, conjunção consulte as relações completas dessas
classes gramaticais em gramáticas da língua portuguesa,
como:
BECHARA, E. Moderna gramática portuguesa. São
Paulo: Lucerna, 2009.
CEGALLA, D. P. Novíssima gramática da língua por-
tuguesa. 48. ed. São Paulo: Companhia Editora Nacio-
nal, 2008.
LINDLEY, C.; CUNHA, C. Nova gramática do por-
tuguês contemporâneo. São Paulo: Lexikon, 2009.
– 79 –
Leitura e Escrita na Era Digital
Os urubus e sabiás
Tudo aconteceu numa terra distante, no tempo em que os bichos
falavam... Os urubus, aves por natureza becadas, mas sem grandes dotes
para o canto, decidiram que, mesmo contra a natureza eles haveriam
de se tornar grandes cantores. E para isto fundaram escolas e impor-
taram professores, gargarejaram dó-ré-mi-fá, mandaram imprimir
diplomas, e fizeram competições entre si, para ver quais deles seriam
os mais importantes e teriam a permissão para mandar nos outros.
Foi assim que eles organizaram concursos e se deram nomes
pomposos, e o sonho de cada urubuzinho, instrutor em início de car-
reira, era se tornar um respeitável urubu titular, a quem todos cha-
mam de Vossa Excelência.
Tudo ia muito bem até que a doce tranquilidade da hierarquia
dos urubus foi estremecida. A floresta foi invadida por bandos de pin-
tassilgos tagarelas, que brincavam com os canários e faziam serenatas
para os sabiás...
Os velhos urubus entortaram o bico, o rancor encrespou a testa,
e eles convocaram pintassilgos, sabiás e canários para um inquérito.
— Onde estão os documentos dos seus concursos?
E as pobres aves se olharam perplexas, porque nunca haviam
imaginado que tais coisas houvesse. Não haviam passado por esco-
las de canto, porque o canto nascera com elas. E nunca apresen-
taram um diploma para provar que sabiam cantar, mas cantavam
simplesmente...
— Não, assim não pode ser. Cantar sem a titulação devida é um
desrespeito à ordem. E os urubus, em uníssono, expulsaram da flo-
resta os passarinhos que cantavam sem alvarás.
Moral: em terra de urubus diplomados não se houve canto de
sabiá (ALVES, 1995, p. 81, grifos nossos).
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Tecendo os parágrafos
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Leitura e Escrita na Era Digital
Síntese
Como foi possível perceber, coerência é o resultado da articulação das
ideias de um texto; é a estrutura lógico-semântica que faz com que, numa
situação discursiva, palavras e frases componham um todo significativo para
os interlocutores.
Algumas vezes, a incoerência resulta do uso inadequado dos elementos
de coesão na construção dos períodos e de parágrafos. Pode ser, ainda, provo-
cada pelo erro no emprego dos mecanismos gramaticais e lexicais. Quando
todos estes aspectos forem respeitados, o texto terá a unidade formal e o sen-
tido preservados.
A coesão é responsável pela ligação, relação, nexo entre os elementos
que realizam a tessitura do texto. As várias palavras que são usadas como
conectivos, tais como as preposições, as conjunções, os pronomes, os advér-
bios vão conferir a unidade ao texto e contribuir para a clareza das ideias
transmitidas. Já o uso inadequado causa problemas de compreensão do que
se está querendo dizer.
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5
Gêneros textuais e
tipos de textos
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Gêneros textuais e tipos de textos
definirão o modo de recepção do texto por aqueles que o leem. Todas essas
atividades dizem respeito ao gênero de texto que se vai produzir.
Na atualidade, a questão do gênero passou a ser discutida no meio lin-
guístico e deixou de ser exclusivo do meio literário. Bakhtin (1997, p. 279)
assevera que:
A utilização da língua efetua-se em forma de enunciados
(orais e escritos), concretos e únicos, que emanam dos inte-
grantes duma ou doutra esfera da atividade humana. O
enunciado reflete as condições específicas e as finalidades
de cada uma dessas esferas, não só por seu conteúdo (temá-
tico) e por seu estilo verbal, ou seja, pela seleção operada nos
recursos da língua – recursos lexicais, fraseológicos e gra-
maticais –, mas também, e sobretudo, por sua construção
composicional. Estes três elementos (conteúdo temático,
estilo e construção composicional) fundem-se indissoluvel-
mente no todo do enunciado, e todos eles são marcados pela
especificidade de uma esfera de comunicação. Qualquer
enunciado considerado isoladamente é, claro, individual,
mas cada esfera de utilização da língua elabora seus tipos
relativamente estáveis de enunciados, sendo isso que denomi-
namos gêneros do discurso.
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Leitura e Escrita na Era Digital
5.2.1 Narração
Apresenta episódios e acontecimentos costurados por uma evolução
cronológica das ações. Essas ações são vistas sob determinada lógica e cons-
troem uma história transmitida por um narrador. No texto narrativo, há
sempre presente quem, quando, onde e como.
Observe o exemplo a seguir.
Tragédia brasileira
Misael, funcionário da Fazenda, com 63 anos de idade. Conhe-
ceu Maria Elvira na Lapa, prostituída, com sífilis, dermite nos dedos,
uma aliança empenhada e os dentes em petição de miséria. Misael
tirou Maria Elvira da vida, instalou-a num sobrado no Estácio, pagou
médico, dentista, manicura... Dava tudo quanto ela queria. Quando
Maria Elvira se apanhou de boca bonita, arranjou logo um namo-
rado. Misael não queria escândalo. Podia dar uma surra, um tiro, uma
facada. Não fez nada disso: mudou de casa.
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Gêneros textuais e tipos de textos
Viveram três anos assim. Toda vez que Maria Elvira arranjava
namorado, Misael mudava de casa. Os amantes moraram no Está-
cio, Rocha, Catete, Rua General Pedra, Olaria, Ramos, Bom Sucesso,
Vila Isabel, Rua Marquês de Sapucaí, Niterói, Encantado, Rua Clapp,
outra vez no Estácio, Todos os Santos, Catumbi, Lavradio, Boca do
Mato, Inválidos...
Por fim na Rua da Constituição, onde Misael, privado de senti-
dos e inteligência, matou-a com seis tiros, e a polícia foi encontrá-la
caída em decúbito dorsal, vestida de organdi azul (BANDEIRA,
1991, p. 27).
5.2.2 Descrição
Apresenta objetos, pessoas, lugares e sentimentos, utilizando deta-
lhes concretos. Evidencia a percepção que o autor tem dos objetos e dos
sentimentos através dos cinco sentidos. É a fotografia verbal dos fatos ou
dados apresentados.
Leia, como exemplo, o texto destacado a seguir.
Darcy Ribeiro
Um dos mais brilhantes cidadãos brasileiros, Darcy Ribeiro pro-
vou ao mundo que um homem de nada mais precisa além da coragem
e da força de vontade para modificar aquilo que, por covardia, sim-
plesmente ignoramos. Ouvi-lo, mesmo que por alguns instantes, nos
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Leitura e Escrita na Era Digital
Neste texto, André Luiz Diniz Costa faz uma descrição geral de
Darcy Ribeiro, exaltando suas qualidades de homem e de intelectual. No
primeiro parágrafo do desenvolvimento suas características físicas é que
são apresentadas. No terceiro e quarto parágrafos, os aspectos psicológicos
são mostrados. Na conclusão, reafirma a descrição com novos atributos de
caráter geral.
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Gêneros textuais e tipos de textos
5.2.3 Dissertação
Apresenta ou explica ideias, esclarecendo-as, organizando-as, confron-
tando-as, definindo-as sem, no entanto, tomar uma posição com relação a
elas. É uma exposição. Veja o texto a seguir.
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Leitura e Escrita na Era Digital
5.2.4 Argumentação
Apresenta fatos, problemas, raciocínios que fundamentarão, sustenta-
rão a tese defendida, ou seja, o ponto de vista assumido na argumentação
em uma opinião. Argumentar significa provar, demonstrar ou defender um
ponto de vista particular sobre determinado assunto (KÖCHE, 2008).
Para uma boa argumentação, o produtor do texto pode se servir de dife-
rentes tipos de argumentos, entre os quais destacamos alguns a seguir.
2 Argumento de autoridade
Consiste no uso de citações de conceitos de autores renomados e
de autoridades em alguma das áreas do saber (educadores, filóso-
fos, físicos, administradores, economistas), servem para reforçar,
fundamentar uma ideia, uma tese, um ponto de vista. Este tipo
de argumento torna o texto mais consistente à medida que outras
vozes reforçam o que o autor do texto está dizendo.
2 Argumento baseado no consenso, com exemplos
O uso de exemplos conhecidos e aceitos desperta a familiaridade
do leitor com o tema, conquistando a sua adesão e tornando o
texto mais fácil de ser compreendido.
2 Argumento baseado em provas concretas
As provas concretas são argumentos de difícil contestação porque
dão concretude ao discurso. Destacam-se os dados estatísticos, os
relatos de fatos, exemplos e ilustrações retirados, inclusive, da his-
tória universal, que apresentam detalhes, são longos, minuciosos e
reforçam as informações abstratas dos conceitos.
2 Argumento lógico
Este tipo de argumento faz-se pelo raciocínio. É um conjunto
de enunciados que estão relacionados uns com os outros de tal
forma que enquanto um apresenta uma tese, os demais enun-
ciados são justificativas ou premissas para a conclusão (TOUL-
MIN, 2006).
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Gêneros textuais e tipos de textos
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Leitura e Escrita na Era Digital
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Gêneros textuais e tipos de textos
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Leitura e Escrita na Era Digital
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Gêneros textuais e tipos de textos
5.3.1 Relatório
É um gênero utilizado em muitas situações práticas e sociais, uma vez
que se tem que prestar contas das atividades realizadas, ou na família, oral-
mente, para comunicar nossos atos. Portanto, relatar é escrever, para alguém
ausente, os acontecimentos, fatos ou discussões ocorridos em um determi-
nado local, descrevendo, narrando e, muitas vezes, dissertando.
A estrutura do relatório vai depender do espaço social no qual ele será
produzido, quais os objetivos a que ele deve atender. Do mesmo modo, o grau
de formalidade ou informalidade da estrutura linguística a ser seguida.
No meio escolar o professor deve produzir relatório de notas, relatório de
avaliação descritiva nas séries iniciais. Os alunos podem ser chamados a pro-
duzir relatório de visitas a exposições, viagens, prática e estágio. Já no mundo
corporativo, os relatórios estão relacionados com custos, despesas, lucros.
Quanto à estrutura, este gênero classifica-se em formal, informal e
semi-informal (FLÔRES, 1994).
2 Relatório formal: é rigoroso na forma de apresentação e estru-
tura, seguindo todas as normas de um trabalho técnico. É extenso,
contendo mais de 15 páginas, e o assunto é tratado com muita pro-
fundidade. Os relatórios de estágio ou de término de curso entram
nesta categoria.
2 Relatório informal: trata de um único assunto, sua apresentação
é breve, é redigido em poucas páginas (uma ou duas), às vezes ape-
nas com um parágrafo, não exigindo cabeçalho nem título. Pode
ser manuscrito ou digitado. São exemplos de relatório informal o
memorando e a carta-relatório.
2 Relatório semi-informal: é identificado pela sua extensão, con-
tendo de 5 a 15 páginas, maior que o informal. Trata de assunto de
certa complexidade, exigindo pesquisa ou investigação. O relató-
rio de visita, com objetivo predeterminado, é um exemplo de rela-
tório semi-informal.
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Leitura e Escrita na Era Digital
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Gêneros textuais e tipos de textos
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Leitura e Escrita na Era Digital
2 Embaixo (centralizado)
NOME DOS(AS) ACADÊMICOS(AS)
LOCAL – ANO/SEMESTRE
FOLHA DE ROSTO
2 Na parte superior (centralizado/maiúsculo)
FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE DO TOCANTINS/FACUL-
DADE EDUCACIONAL DA LAPA
CURSO DE PEDAGOGIA
ESTÁGIO SUPERVISIONADO III
2 No centro:
TÍTULO DO TRABALHO
Abaixo do título, recuado à direita, com letra fonte 10, vai a nota
indicativa da natureza do trabalho, escrito:
Relatório analítico-descritivo expandido como exigência legal
do curso de pedagogia da Fundação Universidade do Tocantins/
Faculdade Educacional da Lapa.
� Embaixo da folha deverá constar o nome dos integrantes da
equipe, local, ano/semestre.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO
2. IDENTIFICAÇÃO DA ESCOLA/ANÁLISE DO ESPAÇO
ESCOLAR
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA SOBRE A OBSERVAÇÃO
DA DOCÊNCIA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDA-
MENTAL
3.1 Descrição, análise e interpretação da observação da docência no
1º ano
3.2 Descrição, análise e interpretação da observação da docência no
2º ano
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Leitura e Escrita na Era Digital
5.3.2 Ata
A ata é o registro escrito de uma reunião, sessão, assembleia geral ordi-
nária ou extraordinária, que tem efeitos legais. Quando não houver necessi-
dade de formalidades legais, pode-se fazer apenas um relatório de reunião.
Uma ata deve ser escrita em um só parágrafo, os assuntos seguem em
ordem cronológica, com o verbo no pretérito perfeito do indicativo e os nume-
rais registrados por extenso. Não pode conter rasuras. Se houver algum erro e
for percebido, escreve-se a correção precedida da observação “em tempo”.
Para o seu registro deve haver um livro próprio, com páginas numera-
das e rubricadas por quem fez o “termo de abertura”.
São partes componentes da ata:
2 título;
2 introdução com data, local e hora;
2 registro dos presentes; composição da mesa; discriminação das
publicações relacionadas com a reunião, como relatórios, editais;
2 deliberações;
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Gêneros textuais e tipos de textos
2 encerramento.
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Leitura e Escrita na Era Digital
Nome Completo
[Endereço completo]. Telefone: [Telefone com DDD] – E-mail:
[E-mail]. Idade: [Idade] anos – estado civil: [estado civil].
Objetivo: [vaga ou oportunidade pretendida]
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Gêneros textuais e tipos de textos
Formação acadêmica:
2 curso do ensino médio
2 curso profissionalizante ou técnico
2 curso superior
(data de início e término, escola e universidade)
Experiência profissional:
2 data de início e término
2 nome da empresa
2 cargo exercido
2 atividades realizadas
Qualificações e atividades complementares:
2 descrição de outros cursos realizados
2 descrição de atividade relevantes realizadas
Informações adicionais:
� tem algo de especial que ocorreu com você, como algum
prêmio, publicação de algum artigo, livro – descrever
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Leitura e Escrita na Era Digital
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Gêneros textuais e tipos de textos
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Leitura e Escrita na Era Digital
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Gêneros textuais e tipos de textos
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Leitura e Escrita na Era Digital
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Gêneros textuais e tipos de textos
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Leitura e Escrita na Era Digital
Referências bibliográficas
ARISTÓTELES. A Política. Tradução de Nestor Silveira Chaves. São
Paulo: Escala, s. d.
MARX, K. Contribuição à crítica da economia política. São Paulo:
Martins Fontes, 1977.
MARX, K; ENGELS, F. Manifesto do Partido Comunista. Tradu-
ção de Pietro Nassetti. 2. ed. São Paulo: Martin Claret, 2000.
ROUSSEAU, J. J. Discurso sobre a origem da desigualdade entre os
homens. São Paulo: Escala, s. d.
SEN, A. Desigualdade Reexaminada. 2. ed. Rio de Janeiro: Record,
2008.
SOUZA, J. Os Batalhadores Brasileiros – Nova classe média ou
nova classe trabalhadora? Belo Horizonte: UFMG, 2010.
WEBER, M. Ensaios de Sociologia. 5. ed. Rio de Janeiro: Guana-
bara, 1982.
Fonte: LADEIRA, F. F. Considerações sobre as faces das desigualdades
entre os seres humanos. Disponível em: <http://artigocientifico.uol.com.
br/uploads/artc_1325883740_70.pdf>. Acesso em: 19 set. 2012.
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Gêneros textuais e tipos de textos
Síntese
Neste capítulo, dialogamos sobre os gêneros textuais e vimos que eles
são inumeráveis, uma vez que, em cada situação de interação verbal, há
necessidade de se saber qual é a melhor maneira de utilizar a linguagem.
Necessário é observar os três elementos essenciais: os conteúdos ideologi-
camente conformados, que se tornam dizíveis por meio do gênero; a forma
de composição, a estrutura formal dos textos pertencentes ao gênero; e as
marcas linguísticas ou de estilo, que levam em conta as questões individuais
de seleção e opção: vocabulário, estruturas frasais, preferências gramaticais.
Vimos, também, alguns textos que fazem parte da vida dos profissionais
de qualquer área, como o relatório, a ata, o currículo, o artigo e cada um com
os seus elementos essenciais.
Destacamos, ainda, a importância do conhecimento dos modos discur-
sivos que podem ser usados em todos os gêneros, dependendo do objetivo
que se quer alcançar com as palavras, que são: a narração, a descrição, a dis-
sertação opinativa ou argumentativa.
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6
Tecnologias da
Informação e da
Comunicação
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Tecnologias da Informação e da Comunicação
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tekhné: saber fazer humano X fazer da natureza
técnica X homem: uma relação recursiva
PRIMO,
LEMOS,
Internet: raízes Vida digital: bits X átomos (Negroponte)
militar e acadêmica real X hiper-seal: comunicação X simulação
Razão
(Baudrillard)
A.
A.
interface tecnológica
real X potencial velocidade e indústria do esquecimento (Virilio)
atual X virtual realidade virtual e Ciberespaço tautismo: repetição e isolamento (Sfez)
games telepresença Tecnologia ciberdemocracia (Lévy)
comunicação ubíqua agentes de Fases do desenvolvimento indiferença (até a idade média)
inteligência artificial Condições conforto (modernidade)
Leitura e Escrita na Era Digital
Interação
tecnossociais
Cibercultura:
sociedade em sujeito fragmentado; persona, sinceridades sucessivas
rede (Castells) Socialidade
formismo, vitalismo (Maffesoli)
pós-moderna
Inteligência coletiva Redes sociais ética da estética (Maffesoli) tribalismo (estar-junto)
e-mail, IM presenteísmo e o efêmero
mediada
portal comunidades virtuais
tecnologia
Web 1.0:
livro de visita
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cibercultura, cognição. Porto Alegre: Sulina, 2007.
(publicação)
álbum de fotos
por
informação/meme
e
blogs cibernética (Wiener)
cibernética de segunda ordem
marketing viral Cibercultura interação mútua e
redes de relacionamento interação mediada reativa (Primo) produção biopolítica
Web 2.0:
vida
social bookmarking e por computador Conflito e tragédia do comunal
folksonomia (cooperação) dilema do prisioneiro
cooperação
webjornalismo Fundamentos Memex e Xanadu
copyright, copyleft,
participativo creative commons
Hipertexto links
computador:
social
escrita coletiva tipos: potencial, colagem, cooperativo (Primo)
dependência Ciborgue
ética hacker: “toda informação deve ser livre”
dominação e vigilância
na
Ciberpunk “faça você mesmo”
informação duvidosa Problemas ativismo e resistência na rede
isolamento e sobrecarga obra aberta
Ciberarte autoria coletiva
cognitiva
comunicação,
cultura
Tecnologias da Informação e da Comunicação
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Leitura e Escrita na Era Digital
1 Semiose tem a ver com o Processo de Significação, ou seja, com a Produção de Significados.
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Tecnologias da Informação e da Comunicação
6.2.1 E-mail
É o texto que desempenha o papel de correio eletrônico. É um similar da
carta, do memorando, do bilhete, da conversa informal, das cartas comerciais
e até mesmo de um telegrama. A principal característica do e-mail é o assin-
cronismo das mensagens – ou seja, a interação não ocorre ao mesmo tempo,
os usuários enviam as mensagens e elas podem ser respondidas em um outro
momento futuro, ao contrário de interações síncronas, que funcionam como
uma conversa ao vivo – e o fato de possibilitar o envio de sons e imagens
rapidamente. No geral, os interlocutores são conhecidos ou amigos e rara-
mente ocorre o anonimato, o que é uma violação de normas do gênero (tal
como uma carta anônima). Essa característica o diferencia dos bate-papos.
Por outro lado, os e-mails, em geral, são pessoais, o que os diferencia das
listas de grupos ou de fóruns de discussão (MARCUSCHI, 2005, p. 21-24).
No meio educativo, o e-mail também se tornou um instrumento impor-
tante para comunicação entre os pares, tanto no ensino a distância (em espe-
cial) quanto no presencial, pois todas as determinações ficarão registradas
para possíveis embates entre professores e alunos. Além disso, com a possi-
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Leitura e Escrita na Era Digital
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Tecnologias da Informação e da Comunicação
Fonte: Google Chat: veja como funciona e quais são os recursos do mensageiro. Disponível
em: https://www.techtudo.com.br/listas/2020/06/google-chat-entenda-como-funciona-e-
quais-sao-as-funcoes-do-programa.ghtml. Acesso em 06 de março de 2021.
6.2.3 Weblog
É um modo de comunicação assíncrona e com arquivamento dos dados
para consulta. Pode-se colocar imagens, links e desenhar a página de apre-
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Leitura e Escrita na Era Digital
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Tecnologias da Informação e da Comunicação
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Leitura e Escrita na Era Digital
com convidados, mas têm tema fixo e tempo claro de realização com
parceiros definidos” (MARCUSCHI, 2005, p. 36).
Como se estivessem em um mesmo local, os participantes que estão
em lugares diferentes podem ver e ouvir uns aos outros. Também é possí-
vel a interação em tempo real em áudio e vídeo, simultaneamente. Muitas
empresas usam esse sistema para suas intercomunicações empresariais
entre as várias localidades de suas empresas. O mesmo pode ser feito na
educação, em especial, por ocasião de palestras e conferências, como o
Zoom, Teams e Google Meet.
Fonte: Shutterstock/Avava
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Tecnologias da Informação e da Comunicação
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Leitura e Escrita na Era Digital
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Tecnologias da Informação e da Comunicação
Síntese
Neste capítulo, fizemos um passeio pelos caminhos da comunicação
virtual. Vimos que o texto da internet é o hipertexto, ou seja, um texto com
proporções gigantescas, possibilitadas pela abertura dos links.
Com o advento do hipertexto e das novas possibilidades de comuni-
cação pela internet, vários novos gêneros textuais foram surgindo para se
2 Venda de livros digitais cresce 115% em três anos, mostra pesquisa. Disponível em: ht-
tps://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2020/08/venda-de-livros-digitais-cresce-115-em-
-tres-anos-mostra-pesquisa.shtml. Acesso em 07 de março de 2021.
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Leitura e Escrita na Era Digital
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Referências
Leitura e Escrita na Era Digital
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Referências
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Leitura e Escrita na Era Digital
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Referências
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Leitura e Escrita na Era Digital
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Referências
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